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¹Professora PDE 2010, Graduada em Ciências Biológicas pela Associação Prudentina de Educação e Cultura Apec,

Especialização em Ensino de Ciências Naturais pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

²Professor Orientador do Programa PDE 2010, Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz de

Fora, Graduado em Pedagogia pela Associação Paranaense de Ensino e Cultura, Doutor em Ciências Biológicas pela

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita, professor adjunto da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

O ENSINO DE CIÊNCIAS POR INVESTIGAÇÃO: UMA PROPOSTA PARA

ABORDAGEM DOS CONHECIMENTOS SOBRE NUTRIÇÃO HUMANA

Josefina Pereira de Souza¹

Bartolomeu Tavares²

Resumo

O ensino por investigação vem sendo utilizado como uma ferramenta no processo de ensino-aprendizagem, suas vantagens são inúmeras, pois como descreve Capeletto (1992), existe uma fundamentação psicológica e pedagógica que sustenta a necessidade de proporcionar à criança e ao adolescente a oportunidade de, por um lado, exercitar habilidades como cooperação, concentração, organização, manipulação de equipamentos e, por outro, vivenciar o método científico, entendendo como tal a observação de fenômenos, o registro sistematizado de dados, a formulação e o teste de hipóteses e a inferência de conclusões. Desta forma foi aplicada no 1º ano do ensino médio de uma escola da rede pública de ensino, a unidade didática elaborada através do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), teve como objetivo trabalhar a nutrição humana com abordagem investigativa, promovendo a aprendizagem significativa e metodológica, possibilitando uma visão da aula de Ciências como uma interpretação do mundo desenvolvendo assim as habilidades dos alunos.

Palavras-chave: ensino médio; aprendizagem; investigação.

1 INTRODUÇÃO

As motivações e os conhecimentos que os estudantes trazem para a

escola, advindo de seu cotidiano contribuem para minimizar suas dificuldades

na percepção dos conflitos entre concepções alternativas e o conhecimento

científico. Para tanto, se faz necessário “problematizar o conteúdo” que se

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propõe ensinar, a fim de possibilitar a construção do conhecimento por parte do

aluno. O ensino de caráter científico e investigativo pressupõe uma abordagem

interacionista com os conteúdos, na qual os professores e alunos se atentam

para o significado dos conhecimentos trabalhados.

Neste contexto, as aulas de Biologia deverão ser mediadas por

situações problemáticas que despertem nos alunos a necessidade de conhecer

para participar dos processos em que estão inseridos.

Para Kuhn (2000), as investigações são atividades educacionais em que

os estudantes, individualmente ou em grupo, investigam um conjunto de

fenômenos, reais ou virtuais e a partir da ação investigativa ou de experimentos

que propõe conclusões e resoluções de problemas.

Hodson (1992, p.549) destaca que as atividades práticas investigativas

são apropriadas para trabalhos científicos quando contemplam as dimensões

do ensino de Ciências, e também da natureza da ciência:

São atividades nas quais os alunos utilizam os processos e métodos de Ciências para investigar fenômenos e resolver problemas como meios de aumentar e desenvolver seus conhecimentos, e fornecem um elemento integrador poderoso para o seu currículo. Ao mesmo tempo, os estudantes adquirem uma compreensão mais profunda da atividade científica, e as investigações tornam-se um método tanto

para aprender Ciências como aprender sobre Ciências.

Assim, o ensino por investigação poderá facilitar a motivação e, por

conseguinte, o aprendizado dos alunos, pois contribui para apropriação

significativa dos conhecimentos trabalhados, muda as estratégias de estudo e

exige novas formas de perceber e compreender a ciência.

Um dos objetivos das práticas investigativas é o desenvolvimento de

uma postura crítica, responsável e ética no desenvolvimento da pesquisa e em

relação aos resultados obtidos (TIGGEMANN, 2006).

Segundo Gomes (2008) um modelo útil e produtivo de ensino

investigativo é aquele que permite os estudantes formular previsões e propor

explicações para os fenômenos que observam.

Nesse sentido, o ensino por investigação inclui conhecimentos

científicos e reflexão crítica acerca da realidade, o que proporciona

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fundamentação para a construção de valores e mudanças de atitudes no

cotidiano.

Tendo em vista que os conhecimentos de nutrição humana trabalhada

no 1º ano do ensino médio precisam ser explorados para que ocorra uma

mudança nos hábitos alimentares e na compreensão efetiva de uma

alimentação saudável. O ensino por investigação fundamenta-se na

intervenção educacional que contribui para elaboração do conteúdo de ensino,

enfocando a discussão teoria/prática do objeto de estudo, utilizando a técnica

investigativa, que aproximem objeto de estudo da vivência e da realidade

pessoal do educando.

