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4 OPINIÃO São Luís, 5 de junho de 2017. Segunda-feira O Estado do Maranhão FUNDADOR JOSÉ SARNEY E BANDEIRA TRIBUZI, PRESIDENTE TERESA SARNEY, DIRETOR DE REDAÇÃO CLÓVIS CABALAU, DIRETORA COMERCIAL MADELON ARAÚJO, SECRETÁRIO DE REDAÇÃO ADEMIR SANTOS [email protected], COORDENADORA DE REDAÇÃO SELMA FIGUEIREDO [email protected], COORDENADOR DE REPORTAGEM DANIEL MATOS [email protected] Considerado um dos jogadores mais promissores das categorias de base do Santos, Matheus Guedes sequer estreou pelo time profissional, mas já despertou a atenção de grandes equipes do futebol europeu. O defensor iniciou no futebol como meia. O Estado do Maranhão não se responsabiliza por opiniões emitidas nesta seção. Os comentários, análises e pontos de vista expressos pelos colaboradores são de sua inteira responsabilidade. As cartas para esta seção devem ser enviadas com nome, número da carteira de identidade, endereço e telefone de contato. Os textos devem ser enviados para a Redação em nome do editor de Opinião, Avenida Ana Jansen, 200 - Bairro São Francisco - São Luís-MA - CEP 65.076-902, ou para os e-mails: [email protected] ou [email protected], ou pelo fax (98) 3215-5054. Nem a Rússia, nem o Reino Unido e nem o Brasil: nenhum líder mundial aceitou com satisfação a decisão polêmica do presidente dos Estados Unidos. Donald Trump anunciou, nesta quinta-feira, que os EUA vão deixar o Acordo de Paris, o maior acordo climático da história. EDITORIAL O medo generalizado O mundo acompanhou no sábado à noite mais um episódio triste de terrorismo no mundo. Em Londres, terroristas usaram uma van para atropelar em massa pedestres na London Bridge, um dos principais cartões-postais da capital britânica, depois seguiram atacando as pessoas com facas no Borough Market, mercado próximo à ponte. Até a manhã de domingo, as autoridades britânicas haviam divulgado que o saldo da ação foi sete vítimas mortas, 48 feridos e três terroristas abatidos. Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque até ontem pela manhã, mas órgãos que fazem o monitoramento de canais de comunicação jihadistas dizem que havia comemoração da ação. Foi o terceiro ataque terrorista em solo britânico apenas em 2017. Em março, um ataque também envolvendo uso de um veículo na ponte de Westminster resultou em cinco pessoas mortas. O mais recente aconteceu mês passado, no dia 22 de maio, quando um terrorista detonou uma bomba na saída do show da cantora Ariana Grande matando 22 pessoas. Os britânicos não estavam indiferentes à ameaça, tanto que o chefe da agência de monitoramento do terrorismo do país, Max Hill, em entrevista ao Sunday Telegraph, em fevereiro, havia afirmado que militantes do Estado Islâmico estavam planejando “ataques indiscriminados contra civis inocentes” no Reino Unido. Ele estava certo, pois três atentados se seguiram desde então. A questão é: como prever a ação de pessoas que estão dispostas a matar e morrer? Tirando o episódio no show da cantora pop, que envolveu uso de explosivos, os outros casos envolveram atropelamentos e uso de facas, o que mostra que os terroristas estão usando de modus operandi mais “simples”, que não necessitam de uso de explosivos, que podem despertar a atenção das autoridades. O fato é que existe uma onda de terror assolando o mundo, e os últimos registros mostram que a Europa é o alvo prioritário. Foram nove ataques terroristas no velho continente em menos de um ano. Em pronunciamento após o ataque em Londres, a primeira-ministra britânica, Theresa May, pediu menos tolerância com o extremismo e cobrou dos líderes internacionais ações mais robustas contra o terrorismo. Segundo ela, os três atos terroristas não parecem ter conexão, mas aconteceram em sucessão porque "terrorismo gera terrorismo". Daí a necessidade do endurecimento contra esse tipo de ação. Embora os ataques sejam na Europa, eles atingem todos os povos. Eles disseminam o medo, geram mais intolerância, preconceito e desconfiança. Um exemplo disso foi a passagem de um grupo de muçulmanos em São Luís. Imagens deles andando em ruas e avenidas da capital maranhense circularam a exaustão pelas redes sociais e causaram apreensão em algumas pessoas. Nas redes sociais, internautas falavam dos possíveis motivos, do medo de atentados. Até a polícia federal entrou na onda e monitorou os estrangeiros. Mas informou que a presença deles no país e na capital maranhense não era ilegal ou irregular e que qualquer abordagem em causa justificada seria preconceito. A verdade é que o medo tornou-se constante, não só na