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O Encontro

O I Simpósio de Estudos Linguísticos na Amazônia: percursos, diversidade e contatos na

Amazônia Setentrional, promovido pelo Núcleo de Estudos Linguísticos da Amazônia (NELAM), em

parceria com o Núcleo de Estudos de Línguas Indígenas (NELI), tem por objetivo promover reflexões

sobre as situações de contato, diversidade e variação linguística, estudos sobre línguas indígenas e/ou

línguas minoritárias.

O I SELA tem como objetivo reunir pesquisas que tenham como foco diferentes situações de

contato, diversidade e variação linguística, estudos sobre línguas indígenas e/ou línguas minoritárias.

Buscamos, dessa forma, através do diálogo, contribuir para o desenvolvimento dos estudos linguísticos

da Amazônia Setentrional.

A realização do I SELA vem ao encontro de uma rica diversidade linguística do Amapá, em

que, atualmente, são identificadas comunidades quilombolas, comunidades indígenas falantes de línguas

dos principais agrupamentos linguísticos da América do Sul, além da presença de um crioulo de base

francesa entre as comunidades indígenas do Oiapoque e entre a população da fronteira com a Guiana

Francesa.

O evento será realizado entre os dias 22 e 26 de maio de 2018, nas dependências da Universidade

Federal do Amapá (UNIFAP/Campus Santana) e da Universidade do Estado do Amapá (UEAP),

contando com mesas-redondas, conferências, minicursos, sessões de comunicação e pôsteres.

Sumário

1 Sociolinguística ................................................................................................................................................... 4

Análise do processo de acomodação linguística de falantes nordestinos em Macapá ........................................ 4

Representação e atitude linguística na canção Saudosa Maloca, de Adoniran Barbosa ..................................... 5

Aspectos fonológicos da variedade do Português falado no Quilombo do Curiaú ............................................. 5

Religiosidade e variação linguística em Mazagão Velho ................................................................................... 6

Comunidade Abacate da Pedreira: observações sociolinguísticas da festa de São Sebastião ............................. 7

Aspectos característicos da cultura de Mazagão Velho a partir de um olhar sobre festa de São Gonçalo .......... 8

Estudo dos metaplasmos encontrados na variação linguística de comerciantes da Orla do bairro Santa Inês da

cidade de Macapá-AP ......................................................................................................................................... 9

Proposta de um Pequeno Glossário Bilíngue a partir da Tradução [de alguns] Contos de Paulo Tarso Barros

para a Língua Inglesa ........................................................................................................................................ 10

2 Línguas Indígenas ............................................................................................................................................. 12

O duplo vocabulário na língua Paresi ............................................................................................................... 12

Análise das palavras descritivas em Paresi (Arawák) ....................................................................................... 13

A terminologia de parentesco em Mundurukú .................................................................................................. 14

Da sílaba ao acento em Parikwaki .................................................................................................................... 15

Análise Preliminar do Vocabulário Galibi de João Barbosa de Faria (1978-1941) .......................................... 17

Análise preliminar do vocabulário Aruã de Domingos Penna (1818-1888) ..................................................... 18

Proposta de Revisão Fonológica da Língua Ikpeng (Karib) ............................................................................. 19

Ensino de Línguas em Escolas Indígenas do Parque Nacional do Tumucumaque ........................................... 20

3 Dialetologia/Ensino ........................................................................................................................................... 21

Estudo toponímico dos acientes físicos e humanos do município de bagre/ilha do marajó .............................. 21

Natureza encantada, peculiaridades contadas: estudo toponímico das ilhas de Afuá-PA ................................. 22

De tantos rios, de tantas belezas: estudo toponímico dos rios do município de anajás (marajó) ...................... 23

Variação semântico-lexical nos dados do Atlas Linguístico do Amapá ........................................................... 24

Atlas linguístico do Amapá (ALAP): considerações sobre alguns aspectos fonético-fonológicos ................... 25

L’aquisition de la langue française par des élèves allophones arrivant au second dégré dans le système educatif

français à Saint-Georges ................................................................................................................................... 26

Nomes e Verbos entre reeducandos do sistema prisional do Amapá ................................................................ 27

Português Brasileiro, variação e ensino: um estudo de caso em contexto quilombola no município de Macapá-

AP ..................................................................................................................................................................... 28

http://1sela.diversidade.wordpress.com 4

1 Sociolinguística

Análise do processo de acomodação linguística de falantes nordestinos em Macapá

Alice Oliveira Amorim (UNIFAP)

Orientador (a): Prof. Ma. Sâmela Ramos (UNIFAP)

O contato entre pessoas de diferentes lugares e variedades de línguas resulta na absorção e incorporação

de elementos de uma cultura à outra. Da mesma maneira que a cultura, a língua também sofre alterações.

No Brasil, as maiores quantidades de migrantes são naturais da região nordeste do país. No contato com

dialetos diferentes, o dialeto nordestino, por ser considerado desprestigiado e vítima do chamado

“preconceito linguístico”, torna-se mais passível de acomodação. Diante disso, o presente trabalho trata

acerca dos fenômenos decorrentes de contatos entre variedades do português (falantes de português

provenientes do Ceará e falantes de português da variedade falada em Macapá) e tem como objetivo

observar e analisar a acomodação dialetal de nordestinos residentes na cidade de Macapá, a partir da

investigação do fenômeno da palatalização ou não palatalização das fricativas coronais em posição de

coda final. O principal fenômeno variável em estudo é a pronúncia desta fricativa, que pode ser, no caso

do dialeto nordestino, uma pronúncia alveolar ([s], [z]); no caso do dialeto amapaense, uma pronúncia

palatal ([ʃ], [Ʒ]). Desta maneira, objetivamo-nos a: a) verificar se ocorre o processo de convergência da

palatalização na fala dos informantes; b) detectar as variáveis linguísticas e extralinguísticas que

exercem alguma forma de pressão na acomodação; c) observar e descrever as diferentes atitudes

linguísticas dos falantes; d) refletir sobre o efeito da acomodação linguística na identidade desses

falantes. Esta análise terá como base os estudos realizados dentro da Sociolinguística Variacionista,

considerando inclusive as metodologias de pesquisa utilizadas por Labov. Os dados serão coletados

através da utilização de um gravador digital e, para a análise quantitativa, serão codificados e

posteriormente analisados. A partir da análise quantitativa, será feita a análise qualitativa dos dados.

Palavras-chave: Sociolinguística. Acomodação linguística. Atitudes linguísticas.

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Representação e atitude linguística na canção Saudosa Maloca, de Adoniran Barbosa

Tassia Malena Leal Costa (UEAP)

Tomando como ponto de partida os estudos sociolinguísticos, a presente pesquisa teve por objetivo

analisar a canção Saudosa Maloca, de 1951, do cantor e compositor brasileiro Adoniran Barbosa.

Apontam-se na canção analisada traços referentes à teoria da representação, abordados, a princípio, por

Durkheim (1989) e, posteriormente, por Moscovici (1965) e; por fim, aspectos relativos à atitude

linguística, discutidos por Calvet (2002), existentes na fala de Adoniran Barbosa na canção já

mencionada. Tais aspectos percebidos reforçam, por conseguinte, através da linguagem, o vínculo, a

proximidade ou a identidade social, cultural, geográfico, econômico e até mesmo político com o meio e

com o grupo para o qual se dirigia. Para o desenvolvimento dessa pesquisa, fez-se uso da metodologia

do tipo bibliográfica, de caráter dedutivo e características qualitativas, devido às necessidades

percebidas e apontadas no decorrer de todo processo de elaboração, construção, interpretação e execução

de um pensamento firmado em bases de caráter científico. (Este estudo é resultado do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC, em parceria com a Universidade do Estado do

Amapá – UEAP por meio do CNPQ, no decorrer dos anos de 2016 e 2017 sob a orientação da Prof.ª

Dr.ª Kelly Cristina Nascimento Day).

