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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 630 Agosto de 2006 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec O Espiritismo na visão da mídia As revistas Época de 3 de julho e IstoÉ do dia 26 do mesmo mês dedicaram ao tema Espiritismo e ao movi- mento espírita duas extensas reportagens. Na primeira, como principal destaque, a matéria focalizou a top model Raica Oliveira (foto), de 22 anos, que foi criada na religião espírita. Nascida em Niterói, a namorada do craque Ronal- do mora hoje a maior parte do ano em Nova York por conta de compromissos profissio- nais. Quando está nos Estados Unidos, a revista diz que Raica vai ao Centro Espírita Casa São José, na cidade vizinha de New Jersey, freqüentado por brasilei- ros como Divaldo Pereira Fran- co e Raul Teixeira, dois conhe- cidos oradores e médiuns espí- ritas. “Do que mais gosto na mi- nha religião é a idéia de que po- demos sempre voltar à Terra de novo e aperfeiçoar nosso espíri- to”, diz Raica, que é para a re- vista Época o rosto do chamado Espiritismo jovem. “Sempre te- mos uma segunda chance.” Raica, Raul e Divaldo seri- am, segundo uma reportagem publicada recentemente no jor- nal americano The New York Ti- mes, as faces visíveis de um novo fenômeno: a abertura de centros espíritas nos Estados Unidos dirigidos por brasileiros e freqüentados pela comunida- de latina e também por ameri- canos. “O Brasil não é apenas o Público numeroso prestigia a semana espírita maior país católico do mundo”, diz Época. “É também a nação com maior número de espíritas, cerca de 20 milhões de pesso- as, segundo os números ofici- ais. E, agora, tornou-se também o principal pólo difusor da reli- gião fundada e sistematizada pelo francês Allan Kardec.” Para a referida revista, o ros- to de Raica, uma das mulheres mais bonitas do país, é a face- símbolo de uma nova fase na religião. “Esqueça os copos que se movimentam sozinhos sobre a mesa branca, as operações com canivete e sem anestesia do médium Zé Arigó e as ses- sões de exorcismo coletivo transmitidas pelo rádio. Isso tudo ainda existe, mas o cresci- mento e a exportação da dou- trina se devem principalmente a seu lado menos místico e mais racional”, refere Época. O que, para a revista, cons- titui o novo Espiritismo preser- va os pilares básicos da religião: a imortalidade do espírito, sua reencarnação e evolução, além da possibilidade de comunica- ção entre vivos e mortos. Mas se baseia muito mais em leitu- ras e na introspecção que em rituais ou sessões que invocam supostas forças do além. São in- centivadas também as duas prá- ticas mais fortes da doutrina: a caridade e a tolerância religio- sa. O Espiritismo vem crescen- do no Brasil, principalmente entre jovens de classe média. No site de relacionamentos Orkut, já existem 366 comuni- dades sobre “espiritismo” e ou- tras 808 quando se busca a pa- lavra-chave “espírita”. Outra jovem, cuja fotogra- fia ilustra a reportagem de Épo- ca, é a atriz Cleo Pires (foto), que, segundo a reportagem, chegou ao Espiritismo por in- fluência de seu pai, Fábio Jr., e dos avós maternos. Assinada pela jornalista Martha Mendonça, a reporta- gem publicada por Época ocupa as págs. 67 a 74 do número de 3 de julho e pode ser considerada, excluídos alguns senões perfeitamente sanáveis, a mais fidedigna e honesta matéria sobre o Es- piritismo publicada nos últi- mos tempos na grande im- prensa brasileira. (Leia mais sobre o assunto na pág. 16 desta edição.) Segundo a revista Época, a religião assume uma face moderna e cresce entre os jovens RELIGIÃO A top model Raica de Oliveira A Revue Spirite há 140 anos .................................. 15 Aiglon Fasolo ......................................................... 10 Clássicos do Espiritismo .......................................... 5 Crônicas de Além-Mar ........................................... 12 De coração para coração .......................................... 4 Divaldo responde ..................................................... 5 Editorial .................................................................... 2 Édo Mariani ............................................................ 13 Emmanuel ................................................................. 2 Espiritismo para as crianças .................................... 6 Estudando as obras de André Luiz ........................ 13 Grandes Vultos do Espiritismo ................................ 7 Jane Martins Vilela ................................................ 14 Joanna de Ângelis .................................................... 2 José Viana Gonçalves ............................................ 12 Palestras, seminários e outros eventos .................. 11 Thiago Bernardes ..................................................... 3 Um minuto com Chico Xavier ............................... 10 Ainda nesta edição Veja nesta edição o noticiário e as fotografias referentes à 15 a Semana Espírita de Londrina e à 55 a Semana Espírita de Astolfo Dutra, cidade si- tuada na Zona da Mata de Minas Gerais. Aos leitores que não compreen- dem por que este jornal dá destaque à semana espírita realizada na referi- da cidade mineira, situada em região tão distante de Londrina, a explica- ção é simples: foi lá, da experiência dos confrades mineiros, que o movi- mento espírita londrinense buscou a inspiração e o modelo das semanas espíritas, evento tão comum no Rio de Janeiro e em Minas Gerais e pou- co conhecido em nosso Estado. Algo semelhante ocorreu com a CONMEL, encontro realizado no car- naval pelos jovens espíritas de Lon- drina, o qual se inspirou na COJEL, evento dirigido à juventude espírita que se realiza na mesma época na ci- dade de Leopoldina (MG). Por esse motivo, todas as vezes que for possível, este jornal estará no- ticiando, como vem fazendo há mui- to tempo, o evento que tornou conhe- cida em muitos Estados a Fundação Espírita Abel Gomes, promotora da tradicional Semana Espírita de Astol- fo Dutra. Págs. 8 e 9 A atriz Cleo Pires

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Page 1: O IMORTAL - O CONSOLADOR · e freqüentados pela comunida-de latina e também por ameri-canos. “O Brasil não é apenas o Público numeroso prestigia a semana espírita maior país

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 630 Agosto de 2006 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

O Espiritismo na visão da mídiaAs revistas Época de 3 de

julho e IstoÉ do dia 26 domesmo mês dedicaram aotema Espiritismo e ao movi-mento espírita duas extensasreportagens. Na primeira,como principal destaque, amatéria focalizou a top modelRaica Oliveira (foto), de 22anos, que foi criada na religiãoespírita. Nascida em Niterói,a namorada do craque Ronal-do mora hoje a maior parte doano em Nova York por contade compromissos profissio-

nais. Quando está nos EstadosUnidos, a revista diz que Raicavai ao Centro Espírita Casa SãoJosé, na cidade vizinha de NewJersey, freqüentado por brasilei-ros como Divaldo Pereira Fran-co e Raul Teixeira, dois conhe-cidos oradores e médiuns espí-ritas. “Do que mais gosto na mi-nha religião é a idéia de que po-demos sempre voltar à Terra denovo e aperfeiçoar nosso espíri-to”, diz Raica, que é para a re-vista Época o rosto do chamadoEspiritismo jovem. “Sempre te-mos uma segunda chance.”

Raica, Raul e Divaldo seri-am, segundo uma reportagempublicada recentemente no jor-nal americano The New York Ti-mes, as faces visíveis de umnovo fenômeno: a abertura decentros espíritas nos EstadosUnidos dirigidos por brasileirose freqüentados pela comunida-de latina e também por ameri-canos. “O Brasil não é apenas o

Público numerosoprestigia a semana espírita

maior país católico do mundo”,diz Época. “É também a naçãocom maior número de espíritas,cerca de 20 milhões de pesso-as, segundo os números ofici-ais. E, agora, tornou-se tambémo principal pólo difusor da reli-gião fundada e sistematizadapelo francês Allan Kardec.”

Para a referida revista, o ros-to de Raica, uma das mulheresmais bonitas do país, é a face-símbolo de uma nova fase nareligião. “Esqueça os copos quese movimentam sozinhos sobrea mesa branca, as operaçõescom canivete e sem anestesiado médium Zé Arigó e as ses-sões de exorcismo coletivotransmitidas pelo rádio. Issotudo ainda existe, mas o cresci-mento e a exportação da dou-trina se devem principalmentea seu lado menos místico e maisracional”, refere Época.

O que, para a revista, cons-titui o novo Espiritismo preser-

va os pilares básicos da religião:a imortalidade do espírito, suareencarnação e evolução, alémda possibilidade de comunica-ção entre vivos e mortos. Masse baseia muito mais em leitu-ras e na introspecção que emrituais ou sessões que invocamsupostas forças do além. São in-centivadas também as duas prá-ticas mais fortes da doutrina: acaridade e a tolerância religio-sa. O Espiritismo vem crescen-do no Brasil, principalmenteentre jovens de classe média.No site de relacionamentosOrkut, já existem 366 comuni-dades sobre “espiritismo” e ou-tras 808 quando se busca a pa-lavra-chave “espírita”.

Outra jovem, cuja fotogra-fia ilustra a reportagem de Épo-ca, é a atriz Cleo Pires (foto),que, segundo a reportagem,chegou ao Espiritismo por in-fluência de seu pai, Fábio Jr., edos avós maternos.

Assinada pela jornalistaMartha Mendonça, a reporta-gem publicada por Épocaocupa as págs. 67 a 74 donúmero de 3 de julho e podeser considerada, excluídosalguns senões perfeitamentesanáveis, a mais fidedigna ehonesta matéria sobre o Es-piritismo publicada nos últi-mos tempos na grande im-prensa brasileira. (Leia maissobre o assunto na pág. 16desta edição.)

Segundo a revista Época, a religião assume uma face moderna e cresce entre os jovens

RELIGIÃO

A top model Raica de Oliveira

A Revue Spirite há 140 anos .................................. 15Aiglon Fasolo ......................................................... 10Clássicos do Espiritismo .......................................... 5Crônicas de Além-Mar ........................................... 12De coração para coração .......................................... 4Divaldo responde ..................................................... 5Editorial .................................................................... 2Édo Mariani ............................................................ 13Emmanuel ................................................................. 2Espiritismo para as crianças .................................... 6Estudando as obras de André Luiz ........................ 13Grandes Vultos do Espiritismo ................................ 7Jane Martins Vilela ................................................ 14Joanna de Ângelis .................................................... 2José Viana Gonçalves ............................................ 12Palestras, seminários e outros eventos .................. 11Thiago Bernardes ..................................................... 3Um minuto com Chico Xavier ............................... 10

Ainda nesta edição

Veja nesta edição o noticiário e asfotografias referentes à 15a SemanaEspírita de Londrina e à 55a SemanaEspírita de Astolfo Dutra, cidade si-tuada na Zona da Mata de MinasGerais.

Aos leitores que não compreen-dem por que este jornal dá destaqueà semana espírita realizada na referi-da cidade mineira, situada em regiãotão distante de Londrina, a explica-

ção é simples: foi lá, da experiênciados confrades mineiros, que o movi-mento espírita londrinense buscou ainspiração e o modelo das semanasespíritas, evento tão comum no Riode Janeiro e em Minas Gerais e pou-co conhecido em nosso Estado.

Algo semelhante ocorreu com aCONMEL, encontro realizado no car-naval pelos jovens espíritas de Lon-drina, o qual se inspirou na COJEL,

evento dirigido à juventude espíritaque se realiza na mesma época na ci-dade de Leopoldina (MG).

Por esse motivo, todas as vezesque for possível, este jornal estará no-ticiando, como vem fazendo há mui-to tempo, o evento que tornou conhe-cida em muitos Estados a FundaçãoEspírita Abel Gomes, promotora datradicional Semana Espírita de Astol-fo Dutra. Págs. 8 e 9

A atriz Cleo Pires

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O IMORTALPÁGINA 2 AGOSTO/2006

EditorialEMMANUEL

O destaque que as principais re-vistas semanais brasileiras têmdado, nos últimos tempos, ao Espi-ritismo e ao movimento espírita estáa indicar que é preciso, melhor di-zendo, é urgente que os responsá-veis pelas Casas e demais institui-ções espíritas se mostrem à alturado momento.

Não é possível, como se vê eminúmeros lugares, que ainda ocorramdivergências entre dirigentes, mé-diuns e outros trabalhadores espíri-tas por razões puramente pessoais.

É necessário que todos nos lem-bremos de que muitos prejuízos de-correm de semelhantes fatos, que,além do afastamento dos confradesdesapontados com essas atitudes,produzem uma instabilidade queafeta de forma irreparável os traba-lhos desenvolvidos na instituição.

O Codificador do Espiritismoreferiu-se a esse tema em diversasoportunidades.

Em 1859, falando sobre as so-ciedades espíritas, disse ele que aprimeira condição para a estabili-dade de um centro é a homogenei-

O homem, vivendo em soci-edade, tem deveres para com ela,cumprindo-lhe contribuir para oseu progresso, participando ati-vamente do programa estabele-cido.

Alienar-se, a pretexto de servira Deus, portanto, à vida espiritual,jamais se justifica, não encontran-do apoio no exemplo que o próprioMestre ofereceu, Ele que jamais seescusava.

Participou de uma boda, santi-ficando-a; das Festas habituais dopovo, não se imiscuindo nasvenalidades e paixões que estas per-mitiam; visitou um cobrador de im-

Certificando-se o homem deque coisa alguma possui de bom,sem que Deus lhe conceda, a vidana Terra ganhará novos rumos.

Diz a sabedoria, desde a anti-guidade:

– Faze de tua parte e o Senhorte ajudará.

Reconhecendo o elevado teor daexortação, somos compelidos a re-conhecer que, na própria aquisiçãode títulos profissionais, o homem éo filho que se esforça, durante al-guns anos, para que o Pai lhe con-fira um certificado de competência,através dos professores humanos.

Qual ocorre no patrimônio dasrealizações materiais, acontece nocírculo das edificações do espírito.

Indiscutivelmente, toda boa dá-diva e todo dom perfeito vêm deDeus. Entretanto, para recebermoso benefício, faz-se preciso “bater”à porta para que se nos abra, segun-do a recomendação evangélica.

Queres o dom de curar? Come-ça amando os doentes, interessando-

Para fazer a Assinatura deste jor-nal ou renová-la, basta enviar seu pe-dido para a Caixa Postal 63 – CEP86180-970 – Cambé-PR, ou então va-ler-se do telefone número (0xx43)3254-3261. Se preferir, utilize a Inter-net. Nosso endereço eletrônico mudoue é agora: [email protected]

A Assinatura simples deste pe-riódico custa R$ 35,00 (trinta e cin-co reais) por ano, aí incluídas as des-pesas de correio.

A Assinatura múltipla custa R$35,00 (trinta e cinco reais) por mês,já incluídas aí as despesas de correio.Ao fazê-la, o assinante receberá to-dos os meses um pacote com 10exemplares, que poderão ser distri-buídos entre os seus amigos, famili-ares ou integrantes do Grupo Espíri-ta de que faça parte. A Assinaturamúltipla é a forma ideal para os Gru-

A melhor forma de divulgar o Espiritismodade de princípios e da maneira dever; a segunda condição é a assis-tência dos bons Espíritos, se elequiser obter comunicações sérias. Oobjetivo do Espiritismo, advertiuKardec, é melhorar aqueles que ocompreendem. “Procuremos dar oexemplo e mostrar que para nós adoutrina não é morta. Sejamos dig-nos dos bons Espíritos, se quiser-mos a sua assistência.” (Revista Es-pírita de 1859, pp. 200 a 202.)