Europa, mas em todo o mundo. Existe uma onda de terror no mundo, e os últimos registros mostram que a Europa é o alvo prioritário JOSÉ SARNEY “O Maranhão é uma saudade que dói e não passa. Não o esqueço um só dia, um só instante. É amor demais. Maranhão, minha terra, minha paixão.” CABALAU UM DIA COMO HOJE SOBE E DESCE CORIOLANO XAVIER Fiscalização, confiança e negócios N a recente crise deflagrada pela “Operação Carne Fraca”, houve muita coisa desajeitada: o suposto desvio de conduta em fiscalização localizada de frigoríficos, que segue em curso investigatório; a “espetacularização” na divulgação da operação e até o uso equivocado de dados ou aspectos técnicos. Como saldo, um alerta geral em países compradores da nossa carne, logo depois amenizado por rápida reação do governo e exportadores brasileiros, e também uma estimada perda de 150 milhões de dólares em exportações, até meados de abril. Tudo voltando ao normal agora, inclusive com a retomada de abate em indústrias que haviam paralisado. Talvez seja um bom momento para se refletir sobre a estrutura de fiscalização sanitária federal no Brasil, frente ao avanço da produção de carnes no país e à evolução que se projeta para o setor. Há 15 anos o contingente de fiscais agropecuários federais está estável¹, enquanto a produção de carnes cresceu cerca de 80% e a de grãos a um ritmo de 4,8% ao ano nas duas últimas décadas². O número de fiscais voltados apenas à inspeção de carnes está na casa de 800¹ e a expectativa do setor de proteína animal é que suas exportações avancem em mais de 2% ao ano até 2024. Gigante e também referência mundial em produção de carnes, os Estados Unidos trabalham com 7.800 fiscais federais voltados ao setor, quase dez vezes mais que o contingente do Brasil, para uma produção apenas 46% maior que a nossa. Uma bela discrepância. Aqui, a tarefa de fiscalizar 4.800 frigoríficos; lá 6.300. Aqui, seis frigoríficos e cerca de 34.000 toneladas de carne inspecionada/ano por fiscal; lá, menos de um frigorífico (0,80) e 6.000 toneladas/ano por fiscal.¹ Essa comparação simples e linear entre as realidades de fiscalização dos dois países tem suas limitações, pois aspectos como escala das indústrias, metodologias e grau de eficiência de processos também entram no jogo. Mas as diferenças sugerem que a base norte-americana com maior potencial bem maior de efetividade fiscalizadora, embora o déficit aparente no Brasil seja em parte amenizado com a contratação - pelas indústrias - de fiscais privados, colocados à disposição do sistema federal para apoiar as operações, mesmo sob o risco de ressalvas críticas, devido a potencial conflito de interesses. “Há uma clara deficiência de agentes federais em uma atividade com tanta importância na economia”, comentou recentemente na imprensa o presidente da Cooperativa Aurora, Mário Lanznaster.¹ De outro lado, o regulamento da inspeção de produtos de origem animal (riispoa) tem 65 anos e só agora recebeu uma modernização mais estrutural, anunciada em final de março. Descaso histórico? Insuficiência de recursos? Imprevidência planejadora? Talvez de tudo um pouco. Mas o momento é de mirar no futuro, com objetividade e responsabilidade, pois o ‘complexo carnes’ é o segundo mais importante nas exportações de nosso agronegócio e impactos de confiança nesses mercados representam sempre alto risco econômico. (1) Revista Exame, in Brasil/Agronegócio, 12 de abril de 2017; (2) Agrotendências 2016, Wedekin Consultores. Vice-presidente de Comunicação do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM Especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil, mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-gradua- ções nas áreas de marketing e negócios Talvez seja um bom momento para se refletir sobre a estrutura de fiscalização MARCO ANTÔNIO BARBOSA O crack mais perto de você T emos acompanhado o desenrolar das ações na área de São Paulo conhecida como “cracolândia”. A Prefeitura da capital paulista dissolveu os acampamentos em uma ação policial e a medida repercutiu no país dividindo opiniões a favor e contra. Segundo especialistas que atuam no local, o grande problema tem sido a livre atuação de traficantes que se instalam ali e comandam com violência a relação com os usuários, impedindo que as frentes humanitárias atuem no combate ao vício e busquem a reabilitação dos doentes. Isso tem fomentado a violência na região da Luz, onde se localiza a cracolândia e onde assaltos têm se tornando rotina. Mas esse problema não é exclusivo da capital paulista. Em levantamento do Observatório do Crack, um monitoramento