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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Lorenzo Barbosa Coelho Ferreira
AVALIAÇÃO DE HÍBRIDOS DE MILHO E SORGO PARA SILAGEM NA ZONA
DA MATA MINEIRA
VIÇOSA – MINAS GERAIS
2017
Lorenzo Barbosa Coelho Ferreira
AVALIAÇÃO DE HÍBRIDOS DE MILHO E SORGO PARA SILAGEM NA ZONA
DA MATA MINEIRA
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Universidade Federal de Viçosa como parte das
exigências para a obtenção do título de
Engenheiro Agrônomo. Modalidade: trabalho
científico.
Orientador: Leonardo Pimentel
Coorientadores: Evandro Marcos Biesdorf
Paulo H. H. Salla
VIÇOSA – MINAS GERAIS
2017
ii
Lorenzo Barbosa Coelho Ferreira
AVALIAÇÃO DE HÍBRIDOS DE MILHO E SORGO PARA SILAGEM NA ZONA
DA MATA MINEIRA
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Universidade Federal de Viçosa como parte das
exigências para a obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo. Modalidade: trabalho científico.
APROVADO: 21 de junho de 2017.
Leonardo Duarte Pimentel
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela força para eu concluir este trabalho.
Agradeço a minha família e a Izabelle, mesmo distante me deram forças e incentivo.
Ao professor Leonardo Pimentel pela imensa ajuda.
Ao Evandro Marcos Biesdorf pela grande ajuda, que sem ele seria muito mais complexo a
realização deste trabalho.
Ao PDPL em especial ao Thiago Camacho e Christiano Nascif, por ceder os dados e acreditar
em um trabalho que contribua para o programa.
iv
RESUMO
O custo com alimentação de vacas leiteiras representa quase que 50% do custo total da
atividade. Esse contexto sugere a necessidade de conhecimento em relação às características
das cultivares disponíveis no mercado no momento da semente para a produção de silagem
visto que a variabilidade existente no preço da semente nem sempre condiz com aumento de
qualidade da silagem. Logo, há necessidade de estudos que objetivem avaliar os atuais
cultivares disponíveis no mercado quanto à qualidade de silagem produzida e lucratividade
final da atividade obtida pelo produtor rural. Assim, objetivou-se avaliar os principais
híbridos de milho e sorgo cultivados para silagem na região da Zona da Mata Mineira quanto
à qualidade da silagem e lucratividade ao produtor rural da zona da mata mineira. Foram
avaliados dez genótipos de milho e um cultivar de sorgo, ambos com aptidão para silagem
disponíveis na Zona da Mata Mineira. O híbrido MG 652 PW obteve a maior produtividade de
matéria seca da parte aérea (MSPA) e percentagem de proteína bruta. Os percentuais de fibra em
detergente neutro (FDN), digestibilidade da fibra em detergente neutro (%FDN), amido, extrato etéreo
e nutrientes digestíveis totais (NDT) variaram amplamente entre os cultivares testados. Apesar
disso, o híbrido MG 652 PW foi aquele que proporcionou maior estimativa de produtividade de leite
(kg ha-1). Houve destaque também do híbrido MG 652 PW na avaliação da receita menos custo com
alimentação com concentrado sugerindo ser apto para a utilização pelos produtores da zona da
mata mineira. Conclui-se que os híbridos MG652 PW, BG7720 VY HR, BM 3066 PRO 2,
SHS7990 PRO2 e KWS 9004 PRO 2 proporcionaram silagens de melhor qualidade e maior
lucratividade final à atividade quando se considera seu impacto sobre o custo de alimentação
e rendimento de leite obtido, sendo, por conseguinte, recomendados para cultivo na zona da
mata mineira.
Palavras-chave: silagem, bovinos, custo com alimentação, gado de leite.
5
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................7
2. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................................8
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................13
4. CONCLUSÕES....................................................................................................................20
5. REFERÊNCIAS....................................................................................................................20
6. ANEXO..............................................................................................................................................23
6
1. INTRODUÇÃO
O Brasil, atualmente, é o terceiro maior produtor de milho do mundo e o segundo
maior exportador (CONAB, 2017). Nesse sentido, a produção atual representa 8,42% da
produção mundial (USDA, 2016). De acordo com o CONAB (2017), a área plantada com
milho na safra brasileira de 2015/2016 foi de aproximadamente 5,5 milhões de hectares na
safra e 10,1 milhões na safrinha, totalizando 15,7 milhões de hectares. O Estado de Minas
Gerais é o quinto maior produtor nacional, com área cultivada de 841 e 339,3 mil hectares, na
safra e safrinha, respectivamente. A área destinada à produção de silagem é de cerca de 2,25
milhões de hectares, algo em torno de 15% da área total cultivada de milho no país (MAPA,
2013)
Dessa forma, com todo esse avanço na produção de milho, o mercado brasileiro possui
um grande número de empresas que comercializam sementes de milho para a produção seja
de silagem ou grão. Cada empresa possui um vasto catálogo com diferentes tipos de híbridos
de milho. Cabe ao produtor, ou a assistência técnica que lhe auxilia, a escolha do melhor
material. Entretanto, os produtores ficam em dúvida no momento da escolha visto que há uma
variação de preços das sementes de até 800%.
