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O debate previdenciário à luz da MMT David Deccache Doutorando em Economia (UnB) e Assessor Técnico na Câmara dos Deputados Apresentação realizada na Pós Graduação em Economia da UFPR

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O debate previdenciário à luz da MMTDavid Deccache

Doutorando em Economia (UnB) e Assessor Técnico na Câmara dos DeputadosApresentação realizada na Pós Graduação em Economia da UFPR

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1. Breve panorama da Previdência SocialRegras de cálculo e acesso

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REGRAS BÁSICAS

REGRA ATUAL NOVA REGRA

Aposentadoria por idade H: 65 M:60

Tempo de contribuição mínimo de

15 anos

H: 65 M: 62

Tempo de contribuição:

H = 20* e M = 15

Aposentadoria por tempo de

contribuição

Tempo de contribuição:

H: 35 M: 30

Incide fator previdenciário

Deixa de existir. Continua apenas

na transição

Por contribuição com a regra de

cálculo 86/96

-> Cálculo para a integralidade.

-> Sobe para 90/100 em 2026

Soma de idade e tempo de

contribuição deve ser:

H: 96

M: 86

Deixa de existir. Continua apenas

na transição

Regra de cálculo geral Base de cálculo: 80% da média das

maiores contribuições.

Cálculo: 70% da base+ 1% por

cada ano de contribuição.

Base de cálculo: todas as

contribuições.

Cálculo: 60% da média + 2% a.a

que exceder 15 anos p/ M e 20 p/ H

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Sobre a nova regra de cálculo

•Para homens e mulheres, o “desconto” para quem tem 20 anos de contribuição era de 10% em cima de uma base maior. Agora passa a ser de 40% para homens e 30% para mulheres em cima de uma base menor.

•O tempo para a “integralidade” subiu de 30 anos para 40 no caso dos homens e 35 mulheres

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Exemplo ilustrativo das mudanças nas regras de cálculo

• João começou a trabalhar aos 15 anos de idade como ajudante de pedreiro. Em alguns momentos da vida, conseguiu trabalhar com carteira assinada e hoje, com 65 anos, após meio século de trabalho, conseguiu somar 31 anos de contribuição. Além disso, nos primeiros anos contribuiu em cima de um salário mínimo e no restante com base em 2 salários mínimos.

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Cálculo pela regra atual

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Cálculo pela regra da PEC 06/2019

•Os 31 anos de contribuição garantem 82% da média dos benefícios. (60% dos 20 primeiros anos + 2% x 11 anos). A média de contribuição foi de R$ 1244,40. Contudo, João terá direito a 82% deste valor: 0,82 x 1244,40 = 1.020,08.

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APOSENTADORIA ESPECIAL

• Até a aprovação da PEC 06/2019 não havia exigência de idade mínima para a aposentadoria especial por motivos óbvios.

• A nova regra impõe o seguinte:

• Para os trabalhadores que comprovem 15, 20 ou 25 anos de contribuição em exercício de atividades com efetiva exposição a agentes nocivos químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, nos termos dos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, as idades exigidas serão de 55, 58 e 60 anos, respectivamente

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APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

•Hoje a regra de cálculo de benefício representa 100% da base de cálculo. Pela nova regra o benefício passará a ser de 60% mais 2% por ano de contribuição que exceder 20 anos multiplicado pela média das contribuições (caso o fato ocorra fora daatividade laboral)

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PENSÃO POR MORTE

•Se a pensão for gerada por morte de aposentado, ela será equivalente a uma cotafamiliar de 50% desse valor mais cotas de 10% para cada dependente.

•No caso de servidores públicos da União, do valor que exceder o teto será pago 50% mais 10% por dependente.

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ABONO DO PIS SÓ PARA QUEM GANHA ATÉ R$ 1.364,43

•Hoje, o abono abrange trabalhadores que ganham até dois salários mínimos

•Além disso, o valor do benefício passa a ser de até um salário mínimo. Ou seja, o salário mínimo passa a ser o teto do valor a ser recebido, podendo ser reduzido por portaria ministerial

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Foram retirados do texto por conta da pressão popular:

• 1. O sistema de capitalização

• 2. A contribuição para a aposentadoria rural

• 3. A redução do valor do BPC

• 4. O tempo de contribuição de 20 anos para mulheres

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2. Panorama estatístico e demográfico

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2. Retrato Estatístico da Previdência Social