realizado pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios), a droga é um grave problema para 1.155 municípios brasileiros, um quinto dos 5.570 existentes. São Paulo, Minas Gerais e Bahia ocupam as primeiras posições em alto nível de problemas com crack. Um levantamento de 2010 realizado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), detectou 29 cracolândias em 17 capitais brasileiras, com total de 2 milhões de usuários de crack. Este dado está defasado, pois, até 2012, somente cidades com mais de 200 mil habitantes eram atendidas pelo extinto programa “Crack, é Possível Vencer”. O que não se contabilizava era o avanço da droga para cidades no interior dos estados. O crack é um entorpecente altamente viciante e, portanto, altamente lucrativa. Os problemas sociais do Brasil têm contribuído para o avanço desse consumo e da violência que dele surge. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), na América Latina, um a cada cinco jovens está desemprego e mais de 20 milhões nem estudam nem trabalham. O cenário se torna favorável e, com isso, os pontos de consumo de drogas tem se alastrado para todo território nacional e pode estar atrelado ao aumento famigerado da violência no Brasil. No livro, “O tratamento do usuário de crack”, especialistas revelam que fumar crack aumenta a violência, onde o usuário comete mais crimes (roubos e homicídios) para obter a droga e manter o consumo. Esses fatores têm levado governos municipais a buscarem alternativas que esbarram na fraca política de combate às drogas, além de estratégias confusas, como a vista em São Paulo. Na verdade, por lá, a medida não resolveu, mas sim, pulverizou os usuários para outros pontos da cidade. Diante da ausência de medidas coerentes, traficantes veem terreno fértil para continuarem com seus negócios em outros locais. Enquanto isso, governos amargam com o impacto do crack em seus orçamentos. Ainda segundo o levantamento da CNM, na região Sudeste, a presença do crack tem peso de 49% nos investimentos em Segurança. O crack avança e está cada dia mais perto de nós. Precisamos entender qual é a sistemática do problema e atuar em múltiplas frentes. Enquanto a força policial age coibindo a cadeia de produção, distribuição e comercialização da droga, ações de assistência psicossocial precisam atuar junto aos dependentes, enquanto uma terceira via trabalha na prevenção com público vulnerável. Mas pasmem, tudo isso já existe. O que não existe é uma comunicação entre essas ações, interligando inteligência, ações sociais e sistema de saúde preparado para a demanda. O problema é mais profundo e requer programas eficientes de resgate social ou vamos perder para o crack, sempre. O crack é um entorpecente altamente viciante e, portanto, altamente lucrativa 5 de junho de 1863 Nasceu Delmiro Gouveia (Delmiro Augusto da Cruz Gouveia), na Fazenda Boa Vista, em Ipu (CE). Industrial e um dos pioneiros da industrialização do país, e do aproveitamento do seu potencial hidroelétrico, tendo construído a primeira usina hidroelétrica do Brasil. Era filho natural do cearense Delmiro Porfírio de Farias e da pernambucana Leonila Flora. de 1903 Nasceu Pedro Nava (Pedro da Silva Nava), em Juiz de Fora (MG). Foi médico e escritor, tendo participado da geração modernista de Belo Horizonte e foi dos poucos não-juristas a assinar o Manifesto dos Mineiros. Foi o maior memorialista da literatura brasileira, autor de sete livros: Baú de Ossos, Balão Cativo, Chão de Ferro e Beira Mar. de 1954 Nasceu Oswaldinho do Acordeom (Oswaldo de Almeida e Silva), em Duque de Caxias (RJ). É instrumentista (acordeonista) e compositor, filho e neto de sanfoneiros. O avô, Aureliano, era mestre sanfoneiro em Euclides da Cunha (BA). Já o pai, com quem aprendeu a tocar sanfona, é o famoso sanfoneiro e compositor Pedro Sertanejo. Diretora Comercial Madelon Araújo Gerente de Circulação Glauco Aguiar Coordenadora de Marketing: Rose Pinheiro Atendimento ao assinante: segunda a sexta, de 8h às 18h sábado e domingo de 8h às 11h Clube do assinante: oestadoma.com.br/clube Assine O Estado: Tel.: (98) 3215.5123 www.oestadoma.com.br e-mail: [email protected] segunda a sexta, de 8h às 20h Publicidade O Estado: E-mail: [email protected] Tel.: (98) 3215 5105 | Fax: (98) 32155.125 Representantes Nacionais: (98) 3215.5100 Classificadão Tel.: (98) 3215.5000 | Fax: (98) 3215.5034 classifi[email protected] segunda a sexta, de 8h às 20h classificadaoma.com.br segunda a sexta, de 8h às 19h Arquivo, Edições Anteriores Atendimento a bancas e jornaleiros Tel.: (98) 3215.5114 Comercial O Estado