O trabalho a ser desenvolvido na proposta de intervenção visa

sensibilizar os alunos na aquisição de hábitos alimentares saudáveis junto aos

familiares e, assim, possibilitar melhor qualidade de vida.

A proposta deste trabalho é inserir elementos inovadores no processo

educacional, de modo participativo, que visa valorizar a perspectiva

investigativa e promover ações educativas pontuais. Assim, buscamos articular

e desenvolver modalidades didáticas na perspectiva do ensino por investigação

a fim de avaliar as contribuições desta proposta no processo de ensino e

aprendizagem do conteúdo especifico de nutrição humana, na turma de 1º ano

do ensino médio.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na prática pedagógica tem sempre que pensar no outro como parceiro

de nossas angustias e de nossas descobertas, a fim de que, possamos

criteriosamente selecionar objetivos e adequá-los ao público-alvo que

pretendemos trabalhar. Pensando assim temos que nos preocupar com os

conteúdos de ensino e aprendizagem, que contemplem os métodos de ensino

por investigação.

Segundo Libâneo (1992), os professores ao elaborar o plano de ensino,

selecionam temas de estudo que representam conhecimentos e habilidades

que possibilita o desenvolvimento intelectual dos alunos. As exigências de sala

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de aula requerem algumas dedicações metodológicas, que orientam as

atividades conscientes dos professores no rumo dos objetivos gerais e

específicos do ensino.

Para isso, o autor tem algumas recomendações práticas que esclarece

sobre os objetivos da aula e a importância dos novos conhecimentos para a

sequência dos estudos como forma de atender necessidades futuras: provocar

explicitação da contradição entre ideias e experiências que os alunos possuem

sobre o fato ou objeto de estudo e o conhecimento científico e condições

didáticas estabelecidas nas quais os alunos possam desenvolver métodos

próprios de compreensão, assimilação de conceitos e habilidades para

resolução de situações problema, estabelecer conclusões, compreender o

conteúdo, fundamentar uma opinião e seguir regras para desempenhar tarefa.

Libâneo (1992) complementa afirmando que quando esses momentos

pedagógicos acontecem em conjuntos, criam-se situações didáticas, em que o

professor aplica métodos ativos de ensino que facilitam a compreensão e o

conhecimento. Assim ocorre o estímulo para o aluno expor e defender

resultados ou conclusões sobre uma observação ou experimento, bem como

confrontá-lo com outros. Logo este trabalho oportuniza o aluno formular

perguntas ou propor tarefas que requeiram exercício do pensamento para

solução de problemas do meio social.

No entanto, as modalidades didáticas de ações pedagógicas nas aulas

expositivas servem para introduzir um conteúdo novo ou até sintetizar um

fenômeno ou um objeto de estudo. Apesar desse potencial das aulas

expositivas é difícil explicar, apenas com base em argumentos de ordem

pedagógica, a enorme preponderância sobre todos os tipos de atividades

desenvolvidas em sala de aula no ensino aprendizagem.

Levando em conta a sua popularidade do ensino teoricamente expositivo

estar ligada a dois fatores: um fator é o processo econômico, que permite a um

só professor atender um grande número de alunos em sala de aula e ainda

garante o domínio da classe, que é mantida apática. A passividade dos alunos

representa uma das grandes desvantagens das aulas expositivas, gera uma

série de inconvenientes como a pequena retenção de informações e a falta

interação entre professor e aluno (KRASILCHIK, 2005).

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Ainda, na concepção de Krasilchik (2005), o que facilita a interação entre

o professor e o aluno é minimizar alguns fatores que não favorece o ensino

aprendizagem, tais como o professor sempre que possível instigar o aluno com

questões problemas do conteúdo e envolvê-los no processo de ensino e

aprendizagem e identificar ações pedagógicas que relacionem os

conhecimentos com situações do cotidiano do aluno.

Lorencini (1995) estudou a formulação de perguntas e respostas por

professores e alunos na aplicação de conteúdos, com resultados interessantes

e úteis para promover a intensificação da interação em sala de aula. Deu

atenção às respostas dos alunos, seja correta, incorreta ou incompleta e

considerou como indicador o conhecimento prévio do aluno. Para tanto

observou que quando os alunos falam ou perguntam, promovem mudanças

significativas no relacionamento entre eles e o professor, pois muda de ação

pedagógica para um modelo investigativo, melhora e aprofunda as explicações

do objeto de estudo.

