ano i – número 2 – abril/2006 -...

28
Ano I – número 2 – Abril/2006 1 MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Upload: ngobao

Post on 07-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 1MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Page 2: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de
Page 3: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Editorial Idéias em Revista: participativa e aberta a todos

PARTICIPE da Idéias em Revista! Mande sua colaboração para [email protected]

Filiado à FENAJUFE e à CUT

SEDE: Avenida Presidente Vargas, 509/11ºandar - Centro - Rio de Janeiro-RJCEP 20071-003

TEL./FAX: (21) 2232-1004PORTAL: http://sisejuferj.org.brENDEREÇO: [email protected]

DIRETORIA: André Gustavo Souza Silveira daSilva, David Batista Cordeiro da Silva, Dulavimde Oliveira Lima Júnior, Flávio Braga Prieto daSilva, João Ronaldo Mac-Cormick da Costa,Leonor da Silva Mendonça, Lucilene Lima Araújode Jesus, Márcio de Souza Marques, MárcioHungerbühler, Nilton Alves Pinheiro, Otton Cid daConceição, Penélope Diniz BittencourtNepomuceno, Renato Gonçalves da Silva, Ricardode Azevedo Soares, Roberto Ponciano Gomes deSouza Júnior e Valter Nogueira Alves.

IDÉIAS EM REVISTAJORNALISTA RESPONSÁVEL:

Mário Augusto Jakobskind (Mtb 15.150)

REDAÇÃO e REVISÃO:Max Leone (Mtb 18.091)

PROJETO GRÁFICO e DIAGRAMAÇÃO:Claudio Camillo (Mtb 20.478)

ILUSTRAÇÃO:Latuff

IMPRESSÃO:PALAVRAS PINTADAS Editora e Gráfica Ltda

(7.000 exemplares)

As matérias assinadas são de

responsabilidade exclusiva dos autores.

Plano de Cargos e Salários 2

Jornada de 6 horas 6

A alma dos sonhos 7

Sobre as origens da Capoeira 8

Só de sacanagem 9

III Encontro de Comunicação 10

Na Mira das Minas 12

Software Livre 14

Nossa História 16

Festival Internacional de Cinema

Feminino 17

Carajás – 10 anos de impunidade 18

Greenpeace protesta contra entrada de soja na

Europa 19

O impedimento de Lula 20

Direita mostra as suas garras 21

V Encontro de luta contra a Alca 22

Bolívia entra numa nova etapa 23

Quem tem medo da reforma agrária? 24

ocê é daquele que acredita em mídia“independente”? Em “imparcialidade”da imprensa? Em informação “isen-ta”? Desculpe, caro leitor, mas,

malgrado sua idade, ainda que você tenha40, 50, ou 80 anos, devemos dizer que oamigo chegou a esta idade acreditando emcoelhinho da páscoa, papai noel, e boitatá.

Até a década de 50, as pessoas sabiamque todos os jornais eram partidários dealguma idéia, ainda que não pertences-sem a determinado partido político. Houvejornais republicanos, monarquistas,abolicionistas, socialistas, comunistas,fascistas. Com o desenvolvimento do capi-talismo, passou-se a idéia de que a mídiahavia se profissionalizado e criado uma“imprensa livre”, para gerar uma opiniãopública manipulada.

Hoje, com certeza, 85% das pessoasacreditam nestes mitos. Uma mentira ditamilhares de vezes se torna uma verdade eos leitores passaram a acreditar na “impar-cialidade da imprensa” e na “neutralidadeda informação”. Assim foi possível consoli-dar certas verdades absolutas como: “fun-cionário público é o mal do país, um bandode vagabundos” ou, “a privatização é umanecessidade para o avanço do país” ou, “aculpa do crescimento da violência no Riode Janeiro foi do Brizola”, ou “só diminuin-do os direitos dos trabalhadores é possíveltornar um país competitivo”, ou ainda “adefesa dos interesses nacionais é algoatrasado”. Era necessário se fazer acredi-tar que havia jornalistas “independentes”,para que essas mentiras ganhassem aresde verdades definitivas.

Antes como agora, os jornais são veícu-

los de manipulação de informação e, des-de a escolha da notícia, à maneira comoela é veiculada, tudo é feito para iludir oleitor e criar a idéia de uma “verdade uni-versal”... Universal de quem? Do dono dosjornais e dos patrocinadores.

Então, sempre tente ver o que há portrás das notícias, que interesses manipu-lam a informação.

O suicídio de Vargas, por exemplo, foiprecedido de uma campanha de difama-ção, dos setores anti nacionalistas que nãose conformavam com a Petrobras, os mes-mos que derrubaram João Goulart. Duran-te a ditadura militar, a revista Veja, as Orga-nizações Globo, a Folha, o Estadão, o JB, aIsto É prestaram serviços relevantes aoentreguismo, como apoiar o “milagre brasi-leiro” e só se converteram à campanha dasDiretas Já quando a ditadura estava no fim.

Que interesses há por trás de campa-nhas sórdidas contra governos defensoresde seus povos, como Chávez e EvoMorales? Que grupos seriam beneficia-dos? A campanha pelo impecheament deLula? Quem ganharia? Foi o governo deFHC menos corrupto? Houve a mesmaintensidade no ataque a escândalos comoas privatizações ou o Proer?

A imprensa livre quando os jornalõessão grandes empresas capitalistas patroci-nados por multinacionais e a TV é mono-polizada por cinco ou seis famílias?

Duvide, questione. Jornais não sãoinformação livre, são veículos de opiniãoe (de)formação. Somente com uma vi-são mais profunda de a quem serve ainformação se pode filtrar o que se en-contra por trás da notícia

A mídia partidária e a democratizaçãodos meios de comunicação

V

Page 4: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

4 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

PCS PCS aprovado na íntegra em sessão da CFT

oi uma luta, uma batalha, que,por conta da garra, da deter-minação e de uma estratégiade negociação inteligente e

equilibrada, a categoria do Judiciá-rio, liderada pela FENAJUFE e seussindicatos, o SISEJUFE aqui no Rio,saiu vitoriosa. Pouca gente sabe,mas o PCS correu riscos e sérios denão ser aprovado pela Comissão deFinanças e Tributação (CFT), no dia17 de maio. Enquanto a categoriafazia greve em todo o país para ga-rantir a força de negociação de nos-sos representantes, nos bastidorestrava-se uma verdadeira guerra pelaaprovação do plano.

O resultado da sessão da comissãorepresenta mais uma vitória da campa-

Orientação e estratégia da FENAJUFE, em termos nacionais, e do SISEJUFE, no Riode Janeiro, levam à aprovação do PCS

nha nacional da categoria. Por amplamaioria, os deputados da CFT votaram afavor do projeto e reafirmaram a impor-tância desta conquista para os servido-res do Judiário Federal. O funcionalismotem que comemorar, mas com a certezade que a luta ainda não acabou. Agora épreciso garantir o fechamento das ne-gociações para a implementação daprimeira parcela do PCS ainda este ano.Para que isso ocorra é preciso manter amobilização e não esmorecer.

O texto do PCS foi aprovado comalterações. O novo documento pas-sou por mudanças significativas an-tes de ir à votação, com dois gran-des avanços e pelo menos um retro-cesso. As principais modificaçõessão: a GAJ, a GAE e a GAS não serãomais parceladas, só o vencimentobásico (avanço em relação ao pri-meiro texto); os oficiais de justiçaoptarão pela GAE ou pela FC5, o quefor maior, até a integralização doprojeto (outro avanço); e o projetonão será necessariamente pago emjunho de 2006, janeiro de 2007,janeiro de 2008, mas em três exer-cícios, com o primeiro pagamentono mês da aprovação (retrocessoem relação ao primeiro relatório)

F

É a vitória da greve, do piquete,

“O funcionalismotem que comemorar, mascom a certeza de que aluta ainda não acabou”

Page 5: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 5MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

a véspera da votação, dia 16 demaio, a FENAJUFE se reuniu com apresidente do Supremo TribunalFederal (STF), ministra EllenGracie, e teve dela o apoio para se

manter na luta pelo projeto, inclusivecom a promessa do abono dos dias para-dos na greve. A ministra detalhou que ogoverno havia garantido R$ 500 milhões(informação não oficial e não confirmadapelo Executivo) para a implementaçãoimediata do projeto. Segundo ela, o Exe-cutivo havia pedido ao Judiciário que orestante do plano fosse patrocinado porverba do próprio Judiciário este ano, oque não foi aceito pela ministra.

Na reunião com o Executivo, repre-sentantes da casa civil, o governo en-dureceu a negociação e pediu o adi-amento da votação, ameaçando, inclu-sive, tirar o projeto de pauta, para que,em dez dias, fosse apresentada umanova proposta. A federação não acei-tou o pedido e manteve a disposição

de lutar no dia seguinte, 17 de maio,para a aprovação do projeto.

Num encontro com os diretores daFENAJUFE, o relator do projeto, depu-tado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA),disse ter recebido um pedido do gover-no para retirar o projeto de pauta e,além de um telefonema da ministraEllen Gracie para a manutenção do pro-jeto na pauta. A estratégia da categoria,então, foi bancar a votação na CFT, atépara que os canais de negociação como Executivo, para a implementação dorestante da verba, fossem abertos. Aestratégia se mostrou vencedora devi-do à força da categoria, que em todo oBrasil estava em greve. A mobilizaçãoserviu para pressionar os deputados avotar favoravelmente ao projeto. E foio que aconteceu.

