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O CAPITAL INTELECTUAL EM PORTUGAL UMA ANÁLISE EXPLORATÓRIA por Cristina Maria Gomes de Sousa Orientado por: Professor Doutor Manuel Castelo Branco Professora Doutora Catarina Delgado Tese de Mestrado em Contabilidade Faculdade de Economia Universidade do Porto 2009

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O CAPITAL INTELECTUAL EM PORTUGAL

UMA ANÁLISE EXPLORATÓRIA

por

Cristina Maria Gomes de Sousa

Orientado por:

Professor Doutor Manuel Castelo Branco

Professora Doutora Catarina Delgado

Tese de Mestrado em Contabilidade

Faculdade de Economia

Universidade do Porto

2009

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página i

Nota Biográfica da Autora

Cristina Maria Gomes de Sousa nasceu a 15 de Julho de 1979, na freguesia de Sandim,

concelho de Vila Nova de Gaia.

Em 1997 acabou o ensino secundário na Escola Secundária Diogo de Macedo em Vila

Nova de Gaia.

Em 1997 ingressou na Licenciatura em Contabilidade e Administração – Ramo

Auditoria, no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, tendo

concluído a licenciatura com média final de 12 valores.

No ano de 2002, após ter concluído a licenciatura, realizou um estágio profissional no

Grupo Onebiz.

Desde 2003 até 2007 foi Senior Accountant na empresa Freeway – Consultores de

Gestão, Lda.

A partir de 2008 é Técnica Oficial de Contas de várias empresas.

Nos anos lectivos 2006/2007 e 2007/2008 frequentou a parte curricular do Mestrado em

Contabilidade da Faculdade de Economia do Porto, tendo obtido uma média final de 15

valores.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página ii

Agradecimentos

Cumpre-me agradecer a todos os que colaboraram directa e indirectamente, para a

realização desta dissertação, os quais merecem a minha gratidão e reconhecimento.

Aos meus orientadores, Professor Doutor Manuel Castelo Branco e Professora Doutora

Catarina Delgado, pela dedicação, empenho e disponibilidade com que direccionaram e

acompanharam esta dissertação.

A todos os docentes da Faculdade de Economia do Porto, agradeço a colaboração

prestada, quer na fase inicial de definição do tema, quer ao longo da realização da

dissertação.

Agradeço aos meus pais, irmão e amigos, o apoio incondicional, incentivo e motivação

imprescindíveis para a efectivação desta dissertação

Finalmente, e de modo muito especial, quero agradecer ao meu marido Manuel Sá, pelo

apoio incondicional, ajuda prestada, compreensão, incentivo e motivação

imprescindíveis para a elaboração desta dissertação.

Muito obrigada.

É a todos que dedico esta dissertação.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página iii

Resumo

Este estudo procura analisar a divulgação de informação sobre Capital Intelectual no

Relatório e Contas do ano de 2008 e nas páginas de Internet de uma amostra de

empresas portuguesas cotadas na Euronext Lisbon.

Os Relatórios e Contas das empresas são o principal instrumento utilizado pelas

empresas para comunicar com os seus stakeholders, como tal são considerados como

sendo a principal fonte de recolha de informação pela maior parte dos estudos empíricos

que analisam a divulgação de informação sobre Capital Intelectual.

No entanto, a Internet tornou-se um importante meio através do qual as empresas

podem divulgar informação de diversas naturezas e, por isso, recentemente têm sido

realizados estudos que analisam as páginas de Internet como um meio de divulgação de

informação sobre Capital Intelectual.

Este estudo consiste numa análise exploratória que tem como objectivo compreender as

práticas de divulgação de informação sobre Capital Intelectual por parte das empresas

portuguesas cotadas na Euronext Lisbon através do desenvolvimento de hipóteses

susceptíveis de serem testadas, utilizando as teorias da legitimidade e dos stakeholders

como base teórica. Compara a Internet (as páginas de Internet corporativas) e os

relatórios anuais como meios de divulgação de informação sobre Capital Intelectual e

analisa alguns determinantes da divulgação. Examina a divulgação de informação sobre

Capital Intelectual na Internet pelas empresas portuguesas com valores admitidos à

cotação no ano de 2009 e compara a Internet com os relatórios anuais relativos ao ano

de 2008 como meios de divulgação.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página iv

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1

1.1 ENQUADRAMENTO GERAL ................................................................................. 1

1.2 MOTIVAÇÕES E OBJECTIVOS .............................................................................. 3

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................... 5

2 O CAPITAL INTELECTUAL ........................................................................................................ 6

2.1 O CONCEITO DE CAPITAL INTELECTUAL ............................................................ 6

2.2 VALORIZAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ........................................................ 9

3 A DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE CAPITAL INTELECTUAL ....................... 13

3.1 TEORIAS EXPLICATIVAS DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO ........................... 15

3.1.1 Teorias Económicas ........................................................................................................... 15 3.1.1.1 Teoria Positiva da Contabilidade ............................................................................................ 15 3.1.1.2 Enquadramento Custo-Benefício ............................................................................................ 17 3.1.1.3 Perspectiva Baseada nos Recursos .......................................................................................... 18 3.1.1.4 Teoria da Sinalização .............................................................................................................. 18

3.1.2 Teorias Sociais e Políticas ................................................................................................. 19 3.1.2.1 Teoria da Legitimidade ........................................................................................................... 19 3.1.2.2 Teoria dos Stakeholders .......................................................................................................... 20 3.1.2.3 Perspectiva Político-Económica da Contabilidade .................................................................. 21

3.2 PADRÕES DE DIVULGAÇÃO .............................................................................. 21

3.3 NÍVEL DE DIVULGAÇÃO ................................................................................... 23

3.4 FACTORES EXPLICATIVOS DA DIVULGAÇÃO .................................................... 24

3.4.1 Variáveis de Desempenho .................................................................................................. 24 3.4.2 Variáveis de Mercado ........................................................................................................ 25 3.4.3 Variáveis Estruturais ......................................................................................................... 27

3.5 IMPACTOS DA DIVULGAÇÃO ............................................................................ 28

3.6 FORMAS DE DIVULGAÇÃO ............................................................................... 29

3.6.1 A divulgação na Internet .................................................................................................... 29 3.6.2 A divulgação nos Relatórios e Contas Anuais ................................................................... 31 3.6.3 A divulgação em Documentos Autónomos ......................................................................... 33

3.7 A DIVULGAÇÃO EM PORTUGAL ........................................................................ 34

4 DESENVOLVIMENTO DAS HIPÓTESES DE ESTUDO ........................................................ 36

4.1 DIMENSÃO ....................................................................................................... 37

4.2 SECTOR DE ACTIVIDADE .................................................................................. 39

5 METODOLOGIA DE ANÁLISE ................................................................................................. 42

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página v

5.1 DEFINIÇÃO DA AMOSTRA................................................................................. 43

5.2 RECOLHA DE DADOS ........................................................................................ 44

5.3 MÉTODO DE PESQUISA ..................................................................................... 45

5.3.1 Índice de divulgação .......................................................................................................... 46 5.3.2 Escolha dos Relatórios e Contas........................................................................................ 47 5.3.3 Escolha das páginas de Internet ........................................................................................ 48 5.3.4 Limitações da análise de conteúdo .................................................................................... 49

5.4 VARIÁVEIS EXPLICATIVAS ............................................................................... 49

5.4.1 Dimensão ........................................................................................................................... 51 5.4.2 Sector de Actividade .......................................................................................................... 52

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................... 53

6.1 ANÁLISE DESCRITIVA ...................................................................................... 53

6.2 TESTES DE HIPÓTESES E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................... 59

7 CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÃO FUTURA ......... 64

GLOSSÁRIO............................................................................................................................................ 70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 71

ANEXOS ................................................................................................................................................... 89

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página vi

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Composição da amostra ............................................................................................ 44

Tabela 2 – Ocorrências nos Relatórios e Contas de 2008 ........................................................... 54

Tabela 3 – Ocorrências nas páginas de Internet .......................................................................... 56

Tabela 4 – Correlação entre as variáveis dependentes e a dimensão .......................................... 60

Tabela 5 – Teste para a relação entre as variáveis dependentes e o sector de actividade ........... 61

Tabela 6 – Teste de Wilcoxon para a divulgação do Capital Intelectual nos relatórios anuais e

nas páginas de Internet ....................................................................................................... 62

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 1

1 Introdução

1.1 Enquadramento Geral

A globalização associada à expansão dos mercados e as rápidas mudanças ocorridas no

meio empresarial são realidades que têm questionado a Contabilidade como instrumento

de gestão por excelência. Alguns estudos identificam estas mudanças na economia

mundial, como sendo relativas ao período de transição da Era Industrial (focada na

estrutura das empresas, maquinaria pesada e de longa duração) para a Era do

Conhecimento, em que o conhecimento e as novas tecnologias da informação se tornam

importantes factores críticos de sucesso (Celeme e Gonçalves, 1997; Harrell-Cook e

Ferris, 1997). A Era do Conhecimento focaliza-se no indivíduo e na criação de valor,

em que a informação assume o papel principal, e desta forma, apelida-se de Era da

Economia Digital (Leifer et al., 2002; Bignetti, 2000;).

As empresas são obrigadas a estar em constante mutação para garantirem a sua

competitividade e manter a sua posição no mercado, isto deriva da crescente

globalização dos mercados, do aumento da mobilidade física e financeira e do crescente

desenvolvimento e importância das tecnologias da informação. Esta mudança de

paradigma aumentou a importância dada pelas empresas aos seus activos intangíveis, os

quais são maioritariamente representados por conhecimento e Capital Intelectual.

Alguns autores, como García-Meca e Martínez (2005), definem Capital Intelectual

como sendo o conhecimento, a informação, a propriedade intelectual e a experiência

utilizada nas empresas na criação de valor. Assim sendo, o Capital Intelectual ao basear-

se no conhecimento, assume uma natureza intangível, a qual o diferencia dos restantes

recursos da empresa.

Tendo em conta a Estrutura Conceptual da Comissão de Normalização Contabilística,

Activo é um recurso controlado pela empresa como resultado de acontecimentos

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 2

passados e do qual se espera que fluam para a empresa benefícios económicos futuros.

O Activo só é reconhecido contabilisticamente se for possível aferir com fiabilidade o

custo ou o seu valor, e seja expectável que os benefícios ocorram para além do período

contabilístico actual.

Por outro lado, tendo novamente em conta a Estrutura Conceptual da Comissão de

Normalização Contabilística, Gastos são diminuições nos benefícios económicos

durante o período contabilístico na forma de exfluxos ou deperecimentos de activos ou

na incorrência de passivos que resultem em diminuições do Capital Próprio que não

sejam relacionadas com distribuições aos participantes no Capital Próprio.

As rubricas de Despesas de Investigação e Desenvolvimento, Trespasses, Propriedade

Industrial e Outros Direitos, são recursos do Capital Intelectual que satisfazem a noção

de Activo definida na Estrutura Conceptual da Comissão de Normalização

Contabilística, como tal são evidenciadas no Balanço, sendo considerados Imobilizado

Incorpóreo. As restantes rubricas do Capital Intelectual que não cumprem com a noção

de Activo, são reflectidas na Demonstração dos Resultados, conforme o gasto associado

à sua manutenção ou aquisição. Os recursos do Capital Intelectual, são reflectidos nas

Demonstrações Financeiras das empresas, as quais são publicadas e divulgadas, nos

Relatórios e Contas Anuais, ficando disponíveis a todos os utilizadores da informação

financeira da empresa, desde investidores (actuais ou potenciais), fornecedores, clientes,

empregados, mutuantes, entre outros devedores e credores comerciais, Estado e outros

entes públicos, entre outros.

O Capital Humano, é um dos recursos que compõe o Capital Intelectual, e não cumpre

com os requisitos para a definição de Activo, pois apesar dos indivíduos conduzirem a

benefícios económicos futuros nas empresas onde laboram, não é possível aferir com

fiabilidade o valor da sua experiência e conhecimentos adquiridos ao longo da sua vida

académica e profissional. Segundo Brás (2007), pelo facto de ser constituído por

pessoas, independentemente da existência ou não de contrato de trabalho, não se trata de

um recurso controlável, dado que ambas as empresas podem fazer cessar o vínculo

contratual, sendo impossível ao colaborador devolver à empresas os conhecimentos e

experiência adquiridas ao serviço da empresa. Apesar do Capital Humano ser um dos

principais recursos de algumas empresas, não satisfaz a noção de Activo e como tal, são

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 3

designados como Gastos, através das remunerações, formações e outros gastos

associados ao colaborador.