Palavras-chaves: representação. Atitude linguística. Identidade.

Aspectos fonológicos da variedade do Português falado no Quilombo do Curiaú

Raíza Ramos Neves (UNIFAP)

Orientador: Eduardo Alves Vasconcelos (UNIFAP)

No Estado do Amapá, existem várias comunidades afrodescendentes reconhecidas e certificadas como

Comunidades Remanescentes de Quilombos (CRQs), pela Fundação Palmares. Dentre estas

comunidades, está o Curiaú, a primeira comunidade do estado a receber o título de quilombo. Esta

comunidade se caracteriza também por estar, aproximadamente, a 10 quilômetros do centro de Macapá,

principal núcleo urbano do Estado. Curiaú apresenta uma riqueza histórico-cultural muito particular e

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por diversas vezes é objeto de especulações sobre sua cultura, modo de vida e tradição. Do ponto de

vista linguístico, podemos citar duas importantes análises envolvendo a comunidade: a dissertação de

mestrado de Oliveira (2006), que discute a constituição da escrita e da autoria a partir da publicação do

Jornal do Quilombo, publicação periódica mantida por um dos líderes da comunidade; e, mais

recentemente, uma análise fonológica, Miranda (2010), que buscou apontar características fonético-

fonológicas da comunidade. Propomos, desta forma, ampliar a investigação linguística sobre a

comunidade, buscando contribuir com as reflexões sobre variação e a constituição linguística na/da

comunidade. Objetiva-se analisar aspectos fonético-fonológicos do português falado na Vila do Curiaú,

mais especificamente, precisamente partir de um corpus com dados das pessoas mais velhas da

comunidade. A utilização desse critério pode nos permitir evidenciar fenômenos particulares presentes

na comunidade, bem como avaliar e resgatar registros de situações de contato. Essa discussão justifica-

se tanto por possibilitar desenvolver o conhecimento sobre a comunidade do Curiaú como para fomentar

a discussão sobre a formação linguística do Amapá. A chamada Terras do Cabo Norte teve um intenso

movimento migratório, com a formação de mocambos, quilombos e populações indígenas com

diferentes origens, por isso, optamos por um estudo que tenha como foco aspectos sociolinguísticos, em

virtude da interface necessária entre os aspectos linguísticos, sociais e históricos.

Palavras-chave: Curiaú. Amapá. Aspectos Fonético-Fonológicos.

Religiosidade e variação linguística em Mazagão Velho

Carlos Sidney Brasil Haussler (UEAP)

Orientadora: Eliakim Das Neves Reis (UEAP)

Mazagão Velho é um município do Estado do Amapá. Sua história começa no século XVIII, quando

uma colônia portuguesa no Marrocos é transferida para o extremo norte do Brasil. O município de

Mazagão Velho é muito conhecido por suas festividades, festas de santos que ocorrem durante o ano

inteiro, sendo a mais conhecida, a Festa de São Tiago, que acontece todo ano no mês de julho, ocasião

em que ocorre a encenação da batalha entre Mouros e Cristãos, a cavalhada e a missa em homenagem a

São Tiago. Essa pesquisa tem por objetivo conhecer e identificar a variação linguística influenciada pela

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cultura e pela história de Mazagão Velho. Por meio de uma aula de campo de Sociolinguística ocorrida

no dia 10 de janeiro de 2018, foram realizadas entrevistas com duas moradoras da cidade de Mazagão

Velho, contemplando, no momento da coleta de informações, duas gerações de mulheres (avó, IDADE,

e neta, IDADE) que organizam e realizam as festividades em louvor à São Gonçalo e outros santos. Para

o registro das informações, foram utilizados equipamentos de áudio e vídeo (câmera e microfone de

lapela) e um roteiro dirigido para entrevista. Durante a coleta de dados, percebeu-se na fala das

informantes variáveis sociais e linguísticas. Para Alkmim (2001), as variáveis sociais relacionam-se a

um conjunto de fatores que têm a ver com a identidade dos falantes e também com a organização

sociocultural da comunidade de fala. Quanto às variações linguísticas, Alkmim (2001) denomina de

variações estilísticas ou registros, ocasião em que os falantes adequam suas formas de expressão às

finalidades específicas de seu ato enunciativo. Durante a entrevista foi possível também perceber os

fatores situacionais, que, segundo Preti (2003), dizem respeito diretamente ao falante, às circunstâncias

criadas pela própria ocasião, lugar e tempo em que os atos da fala se realizam. Assim, foram

identificadas variáveis importantes para os estudos sociolinguísticos no interior da cidade de Mazagão

Velho.

Palavras-chave: Sociolinguística. Registros. Comunidade.

Comunidade Abacate da Pedreira: observações sociolinguísticas da festa de São Sebastião

Deusuite dos Santos Machado (UEAP)

Sara Natame Marques Carneiro (UEAP)

O presente trabalho é resultado das leituras e trabalhos, bem como de aula de campo, realizados na

disciplina de Sociolinguística. A observação foi realizada durante aula de campo na comunidade

Abacate da Pedreira, localizada a, aproximadamente, 30 minutos do município de Macapá. Abacate da

Pedreira é considerada uma comunidade rural, de maioria afrodescendente, que possui, entre suas

características principais, a religiosidade de seu povo católico e sua hospitalidade. A principal fonte da

economia local é a criação de búfalos, porém a caça, a agricultura e a pesca também são meio de

sobrevivência dos moradores. São Sebastião, o mártir cristão, foi escolhido padroeiro há mais de 100

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anos pelos devotos da comunidade quando, após uma tempestade, os moradores pediram o cessar das

chuvas e foram atendidos. Os devotos explicam que este festejo é importante para a manutenção da

tradição e cultura da localidade. Observamos que a ladainha é feita em latim e que há preocupação em

manter a tradição quando se trata do envolvimento familiar no festejo. A mistura do religioso com o

profano é um dos pontos da festividade que merece destaque. No ponto máximo da manifestação

religiosa presenciamos, o que para nós é uma inovação, a inserção do Marabaixo à celebração católica;

marcando os aspectos característicos da cultura afro. Durante a realização de entrevista com um

participante da festa, que conduzia a celebração religiosa, percebemos que essa inovação aconteceu pela

primeira vez, este ano, na comunidade. Traçamos como objetivo a observação da festividade religiosa

buscando relacionar aspectos sociais e linguísticos, para mostrar em um panorama assentado às

discussões empreendidas por Labov (1972), Tarallo (1986), Alkmim (2001), entre outros. Para ampliar

a compreensão e o estudo sobre comunidade de fala, realizamos entrevista com um informante oriundo

da comunidade, para observar aspectos da oralidade como manifestação cultural. A pesquisa em

andamento é de natureza qualitativa, com base em Tarallo (1986), tendo como procedimentos de

pesquisa o levantamento bibliográfico, a observação participante e entrevista semiestruturada

(MARCONI; LAKATOS, 2000).

Palavras-chave: Sociolinguística. Trabalho de Campo. Comunidade Abacate da Pedreira.

Aspectos característicos da cultura de Mazagão Velho a partir de um olhar sobre festa de São

Gonçalo

Alex Moraes Ney (UEAP)

Juliana Leão Cardoso (UEAP)

O presente trabalho teve por objetivo evidenciar aspectos característicos da cultura do Distrito de

Mazagão Velho por meio de um relato fruto da observação da festividade religiosa de São Gonçalo.

Para tanto, foram utilizadas as técnicas de observação participante e de entrevista com perguntas abertas

aos participantes da festividade. O corpus resultante dessa observação e entrevista foi analisado com

relação aos conceitos de comunidade de fala (GUY, 2001) e variações estilísticas (CAMACHO, 1978).