Com isto o canal de negociação foiampliado. No mesmo dia da votaçãona CFT, houve um encontro com o vice-presidente da República, José Alencar,

que colocou-se à disposição para facili-tar uma rápida negociação da verbaque falta para implementação imedia-ta do projeto. Esta reunião demons-trou a força e o prestígio de nosso mo-vimento e indicou que agora a Federa-ção tem condições de negociar direta-mente o projeto. Posteriormente, emaudiência com diretores daFENAJUFE, Alencar manifestou-sefavorável à revisão do PCS.

Diante do quadro, o ComandoNacional de Greve decidiu suspen-der temporariamente a greve, espe-rando o prazo de 10 dias dado pelogoverno para a elaboração de umaproposta de implementação. Mas sedentro deste prazo o governo nãoapresentar uma propostasatisfatória, a categoria voltará à gre-ve. Permanecemos, todavia, mobiliza-dos e em estado de greve para a qual-quer momento retomarmos a cargapela aprovação de nosso projeto

N

da mobilização da categoria

Page 6: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

6 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

esmo com o adiamento da vota-ção do projeto do nosso PCS, quesaiu da pauta do dia 10 de maioda Comissão de Finanças e Tribu-

tação (CFT) da Câmara, os servidoresda Justiça Federal no Rio não esmore-ceram. A categoria continuou mobili-zada e manteve a greve para pressionaros deputados a aprovarem o plano.

A força da nossa luta foi mantidadepois da suspensão da votação. No

luta pela aprovação do Planode Cargos e Salários (PCS) vemdemonstrando que só é possí-vel alcançarmos nossos objeti-

vos com muita união e mobilização.Os servidores do Judiciário Federaldo Rio de Janeiro e de todo o paíssão exemplo de dedicação e partici-pação no movimento nacional pelaaprovação do PL 5.845/05, quereestrutura o PCS da categoria.

As discussões nos locais de traba-lho, as paralisações de 24 horas e 48horas feitas ao longo dos meses deabril e de maio, a passeata que le-vou cerca de 400 servidores às ruasdo Centro, da Candelária àCinelândia, no dia 27 de abril, de-ram grande resultado. Indicaram aogoverno federal toda a insatisfação ea disposição de luta da categoria,até o momento, para conseguiraprovar o projeto do PCS.

A greve de 48 horas, nos dias 2 e3 de maio no Rio, mais a pressãodos servidores na Câmara dos Depu-tados tiveram como resultado oagendamento do projeto na pautada Comissão de Finanças e Tributa-ção (CFT). O SISEJUFE-RJ teve papelde destaque nessa pressão, ao ter oencontro com o presidente da CFT,deputado Moreira Franco, que na

ocasião se comprometeu com o sin-dicato a colocar o projeto na pauta.Ao final do movimento no dia 3, acategoria avaliou que era necessáriocontinuar mobilizada realizandoparalisações nos locais de trabalho.No dia 5, o parecer favorável ao PL5.845 é publicado na página da Câ-mara. O ponto alto da nossa dispo-sição pôde ser visto no dia 9 demaio, quando uma nova passeatalotou a Avenida Rio Branco. Além de

mais de 600 pessoas terem partici-pado da caminhada, pelo menosoito cartórios do Centro ficaram fe-chados e com os funcionários ade-rindo à passeata.

Em todo o Brasil, os servidoresdo Judiciário Federal mostraramseriedade no encaminhamento daluta para conquistar o PCS. Elesseguiram a orientação daFENAJUFE de manter amobilização sempre que preciso

dia 12 de maio, por exemplo, ofórum da Justiça Federal da AvenidaVenezuela fez um mutirão, passandoem todos os cartórios, para reiniciara greve nodia 15. Já na JF Rio Branco,mais de 60 servidores participaramde uma assembléia ao final da parali-sação de duas horas comandada pelonosso sindicato. Vários cartórios fica-ram com balcão fechado. A decisãoda assembléia foi taxativa: manter o

A

M

Servidores mostramdeterminação na luta pelo PCS

Adiamento da votação não enfraqueceu movimento nacionalindicativo de paralisação antes davotação na CFT.

Foi uma verdadeira lição demobilização dos servidores do Rio.Liderados pela direção doSISEJUFE-RJ, todos os fóruns da ca-pital participaram da greve de algu-ma maneira, seja com greve, sejacom paralisação, seja com mutirão,seja com assembléias. Todos envia-ram servidores à passeata

Mariana (TRF), Ponciano (SISEJUFE-RJ), Moisés (TRE), Vera Lúcia (Fenajufe) e Francisco deSouza (Núcleo de Aposentados) com o deputado Moreira Franco em Brasília.

Page 7: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 7MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

TA B E L A D E E S C A L O N A M E N T O D O P C S

Page 8: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

8 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Jornada de 6 horas A vida deveria ser duas: uma para ser ensaiada, outra para ser vivida

vida deveria ser duas, uma paraser ensaiada, outra para ser vivi-da”. Esta frase escrita em ummuro é maravilhosa, mas, infe-

lizmente não é real. A vida é apenasuma. Há uma maldição no gênesis:“Ganharás tua vida com o suor do teurosto”. E parece que a humanidadelevou a sério o texto, e não se empe-nha em transformar a terra no Éden,num lugar ideal para se viver. KarlMarx, em um de seus trabalhos maisbrilhantes, dizia que a sociedadechama de trabalho apenas uma par-cela ínfima da vida humana. Reduzassim a possibilidade do homemviver e se realizar. Desde pequenossomos educados para sermos máqui-nas responsáveis e autômatas quedêem respostas eficazes quandoacionados para trabalharmos.

Por isso, que o melhor trabalha-dor é o que menos contesta. No itemeficiência sempre está pressupostoque o trabalhador mais capaz é o queseja menos humano, que não res-ponde às ordens absurdas, que pro-duz sem reclamar, por mais monóto-no que seja o serviço, que não atra-palhe o sagrado altar da produção.

Chaplin em seu maravilhoso “Tem-pos Modernos” retrata o trabalhadorcivilizado quase como um robô. O

mesmo magnífico pensador cunhou afrase: “Não sois máquinas, homens é oque sois”. Em nome da eficiência máxi-ma e do lucro total, 50 milhões de pes-soas morreram na 2ª Grande Guerra,onde eficientes máquinas modernas dematar mostraram a que ponto pode sechegar o descalabro humano de traba-lhar sem pensar. Por mais que se es-queça, o trabalhador é, antes de tudo,um ser humano. Com anseios, triste-zas, privações, alegrias e com umaperspectiva de vida pequena e única.É necessário e lógico gastar oito horasdo dia dentro de um ambiente de tra-balho fechado, com o grau de produti-vidade a que chegou a sociedade capi-talista? E a resposta, vista de qualquerângulo é sempre: não.

Por mais que haja trabalhadoresdoentes e neuróticos capazes de atéquerer que a jornada seja aumentadapara 10, 12 ou 14 horas (pessoas infe-lizmente vazias, solitárias, sem vidaprópria e sem alegria), a grande verda-de é que a produtividade atual do tra-balho nos indica uma jornadamáxima de seis horas diária.Em seis horas de trabalho é possívelproduzir em qualquer ramo que seja,o mesmo que em oito horas e commuito mais eficiência.

Assim, os acidentes de trabalho, as

Reduzir a Jornada para Prolongar a Vida

lesões por esforço repetitivo diminu-em, como também se reduz a necessi-dade de descanso durante o expedi-ente. Sem contar que aumenta o po-der de concentração no trabalho.

A diminuição da jornada nos darámais horas de luz do sol, mais horascom a família, de lazer e de estudo e,até para os neuróticos por trabalho,mais horas para eles trabalharem emoutro serviço e se esquecerem davida fria e vazia que levam.

Diminuição da jornada de trabalhopara seis horas por dia sem redução desalário. Um direito pelo qual vale àpena lutar. E é bom lembrar que aolutarmos por esta emancipação departe de nossa vida do julgo do traba-lho compulsivo, estamos lutando tam-bém pelos nossos companheiros de-sempregados, a diminuição da jornadade trabalho obriga as empresas a con-tratarem mais funcionários para cobri-rem seu expediente (principalmente asfábricas e as prestadoras de serviço).Ajuda também a diminuir o impactodo desemprego que assola nosso país.

Não ao prolongamento inútil e de-sumano das horas de trabalho, pelajornada humanista de seis horas diárias!

“A

Roberto Ponciano*

(*)Diretor do SISEJUFE/RJ

Page 9: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 9MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

e a amargura, o rancor, o pessi-mismo, a raiva ou qualquer ou-tro sentimento desprezível nosapossar, o corpo responderá

sob forma de dores e doenças.Entretanto, se faz necessário dife-

renciar o corpo do espírito. Enquan-to o primeiro pede apenas alimentomaterial para crescer, locomover-se eevoluir, o segundo se nutre dos valo-res morais. Neste contexto é precisoapartar o corpo do espírito, compre-endendo que o sonho é a parte no-bre da alma, alimento do espírito.As atitudes impensadas da mentecriam idéias doentias que invalidama defesa do espírito, cedendo espaçopara a manifestação do estresse e dafrustração. O espírito, saudavelmen-te nutrido, gera poderes capazes decriar paz, prazer e equilíbrio para ocorpo todos os dias.

Nossas vidas são compostas depequenas vitórias diárias. Se apren-dermos comemorá-las diariamente,com certeza dominaremos as peque-nas derrotas que as rondam.