Três anos depois, em respostaà mensagem de Ano Novo recebi-da dos espíritas de Lyon, subscritapor cerca de duzentas assinaturas,o Codificador deu-lhes uma sériede oportunos conselhos, adiante re-sumidos (Revista Espírita de 1862,pp. 31 a 34):

• Se um grupo pretende ter ordem,tranqüilidade e estabilidade, é precisoque nele reine um sentimento frater-nal, porque todo grupo ou sociedadeque se formar sem ter por base a cari-dade efetiva não terá vitalidade.

• Reconhece-se o verdadeiro es-pírita pela prática da caridade empensamentos, palavras e atos; todo

aquele que nutre em sua alma sen-timentos de animosidade, de rancor,de ódio, de ciúme ou de inveja,mente a si mesmo se pretende com-preender e praticar o Espiritismo.

• O egoísmo e o orgulho matamas sociedades particulares, comomatam os povos e as sociedades emgeral.

Passaram-se os anos e, sentin-do talvez que era oportuno voltarao assunto, Kardec de novo adver-tiu os grupos espíritas nascentespara a necessidade de homogenei-dade e comunhão de pensamentose sentimentos, enfatizando que talprovidência é a condição sine quanon da estabilidade e da vitalidadedos grupos, para a qual todos osesforços devem ser dirigidos. (Re-vista Espírita de 1864, pág. 306.)

É fácil, desse modo, compreen-der que nunca será demais repisartais lições, porque, mais do que aspalavras, são os exemplos dadospelos próprios espíritas que consti-tuirão sempre a melhor forma dedivulgação da doutrina que preten-demos difundir e defender.

Um minuto com Joanna de Ângelispostos, que O convidara, dignifi-cando-lhe o lar; hospedou-se coma família de Betânia, inúmeras ve-zes, alargando o círculo da frater-nidade; albergou no coração a mu-lher equivocada, lecionando solida-riedade; esteve no Templo e na Si-nagoga reiteradas vezes, sem pre-conceito nem desprezo, e todos osSeus atos se fizeram caracterizarpela naturalidade, discrição e hono-rabilidade.

Nasceu num período festivo – aocasião do recenseamento – e mor-reu durante as alegrias evocativasda Páscoa, demonstrando que a vidaé um poema de júbilos em nome do

Dons

te pela solução de suas necessidades.Queres o dom de ensinar? Faze-

te amigo dos que ministram o conhe-cimento em nome do Senhor, atravésdas obras e das palavras edificantes.

Esperas o dom da virtude? Dis-ciplina-te.

Pretendes falar com acerto?Aprende a calar no momento opor-tuno.

Desejas acesso aos círculos sagra-dos do Cristo? Aproxima-te d´Ele,não só pela conversação elevada, mastambém por atitudes de sacrifício,como foram as de sua vida.

As qualidades excelentes sãodons que procedem de Deus; entre-tanto, cada qual tem a porta respec-tiva e pede uma chave diferente.

“Toda boa dádiva e todo dom perfeitovem do Alto.” – Tiago, 1:17.

Ajude-nos a divulgar a DoutrinaEspírita assinando “O Imortal”

pos e Centros Espíritas interessadosna melhor divulgação do Espiritis-mo, dado o caráter multiplicadordesse investimento.

A contribuição mensal dos Man-tenedores é de R$ 35,00 (trinta ecinco reais) e o Mantenedor recebetambém mensalmente, como nasAssinaturas múltiplas, um pacotecom 10 exemplares d´O Imortal.

Não é preciso efetuar o paga-mento agora. Você receberá pelo cor-reio o boleto bancário corresponden-te, que poderá ser quitado em qual-quer agência bancária.

Lembre que, segundo Emmanu-el, a maior caridade que podemosfazer à Doutrina Espírita é a sua di-vulgação. Ajude-nos, pois, a divul-gá-la, colaborando com os jornais,os programas de rádio e TV e os li-vros espíritas.

Assinale a opção de sua preferência:( ) Assinatura simples ( ) Assinatura múltipla

Nome completo .............................................................................................................

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Bairro .............................................................................................................................

Município .......................... Estado .................... CEP ..................................................

Telefone ............................. Número do fax .................................................................

Se estiver conectado à Internet, o seu e-mail ...............................................................

JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Franco,é autora, entre outros livros, de Mo-mentos de Esperança (Livraria Es-pírita Alvorada Editora, 1988), doqual foi extraído o texto acima.

EMMANUEL, que foi o mentorespiritual de Francisco Cândido Xa-vier e coordenador da obra mediú-nica do saudoso médium mineiro, éautor, entre outros livros, de “Cami-nho, Verdade e Vida” (FEB, 1948),de onde foi extraído o texto acima.

Amor. Nunca, tampouco, se apar-tou de Deus e do dever.

*Dá a tua contribuição a Deus.

Não, através de coisas e palavras.Sejam: a tua hora de misericór-

dia – o momento de Deus; o teu ins-tante de reflexão elevada – o de uniãocom Deus; o teu silêncio ante a ofen-sa – o de cooperação com Deus; a tuaação caridosa – a de contributo aDeus; a tua dedicação ao próximo –a dádiva que encaminhas a Deus; oteu sofrimento resignado – a demons-tração de confiança em Deus...

Todos os teus recursos moraiscanalizados para a verdade e a ele-vação constituam o teu concurso –oferenda a Deus.

Viver no mundo, amando a vidae servindo ao mundo sem escravi-dão e a Deus com emoção, eis o ide-al para que o homem alcance a fi-nalidade excelente para a qual seencontra reencarnado.

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O IMORTALAGOSTO/2006 PÁGINA 3

O mecanismo das comunicações e aquestão da afinidade e da sintonia

Médiuns, ensina o Espiritis-mo, são as pessoas aptas a sen-tir a influência dos Espíritos ea transmitir os pensamentosdestes. A mediunidade é umafaculdade inerente ao homem,donde se segue que poucos sãoos que não possuem um rudi-mento de tal faculdade. Pelomenos é isso que nos informaAllan Kardec (foto) em “O Li-vro dos Médiuns”, obra por elepublicada em 1861.

O fluido perispiritual é oagente de todos os fenômenosespíritas, que só se podem pro-duzir pela ação recíproca dosfluidos emitidos pelo médiume pelo Espírito. O desenvolvi-mento da faculdade mediúnicadepende, pois, da natureza maisou menos expansiva doperispírito do médium e damaior ou menor facilidade desua assimilação pelo perispíritodo Espírito que se vai comuni-car por seu intermédio.

A faculdade mediúnica de-pende, portanto, do organismoe pode ser desenvolvida quan-do exista no indivíduo o prin-cípio. A predisposição orgâni-ca independe, no entanto, daidade da pessoa, do sexo e dotemperamento.

A mente permanecena base de todos os

fenômenos mediúnicos

As relações entre os Espíri-tos e os médiuns estabelecem-se por meio dos respectivosperispíritos, dependendo a fa-cilidade dessas relações dograu de afinidade existente en-tre eles. Não podemos, entre-tanto, ignorar que a mente per-manece na base de todos os fe-nômenos mediúnicos.

Aprendemos com André

THIAGO BERNARDESDe Curitiba

Luiz que cada alma se envolveno círculo de forças vivas que lhetranspiram do hálito mental, naesfera das criaturas a que seimana, em obediência às suas ne-cessidades de ajuste ou de cres-cimento para a imortalidade.

Agimos e reagimos uns so-bre os outros – informa AndréLuiz – por meio da energia men-tal em que nos renovamos cons-tantemente, criando, alimentan-do e destruindo formas e situa-ções, paisagens e coisas, naestruturação do nosso destino.

Afinidade fluídica e afinidademoral são coisas distintas

Entre determinado Espírito eum médium pode haver afinida-de fluídica e não existir afinida-de moral, tanto quanto pode exis-tir afinidade moral e não haverafinidade fluídica. Esta, a afini-dade fluídica, depende da cons-tituição do organismo espiritualdo médium e do Espírito. A afi-nidade moral é a conseqüênciado adiantamento espiritual al-cançado por um e outro.

Existem na prática mediúni-ca algumas dificuldades que de-vemos, na medida do possível,procurar sanar, ou ao menosminimizar. Destacamos, dentreelas, a falta de estudo, a defici-ência de iluminação moral, a es-cassez de perseverança, a ausên-

cia de assiduidade, a impaciên-cia etc. Essas deficiências po-dem gerar dificuldade na harmo-nização das vibrações e dos pen-samentos.

É justamente na combinaçãodas forças psíquicas e dos pen-samentos entre os médiuns e osexperimentadores, de um lado,e entre estes e os Espíritos, deoutro, que reside inteiramente alei das manifestações.

É indispensável a harmonia auma boa reunião mediúnica

As condições de experi-mentação são favoráveis quan-do o médium e os assistentesconstituem um grupo harmôni-co. Outros fatores que favore-cem também o bom êxito dasreuniões mediúnicas são o si-lêncio e o recolhimento. Se,contudo, houver desarmonia oudesentendimento na equipe,haverá inequívocas dificulda-des na realização de um bomintercâmbio mediúnico.

Muitas vezes, a ausência demétodo, a falta de continuidadee a inexistência de uma direçãosegura nas experiências mediú-nicas podem tornar estéreis aboa-vontade dos médiuns e as

Em “O Livro dos Mé-diuns”, Kardec faz uma clas-sificação pertinente à nature-za das comunicações mediú-nicas, que ele divide em qua-tro grupos: grosseiras, frívo-las, sérias e instrutivas.

Diz-se que uma comunica-ção é grosseira quando con-cebida em termos que chocamo decoro. Comunicações des-sa natureza só podem provir,obviamente, de Espíritos debaixa condição espiritual, co-bertos das impurezas da ma-téria e em nada diferem dasque provenham de homens vi-ciosos e grosseiros.

As comunicações frívolasemanam de Espíritos levianos,zombeteiros ou brincalhões,mais maliciosos do que mause que nenhuma importânciadão ao que dizem. Como nãoencerram nada de indecoroso,tais comunicações agradam acertos indivíduos que com elasse divertem, porque encon-tram prazer nas confabulaçõesfúteis em que muito se fala enada se diz.

As comunicações sériassão ponderadas quanto ao as-sunto e elevadas quanto à for-ma. Quando uma comunica-

É preciso submeter ascomunicações ao

crivo da razão e da lógicação é isenta de frivolidade ede grosseria e objetiva um fimútil, ainda que de caráter par-ticular, podemos considerá-lauma comunicação séria.

Como, porém, nem todosos Espíritos são igualmenteesclarecidos, existem coisasque o comunicante pode igno-rar e sobre o que pode enga-nar-se de boa fé. Por isso, nemsempre uma comunicação sé-ria é verdadeira. Existem asfalsas. Eis por que os Espíri-tos verdadeiramente superio-res recomendam de contínuoque submetamos todas as co-municações ao crivo da razãoe da mais rigorosa lógica.

As comunicações instruti-vas são as comunicações sé-rias cujo principal objeto con-siste num ensinamento qual-quer, ministrado pelos Espíri-tos, sobre as ciências, a moralou a filosofia. São mais oumenos profundas, conforme ograu de elevação e de desma-terialização do Espírito comu-nicante. As comunicações ins-trutivas são, por definição,verdadeiras, visto que o quenão for verdadeiro não podeser instrutivo. (Thiago Ber-nardes)

Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo

aspirações, ainda que legítimas,dos experimentadores.

Ciente de que as comunica-ções mediúnicas não podem dei-xar de ser rigorosamente anali-sadas, o médium deve aceitaragradecido, e até mesmo solici-tar, o exame crítico das comuni-cações de que for o intermediá-rio.

Um trabalho mediúnico pro-

Fac-símile da capa de “O Livro dosMédiuns”

dutivo deve, pois, primar peloestudo, pelo esforço de melho-ria moral, pela perseverança,pela humildade, pela assidui-dade, pela disciplina por partedos integrantes da equipe, e serexercido em um ambiente desilêncio, prece, recolhimento eseriedade, com vistas ao bem-estar e à melhoria espiritual dopróximo.

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O IMORTALPÁGINA 4 AGOSTO/2006

Participamos no mês passado detrês diferentes eventos: a SemanaEspírita de Londrina, a Semana Es-pírita de Ubá (MG) e a 55a SemanaEspírita de Astolfo Dutra (MG), ci-dade onde nascemos e demos osprimeiros passos nas lides espíritas.

As emoções que vivemos emencontros assim, especialmente osrealizados em Minas Gerais, sãoindescritíveis. Em Astolfo Dutra écostume, desde os tempos de meupai, ficarem os palestrantes e de-mais caravaneiros alojados na pró-pria instituição em que se realizamas palestras, que é a Fundação Es-pírita Abel Gomes, um lar de me-ninas carentes que surgiu pratica-mente com as Semanas Espíritas dacidade.

Na hora da despedida é inevitá-vel o choro dos que ficam e dos quepartem.

Amigos, como o poeta JoséViana Gonçalves, de Campos (RJ),

imprimem ao ambiente em que serealiza a semana espírita uma ca-racterística peculiar que marca suapresença e deixa saudades em to-dos. E como ele – que participa doevento há 46 anos, ininterruptamen-te – há outros, provenientes do Rio,de Brasília, de Juiz de Fora, de BeloHorizonte, de Curitiba, de Leopol-dina e de tantas outras localidades,dos quais é difícil afastar-nos, dadaa familiaridade que se fortaleceu aolongo dos anos.

Um fato em especial chamou-nos, porém, a atenção na SemanaEspírita deste ano. Foi a presençaali de um velho amigo, orador mui-to estimado e médium respeitado,filho de nossa terra, mas radicadoem Juiz de Fora. Falamos de Ar-mando Falconi Filho, que nos trans-mitiu, durante um dos encontrosmatinais da Semana Espírita de As-tolfo Dutra, importante mensagemde origem mediúnica.

Muitos dos problemas que te-mos visto no movimento espírita,tanto em Minas quanto aqui emnosso Estado, se aclararam com amensagem captada pelo confrade.

De forma resumida, informarampor meio dele os amigos do planoespiritual que os detratores do Es-piritismo, entendendo que a velhatática de agressão contra os espíri-tas não surtiu os efeitos esperados,resolveram modificar a estratégiade seu combate. Em vez de atacar-nos por fora, eles agora nos atacam“por dentro”. Em lugar da agressão,adotaram a técnica da “implosão”.

As pessoas sabem mais ou me-nos em que consiste essa técnica dederrubada de um prédio condena-do. A dinamite é colocada interna-mente em pontos estratégicos doedifício. Quando ela é detonada, aconstrução cai por inteiro, não fi-cando pedra sobre pedra.

Os detratores do Espiritismo

perceberam assim algo que algunsestudiosos da Doutrina Espírita jáhaviam antecipado. De fato, é fácilidentificar os adversários externosdo movimento espírita, os polemis-tas radicais, os religiosos fanatiza-dos que se valem do púlpito ou domicrofone para destilar seu ódiocontra nós e nossos companheirosde lides espíritas.

Não é, porém, fácil identificá-los quando eles se encontram reen-carnados em nosso meio, nas pes-soas dos médiuns invigilantes quenão hesitam em lançar obras duvi-dosas, dos editores de livros que aspublicam, dos maus dirigentes queadministram as instituições espíri-tas como se fossem propriedadeparticular, ou dos confrades que le-vam para o meio espírita questõese problemas pessoais que nada têmque ver com o Espiritismo.

