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Ano II – número 13 – agosto/2007 1 http://sisejuferj.org.br

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Í N D I C E

EditorialNossa revista se renova a cada núme-ro. Além das notícias sindicais, aquivocê encontra artigos, reportagens enovas seções.Página 4

MobilizaçãoMarcha a Brasília vai reunir milharescontra a retirada de direitos dos tra-balhadores.Página 5

Um Rio contra a PEC 02Ato em 5 de outubro, às 17h, em fren-te à Câmara de Vereadores, vai protes-tar contra a imoralidade da PEC 02.Página 7

Jornada de 6 horasO servidor João Souza da Cunha rela-ta os problemas e as seqüelas do ex-cesso de trabalho e do ambiente hos-til durante a jornada.Páginas 8 e 9

Dicas CulturaisDa Vinci, Guimarães Rosa, Dancing El-dorado e um ciclo de debates no ro-teiro da colaboradora Bianca Rocha.Página 10

OpiniãoHá a iminência de a LEF ser mudadapara pior, alerta o Oficial de JustiçaMarcos André Leite Pereira.Página 11

NacionalPromotor do Distrito Federal critica aformalidade no tratamento das auto-ridades.Página 12

Nossa HistóriaNo primeiro artigo de uma série, o his-toriador Helder Molina situa as ori-gens dos sindicatos no Brasil.Página Central

NacionalO repórter Marcelo Salles passou umfim-de-semana no Morro do Alemãoe descreve a tensão entre comunida-de, tráfico e polícia.Páginas 13, 14 e 15

EntrevistaA cantora e compositora Roberta Nis-tra, autêntica representante da novageração de sambistas surgida na Lapa,fala da carreira, do Brasil e da explo-ração dos jovens artistas.Páginas 18, 19 e 20

Meio ambienteO teólogo Leonardo Boff lista os dezpontos cruciais para reercrevermos opresente.Página 21

Movimento SocialConheça, em reportagem de Max Leo-ne, como vivem os ocupantes do edi-fício da Rua do Riachuelo que agoraabriga mais de 300 ex-sem-teto.Páginas 22 e 23

Teia de IdéiasNessa nova seção, trechos de MinoCarta, um festival de cinema muitoespecial, notícias do século XXI masque parecem do século XIX e a lem-brança dos 14 anos da Chacina da Can-delária. Páginas 24 e 25

InternacionalAconteceu em março a III Cúpula Con-tinental de Povos Indígenas. Saibamais no artigo do jornalista Mário Au-gusto Jakobskind.Páginas 26 e 27

Oficina LiteráriaO servidor do Judiciário FederalEduardo Neves Americano do Brasilconta a história de um pequeno heróinum mundo de fantasias.Página 28

Contos da Guerra do IraqueO cartunista Latuff volta este mês commais um episódio da saga de Juba, oatirador de Bagdá.Página 30

PanGlória Horta reflete sobre os ganhosda cidade do Rio de Janeiro com gran-des obras como a Avenida Central(hoje Rio Branco) e o Engenhão.Página 29

SindicaisSeminário em setembro vai discutiro Plano de Carreira do Judiciário Fe-deral.Página 6

Escreva para a genteParticipe você também da Idéias emRevista. Basta enviar sua carta, artigoou comentário para o endereço eletrô-nico [email protected] ematé 2,5 mil caracteres.

4 Ano II – número 13 – agosto/2007http://sisejuferj.org.br

EEditorial Notícias sindicais, reportagens e novidades página a página

DIRETORIA: André Gustavo Souza Silveira da Silva, David Batista Cordeiro da Silva, Dulavim de Oliveira Lima Júnior, Flávio Braga Prieto da Silva, João RonaldoMac-Cormick da Costa, Leonor da Silva Mendonça, Lucilene Lima Araújo de Jesus, Márcio de Souza Marques, Márcio Hungerbühler, Nilton Alves Pinheiro, OttonCid da Conceição, Renato Gonçalves da Silva, Ricardo de Azevedo Soares, Roberto Ponciano Gomes de Souza Júnior e Valter Nogueira Alves.

Filiado à FENAJUFE e à CUT

SEDE: Avenida Presidente Vargas 509, 11º andar – Centro – Rio de Janeiro-RJ – CEP 20071-003TEL./FAX: (21) 2215-2443 – PORTAL: http://sisejuferj.org.brENDEREÇO ELETRÔNICO: [email protected]

IDÉIAS EM REVISTA – REDAÇÃO: Henri Figueiredo (Mtb 3953/RS) – Max Leone (Mtb 18.091) – Bianca Rocha (estagiária de jornalismo)PROJETO GRÁFICO ORIGINAL: Claudio Camillo (Mtb 20.478) – DIAGRAMAÇÃO: Deisedóris de Carvalho – ILUSTRAÇÃO: LatuffASSESSORIA POLÍTICA – Márcia BauerCONSELHO EDITORIAL – Roberto Ponciano, João Mac-Cormick, Henri Figueiredo, Max Leone, Márcia Bauer, Valter Nogueira Alves, Nilton PinheiroIMPRESSÃO: PALAVRAS PINTADAS Editora e Gráfica Ltda. (7.500 exemplares)

As matérias assinadas são de responsabilidade exclusiva dos autores.As cartas de leitor estão sujeitas a edição por questões de espaço. Demais colaborações devem ser enviadas em até 2,5 mil caracteres e apublicação está sujeita a aprovação do Conselho Editorial.

Em agosto, o Sisejufe começaos preparativos para o mais importante evento doano para a categoria dos servidores do JudiciárioFederal no Rio de Janeiro: o Seminário sobre Pla-no de Carreira e Gestão Democrática de Pessoal,que ocorrerá de 20 a 22 de setembro, na sede dosindicato. Assuntos como este e detalhes das di-versas ações do Sisejufe em defesa da categoria, oleitor vai encontrar nas primeiras páginas deste nú-mero de Idéias em Revista.

Continuamos enfocando a campanha pela re-dução da jornada de trabalho, agora com o casode um servidor que nos conta os problemas quesofreu com o excesso de trabalho e com a tensãona relações com as chefias. Nossa revista apresen-ta ainda a colaboração de colegas como o oficialde Justiça Marcos Pereira, que opina sobre a Leide Execução Fiscal; de Glória Horta, que volta apublicar em Idéias em Revista e analisa as altera-ções que a cidade sofre com grandes obras comoas do Pan; e de Eduardo Neves, que apresenta umtexto literário e lírico sobre a infância.

O jornalismo também está reforçado nestaedição. Max Leone foi ver como vivem as 65 fa-mílias que ocuparam um prédio abandonado naRua do Riachuelo. Mário Augusto Jakobskindescreve sobre a III Cúpula Continental de PovoIndígenas, evento praticamente ignorado pelagrande mídia. E Marcelo Salles, em reportagemespecial para a Idéias, descreve a nova rotinados moradores do Complexo do Alemão quevivem na linha fogo entre o tráfico e a polícia.

Inauguramos nesta décima terceira edição,na seção Nossa História, uma série de artigosdo historiador Helder Molina sobre a trajetó-ria do sindicalismo no Brasil. E traçamos umperfil da jovem e talentosa cantora carioca Ro-berta Nistra, surgida na cena alternativa dosnovos sambistas da Lapa. O leitor vai encontrarnovidades como a seção Teia de Idéias, em quenossa redação, todo mês, vai produzir ou repro-duzir abordagens diferenciadas sobre temaspolêmicos, como o atual movimento do empre-sariado paulista chamado “Cansei”.

Temos ainda quatro dicas culturais para omês de agosto, pinçadas por Bianca Rocha, eum artigo de Leonardo Boff que nos propõenovas posturas diante do planeta e de nós mes-mos. Fechamos esta edição com os Contos daGuerra do Iraque, do cartunista Carlos Latuff,nosso colaborar desde o início da Idéias.

Latuff, durante o Pan, sofreu uma tristeperseguição política que fere diretamente aliberdade de expressão – tão alardeada comoum princípio pela grande imprensa. Ao cari-caturar o símbolo dos jogos, a pedido de mo-vimentos sociais, se viu envolvido numa redede intrigas políticas e qualificado de vânda-lo. Tão-somente por ter realizado sua arte elançado seu olhar ferino e irreverente sobreo evento. Idéias em Revista se solidariza comseu colaborador e reafirma o compromissodo Sisejufe com a livre opinião e a pluralida-de de pensamento.

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o dia 15 de agosto, milhares detrabalhadores estarão em Bra-sília, manifestando-se pela ma-nutenção e ampliação de direi-

tos. Questões como a manutenção doveto à Emenda 3 e a retirada imediatada Projeto de Lei Complementar Pro-visório (PLP) 01/2007, que restringe odireito irrestrito de greve para o fun-cionalismo público, são pontos cen-trais da manifestação. A Marcha a Bra-sília também vai defender mudançasna política econômica do governo fe-deral, o direito a negociação coletivados servidores públicos e uma previ-dência pública para todos. Tambémserá feita a defesa da Reforma Agrá-ria e de valorização constante da edu-cação pública. São diversas bandeirasde reivindicações que atingem o con-junto da classe trabalhadora.

Os servidores do Judiciário Fede-ral do Rio começaram a se mobilizarpara a Marcha da CUT a partir de reu-niões e assembléias setoriais organi-zadas pelo Sisejufe. Os encontrosocorreram em 31 de julho na JF e noTRT em Niterói e na sede do sindica-to, durante reunião do Núcleo deAposentados e Pensionistas. Em 1º deagosto, as assembléias foram no TRFe no TRE, no Rio. No dia 2 de agosto,houve reunião no TRT da Antônio Car-los e assembléias na JF da Rio Brancoe na JF da Venezuela. E no dia 6 deagosto, foi a vez da assembléia seto-rial acontecer na JF em São João deMeriti. Nesses encontros foram esco-lhidos os 17 representantes da cate-goria dos servidores do Judiciário Fe-deral no Rio de Janeiro para a mani-festação em Brasília.

Mobilização Em 15 de agosto acontece o ato pela garantia de direitos

N

Marcha a Brasília reúnetrabalhadores de todo país

O PLP 01 é o projeto do governoque congela o investimento no setorpúblico durante dez anos, limitandoos gastos ao aumento do PIB mais1,5%. Isto resulta num congelamen-to de salário por pelo menos dezanos.

A Emenda 3 do projeto de lei daSuper-Receita flexibiliza os direitostrabalhistas, ao impedir a fiscaliza-ção de pequenas e médias empresas,facilitando a fraude e a exploraçãodos trabalhadores. Foi vetada pelogoverno Lula e agora a bancada neo-liberal, com o apoio incondicionaldos grandes jornais e televisões,quer derrubar o veto e iniciar extin-ção dos direitos trabalhistas.

O projeto que restringe a realiza-ção de greves nasceu de propostaconjunta do Ministério do Planeja-mento e da Advocacia Geral daUnião. Ele inviabiliza as paralisações

do setor público. Depois de nossamarcha no dia 23 de maio o governorecuou, a luta ainda não está venci-da.

A Proposta de Emenda Constitucio-nal (PEC) 02 é a chamada Emenda doTrem da Alegria, a PEC da imoralidadeadministrativa que transforma requisi-tados em funcionários dos órgãos aosquais foram cedidos, sem o devido con-curso público. Hoje há um lobby paraque seja aprovada no Congresso.

Por último, há o PL 319, que re-toma, na lei do PCS, o direito ao adi-cional de qualificação (5%) dos técni-cos judiciários e cria o quadro úni-co. O deputado do federal RodrigoMaia (DEM-RJ), que é o relator naCâmara, está sentado em cima doprojeto e se recusa, inclusive, a agen-dar uma reunião com o sindicato. Épreciso lutar para que o PL 319 sejacolocado em votação o quanto antes.