A alma dos sonhos

Por esta razão não se pode perdera crença nos sonhos, que, como sa-bemos, alimentam nossa esperança econcretizam nossos ideais. Hoje emdia, profissionalmente falando, te-mos que criar e recriar, e, neste con-texto abstrato, a imaginação é o so-nho lógico. Nossa organização socialsó valoriza as coisas que provocamimpacto, reconhecidas pela mídia, e,conseqüentemente, aceitas pelaspessoas. Isto reflete a sensível carên-cia de auto-estima de toda a humani-dade, que, pensando estar se auto-afirmando perante a sociedade, vaiperdendo a essência da própria alma.

Poucos são os que percebem a suaprópria despersonalização resultantedo inconsciente coletivo doconsumismo. Neste contexto a reali-dade brutal da sobrevivência, comouma lufada, varre nossos sonhos res-tando apenas a lucidez lógica.

É preciso construir a sua própriahistória não permitindo seduzir-sepela trajetória de outros. Crie a suaprópria trilha. Assim como as pesso-

A alma dos sonhos

Para ser feliz é preciso, dentre outras coisas, possuir sonhosno coração.O Universo nos dá oportunidade de sermos felizes. A felicidadepara ser desfrutada em sua plenitude deve ser compartilhadacom nossos semelhantes. O sonho é parte da alma, que,essência da existência, assim como uma criança, carece deeducação, vigilância e cuidados específicos, necessitando debons sentimentos para proporcionar a paz como recompensa.

as extraordinárias, incomuns e apai-xonadas pelo que fazem, faça comque seus problemas não interfiramno seu objetivo primordial do prazer.Faça como os campeões que lutampor metas. Sua concentração, assimcomo as metas dos campeões, é ofruto materializado do sonho que lheremete ao júbilo da realização dosseus objetivos.

Nossas emoções estão semprenos colocando em situações, que,muitas vezes, confundem nossas to-madas de decisões. Talvez por isso,devamos encarar nosso trabalho comprazer, não o separando da diversão,pois estaremos nos divertindo en-quanto labutamos. Somente a menteemocionalmente estabilizada é ca-paz de conciliar com serenidade talcomportamento. E ela, a mente, comcerteza estará envolta em sonhos edesejos profundos de amor.

Não perca seus sonhos!

(*)Diretor do SISEJUFE/RJ

Márcio de Souza Marques (*)

S

Arte O universo nos dá a oportunidade de sermos felizes

Page 10: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

10 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

ão sabemos ao certo a origem daCapoeira. Alguns pesquisadoresacreditam que tenha vindo da Áfri-ca. Outros, entre os quais me in-

cluo, afirmam ter sido criada no Brasilpelos escravos na sua luta pela liberda-de. Estudos científicos, como o clínico“Capoeira Angola – Ensaios –Etnográfico” (Rego, 1968), procuramcomprovar que ela é brasileira. Até por-que nem um pesquisador conseguiu en-contrar nada de concreto que levasse acrer que a Capoeira fosse africana.

O que se sabe é que na África existia“O Jogo de Zebra”, ou N’Golo. Uma dan-ça que era praticada com bastante vio-lência. Esse jogo fazia parte de um ritualde passagem da infância para a vida adul-ta onde os negros lutavam em um pe-queno recinto e os vencedores poderiamdesposar as meninas da tribo, que fica-vam “mocinhas”, sem o pagamento dosdotes tradicionais.

Alguns historiadores alegam que o

Arte Os negros estão brincando de Angola

Sobre as origens da Capoeiragrande motivo pelo qual não consegui-mos provas documentais para resolver apolêmica se a Capoeira é africana ou bra-sileira, é o fato de Rui Barbosa, entãoministro da Fazenda do governo deDeodoro da Fonseca, ter mandado quei-mar todos os documentos com relação àescravidão no Brasil. Ato que praticou di-zendo ser necessário para apagar da me-mória da nação o fato ter sido anos antes,escravocrata. No entanto, sabemos haveroutras razões. Dentre elas, evitar o paga-mento de indenizações aos senhores deengenho e aos escravos libertos.

Os negros vindos para o Brasil eramde todas as partes da África. Principalmen-

te de Angola, onde os negros Bantos, di-ziam-se mais fortes e, por isto teriam maisaproveitamento no trabalho. Esses ne-gros deram origem à Capoeira, de nomeCapoeira de Angola.

A Capoeira é, portanto, uma lutadisfarçada em dança que foi criada na eracolonial do Brasil por volta do século XVII.Essa luta foi desenvolvida pelos escravospara se safarem, quando fugiam, das cap-turas violentas e cruéis dos chamadoscapitães do mato.

O nome “CAPOEIRA” deu-se em fun-ção do seguinte: os escravos ao fugirempara as matas, tinham em seus encalçosesses famigerados capitães do mato, en-viados pelos senhores; os escravos emfuga reagiam e os atacavam, nas clareirasde mato ralo, cujo nome é capoeira, compés, mãos e cabeça, dando-lhes surras ouaté mesmo matando-os. Os que sobrevi-viam voltavam para os seus patrões in-dignados. Estes perguntavam: “Cadê osnegros?” e a resposta era: “Eles nos pe-garam na capoeira”. Referindo-se ao lo-cal onde foram vencidos.

A Capoeira no meio das matasera praticada como luta mortal. Jánas fazendas, virava brinquedo ino-fensivo, pois ela estava sendo feitasob os olhares dos senhores de en-genho. Naquele momento se trans-formou em dança. Para disfarçarema luta utilizavam a ginga, a base dequalquer “capoeirista”; e é nela quesaem todos os golpes. Esse disfar-ce foi fundamental para a sobrevi-vência dos escravos, pois a Capoei-ra é principalmente, na sua origem,uma luta de resistência.

O nome Capoeira de Angolasurgiu quando os senhoresflagravam os negros jogando eperguntavam: “O que estão fazen-do?”. Os negros estão brincandode Angola, respondiam

Roberta Nistra*

N

“A Capoeira no meiodas matas era praticada comoluta mortal. Já nas fazendas,virava brinquedo inofensivo,pois ela estava sendo feitasob os olhares dos senhores deengenho”

(*) Grupo Batifundo

Reprodução

Page 11: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 11MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Arte Meu coração está aos pulos!

eu coração está aos pulos!Quantas vezes minha esperançaserá posta à prova? Por quantasprovas terá ela que passar?

Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecasque voam entupidas de dinheiro, do meudinheiro, que reservo duramente pra edu-car os meninos mais pobres que eu, paracuidar gratuitamente da saúde deles e dosseus pais, esse dinheiro viaja na bagagemda impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu ra-paz, minha confiança vai ser posta àprova? Quantas vezes minha esperan-ça vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existempra aperfeiçoar o aprendiz, mas não écerto que a mentira dos maus brasilei-ros, venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz ésimples, regada ao conselho simplesde meu pai, minha mãe, minha avó eos justos que os precederam: “Nãoroubarás”, “Devolva o lápis do cole-guinha”, “Esse apontador não é seu,minha filhinha”.

Ao invés disso, tanta coisa nojenta etorpe tenho tido que escutar. Atéhabeas corpus preventivo, coisa daqual nunca tinha visto falar e sobre oqual minha pobre lógica ainda insis-te: esse é o tipo de benefício que sóao culpado interessará.

Pois bem, se mexeram comigo, coma velha e fiel fé do meu povo sofrido,então agora eu vou sacanear: maishonesta ainda vou ficar. Só desacanagem!

Dirão: “Deixa de ser boba, desdeCabral que aqui todo o mundo rou-ba” e eu vou dizer: Não importa, seráesse o meu carnaval, vou confiar maise outra vez. Eu, meu irmão, meu fi-lho e meus amigos, vamos pagar lim-po a quem a gente deve e receberlimpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre,ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todoo mundo aqui é corrupto, desde o pri-

meiro homem que veio de Portugal”.Eu direi: Não admito, minha esperança éimortal. Eu repito, ouviram? IMORTAL!

Sei que não dá pra mudar o começo,mas, se a gente quiser, vai dá pramudar o final!

(*) Escritora e atriz. Autora do monólogo“Parem de falar mal da rotina”www.escolalucinda.com.br.

Elisa Lucinda*

M

Só de sacanagemSó de sacanagemReprodução

Page 12: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

12 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Encontro de Comunicação Linguagem sindical, campanha de filiação

SISEJUFE-RJ presenteRepresentantes de 16 sindicatos

de todo o país, inclusive o SISEJUFE-RJ, participaram, em Belo Horizonte,nos dias 7 e 8 de abril, do III Encon-tro de Comunicação da Fenajufe, noqual foram debatidos temas comolinguagem sindical, internet, campa-nha de filiação, software livre e ademocratização da comunicação.

Luiz Carlos Bernardes, o Peninha,ex-presidente da FENAJ (FederaçãoNacional dos Jornalistas) abriu o en-contro com o tema “Comunicação,Imagem e Linguagem”, alertandopara o “tiro cirúrgico” da mídia con-servadora, que “preserva os amigos eanunciantes e atira no movimentosocial”. Segundo Peninha, o maiorexemplo dessa prática deformadapode ser encontrada na revista “Veja”.

Peninha lembrou o papel desem-penhado pela mídia conservadora nomovimento que derrubou o presi-dente constitucional João Goulart.

Ele destacou a importância daimprensa sindical na luta pela demo-cratização da comunicação e propôsa criação de uma revista semanal paraconcorrer com a Veja e Isto É. Elemostrou-se otimista com o fato de asociedade brasileira hoje voltar a dis-cutir a democratização da mídia.

Concurso Nacional deLiteratura

Carlos Antônio Ferreira e Jacqueli-ne Albuquerque, coordenadores deComunicação da FENAJUFE anuncia-ram a proposta da realização do IConcurso Nacional Literário, comoforma de incentivar a criação literáriaentre os servidores da base da fede-ração. O concurso premiará obrasinéditas em prosa e poesia.

