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Ano I – número 4 – Agosto/2006 1 MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

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Editorial Idéias em Revista: participativa e aberta a todos

Filiado à FENAJUFE e à CUT

SEDE: Avenida Presidente Vargas, 509/11ºandar - Centro - Rio de Janeiro-RJCEP 20071-003

TEL./FAX: (21) 2232-1004PORTAL: http://sisejuferj.org.brENDEREÇO: [email protected]

DIRETORIA: André Gustavo Souza Silveira daSilva, David Batista Cordeiro da Silva, Dulavimde Oliveira Lima Júnior, Flávio Braga Prieto daSilva, João Ronaldo Mac-Cormick da Costa,Leonor da Silva Mendonça, Lucilene Lima Araújode Jesus, Márcio de Souza Marques, MárcioHungerbühler, Nilton Alves Pinheiro, Otton Cid daConceição, Renato Gonçalves da Silva, Ricardode Azevedo Soares, Roberto Ponciano Gomes deSouza Júnior e Valter Nogueira Alves.

IDÉIAS EM REVISTAJORNALISTA RESPONSÁVEL:

Mário Augusto Jakobskind (RJ 13.389/JP)

REDAÇÃO e REVISÃO:Max Leone (Mtb 18.091)

PROJETO GRÁFICO e DIAGRAMAÇÃO:Claudio Camillo (Mtb 20.478)

ILUSTRAÇÃO:Latuff

IMPRESSÃO:PALAVRAS PINTADAS Editora e Gráfica Ltda.

(6.500 exemplares)

As matérias assinadas são de

responsabilidade exclusiva dos autores.

e olho na campanha eleitoral: chegade pregações golpistas e de baixonível. A campanha eleitoral para pre-sidente da República, deputados, se-

nadores e governadores de Estado está nasruas, embora muitos achem que ela só co-meça mesmo em 15 de agosto, com a aber-tura do horário gratuito na televisão e norádio. Antes mesmo da disputa eleitoral es-quentar, já se pode observar que algunscandidatos de oposição ao atual governoadotam uma linguagem de confronto pes-soal, deixando de apresentar os seus pro-jetos. É uma forma ultrapassada de fazerpolítica. São vários os exemplos, sobretu-do de políticos que em outros tempos apoi-aram o regime autoritário que se abateusobre o país a partir de 1964. Os senadoresAntônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Jor-ge Bornhausen (PFL-SC) deram início a sé-rie de ofensas pessoais e até mesmo pre-gando um golpe militar, como fez o parla-mentar baiano ao defender a intervençãomilitar depois do episódio da ação do Mo-vimento de Libertação dos TrabalhadoresSem Terra (MLST) no Congresso.

Bornhausen chegou até a pedir a uni-dade da direita para “acabar com essaraça”, em alusão aos governistas eleitosdemocraticamente em outubro de 2002.O senador catarinense demonstrou comisso a que veio e de onde veio.

Recentemente, quando da segundaonda de violência urbana em São Paulo,protagonizada pelo Primeiro Comando daCapital (PCC), o candidato a presidentepelo PSDB, Geraldo Alckmin, e o seu vice,senador José Jorge (PFL), e o candidatotucano ao governo de São Paulo, JoséSerra, acusaram o Partido dos Trabalha-

dores (PT) de ter vínculos com o crimeorganizado. Sem apresentar nenhum tipode provas, os três, irresponsavelmente,fizeram a acusação, que teve muita divul-gação na mídia conservadora. O casoacabou na Justiça com a abertura de umaação judicial contra os acusadores feitapelo presidente do PT, Ricardo Berzoini.O mesmo candidato a vice, José Jorge, játinha dito, em discurso para os seus cor-religionários, que o presidente LuizInácio Lula da Silva bebia e não fazia nada.Acusações sem provas e linguagem debaixo nível, na verdade escondem o prin-cipal, ou seja, a falta de propostas ou atémesmo a falta de vontade política de apre-sentar realmente o que os candidatospretendem. O Brasil vive numa encruzi-lhada histórica. Ou se afirma como na-ção ou poderá se tornar definitivamenteum mero paraíso do capital financeiro. Opovo vai escolher o seu destino para ospróximos quatro anos e exige dos candi-datos que informem o que de fato que-rem fazer caso sejam eleitos.

O povo quer saber, por exemplo, comoos candidatos vão proceder em relação àsestatais que ainda restam ou se vão passara limpo a forma como foram feitas asprivatizações no anterior governo doPSDB-PFL. Não se trata de moralismo, mé-todo também utilizado muitas vezes paradesviar a atenção dos grandes problemasnacionais, mas uma exigência nacional. Emsuma: basta de linguajar de baixo nível, bastade pregações golpistas e de moralismo queobjetiva desviar a atenção dos grandes pro-blemas nacionais que o país precisa enfren-tar. Está na hora dos políticos apresenta-rem seus projetos, se é que possuem

PARTICIPE da Idéias em Revista! Mande sua colaboração para [email protected]

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SISEJUFE-RJ na mobilização em Brasília 2

Líder do PFL se nega a receber os servidores

do Judiciário Federal 3

Jurídico: Ação civil pública em favor dos

concursados do TRE 4

Aposentadoria Compulsória: Qual a melhor maneira

de reduzirmos o déficil previdenciário? 5

A peste emocional 6

Quando o legal é imoral 7

Democracia x voto obrigatório 8

Mostruário de besteiras brasileiras: uma

homenagem a Stanislaw Ponte Preta 9

Quando começa a Revolução cubana 10

A opção pela dependência 11

Parem o Genocídio 12

Escola Milton Santos: uma história de longa luta

pela terra 14

Violência doméstica: um passo à frente 15

Uma prática comum que se repete no Brasil 16

A vedete aposentada 19

Escola Base: revista Veja é condenada a pagar R$

750 mil de indenização 20

Eles querem voltar. Por quê? 21

Lições um povo injuriado 22

Palestina: Um silêncio repugnante 23

Como foi o começo 24

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4 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

s deputados encerraram o es-forço concentrado dos dias 1ºe 2 de agosto sem chegar a umacordo político para destran-

car a pauta de votação do plenárioda Câmara. O impasse continuou emtorno da Medida Provisória (MP)291/06, que trata do reajuste dosaposentados e pensionistas do INSS,que o PFL e o PSDB defendiam umaemenda com reajuste de 11,67%,provocando o trancamento da pau-ta e o conseqüente impedimento dasvotações, inclusive a do PCS. Esta MPsobre o reajuste dos aposentados epensionistas está prevista para per-der a validade no dia 10 de agosto,o que resultaria no destrancamentoda pauta e, finalmente, permitiria aaprovação do nosso PCS no próximo

PCS A luta continua: PCS deverá ser votado no esforço concentrado de setembro

SISEJUFE-RJ presente namobilização em Brasília

esforço concentrado dos dias 4, 5 e6 de setembro. A mobilização da ca-tegoria em todos os Estados, portan-to, continua. No primeiro dia do es-forço concentrado de agosto, apósquase uma hora de iniciada a ordemdo dia, a sessão não obteve quorumpara analisar o requerimento apre-sentado pela bancada do PFL paravotar uma emenda aglutinativa emlugar da Medida Provisória 291/06.A emenda propõe um reajuste de11,67% aos aposentados que rece-bem mais de um salário mínimo,além dos 5% previstos no texto ori-ginal da MP. Mas as bancadas daoposição e do governo não entraramem acordo sobre esse índice.Em uma sessão posterior, foram cons-tatados somente 183 votos dos 257

necessários para apreciar a emendaaglutinativa apresentada pelo PFL,não havendo quorum.

Os diretores da Fenajufe e os inte-grantes das delegações dos Estados,inclusive do SISEJUFE-RJ acompanha-ram os trabalhos na Câmara. Na opor-tunidade, os servidores conversaramcom vários deputados e solicitaram ofechamento do acordo para destran-car a pauta do plenário e votar logo osprojetos em tramitação, como os PCSsdo Judiciário e do MPU. A delegaçãodo SISEJUFE-RJ foi composta pelos di-retores Otton Cid da Conceição (TRF) eLucilene Lima Araújo de Jesus (aposen-tada do TRT) e pelos companheiros debase Gilbert Silva (JF-Venezuela), JoséFonseca (TRF), Luiz Eduardo FerreiraAraújo (JF-Rio Branco).

Segundo Lucilene e Otton, os compa-nheiros do Rio participaram ativamentede toda a mobilização das categoria emBrasília. Otton está otimista quanto a vo-tação do nosso PCS no próximo esforçoconcentrado de 4, 5 e 6 de setembro.Desta vez, segundo Otton, com a pautadestrancada em função da perda de vali-dade da MP 291/06 no dia 10 de agosto,finalmente o nosso PCS derveá ser vota-do no próximo esforço concentrado.

De qualquer forma, a mobilizaçãopela aprovação do PCS na Câmara dosDeputados continua. O envio de men-sagens para os parlamentares tambémdeve prosseguir. Na primeira fase damobilização, visando o destrancamen-to da pauta nos dias 1º e 2 de agosto,a categoria em todo o país atendeu aospedidos da FENAJUFE, mandandomensagens em massa para os deputa-dos, que receberam cerca de 75 mil

Integrantes do Comando Nacional de Mobilização conversam com o Deputado Alexan-dre Cardoso nos corredores da Câmara.

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 5MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

PCS

batalha pela aprovação do pro-jeto 5.845/05, que implementao Plano de Cargos e Salários(PCS) dos servidores do Judiciá-

rio Federal continua. O embate, comose sabe, está sendo travado no Con-gresso e sofre a ação nefasta dos par-lamentares da oposição, que criamproblemas para desobstruir a pauta,o que permitiria a votação do proje-to. No Rio de Janeiro, os diretores doSISEJUFE-RJ tentaram, em vão,agendar uma reunião com o líder doPFL, deputado Rodrigo Maia, parabuscar uma saída. O parlamentar, doalto de sua arrogância, se recusa arecebê-los, num total desrespeitocom a categoria e a sociedade.