Dado que as Demonstrações Financeiras não reflectem todos os recursos do Capital

Intelectual, a contabilidade não reflectirá o valor real da empresa criando um

desfasamento entre o valor contabilístico e o valor real. Segundo Eccles et al. (2001) as

Demonstrações Financeiras não respondem a todas as necessidades de informação de

todos os interessados na empresa, nomeadamente os stakeholders, e confirmam a

diferença entre a informação publicada e aquela que é exigida pelo mercado.

A divulgação voluntária de informação sobre Capital Intelectual ocorre em todo o

Mundo, como tal, suscita interesse para investigação, no sentido de se identificar

padrões de divulgação e respectivos efeitos da mesma.

1.2 Motivações e Objectivos

O mundo ocidental entrou naquilo que é comummente chamado “a era do

conhecimento” em que a informação e as ideias assumiram o principal lugar no mundo

empresarial. Os países têm sido forçados a competir no mercado global, em que as

ideias, informação e conhecimento não conhece fronteiras nem limites e que se

multiplicam e crescem a um ritmo exponencial (Petty e Guthrie, 2000). Nesta nova

economia a informação e o conhecimento são tidos como os principais drivers de

criação de valor e de vantagens competitivas, gerando activos intangíveis de capital

importância nas empresas dos dias de hoje (Itami, 1987), o que leva a que a gestão e

mensuração do Capital Intelectual se tornem imperativos (Petty e Cuganesan, 2005).

Actualmente continua a haver grande interesse por parte dos académicos, “práticos”,

consultores e reguladores sobre o Capital Intelectual, especialmente tendo em

consideração as conhecidas limitações do relato financeiro tradicional na apresentação

incompleta do valor da empresa no ambiente de negócio contemporâneo (Brennan e

Connell, 2000). A preocupação central da divulgação de informação sobre Capital

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 4

Intelectual tem sido a demonstração do “valor do negócio” e assegurar a efectiva

alocação de recursos (Roslender e Fincham, 2004).

Tendo em conta o desfasamento entre o valor real da empresa e o valor contabilístico, a

informação sobre o Capital Intelectual revela-se importante para determinação do valor

da empresa, e para auxiliar a tomada de decisão por todos os interessados, como tal, esta

dissertação tem os seguintes objectivos fundamentais:

i. Analisar o processo de divulgação voluntária de informação sobre Capital

Intelectual, no Relatório e Contas do ano de 2008 e respectiva página de

Internet, por parte de um grupo de empresas portuguesas com acções admitidas

à cotação na Euronext Lisbon;

ii. Identificar as tendências de divulgação apresentadas e avaliar as componentes de

Capital Intelectual reportadas e valorizadas;

iii. Testar empiricamente a existência de relações entre os determinantes

apresentados e a divulgação de informação sobre Capital Intelectual quer nos

Relatório e Contas, quer nas páginas de Internet.

Para o efeito, recorrer-se-á a uma amostra de vinte e quatro empresas portuguesas, as

quais serão analisadas por sectores de actividade, num total de seis, definidas de acordo

com as categorias do ICB – Industry Classification Benchmark1.

Dado que existem poucos estudos nacionais acerca da divulgação voluntária sobre

Capital Intelectual, tais como os estudos de Oliveira et al. (2006a) e de Gomes et al.

(2007), suscita motivação, para estudar este tipo de divulgação voluntária de informação

nas empresas portuguesas.

1 O ICB - Industry Classification Benchmark - consiste num esquema de classificação sectorial das empresas segundo quatro esquemas de classificação, que se subdividem em 10 indústrias, 19 grandes sectores, 41 sectores e 114 subsectores.Este é o esquema adoptado pela Euronext, nos mercados de Amesterdão, Bruxelas, Lisboa e Paris, desde 2 de Janeiro de 2006.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 5

1.3 Estrutura da Dissertação

Esta dissertação é composta por sete capítulos. No primeiro capítulo é feito um

enquadramento geral, são apontadas as motivações e objectivos deste estudo. Faz ainda

parte do primeiro capítulo a descrição da estrutura da dissertação.

No segundo capítulo é feita uma revisão de literatura relativamente ao conceito de

Capital Intelectual e sua valorização.

No terceiro capítulo é abordada a temática da divulgação de informação sobre Capital

Intelectual, nomeadamente a nível de algumas teorias económicas e sociais explicativas

da divulgação de informação, padrões de divulgação, nível de divulgação, alguns

factores explicativos da divulgação e impactos decorrentes da divulgação de

informação. São ainda abordadas várias formas de divulgação de informação,

nomeadamente a nível de relatórios anuais, páginas de Internet e documentos

autónomos, e é analisada a divulgação de informação sobre Capital Intelectual em

Portugal.

No quarto capítulo são apresentadas as várias hipóteses de estudo.

No quinto capítulo, é apresentada a metodologia adoptada no presente estudo,

nomeadamente no que diz respeito á definição da amostra, à recolha dos dados, ao

método de pesquisa adoptado e ao tratamento dado às variáveis explicativas.

No sexto capítulo, são apresentados os resultados e feita a sua discussão,

nomeadamente, no que diz respeito à análise descritiva e aos testes de hipóteses.

No sétimo e último capítulo são apresentadas as conclusões a que se chegou no presente

estudo, apontadas algumas limitações e sugestões para investigação futura.

No final, é apresentado um glossário de abreviaturas adoptadas ao longo da dissertação,

as referências bibliográficas e os anexos.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 6

2 O Capital Intelectual

Ao longo das últimas décadas houve uma mudança da Era Industrial para a Era da

Informação. Na Era Industrial a principal “força” das empresas eram os equipamentos, a

maquinaria, os edifícios, entre outros, na Era da Informação os activos intangíveis,

como as competências, os processos e as pessoas são a fonte de riqueza actual e futura

das empresas (Guthrie, 2001; Kaplan e Norton, 1996; Petty e Guthrie, 2000). Na

economia do conhecimento as empresas têm sido conduzidas a gerir eficazmente os

seus capitais intelectuais e a alavancá-los para benefício dos seus stakeholders.

2.1 O Conceito de Capital Intelectual

Segundo alguns autores, tais como Beattie e Thomson (2007), Li et al. (2006) e Guthrie

et al. (2004), não se conhece uma definição consensual de Capital Intelectual, derivada

da natureza multidisciplinar das investigações existentes. Para Abeysekera (2006),

existe consenso nos benefícios associados ao Capital Intelectual, os quais não se

esgotam num só momento, mas contribuem para o alcance de vantagens competitivas ao

longo de vários períodos.

No entanto, pela análise de estudos já existente, como o estudo de Tseng e Goo (2005),

as investigações sobre Capital Intelectual baseiam-se em duas correntes de pensamento,

uma corrente estratégica e outra de mensuração. Enquanto que a corrente de

mensuração visa a criação de um novo mecanismo de divulgação de informação que

permita medir a informação qualitativa e não financeira, juntamente com os factores

quantitativos incluídos nas demonstrações financeiras, a corrente estratégica visa a

criação de valor, investigando os factores que potenciam a criação e manutenção do

mesmo.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 7

Inicialmente, os estudos sobre Capital Intelectual assentavam essencialmente na sua

mensuração, no sentido de criar modelos capazes de o valorizar. Actualmente esses

estudos têm incidido sobre a componente estratégica do Capital Intelectual, no sentido

de analisar os efeitos que o mesmo tem no processo de potenciação e desenvolvimento

do conhecimento organizacional (Petty e Guthrie, 2000).

Tendo em conta que existem duas correntes de pensamento, temos de distinguir

cuidadosamente Capital Intelectual (ou fontes de criação de valor) de valor de Capital

Intelectual (determinado a partir da sua mensuração). Apesar de serem definições

diferentes, em conjunto, permitem determinar com maior precisão aquilo que se entende

por Capital Intelectual.

Segundo Cabrita e Vaz (2006), não existe uma definição consensual do termo Capital

Intelectual. Na literatura existem diversas definições e cada autor apresenta a definição

que melhor se adequa ao estudo em questão.

Alguns autores, como Petty e Cuganesan (2005) e Petty e Guthrie (2000), utilizam

como ponto de partida nos seus estudos a definição de Capital Intelectual apresentada

pela OCDE em 1999, pois consideram que se trata de uma definição prática e fácil de

trabalhar. Segundo a OCDE, Capital Intelectual é o valor económico de duas categorias

intangíveis de uma empresa, nomeadamente o Capital Organizacional (ou Estrutural) e

o Capital Humano. O Capital Organizacional incorpora sistemas informáticos que são

propriedade da empresa, redes de distribuição e cadeias de fornecimento. O Capital

Humano incorpora os recursos humanos da empresa, quer internos (trabalhadores), quer

externos (clientes e fornecedores). Tendo em conta esta definição, existe uma distinção

entre Capital Intelectual e os activos intangíveis da empresa, uma vez que considera que

o primeiro é uma subcategoria do segundo e não a sua totalidade.

Outros autores, como Edvinsson (1997) e Brooking (1997), consideram que Capital

Intelectual é a diferença entre o valor de mercado da empresa e o seu valor

contabilístico. Para Brooking (1997), o Capital Intelectual será a diferença entre o valor

que alguém estará disposto a pagar por uma empresas e o seu valor contabilístico. Para

Edvinsson (1997), o Capital Intelectual compreende activos intangíveis que não são

reconhecidos nas demonstrações financeiras da empresa.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 8

Existem ainda autores que enfatizam o papel de criação de valor inerente ao Capital

Intelectual, como sejam Li et al. (2006), García-Meca e Martínez (2005) e Brennan

(2001). Para Li et al. (2006), o Capital Intelectual é entendido como a detenção de

conhecimentos e experiências, conhecimentos profissionais e competências, boas

relações e capacidades tecnológicas, que, quando aplicadas, proporcionam vantagens

competitivas nas empresas. Para García-Meca e Martínez (2005), o Capital Intelectual é

o conhecimento, a informação, a propriedade intelectual e a experiência, que pode ser

utilizada de forma a criar valor. Brennan (2001) defende que o Capital Intelectual é o

conhecimento que é transferido de forma a produzir um activo de maior valor

acrescentado e desta forma aumentar o valor da empresa.

Estas definições apesar de serem diversificadas, realçam a importância do Capital

Intelectual na criação de valor para a empresa. No entanto, existem muitos autores,

como Guthrie e Petty (2000), Pike et al. (2000), Bozzolan et al. (2003), Ordónez de

Pablos (2003), Mouritsen et al. (2005), Oliveira et al. (2006a), Cabrita e Vaz (2006),

Beattie e Thomson (2007), que defendem que o Capital Intelectual tem uma estrutura

tripartida, a qual é composta por Capital Humano (Competência dos Trabalhadores),

Capital Interno (Capital Organizacional) e Capital Externo (Capital Relacional).

Sveiby (1997) criou um modelo de compreensão e divulgação de Capital Intelectual

baseado na estrutura tripartida, designado por Intangible Asset Monitor. Guthrie e Petty

(2000) definem as três categorias de Capital Intelectual como sendo: o Capital Humano

corresponde à educação dos indivíduos, competências, valores, experiência e

aprendizagem contínua; o Capital Externo ou Relacional baseia-se nas relações com os

clientes e fornecedores, marcas, nomes de produtos e reputação da empresa; o Capital

Interno ou Organizacional compreende a cultura organizacional da empresa, as patentes,

os conceitos, os modelos de pesquisa e desenvolvimento, os sistemas informáticos,

entre outros. Segundo Li et al. (2006), estas três categorias ao funcionarem em conjunto

permitem que a empresa transforme as suas competências e conhecimentos em

competitividade e riqueza. Por outro lado, Cabrita e Vaz (2006) defendem que quanto

maior for a relação entre estas categorias do Capital Intelectual, maior será a criação de

valor para a empresa.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 9

2.2 Valorização do Capital Intelectual

Segundo Ordónez de Pablos (2003), as empresas utilizaram e utilizam ferramentas que

lhes permita valorizar e medir os seus activos, quer tangíveis, quer intangíveis como é o

caso do Capital Intelectual. Algumas das ferramentas utilizadas para medir o Capital

Intelectual são o Intangible Asset Monitor (Sveiby, 1997), o Skandia Navigator

(Edvinsson, 1997), o Balanced Scorecard (Kaplan e Norton, 1992), o Value Added

Intellectual Coefficient (Public, 1998; 2004) e o Hidden Value (Sitar e Vasic, 2005).