Segundo Krasilchik (2005, p.86) as aulas de laboratório tem um lugar

insubstituível no ensino de Ciências e Biologia, pois desempenham ações

únicas permitindo que os alunos tenham contato com os fenômenos.

Aulas práticas/experimentais é uma modalidade pedagógica essencial

no ensino de Biologia por investigação, na qual os alunos levantam hipóteses e

ideias sobre o objeto de estudo e testam tais hipóteses, aproximando a

construção de seu conhecimento à natureza do conhecimento científico.

Como instrumento de transformação dos mecanismos de reprodução

social, a aula experimental torna-se um espaço de organização, discussão e

reflexão, a partir de modelos que representem o real. Neste espaço, por mais

simples que seja a experiência, ela torna-se rica ao revelar as contradições

entre o conhecimento do aluno, o limite do problema levantado e o

conhecimento científico (DCE-SEED, 2006).

Segundo Sampieri (1991) os estudos exploratórios são feitos

normalmente, quando o objeto de estudo é examinar um tema ou problema de

investigação pouco estudado ou que não tenha sido abordado antes, no

processo de ensino e aprendizagem.

É essencial considerar as limitações reais, assumir a flexibilidade do

ensino por investigação e consequentemente, a abertura para mudanças que

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se façam necessária, quando queremos efetivamente introduzir elementos

inovadores no processo educacional, de modo participativo, valorizando não só

a perspectiva da prática investigativa, mas promovendo condições, ações

educativas pontuais, que evitem complicações no ensino aprendizagem do

aluno.

As aulas exploratório-investigativas são aquelas que mobilizam e

desencadeiam em sala de aula tarefas e atividades abertas, exploratórias e

não diretivas do pensamento do aluno e que apresentam múltiplas

possibilidades de alternativa de tratamento e significação. Essas aulas servem

geralmente, para introduzir um novo tema de estudo ou para problematizar e

produzir significados a um conceito científico.

Dependendo da forma de como essas aulas são desenvolvidas, a

atividade pode restringir-se apenas à fase das explorações e problematizações.

Porém, se ocorrer, durante a atividade a formulação de questões ou hipóteses

que desencadeiam um processo de realização de testes e de tentativas de

revelação ou prova dessas hipóteses, teremos, então, uma situação de ação

investigação científica (FIORENTINI; CRISTÓVÃO, 2006).

O conceito de investigação científica, como atividade de ensino e

aprendizagem, contribui para socializar com os alunos a intencionalidade das

atividades científicas como formas de construir o conhecimento. Nesta

situação, o aluno é instigado a agir como um pesquisador, não só na

formulação de ações, mas também na apresentação de resultados e na

discussão e argumentação em ralação aos problemas apresentados acerca de

um conteúdo.

Os trabalhos de pesquisa em ensino mostram que os estudantes

aprendem mais sobre a Ciência e desenvolvem melhor seus conhecimentos

conceituais quando participam de investigações científicas, semelhantes às

feitas nos laboratórios de pesquisa. (HODSON, 1992).

Assim, as modalidades didáticas investigativas facilitam a compreensão

e a construção de conhecimentos de um novo conteúdo científica, além de

contribuir para esclarecer os significados dos conteúdos em pauta, favorecendo

ao aluno o sentido de sua aprendizagem.

Conforme Moreira (1983), a resolução de problemas que leva a uma

investigação deve estar fundamentada na ação do aluno. Os alunos devem ter

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oportunidade de agir e o ensino deve ser acompanhado de ações e

demonstrações que o levem a um trabalho prático. E para Garret (1988),

pensar é parte do processo de solucionar problemas, e inclui o reconhecimento

da existência de um problema e as ações que são necessárias para seu

enfrentamento.

Na opinião de Krasilchik (2005), tais atividades facilitam a interação

entre o professor e o aluno e favorece a compreensão dos conteúdos por meio

de questões problemas do cotidiano do aluno.

Observamos que, quando os alunos têm oportunidade de expor suas

ideias, elaborar hipóteses, questionar e defender seus pontos de vista, as

ideias que surgem nas respostas são diferentes, relacionadas às conversas

ocorridas nos diferentes grupos de estudantes, ficando o professor com a

função de acompanhar as discussões, provocar, propondo novas questões e

ajudar os alunos a manterem a coerência de suas ideias (DUSCHL, 1998).