Como se isso não bastasse, os de-mais parlamentares da oposição nãoaparecem no Congresso, prejudican-do não apenas os interesses da nossacategoria, como os do país, por nãovotarem as medidas provisórias e ou-tros projetos de lei que aguardampara serem analisados. A oposição fazpolítica com p minúsculo e prejudicaa nação inteira. Da parte do Executi-vo, o líder em exercício na Casa, de-putado Beto Albuquerque (PSB-RS)garantiu que o governo desejava avotação das medidas provisórias quetrancam a pauta da Câmara.

Os diretores do nosso Sindicato e daFENAJUFE continuam mobilizando a ca-tegoria na batalha pela aprovação doPCS. Nos dias 1º e 2 de agosto, por exem-plo, a FENAJUFE convocou todas as enti-dades filiadas a organizarem caravanaspara Brasília com o maior número possí-vel de servidores. O objetivo é pressio-nar os deputados e convencê-los a fecharum acordo em torno das medidas provi-

Líder do PFL se nega a receber osservidores do Judiciário Federal

sórias polêmicas, para votarem os de-mais projetos. O Rio de Janeiro se fezpresente com a ida de companheiros ecompanheiras à capital.

Além das pressões sobre os depu-tados, os senadores também estãosendo contactados porque, como sesabe, depois de aprovado na Câmarados Deputados, os projetos seguempara a apreciação do Senado. Ou seja,vale sempre ressaltar que o PCS só seráaprovado se a categoria mostrar, comotem feito até o presente momento, queestá mobilizada e disposta a continu-ar lutando e fazendo pressão sobre osparlamentares. Além dos contatoscom os parlamentares, o SISEJUFE-RJe demais Sindicatos em todo o paísorganizaram outras atividades demobilização, como assembléias, deba-tes e visitas nos locais de trabalho, para

mostrar à categoria que é necessáriointensificar a mobilização.

No Rio, a categoria realizou assem-bléias nas JF Rio Branco e Venezuela,no TRE e TRF, quando foram discuti-dos os possíveis desdobramentos parao destrancamento da pauta e conse-qüente tramitação do PCS. Na ocasiãoforam indicados os representantespara irem a Brasília.

Entre outras formas de pressão aFENAJUFE encaminhou aos Sindicatosum modelo de carta, para ser enviadaa todos os deputados, pedindo queeles fechem um acordo para destran-car a pauta de votação da Câmara. Oobjetivo é que todos os servidores doJudiciário Federal mandem o docu-mento aos deputados e os convençamde agilizar as votações no esforço con-centrado de 1º a 3 de agosto

AReprodução

A batalha pela aprovação do PCS continua

Rodrigo Maia (E), o inimigo número 1 da categoria.

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6 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

SISEJUFE-RJ entrou com uma açãocivil pública em maio de 2005com pedido de liminar para ga-rantir a convocação e nomeação

dos aprovados no concurso público de2001 para o TRE. A iniciativa visa coibiras irregularidades no preenchimentodos cargos criados pela Lei 10.842/2004 para o TRE-RJ. Neste caso, preva-lecendo a lei, podem ser chamadas cer-ca de 160 pessoas para as vagas. Todosos aprovados no concurso público de2001 serão beneficiados com o julga-mento favorável da ação.

Quem quiser fazer uma consultabasta acessar o portal da Justiça Fe-deral e verificar o andamento do pro-cesso nº 2005.51.01.008296-3. Maisinformações podem ser conseguidasna Assessoria Jurídica do SISEJUFE-RJ.Telefone 2232-1004, terças, quintase sextas- feiras, de 14 às 18 horascom a Dra. Daniela Farrulla.

Pró-labore nos cartóriosO Departamento Jurídico do

SISEJUFE-RJ está entrando com açõespara que os chefes de cartórios rece-bam corretamente os pró-labores aque têm direito, impugnando assima Resolução 158 que viola frontal-mente a lei. Para entrar com o pro-

Jurídico SISEJUFE-RJ entra com várias ações na Justiça em defesa da categoria

Ação civil pública em favordos concursados do TRE

cesso são necessários: carteira deidentidade, CPF ou carteira funcionale os contracheques antigos e atual.

Os juros de 11,98%O colegiado do Conselho da

Justiça Federal (CJF) aprovou, emsua última sessão, realizada em 29de junho, o pagamento de jurosmoratórios à taxa de 1% ao mês,incidentes sobre as parcelas dadiferença de 11,98%. Segundo in-formações publicadas no sítio doCJF, os valores serão pagos a todosos servidores do Conselho e daJustiça Federal de primeiro e se-gundo graus. A matéria foi aprova-da por unanimidade, de acordocom o voto da relatora,desembargadora federal DivaMalerbi. A diferença de 11,98% foipaga aos servidores em decorrênciada conversão dos seus salários decruzeiros reais em Unidade Real deValor (URV), pela Lei 8.880, emabril de 1994. Esta é a data em queos juros moratórios começam a serdevidos. Em 25 de maio deste ano,o Conselho de Administração doSuperior Tribunal de Justiça (STJ)também reconheceu esse direitoaos seus servidores. Diante da deci-

são do CJF quanto ao pagamentoadministrativo, referente aos jurosde 11,98%, o SISEJUFE-RJ deixará deajuizar ações para os servidores daJustiça Federal e Tribunal RegionalFederal. Quanto aos servidores doTRT, o SISEJUFE-RJ dará prossegui-mento ao ajuizamento, uma vezque não há previsão de pagamentoadministrativo.

Quintos do TRTO Departamento Jurídico do

SISEJUFE-RJ deu entrada, no últimodia 19 de julho, na 27ª Vara Federal,em uma ação de antecipação de tute-la. O objetivo da ação é impedir o pros-seguimento do desconto da parcelados Quintos do TRT.

O TRT tinha informado que a asses-soria do Pleno do Tribunal Superior doTrabalho reconheceu, como direitodos servidores, a incorporação dosvalores referentes aos quintos que co-meçou a ser paga por este Regional.Houve folha suplementar em abril parapagamento aos servidores ativos e ina-tivos das parcelas relativas a este mês.A administração do TRT afirmou que“o Tribunal está negociando com oTST a suplementação da verba neces-sária para o pagamento total, mas nãohá garantias ou previsão de datas”

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Por um problema técnico de edição, na matéria sobre a I Taça João Saldanha do nº 97 do jornal ”Que Fazer?”, página 8, nãoforam divulgados os nomes e os votos dos melhores goleiros e jogadores que formaram a seleção dos que participaramda competição. São os seguintes:Goleiros: Julio (5 votos) – 14 Bis; Roberto Ponciano (5 votos) – Chope Duplo; Rafael (5 votos) – SemanJogadores: Vinícius (8 votos) – Chope Duplo; Washington (7 votos) – Seguranças; Leonardo (7 votos) – Chope Duplo;Rodrigo (6 votos) – Seman; Helbert (3 votos) – Emb. B; Robson (3 votos) – Emb B; Fonseca (3 votos) – Emb. B; Bruno (3votos) – Emb. B; Rodrigo (3 votos) – Emb. B; Bruno (3 votos) – Justiceiros; Naldo (2 votos) – Justiceiros; Og (2 votos) –Amontoados; Iuri (2 votos) – Seguranças; Jorge (2 votos) – Seguranças; Vinícius (2 votos) – Seman; Michel (2 votos) –Chope Duplo; Schiavini (2 votos) – Chope Duplo.E

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 7MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Aposentadoria Compulsória Até que ponto a aprovação da PÉCatende ao interesse público?

ob a alegação de que o aumen-to da expectativa de vida dosbrasileiros para 68 anos dese-quilibrou a proporção entre

trabalhadores ativos e inativos e quevários trabalhadores acima dos 70anos mantêm plena a sua capacidadeprodutiva, o senador Pedro Simon(PMDB-RS) apresentou a Proposta deEmenda à Constituição (PEC) 457/05,assegurando a aposentadoria com-pulsória aos 75 anos. Ela modifica olimite etário para servidores titularesde cargos efetivos da União, dos esta-dos, do Distrito Federal e dos muni-cípios, com proventos proporcionaisao tempo de contribuição.

Porém, antes mesmo de sua aprova-ção, a PEC 457/05 tem causado polêmi-ca. A proposta foi aprovada no plenáriodo Senado, para o servidor de modoem geral, mediante regulamentaçãoem lei complementar, mas com aplica-ção imediata para os ministros do STF,Tribunais Superiores e Tribunal deContas da União, condicionada a conti-nuidade do interessado em permane-cer no cargo à nova sabatina.

A comissão especial na Câmarasobre o assunto aprovou no iníciode junho o substitutivo do relator,deputado João Castelo (PSDB-MA)que eliminou a distinção entre osservidores e os magistrados e supri-miu a necessidade de aprovação dalei complementar. Segundo o pare-cer, a PEC “tende a colaborar com oequilíbrio das contas da PrevidênciaSocial, a aumentar a liberdade deescolha do servidor público quantoà melhor época de sua aposentado-ria e faculta-lhe, em caso de benefí-

cio proporcional ao tempo de con-tribuição, a possibilidade decandidatar-se, na concessão, aproventos de maior valor”.

Na instância do Poder Judiciário, aAssociação Nacional dos Magistradosdo Trabalho (Anamatra) e a Associa-ção dos Magistrados Brasileiros(AMB) alegam que a aprovação daPEC 457/05 dificultaria o natural cur-so da renovação dos quadros, cau-sando “prejuízos irreparáveis à car-reira”. Alegam ainda que retardaráou inviabilizará a perspectiva deprogressão dos juízes para os grausmais elevados. Considerando tam-bém a falta de estímulo nas instânci-as inferiores, que, após longos anosem uma carreira, ao implementar ascondições exigidas para a aposenta-doria espontânea, poderão estar dis-postos a se retirar dos quadros emproporção muito maior pelaestruturação do Poder Judiciário.

O que deve ser colocado em xe-que com relação à PEC, mais do que a

Qual a melhor maneira dereduzirmos o déficit previdenciário?

posição do Judiciário, é até que pon-to a aprovação atende ao interessepúblico, da prestação dos serviços e,se é viável como forma de reduçãodo déficit previdenciário. É inequívo-co que uma pessoa na faixa dos 70anos possui plena capacidade profis-sional, merecedora não apenas doreconhecimento e da admiração pelacarreira a qual seguiu por valorososanos, tendo como resultado a rele-vante contribuição para sociedade.