Os diretores da entidade disse-ram que qualquer filiado a um dossindicatos da Federação poderá par-ticipar do concurso, que serviria

III Encontro de Comuni

como incentivo à sindicalização.O diretor do SISEJUFE-RJ Roberto

Ponciano sugeriu que os premiadossejam contemplados com a ediçãodos seus trabalhos literários, em lu-gar de prêmio em dinheiro.

A FENAJUFE anunciará em breve oregulamento do Concurso.

TTTTTelesulelesulelesulelesulelesulMário Augusto Jakobskind, jor-

nalista do SISEJUFE-RJ fez um re-lato sobre as atividades da Tele-sul: a TV interestatal – Venezuela,Argentina, Uruguai e Cuba(*) –com sede em Caracas, e que temcomo objetivo informar, sem aintermediação dos países indus-trializados, e colaborar com a in-tegração latino-americana.

Ele lembrou que profissionaisde imprensa da América Latina

sempre tiveram como meta a possi-bilidade da criação de canais alter-nativos à grande mídia conservado-ra, e que no início dos anos 50 es-tavam em gestação o surgimentode uma agência de notícia latino-americana.

Explicou que a Telesul foi a for-ma encontrada para se enfrentar opensamento único, tão em voganos meios de comunicação no con-tinente latino-americano e rompero cerco midiático do império doNorte, através dos canais comunitá-rios e do setor público.

O SISEJUFE-RJ apresentou umamoção, aprovada por unanimida-de, exortando os sindicatos filia-dos à FENAJUFE que não poupas-sem esforços no sentido de queinstalem antenas para captar aimagem da TELESUL.

Ponciano explica a reformulação daRepresentantes de 16 sindicatos de todo o país participaramativamente dos debates no III Encontro de Comunicação.

Page 13: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 13MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

e democratização da comunicação foram alguns dos temas em debate

cação da FENAJUFE

Software livreOutro tema debatido no encontro

foi o do “Software livre”, com a apre-sentação da experiência bem sucedi-da, realizada pelo Sindicato dos Tra-balhadores do Poder Judiciário deMinas Gerais (SITRAEMG) para a im-plantação de LINUX nos computado-res da entidade. Carlos Antonio Fer-reira, presidente do SITRAEMG, disseque “a liberdade pressupõe a possi-bilidade de se fazer escolhas, e umapessoa é verdadeiramente livre namedida em que ela percebe e agecomo se suas escolhas e atitudes fos-sem determinantes para a realizaçãode um ideal coletivo”.

Observou ainda que “a liberdadede utilizar um programa significa aliberdade para qualquer tipo de pes-soa física ou jurídica utilizar o sof-

tware em qualquer tipo de sistemacomputacional, para qualquer tipode trabalho ou atividade, sem queseja necessário comunicar ou pagar aquem desenvolve (o software). O queimplica na possibilidade de realizaralterações e adaptações necessáriaspara sua implantação, com acessoao código-fonte”.

Segundo ele, “o primeiro passopara a implantação da filosofia de“software livre” diz respeito a umposicionamento profundamente po-lítico e a decisão implica em transfor-mar em atitudes concretas uma con-cepção de mundo na qual se crê.”

SindicalizaçãoRoberto Ponciano explicou a es-

tratégia da campanha de sindicaliza-ção que a diretoria do SISEJUFE-RJpretende colocar em prática até ofinal deste ano de 2006. Ele obser-vou que o crescimento do número deVaras, a criação de mais de 200 car-gos no TRE, a interiorização do Judi-ciário Federal, fazem com que “acampanha de sindicalização sejauma necessidade vital do nosso sin-dicato”. O crescimento de associadosna base mostra que há ainda espaçoa ser conquistado junto às associa-ções pelegas e aos indecisos paraaumentar o número de sindicaliza-dos. E que as lutas do SISEJUFE-RJ,como a do PCS, já aumentaram o nú-mero de sindicalizados.

Os representantes da FENAJUFEmostraram a necessidade de umacampanha nacional de sindicaliza-ção, que use um modelo padrão paratodo o país, mas que tenha adapta-ções regionais, para a especificidadede cada categoria, para que se refor-cem as fileiras sindicais.

Revista IdéiasO SISEJUFE também apresentou no

encontro a reformulação de sua im-

prensa sindical, mostrando a concate-nação entre a luta, a informação e oaumento do número de sildicaliza-dos. O diretor Roberto Ponciano mos-trou que a Imprensa do SISEJUFE-RJpassou por uma grande reformulaçãodesde que companheiros da atualgestão assumiram (há cerca de doisanos) a administração do sindicato:1. Reformulou-se e democratizou-se ojornal e se criou o caderno “Idéias”.2. Foi criada a página do sindicato.

Com a vitória na última eleição, aatual gestão ampliou a reformulaçãoda imprensa, da seguinte maneira:1. Criou-se um boletim eletrônico;2. A página do sindicato, http://sisejuferj.org.br, foi completamentereformulada, modernizada e tematualização diária;3. Separou-se o suplemento Idéias,do jornal, criando-se uma revista deformação, que foi considerada belís-sima por todos no encontro e tam-bém democrática e participativa.4. O jornal ficou menor e mais leve.

Para finalizar, os companhei-ros de Minas também mostraramsua campanha de filiação, centra-da nas conquistas do sindicato enos convênios. Os companheirosde São Paulo explicaram a moder-nização de sua imprensa, quepossui jornal semanal, e que fezgrande sucesso entre os presen-tes.

O encontro terminou com osaldo positivo de as experiênciaterem sido divididas por todos,criando um amadurecimento paraque sejam implementadas de for-ma coletiva, em cada sindicato dafederação, na luta pela democrati-zação dos meios de comunicação

(*) A Bolívia recentemente passou a partici-

par da Telesul

imprensa do SISEJUFE-RJ e campanha sindicalização.

Page 14: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

14 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Na Mira das MinasNa Mira das MinasOrganização das Nações Uni-das (ONU) acaba de estabelecero dia 4 de abril como o DiaInternacional da Consciência

sobre as Minas Terrestres. Isso acon-teceu porque o problema das minasse torna cada vez maior em todo omundo, afetando diretamente aspopulações de 80 países. Infeliz-mente, neste campo minado a Amé-rica Latina não é exceção. Ao contrá-rio! Nosso vizinho Colômbia acabade assumir a posição de país commais acidentes, mais minas por anono planeta, e o terrível número de1.060 explosões com vítimas em2005. No Peru, uma estratégia mili-tar para proteger torres de alta ten-são de ataques do Sendero Lumino-so nos anos 80 criou mais de 1.700campos minados no país e centenasde vítimas, inclusive 80% dos própri-os policiais que plantaram as minas.Chile, Argentina, Venezuela, Equa-dor, Guatemala, El Salvador e Nica-rágua também enfrentam proble-mas com minas em diferentes graus.

É exatamente com o objetivo dedivulgar esse drama e pressionar osgovernos locais e mundiais a garan-tirem a segurança e a assistência àspopulações atingidas que os fotó-grafos e documentaristas ViniciusSouza e Maria Eugênia Sá estãodesenvolvendo desde 2005, comapoio principalmente do ComitêInternacional da Cruz Vermelha, oprojeto Na Mira das Minas, queprevê exposições de fotos, livros,documentários em vídeo e artigossobre a questão da minas en nossocontinente. As fotos nessas páginasfazem parte do projeto e trazemvítimas colombianas e peruanas,além da nova equipe de desmina-gem humanitária da Polícia Nacio-nal do Peru. Para mais informaçõese apoio ao projeto acesse http://mediaquatro.sites.uol.com.br

A

Page 15: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 15MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Quem vê um casal tão jovem esimpático, não acredita o quão loucoeles são. Mas daquele tipo de malucobeleza, daqueles que a gente adora,como Tim Maia e Raul Seixas. ViniciusSouza e Maria Eugênia sobrevivemcomo repórteres fotográficos fazendofotos em lugares nada turísticos. Sealguns ganham milhões para fotogra-far a modelo da moda, e outros fazemcalendários de Ibiza, este casal jáviajou pelos locais onde a morte es-preita, seguindo a frase poética deChe: endurecendo sem perder aternura, pois o clique da câmera delesnão faz da guerra um espetáculo dehorror macabro.

Há poesia e esperança nas fotosdo casal. Fotografar as vítimas da into-lerância, das guerras, da fome, dasminas, em Angola, na Caxemira, naColômbia não os fez perder a humani-dade, a sensibilidade. Em cada fotohá um protesto, mas também se cap-ta a alegria de estar vivo e a luta porprosseguir apesar de tudo. Há bele-za no rosto das crianças pobres e nasimplicidade da alegria no futebolde um amputado. É um protesto, éuma denúncia, mas também é umabraço humano fraternal estendido aestas vítimas esquecidas da insani-dade da guerra.

Um abraço aos dois, que acolhe-ram um carioca desconhecido e semter onde cair morto, na casa deles,mostrando como é enorme e solidárioo coração brasileiro, que é, inclusive,o que fica latente em suas fotos.

Roberto Ponciano

Page 16: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

16 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Marcus Vinicius (*)

7º Fórum Internacional deSoftware Livre (7º FISL), realizadoem Porto Alegre entre os dias 19 e22 de abril, serviu para mostrar aforça do movimento colaborativo

em território nacional. Durante os qua-tro dias do evento foram apresentadosdiversos casos de sucesso e projetos emandamento, onde a filosofia do SoftwareLivre é aplicada não só na redução decustos, mas em benefício de instituiçõespúblicas, privadas e da sociedade.

