o elemento vital

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  • 1. O elemento vital O elemento Vital -[Brasil]: Agosto 2004 85 paginas. CRA: N Registro: 329.308 Livro: 603 Folha: 468 Autor: Simeo de Souza Marchiori PrlogoSe pudssemos nos transportar s mais variadasdimenses, fluir livremente nos universos paralelosque mais intrigam a existncia humana, poderamosaventurar-se nas mais incrveis experincias,explorar dimenses onde a realidade, a fsica, afico e a prpria existncia se confundem. Nestahistoria veremos como isso seria possvel. xxxxxEsse o meu primeiro romance, no souescritor, apenas coloquei no papel um ideia que tivePropositadamente procurei usar uma escritaatual visando uma leitura acessvel e agradvel paratodos.Dedicado aos meus pais, e alguns raros amigos,que respeitam a minha modesta natureza artstica.Espero que os erros no prejudique ainterpretao.

2. CAPTULO1 T arde de Sbado, algumas poucas nuvensbrancas pairavam com infinita pacincia no cu azul,estava quente porm agradvel, eu estava andandosem muita pressa no centro da cidade onde moro,considerada uma grande metrpole com seusgrandes edifcios cinzas fincados na terra desafiandoo cu. Muitas pessoas de tipos variados iam evinham,integrando-se e contribuindo com suaparte ao terrvel e ao mesmo tempo belo caosurbano, e assim aproveitando a conflitante tarde defolga para gastar seus ganhos quase sempre justo,satisfazendo erealizandoseus desejos,provavelmente atiados por algum comercial datev, comprando todo tipo de quincalharia, e clarocoisas realmente essenciais, bem ou mal,contribuindo com sua parte para o funcionamentode uma intrincada mquina chamada sociedadehumana.Mesmo acostumado com a agitao de umacidade grande e vitrines, volta e meia a gente sedepara, olhando para uma vitrine sempre h algumanovidade ou... algum objeto que nos chama aateno.Se existe realmente o sexto sentido, ou ser ostimo? devia estar presente agora, porqueenquanto olhava a vitrine, senti uma sensaoestranha, pressentia que algo estaria por acontecer,porm no dei importncia e logo me distra,continuei caminhando, sem muita pressa, volta emeia voltava a sensao, ento calmamente parei epassei a olhar disfaradamente para os lados s 3. para ter certeza que estava tudo normal, as pessoascontinuavam indo e vindo, tudo parecia normal,ento voltei a andar. Quando passei em frente uma loja, um produto em exposio me chamou aateno, ento fiquei olhando, totalmente distrado,instintivamente e sem motivo olhei para o lado edentre amultido vi surgir uma garota, muitobonita, que deveria ter uns vinte e poucos anos, noera alta nem baixa, eu diria o normal, pele clara,cabelos dourados e lisos, pouco abaixo dos ombros,olhos esverdeados, uma enorme menina dos olhosque a deixava meio... angelical. At a tudo normal,h muitas pessoas com essas caractersticas ouesses dotes por a, h no ser o fato que estavavindo justamente em minha direo, quandochegou bem perto de mim parou, ficou me olhando,totalmente imvel, eu sem entender o que sepassava, os poucos segundos pareciam umaeternidade, instintivamente admirava todo ocontorno do seu corpo, parecia irreal, como umaescultura perfeita moldada pelo mais hbil escultorem seu momento de maior inspirao, e naquelerosto de queixo suavemente arredondados, lbiosvermelhos, provocantes, que enfeitiaria qualquercidado normal. Ela trajava roupas modestas, destasque os jovens costumam usar, uma cala jeansapertada no corpo, uma camiseta cinza de seda queparecia meio prateada, e com um grande degote,que lhe proporcionava um certo ar futurista, etocurta que dava para ver seu pequenoumbigo, flutuando, como que se estivessesuspensos por jovens pelos dourados. Aproximou-se tanto de mim que tive que recuar um passo,poderia at beij-la se quisesse e sem que ela 4. pudesse reagir, mas claro que esse no era o caso.Pelo meu conceito de beleza ela seria uma mulherperfeita, numa viso potica pra exemplificar comome sentia, eu diria me que me sentia ao lado de umanjo. Talvez at seja outras pessoas no a vissemassim, ou um pouco de exagero da minha parte, masa verdade que ela fazia meu gnero. Poderia sertudo aquilo que sonhei na vida, pelo menosfisicamente. Isso tudo passou muito rpido e nesse mesmotempo indagava... Porque ela me olha? Ser queela confundiu-me com algum? Talvez queira algumainformao. Tentava manter-me mais natural possvel masmeu corao batia na garganta, to forte que sealgum chegasse mais prximo no duvido quepudesse ouvi-lo. Ali estava ela parada, olhando-me,sem falar uma nica palavra como se estivesse meanalisandooufazendo umreconhecimento,enquanto ela olhava pra mim seus olhos mehipnotizava, eu como uma presa dominada tremia ea admirava, ao mesmo tempo as pessoas passavampor ns indiferentes. Finalmente ela falou, eu me distra olhandoseus dois dentes da frente que combinavaperfeitamente com o discreto sorriso que esboavaao falar. Foi quando finalmente voltei a mim, balanceilevemente a cabea, pedi desculpas e o favor querepetisse o que havia falado. Ela falou: -Puxa! voc mesmo! Como foi bom teencontrar. 5. Finalmente prestei ateno. Tudo nela meagradava at mesmo a sua voz, suave e clara. Comono tinha a menor noo do que se tratava, equando ela falou que me procurava me deixouainda mais intrigado, ento perguntei;-Como voc vem me procurando? No melembro de conhec-la, alis nunca esqueceria se arealmente tivesse a conhecido. Voc me conhece?Ela apenas balanou a cabea afirmando quesim, depois perguntei seu nome, ela ficou calada,como se quisesse emitir um som, mas no pudesse,dando a sensao que no poderia dizer seu nome,ou que nem mesmo nome teria.Instintivamente a fiz algumas suposies; Serque ela est com amnsia e no se lembra de seuprprio nome? Provavelmente est me confundindocom outra pessoa.-Acho que voc est me confundindo com outrapessoa, porque realmente no a conheo.Ela fica meio aflita, e insiste em dizer que meconhece. Eu curiosamente perguntei de onde, elame conhecia.-Eu no sei estou um pouca confusa, nem sei lheexplicar, mas eu sabia que iria te encontrar aqui equando eu o vi, logo reconheci, de alguma forma eulhe conheo.Ela est confusa, talvez no esteja passandobem, pensei. Tambm no posso negar um pedidode ajuda. Algo grave poderia estar acontecendo issoaguouminha curiosidade, falei pra ela queprecisava ir a uma loja e se ela quisesse poderamosconversar enquanto andvamos, ainda meiodesconfiado olhei discretamente para os lados paraver se no estava-nos sendo seguido ou caindo em 6. algum tipo de cilada, mas no vi nada suspeito. Seguimos em direo uma loja de tintas, ondeeu pretendia comprar alguns materiais, antes deter encontrado a tal jovem.Sempre tive o hbito de andar com os braoscruzados ou com as mos no bolso, imagino que issofaa parte do meu complexo de mim mesmo, ouseria timidez, no sei. Ms para minha surpresa, esem menor cerimnia, ela primeiro cruzou os seusbraos no meu, como se eu lhe oferecessesegurana, mas no se contentando, me abraoupela cintura, apertando-se contra mim, como se jfossemos ntimos, mesentiestranhamenteconfortvel.Andamos um pouco e j dava para avistar a loja.Chegandolojaencostei-me ao balco,prontamente um vendedor vem me atender, noteique deu uma olhada na moa, talvez estranhando,pelo fato que sempre vou loja desacompanhado.-V pra mim uma lata de tinta branca acrlica.-Mais alguma coisa?-Um pincel de duas polegadas e um pincel deceda de meia polegada, s.Assim que ele emite a nota, dirigi-me ao caixapara pagar, e voltei para pegar o embrulho, quandoestava saindo a moa do caixa me chamou.-Moo no vai querer o troco?Bati a mo na testa e sorrindo meio sem graa,voltei pegar o troco, eu ainda estavameioatordoado. A moa que encontrei ou melhor queme encontrou, me seguia o tempo todo.Com acompra feita samos da loja, econtinuamos a caminhar j era meio tardinha, o solruborizado como minha prpria timidez, nos 7. presenteava com uma bela e avermelhada tarde.Caminhando algum tempo afastando-nos docentro da cidade. Sem falarmos nada um prooutro, ela junto a mim como se no pudesse meperder, era estranho. As primeiras luzes dos postescomeavam acender, o comrcio estava fechandoas portas, enquanto outros estavam abrindo, como o caso de uma pequena lanchonete que costumofrequentar, e que tinha acabado de abrir, o dono,que era um homem meio gordo, estava com umjaleco branco na mo, encostado na porta seespreguiando.Como era sbado, e realmente no estava atrabalho, apenas pretendiafazer uns pequenosretoques na pintura da casa no domingo, e hoje euno tinha pressa para nada e essa situao me orasme deixava com um conflitante desconforto, oferecialgopara ela beber ou comer, enquanto issoprocuraria conversar com ela sobre o que estavaacontecendo, esse encontro no foi e no eranormal, portanto algo estava acontecendo e eupretendia descobrir o motivo, ela aceitou semproblemas, entramos, puxei a cadeira para que elasentasse, sentei em seguida. Falei para o dono dalanchonete para continuar nos preparativos dalanchonete antes de nos atender, afinal ele haviaacabado de abri-la.Falei para ela que precisava ir ao banheiro, elase ajeitou na cadeira e nada falou, alis no falamospraticamente nada at agora. Antes de me levantar,o garom trouxe o menu, ento pedi ele quetrouxesse uma cerveja, e um suco para a jovem edois lanches, em seguida fui ao banheiro.Todo mundo tem seus complexos. E eu tenho 8. mais de um, entre eles, no consigo urinar se tivermais pessoas no banheiro, mas nesse momento notinha ningum, e estranhamente no conseguiurinar, mesmo estando com uma certa vontade. Como no urinei, fui ao lavatrio, onde acimatinha um pequeno espelho trincado, enquantolavava as mos minha imagem refletiadesenquadrada no espelho. Eu falava pra mim mesmo no espelho -Que coisa! Quando eu imaginava ela meacompanhando, havia momentos que nem queriasaber o que estava acontecendo, mas a realidadeera outra, isso me intrigava, melhor voltar paramesa e continuar e esperar uma oportunidade parapuxar o assunto. Como no havia toalhas, bati as mos na calapara sec-las, quando retornei, o garom j haviaservido a cerveja e o suco, enchi meu copo, oferecio suco, mas ela recusou. -No obrigada, no tenho vontade. -Fale sobre voc, at agora no sei quem voc ,de onde veio, o que realmente est acontecendo, sevoc estiver com algum problema talvez possaajud-la. Seus olhos avermelharam como se fosse chorar,mas nenhuma lgrima escorreu. Pelo menos agoraeu tenho certeza que ela tem algum problema, j um comeo. Ela levou as mos aos olhos, e antesque ela voltasse abaixar completamente, segurei-as, falei que eu queria lhe ajudar, mas precisava queela se abrisse comigo. Ela comeou a falar. -Eu no lembro quem sou, de onde venho,do meu nome, no lembro o que aconteceu 9. ontem, nada. De repente como se do nada,eu estava andando na rua. E quando eu teencontrei, senti uma sensao de alvio, comose algo me dissesse, que voc poderia me ajudar.Sinto como se j o conhecesse.Voltei fazer suposies. Est parecendo queela perdeu a memria, por algum trauma talvez,quem sabe foi assaltada ou raptada?-Voc me deixa numa situao difcil, como voupoder ajud-la? Voc tem documentos? Posso televar uma delegacia, se quiser ou at mesmo umhospital.