Não obstante a um estudo maisapurado da medida, se faz necessáriaa renovação dos quadros nas carrei-ras de Estado em geral e no PoderJudiciário, de forma que a alternânciade seus membros seja fator deoxigenação dos quadros públicos.Devemos, porém, nos ater a criaçãode políticas públicas que contemplema geração de emprego e renda, maisdo que quaisquer outros instrumen-tos que modifiquem a Constituição

(*) Jornalista do SINJUFEGO

Janaina Gomes*

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8 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Arte O caráter dos homens é que deve serradicalmente transformado

onsidero Wilhelm Reich – o paida terapia reichiana – mais doque um grande psiquiatra: tal-vez o pensador que mais

pesquisou a alma humana no séculoXX. Com o seu conceito da “pesteemocional” desenvolvido no livro“Assassinato de Cristo”, escrito em1947, pela primeira vez, Reich pro-pôs detectar, por meio da análise docomportamento humano agressivofrente à energia vital (o que ele de-nominou no livro como “Vida Viva”,configurada na pessoa de Cristo), oselementos primários geradores domal da humanidade e instauradoresdos megasistemas de poder pelosquais este mal humano viria a se pro-pagar nas sociedades.

Reich defende a tese de que osseres humanos sofrem desde osprimórdios da sua existência umarigidez muscular crônica herdada eintensificada de geração em geração,resultando na grave obstrução dacirculação no corpo de energiasbiófilas (relativas ao impulso à vida,na expressão do psico-sociólogo EricFromm). A “peste emocional” consis-

te numa espécie de vírus que, imper-tinente e impiedoso, atinge os orga-nismos vulneráveis tornando-os nãosó ainda mais incapazes de sentir eusufruir a energia vital (a qual Reichdepois veio denominar “orgone”),como também responsáveis por en-gendrar no subconsciente e inconsci-ente humano percepções, sentimen-tos e valores necrófilos (relativos aoimpulso à morte), atingindo, por fim,o âmago do caráter.

A dimensão revolucionária datese de Reich (resultando-lhe emcruéis perseguições pelos fascis-tas, comunistas e capitalistas daépoca) está na afirmação de que osmales encontrados em grande es-cala nas sociedades não são frutosdos sistemas de poder mas, antes,conseqüência do próprio caráterneurótico das massas humanas.

Para Reich, o escravismo, o totali-tarismo, o fascismo, o nazismo, ocapitalismo e todos os outros“ismos” que no passado tiraram avida das sociedades, no fundo, para-doxalmente, não passaram de aber-rações criadas pelas próprias massashumanas. De acordo com sua tese,Jesus não foi morto pelo poder religi-

oso e político da sua época. Seusdetentores foram apenas executoresda vontade deliberada das massashumanas que no decorrer dos sécu-los criam e recriam carrascos comoHitler, Nero, Gengis Kan, Stalin,Bush, preparados para dizimaremquantos “Cristos” forem necessáriosa fim de que se preserve intacto oculto coletivo dominante à morte e àbarbárie.

O caráter dos homens é que, por-tanto, para Wilhelm Reich, deve serradicalmente transformado, sem quea humanidade padeça na expectativavã de um líder ou um “ismo” qualquervá lhe salvar e lhe trazer novamente àvida os homens de boa vontade. ParaReich, estes existem apesar de tam-bém serem afetados pela peste emoci-onal. Eles serão os responsáveis pelosprimeiros passos rumo à ruptura des-te mal enraizado e do resgate da ener-gia vital que, apesar de reprimida,continua guardada no interior doshomens e no cosmos na espera de serativada e potencializada por cada um,livremente, como Cristo o fez plena-mente

(*) Servidor do TRE-RJ

Rinaldo Martins de Oliveira*

A peste emocionalA peste emocional

C

Reprodução

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 9MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Arte O que pouco se discute é a conduta ética que servidoresdevem ter uns com os outros

Na semana passada, meu estagiá-rio Thiago, precisando fazer umtrabalho universitário, pediu-meexemplo de algo que, apesar de

amparado pela lei, seria condenável doponto de vista moral. Confesso que nãoestava de todo desprevenida. Pelo con-trário, venho refletindo muito sobre oassunto desde que um conhecido meufoi pego de surpresa ao saber de sua exo-neração do cargo de confiança que ocu-pava no TRE, pelo Diário Oficial. Pergun-ta-se: tal fato é legal? Sim. É moral? Ameu ver, não. Ainda mais, por ser servi-dor concursado, ver-se substituído poralguém que não pertence ao quadro.Aliás, com esse detalhe, passou a ser talfato ilegal? Também não. Mas chega aser imoral? Penso que, em pleno SéculoXXI, sim.

Quando cursava a faculdade de Di-reito, ouvia os professores repetirem quea realidade surpreende a lei. Ou seja, faz

Quando o legal é imoral

parte da própria lógica jurídica estarsempre um pequeno passo atrás dastransformações vivenciadas pela socie-dade. Tal anacronismo nada tem de ab-surdo. Pelo contrário, é conseqüênciamais do que natural da rápida mutaçãodos costumes sociais. Agora, quandoesse atraso jurídico extrapola os limitesdo bom senso, além de absurdo, passa aincorrer em inúmeras injustiças.

Assim, quando uma lei, vigente em2006, permite que se retire umafunção de confiança sem qualquer espé-cie de aviso ou justificativa,ela já está, no mínimo, 118 anos atrasa-da. Ultrapassada, também, está uma leique ainda permite o ingresso de alguémno serviço público sem prestar concurso.

É moral conviver com uma pessoa di-ariamente, saber de suas necessidades,dívidas e compromissos e, ainda assim,retirar dela parte do salário de um dia paraoutro, sem lhe dar qualquer justificativa,deixando que ela passe pela humilhaçãode saber pela publicação em Diário Ofici-

Não se pode admitir que as re-gras válidas para a vida pública es-tejam atrasadas se comparadascom aquelas que regem a vida pri-vada. A moral pública deve ser umplus com relação à moral comum,a fim de lhe inspirar o exemplo. De-pois de todos os avanços consegui-dos pela humanidade no campo damoral e da ética, é absolutamenteintolerável que o ordenamento ju-rídico continue a legitimar umaprática tão hedionda. Já é hora deexigirmos que o serviço público secoadune com as conquistas do es-pírito. Somente assim, a geraçãodo Thiago vislumbrará a socieda-de livre, justa e solidária que foiprometida à minha – e que aindanão foi cumprida.

Luciana Villar*

(*) Servidora do Centro Cultural JustiçaFederal.

Tempos modernos

al? Ou, pior ainda, é moral esperar umservidor sair de férias para, só na volta,comunicá-lo de que enquanto esteve au-sente, sua função foi retirada, como, mui-tas vezes, presenciei no TRF?

Muito se fala das traições, sabota-gens e perversidades praticadas nasempresas privadas. Fala-se muito emdesonestidade na condução da coisapública, principalmente quando per-petrada por um funcionário emdesfavor de um cidadão ou de toda acoletividade, como pode ser verifica-do diariamente nas editorias de polí-tica – ou de polícia – dos meios decomunicação. O que pouco se discu-te, no entanto, é a conduta ética quefuncionários públicos devem ter unscom os outros. E a conseqüência maisdesastrosa dessa falta de parâmetrosé o crescente número de crimes deassédio moral no serviço público

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Reprodução

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10 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

ogo no Artigo 1º da Constitui-ção nos avisam que a Repúbli-ca Federativa do Brasil é umestado democrático de direito.

Democracia, como tão sabiamentedefiniu o presidente americanoLincoln: “Do povo, para o povo epelo povo (abstraiamos, por en-quanto, o subliminar “da Américado Norte”).

Legal. E de tão inspirados, con-tinuamos a leitura de nossa tãosublime Carta Magna. Até que che-gamos ao art. 14 § 1º, I. Esse dispo-sitivo nos atira à queima roupa queo voto é obrigatório (!?). Mas nãodisseram que a gente vive numa

Opinião Não se pode obrigar um povo a exercer sua soberania

Democracia x votoobrigatório

Democracia? Pois é. Vai explicar...O voto é, sem sombra de dúvi-

das, o mais importante instrumen-to de cidadania. Mas não o único.Em outras palavras: o fato de nãose exercer o sufrágio não suprime acidadania de ninguém. Vai até tra-zer conseqüências transtornantes,já que, por ser tratado como obri-gação, seu não cumprimento impli-ca em sanção (instrumento de coa-ção). Mas não aliena minha cidada-nia. Isso não.

O voto possui natureza de direito.Direito que legitima a maioria e ex-pressa a soberania popular. Todavia,direito não pode ser imposto. A im-posição distorce o direito em obriga-ção. Aliás, é contraditório dizer-se “odireito ao voto é obrigatório”. Direi-

to é potencial, desfrutado, se conve-niente. Não se obriga um povo aexercer sua soberania – e se subsisteessa obrigação, soberano esse povonão é. Sempre há aqueles que dizem:“mas sempre se poderá votar nulo ouem branco”. Sim, e daí?Nem por isso se deixará de votar. Odireito continua deturpado. E aí sedesencadeia um problema maiorainda: a forma de legitimação daDemocracia é o voto da maioria.Mas se esse voto é obrigatório, eportanto, desvirtuado, envenena-seo processo de Democracia.

Aliás, chamem de qualquer outracoisa, menos Democracia. Esta nãocasa com voto obrigatório

(*) Servidora da 24ª Vara Cível

Clarisse Faria*

L

Reprodução

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 11MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Mobbral Foi difícil escolher a besteira campeã para começar nossa coletânea

Fulgêncio Pedra Branca*

mado leitor, no Brasil atual, comuma televisão tão ávida em pro-pagar a bestialidade, com umaliteratura tão “rica” em best sel-lers que não dizem nada, e com

uma música tão pródiga em “músicos”sem talento, foi difícil escolher a bes-teira campeã para começar nossa co-letânea. Todavia, nada mais pródigoque a política nacional em bobagens.A direita, com inclinações fascitóides,homófoba, racista, não podia deixarde levar a taça da maior bobagem.