Desta forma o professor desempenha um papel fundamental no ensino

investigativo, como descreve Carvalho et al. (1998):

É o professor que propõe problemas a serem resolvidos, que irão gerar ideias que, sendo discutidas, permitirão a ampliação dos conhecimentos prévios; promove oportunidades para a reflexão, indo além das atividades puramente práticas; estabelece métodos de trabalho colaborativos e um ambiente na sala de aula em que todas as ideias são respeitadas.

As demonstrações realizadas em sala podem ser chamadas

investigativas, porque o aluno foi levado a participar da formulação de

hipóteses acerca do problema proposto pelo professor e da análise dos

resultados obtidos, ou seja, foi levado a encarar os trabalhos experimentais

desenvolvidos em sala de aula como atividades de investigação (LEWIN e

LOMASCÓLO, 1998).

3 METODOLOGIA

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O projeto “O ensino de Ciências por investigação: uma proposta para

abordagem dos conhecimentos sobre nutrição humana” foi desenvolvido com

duas turmas de alunos do 1º ano do Ensino Médio, contemplando cerca de 80

alunos, no turno matutino do Colégio Estadual Horácio Ribeiro dos Reis,

localizado no município de Cascavel – Paraná.

Buscando desenvolver modalidades didáticas na perspectiva do ensino

por investigação (Quadro 1), a fim de avaliar as contribuições para o processo

de ensino e aprendizagem com atividades e experimentos contribuindo assim

para a organização do ensino e a construção dos conhecimentos dos alunos.

Quadro 1 – Esquematização das atividades desenvolvidas nos módulos

Módulos Atividade Procedimento didático

1 Importância dos

alimentos

Aula expositiva dialogada com

apresentação de figuras na TV

Pendrive e questionamentos

acerca dos conhecimentos dos

alunos.

2 Pirâmide alimentar Montar uma pirâmide alimentar

de vidro e discutir a classificação

dos alimentos e sua importância.

Elaboração de cartazes sobre a

pirâmide alimentar.

3 Classificação dos

carboidratos

Aula prática com abordagem

investigativa sobre a

classificação dos carboidratos,

suas origens e funções no

organismo humano. Experimento

para identificar a presença de

amido em alimentos.

4 Transtornos alimentares Pesquisa no laboratório de

informática sobre distúrbios

alimentares, hábitos e atitudes

alimentares.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para iniciar a implementação, o primeiro módulo teve como objetivo

proporcionar aos alunos uma aula investigativa sobre a importância dos

alimentos, nas quais puderam compreender de forma significativa como ter

uma alimentação equilibrada, que resulta em saúde para o organismo e

compreender o metabolismo dos alimentos no organismo humano.

Segundo Mortimer (2002) a sala de aula deve ser encarada como objeto

de pesquisa. Para esse autor é preciso compreender as relações estabelecidas

pelos estudantes com o conhecimento, não esquecendo jamais da influência

das relações afetivas entre os alunos e entre alunos e professor.

Então para iniciar o conteúdo um diálogo foi feito com os alunos acerca

da importância de uma alimentação saudável. Com o auxílio da TV Pendrive

foram passadas imagens de diversos alimentos e desta forma os alunos

montaram uma tabela em seus cadernos e anotaram os alimentos nas

categorias que achavam corretas. Através desta atividade puderam diferenciar

os alimentos associando se eram saudáveis ou não. Os seguintes

questionamentos foram feitos para os alunos:

O que você entende por nutrição?

O termo dieta é comum para você?

Quais dos alimentos apresentados na TV Pendrive fazem parte

da sua alimentação?

Na primeira questão responderam que para eles nutrição é ter uma

alimentação equilibrada para manter a saúde a fim de prevenir doenças.

Observa-se que houve uma mudança de pensamentos e atitudes após este

tipo de inserção do conteúdo. Transcritas nas falas abaixo:

“Uma alimentação balanceada e saudável”

“É um processo biológico em que os organismos utilizando-se de alimentos, assimilam nutrientes para a realização de suas funções vitais”.

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O papel da educação alimentar e nutricional está vinculado à produção

de informações que sirvam como subsídios para auxiliar a tomada de decisões

dos indivíduos que outrora foram culpabilizados pela sua ignorância, sendo

posteriormente vítimas da organização social capitalista, e se tornam agora

providos de direitos e são convocados a ampliar o seu poder de escolha e

decisão (SANTOS, 2005).