A primeira vez que uma empresa divulgou informação sobre os seus activos intangíveis,

conjuntamente com os seus relatórios anuais, foi no ano de 1995, por parte da

consultora sueca Celemi (Petty e Cuganesan, 2005). A consultora apesar de reconhecer

a dificuldade na medição do valor dos activos intangíveis reconhecia que essa

informação seria útil para os seus stakeholders. Esta divulgação deveu-se ao facto de

que a Celemi tomou em consideração a importância atribuída pelos utilizadores da

informação financeira ao conhecimento da dimensão dos activos intangíveis constantes

do Balanço, bem como, a importância atribuída à sua evolução. De forma a melhor

avaliar os seus activos intangíveis a Celemi adoptou o Intangible Asset Monitor

(Sveiby, 1997). De acordo com este modelo, os activos intangíveis eram categorizados

em Estrutura Interna, Estrutura Externa e Competência Individual, sendo que para cada

uma dessas categorias foram apontadas diversas medidas de valorização, que deveriam

ser usados nos anos seguintes para que dessa forma fosse possível avaliar a evolução de

cada categoria. Apesar do Intangible Asset Monitor poder ser, nos dias de hoje, uma

ferramenta de mensuração rudimentar, foi inegável a melhoria comparativamente com

outros modelos tradicionais de divulgação de informação. Esta melhoria deve-se ao

facto de que esta ferramenta tenta avaliar quais as fontes de criação de valor e desta

forma proporciona informação que se assume como mais útil à tomada de decisões

(Guthrie et al., 1999).

Em 1994 a Skandia, uma empresa sueca do ramo dos seguros apresentou um outro

modelo de mensuração, o Skandia Navigator. Este modelo deve a sua origem ao facto

de que a empresa se apercebeu que quanto maior o seu investimento em activos

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

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intangíveis, menores eram os seus lucros no imediato, uma vez que, os estes activos

eram contabilizados como gasto. Desta forma, menor seria o valor contabilístico da

empresa e por conseguinte maior seria a diferença face ao valor de mercado. Tendo em

conta que a maior parte do investimento desta empresa, tinha a natureza intangível, a

inexistência de um modelo alternativo que apresentação e divulgação de informação

poderiam distorcer as opiniões sobre a empresa por parte dos stakeholders. De forma a

evitar estas opiniões distorcidas surgiu o Skandia Navigator, pois é um modelo de

apresentação de informação que demonstra a possibilidade de criação de valor dos

activos com natureza intangível.

O Skandia Navigator define o Capital Intelectual, segundo duas categorias, o Capital

Humano e o Capital Estrutural. Assim sendo, entende-se por Capital Estrutural, como

tudo aquilo que fica na empresa quando os trabalhadores vão para casa, como por

exemplo, as bases de dados de clientes, sistemas de informação e concessões. Por outro

lado, as empresas têm consciência acerca do valor dos seus empregados, e como sabem

que não os conseguem controlar, de forma a reter o seu conhecimento, tornam o

conhecimento de cada um em conhecimento “público” com recurso a bases de dados de

conhecimento. Estas bases de dados ficam disponíveis para qualquer um, internamente,

e desta forma permitem a transformação do Capital Humano em Capital Estrutural.

Segundo Ordónez de Pablos (2003), este modelo, comparativamente com o anterior,

apresenta uma vantagem competitiva na medida em que tenta coordenar medidas de

desempenho financeiro com medidas de activos intelectuais, criando desta forma uma

imagem balanceada entre Capital Financeiro e Capital Intelectual da empresa.

Segundo Kaplan e Norton (1992), o Balanced Scorecard é também uma forma de

mensuração do Capital Intelectual, pois consiste num modelo de gestão empresarial que

tem por objectivo avaliar o desempenho operacional da empresa. Este método baseia-se

na tradução da missão e da estratégia da empresa segundo quatro perspectivas,

nomeadamente, Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizagem e

Crescimento. Cada uma destas perspectivas agrega um conjunto de indicadores

financeiros e não financeiros, que permitem controlar a evolução da empresa e a sua

capacidade de criação de valor. Este modelo funciona como sendo uma espécie de

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 11

painel de bordo, que auxilia e orienta a empresa no sentido desta atingir os seus

objectivos.

Segundo Petty e Guthrie (2000), o Balanced Scorecard diferencia-se do Intangible

Asset Monitor essencialmente pelo facto daquele se centrar mais nos clientes, enquanto

este foca-se mais na competência dos trabalhadores, ou seja, no Capital Humano. Petty

e Guthrie (2000) são ainda da opinião de que muitos dos rácios e indicadores usados em

cada uma das perspectivas do Balanced Scorecard fornecem informação sobre Capital

Humano, ainda que não intencional, concluindo-se assim que a informação divulgada

por ambas as ferramentas é bastante semelhante.

Quer o Balanced Scorecard, quer o Skandia Navigator, quer o Intangible Asset

Monitor, são modelos que consistem na criação de um conjunto de indicadores de

natureza intelectual, com o objectivo de oferecer à empresa uma visão alternativa do seu

desempenho funcionando como um complemento à informação financeira e baseando-

se em painéis de indicadores (Sitar e Vasic, 2005).

O Value Added Intellectual Coefficient é apresentado por Pulic (1998; 2004) e insere-se

no método de retorno dos activos. Este modelo assenta em quatro conceitos,

nomeadamente, o Valor Acrescentado, Capital Físico, Potencial Intelectual e

Capacidade Intelectual. O Valor Acrescentado assume-se como a melhor forma de

avaliar o sucesso do negócio da empresa. O Capital Físico e o Potencial Intelectual são

dois dos recursos necessários e essenciais para o processo de criação de valor. O

Potencial Intelectual será constituído pela capacidade que os recursos humanos têm para

criarem valor com base numa eficiente utilização das infra-estruturas da empresa e a

relação existente com o mercado, assim o Potencial Intelectual poderá ser representado

como sendo os trabalhadores da empresa. O Capital Físico inclui os fundos financeiros

da empresa, que podem ser retirados a partir do Balanço, como por exemplo, o Capital

Social, as Reservas, os Empréstimos, entre outros, a estes fundos financeiros será ainda

de adicionar o Resultado Líquido. A Capacidade Intelectual poderá ser definida como o

resultado do Capital Físico e do Potencial Intelectual, sendo demonstrado assim a

criação de valor acrescentado para a empresa. Quanto maior for a criação de valor com

o mesmo nível de recursos, maior poderá ser considerado o sucesso da empresa.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 12

A principal vantagem do Value Added Intellectual Coefficient é a sua objectividade,

uma vez que, resulta de itens contabilísticos reconhecidos tendo por base os princípios

contabilísticos geralmente aceites e permite identificar quais os recursos que mais

contribuem para a criação de valor, e desta forma possibilitam que a tomada de decisão

seja mais eficiente.

Por último, temos o Hidden Value, que segundo alguns autores é a diferença entre o

valor de mercado de uma empresa e o seu valor contabilístico (Brennan, 2001; Miller e

Whiting, 2005; Petty e Cuganesan, 2005; Li et al., 2007). Assim, o Hidden Value será o

valor dos activos intelectuais da empresa. A ideia subjacente ao Hidden Value resulta da

percepção de que o valor de mercado das empresas, regra geral, supera o seu valor

contabilístico, ou seja, os investidores consideram que a empresa nas suas

Demonstrações Financeiras, não apresenta todos os seus activos, activos esses que serão

aqueles cuja natureza é intelectual. Assim, o valor do Capital Intelectual será de forma

muito aproximada igual à diferença existente entre o valor contabilístico e o valor de

mercado da empresa. No entanto, alguns autores, como, por exemplo, Miller e Whiting

(2005), apontam no sentido de que a diferença poderá não ser devida ao Capital

Intelectual, mas sim, a valorizações indevidas dos activos. Outro aspecto que poderá

influenciar este diferencial de valor, será as expectativas criadas em torno do potencial

crescimento da empresa. Por último, não poderão ser ignorados alguns outros aspectos

que influenciam o valor de mercado as empresas, como por exemplo a especulação

bolsista. Apesar de a diferença entre o valor de mercado e o valor contabilístico da

empresa não ser explicada apenas pelo valor do Capital Intelectual, o Hidden Value

poderá ser tido como uma forma simples de avaliação e como uma boa aproximação do

valor do Capital Intelectual da empresa. Segundo Petty e Cuganesan (2005), apesar da

sua simplicidade o Hidden Value realça a natureza e significado do Capital Intelectual.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 13

3 A Divulgação de Informação sobre Capital

Intelectual

A divulgação de informação sobre Capital Intelectual tem suscitado a curiosidade e

interesse para investigação por parte dos estudiosos um pouco por todo o Mundo.

Alguns dos estudos já publicados visam tentar identificar, explicar, definir padrões e

avaliar impactos da divulgação de informação sobre Capital Intelectual, para tal

recorrem à análise de conteúdo dos Relatórios e Contas das empresas.

No entanto, alguns estudiosos tentam explicar os motivos para a divulgação voluntária

de informação sobre Capital Intelectual recorrendo a teorias explicativas da divulgação,

as quais são de índole económica e social. Contudo, nenhuma teoria por si só consegue

explicar quais os incentivos inerentes à divulgação voluntária de informação sobre

Capital Intelectual pelas empresas, sendo aconselhável a conjugação das mesmas.

A gestão do conhecimento e os recursos intelectuais são factores cada vez mais

importantes na prossecução dos objectivos das organizações (Boedker et al., 2005; Petty

e Guthrie, 2000). Para que os stakeholders melhor compreendam a organização e a

eficiência dos gestores é necessário que a informação divulgada adequadamente reflicta

os seus recursos intelectuais e a forma como esses recursos são utilizados e

desenvolvidos na procura de alcançar o sucesso da organização, quer no passado, quer

para o futuro (Boedker et al., 2005).

Muitos dos recursos intelectuais não são capturados pela contabilidade tradicional

(Beattie et al., 2002, 2004; Mouritsen et al., 2001; Petty e Guthrie, 2000; Petty et al.,

2006).

Tem-se assistido a um crescimento na atenção prestada, pelos académicos, a vários

aspectos relacionados com a contabilização relativa ao Capital Intelectual desde meados

da década de 90.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 14

Genericamente, Capital Intelectual pode ser definido como os recursos intelectuais e o

conhecimento de uma organização. Compreende não só os recursos existentes num

dado momento (stock de Capital Intelectual) mas também os recursos que são utilizados

e que interagem com outros recursos, quer físicos, quer intelectuais, na prossecução dos

objectivos da organização (Ricceri, 2008). Assim, Capital Intelectual é um activo

intangível, mas nem todos os itens constituintes do Capital Intelectual são apreendidos

pela contabilidade (Petty e Guthrie, 2000).

Enquanto alguns recursos baseados no conhecimento, como patente, marcas registadas e

as marcas, poderão ser incluídas nas contas da organização de acordo com a normas

contabilísticas, muitos outros itens incluídos no Capital Intelectual não são

contabilizados, como por exemplo, a reputação, a lealdade dos trabalhadores, a

experiência dos trabalhadores, entre outros. Alguns autores argumentaram que o Capital

Intelectual de uma organização poderá ser definido como a diferença entre o valor dos

activos líquidos e o valor da capitalização bolsista da empresa. No entanto, definições

demasiado abrangentes não ajudam no reconhecimento e identificação dos elementos

individuais que constituem o Capital Intelectual. Sem o reconhecimento e identificação

por parte das empresas é difícil apontar quais as questões relativas ao Capital Intelectual

que deviam ser reportadas.

Numa era em que as organizações adoptam várias formas de reportarem informação e

de comunicarem com os stakeholders muitos dos estudos focam a sua atenção nos

relatórios anuais e nos relatórios exclusivamente sobre Capital Intelectual e desta forma

muita da informação voluntariamente divulgada não é tida em consideração e não é alvo

de estudo (Unerman, 2000).

