o futuro empoçado - carta maior

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    07/06/2015 00:00 - Copyleft

    O futuro empoadoA crise brasileira no se explica nem se resolve nela mesma. Insistir nessereducionismo adia solues e induz a equvocos.por: Saul Leblon

    A sensao de que o debate progressista gira em crculos e que desse cativeiro no sairexceto pelo impulso de um novo ciclo de lutas e mobilizaes da sociedade brasileira, nodeve causar desconforto.

    O peso material das ideias no pode ser subestimado, elas so fundamentais paraconstruir o discernimento de uma poca, mas a compreenso efetiva da realidade s secompleta na prtica transformadora, quando as ideias so levadas a provar quepertencem ao mundo atravs da ao.

    Na semana do V Congresso Nacional do PT (que comea na 5 feira e segue at o dia 17de junho, na Bahia) no por acaso, Carta Maior dedica seu Especial a um filsofo peculiar,Karl Marx, cujo labor terico, como ele mesmo disse, no pretendia apenas explicar asocedade capitalista, mas transform-la.

    A fuso entre as ideias e a prtica, a prxis, vive uma quadra de dificuldades na trincheiraprogressista do Brasil mas sobretudo na do maior partido desse campo aqui e na AL: o PT.

    A perplexidade que acomete suas fileiras diante da transio de ciclo econmico em cursodecorre do lento e sofrido reencontro de suas ideias com as ruas e vice-versa.

    Ao selecionar textos marxistas sobre a natureza da crise mundial iniciada em 2008, CartaMaior busca contribuir para o efetivo entendimento das razes da encruzilhada brasileira,que paradoxalmente subordina um governo e um programa eleitos com 54 milhes devotos a uma oposio da qualidade tica e poltica sabida, chancelada pela mdia que aela se ombreia.

    Originria do ambiente acadmico, Carta Maior inclui entre os seus compromissos o decontribuir para erguer pontes entre a inteligncia brasileira progressista e a luta polticaconcreta para a construo de um Brasil ordenado pela democracia social.

    O propsito reafirma a pertinncia deste especial de textos marxistas nessa quadra difcilda vida nacional.

    frequente a subestimao da crise global que cerca e condiciona a encruzilhadabrasileira, agravando-a.

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  • A omisso avalizasolues que naverdade no estocredenciadas a lideraro passo seguinte danossa histria.

    A compreensofragmentada ora serende panaceianeoliberal que atribuium poder ubquo aosmercados, ora enxergana vontade polticaum deus ex-machina,dotado de inexcedvelcapacidade derespostas, sejam quaisforem os impassescontidos na caixa dePandora da economia eda correlao deforas, que ungiu umquadro de segundalinha da direita,Eduardo Cunha, aoposto de general decampo da guerraconservadora.

    Promover orealinhamento dospreos da economianesse ambiente ealardear que assimser retomado odesenvolvimento fazparte da ofensiva daqual Cunha ocampanrio insistente.

    O alinhamento dospreos um dosalicerces damacroeconomia dodesenvolvimento.Trata-se de um dosrequisitos de qualquerretomada consistentedo crescimento.

    Soterrada pelo cmbio, a indstria brasileira que o diga. Da a se proclamar, porm como insiste o ministro Levy, que dado esse passo, os mercados faro o resto envolve oatropelo de trs perguntas incmodas aos centuries do dinheiro grosso: desenvolvimentopara quem; desenvolvimento como; e desenvolvimento para qu?

    Hoje essas respostas esto sendo ditadas pelo projeto derrotado no escrutnio de outubropassado.

    Fetichismo semelhante com sinal trocado comete, todavia, a f na vontade poltica que,no raro, colide sua crena com a rigidez das circunstancias desconsideradas.

    Vontade poltica, cmbio ajustado, mas tambm taxa de juro no a pontificada pelorentismo, nem s expensas dos assalariados incluem-se entre os ingredientes da difcilcalibragem do desenvolvimento de uma nao.

    Mas a verdade, dura verdade, que no bastam.

    A crise brasileira no se explica nem se resolve nela mesma.

    Insistir nesse reducionismo, seja pela f cega nos mercados, ou a confiana irrestrita noativismo, adia solues e induz a equvocos.