As pessoas às vezes não têm conheci-mento da sua importância e da sua apli-cação, mas o Software Livre já é uma re-alidade em nosso dia-a-dia e ficará ain-da mais presente. O governo federal, nabusca por uma solução para a implanta-ção da TV Digital no Brasil, apoiou pes-quisas de 75 instituições nacionais, dis-tribuídas em 22 consórcios que tentamalternativas aos padrões existentes des-se tipo de TV no mercado (o Japonês, oEuropeu e o Americano). Os consórciosdesenvolveram desde a tecnologia a serusada nos aparelhos (middleware), osquais ficarão nas casas dos brasileiros,assim como a tecnologia de conversão,compactação, modulação dos sinais eoutros aspectos de um sistema de TVdigital, todos como base na utilizaçãode Software Livre e os padrões detecnologia abertos, isentando assim oBrasil do pagamento de royalties a qual-quer país ou empresa.

Redução de custos

Isso ajudará a reduzir o impacto docusto da implantação do sistema na so-ciedade, uma vez que o gasto com a con-versão das emissoras do sistema atual(analógico) para o digital será menor.Também permitirá que a indústria naci-onal atue na fabricação dos componen-tes necessários na implementação do

Software livre Redes colaborativas fomentando a tecnologia nacional

sistema, gerando empregos e fomen-tando a produção de tecnologia nacio-nal. Durante o evento de Inauguraçãodo 7º FISL, o ministro da Ciência eTecnologia, Sérgio Rezende, afirmouque o Brasil utilizará o SBTVD com siste-ma de modulação estrangeira.

Numa das palestras mais concorridasdo encontro, o ex-presidente do Institu-to Nacional de Tecnologia (ITI) SérgioAmadeu mostrou o crescimento dos mo-vimentos colaborativos em todo o mun-do e como essa onda incomoda e atémesmo muda a postura de grandes em-presas em relação ao Software Livre. Naseqüência, Javier Bustamante, professorda Unicamp, fez uma analogia com a Te-oria dos Jogos, indicando como as Inici-ativas de Colaboração são mais eficazesdo que projetos fechados.

Projetos de Inclusão Digital

O Software Livre aplicado na área so-cial já é uma realidade em vários pontosdo Brasil. Nessa área, foram mostrados

Projetos de Inclusão Digital, como osTelecentros que oferecem cursos e aces-so da população à internet. OsTelecentros mostrados, em sua maioria,foram projetos envolvendo empresasprivadas em parceria com o poder públi-co, para levar a informação e a cultura àpopulação carente. Telecentros total-mente baseados em Software Livre pos-sibilitam um projeto de alta qualidade ede baixo custo, possibilitando inclusivea criação de tecnologia local.

Na área governamental, são váriosos projetos de Software Livre em anda-mento, que ajudam a administração pú-blica não só a economizar, gerenciar eaplicar melhor os recursos, mas a capa-citar e motivar os funcionários

“O Software Livreaplicado na área social jáé uma realidade emvários pontos do Brasil”

O

VII Fórum Internacional VII Fórum Internacional

Page 17: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 17MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

equipe da Caixa Econômica Fe-deral conseguiu economizar al-guns milhões de reais ao ado-tar o Software Livre em váriasáreas e fez os profissionais de

informática estudarem e aprenderemnovas tecnologias. Um dos casosapresentados foi a da troca dos pro-gramas para acesso ao Mainframe daCaixa nos milhares de terminais dainstituição. Havia uma empresa for-necedora do software de emulaçãode terminais 3170 (IBM) que por terjá a base instalada e os usuários acos-tumados com seu programa, nãoquis negociar o preço. Então, impôsum valor e pronto!

A Caixa saiu, então, a procura dealternativas e encontrou umSoftware Livre que poderia ter seucódigo adaptado, reduzindo assim oimpacto de uma troca de funcionali-dades do programa e tornando trans-parente a mudança para os usuári-os. Foi feito um teste com o softwareem algumas das unidades e este se

mostrou muito satisfatório.A empresa que fornecia o

software inicial, quando soube dainiciativa da Caixa propôs negociar.Mas o Software Livre personalizadopara o banco era superior e manti-nha uma relação custo X benefíciomuito melhor. A direção da Caixaentão economizou oito milhões dereais com implantação e, agora, uti-liza o Software Livre em todas asunidades para acesso às aplicaçõesno Mainframe da instituição.

O Caso Celepar

Outro caso interessante apresenta-do no 7º FISL foi o da Companhia deInformática do Paraná (Celepar). Aempresa criada para cuidar de serviçosde informática na administração esta-dual estava há anos em vias de ser ex-tinta, com boa parte de seu quadro deprofissionais de informática desviadosde função e com grande número deterceirizados na administração. Haviavárias empresas prestadoras de servi-ços e as licitações de informática apre-sentavam nota informando que a“Celepar não estava apta a prestar osserviços licitados”.

Segundo o diretor-presidente daCelepar, Marcos Vinicius FerreiraMazoni, o panorama começou a mu-dar quando o Governo do Estado rom-peu o contrato com a empresa Mi Mon-treal, responsável pelo processo deinformatização do Departamento deTrânsito (Detran) naquele estado. Oprojeto ficou então aos cuidados daCelepar que optou por utilizar

Software Livre não só pela redução decustos, mas pelas possibilidades depersonalização e adequação. Hoje aCelepar colhe os frutos dessa emprei-tada. No ano passado, o governo reali-zou um concurso para mais de 200vagas na empresa. Está em andamen-to, também, a troca da sede por neces-sidade de mais espaço.

A Celepar e o Estado do Paraná sãopioneiros na implantação de SoftwarePúblico Livre, tendo como carro chefeo sistema de groupware Expresso, umsistema integrado de correio, agendae catálogo de endereços utilizado pormais de 40 mil usuários somente narede corporativa do estado.

O sucesso da Celepar com a filo-sofia do Software Livre possibilitouque as fronteiras do estado, e atémesmo do país, fossem quebradas.Hoje a empresa mantém projetos decooperação para implantar ferra-mentas desenvolvidas por ela emoutros estados e, no último dia 20de abril, fechou, numa cerimôniaem Curitiba com a presença do go-vernador Roberto Requião e do pre-sidente venezuelano Hugo Chávez,um acordo de cooperação comaquele país.

Para Mazoni, nada disso teria sidopossível sem Software Livre, que pos-sibilitou à Celepar o acesso às ferra-mentas necessárias para a produção desoftware de qualidade, com baixo cus-to e sem impedimentos de proprieda-de restritiva

A

de Software Livre de Software LivreCaixa Econômica e Celepar: exemplos a serem seguidos

“A Celepar e oEstado do Paraná sãopioneiros na implantaçãode Software PúblicoLivre, tendo como carrochefe o sistema degroupware Expresso, umsistema integrado decorreio, agenda ecatálogo de endereços”

* Analista de Suporte do SISEJUFE-RJ

Page 18: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

18 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Vito Giannotti*

ara os trabalhadores franceses,há muito o que comemorar. Oumelhor, algo a comemorar. Avitória dos estudantes e dostrabalhadores contra um artigo

da lei de Modernização do Trabalhoque o governo neoliberal queria im-por é uma vitória, sim. Mas é parcial.Afinal toda a lei da chamada “moder-nização do trabalho” segue seu cami-nho. As enormes manifestações sóconseguiram fazer retirar, provisoria-mente, um artigo da lei. A greve dosoperários, lado a lado dos estudan-tes, foi a maior desde 1968. Faziatempo que a França não via mais detrês milhões de manifestantes nasruas. E a lição ficou: só com luta seconsegue vitórias.

Neste 1º de Maio, então, os traba-lhadores franceses têm o que come-morar: uma vitória contra as forçasdo neoliberalismo que pareciaminvencíveis, eternas, definitivas. Umavitória que forçou as centrais sindi-cais e os partidos a correrem atrásdos acontecimentos. Uma vitória que

Nossa História Já tivemos 1º de Maio bem mais animados, nos últimos 25 anos

Um dia diferente, ou igual ou pior do que os anterioresdesde 1886. Depende do ponto de vista.

mostrou que os mártires de Chicagode 1886 não lutaram e não morre-ram em vão. Sua lição ficou.

A América Latina comemora

Para muito trabalhadores da Amé-rica Latina, também este 1º de Maioteve o que comemorar. Na Venezuela,o povo e os trabalhadores em especialcomemoraram mais um ano de avan-ços sociais e organizativos. Um anoem que a saúde, a escola, a comunica-ção alternativa das classes popularesavançaram enormemente. Na Bolívia,pela primeira vez os índios, legítimos

donos daquela terra, podem andar decabeça erguida e sonhar em ser reco-nhecidos como gente, como donos doseu futuro. E assim, em vários outrospaíses da nossa América Latina, asmassas populares estão em situaçãomais favorável do que há uma década.

As manifestações do 1º de Maiotiveram um sentido diferente, em2006, seja para os mineiros da Bolí-via, como para os trabalhadores daArgentina, da Venezuela e do Peru.Uma década atrás, o continente jaziadebaixo das botas incontestes doimperialismo norte-americano. Hoje,é possível pensar num outro futuro.

No Brasil

Já tivemos 1º de Maio bem maisanimados, nos últimos 25 anos, noBrasil. O de 2006 não é dos maisfelizes. Poucas categorias tiveramconquistas de relevo nos últimosanos. Poucas grandes lutas foramrealizadas pelos trabalhadores deuns tempos pra cá. Estiveram muitolonge dos três milhões da França. Ascomemorações deste 1º de Maiorefletiram este clima.