Há evidência, de estudos anteriores, que a divulgação sobre Capital Intelectual (e outras

mais abrangentes) tendem a ser predominantemente de natureza descritiva, sendo

poucos os documentos relativos à divulgação sobre Capital Intelectual, que contêm

informação quantitativa, quer em termos monetários, quer não monetários. Guthrie et al.

(2007) detectou que cerca de 90% da informação divulgada pelas empresas alvo do seu

estudo era divulgada sobre a forma narrativa. Constatação semelhante foi feita por

Beattie et al. (2004) que verificou que 78% da divulgação por parte das empresas do seu

estudo era não quantitativa.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 15

Em suma, de acordo com estudos empíricos anteriores, relativos a divulgação sobre

Capital Intelectual, focaram a sua análise nos relatórios anuais e relatórios sobre Capital

Intelectual e quase sempre recorreram a elementos que são algo restritivos (dentro de

categorias mais vastas) para a identificação da divulgação relativa ao Capital Intelectual.

Nos estudos anteriores foram identificados efeitos, quer da dimensão, quer do sector de

actividade, no nível de divulgação.

3.1 Teorias Explicativas da Divulgação de Informação

3.1.1 Teorias Económicas

3.1.1.1 Teoria Positiva da Contabilidade

Segundo Watts e Zimmerman (1978, 1979, 1990), a Teoria Positiva da Contabilidade

oferece um possível enquadramento aos incentivos que conduzem à divulgação

voluntária de informação, uma vez que permite compreender as motivações que levam

os gestores a adoptar determinadas políticas contabilísticas em detrimento de outras.

Para Jensen e Meckling (1976), esta teoria assenta nos fundamentos da Teoria da

Empresa e da Teoria da Agência, uma vez que, o gestor é encarado como sendo um

agente com motivações próprias que age no seu interesse pessoal, como tal, desenvolve

comportamentos oportunistas que comprometem a maximização do valor da empresa

para os seus accionistas e credores. Para além disto, existem os custos contratuais e os

custos políticos que são inerentes à actividade da empresa. Os custos políticos, segundo

Watts e Zimmerman (1978), são uma função positiva da dimensão da empresa e da sua

visibilidade social. Os custos contratuais compreendem os custos de transacção, de

agência, de informação, de renegociação e de falência.

De acordo com esta teoria, existem pressupostos que permitem sintetizar o

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 16

comportamento dos gestores, nomeadamente o plano de compensação, o contrato de

dívida e os custos políticos. O plano de compensação, sugere que os gestores com

planos de remuneração indexados a elementos contabilísticos têm incentivos em adoptar

políticas contabilísticas que antecipem os resultados de períodos seguintes. O contrato

de dívida sugere que perante a iminência da violação de cláusulas dos contratos de

dívida indexadas à informação contabilística, os gestores sentem-se motivados em

adoptar políticas contabilísticas para antecipar resultados. Os custos políticos quando

existem na empresa, motivam os gestores a adoptar políticas contabilísticas que difiram

os resultados para os períodos seguintes (Watts e Zimmerman, 1978).

A Teoria Positiva da Contabilidade pressupõe que o conteúdo e a forma da informação

contabilística são determinados pelos incentivos que movem os gestores, ou seja,

considera que a divulgação voluntária de informação é influenciada por dois tipos de

incentivos, nomeadamente, a existência de assimetria de informação e os custos de

agência entre gestores e accionistas e entre a empresa e os seus credores e a existência

de custos políticos inerentes à actividade da empresa.

Na presença de assimetria de informação e custos de agência, os gestores divulgam

voluntariamente informação de forma a reduzirem a assimetria de informação entre

gestores e accionistas e entre a empresa e os seus credores, e assim contribuir apara uma

melhor avaliação da empresa e consequente redução do custo de capital que lhe está

associado (Botosan, 1997).

Na presença de custos políticos inerentes à actividade da empresa, os gestores têm

incentivo em divulgar informação que ressalte os aspectos sociais da empresa de forma

a desviar a atenção dos resultados contabilísticos e assim evitar que o Governo e outras

entidades tomem medidas prejudiciais à rentabilidade da empresa.

A Teoria Positiva da Contabilidade, sugere que as empresas com maior dispersão de

capital, maior volume de dívida e maior visibilidade social divulguem voluntariamente

mais informação do que as restantes empresas, uma vez que os gestores são

incentivados a divulgar voluntariamente informação, com o intuito de minimizar os

elevados custos de agência e políticos que suportam.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 17

3.1.1.2 Enquadramento Custo-Benefício

Segundo García-Meca et al. (2005), Vergauwen e van Alem (2005) e Oliveira et al.

(2006a), o Enquadramento Custo-Benefício surge, também, como forma de explicar a

divulgação voluntária de informação, dado que as empresas tenderão a divulgar

voluntariamente informação, quando os benefícios superarem os custos suportados.

Para Li et al. (2007), os benefícios da divulgação voluntária de informação resultam

essencialmente da redução da assimetria de informação entre os participantes no

mercado, ou seja, a existência de stakeholders mais informados, permitem uma melhor

previsão dos resultados futuros da empresa e sua melhor avaliação. Por outro lado,

Healy e Palepu (1993) e Healy et al. (1999) defendem que esta teoria garante o interesse

adicional por parte de analistas financeiros e aumenta a liquidez das acções da empresa.

Para além disto, Botosan (1997) constata que para as empresas que são pouco seguidas

por analistas, uma maior divulgação de informação origina uma redução do custo do

capital próprio, e Sengupta (1998) constata que uma melhor qualidade da divulgação de

informação permite a redução do custo do endividamento.

Para além dos benefícios, este enquadramento também representa custos,

nomeadamente o custo de preparação da informação, o qual inclui os custos de auditoria

da mesma. Os conflitos de interesses, quando existem, originam a desconfiança dos

investidores, os quais desconfiam do carácter voluntário da informação e não atribuem a

mesma credibilidade à informação divulgada.

Segundo Verrechia (1983), o principal custo afecto a este enquadramento decorre da

Teoria dos Proprietay Costs, uma vez que a divulgação de informação tem impactos

negativos na posição competitiva da empresa, ou seja, uma empresas quando divulga

informação para o mercado, transfere aos seus concorrentes (presentes e potenciais),

informação confidencial sobre as suas fontes de criação de valor, sobre os seus

conhecimentos, e desta forma perde a exclusividade do conhecimento e por conseguinte

perde as suas vantagens competitivas.

A divulgação voluntária de informação ao abrigo do Enquadramento Custo-Benefício

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 18

resulta da ponderação dos benefícios e custos inerentes à respectiva divulgação. Sendo

que os incentivos à divulgação voluntária de informação serão maiores em sectores com

tendências monopolistas, em que as barreiras à entrada sejam maiores e em que os

proprietary cost sejam menores.

3.1.1.3 Perspectiva Baseada nos Recursos

Segundo Abeysekera (2006), a Perspectiva Baseada nos Recursos também contribuem

para a justificação dos motivos que conduzem à divulgação voluntária de informação, a

qual pressupõe que o sucesso da empresa depende largamente dos recursos que possui e

controla, nomeadamente activos e capacidades (Galbreath, 2005). Os activos como são

recursos controlados pela empresa, podem ser tangíveis ou intangíveis, e as capacidades

são o conjunto de competências e conhecimento da empresa.

Para Galbreath (2005), esta perspectiva refere-se apenas a recursos valiosos, raros,

inimitáveis e insubstituíveis, os quais são susceptíveis de alcançar vantagens

competitivas sustentadas, o Capital Intelectual é um destes recursos (Swart, 2006).

Tendo em conta os pressupostos desta perspectiva, as empresas são motivadas a

divulgar voluntariamente informação que potencie os recursos susceptíveis de gerar

vantagens competitivas, aproximando desta forma, a empresa dos seus stakeholders,

melhorando a sua relação e atrair e manter recursos valiosos.

3.1.1.4 Teoria da Sinalização

Segundo Ross (1977) e Spence (1973), a Teoria da Sinalização permite compreender

algumas das motivações da divulgação voluntária de informação.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 19

Esta teoria pressupõe que o mercado contempla dois tipos de empresas, as empresas

boas e as empresas más. Quando existe assimetria de informação, o mercado não

consegue distinguir as empresas, pelo que as suas decisões baseiam-se na qualidade

média do conjunto, sendo as boas empresas prejudicadas devido ao facto de estarem

subavaliadas e as más empresas beneficiadas devido ao facto de estarem sobreavaliadas.

Segundo Miller e Whiting (2005), Williams (2001) e Botosan (1997), as boas empresas

são motivadas a sinalizar ao mercado as suas boas qualidades, boas praticas, e

vantagens, de forma a diferenciarem-se das restantes empresas e permitirem que os

investidores e credores avaliem melhor a sua capacidade de criação de riqueza e

reduzam o risco que lhe está associado.

No entanto, o sinal enviado ao mercado apenas será credível se as possíveis imitações

por parte das restantes empresas forem reduzidas, isto é, quando o custo do sinal for

superior para as más empresas deixa de existir incentivo à imitação (Spence, 1973). A

credibilidade do sinal é garantida pelo facto de existirem custos associados à divulgação

da informação e pela necessidade da informação divulgada, juntamente com as

demonstrações financeiras, terem de ser alvo de auditorias.

3.1.2 Teorias Sociais e Políticas

3.1.2.1 Teoria da Legitimidade

Segundo Suchman (1995), a Teoria da Legitimidade baseia-se na percepção

generalizada de que as acções praticadas por uma entidade são desejáveis, adequadas ou

apropriadas dentro de um qualquer conjunto social de normas, valores e crenças, isto é,

pressupõe a existência de uma espécie de contrato social entre a empresa e a sociedade,

representando as expectativas que são depositadas na forma como a empresa desenvolve

a sua actividade (Guthrie et al., 2004; Watson et al., 2002).

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 20

Segundo Beattie e Thomson (2007) e Petty e Cuganesan (2005), a divulgação de

informação por parte das melhores empresas pode motivar um fenómeno de imitação

por parte das restantes empresas, para que estas também se situem entre as melhores

práticas do mercado. Por outro lado, as empresas com elevados níveis de Capital

Intelectual tenderão a divulgar mais informação sobre o mesmo, uma vez que não

conseguem legitimar o seu estatuto através dos símbolos tradicionais de sucesso.

A Teoria da Legitimidade surge como forma de demonstrar que a empresa é

socialmente responsável e que opera as suas actividades segundo os valores que lhe são

impostos, como tal, a empresa recorre à divulgação voluntária de informação.

3.1.2.2 Teoria dos Stakeholders

Segundo Guthrie et al. (2004), a empresa irá desenvolver actividades e divulgar as

informações que são expectáveis pelos stakeholders, ou seja, estes têm direito a obter

informação sobre a forma como a actividade da empresa os afecta, independentemente

da utilização ou não da informação para influenciar a tomada de decisão da empresa.

Assim sendo, e de acordo com a Teoria dos stakeholders a empresa divulga informação

para satisfazer as expectativas criadas pelos stakeholders.

Esta teoria tem características comuns à Teoria da Legitimidade, mas enquanto esta se

focaliza na perspectiva da sociedade, aquela considera todas as partes que podem ser

afectadas pelas acções da empresa, tais como, devedores, credores, trabalhadores,

Estado, investidores, e o público em geral.

Segundo esta teoria, todos os stakeholders têm o direito de ser tratados com justiça, pelo

que os gestores devem gerir as actividades e divulgar a informação tendo em conta o

benefício da globalidade dos utilizadores da informação, evitando direccionar a

informação para os stakeholders que têm maior controlo sobre os recursos da empresa.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 21

3.1.2.3 Perspectiva Político-Económica da

Contabilidade

Segundo Abeysekera (2006) e Abeysekera e Guthrie (2005), a contabilidade é encarada

como sendo um meio capaz de sustentar e legitimar os acordos políticos, económicos e

sociais efectuados pela empresa, ou seja, esta perspectiva considera que em cada acordo

existem duas forças que se opõem e criam tensões entre os participantes. A

contabilidade surge então com a função de mediadora, de forma a suprimir os conflitos

e transformá-los em acordos estabelecidos pela empresa (Abeysekera e Guthrie, 2005,

Stanton e Stanton, 2002).