-No tenho documentos... Posso ficar com vocpor enquanto? No me deixe sozinha, talvez daqui apouco eu recupere minha memria, e tudo seresolve, diga que sim.Ainda acho que deveria t-la levado a umadelegacia, no sei porque mas voltei pegar as suasmos confortando-a.Ela sorriu, como ganha-se um novo nimo, efalou que no adiantava ficar preocupada sendoque cedo ou tarde as coisas deveriam se esclarecer.-Voc acha que me conhece, mas no meconhece, no tem medo de ficar com estranhos?-De voc no.Ela sabia que tinha encontrado a pessoa certa,eu de certa forma tambm, senti aliviado por ela,sabe l o que poderia acontecer com uma garotaperdida numa cidade como essa.O tempo estava passando, eu havia apenastomado alguns goles de cerveja e sequer estavacom vontade de comer o lanche, ela por sua vez,aps se sentir confortada, comeou comer comuma certa voracidade, como estivesse semanas sem 10. se alimentar, debrucei-me com os cotovelosapoiados mesa, achava graa e me deliciava emver seu apetite repentino, e nem se importava com omolho de tomate que escorria pelo seu queixo. Apster lanchado, ela pegou um guardanapo e limpou oslbios, ento eu peguei outro guardanapo e limpeisuavemente do seu queixo, um pouquinho de molhoque ainda restava bem juntinho aos lbios. Um beijo resolveria, poderia parecer anti-higinico, mas e da? Mas isso no passava de umafantasia minha... Ela agora estava mais vontade esaciada. -J que eu no lembro de mim, fale-me de voco que voc gosta seus sonhos... Nem mesmo saberia o que dizer sobre mim,mas mesmo antes que tenta-se, ela falou... -Apesar de voc ser pintor, no o querealmente gosta, acertei? -Acertou, at parece que me conhece mesmo, jque assim, tente adivinhar do que eu mais gostode fazer. -Hum! Deixe-me ver, voc tem um jeito degosta de coisas artsticas, escultor no, desenhotalvez. -Voc me assusta garota. Gosto de tudo que sejaarte, escrever, tocar msica, mas minha vocaodesde de criana foi desenhar, me sinto muito avontade com um lpis na mo, meu desejo um diaconstruir meu prprio estdio. -Gostaria que voc me mostrasse algumtrabalho seu. -No tenho algo que valha a pena mostrar, masposso lhe mostrar alguns desenhos que j fiz. -E voc no lembra nada mesmo? Todo mundo 11. tem uma histria pra contar, por falar em voc, ondevoc acomodou-se nesses dias e aonde vai passarhoje?-Puxa! Sabia que eu no havia pensado nisso?Seu semblante mudou, notei nela um certo ar depreocupao.-Mas no se preocupe, voc poder hospedar-sena minha casa o quanto tempo necessitar.Ela me ofereceu um belo sorriso comoagradecimento.Acenei ao garom e pedi que trouxesse a conta.Logo ele volta.-A despesa.No gastamos muito, peguei dez reais, dei aogarom e falei que ficasse com o troco, enquantoisso ela foi lavar as mos no banheiro, mas logovoltou ento samos. CAPTULO2Dois homens, que pelo que parece, resolveramcomear a noite mais cedo, pois j estavambbados,quando entraramnaquelamesmalanchonete, sentaram e pediram uma cerveja,estavam muito sorridentes, tpico dessas pessoasque s bebem de vez em quando, e curtem omximo o grande momento de embriagues, nofaziam provocaes, achavam graa de qualquerassunto, riam das piadas que para eles pareciamrealmente engraadas.Comearam conversar filosoficamente sobre anatureza humana, se que isso seja possvel para 12. bbados.-J percebeu que a personalidade da gentedepende das pessoas de nosso convvio, at mesmosofremos influncia das pessoas que no so muitochegados a ns?-Porque est falando isso?-H, sei l! Por exemplo se acaso eu tivessecrescido junto de ndios, eu iria me sentir um ndionato mesmo sendo um branco, e se um ndio fossecriado numa famlia em alguma cidade, elecertamente iria sentir um urbano, desconheceria suaorigem indgena, ou seja o que ns somos dependedo ambiente em que vivemos, e das pessoas quenos cercam, somos fisicamente partes empropores diferentesdonosso pais, epsicologicamente, recebemos um pouquinho depersonalidade de outras pessoas que conhecemos,-EntoD.N.A no significa nada, a cultura emque vivemos tudo, ou seja somos um pouquinhode todos, no somos o que pensamos que somos.- Mardita cerveja, t vendo o efeito que d? CAPTULO 3Enquanto caminhava-nos ela me perguntou paraonde eu iria, falei que era em direo minha casa.-No vai ser incmodo se eu for com voc, vai?-Se voc for algum tipo de demnio disfarado,ento j estou condenado.Nem sequer imaginei que ela iria achar graa,mas ela soltou uma espontneagargalhada, e 13. abraou-se a mim, me deixando sem jeito. -Voc no tem com o que se preocupar, podeconsiderar minha casa como fosse a sua prpriacasa. -Posso lhe fazer uma pergunta pessoal? -Claro que pode! -Falei. -Voc mora com algum? -Se voc est se referindo esposa ounamorada a resposta ainda no. - que no gostaria de arrumar problemas comsua famlia. -Quanto a isso no h problema. -Pelo jeito exigente com as mulheres- Ela falou. -Pelo contrrio. Sou muito tmido, um defeitoimperdovel eu sei, as vezes me sinto angustiado deser assim. Dificilmente eu chego em alguma mulher,por mais interessado que eu esteja, at j fiz isso eno deu certo, e me senti muito mal. O que eu tento, chegar como um amigo qualquer e do meu jeitofazer a pessoa se interessar por mim, depois esperarque ela d um sinal, a ser meio caminho andado. -Como seria esse sinal? -Seria um recadinho mais ou menos assim; Otrouxa no v que quero namorar com voc.- Elariu, e perguntou; -Mas e se a outra pessoa for tmida tambm? -A vo ser dois bobos que se gostam, solitrios. -Mas no se preocupe tudo tem seu tempo, etodos tem alguma limitao. Tem momentos que ela se parece muito segura.Fiquei pensando; Seria agora o meu tempo? Continuamos caminhando, e o centro da cidadefoi ficando mais distante, pois moro num bairroprximo do centro, ela ficou ainda mais vontade 14. comigo, mas ao mesmo tempo que me meu ladoemocional estava em xtase, a minha razo secomportava arredio com a situao, afinal faziampoucas horas que nos conhecemos. Assim quechegamos, o cachorro muito magro, que no era defome, pois era muito bem tratado, veio nos receberfazendo a maior festa, como ele sempre faz quandoalgum chega. A porta no estava trancada, ela entrouprimeiro, falei para ela se acomodar no sof, que euiria tomar um banho rpido pois estava meio suado.Fui ao meu quarto e peguei algumas roupas e umatoalha limpa e fui tomar banho. Enquanto deixava a gua do chuveiro escorrerpelo meu rosto sentia que no havia nadaconfortante como um banho refrescante no finaldo dia, alivia a tenso, rejuvenesce o espirito e faza gente raciocinar melhor. Aps me secar e vestir outra roupa, penteei ocabelo, e passei algumas gotinhas de perfume sobrea camisa, voltei ao quarto. Em seguida trouxe umaoutra toalha limpa para ela, enquanto lhe dava atoalha, sentei ao seu lado, falei que infelizmente notinha nenhum tipo de roupas femininas paraemprest-la. Falei pra ela que podia usar o meuquarto, at mesmo para dormir que eu ficaria vontade nesse confortvel e rasgado sof. Antesque ela entrasse alertei; -S cuidado para no tropear na baguna,porque normalmente eu deixo espalhado pela quartoas telas, pinceis tintas, os meus apetrechos depassatempo. Mais uma vez ela esboou um belo sorriso, nummisto de malcia e acanhamento, seguiu ao quarto, 15. demorou um pouco, provavelmente, enquanto sedespia distraa-se olhando os desenhos espalhadospor toda a parte, devo imaginar que ela tenhadeixado suas roupas sobre a cama, se enrolandoento toalha, logo aps seguiu ao banheiro, bempequeno por sinal e bastante modesto, afinal nosou de origem rica. Liguei o aparelho de som, num volume baixo eme acomodei no sof, alis, me estarrei, comons dizemos por aqui quando algum se acomoda vontade sobre o sof, ouvindo o som, fiqueiimaginado ela se ensaboando, comeando a passaro sabonete pelo seus braos, seios, deslizando atsua cintura e pernas at chegar aos ps edepois de alguns minutos e aps um deliciosoenxague, suavemente a toalha deslizaria portodos os contornos do seu corpo, secando-o. Logo ela sai do banho, com a toalha enrolada aocorpo, foi ao quarto e tornou vestir as suas roupas. Normalmente aos sbados, a essa hora estariame preparando para sair para curtir a noite, mashoje no vou sair, vou ficar fazendo companhia aela. Aps recolocar suas roupas, ela volta com oscabelos ainda midos e senta-se. -Se voc quiser dormir, fique vontade usando omeu quarto, Hum... Mas ela no tinha nome, pelomenos ela ainda no lembrara. -Eu fico por aqui mesmo no sof. A combinao de seu corpo com xampu, ousabonete,exalava uma suavee sedutorafragrncia... ...jasmim? Pensei. -Posso te chamar Jasmim? No! Melhor, Jasmine 16. para diferenciar da flor, pelo menos enquanto vocno lembrar seu nome?Ela estendeu a mo e muito descontrada seapresentou.-Muito prazer... , eu sou Jasmine.-Esse no meu nome apenas meu apelido, comque gosto de assinar minhas artes.-Eu j sei seu nome, mas se no se importarprefiro lhe chamar assim, acho mais simptico.Apesar de ter nos conhecido algumas horas,havia esquecido de me apresentar, ela me chamoupelo meu apelido, provavelmente viu assinado emalgum desenho meu, mas como pode ela saber meuverdadeiro nome?-Encantado -Brincamos.-Por que escolheu esse nome, Jasmine?-Jasmim! uma planta de onde tirada aessncia para perfumes, que por sinal voc estcheirando.-Legal!-Gostou mesmo?-Gostei mesmo, criativo. Mas no estou comsono, e voc vai dormir j?-No, estava pensando em assistir algum filmena tv, se voc quiser assistir tambm fique vontade, mas se voc tiver uma outra ideia parasugerir...No falei de forma que insinuasse algumtipo de relacionamento ntimo, no era oportuno edetestaria aproveitar-me de sua delicada situao, ede qualquer outra pessoa que estivesse fragilizadaou que precisasse de algum tipo de ajuda.-Estive pensando se voc, estiver disposto andar, poderia me mostrar a cidade.-Qualquer coisa que no seja ficar em casa num 17. sbado, seria uma boa pedida. Falei.-Vamos j, deixe-me calar um tnis. Sabeporque mais gosto do sbado?-Posso imaginar.-Ento diga!-Ora! porque sbado o dia em que as pessoassaem para se pra paquerar.-No bem isso!-No?- por causa do domingo.-No entendi, voc gosta do sbado ou doDomingo?-Eu explico, gosto mais do sbado por que nooutro dia domingo, a gente pode ficar a noite todana rua, conhecer alguma pessoa interessante, beberconversar...sem ter que preocupar-se em levantarcedo no outro dia, mas por outro lado no gosto dodomingo, porque no outro dia segunda feira, dia dobatente.-Pelo jeito voc no gosta muito do seutrabalho.-... no d pra dizer que amo, mas o problema a rotina, que desgasta qualquer um.-Vamos!Logo que ela sai, fecho a porta com as chaves,em seguida retiro o carro da garagem, meio velhomas conservado, ela fecha o porto, ento abro aporta do carro por dentro, e ela se acomoda.Arranquei o carro mas no acelerei, continueiandando devagar, para que ela pudesse ver melhor.Como a cidade grande limitei ao nosso prpriobairro, no havia muito o que se ver, no serapartamentos e as luzes dos postes iluminado nossocaminho, aps algum tempo estacionei o carro para 18. caminharmos.Enquanto caminhvamos passamos prximo um clube, j era por volta de meia noite, e j haviamuito movimento, pois muitas pessoas, na maiorparte jovens, aglomeravam-se do lado de foraenquanto decidiam o melhor momento para entrar.J havamos passado o clube quando ela falou;-O que fazem essas pessoas essa hora danoite?-Isto aqui um clube recreativo, onde aspessoas na maioria jovens veem para divertir-se,danar, paquerar...