Quando questionados sobre o termo dieta, a maioria dos alunos afirma

não conhecer este termo, pois não realizam uma dieta. Nota-se que associam

este termo a estar acima do peso ou a alimentos gordurosos e não aos hábitos

alimentares individuais. Isto pode ser constatado, pois dos alimentos que foram

apresentados na TV Pendrive os mais consumidos por eles são os

carboidratos, doces e frituras, transcritas nas falas abaixo:

“Sim, porém não devemos comer alimentos gordurosos. A dieta deve ser balanceada contendo proteínas, carboidratos, vitaminas, etc”.

“Não, porque eu não tenho o hábito de fazer”.

Sabe-se que aspectos da alimentação e da nutrição são difíceis de

serem mudados, pois além de tentar mudar antigos padrões, estes são

considerados como componentes da história individual, da família ou do grupo

social (DAVANÇO; TADDEI; GAGLIANONE, 2004).

Podemos constatar através destas perguntas a urgência de se trabalhar

com o tema Alimentação Saudável em sala de aula, a fim de explicar, sanar as

dúvidas referentes a este tema e mostrar aos estudantes os riscos de uma

alimentação incorreta.

Após esta atividade os alunos receberam o texto Alimentação Saudável,

onde em grupos leram, discutiram e responderam as seguintes questões.

Que tipos de alimentos compõe uma alimentação saudável?

É possível ter uma vida saudável sem ter hábitos alimentares

corretos?

Longevidade tem relação com a alimentação saudável?

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Você acredita que um lanche (sanduiche) possa substituir uma

alimentação com todos os nutrientes necessários?

O que realmente faz o processo de emagrecimento funcionar?

Pode-se observar que todos os alunos entendem que uma alimentação

saudável é composta por alimentos que possam fornecer a quantidade de

nutrientes (proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas, sais minerais e fibras)

necessárias para manter nosso corpo em equilíbrio.

A promoção à saúde no ambiente escolar vem sendo fortemente

recomendada por órgãos internacionais, pois as crianças maiores de cinco

anos habitualmente sentem-se excluídas das prioridades estratégicas das

políticas oficiais de saúde, apesar de serem biológica, nutricional e socialmente

suscetíveis (BIZZO, 2005).

Na questão referente se é possível ter uma vida saudável sem hábitos

alimentares corretos os alunos apontam que não, pois para ter uma vida

saudável é necessária uma alimentação nutritiva e equilibrada. Transcritas nas

falas abaixo:

“Não, necessitamos de uma alimentação correta que forneça a energia necessária para vivermos”. “Além de uma alimentação balanceada, é preciso fazer exercícios físicos”.

Catrib et al. (2003) aponta que a saúde no espaço escolar é concebida

como um ambiente de vida da comunidade em que está inserida a escola, cujo

referencial para ação deve ser o desenvolvimento do educando, como

expressão de saúde, com base em uma prática pedagógica participativa, tendo

como abordagem metodológica a educação em saúde transformadora.

Quando questionados se longevidade tem relação com a alimentação

saudável, os alunos relatam que sim, pois uma alimentação saudável irá

proporcionar vida longa e sem problemas de saúde.

Distintas situações de encorajamento do consumo de alimentos

saudáveis na escola poderiam atuar como mecanismos auxiliares e promotores

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deste processo, além dos conhecimentos e práticas difundidas e proferidas por

nutricionistas junto às escolas (BIZZO, 2005).

Na última questão os estudantes apontam que para conseguir

emagrecer é necessário um cardápio variado, exercícios físicos e que podemos

comer de tudo, porém com moderação.

McGinnis e Degraw (1991) pontuam que o conhecimento, as atitudes, os

comportamentos e as habilidades desenvolvidas em efetivos programas de

saúde nas escolas, voltados para a conscientização de que a adoção de

hábitos saudáveis trará melhor qualidade de vida, capacita crianças e jovens a

fazerem escolhas corretas sobre comportamentos alimentares, reforçando que

a adoção desses comportamentos promove a saúde do indivíduo, da família e

da comunidade.

O próximo passo foi com que os alunos compreendessem e

interpretassem a pirâmide alimentar a fim de sensibilizá-los em relação à

nutrição humana e vida saudável dando ênfase na classificação dos alimentos

(energéticos, construtores e reguladores), de modo que vivencie e compreenda

o valor nutritivo dos alimentos, além de representar adequadamente a forma

correta de se alimentar.

Desta forma, nesta aula, a professora apresentou a temática no contexto

alimentação e nutrição para que os alunos através de diálogo pudessem

comentar seus pensamentos, por meio dos seguintes questionamentos:

Porque foi criada a pirâmide alimentar?