Stanton e Stanton (2002), defendem que de acordo com esta perspectiva, a divulgação

voluntária de informação é encara como uma ferramenta pró-activa a partir da qual a

empresa influencia e molda tudo o que é importante para a sociedade. Esta perspectiva

introduz factores mais abrangentes e metódicos à interpretação e explicação dos

fenómenos da divulgação de informação, ao contextualiza-la na realidade politica,

económica e social das empresas.

3.2 Padrões de Divulgação

Segundo alguns autores as empresas divulgam informação sobre Capital Intelectual,

sendo reduzido o número de empresas que não fazem qualquer referência sobre o

mesmo (Wong e Gardner, 2005; Abeysekera e Guthrie, 2005; Guthrie e Petty, 2000).

No entanto, como não existe um enquadramento coerente de divulgação, torna-se

difícil a comparação da divulgação entre diferentes empresas, e entre diferentes

momentos da mesma empresa (Guthrie e Petty, 2000; Abeysekera e Guthrie, 2005;

Guthrie et al., 2006).

De acordo com Guthrie e Petty (2000), as empresas preocupam-se em perceber quais

os seus factores de criação de valor, atribuindo menor importância à sua

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 22

quantificação, assim, a informação reportada assume, principalmente, a forma

qualitativa, sendo pouca a informação reportada sob a forma quantitativa. Daí que, tal

como constataram Guthrie e Petty (2000), Brennan (2001), Wong e Gardner (2005),

Goh e Lim (2004) e Guthrie et al. (2006), as empresas divulgam, essencialmente,

informação sob a forma qualitativa e não sob a forma quantitativa.

Apesar de não existir um padrão para a divulgação de informação sobre Capital

Intelectual, os estudos efectuados, na sua generalidade, são coerentes a nível dos

resultados obtidos. Na grande maioria dos estudos publicados, a categoria do Capital

Intelectual divulgada com mais frequência é o Capital Externo, conforme constataram

Ferreira (2008), Guthrie et al. (2006), Wong e Gardner (2005), Abeysekera e Guthrie

(2005), Goh e Lim (2004), Bozzolan et al. (2003), Brennan (2001) e Guthrie e Petty

(2000). No entanto, as restantes categorias do Capital Intelectual (Capital Interno e

Capital Humano) não assumem em todos os estudos o mesmo nível de divulgação,

sendo que em alguns estudos, como por exemplo, Abeysekera e Guthrie (2005), Wong

e Gardner (2005) e Brennan (2001), é a categoria de Capital Humano, aquela que de

entre as duas, apresenta maior nível de divulgação. Contrariamente, ao que acontece

nos estudos de Goh e Lim (2004) e Bozzolan et al. (2003), em que a categoria que

ocupa a segunda posição no índice de divulgação é o Capital Interno. Existem ainda,

estudos em que o Capital Humano e o Capital Interno apresentam frequências

semelhantes, como por exemplo, o estudo de Guthrie e Petty (2000).

Tendo em consideração os estudos analisados e as respectivas conclusões, poder-se-á

concluir que existem algumas semelhanças entre os padrões de divulgação relativos ao

Capital Intelectual, estes padrões fazem sentido mesmo tendo em consideração que

foram estudos efectuados sobre empresas de diferentes localizações geográficas, em

diferentes momentos e com recurso a diferentes metodologias. No entanto, apesar de

se poder considerar que existe um padrão de divulgação, deverá ser tido em

consideração que os estudos existentes incidem a sua atenção em amostras de

empresas, muitas vezes, cotadas na bolsa, e consequentemente de grande dimensão,

daí que, se deva ter em consideração esses aspectos e não extrapolar as conclusões

encontradas para a generalidade das empresas. Deverá ser tido ainda em linha de

conta, que este tipo de estudos são fortemente influenciados pela subjectividade do

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 23

investigador, o que poderá inviabilizar a generalização dos resultados. Finalmente,

não deverá ser ignorado o facto de que nos diferentes estudos são adoptadas bases

metodológicas diferentes, diferentes interpretações de cada item de Capital Intelectual

e com diferentes subcategorias, o que dificulta ainda mais a generalização, dos

resultados dos estudos, para a população.

3.3 Nível de Divulgação

De acordo com s estudos de alguns autores, como Petty (1997), é provável que ao longo

do tempo o nível de divulgação voluntária de informação sobre o Capital aumente, dado

que as empresas têm a tendência a imitar as boas práticas das restantes (tais como as

empresas concorrentes) no que diz respeito à divulgação de informação, ou seja, no que

concerne à divulgação voluntária de informação sobre Capital Intelectual.

Alguns estudos que analisaram divulgação de informação sobre Capital Intelectual por

parte das empresas encontram pouca evidência da prática de divulgação nas empresas

que compunham a amostra. Por exemplo, num estudo australiano, Petty e Guthrie

(2000) levaram a cabo uma análise dos conteúdos dos relatórios anuais de um conjunto

de grandes empresas australianas de forma a tentar compreender qual o nível de

divulgação de informação sobre Capital Intelectual por parte dessas empresas. A

evidência por eles obtida era de que o Capital Intelectual era raramente divulgado nos

relatórios anuais, e quando existia divulgação não era detectado qualquer tipo de

enquadramento. De forma semelhante Guthrie et al. (1999) também conduziram alguns

estudos na tentativa de perceber como as empresas identificavam, geriam, mensuravam

e divulgavam o seu Capital Intelectual. Concluíram que os principais componentes do

Capital Intelectual não eram correctamente identificados, compreendidos, eram geridos

de forma ineficiente, a sua divulgação não obedecia a qualquer tipo de enquadramento e

o nível de divulgação era mínimo. Estes resultados são consistentes com outros estudos,

por exemplo, Brennan (2001) que constatou que os itens que compõem o Capital

Intelectual raramente eram divulgados por um conjunto de empresas irlandesas que

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 24

constituíam uma amostra de empresas. De forma similar, Bontis (2003) conclui que

num conjunto de empresas canadianas também o nível de divulgação era muito baixo.

Ordonez de Pablos (2003) obteve resultados idênticos num conjunto de empresas

espanholas.

De acordo com Guthrie e Petty (2000), a reduzida divulgação de informação sobre

Capital Intelectual por parte das empresas australianas poderá dever-se à não existência

de um enquadramento comummente aceite para a divulgação de informação, poderá

dever-se ainda ao facto de as empresas não disporem de mecanismos ou os

desconhecerem que permitam o reconhecimento relativamente às mudanças ocorridas

no nível de Capital Intelectual. Finalmente o facto de que algumas empresas entendem

que o desenvolvimento da divulgação sobre Capital Intelectual é considerado como

gestão interna e não ser enquadrável na divulgação a ser efectuada nos relatórios anuais.

3.4 Factores Explicativos da Divulgação

Ao longo do tempo, os autores têm tentando, através dos seus estudos, identificar

factores explicativos da divulgação do Capital Intelectual, nomeadamente, no que diz

respeito à abrangência, volume e importância relativa da divulgação de informação

sobre Capital Intelectual no total da informação divulgada pela empresa. Segundo Lang

e Lundholm (1993), os factores explicativos da divulgação de informação podem ser

agrupados em variáveis de desempenho, variáveis de mercado e variáveis estruturais.

3.4.1 Variáveis de Desempenho

A rendibilidade é a variável de desempenho mais estudada, como factor explicativo da

divulgação de informação sobre Capital Intelectual. Alguns autores, como García-

Meca e Martínez (2005) constataram que na presença de maiores níveis de

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 25

rendibilidade os gestores tendem a divulgar maiores níveis da informação sobre

Capital Intelectual, como forma de aumentarem a confiança por parte dos

investidores. A esta mesma conclusão chegaram outros autores como Lev e Penman

(1990) e Penman (1980). No entanto, Skinner (1994) constata que empresas com

baixos índices de rendibilidade tenderão a divulgar informação antes de divulgarem os

maus resultados. Conclui ainda que, tal como nos outros estudos, empresas com bons

índices de rendibilidade divulgam informação na tentativa de se diferenciarem das

outras empresas.

Na tentativa de identificar quais os factores que explicam a divulgação voluntária de

informação sobre Capital Intelectual deverá ser tida em consideração a literatura

existente. No entanto, nem todos os estudos confirmam esses factores explicativos,

por vezes, não são encontradas relações entre os factores explicativos e a divulgação

efectuada, outras vezes ainda, o sentido das relações existentes é contrário ao

esperado. Estas diferenças entre os resultados dos diferentes estudos decorrem das

diferenças subjacentes aos estudos, como por exemplo, a subjectividade inerente a

cada estudo e a cada investigador, as diferenças culturais inerentes aos diferentes

países em que são efectuados os estudos, a diferença entre as codificações de cada

estudo, e por último, a dimensão de cada amostra alvo de estudo. De todas e de cada

uma destas diferenças resulta o facto de a extrapolação dos resultados obtidos para a

generalidade da população ser pouco viável, por outro lado, também se torna pouco

viável a comparação dos resultados entre os diferentes estudos.

3.4.2 Variáveis de Mercado

O tipo de indústria, o Hidden Value, a volatilidade do preço das acções e o estado da

cotação são alguns dos factores, referenciados em diversos estudos, como sendo as

principais variáveis de mercado.

Enquanto que em alguns estudos têm sido adoptadas amostras compreendendo vários

sectores de actividade, de forma a comparar e concluir sobre as práticas de divulgação

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 26

sobre Capital Intelectual, não têm sido considerados o contexto específico de cada

sector que molda a divulgação efectuada pelas empresas. Para além disso muitos dos

estudos sobre divulgação de informação sobre Capital Intelectual focaram a sua atenção

nos relatórios anuais como único meio de divulgação, apesar de existirem estudos que

analisam outros meios de divulgação, como por exemplo, relatórios sobre Capital

Intelectual (Frost, 2001), com as empresas a recorrerem mais a outros meios de

comunicação como os relatórios sobre Capital Intelectual (Tilt, 2001) ou divulgação nas

páginas de Internet (Adams e Frost, 2004; Frost et al., 2005) para disseminar a

informação sobre o seu desempenho. A disponibilidade e o uso de outros meios de

divulgação levantam a questão relativamente à importância do relatório anual como o

principal meio de divulgação relativamente à responsabilidade social (Adams e Frost,

2004; Frost et al., 2005). Apesar disso, poucos estudos, ainda, consideraram outras

formas de divulgação para além dos relatórios anuais no estudo relativo à

responsabilidade social e ainda menos relativamente ao Capital Intelectual. Este estudo

procura analisar o nível de divulgação sobre Capital Intelectual em diferentes fontes de

informação, no caso, os relatórios anuais e as páginas de Internet.

O tipo de indústria tem sido estudado por diversos autores na tentativa de identificar

os seus efeitos no nível de divulgação de informação sobre Capital Intelectual. Dos

resultados dos diversos estudos, não é possível chegar a uma conclusão única, isto é,

alguns estudos detectam um efeito positivo entre o tipo de indústria e os níveis de

divulgação, como por exemplo, os estudos de Bukh et al. (2005) e Williams (2001),

que concluíram que empresas com utilização intensiva de tecnologias (Knowledge

Intensive) divulgam maiores níveis de informação sobre Capital Intelectual. No

mesmo sentido o estudo de Li et al. (2007), aponta que as empresas de alta tecnologia

são aquelas que divulgam maiores níveis de informação sobre Capital Intelectual.

Contrariamente, aos estudos anteriores, alguns autores nos seus estudos não

percepcionaram a existência de relações significativas entre o tipo de indústria e o

nível de divulgação de informação sobre Capital Intelectual, exemplos disso são,

García-Meca e Martínez (2005) e García-Meca et al. (2005). Outros autores

constataram a existência de uma relação entre o tipo de indústria e o nível de

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 27

divulgação mas não conseguiram explicar o porquê das diferenças no tipo de

divulgação efectuada (Bozzolan et al., 2003).

3.4.3 Variáveis Estruturais

Tendo em consideração os estudos já efectuados, as variáveis estruturais mais

utilizadas como sendo explicativas da divulgação são, a dimensão da empresa (Li et

al., 2007; Guthrie et al., 2006; García-Meca et al., 2005; García-Meca e Martínez,

2005; Bukh et al., 2005; Bozzolan et al., 2003;Williams, 2001), a estrutura accionista

(Li et al., 2007; Firer e Williams, 2005; Bukh et al., 2005) e o nível de endividamento

(García-Meca e Martínez, 2005; García-Meca et al., 2005; Ho e Wong, 2001).