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Além disso, foram feitas algumas considerações sobre a relação existente entre língua e sociedade sob

a perspectiva de Benveniste (1963). Para Guy (2001), comunidade de fala é formada por falantes que

compartilham traços linguísticos, possuem uma aproximação de atitudes e crenças no modo de falar e

compartilham modos e atitudes a partir do uso da linguagem. Nesse sentido, por meio da festividade,

procurou-se evidenciar quais traços caracterizariam o Distrito de Mazagão Velho enquanto comunidade

de fala. Um dos traços encontrados, no campo do léxico, apontados no estudo, é o fato de entre os

organizadores da festa haver uma figura principal denominada por seus pares, em analogia aos papéis

sociais, como "juíza", uma adequação de uma forma de expressão a uma finalidade específica de um

contexto comunicativo, como defende Camacho (1978, apud ALKIMIN, 2001, p.38). Como postula

Benveniste (1963, apud ALKIMIN, 2001, p.26), a língua constitui instrumento para descrever, para

conceituar, para interpretar tanto a natureza quanto a experiência. Nesse sentido, este trabalho se deteve

sobre as teias de significados (GEERTZ, 2008), que se criam tanto a partir da adequação ou

ressignificação lexical ou de expressões, quanto da própria celebração ritualística da festividade, em um

contexto social marcado, por exemplo, por relações de parentesco, logo fortes relações, que buscam por

meio da celebração manter viva uma cultura. Assim, a partir da Festa de São Gonçalo, podemos perceber

o quanto a língua é importante para manter viva uma tradição, instituir papéis e compartilhar normas

dentro das comunidades.

Palavras-chave: Sociolinguística. Festa de São Gonçalo. Mazagão Velho.

Estudo dos metaplasmos encontrados na variação linguística de comerciantes da Orla do bairro

Santa Inês da cidade de Macapá-AP

Darlene Ribeiro (UEAP)

Gerusa da Silva (UEAP)

Geovana Flausino (UEAP)

Orientadora: Profa. Ma. Helen Costa Coelho (UEAP)

A presente pesquisa visa identificar quais os tipos de metaplasmos existentes na fala dos comerciantes

da orla do Bairro Santa Inês, cidade de Macapá-AP, com o intuito de apresentar uma discussão sobre

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quais aspectos influenciam a variação linguística, bem como destacar as variações fonéticas mais

frequentes nas falas dos informantes/colaboradores. O estudo discorre sobre a concepção de que

metaplasmo trata-se de mudança fonética que consiste na alteração de uma palavra pela supressão,

adição e permutação de fonemas e tem como suporte teórico as contribuições de Bagno (2012), Carvalho

& Nascimento (1969), Teyssier (1980), Coutinho (1974), dentre outros. Cabe mencionar que essas

variações estão presentes em todas as línguas existentes, pois cada lugar tem a maneira própria de falar

a sua língua, e cada pessoa também um modo próprio de fala, sendo ela influenciada pelo meio social

onde vive. A pesquisa de campo foi realizada na orla do Bairro Santa Inês, na cidade de Macapá (AP),

neste local foram entrevistados 03 comerciantes, com a seguinte estratificação para cada faixa etária na

coleta dos dados: de 35 a 40 anos (1ª faixa), de 40 a 45 anos (2ª faixa) e de 45 a 55 anos (3ª faixa);

formalizando assim um entrevistado para cada faixa etária. Fizemos gravações (vídeos e áudios) de

entrevistas utilizando um questionário de perguntas abertas sobre o perfil sociocultural dos sujeitos

entrevistados. Os colaboradores possuem 3ª e 4ª série do ensino fundamental e um analfabeto, nasceram

em localidade ribeirinha (Rio Corre e Rio Baiano). Durante a análise dos dados, os metaplasmos mais

evidentes foram por subtração (crase) e por transposição (hipértese). No entanto, nas respostas do

entrevistado da 2ª faixa etária, apareceram metaplasmos por subtração (síncope e hipértese), já no

entrevistado da 3ª faixa etária, os metaplasmos mais comuns foram por subtração (crase e síncope).

Palavras-chave: Metaplasmos. Variação linguística. Fonética.

Proposta de um Pequeno Glossário Bilíngue a partir da Tradução [de alguns] Contos de Paulo

Tarso Barros para a Língua Inglesa

João Evangelista Vieira Amorim (UNIFAP)

Em virtude da importância dos Estudos da Tradução para o cenário linguístico contemporâneo de

interdisciplinaridade entre os falantes, leitores e usuários de sistemas próprios de comunicação entre

diversas etnias, grupos sociais e nacionalidades, o presente trabalho visa ao desenvolvimento de

estratégias que possam ser recorrentes nos processos tradutórios envolvendo palavras e expressões

caracterizadas como regionais amapaenses. Estimular a reflexão acerca da organização, registro e

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criação de acervo linguístico baseado nos trabalhos de língua inglesa como língua estrangeira, haja vista

a necessidade de ampliação dessa temática no ambiente acadêmico, principalmente nos cursos de

licenciatura em língua inglesa. Este trabalho objetiva a criação de um glossário que fomente a pesquisa

linguística em tradução no Estado do Amapá através de elementos textuais que tenham validação

contextual na oralidade e que se apresentem no ambiente mais prestigiado da linguagem escrita por meio

de registros literários consolidados por publicações. Utiliza para isso uma explanação acerca das crenças

sobre a tradução e as ideias que se construíram ao longo dos anos sobre o trabalho do tradutor. Buscando

ampliar e justificar as escolhas das unidades de tradução empregadas pelo tradutor no que se refere às

etapas de análise, interpretação e criação de textos em língua estrangeira, visando a melhor condução de

sentidos entre língua-fonte e língua-alvo. Ainda nessa perspectiva, traz à tona as questões de

equivalência e fidelidade correlacionadas aos objetivos do tradutor, ao utilizar contos do escritor

membro da Academia Amapaense de Letras Paulo Tarso Barros, os quais exigem o máximo de

conhecimentos e habilidades para um bom resultado final na versão em outro idioma. Os entraves

principais do trabalho encontram-se nos limites daquilo que se pode traduzir ou que não possui

elementos traduzíveis, por se tratar de contexto regional. Dessa maneira, idealizou-se o glossário com

palavras selecionadas em função dos critérios de avaliação linguística regional que atenda às

necessidades de pesquisa e resolução de conflitos relacionados à tradução de sentidos contextuais

amapaenses. Finalmente, o trabalho fomenta a ideia de continuidade dos trabalhos tradutórios

envolvendo a carga vocabular que caracteriza a sociedade amapaense, em função da infinidade de textos,

trabalhos e registros escritos da região.

Palavras-chave: Tradução interligual. Contos Amapaenses. Glossário.

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2 Línguas Indígenas

O duplo vocabulário na língua Paresi

Larissa Wendel Afonso de Lima (UFPA)

Profa. Dra. Ana Paula Brandão (UFPA)

Este trabalho apresenta resultados da pesquisa sobre a variação lexical encontrada na língua Paresi,

chamada de Duplo Vocabulário, com dados da aldeia Rio Formoso (coletados em Campo) e da aldeia

Rio Verde (Kezomae,2016). O Duplo Vocabulário é o fenômeno linguístico no qual um mesmo referente

possui dois ou mais nomes em uma língua. Verificar as motivações dessa variação lexical é o objetivo

do presente trabalho. Paresi é uma língua indígena pertencente à família linguística Aruák, a qual dispõe

de, aproximadamente, três mil falantes, [que estão] distribuídos em várias aldeias, onde 90% dos falantes

é bilíngue em Paresi (L1) e em Português (L2). Silva (2009) detectou duas variedades principais nesta

língua, as quais ele denominou de “minoritária” e “majoritária”. O referido autor afirma que essa

variação é de cunho diatópico, no que se refere às diferenças fonético-fonológicas e lexicais encontradas,

e informa que os falantes da variedade minoritária habitam em áreas próximas à fronteira com a Bolívia

e a majoritária, no restante das regiões que eles ocupam. Os dados compilados do acervo de Brandão

(2017), bem como dados coletados pela autora deste trabalho (na aldeia Rio Formoso, em julho de 2017)

mostram que há outras motivações para a existência da variação lexical no Paresi, não apenas de cunho

diatópico. A metodologia empregada se deu por meio de entrevistas com falantes nativos da língua, nas

quais foi usada uma lista de palavras com 100 termos (nomes de animais, nomes de objetos da cultura

material tradicional indígena, nomes de alimentos etc.). Os colaboradores foram divididos em três faixas

etárias: 20 a 30 anos (1ª faixa etária); 35 a 50 anos (2ª faixa etária); a partir de 60 anos (3ª faixa etária).

