o mamoeiro e o sanhaço

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O mamoeiro e o sanhaço Vejo o mamoeiro, Espécie tão rara na cidade. Na infância, lá no meio do mato Havia muitos mamoeiros, Nunca vi ninguém os plantar, mas nasciam sem que ninguém soubesse como. Era engraçado! Cheguei a perguntar às pessoas que passavam pela estrada, estrada solitária que nem o mamoeiro. E nenhuma sabia o porquê ele fora nascer ali. Havia um mamoeiro no quintal de casa, Lá na parte alta do terreno, Às vezes subia até ele Para tentar arrancar um mamãozinho. Peguei uma taquarinha e tentei jogar o mamãozinho no chão vermelho de terra vermelha e que ainda ficava mais vermelho com o sol quente. Mas desisti por pena dele, Parecia tão fraquinho, tão sozinho, como aquele mamoeiro e a estrada onde eu costumava passar. Resolvi deixá-lo em seu cantinho, Bem quietinho... Mas aí veio um sanhaço cor de terra molhada. Assentou no pé de mamão, como se fosse dele. Olhou para um lado e para o outro. Ameaçou ir embora. Desistiu. Bicou o mamãozinho, furou-o sem piedade. E fugiu tranquilo. Um dia voltei à cidade E o mamoeiro agora parecia majestoso. Já aquele sanhaçozinho hoje deve estar no céu, prestando conta do seu furto... Gládiston de Souza Coelho

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Page 1: O Mamoeiro e o Sanhaço

O mamoeiro e o sanhaço

Vejo o mamoeiro,

Espécie tão rara na cidade.

Na infância, lá no meio do mato

Havia muitos mamoeiros,

Nunca vi ninguém os plantar,

mas nasciam sem que ninguém

soubesse como. Era engraçado!

Cheguei a perguntar às pessoas

que passavam pela estrada,

estrada solitária que nem o mamoeiro.

E nenhuma sabia o porquê ele fora nascer ali.

Havia um mamoeiro no quintal de casa,

Lá na parte alta do terreno,

Às vezes subia até ele

Para tentar arrancar um mamãozinho.

Peguei uma taquarinha e tentei jogar o mamãozinho

no chão vermelho de terra vermelha

e que ainda ficava mais vermelho com o sol quente.

Mas desisti por pena dele,

Parecia tão fraquinho, tão sozinho,

como aquele mamoeiro e a estrada onde eu costumava passar.

Resolvi deixá-lo em seu cantinho,

Bem quietinho...

Mas aí veio um sanhaço cor de terra molhada.

Assentou no pé de mamão,

como se fosse dele.

Olhou para um lado e para o outro.

Ameaçou ir embora.

Desistiu.

Bicou o mamãozinho, furou-o sem piedade.

E fugiu tranquilo.

Um dia voltei à cidade

E o mamoeiro agora parecia majestoso.

Já aquele sanhaçozinho hoje deve estar no céu,

prestando conta do seu furto...

Gládiston de Souza Coelho