Pela análise dos estudos existentes constata-se que não existe um consenso acerca dos

efeitos da dimensão da empresa na divulgação de informação sobre Capital

Intelectual. Segundo Li et al. (2007), Guthrie et al. (2006), García-Meca et al. (2005),

García-Meca e Martínez (2005) e Bozzolan et al. (2003), quanto maior a dimensão da

empresa, maior será o nível de divulgação de informação sobre Capital Intelectual. No

entanto, Bukh et al. (2005) e Williams (2001) não conseguiram encontrar correlações

estatisticamente significativas entre ambas as variáveis.

Uma vez que nem todos os autores conseguiram constatar a relação entre a dimensão

da empresa e o nível de divulgação, não é possível afirmar de forma inequívoca que a

dimensão é um factor explicativo do nível de divulgação de informação sobre Capital

Intelectual.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 28

3.5 Impactos da Divulgação

Alguns autores, como Chen et al. (2005) e Li e Wu (2004), estudaram a relação entre o

Capital Intelectual e o desempenho da empresa, e sugerem que o Capital Intelectual

gera um impacto positivo no desempenho da empresa e por conseguinte no mercado de

capitais, podendo funcionar como um indicador de desempenho financeiro futuro da

empresa (Chen et al., 2005).

Outros autores constatam que na presença de maiores níveis de divulgação de

informação, os investidores revêem em alta as suas expectativas, elevam a liquidez

dos mercados e motivam o interesse por parte de analistas financeiros e outras

entidades (Lang e Lundholm, 2000; Healy et al., 1999). Segundo Amir e Lev (1996) e

Hirschey et al. (2001) a divulgação de taxas de crescimento, taxas de penetração e

informação qualitativa sobre marcas e patentes é importante para explicar a formação

do preço das acções, uma vez que a informação financeira, quando apresentada

isoladamente, por si só não o consegue explicar.

Abdolmohammadi (2005) constatou que a frequência da divulgação de informação

sobre Capital Intelectual tem um efeito positivo na capitalização bolsista das

empresas. Lajili e Zéghal (2006) encontram a mesma relação no que concerne à

divulgação de informação sobre o Capital Humano, ou seja, também encontraram uma

influência positiva da divulgação de informação sobre Capital Humano no

desempenho da empresa e no valor de mercado.

Segundo Abdolmohammadi (2005), o simples facto da divulgação de informação

sobre o Capital Intelectual da empresas ter em um efeito positivo no desempenho e na

capitalização bolsista das empresas, por si só são um incentivo económico à

divulgação voluntária deste tipo de informação.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 29

3.6 Formas de Divulgação

O interesse relativamente ao Capital Intelectual assumiu maior relevância nas duas

últimas décadas (Blair e Wallman, 2000; Guthrie e Petty, 2000; Guthrie et al., 2004). A

globalização, a desregulação dos mercados, a diminuição dos custos e a capacidade de

transferência de grandes volumes de informação trouxeram alterações na cadeia de

criação de valor e nos factores de competitividade para praticamente todas as

organizações.

De acordo com diversos estudos, a procura de informação relativamente ao Capital

Intelectual tem crescido (Eustace, 2000; Upton, 2001; Petty e Guthrie, 2000; Lev, 2001;

Mouritsen et al., 2001, 2005). Nesse sentido, e de acordo com Williams (2001), Bukh et

al. (2005) tem havido um aumento no volume e na natureza da divulgação de

informação sobre Capital Intelectual por parte das organizações. Contudo a maioria dos

estudos tem centrado a sua atenção na análise de informação impressa (dos relatórios

anuais e outros prospectos).

Há, contudo, pouco conhecimento sobre as práticas de divulgação quer em extensão,

quer em qualidade nas páginas de Internet.

3.6.1 A divulgação na Internet

A recente disseminação dos recursos da Internet quer pelas organizações, quer pelos

utilizadores residenciais abriu a possibilidade de as organizações disponibilizarem

informação sobre os seus activos intangíveis não apenas pela forma tradicional de

relatórios anuais ou trimestrais, mas também com recurso às suas páginas de Internet.

Da perspectiva dos gestores proporcionar divulgação com a máxima qualidade

relativamente aos activos intangíveis não é um fim em si mesmo. Será antes útil porque

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 30

proporciona ao mercado de capitais informações relativamente ao Hidden Value ou Real

Value da organização.

A maioria dos estudos empíricos ignoram que numa economia, e numa sociedade,

baseada nos meios digitais e de rede a propagação de informação sobre os intangíveis

não está limitada aos meios comuns como os relatórios escritos sob a forma de papel,

como são os relatórios anuais, ou com outra periodicidade. A informação poderá, e

deverá, também ser disponibilizada com recurso à página de Internet da organização.

De acordo com a literatura a divulgação de informação sobre os intangíveis com recurso

à Internet tem as seguintes vantagens (ver Labhart e Volkart, 1997):

Interactividade – Os utilizadores podem procurar a informação que precisam e

endereçar questões às organizações relativamente à informação disponibilizada. A

informação (conteúdos) nas páginas de Internet está muitas vezes interligada com outra

informação na página corporativa ou com outras páginas na Internet.

Actualidade – As organizações tem a possibilidade de proporcionar novas informações

relativas ao seu valor sem atrasos, isto é, logo após a sua ocorrência socorrendo-se para

tal da sua presença na Internet. Sendo as suas páginas de Internet particularmente aptas

para a disseminação de informação.

Alcance – A Internet distribui a informação a nível global. O único entrave que os

utilizadores enfrentam, poderá ser a barreira da língua. Mas muitas vezes essa barreira é

minimizada com recurso à construção de páginas em inglês, paralelamente à versão da

língua do país de origem.

Eficiência – A divulgação com recurso a páginas de Internet permite uma utilização da

informação mais eficiente quer por parte de quem a disponibiliza, quer do destinatário.

A disponibilidade de informação por via da Internet possibilita uma maior difusão da

informação a custos comparativamente mais reduzidos, como por exemplo, custos com

a impressão de relatórios trimestrais e sua distribuição (Fisher et al., 2004; Trabelisi et

al., 2004). Por outro lado, os utilizadores poderão usar a informação e importá-la

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 31

directamente, em formato electrónico, para as suas aplicações informáticas sem ser

necessário recorrer à introdução manual, logo com custos mais reduzidos.

Contudo, a divulgação de informação recorrendo às páginas de Internet apresenta

algumas desvantagens comparativamente com a divulgação tradicional em papel. A

primeira limitação poderá ser a não inclusão na página da Internet de toda a informação

constante do Relatório Anual. A segunda limitação prende-se com a integridade da

informação, isto é, a informação constante na página da Internet poderá não ser

correcta, poderá não ser autorizada e poderá ter sido introduzida por pessoas não

autorizadas. A terceira limitação prende-se com o facto de em muitas páginas de

Internet o utilizador da informação não sabe se a informação é informação auditada,

uma vez que, regra geral, nas páginas de Internet a informação é muito mais abrangente

que a constante dos relatórios auditados (Hodge, 2001; Lymer e Debreceny, 2003).

Segundo Nielsen et al. (2006), a Internet é um meio que permite divulgar informação de

uma forma fácil, generalizada e com custos reduzidos, sendo cada vez mais, utilizada

como sendo o meio das empresas divulgarem informação aos seus stakeholders.

São conhecidos alguns estudos que analisam as páginas de Internet como meio de

divulgação de informação sobre Capital Intelectual (Striukova et al., 2008; Nielsen et

al., 2006), e outros que analisam as páginas de Internet conjuntamente com outros

documentos, nomeadamente os Relatórios Anuais (Guthrie et al., 2008).

3.6.2 A divulgação nos Relatórios e Contas Anuais

Segundo alguns autores, os estudos relacionados com a divulgação voluntária de

informação sobre o Capital Intelectual, incidem na sua maioria na divulgação

disponibilizada ao público em geral para analisar as estratégias de divulgação,

nomeadamente, através dos Relatórios Anuais das empresas (Bozzolan et al., 2002), ou

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 32

dos prospectos usados nas IPO (Bukh et al., 2001). O objectivo da divulgação seria o de

demonstrar aos stakeholders quais os drivers de criação de valor e a forma como são

geridos.

De acordo com Bontis (2003), as demonstrações financeira tradicionais, por si só, não

apresentam informação relativamente ao Capital Intelectual daí que se mostrou

necessário encontrar outras formas de divulgar informação desse tipo. Com base nesse

pressuposto o estudo relativo ao Capital Intelectual evoluiu e assumiu maior

importância. No entanto a divulgação de informação sobre o Capital Intelectual

continua a não ser obrigatória pelo que as empresas e os seus gestores decidem se

divulgam ou não e como divulgam. Assim, as empresas divulgam apenas a informação

que consideram mais conveniente e da forma que melhor satisfaz os seus objectivos

(DMSTI, 2003a, b; Bjurström et al., 2003; MERITUM, 2002; FASB, 2001; IASB,

2000; Wallman, 1995, 1996; CICA, 1995; AICPA, 1994).

No entanto, a maioria dos estudos comprovam que a informação é divulgada

essencialmente sob a forma narrativa. A forma narrativa é susceptível de ser manipulada

mais facilmente e é, também, menos aprofundada. Segundo Botosan (1997) a

divulgação quantitativa poderá ser entendida como um indicador da qualidade da

informação, visto que o facto de a informação ser apresentada sob a forma quantitativa

leva a crer que é mais fiável e mais rigorosa, uma vez que é expressa em valores.

O enquadramento de Sveiby (1997), ou uma variante deste, que classifica o Capital

Intelectual segundo três vertentes (Capital Humano, Capital Externo e Capital Interno)

tem sido usado por muitos estudiosos, nomeadamente, Ferreira (2008), Flöstrand

(2006), Oliveira et al. (2006a), Oliveras e Kasperskaya (2005), Petty e Cuganesan

(2005), Vandemaele et al. (2005), Citron et al. (2005), Abeysekera e Guthrie (2005),

Goh e Lim (2004), April et al. (2003), Bozzolan et al. (2003), Brennan (2001), Guthrie

e Petty (2000). De acordo com o enquadramento de Sveiby (1997) o Capital Humano

dirá respeito, essencialmente, à competência dos funcionários, o Capital Interno ou

Estrutural, dirá respeito à estrutura interna da empresa e o Capital Externo ou

Relacional será relativo à estrutura externa à empresa.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 33

3.6.3 A divulgação em Documentos Autónomos

De acordo com o estudo de Guthrie e Petty (2000) o Relatório Anual é a principal forma

usada pelas empresas para comunicarem com os seus stakeholders. Apesar de o

Relatório Anual ser o documento, mais vezes usado nos estudos relativos à divulgação

de informação sobre Capital Intelectual, este não é o único documento usado pelas

empresas para divulgarem informação. Exemplos de estudos que incidiram sobre os

Relatórios Anuais são os de Abeysekera (2007), Vergauwen et al. (2007), Guthrie et al.

(2006). Alguns autores (ver Cordazzo, 2007; Singh e Van der Zahn, 2007; Bukh et al.,

2005), contudo, estudaram a divulgação de informação sobre Capital Intelectual

centrando o seu estudo em outros documentos como por exemplo os prospectos de

oferta pública inicial, que segundo Cordazzo (2007), são usados pelas empresas para

promoção das suas acções junto de potenciais investidores. Estes prospectos apontam

acima de tudo para as perspectivas de futuro da empresa, para a estratégia a longo

prazo, para o risco, a rendibilidade futura, em suma apresentam as perspectivas futuras

que a empresa definiu aquando da oferta pública. Por outro lado os Relatórios Anuais,

apesar de serem construídos tendo em consideração os interesses dos utilizadores,

centram-se no relato do desempenho passado da empresa.

A comparação entre a divulgação efectuada com recurso a estes dois tipos de

documentos é escassa mas não é inexistente. Rashid et al. (2009) e também Nielsen et

al. (2006) compararam a divulgação entre estes dois tipos de documentos e concluíram

que existem semelhanças entre eles.