Foi possível trabalhar com dois colaboradores para cada faixa etária: um do sexo feminino e um do sexo

masculino, totalizando 6 colaboradores. Brandão (2014) menciona a existência de uma variação lexical

que Padovani (2016) denomina, na língua Apurinã, de Duplo Vocabulário (quando um referente possui

dois ou mais nomes). A hipótese inicial aqui era de que a variação lexical é condicionada pela idade dos

falantes (um item lexical usado pelos idosos não é o mesmo usado pelos mais jovens falantes Paresi).

Porém, os resultados desta pesquisa mostraram que há outras motivações para a manifestação do referido

fenômeno linguístico em Paresi. Nos últimos anos, observou-se uma considerável documentação e

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descrição dessa língua, bem como de trabalhos anteriormente publicados por missionários do SIL (por

exemplo, ROWAN,1969; BURGESS,1978), de trabalhos feitos por linguistas (DRUDE,1995; SILVA,

2009; BRANDÃO, 2010; SILVA, 2013 e BRANDÃO, 2014) e pelos próprios Paresi (KEZOMAE,

2006; ZEZOKIWARE, 2016), porém nenhum dos trabalhos mencionados anteriormente aborda

questões de sociolinguísticas da língua Paresi. Por fim, pretende-se, com esta pesquisa, iniciar um estudo

de cunho sociolinguístico sobre a língua em foco, a fim de abranger os níveis de descrição linguística

do Paresi, bem como contribuir para o conhecimento das línguas indígenas brasileiras.

Palavras-chave: Sociolinguística. Paresi. Duplo Vocabulário.

Análise das palavras descritivas em Paresi (Arawák)

Amanda Medeiros Costa de Mesquita (UFPA)

Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula Barros Brandão (UFPA)

Este trabalho apresenta resultados da pesquisa sobre as palavras descritivas em Paresi, língua indígena

pertencente à família Aruák, falada por uma população de aproximadamente 3.000 pessoas, localizadas

a oeste da capital Cuiabá, no estado do Mato Grosso. A língua foi investigada inicialmente por Brandão

(2014) e Silva (2013). Os dados para análise foram obtidos através do banco de dados da língua e dados

coletados a partir da aplicação de questionários junto a consultores Paresi, durante a primeira viagem de

campo realizada a Comunidade Indígena do Rio Formoso, no estado do Mato Grosso. Pretende-se no

decorrer deste trabalho analisar em que classe de palavras estas palavras descritivas podem ser

classificadas: nomes, verbos ou adjetivos. Segundo Brandão (2014), as classes de nomes e verbos podem

ser bem definidas em Paresi de acordo com os critérios semânticos, sintáticos e morfológicos, sendo que

a classe de verbos foi descrita por Brandão (2014), Silva (2013) e Brandão e Mesquita (2017). Com

relação à classe de adjetivos, Brandão (2010) afirma que há certa dificuldade para definir esta classe,

tendo em vista que dessemelhante de outras línguas Aruák, em Paresi não há uma distinção clara já que

estas palavras descritivas possuem várias características em comum com os verbos. Segundo Brandão,

os adjetivos formam uma classe pequena, contendo apenas oito itens, enquanto as demais palavras

descritivas são classificadas dentro de uma subclasse de verbos intransitivos. Ao longo da realização

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deste trabalho, verificou-se se as palavras descritivas analisadas como adjetivos partilham algumas

semelhanças e diferenças morfossintáticas com os verbos intransitivos estativos. Observou-se ainda que

os adjetivos apresentam marcas pronominais e nominalizadores encontrados em verbos intransitivos

estativos, além da semelhança morfológica encontrada entre a marcação pronominal dos verbos

estativos e adjetivos, já apontada em trabalhos anteriores. O estudo deste fenômeno ajudará no processo

de documentação e descrição linguística da língua em análise, bem como, contribuirá para fins de

inserção de dados no banco de dados da língua, como forma de documentação.

Palavras-chave: Paresi. Palavras Descritivas. Adjetivos.

A terminologia de parentesco em Mundurukú

Natali Nóbrega de Abreu (PIBIC/UFPA)

Orientador (a): Prof. Dra Gessiane Picanço (UFPA)

Este trabalho tem como intuito realizar uma investigação de cunho morfofonológico da língua

Mundurukú, que pertencente à família Mundurukú, tronco linguístico Tupí. Esta língua é falada pelo

povo de mesmo nome que se localiza no sudoeste do estado do Pará (Região do Alto Tapajós, nos

municípios de Itaituba e Jacareacanga), no leste do estado do Amazonas (rio Canumã, município de

Nova Olinda; e próximo a Transamazônica, município de Borba) e no Norte do estado do Mato Grosso

(região do rio dos Peixes, município de Juara). Segundo o Instituto Socioambiental (ISA, 2003), na

sociedade Mundurukú existem cerca 38 clãs que se dividem em duas metades exogâmicas (metade

vermelha e metade branca) e o casamento acontece entre primos cruzados de metades opostas. O

presente trabalho pretende apresentar uma investigação dos fatores sociais e culturais quanto ao sistema

terminológico de parentesco e uma descrição desse sistema a partir de fatores antropológicos e

linguísticos (mais especificamente quanto à morfologia desses termos). Este estudo foi desenvolvido

tendo como base os estudos sobre a língua Mundurukú de Picanço (2005), Crofts (2004), consistiu em

revisitar os estudos sobre termos de parentesco de Florido (2008), Batalha (1995) e Levi-Strauss (1982)

e analisar dados da referente língua por meio do programa GenoPro. Conhecer a nomenclatura de

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parentesco é necessário para entender a configuração da organização social. Existem dois princípios

básicos na classificação de parentesco: a afinidade e a consanguinidade. Segundo Batalha (1995)

existem duas classes de regras de descendência que são consideradas para efeitos de parentesco: a

descendência cognática e a unilinear. A cognática considera tanto parentes maternos quanto paternos e

o ego (ponto de partida para as relações de parentesco, o eu do discurso) tem obrigações com parentes

de ambas as partes e podem existir duas formas de filiação cognática: bilateral (quando o ego se liga aos

descendentes e ascendentes a partir de uma linha materna e outra paterna) ou ambilinear (quando o ego

se liga a parentes paternos e maternos, mas só reconhece alguns parentes de cada lado). A descendência

unilinear é aquela na qual o ego é ligado por obrigações apenas a um grupo parental, do pai ou da mãe,

ou seja, patrilinear (quanto à ascendência ou descendência se passa através dos homens) ou matrilinear

(quanto à ascendência ou descendência se passa através das mulheres). Outro fator de importância para

o estudo dos sistemas de parentesco é a residência. Segundo Batalha (1995), deve-se analisar o padrão

de residência pós-casamento para se entender as regras que determinam a filiação. Um fato interessante

em relação ao Mundurukú é que a sociedade apesar de ser patrilinear, ao longo dos anos apresentou uma

mudança na organização social com relação à residência. Este trabalho apresentará de que forma a

relação de parentesco, a localidade, o grau de filiação (ascendente ou descendente) interfere na

nomenclatura dos parentes afins e consanguíneos. (1. Graduanda da Universidade Federal do Pará

(UFPA) e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica/PIBIC-UFPA; 2.

Professora Doutora da Universidade Federal do Pará).