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000

< 1

= 1

1 -| 2

2 -| 3

3 -| 4

4 -| 5

5 -| 6

6 -| 7

7 -| 8

mais de 8

Milhares de benefícios

Va

lore

s,

em

Sa

lári

os

Mín

imo

s

< 1 = 1 1 -| 2 2 -| 3 3 -| 4 4 -| 5 5 -| 6 6 -| 7 7 -| 8 mais de 8

Urbanos 696,4 8.395,2 5.868,9 2.875,0 1.812,8 784,1 310,8 3,3 2,1 3,0

Rurais 79,9 9.388,9 68,0 6,8 1,8 0,6 0,1 0,0 - -

Assistenciais 9,5 4.751,5 0,0 - 0,0 - - - - -

37,25% 41,66% 21,08%

0,0%

0,0%

0,0%

0,9%

2,2%

5,2%

8,2%

16,9%

64,3%

2,2% – 785,7 mil pessoas: < 1 SM

22,5 milhões de pessoas: 1SM

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Valor Médio Real dos Benefícios Emitidos do Regime Geral de Previdência Social (2011 a 2018) Média de Janeiro a Dezembro de cada ano – Em R$ de Dezembro/2018 (INPC)

1.264,19

1.312,45 1.332,35

1.339,61

1.325,02

1.355,47

1.412,14

1.404,67

1.250,00

1.300,00

1.350,00

1.400,00

1.450,00

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

R$

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0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 2020 2030 2040 2050

Evolução Demográfica

Razao Dependencia total

Razao Dependencia de menores de 15 anos

Razao Dependencia de idosos - 60 anos ou mais

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Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Resultado

Previdenciário em relação ao PIB (Em %) –

2003 a 2017 – URBANO

4,5 4,6 4,85,0 5,0 5,1

5,3

5,35,5 5,6 5,6 5,7 5,7 5,6 5,5

5,0 5,25,5 5,5 5,5

5,1 5,3

5,1 5,0 5,1 5,2 5,3

5,6

6,36,6

0,5 0,6 0,6 0,6 0,50,0

0,00,2

0,5 0,5 0,5 0,4

0,1

0,71,1

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Arrecadação Líquida Urbana / PIB Benefícios Previdenciários Urbano / PIB Resultado Previdenciário Urbano / PIB

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Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Resultado

Previdenciário em relação ao PIB (Em %) –

2003 a 2017 – RURAL

0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1

1,2 1,21,3

1,3 1,31,3

1,5 1,4 1,41,5 1,5 1,5

1,6

1,8 1,8

-1,0 -1,0-1,1

-1,2 -1,2-1,1

-1,3 -1,3 -1,3-1,4 -1,4 -1,4

-1,5-1,7 -1,7

-2,0

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Arrecadação Líquida Rural / PIB Benefícios Previdenciários Rural / PIB Resultado Previdenciário Rural / PIB

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Composição das Receitas, Despesas e Resultado

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3. Argumentos convencionais acerca da urgência e inevitabilidade da reforma

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Os três níveis de “argumentação”

• 1. Ideológico

• 2. O estranho surto de altruísmo no combate às desigualdades

• 3. Macroeconômico / Contábil / Demográfico

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2.1 Argumentação ideológica

• Os que optam pela centralidade dos regimes de repartição costumam partir do pressuposto de que o mercado laboral é endogenamente injusto e que o estoque de riqueza acumulado pelos indivíduos sofre forte influência de fatores meramente patrimoniais, como heranças. Desta forma, o regime de repartição seria eficaz em reparar a desigualdade gerada tanto no mercado de trabalho quanto pelo estoque de riqueza hereditária.

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2.2 Combate à desigualdade, surto de altruísmo ou malabarismo estatístico?

• “Mas a triste realidade ignorada por Piketty e coautores é que são os brasileiros mais instruídos, das ocupações mais produtivas e das regiões mais industrializadas que se aposentam muito mais cedo do que os demais. A empregada doméstica, o pedreiro ou o gari se aposentam 10 anos depois do patrão: possuem idade mínima de 65 anos,enquanto a média da aposentadoria por tempo de contribuição é de 55.” (Nery, Tafner e Fraga)

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Porém...

• Essas informações são absolutamente falsas!

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Porém...

• Em 2017, os 10% mais pobres possuíam uma renda abaixo de R$ 187 per capita. Portanto, para estar nessa condição, um aposentado que recebesse um salário mínimo (R$ 937) teria que sustentar uma família de cinco pessoas, sem qualquer renda adicional.

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Porém...

... o aposentado que recebe R$ 1.603 está entre os 20% mais ricos!

... A previdência reproduz parte da desigualdade proveniente do “mercado” de trabalho.

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Por fim, 82,16% de todos cortes de benefícios recairá sobre o regime geral e o abono salarial.(benefício médio do RGPS em torno de R$ 1.400,00)

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2.2 Argumentos “econômicos”

NÍVEL 1

1º Déficit do setor público é causado, principalmente, pelo déficit da previdência social.