-Qualquer um pode entrar?-Pode, desde que compre o ingresso.-H bom.Percebi que ela ficou curiosa, ento...-Se voc quiser conhecer, temos a noite inteira.Ela no falou que sim mas pelo sorriso... Entovoltamos, fui bilheteria, comprei dois ingressose entramos, a casa ainda no estava cheia, porsorte achei uma mesa desocupada, puxei a cadeirapara que ela senta-se, sentei em seguida, como euno sei danar, costumo s ficar olhando tomandoalguma bebida, caipirinha de preferncia, se bemque por enquanto preferi pedir uma cerveja, nesseclima abafado uma cerveja desceria mais redonda.Cinco pessoas estavam no palco, integrantes dabanda que j estava tocando e alternando entreritmos nacionais do momento, e eu somente batia op acompanhando o compasso da msica, como osom muito alto no falvamos nada, apenasolhvamos o ambiente Algum tempo depois jestava muito mais a vontade, efeito da bebida, elaparecia meio agitada, parecia que a msica mexia 19. com seu espirito, no resistindo me puxou para osalo, mas eu tentei gesticular explicando que notinha muito jeito para a dana.-No faz mal, eu tambm no sei se sei! Elafalou quase berrando.-Ficando perto de mim est bom demais, noprecisa danar.Aquela sensao de satisfao que a gente temquando est com algum que nos completa, eraconfortante, ela parecia que me completava comsua alegria e descontrao, justamente o que asvezes sentia que faltava em mim. Quando ela mepuxou a banda estava tocando uma balada nacional,eu apenas acompanhava com os ombros.J estvamos no meio da pista de dana, eladanava muito bem para quem supostamente nosabia danar, danava como quando se aquilo fossealguma coisa totalmente nova e no parecia queteria a menor vontade de parar, e eu tentavaacompanh-la mas sem menor jeito. O clima mudouum pouco quando em seguida a banda passou atocar uma msica um pouco mais lenta, foi quandoela me abraou pelo pescoo e eu pela primeira asenti de verdade, toquei nela segurando pela suacintura e danamos, no era uma msicaessencialmente romntica, mais era suave, a voz dacantora, entrava e viajava pela minha cabea,parecia que estava-nos sozinhos num saloflutuando sobre nuvens. Ainda danamos outrasmsicas, enquanto luzes coloridas passeavam pelosalo.Quando se est feliz as horas parecem passardiferente, na verdade a gente no sente o tempopassar, ao contrrio de quando se est ansioso, o 20. tempo parece renegado a passar. Quase no mesmoinstante que a banda para de tocar, e os msicosacomodam os instrumentos nos seus devidossuportes, comea o som mecnico, uma batida fortemarcava o ritmo da msica dessas do tipo dance,em que os compassos fazem uma marcaorepetitiva, alguns msicos saem do palco e semisturam no salo, outros procuram alguma bebida,eosqueficaramno palcoficamdespreocupadamente olhando os jovens danando.Eu voltei para a mesa onde me aguardava a garrafade cerveja, e Jasmine ficou danando um poucomais. Da mesa fiquei vendo ela danando, e opiscar rpido de uma forte luz branca fazia seusmovimentos parecerem meio robotizado. Ela nemsequer bebeu, eu estava feliz e quase podiaimaginar como ela se sentia, conforme a msicasugeria, ela dava sem ser vulgar um toque sensualna dana e abria um sorriso extremamente lindo,ela rodava em torno de simesmo, as vezesparecia que havia algum invisvel conduzindo asua dana, para mim devido ao efeito do lcool asensao que dava era que tudo estava passandoem cmera lenta.A energia que ela irradiava de seus movimentos,mais um toque de embriagues me fazia sentir felizcomo se aquilo tudo fosse o prprio paraso, a gentesabe que no , mas o momento muito bom. Tudo estava maravilhoso demais, e como noexiste felicidade, eterna, e to somente momentosfelizes, logo me vem a sensao de que tudopoderia acabar, assim que ela recobrasse amemria, por um momento me esfriou a barriga em 21. pensar que teria que viver com a desiluso de quealgum j tivesse conquistado seu corao.Coincidentemente, notei que havia um homemencostado em uma coluna e estava olhando paraela, como se o meu maior temor tivesse tomadoforma, a falei pra mim mesmo que era purabobagem, quem em estado normal, no ficariaolhando uma pessoa to linda danando com tantaalegria.O lcool tem efeito de potencializar tudo desderemdio a alegria, tristeza, traumas o temor e pora, conforme as luzes iam revelando a face daquelehomem, eu o via de alguma forma como umaameaa.Estava elegantemente trajado muito bonito derosto e muito mais jovem que eu, sorria de umaforma sedutora, insistentemente olhava,tomoum gole de cerveja e esfrego os olhos, como seestivesse tentando acordar e foro a vista natentativa melhorar a viso, e como num piscar dosolhos, j no havia mais ningum encostado nacoluna, como se nunca tivesse existido, estranho...pensei.Voltei os olhos para Jasmine, ela ainda estavano salo mas no estava mais danando, entolevantei-me e fui ao seu encontro, ela demonstrou-se muito contente, quando cheguei ela me abraou,quase derramei a cerveja nela pois sem quereracabei levando o copo comigo, perguntei se haviacansado de danar.-No! De repente me deu uma sensaoestranha, ento parei de danar, mas logo passou.-Deve ser por causa do excesso de fumaa decigarro que a gente respira, deixa a gente meio 22. sufocado, quem sabe causando confuses, acontecemuito comigo.CAPTULO 4Ainda naquela mesma lanchonete, estavam osdois homens que resolveram comear a noite maiscedo e pelo jeito no pretendiam parar logo, muitasgarrafas estavam sobre a mesa, essa altura ogarom j no estava disposto recolhe-as, meiocansado e entediado ligou a tv que ficava penduradaem um canto da parede, naquele momento estavasendo exibidoas ultimas notcias do dia, oapresentador noticiava um ataque terrorista feitopor um grupo de radicais numa estao de metr deuma grande cidade, que matou e mutilou vriaspessoas inocentes.Isso provocou o estarrecimento em um dos doishomens, que j estava pra l de bbado, quando foiexibida algumas imagens fortes, ento comentou,quase como um discurso...-No que o fanatismo transforma o homem, oque se passa na cabea de uma criatura dessa!O outro com a fala j meio dificultada continuou;-Na verdade essa sede de vingana e destruiofaz parte da natureza, j vi isso num ducumentriosobre ndios, a auto destruio, uma auto defesada prpria espcie contra o excesso de populao,uma garantia de alimento e da sobrevivncia domais forte, tambm acontece no reino animal, e oser humano no passa de mais um bicho.O outro que parecia que estava com a lngua 23. enrolada, tpico de quem j passou das contascomplementou.-Mas como tudo faz parte do processo evolutivo,o bicho homem ir aos poucos, evoluir e superaresse instinto de auto destruio e ir racionalmenteconservar a prpria espcie.O garom apenas negativamente balanava acabea, talvez no pelo fato de ouvir a opiniodeles, mas sim pelo fato de terem passado da conta.-Pena que no vou viver pra ver isso acontecer,apesar de o homem ter avanado na cincia, emalguns lugarespessoas mentalmente esto emprocesso de regresso, como se a possibilidade deevoluo, fosse uma coisa malfica, vivem como napr-histria.-As vezes fico meio bobo de ver como aspessoas, mesmo aqui, transformam coisas naturaisem algo, insano e bestial como se certas coisasfossem o prprio mal. o caso da sexualidade que visto de tal forma, de quem o faz est fazendoalgo impuro, repugnante, no entanto a essncia econcepo da prpria existncia esta infinitamenteligado ao ato sexual, a prpria essncia da vida.Sem issojamais poderamos estar aquiconversando. Mudando de assunto voc sabia queno futuro quando as pessoas tiverem evoludo elesolharo a histria e ficaro indignados com otratamento dados dado aos macacos.-Por que?-Porque eles no vo considerar que os macacosso da mesma rvore que os humanos.-Pirou? isso todo mundo sabe.-Na verdade os humanos que sero colocadosna rvore dosmacacos,ns seremos 24. definitivamente macacos.-E o que tem ver isso?-Ora! Com o descobrimento das Amricas, oscolonizadores, portugueses, espanhis e ingleses,no escravizaram ndios e negros alegando queeram raa inferior?-Isso foi verdade.-Ento hoje os macacos so tratados da mesmaforma, no acha que nossos ancestrais merecem umpouco de considerao?-No sei de onde voc tira essas ideias.-Nem eu...-Nessas horas todo mundo, tem opinio esoluo para tudo, melhor esquecer, as vezes issome deixa depressivo.-Riram, brindando os copos de cerveja.-Bebemos demais!-Acho que est na hora de parar.Estalando os dedos chamou o garom. - Trs aconta por favor.-Deixe que eu pago!-No! Vamos rachar as despesas, se no vaiperder o amigo!Ento racharam as despesas e pagaram aconta.Quando tentaram levantar, as pernas dos doisfraquejaram, ento se firmando um no outro pem-se em p.Saram devagar, cantarolando pela calada.CAPTULO 5 25. Voltamos sentar mesa, ela tomou um gole decerveja e achou muito ruim enfarruscando a cara, eusorri, como poucas vezes, pois a cerveja essaaltura j estava quente e choca, o que a deixaextremamente amarga e ruim, pedi que elaesperasse um pouco, que eu iria buscar uma outrabebida, e fui ao bar, pedi ao barmem quepreparasse uma caipirinha, e um martini ros.Fiquei encostado no balco, de onde eu podiaavist-la, nisso percebi um velho conhecido, quetomava uma bebida despreocupadamente.-Voc por aqui! Como que est?-Estou bem obrigado! Toma a um gole.Como em baile a gente no costuma recusarbebidas tomei um gole.-T por a perdido?-No, estou com uma menina.-Trouxe uma gata hem? Quero conhec-la umahora dessas.-Sem problemas ela est sentada ali naquelamesa.Apontei para a direo dela e acenei para ela,ela deu um tchauzinho sorrindo.Ele me deu tapa nas costas.-Onde voc arranjou aquela gata?-Quando descobrir o que est acontecendo eu teconto.-Voc com esse complexo de inferioridade,ningum demais pra ningum.-No isso eu...Nisso chega dois copos tipo de usque, um comcaipirinha e uma rodela de limo presa em cima docopo e o outro com martini e uma cereja espetada 26. em um palitinho. Despedi-me.-Outra hora a gente conversa!Ento voltei para mesa, onde Jasmine esperavacom os cotovelos sobre a mesa, e as mos no queixocomo se tivesse segurandodelicadamente acabea, ecom um leve sorriso de satisfao.Coloquei os copos sobre a mesa, deslizeisuavemente o copo de martini em sua direo.-O que isso? parece muito bonito.- martini, uma espcie de vinho, que combinaervas aromticas, tem sabor doce suave e mdioteor alcolico, experimente voc vai gostar.Ela pegou o copo afastou os palitos e sorveuapenas uma pequena quantidade, praticamente smolhou os lbios, mas suficiente para sentir o sabor,passou suavemente a lngua sobre os lbios paraabsorver a bebida que ficou sobre os lbios, sorrindocomo se estivesse desconfiada, por fim exclamou;- bom!E tomou um gole maior, fazendo aquele tpicogesto de aprovao .No abaixou o copo, colocou novamente oscotovelos sobre a mesa, retirou o guardanapo queveio preso ao copo e colocou sobre a mesa e ficougirando o copo, na altura dos olhos, achei at meioengraado ver como ela ficava meio vesga por estarolhando fixamente para a cereja.-Essa frutinha vermelha, s para enfeitar abebida?-Eu acho que , afinal que eu saiba, ela no soltao sabor na bebida.-Parece to deliciosa.-Por que no a experimenta?