Palavras-chave: Morfologia. Mundurukú. Parentesco.

Da sílaba ao acento em Parikwaki

Lenise Felício Batista1 (UNIFAP)

Elissandra Barros da Silva (UNIFAP)

Parikwaki é como nós, os Palikur-Arukwayene, nomeamos nossa própria língua, que na literatura

histórica e linguística é chamada de palikur. Trata-se da única representante da família linguística

Arawak no território do Amapá. Em nossas aldeias, localizadas na Terra Indígena Uaçá, no município

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de Oiapoque-AP, a língua parikwaki é predominante, ensinada também nas primeiras séries escolares.

Antigamente, nosso povo também fazia muito uso do Kheuól, a língua crioula falada pelos indígenas

Karipuna e Galibi-Marworno, com os quais, historicamente, mantivemos relações políticas, de comércio

e amizade. Hoje, em nossas aldeias, o Kheuól é falado, principalmente, pelos mais velhos, lideranças e

em famílias formadas a partir do casamento entre Palikur e Galibi-Marworno ou Karipuna, pois a língua

franca entre esses povos tem deixado de ser o Kheuól para tornar-se o português (SILVA, 2016). A

pressão que o português exerce sobre a língua do meu povo é grande, está em todos os locais: na escola,

igreja, rádio, televisão, redes sociais, whatsapp e internet. Na escola, a falta de material didático para o

ensino de nossa língua contribui para a predominância do ensino do português em detrimento do

parikwaki. Entre os poucos estudos sobre a minha língua, muitos não são acessíveis, pois realizados em

outros idiomas (AIKHENVALD; GREEN, 1998; GREEN, 2001; LAUNEY, 2003). A maior parte trata

de aspectos morfológicos e sintáticos, não aprofundando os estudos sobre a fonologia da língua.

Recentemente, uma descrição mais detalhada foi realizada por Silva (2016), que faz uma descrição

inicial da estrutura silábica do parikwaki. Neste trabalho apresento minhas primeiras observações acerca

do acento e da sílaba em minha língua, explicando como a organização interna da sílaba contribui para

a determinação de seu acento. Os dados utilizados para a análise linguística foram extraídos do Acervo-

PLU, que contém gravações de listas de palavras e textos orais variados (narrativas, cantos, entrevistas,

conversas naturais, etc); também utilizei meu conhecimento como falante nativa dessa língua. Os dados

foram separados de acordo com o número de sílabas e submetidos à análise acústica, realizada no

programa Praat, a fim de observarmos as características acústicas da atribuição do acento nas sílabas.

Para a análise fonológica, consideramos que a sílaba, tida como a mínima unidade hierarquicamente

organizada (SPENCER, 1996), é constituída por um ataque (onset); e Rima, cujo núcleo é sempre uma

vogal e pode ser seguido pela posição de Coda. Assim, sílabas CV são formadas por ataque (onset) e

rima simples; enquanto sílabas CVC possuem rima complexa, constituída por dois elementos: núcleo e

coda. No caso do parikwaki, a identificação e análise dos constituintes que podem ocupar o núcleo é

fundamental para a compreensão dos padrões silábicos e também tem implicações diretas quanto a

posição do acento na língua. As primeiras conclusões indicam que é possível prever o acento em

parikwaki a partir da identificação do peso das sílabas (Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de

Iniciação Científica/PROBIC).

Palavras-chave: Parikwaki. Sílaba. Acento.

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Análise Preliminar do Vocabulário Galibi de João Barbosa de Faria (1978-1941)

Alexsander Machado dos Santos (UNIFAP/Santana)

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Alves Vasconcelos (UNIFAP/Santana)

Ainda nos dias de hoje, informações histórico-linguístico sobre as línguas indígenas encontradas no que

corresponde, atualmente, ao estado do Amapá permanecem pouco exploradas. Até meados do século

XX, a maioria dessas informações foram coletados por não-linguistas e, por isso, quando se trata de um

registro de suas línguas, necessitam de um tratamento com o intuito de depreender informações

fonéticas, fonológicas e morfológicas relevantes para o conhecimento dessas línguas. Nesse contexto,

essa pesquisa propõe uma análise preliminar do Vocabulário da Tribo Galibi, coletado por João Barbosa

de Faria (1878-1941), etnógrafo da Comissão Rondon que esteve na fronteira do entre o Brasil e a

Guiana Francesa em 1927. O Vocabulário da Tribo Galibi foi publicado em 1948 pela Imprensa

Nacional, em nome do Conselho Nacional de Proteção aos Índios. Este registro possui,

aproximadamente, 350 itens em que foi utilizada a ortografia do português brasileiro com algumas

modificações. Para este trabalho, a análise grafemática é uma etapa inicial, que consiste na identificação

de informações fonético-fonológicas para uma tentativa de transposição da ortografia utilizada no

registro de Faria (1948) para o Alfabeto Fonético Internacional (IPA). Para a identificação dessas

informações, será tomada como base os procedimentos comuns que possuem como objetivo a

interpretação de transcrições não-fonéticas de línguas indígenas. Sendo assim, será seguido o exemplo

de Grannier Rodrigues (1990), porém, para que esse procedimento possa ser aplicado ao registro do

Galibi, será necessário realizar as seguintes adaptações: (1) indicação explícita da natureza do som por

Faria; (2) valor da ortografia de língua portuguesa utilizada no Brasil no século XX, e, particularmente,

das letras utilizadas por Faria; (3) particularidades adotadas no registro; (4) alternâncias morfológicas

que são possíveis de identificar no registro; (5) possíveis correspondências em outras línguas da família

Karib. Esses procedimentos serão fundamentais para que a análise grafemática seja bem executada e,

consequentemente, possa ser realizada uma futura proposta fonológica dessa língua com base nos

resultados encontrados no Vocabulário da Tribo Galibi, coletado por Faria.

Palavras-Chave: Análise Grafemática; Povos Indígenas do Amapá; Galibi.

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Análise preliminar do vocabulário Aruã de Domingos Penna (1818-1888)

Thais Ferreira Rodrigues (UNIFAP/Santana)

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Alves Vasconcelos (UNIFAP/Santana)

Com os avanços da linguística no Brasil tornou-se possível o crescimento dos estudos das línguas

indígenas e possibilitou descobertas nessas línguas que contribuíram para os avanços dos estudos

linguísticos. Algumas fontes de línguas indígenas ainda carecem de análise e, entre elas, encontra-se o

vocabulário da língua dos Aruã registrado por Domingos Soares Ferreira Penna em 1881. Aikhenvald

(1999) classifica a língua Aruã como pertencente à família linguística Aruák, do sub-ramo Norte, mesmo

ramo do Palikur, língua falada na região do Baixo Oiapoque, e Marawan, língua dada como extinta que

teria sido falada ao norte do atual Estado do Amapá. O presente trabalho busca propor uma análise

grafemática do registro linguístico elaborado por Domingos Penna (1881), o qual foi coletado com um

senhor Aruã de, aproximadamente, 75 anos, no ano de 1877, no atual município de Chaves, na Ilha do

Marajó. Nessa análise preliminar, pretendemos, além da análise grafemática, uma breve análise

comparativa que reafirme a classificação dos Aruã na família Aruák. A base da análise grafemática são

os procedimentos utilizados por Grannier-Rodrigues (1990) para o Guarani Antigo, os quais foram

aplicados por Vasconcelos (2013) na análise dos vocabulários Cayapó do Sul (Panará/Jê). A análise

grafemática é um conjunto de procedimentos que permitem a elaboração de uma proposta de

transposição da ortografia utilizado no registro para o Alfabeto Fonético Internacional. Já análise

comparativa se guiará por princípios do Método Histórico-Comparativo.

Palavras-chave: Análise Grafemática; Língua Aruã; Família Aruák.