Em muitas cidades e capitaishouve dificuldade em perceber queeste dia seria e deveria ser de luta,de manifestações e de continuaçãodos 120 anos daquele 1º de Maiode Chicago.

Mas, mesmo em nosso país, háquem tenha o que comemorar. Os tra-balhadores rurais sem terra, organiza-dos no MST, estão aí para nos lembrara mesma lição dos mártires de Chica-go, e dos trabalhadores e estudantesfranceses do mês passado. A lição é amesma: quem luta pode vencer. Semluta, certamente não haverá vitórias

“No Brasil, poucascategorias tiveramconquistas de relevo nosúltimos anos. Poucasgrandes lutas foramrealizadas pelostrabalhadores de unstempos pra cá”

P

1º de Maio: 120 anos de luta1º de Maio: 120 anos de luta

* Coordenador do NPC

Page 19: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 19MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Mulheres Evento visa mudar visão pejorativa sobre a mulher nosmeios de comunicação

Femina é um Festival de Cinemadirigido por mulheres. A propos-ta chega como uma inovação noBrasil e na América Latina. Na Eu-

ropa nas décadas de 60/70, junto com aascensão do movimento feminista jáocorriam festivais específicos. O intui-to era dar visibilidade ao trabalho dasmulheres na área cinematográfica.

O Femina 2006 homenageou TizukaYamasaki com a apresentação dos filmesPátria Amada, Gaijin, Parahyba MulherMacho e Fica Comigo. Foram sete diasde muito cinema, discussão epremiação. Este ano aconteceu no Cen-tro Cultural Banco do Brasil, de 1º a 7 demaio. O evento contou com a participa-ção de convidadas internacionais comoa diretora Paola Paoli, de um dos festi-vais mais antigos, o Festival LaboratórioImmagine Donna, de Florença, na Itália.

O Femina além de ter a mostracompetitiva e as exibições dos filmesconta, também, com mesas de deba-tes sobre a temática feminista, comoAborto – Direito ou Crime, Feminismo– Conceito e Distorções; A mulher con-temporânea e a Cultura Empreende-dora, sempre com a apresentação deum filme antes das mesas e com a par-ticipação de mulheres do movimentofeminista, de mulheres empreendedo-ras ou diretoras de cinema.

O festival tem a intenção de contri-buir na mudança das visões estereoti-padas e pejorativas sobre mulher nosmeios de comunicação, na arte e na cul-

tura, além de discutir o posicionamentodo seu papel nas diversas áreas. Estarealização só é possível graças ao apoiofinanceiro do Fundo de Desenvolvimen-to das Nações Unidas para a Mulher(Unifem) e da Secretaria Especial de Po-líticas para as Mulheres do governo fe-deral, do Fundo Ângela Borba e do Con-sulado da Mulher.

O Femina é uma iniciativa de umgrupo de produtores de cinema quepreenche uma necessidade de divulga-ção e de incentivo à produção de cine-ma dirigidos por mulheres. É, portan-to, uma ação afirmativa das mulheresonde podemos encontrar trabalhos dealta qualidade, com criatividade e sen-sibilidade. O festival se consolidacomo mais um espaço de qualificaçãodo trabalho feminino. E vai resgataros trabalhos das mulheres na cinema-tografia brasileira e latino americana.

Vale conferir no próximo ano.O Rio de Janeiro mais uma vez de-

monstra a sua vocação de vanguardacom iniciativas que dêem visibilidadeao trabalho e a criação feminina

FestivalInternacional deCinema Feminino

FestivalInternacional deCinema Feminino

Melhor Filme de estudante:Cousin Cousine, de MartaMohr, Alemanha, UDK BerlinUniversity of the Arts, curta-metragem

Destaque feminino: JustineWright, montadora do filmeRiver Crossing, Inglaterra

Curtas

Direção: Ulla Bay Luehssen,por Der Kleine Prinz (Alema-nha) e Katell Quillévéré, por ÁBrás lê Corps (França)

Filme: Svergliarsi in mezzo almaré, de Sophie Watzlawick,Alemanha

Longas:

Direção: Marília Rocha, porAboio, Brasil

Filme: Ungdommens Raskap,de Margareth Olin, Noruega/Dinamarca

“O Rio de Janeiromais uma vez demonstraa sua vocação devanguarda cominiciativas que dêemvisibilidade ao trabalhoe a criação feminina”

Premiaçãodo FestivalPremiaçãodo FestivalO

Page 20: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

20 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Sem punição, três julgamentos do ataque foram realizadosReforma Agrária

o último dia 17 de abril, o Mas-sacre de Eldorado dos Carajás,no Estado do Pará completou10 anos. Naquele dia, três mil

trabalhadores sem terra ocuparam arodovia PA-150 a caminho de Marabápara exigir a desapropriação da Fa-zenda Macaxeira, conhecido latifún-dio improdutivo da região. A Secreta-ria Nacional do Movimento dos Tra-balhadores Rurais Sem Terra (MST)relembra: eles foram cercados porduas tropas de militares, que abriramfogo para cumprir a ordem do entãogovernador do Pará, Almir Gabriel(PSDB), de desobstruir a pista a qual-quer custo. Os policiais saíram dosquartéis de Parauapebas e Marabásem identificação na farda e no arma-mento e avisaram os médicos e ambu-lâncias para ficarem de plantão!

Os relatos dos sobreviventes reve-lam cenas da tragédia. “Eles chega-ram dos dois lados e nós ficamos nomeio. Não tínhamos condição defazer nada. Um monte de policiaisarmados com fuzil e metralhado-ras!”, conta Avelino Germiniano, de51 anos. “Quando os ônibus de Ma-rabá chegaram com os policiais, elesjá desceram e deram uma rajadapara cima. Achamos que era só paranos intimidar. Começamos a gritarpalavras de ordem. Tinha um compa-nheiro surdo-mudo, ele não enten-deu nada e foi em direção aos polici-ais, o finado Amâncio. Ele foi o pri-meiro que caiu”, lembra Miguel Pon-tes da Silva, de 42 anos.

A violência sem limites deixou oficial-mente 19 trabalhadores mortos. Outrostrês morreram depois em conseqüênciados ferimentos. Até hoje, não se tem

Carajás 10 anos deimpunidade

certeza se o número corresponde à rea-lidade. “Eu acho que morreram mais de100 pessoas. Eu queria saber sobre ascrianças e as mulheres que estavam lá.Nenhuma apareceu, só os homens. Mui-ta gente diz que viu um caminhão e umcarro pequeno, cobertos de lonas pretase sangue, descendo para o sentido deXinguara”, recorda José Carlos Agarito,de 27 anos.

Agarito e os demais sobreviventesvivem hoje no assentamento 17 deabril: Mártires de Carajás. Para oMST, só o sacrifício humano do Mas-sacre de Eldorado dos Carajás fezcom que o Instituto Nacional de Co-lonização e Reforma Agrária (Incra)reconhecesse a improdutividade daFazenda Macaxeira. Entre os assenta-dos estão 70 pessoas que ficaramgravemente feridas. Até hoje, elasrecebem assistência médica precáriae ainda não foram indenizadas. Junto

com as 13 viúvas, elas aguardam oresultado do processo na Justiça.

Sem punição

Três julgamentos do Massacre fo-ram realizados. Nenhum dos 142 sol-dados envolvidos no caso foi punido.Os dois comandantes responsáveispela operação, coronel Mário ColaresPantoja e major José Maria Pereira deOliveira, apesar de condenados a 264anos pelo júri popular, aguardam emliberdade o julgamento de recursos noSuperior Tribunal de Justiça (STJ). Se-gundo o MST, nesse meio tempo, poli-ciais envolvidos também participaramdo assassinato de dois líderes do movi-mento na região, Fusquinha e Doutor,junto com fazendeiros de Parauapebas.O processo está parado até agora

(*) agência de notícias Adital

NReprodução

Page 21: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 21MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Meio-Ambiente A Cargill negocia com fazendeiros inescrupulosos

m dia após o Greenpeace lançarinternacionalmente, na primeirasemana de abril, o relatório “Co-mendo a Amazônia”, ativistas da

organização impediram por mais dequatro horas que o navio W-One de-sembarcasse no porto de Amsterdã, naHolanda. Este navio foi utilizado pelamultinacional estadunidense Cargillpara transportar para a Europa sojacultivada na Amazônia.

Durante a ação, onze ativistasposicionaram e moveram estrategica-mente cinco botes infláveis para evitarque o barco W-One atracasse e descarre-gasse. A carga em questão (milhares detoneladas de grãos de soja) havia sidotrazida do porto utilizado pela Cargill,em Santarém, no Pará. Segundo o Mi-nistério Público Federal, este porto foiconstruído ilegalmente, já que nãoapresentaram o Estudo de ImpactoAmbiental (EIA/RIMA), necessário paraobras deste porte.

Um dos botes, que havia se colocadoentre o W-One e a doca, foi prensado

pelo navio, mas ninguém se machucou.Faixas com os dizeres “CrimeAmbiental” foram abertas pelosativistas no local.

Apesar de a Cargill alegar que oproduto poderia ter sido cultivadono sul da Holanda, o Greenpeacetem provas de que a soja carregadapelo navio W-One foi produzida naAmazônia, nos estados de Rondôniae Pará, por exemplo.

“A Cargill tem um papel central nes-te comércio que está destruindo a Ama-zônia porque ela viabiliza a invasãocriminosa da soja na floresta”, afirmaPaulo Adário, coordenador da campa-nha Amazônia, do Greenpeace.