A Zona da Mata de Minas Gerais é a terceira maior bacia leiteira do estado (CONAB,
2017). Nesse contexto, há necessidade de utilização de uma alimentação equilibrada e de boa
relação benefício/custo para proporcionar rentabilidade à atividade. Assim, o uso de silagem
de milho tem sido muito difundida para a alimentação do gado, principalmente no período do
inverno devido, sobretudo, ao fato de o milho unir várias características positivas, que vão
desde os processos de ensilagem, altos níveis energéticos, boa aceitação pelo gado e elevada
produção por área.
No entanto, a maioria dos programas de melhoramento genético do milho é mais
focada na produção de grãos, visto que este é o seu maior mercado. Além disso, aqueles
híbridos que se destacam na produção de grãos são, na maioria das vezes, aqueles
recomendados para a produção de silagem. Nesse sentido, há na literatura especializada,
relatos de que nem sempre as melhores cultivares para a produção de grãos são aqueles de
melhor digestibilidade da planta inteira (COORS et al., 1994; COORS, 1996; OLIVEIRA et
al., 2010). Ou seja, materiais com alta produtividade de grãos, a despeito de possuírem
7
características interessantes podem não ser aqueles mais adequados para a alimentação de
vacas leiteiras.
De acordo com SAUVANT (1994), vacas leiteiras de alta produção podem ser
caracterizadas pela alta demanda de energia e a complexa regulação endócrina. Isso se deve,
notadamente, à elevada demanda de energia por esses animais, exigindo, consequentemente, a
produção de volumoso de boa qualidade nutricional o que nem sempre condiz com aqueles
materiais de alta produtividade de grão. Usando um material inadequado na alimentação das
vacas leiteiras, pode haver necessidade de maiores gastos com concentrado, visto que uma
vaca de alta produção não consegue atender todas suas exigências apenas com a ingestão de
alimento volumoso. Consequentemente, com a utilização de uma silagem de baixa qualidade,
há um aumento na proporção de concentrado culminando, na maioria das vezes, em menor
rendimento de leite por área plantada.
Outro aspecto a ser ressaltado é que os gastos com a alimentação dos animais
comprometem quase 50% da renda bruta de uma propriedade leiteira, sendo que em torno de
12% desses gastos estão ligados à produção de volumosos e por volta de 30 a 35% da renda
está ligado ao concentrado (PDPL, dados internos). Logo, a produção ineficiente de volumoso
(baixa qualidade), influencia diretamente nos custos de produção das propriedades rurais. Isso
se agrava ainda mais na medida em que volumoso de baixa qualidade influencia faz se
necessário o maior uso de concentrado, logo aumentando os gastos e diminuindo a
lucratividade do empreendimento.
Portanto, existe a necessidade de avaliação dos materiais para utilização em silagem
disponíveis atualmente no mercado buscando verificar quais destes apresentam a melhor
adaptação e aptidão para proporcionar maior produtividade de leite e maior lucratividade aos
produtores da região. Assim, a hipótese do trabalho foi que existe diferença entre os materiais
disponíveis no mercado para utilização como forrageira e que existem materiais que
proporcionam maior lucratividade aos produtores na medida em que equalizam o custo em
relação à lucratividade da atividade.
Logo, objetivou-se com este trabalho avaliar o custo/benefício dos principais híbridos
de milhos e sorgo disponíveis para produção de silagem na região da Zona da Mata Mineira.
2. MATERIAL E MÉTODOS
8
A área experimental foi em área arrendada pelo proprietário da Fazenda Nô da Silva,
localizada na cidade de Cajuri, MG, dentro da macrorregião denominada Zona da Mata
Mineira (20°46'14.6"S 42°49'13.7"O, altitude 665 metros). O clima da região é classificado
como clima temperado úmido com inverno seco e verão quente pela classificação de Koppen.
A precipitação durante a condução do experimento encontra-se na Figura 1. Os meses com
maiores índices pluviométricos foram novembro e dezembro, com 256 e 201 mm,
respectivamente.