As principais frentes de luta

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Sindicais Principal evento do ano será em setembro na sede do sindicato

direção do Sisejufe começa apreparar um dos principaiseventos que a categoria teráem 2007. É o Seminário sobre

Plano de Carreira e Gestão Democrá-tica de Pessoal, para discutir um pro-jeto de lei que definirá quais as atri-buições de cada cargo, se os servido-res do Judiciário Federal são de umacarreira única ou não; se haverá pro-gressão funcional; se terá critérios paracriação e ocupação de FCs e CJs, alémda jornada de trabalho.

Serão três dias de discussão, cul-minando com um trabalho de grupoe um relatório final que apontará o ca-minho a ser seguido pelos servidores

do Rio. O seminário está marcado paraos dias 20, 21 e 22 de setembro e acon-tecerá na sede do sindicato, na Aveni-da Presidente Vargas, 509, 11° andar.

“Este é o momento para debater-mos e aprovarmos, coletivamente,que carreira no serviço público fede-ral desejamos”, avalia Roberto Ponci-ano, diretor do Sisejufe. A diretoria dosindicato elaborou um texto-basepara ser discutido no encontro. O tex-to possui oito tópicos: 1) Que carrei-ra queremos; 2) Jornada de 6 horas =Qualidade de vida; 3) Ascensão funci-onal, sim ou não?; 4) Quadro e Carrei-ra Única com isonomia total; 5) Defe-

Seminário discutirá Plano de Carreira

O Sisejufe apresentou proposta àdesembargadora Dóris Castro Neves,do Tribunal Regional do Trabalho(TRT) da 1ª Região para o plano degestão orçamentária do TRT em 2008.Por meio dos ofícios 218 e 219, de 16de julho de 2007, requereu tambéminformações sobre a não incorpora-ção dos valores do Adicional de Qua-lificação (AQ) no salários dos ser-vidores do Tribunal.

No documento sobre a gestão or-çamentária do TRT (ofício 218), o Si-sejufe propõe a realização de obras derecuperação dos fóruns do Interiorque estão em más condições, comoos de Nova Iguaçu, Nilópolis e Cam-pos; a modernização dos equipamen-tos, com prioridade para os ergonô-micos, tendo como objetivo evitardoenças como LER e Dort; cursos de

sa da saúde do trabalhador e luta con-tra o assédio moral e sexual; 6) Crité-rios para ocupação de FCs e CJs e lu-tas contra as requisições e cessões;7) Isonomia de chefes de cartório, lutaespecífica da Justiça Eleitoral; e 8) Pro-dutividade e qualidade? Com que cri-térios?

A categoria pode e deve participardo debate. Para isso basta fazer a ins-crição pelo endereço eletrô[email protected].

As propostas serão adicionadas nofuturo caderno de sugestões de nossoseminário.

formação e treinamento para os ser-vidores do Interior, ou pagamento dediárias para viagem de treinamento àcapital; cursos específicos para agen-tes de segurança, de acordo com asdeterminações do novo PCS; e a cria-ção da secretaria de segurança no tri-bunal.

No ofício 219, o diretor RobertoPonciano, pediu ao TRT informaçõessobre os motivos do não-pagamen-to do AQ aos servidores do órgão.Segundo Ponciano, há uma portariaconjunta regulamentando o adicio-nal e os valores já são pagos em ou-tros tribunais. O diretor solicitoutambém o agendamento de reuniãocom a presidente do TRT para escla-recer o assunto e procurar soluçõescom relação ao pagamento imedia-to do AQ.

Sindicato cobra pagamentode AQ para servidores do TRT

A

Federalização daJustiça EleitoralFoi realizada reunião no dia

21 de julho, no Sisejufe, para de-bater questões específicas da JE.Após esclarecidas questões co-mo B17, arrastão, assédio moral,estágio probatório, isonomia eprogressão, ficou decidido queo Sisejufe levará para a Fenajufea proposta de que a verba pagaaos promotores eleitorais sejade responsabilidade do MP enão da JE.

Também que se volte a deba-ter o projeto de federalização daJE, que está parado no Congres-so Nacional.

Ficou agendada para o dia 15de setembro, sábado, às 14h, nosindicato, uma nova reunião paratratar de temas relativos aos ser-vidores da JE – será a quarta reu-nião com esse objetivo em 2007.

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Fique por dentro das ações do Sisejufe em defesa da categoria

A luta contra a aprovação da Pro-posta de Emenda Constitucional (PEC)02 /2003 tomará as ruas em setembro.Juntamente com o Sisejufe, um gru-po de concursados realizará um atopúblico no dia 5 de outubro, às 17h,em frente à Câmara dos Vereadoresdo Rio, na Cinelândia. A idéia é ganharapoio de partidos políticos, da Ordemdos Advogados do Brasil (OAB), enti-dades sindicais e de parlamentarespara que se evite o retrocesso que

Em 31 de julho, o Núcleo dosAposentados reuniu 30 sindicaliza-dos na sede do Sisejufe. No encon-tro foi discutido o andamento dadenúncia do Instituto Movimentodos Servidores Aposentados e Pen-sionistas (Mosap) feita à Organizaçãodos Estados Americanos (OEA) e daação protocolada pelo Sisejufe parareajustar a VPNI com a incorporaçãodos quintos para os associados.

Em julho, a Presidência da Repú-blica foi intimada pela Comissão deDireitos Humanos da OEA a esclare-cer a denúncia de violação de direi-

tos humanos pelo Estado brasileiro.A denúncia P-644/05 do Mosap temcomo objetivo invalidar a EmendaConstitucional 41 (Artigo 4º), de ini-ciativa do Executivo, que determinoua incidência de contribuição previ-denciária sobre a remuneração depensionistas e aposentados. Para oMosap, o desconto não poderia ocor-rer para quem se aposentou antes daReforma da Previdência de 2004. Acobrança foi considerada constituci-onal pelo STF, mas configura bitribu-tação.

Os convidados aproveitaram a

Aposentados fazem grande reunião em julhooportunidade para tirar dúvidas so-bre as novas carteiras sindicais, re-cadastramento bancário obrigató-rio e diversas questões jurídicas. Osesclarecimentos foram feitos peladiretora do Núcleo dos Aposenta-dos Lucilene Lima, pela assessorapolítica do Sisejufe Márcia Bauer epela ex-dirigente da Fenajufe VeraLúcia Pinheiro. A reunião foi encer-rada com apresentação do cantor ecompositor Dú Basconça e do Gru-po Chora o Samba. O núcleo reúne-se sempre durante a tarde da últi-ma terça-feira de cada mês, na sededo sindicato.

O processo da isonomia das che-fias de cartório eleitoral já se encon-tra concluso com o ministro CezarPeluso. A proposta da Federação éisonomia com FC6 para todos oschefes de cartório. A proposta doTSE é a criação de entrâncias dividi-das pelo quantitativo de eleitores,variando de FC4 a FC6. Assim que oministro voltar do recesso, a federa-ção marcará uma reunião e chamaráo Sisejufe para participar. Isto deveocorrer provavelmente na 3ª quinze-na de agosto.

Maia não quer conversaO Sisejufe mais uma vez tentou

agendar uma reunião com o rela-tor do PL 319, deputado federaldo DEM, Rodrigo Maia, e não ob-teve êxito. A Federação Nacionaldos Trabalhadores do JudiciárioFederal e Ministério Público daUnião (Fenajufe) informou que so-mente o Sindjus-DF conseguiucontato com o relator, em funçãodos dirigentes terem ido direta-mente ao gabinete do deputado,em Brasília.

Isonomia para chefes de cartório

Um Rio contra a PEC 02seria a aprovação desta PEC. Além deum abaixo-assinado (que vem sendodistribuído e está disponível na pági-na do sindicato: sisejuferj.org.br), acampanha também tomará os gabine-tes dos deputados federais eleitospelo Rio de Janeiro.

Se aprovada pelo Congresso, aPEC 02 permitirá que servidores re-quisitados de qualquer poder pos-sam ser efetivados sem a realização

Estágio probatórioTendo em vista a não assinatura da

regulamentação conjunta pelo presi-dente do TSE, o Sisejufe protocolou,em 12 de julho, requerimento admi-nistrativo (48463/2007) para que opleno do TRE-RJ reconheça, com efei-tos financeiros retroativos, o direitoao estágio probatório de dois anos, oqual não se confunde com o institutoda estabilidade no serviço público,que é de três anos. Tanto na JF, 1ª e 2ªinstâncias, quanto no CJF e no STJ, oestágio é de dois anos.

Sindicais

de concurso público para a função aque foi transferido. De iniciativa dodeputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), a proposta está pronta para servotada em regime de urgência. Parao Sisejufe, a PEC fere o princípio damoralidade e da impessoalidadegarantidos pela Constituição Fede-ral. O sindicato entende que a pres-tação do concurso é a única formademocrática de ingresso no serviçopúblico.

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Excesso de trabalJO

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ito meses longe da repartiçãoe dos colegas de trabalho. Essefoi o tempo que o técnico judi-ciário João Souza da Cunha, 44

anos, ficou afastado do serviço parafazer tratamento médico. Entre agos-to de 2005 e abril de 2006, o servidorda Justiça Federal viveu dias difíceisaté conseguir retomar a vida normal.Impedido de trabalhar por problemaspsiquiátricos, João Cunha lembra quenão teve só a vida profissional afeta-da. O convívio com a família tambémfoi prejudicado.

“Sofria com depressão, insônia,falta de ar. Os médicos diagnostica-ram que eu era bipolar”, lembra o ser-vidor, que é mestre em Direito, pro-fessor universitário e atua há 18 anosna Justiça Federal.

O relato de João Cunha reflete oque acontece em muitos setores doJudiciário Federal. Os problemas apre-sentados pelo servidor seriam fruto defatores como a excessiva jornada detrabalho de 8 horas, a disputa internapor poder, gratificações e comissões,e a falta de uma gestão administrativacoerente. Sem contar o comportamen-to arbitrário adotado por boa parte dosdiretores de órgãos federais.

A pesquisa “Aumento da Jornadade Trabalho, Qualidade de Vida e Pro-dutividade na Justiça do Trabalho da4ª Região”, do sociólogo Carlos Alber-to Colombo, mostra o quanto foi pre-judicial para os servidores a imposi-ção de uma jornada de oito horas deserviço. Colombo afirma que “umarelação unilateral da Administraçãopara com os servidores com a amplia-ção de 33% da jornada diária de tra-balho, tende a contribuir fortemente– ainda que involuntariamente – paraa diminuição do moral dos servido-res”. O trabalho do sociólogo serviude base para que a direção do Sindi-cato dos Trabalhadores do JudiciárioFederal do Rio Grande do Sul (Sintra-jufe-RS) negociasse a volta das 6 ho-ras para os servidores do TribunalRegional do Trabalho da 4ª Região(TRT-RS) a partir de 2002.

Relações de poderprecisam ser revistas

“Nos últimos anos, no Brasil, osservidores públicos foram expostos auma intensa campanha de desmorali-zação pública e vivenciaram a supres-são de vários direitos”, diz o sociólo-go, em seu trabalho.

Nesse sentido, segundo o diretordo Sisejufe Roberto Ponciano, ficacada vez mais evidente a necessidadede intensificar a campanha pela redu-ção da jornada de trabalho para seishoras. “A iniciativa do movimento sin-dical ligado à CUT de continuar essaluta é correta. E o Sisejufe não vaimedir esforços para atingir o objeti-vo de reduzir a jornada”, explica.