De coração para coraçãoASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO

De Londrina

A nova tática dos nossos detratores

O Espiritismo respondeAlexandre pergunta: “Por que

ocorrem influências espirituaissobre os homens? Essas influên-cias cessarão um dia?”

Quando o Espírito está apto paraas primeiras encarnações na espé-cie humana, passa a gozar de algoque não existe nos reinos inferioresda Natureza: o livre-arbítrio, a liber-dade de definir seu próprio cami-nho, de escolher sua forma de agir.

O Espiritismo nos ensina queo livre-arbítrio se desenvolve àmedida que adquirimos a consci-ência de nós mesmos. Se não pu-déssemos escolher, não haverialiberdade. A causa que nos podelevar a seguir esse ou aquele ca-minho situa-se, em face dessa es-colha, nas influências a que cede-mos ou não, no exercício do livre-arbítrio que o Pai nos concedeu.

Recebemos, desde as primei-ras existências, influências boas e

más, ocultas ou ostensivas, fuga-zes ou duradouras. As chamadastentações são tratadas tanto noAntigo como em o Novo Testa-mento, o que pode ser visto noEclesiástico, na epístola de Tiagoe nos ensinamentos de Jesus.

Essas influências nos acompa-nharão em toda a nossa trajetóriacomo Espírito, até que tenhamosconseguido tanto império sobrenós mesmos que os maus desis-tam de nos perturbarem. Só a par-tir desse momento é que elas, en-tão, cessarão.

Foi isso que deu origem àgrande figura da queda do homeme do pecado original. Enquantouns cederam, outros resistiram àtentação, como está muito bemexplicado na questão 122 e nosseus desdobramentos de “O Livrodos Espíritos”, a principal obra deAllan Kardec.

Para bem usar a crase, é indis-pensável saber, entre outras coisas,se a palavra que vem depois da pre-posição “a” aceita ou não o artigodefinido “a”. Ora, “a” + “a” é que,num processo de contração, dá ori-gem à forma “à”, que deve ser lida“a” e não “aa”, como muitos de nósaprendemos no grupo escolar.

Como escrever: “Estive naBahia” ou “Estive em Bahia”? “Vouà Bahia” ou “Vou a Bahia” (semcrase)? Como a palavra “Bahia”aceita o artigo “a”, o correto será:“Estive na Bahia”, “Vou à Bahia”.

Dentre os vocábulos que desig-nam os estados brasileiros, há vári-os que aceitam o artigo definido “a”ou o artigo “o”, mas vários deles osrejeitam.

Aceitam o artigo definido estesnomes: Acre, Amapá, Amazonas,Bahia, Ceará, Distrito Federal, Es-

Pílulas gramaticaispírito Santo, Maranhão, Pará,Paraíba, Paraná, Piauí, Rio de Ja-neiro, Rio Grande do Norte, RioGrande do Sul e Tocantins. Dire-mos, então: Vou ao Pará. Vim doTocantins. Estive na Bahia. Vamosà Paraíba. Regressarei ao Amapá.Iremos à Bahia.

Rejeitam o artigo definido:Alagoas, Goiás, Mato Grosso,Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,Pernambuco, Rondônia, Roraima,Santa Catarina, São Paulo eSergipe. Em face disso, diremos:Vou a Alagoas. Vim de Mato Gros-so. Estive em Sergipe. Vamos aRondônia. Regressarei a Roraima.A crase será, nestes casos, um equí-voco grosseiro.

*Muito utilizado em nosso meio,

o verbo contar significa: descrever,referir, relatar, mas não tem o sig-

nificado de dizer ou afirmar.São corretas, portanto, frases

deste tipo: O náufrago contoucomo se salvou do acidente. Asmulheres contaram as torturas docárcere. Meu avô contava lindashistórias. É preciso contar direiti-nho o que houve. Ler e contar his-tórias faz bem.

Evitemos, contudo, por errône-as, construções deste tipo: O Joãocontou que o alarme estava desli-gado. O deputado contou que nãoacredita no governo. Conte a seupai que estamos bem aqui. Meu paicontou que quando aqui chegou eratudo mato.

O leitor deve ter percebido queo segredo, quanto ao uso correto doverbo contar, é evitar acrescentar-lhe o vocábulo “que”.

Quem conta, conta alguma coi-sa, mas jamais conta que...

A mensagem transmitida peloconfrade Falconi constituiu paratodos os que ali se encontravam umalerta importante a lembrar, alto ebom som, que é preciso vigiar sem-pre, se queremos evitar, com nos-sos sinceros esforços, que a implo-são pretendida se concretize.

Claro que muitos dirão que háevidente exagero na mensagem.

Os partidários dos médiuns edos dirigentes a que ela se referevoltar-se-ão contra nós, o que, ali-ás, já vem ocorrendo.

Mas, como nos disse certa vezDivaldo P. Franco, os amigos quese afastarem nós os reencontrare-mos mais à frente. O que não podeacontecer é que, por receio deperdê-los, olvidemos o dever quenos compete no trabalho de defen-der a Doutrina contra os que a agri-dem “por fora” ou por dentro.

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O IMORTALAGOSTO/2006 PÁGINA 5

Clássicos do Espiritismo

A Alma é Imortal (Parte 7)

ANGÉLICA REISDe Londrina

Damos continuidade à publica-ção do texto condensado da obraA Alma é Imortal, de GabrielDelanne, traduzida por GuillonRibeiro e publicada pela Editorada FEB. As páginas citadas refe-rem-se à 6a edição.

*87. Era madrugada quando a

sra. Reddell, que cuidava de He-lena, então acamada, ouviu abrir-se a porta do quarto e viu entraruma velha muito gorda, vestindouma camisola de dormir e uma saiade flanela vermelha, tendo à mãoum castiçal de cobre, com umavela acesa. Quando, avisados damorte de Helena, os parentes vie-ram para assistir aos funerais, a sra.Reddell reconheceu a velha queestivera no quarto: era a mãe deHelena que, desdobrada, foravisitá-la. (Págs. 92 e 93)

88. Se a aparição fosse apenasuma alucinação telepática, inda-ga Delanne, como pôde abrir aporta da casa e do quarto? É quenão houve alucinação, mas umaaparição verdadeira, a mostrarque o duplo é a reprodução exatado ser vivo e que o corpo físicodo agente se achava imerso emsono durante a manifestação.(Págs. 94 e 95)

89. Um fato que se passoucom o grande poeta alemãoWolfgang von Goethe reforçaesse entendimento. O poeta esta-va em Weimar com seu amigo K...quando, de súbito, viu Frederico,outro grande amigo, residente emFrankfurt, que lhe apareceu emplena rua trajando vestes do poe-ta e calçando suas chinelas. Quan-do a aparição se desfez, Goethepercebeu que tivera apenas umavisão, mas não atinou com a sua

causa. Teria o amigo morrido re-pentinamente? (Págs. 95 e 96)

Ao mirar-se em um espelho, oEspírito desdobrado não pode

ver a si mesmo

90. Ao chegar em casa, umasurpresa: Frederico ali estava, ves-tido com roupas do poeta e tudoentão se explicou. Ele chegara àcasa de Goethe todo molhado dachuva e por isso vestira as roupasdo amigo. Depois, adormeceranuma poltrona e sonhara ter ido aoencontro do poeta e que este o in-terpelara assim: “Tu, aqui emWeimar?” Desde esse dia, Goetheacreditou noutra vida após aterrena. (Pág. 96)

91. Refere a sra. Stone, em de-poimento contido na obra As Alu-cinações Telepáticas, ter sido vis-ta três vezes por pessoas diversasem lugares onde não se achava fi-sicamente presente. Após relatar ostrês episódios, Delanne observaque a sra. Stone se desprendiaquando ela se achava de cama. Odesdobramento explica os fatos,visto que, numa outra circunstân-cia, sua cunhada pôde ver-lhe dis-tinta e simultaneamente o corpofísico e o corpo fluídico. (Págs. 99e 100)

92. Em seu livro Análise dasCoisas, dr. Paul Gibier refere umcaso de desdobramento involuntá-rio, mas consciente, de um moçode trinta anos, talentoso artista gra-vador. Informações interessantespodem ser colhidas desse relato: I)Ao mirar-se diante de um espelho,o Espírito desdobrado não viu a suaimagem. II) Mal se formou nele odesejo de visitar a casa do vizinho,achou-se nela, de súbito, sem sa-ber como pôde atravessar a paredecom tanta facilidade. III) Para mu-dar de lugar, não era preciso mais

do que querer. Aparecia então ime-diatamente onde desejasse. (Págs.101 a 103)

O Espírito, quando apenasdesdobrado, não pode mover

objetos materiais

93. Três lições podem ser, se-gundo Delanne, extraídas dessaexperiência. A primeira, o fato deque a exteriorização da alma nãoresultou de uma alucinação, por-que é inteiramente real a visão doapartamento vizinho, que o rapaznão conhecia. A segunda, a de-monstração de que a alma, quan-do desprendida do corpo, possuiuma forma definida e tem o poderde passar através dos obstáculosmateriais, bastando-lhe a vontadepara transportar-se aonde queira. Aterceira, a informação de que aalma, quando desprendida, temuma vista mais penetrante do queno estado normal, pois que o moçovia o seu próprio coração a baterdentro do peito. (Págs. 103 e 104)

94. Uma última observaçãopertinente ao fenômeno: a impos-sibilidade revelada pelo rapaz demover, quando desdobrado, o dis-co do parafuso de seu lampião.Essa impossibilidade, peculiar atodos os Espíritos no espaço, de-corre da rarefação do perispírito.Pode dar-se, porém, que - graças aum afluxo de energia tomada aocorpo material - o envoltório fluí-dico adquira o poder de objetiva-ção em grau suficiente para atuarsobre objetos materiais. A apariçãoda mãe de Helena Alexander evi-denciava essa substancialidade(veja-se o item 87 deste resumo).(Pág. 104)

95. Delanne transcreve, então,na seqüência de seu livro, dois fa-tos de aparições tangíveis de vivos.(Págs. 105 a 107)

Do livro Moldando o Terceiro Milênio, de Fernando Worm, 2a

edição, cap. 10, obra publicada pelo Centro Espírita Caminho da Re-denção, de Salvador-BA.

Divaldo responde- Einstein afirmou que as leis

astronômicas e físicas estão su-jeitas às leis da relatividade. Istoé aplicável ao campo moral, doespírito?

Divaldo P. Franco – Sim,porque vivemos num universorelativo e as nossas aquisições no

campo moral estão dentro dessamesma relatividade que deflui danossa necessidade de evoluirrumo à perfeição, perfeição nãoobstante relativa, que nos estáreservada, pois que a PerfeiçãoAbsoluta reside somente emDeus.

No fenômeno dabicorporeidade, o duplo podeagir sobre as coisas materiais

96. Os Anais Psíquicos, ediçãode setembro-outubro de 1896, nar-ram o seguinte fato relatado pelosr. Stead. No dia 13 de outubro, umdomingo, ele viu entrar no temploa sra. A..., cujo estado de saúdeinspirava sérias inquietações. Umdos membros da congregação lheofereceu um livro de preces, queela aceitou e posteriormente er-gueu por várias vezes durante oofício religioso. Visitando a enfer-ma no dia seguinte, o sr. Stead cer-tificou-se de que a sra. A... não sa-íra de casa naquele domingo, de-vido ao grave estado de saúde quea retinha no leito. (Págs. 107 e 108)

97. Depois de transcrever umfato em que a aparição tambémconversou com as pessoas e umoutro em que o duplo bateu à portae bebeu um copo d’água, Delanneobserva que nesses fatos não maisse trata de telepatia, mas, sim, debicorporeidade completa. A apari-ção que anda, conversa, engoleágua não pode ser uma imagemmental: é verdadeira materializa-ção da alma de um vivo. (Pág. 110)

98. Se a imagem se materializa

suficientemente para abrir ou fecharuma porta, para dar beijos, para se-gurar um livro, para conversar, etc.,temos de admitir que em tais fatoshá mais do que simples impressãomental do paciente. (Pág. 111)

99. No curso da vida, a almase acha intimamente unida ao cor-po, do qual não se separa comple-tamente, senão pela morte. Mas,sob a ação de diversas influênci-as: sono natural, sono provocado,perturbações patológicas, ou for-te emoção, lhe é possível exterio-rizar-se bastante para se transpor-tar, quase instantaneamente, a de-terminado lugar e, em lá chegan-do, tornar-se visível de maneira aser reconhecida. (Pág. 112)

100. Refere Leuret, na obraFragmentos psicológicos sobre aloucura, que um homem convales-cente de grave febre se julgava for-mado de dois indivíduos, um dosquais se encontrava de cama, en-quanto o outro passeava. Pariset,que fora atacado, quando jovem, deum tifo epidêmico, passou muitosdias num aniquilamento próximo damorte. Certa manhã, despertou fe-liz e, coisa maravilhosa, julgava terdois corpos, que pareciam deitadosem leitos diferentes. (Pág. 113)(Continua no próximo número.)

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O IMORTALPÁGINA 6 AGOSTO/2006

O PRESENTEDO PAPAI

Estava chegando o Dia dos Paise Olavinho não conseguia resolver: oque poderia dar de presente a seu pai?

Pensava, pensava, e não encon-trava a solução.

Sabia que sua mãe comprariaum presente, mas ele queria daralgo dele mesmo. Mas era difícil!Não tinha dinheiro! Além disso,seu pai já tinha tudo.

Conversou com a mãe, mas elatambém estava sem idéias.

Apressada para ir às compras,a mãe beijou o filho e disse:

— Olavinho, vou lhe dar uma ta-refa: Você vai bancar o detetive e pro-curar descobrir o que seu pai gostariade ganhar. Está bem? Depois você meconta, e saímos para comprar.

O garoto adorou! Começou apesquisa naquele dia mesmo. Erasábado e seu pai ficaria em casa.

— Papai, eu vi uma camisa lin-da outro dia na loja e ela pareciafeita para o senhor.

— Já tenho camisas demais,meu filho.

— Ah!...

Uma hora depois, o meninocomentou:

— Papai, mamãe disse que suacalça jeans rasgou. Acho que vaiprecisar de outra, não é?

Pegando o jornal para ler, o pairespondeu:

— Tenho outras, Olavinho.Não se preocupe.

— Ah!...Mais tarde, tentou de novo:— O pai do meu amigo com-

prou uma gravata linda, vermelha.Gostei muito. O que o senhor acha?

— Acho horrível! Além disso,não gosto de gravatas.

— Ah!...Olavinho tentou de tudo: li-

vros, meias, sapatos, porém nadafeito. Meio desanimado, ficou pen-sando, pensando.

Quando a mãe chegou, ele in-formou que, infelizmente, não tinhaconseguido descobrir as preferên-cias do pai. Respirou fundo e disse:

— Quanto a você, não sei, ma-mãe. Mas pensei bem e já sei qualo presente que vou dar para meupai. Mas não conto. É segredo.

No Dia dos Pais, Olavinhoacordou bem cedo e, quando o pailevantou e foi para a cozinha, elejá estava trabalhando, todo feliz.