É importante lembrar que todos os itens que compõem a

pirâmide são importantes para o organismo. Por quê?

Você já ouviu falar em alimentos construtores, energéticos e

regulares? Cite exemplos.

Através destas perguntas os estudantes puderam expor seus

conhecimentos acerca da pirâmide alimentar, constatou assim que eles sabem

o que é a pirâmide alimentar, o seu valor e utilização. Ressaltaram ainda que

cada componente da pirâmide tem sua importância para a manutenção vital do

corpo humano.

No questionamento a respeito dos alimentos construtores, energéticos e

reguladores, havia algumas dúvidas, pois estes termos não são tão

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conhecidos, mas através de diálogo foram sanadas as dúvidas existentes.

Transcritas nas falas abaixo:

“Para que as pessoas possam ter uma alimentação mais controlada e equilibrada”. “Para dividir os alimentos em grupos, os mais saudáveis e os menos saudáveis”.

Carvalho et al., (1995) reconhece que é preciso que sejam realizadas

diferentes atividades e devem estar acompanhadas de situações

problematizadoras, questionadoras e de diálogo, envolvendo a resolução de

problemas e levando à introdução de conceitos para que os alunos possam

construir seu conhecimento.

Para dar continuidade à aula foram apresentados na TV Pendrive

imagens da pirâmide alimentar e seus quatro níveis de classificação. Por

seguinte uma pirâmide de vidro foi montada e levada á sala de aula e com

auxílio de alimentos de biscuit a turma foi dividida em grupos para que

pudessem montar a pirâmide alimentar (Figura 1-3). Após a montagem cada

grupo apresentou sua pirâmide e as razões de suas escolhas para a

classificação dos alimentos, em seguida analisamos as pirâmides por meio dos

seguintes questionamentos:

Como estão classificados os alimentos na pirâmide?

Você consegue montar um cardápio com alguns alimentos

saudáveis, de acordo com a classificação do alimento distribuído

na pirâmide alimentar?

Por meio destes questionamentos os alunos observaram o tipo de

alimento e a quantidade que ingerem em suas refeições podendo assim

compartilhar suas experiências.

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Figura 1. Alunos montando a pirâmide alimentar

FONTE: Josefina Pereira de Souza

Figura 2. Montagem da pirâmide alimentar Figura 3. Explicação após a montagem

FONTE: Josefina Pereira de Souza FONTE: Josefina Pereira de Souza

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Figura 4. Alunos confeccionando cartazes

FONTE: Josefina Pereira de Souza

Ainda neste módulo os alunos elaboraram cartazes sobre a pirâmide

alimentar (Figura 4), apresentaram e explicaram para a turma, como foi feita a

sua confecção e qual a importância para a saúde humana.

De acordo com Praia et al. (2002), nas aulas experimentais, o uso da

investigação em experimentos transforma os alunos em sujeitos mais

participantes na construção de seus conhecimentos exigindo, dessa forma,

maior esforço intelectual deles, pois os alunos estarão exercitando a utilização

de conceitos, metodologias, enfim, atitudes mais próximas da metodologia

científica atual.

A experimentação tem um papel importante em instigar a formulação de

hipóteses e a investigação sobre o objeto de estudo, baseado não apenas na

memorização de fatos e conceitos que logo passam e sim no raciocínio e na

busca pelos conhecimentos, promovendo uma aprendizagem significativa

(TERRAZAN; LUNARDI; HERNANDES, 2003).

De acordo com Krasilchik (2000), no ensino de ciências e Biologia é

importante e essencial o uso de aulas práticas, pois possibilitam o

envolvimento dos alunos em investigações científicas para a resolução de

problemas; despertando o interesse dos alunos para o desenvolvimento das

atividades e proporcionando a apreensão de conceitos básicos.

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Partindo deste pressuposto foi realizada uma aula prática com

abordagem investigativa sobre a classificação dos carboidratos, suas origens e

principais funções no organismo humano, através do experimento

reconheceram a presença de amido em determinados alimentos.

A aprendizagem não se dá pelo fato de ouvir e folhear o caderno, mas

de uma relação teórica prática, com intuito não de comparar, mas sim de

despertar interesse aos alunos, gerando discussões e melhor aproveitamento

das aulas (POSSOBOM, OKADA e DINIZ, 2007).

Quando o professor ouve os estudantes, sabe quais suas interpretações

e como podem ser instigados a olhar de outro modo para o objeto em estudo

(BRASIL, 1998).

