o direito ambiental e sua autonomia atual

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O Meio Ambiente como objeto, seus aspectos , seu conceito e sua natureza jurídica; as fontes e o conceito de D.A à luz da Teoria Tridimensional

O debate acerca da autonomia:

- O conceito de “ramo” do Direito é discutível, pois implica a existência de setores estanques e um “paralelismo” entre os ramos do Direito.

- O D.A anteriormente visto como parte de ramos do Direito (Urbanístico, Administrativo etc.)

- A transversalidade do D.A

- O D.A. não se situa em “paralelo” a outros “ramos” do Direito... É um direito de coordenação... Impõe aos demais setores do universo jurídico o respeito às normas que o formam, cujo fundamento se encontra na C.F.(Paulo de Bessa Antunes).

Para efeitos didáticos: os principais “requisitos” para se reconhecer a autonomia de um ramo do Direito são o conceito, o objeto, as fontes e os princípios.

Art. 225, caput, da C.F.: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida...

Ao proclamar o M.A. como “bem de uso comum do povo”, foi reconhecida a sua natureza de “direito público subjetivo”... Exigível e exercitável em face do próprio Estado, que tem também (junto c/ a coletividade) a missão de protegê-lo (Edis Milaré)

O bem ambiental não pode ser classificado como bem público (aqui, no sentido, dominial; portanto, estatal), nem como bem privado

Trata-se de uma terceira categoria... Numa faixa intermediária entre o público e o privado, denominando-se bem difuso

Esse bem pertence a todos e a cada um Não há como identificar um titular específico Seu objeto é insuscetível de divisão (Luis

Paulo Sirvinskas)

M. A. natural (ou físico): solo, água, ar, flora, enfim a interação dos seres vivos com o seu meio.

Art. 3º. Lei 6938/81: o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (conceito legal)

M. A. artificial: espaço urbano construído:

Conjunto de edificações (espaço urbano fechado) e

e equipamentos públicos (ruas, praças, parques...espaço urbano aberto)

M.A. cultural: patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico (que têm valor especial para um determinado povo ou comunidade)

Art. 216 (CF) - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

M.A. do trabalho – o local onde se desenrola boa parte da vida do trabalhador, cuja qualidade de vida está, por isso, em íntima dependência da qualidade daquele ambiente.

Art. 200, inciso VIII da C.F.

Art. 200 - Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

As viúvas do silêncio: silêncio e dor se multiplicam nos campos brasileiros:

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/silencio-e-dor-se-multiplicam-nos-campos-brasileiros-1.269133

O veneno está na mesa: https://www.youtube.com/watch?v=V9KJyR9hxJI

O veneno está na mesa II: https://www.youtube.com/watch?v=fyvoKljtvG4

O Meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, artificais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas

Fato (s)

– de maneira geral, a vida humana que necessita de recursos ambientais, a superexploração destes, a atual crise ambiental planetária (que se manifesta pelas mudanças climáticas, extinção das espécies, desertificação etc.);

- de maneira específica, os casos de poluição, desmatamento, degradação etc.

. Valor (ou valoração): Antropocentrismo vs. Ecocentrismo (ou Ecologia Profunda ou Biocentrismo)

Ecologia Profunda: não separa os seres humanos do ambiente natural... Vê o mundo como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e são interdependentes; reconhece o valor intrínseco de todos os seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fio na teia da vida (Capra, citado por MoratoLeite)

No campo do Direito, traz novas categorias, como a do direitos subjetivos de animais e plantas

Antropocentrismo economicista (economicocentrismo): reduz o bem ambiental a valores de ordem econômica, fazendo com que qualquer consideração ambiental tenha como “pano de fundo” o proveito econômico pelo ser humano.

Antropocentrismo alargado: centra a preservação ambiental na garantia da dignidade do próprio ser humano, renegando uma estrita visão econômica do ambiente..., que é visto como elementar à vida humana digna.

SER HUMANO = parte consciente da NATUREZA (a natureza com a consciência de si mesma)

“Humanismo não antropocêntrico” (Carlos Walter Porto-Gonçalves)

Valor autônomo do meio ambiente:

A CF adotou o antropocentrismo alargado, porque considerou o ambiente como bem de uso comum do povo, fornecendo-lhe o caráter de macrobem.

Nessa concepção, o ambiente passa a ter um valor intrínseco. Se todos são titulares e necessitam do bem ambiental para sua dignidade, o ambiente ... passa a ser encarado como bem de valor intrínseco... sendo necessário para a qualidade da vida humana.

Ética global ou planetária (que se contrapõe à ética predatória): “age de tal maneira que tuas ações não sejam destrutivas da Casa Comum, a Terra, e de tudo que nela vive e coexiste conosco” (Leornado Boff)

Norma: procura regular a relação da(s) sociedade(s) humana(s) com o meio ambiente, em seus aspectos natural, artificial, cultural e do trabalho, de forma sustentável, a partir de uma ética planetária e de solidariedade com as atuais e futuras gerações (J.A.T.M).

Conceito:O Direito Ambiental é a norma que, baseada

no(s) fato(s) ambiental(is), estabelece os mecanismos normativos capazes de disciplinar as atividades humanas em relação ao M.A. (Paulo de Bessa Antunes)

- FONTES MATERIAIS:A ciência (descobertas científicas)Os movimentos sociais e ecológicosA Doutrina

- FONTES FORMAIS:A Constituição Federal, as leis, os atos

internacionais, as normas administrativas (decretos, portarias e resoluções dos órgãos colegiados, do CONAMA(http://www.mma.gov.br/port/conama/), em especial, e a Jurisprudência.

João Alfredo Telles Melo

Professor de Direito Ambiental

Faculdade 7 de setembro