Para além dos prospectos de oferta pública inicial e dos Relatórios Anuais, as empresas

têm recorrido a outras formas de divulgação de informação, nomeadamente o recurso

aos mass media, informação divulgada em reuniões com investidores, institucionais ou

outros, reuniões com analistas e utilização da Internet como meio de divulgação

(Beattie e Pratt, 2001; Beattie, 1999; Holland, 1997). Outra forma de divulgação de

informação sobre Capital Intelectual é o Relatório sobre Capital Intelectual (Ordonéz de

Pablos, 2002, 2003, 2005; Mouritsen et al., 2001; Olsson, 2001).

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 34

Considerando que os investidores nas suas decisões têm em consideração a informação

disponível sobre a estratégia das empresas (Galbraith e Merrill, 2001) os gestores

deverão disponibilizar informação para que a avaliação da empresa seja correcta. No

entanto, de acordo com Blair e Wallman (2001), os modelos tradicionais para

divulgação de informação não reflectem os processos de criação de valor por parte da

empresa, daí que considerem necessário a criação de novos modelos de apresentação.

Em Portugal, contudo, e dos estudos existentes, não existe evidência da existência de

relatórios específicos sobre Capital Intelectual, sendo a divulgação efectuada nos

Relatórios Anuais (Gomes et al., 2007; Oliveira et al., 2006a) e sob a forma narrativa,

sendo pouca a informação apresentada na forma quantitativa (Gomes et al., 2007;

Oliveira et al., 2006a).

3.7 A divulgação em Portugal

Em Portugal já existem alguns estudos acerca de divulgação de informação sobre

Capital Intelectual e baseiam-se em amostras de empresas cotadas na Euronext Lisbon,

tal como este estudo. Os estudos de Ferreira (2008) e Gomes et al. (2007) procuraram

identificar padrões de divulgação. Os estudos de Ferreira (2008) e Oliveira et al.

(2006a,b) procuraram determinar os factores explicativos, bem como a avaliação da

relevância da informação de natureza intangível no mercado de capitais.

As empresas portuguesas optam por divulgar informação sobre Capital Intelectual nos

Relatórios e Contas Anuais, e não existe evidência de documentos autónomos para

divulgação deste tipo de informação. No entanto a divulgação que existe é divulgada

num formato meramente narrativo, com pouca informação quantitativa ou monetária

(Ferreira, 2008; Gomes et al., 2007; Oliveira et al. 2006a).

No que concerne às categorias de Capital Intelectual mais divulgadas, não existe

consenso nos estudos nacionais. O Capital Relacional ou Externo é a categoria de

Capital Intelectual mais divulgada segundo Ferreira (2008) e Oliveira et al. (2006a). Já

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 35

para Gomes et al. (2007) a categoria de Capital Intelectual mais divulgada passa a ser o

Capital Estrutural ou Interno. Já no que concerne à categoria de Capital Intelectual

menos divulgada, ambos concordam que o Capital Humano é a categoria menos

divulgada.

Para Oliveira et al. (2006a), são vários os factores que permitem explicar a divulgação

voluntária de informação sobre Capital Intelectual em Portugal. De acordo com estes

autores, as empresas apresentam maiores níveis de divulgação de informação sobre

Capital Intelectual quanto maior a dimensão da empresa, menor concentração da

estrutura accionista, mais intensivas em tecnologia, e auditadas por uma das Big4

(quatro maiores empresas de auditoria a nível internacional - PricewaterhouseCoopers,

Deloitte Tohmatsu, Ernest & Young e KPMG). Estes autores também constataram a

existência de uma influência moderada do estudo da cotação da empresa, defendendo

que as empresas admitidas à cotação, simultaneamente, nos mercados nacionais e

internacionais, apresentem maiores níveis de divulgação de informação sobre Capital

Intelectual. Para além disto, estes autores comprovaram que as variáveis de

internacionalização, rendibilidade e endividamento da empresa não estão

estatisticamente relacionadas com os níveis de divulgação voluntária de informação

sobre Capital Intelectual.

O estudo de Oliveira et al. (2006b) atribui importância à informação sobre intangíveis, e

evidenciou que para o mercado de capitais nacional, a informação contabilística

tradicional ainda é relevante, nomeadamente, no que diz respeito aos activos, passivos,

capital próprio e resultados, uma vez, que segundo estes autores, só são relevantes os

activos intangíveis reconhecidos contabilisticamente, assim sendo, o goodwill gerado

externamente, é o intangível mais relevante contabilisticamente. Para além disto,

constatam, ainda, que os investidores nacionais quando tomam as suas decisões

parecem têm em consideração a existência de activos intangíveis não reconhecidos

contabilisticamente.

De acordo com o exposto, já existem alguns estudos nacionais sobre divulgação de

informação voluntária sobre Capital Intelectual, apesar dos resultados nem sempre

serem concordantes, cada estudo contribui para a interpretação e compreensão deste

fenómeno

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 36

4 Desenvolvimento das Hipóteses de Estudo

O crescimento da importância da divulgação relativa ao Capital Intelectual tem

constituído um dilema nas comunidades relacionadas com a contabilidade e finanças.

Os princípios dominantes no que diz respeito à divulgação de informação sobre as

empresas são relativos à medida e avaliação dos recursos físicos (por exemplo,

equipamentos instalações e inventários). Os modelos tradicionais são cada vez mais

entendidos como arcaicos e desadequados das necessidades dos utilizadores nos dias de

hoje, uma vez que não possibilitam a avaliação e divulgação dos principais itens

relativos ao Capital Intelectual.

De acordo com Blair e Wallmam (2000) é urgente que seja criado um novo modelo de

divulgação que reflicta a dinâmica de criação de valor e os seus principais drivers.

Outros autores (Galbraith e Merrill, 2001; Bose e Oh, 2004) defendem que é necessário

divulgar informação relativa aos principais itens relacionados com a cadeia de valor de

cada organização, incluindo aspectos relativos ao Capital Intelectual, nos documentos

de divulgação da empresa nomeadamente nos relatórios anuais. Essa divulgação deverá

permitir aos utilizadores uma melhor tomada de decisões. Segundo Gelb (2002) esta

divulgação é ainda mais importante para as organizações que incorporam maiores níveis

de Capital Intelectual. As entidades reguladoras não conseguiram ainda adaptar os

modelos de divulgação às novas necessidades para que a divulgação leve em linha de

conta a crescente importância do Capital Intelectual. A não evolução dos modelos de

divulgação levou a que muitas empresas (particularmente na Europa) adoptassem

mecanismos alternativos de divulgação de informação sobre Capital Intelectual na

tentativa de ir de encontro às necessidades dos utilizadores. Esses mecanismos são por

vezes relatórios unicamente dedicados à divulgação relativa ao Capital Intelectual

(Mouritsen et al., 2001). Estes relatórios são apontados por diversos autores como sendo

uma importante ferramenta para identificação, gestão e divulgação sobre o valor de

Capital Intelectual (DMSTI, 2003; Zambom, 2003).

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 37

Enquanto que os estudos sobre a divulgação tradicional (por exemplo, informação

financeira) são já comuns, a investigação sobre Capital Intelectual, está ainda numa fase

inicial (Andriessen, 2004).

Assim, e tendo em consideração o exposto anteriormente, foram formuladas duas

hipóteses de estudo com o objectivo de testar os efeitos da dimensão e do sector de

actividade no nível de divulgação, quer nos Relatórios e Contas quer na Internet.

4.1 Dimensão

Na literatura são apontadas várias razões que explicam o porquê de a dimensão e a

qualidade da divulgação de informação sobre intangíveis estarem positivamente

relacionadas. Segundo García-Meca et al. (2005), quanto maior for a empresa, maior

será a sua exposição a ataques políticos em virtude da sua maior exposição. Como

forma de tentar diminuir a pressão política a que a empresa poderá estar sujeita, os

gestores tenderão a divulgar um maior volume de informação.

Quanto maiores forem as empresas maior será a pressão exercida pelos seus

stakeholders no sentido de obterem mais informação (Lang e Lundholm, 1993).

Paralelamente a isso, os custos com a divulgação, por parte de grandes empresas, são

comparativamente menores do que aqueles incorridos por empresas de menor dimensão

(Ginner, 1997; Leftwich et al., 1981).

De acordo com os pressupostos da teoria da agência as empresas de grande dimensão

tenderão a divulgar mais informação na tentativa de minimizar a transferência de

riqueza dos detentores de capital para os gestores (Leftwich et al., 1981; Jensen e

Meckling, 1976).

Foram realizados vários estudos que comprovaram que a dimensão da empresa

influência positivamente a divulgação de informação, exemplos desses estudos são

Bozzolan et al. (2006), Oliveira et al. (2006a), García-Meca et al. (2005), Petty e

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 38

Cuganesan (2005) e Bozzolan et al. (2003). Este resultado vai de encontro aos

argumentos das teorias da agência, da sinalização, do custo-benefício e do mercado de

capitais.

Tendencialmente, quanto maior for a dimensão da empresa, maior será o financiamento

com recurso a capitais alheios, isto é, o rácio capitais alheios, capitais próprios será

superior e de acordo com o estudo de Li et al. (2007) maiores serão os custos de agência

que decorrem da relação existente entre a empresa e os seus credores. Como forma de

reduzirem a assimetria de informação, as empresas divulgam maiores volumes de

informação, e desta forma tentam reduzir o custo do capital alheio (Botosan, 1997).

Tal como referido anteriormente, genericamente, na literatura existente é sugerida a

existência de uma associação positiva entre a dimensão das empresas e a divulgação de

informação sobre Capital Intelectual (ver por exemplo, Bozzolan et al., 2003, Bozzolan

et al., 2006; Guthrie et al., 2006; García-Meca et al., 2005; Oliveira et al., 2006a; Petty

e Cuganesan, 2005).

As empresas com maior dimensão terão maior propensão para divulgar informação

sobre Capital Intelectual por diversas razões (Petty e Cuganesan, 2005, p. 47). A

primeira razão é a de que o custo de reunir e preparar informação detalhada será inferior

para empresas de grande dimensão com mais recursos e com mais conhecimento. A

segunda razão é a de que as empresas de maior dimensão terão provavelmente mais

Capital Intelectual a reportar uma vez que terão maiores equipas e um maior número de

Stakeholders. A terceira razão é de que as empresas de grande dimensão têm maior

visibilidade e assim tenderão a comunicar um maior volume de informação aos seus

Stakeholders.

À medida que as empresas crescem, a sua visibilidade aumenta e assim tornam-se mais

susceptíveis ao escrutínio dos seus Stakeholders e desta forma mais vulneráveis às

potenciais reacções adversas desses grupos. As empresas de grande dimensão, em

média, estão mais distribuídas geograficamente e em diferentes mercados o que

significa que os seus Stakeholders são em maior número e mais heterogéneos (Brammer

e Pavelin, 2004). Nessas circunstâncias as empresas de grande dimensão tenderão a

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 39

divulgar mais informação sobre Capital Intelectual como forma de construir e manter

uma boa reputação.

Tendo em consideração o exposto anteriormente, foi formulada a hipótese que se segue:

Hipótese 1 (H1): As empresas de grande dimensão terão maiores níveis de divulgação

de informação sobre Capital Intelectual que as mais pequenas.

4.2 Sector de Actividade

Tomando em consideração estudos realizados anteriormente, como por exemplo, os de

Bukh et al. (2005) e Williams (2001), parece poder-se afirmar que existe uma relação

entre os níveis de divulgação de informação e o sector de actividade em que as

empresas se enquadram. No entanto, outros autores nos seus estudos não encontraram

evidência de qualquer relação, exemplos disso são os estudos de García-Meca et al.

(2005) e García-Meca e Martínez (2005). Estas diferenças nos resultados obtidos,

segundo Li et al. (2007) devem-se, principalmente, à dimensão reduzida das amostras.

Assim, como se pode perceber, não é possível, à partida, concluir acerca do nível de

divulgação de informação em função do sector de actividade em que a empresa se

enquadra. É de salientar, contudo, que cada sector de actividade tem características

próprias que poderão influenciar as empresas que o integram e também a divulgação de

informação por elas efectuada.

Os Proprietary Cost e os custos políticos variam em função do sector de actividade,

afectando todas as empresas inseridas nesse sector, e desta forma as empresas são

influenciadas no sentido de divulgarem mais informação. Assim, quando uma empresa

inserida num dado sector divulga informação de forma a assinalar a sua posição no

mercado, as restantes empresas que integram esse mesmo sector tenderão a divulgar

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 40

informação em volumes semelhantes de forma a demonstrar que se encontram em

patamares equivalentes (Beattie e Thomson, 2007; Petty e Cuganesan, 2005).