Figura 1. Precipitação ocorrida durante a condução do experimento. Cajuri, MG, 2016
(Inmet).
Foi escolhida uma área de terraço plana, de 2,9 hectares de com solo classificado com
Argissolo Vermelho (Embrapa, 2013). Com as características químicas mostradas na tabela 1.
Tabela 1. Análise de solo da área experimental. Cajuri, MG, 2016.
pH P K Ca ²+ Mg ²+ Al ³+ SB CTC (t) CTC (T) V m P - Rem
H20 -mg/dm³-- ---------------------------cmolc/dm³------------------- ----%----- mg/L
5,7 32,8 108 3,8 1,3 0 5,4 5,4 8,7 62 0 24,7
O experimento foi implantado em parcelas únicas, alocadas de forma aleatória. Cada
unidade experimental consistiu em 16 linhas de aproximadamente 60 metros de comprimento,
9
espaçadas em 0,7 m entre as linhas. Foram consideradas como área útil as 12 linhas centrais
desprezando-se duas linhas de cada um dos lados (Figura 2).
Figura 2. Croqui da vitrine do milho. Cajuri, MG, 2016.
Os tratamentos foram híbridos comumente plantados na Zona da Mata. Os híbridos
foram obtidos através de convites feitos às empresas comercializadoras na região para
participarem da X vitrine do milho totalizando, ao final, dez híbridos de milho e um cultivar
de sorgo, ambos com aptidão para utilização como fonte para silagem (Tabela 2).
Tabela 2. Cultivares de milho e sorgo avaliados quanto à aptidão para a silagem e quanto à
lucratividade do produtor rural. Universidade Federal de Viçosa, MG.
Material Espécie Tipo Empresa Recomendação Ciclo Custo(R$ ha-1)
LG 6030 PRO2 Milho HS Limagrain Grãos/silagem Precoce 495,00
DKB 310 PRO3 Milho HS Dekalb Grãos Super - precoce 789,59
STATUS VIP3 Milho HS Syngenta Grãos Precoce 550,00MG 652 PW Milho HS Morgan Grãos Precoce 650,00
AG 7098 PRO2 Milho HS Agroceres Grãos Precoce 680,00KWS 9004
PRO2 Milho River/KWS Grãos/silagem Precoce 478,00
SHS 7990 PRO2 Milho HS Santa Helena Grãos/silagem Precoce 479,00BM 3066 PRO2 Milho HS Biomatrix Grãos/silagem Precoce 550,00BG 7720 VYHR Milho HS Biogene Grãos Precoce 540,00AS 1633 PRO3 Milho HS Agroeste Grãos Precoce 683,87
BRS 658 Sorgo Cultivar EMBRAPA/Riber Silagem Precoce 150,00
10
Em forma de sorteio, foi definida a sequência em que os híbridos foram semeados
(figura 2). Cada parcela útil foi composta por 12 linhas plantadas com espaçamento
entrelinhas de 0,70 m. A área foi adubada com uma formulação plantio (NPK) 10-30-10 com
400 kg ha-1. O estande foi estabelecido com uma população de 66000 pl ha -1 para todas as
cultivares de milho e 180000 pl ha-1 para a variedade de sorgo. Todas as sementes foram
tratadas com 300 ml do inseticida Cropstar. O plantio foi realizado no dia 29 de outubro de
2016.
Foi realizado o controle de plantas daninhas das parcelas plantadas com milho quando
as plantas de milho apresentaram 50% +1 de plantas em estádio V3 (estádio vegetativo onde a
planta se apresenta com 3 folhas completamente expandidas) utilizando-se 1080 g ha-¹ de
glifosato conjuntamente com 1500 g ha-¹ de atrazine em volume de calda de 150 l ha -1. O
controle de plantas daninhas na cultura do sorgo foi realizado através de capina manual ao
longo da condução do experimento juntamente com uma aplicação de 1500 g ha-¹ de atrazine
em volume de calda de 150 l ha-1.
A adubação de cobertura foi feita em duas etapas. A primeira foi realizada com 650 kg
ha-1 de NPK (30-00-20), no estágio vegetativo V2, e a segunda foi realizada com 300 kg ha -1
de NPK (30-00-20) no estágio vegetativo V6 em todos os cultivares. Além disso, quando as
plantas estavam no estádio V8, foi aplicado em todos os genótipos, 0,5 L ha -1 do fungicida
Priori Xtra visando ao controle de doenças fúngicas. A colheita de todos os híbridos para
amostragem foi realizada no mesmo dia (15/02/2017), através da análise visual da planta
como um todo e observando a linha do leite no grão.