“The oscar goes to”: o deputado ho-mófobo carioca, Edison Fonseca, deci-diu curar a homossexualidade. Num re-torno à época medieval, ele crê que sergay é doença, e queria criar uma funda-ção, ONG, sei lá, com fundos públicospara salvar os efeminados. Meu primogay, feliz e assumido, o Gaudêncio dosPampas, vibrou com a idéia; eu não en-tendi bem o porquê, achei que ele tinhapirado de vez, mas aí ele me explicou:

– Imagina aquele monte de gayjunto, como se fosse um GA (Gays Anô-nimos), contando seus causos, e eu láno meio, babando... Quando um dis-ser que caiu na tentação e, depois de24 dias sem papar um bofe, não resis-tiu à imagem de um peito cabeludo ese entregou... Já vou ficar com as mãosfrias, todo molhadinho, escolho umbofe e levo direto para meu cafofo. EsteGaudêncio! Consegue ver utilidade nostrastes mais inúteis.

Na mesma esteira da anterior, no go-verno da Garotinha, eis que surge umalei anti-sarro. O deputado Picciani – queficou famoso por ter sido acusado demanter, em condição de escravos, traba-lhadores nas terras dele – mostrou que éum grande “democrata e feminista”.

Em ano de eleição, ele criou umalei hipócrita, que segrega as pessoaspor sexo, ao criar um vagão exclusivopara as mulheres, no horário do rush,em trens e metrôs.

Mostruário de besteiras brasileiras:uma homenagem a Stanislaw Ponte Preta

Fiscalizar as companhias privatiza-das, que vivem mamando nas tetas doEstado, necas. Criar condições dignaspara que homens e mulheres viajemconfortavelmente, necas. A lei ilegal es-quece que tratamento especial só parapessoas especiais, ou seja, gestantes,mães com crianças de colo, idosos edeficientes. Estes continuam a ir amar-rotados em vagões superlotados.

A cena atual, no horário do rush, é pa-tética. Ao lado do vagão segregado, docompartimento das luluzinhas, fica prati-camente o compartimento dos bolinhas.A inspiração deve ter sido os colégios in-ternos segregados por sexo. Ficam algu-mas questões, que alegremente, minhaamiga feminista, Rosa Lilás, me fez:

– Fulgêncio, quer dizer que se o va-gão para mulheres é para os homens

não as sarrarem, nos outros vagões osarro está liberado? E se uma lésbicaestiver me sarrando, o que eu faço? Vaiser criado um vagão só para homosse-xuais também? Outro só para idosos?Outro só para gestantes?

Bem, eu vi uma cena engraçada,duas moças correndo, horrorizadas, dedentro do vagão segregado e dizendo“credo”, ao se deparar com um vagãosó de mulheres. Uma disse para a ou-tra: – Cruzes, não tem um homem bo-nito para a gente ficar olhando nestevagão, vamos para o outro!

Qual será a próxima iniciativa do “pro-gressista” deputado, o uso de burca?

(*) Escritor, alcoólatra e hipocondríaco,escreve de graça para esta coluna porfalta de coisa mais útil para fazer.

A

Mande suas besteiras para o Fulgêncio: [email protected]

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12 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Nossa História Plano era tomar o quartel de Moncada e distribuir armas ao povo

a madrugada de 26 de julho de1953, em Santiago de Cuba, cen-tenas de jovens se preparavampara entrar para a história de umpaís mergulhado em uma ditadu-

ra chefiada pelo sargento Fulgêncio Ba-tista; que assumira o poder por meio deum golpe de Estado, em março de 1952.

O comandante do grupo, que veio aser conhecido como o da Geração Cente-nária (em homenagem ao mártir da inde-pendência cubana, José Marti, nascido umséculo antes, em 1853) proclamava: “Den-tro de poucas horas vocês serão vitorio-sos ou derrotados, mas, independente-mente do resultado, este Movimento tri-unfará...) Vocês já conhecem os objetivosdo nosso plano; é um plano perigoso, eaqueles que me seguirem terão de fazê-lo voluntariamente”. Fidel Castro, entãoadvogado de 27 anos, filiado ao PartidoOrtodoxo, de tendência nacionalistamoderada, era o cabeça do movimentoque reunia 148 pessoas, a maioria jovens,entre eles duas mulheres, MelbaHernández e Haydée Santamaria.

Este fato histórico pode ser conside-rado o início do processo revolucionárioque culminou, em 1º de janeiro de 1959,com o fim da ditadura de Batista e a as-censão da Geração Centenária. Em 26de julho o plano era tomar de assalto oquartel de Moncada, a maior guarniçãomilitar de Santiago de Cuba, pegar asarmas e distribuí-las ao povo para a der-rubada da ditadura.

O plano não deu certo, apenas mo-mentaneamente. Fidel foi preso juntocom outros participantes da ação, entreos quais, o irmão Raúl Castro, AbelSantamaria (irmão de Haydée, tambémpresa junto com Melba). Outros 69 fo-ram exterminados pela repressão de Ba-tista. Fidel foi preso em uma choupanana entrada da Sierra Maestra, palco daguerrilha, que anos mais tarde triunfariae faria com que Cuba se tornasse o pri-meiro país socialista da América Latina.Fidel fez a sua própria defesa no julga-

Quando começa a Revolução cubana

mento, numa peça jurídica que veio a setornar um documento históricointitulado: “A História me absolverá”, noqual ele apresentava uma radiografia daépoca em que Cuba era conhecida comoo “prostíbulo” do Caribe, paraíso da máfiae de milionários estadunidenses. O dita-dor Batista achava que a defesa de FidelCastro, pedindo liberdade política, inde-pendência econômica e justiça social,não passasse de uma peça folclórica.

Condenado a vários anos de prisão,Fidel Castro acabou anistiado e, em maiode 1955, adentrava Havana, saudado poruma multidão, que o aguardava na esta-ção ferroviária. Poucas horas depois, nas-

ceria o Movimento 26 de Julho. Em se-guida, Fidel foi para o México, exilado,junto com o irmão. Lá, ele conheceu ummédico argentino, de nome Ernesto CheGuevara, que se incorporaria à luta dopovo cubano e entraria para a história.

Do México, no iate Granma, 81 pes-soas foram para Cuba. Logo no desem-barque, em 2 de dezembro de 1956, en-frentaram as tropas de Batista. Apenas12 homens escaparam ao cerco e foramse embrenhar na Sierra Maestra, para,finalmente, depois de muita luta, alcan-çarem o objetivo final, em 1º de janeirode 1959. Uma revolução que começoucom o assalto ao quartel de Moncada

Mário Augusto Jakobskind

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uçã

oFidel Castro: comandante da Geração Centenária.

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 13MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Nacional A TV Digital certamente não vai atingir aqueles que mais precisam dela

Embora as empresas de radiodifusãosempre tenham deixado claro a prefe-rência pelo padrão de modulação japo-nês de TV Digital, o governo nunca apre-sentou, de forma consistente, uma ar-gumentação que justificasse sua esco-lha. Do lado das empresas, Regina Mota,da Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG), explica que o padrão ISDB (ja-ponês) “muda, sem mudar nada”, ouseja, mantém o quadro antidemocráti-co das comunicações no país. Já da partedo governo, as justificativas ficaram sem-pre no discurso tecnológico.

Entretanto, aponta Regina, é quenesse campo, os argumentos são maisfrágeis. “Nossa tecnologia (a de um pa-drão brasileiro) é mais avançada do quea que vamos importar dos japoneses”,garante a pesquisadora, que classificade “falácia” o argumento de que o Bra-sil ficaria isolado se desenvolvesse tec-nologia própria.

Regina também conta que pesqui-sadores do Sistema Brasileiro de Tele-visão Ditigal (SBTVD) afirmaram que opadrão japonês encontrará muitas difi-culdades para funcionar perfeitamenteno Brasil. Principalmente, no que dizrespeito à transmissão do sinal para atotalidade do país.

Coração estrangeiro

O decreto assinado por Lula, defi-nindo a escolha pelo modelo japonês,também determina que tecnologiasnacionais serão utilizadas, mas nãose sabe ainda a proporção destas mo-

A opção pela dependênciaPesquisadora brasileira rebate justificativas para escolha do padrãojaponês para a TV Digital. Brasil poderia ter o seu próprio padrão no final deste ano

dificações. O fato é que o padrão,considerado o “coração” de um siste-ma, será estrangeiro. O que pouco sesabe é que em um dos consórcios depesquisa do SBTVD, financiados pelogoverno federal, foi desenvolvido umpadrão de modulação brasileiro naPUC-RS, o qual, com o financiamentonecessário, poderia estar finalizado,pronto para entrar nas fábricas, no fimdeste ano.

Tal fato põe por terra a “pressa”em definir o padrão, critério usado

principalmente pelo homem da RedeGlobo no governo, o ministro das Co-municações, Hélio Costa. Em inúme-ras ocasiões, Costa afirmou que sefosse desenvolver um sistema genui-namente brasileiro, o país estaria per-dendo tempo e se atrasando em rela-ção a outros países. Vale lembrar quea China só irá finalizar seu sistema em2008 e que, mesmo no Japão, nemtodas as cidades recebem o sinal di-gital.

Opção pelo atraso

Para Regina, a decisão, além de terperdido a oportunidade de criar um sis-tema que atendesse às deficiências e de-mandas específicas do Brasil, tambémse perdeu a oportunidade de investir nodesenvolvimento da pesquisa e indús-tria brasileiras.

”Atrasado é a mentalidade desse go-verno, que acha que a gente só tem queexportar soja. Esse resultado é a provado nosso arcaísmo, Lula provou que nãoacredita na potencialidade científica dopaís”, protesta.

A pesquisadora também afirmaque, do modo como será implemen-tada, a TV Digital certamente nãovai atingir aqueles que mais preci-sam dela.

”Vai chegar para aqueles que hoje játêm poder aquisitivo para ter internet,acesso a jornais e revistas”, diz.

Gustavo Gindre, jornalista do Cole-tivo Intervozes, compartilha da mesmaopinião: “Como foi concebida, apenasaumentará a desigualdade informaci-onal que já existe”, afirma

(*) Jornalista do Brasil de Fato

Dafne Melo*Reprodução

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14 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Parem o GParem o GAs fotos falam por si sós. Para nós, não importa se asvítimas são libanesas, israelenses ou palestinas. Todassão civis inocentes, vítimas de uma guerra suja.De forma alguma apoiamos qualquer ato terrorista, sejado Hezbollah, do Hamas, ou de qualquer outro grupo.Todavia, esses atos não justificam um tipo de terrorismoainda pior, o terrorismo de Estado, que vem sendopraticado pelo governo de Israel. .