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    A deriva da classe mdia na Paulista e o vazioconservador

    A grande lambana e o sono dos justos

  • Entre eles, atribuir a pasmaceira do pas exclusivamente a Dilma iluso ruminada porsegmentos esquerda; ou o cacoete daqueles que, transpirando dio de classe, acusam ovoluntarismo lulopopulista de responsvel pelos gargalos estruturais de um dos sistemaseconmicos mais injustos da face da terra.

    Os riscos da decorrentes se equivalem: num extremo, propugnar sadas to simplesquanto falsas; noutro, descartar qualquer opo alternativa ao ajuste draconiano exigidopelos mercados.

    Em um dos textos selecionados para o Especial deste fim de semana, o filsofo hngaroIstvn Mszros chama a ateno para as consequncias desastrosas dessa obtusaangulao da crise vivida pelo sistema capitalista mundial.

    O discpulo de Lukcs sublinha aqui as consequncias dramticas de projetos queignorem ou minimizem o efeito estruturante da supremacia financeira na economia, noambiente social e psquico e, claro, na luta poltica em nosso tempo.

    Como Lukcs, Mszros adverte para a opacidade das relaes mercantis, que induz coisificao das pessoas e a atribuir o papel de sujeito s coisas o dinheiro e o mercadoentre elas.

    A financeirizao avassaladora de nossa poca agrava os efeito dessa lente desfocadasobre a realidade.

    O fetichismo de uma lgica financeira sem rosto e sem endereo, mas ubqua, instaura ahegemonia de um ectoplasma capitalista no imaginrio sociedade, a contrapelo dos requisitos econmicos e ambientais de sua sobrevivncia.

    A colonizao dos partidos de esquerda por essa pelcula embaante uma das tragdiasdo nosso tempo. 'O ponto importante, diz Mszros, que eles vm praticando orgias financeiras comoresultado de uma crise estrutural do sistema produtivo. No um acidente que a moedatenha inundado de modo to adventista o setor financeiro, alerta o pensador, paradisparar em seguida sua sntese iluminadora: A acumulao de capital no pode mais funcionar adequadamente no mbito da economia produtiva. Ou seja, anova hegemonia rentista passa a ser a negao de sua condio inseparvel e dependenteda verdadeira fonte do valor que a explorao do trabalho assalariado. A cobra estdevorando o prprio rabo.

    Essa determinao crucial da luta poltica hoje a base de outro texto importante desteEspecial , (Sistema de Crdito, Capital Fictcio e Crise) de autoria do economista LuizGonzaga Belluzzo.

    Aqui, trata-se de uma aula marxista para desvelar a mecnica estrutural da concentraode capitais que permite, de um lado, antecipar o futuro atravs do crdito e doinvestimento; de outro, gerar massas de capital fictcio, cujo supremacia sancionadadesde Reagan/Tatcher/Clinton resultou em consequncias sabidas e conceituadas porMszros.

    nesse percurso avesso convergncias que as crises regurgitam uma desordemconstitutiva e assumem invariavelmente a forma de superproduo - de capital e no demercadorias, pontua Belluzzo em sintonia com o filsofo hngaro.

    Em um escrito sinttico, Marx, as crises e a "desregulao financeira, a tambmeconomista Leda Paulani, arremata o escopo dessa nova contradio sistmica.

    Um trecho de sua sntese:

    H quase trs dcadas o capitalismo vem sendo comandado pelo lado financeiro, e issointroduziu mudanas significativas na forma de operar do sistema, diz ela. A riquezafinanceira, constituda em boa parte por aquilo que Marx denominou capital fictcio, cresceexponencialmente, enquanto o crescimento da renda real (PIB) e, por conseguinte, dariqueza real, d-se de modo muito mais lento. Com isso, o sistema fica estruturalmentefrgil, dado que o carter rentista da propriedade do capital se choca com odesenvolvimento vagaroso da produo de valor excedente. As presses que se exercemsobre o setor produtivo so por isso enormes, justificando toda sorte de barbarismos eretrocessos na relao capital-trabalho. Ademais, o sistema fica muito mais exposto scrises provocadas pelos movimentos dos estoques de riqueza (ativos), que caracterizam olado financeiro do sistema. Dos anos 1980 para c, o capitalismo j experimentou pelomenos cinco grandes crises, contando a maior delas, esta que ora presenciamos. Todas

    capazes de construir.

