O CEGOE O POETA

Dizem que havia um cego sentado na Dizem que havia um cego sentado na calçada em Paris, com o boné a seus calçada em Paris, com o boné a seus pés e um pedaço de madeira onde se pés e um pedaço de madeira onde se lia escrito a giz brancolia escrito a giz branco: :

““Por favor, ajude-me, sou cego”.Por favor, ajude-me, sou cego”.

Um poeta passou por ali, parou e viu Um poeta passou por ali, parou e viu poucas moedas no boné. Sem pedir poucas moedas no boné. Sem pedir licença, pegou no cartaz e virou-o ao licença, pegou no cartaz e virou-o ao contrário. Com o giz escreveu outras contrário. Com o giz escreveu outras palavras.palavras.

Voltou a colocar o pedaço de madeira Voltou a colocar o pedaço de madeira aos pés do cego e foi-se embora.aos pés do cego e foi-se embora.

Pelo fim da tarde, o poeta passou Pelo fim da tarde, o poeta passou novamente pelo local e viu que o novamente pelo local e viu que o boné estava cheio de notas e boné estava cheio de notas e moedas.moedas.

O cego, reconhecendo os passos do O cego, reconhecendo os passos do transeunte, perguntou se havia sido ele transeunte, perguntou se havia sido ele quem escrevera no pedaço de madeira. quem escrevera no pedaço de madeira. Sobretudo, queria saber o que havia Sobretudo, queria saber o que havia escrito.escrito.

O poeta respondeu: O poeta respondeu:

– – Nada que não esteja de acordo com o seu Nada que não esteja de acordo com o seu pedido, mas com outras palavras.pedido, mas com outras palavras.

Entretanto sorriu e continuou o seu caminho.Entretanto sorriu e continuou o seu caminho.

O cego, por sua vez, nunca soube o O cego, por sua vez, nunca soube o que o cartaz dizia. Mas, os que por que o cartaz dizia. Mas, os que por ali passavam, liam o que lá estava ali passavam, liam o que lá estava escrito:escrito:

““Hoje é primavera em Paris e eu Hoje é primavera em Paris e eu não posso vê-la.”não posso vê-la.”

Mudar o discurso, quando nada nos Mudar o discurso, quando nada nos acontece, pode tornar outra a vida.acontece, pode tornar outra a vida.

Precisamos sempre de escolher a Precisamos sempre de escolher a forma certa para comunicar. Não forma certa para comunicar. Não vale simplesmente falar. Precisamos vale simplesmente falar. Precisamos da palavra essencial para nos da palavra essencial para nos encontrarmosencontrarmos..

Charles Chaplin disse:Charles Chaplin disse:

““A vida é uma peça que não permite A vida é uma peça que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente antes que a ria e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem cortina se feche e a peça termine sem aplausos”.aplausos”.

AutorAutor: desconhecido: desconhecido

Versão e adaptação:Versão e adaptação:

J. Alberto de OliveiraJ. Alberto de Oliveira