— O que houve, meu filho?Acordou tão cedo hoje!

Com um sorriso no rosto, ogaroto respondeu:

— Queria muito dar-lhe um pre-sente, papai. Queria, porém, quefosse algo feito por mim, que cus-tasse esforço e mostrasse o quantoeu gosto do senhor. Então, sente-se. Vou servir seu café da manhã.

Emocionado, o pai notou queOlavinho tinha arrumado a mesa.Sentou-se e ficou esperando.

Muito sério, o menino trouxeo leite (que ele tinha esquentadono microondas), café solúvel, sucode laranja, frutas, bolachas, pão emanteiga.

Com gentileza, Olavinho ser-viu o pai: colocou leite e café naxícara, cortou o pão e passou man-teiga, e ficou todo orgulhoso ven-

Muitas vezes, desejamos ex-pressar amor e não sabemos comofazer.

Achamos que para dizer quegostamos de alguém são necessá-rios grandes gestos, coisas caras,atitudes brilhantes.

Na verdade, para expressaramor é preciso bem pouco: fazer aoutra pessoa sentir que a amamos.

Então, não devemos nos pre-ocupar com grandes coisas, nemcom presentes caros. Basta, mui-tas vezes, a nossa presença.

Mas como alguém vai saberque sentimos amor?

Não basta a gente gostar de al-guém. Temos que demonstrar isso.

Como podemos demonstraramor por alguém?

Seja um amigo ou amiga, ir-mão ou irmã, pai ou mãe, colegade escola, vizinho, enfim, sejaquem for, os pequenos gestos sãomuito importantes. Por exemplo:

Demonstrar que lembrou dapessoa, entregando-lhe uma pe-quena flor.

Recebê-la com um lindo sor-riso de boas-vindas.

Fazer uma gentileza.Dar-lhe um abraço, um beijo,

demonstrando seu carinho. Ligarlembrando do seu aniversário.

Repartir suas coisas com ela.Deixá-la pegar seus brinque-

dos favoritos, sem fazer cara feia.Comprar alguma coisa que a

pessoa goste, mesmo que sejasimples, mostrando que se lem-brou dela.

Preparar um lanche, com ca-rinho, para lhe oferecer.

Visitá-la se estiver doente.Convidá-la para brincar, ler

um livro, assistir um filme ousimplesmente passear.

Estas e muitas outras coisasirão demonstrar que sente cari-nho pelos outros.

São pequenos gestos que fa-rão grande diferença no relacio-namento entre as pessoas.

Porém, a gente não pode só que-rer receber atenção, carinho, cuida-dos. Temos que aprender a dar tam-bém. E mais dar do que receber.

As grandes amizades se cons-troem e se fortalecem com ospequenos gestos.

O amor é fundamental emnossas vidas, por isso Jesus re-comendou que nos amássemosuns aos outros.

O VALOR DOSPEQUENOS GESTOS

do o pai comer.— Coma também, meu filho.— Depois, papai. Agora eu o

estou servindo.Encantado com a delicadeza do

filho, o pai tomou seu café da ma-nhã. Quando acabou, Olavinhoainda perguntou:

— Deseja mais alguma coisa,papai? Aceita um pouco mais decafé com leite?

— Não, meu filho, estou satis-feito e muito feliz.

Olavinho desceu da cadeira ecorreu para os braços do pai, di-zendo:

— FELIZ DIA DOS PAIS!

O pai abraçou forte o pequenoOlavo, afirmando com lágrimasnos olhos:

— Desculpe, meu filho, se eu odecepcionei outro dia. Percebi quevocê estava tentando saber o que eugostaria de ganhar de presente, masnão queria que gastasse dinheirocomigo, só para ser gentil.

Olhou para o menino, acari-ciou-lhe os cabelos e disse comprofundo amor:

— Meu filho, este foi o presen-te mais lindo que eu já recebi dealguém! Obrigado!

TIA CÉLIA

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O IMORTALAGOSTO/2006 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE

De Londrina

o professor Rivail pessoalmente.Possivelmente, em alguma das reu-niões que ele freqüentava nas suaspesquisas em torno dos fenômenosque assombravam Paris.

Amiga pessoal de Victor Hugo,os acontecimentos políticos do anode 1851 e o exílio de seus amigos amarcaram de forma cruel.

Fiel a amizade ela decidiu levarconforto moral aos pobres proscri-tos. Lançou-se ao mar e em 6 de se-tembro, no verão de 1855 (06 de de-zembro) Madame Delphine de Gi-rardin , desembarca na Ilha de Jerseypara uma visita à família Hugo, en-tão instalada numa vivenda conhe-cida como “Marine Terrace”. Ela tra-zia, além das novidades da vida po-lítica e social de Paris, notícias so-bre a mania então em voga na Capi-tal Francesa: o contato com os mor-tos através da mesa. Ela então con-tou aos incrédulos membros da fa-mília Hugo que as mesas davam pan-cadas e se inclinavam misteriosa-mente, como podiam também ser le-vadas a bater palavras inteiras e sen-tenças em código. Dinâmica, contu-do, ela não se deixava abater em de-masia. Um pouco triste e melancóli-ca, mas igualmente feliz por reverseus amigos, ela reencontrou VictorHugo e a família.

Auguste Vacquerie (1819-1895)que também visitava a família Hugo,ele que fora cunhado da jovemLeopoldine, filha de Victor Hugo,morta tragicamente em um acidenteno Rio Sena, registrou, com detalhe,a estada de Madame Girardin em“Marine Terrace”:

“Era a intuição de sua morte(Mme. Girardin sabia-se muito en-ferma e viria a morrer um ano e pou-co depois) que a fazia interessar-sepela vida extraterrena?” O cansaçoa tomava por inteiro. A viagem foiexcessivamente fatigante. Diga-se depassagem: ela já se encontrava do-

Delphine Girardin

Quem são os Espíritos que as-sinam as mensagens da Codifica-ção? Em “Prolegômenos” da obrabasilar “O Livro dos Espíritos” en-contram-se os nomes de São JoãoEvangelista, Santo Agostinho, SãoVicente de Paulo, São Luís, O Es-pírito de Verdade, Sócrates, Platão,Fénelon, Franklin, Swedenborg,entre outros.

Em “O Evangelho segundo oEspiritismo” desfilam mais de umadezena de nomes de Espíritos, maisconhecidos uns, quase desconhe-cidos outros, entre eles os de Del-phine de Girardin, Hahnemann,Henri Heine, Lacordaire, Lamen-nais, Morlot, Pascal, Vianney.

Mas, afinal, quem são essesexpoentes que compuseram a equi-pe de que descortinou ao Mundo aTerceira Revelação?

Neste número vamos trazer al-guns dados biográficos de Delphi-ne de Girardin, que nasceu em Aix-La-Chapelle em 26 de janeiro de1804, o mesmo ano do Codifica-dor e desencarnou na capital fran-cesa em 29 de junho de 1855. Ca-sou-se com Émile de Girardin, jor-nalista e político francês, passan-do então a ser conhecida como sra.Émile de Girardin.Ela mesma setornou jornalista, após o casamen-to em 1831, escrevendo no jornalLa Presse no período de 1836 a1848, sob o pseudônimo de viscon-de de Launay, interessantes crôni-cas da sociedade do tempo de LuísFilipe. Essas crônicas ficaram co-nhecidas como cartas parisienses.

Publicou também romances,tragédias e comédias. Era, positi-vamente, grande médium inspira-da. Personalidade muito conheci-da no meio poético, freqüentandoos salões literários de Mme. Réca-mier onde se reuniam as celebri-dades do momento, muito naturalque ela tomasse contato com asmesas girantes.

Desde o primeiro contato comas mesas ela se convenceu da ve-racidade das manifestações. Teveoportunidade de se encontrar com

ente. O câncer a devorava.Estava muito preocupada com as

mesas girantes e, creio, a primeirapalavra que me dirigiu foi para per-guntar se eu acreditava nelas. Elaacreditava, e passava a noite a evo-car os mortos... Ela fazia questãoabsoluta que todos os participassemde sua convicção e, no mesmo diada sua chegada, tivemos trabalhopara fazê-la esperar o fim do jantar.Levantou-se à sobremesa e arrastouum dos convivas para o parlour ondeatormentaram uma mesa que, de res-to, permaneceu muda. Ela pôs a cul-pa na mesa, cuja forma quadradacontrariava os fluidos. “Na manhãdo dia seguinte foi comprar, numacasa de brinquedos, uma mesinha re-donda, de um pé só, terminando emdedo-de-galo”.

A mesa adquirida por Mme. deGirardin servia exatamente a seuspropósitos; entretanto, nada aconte-ceu. “Os Espíritos – esclareceu – nãoeram cavalos, que esperam pacien-temente o burguês, mas seres livrese dotados de vontade; vêm quandoquerem.” As sessões foram longas ecansativas. Victor Hugo, cético, ade-riu às reuniões somente para nãodesgostar a amiga.

Após várias e fracassadas tenta-tivas, eis que se ouviu um ligeiroestalido na madeira. Finalmente, nodomingo, 11 de setembro, a concen-tração, o silêncio foi recompensado.O estalido se repetiu. De repente umdos pés se ergueu. Mme. de Girar-din disse: “Há alguém presente? Sehouver e quiser falar-nos, dê uma ba-tida. O pé caiu com um ruído seco –Há alguém, gritou Mme. de Girar-din. Fazeis as perguntas”.

Uma comunicação aconteceu.Uma comunicação que mudaria osrumos da vida do grande poeta fran-cês. Quem se comunicou, através damesa foi nada mais, nada menos quesua filha Leopoldine. Sua amada fi-

lha, morta durante a lua-de-mel, afo-gada em um lago, num passeio debarco com o marido.

Em “O Evangelho segundo oEspiritismo” o Espírito de Delphinede Girardin assina a mensagem “Ainfelicidade real” no capítulo V, item24, a seguir transcrita:

“Todo o mundo fala da infelici-dade, todo mundo a experimentou ecrê conhecer seu caráter múltiplo.Venho vos dizer que quase todos seenganam, e que a infelicidade realnão é tudo aquilo que os homens,quer dizer os infelizes, a supõem.Eles a vêem na miséria, no fogãosem lume, no credor ameaçador, noberço vazio do anjo que sorria, naslágrimas, no féretro que se acompa-nha de cabeça descoberta e de cora-ção partido, na angústia da traição,na nudez do orgulhoso que gostariade se cobrir de púrpura e que escon-de com dificuldade sua nudez sob osfarrapos da vaidade; a tudo isso, e aoutras coisas ainda, se chama de in-felicidade na linguagem humana.Sim, é a infelicidade para aquelesque não vêem senão o presente; masa verdadeira infelicidade está nasconseqüências de uma coisa, mais doque na própria coisa. Dizei-me se oacontecimento mais feliz para o mo-mento, mas que tem conseqüênciasfunestas, não é em realidade maisinfeliz que aquele que causa primei-ro uma viva contrariedade, e acabapor resultar no bem? Dizei-me se atempestade que quebra vossas árvo-res, mas saneia o ar dissipando osmiasmas insalubres que causariam amorte, não é antes uma felicidade doque uma infelicidade.

“Para julgar uma coisa é preci-so, pois, ver-lhe as conseqüências; éassim que, para apreciar o que é re-almente feliz ou infeliz para o ho-mem, é preciso se transportar alémdesta vida, porque é lá que as conse-qüências se fazem sentir; ora, tudo

o que se chama infelicidade segun-do sua curta visão, cessa com avida e encontra sua compensaçãona vida futura.

“Vou vos revelar a infelicida-de sob uma nova forma, sob a for-ma bela e florida que acolheis edesejais com todas as forças dasvossas almas equivocadas. A infe-licidade é a alegria, é o prazer, é afama, é a agitação vã, é a loucasatisfação da vaidade, que fazemcalar a consciência, que compri-mem a ação do pensamento, queatordoam o homem sobre seu fu-turo; a infelicidade é o ópio do es-quecimento que reclamais arden-temente.

“Esperai, vós que chorais!Tremei, vós que rides, porque vos-so corpo está satisfeito! Não seengana a Deus; não se esquiva dodestino; e as provas, credoras maisimplacáveis que a matilha excita-da pela miséria, espreitam vossorepouso ilusório para vos mergu-lhar de repente na agonia da ver-dadeira infelicidade, daquela quesurpreende a alma enfraquecidapela indiferença e pelo egoísmo.

“Que o Espiritismo vos escla-reça, pois, e recoloque em sua ver-dadeira luz a verdade e o erro, tãoestranhamente desfigurados pelavossa cegueira! Então agireis comobravos soldados que, longe de fu-girem do perigo, preferem as lutasdos combates temerários, à paz quenão pode dar nem glória, nem pro-gresso. Que importa ao soldadoperder no tumulto suas armas, suabagagem e seus uniformes,contanto que dele saia vencedor ecom glória! Que importa àqueleque tem fé no futuro deixar sobreo campo de batalha da vida suafortuna e seu manto de carne,contanto que sua alma entre, radi-osa, no reino celeste?” (Delphinede Girardin, Paris, 1861.)

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FERNANDA BORGESDe Londrina

O Livro dos Espíritos na 15ª Semana Espírita de Londrina

As Leis Morais, inseridas naterceira parte do Livro dos Espíri-tos, foi o tema da 15ª Semana Es-pírita de Londrina, promovida pelaUnião das Sociedades Espíritas deLondrina – USEL e realizada noCentro Espírita Nosso Lar (fotos).Com a participação de palestran-tes ilustres, o evento ocorreu entreos dias 15 e 21 de julho, de acordocom a expectativa da organização.

Além do doutor em Lógica eFilosofia da Ciência pela Univer-

sidade Estadual de Campinas(Unicamp), Cosme Bastos Massi,que abriu o evento com as palestras“As Leis Morais” e “A Lei Divinaou Natural”, participaram tambémda 15ª Semana os palestrantes:Eliseu Mota Florentino, com “Per-feição Moral” e “Lei de Adoração”;Astolfo Olegário de Oliveira Filho,com “Lei do Trabalho” e “Lei deReprodução”; José Antonio Vieirade Paula que falou sobre “Lei deJustiça, Amor e Caridade”; Roose-velt Andolphato Tiago, com “Lei deConservação e Destruição” e “Leide Sociedade e Progresso”; Alexan-dra Torres que abordou “Lei deIgualdade” e “Lei de Liberdade” ePlínio Oliveira, que fechou o even-to com as palestras “Jesus” e “Só oAmor constrói”.

De acordo com o estudioso doLivro dos Espíritos, Cosme Massi, aterceira parte do Livro dos Espíritosé uma das partes mais importantesdo livro. Ele salientou a importânciade se saber destinguir as leis moraisdas leis científicas. “Todos nós temosuma noção daquilo que a Ciênciatraz. Estudamos na educação básica

um pouco de química, física, biolo-gia. A Ciência procura estudar comoas coisas funcionam, como o mundoé. Na ética ou na moral a situação édiferente. Não se trata de descrevercomo as coisas são, mas sim como ohomem deve agir, como ele deve secomportar”, disse.