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Proposta de Revisão Fonológica da Língua Ikpeng (Karib)

Amanda Dias do Nascimento (UNIFAP)

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Alves Vasconcelos (UNIFAP/Santana)

Esse estudo é fruto de um trabalho de conclusão de curso, o qual teve por objetivo realizar uma revisão

fonológica sobre a língua Ikpeng, de filiação Karib. Esta língua é falada por aproximadamente 400

pessoas que vivem no Parque Indígena do Xingu (PIX) distribuídas em quatro aldeias – Arawo, Rayo,

Tupara e Moygu. Nessa revisão comparamos as análises fonológicas de cunho segmental de Emmerich

(1972), Campetela (1997) e Pachêco (2001) para identificar os segmentos que possuem interpretações

divergentes, em que encontramos discrepâncias quanto a: i) o status fonológico de [tʃ], [b], [i] e [u]; ii)

a distribuição dos fones [] e [ɸ]; iii) a relação de /g/ e /k/. Buscamos, assim, ocorrências dos referidos

segmentos nos dados presentes em nosso corpus, formado pela compilação dos dados presentes

dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigos e demais publicações sobre a língua, além de dez

narrativas gravadas por Chagas e transcritas por membros da comunidade Ikpeng, para compormos

nossa proposta de revisão. Concluímos que a africada /t/ é melhor interpretada como um fonema; que

a fricativa bilabial desvozeada [ɸ] surge como realização de /p/ diante de vogal /u/. Já as oclusivas

vozeadas [b] e [ɡ] surgem como resultado de um processo de vozeamento em fronteira de morfema

sofrido por /p/ e /k/ diante de líquidas. Em relação aos segmentos [i], [u] e [] não obtivemos resultados

satisfatórios em virtude da falta de dados. Ainda, nos deparamos com alguns processos fonológicos que

envolvem consoantes e vogais em fronteira de morfema, como os processos de vozeamento das

oclusivas /p/, /t/, /k/ e a dissimilação dos traços [+ posterior], [+ alto] nos prefixos [me-] e [wï-]. Para

esse estudo tomamos por base a proposta de traços de Chomsky e Halle (1968) apresentada em The

sound pattern of english (SPE).

Palavras-chave: Família Karib. Língua Ikpeng. Fonologia segmental.

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Ensino de Línguas em Escolas Indígenas do Parque Nacional do Tumucumaque

Iohana Victoria Barbosa Ferreira (UNIFAP)

Aila Caroline Palheta Correa (UNIFAP)

Orientador: Prof. Dr. Antonio Almir Silva Gomes (UNIFAP)

Nesta comunicação apresentamos o resultado da pesquisa que estamos realizando entre professores

indígenas e não indígenas que atuam na Educação Básica com o ensino de Apalai (Karib) e de Português

Brasileiro (PB) nas escolas indígenas Wuramui e Imakuana Amajarehpo. A pesquisa consiste

basicamente na aplicação de questionários com perguntas abertas e fechadas com o objetivo de

compreender práticas metodológicas próprias no desenvolvimento das atividades docentes. Em termos

mais específicos, procuramos saber sobre (i) a formação docente; (ii) o tipo de material didático utilizado

pelos professores; (iii) o lugar da oralidade, da escrita, da leitura, da compreensão e da gramática

normativa do PB nas aulas. Agregado a estes objetivos, pretendemos saber dos professores suas

motivações para o ensino de línguas indígena e portuguesa. A compreensão pretendida é um fator

importante no contexto da Educação Escolar Indígena, já que esta, do ponto de vista legal, distingue-se

do sistema de Educação Escolar não-Indígena. É por isso que as escolas indígenas têm autonomia para

definir seus calendários, seus Projetos Políticos Pedagógicos e Currículos conforme suas necessidades.

É por isso, também, que se encontra nestas mesmas escolas o ensino de suas línguas maternas. A língua

assume um papel importantíssimo na escola enquanto instituição de saberes, uma vez que reflete

justamente práticas (de)coloniais. É pela língua que se ensinam as ciências; é pela língua que se

estabelecem poderes. Logo, o lugar / papel que cada uma das línguas presentes ocupa na escola reflete

a importância a ela dada. Nesse sentido, procuramos saber qual o papel / importância dada a cada uma

das línguas presentes na escola. Ao assim fazê-lo, teremos melhores condições de pensar propostas

metodológicas assentadas em práticas (de)coloniais, tão esperadas de um ensino verdadeiramente capaz

de empoderar aos seus. Esta apresentação divide-se, portanto, em dois momentos distintos, sendo o

primeiro destinado à descrição dos resultados da pesquisa obtidos através dos questionários e o segundo

a proposição de atividades possíveis de serem utilizadas pelos docentes das escolas envolvidas.

Palavras-chave: Línguas. Ensino. Metodologia.

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3 Dialetologia/Ensino

Estudo toponímico dos acientes físicos e humanos do município de bagre/ilha do marajó

Luani Gonçalves (UFPA-BREVES)

Orientadora: Cinthia Neves (UFPA-BREVES)

Os estudos toponímicos são relevantes no conhecimento da diversidade cultural, econômica e histórica

de determinada região. Na toponímia, são estudados os nomes próprios de lugares, investigando suas

origens e as influências sobre a denominação, o que pode revelar costumes, crenças, ambientes do lugar.

O arquipélago do Marajó é uma região de riquezas hídricas e biológicas (fauna e flora) encontradas nos

seus rios, ilhas, igarapés e furos. A proposta deste trabalho é apresentar o estudo Toponímico de

acidentes físicos e geográficos do município de Bagre - que juntamente com Melgaço, Portel e Gurupá

compõem a microrregião de Portel, na mesorregião do Marajó, considerada rica em recursos hídricos,

na fauna e na flora. A coleta dos nomes foi realizada por meio de consultas de Mapas do IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística) e SIVEP (Sistema de Informações de Vigilância Epidemiológica),

disponibilizado pela Secretária de Saúde do município. Nos mapas e listas que compõem a base de dados

foram selecionados os topônimos por tipo de acidentes; em seguida, estes foram contabilizados e,

posteriormente feita a classificação taxionômica de acordo com as categorias de topônimos propostas

por Dick (1990), cujo modelo proposto permite "o exame das séries motivadoras, que conduziram à

elaboração de taxes toponímicas, vinculadas, de modo genérico, aos campos físicos e antropo-cultural"

(DICK, 1990). Esta investigação pretende, além de estudar a distribuiçao toponímica nas categorias

taxionomicas desse modelo, reconhecer os estratos linguísticos predominantes na toponímia marajoara

(portugueses, indígenas, africanos) e buscar as possíveis influências (gramaticais e semânticas) das

línguas em contato no Marajó. Os primeiros resultados coletados por meio das bases de dados utilizadas

neste estudo indicam que os topônimos são, em sua maioria motivados por elementos da fauna

(Zootopônimos) e da flora (Fitotopônimos), sendo muito recorrentes nomes de bases indígenas na

denominação de acidentes físicos como rios e ilhas, refletindo a ancestralidade dessa região, que foi

habitada por povos indígenas antes da colonização portuguesa.

Palavras-chave: Topônimos. Bagre. Línguas em contato.