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4 OPINIÃO São Luís, 5 de junho de 2017. Segunda-feira O Estado do Maranhão

FUNDADOR JOSÉ SARNEY E BANDEIRA TRIBUZI, PRESIDENTE TERESA SARNEY, DIRETOR DE REDAÇÃO CLÓVIS CABALAU, DIRETORA COMERCIALMADELON ARAÚJO, SECRETÁRIO DE REDAÇÃO ADEMIR SANTOS [email protected], COORDENADORA DE REDAÇÃO SELMA [email protected], COORDENADOR DE REPORTAGEM DANIEL MATOS [email protected]

Considerado um dosjogadores maispromissores das categoriasde base do Santos,Matheus Guedes sequerestreou pelo timeprofissional, mas jádespertou a atenção degrandes equipes do futeboleuropeu. O defensor iniciouno futebol como meia.

O Estado do Maranhão não se responsabiliza por opiniões emitidas nesta seção. Os comentários, análises e pontos de vista expressos pelos colaboradores são de sua inteira responsabilidade. As cartas para esta seção devem ser enviadas com nome, númeroda carteira de identidade, endereço e telefone de contato. Os textos devem ser enviados para a Redação em nome do editor de Opinião, Avenida Ana Jansen, 200 - Bairro São Francisco - São Luís-MA - CEP 65.076-902, ou para os e-mails: [email protected] [email protected], ou pelo fax (98) 3215-5054.

Nem a Rússia, nem o ReinoUnido e nem o Brasil: nenhumlíder mundial aceitou comsatisfação a decisão polêmicado presidente dos EstadosUnidos. Donald Trumpanunciou, nesta quinta-feira,que os EUA vão deixar oAcordo de Paris, o maioracordo climático da história.