Segundo Cosme, diante de qual-quer situação da vida, o ser huma-no deve buscar responder suas dú-

vidas de acordo com as leis morais,de acordo com a ética. “Quando agente estabelece que o indivíduonão deve fumar, embora isso sejauma conduta ética, também pode serapoiado pela Ciência, que diz queos efeitos do tabaco fazem mal paraa saúde. Ainda assim, cabe ao indi-víduo querer agir de acordo com aética ou não. Nesse caso ele aindatambém estará indo na contramão

A terceira parte do livro, desenvolvida por Allan Kardec, foi estudada ao longo do evento que reuniu um público numeroso no Centro Espírita Nosso Lar

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Enquanto pais ou os familia-res prestigiaram as palestras rea-lizadas na 15ª Semana Espírita deLondrina, seus filhos – jovens ecrianças – estiveram participandodas atividades voltadas e prepara-das exclusivamente para eles.

Com o objetivo de desenvol-ver a socialização, cooperação,solidariedade e o trabalho em gru-po, por meio de aulas expositivas

Crianças e jovens tambémparticiparam da Semana Espírita

e interativas, a 2ª Semana Teen(pré-adolescentes de 12 à 14 anos)e a 6ª Semaninha Espírita (crian-ças de 3 a 11 anos) despertaramhabilidades com atividadeslúdico-recreativas realizadas noprimeiro piso do Centro EspíritaNosso Lar, durante os mesmoshorários das palestras e dos semi-nários dirigidos para os adultos.(Fernanda Borges)

Situada na Zona da Matade Minas Gerais, a cidade deAstolfo Dutra promoveu nomês passado mais uma Sema-na Espírita, com palestras noauditório da Fundação Espí-rita Abel Gomes, onde se re-alizaram também as reuniõesdo tradicional Reabasteci-mento Espiritual, e três semi-nários em Centros espíritasda cidade.

Realizada nos dias 8 a 15 dejulho, a 55a Semana Espírita deAstolfo Dutra foi aberta compalestra proferida por RicardoBaesso de Oliveira (foto), de

Um sucesso a 55ª SemanaEspírita de Astolfo Dutra

Terrestres e Penas e Gozos Fu-turos, assunto tratado na 4a par-te d´O Livro dos Espíritos.

Os seminários, ministradospor Astolfo Olegário de Olivei-ra Filho, foram realizados naCabana Espírita Abel Gomes,no Centro Espírita Anita Borelade Oliveira e no Grupo da Fra-ternidade Irmão Carlos, versan-do sobre os seguintes temas,respectivamente: “A moralevangélica e a transformaçãodo mundo”, “A mediunidade eseus cuidados” e “O passe mag-nético”. (Aloisio Falcone, deAstolfo Dutra - MG)

do que a própria Ciência diz, que ésobre o mal que o tabaco pode fa-zer no seu organismo”, explicou.

Todos os dias o ser humano pas-sa por momentos de escolha ou si-tuações de conflito. Cosme abordouessa questão, fazendo as pessoas re-fletir sobre momentos como esses,para saberem como e quais cami-nhos devem seguir. “Como devoagir dentro de casa? com os filhos?no ambiente de trabalho? Como mecomportar? Este é o tema da ética eda moral. Um tema que diz respeitoa toda nossa vida, tudo aquilo que éde mais importante para nós. A es-colha de como eu devo responder aalguém que me tratou mal, ou comodevo me comportar perante aque-les que me tratam bem. Todos osdias temos que fazer escolhas, te-mos sempre que agir”, ressaltou.

A ética poderia ser dispensada seo ser humano vivesse como um ere-mita no deserto. Cosme explica quea moral se estabelece no momentoem que há uma necessidade de deci-são e de como deve ser realizado umcomportamento diante de uma outrapessoa, pois nesse momento a moral

Juiz de Fora, e encerrada peloconfrade Armando Falconi Filho,da mesma cidade.

Participaram ainda como pa-lestrantes os seguintes confra-des: Roosevelt Pires, de Cata-guases; Astolfo Olegário de Oli-veira Filho, de Londrina; RitaCôre, de Laje do Muriaé; Rogé-rio Coelho, de Muriaé, e AlcioneAndries Lopes, de Juiz de Fora.

As reuniões do Reabasteci-mento Espiritual foram dirigidaspor Arthur Bernardes de Olivei-ra, vice-presidente da FundaçãoEspírita Abel Gomes, as quaisversaram sobre Penas e Gozos

Ricardo Baesso, que abriu a Semana Espírita de Astolfo DutraRita Côre foi um dos destaques do evento de Astolfo Dutra

Flagrante parcial do público na Semana de Astolfo DutraO reabastecimento espiritual na FEAG é realizado ao ar livre

se faz precisa, necessária. “Não po-demos dispensar a ética numa socie-dade. A sociedade exige ética comouma única forma de construção dafelicidade do ser humano. Não há ou-tro caminho, pois você não conse-gue estabelecer nenhuma vida soci-al sem ética. Uma sociedade sem éti-ca não cresce, não sobrevive, nãocresce, não se aperfeiçoa.”

Ainda de acordo com o estudio-so do Livro dos Espíritos, se nãohouvesse as Leis Morais, ou a éti-ca, o homem poderia tomar as deci-

sões exclusivamente pensando emsi. Sendo assim, seria a lei do “maisforte”, ou seja, daquele mais podertem, uma sociedade sem ética. “Seeu estou numa sociedade com éti-ca, eu penso no que o outro pensa,no que o outro deseja. Como fazerpara que as minhas escolhas nãocausem prejuízo nas escolhas dooutro. Então a ética atua o tempointeiro na nossa vida. Não há outrocaminho para uma vida melhor, se-não pelo caminho da ética e da mo-ral”, ressaltou.

Marli Trannin, coordenadora da USEL

Cosme Massi, que abriu a Semana Espíritade Londrina

Flagrante parcial do público numa das noites da Semana

Coral Hugo Gonçalves, um dos destaques do evento Crianças num dos momentos da Semaninha Espírita

O público na abertura da Semana Espírita de Londrina

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Sobre a evolução das religiões, ou como Kardec chegou ao Espiritismo(7ª Parte)

AIGLON FASOLODe Londrina

Jeová e o sonho de Jacó - Nodeserto, algo acontece com Moi-sés, alguma coisa que muitas ou-tras figuras políticas experimen-taram ao se depararem com o de-serto, não importa se no nível realou no metafórico. Ele adquire umsentido de inspiração divina. Con-cebe a idéia de que está sob aorientação direta de Deus. O ce-nário seria adequado se Moisésfosse um personagem histórico,pois poderíamos retratá-lo commaior firmeza, remetendo-nos àsua experiência inicial de aristo-crata egípcio. Criado como egíp-cio, com um nome que repete osegundo elemento do próprioRamsés, deveria estar familiariza-do com o deus egípcio, Aton, oSol, cuja veneração como divin-dade única havia sido impostapelo antecessor de Ramsés, Akhe-naton (“Agradar a Aton”), comoele próprio se denominava. Mas,obviamente, o deus de Moisés nãopode ser o deus egípcio. Tem deser o seu próprio Deus que estáfalando, a quem ele chama deJeová. Qualquer que fosse o nomeque os israelitas davam ao seudeus, o tempo que tenha sido ne-cessário para a evolução doconceito, onde quer que tenha sur-gido, há uma série de dados que,combinados, transformam Jeováem uma concepção original bri-lhante. Em primeiro lugar, Jeová,como é apresentado na Bíblia, nãoestá ligado a uma determinada re-gião. Na verdade, uma das histó-rias da Bíblia mostra isso comouma idéia antiga. Antes de Jacódeixar Canaã, ele tivera um sonhoem que subia uma escada, de cujotopo avistava El, que fizera umapromessa que teria sido extraor-dinária em uma época em que os

deuses eram estritamente territo-riais: “E vejam que estou convos-co e irei cuidar de vós em todosos lugares onde estiverem”. Masisso, possivelmente, assim comoo nome de Jeová, era algo quehavia sido imposto ao passadodistante. De qualquer maneira, naépoca em que aquela pequena tri-bo se aproxima de Canaã, estãoconvencidos de que o seu Deusestaria com eles. Era um Deus ide-al para nômades. Em segundo lu-gar, para início de conversa, essedeus não é um deus de templos eestátuas, autoridades e estruturasde poder e riqueza.

Moisés e a Arca da Aliança -A idéia de que era puro espíritosurgiu muito mais tarde, mas essaqualidade inefável tem suas raízesno fato de que Jeová proibia “ima-gens esculpidas”. Novamente, tra-tava-se de um deus ideal para umpequeno grupo de errantes e des-pojados. Em terceiro lugar, Moi-sés estabelece uma relação dire-ta. O seu deus fala com ele. Ou-tros deuses haviam falado a ou-tros altos sacerdotes anteriormen-te, mas nunca nesses termos, poiso que Jeová diz é tão revolucio-nário quanto a sua natureza. Ne-nhum deus jamais dissera a umsimples mortal o que fazer empalavras tão diretas. Não se tratade ambigüidades verbais, a seremlidas e interpretadas por acólitos,mas sim de mandamentos. Emquarto lugar, os mandamentos fa-zem parte de uma relação mútua.Tanto Jeová quanto os hebreusvivem em tempos de muitos de-safios, tendo a sua existênciaameaçada por outros deuses e po-vos. Precisam um do outro. Emtroca de obediência exclusiva e doabandono de todos os outros deu-ses, Jeová promete seu apoio ex-clusivo. Sua palavra foi selada por

um contrato, uma Aliança, emantida trancada no cofre portá-til conhecido como Arca da Ali-ança. Finalmente, as leis se apli-cam a todos os hebreus, ricos e po-bres. O líder não era mais comoos outros reis, que se colocavamacima da lei simplesmente porquea ditavam (como fizera Hamurabi,o grande legislador assírio). O le-gislador pode ser vítima daquelesque querem criar as suas própriasleis. Mas se o líder também esti-ver sujeito à vontade divina, pormais exigente que seja; se a lei forliteralmente lavrada em pedra; seele, como líder, for um modelo deobediência; neste caso, o que po-dem fazer os crentes senão segui-lo? Pela primeira vez, a força nãoé o mais importante. O direito –comportamento correto, morali-dade – é o maior bem, ao qual opoder físico está sujeito (certa-mente uma moralidade um tantolimitada, já que se aplicava so-mente aos hebreus). Para uma tri-bo de refugiados ameaçados poruma paisagem agressiva, fugindodos batalhões de um poder impe-rial contra o qual eram como po-eira, isto deveria parecer uma ex-celente estratégia de sobrevivên-cia. Com Deus e a Virtude do seulado, dispunham da mais potentearma ofensiva: a própria honra-dez.

O alfabeto e sua importân-cia na lei mosaica - O que surgeno deserto do Sinai – ou no deser-to metafórico – é um projeto desobrevivência de um grupo semprecedentes na história. Maquia-vel teria aprovado, pois a Aliançapropicia sanção divina a um regu-lamento draconiano e quase sem-pre brutal. Grupos estrangeirospodem ser mortos em massa, dis-sidentes podem ser queimados,adeptos de cultos rivais executa-

dos, como Elias trucidou os pro-fetas de Baal, o antigo deus datempestade. Como mostra a his-tória futura dos israelitas, o pro-jeto funcionou, por uma série derazões ligadas entre si:

O seu deus fora feito à sua ima-gem, e como desejavam que fos-se: nômade, guerreiro, dominador,comprometido por lei e tratado.

As leis eram elaboradas soman-do-se umas às outras, sem que anova eliminasse a antiga.

A lei se tornava fixa – sujeitaao pacto – porque era escrita.

Era escrita porque esse bandode povos do deserto trazia consigouma escrita simples que era todasua: um alfabeto.

Aqui estava a chave do poderdo líder e da sobrevivência co-munal – a sobrevivência nacio-nal em que se transformaria. Essenovo deus conseguia não apenas

fazer leis, mas fazer com que fos-sem respeitadas, porque, comomostram as inscrições de Serabitel-Khadem, não fora necessárioum gênio para inscrevê-las. Querinscritas em pedra, rabiscadas empapiro ou desenhadas com tintaem cerâmica, as pessoas comunspodiam ver bem diante de seusolhos as palavras de seu deus ins-truindo-as, inalteradas, de gera-ção para geração. Nunca antesexistira ferramenta tão poderosapara estabelecer a unidade atra-vés do tempo e do espaço. Emtoda essa especulação, existiu umvínculo entre uma cultura emer-gente, um líder poderoso, umanova ideologia, e a capacidade deescrever. Este vínculo pode nãoter ocorrido antes de Moisés, masocorreu a partir de então. (A se-guir: “O Cristianismo no primei-ro século”.)

Um minuto comChico Xavier

Chico estava explicando so-bre o problema do suicídio...

Um senhor, aproximando-se,pediu-lhe orientação para o netode cinco anos...

– Ele não consegue nem con-tar até cinco – dizia, aflito, o avô.

– Já que o senhor me pergun-ta – explicou o Chico –, o pro-blema de seu neto é um caso desuicídio recente... É preciso mui-to amor. Determinados tipos desuicídio lesam centros importan-tes no corpo espiritual; a pessoa

renasce com problemas, mas é acura... Um dos piores quadros éo de quem se atira sob rodas, detrem-de-ferro, por exemplo.

Quando Nossa Senhora visi-ta, no Plano Espiritual, os suici-das, ela deseja ver os piores, e ospiores são esses... Muitos se lhearrojam aos pés, suplicando mi-sericórdia:

– Tem pena de mim, minhaMãe!...

Ela, então, determina que es-ses sejam reconduzidos ao corpocom maior urgência; renascemexcepcionais, sem controle sobresi mesmos...

JOSÉ ANTÔNIO V. DE PAULADe Cambé

Texto extraído do livro “As Bênçãos de Chico Xavier”, de CarlosBaccelli, publicado pela editora Didier.

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Palestras, seminários e outros eventosSandra Della Pola, que fará palestrano dia 19, às 20 h, e encerrará a Jor-nada no dia 20, às 8h30, com o se-minário “Centro Espírita: celeiro debênçãos”. A entrada será franca.

Palestras no CentroEspírita Allan Kardec

Em Cambé realizam-se nestemês, no auditório do Centro Espíri-ta Allan Kardec, as seguintes pales-tras, todas com início às 20h30: dia2 – Cilene Dias Soares da Silva, deLondrina; dia 9 – Jane Martins VilelaIlnicki, de Cambé; dia 16 – DavidJosé de Oliveira, de Ibiporã; dia 23– Paulo Costa, de Londrina; dia 30– Sônia Janene, de Londrina.

Curso de passes na ComunhãoEspírita de Londrina

Realiza-se nos dias 5 e 12 deagosto, às 17 h, na sede central daComunhão Espírita Cristã de Lon-drina, na Rua Guararapes, 331 – Jar-dim Higienópolis, quase esquinacom Rua Paranaguá, um Curso dePasses, que será ministrado por As-tolfo Olegário de Oliveira Filho. Aentrada será franca.