Foi analisada a produção de massa fresca da parte aérea (MFPA) (ton ha-1) através do
corte manual rente ao solo de todas as plantas contidas na área útil de cada parcela. Após a
determinação da MFPA, foram coletadas cinco plantas aleatoriamente escolhidas, retiradas,
identificadas e enviadas ao laboratório 3RLab para determinação da proteína bruta (PB), fibra
detergente neutra (FDN) pelo método NIRS (Near nfra Red System) e teor de matéria seca
(MS).
O custo de produção da silagem foi estimado com base em levantamento de preços
gastos na propriedade Nô da Silva na data do experimento (Tabela 3). Como forma de
padronização, fixou-se os valores de preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita,
ensilagem e arrendamento de forma a tornar variável somente a dieta e o custo da semente.
Ou seja, o intuito foi verificar o quanto a simples alteração do cultivar utilizada impacta o
11
custo total da produção e se essa alteração de cultivar aumenta a lucratividade do produtor
rural da região.
Tabela 3. Levantamento dos custos (R$ ha-1) de preparo de solo, plantio, tratos culturais,
colheita, ensilagem e arrendamento para a produção de volumoso na Fazenda Nô da Silva,
Cajuri, MG.
Especificação Unid. Quant.Valor Unit. Total % em relação
ao custo totalR$ (R$ ha-1)1. Preparo do solo
Dessecação L 5 15,00 75,00 1,4Aplicação de herbicida Hm 1 130,00 130,00 2,5Análises de solo un. 2 17,00 34,00 0,7
Sub-total 1 239,00 4,62. Plantio
Sementes (preço médio) Sc. 1,1 549,59 604,55 11,7Tratamento Semente L 0,3 315,00 94,50 1,8Adubo de plantio Kg 400 1,20 480,00 9,3Distribuição das sementes e adubo Hm 2 130,00 260,00 5,0
Sub-total 2 1439,05 27,73. Tratos Culturais
Herbicida pós-emergente Glifosato L 3 15,00 45,00 0,9Herbicida pós-emergente Atrazine L 3 15,00 45,00 0,9Fungicida L 0,5 164,00 82,00 1,6Adubação de cobertura Kg 950 1,16 1102,00 21,2Distribuição do adubo ( 1° cobertura) Hm 1 130,00 130,00 2,5Distribuição do adubo (2° cobertura) Dh 2 50,00 100,00 1,9Aplicação de Herbicida Hm 0,5 130,00 65,00 1,3Aplicação de Fungicida Dh 1 50,00 50,00 1,0
Sub-total 3 1529,00 29,54. Colheita e ensilagem
Colheita Hm 3 150,00 450,00 8,7Compactação Hm 1 130,00 130,00 2,5Caminhão Hm 6 100,00 600,00 11,6Mão-de-obra Dh 2 50,00 100,00 1,9Lona Rol. 0,2 500,00 100,00 1,9
Sub-total 4 1380,00 26,65. Arrendamento
Arrendamento ha 1 600,00 600,00 11,6
6. Total
12
Custo total 5187,50 5187,50 100(L) Litros, (Hm) hora máquina, (un.) unidade, (Sc.) saco e (Dh) dia homem.
O leite estimado por hectare foi realizado através de planilha que tem como base do
consumo potencial de forragem a partir do FDN, digestibilidade do FDN (Oba e Allen,
1999b) e energia proveniente da silagem através de equações propostas (Schwab et al., 2003 e
NRC, 2001).
A análise do custo/benefício dos materiais foram feitas através da elaboração de dietas
em função da composição bromatológica de cada material utilizado no experimento. Em cada
dieta foram utilizadas quantidades fixas de uréia, núcleo mineral e do material em questão,
variando apenas a quantidade de milho e soja na dieta. Exigências nutricionais para a
produção de leite foram retiradas do NRC 1989 e 2001.
Os dados obtidos foram avaliados no programa Excel®. Foi realizada estatística
descritiva em todos os parâmetros avaliados para a confecção dos gráficos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A produtividade média dos híbridos de milho foram de 70,1 ton ha -1 de MFPA e 18,99
ton ha-1 de MSPA (Figura 3A, 3B e 3C). Os materiais tiveram em média 26,5 % de matéria
seca (Figura 3B). O sorgo teve uma produtividade de 56,8 ton ha-1 de MFPA e 16,07 ton ha-1
de MSPA, ou seja, com percentual de matéria seca em torno de 28,3% (Figuras 3A e 3B).