EDITORIAL

O medo generalizado O

mundo acompanhou no sábado à noitemais um episódio triste de terrorismono mundo. Em Londres, terroristasusaram uma van para atropelar em

massa pedestres na London Bridge, um dosprincipais cartões-postais da capital britânica,depois seguiram atacando as pessoas com facasno Borough Market, mercado próximo à ponte.Até a manhã de domingo, as autoridadesbritânicas haviam divulgado que o saldo da açãofoi sete vítimas mortas, 48 feridos e trêsterroristas abatidos.

Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataqueaté ontem pela manhã, mas órgãos que fazem omonitoramento de canais de comunicaçãojihadistas dizem que havia comemoração da ação.

Foi o terceiro ataque terrorista em solo britânicoapenas em 2017. Em março, um ataque tambémenvolvendo uso de um veículo na ponte deWestminster resultou em cinco pessoas mortas. O

mais recente aconteceu mês passado, no dia 22 demaio, quando um terrorista detonou uma bombana saída do show da cantora Ariana Grandematando 22 pessoas.

Os britânicos não estavamindiferentes à ameaça, tantoque o chefe da agência demonitoramento do terrorismodo país, Max Hill, ementrevista ao SundayTelegraph, em fevereiro, haviaafirmado que militantes doEstado Islâmico estavamplanejando “ataques indiscriminados contracivis inocentes” no Reino Unido. Ele estava certo,pois três atentados se seguiram desde então. Aquestão é: como prever a ação de pessoas queestão dispostas a matar e morrer?

Tirando o episódio no show da cantora pop, queenvolveu uso de explosivos, os outros casos

envolveram atropelamentos e uso de facas, o quemostra que os terroristas estão usando de modusoperandi mais “simples”, que não necessitam de

uso de explosivos, que podemdespertar a atenção dasautoridades.

O fato é que existe umaonda de terror assolando omundo, e os últimosregistros mostram que aEuropa é o alvo prioritário.Foram nove ataquesterroristas no velho

continente em menos de um ano.Em pronunciamento após o ataque em

Londres, a primeira-ministra britânica, TheresaMay, pediu menos tolerância com o extremismo ecobrou dos líderes internacionais ações maisrobustas contra o terrorismo. Segundo ela, os trêsatos terroristas não parecem ter conexão, mas

aconteceram em sucessão porque "terrorismogera terrorismo". Daí a necessidade doendurecimento contra esse tipo de ação.

Embora os ataques sejam na Europa, elesatingem todos os povos. Eles disseminam o medo,geram mais intolerância, preconceito edesconfiança. Um exemplo disso foi a passagemde um grupo de muçulmanos em São Luís.Imagens deles andando em ruas e avenidas dacapital maranhense circularam a exaustão pelasredes sociais e causaram apreensão em algumaspessoas. Nas redes sociais, internautas falavam dospossíveis motivos, do medo de atentados.

Até a polícia federal entrou na onda emonitorou os estrangeiros. Mas informou que apresença deles no país e na capital maranhensenão era ilegal ou irregular e que qualquerabordagem em causa justificada seria preconceito.A verdade é que o medo tornou-se constante, nãosó na Europa, mas em todo o mundo.

Existe uma onda deterror no mundo, e osúltimos registrosmostram que a Europaé o alvo prioritário

JOSÉ SARNEY

“O Maranhão é uma saudade que dói enão passa. Não o esqueço um só dia, umsó instante. É amor demais. Maranhão,minha terra, minha paixão.”

CABALAU

UM DIA COMO HOJE SOBE E DESCE

CORIOLANO XAVIER

Fiscalização,confiança enegócios

Na recente crise deflagrada pela “Operação CarneFraca”, houve muita coisa desajeitada: o supostodesvio de conduta em fiscalização localizada defrigoríficos, que segue em curso investigatório; a

“espetacularização” na divulgação da operação e até o usoequivocado de dados ou aspectos técnicos. Como saldo,um alerta geral em países compradores da nossa carne,logo depois amenizado por rápida reação do governo eexportadores brasileiros, e também uma estimada perdade 150 milhões de dólares em exportações, até meados deabril. Tudo voltando ao normal agora, inclusive com aretomada de abate em indústrias que haviam paralisado.