Eventos promovidospela USEL em Londrina

Em agosto a USEL – União dasSociedades Espíritas de Londrinapromove palestras nas datas e locaisseguintes: dia 4 - Centro EspíritaNosso Lar, 20 h: “Perdão, processode aceitação”, por Célia Xavier Ca-margo; dia 5 - Centro Espírita Amore Caridade, 20 h: “Em busca da luz”,por Cristiano Santos; dia 6 - CentroEspírita Meimei, 9h15: “Fraternida-de”, por Luzita Pedroso; dia 11 -Centro Espírita Aprendizes do Evan-gelho, 20 h: “João Evangelista”, porWantuil Santana; dia 14 - Socieda-de de Divulgação Espírita MariaNazaré, 20 h: “Recomendações deJesus dos preceitos da lei”, porEfigênia A. dos Santos; dia 15 - Cen-tro Espírita Allan Kardec, 20 h: “Ma-ria de Magdala”, por DorotéiaSilveira; dia 17 - Centro de EstudosEspirituais Vinha de Luz, 19h50:“Acrisolamento da Mediunidade”,

por Alexandre Camargo; dia 18 -Centro Espírita Caminho de Damas-co, 20 h: “Influenciações espiritu-ais”, por Naudemar Nascimento; dia19 - Núcleo Espírita Benedita Fer-nandes, 16 h: “Mediunidade à épo-ca de Jesus”, por Pedro Wanderley;dia 20 - Centro Espírita Anita Bo-rela de Oliveira, 9h30: “As afliçõesdo mundo”, por Roberto Camargo;dia 27 - Comunhão Espírita Cristãde Londrina, 9 h: “Os dez manda-mentos nos dias atuais”, por PauloFernando; dia 29 - Núcleo EspíritaHugo Gonçalves, 20h30: “Estudodas Leis Morais: Lei de Sociedade”,por Maialu e Cleonice; dia 30 - Cen-tro Espírita Bom Samaritano, 20 h:“Perdão das Ofensas”, por CileneDias Soares da Silva.

Lançamento em italianodo Evangelho no Lar

Durante o 2o Encontro EspíritaItaliano, realizado na cidade deLecco no dia 28 de maio deste ano,o GLAK - Gruppo di Lecco AllanKardec lançou o CD de áudio, emitaliano, “Evangelho em Família”.

Durante o Encontro os trabalha-dores do CEI Charles Kempf e ElsaRossi discorreram, respectivamente,sobre o Movimento de Unificação doConselho Espírita Internacional, eEvangelho no Lar e seus benefíciospara a comunidade. Na oportunidade,foi lançado pelo Gruppo di LeccoAllan Kardec a Campanha Evangelhoem Família junto aos 27 participantespresentes vindos das cidades italianasde Lentate, Bareggio, Rimini, Milano,Lecco, Belluno, Padova e dos paísesSuíça, França e Inglaterra.

Para adquirir o CD, basta con-tactar com Regina Piccolli pelo e-mail: [email protected].

XXVII Jornada Espíritade Jacarezinho

Realiza-se este mês a tradicionalJornada Espírita de Jacarezinho. Eisa programação: dia 5 - Maria Hele-na Marcon (Curitiba). Tema: Oembaixador dos céus; dia 12 - Mar-celo Garcia (Curitiba). Tema: Cami-nhos para a felicidade; dia 19 - Célia

Xavier Camargo (Rolândia). Tema:Paz interior: uma necessidade; dia26 - José Lázaro Boberg (Jacarezi-nho). Tema: Filhos de Deus.

Círculo de Leitura “AnitaBorela de Oliveira”

Este mês o Círculo de Leitura“Anita Borela de Oliveira” reúne-se

no dia 6 na casa de Francisca e Jo-natas Beranger, para estudo do ro-mance “Calvário de Libertação”,de Victor Hugo, psicografado porDivaldo P. Franco, e no dia 20, nacasa de Regina e Manoel MartinhoFigueiredo, quando será concluídoo estudo da “Revista Espírita de1868”.

Programas espíritas naTV Tropical de Londrina

Todas as semanas os simpati-zantes do Espiritismo podem assis-tir a três programas espíritas trans-mitidos pela TV Tropical, emisso-ra integrante da Rede CNT de Te-levisão. Eis os programas: (1) nosábado, às 8 h, produção da Fede-ração Espírita Brasileira, o progra-ma “Terceira Revelação”; (2) nosábado, às 17h30, produção doNúcleo Espírita Universitário, oprograma “Reflexão Espírita”; (3)no domingo, às 9 h, produção daFederação Espírita do Paraná, oprograma “Vida e Valores”.

Produzido pela Assessoria deComunicação Social da FEB eapresentado pela jornalista CláudiaBrasil (foto), “Terceira Revelação”tem 30 minutos de duração. Alémda CNT, o programa é transmitidopor outras emissoras. Veja quaissão e os horários no site <http://www.cnt.com.br/canais.htm>

II Jornada Espírita de MaringáInicia-se no dia 12, às 20 h,

com palestra de Suely CaldasSchubert, a II Jornada Espírita pro-movida pela URE 7a Região, queserá realizada de 12 a 20 de agostona Associação Espírita de Marin-gá – AMEM, na Av. Paissandu,1156 – Vila Operária, em Maringá(PR). Além de Suely, que ministrano dia 13, às 8h30, o seminário“Novos paradigmas decorrentes dacerteza da reencarnação: científi-cos, filosóficos e religiosos”, par-ticiparão do evento como pales-trantes os confrades Daniel Dallag-nol, José Antônio V. de Paula,Eliseu Florentino da Mota Junior,Altivo Ferreira, Alan Archetti e

Cláudia Brasil, que apresenta o programa“Terceira Revelação”, produzido pela FEB

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O IMORTALPÁGINA 12 AGOSTO/2006

ELSA ROSSIDe Londres

“Senhoras e Senhores!Nesta noite de verão, aqui no

sul da Inglaterra, na pequena ci-dade de Brixham, na Riviera In-glesa, Condado de Devon, apre-sento-lhes o insigne Codificadorda Doutrina Espírita, o sr. AllanKardec.”

Ah! Até parece que aconteceurealmente. Sim, posso dizer queaconteceu. Eu não pensei quefosse testemunhar momentosúnicos em minha vida, como osque presenciei naquela reuniãode espiritualistas. Eram mais de200 ingleses, e éramos apenas 13brasileiros. Nós da BUSS, BritishUnion of Spiritist Societies,numa pequena caravana de bra-sileiros radicados em UK, acom-panhamos Divaldo Franco e oquerido “tio” Nilson Pereira, paraa realização do evento organiza-do pelo Spirit Devon, que é umgrupo espiritualista, cujos diri-gentes já conhecem DivaldoFranco, desde sua última visita econferência realizada na mesmacidade no ano de 1997, quandotambém tivéramos a oportunida-de de lá estar, relato que ficouregistrado no Anuário da IDEpublicado no ano de 1998.

Da Estação Paddington emLondres até a estação em Totnessão exatamente 4 horas de trem,depois quase uma hora de carro atéBrixham. Uma viagem tranqüilaora pelos campos e cidades, orabeirando o mar já na Riviera In-glesa. Elizabeti, nossa irmã espíri-ta que reside há anos naquela ci-dade, é nosso elo com esse grupo.O salão reservado do hotel ondese daria a conferência estavalotado. A divulgação fora muitobem feita, pois aconteceriam apre-sentações comemorativas, a serem

realizadas por pessoas da comuni-dade espiritualista, sobre “OsChacras da Terra”, as cores queenvolvem nosso planeta. A come-moração seria um trabalho em con-junto com Divaldo Franco. Apósa prece inicial proferida pela mé-dium apresentadora, seguiram-seas apresentações de música e poe-mas, a homenagem das CriançasÍndigo presentes, e a fala do con-ferencista da noite, tão aguardado- Divaldo Franco.

Divaldo discorreu sobre o tema“Radiantes beings, indigo childrenand cristal children” – “Seres Ra-diantes, Crianças Índigo e Crian-ças Cristais”. Não preciso aqui di-zer quanto foi elucidante e muitoespecial a conferência, já que es-tamos num período onde se falamuito nas crianças com aura azulviolácea, as crianças índigo. Faz-nos muito bem poder reciclar con-ceitos, melhorar a reservas de in-formações em nossos arquivos eespecialmente não sermos radicaispra nada, mas darmos as mãos esomarmos os nossos esforços nadivulgação da Doutrina Espírita.Os espiritualistas são os primosmais próximos dos espíritas.

Ao finalizar a conferência, Di-valdo recebeu um troféu, um vi-tral redondo, circundado pelas co-res dos chacras da Terra, com ainscrição “Devon Spirit”, e foimuito aplaudido, recebendo diver-sos agradecimentos. Ao final daprimeira parte, Divaldo deixou orecinto, acompanhado de tioNilson, de Elizabeti e outros.

Aproveitamos o intervalo ex-pondo livros espíritas em inglês, oque nos foi permitido pela coor-denação da noite. Montamos umapequena mesa, e lá dispusemos to-dos os títulos que pudemos levarconosco para apresentamos a Dou-trina Espírita por escrito aos inte-ressados.

Que emoção! Nos nossos dias,quão incrível é verificar no meioespiritualista a quantidade de pes-soas que não conhecem Kardec!

Algumas daquelas pessoas eraa primeira vez que seguravam emsuas mãos e folheavam o Livro dosEspíritos, o Livro dos Médiuns, AGênese, O Céu e o Inferno, OEvangelho segundo o Espiritismoe tantos outros títulos em inglêsque levamos conosco. Ficamossurpresa, pois não imaginávamosque a literatura espírita poderia teruma aceitação como constatamose é ainda tão desconhecida dos na-tivos deste país.

Sabemos que não existe litera-tura de estudos dentro do Espiritu-alismo como temos na DoutrinaEspírita. Temos a base codificadapor Kardec, temos obras comple-mentares valiosíssimas que é a“Coleção do Mundo Espiritual” -as obras de André Luiz. Serão es-sas obras os alicerces de estudo nasmaiores Universidades do mundo,como nos deixou dito o queridopesquisador e cientista espírita Dr.Hernani Guimarães Andrade, gran-de pesquisador sobre a Reencarna-ção.

Todos nós espíritas no exteri-or aguardamos com muita alegriaa tradução e publicação das obrascientíficas de André Luiz para oinglês, pois não ficará circunscri-ta somente ao Reino Unido ouaos Estados Unidos, mas serásubsídio para o Movimento Es-pírita em todos os países que têmo idioma inglês como segundalíngua.

Naqueles momentos dentrodaquele grande salão muito ilumi-nado, parecendo os salões de Parisdos idos de Kardec iluminados porcandelabros de gás, naquele hotelem Devon, minha imaginação vo-ava no vento dos anos passados eabraçava em pensamento o nosso

Codificador, que naquele momen-to apertava as mãos dos que davama ele as boas vindas, folheando seuslivros. Ali Kardec estava sendoapresentado pela primeira vez apessoas, as quais podiam ter se es-barrado com ele nas ruas de Parisno século das luzes, e nem podiamimaginar que tardaria a apresenta-ção, mas ela aconteceria. E nóscomo testemunhas deste ato salu-tar.

A campainha soou, alertandopara que voltassem todos aos seuslugares, pois seria o início da se-gunda parte das atividades da noi-te. Alguns ainda permaneciammexendo nos livros, tal concentra-dos estavam por ler em uma ououtra página ao acaso, muito querapidamente, respostas às suas in-dagações.

Voltando todos aos seus assen-tos, iniciou-se a reunião com asduas médiuns espiritualistas danoite, realizando o “clairvoyance”

Crônicas de Além-Mar

“Prazer em conhecê-lo, sr. Kardec!”– que significa “transmitir as men-sagens dos parentes desencarna-dos, aos seus entes caros que es-tejam no recinto”. Dentre a audi-ência, apenas poucos tiveram aoportunidade de receber as men-sagens dos que partiram. Esseatendimento nem de longe se pa-rece com o que fazia nosso queri-do Chico Xavier. Mas não con-vém a nós julgar nada e ninguém.Convém, sim, aproveitar todas asoportunidades em que possamosapresentar Kardec, para que osque ainda não o conheçam possamdizer: “Prazer em conhecê-lo Sr.Kardec!”

Vida e amor

A vida sem amor não vale nada!É mesmo que um jardim que não tem flor,

É noite que não tem a madrugada,É fruta que não tem nenhum sabor.

Minha visão estava equivocada.Achava que somente a minha dorEra maior - às outras comparada -,

Sem lembrar de seu cunho educador.

Oh! Deus dos céus que tudo vê e guiaCom perfeição em tudo, dia a dia,

Canção do Amor que explode no Universo,

Perdoa-me a pobreza de linguagem,Mas presto a Ti aqui minha homenagem

Na singela expressão de cada verso.

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

ELSA ROSSI, escritora e pa-lestrante espírita brasileira radicadaem Londres, é diretora do Depar-tamento de Unificação para os Pa-íses da Europa, organismo do Con-selho Espírita Internacional e vice-presidente da British Union ofSpiritist Societies (BUSS).

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Neste mês, apresentaremos in-teressante exemplo de obsessãoentre encarnados, registrado porAndré Luiz no livro “Nos Domí-nios da Mediunidade”, onde men-talmente uma das personagensprojeta sua imagem espiritual so-bre a outra, de maneira a exercer

poderoso fascínio, promovendograve domínio sobre a sua vonta-de, quase como num processo desubjugação.

O caso, ao contrário do que pa-rece, é muito mais comum do quepodemos imaginar, podendo al-cançar qualquer de nossos lares,se não estivermos vigilantes. Ob-servemos, atentos, como se dá oprocesso.

JOSÉ ANTÔNIO V. DE PAULADe Cambé

Estudando as obras de André Luiz

Na introdução do livro “Pron-tidão para Mudanças”, de auto-ria do companheiro José LázaroBoberg, o autor tece várias con-siderações sobre o hábito, cujoestudo vale ser analisado.

Ele escreve: “Muitas vezes,buscamos respostas para identi-ficar as nossas diferenças com-portamentais, fazendo retrospec-to no roteiro dessa existência everificamos que, ao lado daaprendizagem atual existem ou-tras, em eterno continuum, queforam sedimentadas ao longo deexperiências anteriores, e não fo-ram aprendidas só neste espaçode existência terrena. Para a Psi-cologia, os hábitos são constru-ções a partir do nascimento. Valedizer, tão somente nesta vida.Para a Doutrina Espírita, no en-tanto, são reflexos das experiên-cias acumuladas ao longo devivências milenares, que se per-dem na noite dos tempos.”

Continua ele: “A tendência dohomem, em relação ao novo, é seacomodar a manter-se nos velhoshábitos, já que o Espírito, tendosedimentado através do tempo,nas múltiplas encarnações, seusconhecimentos e experiências,sente-se mais seguro em mantero seu lado conservador. Essearcabouço mental reflete a perso-nalidade permanente de cada um,constituindo assim, a estruturapsicológica do ser em evolução.Enfrentar as mudanças, transfor-mando-se, sem desestruturar-se,é algo angustiante de ser encara-do, o que leva as pessoas a se aco-

Nossos hábitos ea lei de progresso

modarem naquilo a que já seacostumaram a fazer sem muitodificuldade.

E após discorrer sobre o uni-verso psicológico dos homens,Boberg aponta: “Há uma ansie-dade perturbadora pelo medo datransformação, pois tudo ‘estavadando tão certo até agora!”, afir-mam as pessoas. E o medo de er-rar: “O que vão pensar de mim?”Surge a angústia. Dúvidasavassaladoras povoam a mente.A dúvida, o medo de quebrar ta-bus, de contrariar a família, o gru-po social etc., levam a pessoa àacomodação ou à assimilação.Acomodando-se, estaciona porum tempo. Mudando, encara a si-tuação, construindo uma novavisão de vida.