Os teores de matéria seca dos híbridos de milho apresentaram variação de 23% a
31,2% (Figura 3B). Além disso, observou-se que os híbridos que apresentaram maiores teores
de MSPA se demonstraram também mais precoces em relação aos demais. Ou seja, supõe que
são cultivares que poderiam contribuir positivamente para os produtores da Zona da Mata
Mineira na medida em que a maioria dos produtores da região necessitam semear o milho
para silagem muitas vezes na entressafra, ou seja, foram da época ideal de cultivo, o que cria a
necessidade de materiais mais precoces.
Não obstante, com um híbrido mais precoce, se a semeadura é feita no período de
maiores índices pluviométricos, a colheita pode ser realizada antecipadamente e a semeadura
da cultura em sucessão pode ser realizada em período que permita utilizar adequadamente a
precipitação que ocorre no verão na região da zona da mata mineira visto que cada dia que se
passa da época de semeadura ideal para cultura, o rendimento de grãos e o rendimento de
biomassa total tende a diminuir devido à menor quantidade de radiação solar e maior presença 13
de doenças foliares e de colmo (SILVA et al., 2014). A cultura é fortemente afetada também
em relação a stress hídrico, e a safrinha na região costuma ser um risco em relação à
quantidade de chuva, ocorrendo tal stress a planta tem uma redução da altura de plantas, logo
na produção de biomassa total (BRASIL et al., 2007).
De acordo com CITRONI et al. (1991), a produtividade de matéria natural e de
matéria seca são os principais parâmetros que orientam a escolha de um híbrido para a
alimentação de ruminantes, visto que se trata de um alimento volumoso. Entretanto nem
sempre altas produtividades de matéria natural e matéria seca proporcionam melhores
condições para o atingimento de maiores produtividades de leite.
Figura 3. Valores de matéria fresca da parte aérea (MFPA) (ton ha-1)(A) e seca da parte aérea
(MSPA) em percentagem (%)(B) e em (ton ha-1)(C) além de proteína bruta (PB) (%)(D) para
os diferentes híbridos de milho e sorgo forrageiro. Cajuri, MG, 2016.
Os valores de proteína bruta variaram de 7,26 a 8,41 % entre os cultivares testados
(Figura 3D). O sorgo teve um valor de PB 6,86% (Figura 3D). Valores semelhantes foi
14
encontrado por FLARESSO et al. (2000) quando avaliando cultivares de milho e sorgo, sendo
destes treze cultivares de milho e oito de sorgo, observaram que os teores de PB da silagem de
milho variavam de 7,7% a 8,9% e a de sorgo com variação de 6,3% a 7,7%. De acordo com
KEPLIN et al. (1992), o teor de proteína bruta é um parâmetro bastante utilizado para ver a
qualidade da silagem. Ainda de acordo com este autor, o teor de proteína bruta deve estar por
volta de 7,1 a 8% para se caracterizar um material apto para a silagem.
No entanto, valores muito altos não são interessantes visto que altos valores de
proteína bruta traduz a informação de que alta proporção de folha está sendo utilizado e, de
acordo com KEPLIN et al. (1992), a parte mais desejável da planta não é a folha e sim os
grãos.
Os valores de extrato etéreo tiveram uma variação de 2,4 a 3,25% (Figura 4D), valores
próximos àqueles encontrados por POSSENTI et al. (2005), os quais, ao analisar teores
bromatológicos de silagem de milho e girassol notaram valores de 3,5%. Ressalta-se ainda
que avaliações do extrato etéreo são importantes na análise bromatológica de uma silagem na
medida que influenciam diretamente nos teores de nutrientes digestíveis totais (NDT), pelo
fato de que a gordura fornece 2,25 mais vezes de energia à dieta do que os carboidratos, logo,
também silagens com altos teores de extrato etéreo não são aquelas com potencial de serem
melhores em relação à influência na produtividade de leite pelas vacas (Oliveira et al., 2010),
ao mesmo tempo altas concentrações podem inibir a digestibilidade das frações fibrosas dos
alimentos.
O teor de matéria seca da parte aérea (MSPA) dos materiais teve forte relação com a
qualidade bromatológica dos mesmos e, consequentemente, com a conversão de leite por
hectare, isso pode ser explicado pelo fato de os três materiais que tiveram maior conversão de
leite por hectare (Figura 4F) foram os mesmos que estavam com teores de matéria seco mais
próximo do ideal (Figura 3C). Uma possível explicação para isso é que, silagens com teores
de 30 a 35% de matéria seca correlacionam positivamente com o maior consumo voluntário
da forragem e, consequentemente, com maior produção de leite. Resultados semelhantes
foram igualmente obtidos por BAL et al. (1997).