Talvez seja um bom momento para se refletir sobre aestrutura de fiscalização sanitária federal no Brasil, frenteao avanço da produção de carnes no país e à evolução quese projeta para o setor. Há 15 anos o contingente de fiscaisagropecuários federais está estável¹, enquanto a produçãode carnes cresceu cerca de 80% e a de grãos a um ritmo de4,8% ao ano nas duas últimas décadas². O número defiscais voltados apenas à inspeção de carnes está na casa de800¹ e a expectativa do setor de proteína animal é que suasexportações avancem em mais de 2% ao ano até 2024.

Gigante e também referência mundial em produçãode carnes, os Estados Unidos trabalham com 7.800 fiscaisfederais voltados ao setor, quase dez vezes mais que ocontingente do Brasil, para uma produção apenas 46%maior que a nossa. Uma bela discrepância. Aqui, a tarefa defiscalizar 4.800 frigoríficos; lá 6.300. Aqui, seis frigoríficos ecerca de 34.000 toneladas de carne inspecionada/ano por

fiscal; lá, menos de um frigorífico (0,80) e 6.000toneladas/ano por fiscal.¹

Essa comparação simples e linear entre as realidadesde fiscalização dos dois países tem suas limitações, poisaspectos como escala das indústrias, metodologias e graude eficiência de processos também entram no jogo. Mas asdiferenças sugerem que a base norte-americana commaior potencial bem maior de efetividade fiscalizadora,embora o déficit aparente no Brasil seja em parteamenizado com a contratação - pelas indústrias - de fiscaisprivados, colocados à disposição do sistema federal paraapoiar as operações, mesmo sob o risco de ressalvascríticas, devido a potencial conflito de interesses.

“Há uma clara deficiência de agentes federais em umaatividade com tanta importância na economia”, comentourecentemente na imprensa o presidente da CooperativaAurora, Mário Lanznaster.¹ De outro lado, o regulamentoda inspeção de produtos de origem animal (riispoa) tem 65anos e só agora recebeu uma modernização maisestrutural, anunciada em final de março. Descasohistórico? Insuficiência de recursos? Imprevidênciaplanejadora? Talvez de tudo um pouco. Mas o momento éde mirar no futuro, com objetividade e responsabilidade,pois o ‘complexo carnes’ é o segundo mais importante nasexportações de nosso agronegócio e impactos de confiançanesses mercados representam sempre alto riscoeconômico.

(1) Revista Exame, in Brasil/Agronegócio, 12 de abril de2017; (2) Agrotendências 2016, Wedekin Consultores.

Vice-presidente de Comunicação do Conselho Científico AgroSustentável (CCAS), professor do Núcleo de Estudos do Agronegócioda ESPM

Especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil, mestrado emadministração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-gradua-ções nas áreas de marketing e negócios

Talvez seja um bom momentopara se refletir sobre aestrutura de fiscalização

MARCO ANTÔNIO BARBOSA

O crack maisperto de você

Temos acompanhado o desenrolar das ações na áreade São Paulo conhecida como “cracolândia”. APrefeitura da capital paulista dissolveu osacampamentos em uma ação policial e a medida

repercutiu no país dividindo opiniões a favor e contra.Segundo especialistas que atuam no local, o grande

problema tem sido a livre atuação de traficantes que seinstalam ali e comandam com violência a relação com osusuários, impedindo que as frentes humanitárias atuem nocombate ao vício e busquem a reabilitação dos doentes. Issotem fomentado a violência na região da Luz, onde se localizaa cracolândia e onde assaltos têm se tornando rotina.

Mas esse problema não é exclusivo da capital paulista.Em levantamento do Observatório do Crack, ummonitoramento realizado pela CNM (ConfederaçãoNacional dos Municípios), a droga é um grave problemapara 1.155 municípios brasileiros, um quinto dos 5.570existentes. São Paulo, Minas Gerais e Bahia ocupam asprimeiras posições em alto nível de problemas com crack.