-Ser?... 27. Ela pegou o palitinho com a cereja e mordeu ametade, fechou os olhos saboreando, depoisestendeu a mo em minha direo e me ofereceu aoutra metade, era apenas uma metade de umafrutinha e por um instante quase rejeitei, mas erato tentador, que mordi to rpido, que ela seassustou, porque pensou que iria morder seusdedos, apertei o palito entre os dentes, ela puxavacom uma certa fora, tentando soltar. At quefinalmente conseguiu, ou melhor, eu soltei. Acho que nem senti o gosto da fruta emcompensaonem conseguiria descrever compalavras a profunda satisfao pessoal, provocadopor uma brincadeira boba, e ela tambm se divertia. Afastei a cadeira e estiquei as pernas. Ao mesmotempo, que estava feliz e olhava para ela, noconseguia deixar de fazer suposies sobre o queteria realmente acontecido com ela, antes deconhec-la. J ouvi muito comentriossobrelavagem cerebral , apesar de no ter certeza queisso seja possvel, supondo isso, poderia indagar-meque, se a mente dela no poderia ter sido apagada,por ela ter sofrido algum choque, testemunhadoalgum crime, ou... -Isso est parecendo coisa de filme. Mas em todocaso bom ficar atento.-Falou alguma coisa? -No nada, s estava pensando alto. CAPTULO 6 28. Logo aps que os dois homens saram dalanchonete, chega um homem de uns 40 anos,talvez menos, moreno, bem vestido de terno egravata e carregando uma valise, parecia ser umexecutivo, entra e ajeita uma banqueta coloca avalise sobre o balco, senta-se e acena aobarmem.Ele achou meio estranho um executivo essahora da noite mas...-Boa noite senhor, o que vai beber?-Boa noite, estou aceitando sugestes.-Temos um timo coquetel com frutas frescas,muito apreciado pelos nossos fregueses.-Vou experimentar.-Pode ficar a vontade enquanto preparo, sedesejar algo mais, s me chamar.Enquanto preparava o drinque, viu, meio que derabo de olho, quando o suposto executivo abriu avalise e entre alguns papeis havia uma arma e umfoto de uma mulher, e imaginou que ele poderiaestar ao encontro de algum, ou est afogandoalguma mgoa. Nesse caso uma arma pode fazer adiferena, tambm poderia ser simplesmente umguarda costas, no parecia um tipo de criminoso,sups, se bem que as aparncias enganam.J havia passado algum tempo, ele j tinhatomado o coquetel, e parecia entediado. Como decostume, aps alguns drinques, a pessoa tende aaparentar um certo ar de desnimo, principalmentese no estiver acompanhado, vai se cansando eprocura apoiar-se em alguma coisa.Para animar um pouco, o rapaz do bar puxouconversa com ele. 29. -Estava bom o coquetel?-Estava muito bom.-Marcou um encontro com algum?-No aqui, vim ao encontro de uma mulher, narealidade eu cheguei de viagem pouco tempo,resolvi tomar alguma coisa.Abriu a valise e retirou a foto mostrando aorapaz.-J que perguntou por acaso no tem visto estaessa mulher?Ele olhou e achou muito parecida com algumque havia estado ali um pouco antes.-Voc falando agora me lembro pouco, veiomesmo um casal, mas no prestei muita ateno namoa, se era a mesma.-E esse casal que veio aqui, voc os conhece?-O rapaz conheo, sempre vem aqui, mas amoa no tenho certeza, ela sentou-se de costaspara o balco, no posso lhe dizer se a mesma.-Voc no se importaria de me dizer como possoencontr-los. muito importante.Alguma coisa fez com que ele se arrependessede ter falado que viu algum parecido com ela, poistinha receio de se envolver em problemas alheios, erecuou de forma discreta, no estava disposto adizer onde ele morava, porm... podia serrealmente importante. -Eu no sei com precisoonde ele mora mas posso dizer, mais ou menos...Tentou explicar-lhe de uma forma que eledemorasse um pouco para encontr-lo, afim de dartempo de achar o nmero do telefone para poderavisar o rapaz que algum talvez o procurasse,perguntando sobre uma mulher.O homem pagou a conta, agradeceu, pegou a 30. valise, retirou o aparelho de telefone celular, e ligoupara algum, enquanto ia saindo calmamente dalanchonete.-Al! Sou eu, no encontrei, mas j tenhoalguma pista do paradeiro dela...Assim que o rapaz do bar achou o nmero dotelefone, foi at o aparelho e o discou, apesar deouvir o tom que indicava que o telefone estavachamando ningum atendia, provavelmente nohavia ningum em casa, pensou ele.-Bom, fiz a minha parte.Conforme indicou o rapaz do bar a casa noficava muito longe de onde ele estava, ento deixouo carro estacionado onde estava e foi a p pelocaminho mais longo indicado pelo rapaz do bar.Logo ele chega casa indicada, onde esttudo escuro, com exceo de um cmodo,mas no toca a campainha, talvez porno tercerteza se mesmo onde mora as pessoas que eleprocura, olhou para a casa ao lado como se quisessememorizaralgumareferncia eseretira,provavelmente procurar aonde passar a noitee voltar no dia seguinte.Retorna pelo mesmo caminho, de volta ao centroda cidade ele comea a procurar algum hotel ondepossa passar a noite, chegou h uma ruamovimentada, onde muitas pessoas circulavam,algumas mulheres estavam encostadas nas paredes,e retrucavam alguma coisa conforme ele passava,resolveu ento perguntar uma delas, ondeencontraria um hotel. Mas quem falou primeiro foiuma moa que veio ao seu encontro.-Ol, est procurando companhia?Sua voz soava artificialmente vulgar, enquanto 31. ela falava ia se aproximando em passos curtossensuais, a moa era muita bonita e trajava umavestimenta muito extravagante, apropriada aquelaprofisso, e suficiente provocante para balanarqualquer cidado, solitrio ou no. -Quem sabe uma prxima oportunidade, eu sgostaria de saber se existe algum hotel por perto. Com um sutil deboche ela falou: -Tem meu apartamento, no serve? Ento ele levantou um pouco a valise, para queela percebesse, que ele estava a trabalho. -Hum! Est a trabalho? J acompanhei muitoshomens como voc, que mesmo a trabalho nodispensam uma boa companhia, claro que comtrajes mais tradicionais. -Estou encantado com voc, mas no isso, euestou apenas procurando um hotel e estou umpouco cansado, s pretendo descansar. -Tem uma pousada, logo ali na esquina -Obrigado, desculpe por hoje no estar disposto. Ela no falou nada, ele se virou para ir emdireo pousada. Sem ele perceber caiu do seubolso um pequeno carto. Ela pegou para entreg-lo, mas logo percebeu que era apenas um carto devisitas e ele devia ter mais. Caminhando na direoindicada pela moa, ele chega penso, naportaria pergunta se h algum quarto disponvel. -Tem algum quarto disponvel? -Temos... por quantas noites vai querer o quarto? Falou um senhor bocejando. -Somente essa noite. -So 30 reais, e o pagamento deve serantecipado, sabe como , aqui as pessoas entram esaem a toda hora. Ele lembrou das garotas 32. -H sim! e sorriu.-H, entendi, tudo bem!Assim que pagou, o senhor lhe d as chaves.-H uma tolha limpa sobre a cama, quartonmero quinze.Dirigiu-se ento ao quarto, havia uma cama decasal e uma toalha dobrada sobre a cama, colocou avalise sobre a cabeceira, tirou os sapatos e ficouapenas de meias, foi ao banheiro to pequeno quemal dava pra se mexer, lavou o rosto, passou osdedos nos dentes como se estivesse escovando-ose forou um sorriso para o espelho para ver se noestavam sujos.Finalmente deitou-se, ps as mos sob a cabeae sobre ao travesseiro, colocou uma perna sobre aoutra, ficando esticado e confortvel.Mas sequer fechava os olhos, o motivo de vir aesta cidade lhe deixava com uma certa ansiedade,que o impedia de pegar no sono, apesar de estarcansado. Na tentativa de dormir ficou tentandoimaginar por mais ou menos uma hora pensamentosmais relaxantes, mas a nica imagem relaxante queficava voando nos seus pensamentos era da garotaque ele havia pedido informaes pouco. A cortinaestava meia aberta e nesse meio tempo elepercebeu alguma estrelas, estrelas que pareciamolhos lhe vigiando.Fantasiou que a mais brilhante era uma deusamitolgica, que mudava de brilho para ele, esugeria que havia muita coisa interessante para sefazer no frescor da noite.Ento ele se levantou e calou de novo osapato, e saiu do quarto.Enquanto caminhava pelo corredor, o porteiro 33. apenas olhou de desinteressado.Apesar de no ter dormido, e ter ficado apenasuma hora descansando, isso foi suficiente paradeix-lo um pouco mais relaxado, j na rua, foicaminhando, agora prestando mais ateno nasredondezas, meio que sem querer querendo, comodiz o personagem da tv mexicana, ele estavacaminhando em direo a garota que ele havia pouco pedido informao.Havia vriasgarotas, mas aquela que elehavia conhecido,no estavamaisl,provavelmente saiu com algum cliente. A noiteestava muito agradvel,a temperaturadeviaestar em torno de 20 graus, apesar de aindaestar um pouco cansado da viajem ele resolveuque no iria, voltar to cedo para a penso. Andandomais um pouco ele viu que havia um clube bemmovimentado, decidiu ento dar uma olhada.CAPTULO 7 Andando pela rua, os dois rapazes, que a poucoconversavam na lanchonete, avistam um velhoconhecido sentado num banco e olhando a noite.Logo que ele os v, ele se levanta. Quandochegaram mais perto notaram um certo olhar dedesnimo, e foram conversar com ele. -Beleza? Perdido por a? Faz tempo que no tevia. -Vai se levando. -Dando uma arejada na cabea? -No consegui pregar os olhos, ento sa por a. -Pois quando o vimos, j deu para perceber 34. que estava abatido.-Na verdade estou mais que cansado, as vezesprocuro um sentido pra minhavida, a gentetrabalha tanto para conquistar o que deseja, equando consegue percebe que j passou boa parteda vida, investiu-se toda a energia da juventudenum objetivo, e o que se ganhou no trs de volta ovigor, grande vantagem.-Se voc viver procurando sentido para a vida,voc vai passar a vida toda assim, menos que vocacabe com ela.-Ainda no cheguei nesse estremo.-Ento, de que adianta ficar triste, j que vocno pretende morrer logo, voc tem duas opespode passar o que lhe resta da medocre vida peloscantos, ou aproveitar e viver a vida da melhormaneira, que tal uma saideira?-Que saideira, no tomei nada hoje!-Voc, no, mas ns j.-Vocs j esto torrados, vo tomar mais?- um sacrifcio que faremos por uma boa causa.-No mesmo?E sorriram, e abraaram-no, um de cada lado,praticamente levaram-no arrastado.Logo encontram um bar aberto, e se sentamnuma mesa que estava na calada. Sinalizam aogarom que trouxesse uma gelada. Queprontamente foram atendido.Quando o cidado que estava deprimido, tomouo primeiro gole, fechou os olhos, como se fosse omaior experimento de sua vida.-Sabe que faz tempo que no saa para tomaruma cerveja.-Amigo para essas coisas, apesar de no haver 35. mais ningum nas ruas e isto aqui estar quasedeserto, ns no estarmos fazendo nada especial,ns estamos contentes, isso o que importa.E o outro retrucou.-Essas coisas que nos parecem bobas agora,quando ns estivermos velhos, justamente a quesentiremos mais saudades.-Se o trabalho fosse considerado uma obra dearte, todos os homens seriam estrelas etrabalhariam mais felizes.-Por falar em estrelas, as vezes fico olhando elas,mas s vejo como se fosse parte de um ser vivo,chamado universo, posso at imaginar, outrosplanetas orbitando elas sustendo a vida de outrosseres...-L vem ele com esse papo filosfico.Cotovelou o colega discretamente, e falou;-Ei tenho que falar alguma coisa pra alegrar,nosso deprimido colega.O homem que estava deprimido pergunta,dando incio uma calorosa e amigvel discusso.-Voc acredita que existe vida em outrosplanetas?-Claro que existe, o universo muito grandepara estarmos nele sozinhos.O outro rapaz se entretia com a cerveja, ficavaapenas ouvindo a conversa dos dois.