Com a elevação do teor de matéria seca do milho, observou-se um ligeiro aumento do
teor de FDN (Figura 4A), porém, ao mesmo tempo, notou-se aumento do teor de amido nos
grãos, decorrente do enchimento dos mesmos (Figura 4C). Dessa maneira, de acordo com
NUSSIO et al. (2001), se tem maior diluição do FDN (Figura 4C) por amido, mantendo o
NDT inalterado. Nesse contexto, ressalta-se que a matéria seca da parte aérea é um importante
15
parâmetro para determinação do ponto de colheita para a silagem (MORAES et al., 1999). Ou
seja, o ponto de colheita é definido quando há a conciliação do maior acumulo líquido de
biomassa, tanto de grãos como da planta toda.
16
Figura 4. Valores de FDN (%)(A), digestibilidade FDN (%)(B), teor de amido (%)(C),
extrato etéreo (%)(D), nutrientes digestíveis totais (NDT) (%)(E) e produção de leite estimada
(kg ha-1)(F) para os diferentes híbridos de milho e sorgo forrageiro. Cajuri, MG, 2016.
Um dos principais critérios que vem sendo utilizado atualmente, tanto pelas empresas
como também nas universidades é a conversão de leite por tonelada de matéria seca ingerida.
Ou seja, torna-se um importante item a ser avaliado, visto que concilia a conversão de
leite por tonelada e produção de matéria seca do material. Assim, como na região da Zona da
Mata mineira não temos grandes extensões de áreas aptas a serem cultivadas, necessita-se de
materiais que tenham grande potencial produtivo de biomassa e que ao mesmo tempo sejam
capazes de consorciar boa qualidade nutricional. Ressalta-se também que silagem com menor
qualidade nutricional força o produtor a um maior gasto com concentrado e este é outro
entrave na Zona da Mata visto que as áreas de produções dos principais elementos que
compõe um concentrado são distantes da região de utiliza-se encarecendo o produto.
No experimento em questão, notou-se uma variação de 13652 a 27570 litros de leite
estimado por hectare em função do cultivar avaliado (Figura 4F), sendo aqueles de maiores
produções foram MG 652 PW, BG 7720 VYHR, SHS 7990 PRO 2 e KWS 9004 PRO 2.
Valores semelhantes foram igualmente encontrados por OLIVEIRA et al. (2011), os quais
avaliando diferente alturas de cortes para ensilagem de milho, observaram valores variando de
13000 a 22000 litros de leite estimado por hectare.
Um parâmetro bastante utilizado na prática para elaboração de dietas para vacas
leiteiras é a receita menos o custo com alimentação (RMCA). Esse parâmetro é bastante
importante devido ao fato de representar aproximadamente 50% da renda do produtor. A
silagem, apesar de não representar o maior custo da alimentação, o influencia diretamente,
pois uma silagem com baixos teores de nutrientes força o produtor a uma maior utilização de
alimentos concentrados para o balanceamento da dieta, este sim tem um alto valor unitário.
Na confecção de dietas utilizando os diferentes materiais observa-se que a receita
menos o custo de alimentação por animal se situou entre R$ 12,49 a R$ 14,10, sendo que os
melhores resultados foram obtidos pelos cultivares MG 652 PW, SHS 7990 PRO 2, KWS
9004 PRO 2 BM 3066 PRO 2 e BG 7720 YHR. Além disso, o gasto com concentrado sobre a
renda bruta do leite variou 29,2 a 34,1% (Figura 5). Logo, o comportamento dos cultivares
17
com menor teor nutricional tende a forçar a uma maior utilização de alimentos concentrados,
encarecendo a dieta (Figura 5).
Figura 5. Receita menos custo com alimentação com uma vaca produzindo 20 litros de
leite e Gasto com concentrado sobre a renda bruta do leite, com dietas com os diferentes
híbridos.
Não houve correlação entre o preço da mala de sementes com o preço da tonelada de
silagem produzida (Figura 6). Ou seja, os híbridos de milho avaliados apresentaram variação
de preço de R$ 478,00 a R$ 789,59 a mala, e o sorgo, de R$ 120,00 (Tabela 2). Por outro
lado, o custo da silagem por tonelada produzida correlacionou-se negativamente com a
produtividade do material, logo, aqueles híbridos que obtiveram maiores produtividades, no
caso o MG 652 PW, SHS 7990 PRO 2, BM 3066 PRO 2 e BG 7720 YHR diluíram mais
eficientemente os custos da semente, sendo observado uma variação de preço de R$ 247,51 a
316,61 por tonelada de MS produzida (Figura 6).
18
Figura 6. Preço da mala de sementes (R$) e custo por tonelada de matéria seca
produzida (R$ ton-1) em função dos diferentes híbridos de milho e sorgo forrageiro.