Na TV Pendrive foram apresentadas imagens de alimentos como:

verduras, frutas e cereais, para que os alunos pudessem compreender as

ligações entre o carboidrato e o popular açúcar. Assim a turma foi dividida em

grupos a fim que estudassem e discutissem entre si o texto Carboidrato,

nutrição e classificação, e para nortear a discussão alguns questionamentos

foram propostos:

Quais tipos de carboidratos são encontrados no organismo

humano?

Qual o papel dos carboidratos nas funções do organismo

humano?

Você consegue separar os tipos de carboidratos?

A partir destes questionamentos os alunos puderam compartilhar suas

opiniões com os outros colegas, ressaltando a importância do carboidrato para

o organismo humano. Após as discussões, os grupos foram mantidos para que

o experimento pudesse ser aplicado.

O experimento funciona da seguinte forma: diferentes amostras de

alimentos foram utilizadas como, pão, arroz cozido, banana, cenoura, farinha,

macarrão, batata, frango e biscoito.

Com o auxílio de um conta-gotas, uma gota de iodo era pingada em

cada alimento, e questionamentos eram feitos ao grupo, para nortear a

pesquisa:

O que aconteceu com cada alimento?

O resultado foi igual para todos os alimentos?

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Desta forma, os alimentos que contêm amido em sua composição

adquirem a cor roxa, pois o iodo reage ao amido, já os alimentos que não

adquiriram coloração como o frango, deve-se ao fato do amido ser de origem

vegetal, e o pedaço de frango é de origem animal, portanto não houve

mudança significativa na cor.

Tabela 1. Atividade experimental

Alimento Cor Inicial Cor Final Presença de

Amido

Na tabela 1 os alunos iam anotando e buscando as possíveis soluções

para o experimento. Questionavam e ficavam espantados devido à coloração

forte que alguns alimentos adquiriram, após a atividade prática elaboraram uma

pequena explicação para o experimento.

Segundo Freire (1997), para compreender a teoria é preciso experiência-

la. A realização de experimentos, em Ciências, representa uma excelente

ferramenta para que o aluno faça a experimentação do conteúdo e possa

estabelecer a dinâmica e indissociável relação entre teoria e prática.

Para que os alunos compreendessem a importância da qualidade do

alimento que ingerimos diariamente foi pedido aos alunos que trouxessem para

a sala de aula, embalagens de produtos que consomem em suas residências

para serem analisados quanto a sua composição, quantidade de carboidratos e

outros nutrientes. Pode-se constatar que a grande parte dos alunos não possui

o hábito de analisar os rótulos, porém quanto à validade, relataram que

observam se o prazo que está na embalagem é próximo.

Através de diálogo, foi comentada a importância de estar observando o

estado da embalagem, se está violada ou não, para não alterar a composição

do alimento, então algumas perguntas foram realizadas:

Quais as contribuições que o conhecimento sobre a composição

dos alimentos pode lhe ajudar ao adquirir um produto saudável?

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Você acha que a sua alimentação é boa ou ruim? Por quê?

O que você gostaria de melhorar na sua alimentação diária, tanto

na escola como em sua casa, a partir do conhecimento

trabalhado em sala de aula?

Através das respostas é possível observar que os alunos compreendem

que analisar a embalagem do produto antes de comprá-lo é importante, pois

além de saber qual a sua composição nutricional é possível ver o estado do

alimento, fabricante e sua data de validade, garantindo que o alimento esteja

apto para o consumo.

A alimentação poderia ser classificada como fato social, no qual

interagem o homem biológico e o homem social, neste sentido, a escola seria o

ambiente propício para a aplicação de programas de educação em saúde, pois

está inserida em todas as dimensões do aprendizado: ensino, relações

lar/escola/comunidade, ambiente físico e emocional (DAVANÇO; TADDEI;

GAGLIANONE, 2004).

No segundo questionamento nota-se que grande parte da turma

considera sua alimentação ruim, pois consomem muitos alimentos

industrializados e acabam deixando de lado os mais saudáveis, o que pode ser

confirmado através do ultimo questionamento, onde afirmam que vão à escola

sem tomar café e acabam comendo salgados e doces no recreio. Afirmam que

melhorariam a sua alimentação ingerindo mais frutas e verduras, tentando

manter uma alimentação equilibrada com auxilio de exercícios físicos.