-Acredito tambm que at exista, mas esto tolonge que nem mesmo na velocidade da luz, nuncachegariam na terra.-Como ser que eles seriam? Ser que seriammesmo cabeudos como a gente v na tev?-Eu acho que a evoluo segue os mesmospassos em qualquer lugar do universo, talvez alguns 36. sejam ainda macacos, ou talvez como ns mesmoseremos no futuro, a cada gerao os humanosesto perdendo os pelos e aumentando o tamanhodo crebro, j d pra imaginar como vai ficar.O outro que at ento estava quieto falou.-Ento o ser humano que vai se tornar otemvel aliengena que ir amedrontar os seres dealgum outro planeta subdesenvolvido.-O outro ento sorrindo.- o homem j mostrou do que capaz,imaginou Hitler aliengena.-Eu acho que eles j tiveram aqui. Falou o queestava em silncio.-Por que voc acha?-Eu acho que o homem foi colocado aqui, porexemplo; em algum lugar do universo, surgiu aprimeira forma de vida, uma espcie primitiva,claro, que com o tempo se evoluiu e se separou emuma nova ramificao, mas os ancestrais no seextinguiram como era de se esperar, conviviamentre eles, porm a tolerncia estava cada vezmenos suportvel, ento os dominantes decidiramno mais conviver com a ramificao inferior, maspor sua vez e por serem mais evoludos, tambmno admitiriam a exterminao de seus ancestrais ede qualquer outra espcie, eles transferiram essaraa inferior, que at ento no passava de ummacaco um pouco mais evoludo para um outroplaneta para que ele tivesse outra chance deevoluir, sem influncia alguma.-Voc mais maluco do que imaginei, de ondetirou essa histria?-E tem mais, Aps certos perodos eles voltampara ver e estudar a adaptao evoluo da espcie 37. introduzida, e quando eles perceberam que eles noesto evoludo completamente e estava pondo emrisco as espcies nativas, eles passaram fazerviagens mais frequentes para poder resgatarexemplares das espcies ameaadas.Ento entre um gole de cerveja um deles falou;-Nesse caso os dinossauros, mamutes e outrosbichos extintos, podem ainda existirem em algumoutro planeta.- minha teoria.-Todos acham que Darwin tinha uma viso muitoavanada para sua poca, isso porque noconhecem voc.At o garom que ao contrrio do outro eramagrela e estava olhando a conversa, noconseguiu manter a postura, e gargalhou quandotodos trs caram na gargalhada. Ento o ditogarom complementou falando alto do balco;-Vou incrementar essa histria, como jevolumos bastante que j estamos parecidos comeles, pelo menos fisicamente, quando eles vem terra alguns deles se misturam conosco pra poderestudar nossa evoluo.-S d louco nesse lugar.-E no h como descobrir. Pois o homem evoluiuo bastante para ser parecido eles, ou seja aevoluo segue o mesmo caminho em qualquerlugar.-Supondo isso verdade, o que aconteceria se umsuposto aliem sentisse atrao por um humano?-Poderia surgir um hbrido.-Acho que conheci uma assim.-Como?-Minha me disse que quando ela era mais 38. jovem conheceu um menino que era superinteligente, mas era to esquisito que parecia ume.t.-Ela transou com ele?!-Como voc adivinhou?-Pela tua cara ele era seu pai.Riram tanto que a rapaz que estava deprimido,falou que iria levar alguns anos luz para ele voltara ficar deprimido.-J ouvi muito papo maluco de bbados mas issoj demais.- srio! J viu que algumas pessoas somem derepente, poderia ser algum aliengena que semisturou conosco para estudar nossocomportamento e depois voltou, alguns que vieramacabaram sendo abandonados pois no podem maisretornar ao seu planeta natal, devido ter sidocontaminado com alguma doena humana ouporque devido ao convvio humano, eles passam assimilar o lado selvagem ainda presente nohomem, quando eles passam a agir como humano,no mais respeitando seus superiores eles sorecapturados e apagam qualquer vestgio de suamente sobre a sua origem, e deixam-no na terraagora como um humano normal.-Alguns recobram parte de sua memria, epassam perambular pelas ruas como profetas ouesotricos, fazendo profecias ou pregando aexistncia de seres superiores que nos vigiam,outros se destacam em alguma coisa como nascincias, artes. Quem sabe algum deles pode estarpor a e nem sabemos. 39. CAPTULO 8Sem um motivo aparente ela me beijou.-Beijo tem um gosto estranho.-No gostou?-No sei, acho...E me beijou de novo, depois espremeu oslbios, como se estivesse espalhando um batom.-Voc nunca beijou antes?-Bom! Pelo menos que eu me lembre, no.E sorriu achando graa da prpria situao quepassava.-Esqueci que voc est sem memria. Falei. -Noprocure achar explicao, estranho mesmo, naverdade como um aperto de mo ou um abrao,servepara estreitar o relacionamento entre aspessoas, claro que em graus diferentes. As vezesfalo aos meus amigos tem coisas na vida que dpara comparar uma cerveja, no precisa ser docepara ser gostoso, e melhor se for tomada com osamigos. E voc realmente no precisa fazer isso, menos que queira mesmo. No quero que pense queest em dvida comigo.Na verdade nem sei porque falei aquilo, talvezporque no poderia deixar envolver-me demais,pelo menos por enquanto, provavelmente acabariaporcriar umaafeio,por algumquepossivelmente no poderia partilhar.Ento ela falou;-Enquanto eu danava eu vi um, no um, maisvrios casais se beijando, ento fiquei comcuriosidade para saber qual era a sensao.Ento falei;-Tem vezes que a gente pode at no acharsentido, mas noutro minuto est com vontade de 40. novo. como uma vontade que nunca se satisfaz. Alguns conhecidos que passavam, as vezesparavam paranos cumprimentar. Enquanto euconversava com eles, Jasmine ficava olhando para aparede do bar havia um cartaz anunciando umatradicional festa numa cidade litornea. Assim que meus amigos saram, ela meperguntou; -Voc j viu o mar? -J, sempre que posso eu vou, e no muitolonge daqui, so mais ou menos meia hora deviajem. -Parece ser muito bonito. -E ! Talvez a melhor parte, seja durante opercurso a gente passa por um serra, pequenascidades antigas, rios de guas limpas, cachoeiras,muitos lugares bonitos. S de imaginar j dvontade de ir. Acenei para um garom que estava passandopor perto e pedi mais uma caipirinha. Ele perguntou; -E a moa vai querer alguma bebida? -Gostei dessa bebida, mas quem est pagando ele. Fiz um sinal com dois dedos, indicando que erapara servir ns dois. Jasmine tomou o restante de martini que aindarestava e eu como costumo ter muito resistncia prabebidas, estava dentro do que eu chamo de normal,e Jasmine estava extremamente vontade. Alguns minutos depois o garom nos serve asbebidas. Depois ele pega os outros dois copos queestava sobre a mesa e passa um pano para limpar amesa, enquanto eu tomava um pequeno gole decaipirinha. Os integrantes da banda voltavam ao 41. palco para dar continuidade ao baile, havia umamoa quese revezava com um rapaz comovocalista, e foi ela que entrou cantando, uma baladaacstica com uma letra romntica, por sinal era umamsica que eu gostava muito, enquanto cantavasentou-se num banqueta, colocou o microfone nopedestale continuou cantando acompanhadasomente de um violo. Poucas pessoas danavam,porque preferiram olhar a apresentao, sentadosem suas mesas, ou mesmo de p.Assim que ela acaba de cantar, Jasminediscretamente a aplaude, outros tambm aplaudem,logo esto todos em p aplaudindo, e assobiandopela excelente interpretao, isso no comum embaile. A cantora agradeceu, e sem a maior cerimniapassou cantar msicas carnavalescas, numaexploso de percusso e ritmos tropicais, tpicos doBrasil, ento o salo novamente se enche. A j noh mais regra, cada um por si pulando no salo, no ser quando a msica sugeria alguma coreografiaprpria.No resistindo, Jasmine vai para o salo, mearrastando consigo, isso depois de ter tomado quasetodo o martini de uma s vez, eu levei meu copojunto para ir bebendo antes que derretesse todo ogelo.Aps uma meia hora que ficamos danandobateu um pouco de cansao, voltei mesa enquantoJasmine continuou danando. Encostei a cadeiraentre a parede, levantei a cabea para cima e fiqueiolhando para o globo refletindo as luzes, a bebidanessas alturas tambm j estava fazendo efeito, ouseja estava um pouco bbado.Por um instante esqueci-me do mundo, como se 42. estivesse entrado num transe profundo, isso nodeve ter durado mais que alguns segundos, apesarda sensao de ter sido bem mais. Pela primeira vez devo teresquecido deJasmine. Quando eu me dei conta, e olhei ao saloestavam quase todos parados apesar da msica,ento percebi que havia acontecido algo estranho,pensei que estava havendo algum desentendimento,j vi muitas vezes isso acontecer, s ento lembrei-me de Jasmine, e fui procur-la. Para minha surpresa ela estava cada no meio dosalo e rodeada por pessoas, enquanto algumasprocuravam ajud-la se levantar. Quando chegueiela j estava em p, ento segurei, e a levei parafora do clube para respirar um pouco de ar maisfresco. Enquanto estava-nos saindo, eu lhe perguntei; -Voc est bem? -Quer que eu a leve um hospital ? -No, imagine, eu estou tima. -Ento o que aconteceu com voc? Sentiu semal? -No sei o que aconteceu, s me lembro queestava danando, e de uma luz muito clara e forteque ofuscou minha viso, ento devo ter perdido aconscincia. -Tem certeza que est bem? -Tenho, agora lembro, que estranho parecia queessa luz queria envolver-me, levar-me, ou como seabrisse uma passagem que eu poderia passar,seguir, no consigo explicar direito. Tinha uma outra moa que antes eu haviacumprimentado e saiu junto com a gente, e ouvindo,falou que ela no tinha visto nenhum tipo de luz ou 43. claro anormal. -Ela simplesmente desmaiou sem ter algummotivo aparente! Devagar fomos at o carro, ela j tinha serecuperado, mas no entramos no carro, ficamosencostados, conversando, apesar de tudo ela sesentia muito feliz, nem queria mais conversar sobreo ocorrido. -Durante o tempo que voc desmaiou, voc nolembrou de alguma coisa de voc mesmo? -No, no lembrei de nada, continuo da mesmaforma em que nos conhecemos. -Como queria que voc se lembrasse quem , deonde veio, isso me deixa meio angustiado, tenhomedo que voc desaparea assim de repente, talcomo apareceu. Ela encostou a cabea no meu ombro e nadafalou. H momentos que o silncio fala por si. Certas pessoas pensam que so incapazes deserem amadas, e se enganam completamente,provavelmente h pessoas prximas ou nem tantoprximas, que nutrem um sentimento forte, mesmosem sequer ter trocado uma palavra, gosta porgostar e pronto, as vezes ignorando at mesmo aaparncia fsica. Pena que a gente se prende fantasia e no assume, as vezes justamente pormedo de fracassar. Conheci-a apenas um dia, ej fico preocupado que alguma coisa acontecessecom ela. Ns estvamos encostados no carro sob umarvore que encobria a luz do poste, ento viclaramente quando um homem que estavapassando do outro lado da rua, em direo ao clube,que trajava uma cala de social e uma camisa de 44. botes, roupas imprprias para aquele tipo dedistrao, no era o mesmo que havia vistoencostado na coluna olhando para Jasmine, olhoupara ns, como se tivesse nos conhecido ou fossenos cumprimentar, e como estava escuro e Jasmineestava com a cabea em meu ombro, ele no nosviu direito, ele teria que passar bem mais prximode ns para que pudesse reconhecer-nos melhor.Um carro preto passa numa certa velocidade porns, e para repentinamente na frente do clube,trs portas se abrem e saem trs homens e entramrapidamente no clube.Talvez que por medo de perd-la eu tenha ficadoreceoso, achando que algum estivesse suaprocura. Mas o homem que havia passado por ns pouco parou e ficou olhando para a entrada doclube, depois virou-se, como se tambm estranhassea chegada repentina dos trs homens disfarou ecomeou e retornar enquanto atravessava para onosso lado da rua. Ser que havia alguma ligaoentre eles? Poderia algum deles estar procuradela? Ou ambos com propsitos diferentes? Sealgum estava sua procura, poderia tambmsolucionar o que estava acontecendo com Jasmine.Mas entre a dvida e a razo optei por sair dali.Cedo ou tarde tudo deveria se esclarecer, melhordar mais um tempo. Lembrei ento que ela tinhafalado que gostaria de ver o mar, me veio uma idia.