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  • essas conturbaes foram provocadas pela intensa mobilidade do capital financeiroplaneta afora, com a recorrente formao e estouro de bolhas de ativos. A forma deresolver essas crises tem jogado para frente, de forma magnificada, o mesmo problema,pois busca salvar a riqueza financeira da fogueira que ela mesma provoca, conclui Leda.

    No so tertlias de um salo de ch marxista.

    da realidade bruta que se est falando. Essa que desafia o governo, o campoprogressista e o PT , no seu V Congresso, como uma esfinge da Histria a cobrar a suadecifrao, para no morrer.

    Como formular e implantar uma poltica de desenvolvimento focada na construo de umademocracia social nesse ambiente de volatilidade?

    Como faz-lo contra um adversrio globalizado e intangvel, mas capacitado a exercer,como de fato exerce com virulncia, seu poder de veto sobre governos e naes?

    H nmeros eloquentes a rechear esse ambiente em que o prprio movimento deexpanso do capital espreme e estreita o alicerce social do emprego e do trabalho qual,paradoxalmente, depende a sua efetiva valorizao.

    O resultado desse desencontro a crise.

    Essa na qual sobra capital especulativo, de um lado, enquanto a sociedade carece deinvestimento e de empregos, de outro, ao mesmo tempo em que a retrao da atividadereduz a margem de ao fiscal do governo e a demanda patina.

    A equao assusta at a insuspeita OCDE, que rene 35 principais economias do planeta.

    Em manifestao recente, transcrita pelo jornal Valor, seu secretrio-geral, ngel Gurra,fez um desabafo: as grandes empresas mundiais esto sentadas em trilhes de dlares deliquidez, mas no investem em produo.

    Sem consertar o motor quebrado da economia mundial, Gurra v com ceticismo asuperao da crise.

    Em um cenrio de desemprego ainda elevado e de desigualdade em nveis recordes, dizo correspondente do Valor em Geneba, Assis Moreira, Gurra no escondeu o desconfortoe a inquietao ao constatar que, sete anos aps o incio da crise, os investimentos globaiscontinuam fracos.

    O paradoxo que desalenta um quadro qualificado da OCDE ilustra a gravidade dosdesafios enfrentados por um pas em luta pelo desenvolvimento nos dias que correm.

    Fatos:

    a) o investimento fixo (em bens de produo) nos pases ricos est em mdia 17%abaixo do patamar de 2008;b) o fluxo global de investimentos estrangeiros produtivos voltou a declinar em 2014;c) mais de 200 milhes de pessoas continuam desempregadas nmero 30 milhessuperior ao perodo anterior crise;d) nos pases desenvolvidos, a renda mdia dos 10% mais ricos equivale agora a quasedez vezes a renda mdia dos 10% mais pobres --contra a sete ou oito vezes h umagerao.e) enquanto governos carecem de capitais para obras de infraestrutura , a OCDE informaque investidores institucionais tinham US$ 57 trilhes sob sua gesto no fim de 2013, oequivalente a 120% do PIB somado de todo os pases ricos.

    O empoamento de capitais na roleta financeira corresponde, nua e cruamente a umempoamento do futuro na vida de centenas de milhes de pessoas em todo o mundo.

    A aberrao vai mais longe.

    Ao contrrio de investir em projetos produtivos, companhias com os cofres abarrotadosesto destinando fatias crescentes de seus lucros aos acionistas e grandes investidoresespeculativos.

    mais uma dimenso da circularidade esterilizante da financeirizao descrita porMszros, Belluzzo e Leda.

  • No se trata de uma mecnica desprovida de protagonismo poltico.

    Organizados em lobbies de presso, grupos de grandes acionistas, fundos emegaspeculadores interferem na gesto das companhias para impor essa redistribuiodos resultados do balano.

    Uma anlise encomendada pelo insuspeito The Wall Street Journal mostra que asempresas do S&P 500 ampliaram substancialmente --dobrando-- seus gastos comdividendos e recompras de aes para 36% do seu fluxo de caixa, em 2013, contra 18%em 2003.

    Nesse mesmo perodo, elas cortariam seus investimentos em fbricas e equipamentos de33% para 29% do fluxo de caixa operacional.