As fotos falam por si sós. Para nós, não importa se asvítimas são libanesas, israelenses ou palestinas. Todassão civis inocentes, vítimas de uma guerra suja.De forma alguma apoiamos qualquer ato terrorista, sejado Hezbollah, do Hamas, ou de qualquer outro grupo.Todavia, esses atos não justificam um tipo de terrorismoainda pior, o terrorismo de Estado, que vem sendopraticado pelo governo de Israel.

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 15MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

enocídio!Basta de guerras e de violência. Esse tipo de ação, como demonstram osfatos das últimas décadas, só provocam mortes de inocentes. Libaneses,israelenses, palestinos e o mundo inteiro estão cansados de guerras.Veja o posicionamento de uma entidade judaica progressista, com sedeno Rio de Janeiro, a Associação Scholem Aleichem (ASA), que condena todotipo de terrorismo.

Basta de guerras e de violência. Esse tipo de ação, como demonstram osfatos das últimas décadas, só provocam mortes de inocentes. Libaneses,israelenses, palestinos e o mundo inteiro estão cansados de guerras.Veja o posicionamento de uma entidade judaica progressista, com sedeno Rio de Janeiro, a Associação Scholem Aleichem (ASA), que condena todotipo de terrorismo.

Parar a guerra, voltar à negociaçãoA grave escalada militar no Ori-

ente Médio traz enorme preocupa-ção. Populações civis libanesas, is-raelenses e palestinas estão sendopesadamente atingidas. A destrui-ção maciça de bens urbanos estáinviabilizando o funcionamento decidades inteiras. O deslocamentoforçado de milhares de pessoasdespedaça famílias e agrava a crisehumanitária que sempre apareceem tempos de guerra. A rotina degrandes massas populacionais sedeslocou para dentro de abrigossubterrâneos, estradas, escolas eparques públicos.

A comunidade internacional,aí incluídos estados e organiza-ções, reage muito lentamente.Enquanto isso, o conflito ceifacentenas de vidas e dá sinais derecrudescimento. Prevalece umacultura da violência, embora nãohaja solução militar para o conflitona região.

A Associação ScholemAleichem (ASA), fiel às posiçõesque tem publicamente defendi-do sobre o Oriente Médio, ma-nifesta que:

1. O terrorismo, de qualquerorigem, é inaceitável e merece omais claro repúdio. O ataque a al-vos civis, porém, é igualmente con-

denável e, por isso, é imperativoque se respeitem as Convençõesde Genebra, que protegem as po-pulações civis em caso de guerra.

2. Um cessar-fogo imediato étarefa prioritária. Para que seja du-radouro, deve contar com a pre-sença urgente de forças interna-cionais que assegurem a paz nasfronteiras de Israel com o Líbanoe a Faixa de Gaza.

3. Não há solução viável parao conflito palestino-israelensefora da fórmula “dois povos, doisestados”. Para isso, é indispensá-vel que se retomem as negocia-ções entre os representantes le-gítimos das duas partes, evitan-do-se as iniciativas unilaterais. Acriação de um Estado palestino,com fronteiras internacionalmen-te reconhecidas e ao lado de Is-rael, esvaziará os grupos queapostam no confronto.

4. O acatamento às resoluçõesda ONU não pode ser seletivo.Todas elas devem ser respeitadas.

5. Um possível fortalecimentodo anti-semitismo, como resulta-do das ações israelenses, deve serprontamente rechaçado, numaação conjunta das comunidadesjudaicas com as forças democráti-cas de todos os países.

enocídio!

Parar a guerra, voltar à negociação

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16 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Reforma Agrária Somos contra ação descabida e antidemocrática, que fecha escolas,quando deveria multiplicá-las, e abre presídios

este momento, em que foi fun-dado o “Comitê em defesa daEscola Milton Santos”, um dosCentros de Educação do Movi-

mento dos Sem Terra (MST), ameaça-da de despejo pela prefeitura de Ma-ringá, lembramos a todos que, a his-tória da formação da sociedade brasi-leira é a história de uma longa lutapela terra. O centro é responsávelpela formação de Técnicos em Agro-pecuária, com ênfase em Agroecolo-gia.

Indiscutivelmente, nossa trajetó-ria histórico-social é marcada pelamonopolização da propriedade epela exploração da Terra. No entan-to, os membros desse Comitê enten-dem que a terra é social e histórica emais ainda, o camponês sem a terra,de certa forma, é um desenraizado.No Brasil, a questão da terra não foienfrentada, a reforma agrária na ma-neira como é proposta pelos nossosgovernantes, via de regra, é uma ope-ração econômica, nem sempre acom-panhada de medidas políticas quepossibilitam o engajamento do tra-balhador rural no sistema nacionalde poder.

Contrária a esse ciclo vicioso, aEscola Milton Santos do MST, emMaringá, desenvolve um projeto detransformação dessa crônica realida-de e caminha em um sentido de cons-truir mecanismos emancipatóriospara os trabalhadores da terra. A es-cola está localizada numa área públi-ca (no limite com o município dePaissandu), cedida oficialmente em2004, por 20 anos, em concessão deuso a título gratuito, pela Prefeiturado Município de Maringá, ao Institu-to Técnico de Educação e Pesquisa da

Reforma Agrária (Itepa) e à Universi-dade Federal do Paraná (UFPR).

Na época, vale lembrar, haviam nolocal ruínas de um projeto de indús-tria de cerâmica que jamais funcio-nou e serviam como depósito de lixoe espaço de prostituição. Hoje, nomesmo local, encontramos o Centrode Educação e Capacitação para odesenvolvimento da Agroecologia. Éum espaço de formação de trabalha-dores rurais e urbanos, no qual, estu-daram 188 educandos e educandasde Maringá e outros municípios pa-ranaenses. O curso técnico permane-ce em parceria com a Escola Técnicada UFPR. Todavia, num movimentocontrário à história, a escola foi noti-ficada que dois hectares da área havi-am sido doados à Secretaria de Esta-do da Justiça, para construir umaCasa de Detenção Provisória. Essamedida, deixa de fora a concessão da

sede da escola, onde funcionam salade aula, refeitório, cozinha, bibliote-ca, sala de informática, secretaria,ciranda infantil, banheiros e aloja-mento. Somos contra essa ação des-cabida e antidemocrática, que fechaescolas, quando deveria multiplicá-las, e abre presídios.

Este comitê defende a permanên-cia e a continuidade da Escola MiltonSantos e neste sentido, nossas açõesorientam-se pela força das palavrasde um outro professor que lutou edeixou saudades, Octavio Ianni. Cer-ta vez, ele escreveu: “A nação renas-ce, segundo os movimentos do seupovo, forças sociais, formas de traba-lho e vida, lutas e utopias” (1992)

(*) Texto lido no ato de fundação do Comi-tê em defesa da Escola Milton Santos, em28/06/2006, Maringá-PR.

Reprodução

Escola Milton Santos:uma história de longa luta pela terraEscola Milton Santos:uma história de longa luta pela terra

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 17MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Mulheres O Congresso Nacional aprova PLCnº 37/2006 que coíbe a violência doméstica

violência contra as mulheres émais um fator da desigualdadeentre os gêneros, que tem comopilar fundamental a construçãosócio-cultural que não encontra

respaldo nas diferenças biológicas. Aconstituição dos espaços públicos eprivados, isto é, as relações intrafamili-ares foram historicamente interpreta-das como restritas e privadas, proporci-onando a complacência e a impunida-de. O movimento feminista, há muitotempo, alerta que, frases do tipo “embriga de marido e mulher, ninguémbota a colher” fazem com que a violên-cia e a impunidade andem de mãosdadas. A situação é retransmitida portoda uma vida. A violência instalada noseio familiar é reproduzida de algumamaneira fora dela, isto é, uma criançaque sofre violência ou que assiste acenas brutais, certamente irá reprodu-zi-la fora de casa. Pode-se dizer que aviolência é um círculo vicioso.

A Secretaria Especial de Políticas paraas Mulheres, ligada à Presidência daRepública, juntamente com diversosórgãos governamentais que discutem aspolíticas públicas dirigidas às mulheres,

Violência doméstica: um passo à frente

encaminhou ao Congresso Nacional oProjeto Lei de Conversão 37/2006, quecria mecanismos para coibir a violênciadoméstica e familiar contra a mulher. Aproposta dispõe sobre a criação dosJuizados de Violência Doméstica e Fa-miliar, e estabelece medidas de assis-tência e proteção às mulheres em situa-ção de violência doméstica e familiar.

O Projeto foi aprovado pelo Sena-do Federal no dia 4 de julho desteano. Trata-se de mais uma forma decombater à violência física, sexual emoral contra as mulheres no âmbitodoméstico. A proposição proíbe aaplicação de penas pecuniárias (cestasbásicas e multas), como até hoje eramtratados os casos de violência, e insti-tui juizados com competência cível ecriminal. Com a aprovação deste pro-jeto, o Brasil cumpre os acordos inter-nacionais da Convenção de Belém doPará e da Convenção para a Elimina-ção de Todas as Formas de Violênciacontra as Mulheres (CEDAW).

O Brasil é signatário de diversospactos internacionais e este é um im-portante passo para as brasileiras –que não são poucas – que vivem noseu cotidiano familiar as mais diversasformas de violência, conforme as pes-

quisas do IBGE e da Pesquisa Nacionalde Amostra Domiciliar (PNAD), nofinal da década de 1980, constataramque 63% das agressões físicas contraas mulheres acontecem nos espaçosdomésticos e são praticadas por pes-soas com relações pessoais e afetivascom as vítimas. A Fundação PerseuAbramo, em pesquisa realizada em2001, que investigou diversos temasenvolvendo a condição da mulher, naprojeção do item “Violência contra aMulher”, indica que pelo menos 6,8milhões de brasileiras já foram espan-cadas pelo menos uma vez. Atravésdesta pesquisa projeta-se que 175 milmulheres teriam sido espancadas pormês, uma a cada quinze segundos.