Cajuri, MG, 2016.
O sorgo, por possuir menor exigência nutricional e também um menor teto produtivo
que o milho, ficou prejudicado em relação ao custo de produção, visto que a adubação em
ambas forrageiras foi igual (Figura 6). Ou seja, a adubação realizada foi com todos os níveis
de nutrientes acima do recomendado (ALVES et al. 1999) para a cultura do sorgo. Esta
adubação visando à padronização experimental e para se conhecer os potenciais produtivos
dos materiais. Logo, foi uma adubação fora do ótimo econômico e produtivo da cultura, visto
que o sorgo não foi capaz de responder satisfatoriamente em produtividade.
Vale ressaltar que as condições climáticas foram favoráveis a agricultura nesta safra.
Sendo então um fator que o sorgo ficou prejudicado, visto que o mesmo se desenvolve muito
bem em condições adversas, tais como na safrinha. O mesmo não pode ser levado como pior
resultado visto que ele tem características agronômicas desejáveis a plantio em época, locais e
com condições climáticas adversas.
Experimento realizado de grande importância aos produtores da Zona da Mata
Mineira, onde os mesmos poderão encontrar bastantes itens em relação aos principais
materiais utilizados para confecções de silagens para o trato dos animais, com um enfoque
econômico, pois é o que sustenta a propriedade rural. Relação ao custo da tonelada de silagem
19
produzida onde é a dúvida de muitos, se um material de maior valor agregado é viável, se o
mais barato é o que compensa mais. Analisado que no experimento em si, o custo de silagem
mais barata no caso foi MG 652 PW e o mesmo teve o preço da semente sendo o quarto mais
caro, ao mesmo tempo o mesmo também teve destaque juntamente ao SHS 7990 PRO 2,
KWS 9004 PRO 2, BM 3066 PRO 2 e BG 7720 YHR em relação ao preço da dieta dos
animais.
4. CONCLUSÕES
Foi constatado que existe variação em relação aos custos de produção e qualidade
bromatológica entre os materiais de milho e sorgo destinados à silagem na região da Zona da
Mata Mineira.
Os cultivares MG652 PW, BG7720 VY HR, BM 3066 PRO 2, SHS7990 PRO2 e
KWS 9004 PRO 2 apresentaram maior potencial de utilização pelos produtores da Zona da
Mata Mineira, visto que estes conciliaram altas conversões de leite por hectare, baixo custo da
tonelada de silagem produzida e ao mesmo tempo na utilização do mesmo para o
fornecimento aos animais, proporcionaram melhor lucratividade ao produtor, já que forçaram
menos uso de concentrado para o balanceamento da dieta.
5. REFERÊNCIAS
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20
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http://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/production.pdf.
22
5. ANEXO
Preço do leite 1,17
Alimentos Quant. Kg MS Quant. Kg MN Preço (kg/MN) Total Alimentos Quant. Kg MS Quant. Kg MN Preço (kg/MN) TotalSilagem de milho 10,000 35,088 0,07R$ 2,48R$ Silagem de milho 10,000 32,05 0,08R$ 2,62R$
Farelo de soja 1,547 1,738 1,48R$ 2,57R$ Farelo de soja 1,998 2,24 1,48R$ 3,32R$ Milho 4,157 4,671 0,68R$ 3,18R$ Milho 3,54 3,98 0,68R$ 2,70R$ Uréia 0,198 0,200 1,40R$ 0,28R$ Uréia 0,198 0,20 1,40R$ 0,28R$
Núcleo 0,297 0,300 2,66R$ 0,80R$ Núcleo 0,297 0,30 2,66R$ 0,80R$ 9,30R$ 9,73R$