-Quer dar um passeio um lugar muito bonito?-Vou a qualquer lugar que voc sugerir.Peguei as chaves e abri a porta do carro do ladodo passageiro, ela prontamente se aconchegaficando bem vontade.Assim que eu entro ela fala alegremente. 45. -Ento vamos! Liguei o rdio para manter o clima alegre. Ainda no comeo da estrada parei em posto decombustvel onde estava aberta uma pequena lojade convenincia, peguei algumas latas derefrigerantes e uns pacotes de salgadinhos, no caixaj havia acabado de chegar o jornal do dia, eupeguei para ver se no havia alguma mensagem dedesaparecimento, ou algo que envolvesse Jasmine,enquanto isso ela se entretia olhando asmercadorias expostas na prateleira. -O que voc comprou? -Algo para salgar o estmago. Entramos novamente no carro, ficamosumpouco parado enquanto dava uma rpida folheadano jornal, mas no vi nada interessante, joguei ojornal no banco traseiro e seguimos o percurso. Andamos por vrios quilmetros por uma BR, atque chegamos ao comeo de um portal que davaacesso a uma estrada secundaria. A partir de entoquase no conversvamos, porque Jasmine, ficava otempo todo olhando para fora, apesar do luar nodava pra ver quase nada, ento ela abriu um poucoa janela e passamos ouvir claramente o som grilos,de rs ou sapos por toda a extenso da estrada, eladeixava o vento bater no seu rosto, inspirava o arcomo se tivesse sentindo o cheiro do mato. Continuamos na estrada por mais algum tempo,e a lua aparecia de vez em quando entre as nuvens,continuava escuro, mas com pouco de esforo davapara ver ao lado da estrada, bem como avegetao. Aps uma longa subida uma placa avisaque logo a mais frente termina o asfalto e comeao calamento, a estrada fica mais estreita e comea 46. um longo declive, com curvas uma aps a outra.Mais alguns minutos chegamos um mirante,onde eu estaciono o carro, o clima muda bastante dooutro lado da serra, por sorte nesse dia no haviamuita neblina.Apesar de ainda estar escuro o luar deixava tudomeio prateado, assim desliguei o motor, mas deixeias luzes baixas acesas, ela percebeu que era este olugar que falei que a levaria, ento ela saiu docarro, antes mesmo que eu, ergueu as mos para oalto espreguiando-se tanto que parecia quereralcanar o cu e suavemente se rodeava como seestivesse em xtase.- O ar to refrescante. Que lugar esse?Ela me perguntou.-Pudera ns estamos quase no topo da serra,daqui a pouco o sol vai nascer tenho certeza quevoc vai gostar.Caminhei em direo ao parapeito de balastres,cruzo os braos e me debruo, fico olhando algumasestrelas, como estava escuro era a nica coisadistante visvel.Mesmo com o ar gelado e refrescante o silnciorelaxante, quebrado apenas pela melodia dosinsetos, senti que minhas plpebras se tornarammais pesadas, e bocejava.A voz de Jasmine comeou ficar mais distante,mas eu ouvia muito baixo ela dizendo alguma coisaassim; voc est vendo? Balancei a cabea paradespertar, havia me relaxado, que quase acabeiadormecendo. Ento virei-me para ela.-O que?-Voc no viu?-O que? O que voc viu? 47. Afoita ela falava. -Voc no viu? Uma bola de luz bem clara queapareceu flutuando e ia aumentando? Saa um somcomo um sussurro ou uma voz suave, que falavaque me levaria de volta para o lugar de onde vim! -No vi nada, voc est cansada. Acho de certaforma, inconciente voc procura alguma formafantasiosa para aliviar o trauma que fez vocesquecer quem . Peguei-a pelas mos e a levei ao parapeito, ondeela se debruou, eu fiquei ao seu lado, coloquei amo por trs dela sobre o ombro e a aconcheguei.Ficamos em silncio sem falarmos uma nicapalavra, ficamos apenas respirando o ar frescoquase glido da montanha, pouco depois pareciaque ela j havia esquecido o ocorrido. Ento olhopara Jasmine, ela continua em silncio, com o piscardos olhos lentos, como se tivesse em transe,olhando a paisagem que vai se revelando com oalvorecer. Foi um dia de sorte, uma curvaturaamarelo/laranja comeava tingir o mar, j estavaum pouco claro mas o sol ainda no havia aparecido. Ela ento encosta-se em mim, ento ficamosolhando esperando o sol apontar, enquanto seucontorno ia se revelando por completo ia ficandomais vivo. Agora j era possvel ver o verde da florestamais realado e vivo, avistava-se um vale rodeadopor uma exuberante montanha, olhando em outradireo avistava-se uma pequena cidade, banhadapor um brao de mar, ficamos algum tempoadmirando, era como se estivssemos revelandouma fotografia que a cada minuto vai ficando maisntida, at revelar-se um belo carto postal. 48. Ela estava to fascinada que s quando estavaclaro, que ela percebeu o som das guas. -Gozado! No havia prestado ateno nessebarulho, Passa um rio l embaixo! Mas no d paraver. Ento falei. -Deve passar algum rio sim, tem um pequenocarreiro ali. Pode ser que d l. T a fim de arriscar? Ela topou, eu fui na frente dela descendo peloestreito carreiro, ela vinha logo atrs tomandocuidado de apoiar-se entre grandes pedras, aindatnhamos que nos segurar em galhos e razes dervores para que no escorregasse-nos, pois era umcarreiro muito ngreme, mais foi bastante curto,assim que chegamos ela falou; -Puxa! Pelo barulho que fazia eu imaginei queera bem maior. Quem ouve o barulho que fazia, conforme seaproximava, realmente acharia que passava umgrande rio abaixo, mas se tratava apenas de umapequena cachoeira e o leito que formava no davamais que meio metro.CAPTULO 9Jamais existir um dia igual ao outro, pormtodos os dias so muito parecidos, o sol mal haviaaparecido e o homem que procurava uma mulher, jestava acordado, e se preparava para sair, vestiu 49. sua roupa, e calou os sapatos, pegou um pequenopente e alisou os cabelos, organizou a valise, emseguida sai do quarto, fechando-o, caminhou pelocorredor, e entregou as chaves na recepo.Uma mulher morena, com uma vasta cabeleira,estava fazendo o turno do dia.-Bom dia!-Bom dia.E entregou as chaves.-Espero que tenha tido uma noite agradvel.Ele disse;-Tive sim, muito obrigado.J na rua, ele caminhou um pouco at avistaruma lanchonete aberta, para fazer um lancherpido, entrou na primeira que avistou, sentou-se aobalco, logo uma bela jovem ruiva lhe atende.-Bom dia! o que vai querer.Nisso uma outra mulher, havia acabado decolocar alguns pasteis numa pequena estufa. Vendoaquele pasteis quentinhos lhe aguou a vontade.-Vou querer um pastel daqueles.-Caf puro, ou pingado?-Pingado?Estranhou o nome pois de onde vinha noconhecia o que era pingado.-Caf com leite.-H! sim, caf com leite por favor.Ou ele estava com muita fome ou o pastelestava muito bom, pois ainda comeu mais doispastis. Depois de satisfeito perguntou moa oquanto haveria de pagar.-Seis reais, pode pagar ali no caixa.Levantou-se e foi at o caixa, onde pagou aconta. 50. Depois de ter tomado seu caf da manh, seguiuem direo casa onde ele havia estado na noitepassada, ao chegar casa notou uma campainha eento a tocou duas vezes e esperou para ver sealgum apareceria, mas ningum atendeu, entotocou de novo, agora prolongando um pouco mais,mas de nada adiantou.Foi at o vizinho ao lado, tocou a campainha,prontamente vem uma senhora atender, mas noabriu o porto, atendeu-o pela grade.Retirou o retrato da valise e mostrou senhora.-A senhora podia me informar, se por um acasotem visto se esta moa mora nessa casa ao lado?Ela olhou por alguns segundos, e torceu acabea.-No, acho que no.Ele guardou a foto no bolso.-Pois eu toquei a campainha, no apareceuningum, uma pessoa me disse que viu ela com umrapaz cujo endereo esse.-S se for recentemente, porque no vi nenhumamulher por a nesses dias.A senhora perguntou a ele;-O carro dele est na garagem?-No, no tem nenhum carro na garagem.-Ento provavelmente no chegou, quasesempre eu escuto quando ele chega durante amadrugada, mas hoje no ouvi. -Eu agradeo,pela ateno.Ento a senhora volta para dentro de sua casa.O celular que ento estava preso sua cinturatoca, sabendo de quem se tratava, ele logo fala;-Por enquanto a nica pista que tinha, no deuresultado positivo, pois no pude localiz-la. 51. Algum que est do outro lado da linha fala.-Isso no podia ter acontecido, voc sabe o quepode acontecer.Ele responde;-Eu sei, mas o que posso fazer se no cheguei tempo de encontr-la, a cidade mais grande queimaginava se algo estranho aconteceu com ela, e euvou descobrir, no se preocupe!Parecia ser algo muito importante, pois eledemonstrava uma pequena tenso ao falar.Uma frase em tom mais ameaador ele houve.-O que aconteceu com o rastreador?-Estava funcionando at ontem a noite, o ltimosinal que recebi foi at quando cheguei umalanchonete, mas mesmo antes de chegar o sinalhavia sumido de vez. Como no vi ela, por ummomento fiquei sem saber o que fazer, ento entreipara especular, pode ser que ela tenha descoberto osinalizador, e ento o destruiu, nesse caso ela podeestar a quilmetros daqui. E desligou o telefone,que no era um telefone comum pois possua umsistema de rastreamento do tipo gps. Por via dasdvidas verificou ainda mais uma vez se nohavia algum sinal, mas no havia.Algumas perguntaslhe martelavam nacabea, o que teria acontecido ela, porque fugiriapara um lugar to longe, o que ser que ela sabia?Qualquer indagao que se fizesse seria apenasuma possibilidade, e to somente.Pegou o seu carro, e passou a circular pelacidade na tentativa de detectar algum sinal, dirigiacom apenas uma mo enquanto na outra segurava oaparelho de telefone com rastreador. Apertou umboto que ativava o sistema de aviso sonoro e 52. colocou o aparelho sobre o painel. Quando ele jestava fora do centro da cidade, em direo umbairro, um apito de curta durao pode ser ouvido.Por estar numa parte alta da cidade imaginou queessa posio facilitou a captao do sinal, quetambm logo sumiu.Mas apesar de o sinal ter sumido a sualocalizao foi memorizada. J havia parado o carrono acostamento deu uma r, jogando a traseira docarro entre o mato e numa rpida manobra mudoude sentido. Agora de frente e voltando podia vermelhor os prdios que antes havia deixado paratrs, pensou que at uma cidade grande pode teralguma beleza, principalmente se for vista de longe.Pensou no contraste da organizao humana,quantas coisas que no funcionam direito, guerras,poluio o caos e ao mesmotempoasurpreendente organizao humana, medicinaeletricidade... alimentos para todos, (pelo menospara quem tiver dinheiro).Entrou no carro ecomeou a voltar, os prdios a cada quilmetro iamficando maiores, enquanto dirigia verificou maisuma vez no aparelho a direo que deveria seguir.Ele teria que atravessar a cidade para seguir nadireo indicada, contudo a cidade era grande,fazendo com que ele demorasse um pouco entre osengarrafamentos. E para sua surpresa o sinal voltoua ser captado, e estava cada vez mais forte. Eleento percebeu que ela estava se movimentando.Assim passou ir ao encontro do sinal, e quanto seaproximava o sinal ficava forte. Pouco depois elechega ao local onde ela deveria estar. Ele estacionao carro, desce e vai caminhando, olhando para oslados para ver se avistava. 