O relatório “Comendo a Amazô-nia”, publicado pelo Greenpeace In-ternacional, revela que a Cargill nego-cia com fazendeiros inescrupulosos,que grilaram e desmataram ilegal-mente áreas públicas e terras indíge-nas. Alguns utilizaram até mesmotrabalho escravo. Resultado de umano de investigação sigilosa, nas regi-

ões de produção e consumo de soja,baseada em análise de imagens desatélites, sobrevôos, estudo de da-dos do governo e pesquisas de cam-po, o documento evidencia aindacomo a demanda mundial por sojaalimenta a destruição da maior flo-resta do mundo.Além da Cargill, o papel de outrasduas multinacionais estadunidenses– ADM (Archier Daniels Midland) eBunge – na invasão da Amazônia tam-bém é exposto pelo relatório doGreenpeace. Elas atuam incentivandoo desmatamento ilegal, a grilagem deterras e a violência contra as comuni-dades locais.

A investigação mostra também comoa soja amazônica é utilizada para alimen-tar animais e acaba nas prateleiras desupermercados e redes de fast-foods daEuropa, como McDonald e KFC. Além daação realizada na Holanda, inúmerasiniciativas ocorreram em restaurantes McDonald, a maior cadeia de fast food domundo, na Inglaterra e na Alemanha

U

Greenpeace protesta contra entradade soja da Amazônia na EuropaGreenpeace protesta contra entradade soja da Amazônia na Europa

Reprodução

Page 22: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

22 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Nacional A sensação que todo esse massacre causa é de fato de conspiração

uando um político mentirosocomo José Serra, sem caráter ne-nhum, só ambições pessoais edisposição de servir aos patrões,

diz que vai disputar eleições com can-didatos desqualificados, além dasoberba natural e repulsiva de gentecomo ele, está também dizendo que osmilhões que preferiam Lula a ele sãodesqualificados da mesma forma.

Pouco antes de renunciar à Prefeitu-ra de São Paulo, para concorrer ao go-verno do estado, depois de prometerpor escrito e com documento registra-do em cartório cumprir o mandato atéo final, um comentário sobre Serrachamava a atenção: em dificuldades nocontato com o público, pouca paciên-cia, mas entre amigos e ambientesmenores é sedutor e cativante,carismático.

O “Jornal do Brasil” noticiou umapesquisa feita em 23 e 30 de março,em que há um registro de crescimentode Lula. E mostra uma tendência a queas eleições de outubro sejam definidasno primeiro turno, isso com a candida-

O impedimento de Lula

tura de Geraldo 400 Vestidos Alckmin.A chamada grande imprensa escondeua pesquisa. É do IBPS. Na hipótese doPMDB não disputar as eleições comcandidato próprio, Lula seria reeleitojá no primeiro turno.

Há um massacre do governo porparte da mídia. A própria “Globo”, quese escora naquele lero lero de ouvir asduas partes, está indefinida. Eralulista, agora nem tanto, espera paraver para que lado corre o rio.

Há uma diferença abissal entre1964 e 2006, de contexto de tempo eespaço. Como entre João Goulart eLula. Jango era um homem da elitecom visão popular e Lula um sindicalis-ta deslumbrado com as elites. (...)Nem por isso, no entanto, Lula trazdentro de si o espírito udenista. UDN éuma praga. Uma erva daninha. Partidodas elites urbanas e que, hoje, deitouramas de sobrevivência no PSDB, noPFL, algumas mudas no PMDB, nopróprio PT (alguns setores são comoque UDN de tamancos).

A sensação que todo esse massacre

do governo Lula, malgrado os equívo-cos, as trapalhadas, mas a sensaçãoque todo esse massacre causa é defato de conspiração. Ou bem ou malLula não privatizou o Banco do Brasil.Nem a Petrobras. Muito menos a Cai-xa Econômica. Deixou de lado as ne-gociações com os Estados Unidospara a Alca. FHC havia deixado acerta-da com Bill Clinton a data da assinatu-ra da escritura de posse do Brasil para2005. O país exporta hoje pelo menos300% mais do que exportava paraCuba. Há alguma integração com ogoverno Chávez. Tudo isso são inte-resses contrariados do grande capital.Há um complô das elites contra Lulasim. Não quer dizer que Lula seja osétimo céu. O paraíso. Nada disso(...).

O ano de 2006 não reproduz1964 e nem se está afirmando issoaqui. Mas é complô de forçasudenistas hoje travestidas detucanas, pefelistas, intérpretes debanqueiros, latifundiários, dos gran-des conglomerados, lá isso é, comtoda a certeza

É difícil imaginar até queponto o interesse de setores daOAB, sobretudo a seçãopaulista, se voltam para osinteresses tucanos. Portucanos entendamos oscolonizadores atuais do Brasil.São meros agentes.

Laerte Braga

Q

Page 23: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 23MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Nacional Está de volta a UDN golpista e moralista travestida de moderna?

Brasil continua sob o impactodas denúncias relacionadas aatos de corrupção no governo

Lula. Mas, de um modo em geral, nacobertura da mídia predomina o es-pírito moralista e golpista da velhaUDN, um partido que, antes de 1964,sensibilizava a classe média e vivianos quartéis conspirando. No Con-gresso não é de agora que se escon-dem falcatruas para favorecer as eli-tes, responsáveis pela situação dedesigualdade social no país. É nestecontexto que devem ser lembradosfatos que caíram no esquecido baúda história. Alguns colunistas ten-tam convencer a opinião públicaque o “mensalão” começou no go-verno do PT. Outros preferem apon-tar o início em 1998, com o entãocandidato a governador de Minas

Gerais e hoje senador, EduardoAzeredo (PSDB). Nem uma coisa,nem outra. O esquema de dinheirosuspeito, destinado às campanhaspolíticas ou mesmo à compra deparlamentares, remonta a décadaspassadas.

Falcatruas do gênero aconteciamantes de 1964. Um dos fatos maismarcantes em matéria de corrupção,e que caiu totalmente no esqueci-mento, diz respeito à “doação” demilhões de dólares, em 1962, feitapelo Instituto Brasileiro de Ação De-mocrático (Ibad), que de democráticosó tinha o nome, para iludir incau-tos, como documenta, de forma ma-gistral, o livro “1964: A Conquista doEstado”, do professor René Dreifuss.Em 1962, às vésperas da renovaçãodo Congresso brasileiro e dos gover-nos estaduais, o embaixador dosEstados Unidos no Brasil, LincolnGordon, mandou uma circular aoDepartamento de Estado chamandoa atenção para “o alto interesse daseleições brasileiras” daquele ano.

Depois do alerta do golpista

Gordon, como comprova o livro deDreifuss, empresas como Esso,Texaco, Shell, Bank of America,Readers Digest, o próprio Departa-mento de Estado dos EUA e numero-sos banqueiros como Olavo Setúbal,Válter Moreira Sales, Magalhães Pinto(então candidato ao governo de Mi-nas, para o qual seria eleito), ÂngeloCalmon de Sá e Herbert Levy – paranão falar de empresários que temiamas reformas de base – fizeram doaçõespara garantir a eleição de uma banca-da conservadora, e, assim, manter osprivilégios de sempre.

Um jovem economista desponta-va no rol dos ideólogos do Ibadnesta época. Era nada mais nadamenos que Pedro Malan, que viria aser ministro da Fazenda deFernando Henrique Cardoso. Malanleva adiante tudo o que a direita deantes de 1964 almejava, ou seja:liquidar o Estado brasileiro e entre-gar as estatais de mãos beijadas àiniciativa privada.

Entre os parlamentares que se ele-geram com a ajuda do Ibad encon-tram-se figuras cultuadas até por seto-res da “inteligenzia” brasileira, comoMário Covas, um dos fundadores doPSDB e governador de São Paulo. Co-vas chegou a ser cassado em 1968,por discordar dos rumos do regimeditatorial, mas nos anos 80 e 90 vol-tou ao leito de origem do Ibad, defen-dendo um “choque de capitalismo”,ou seja, o programa posto em práticapor Fernando Henrique Cardoso. Ge-raldo Alckmin acabou se transforman-do no herdeiro político de Covas e,hoje, almeja ser presidente da Repú-blica. Está ou não de volta a velhaUDN, golpista e moralista, travestidade moderna? A mesma UDN que sem-pre fez das suas e contava com o silên-cio da mídia conservadora e, nos anosde chumbo, com a ajuda da censura

“No Congressonão é de agora que seescondem falcatruaspara favorecer aselites, responsáveispela situação dedesigualdade social nopaís. É neste contextoque devem serlembrados fatos quecaíram no esquecidobaú da história”

Direita mostra as suas garrasDireita mostra as suas garras

Mário Augusto Jakobskind

O

Alckmin: herdeiro político de Mário Covas.

Page 24: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

24 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Internacional Evento cria estratégias de luta que garantem unidade

Idania Trujillo*

epois de quatro dias de intensosdebates, os participantes do VEncontro Hemisférico de lutacontra a Alca divulgaram o plano

de ação e a declaração final do eventoque reuniu em Havana cerca de 400representantes de diferentes redes ecampanhas do continente que seopõem aos tratados de livre comércioe suas conseqüências. No encerramen-to, a que assistiram estudantes de vári-os países latino-americanos ecaribenhos que estudam medicina emCuba, foi apresentada a agenda de açãoda Aliança Social Continental, um forode organizações e movimentos sociaisprogressistas das Américas criado paratrocar informação, definir estratégias epromover ações conjuntas, que buscamum modelo de desenvolvimento alter-nativo e democrático, que beneficienossos povos.