Mudar é encarar o novo, comcoragem, encontrando novos ca-minhos, novas soluções. Acomo-dar-se é permanecer como está,desertando da transformação. Oprocesso de aprendizagem leva-nos a mudanças constantes. O Es-piritismo nos conduz à idéia de“progresso permanente”.

Para que o homem possa pro-gredir é necessário pensar cora-josamente em mudar para me-lhor, buscar constantemente no-vos caminhos, novos hábitos queconstruirão seu futuro de alegriae felicidade. Pensemos nisso.Mudamos agora, o possível emnós mesmos, acompanhando oprogresso contínuo que palpita noUniverso inteiro. Não sejamos re-trógrados a mudanças, pois a ne-gação de progredirmos causará onosso estacionamento espirituale o atraso em nossa caminhadapara a evolução.

Trata-se de um caso de envol-vimento extraconjugal, onde omarido, desguarnecido de valoresmorais, se deixa envolver por umamulher estranha aos compromis-sos assumidos no matrimônio.

Relata André:“Jovino, o esposo, vivia agora

sob a estranha fascinação de ou-tra mulher. Esquecera-se, invigi-lante, das obrigações no santuá-rio doméstico. Parecia, de todo,desinteressado da companheira edas filhas. Como que voltara àsestroinices da primeira juventude,qual se nunca houvesse abraçadoa missão de pai.

Dia e noite, deixava-se domi-nar pelos pensamentos da novamulher que o enlaçara na armadi-lha de mentirosos encantos.

Em casa, nas atividades daprofissão ou na via pública, eraela, sempre ela a senhorear-lhe amente desprevenida.

Transformara-se o mísero numobsidiado autêntico, sob a cons-

tante atuação da criatura que lheanestesiava o senso de responsa-bilidade para consigo mesmo.”

Até este momento, o autor estádescrevendo o que se passa nacasa mental de Jovino. Vejamosagora como se exterioriza energe-ticamente a situação:

“Nesse instante, contudo, sur-preendente imagem de mulhersurgiu-lhe à frente dos olhos, qualse fora projetada sobre ele a dis-tância, aparecendo e desaparecen-do com intermitências.”

E, poucos momentos depois, amesma situação se repete, agoraenvolvendo a esposa sofrida:

“Irradiando-se na sala estrei-ta, vimos de novo a mesma figurade mulher que surgira à frente deJovino, aparecendo e reaparecen-do ao redor da esposa triste, comoque a fustigar-lhe o coração cominvisíveis estiletes de angústia,porque Anésia acusava agora in-definível mal-estar.”

É importante lembrarmos que

aqui não se trata de um espíritodesencarnado patrocinando umprocesso de influenciação nega-tiva, mas, de um espírito encar-nado, plasmando no ambiente suaimagem com suas funestas inten-ções.

Tudo isso se passou na sala dejantar de uma casa. Primeiro, a in-vasora do lar, dando vazão aossentimentos menores, envolveJovino, exteriorizando o própriocorpo espiritual que o envolve;depois, não satisfeita, só de pen-sar na possível concorrente, alirepresentada pela esposa tortura-da, também projeta sua imagem,que a envolve e promove distúr-bios psicossomáticos.

Todo esse fenômeno pode serbem compreendido se estudarmoso livro “A Gênese”, de Allan Kar-dec, particularmente no capítuloXIV, “dos Fluidos.

Nesta coluna, queremos ape-nas deixar a imagem do ensina-mento.

ÉDO MARIANIDe Matão, SP

Num bairro muito pobre deuma cidade distante, morava umagarotinha muito bonita. Ela fre-qüentava a escola local. Sua mãenão tinha muito cuidado e a cri-ança quase sempre se apresenta-va suja. Suas roupas eram muitovelhas e maltratadas.

O professor ficou penalizadocom a situação da menina.“Como é que uma menina tãobonita pode vir para a escola tãomal arrumada?” Separou algumdinheiro de seu salário e, emboracom dificuldade, resolveu lhecomprar um vestido novo. Elaficou linda no vestido azul!

Quando a mãe viu a filha na-quele lindo vestido azul, sentiuque era lamentável que sua filha,vestindo aquele traje novo, fossetão suja pra a escola. Por isso,passou a lhe dar banho todos osdias, pentear seus cabelos e cor-tar as suas unhas. Quando acaboua semana, o pai falou: “Mulher,você não acha uma vergonha quenossa filha sendo tão bonita ebem arrumada, morre em um lu-gar como este, caindo aos peda-ços? Que tal você ajeitar a casa?Nas horas vagas, eu vou dar umapintura nas paredes, consertar a

O vestido azul

Mensagem de autor desco-nhecido lida por Elizabeth Baes-so de Oliveira, de Guarani (MG),numa das manhãs da 55a Sema-na Espírita de Astolfo Dutra, re-alizada em julho deste ano. Amensagem foi distribuída em re-cente evento beneficente na cida-de de Guarani, juntamente comuma miniatura de papel de umsugestivo vestido azul.

cerca e plantar um jardim”.Logo mais, a casa destacava na

pequena vila, pela beleza das flo-res que enchiam o jardim e pelocuidado com todos os detalhes.

Os vizinhos ficaram envergo-nhados por morar em barracos fei-os perto daquela casa tão bem cui-dada e resolveram também arrumaras suas casas, plantar flores nosjardins, usar pintura e criatividade.

Em pouco tempo o bairro todoestava transformado.

Um homem que acompanhavaos esforços e as lutas daquela gen-te pensou que eles mereciam umauxílio das autoridades. Foi ao Pre-feito expor suas idéias e saiu de lácom autorização para formar umacomissão para estudar os melhora-mentos que seriam necessários aobairro. A rua de barro e lama foisubstituída por uma rua de asfaltoe pedra. Os esgotos a céu abertoforam canalizados e o bairro ga-nhou ares de cidadania.

E tudo começou com um vesti-do azul. Não era intenção daqueleprofessor consertar toda a rua, nemcriar um organismo que socorres-se o bairro. Ele fez o que podia,deu sua parte. Fez o primeiro mo-vimento que acabou fazendo com

que as pessoas se motivassem alutar por melhorias.

Será que cada um de nós estáfazendo “a sua parte” no lugar emque vive? Por acaso somos da-queles que somente apontam osburacos da rua, as crianças semescola e a violência do trânsito?Lembramos que é difícil mudaro estado geral das coisas e lim-par toda a rua, mas é fácil varrera nossa calçada. Que é difícil re-construir um planeta, mas é fácildar um vestido azul. Há moedasde amor que valem mais que ostesouros bancários, quandoendereçadas no momento próprioe com bondade!

Você acaba de receber umlindo vestido azul! Faça a suaparte!

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O IMORTALPÁGINA 14 AGOSTO/2006

Evolução progressiva

Há um tempo atrás lemos um arti-go que informava que cientistas hún-garos ficaram muitos anos observandoos cachorros em trabalho científico echegaram à conclusão de que esses ani-mais, pela convivência milenar com oser humano, tiveram um processo deevolução acentuado e que emocional-mente eles poderiam ser comparadosa crianças na faixa dos 2 a 4 anos deidade. Eles observaram que o compor-tamento dos cães quando os donossaem e chegam em casa tem semelhan-ças com o das crianças nessa faixa deidade quando os pais saem e chegam.

Quem tem cachorro em casa cos-tuma dizer que só falta o animal fa-lar, porque ele entende tudo.

Um dia desses fomos testemu-nha dessa inteligência animal. O pes-soal de nossa Casa espírita “adotou”uma cachorrinha vira-latas. Pareceuma mistura de pinscher e outra raçaqualquer. É negra com sobrancelhas,focinho e patas amareladas. Apare-ceu lá, no Centro Espírita. Fizeram-lhe uma casinha no jardim. Ela dor-me lá, come, toma banho ali; andapor todo o bairro, mas parece que

“descobriu” o horário das atividadesda Casa, porque aparece nos horáriose fica lá dentro com o pessoal.

Uma coisa nos espantou. Semprevamos de carro até a Casa. Um dia,na saída, ela correu, correu e parou,como se esperasse. Quando chegamosperto de carro, ela disparou e parou,esperando. E assim foi. Pensamos:“Ela está tentando nos acompanhar,mas de carro é impossível”. Acelera-mos e perdemos a cachorrinha de vis-ta. Qual não foi nossa surpresa quan-do, cerca de uma hora depois, quandodescemos do nosso apartamento e che-gamos à portaria do prédio, lá estavaela, sentada em posição de espera, dolado de fora, nos aguardando!

Pensamos: “Como ela conseguiu?Que bichinho inteligente!”

André Luiz, nas obras psicogra-fadas por Chico Xavier, mostra-nos aexistência de animais no plano espiri-tual, cachorros, cavalos servindo deinstrumento de auxílio para osSamaritanos, em tarefas de socorronas zonas umbralinas.

Na questão 593 de “O Livro dosEspíritos” os Espíritos explicam quedomina nos animais o instinto, mas quetêm eles inteligência, embora limitada.Estamos vendo isso e, o melhor, esta-

mos vendo também no dia-a-dia e naciência a constatação de sua evolução.

Na questão 597, os Espíritos nosdizem que eles sobrevivem à morte docorpo. Quem tiver interesse nesse as-sunto pode ter acesso fácil a isso nes-se livro que citamos, no capítulo XI.

Estamos vendo uma evolução pro-gressiva da humanidade em todos ossentidos e isso é bom, está de acordocom o que sabemos há tempos pelasinformações do Espiritismo.

Oh! homens! Nas horas difíceis,na dor, no sofrimento, pensemos quetudo está dentro dos desígnios da evo-lução! Mantenhamos a esperança!Não desanimemos!

Quando observarmos um ser hu-mano se rebaixando abaixo até da pró-pria brutalidade, agindo de um jeitoque vemos que mesmo um animalzi-nho não o faria, tenhamos piedade! Eleestá ainda arraigado nas experiênciasprimitivas e um dia despertará.

Observando o nosso próprio cachor-ro, que tem dez anos e é de uma extre-ma mansidão, nunca tendo mordido nin-guém na vida; quando, admoestado pelodono, sai cabisbaixo e vem se esconderatrás de nós, mas a um mínimo gesto dechamamento vai correndo alegre, aba-nando a cauda e respondendo ao cha-

JANE MARTINS VILELADe Cambé

mado, imaginamos que ele é mais man-so do que muita gente...

Um dia, após o labor do sofrimen-to sobre a alma humana, os mansosherdarão a Terra.

Apesar de estarmos vendo guerras erumores de guerras, não desanimemos!O amor divino vela, a inteligência hu-mana um dia entenderá o chamamento

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O IMORTALAGOSTO/2006 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1866 (Parte 8)

Damos prosseguimento à publica-ção do texto condensado da RevistaEspírita de 1866. As páginas citadasreferem-se à versão publicada pelaEdicel.

*125. O número de julho de 1866

se encerra com uma poesia – “A pre-ce pelos Espíritos” – de CasimirDelavigne. (Pág. 223.)

126. Maomé e o Islamismo cons-tituem o tema do artigo de abertura donúmero de agosto, no qual Kardecapresenta um conjunto de informaçõesque nos permitem conhecer em suaessência a vida e a obra do autor doAlcorão. Ei-las, de forma sintética: I)Desde muito tempo a Arábia era po-voada por várias tribos, quase todas nô-mades e perpetuamente em guerraumas contra as outras. II) Os rebanhoseram sua principal fonte, mas algumasse davam ao comércio, realizado porcaravanas que partiam anualmente doSul com destino à Síria ou àMesopotâmia. III) As caravanas pou-co se afastavam das bordas do mar eas principais seguiam o Hidjaz, regiãoque forma, às margens do Mar Verme-lho, uma faixa estreita, numa extensãode quinhentas léguas (o vocábuloHidjaz significa barreira e se dizia dacadeia de montanhas que borda essaregião e a separa do resto da Arábia).IV) Os pontos de estação das carava-nas, que paravam nos lugares onde ha-via água e árvores, tornaram-se cen-tros onde, pouco a pouco, se forma-ram cidades, das quais as principais,no Hidjaz, são Meca e Medina. V) Amaior parte dessas tribos pretendiadescender de Abraão, que era tido, porisso, em grande honra entre eles. VI)Entre eles havia uma crença de que afamosa fonte de Zemzem, no vale deMeca, era a que Gabriel tinha feito jor-rar quando Agar, perdida no deserto,ia morrer de sede com seu filho Ismael.VII) A tradição dizia ainda que Abraão,tendo vindo ver seu filho exilado, ha-via construído com as próprias mãos,perto dessa fonte, a Caaba, uma casade nove côvados de altura por 32 decomprimento e 22 de largura, a qual,religiosamente conservada, tornou-seum lugar de grande devoção, sendo umdever visitá-la. VIII) As caravanas pa-ravam ali naturalmente e os peregri-nos aproveitavam sua companhia paraviajar com mais segurança. IX) A pe-regrinação a Meca existia desde tem-pos imemoriais. Maomé apenas con-servou e tornou obrigatório o costume.A Caaba é hoje rodeada por uma mes-quita. X) No princípio a religião dosárabes consistia na adoração de um

Deus único, a cuja vontade o homemdeve ser completamente submisso. XI)Essa religião, que era a de Abraão, cha-mava-se Islam e os que a professavamdiziam-se Muçulmanos, isto é, subme-tidos à vontade de Deus; mas, pouco apouco, o puro Islam degenerou emgrosseira idolatria. Cada tribo tinhaseus deuses e seus ídolos e isso foi acausa de muitas e longas guerras entreelas. XII) Havia, porém, em certas tri-bos homens piedosos que adoravam aDeus único e repeliam o culto dos ído-los. Chamados Hanyfas, eram eles osverdadeiros muçulmanos, que conser-vavam a fé pura do Islam, embora fos-sem pouco numerosos e com escassainfluência sobre as massas. XIII)Maomé nasceu em Meca a 27 de agos-to de 570 da Era Cristã. Pertencia a umafamília poderosa e considerada, da tri-bo dos Coraychitas, uma das mais im-portantes da Arábia e supostamentedescendente em linha reta de Ismael.XIV) Seu pai morreu dois meses antesde seu nascimento, e sua mãe o deixouórfão com a idade de seis anos. Seuavô Abd-el-Mutalib, que o estimavamuito, morreu também dois anos de-pois, de tal forma que, apesar da posi-ção que sua família havia ocupado,Maomé passou a infância e a juventu-de num estado próximo ao da miséria.XV) Com a morte do avô, ele foi reco-lhido pelos tios, cujos rebanhospastoreou até a idade de vinte anos.(Págs. 225 a 230.)

Maomé casou-se aos 25 anosde idade com uma prima,

quinze anos mais velha

127. Maomé tinha o espírito me-ditativo e sonhador e um caráter de umasolidez e maturidade tão precoces, queseus companheiros o designavam pelosobrenome de El-Amin, “o homem se-guro, o homem fiel”. Mesmo quandojovem e pobre, convocavam-no às as-sembléias da tribo para os negóciosmais importantes. Fazia parte, então,de uma associação formada entre asprincipais famílias coraychitas, cujoobjetivo era prevenir as desordens daguerra, proteger os fracos e lhes fazerjustiça. (Págs. 230.)