53. Mas que estranho, ele pensou, o sinal est forte,mas no havia nem sinal dela, discretamenteolhando para o aparelho ele foi andando para o localexato em que ele deveria estar. O sinal mais fortecaptado indicava um ponto de txi, onde vriostaxistas ociosos esperavam algum passageiro.Como ela no estava resolveu verificar mais deperto.Foi caminhando ao carro de onde o sinal pareciaestar vindo,enquanto continuava olhandodiscretamente no aparelho.-Ol tudo bem?-Vou bem, vai fazer uma corrida?Enquanto isso ele deu uma rpida olhada nointerior do carro.-No eu s gostaria de pedir algumasinformaes.-Por um acaso o senhor no teria feito umacorrida para uma mulher pouco tempo?-Fiz, para vrias, e como essa pessoa?-Ela jovem muito bonita, deixe lhe mostraruma foto.Retirou a fotografia do bolso e mostrou aotaxista.Ele ficou olhando um pouco, e falou que nolembrava se havia feito uma corrida para essamulher.- acho que no.-Sabe o que , essa mulher estava carregandoum prottipo de um aparelho muito caro, e umapea, essencial deve ter cado, justamente prevendoalgo desse tipo,e tambm pormotivo desegurana, todas as peas carregam um sistema derastreamento, e por algum motivo o sinal mais forte 54. indica o seu veculo. -Voc falou em pea? No seria essa coisinhabrilhante parecido com um boto? Quando viu osinalizado, falou; - essa pea mesmo, ainda bem que no o abriupois ela contm elementos qumicos, muitoperigosos. -Fique com isso! Largou a pea na mo dele, assustado. -No h o que temer desde no esteja aberta,ento ela esteve no seu carro? -No, no esteve, eu achei isso numa pia debanheiro de uma lanchonete. Eu estava tomandoalgumas cervejas com alguns amigos, quando sentivontade de ir ao banheiro, s que o banheiromasculino estava ocupado, ento o garom falouque poderia ir ao banheiro feminino, j que nohavia nenhuma mulher naquela hora, ento quandoestava lavando as mos vi essa coisinha brilhante,presa no ralo da pia, por curiosidade e com jeitinho puxei, depois sem querer acabei colocando-a nobolso, onde estava at agora, j nem lembrava mais. -Eu agradeo pelo senhor ter guardado, notanto pela pea mas pelo perigo que ela apresentaas pessoas. -No tem de que. Ele no quis perguntar qual lanchonete eleachou o transmissor, pois de certo modo j sabia,ento despediu-se do taxista. -At mais, obrigado! O taxista, apenas abaixou a cabea, aliviado porter esquecido do tal objeto, escapando assim dacuriosidade de abri-lo. Enquanto voltava para o carro, ele comea 55. analisar melhor a situao.-Agora as coisas esto comeando a fazersentido,provavelmente quando ela estava nobanheiro, percebeu que havia algo estranho noboto de sua roupa, ento a rasgou tirou e jogou napia do banheiro, a umidade ento fez com quedeixasse de funcionar, voltando e emitir o sinaldepois de seco.Enquanto entrava no carro lhe vem a lembranade como isso tudo comeou.Ela trabalhava em uma empresaque fazpesquisas e experimentos qumicos. Durante umaetapa de testes, um pequeno frasco contendo umasubstncia recentemente pesquisada que foiproduzida com a mistura de vrios produtosqumicos e at mesmo genes animais e que seestava sendo testada uma provvel aplicao,escapou de sua mo e caiu no cho, espatifando-see espalhando o produto, com a queda produziu umvapor, mesmo estando dentro das normas desegurana, havia sido exposta ao produto.No ambulatrio dentro da firma ela ficoudesacordada por alguns minutos, depois querecuperou-se ficou sob quarentena, enquanto osmdicos vigiavam, como no teve nenhumaconsequncia aparente, aps a quarentena elavoltou ao seu posto de trabalho e assim continuouseu trabalho normalmente por algum tempo. Depoisde algum tempo, comeou aconteceu dela deixarde fazer coisas rotineiras, ficava por longo tempo emsilncio, outras vezes quando chamavam ela norespondia ficando imvel, noutras trabalhava horassem parar superando seu ritmo normal, como setivesse sobre efeito de estimulantes, houve tambm 56. casos que ela esquecia o nome de seu prpriocolega de trabalho. Percebendo o que estavaacontecendo os chefes aconselharam que ela fossetransferida de setor, porque poderia causar maisalgum acidente.Apesar dela ser um pouco jovem j estava muitoavanada em relao as outras pessoas de suaequipe, todos sabiam que ela teria uma carreirapromissora pela frente, e erauma excelenteprofissional. Por receio de que ela possa estarsofrendo algum efeito retardado da exposio aoproduto qumico, apesar dela insistir que estavabem, decidiram que ela deveria ser vigiada deperto, porque ela poderia sem querer espalhar anotcia que um acidente, liberou produto txico, seisso chegasse a imprensa, poderia trazer sriasconsequncias. Mas no retiraram completamentedo seu trabalho, aps os acompanhamentos mdico,ela voltava ao seu posto de trabalho, mas dedicandoas experincias mais simples, que no envolviamriscos. Eles haviam lhe explicado que ela poderiaestar tendo alguma reao exposio qumica, eseria bom evitar contato com as outras pessoas, elaestava ciente disso e entendeu e aceitou as novascondies propostas. Ela passou ficar na empresarecebendo tratamento,no estava confinada empresa, ela tinha liberdade para sair fazercompras, lanches, mas deveria sempre avisar, eassim foi sucedendo-se. Algumas vezes ela pareciato normal trabalhando com seus experimentos, quenemse importavacom seu temporriorebaixamento profissional.Ento numa tarde tranquila ela passou peloporteiro, fez um sinal pondo a mo na barriga, 57. insinuando que estava com fome em seguida fez umgesto com a mo que j voltava e saiu. O porteirobalanou a cabea e sorriu para ela pois era queridade todos, o porteiro imaginou, como ela sugeriupelos gestos, que ela iria comprar algo para comer. O porteiro estava to acostumado com o entra esai dela, que no percebeu que ela no tinhavoltado. J era bem tarde, quando chega um outrofuncionrio da empresa perguntando ao porteiro porela. Ele respondeu; -Ela no voltou? Ela saiu para fazer um lanche,mas isso foi a mais de trs horas, eu achei que elatinha voltado. Rapidamente ele retorna para dentro daempresa, para avisar aos seus superiores que elapoderia ter algum problema... Ento fui incumbido de procur-la. Aqui estava e para ele no havia mais o quefazer pois definitivamente no teria como encontr-la sem o sinalizador. Ligou para o seu superior, lhe informando sobrea situao atual. -Senhor, no h mais como encontr-la, euencontrei o sinalizador e est comigo, de algumaforma ela descobriu e livrou-se dele. Lhe ocorreu ento de perguntar: -O computador que ela usava est ligado emrede? -Todos os computadores da empresa estoligadosem rede, por qu? -De repente me deu uma curiosidade de saber o 58. que ela estava fazendo.-Ela no estavatrabalhandoem nadaimportante, ns separamos do projeto principal.-Se o que me veio na cabea, for verdade, osenhor poder ter uma surpresa. Me passe oendereo eletrnico dela, que eu vou procurar alugarum terminal.Logo em seguida o seu chefe lhe passa oendereo eletrnico, ento ele sai procura de umcomputador.Em poucos minutos ele encontra um clube, ondejovens se reuniam para se divertirem com jogoseletrnicos.Perguntou ao dono do estabelecimento se haviaalgum computador ligado internet.-O senhor poderia me informar se h algumcomputador que eu possa alugar e acessar ainternet?-Todos os computadores so ligados a rede,todos os jogos so realizados com participao deoutros jogadores via internet, se quiser usar praoutras coisas tambm alugo.-Que bom era disso que precisava!Aps acomodar-se numa cadeira, ele ativa ocomputador, que estava em espera, entra nonavegador e digita o endereo, demorou um poucomas logo ele est no servidor principal da empresa eque exibe um belo logotipo.Numa janela que se abre ele digita mais umendereo que no acessvel estranhos, somenteao digitar sua senha, aparece outra janela onde umgrfico mostra todos os outros computadores daempresa. Ele procura o cone do computadorreferente ao que ela estava trabalhando, uma 59. mensagem aparece solicitando uma outra senha.Bateu com as mos fechadas sobre a mesa, poiscertamente s ela sabia a senha e como no eramuito entendido em computador ele no conseguiriater acesso aos arquivos. Mas isso no passou desapercebido, pois logoapareceu um rapaz esquisito meio narigudo. -Problemas, no consegue acessar? -Pois , no consigo acessar sequer ocomputador da empresa onde trabalho. Ele olhou para o monitor e falou. -Est protegido por senha, voc s vai conseguirse pedir emprestado a senha. -Sem chancea dona docomputadordesapareceu, isso que estou tentando fazer,encontr-la. -Voc no entendeu, eu posso conseguir asenha, por uma pequena contribuio para osmenores. -H! Ento voc um racker, mas no se parececom os racker`s que aparece na tev. - que estou disfarado. -Mas voc parece normal. ] -Pois estou disfarado de uma pessoa normal,quem que vai desconfiar? Mas antes lhe aviso ilegal e se alguma coisa acontecer, eu nem mesmosei mexer em computador, negarei tudo e qualquercoisa. -Quanto? -Cinquenta, t bom? -Pode comear. Saiu da cadeira e deu para o rapaz sentar-se, eleretira um pequeno cddo bolso e coloca nocompartimento de cd do computador. 60. -Essa belezinha nunca me deixa na mo. Logo na tela do computador aparece uma janelacom as inscries: iniciando o programa, um novoprograma se abre, ele aperta uma tecla que abreuma tela com letras inteligveis, fecha-se ento,abrindo outra que comea mostrar a letra x umaaps outra, indicando que algo estava emandamento. O racker falou pra ele relaxar que ia demorarum pouquinho. Aps alguns minutos, alguns nmeros comeam passar rapidamente. Ento para e na tela aparece a possvel senha.Ele anotou num papel para no esquecer. Entoretira o cd do compartimento e guarda no bolso, efala; -Aqui est a senha. Ficou com o papel na mo, insinuando quedeveria receber. O investigador ento pega a carteira, retiracinqenta reais e d ao racker, e pega o papel. -Obrigado peladoao as crianasagradecem. Ele deu uma olhada ao racker comose quisesse dizer cara de pau, e balanou acabea negativamente. - para as crianas sim, eu tenho filhos... Deu um leve sorriso, voltou sentar-se. Abriu acaixa onde aparecia para digitar a senha, e assim ofez. Logo teve acesso aos arquivos dela. Ento ele falou ao ,racker; -Valeu, voc bom mesmo! -No tem de que, a gente se v por a. Comeou a procurar pelo correio eletrnico, praver se achava em alguma mensagem uma possvel 61. pista, entre umas e outras mensagens no achounada suspeito. Resolveu ver em que pesquisaela estavatrabalhando, entre formulas e grficos tambm noachou nada interessante. Ento havia uma pastaonde estava escrito eureca, e achou curioso,quando tentou ver o contedo clicando na pasta,havia dois arquivos executveis, eram algumprograma, ficou pensando no qual ele iria abrirprimeiro, ento clicou em um cone em forma deuma lmpada do aladin. Ento aparece uma caixadizendo: Digite a senha. Ento ele digita a mesmasenha que ele usou antes. Outra mensagem pediupara confirmar, ele confirmou. Ento aparece outracaixa onde dizia: senha invlida, acesso noautorizado, apagando