O encontro, voltado para as atuaisconjunturas políticas e levando em con-ta as necessidades de criar estratégiasde luta que propiciem a unidade dentroda diversidade, criou e facilitou espaçospara que as redes e campanhas pudes-sem reunir – e desenhar as suas própriasestratégias, a articulação e a construçãode alternativas regionais.

Neste mesmo sentido, os represen-tantes de organizações, movimentos eoutras redes e campanhas socializaramsuas experiências de maneira que pude-ram articular planos de ações comunsem torno de questões mais relevantesque hoje fazem parte da agenda dos mo-vimentos sociais na região. Entre ostemas estão a oposição ao livre comér-cio em todas suas complexas e diversas

V Encontro deluta contra a Alca

formas de expressão – Alca, OMC, TLCs,Cafta – Acordos bi-regionais ou bilate-rais com a União Européia (Epas),TLCAN – mais, entre outros – a resistên-cia à ofensiva militarista, a oposição aoesquema financeiro da globalizaçãoneoliberal e suas instituições financeirasinternacionais, a luta contra a OMC e aconstrução de alternativas a favor daintegração de nossos povos. Tambémforam tratados o desafio e a oportunida-de de avançar com propostas alternati-vas derivadas da consolidação do quadropolítico marcado pela chegada ao poderde governos eleitos com propostaspolíticas contra-hegemônicas, e de inici-ativas de integração regional diferentesdas do livre comércio.

Entre as organizações presentes noevento, destacam-se a CLOC, COMPA,CADA, Jubileu Sul, MMM – REMTE,OCLAE e a rede de redes Em Defesa daHumanidade. Ao calor dos debates sur-giu uma nova, a Rede Mundial de Juris-tas, com o propósito de orientar legale juridicamente o enfrentamento socialà Alca, como projeto de recolonizaçãodo continente.

Muitas das ações propostas pelosmovimentos sociais presentes neste VEncontro, respondem as manobras deWashington, empenhado em fazer valerseus objetivos de dominação mediantea concertação dos TLCs com regiõesou países em separado. Nesse sentido,se convocou um boicote aos produtosnorte-americanos para o 1º de Maio,com o objetivo de demostrar o pesodos imigrantes na economiaestadunidense e em apoio às recentesmanifestações dessas pessoas

(*) Minga Informativa de Movimentos Sociais

D

Page 25: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 25MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Mário Augusto Jakobskind

O que acontece quando um presiden-te latino-americano cumpre as suas pro-messas de campanha e passa a defenderos interesses do povo, não se dobrandoao neoliberalismo? A resposta não é di-fícil: o dirigente será tratado como umdemônio pela mídia conservadora. É oque está acontecendo com o presidenteda Bolívia, Evo Morales, sobretudo ago-ra quando ele decretou a nacionalizaçãodos hidrocarbonetos, ou seja, desde oúltimo dia 1º de maio, o gás e o petróleoboliviano passaram a ser controladospelo povo daquele país. A mídia conser-

Internacional Estado boliviano agora tem o controle do gás e petróleo

Mídia demoniza Moralesporque ele não é traidor

Bolívia entra numa nova etapa

vadora brasileira indig-nou-se, sobretudo a TVGlobo. Os jornais do Rioe São Paulo foram unâ-nimes nas críticas, pare-cendo até que a idéia doseditoriais saiu de umamesma forma.

O decreto do presi-dente boliviano foi “ana-lisado” (o certo são as as-pas mesmo) de formamedíocre, como seMorales fosse um meli-ante e não cumpridor deacordos. Esqueceram deum detalhe fundamentalpara começar a entendero que aconteceu. Tantoa Petrobras, quanto asoutras empresas petro-líferas, como a espanho-la Repsol, tinham feitoacordos com governosanteriores que não pri-mavam pela defesa dosinteresses do Estado bo-liviano. O país mais po-

bre da América do Sul era até bem pou-co tempo governado por presidentessubservientes aos interesses externos.De Hugo Banzer, a Sanchez de Losada,passando por Carlos Mesa, a Bolívia sem-pre foi território livre das multinacionais,que mandavam e desmandavam, junta-mente com a Embaixada dos EUA, cujosembaixadores chegavam até a nomearcomandantes do Exército.

A partir de 1° de maio de 2006, o Es-tado boliviano recuperou a proprieda-de, a posse e o controle total e absolutode todos os recursos hidrocarbonetos e“as empresas que atualmente realizamatividades de produção de gás e petró-leo estão obrigadas a entregar a propri-

edade à estatal Yacimientos PetrolíferosFiscales Bolivianos (YPFB)”. Tem mais,“a YPFB, em representação do Estado,assume a comercialização doshidrocarbonetos, definindo as condi-ções, volumes e preços, tanto para omercado interno, como a exportação e aindustrialização”.

Haverá um período de transição de180 dias até que o valor de produçãodos hidrocarbonetos seja de 82% parao Estado e 18% para as companhias,percentuais estes, segundo Morales,que cobrem o custo de operação, amor-tização e investimentos e utilidades. Ogoverno boliviano, por meio do Minis-tério de Hidrocarbonetos, determina-rá, caso por caso, mediante auditorias,os investimentos realizados pelas com-panhias estrangeiras, bem como suasamortizações, custo de operação e ren-tabilidade obtida em cada campo de ex-ploração de petróleo e gás natural. Osresultados vão servir de base para aYFPB determinar “a retribuição ou par-ticipação definitiva correspondentes àscompanhias nos novos contratos”.

Na Bolívia existe um presidente daRepública que cumpre as promessas decampanha. Não é como outros dirigen-tes latino-americanos, que prometeramuma coisa na campanha e fizeram exata-mente o contrário quando chegaram lá

“Na Bolívia existe umpresidente da República quecumpre as promessas decampanha. Não é como outrosdirigentes latino-americanos, queprometeram uma coisa nacampanha e fizeram exatamenteo contrário quando chegaram lá.”

Page 26: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

26 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Fausto Wolff Cooperativas espanholas foram criadas pelos trabalhadores na Guerra Civil

o passear pelos centros das gran-des cidades brasileiras, a exposi-ção da miséria física e espiritualdos que nada tem além da vida

por um fio, convenceu-me de que im-pedir uma reforma agrária justa e de-cente além de genocídio é tentativa desuicídio. Não dos grandes latifundiá-rios que têm apartamentos em Paris,Miami e Nova York mas do que restada classe média. É verdade que aliena-ram o nosso povo e acabaram com suacultura mas se lhe derem uma chanceele ainda pode organizar-se pacifica-mente. Caso contrário não saberá dis-tinguir entre banqueiro e o bancárioque tenta imitá-lo. Vou lhes contaruma história para fazer pensar quemainda pensa.

As cooperativas espanholas foramcriadas pelos trabalhadores durante aGuerra Civil em 1933. Franco declara-ra guerra ao governo eleito democra-ticamente e o país não tinha uma efe-tiva liderança central. Resultado: cam-poneses e operários fundaram suaspróprias instituições para administraras fábricas e fazendas na área não con-trolada pelas forças franquistas e esta-

Quem tem medo da reforma agrária?

beleceram uma milícia de luta. Cercade 5 milhões de pessoas administra-vam 1.700 cooperativas agrícolas e80% das fábricas.

Os operários tomaram as fábricas eelegeram seus gerentes técnicos e ad-ministrativos que podiam ser substi-tuídos pelo conselho de operários.Para alimentar a população os sindi-catos do setor juntamente com osempregados de hotéis, bares e restau-rantes, criaram salões de jantar comu-nitários em todas as cidades vizinhasonde mais de 120 mil pessoas toma-vam café da manhã, almoçavam e jan-tavam diariamente. Foram criados si-los e armazéns de atacado pelo Sindi-cato dos Trabalhadores da IndústriaAlimentícia. Os empregados torna-ram-se seus próprios patrões, estipu-lavam seus próprios salários e o siste-ma que abrangia toda a região daCatalunha era coordenado por 500 tra-balhadores.

As mudanças foram ainda mais na-turais no campo. As terras expropria-das foram transferidas para os sindi-catos camponeses que organizaram asprimeiras comunidades. A Federação

Regional do Levante, por exemplo,controlava províncias com uma popu-lação de mais de 1 milhão e setecen-tos mil camponeses que eram donosde 80% das terras mais férteis do país.As cooperativas agrárias eram 340 em1933 e em 1937 nada menos que 900.No fim de 1938, 40% da população vi-via delas.

Aos fazendeiros que não aderissemera permitido cultivar suas própriasterras desde que não empregassemmão de obra assalariada.

Ninguém mandava realmente.Mesmo o Conselho Nacional do Tra-balho não podia fazer o que bem en-tendesse pois tinha de ter o consenti-mento em convenções e congressos.Tratava-se de uma tentativa de orga-nizar o povo tendo como bases a aju-da mútua e a solidariedade.

Em 1938, Franco e seus fascistasvenceram a guerra. As cooperativas,apesar de todo o seu sucesso, foram fe-chadas à força. E a noite se abateu so-bre a Espanha. A última cooperativarendeu-se no dia dois de maio, 67 anosatrás. Ombros cansados, aguardo asmentiras da campanha eleitoral

A

Page 27: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

Ano I – número 2 – Abril/2006 27MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Page 28: Ano I – número 2 – Abril/2006 - sisejufe.org.brsisejufe.org.br/wprs/wp-content/uploads/2012/08/Ideias-2.pdf · Software Livre 14 Nossa História 16 Festival Internacional de

28 Ano I – número 2 – Abril/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br