Além da jornada, que no Rio é de 8horas, o servidor João Cunha relataque estar num ambiente hostil de tra-balho contribui para o aparecimentode doenças, principalmente, as deordem psicológicas. “Nosso trabalho

Excesso de trabalho e ambien

Texto e fotosMax Leone*

O

Cunha: servidor teve problemas de saúde agravados pela jornada e clima tenso

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As recentes mudanças implanta-das pela Previdência – que podemaumentar ou diminuir significativa-mente a alíquota do Seguro de Aci-dente de Trabalho (SAT) paga pelasempresas – já começam a mostrarresultados na concessão de auxílio-doença acidentário. De acordo como INSS, em abril foram concedidos28.594 benefícios, número 147,8%superior ao registrado em março. Oaumento é um dos reflexos da regu-lamentação do Nexo Técnico Epide-miológico Previdenciário (NTEP) peloINSS, que permite ao médico peritocaracterizar a relação entre a doençaapresentada pelo empregado e a ati-vidade exercida por ele. Com a mu-dança, o INSS pretende punir commaior rigor e carga fiscal as empre-sas com número alto de acidentes.Elas poderão ter o valor mensal doSAT elevado em até 100%. Já aquelasque cuidam bem da saúde e da segu-rança de seus funcionários podem tera contribuição reduzida em até 50%.

nte hostil desgastam o servidor

já é extremamente desgastante. Apósvárias horas de trabalho nessas con-dições não há eficiência que resista”atesta Cunha.

Segundo o sociólogo Carlos Alber-to Colombo, a tendência históricadominante do Estado brasileiro deimpor uma relação unilateral com osservidores começa a ser questionada,principalmente, por gestores públi-cos que perceberam que não é maispossível manter esse tipo de atitude.Mas ainda há muito que avançar nes-se sentido. “A relação de poder nassessões acaba deixando muito servi-dor doente. Muitos não suportam sercomandados por pessoas não capaci-tadas para exercer o cargo de chefia”,completa João Cunha.

Após os oito meses de afastamen-to, Cunha temeu por sua readaptação.Ele não queria reencontrar um ambi-ente arbitrário e de mão-de-ferro queo fizesse ter de passar novamente porproblemas de saúde. “Não tenhomedo de trabalho, mas o assédio mo-ral baixa a nossa auto-estima”, diz oservidor.

O NTEP tem influência direta noFator Acidentário de Prevenção (FAP),índice regulamentado como novabase de cálculo para o Seguro de Aci-dente de Trabalho, que flexibiliza ovalor do SAT pago mensalmente pe-las empresas sobre a folha de paga-mento. Até hoje, a alíquota do SAT,que varia de 1% a 3%, era definida pelaárea de atuação da companhia.

As regras já estão valendo a par-tir deste ano e a Previdência passaráa cobrar o seguro, levando em con-sideração a freqüência de acidentes,gravidade e o custo do benefíciopara o órgão, a partir 1º de janeirode 2008.

Do ponto de vista do empregado,o NTEP vai corrigir distorções, umavez que muitas empresas relutamem emitir a Comunicação de Aciden-te de Trabalho (CAT) devido às suasconseqüências, como a estabilidadede 12 meses após a alta médica.

Previdência vai punir empresas comgrande número de acidentes de trabalho

Muitos problemasde saúde são originadosna excessiva jornadade trabalho, na disputainterna por poder,gratificações e comissões,e na falta de uma gestãoadministrativa coerente.Tudo agravado pelaconduta arbitráriade muitos dos diretores

*Da Redação.

Luta: Sisejufe está mobilizado pelas 6 horas e contra o assédio moral no Judiciário

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I SLeonardo da Vinci – A exibição de um gênio

A mostra Leonardo da Vinci – A exibição de um gênio conta com um acervo de mais de110 peças que contemplam grande parte das áreas de estudo e trabalho do artista itali-ano. A exposição aborda quase todo o legado davinciano nas áreas da pintura, filosofia,arquitetura, engenharia e anatomia. Devido à rígida legislação que restringe a circula-ção das obras originais, a exposição recria o universo de Da Vinci com trabalhos produ-zidos em território italiano com os recursos da época. Mas a tecnologia está presenteem diversos momentos, como em o “Homem Vitruviano”, em que o princípio da pro-porção divina é recriado em 3D. O mesmo acontece na reprodução da tela “Última Ceia”.A exposição fica no Rio de 8 de agosto a 9 de setembro, na Casa França-Brasil, Rua Vis-conde de Itaboraí, n° 78, Centro. A exposição funciona de segunda a domingo e a entra-da custa R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Guimarães Rosa por Bia Lessa

A exposição Grande Sertão: Veredas é toda construída por palavras e recria oimpacto da leitura de uma das grandes obras da literatura brasileira. O cenárioé composto por entulhos e varais com “bandeiras”, e para compreender o realsentido das inúmeras frases é necessário o uso de uma mira de metal. A mostra,concebida por Bia Lessa, vai muito além do didatismo sobre o escritor e suaobra: o objetivo é fazer com que as pessoas interajam no universo de Guima-rães Rosa. Trechos de Guimarães Rosa estão por toda parte. Para lê-los, porém,os visitantes vão ter que entender o “olhar” da artista. A exposição já foi visita-da por 550 mil pessoas em São Paulo e fica no Rio até 28 de outubro, no Museude Arte Moderna, na avenida Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo.O horário é das 12h às 18h, de terça à sexta-feira, e de 12h às 19h nos sábadose domingos. A bilheteria fecha sempre meia hora antes do encerramento daexposição. O preço é de R$ 5 (inteira) e R$ 2 (meia).

O valor da solidariedadeO Instituto Solidariedade Brasil (ISB) inicia em agosto o ciclo de debates:

“O Valor da Solidariedade”. O foco será a discussão da presença da solidarie-dade em diversas áreas como educação, arte, tecnologia, esporte, filosofia epolítica. O evento vai acontecer no salão nobre do Instituto de Filosofia e Ci-ências Sociais (IFCS) da UFRJ e terá a cada semana a presença de um especia-lista. Participarão personalidades como escritor Frei Betto, o economista Car-los Lessa, o embaixador e secretário-geral do Ministério das Relações Exteri-ores Samuel Pinheiro Guimarães e o coordenador nacional do MST João Pe-dro Stédile. No último encontro, do dia 26 de novembro, o palestrante será opresidente do ISB, o ex-senador Saturnino Braga. Os encontros acontecerãoàs segundas-feiras, às 17h, no IFCS, Largo de São Francisco n° 1, Centro, Riode Janeiro. A programação completa pode ser encontrada na página http://isb.org.br ou pelo telefone: (21) 2517.0554. A entrada é franca.

Dancing Eldorado

Todo glamour do lendário Dancing Eldorado está de volta. A Cia. de Dançado Centro Cultural Carioca reencena em seu palco o célebre espetáculo quemarcou época entre os anos 30 e 60 no Rio de Janeiro. São 12 dançarinos/atores e sete músicos relembrando situações e músicas que fizeram parte dahistória dos costumes cariocas. Hoje, o espetáculo apresenta um retrato maisfeminino e aborda o papel da mulher na sociedade daqueles tempos. O showfica em cartaz aos domingos e segundas-feiras, até o dia 3 de setembro. Osingressos, a R$ 30, podem ser adquiridos na página http://ingresso.com e nasecretaria do Centro Cultural Carioca, rua Sete de Setembro 237, 3° andar,Centro (de segunda a sexta, de 11h às 20h).

Ano II – número 13 – agosto/2007 11http://sisejuferj.org.br

Opinião

ais um ataque ao Poder Judiciá-rio se avizinha. O Poder Execu-tivo, através da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, vem

tentando promover alterações na Leide Execução Fiscal (LEF), que a nossover, estão totalmente equivocadas.Busca-se mais uma vez copiar “osexemplos” dos países ditos adianta-dos, e transformar a cobrança judici-al dos créditos tributários numa co-brança administrativa, eliminando-se,praticamente, a fase judicial. Assim,procuradores da Fazenda acumulari-am a figura de parte e juiz, ao mesmotempo, eliminando-se assim a figurado magistrado; como também se eli-minaria a figura dos Oficiais de Justi-ça, visto que seriam criados cargos deOficiais de Fazenda Pública.

O risco de se mudar, para pior, a LEFOra, é de se perguntar, o que se

faria com toda esta estrutura que foimontada pela Justiça Federal aqui naseção judiciária do Rio de Janeiro, cri-ando-se varas especializadas em exe-cução fiscal, contratando-se funcio-nários e juízes para tal fim? Será queo dinheiro público está sobrando as-sim, para se gastar em vão? Sem con-tar a inconstitucionalidade flagranteque tal projeto carrega em sua es-sência. Quero deixar claro que, nãosou contra a alteração e aperfeiçoa-mento da LEF, mas acredito queesta mudança brusca no modo decobrança, não me parece o mais ra-zoável, tanto para a Justiça Federal,como para a sociedade.

Inúmeras são as vozes que já dis-seram ser contra tal projeto, e aindaassim, o governo insiste em tentar

Execução Fiscal “Administrativa” vem aí para eliminar fase judicial

Marcos André Leite Pereira*

M

*Oficial de JustiçaJustiça Federal de São João de Meriti.

encaminhar tal matéria para discus-são no Congresso, quando o certoseria fazer uma discussão de aperfei-çoamento da cobrança judicial, cominiciativas que já estão em curso,como a virtualização do processo eoutras medidas administrativas, defácil resolução.

Por último, quero lembrar quemais da metade dos mandados, quesão expedidos na JF-RJ, tem origem naexecução fiscal, acarretando assim,em caso de aprovação do projeto,uma perda da importância institu-cional dos setores que estão direta-mente envolvidos com a matéria. Re-flitamos.

Os servidores do Instituto Brasi-leiro do Meio Ambiente e dos Recur-sos Naturais Renováveis (Ibama) es-tiveram em greve de 14 de maio a 18de julho. A paralisação foi motivadapela luta contra a Medida Provisória(MP) 366/07 que visa dividir o contro-le da gestão ambiental brasileira. AMP cria o Instituto Chico Mendes deConservação da Biodiversidade, queficaria responsável pela gestão deunidades de conservação da União.De acordo com Jonas Corrêa, presi-dente da Associação Nacional dosServidores do Ibama (Asibama) ostrabalhadores só retornaram aosseus postos em função do recessoparlamentar.

A MP 366/07 foi aprovada pelaCâmara e no dia 07 de agosto pas-sou pelo plenário do Senado. Agoraresta lutar pelo veto presidencial.

Uma greve em defesa da naturezaA fragmentação do Ibama,

dizem os servidores, poderáelevar os gastos públicos naárea sem melhoria dos servi-ços. Por um lado pode ocor-rer atrasos em licenciamen-tos e, por outro, facilitaçõesde licenciamentos que fe-rem a sustentabilidade am-biental, além de um possí-vel enfraquecimento da fis-calização.

O projeto já sofreu altera-ções em sua passagem pela Câmara,o deputado Ricardo Barros (PP-PR) fezalgumas mudanças ao texto original.Ele inclui como uma das funções doInstituto Chico Mendes a realizaçãode programas de educação ambiental.O relator também promoveu mudan-ças com relação à contratação de pes-

soal por tempo determinado em ca-sos de emergência imprevistos. Deacordo com o texto aprovado, issopoderá ser feito por um prazo que nãosuperior a 180 dias.

Agência Brasil

Em Brasília: marcha do Ibama contra a MP 366/07

Marcelo Casal Jr/ABr

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Nacional Numa República, o único tratamento formal deve ser “senhor”

m 13 de junho, um juiz do Pa-raná desmarcou uma audiênciaporque um trabalhador ruralcompareceu ao fórum de chine-

los, conduta considerada “incompatí-vel com a dignidade do Poder Judiciá-rio”. Não muito antes, policiais doDistrito Federal fizeram requerimen-to para que fossem tratados por “Ex-celência”, tal qual promotores e juí-zes. Há alguns meses, foi noticiadoque outro juiz, este do Rio de Janei-ro, entrou com uma ação judicial paraobrigar o porteiro de seu condomínioresidencial a tratar-lhe por “doutor”.