Medidas governamentais comoestas devem vir acompanhadas deações integradas entre os poderespúblicos, em todos os níveis, com osmeios de comunicação, com as orga-nizações não governamentais e osmovimentos sociais; mas, antes detudo, a sociedade como um todo devese responsabilizar pela propagaçãodo tema “mulher livre de violência” epela igualdade entre os gêneros

(*) Assessora Política do SISEJUFE-RJ

Márcia Bauer*

A

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18 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Entrevista Mídia conservadora induz a opinião pública a aceitar formas poucoeficazes de se combater o crime

tema defesa dos direitos hu-manos no Brasil ainda é umdos temas de grande preocu-pação dos cidadãos com um

mínimo de consciência. A mídiaconservadora sempre procura in-duzir a opinião pública a aceitarformas discutíveis e pouco efica-zes de se combater a delinqüênciae o crime. A prática tem sido a desempre, com componentes queremetem aos períodos ditatoriaisda história do país, prevalecendoos velhos estereótipos de sempre.

Nesta entrevista exclusiva à Idéiasem Revista, a vice-presidente do gru-po Tortura Nunca Mais, Cecília Coim-bra, faz uma comparação do períodoem que os presos políticos, sendo elaum deles, sofriam torturas nos po-rões da ditadura e o que acontecehoje com os presos consideradoscomuns.

Ela analisa a estratégia comumen-te utilizada pelas autoridades dopaís, em matéria de combate a vio-lência urbana, uma prática violenta eineficaz. A íntegra desta entrevistapode ser encontrada no portal doSISEJUFE-RJ, http://sisejuferj.org.br

Idéias em Revista – 26 de junho foi oDia Internacional de Luta contra a Tor-tura. Como foi lembrado no Brasil?

Cecília Coimbra – É ainda muito poucoconhecido. Na realidade, o que a ONUvotou foi um dia de apoio à luta das víti-mas da tortura. Como nós do TorturaNunca Mais do Rio questionamos umpouco essa forma que se coloca a vítima,não gostamos muito desse nome. Produzuma pessoa despotencializada e fragili-zada. Então aqui no Brasil, inauguramosesse movimento, há uns cinco anos deno-minando de Dia Internacional de Lutacontra a Tortura. A cada ano temos feito

Uma prática comumque se repete no Brasil

Mário Augusto Jakobskind

O

Cecília Coimbra: vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 19MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

eventos. O deste ano foi no dia 3 de ju-lho, porque no dia 26 não havia localdisponível. Há sempre um tema atualem relação à questão da tortura emdiscussão. O deste ano, que eu consideromuito sério, que está sendo exportadovia Estados Unidos, é a questão do malmenor. A tortura enquanto mal menor.

Idéias – Como assim?

CC – Ou seja, você está numa situaçãode guerra, esse é o argumento com oqual se justificam alguns juristas norte-americanos. Isso está inclusive no Con-gresso estadunidense para ser votado.No momento que uma pessoa detémdeterminadas informações, e essas in-formações colocam em risco a vida deoutras, ou a vida de uma cidade, de umacomunidade, é válida ou não essa pessoaser torturada para que essas informa-ções sejam conhecidas? Na realidade, éuma legalização da prática da tortura.

Idéias – A história mostra que noperíodo da guerra da Argélia foi mui-to discutido isso. Os franceses ensi-naram a tortura na Argentina, aquino Brasil deram uma assessoria.

CC – Essa é uma questão que volta ago-ra, principalmente após o 11 de setem-bro, quando uma série de direitos e ga-rantias constitucionais foram varridosdos Estados Unidos. No evento do dia 3de julho, a tortura usada oficialmente,legalmente, em algumas situações, foidiscutida em uma mesa redonda muitoimportante, muito interessante, com aparticipação de companheiros comoMarcelo Freixo da ONG Justiça Global,Vera Malagute Batista, do InstitutoCarioca de Criminologia.

Idéias – E a política de tolerânciazero?

CC – Isso é dito inclusive por um sociólo-go que trabalha muito com a questãodas prisões nos Estados Unidos e comessa chamada política de tolerânciazero, que é o Loïc Wacquant. Ele diz quepara a qualidade de vida de alguns, tole-rância zero na maioria. Ou seja, crimi-

naliza-se toda e qualquer atitude quepossa ser suspeita. Então, a grandequestão hoje, que para nós é seríssima, éque parte da população brasileira acha,e a mídia amplifica, que extermínio dealguns e tortura em outros é até neces-sário em alguns momentos.

Idéias – Como tem sido a atuação doTortura Nunca Mais nesses 21 anosde existência?

CC – Nós completamos a maioridade esseano, quem dera nós não precisássemosexistir. Quem dera, que ao longo desses21 anos, efetivamente, a história do perí-odo da ditadura tivesse sido contada, quea gente pudesse saber onde foram enter-rados os desaparecidos e pudesse saberquem foram aqueles que seqüestraram,torturaram, ocultaram cadáveres, assas-sinaram os opositores políticos.

Idéias – E ocupam cargos hoje deconfiança?

CC – Justamente. Ocupam cargos e sãocondecorados. Cargos no Brasil e no exte-rior. Então, ao contrário, quando a gentefala da questão da impunidade não quer,em momento algum, apoiar a onda deendurecimento de pena, em absoluto.Quando a gente fala da impunidade queaduba esse país, é da impunidade daque-les que detêm cargos no Estado, que co-metem crimes em nome da dita seguran-ça nacional, que hoje é em nome de outrasegurança, mas os crimes são cometidos,e nada acontece a esses senhores. A ques-tão dos arquivos secretos da ditadura éuma vergonha.

Idéias – A propósito, como está esseassunto?

CC – Não está. O único arquivo aberto,inclusive para os pesquisadores, é o dosDepartamentos de Ordem Política eSocial, dos DOPs, que são arquivos quepertencem aos governos estaduais.

Idéias – Uma pergunta do diretor doSISEJUFE-RJ Flávio Prieto: qual o sen-tido atual da existência do grupoTortura Nunca Mais?

CC – Justamente essa, mostrar que aqui-lo que aconteceu há 40 anos não estásuperado. Não é página virada de nossahistória coisíssima nenhuma, porque éuma página pouquíssimo conhecida.Então o grupo Tortura Nunca Maistem uma grande vantagem, porque osseus militantes participaram do períododa ditadura. E conhecem todas as tra-móias que uma ditadura militar impôsao país, e se sente até bastante alertahoje no sentido de ver o que a atual dita-dura de mercado está fazendo. Com astorturas, com as violações de direitoshumanos. Não só as que aconteceramnaquele período, mas aquelas que acon-tecem hoje...

Idéias – Os chamados criminososcomuns?

CC – Isso. Os ditos presos comuns. Osdispositivos sofisticados que foram usa-dos naquela época, a questão do desapa-recimento, era uma prática muito pou-co conhecida do Brasil antes da ditadu-ra. Quase não se desaparecia com presocomum. Hoje, o número de desapareci-dos comuns é altíssimo. Isso foi aprendi-do com a ditadura militar. Uma outraquestão que hoje é muito utilizada e quefoi inventada pela ditadura são os autosde resistência. Simplesmente mata-se osujeito, ou extermina, ou é dado o tirode misericórdia após as torturas que osujeito sofre, e é registrado como se osujeito tivesse resistido à prisão.

Idéias – Outra pergunta do Flávio Pie-tro. O que a senhora tem a dizer àspessoas que duvidam que tenha existi-do tortura no Brasil justificando queela tenha atingido somente “terroris-tas” e pessoas de fato perigosas?

CC – Pois é, o que quer dizer de fatoperigosas? O perigoso é produzido. Nomeu trabalho de pós-doutorado, que fizno Núcleo de Estudos da Violência daUSP, eu procuro pensar como é essaligação entre pobreza, criminalidade epericulosidade. Isso é produzido ao longoda história do Brasil. Quem é o perigo-so? Eu fui perigosa, você foi perigosodurante a ditadura, porque nós éramos

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contra o regime e feríamos a chamadadoutrina de Segurança Nacional. O queé perigoso hoje?

Idéias – Possivelmente somos peri-gosos para o capital financeiro?

CC – É, acho que somos, com as coisasque a gente fala. A primeira questão é agente pensar o que é perigoso. Quemproduz o perigoso? Como ele é produzi-do ao longo da história do Brasil?

Idéias – Em relação a América La-tina, uma outra questão: comoestá vendo o Brasil no contextoatual de direitos humanos na Amé-rica Latina? Em outros países jáforam feitos mais progressos nes-sa área, por quê?

CC – O Brasil é o mais atrasado. OEstado brasileiro não assumiu nada

até hoje. Só uma pifiazinha de umalei que dá indenização, que a gentechama de reparação financeira,como uma forma de calar a boca daspessoas. Com toda a presença dePinochet no Chile, o modelo chilenoé mais avançado do que o do Brasil.Com relação à questão da segurançapública militarizada hoje, a questãoda violação dos direitos humanos, oquadro é idêntico.

Idéias – Que recado você daria parao pessoal do Judiciário?

CC – Além do Executivo e do Legislativo,o Judiciário e os meios de comunicaçãode massa (tanto que a mídia é considera-da um quarto poder) são importantíssi-mos, no sentido de tentar democratizarum pouco mais algumas questões. Vejabem, sabemos que a justiça é uma justi-ça de classe, no capitalismo. Eu não

tenho a mínima ilusão que a gente possater uma justiça democrática no regimecapitalista. Agora, eu acho que algunspassos podem ser dados.

Idéias – Por exemplo?

CC – Uma maior transparência. Eu achoque uma revista como essa de vocês,para os servidores da Justiça, é impor-tantíssimo no sentido de que essas ques-tões possam ser discutidas e ventiladas.Que as pessoas não se fechem, porque aJustiça é uma máquina muito pesada,muito cristalizada e muito hierarqui-zada. O público tem que ter mais co-nhecimento dos trabalhos da Justiça.É preciso uma transparência maiordessas práticas, uma ligação maiorcom a população a qual a Justiça aten-de. Ela existe para atender essa popu-lação, para fazer justiça, e nem sem-pre ela consegue

Para Cecília Coimbra, o público tem que ter mais conhecimento dos trabalhos da Justiça.