    Reafirma-se aqui a lio da qual o V Congresso do PT deve extrair suas consequnciaspolticas: sem freios e contrapesos polticos, entre eles a ao coordenadora do Estado edos interesses populares, o capitalismo jamais se dispor hoje mais que nunca-- aatender prioridades e projetos de relevncia do desenvolvimento de uma nao.

    No cabe iluses.

    Polticas de desenvolvimento no lograro xito no sculo XXI ainda que os preosestejam alinhados, como quer Levy se no forem providenciados instrumentos deproteo contra a supremacia da lgica rentista.

    O PT, seu V Congresso, dar voltas em crculos se no considerar que o partidosubestimou a extenso desse descolamento do capital em relao ao seu projeto dedesenvolvimento para o Brasil.

    No se trata de uma autocrtica acadmica.

    A subestimao explica, em parte, que se tenha apostado em uma regenerao dascondies de mercado anteriores crise de 2008.

    Mais que isso.

    Que esse erro de clculo histrico tenha levado a outro: insistir apenas na prorrogao deestmulos ao consumo quando medidas estruturais de autoproteo do desenvolvimentodeveriam ter sido tomadas diante da desordem financeira que veio para ficar e da qual acrise de 2008 era um regurgito metablico, no um soluo passageiro.

    Quais medidas?

    Por exemplo, a desassombra implantao de controles de capitais para coibir ingressosespeculativos, fugas, remessas e sonegao.

    Mais: uma reforma tributria indutora, que penalizasse o rentista mas tambm os acionistas, hoje isentos no Brasil de modo a tanger a sua volta aos trilhos da produo.

    So medidas difceis?

    Sim.

    No sero impunes?

    No.

    Iluso propugn-las hoje?

    Mais ilusrio supor que a roda do desenvolvimento poder ser destravada sem elas.

    A desregulao dos mercados financeiros que delegou ao sistema bancrio o podersupranacional de mobilizar e transferir riquezas, manipular e sabotar moedas incompatvel com um projeto de futuro que tenha como meta a construo de umademocracia social no pas.

    Se o V Congresso do PT convergir nesse diagnstico no poder declinar de suasconsequncias.

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    De uma vez por todas: elas no implicam em declarar guerra ao governo Dilma.

    Ao contrrio.

    Trata-se de repartir o nus do diagnstico errado assumindo a cota do partido nesseequvoco. E isso deveria ser dito pedagogicamente populao e militncia.

    Abre-se a partir da o espao poltico para assentar as linhas de passagem que o novoquadro de referncias exige --sem elidir o imperativo da correlao de foras atual.

    A travessia requer a fora e o consentimento de uma ampla frente de foras democrticase populares para vencer os gargalos e resistncias do caminho.

    Os textos desse Especial pretendem modestamente contribuir para a consistncia dessareconciliao entre as ideias e a prtica da luta pela construo da democracia socialbrasileira.

    Sua leitura no promete amenidades. uma tarefa da prxis: no se trata de explicarapenas, mas de romper o empoamento do futuro brasileiro.

    A ver.

    8 Comentrios

    Alberto Magno Filgueiras - 08/06/2015Felicito Carta Maior pela iniciativa. No momento, por motivos bvios, o congresso do PT, pelas implicaesque tem, o evento poltico-partidrio mais importante no pas. Compartilho das preocupaes de KrishnaNeffa, que exps muito bem os dilemas vividos pelo campo de esquerda.

    Mrio SF Alves - 07/06/2015"Os textos desse Especial pretendem modestamente contribuir para a consistncia dessa reconciliao entreas ideias e a prtica da luta pela construo da democracia social brasileira."

    __________________________

    De fato. Trata-se de uma leitura de realidade insofismvel. Mas, ainda assim, a questo central continuasendo a correlao de foras, seja em nvel local, seja em nvel global; e mais global, muito provavelmente.So vrias cestas, e seria temeroso demais por todos os ovos em apenas uma delas.

    Romro Samuel Carneiro - 07/06/2015Meu caro Saul, difcil acompanhar seu raciocnio,e olha que eu me esforo.

    Seu pblico deve ser no mnimo de ctedras,e tenho certeza de que isto reduz em muito seu poder de"penetraao". Acho,e no me queira mal por isto,que voc deve direcionar todo o seu intelecto,suaenergia,sua capacidade "sofismtica",seu poder de acesso s estatsticas,no tentativa de promoo daluta de classes ,mas ao combate corrupo,raiz de todas as nossas crises e mazelas. lamentvelconviver com este estado de coisas e ter a certeza que estamos(ns os petistas)caminhando para abancarrota poltica.