Tais fatos poderiam apenas soarcomo anedotas ridículas da necessi-dade humana de criar (e pertencer a)castas privilegiadas. No entanto, ospalácios de mármore e vidro da Justi-ça, os altares erguidos nas salas deaudiência para juízes e promotores eo tratamento “Excelentíssimo” dis-pensado às altas autoridades são res-quícios diretos da mal resolvida pro-clamação da República brasileira, quemanteve privilégios monárquicos aosdetentores do poder.

Com efeito, os nobres do Impériocompravam títulos nobiliárquicos apeso de ouro para que, na qualidade debarões e duques, pudessem se aproxi-mar da majestade imperial e divina dafamília real. Com a extinção da monar-quia, a tradição foi mantida por lei, im-pondo-se diferenciado tratamento aos“escolhidos”, como se a respeitabilida-de dos cargos públicos pudesse, numarepública, ser medida pela “excelência”do pronome de tratamento.

Os demais, que deveriam só ser ci-dadãos, mantiveram a única qualida-de que sempre lhes coube: a de súdi-tos (não poderia ser diferente, já quea proclamação não passou de um

movimento da elite, sem nenhumainfluência ou participação popular).Por isso, muitas Excelências exigemtratamento diferenciado também emsua vida privada, no estilo das famo-sas “carteiradas”, sempre precedidasda intimidatória pergunta: “Você sabecom quem está falando?”.

seus advogados persuasivos (muitosdeles são filhos dos próprios julgado-res, garantindo-lhes uma promiscui-dade hereditária), enquanto os chine-los dos trabalhadores honestos sãobarrados. Eles, os chinelos, são ape-nas súditos. O único estabelecimen-to estatal digno deles é a prisão, localem que proliferam.

A tradição monárquica ainda estálonge de sucumbir, pois é respaldadapelo estilo contemporâneo do liberal-consumismo, que valoriza as pessoaspelo que têm, e não pelo que são. Porisso, após quase 120 anos da procla-mação da República, ainda é tão difí-cil perceber que o respeito devido àsautoridades devia ser apenas conse-qüência do equilíbrio e bom sensodos que exercem o poder; que as hon-rarias oficiais só servem para escon-der os ineptos; que, quanto mais in-competente, mais se busca reconhe-cimentos artificiais etc.

Numa verdadeira República, que oBrasil ainda há de um dia fundar, o úni-co tratamento formal possível, desdeo presidente da nação ao mais humil-de trabalhador (ou desempregado),será o de “senhor”, da nossa tradiçãopopular. Os detentores do poder, emvez de ostentar títulos ridículos, terãoo tratamento respeitoso de servidorpúblico, que o são. E que sejam exo-nerados se não forem excelentes!

Seus verdadeiros chefes, cidadãoscom ou sem chinelos, legítimos finan-ciadores de seus salários, terão a dig-nidade promovida com respeito e re-verência, como determina o contratofirmado pela sociedade na Constitui-ção da República.

Abaixo as Excelências!

Chega de Excelências, senhores!Fausto Rodrigues de Lima*

E

Somos, assim, uma República comespírito monárquico. As Excelências,para se diferenciarem dos mortais,ornam-se com imponentes becas etogas, cujo figurino é baseado nasmajestáticas vestimentas reais do pas-sado. Para comparecer à sua presen-ça, o súdito deve se vestir convenien-temente. Se não tiver dinheiro paraisso, que coma brioches, como suge-riu a rainha Maria Antonieta aos esfo-meados que não podiam comprar pãona França do século 18.

Enquanto isso, barões sangram oscofres públicos impunemente. Casoflagrados, por acaso ou por algumainvestigação corajosa, trata a Justiçade soltá-los imediatamente, pois per-tencem ao mesmo clã nobre (não raro,magistrados da alta cúpula judiciáriasão nomeados pelo baronato). Os sa-patos caros dos corruptos têm livretrânsito nos palácios judiciais, com

É fato que a arrogânciahumana não seduz apenasos mandarins estatais.A seleta casta universitá-ria e religiosa mantémigualmente a tradiçãomonárquica das magnifi-cências, santidades,eminências e reverências.Tem até o “Vossa Excelên-cia Reverendíssima” (esseé o cara!)

*Promotor de Justiça do Distrito Federal.

Ano II – número 13 – agosto/2007 13http://sisejuferj.org.br

Nacional Relatos de um fim-de-semana numa zona conflagrada do Rio

O nosso Alemão é mais complexo*Texto e fotosMarcelo Salles**,especial para Idéias em Revista

*Frase de um grafite na entrada do Morro do Alemão.

Continua nas páginas 14 e 15

Os 250 mil moradores do Comple-xo do Alemão, que há tempos sofrema tensão do convívio com o crime or-ganizado a partir do narcotráfico, vi-vem há três meses também sob a mirada polícia. Desde a ação policial de 27de junho, que deixou pelo menos 19mortos, seis equipes da Força Nacio-nal de Segurança cercam as principaisentradas da Grota, Fazendinha, Mor-ro do Alemão e Morro do Alvorada,quatro das 13 favelas do complexo lo-calizado na Zona Norte, em plena Ser-ra da Misericórdia. Os moradores es-tão submetidos a revistas diárias e àdesagradável sensação de ter, vez poroutra, um fuzil apontado em sua di-reção.

Apesar disso, a presença do tráfi-co varejista é constante na vida dosmoradores. A movimentação, em quepese a ação policial, se intensifica nosfinais de semana, quando são negoci-adas, sobretudo, maconha e cocaína.

A uso cada vez maior de drogas ilí-citas, alavancado sobretudo pela clas-se média – sem que exista uma cam-panha formal sobre as conseqüênci-as desse consumo crescente – con-trasta com o aparato que o Estadomobiliza para reprimir a oferta, numadas regiões mais desassistidas da ci-dade do Rio de Janeiro.

Por um fim-de-semana de julho,visitei o Complexo do Alemão eacompanhei o trabalho da ONG Raí-zes em Movimento, que realiza ofi-cinas de capacitação técnica e artís-tica para a comunidade. Em que pesegrande parte dos “soldados” do trá-fico ser de jovens nascidos e criadosna região, a grande maioria dos cida-dãos do lugar busca alternativas devida digna e melhores condições deaprendizado e trabalho. Em outraspalavras, inclusão social. Sem ter queviver na linha de fogo entre crimino-sos e policiais.

Igreja da Penha vista do Morro do Alemão, no alto do qual funciona a ONG Raízes em Movimento

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Ação da polícia é truculentae fora dos limites legais

Todos os relatos dão conta de quea polícia, quando entra, não respeitaos moradores. A abordagem leva a crerque todos são culpados até prova emcontrário. Isto fica claro no depoimen-to de Maria Aparecida, nascida e cria-da na Grota. Esta mulher de 42 anos,desempregada, mora ao lado da casaque foi explodida por uma bomba nodia da operação. Ela contou o que sen-tiu quando a polícia invadiu sua casa:“A gente pedindo pelo amor de Deuspra eles saírem porque aqui tem crian-ça. É perigoso a polícia aqui. E se de-rem tiro pra cá? Já tenho dois tiros nacozinha, também tem dois tiros nomeu banheiro. Aí eles queriam ficaraqui na varanda”. Perguntada se ospoliciais apresentaram alguma docu-mentação, ela sorri ironicamente: “Éruim, hein! Mostrar documento... Éruim, hein! Se pedir documento achoque a gente ganha tapa na cara. É ruimde pedir”.

Outro morador, que pede para seridentificado apenas como Roy, de 41anos, tem opinião parecida. “Quanto àoperação [policial], eu concordo. Mas nãoconcordo com a maneira deles trabalha-rem, que matou muita gente inocente. Sea polícia não mexer, tá tudo bem, maravi-lha. Os meninos querem vender o negó-cio deles. Vendendo o negócio deles, aca-bou, não mexem com ninguém. [No dia27 de junho], a polícia, além de matar ban-dido, matou inocentes, bateram em mu-lher, arrombaram um barzinho de umacolega minha, comeram, beberam tudo,depois foram embora”.

A esmagadora maioria dos depoimen-tos ouvidos pela reportagem foi crítica àação truculenta da polícia. Dentro e forado Complexo do Alemão, a indignação sefaz ouvir. Um exemplo é o manifesto quecirculou na internet contra o modelo deação empreendida pelas forças de seguran-ça, encabeçado por professores universi-tários e juristas que repudiam o caráterbélico de uma política que “criminaliza apobreza”. O que foi amplificado na grandemídia, porém, foi a formulação do presi-dente Lula de que “a bandidagem” não

pode ser tratada com “pétalas de rosa”.Seguindo pela favela Grota se chega,

à esquerda, na subida para o Morro doAlvorada. Para a direita, Morro do Alemão.Na medida em que o visitante sobe, pas-sa por becos e vielas, por vezes tão estrei-tos que só é possível passar uma pessoade cada vez. Não é raro que uma janela doquarto de alguém dê para um beco, o quesignifica que o transeunte está a dois, trêsmetros da intimidade do morador. É co-mum duas ou três vizinhas conversaremsobre o dia-a-dia enquanto preparam oalmoço – cada uma em sua casa.

Do pé ao topo, o Morro do Alemãotem 138 metros de altura. A caminhadaleva de 30 a 50 minutos, dependendo dopreparo físico de cada um. Mas lá emcima a vista compensa. Vê-se a Igreja daPenha, o Maracanã, a Ilha do Fundão, aavenida Brasil e a Baía de Guanabara, eum mar de casinhas de tijolo.

O nosso Alemão é mais complexo

A polícia, quando entra,não respeita osmoradores.Na abordagem,todos são criminososaté prova em contrário

Geral: David, da ONG Raízes em Movimento, é revistado por policial

À esquerda, moradora passadiante de policiais militares na

subida do Morro do Alemão.Ao lado, PMs em formação

de combate. Na outra página,alguns dos grafites feitos nas oficinas

da ONG Raízes em Movimento,presidida pelo estudante

de jornalismo David da Silva.

Fotos: Latuff

Ano II – número 13 – agosto/2007 15http://sisejuferj.org.br

Matança no Rio é três vezes superiora de todos os Estados Unidos

A ação da polícia, em 27 de junho,dificilmente será esquecida. Naquele dia,1.350 policiais, três Caveirões, um heli-cóptero e dezenas de viaturas, foramempregados numa ocupação que resul-tou em, pelo menos, 19 mortos e 60 fe-ridos, no que ficou conhecido no com-plexo como a “Chacina do Alemão”. AForça Nacional de Segurança ainda estácercando as principais entradas 24 ho-ras por dia. O universitário David da Sil-va, 26 anos, é um dos moradores que temde passar diariamente pelo bloqueiopolicial para chegar em casa. Segundoele, o objetivo da polícia é manter osmoradores acuados dentro das favelas.

David critica a mídia que apoiou in-condicionalmente o massacre do dia27 de junho e traça considerações arespeito do sistema dominante.“Quando o cara vê no jornal que mor-reram 20, 40 no Alemão, em Nova Igua-çu, isso choca. Violência, morte, crian-ça no tráfico... Se você for ver, de ummês pra cá tem notícia do Alemão tododia. O sistema está ligado diretamen-te aos meios de comunicação. Todomundo sabe que esse sistema geramiséria, e divulgam essa miséria de for-ma negativa. Por isso é perversa a ma-neira como a mídia está cobrindo. Elesnão mostram que aqui tem gente quepensa, que tem potencial, porque issovolta contra o projeto deles”, afirmaDavid, que mora bem próximo a umadas salas do Grupo Raízes em Movi-mento, entidade que promove oficinasde grafite, fotografia, tecelagem e vio-lão para os moradores da região.