todos os arquivos. Uma barraaparece indicando o andamento. Apertou a teclaEsc. para abortar, mas nada adiantou Ele passou desconfiar que ela no era tosanta como parecia, ficou pensando que ela estavafazendo algo sem o conhecimento da empresa, spoderia pois chegou restringir o acesso aocomputador ponto de chegar apagar o contedodo disco caso fosse violado. J no havia mais o que procurar, mas comcerteza alguma coisa estranha estava acontecendoe ele estava decidido a descobrir e falou consigomesmo; -Vou ter que voltar ao comeo e tentar localizaro homem que estava com ela. Levantou-se foi at o balco onde pagou umapequena taxa pela utilizao do computador, e saiu. -Como no pensei nisso antes? Se o sinalizadorfoi achado na lanchonete, prova que ela esteve l, e 62. se ela esteve l, foi ela mesmo que o garom viuacompanhada de um homem, vou ter que tentarachar o homem.Enquanto voltava ao carro, ficou tentado invadir a casa, do suposto homem que estava emcompanhia dela, para ver se conseguia encontraralguma coisa que pudesse indicar seu possvelparadeiro.Voltou ao veculo e se acomodou, colocou aschaves na ignio dando a partida em seguida,arrancou, j com rumo decidido.Pouco depois ele se encontra no bairro onde elej havia estado de manh, algumas quadras a maisele chega na rua, ento ele para o carro, um poucodistante da casa, desliga o motor, mas no sai, dedentro do carro ele fica olhando para ver se halguma movimentao na casa. Nota que a luz queestava acesa na noite anterior continuava acesa. Eleliga o rdio, enquanto ouve uma msica, fica poralguns minutos olhando, como no viumovimentao alguma decidiu sair do carro,atravessou a rua e foi discretamente andando pelacalada, quando chegou perto percebeu o que eleno tinha visto antes, havia algumas cartas na caixado correio que no haviam sido corretamentecolocada, ento diminuiu os passos, quando chegoubem prximo da caixa puxou os envelopesrapidamente e colocou-os no bolso, continuouandando at a esquina, atravessou a rua e voltoupara o carro, entrou no carro e arrancou.Procurou uma outra rua menos movimentada, enovamente estacionou, ento pois se a verificar osenvelopes, primeiroverificou onomedodestinatrio, todas as cartas estavam endereadas 63. mesma pessoa, que provavelmente seria o supostohomem que estava com a mulher, mas no abriu osenvelopes, to somente um que lhe interessou queera a fatura de telefone. Abriu o envelope e passou aolhar as chamadas telefnicas que ele haviarecebido, pensou que pudesse reconhecer algumnmero, mas no havia nem um conhecido.De posse da fatura telefnica, ele pegou o seuprprio celular e discou para o nmero principal dacasa, insistiu vrias vezes, o telefone chamava, masningum atendia, com certeza ele no est em casa,estava tentado invadir a casa, j que pelo vistono havia ningum, mas desistiu, escolheu um outronmeroediscou,logo algum atende,cumprimentou e perguntou quem estava atendendo.A pessoa mostrou-se receptiva, falou que estava procura de um amigo seu, arriscou o nome queestava na fatura e perguntou;-Como eu disse ele um velho amigo, vim fazeruma visita ele, mas no o encontrei em casa, jliguei tambme ningum atende o telefone, o vizinho dele medisse que vocs so conhecidos e poderiam meinformar melhor.Arriscou umas mentiras e deu certo, a vozamigvel fala do outro lado da linha.-Conheo, sim somos parentes, eu no sei ondeele se encontra, mas posso te dar o nmero docelular dele.-Seria muito gentil de sua parte.-Tenho dois nmeros, um dos dois o dele, temuma caneta a?-Tenho sim, pode falarEnquanto prendia o celular pelo ombro pegou 64. uma caneta, e anotou os nmeros do celular napalma da mo. Literalmente com os nmerostelefone na mo, ele disca o primeiro, 91052134 emseguida ouve o tom indicando que estavachamando, esperou um poucomas ningumatendeu. CAPTULO 10Jasmine levou a mo pequena cachoeira efalou;-Nossa! Como gelada, e to cristalina.Juntou as mos em forma de cuia, e encheu degua e jogou no rosto, logo depois ela enche denovo a mo e ento toma alguns goles. A guaescorria pelo vo dos dedos, voltando para opequeno leito. Eu tambm enchi as mos de guapara beber, enquanto molhava a cabea pra ver sepassava um pouco o cansao, apesar de ser umapequena cachoeira a gua jorrava com fora devidoa altura que vinha, os respingos escorriam pelo meupescoo molhando parte da minha camisa. Emoutras condies, provavelmente molharia Jasmine,mas ainda era cedo e ainda no havia esquentadoento descartei a ideia , pois quem acabaria saindomolhado da brincadeira seria eu mesmo, e no tinhanem uma roupa de reserva.Subindo de volta ao mirante, ouvi bem distanteum som de telefone chamando, e achei estranhopois o telefone estava no carro e a distancia que ocarro estava, no era para se ouvir, continueisubindo, me agarrando em razes e pequenos 65. troncos, pouco frente de Jasmine, de vez emquando parava para ajud-la, subir era mais difcildo que descer.De novo no mirante, vou ao carro verificar otelefone, peguei o telefone e olhei no visor, percebique no havia nenhuma chamada perdida.Estranho... Quando j estava colocando o telefonede volta sobre o painel, ele toca, me dando umpequeno susto, fiquei intrigado imaginando at queestava ficando doido pois pouco antes achava quetinha ouvido o telefone tocar e no havia e agoraque toca ningum responde.-O que aconteceu? Perguntou Jasmine.-Algum ligou mas no falou nada, pode ter sidoengano, e nem deve ser importante pois o nmerono de algum que eu conhea, e se forimportante, no tardar religar.Foi uma manh diferente de todas que j passei,e estava feliz como pouca vezes.-Vamos embora? Precisamos descansar, nemtudo alegria ainda temos que procurar solucionar oteu problema.-Mas j? O mar daqui parece verde, pena queest longe.-Que pique que voc tem, parece que no sentesono.Estava mesmo cansado, mas, sabe l quandoque vou poder fazer isso novamente, normalmentesou um cara difcil de dizer no e nem seria agoraque iria dizer.-Vamos fazer o seguinte, ns vamos voltar porum outro caminho, mais longo, mas a estrada melhor, vamos pelo menos poder passar pela praia.Peguei na mo dela e puxei para o carro 66. -Voc vai me levar pra ver o mar, mesmo?-U? Voc no quer ir?-Quero, no precisa ser hoje, eu sei que vocest cansado vamos numa outra oportunidade.-Agora j me decidi, e se eu resolvo fazeralguma coisa e acabo no fazendo fico muitofrustrado.Ela abriu aquele sorriso tpico , que todomundo j viu e conhece, daquele que desmanchaa gente, deixando-nos indefeso como um coelhopara uma ona.Ela olhou para mim e percebeu em mim um sutilsorriso, e ento me perguntou;-Por que voc est com esse sorriso estranho?Eu falei;-Nada s bobagens que veio na cabea.Na verdade estava pensando que se ela mefalasse que era um demnio, se bem que algumasmulheres se comportam como tal, fazem o quequerem de seres indefesos chamados homens, eme pedisse para leva-a at o inferno, meiocontrariado, provavelmente levaria.Entramos no carro, liguei o som para relaxar, emseguida dei a partida, ns estvamos bem no alto daserra, ento continuamos descer, bem devagar,pois a estrada estreita e cheia de curvas. Logoabaixo em alguns trechos, a estrada seguia ocontorno de um rio pedregoso, aonde fosse o rio aestrada o seguia, ntimos, que pareciam-senamorados. Mais um pouco frente algumaspessoas, com seus instintos ancestrais primitivosaflorados faziam um pequeno acampamento.Passamos por dentro da cidade que havamosvisto do alto da serra, era uma cidade muito antiga 67. quase da poca do descobrimento, mas noparamos, passamos direto em direo outra cidadeque era banhada pelo mar, afinal ela queriaconhecer o mar.Alguns minutos depoisj estava-nosaproximando da baa,atravessamos o pequenocentro da cidade, e entramos numa avenida quechamavam de avenida beira mar, aps uma curvaj era possvel ver o mar, grandes ondas morriam naareia da praia, ainda no carro andamos mais oumenos dois quilmetros de praia deserta, sem vernenhuma pessoa, afinal ainda era cedo e numdomingo, quando as pessoas dormem at maistarde. Estacionei o carro, e fomos caminhando naareia da praia, at bem prximo de onde as ondasmorriam, Jasmine agachou-se e retirou o tnisamarrou-o um no outro com o cardao, tambm fiz omesmo e continuamos caminhar pela praia,estvamos andando juntos de braos dados, elabalanava o tnis, demonstrando estar muito feliz.Uma onda um pouco mais forte fez com que a guamolhasse nossos ps, ento ela me abraou-se minha cintura, como se procurassesegurana,talvez porque a gua estivesse gelada ouprovavelmente por puro charme e sorriu. Se eunovamente procura-se palavras para explicar asensao que sentia provavelmente no conseguiria.Fomos at uma grande pedra que dividia a praia,mas no transpassamos, resolvemos voltar dali,ela ficava fascinada, com a beleza do mar que agoraparecia mais azulado do que verde, ela fazia questode andar por onde a onda chegava, cada novaonda as marcas de nossos ps que ficavam na areiadesapareciam. 68. Lembrei-me de quando numa reportagem umhomem falou que a atrao que o ser humano tempelo mar, pelo fato de a vida ter surgido nele.Faltava bastante para chegar aocarro, ela saicorrendo na areia erguendo os braos como seestivesse agarrando vida, eu continuei lentamente,ela parecia to feliz, vi de longe quando ela chegoue encostou-se no carro enquanto me esperaria.CAPTULO 11A noite havia acabado e era domingo, e ohomem que havia bebido algumas cervejas com oscolegas, j havia levantado, mesmo aps ter idodormir tarde. Parecia muito bem, ao contrrio do quedeveria aparentar aps uma noite de bebedeira.A sua esposa j tinha preparado o caf, e seusdois filhos estavam na mesa. Aps ter tomado umbanho, foi at a cozinha, e beijou a sua esposa.-Nossa! O que aconteceu? parece radiante.-No sabia que beber, fazia to bem -Falou aesposa-No bebi tanto, mas me diverti muito ontem noite, com alguns colegas. Antes disso eu noestava legal.-O que aconteceu?-Alguns amigos me encontraram e fomos bebercerveja, foi l que esqueci de procurar sentido praminha vida, agora percebo que se a gente procurarrazo pra vida, perder a vida procurando ecertamente no encontrar.Ela falou.-Explique melhor.-Estava meio deprimido, sempre fico ouvindo 69. promessas de eternidade to vazias, que nuncapude acreditar nelas, as pessoas pregam uma coisa,mas fazem tudo ao contrrio. -No estou entendendo. -Bebendo com meus amigos eu me senti maishumano, eu sorri, eu bebi eu esqueci. Isso que viver. Como aquele p de feijo que nasceu narachadura da calada, ele no pediu pra nascer,mas ali o est. O sobrenome que eu carrego e quevem de geraes. Quando eu cheguei noite vivoc e nossos filhos dormindo. Ento percebi. -O que voc percebeu? -Por exemplo; quando eu leio uma estria, como se eu incorporasse o personagem, como elese materializasse dentro de mim, s ir morrer nodia em no houver mas nenhuma pessoa para ler,eu mesmo poderia criar um personagem, e lhe darvida. As pessoas confundem esprito com algumaespcie de aura que acompanha todas pessoasmesmo aps a morte, espirito o que est dentro dens, o que nos faz mais criativos, bondosos oumesmos mal. A alma existe dessa forma, no daforma que a gente quer ou como sugerem osreligiosos. A alma a prpria vida, est em tudo oque vivo, a eternidade est em uma nova muda,em cada filho que perpetua nosso nome, nossamemria. A eternidade est na semente que cai no