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Natureza encantada, peculiaridades contadas: estudo toponímico das ilhas de Afuá-PA

Johnata Vieira Cardoso (UFPA-BREVES)

Orientadora: Cinthia Neves (UFPA-BREVES)

A Onomástica que é o estudo dos nomes próprios de todos os gêneros e processos de denominações no

âmbito de uma ou mais línguas, categoriza e classifica os nomes existentes. Ao dominar um território

um dos fatores essenciais é dar ao local um nome, o mesmo pode ter significado que pode ser uma

característica da região ou algo que para o dominador seja conveniente. A parte da Onomástica que

estuda o nome próprio de cada lugar é a Toponímia, o estudo da toponímia direciona-se na análise dos

nomes de lugares, tendo em vista as influências e a importância das origens e das etapas de evolução

que podem causar mudanças ao nome do lugar ao decorrer do tempo. O presente trabalho foi

desenvolvido a partir da proposta do estudo toponímico da mesorregião do Marajó, tendo como objetivo

reconhecer os estratos linguísticos predominantes na toponímia marajoara, revelando os ganhos e as

perdas que ocorreram nesse contato de outras culturas para a formação dessa sociedade. Este estudo

busca identificar, classificar e distribuir em cartas (mapas) topônimos das ilhas do município de Afuá -

Afuá que está localizado ao norte do Marajó, na Microrregião dos Furos de Breves, limitando–se ao

norte com a Ilha Caviana, ao nordeste com o município de Chaves, ao sul com os municípios de Anajás

e Breves, ao sudeste com o município de Anajás, ao sudoeste com os municípios de Breves e Gurupá, a

leste com o município de Chaves e a oeste e noroeste com o Estado do Amapá - revelando desse modo,

traços culturais existentes na sociedade. Com o uso de dados cedidos pelo Sistema de Informações de

Vigilância Epidemiológicas (SIVEP) e mapas disponibilizados no Portal de Mapas do IBGE, obteve-se

a identificação das ilhas origens de cada topônimo; em seguida a categorização das ilhas; depois, a

categorização em taxes propostas pelo modelo de DICK (1990). A etimologia, morfologia e a taxonomia

toponímica das ilhas, gerou dados que permitiram revelar a identificação de povos indígenas nessa

região e sua contribuição para a cultura local, evidenciando a Toponímia como no resgate de um enredo

sociocultural.

Palavras-chave: Toponímia. Afuá. Ilhas.

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De tantos rios, de tantas belezas: estudo toponímico dos rios do município de anajás (marajó)

Rita Thamirys Rocha de Souza (UFPA-BREVES)

Orientadora: Cinthia Neves (UFPA-BREVES)

A toponímia é uma sub-área da onomástica que estuda os nomes proprios de lugares, chamados

topônimos, bem como a origem desses nomes, auxiliando no resgate da história dos lugares, além de

poder ser uma referência ao ambiente e ao modo de vida da população que ali habita(va). Nessa seara,

este estudo se propoe a averiguar os toponimos dos rios do município de Anajás, classificando-os de

acordo com as categorias taxionomicas propostas por Dick (1990), com o objetivo de compreender os

significados predominantes em tais nomes e os estratos que compoem a formaçao do município. Anajás,

considerada o centro geográfico da Ilha do Marajó, juntamente com outros municípios que

possuem características sócio-econômicas semelhantes (Afuá, Breves, Curralinho e São Sebastião da

Boa Vista), constitui a microrregião Furo de Breves da mesorregião do Marajó. O topônimo do

município sinaliza o processo pelo qual o Marajó passou: antes da conquista portuguesa, foi habitado

por povos indígenas, como os chamados anajás, que originaram o nome desse lugar por ali viverem.

Assim, os estudos toponímicos são, também, uma fonte de estudo das línguas e povos que tiveram

contato. Para levantamento dos dados desta investigação, foram utilizados mapas disponibilizados no

Portal de Mapas do IBGE e na Secretaria de Saude do proprio município. Nos mapas e listas da base de

dados, foram selecionados os topônimos referentes aos rios; estes foram contabilizados e,

posteriormente, foi feita a classificação taxionômica de acordo com as categorias de topônimos

propostas por Dick (1990), cujo modelo proposto permite "o exame das séries motivadoras, que

conduziram à elaboração de taxes toponímicas, vinculadas, de modo genérico, aos campos físicos e

antropo-cultural” (DICK, 1990). Os resultados apontam que os topônimos são, em sua maioria,

motivados por elementos da fauna (Zootopônimos) e da flora (Fitotopônimos), sendo muito recorrentes

nomes de bases indígenas na denominação dos rios. Além de identificadas, as categorias taxionômicas

foram distribuídas em cartas toponímicas, que revelam em quais regiões do município se encontram e a

relação que essa distribuição tem com o histórico de formação desse lugar.

Palavras-chave: Topônimos. Rios. Anajás

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Variação semântico-lexical nos dados do Atlas Linguístico do Amapá

Cássia de Souza Ferreira (UNIFAP)

Orientadora: Profa. Dra. Celeste Ribeiro (UNIFAP)

Este trabalho situa-se no campo da Dialetologia e da Geolinguística, que focalizam, principalmente, os

usos e as diferenças dialetais entre espaços geográficos semelhantes ou não. Em função disso, a maior

incidência e consequência dos estudos que se inserem nessas áreas são as publicações dos atlas

linguísticos que visam mapear e descrever o perfil linguístico de estados, regiões ou de um país, como

é o caso do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Desse modo, como exposto, o presente trabalho orienta-

se pelos pressupostos teoricos da Dialetologia, a qual “assume por tarefa identificar, descrever e situar

os diferentes usos em que uma língua se diversifica, conforme a sua distribuição espacial, sociocultural

e cronologica” (CARDOSO, 2002, p. 01), e segue o método geolinguístico, que pressupoe a disposiçao

dos resultados da pesquisa dialetológica em mapas (BRANDÃO, 1991). Assim, objetiva-se evidenciar

determinados usos semântico-lexicais, presentes em determinados campos semânticos, no falar

amapaense; assim como estabelecer uma comparação entre esses usos, considerando as regiões do

estado. Esses usos foram mapeados no Atlas Linguístico do Amapá (ALAP) e encontram-se descritos

nas cartas lexicais desse atlas. Para a concretização deste estudo, toma-se como base a observação e

análise de quatro (04) cartas linguísticas do ALAP referentes aos seguintes campos semânticos:

“acidentes geográficos”, “fenomenos atmosféricos” e “astros e tempo”. Dentre as cartas correspondentes

a esses campos, foram selecionadas as de números 01 (córrego/riacho), 02 (pinguela), 08 (garoa) e

11(anoitecer). Essa seleção ocorreu em razão da produtividade significativa dessas cartas, no tocante à

realização de variantes. As cartas selecionadas mapeiam os dez (10) pontos de inquéritos do ALAP:

Macapá, Santana, Mazagão, Laranjal do Jari, Pedra Branca do Amapari, Porto Grande, Tartarugalzinho,

Amapá, Calçoene e Oiapoque. Em cada uma dessas cidades foram ouvidos e gravados 4 falantes,

estratificados em sexo e idade; totalizando 40 informantes no total. Para este trabalho, serão apresentadas

as variantes mais recorrentes por região do estado, em que se procura mapear a variação lexical presente

no falar amapaense. Essa variação será evidenciada através de gráficos, a fim de facilitar a leitura dos

resultados.

Palavras-chave: Atlas linguístico. Variantes linguísticas. Campo semântico-Lexical.

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Atlas linguístico do Amapá (ALAP): considerações sobre alguns aspectos fonético-fonológicos

Elicelma Sena (UEAP)

Celeste Ribeiro (UNIFAP)

Este trabalho situa-se na área relacionada à Geolinguística e à Dialetologia (Cardoso, 2010), assim como

à sociolinguística variacionista, conforme preconizada por Labov (1972). Essas perspectivas deram base

teórico-metodológica para a publicação dos atlas linguísticos, que objetivam, entre outras questões,

apresentar um perfil linguístico dos falares de uma comunidade, evidenciando a heterogeneidade e a

variabilidade inerentes a esses falares. No Brasil, o Atlas Linguístico do Brasil (ALIB) teve seu projeto

lançado em 1996 e em 2014 foram publicados os primeiros volumes desse atlas, o qual se tornou um

grande marco nos estudos geossociolinguísticos e dialetológicos, permitindo o surgimento e a

publicação de vários outros atlas por todo o país. Dentre esses, destaca-se o Atlas Linguístico do Amapá

(ALAP), o qual surge com o propósito de descrever e mapear os aspectos fonético-fonológicos e

semânticos lexicais de algumas localidades amapaenses. O ALAP considera 10 municípios, distribuídos

de norte a sul do estado, Macapá, Santana, Mazagão, Laranjal do Jari, Pedra Branca do Amapari, Porto