Se considerarmos todo o período daocupação, desde 2 de maio, o número

de mortos chega a 44 e o de feridos a 78– muitos dos quais sem envolvimentocom o tráfico varejista. Entretanto, al-guns moradores relataram casos de de-saparecimentos não computados nasestatísticas do governo estadual. Duran-te o percurso pela favela, foi possívelconstatar as marcas da violência: inúme-ras paredes estão cravejadas de tiros e aesmagadora maioria dos moradorescondena a ação da polícia.

De acordo com dados do Instituto deSegurança Pública do RJ, órgão vincula-do à Secretaria de Segurança Pública, aPM matou 449 pessoas entre janeiro eabril deste ano. São 36,4% mais mortesdo que no mesmo período do ano pas-sado (329). Se considerarmos todo o anode 2006, chegamos a 1.063 mortes, oque torna a polícia do Rio mais letal doque todas as polícias dos EUA, que ma-taram, no mesmo período, 341 pesso-as. Outro dado relevante e que compro-va a violência policial no Estado é quepara cada grupo de 41 pessoas mortaspelas forças de segurança, morre umpolicial. A proporção é quatro vezes mai-or que a média internacional.

A socióloga Vera Malaguti, secretária-

geral do Instituto Carioca de Criminolo-gia, questiona essa política de seguran-ça pública que vem sendo aprofundadano Rio de Janeiro. “Não diminui o crime,nem o consumo de drogas. Então, qualo sentido disso? O que está em jogo ago-ra é matar por matar, porque os indica-dores não mostram melhora. A eficáciaé a truculência por si só”, afirmou.

David: “O sistema geramiséria e divulga amiséria de formanegativa. Por isso éperversa a maneira comoa mídia está cobrindo.Não mostram que aquitem gente que pensa,que tem potencial...”

** Marcelo Salles é jornalista, editordo site e do jornal Fazendo Media.

Para cada grupo de 41pessoas mortas pelasforças de segurança,morre um policial. Aproporção é quatro vezesmaior que a médiainternacional

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As origens dos sindicatos no BHelder Molina*

Este artigo analisará o nas-cimento das idéias e das orga-nizações sindicais no Brasil,desde a virada do século XIXpara o XX, período em que sedeu a transição do trabalho es-cravo ao trabalho assalariado– capitalista – no Brasil. Anali-saremos o processo de cons-trução dos sindicatos, na Re-pública Velha, o sindicalismono período Vargas, o surgi-mento do Novo Sindicalismo eos desafios e problemas atuaisenfrentados pelo sindicalismocontemporâneo.

História é conhecimento do passa-do, das nossas raízes, tradições e he-ranças. O estudo da História possibi-lita a compreensão do presente econstrução de um projeto de futuro.A classe operária, seu surgimento e opróprio conceito, é produto de umprocesso de formação histórica, noqual é preciso considerar as circuns-tâncias, a cultura, as tradições. A ges-tação, nascimento e consolidação daclasse operária em dado lugar, se dáa partir de seus interesses concretos,de suas tradições e cultura, de seusvalores, das circunstâncias reais.

A classe trabalhadora é produtodas contradições geradas pelo capi-talismo, da expropriação da força detrabalho do trabalhador, da explora-ção de classe, da violência física emoral imprimida pelos patrões, paraproduzir lucros e acumular riquezas.No Brasil, a classe operária, depois asoutras classes trabalhadoras, surgiucom o final da escravidão, no perío-do pós 1880, e depois com a aboliçãoda escravatura e o surgimento do tra-balho assalariado, em fábricas, em lar-ga escala, no século XX.

O início do século – O predomínio daslideranças anarco-sindicalistas

socialistas e comunistas

A influência dasexperiências européiasentre os trabalhadoresvieram com a chegadade muitos estrangeiros,que eram trabalhadoresqualificados e artesãos.Houve um predomíniodos anarquistas no iníciodo século XX, que foidecisivo para o nascimentodo movimento operárioorganizado no Brasil.Quem eram osanarco-sindicalistas? Erammilitantes operários queprocuravam (e procuram),a partir das lutas sindicais,derrubar o regimecapitalista, o Estado e todaforma de opressão

O pensamento anarquista se origi-na na Itália, Espanha e França. Eles sóreconhecem a autoridade de uma as-sembléia. Recusam todo poder dele-gado, toda representação que retiredo trabalhador a autonomia de deci-dir e se auto-organizar. Recusam ecombatem toda forma de organiza-ção centralizada. Nos sindicatos elespriorizam o trabalho no campo daeducação e das atividades culturais,

com isso buscam despertar os traba-lhadores não somente para a luta porseus interesses específicos, mas paraa transformação radical da sociedade.Diferentes dos trabalhadores que vi-savam apenas a defesa coletiva deseus interesses, contra a exploraçãodo trabalho.

As concepções que fundaramo sindicalismo brasileiro

Em 1908 é criada a ConfederaçãoOperária Brasileira (COB) que reuniacerca de 50 associações de classe dasprincipais cidades brasileiras: Rio, SãoPaulo, Salvador, Recife – as com mai-or números de operários fabris. Rea-lizam campanhas contra as arbitrari-edades policiais, organizam fundos emobilizações de solidariedade às lu-

Ano II – número 13 – agosto/2007

rasil – Da escravidão ao salário

tas em outros países, a operários emgreve, a operários estrangeiros expul-sos. Essas lutas se materializam ematos públicos, passeatas e manifesta-ções. Os anarco-sindicalistas são lai-cos e anti-religiosos, e combatem ainfluência do clero nos assuntos polí-ticos e do Estado, principalmente asassociações clericais e suas práticasassistencialistas e beneficentes.

Outra concepção importante era ados comunistas, principalmente apósa Revolução Russa de 1917, que influ-enciou o movimento operário mundi-al, juntando as idéias de Karl Marx(pensador e militante comunista ale-mão) às idéias operárias contra o ca-pitalismo. A fundação do Partido Co-munista Brasileiro (PCB), em 1922, foio ponto alto da herança comunista e

*Historiador, assessor de formaçãoda CUT-RJ e professor do curso

Marxismos do Sisejufe.

de sua presença no movimento sindi-cal nas primeiras décadas do capita-lismo brasileiro.

Os socialistas também foram im-portantes, pois entendiam que a or-ganização de sindicatos e de grevesdeviam ser associadas às lutas pelaparticipação eleitoral e parlamentar,para transformar o Estado numa pers-pectiva de atender aos interesses his-tóricos e imediatos das massas traba-lhadoras. Outra corrente importanteno início do século foi a dos trabalhis-tas, que lutavam na defesa dos inte-resses dos operários, com objetivosde melhorar as condições de vida dostrabalhadores e de conquista e garan-tia dos direitos.

Os primeiros 30 anos foram de

intensas lutas e enfrentamentos. ARepública no Brasil foi construídadesrespeitando e agredindo violen-tamente o povo trabalhador. As eli-tes escravocratas, que tiveram defechar as senzalas, transferiram aexploração para o chão da fábrica,continuaram com a mentalidadeescravista, sem garantir direitos,considerando os trabalhadores sim-ples objetos de produção e instru-mentos de lucros.

No próximo artigo, o contextoeconômico-político e a construçãodos movimentos sociais no Brasil.

18 Ano II – número 13 – agosto/2007http://sisejuferj.org.br

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T A Tem loira

no samba(e no jongo,

forró,maxixe,afoxé...)

pai é Fluminense, ela Flamen-go. A mãe é escritora, ela com-põe. O irmão desenha, ela tocacavaquinho. A irmã é Portela,

ela Mangueira. Ela é a cantora e com-positora Roberta Nistra, 28 anos,autêntica representante da nova ge-ração de sambistas surgida na Lapa nosúltimos anos. Caçula da família, nasci-da e criada em Vila Isabel, Roberta tor-nou-se conhecida no mundo do sam-ba ao freqüentar rodas famosas comoa de Clóvis Sete Cordas, seu padrinhomusical, na Penha Circular; se apresen-tar por um ano com Moreira da Silva,quando tinha apenas 18 anos; e defen-der samba-enredo de Jamelão no anoem que o tema foi “Chico Buarque daMangueira”. Roberta é de 18 de outu-bro de 1979, traz na tez a ascendência

européia e na alma a brasilidade sin-crética de uma filha de Ewá – orixá fe-minina da beleza e dos mistérios, detudo o que é inexplorado.

A cantora é figura constante noBotequim do Sisejufe, integrando oo Batifundo (Clarice Magalhães, PedroHolanda e Marcelo Mattos) ou comseus convidados. Na festa junina, porexemplo, Roberta apresentou ritmosregionais como forró, jongo e coco.Quem não viu, vai ter uma nova opor-tunidade em agosto: ela comanda aNoite da Gafieira no 7º Botequim (vejaanúncio na contracapa). Idéias emRevista foi conversar com a artista emseu território: um bar em Santa Tere-sa. Já no início, o bate-papo foi inter-rompido por um fã: Dudu Guerra, téc-nico de som que já tinha a contratadopara um show, parou para cumpri-mentá-la. “A Roberta faz um som har-

mônico, de qualidade e competente”,derreteu-se. Um som referenciado emnomes como Clara Nunes, Paulinho daViola e Zeca Pagodinho. As amplasinfluências da cantora e compositoravão de Beth Carvalho e Moacyr Luz aDélcio Carvalho e Arlindo Cruz. DeClóvis Sete Cordas a Monarco e Dar-cy da Mangueira. De Wilson das Ne-ves a Luiz Carlos da Vila.

Preparando-se para gravar o pri-meiro CD, “que vai alavancar o traba-lho”, Roberta, que é mãe do pequenoArtur, de 1 ano e 2 meses, fala nestaentrevista do início da sua carreira, desuas principais referências musicais,critica a Ordem dos Músicos e a ex-ploração que os artistas sofrem naLapa, comenta sobre a nova cena dosamba e analisa as belezas e as maze-las do Rio e do Brasil.

O

*Da Redação.

Texto e fotosHenri Figueiredo*

Ano II – número 13 – agosto/2007 19http://sisejuferj.org.br

IDÉIAS EM REVISTA – Com 18 anos,você já estava no palco com um mes-tre como o Moreira da Silva. Esse foio seu batismo de fogo?ROBERTA – Foi o primeiro show im-portante que eu fiz. Eu freqüentavauma roda de samba na Penha Circulare fiquei amiga do Clóvis Sete Cordas.Era na Rua Aurora com a Rua Indíge-na. Foi o Clóvis quem me chamou pratocar numa temporada que o Morei-ra fez no teatro João Caetano. Depoisdisso ainda me apresentei cerca deum ano com o Moreira.

IDÉIAS EM REVISTA – Como foi o seucontato com a música na infância?ROBERTA – Cresci ouvindo de tudo.Do brega à Clara Nunes. Ouvi muitorádio, mas principalmente os discosde vinil de meu pai e de minha mãe.Quando criança eu tive um pianinho,no qual tirava música de ouvido. Mi-nha mãe via que eu gostava muito demúsica e temia que eu não estudas-se. Eu aproveitava qualquer oportu-nidade para tocar. Meu primeiro vi-olão veio parar na minha mão que-brado, eu consertei e fiquei lá enlou-quecendo toda a casa até aprender.Eu tinha uns 13 anos e aprendi nasrevistinhas com cifras e com os ami-gos que já tocavam.