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 21MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

ex-presidente ItamarFranco é só um projetopessoal. Não mete amão no bolso de nin-

guém. Neste momento lem-bra uma vedete gorda, velha,cheia de celulites, aposenta-da e tentando, desesperada-mente, uma ponta num filmequalquer à guisa de sobrevi-ver e destilar o que TancredoNeves chamou de “venenoguardado no congelador”. Oapoio de Itamar Franco a Ge-raldo Alckmin é o atestado daabsoluta falta de vergonha dopolítico mineiro.

Vai nas águas de FHC ou-tra vez. Tudo porque perdeua convenção do PMDB. Nãoconseguiu ser candidato asenador. Um erro do partido?Claro. Mas não justifica o chilique davedete. Falta de compromisso comoutra coisa qualquer que não seja elepróprio e seu ego descomunal.

Itamar começou sua carreirapolítica no antigo PTB. Perdeuduas eleições, vereador e vice-prefeito, respectivamente em1958 e 1962, em Juiz de Fora, suacidade. Em 1966, posando de ad-versário da ditadura, elegeu-seprefeito pelo ex-MDB. Contoucom o apoio decisivo de TancredoNeves. Prefeito, tratou de se arru-mar com Mário Andreazza, entãoministro dos Transportes. No-meou um sobrinho do general,comandante da IV Região Militar,para o seu gabinete; limpou a bar-ra com a ditadura e só não foipara a Arena por conta de uma

Nacional Apoio a Alckmin é atestado de falta de vergonha

A vedete aposentada

rebelião em seu secretariado, co-mandada pelo secretário de Edu-cação, Murílio Hingel (mais tardeministro em seu governo).

Genioso, cheio de tiques, dadoa acessos e desmaios, brigou como seu sucessor, virou prefeito ou-tra vez em 1972 e foi “inventado”por Tancredo como candidato aoSenado, em 1974, ainda no MDB.Novamente prefeito, protagonizouum episódio típico do seu jeito deser. Meia-noite, prazo dedesincompatibilização e nenhu-ma decisão. O presidente da Câ-mara Municipal, WaldecyrMartins, atrasou o relógio dezminutos e, finalmente, chegou arenúncia. Na esteira da reação po-pular virou senador.

Atribui-se a Itamar Franco a condi-

ção de ter nascido viradopara a lua. Tudo lhe cai aocolo, ou pelo menos lhe caiuaté determinado momento.Senador, ajeitou-se aqui e alie protagonizou um acordosui generis com Albano Fran-co, que nomearia uns amigosde Itamar e Itamar nomeariauns amigos de Albano.

Em 1982, quandoTancredo fundou com Ma-galhães Pinto o PartidoPopular Progressista (PPP),foi indicado candidato agovernador pelo PMDB. Afusão entre PMDB e PPPresultou na candidaturaTancredo Neves. Itamarteve que aceitar ser candi-dato à reeleição. Perdeu aconvenção para Simão daCunha. O partido podialançar até três candidatos.

Itamar não admitia, no entanto,ter menos votos que Simão.Tancredo chamou Renato Azeredo,encarregado da ata e mandou:“bota os votos do Simão para oItamar e os do Itamar para o Si-mão, senão o homem desmaia”.Foi o que aconteceu. Reeleito, ten-tou o governo em 1986.

Perdeu para Newton Cardoso.Saiu do PMDB pela primeira vez. Cor-reu para o PL de Álvaro Valle.

Em 1989, desgastado e sem con-dições de ser reeleito, um golpe desorte. Virou vice de Collor. Trocounovamente de partido, foi para o Par-tido da Renovação Nacional (PRN).

Virou vice-presidente e presidenteda República. Agora, Itamar está aí.Destilou seu veneno ao dar apoio aAlckmin

Laerte Braga

OReprodução

Itamar Franco

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22 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Nacional Um exemplo concreto de mau jornalismo. Outras empresasde comunicação foram condenadas

Escola Base: revista Veja é condenadaa pagar R$ 750 mil de indenização

m voto com mais de 100 páginas,o relator Elcio Trujillo pretendiareformar a sentença de primeirainstância e condenar a Abril em va-

lor inferior ao dado pelo juiz da 10ª VaraCível. Icushiro Shimada e Maria Apareci-da Shimada, donos da Escola Base, e Mau-rício Monteiro de Alvarenga, motorista detransporte escolar, recorreram.

Em março de 1994, a imprensa publi-cou reportagens sobre seis pessoas queestariam envolvidas em caso de abusosexual de crianças, alunas da Escola Base.Jornais, revistas, emissoras de rádio e deTV basearam-se em fontes oficiais – polí-cia e laudos médicos – e em depoimen-tos de pais de alunos. Quando o erro foidescoberto, a escola havia sido depreda-da, os donos estavam falidos e eram ame-açados de morte em telefonemas anôni-mos. As informações foram repassadas àmídia pelo delegado Edélcio Lemos, apartir do depoimento de duas mães dealunos. O inquérito foi arquivado.

Outras condenações

Não é a primeira vez que os acu-sados ganham uma ação referente

ram o valor a ser pago a cada umadas vítimas de R$ 450 mil para R$250 mil.

Na área cível, várias ações forampropostas. A primeira delas, contra oestado, reclamava indenização pordanos morais e materiais. Em 1996,o juiz Luís Paulo Aliende mandou ogoverno paulista pagar cem saláriosmínimos – R$ 30 mil em valores atu-ais – ao casal proprietário da escolae ao motorista Maurício Alvarenga.O advogado Kalil Rocha Abdalla,achou pouco e recorreu ao TJ paulis-ta reclamando 25 mil salários míni-mos. O tribunal julgou o recurso efixou o valor de R$ 100 mil paracada um. Pela decisão, a professoraMaria Aparecida Shimada iria rece-ber, ainda, uma pensão vitalícia porter sido obrigada a abandonar a pro-fissão. Passado mais de 11 anos,nenhuma das vítimas envolvidas viua cor do dinheiro

A Editora Abril, responsável pela publicação darevista Veja, foi condenada em, 20 de junho deste

ano, pela 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunalde Justiça de São Paulo (TJ/SP), a pagar indenizaçãode R$ 250 mil a cada uma das três vítimas do caso

conhecido como Escola Base. Os valores serãocorrigidos desde a data da sentença do juiz Hélio

Marques de Faria, da 10ª Vara Cível da Capital,proferida em 2003. Os advogados Alexandre

Fidalgo e Lourival J. Santos, que representam aAbril, disseram que vão recorrer da decisão.

ao caso. Em maio desteano, a 10ª Câmara de Di-reito Privado condenou aEditora Três, responsávelpela publicação da revistaIstoÉ, a pagar indenização no valorde R$ 360 mil aos ex-proprietários eao ex-motorista da Escola Base. Emmarço, foi a vez do SBT. O juiz CésarSantos Peixoto, da 26ª Vara Cível deSão Paulo, estipulou o pagamentode R$ 900 mil de indenização pordanos morais às vítimas do caso.Outras empresas de comunicaçãoforam condenas pelas notícias divul-gadas. É o caso dos jornais Folha deS. Paulo (R$ 750 mil) e O Estado deS. Paulo (R$ 750 mil) e da TV Globo(R$1,35 milhão). Em todos os casoscabe recurso.

A Folha de S. Paulo foi condena-da pela 6ª Câmara de Direito Priva-do do TJ paulista a pagar indeniza-ção por danos morais. Na ocasião,os desembargadores Sebastião Car-los Garcia (relator), Isabela Gamade Magalhães (revisora) e MagnoAraújo (3º juiz) reformaram senten-ça de primeira instância e reduzi-

U

Reprodução

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 23MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

s mudanças políticas ocorridasno país a partir dos anos 90 trou-xeram para o cenário nacionaltemas como “abertura da econo-

mia”, “competitividade”, “privatiza-ções” e “reforma do Estado”. Um dis-curso que se apresentava como moder-no e iniciado com Collor, transformou-se na estratégia de oito anos de gover-no PSDB-PFL. Colocar o Brasil na rotada “modernidade” era a mágica quejustificava a implantação de toda a re-ceita do FMI e das instituições inter-nacionais. Através de um severo pro-grama de privatizações, em apenasoito anos a aliança tucano-liberal sedesfez de nada menos do que 76% dopatrimônio público nacional, venden-do empresas como a Vale do Rio Docee todo o sistema Telebrás, para citarapenas as maiores.

A falta de investimentos públicosem infra-estrutura e o sucateamentodo nosso parque industrial nos leva-ram aos terríveis dias dos apagões eracionamentos de energia. O projeto

Nacional O governo tucano-pefelista reduziu as reservas cambiais de US$ 73 bilhõespara US$ 20 bilhões

Eles querem voltar. Por quê?liberal já havia traçado a meta de ven-der o parque gerador de energia brasi-leiro e quase o fez.

Antes de virar governador de SãoPaulo, por exemplo, Alckmin conduziutodo processo de privatização no esta-do. Segundo os números divulgados,arrecadou R$ 32,9 bilhões (1995-2000),mas o Balanço Geral do Estado diz quea dívida paulista consolidada cresceude R$ 34 bilhões, em 1994, para R$ 138bilhões, em 2004. Onde foi parar o di-nheiro? No mesmo “ralo” do FMI quelevou também todas as outras estataisfederais privatizadas por FHC.

Uma política “liberal” deixou o Bra-sil quase que dependente de um úni-co parceiro comercial. Os laços que opaís ainda mantinha com algumasoutras regiões, em particular com aÁfrica e a Ásia, foram desprezados.Toda a atenção era voltada para forta-lecer e assegurar o comércio com osEUA, o que deixava a economia nacio-nal dependente das crises ou recupe-rações do dólar. O menor sinal de pro-blema cambial nos deixava

vulneráveis a traumas como o de 1998.O governo tucano-pefelista reduziu

as reservas cambiais de US$ 73 bilhõespara US$ 20 bilhões, multiplicou a dí-vida pública de 23% para 64% do PIB,quase que dobrou a dívida externa,desempregou 8 milhões de trabalha-dores, reduziu o PIB brasileiro em 35%e levou o Brasil da 9ª para a 15ª econo-mia do planeta. FHC quebrou o paístrês vezes, tendo que recorrer ao FMI efazendo mais dívida!