    Alguma coisa preciso ser feita,no tenhamos iluses ,a nica maneira de perpetrarmos no poder combatendo a corrupo.

    Este rombo na BR daria pra fazer uma boa reforma agrria.

    Daria pra formar mdicos,cientistas,economistas,muito ensino superior.

    Daria pra sanear muita favela.

    Daria pra tirar muita criana brasileira da merda. Voc inteligente,voc fera;pense nisso...voc vai fazersua revoluo sem luta de classes,eu e 99% da populao brasileira vamos te apoiar,vamos lutar juntos comvoc.

    Voc ,se quiser,pode nos ajudar sem promover quebra-quebra,sem promover antagonismo;somentepromovendo a justia.

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  • ......caramba,esses caras deveriam roubar menos.

    Krishna Neffa - 07/06/2015Saul,

    o nvel de alienao das massas (e da classe mdia que no se considera massa, embora seja massa demanobra e faa parte do mesmo rebanho. Haja panela!) gigantesco. Repetem a ladainha neoliberaldifundida indiscriminadamente pelos meios de comunicao. Atualmente tornou-se indispensvel umaofensiva no fortalecimento dos meios de comunicao alternativos para fazer frente ao oligoplio miditicoque perpetua a ideologia hegemnica do livre mercado (aqui o PT errou feio.) Mas a histria no chegou aofim. A luta pela insubmisso do trabalho ao capital tarefa da prxis revolucionria de todos aqueles queacreditam que outro mundo possvel e necessrio, como disse Mzsros.

    grave a crise! A crise de valores humanos, inclusive. A nfase na liberdade obscureceu a igualdade e, maisainda, a fraternidade. Em um sistema produtivo (produtivo?) em que mais de 2 bilhes de pessoas no tmacesso s condies mnimas de sobrevivncia, a vivncia digna (no estamos aqui somente parasobreviver) tratada quase como um luxo.

    Lembrei-me de Brecht ("Aos que vierem depois de ns"):

    "Que tempos so esses, em que quase um delito falar de coisas inocentes. Pois implica silenciar tantoshorrores!"

    Forte abrao.

    Mrio SF Alves - 07/06/2015"O discpulo de Lukcs sublinha aqui as consequncias dramticas de projetos que ignorem ou minimizem oefeito estruturante da supremacia financeira na economia, no ambiente social e psquico e, claro, na lutapoltica em nosso tempo."

    _______________________

    Eis a o recado. Quem tiver ouvidos para ouvir que oua.

    Mrio SF Alves - 07/06/2015"Todas essas conturbaes foram provocadas pela intensa mobilidade do capital financeiro planeta afora,com a recorrente formao e estouro de bolhas de ativos."

    ____________________

    ... intensa mobilidade e ... mecanismos de clculo e respectiva produo de frmulas matemticas nuncadantes imaginadas. Ah, informtica, majoritariamente turbinada e dirigida segundo interesses domonoplio/imperialismo capitalista, no sers tu aquele vrus ou germe da destruio?

    Mrio SF Alves - 07/06/2015A equao assusta at a insuspeita OCDE, que rene 35 principais economias do planeta.

    "Em manifestao recente, transcrita pelo jornal Valor, seu secretrio-geral, ngel Gurra, fez um desabafo:as grandes empresas mundiais esto sentadas em trilhes de dlares de liquidez, mas no investem emproduo."

    ____________________________

    Mais claro do que isso ofusca. Resta saber? Qual o prximo movimento? Quem tende a ganhar, quem tendea perder? De certo mesmo que os oligarcas no tm mais como se fingirem de mortos e empurrar omundo com a barriga. Os limites esto cada vez mais prximos. Fazer o qu? Iro reinventar o modelo?Onde jogaro os bilhes de habitantes coisificados e inutilizados para a nova engrenagem capitalista?

    Celso Paoliello - 07/06/2015DITADURA MUNDIAL DAS CORPORAES TRAMADA A SETE CHAVES:

    http://www.esquerda.net/artigo/wikileaks-o-tisa-procura-limitar-capacidade-reguladora-dos-paises/37282

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