IDÉIAS EM REVISTA – Hoje você vivede música?ROBERTA – Vivo. Desde os 23 anos.Teve um momento que eu vi que nãodava mais pra conciliar o trabalho as-salariado com o trabalho na noite. Jáfui frentista de posto de gasolina narua Pereira de Siqueira, na Tijuca.Também já trabalhei em lanchonetee lojas de roupas, entre outras coisasmais. Teve uma hora que não deu praconciliar.

IDÉIAS EM REVISTA – A sua chegadana Lapa coincidiu com o surgimentoda nova geração de sambistas...ROBERTA – Foi um pouco antes.Quando surgiu a cena, eu já moravana Lapa. O Bar Semente tinha samba,com a Teresa Cristina, tinha o Empó-rio 100, na Rua do Lavradio, e o Arcoda Velha. Eu não tocava em nenhumdesses lugares. Aí comecei a fazeruma roda de samba no bar do seuCláudio, que depois cresceu. As pes-soas com as quais eu toco hoje, co-nheci na Lapa. A roda que fazíamos noboteco do seu Cláudio era informal,tocávamos porque queríamos, não ti-nha grana. Essa roda ficou conhecidae passaram nomes como Beth Carva-lho, Monarco, a Velha Guarda da Por-tela inteira...

IDÉIAS EM REVISTA – Na sua opiniãoo samba tem ganho espaço entre ajuventude, ou sempre despertou omesmo interesse?ROBERTA – O samba ganhou espaço.

De uns cinco anos pra cá eu sinto isso,e coincide com a renovação da Lapa.Antes ainda, aqui em Santa Teresa,teve a roda de samba do Sobrenatu-ral que atraiu muita gente jovem, tam-bém por ser de graça. O Rio estavasem lugares para esse tipo de encon-tro, abertos. Havia muito forró e boa-te e o samba, com essas rodas aber-tas, democratizou a coisa. Sem falarque o samba é da identidade do Rio,faz parte da personalidade do carioca.

IDÉIAS EM REVISTA – Mas nem tudosão flores, não é? Quais são as difi-culdades?ROBERTA – A Ordem dos Músicos,por exemplo, não funciona. Não aju-da o músico em nada e só atrapalha.Tem também a incerteza em relaçãoà aposentadoria. Nesse ponto, a artetem uma nebulosidade, uma coisaque não garante nada para o profissi-onal. Nas casas de samba a gente tocapelo couvert ou então por um cachêfixo. A Ordem dos Músicos não está

“O Brasil abraçou suaidentidade. Há um tempotudo o que vinha de foraera melhor. Hoje perceboum orgulho pelo que ébrasileiro. (...) O Brasiltem coisas que muitagente quer, a começarpela água, pelos recursosnaturais, pelo espaço.”

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ali para fiscalizar essas coisas. Essaincerteza e o mercado volúvel (temperíodos em que se trabalha mais,outros menos) cria dificuldades. Mui-ta gente acha que o músico não é umtrabalhador, que o cara está ali ape-nas se divertindo. O mercado explo-ra, não existem linhas de crédito, amaioria da categoria é autodidata, ouseja, não tem uma formação superiorem música e, além disso tudo, aindarola a maior fogueira das vaidades. Eo ministro da Cultura é músico né? Elebem que podia ter resolvido pelomenos a questão da Ordem.

IDÉIAS EM REVISTA – Você acha quehá exploração nas casas da Lapa?ROBERTA – Muita exploração. E ascasas não param de abrir porque seganha muito dinheiro e se ganha tam-bém em cima dos músicos. E a gentenão tem como fazer nada porque sãoos lugares que há para a gente traba-lhar. Nem todas as casas exploram,mas a maioria explora sim.

IDÉIAS EM REVISTA – Qual o teu sen-timento hoje em relação ao Rio deJaneiro de 2007?ROBERTA – Eu sou carioca convicta,gosto daqui, não tenho como morarfora do Brasil, do Rio e, especialmen-te, de Santa Teresa. As mazelas exis-

tem em todo lugar, em graus diferen-tes. Acho que é conseqüência decomo a sociedade se organizou. Háuma luta histórica nossa contra o pre-conceito, em geral, com mulher, comnegro, com religião – em função daintolerância religiosa. Acho que aguerra do tráfico já saiu do controle.E a gente sabe o quanto a polícia tam-bém está envolvida nisso. [O tráfico]Movimenta muito dinheiro e tem ra-mificações na política. Vamos ficarassistindo a tudo a não ser que todosse organizem pra pôr um fim nessasituação. É preciso ir pra rua, se ma-nifestar e agir contra a ditadura que amídia impõe, do consumo, de um pa-drão de beleza inalcançável que nãocondiz nem com a etnia predominan-te aqui do Rio. Todo mundo louro deolho azul...

IDÉIAS EM REVISTA – Aliás, você éloura e de olhos verdes... você já sesentiu mais incluída, ou excluída,por causa disso?Roberta – (risos) Tem isso sim, alémdo que o palco é afrodisíaco. Temquem goste do meu som e comente“e ainda é branquinha” (risos). Mas emalguns lugares do samba já se deu opreconceito também: “O que essa

mulher, branca, acha que está fazen-do aqui? Samba?”.

IDÉIAS EM REVISTA – E como vocêtem visto o Brasil?ROBERTA – Eu acho que o Brasil abra-çou a sua identidade. Há um tempoatrás tudo o que vinha de fora eramelhor. Hoje eu percebo um orgulhomaior pelo que é brasileiro. O Brasiltem coisas que muita gente quer, a co-meçar pela água, pelos recursos na-turais, pelo espaço. Hoje em dia aspessoas vivem desinteressadamente,pensando em si, sem se dar conta dovalor deste país. Quando essa menta-lidade mudar, naturalmente as coisasvão se consertar.

IDÉIAS EM REVISTA – O que você temouvido hoje?ROBERTA – Mônica Salmaso, nos dis-cos Trampolim e Iaiá. Tenho ouvidotambém o Acústico MTV do João Bos-co – que é muito bom. De música es-trangeira eu tenho até vergonha defalar porque eu gosto de brega... (ri-sos) Na infância eu ouvia Carpenterse ouço até hoje. Me amarro. (risos)

Cavaquinista como omestre Paulinho,

Roberta Nistra foilançada aos 18 anos em

shows com Moreira daSilva e deixa evidente a

influência de ClaraNunes na sua música.Apesar do talento, játeve de ouvir: “o queessa branca acha que

está fazendo? Samba?”

Influências: Paulinho, Moreira e Clara Nunes

Ano II – número 13 – agosto/2007 21http://sisejuferj.org.br

Meio Ambiente Novas posturas e práticas para alimentar sonhos

urante a ECO-92 no Rio de Ja-neiro, 1,6 mil cientistas entreos quais havia 102 Prêmio No-bel de 70 países lançaram o

documento Apelo dos cientistas do mun-do à humanidade. Aí diziam: “Os sereshumanos e o mundo natural seguemuma trajetória de colisão. As ativida-des humanas desprezam violenta-mente e, às vezes, de forma irreversí-vel o meio ambiente e os recursos vi-tais. Urge mudanças fundamentais sequisermos evitar a colisão que o atu-al rumo nos conduz”. Foi uma voz pro-nunciada no deserto. Mas agora, nocontexto atual, quando os dados em-píricos apontam as graves ameaçasque pesam sobre o sistema da vida,elas ganham atualidade. Não convémmenosprezar o valor daquele apelo.

Podemos alimentar duas atitudesface à crise ecológica: apontar os er-ros cometidos no passado que nos le-varam à presente situação ou resga-tar os valores, os sonhos e as experi-ências que deixamos para trás e quepodem ser úteis para a invençãodo novo. Prefiro esta segundaatitude. Por isso, importa fazeruma reescritura do momentopresente, elencando maisque aprofundando dez pon-tos cruciais.

O primeiro é res-gatar o princípio dare-ligação: todos os se-res, especialmente, osvivos, são interde-pendentes e são ex-pressão da vitalida-de do Todo que é osistema-Terra. Porisso todos temos umdestino comparti-lhado e comum.

Dez pontos cruciais para reescrever o presenteLeonardo Boff* O segundo é reconhecer que a Terra

é finita, um sistema fechado como umanave espacial, com recursos escassos.

O terceiro é entender que a susten-tabilidade global só será garantidamediante o respeito aos ciclos natu-rais, consumindo com racionalidade osrecursos não renováveis e dar tempo ànatureza para regenerar os renováveis.

O quarto é o valor da biodiversi-dade, pois é ela que garante a vidacomo um todo, pois propicia a coo-peração de todos com todos em vistada sobrevivência comum.

O quinto é o valor das diferençasculturais, pois todas elas mostram aversatilidade da essência humana enos enriquecem a todos, pois tudo nohumano é complementar.

O sexto é exigir que a ciência sefaça com consciência e seja submeti-

Dda a critérios éticos para que suas con-quistas beneficiam mais à vida e à hu-manidade que ao mercado.

O sétimo é superar o pensamentoúnico da ciência e valorizar os sabe-res cotidianos, das culturas originári-as e do mundo agrário porque ajudamna busca de soluções globais.

O oitavo é valorizar as virtualida-des contidas no pequeno e no quevem de baixo, pois nelas podem estarcontidas soluções globais, bem expli-cadas pelo efeito borboleta.

O nono é dar centralidade à eqüi-dade e ao bem comum, pois as con-quistas humanas devem beneficiar atodos e não como atualmente, a ape-nas 18% da humanidade.

O décimo, o mais importante, éresgatar os direitos do coração, os afe-tos e a razão cordial que foram rele-gados pelo modelo racionalista e éonde reside o nicho dos valores.

Estes pontos representam visões hu-manas que não podem ser desperdi-

çadas, pois incorporam valores quepoderão alimentar novos sonhos,nutrir nosso imaginário e princi-palmente fomentar práticas al-ternativas. Somos seres que es-quecem e recordam e que sem-pre podem resgatar o que não

pôde ter oportunidade nopassado e dar-lhe agorachance de realização. Por aí,

quem sabe, encontraremosuma saída para a crucificante

crise atual.

*Escritor e teólogo.Artigo originalmente

publicado pelaAgência Carta Maior.Townofbeloit.org/earth.tif

22 Ano II – número 13 – agosto/2007http://sisejuferj.org.br

cozinha por 15 anos, na Gávea, e porum período, com carteira assinada,como arrumadeira em um apart-hotel.Pagava religiosamente seu aluguel emNova Iguaçu até que o desemprego,que já dura 13 anos, desestabilizou suavida ao ponto de ter de morar debaixodas marquises da Avenida Presidente

Vargas, com as crianças. “Pelo menosagora estamos protegidos da chuva edo frio. E os meninos têm o que co-mer “, relata Regina, coordenadora dacozinha e responsável por fazer asmais de 70 refeições diárias.

Já com Luís Carlos, tudo mudou

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L Trezentas pessoas ocupam préd

Carlos Marighella foi um dosmaiores símbolos da luta políticacontra a ditadura iniciada no país

com o golpe militar de 1964. De mi-litante a um dos líderes do PartidoComunista Brasileiro (PCB), fundoua organização clandestina AliançaLibertadora Nacional (ALN) e instau-rou a guerrilha urbana, no períodomais violento da história contempo-rânea do Brasil, os chamados “anosde chumbo” (1964 a 1979). Conside-rado o “inimigo número 1 da dita-dura”, foi perseguido, preso váriasvezes e torturado barbaramente.Filho de imigrante italiano e de umanegra baiana, ligou-se cedo à vidapolítica no PCB. Foi eleito deputa-do federal pela Bahia, em 1946, masperdeu o mandato em 1948 com acassação do registro do PCB. Após

o golpe de 1964, Marighella rece-beu voz de prisão dentro de umcinema no Rio: reagiu, foi baleado,espancado e preso. Liberado em1965, por decisão judicial, escre-veu Por que Resisti à Prisão, expon-do com detalhes sua prisão, suavisão sobre a situação brasileira e,de encontro ao pensamento dopartido, defendendo avidamente aluta armada. Escreveu, pouco an-tes de morrer, o Pequeno Manual doGuerreiro Urbano – uma explicaçãosobre guerrilhas. Em 4 de novembrode 1969 foi assassinado a tirosnuma emboscada policial, no cru-zamento das Alamedas Lorena eCasabranca, em São Paulo.