128. Aos vinte e cinco anos casou-se com sua prima Khadidja, viúva erica, quinze anos mais velha do que ele.Essa união, que foi sempre feliz, du-rou 24 anos e só terminou com a morteda esposa, aos 64 anos. (Pág. 231.)

129. Depois da morte de Khadidjaseus costumes mudaram e Maomé des-posou várias mulheres: teve doze ou tre-ze em casamentos legítimos e deixou,ao morrer, nove viúvas. (Pág. 231.)

130. Até os quarenta e nove anos,quando morreu Khadidja, sua vida pa-cífica nada apresentara de saliente.Apenas um fato o tirou um instante da

obscuridade. Foi quando, estandoMaomé com 35 anos, os coraychitasresolveram reconstruir a Caaba, queameaçava ruína. Sua intervenção numapolêmica suscitada na época satisfez atodos. Aos 40 anos, no monte Hira, teveele uma visão durante o sono: o anjoGabriel lhe apareceu mostrando-lhe umlivro que o aconselhou a ler. Três vezesresistiu a essa ordem e só para escaparao constrangimento sobre ele exercidoé que consentiu em o ler. Ao despertar,disse ter sentido “que um livro tinhasido escrito em seu coração”, frase pos-teriormente tomada ao pé da letra porseus seguidores. (Págs. 231 e 232.)

131. Maomé ficou profundamen-te perturbado em sua visão e, tendovoltado ao monte Hira, presa da maisviva agitação, julgou-se possuído porEspíritos malignos e ia precipitar-se doalto de um rochedo quando uma vozse fez ouvir: “Ó Maomé! tu és envia-do de Deus; eu sou o anjo Gabriel!”Então, levantando os olhos, viu o anjosob forma humana, que desapareceupouco a pouco no horizonte. Essa novavisão aumentou-lhe a perturbação,embora a esposa se esforçasse poracalmá-lo. Varaka, primo dela, velhoafamado por sua sabedoria e conversoao Cristianismo, lhe disse: “Se o queacabas de dizer é verdade, teu maridofoi visitado pelo grande Nâmous, queoutrora visitou Moisés; ele será profe-ta deste povo”. (Pág. 232 e 233.)

132. A missão de Maomé não foi,pois, um cálculo premeditado de suaparte, porque ele mesmo só se conven-ceu depois de nova aparição do anjo.Nesse período, ele era sujeito a desfa-lecimentos e síncopes. O Alcorão nãoé uma obra escrita por Maomé com acabeça fria e de maneira continuada,mas o registro feito por seus amigos daspalavras que pronunciava quando ins-pirado. Nesses momentos, ele caía numestado extraordinário e apavorante; osuor corria-lhe da fronte; os olhos tor-navam-se vermelhos; ele soltava gemi-dos e a crise terminava geralmente poruma síncope que durava mais ou me-nos tempo, estando ele em casa, mon-tado em seu camelo ou em meio à mul-tidão. “A inspiração”, diz Kardec, “erairregular e instantânea, e ele não podiaprever o momento em que seriatomado.”(Pág. 233.)

Maomé opunha aos ultrajesque recebia a calma, o

sangue-frio e a moderação

133. Mais tarde, quando tomou asério seu papel de reformador, Maoméfalava mais com conhecimento de cau-sa e misturava às inspirações o produ-to de seus próprios pensamentos, con-forme os lugares e as circunstâncias,acreditando, talvez de boa-fé, falar emnome de Deus. (Págs. 233 e 234.)

134. Esses fragmentos destacados erecolhidos em diversas épocas, em nú-mero de 114, formam no Alcorão assuratas ou capítulos. Esparsos durantesua vida, foram reunidos após sua mor-te num corpo oficial de doutrina, peloscuidados de Abu-Becr e de Omar. Osmais diferentes assuntos são aí tratados,e apresentam uma tal confusão e tãonumerosas repetições, que uma leituraseguida é penosa e fastidiosa para quemquer que não seja um fiel. (Pág. 234.)

135. Segundo a crença vulgar, tor-nada artigo de fé, as páginas do Alco-rão foram escritas no céu e trazidasprontas a Maomé pelo anjo Gabriel.(Pág. 234.)

136. As primeiras prédicas deMaomé foram secretas durante os pri-meiros dois anos, em que ele se ligoua cerca de 50 adeptos, entre membrosde sua família e amigos. Aos 43 anoscomeçou a pregar publicamente, rea-lizando-se dessa forma a predição feitapor Varaka. Fundada na unidade deDeus e na reforma de certos abusos,como a idolatria, sua religião foirepelida pelos Coraychitas, guardas daCaaba e do culto nacional. A princí-pio o tacharam de louco; depois o acu-saram de sacrilégio. Amotinando opovo, perseguiram-no e com tal vio-lência que, por duas vezes, seus parti-dários tiveram de buscar refúgio naAbissínia. (Pág. 234.)

137. Maomé, no entanto, opunhaaos ultrajes a calma, o sangue-frio e amoderação. Como sua seita crescia,seus adversários, não podendo redu-zi-la pela força, resolveramdesacreditá-la pela calúnia. Como eleresistisse a tudo, seus inimigos recor-reram, por fim, aos conluios para omatar, e ele só escapou fugindo. Foientão que se refugiou em Medina em622, e é desta época que data a Hégira,ou era dos muçulmanos. Uma novafase iniciou-se então em sua vida, por-quanto de simples profeta que era foiconstrangido a tornar-se guerreiro.(Págs. 234 e 235.)

138. A Revista transcreve parte daobra Os Profetas do Passado, escritapelo sr. Barbey d’Aurévilly, que la-menta no livro não ter a Inquisiçãoqueimado, não os escritos, mas o cor-po de Lutero. Se isto houvesse ocorri-do, “o mundo estaria salvo pelo me-nos por um século”, escreveu o sr.d’Aurévilly. (Págs. 235 e 236.)

A reforma protestante tevecomo precursores Wicklef, João

Huss e Jerônimo de Praga

139. Kardec tece a respeito váriasconsiderações e mostra a inutilidadedos crimes cometidos pela Igreja, por-que foram precisamente esses abusosque geraram as reformas que aInquisição tanto desejou conter. A

morte de Lutero não deteria o movi-mento de que foi ele o instigador, por-que as idéias novas germinam, fervemem muitas cabeças e é por isso queencontram eco na sociedade. Se osreformadores só exprimissem as suasidéias pessoais, não reformariam ab-solutamente nada. (Págs. 236 a 238.)

140. No caso da reforma, sabe-seque Lutero não foi o primeiro nem oúnico a propô-la, pois houve, antes dele,inúmeros apóstolos da idéia, comoWicklef, João Huss e Jerônimo de Pra-ga, os dois últimos levados à fogueirapor ordem do concílio de Constança. Oshomens foram, sim, destruídos, mas nãosuas idéias, retomadas mais tarde e mo-dificadas em alguns detalhes por Lutero,Calvino e outros. Conclui-se, portanto,que a morte de Lutero em nada prejudi-caria o movimento, porque outros, semnenhuma dúvida, o levariam até o fim.(Pág. 238.)

141. Kardec comenta as chama-das visões da senhora Cantianille, re-latadas pelo padre Thorey, vigário dacatedral de Sens, no livro intituladoRelações maravilhosas da senhoraCantianille com o mundo sobrenatu-ral. No correr da obra, Cantianille re-vela como se tornou membro e presi-dente de uma sociedade de Espíritosem 1840, durante sua passagem porum convento católico, mas Kardecconsidera suas visões puramente fan-tásticas, visto que a alma não pode vero que não existe. (Págs. 239 a 242.)

142. Na seqüência, Kardec repor-ta-se às criações fluídicas e seus prin-cípios e refere vários casos de apari-ções em que os Espíritos portavamobjetos diversos. Assevera o codifica-dor: I) No mundo invisível tudo é, seassim podemos dizer, matéria intangí-vel, isto é, intangível para nós encar-nados, mas tangível para os seres des-se mundo. II) Tudo é fluídico nessemundo, e as coisas fluídicas são aí re-ais. III) O pensamento é capaz de im-por modificações ao elemento fluídi-co, modelando-o à vontade, como oshomens, modelando a argila, podemfazer uma estátua. IV) A rainha deOude, embora desencarnada, se viacom suas jóias. Para isto bastava-lheum ato do pensamento, sem que, o maisdas vezes, se desse conta da maneiracomo a coisa se opera. V) Nos seusmomentos de emancipação, a almaencarnada pode, de igual forma, pro-duzir efeitos análogos. Pode estar aí acausa das visões fantásticas. Estandoo Espírito fortemente imbuído de umaidéia, seu pensamento pode criar umaimagem fluídica que a espelhe, a qualterá para ele todas as aparências da re-alidade, tão bem quanto o dinheiro quePierre Legay pensava manipular navida espiritual, embora estivesse de-sencarnado. (Págs. 242 a 244.) (Con-tinua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

De Londrina

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O IMORTALPÁGINA 16 AGOSTO/2006

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

A revista IstoÉ de 26 de ju-lho último, a exemplo que já fi-zera a revista Época no mesmomês, dedicou ao Espiritismo eao tema comunicação com osmortos uma extensa e importan-te reportagem, como poucasvezes já se viu em nosso País.O título da matéria é o mesmoque utilizamos neste artigo, quereproduz, para conhecimentodos leitores deste jornal, parteda referida reportagem.

“Muita gente – diz IstoÉ –acredita que falar com os mor-tos é possível – e alguns afirmamfazer isso cotidianamente. Sãoos médiuns, os intermediáriosentre os espíritos e os homens.”A revista menciona então algunsestudiosos, como a paulistaSonia Rinaldi, uma das maioresespecialistas no Brasil em Trans-comunicação Instrumental(TCI), nome dado à gravação devozes e até filmagem de pesso-as que já morreram. Sonia co-memora um marco em sua cru-zada: o primeiro caso autentica-do por um laboratório internaci-onal de um contato com um es-

Da Redação pírito. “O fato mais positivo detudo isso é que, pelo caminho daciência ou da espiritualidade, es-sas comunicações geram um con-forto imensurável nas pessoas quebuscam contato com os seus en-tes queridos”, afirma a revista. “Edão respostas para muitas de suasinquietações.”

Segundo a revista, o caso es-tudado cientificamente por Soniaé o de Cleusa Julio, uma mãecomo outra qualquer: não supor-tava a dor pela perda da filha ado-lescente, Edna, que morreu há trêsanos, atropelada por um carro en-quanto andava de bicicleta. Dila-cerada, procurou a AssociaçãoNacional de Transcomunicadores,presidida por Sonia, e conseguiuestabelecer comunicação com amenina. Uma das conversas gra-vadas entre mãe e filha foi envia-da há seis meses a um centro depesquisas em Bolonha, na Itália,o Laboratório Interdisciplinar deBiopsicocibernética, único na Eu-ropa totalmente dedicado ao exa-me e análise científicos de fenô-menos paranormais. Junto, foi en-caminhada outra fita com um re-cado deixado por Edna, antes demorrer, numa secretária eletrôni-ca. O resultado, que acaba de che-gar, é um surpreendente laudo téc-nico de 52 páginas, cuja conclu-são diz: a voz gravada por meioda transcomunicação é a mesmaguardada na secretária eletrônica.

As informações adiante trans-critas foram extraídas da repor-tagem mencionada.

Sem a intervenção de médiunsou videntes, mas apenas de tecno-logia, a transcomunicação está,segundo seus praticantes, ao alcan-ce de todos que queiram falar com

algum familiar ou amigo que sefoi. Em comum com o Espiritis-mo, a certeza de que mortos po-dem se comunicar com vivos. Adiferença está no meio para che-gar ao outro mundo. Foi atravésdo médium mais conhecido doPaís, Chico Xavier (1910-2002),que a família do ortopedista DavidMuszkat, 70 anos, encontrou con-forto para sobreviver à perda doprimogênito, Roberto. O jovem,então com 19 anos, foi vítima deuma fatalidade: sofria de bronqui-te asmática e teve um choqueanafilático após pingar um remé-dio no nariz. Morreu em 1979.Desde então, foram 63 mensagenspsicografadas por Chico. Judeupraticante, David só procurou omédium aconselhado pela amiga,a atriz Nair Bello, por causa de suamulher, que sofria muito.

O ambiente social hoje é maisfavorável à diversidade em todosos sentidos. Nesse contexto, de-clarar que “qualquer pessoa podesair do corpo físico e interagircom alguém que já morreu” nãochoca pelo inusitado. Ex-marxis-ta, Ronie Lima, 48 anos, reviusuas convicções a partir das ex-periências que viveu no centroespírita Lar de Frei Luiz e tornou-

se um pesquisador da espirituali-dade. Nos livros Médicos do es-paço e A vida além da vida, rela-ta os fenômenos que testemu-nhou. “Presenciei mortos falandode três formas: através de incor-poração em médiuns, de materia-lização ou de vozes.” Segundo oestudioso, a pessoa materializadavolta “com o mesmo corpo, rostoe voz que tinha quando era vivo.”

Para a estilista carioca e mé-dium Alessandra Wagner, viúva dojornalista Tim Lopes, executado equeimado por traficantes quandotrabalhava numa reportagem nafavela da Vila Cruzeiro, em 2002,para a Rede Globo, não há neces-sidade de prova científica para quetenha certeza do reencontro como marido. Ela estava com o filhoDiogo, então com 15 anos, quan-do, segundo conta, o espírito deTim se incorporou num médium.“Era ele que estava ali. Tive umasensação real, física. Senti a pre-sença dele”, afirma Alessandra,que começou a freqüentar o Larde Frei Luiz um ano antes da tra-gédia. “A doutrina espírita me deucapacidade de entender. A dor apri-mora a gente. Foi nesse pior mo-mento da minha vida que eu maissenti a presença de Deus.”

Talvez a última frase de Ales-sandra resuma o crescente interes-se pela doutri-na espírita: afi-nal, a vida nãoacaba aqui? Adúvida afligemais as pesso-as que têmmaior escola-ridade e renda,segundo os da-dos do censo

realizado pelo Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística(IBGE), em 2000. Esse é o ex-trato predominante dos três mi-lhões de espíritas registradospelo censo no País. Mas, paraalém dos números oficiais, ou-tros milhões de adeptos de ou-tras religiões, no Brasil e no mun-do, buscam caminhos científicosou espíritas de comunicação comos mortos e sustentam um mer-cado literário próspero. São qua-se 200 milhões de livros vendi-dos sobre as possibilidades devida e a interligação entre elas.O jornalista carioca Marcel Sou-to Maior escreveu três livros so-bre Chico Xavier, que venderam350 mil exemplares. Na últimaobra, As lições de Chico Xavi-er, conta histórias e questionaaté que ponto é possível provaros fenômenos. “São muitas assuspeitas de fraude e de charla-tanismo. É necessário checartudo. A ciência é empírica, maspode ser contaminada pela fé”,alerta. As dúvidas começamquando a atividade vira uma cai-xa registradora. Não é o caso deChico – diz Isto é -, o qual psi-cografou 412 livros, vendeumais de 20 milhões de exempla-res e reverteu tudo para institui-ções de caridade.

Falando com o alémEspíritos

Ciência e médiuns aprimoram a tecnologia e os métodos de contato com os que morreram

Celso Almeida Afonso: milhares de mensagens

Tim Lopes:contato com a esposa

Sonia Rinaldi: TCI a serviço do intercâmbio com os falecidos