20 2014,10R$ 13,67R$
29,2% 30,4%
Alimentos Quant. Kg MS Quant. Kg MN Preço (kg/MN) Total Alimentos Quant. Kg MS Quant. Kg MN Preço (kg/MN) TotalSilagem de milho 10,000 35,59 0,07R$ 2,53R$ Silagem de milho 10,000 38,17 0,07R$ 2,68R$
Farelo de soja 1,781 2,00 1,48R$ 2,96R$ Farelo de soja 1,877 2,11 1,48R$ 3,12R$ Milho 3,814 4,29 0,68R$ 2,91R$ Milho 3,596 4,04 0,68R$ 2,75R$ Uréia 0,198 0,20 1,40R$ 0,28R$ Uréia 0,198 0,20 1,40R$ 0,28R$
Núcleo 0,297 0,30 2,66R$ 0,80R$ Núcleo 0,297 0,30 2,66R$ 0,80R$ 9,48R$ 9,63R$
20 2013,92R$ 13,77R$
29,7% 29,7%
Alimentos Quant. Kg MS Quant. Kg MN Preço (kg/MN) Total Alimentos Quant. Kg MS Quant. Kg MN Preço (kg/MN) TotalSilagem de milho 10,000 33,90 0,08R$ 2,60R$ Silagem de milho 10,000 42,37 0,07R$ 2,78R$
Farelo de soja 1,706 1,92 1,48R$ 2,84R$ Farelo de soja 1,89 2,12 1,48R$ 3,14R$ Milho 4,07 4,57 0,68R$ 3,11R$ Milho 4,81 5,40 0,68R$ 3,68R$ Uréia 0,198 0,20 1,40R$ 0,28R$ Uréia 0,198 0,20 1,40R$ 0,28R$
Núcleo 0,297 0,30 2,66R$ 0,80R$ Núcleo 0,297 0,30 2,66R$ 0,80R$ 9,63R$ 10,68R$
20 2013,77R$ 12,72R$
30,0% 33,7%
Alimentos Quant. Kg MS Quant. Kg MN Preço (kg/MN) Total Alimentos Quant. Kg MS Quant. Kg MN Preço (kg/MN) TotalSilagem de milho 10,000 42,194 0,07R$ 2,88R$ Silagem de milho 10,000 35,714 0,08R$ 3,03R$
Farelo de soja 1,95 2,191 1,48R$ 3,24R$ Farelo de soja 2,14 2,404 1,48R$ 3,56R$ Milho 4,02 4,517 0,68R$ 3,07R$ Milho 3,77 4,236 0,68R$ 2,88R$ Uréia 0,198 0,200 1,40R$ 0,28R$ Uréia 0,198 0,200 1,40R$ 0,28R$
Núcleo 0,297 0,300 2,66R$ 0,80R$ Núcleo 0,297 0,300 2,66R$ 0,80R$ 10,27R$ 10,55R$ 20 2013,13R$ 12,85R$
31,6% 32,1%
Alimentos Quant. Kg MS Quant. Kg MN Preço (kg/MN) Total Alimentos Quant. Kg MS Quant. Kg MN Preço (kg/MN) TotalSilagem de milho 10,000 42,735 0,07R$ 2,92R$ Silagem de milho 10,000 43,48 0,07R$ 3,17R$
Farelo de soja 1,459 1,639 1,48R$ 2,43R$ Farelo de soja 1,458 1,64 1,48R$ 2,42R$ Milho 4,771 5,361 0,68R$ 3,65R$ Milho 4,807 5,40 0,68R$ 3,67R$ Uréia 0,198 0,200 1,40R$ 0,28R$ Uréia 0,198 0,20 1,40R$ 0,28R$
Núcleo 0,297 0,300 2,66R$ 0,80R$ Núcleo 0,297 0,30 2,66R$ 0,80R$ 10,07R$ 10,34R$ 20 2013,33R$ 13,06R$
30,6% 30,7%
Alimentos Quant. Kg MS Quant. Kg MN Preço (kg/MN) TotalSilagem de milho 10,000 35,34 0,08R$ 2,93R$
Farelo de soja 1,609 1,81 1,48R$ 2,68R$ Milho 5,532 6,22 0,68R$ 4,23R$ Uréia 0,198 0,20 1,40R$ 0,28R$
Núcleo 0,297 0,30 2,66R$ 0,80R$ 10,91R$ 2012,49R$
34,1%
BG 7720 YHR
Preço da DietaProdução de leite
RMCAGasto com [ ] / RB
Preço da DietaProdução de leite
RMCAGasto com [ ] / RB
MG 652 PW
KWS 9004 PRO 2
Preço da DietaProdução de leite
RMCAGasto com [ ] / RB
SHS 7990 PRO 2
Preço da DietaProdução de leite
RMCAGasto com [ ] / RB
DKB 310 PRO 3
Preço da DietaProdução de leite
RMCAGasto com [ ] / RB
BM 3066 PRO 2
Preço da DietaProdução de leite
RMCAGasto com [ ] / RB
AS 1633 PRO 3
Preço da DietaProdução de leite
RMCAGasto com [ ] / RB
LG 6030 PRO 2
Preço da DietaProdução de leite
RMCAGasto com [ ] / RB
AG 7098 PRO 2
Preço da DietaProdução de leite
RMCAGasto com [ ] / RB
STATUS VIP 3
Preço da DietaProdução de leite
RMCAGasto com [ ] / RB
BRS 658
Preço da DietaProdução de leite
RMCAGasto com [ ] / RB
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