Grande, Tartarugalzinho, Amapá, Calçoene e Oiapoque. Nesses lugares foram escolhidos 4 informantes

por localidade, totalizando 40 informantes, estratificados em faixa etária e sexo. Assim, embasado no

resultado de pesquisa do ALAP, produzido por Razky, Ribeiro e Sanches (2017), este trabalho tem como

objetivo evidenciar alguns fenômenos fonético-fonológicos que ocorrem nas localidades pesquisadas no

Estado do Amapá. Para tanto, a amostra analisada é a que compõe o ALAP, mais especificamente as

cartas fonéticas desse atlas, nas quais se procura destacar e assinalar, de maneira mais aperfeiçoada

possível, as variantes fonéticas diatópicas, diagenéricas e diageracionais de cada município, ponto de

inquérito do ALAP. Serão analisados alguns fenômenos linguísticos como a palatalização, a

monotongação, o emprego do (r) e do (s) posvocálico medial. Desse modo visamos nesse estudo

contribuir para uma melhor compreensão das realizações fônicas dos referidos fenômenos que

caracterizam o falar amapaense.

Palavras-chave: Geolinguística. ALAP. Variação fonético-fonológica.

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L’aquisition de la langue française par des élèves allophones arrivant au second dégré dans le

système educatif français à Saint-Georges

Jéssica Naiara dos Santos de Lírio (UNIFAP – BINACIONAL)

Max Silva do Espírito Santo (CETELIN – UNIFAP)

En France, l’accès à l’éducation est un droit de tous, non seulement des français mais aussi des étrangers.

La loi n°2013-595 du 8 juillet 2013 met en avant la nécessité d’avoir une école inclusive pour tous les

enfants, car tous ont le droit à l’éducation. On peut le réaffirmer par l’article L.111-1 du code de

l’éducation et aux engagements internationaux de la France, qui dit que l’éducation est un droit de tous

les enfants de six à seize ans, présents sur le territoire national, quels que soient leur nationalité. Pour

pouvoir accueillir ses élèves non francophones, un dispositif nommé Unités Pédagogiques pour élèves

allophones arrivants (UPE2A) à été mis en place dans tous les établissements d’enseignement français

avec l'objectif de les faire apprendre la langue française pour leur permettre au plus vite possible intégrer

une classe ordinaire et suppléer tous leur besoin dans l'acquisition de cette nouvelle langue. Le but de

ce travail sera alors de montrer le fonctionnement du système français d’insertion des élèves allophones

nouvellement arrivés (EANA) et de montrer le cas particulier des élèves allophones du collège Constant

Chlore de Saint-Georges, se situant en Guyane Française faisant frontière avec Brésil. La récolte

d’information à propos de ce sujet sera faite à travers d’entretien et questionnaire, ainsi que des

témoignages des enseignants et des élèves non francophones qui étudient dans cet établissement. Pour

qu’on puisse arriver à ces buts la nature de notre recherche será bibliographique et documentaire bien

que d’étude de champ. Pour cela, on utilisera comme référence de base Cherqui et Peutot (2015) ; Vigner

(2015); Verdelhan-Bourgade (2002) ; Auger (2010) et Goï (2010). C’est extrêmement important pour

nous ce type de recherche car nous possibilité de mieux comprendre le pourquoi que les élèves

brésiliens, la majorité, ne développent pas très bien la langue française, une fois qu’ils étudient dans une

école française. Cette question será bien répondue à mesure qu’on avance dans la lecture de ces écrits.

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Nomes e Verbos entre reeducandos do sistema prisional do Amapá

Patrícia Nunes Furtado (UNIFAP)

Orientador: Antonio Almir Silva Gomes (UNIFAP)

Este pôster apresenta resultados preliminares de uma pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso em

andamento cujo objetivo é discutir a morfologia de nomes e de verbos que constituem o socioleto

utilizado entre reeducandos do sistema prisional do estado do Amapá. Em termos mais precisos,

procuramos saber qual a natureza morfológica destas duas classes de palavras. Para além disto,

procuramos saber sobre a relação semântica que estas palavras possuem quando contrastadas a seus

sentidos denotativos na língua, sobre os processos analógicos inerentes: as paráfrases. Para isto, o

trabalho se estrutura a partir de leituras relacionadas a socioleto, à derivação e à flexão, à natureza de

nomes e de verbos em Português Brasileiro, à semântica das palavras. Tal estrutura constitui-se de

corpus com aproximadamente 50 palavras e expressões coletado entre reeducandos do Instituto de

Administração Penitenciário do Amapá (IAPEN) no ano de 2017. Nas análises preliminares do referido

corpus, observamos, por exemplo, a existência de três tipos distintos de nomes, a saber: (i) sem

derivação, (ii) com derivação e (iii) compostos. No caso dos verbos, observamos a prevalência de

compostos, motivo pelo qual tratamos da sua organização sintática. Quanto à semântica dos itens que

compõem o corpus, observamos inicialmente uma aproximação seja de recursos conotativos, seja de

recursos denotativos. Em termos teóricos, utilizaremos autores bastante conhecidos na descrição de

aspectos do Português Brasileiro, tais como: Ilari (2014), Basílio (2013), Bagno (2007, 2009), Tarallo

(2007), Perini (2006), Bortoni-Ricardo (2005), Rosa (2005), Petter (2003), Sândalo (2001). Ao final,

pretendemos traçar um panorama dos recursos morfológicos utilizados pelos reeducandos na construção

do socioleto em questão, bem como sua relação com aspectos semânticos. O trabalho aqui proposto

insere-se, deste modo, em uma dinâmica de interfaces da Morfologia com a Semântica. Ao assim fazê-

lo, acreditamos, contribuímos com a linguística no sentido de ampliar conhecimentos acerca de

estratégias utilizadas para a construção de palavras e/ou expressões por diferentes grupos sociais, bem

como conhecer os mecanismos semânticos que acompanham tais construções.

Palavras-chave: Reeducandos. Socioleto. Morfosemântica.

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Português Brasileiro, variação e ensino: um estudo de caso em contexto quilombola no

município de Macapá-AP

Sarah de Souza Marques (UNIFAP)

Orientador: Prof. DR. Antonio Almir Silva Gomes (UNIFAP)

Esta comunicação decorre de uma pesquisa cujo objetivo é compreender o lugar da variação como tema

de ensino no contexto do segundo ciclo de Ensino Fundamental em uma escola localizada no Quilombo

Cria-u, município de Macapá-AP. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de cunho descritivo na qual nos

interessa saber como o tema da variação é discutido na referida escola. Para isso, utilizamos como

ferramenta metodológica a aplicação de questionários aos professores de Português Brasileiro (PB).

Nesta ferramenta, três temáticas centrais buscam saber sobre (i) a percepção dos professores acerca da

consciência dos falantes de PB daquele local relacionada à variação no nível fonético-fonológico ou

lexical; (ii) as metodologias docentes para o tratamento do tema durante as aulas, seja no que confere à

criação de conteúdo, seja no que confere ao uso de materiais didáticos disponíveis na escola; (iii) o

comportamento dos falantes nas mesmas aulas. Embora centrada no professor, procuramos saber

também sobre os falantes da comunidade em questão. No desenvolvimento da pesquisa, acreditamos, o

primeiro passo para ações de ensino exitosas é a tomada de consciência em relação a variação, o que

pretendemos compreender com a pesquisa. A motivação da pesquisa para o item (i) centra-se em

questões de auto-reconhecimento das especificidades (ou não) do PB no contexto mencionado. Para o

item (ii), na atenção que a escola dá, particularmente no ensino de línguas, às identidades linguísticas

de seus usuários. Finalmente, para (iii), a motivação centra-se na resposta que os usuários dão à escola

para o tema.

Palavras-chave: Variação. Ensino. Identidade.