2º Com isso, a previdência fará a dívida aumentar de forma insustentável e o setor privado exigirá juros cada vez mais altos para continuar financiando o governo.

3º Com juros crescentes, as despesas financeiras também irão se acelerar, elevando ainda mais a “fragilidade financeira do Estado” até o ponto que ele não consiga mais se financiar: Calote e inflação!

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• NÍVEL 2

• A previdência social robusta faz com que as famílias não poupem, o que eleva os juros e reduz investimentos. É preciso de uma ampla reforma da previdência para elevar a poupança das famílias, de forma a reduzir as taxas de juros e elevar investimentos.

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• NÍVEL 3

• A transição demográfica tornará a razão de dependência explosiva se nada for feito. Haverá poucos trabalhadores para financiarem a aposentadoria de muitos idosos.

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3. Há alternativa?Uma análise baseada na Teoria Monetária Moderna (MMT)

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EATWELL (2002) – A ANATOMIA DA CRISE DA PREVIDÊNCIA

•PN = (S + T) YW

•N/W = RY/P

• Derivando...

•n – w = r + y – p

• Onde P é a aposentadoria média per capita anual; N o número de

aposentados; W a população ocupada; Y o produto per capita da população

ocupada (ou produtividade) e W a população ocupada. Consideramos (S +T)

= R, que é a renda não consumida.

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A “CRISE” NA PREVIDÊNCIA, SEGUNDO EATWELL

•A dita crise ocorre quando n > w , ou seja, quando o crescimento da população de aposentados é mais rápido do que o da força de trabalho.

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AS CINCO VARIÁVEIS CHAVES DO MODELO

• -> taxa de crescimento da população aposentada

• -> taxa de crescimento da força de trabalho

• -> taxa de crescimento da produtividade

• -> taxa de crescimento do valor real da aposentadoria média

• -> média ponderada das taxas de crescimento dos impostos e da taxa de poupança

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Razão de dependência

• Razão de dependência de uma população mede a razão entre a população economicamente dependente e a população economicamente ativa.

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Razão de dependência

1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 2020 2030 2040 2050

RazaoDependencia

total 87,5 85,5 90,2 89,3 79,7 71,7 61 55,2 50,9 55,5 63 75,1

RazaoDependencia de menores de 15

anos 79,9 77,6 81,1 79,7 68,8 59,9 48 39,7 30,3 26,4 24,2 23

RazaoDependencia de idosos - 60 anos

ou mais 7,6 7,9 9 9,6 10,9 11,8 13,1 15,5 20,6 29,1 38,7 52,1

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Como a MMT pode contribuir com o debate

• 1) Tributos não financiam os gastos públicos, logo as contribuições sociais não financiam a previdência social. Trata-se de mero artifício contábil.

• 2) Um governo monetariamente soberano não pode ir à falência na própria moeda que emite.

• 3) O desafio, portanto, é a transição demográfica: e isso independe de regime, seja de repartição ou capitalização; público ou privado!

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Possíveis soluções para o desafio demográfico

• 1) Não desperdiçarmos o final do bônus demográfico. Temos que garantir o pleno emprego de fato!

• 2) Construir, a partir das vantagens demográficas que ainda temos, uma estrutura produtiva mais sofisticada, de modo a elevar a produtividade no futuro

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• 3) Promoção de políticas universais de apoio às famílias (creches públicas em tempo integral, centros de apoio a idosos e etc).

• Tais políticas equivalem à socialização dos custos de constituição de uma família: garantem segurança econômica para as famílias; melhoraram e estabilizam as condições de vida das crianças e viabilizam a participação econômica das mulheres no mercado de trabalho: melhora a proporção entre trabalhadores ativos e inativos na economia:

• Libera as mulheres para atuarem no mercado de trabalho e são essenciais para a promoção do desenvolvimento cognitivo das crianças e potencialização das capacidades cognitivas e produtivas dos jovens

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• A introdução de serviços de cuidados — cuidados na primeira infância e para os idosos — redunda na criação de novas oportunidades de emprego (sobretudo feminino).

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• 4) Eliminar problemas como a ausência de coleta de esgoto, que aflige metade da população, bem com a questão da precaridade no tratamento de água, implica, por um lado, na geração de uma enorme massa de empregos para a execução de tais projetos e, por outro lado, favorece o desenvolvimento das nossas crianças em um ambiente minimamente digno, potencializando o desenvolvimento humano e profissional daqueles que serão o futuro do nosso país .

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• 5) Do lado dos efeitos sobre a demanda, gastos sociais que acabem por redistribuir renda, como já notara Keynes, ao favorecer os que têm menor renda e maior propensão a consumir, tendem a estimular o consumo agregado, sendo, portanto, particularmente relevantes no que tange a dinâmica econômica.