Como assunto final da implementação e a fim de que os alunos

reconhecessem os cuidados ao consumirmos alimentos energéticos em

excesso nas refeições diárias, compreendendo que quantidade não tem haver

com qualidade, foi realizada uma investigação e levantamento de hipóteses

vivenciando o tema: saúde e alimentação dando ênfase nos distúrbios

alimentares.

Utilizando a TV Pendrive como recurso, foram mostrados aos alunos

imagens dos principais distúrbios alimentares, hábitos e atitudes alimentares,

visando um pré-conceito sobre o assunto realizado através do dialogo. Em

seguida foi distribuída a turma, reportagens sobre distúrbios alimentares como

anorexia, bulimia, obesidade, doenças causadas pelo excesso de alguns

alimentos como diabetes e hipertensão e um texto sobre bulling.

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Após a leitura, os alunos foram ao laboratório de informática para

realizar pesquisas e buscar vídeos referentes aos temas propostos em sala de

aula. Para ajudar perguntas foram levantadas, buscando que refletissem sobre

a gravidade dos distúrbios alimentares. Emagrecer com saúde é simplesmente

deixar de comer? O que acontece com pessoas que simplesmente deixam de

alimentar-se ou alimentam-se muito pouco?

Foi proposta a turma a elaboração de um teatro que deveria conter

hábitos e atitudes de pessoas com distúrbios alimentares e possíveis doenças.

A turma participou de forma efetiva na elaboração do teatro, um grupo de

alunos gravou as cenas do teatro e montaram um vídeo sobre bulimia e

anorexia para ser apresentado na Feira de Ciências da escola.

Neste evento também teve um stand sobre a unidade didática, onde os

alunos juntamente com a professora apresentaram o que estava sendo feito na

implementação, que contou com a participação dos alunos que explicaram

sobre a importância da alimentação saudável, pirâmide alimentar, observar os

rótulos, embalagens e data de validade dos produtos e a apresentação do

vídeo/teatro sobre distúrbios alimentares.

A escola é, junto com a família, a instituição social que maiores

repercussões têm para a criança. A escola não só intervém na transmissão do

saber cientifico organizado culturalmente como influi em todos os aspectos

relativos aos processos de socialização e individuação da criança, como é o

desenvolvimento das relações afetivas, a habilidade de participar de situações

sociais, a aquisição de destrezas relacionadas com a competência

comunicativa, o desenvolvimento da identidade sexual, das condutas pró-social

e da própria identidade pessoal (PALACIOS, 1995).

Nota-se que os alunos possuem conscientização quanto à importância

de se ter uma alimentação saudável, a fim de evitar problemas de saúde,

ressaltam a gravidade destas doenças relacionadas não somente com a

alimentação, mas também com o lado psicológico e social que estão os

indivíduos estão envolvidos.

As propostas de inclusão dos temas de segurança alimentar nos

projetos pedagógicos escolares, nos diferentes níveis de ensino, podem

contribuir para a instrumentalização dos indivíduos, permitindo aos sujeitos

"navegarem" nesse mar de informações. No entanto, é necessário aprofundar o

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"como" tais "inclusões" se concretizariam. Seria importante considerá-las

dentro das discussões político-filosóficas do ensino brasileiro, não reduzindo o

tema à mera inclusão de conteúdos (SANTOS, 2005).

3 CONCLUSÃO

Trabalhar com assuntos que envolvem a saúde do aluno, devem ser

colocados em primeiro plano no ensino de Ciências, observamos que quando o

assunto se torna parte do cotidiano acaba por envolver o aluno, sua família e

comunidade escolar. Para tornar as aulas mais atrativas aplica-se uma nova

metodologia de ensino: o ensino por investigação, onde o aluno aprende mais

e desenvolve melhor o seu conhecimento.

O ensino por investigação visa formar estudantes que dominem e

compreendam tecnologia e sociedade, e mesmo perante a resultados errados

possam criar oportunidades para adquirir o conhecimento de forma conceitual,

criando um ciclo virtuoso de aprendizado.

Gil-Pérez (1986) coloca que o ensino que tenha por objetivo a

compreensão de aspectos da natureza da ciência está fundamentado na

necessidade de mudanças, sejam elas no campo conceitual ou metodológico,

dos próprios professores, para que então possa ser levado aos estudantes. O

autor caracteriza esta mudança como uma inserção em um ensino denominado

ensino por investigação.

Desta forma os alunos participaram de forma efetiva da implementação

da unidade didática contribuindo para a construção do seu conhecimento,

permitindo-os ver a nutrição humana de forma mais investigativa.

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