Na área trabalhista, não se conten-tou com meias-medidas. Em oito anosde total comando sobre o Congresso,desfechou os mais violentos golpescontra os trabalhadores. Além de dei-xar o servidor público federal pratica-mente sem reajustes de salários duran-te os dois mandatos, foi às últimasconseqüências e fez aprovar uma le-gislação como a Lei 9.801/99 que au-toriza demissões no funcionalismo“por excesso de pessoal” e regulamen-ta o afastamento do servidor estável.

Já em 1995, através de uma Por-taria, incentivava as terceiriza-ções nos serviços e um ano de-

pois assina o Decreto 2.066 li-mitando a ação sindical no funciona-lismo, estabelecendo as punições paraservidores grevistas

Ernesto Germano

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24 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Internacional No México atual não se aceita mais o roubo vergonhoso deresultados eleitorais

s eleições majoritárias e pro-porcionais de 2 de julho noMéxico indicam para a AméricaLatina a possibilidade de

viabilizar alvissareiras e bem-vindasreformas políticas para o aperfeiçoa-mento das várias democracias for-mais existentes. Terá o mesmo efeitoque a revolução bolivariana daVenezuela e a ascensão de EvoMorales na Bolívia tiveram ao de-monstrar essas possibilidades nosaspectos ideológicos e políticos paraseus povos.

Trata-se de uma verdadeira revo-lução cultural em que o povo denun-cia e combate as práticas de mauscostumes e hábitos renegados secu-larmente arraigados de elites acomo-dadas e insensíveis e ao mesmo tem-po criam novas opções de lutas e depropostas corretivas.

No México atual não se aceitamais o roubo vergonhoso de resulta-dos eleitorais e manipulações varia-das para adulterar as legítimas mani-festações populares colocadas nasurnas. O candidato Andrés ManoelLopes Obrador, mais conhecido naci-onalmente como AMLO do PRD re-solveu liderar as denúncias sobre oroubo cometido contra sua candida-tura e acompanhar as massas popu-lares em gigantescos protestos pú-blicos dando sinais claros que nãoquer conciliar com elites e oligarqui-as atrasadas politicamente. E qual aorigem desta crise políticainstitucional? Foram manipulaçõesefetuadas pelo governo direitista de

Vicente Fox, articulados com interes-ses externos espúrios e com forçaspolíticas nacionais direitistas, paraalterar resultados e dar a vitória aocandidato perdedor.

Essas manipulações foram com-provadas materialmente e já entre-gues formalmente às autoridadesjudiciais deste país, que incluemvídeos que mostram nitidamentepessoas vinculadas ao governo colo-cando irregularmente votos em ur-nas (urnas grávidas), manipulandoatas eleitorais e denúncias sobre dis-crepâncias de informações em 52 milurnas (25% do total), relacionadas atodos os distritos eleitorais do Méxi-co e passando também por sofistica-das manipulações de atas e resulta-dos no processo de apuraçãoinformatizada.

Será impossível o governo atual eas autoridades judiciárias legalmen-te constituídas justificarem as irregu-laridades, prevendo-se para o México

Lições de um povo quese sentiu injuriado

então três cenários. O primeiro éconstatar fisicamente as irregularida-des, corrigi-las e como conseqüêncialegalizar a vitória de Andrés ManoelLopes Obrador que tomará posse emdezembro de 2006.

O segundo é atrasar o processojurídico de denúncias e, na datamarcada, empossar Felipe Calderón(que assumirá com fortes resistênciaspopulares). E o terceiro será um acir-ramento das manifestações popularesque, aos milhões, criarão um fato po-lítico de novo tipo e, neste caso, nadata legal, se constituirá um governoprovisório, que marcará novas elei-ções dentro de garantias antifraude.

No México atual se trava uma lutaque interessa a todos os latino-ameri-canos, especialmente ao brasileiro, jáque o país tem um tipo de eleição total-mente informatizada e nem por issotambém imune a fraudes

(*) Médico Sanitarista

Jacob David Blinder*

A

Reprodução

Povo mexicano na rua se mobiliza contra fraude.

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 25MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

or vezes o silêncio éensurdecedor. Nestesdias, o mutismo dosque se dizem defenso-

res da democracia liberal,do mundo livre e da econo-mia de mercado ressoa comestrépito. O regime genoci-da de Israel, herdeiro sinis-tro do seu verdugo nazista,está a perpetrar um crimeinqualificável contra o povopalestino. Quando Bush ca-racterizou o governo doHamas como “terrorista” ea União Européia avalizouessa infâmia, Tel Aviv sentiu-se respaldada e abriu as por-tas do inferno.

O bombardeio indiscri-minado de populações civisindefesas, os atentados con-tra autoridades democrati-camente eleitas da Palesti-na e a destruição de tudo oque encontraram na suapassagem foram as palavrasde ordem do governo israe-lense. Os gabinetes dosprincipais ministérios foramdestruídos, ministros, par-lamentares e altos funcioná-rios da Autoridade Palesti-na encarcerados, o abaste-cimento de eletricidade,para a metade do milhão emeio de habitantes que seapinham em Gaza, foi inu-tilizado pela aviação isra-elense, paralisando esco-las, hospitais, oficinas elojas, deixando os laressem esse recurso vital.

Internacional Gaza foi inutilizada pela aviação israelense, paralisando escolas,hospitais, oficinas e lojas

Palestina:

Em mais uns poucos diasjá não haverá água potável por-que as estações de bombea-mento deixarão de funcionar.Caminhos intransitáveis, cam-pos abandonados, a frágil in-fraestrutura de Gaza é metodi-camente arrasada perante aindiferença do mundo. Noiteapós noite, a aviação israelen-se sobrevoa esse pequeno ter-ritório, lançando bombas deestrondo entre outras.

A ordem do valente ehonrado primeiro-ministro

UM SILÊNCIOREPUGNANTE

israelense, Ehud Olmert, foiterminante: “Que ninguémdurma em Gaza”. O pretex-to desta barbárie: a captu-ra, pela resistência palesti-na, do cabo do exército is-raelense Gilad Shalit – cap-tura, não seqüestro, umavez que Shalit era membrode um exército invasor e foicapturado em combate,pelos seus inimigos. Peran-te isto, Tel Aviv negou-se anegociar com os seus cap-tores um intercâmbio de

Atilio Boron* prisioneiros políticos – háumas 900 crianças e adoles-centes palestinos presos emIsrael, e mais de cinco miladultos, todos qualificadoscomo terroristas. Os cárceresde Israel, como os de Guan-tánamo, em Cuba, não reco-lhem seres humanos.

Quando o presidenteiraniano exortou a “apagarIsrael do mapa” o mundofoi comovido por uma ondade justificada indignação.Mas quando o governo deIsrael leva à prática essaameaça e apaga literalmen-te do mapa a Palestina, oslíderes das “nações demo-cráticas” e os seus apazi-guados – os Vargas Llosa,Montaner, Zoe Valdéz ecompanhia – guardam umrepugnante silêncio. Suaduplicidade moral é ilimi-tada. Podem justificar o seusilêncio qualquer coisa: in-clusive um genocídio comoo que está a praticar Israelna Palestina. Naturalmente,não duvidarão nem um ins-tante em qualificar de “ter-roristas” as imperdoáveispalavras do presidente ira-niano. Mas, quando o terro-rismo de Estado não é de-clarado num discurso insen-sato, e sim sistematicamen-te praticado por um peãodos Estados Unidos, comoIsrael, sua consciência mo-ral padece de um súbitoadormecimento

P

(*) Cientista político argentino

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26 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Fausto Wolff O solo de pedra se ergueu e formou a abóbada celeste

lém da superfície em que vivemoshá duas camadas celestes e umasubterrânea. Antes dessa disposi-ção, um marido, indignado com

um insulto da esposa começou a cantar,a fumar e a sacudir o chocalho. De re-pente, o solo de pedra se ergueu e for-mou a abóbada celeste. Um pessoalconseguiu se agarrar na pedra enquan-to ela subia e se tornaram deuses. Nãodemorou muito e outra pedra começoua subir e ultrapassou a primeira. O pes-soal que conseguiu se agarrar nesta foimorar bem no alto, no céu vermelho. Aterra, agora sem pedras, se dissolveu naágua e todos os homens, mulheres ecrianças foram comidos por uma pira-

Como foi o começo

nha e por um jacaré muito grandes.Apenas dois homens e uma mulher sesalvaram e foram morar em cima deuma babaceira.

Alguns homens e mulheres quesubmergiram e não foram comidos,passaram a habitar umas ilhas de umgrande rio no mundo inferior. Um solilumina os diferentes patamares, mascada patamar tem suas estrelas e sualuz. A lua, pelo menos a que nos ilumi-na, é um ser masculino que faz as mu-lheres menstruar porque transou comelas. O sangue delas pode ser vistoocasionalmente no céu amaciado to-dos os dias por um espírito feminino.Quando esse espírito acha que aca-

bou com o luxo, ele volta ao seutamanho natural e ela começa afatiá-lo outra vez. Há um caminhoque sai da babaceira e vai até o cen-tro da primeira camada superior. É ocaminho dos deuses quando visitama terra dentro das almas dos mortosque já se transaformaram em deu-ses. Outro caminho vai para o pri-meiro céu. É o caminho das almasdos que acabaram de morrer. O au-mento do número de mortos vaifazer a primeira pedra ficar muitopesada e ela vai cair matando muitagente. Os que sobrarem terão deviver juntos, cada qual no seu canto,os vivos, as almas e os deuses

A

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Ano I – número 4 – Agosto/2006 27MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br

Tecendo a manhãJoão Cabral de Melo NetoBrasil (1920-1999)

Um galo sozinho não tece uma manhã:ele precisará sempre de outros galos.De um que apanhe esse grito que elee o lance a outro; de um outro galoque apanhe o grito de um galo antese o lance a outro; e de outros galosque com muitos outros galos se cruzemos fios de sol de seus gritos de galo,para que a manhã, desde uma teia tênue,se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,se erguendo tenda, onde entrem todos,se entretendendo para todos, no toldo(a manhã) que plana livre de armação.A manhã, toldo de um tecido tão aéreoque, tecido, se eleva por si: luz balão.

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28 Ano I – número 4 – Agosto/2006MAIS NOTÍCIAS? Portal Sisejufe: http://sisejuferj.org.br