Inspirador da ocupação foi morto pela ditadura

Marighella: ex-deputado e guerrilheiro

Texto e fotosMax Leone*

Coordenação: Josefa de Oliveira, Pedro Costa, Katia Ribeiro e Josué de Araújo

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Cerca de 65 famílias, compelo menos 33 crianças, ocu-pam desde o dia 30 de junho oprédio 48 da Rua do Riachue-lo, no Centro do Rio. O imóvelé de propriedade do Instituto

Nacional do Seguro Social (INSS) e estavaabandonado e se deteriorando há anos,sem luz nem água. O edifício, de 13 an-dares, que fica no coração da Lapa entrea Rua do Lavradio e a Avenida GomesFreire, já foi invadido outras vezes, em1998 e 2003. A ex-diarista Regina Áu-rea, de 47 anos, e o ex-balconista LuísCarlos Santos, de 31 anos, são dois dosintegrantes do contingente de 300 pes-soas da Ocupação Carlos Marighella, or-ganizada pelo Movimento dos Traba-lhadores Sem-Teto (MTST) no Rio.

Regina levava uma vida normalcom o filho de 11 anos e a neta de ape-nas quatro. Trabalhou como auxiliar de

Ano II – número 13 – agosto/2007 23http://sisejuferj.org.br

dio abandonado do INSS na Lapapara pior em menos de três meses.Morador de um antigo casarão quepegou fogo na Rua Alexandre Ma-ckenzie, no Centro, em abril, ele per-deu tudo o que tinha. E para comple-tar, há um mês ficou desempregado.“Fiquei um mês na casa de um conhe-cido e depois sem ter para onde ir”,conta o ex-balconista.

A luta é por inclusão social

Regina e Luís Carlos foram parar naOcupação Carlos Marighella pelocomprometimento com o MTST, pormeio do setor de Frente de Massas(FM), que prevê não só lutar por umamoradia para os participantes mastambém propiciar formação política,inclusão social e educação com a rea-lização de cursos e oficinas realizadospelas várias entidades que apóiam omovimento. Sindicatos parceiros,ONGs, associações de moradores dãosuporte fazendo doações de alimen-tos, roupas e remédios.

“Não temos uma política de ocu-par por ocupar. Nosso projeto vempor etapas. Primeiro escolhendo umlugar para ocupar. Depois implantan-do ações pedagógicas e de formaçãoprofissional”, explicam Pedro Costa eJosué de Araújo, ambos do coletivo decoordenação da Ocupação CarlosMarighella, ressaltando que a luta doMTST é por “reforma urbana, habita-ção e socialismo democrático”.

A Ocupação Carlos Marighella pri-ma pela organização. Quem participatem tarefas a cumprir. Num primeiromomento os ocupantes preenchemuma ficha de identificação com todosos dados. De acordo com os coorde-nadores do movimento, isso servirápara uma possível oficialização deposse dos imóveis. Os participantessão divididos em núcleos de trabalho:portaria, infra-estrutura, alimentação,ciranda infantil, segurança e saúde.

Todos fazem revezamento nos gru-pos. O café da manhã, o almoço e ajanta acontecem com hora marcada.Primeiro comem as crianças e depoisé a vez dos adultos. Tudo na maiororganização.

O MTST quer ver implantado umprograma habitacional que não ex-clua os trabalhadores que não conse-guem comprovar renda, pois muitossão camelôs, autônomos e diaristas.Os coordenadores lembram que logono primeiro dia de ocupação tiveramproblemas com a Polícia Militar. Atu-almente a situação parece calma, masnem por isso o clima deixa de ser me-nos tenso. Há o medo de uma reaçãotruculenta dos policiais. Pedro contaque como o imóvel é de uma órgão fe-deral eles receberam a “visita” de umpolicial federal para fazer levantamen-to de quantas pessoas estavam no pré-dio da Rua do Riachuelo. A batalha pelaposse do imóvel segue na Justiça.

“Entramos com ação de posse naJustiça, tendo em vista que o imóvelestava destinado para moradia popu-lar. Mas até agora o INSS não se pro-nunciou a respeito”, explica a tambémcoordenadora Kátia da Silva Ribeiro. Ofato é que a Ocupação Carlos Marighe-lla para Regina e Luís Carlos tem sido aporta aberta para uma nova perspecti-va. “Se não fosse o movimento, eu es-taria na rua”, admite Luís Carlos.

Outra tentativa de ocupação ocor-reu em um prédio do Ministério dosTransportes, nos números 4 e 6 da RuaPrimeiro de Março, no Centro. Mas omovimento durou pouco e os ocupan-tes, ligados aos camelôs, acabaramexpulsos de lá. Para evitar que o imó-vel fosse ocupado novamente as por-tas foram soldadas e as fechaduras re-forçadas com correntes e cadeados.

Protegidas: Regina e a neta na cozinha

Opção: fora do MTST, Luís estaria na rua

Rua Primeiro de Março: prédio trancado*Da Redação.

24 Ano II – número 13 – agosto/2007http://sisejuferj.org.br

T E I A D E I D É I A S

O Núcleo de Pessoas com Defici-ência do Sisejufe recomenda o AssimVivemos – 3º Festival Internacional deFilmes sobre Deficiência, que chegaà sua terceira edição. Os 34 filmes se-lecionados formam um impressionan-te mosaico em que a tônica são os di-ferentes exemplos de vida indepen-dente e de inserção social bem-suce-dida. São demonstrações de como asquestões relativas às pessoas com de-ficiência são tratadas nas diversas so-

Assim vivemos no Rio e em Brasíliapara pessoas com deficiência visual;legendas descritivas inclusive nos fil-mes brasileiros, para pessoas com de-ficiência auditiva; acessos adaptadospara cadeirantes; intérpretes de LI-BRAS nos quatro debates; e catálogosem braille. O festival acontece de 7 a19 de agosto de 2007 no Rio de Ja-neiro e de 18 a 30 de setembro de2007 em Brasília, no Centro CulturalBanco do Brasil. A entrada é franca.(Da Redação)

Estou empolgado com o movimen-to “Cansei”, “que pretende expor a in-dignação dos brasileiros em relaçãoà crise aérea, a violência e outros pro-blemas do País”. Nasce da aliança en-tre o presidente da OAB de São Pau-lo, Luis Flavio Borges D’Urso, e do “or-ganizador de eventos” João Dória Jr.,aquele rapazola de cabelo engomadoque consegue obrigar a fina flor doempresariado a vestir os trajes de In-diana Jones para participar de tertúli-as promovidas em lugares aprazíveis.Representantes da Fiesp e da Associa-ção Comercial de São Paulo compare-ceram ao lançamento do movimento(...) na sede da OAB paulista. Ah, a in-dignação dos nossos graúdos... Não se

Cansei

Há mais mistérios no nosso Brasil do que possa expli-car a vã filosofia da fina-flor do jornalismo nativo. Os re-acionários do Brasil, em larga parte concentrados emSão Paulo, e representados à perfeição pela dita grandeimprensa, e pela mídia em geral, malham Lula de sol asol. Aí vêm os resultados das pesquisas, a mais recentea da Folha de S.Paulo: o presidente da República conti-nua a ter o mesmo apoio de sempre, mesmo depois doacidente de Congonhas, explorado de todos os ângulose com todos os temperos, no estilo Montanha dos Sete

Mistérios

indignaram com a criação de um Esta-do que pretendia ser liberal sem sê-lo eda construção de uma democracia sempovo. Não se indignam com o fato deque apenas 5% da população brasileiraganhe de oitocentos reais para cima.Impassíveis, transitam diante das fave-

Abutres. Talvez seja esta a verdadeira tragédia vividapelos nossos perdigueiros da informação. Quem aindanão assistiu a Montanha dos Sete Abutres quem sabe de-vesse sair à procura, em vídeo teria de existir. É um fil-me antigo, com Kirk Douglas, dirigido por Billy Wil-der, um grande do cinema. Tem mais de 50 anos, qua-se 60, mas é excelente metáfora do jornalismo sem es-crúpulos. A nossa mídia pertence ao gênero, mas écada vez menor. (Do mesmo Mino Carta, em 6 de agos-to, no Blog do Mino).

las na cidade que ostenta a maior frotade helicópteros do mundo. Ou, por ou-tra, não se indignam com seu própriocomportamento, anos, décadas, sécu-los afora. (Mino Carta, jornalista cria-dor de Veja, IstoÉ e atual diretor deCarta Capital, em 26 de julho).

ciedades: com suas diferentes cultu-ras, costumes e legislações. São, so-bretudo, demonstrações de comosempre é possível e necessário que-brar barreiras, preconceitos e paradig-mas. A novidade desta edição será apresença, no festival, de realizadorese personagens de alguns dos filmesexibidos. O festival Assim Vivemosterá audiodescrição transmitida parafones, feita ao vivo por dois atores emtodas as sessões, na sala de cinema,

Ano II – número 13 – agosto/2007 25http://sisejuferj.org.br

Missa e passeata marcam 14 anosda Chacina da Candelária

Senhores de engenhodo século XXI

do Sul, de Mi-nas Gerais,estados pre-tensamentemais evoluí-dos do pontode vista tra-balhista e so-cial. Nestanova atua-lização dalista, fo-ram incluídas duas em-presas de móveis exportadoras, trêssiderúrgicas, uma empresa de cimen-to e também o ex-governador de Goi-ás, Agenor Rodrigues Rezende, pro-prietário da fazenda São Marcos. To-dos os trabalhadores em situação de

O trabalho escravo ainda não éuma página virada na história do Bra-sil. Em julho, o Ministério do Traba-lho e Emprego (MTE) divulgou o ca-dastro atualizado de empregadoresque utilizam mão-de-obra em situa-ção semelhante à de escravos. Conhe-cida como “lista suja”, o cadastroaponta que em 16 estados do país,192 empregadores se apropriam dotrabalho alheio como verdadeiros se-nhores de engenho do século XXI. Otrabalho escravo está concentradonas regiões de fronteira agrícola noCerrado e na Amazônia, sendo utili-zado para derrubar florestas que dãolugar a empreendimentos agropecu-ários. Mas existe também em São Pau-lo, de Santa Catarina, do Rio Grande

escravidão apresentados na “lista su-ja” foram libertados. Os grupos mó-veis de fiscalização do governo fede-ral já resgataram quase 26 mil traba-lhadores desde 1995. (Fonte: Radioa-gência NP, VM)

A população do Rio não dei-xou passar em branco o dia que

completou os 14 anos da Chacina daCandelária. Em 23 de julho, missa e

passeata lembraram a todo o país o hor-ror que foi aquela madrugada em 1993. Cen-

tenas de pessoas assistiram à missa na Igrejada Candelária em memória das vítimas da chaci-

na. Em seguida, empunhando faixas e cartazes deprotestos, um grupo seguiu em passeata pela Avenida

Rio Branco até a Cinelândia. O ato também serviu de pro-testo contra a medida que tramita no Congresso Nacional

em favor da redução da maioridade penal. Diversas entidadesligadas aos direitos humanos preparam um mandado de segu-

rança para tentar barrar a tramitação do projeto.Em julho de 1993, oito adolescentes foram mortos enquanto

dormiam sob uma marquise próxima à Candelária. Um dos sobrevi-ventes daquela chacina foi Sandro do Nascimento, que no ano 2000

seqüestrou o ônibus 174. Neste episódio, a ação desastrada da polí-cia resultou na morte de Sandro e da professora Geísa Firmo Gonçal-

ves, que era feita refém. (Texto e foto de Max Leone, da Redação)

26 Ano II – número 13 – agosto/2007http://sisejuferj.org.br

Um fato importante na Amé-rica Latina, praticamente ig-norado pela mídia conserva-dora, foi a realização, de 26 a30 de março, da III CúpulaContinental de Povos e Naci-

onalidades Indígenas da Abya Yala, adenominação na língua maia da Amé-rica Latina, realizada na Guatemala.No local sagrado dos maias, as repre-sentações indígenas reafirmaram umasérie de bandeiras de luta no sentidode tornar a Abya Yala, ou seja, a Amé-rica Latina “uma terra cheia de vida”.