Um levantamento de 2010 realizado pela SecretariaNacional Antidrogas (Senad) com a Fundação OswaldoCruz (Fiocruz), detectou 29 cracolândias em 17 capitaisbrasileiras, com total de 2 milhões de usuários de crack.Este dado está defasado, pois, até 2012, somente cidadescom mais de 200 mil habitantes eram atendidas peloextinto programa “Crack, é Possível Vencer”. O que não secontabilizava era o avanço da droga para cidades nointerior dos estados.

O crack é um entorpecente altamente viciante e,portanto, altamente lucrativa. Os problemas sociais doBrasil têm contribuído para o avanço desse consumo e daviolência que dele surge. Segundo a OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT), na América Latina, um acada cinco jovens está desemprego e mais de 20 milhões

nem estudam nem trabalham.O cenário se torna favorável e, com isso, os pontos de

consumo de drogas tem se alastrado para todo territórionacional e pode estar atrelado ao aumento famigerado daviolência no Brasil. No livro, “O tratamento do usuário decrack”, especialistas revelam que fumar crack aumenta aviolência, onde o usuário comete mais crimes (roubos ehomicídios) para obter a droga e manter o consumo.

Esses fatores têm levado governos municipais abuscarem alternativas que esbarram na fraca política decombate às drogas, além de estratégias confusas, como avista em São Paulo. Na verdade, por lá, a medida nãoresolveu, mas sim, pulverizou os usuários para outrospontos da cidade. Diante da ausência de medidascoerentes, traficantes veem terreno fértil para continuaremcom seus negócios em outros locais. Enquanto isso,governos amargam com o impacto do crack em seusorçamentos. Ainda segundo o levantamento da CNM, naregião Sudeste, a presença do crack tem peso de 49% nosinvestimentos em Segurança.

O crack avança e está cada dia mais perto de nós.Precisamos entender qual é a sistemática do problema eatuar em múltiplas frentes. Enquanto a força policial agecoibindo a cadeia de produção, distribuição ecomercialização da droga, ações de assistência psicossocialprecisam atuar junto aos dependentes, enquanto umaterceira via trabalha na prevenção com público vulnerável.

Mas pasmem, tudo isso já existe. O que não existe é umacomunicação entre essas ações, interligando inteligência,ações sociais e sistema de saúde preparado para a demanda.O problema é mais profundo e requer programas eficientesde resgate social ou vamos perder para o crack, sempre.

O crack é um entorpecentealtamente viciante e, portanto, altamente lucrativa

5 de junho

de1863

Nasceu Delmiro Gouveia (DelmiroAugusto da Cruz Gouveia), na FazendaBoa Vista, em Ipu (CE). Industrial e umdos pioneiros da industrialização dopaís, e do aproveitamento do seupotencial hidroelétrico, tendoconstruído a primeira usinahidroelétrica do Brasil. Era filho naturaldo cearense Delmiro Porfírio de Fariase da pernambucana Leonila Flora.

de1903

Nasceu Pedro Nava (Pedro da SilvaNava), em Juiz de Fora (MG). Foi médicoe escritor, tendo participado da geraçãomodernista de Belo Horizonte e foi dospoucos não-juristas a assinar oManifesto dos Mineiros. Foi o maiormemorialista da literatura brasileira,autor de sete livros: Baú de Ossos, BalãoCativo, Chão de Ferro e Beira Mar.

de1954

Nasceu Oswaldinho do Acordeom(Oswaldo de Almeida e Silva), em Duquede Caxias (RJ). É instrumentista(acordeonista) e compositor, filho e netode sanfoneiros. O avô, Aureliano, eramestre sanfoneiro em Euclides da Cunha(BA). Já o pai, com quem aprendeu atocar sanfona, é o famoso sanfoneiro ecompositor Pedro Sertanejo.

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