Na declaração final da III Cúpula,os indígenas assinalam que “vivemosséculos de colonização, e hoje a im-posição de políticas neoliberais, cha-mada de globalização, que continuamlevando ao saque de nossos territórios,apoderando-se de todos os espaços emeios de vida dos povos indígenas, cau-sando a degradação da Mãe Natureza,a pobreza e migração pela sistemáticaintervenção na soberania dos povos porempresas transnacionais na cumplicida-de com os governos”.

Na III Cúpula Continental dos po-vos indígenas foi constituída a Coor-denadoria Continental das Nacio-nalidades e Povos Indígenas da AbyaYala (América Latina) que terá inúme-ros desafios pela frente, entre osquais, “o de responsabilizar os go-vernos pelo permanente despojo dosterritórios e a extinção dos povosindígenas do continente, a partir depráticas impunes de genocídio dastransnacionais, bem como pela pou-ca vontade das Nações Unidas em vi-abilizar a Declaração dos Povos Indí-

genas e por não garantir o respeitopleno da Declaração Universal dosDireitos Humanos”.

Entre as ações recomendadas pelaIII Cúpula vale assinalar o da luta pelademocratização da comunicação e aimplementação de políticas públicasque contemplem disposições especí-ficas para os povos indígenas e o im-pulso da interculturalidade. Ou seja,

os povos indígenas da Abya Yala es-tão efetivamente integrados na lutade libertação dos povos da AméricaLatina, algo irreversível, quer queiramou não o conservadorismo e a estra-tégia do Departamento de Estadonorte-americano, que ainda imaginaser o continente um mero quintal oupátio traseiro de Washington.

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L Povos nativos revelam

Xamã: cerimônia do fogo durante a cúpula da Abya Yala. Abaixo, símbolos do encontro indíg

Mario Augusto Jakobskind*

*Jornalista.

Jorge Carrillo Guadalupe - http://ecuador.indymedia.org/images/2004/07/6102.jpg

Ano II – número 13 – agosto/2007 27http://sisejuferj.org.br

m uma América vívida

gena

Já que o tema é manipulação ousilêncio da mídia conservadora,vale informar um fato que dábem o panorama da realidadeatual no país de George W. Bush.Uma família da Califórnia apre-sentou uma demanda civil con-tra funcionários estadunidensespor terem eles detido uma crian-ça de 7 anos durante mais de dezhoras. A história é a seguinte:Kebin Reyes estava dormindoquando funcionários da imigra-ção entraram em sua casa a for-ça. Era uma operação truculen-ta contra imigrantes. O meninoe o pai foram levados a um cen-tro de detenção em São Francis-co. Os dois ficaram num quartoe receberam de comida um pãocom maionese e água. De nadaadiantou o fato de o pai ter mos-trado o passaporte estaduniden-se do filho. Prevaleceu a trucu-lência, tipo de ação muito co-mum nos EUA de uns tempos

para cá. Kebin guarda seqüelaspsicológicas até hoje, menos dedois meses depois da detençãoilegal e arbitrária.

Querem mais exemplos de trucu-lência do esquema Bush contra imi-grantes e negros? Em Atlanta, doispoliciais se declararam culpados porterem matado a tiros uma senhora,afro-estadunidense, de 92 anos. Avítima, Kathryn Johnston, segundose alegou, teria disparado contra ospoliciais, tão logo estes entrarama força em sua casa. Um dos poli-ciais admitiu que com base namentira foi obtida a ordem de fa-zer a operação que resultou na mor-te da anciã. Os policiais devem sercondenados e o caso está sendo en-carado apenas como um fato isola-do e exorbitância de poder dos re-feridos tiras. Pergunta-se: se Ka-thryn Johnston em vez de negra fos-se branca anglo-saxã teria sido víti-ma de tamanha violência? (MAJ)

Racismo e truculênciapolicial nos EUA

Os indígenas da Abya Yala estão integradosna luta de libertação da América Latina, algoirreversível, queiram ou não o conservadorismoe o Departamento de Estado norte-americano,que ainda imaginam ser o continente um mero quintalou pátio traseiro de Washington.

Foto: Internet

EUA: protesto contra a separação de KebinReys de seu pai, um imigrante latino

28 Ano II – número 13 – agosto/2007http://sisejuferj.org.br

– Pai, é possível fabricar um herói?– Claro que sim.– Como é que se faz?Basta usar a imaginação, que natu-

ralmente os heróis nascem. Arrume-se, pois sua mãe já está pronta.

Chegaram ao clube e tudo estavamuito colorido e bonito. Pessoas feli-zes dançavam e elogiavam bastantenosso herói.

De repente apareceu no meio damultidão um bandido perseguindouma jovem e bela garota. Num instan-te nosso aventureiro já estava com adonzela em seus braços a protegen-do do bandoleiro que, ao vê-lo, sóteve a opção de fugir para o meio dosalão. Um homem de terno branco ebengala veio ao seu encontro e, apóscumprimentá-lo pela sua coragem,agradeceu-lhe por ter salvo sua filha.

– Meu nobre cavalheiro, sou DomAntônio, fidalgo espanhol, o nomeiomeu comandante-geral e lhe concedoesta medalha de bravura. Peço-lheque faças companhia para minha filha.

Saíram juntos a bailar felizes. Elagostou muito de sua roupa de vaquei-ro. Ele sentiu-se logo apaixonado porsua bailarina.

A multidão estava barulhenta, poiso touro havia se soltado e ameaçava atodos. Ele colocou sua amada em se-gurança, próxima ao palhaço, e par-tiu para arena desafiando o animal.Com o seu chapéu como se fosse umacapa vermelha, partiu para o duelo. O

touro teve muita sorte pois neste exa-to momento seu pai o chamou paracomer pipocas e beber guaraná comsua mãe, a bailarina e o pai dela, DomAntônio.

Era muita luz, pessoas de todos ostipos, piratas feiosos, soldados roma-nos, marinheiros, índios e muita ga-rota bonita. Viu uma mulata, próximoda orquestra, e ela requebrava tantoque parecia que ia quebrar as cadei-ras. Lembrou-se de sua amada, quepoderia ser aprisionada pelos guerrei-ros africanos. O tambor da florestadeu-lhe o sinal de alerta. Largou seurefrigerante, pegou sua princesa esaiu a pular e a protegê-la dos perigosda floresta negra.

A felicidade irradiava-se por todos

Oficina Literária Peripécias de um pequeno herói pelo salão

Eduardo NevesAmericano do Brasil*

os lados juntamente com os perigosque ele afastava de sua rainha. Eramuito bom ser herói e ter uma joveme bela garota para proteger. Olhoupara sua amiga e disse-lhe: “Eu a ama-rei para sempre. Farei de você a sobe-rana de meu reino. Como prova demeu sentimento, dou-lhe esta figuri-nha carimbada do Ronaldinho”.

– Puxa! Estou emocionada. Aceitoser sua namorada. Quero uma fotosua para colocar no meu diário.

Saíram de mãos dadas muito feli-zes.

– Filho, a matinê está acabando.Amanhã tem mais. Despeça-se de suaamiguinha.

Trocaram juras eternas e combina-ram namorar para sempre, até o fimdo carnaval.

*Analista Judiciário.

FantasiasFantasias

Ano II – número 13 – agosto/2007 29http://sisejuferj.org.br

figura de um Palácio envolve aconstrução de uma fortaleza numlugar mais elevado, com a cidadeem volta. Esta é a figura da pólis

grega. Este centro murado, centralizado.A arquitetura veiculada ao poder.

Da formação das cidades gregas da-mos um salto no tempo e cá estamos,na fundação da cidade de São Sebasti-ão do Rio de Janeiro, em 1565, no Mor-ro Cara de Cão. Dois anos depois já erapequeno para abrigar tanta gente. Acidade se mudou para o Morro do Cas-telo. Sua inclinação favorecia o escoa-mento dos detritos. Jogava-se lixo narua e a chuva levava encosta abaixo.

Nem bem chegamos ao terceiroparágrafo e já estamos no início doséculo XX. O Engenheiro Pereira Pas-sos recebe a missão de modernizar,sanear e embelezar a cidade do Rio deJaneiro. O ano é 1905 e são péssimasas condições sanitárias da cidade:doenças, pestes e epidemias. O mar-co principal desta intervenção urba-na é a abertura da Avenida Central.Para manter o traçado da grande ave-nida reto, 641 imóveis são varridos domapa, desabrigando cerca de 3800pessoas, e são demolidas partes dosmorros do Castelo e São Bento.

Um século depois, a Avenida Centralresponde pelo nome de Avenida RioBranco, quase todas as suas construçõesvão abaixo para dar lugar a espigões.

Eis que estamos frente a frente como Engenhão, uma fortaleza de concre-to construída para os jogos Pan-Ame-ricanos de 2007, abrigando graças esem-graças. Alegria de políticos, em-preiteiras, construtoras. E espanto dos

excluídos, dos que ficam sempre àmargem, moradores assustados oudeslumbrados com este “Castelo deSonhos”. A epidemia de hoje chama-se violência. E daqui a alguns anos, seráo Engenhão um legado ou um giganteabandonado? O tempo dirá.

O tempo disse que abrimos estra-das, avenidas, todas largas, para osestrangeiros. São varridos sem dó osque se encontram no caminho. O tem-po disse que nós nos achamos sem-pre muito modernos. Temos a petu-lância da primazia dos vivos de nosauto-intitularmos “contemporâne-

Pan Novas obras podem se tornar legado ou gigantes abandonados

Engenhão, engenheiro ou engenhoca?

A

O tempo disse quedestruímos o queconstruímos coma mesma facilidadecom que o abandonamose que modernizar nãotem sido florescer

os”, ignorando os mortos e os que nossucederão, roubando-nos o título.

O tempo disse que destruímos oque construímos com a mesma facili-dade com que o abandonamos e quemodernizar não tem sido florescer.Nichos modernos são como prótesesdestoadas do que as circunda.

Que a cidade do Rio de Janeiroaproveite os restos desta festa: o Es-tádio Olímpico João Havelange, osComplexos Esportivos de Deodoro ea Cidade dos Esportes, no Autódro-mo, e a reforma do Complexo Espor-tivo do Maracanã e do Estádio deRemo da Lagoa. São benefícios queficarão à nossa disposição depois dosJogos Panamericanos, que tivemos ahonra de sediar. Vamos torcer.

Genilson

Araújo/A

gência O

Glob

o

Engenhão: alegria de empreiteiras ou promessa de dias mais felizes para todos

*Coordenadora do Setor Educativodo Centro Cultural Justiça Federal, anti-

ga sede do Supremo Tribunal Federal,prédio histórico inaugurado em 1905,na reforma do Prefeito Pereira Passos.

Glória Horta*

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