Conforme a teoria da sinalização, é necessário que, para manterem a sua actividade, os

clientes confiem nas empresas. Para que essa confiança exista é fundamental que as

empresas sejam transparentes e divulguem informação.

Tal como referido anteriormente, de acordo com diversos estudos existe um efeito

significativo do sector de actividade na divulgação de informação sobre Capital

Intelectual (ver por exemplo, Bozzolan et al., 2003, Bozzolan et al., 2006; Oliveira et

al., 2006a; Petty e Cuganesan, 2005).

Bozzolan et al. (2006, p. 100) apresentam algumas interpretações complementares para

explicar o efeito do sector de actividade na divulgação de informação por parte das

empresas: os Proprietary Costs variam de acordo com o sector de actividade; as

empresas são pressionadas a divulgarem informação relacionada com o seu sector de

actividade, nos seus relatórios anuais, por parte de investidores externos que precisam

de informação sobre a posição relativa das empresas no seu sector de actividade de

forma a melhor aferirem o valor da empresa; a divulgação dentro de um determinado

sector de actividade poderá ser influenciada pelo comportamento da empresa

dominante; razões históricas poderão ser responsáveis por seguir o exemplo de

empresas bem sucedidas ou a exposição internacional de um sector de actividade em

particular poderá afectar a extensão da divulgação.

Um aspecto importante a considerar relativamente à divulgação de informação sobre

Capital Intelectual é o de que a procura de informação sobre Capital Intelectual é maior

no caso das empresas que operam em sectores de actividade em que a imprevisibilidade

do futuro é maior e em que a capacidade de previsão dos resultados é mais difícil

(Bozzolan et al., 2003, p. 550), este é, por exemplo, o caso dos sectores de alta

tecnologia (ibid.). As empresas em sectores de alta tecnologia divulgam mais

informação que as empresas dos sectores não tecnológicos porque os seus activos

incorporam grandes níveis de intangíveis, como por exemplo, investigação de

desenvolvimento e patentes.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 41

Neste estudo, a expectativa é a de que os sectores Knowledge Intensive tenderão a

divulgar mais informação que os sectores tradicionais (Bozzolan et al., 2003, Bozzolan

et al., 2006).

Considerando que as empresas que não divulgam informação, ou que, não acompanham

a tendência de divulgação das restantes correm o risco de que os stakeholders duvidem

delas criando-se assim um desfasamento da legitimidade formulou-se a seguinte

hipótese:

Hipótese 2 (H2): Os níveis de divulgação de informação sobre Capital Intelectual das

empresas que operam em sectores Knowledge Intensive serão mais elevados do que os

das empresas que operam em sectores tradicionais.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 42

5 Metodologia de Análise

O uso de elementos muito específicos de entre três categorias é uma metodologia

consistente com estudos anteriores. Os conceitos a que se recorreu foram os mesmos

utilizados nos estudos de Guthrie et al. (2004) e Guthrie e Petty (2000). Contudo os

conceitos foram adoptados, tendo em consideração o contexto nacional. O investigador,

recorrendo aos conceitos apontados por Guthrie e Petty (2000), analisou os relatórios

anuais do ano de 2008 e as páginas de Internet das empresas constituintes da amostra.

Considerando que este estudo foi realizado apenas por um investigador, não foi possível

adoptar o processo de análise e comparação dos resultados por parte de diferentes

investigadores até chegarem a um ponto em que não existam diferenças significativas

que distorçam o estudo. Esta solução de existência de múltiplos investigadores e

revisões foi preconizada por Krippendorff (2004) e por Milne e Adler (1999).

Tal como em qualquer estudo, foi necessário limitar o espectro de documentos a

analisar para que o mesmo não se tornasse impraticável. Assim, os documentos

escolhidos foram os relatórios anuais e as páginas de Internet. Visto que os conteúdos

das páginas de Internet estão sujeitos a actualizações regulares (Adams e Frost, 2004) a

página de cada empresa foi analisada num só dia. No entanto existe a limitação de que

as páginas de Internet não foram todas analisadas no mesmo momento, o que dificulta a

comparação entre as empresas.

Depois de escolhidos os documentos a serem analisados (relatórios anuais e páginas de

Internet) foi necessário limitar o número de empresas a analisar para que fosse possível

levar a cabo o estudo. Assim, foi definida uma amostra com vinte e quatro empresas

(seis sectores, com quatro empresas cada) o que inviabiliza a generalização. Tal como

Petty et al. (2006) e Bozzolan et al. (2003, 2006) detectaram alguma evidência de que o

nível de divulgação está relacionado com a importância relativa atribuída ao Capital

Intelectual, foram escolhidos três sectores considerados como de utilização intensiva de

conhecimento (Knowledge Intensive) e três sectores tradicionais. A escolha destes

sectores foi feita com base na expectativa de que tenderiam a divulgar diferentes níveis

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 43

de Capital Intelectual. Os sectores Knowledge Intensive foram Media, Banks e

Technology, os sectores tradicionais escolhidos foram Basic Resources, Construction &

Materials e Industrial Goods & Services.

Para além disso, se um estudo, relativamente ao Capital Intelectual, apenas analisa

relatórios anuais, como por razões de custo, de design e estilo, o número de páginas é

limitado, cada página do relatório apresenta um custo de oportunidade e desta forma os

gestores deverão analisar cuidadosamente quanto espaço dedicar a cada assunto a ser

incluído no relatório anual. Assim, a quantificação da divulgação, em termos de volume

poderá proporcionar resultados significativos neste contexto. No entanto, nos casos em

que a divulgação é feita por via exclusivamente electrónica em que o custo marginal da

divulgação adicional é reduzido, a análise do volume de informação não será tão

significativa, uma vez que as empresas terão um custo reduzido em divulgar mais

informação (Unerman et al., 2007), tendo em consideração que serão analisadas quer as

páginas de Internet, quer os relatórios anuais, e de forma a permitir a comparação dos

resultados obtidos optou-se por analisar apenas a existência ou não, de divulgação sem

ter em atenção o volume divulgado.

5.1 Definição da Amostra

Para a definição da amostra recorreu-se à lista das empresas cotadas na Euronext

Lisbon, em Junho de 2009, seguidamente agruparam-se as empresas segundo o nível

dois do ICB, seleccionaram-se os sectores com quatro ou mais empresas, reduzindo-se a

amostra para sete sectores possíveis de análise, sendo três sectores Knowledge Intensive

e quatro sectores tradicionais.

De forma a uniformizar a amostra para três sectores tradicionais e três sectores

Knowledge Intensive, foi excluído um sector tradicional. Para a escolha de qual o sector

a ser excluído, recorreu-se aos valores da capitalização bolsista, sendo, excluído o sector

com o menor valor máximo de capitalização bolsista (no caso o sector 5700 - Travel &

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 44

Leisure). Foi ainda necessário uniformizar o número de empresas por sector,

recorrendo-se, novamente, ao valor da capitalização bolsista, tendo sido seleccionadas

as quatro empresas com maior valor de capitalização bolsista.

No final, a amostra resume-se a vinte e quatro empresas, compreendendo seis sectores

de actividade e quatro empresas por cada sector, sendo três sectores tradicionais e três

sectores Knowledge Intensive.

Os sectores em análise são:

Tabela 1 – Composição da amostra

5.2 Recolha de Dados

Para a recolha dos Relatórios e Contas recorreu-se à página de Internet da CMVM –

Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários, de onde foram retirados os Relatórios e

Contas Anuais Consolidados, relativos ao exercício económico de 2008.

Para a recolha da informação constante das páginas de Internet, durante o mês de

Setembro de 2009, acedeu-se a cada uma das páginas de Internet das empresas que

compunham a amostra. A análise da página de Internet de cada empresa foi efectuada

num só dia para que todo o conteúdo fosse analisado sem que sofresse alterações, ou

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 45

seja, procurou-se que no mais curto espaço de tempo fosse efectuada a recolha da

informação necessária para este estudo.

5.3 Método de pesquisa

A análise do conteúdo foi levada a cabo nos relatórios anuais e nas páginas de Internet

de uma amostra de vinte e quatro empresas cotadas na Euronext Lisbon, estas empresas

pertencem a seis sectores de actividade diferentes. A selecção das empresas foi

efectuada com base no valor da capitalização bolsista, tendo sido escolhidas as quatro

empresas de cada sector com maior valor de capitalização bolsista, o objectivo desta

selecção foi o de analisar os efeitos da dimensão no nível de divulgação. A selecção dos

sectores de actividade foi feita com o objectivo de analisar os efeitos do sector de

actividade na divulgação efectuada. Para cada empresa foi recolhida a informação

necessária, o relatório anual consolidado relativo ao ano de 2008 e analisadas as páginas

de Internet durante o mês de Setembro de 2009. Este estudo analisou a divulgação de

informação sobre Capital Intelectual, com recurso à análise de conteúdos. Para levar a

cabo esta análise os itens relativos ao Capital Intelectual foram recolhidos, dos

relatórios anuais e das páginas de Internet das vinte e quatro empresas constituintes da

amostra e simultaneamente codificados.

O enquadramento proposto por Sveiby (1997) e posteriormente modificado por Guthrie

e Petty (2000), Guthrie et al. (2004, 2006) e Unerman et al. (2007) foi adoptado neste

estudo. Este enquadramento é composto por três categorias principais, o Capital Interno,

o Capital Externo e o Capital Humano. O Capital Interno compreende os sistemas,

políticas, cultura e outras capacidades organizacionais desenvolvidas para irem de

encontro às necessidades do mercado. O Capital Externo inclui as ligações existentes

entre a empresa e o meio envolvente. O Capital Humano inclui o know-how, as

capacidades, as habilidades, a experiência e a especialização dos empregados. Esta

definição é compatível com muita da literatura relativa ao Capital Intelectual que

descreve Capital Externo ou Relacional, Capital Interno ou Estrutural e Capital Humano

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 46

(Edvinsson e Malone, 1997; Edvinsson e Stenfelt, 1999; Roos et al., 1997; Stewart,

1997; Sveiby, 1988, 1997).

O problema com a divulgação narrativa relativamente à divulgação quantitativa, quer

em valores monetários, quer em valores não monetários, é a sua relativa falta de

mensuração, credibilidade ou comparabilidade entre diferentes períodos e entre

diferentes empresas. Assim, e em consequência da informação maioritariamente

narrativa, Guthrie et al. (2008) argumentam que tem sido divulgada pouca informação

ou informação insuficiente sobre Capital Intelectual por parte das empresas.

Quando as empresas divulgam voluntariamente informação nos seus relatórios anuais,

muitas vezes, não têm completo conhecimento da substância financeira relativa ao

Capital Intelectual (Guthrie et al., 2006).

Neste mesmo estudo foram encontradas grandes diferenças entre o formato de

divulgação e a localização dessa informação nos relatórios anuais e nas páginas de

Internet, o que leva a maiores dificuldades na comparação entre as diferentes empresas.

5.3.1 Índice de divulgação

A análise de conteúdo foi um método de pesquisa utilizado por diversos autores (como

por exemplo, Guthrie e Petty, 2000; Abeysekera e Guthrie, 2005; Petty e Cuganesan,

2005; Bozzolan et al., 2003; Oliveira et al., 2006a), na tentativa de identificar e

organizar os dados empíricos. Num processo de análise de conteúdos poderá ser

considerada quer a qualidade da divulgação, quer a quantidade divulgada para as

categorias identificadas, isto é, poderá ser considerada a importância atribuída a cada

item em função da quantidade de informação divulgada ou apenas a sua ocorrência ou

não.

De acordo com Beattie e Thomson (2007), quanto maior a importância atribuída a cada

item, maior será o número de vezes que esse mesmo item é divulgado, ou seja, a

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 47

repetição é utilizada como forma de sinalizar a atribuição de importância a cada item.

No entanto, e ainda de acordo com Beattie e Thomson (2007), este pressuposto só é

válido caso o espaço disponível para divulgação seja limitado. Como no presente estudo

serão analisadas páginas de Internet em que não existe a referida limitação de espaço,

não será adoptada a verificação do volume de informação divulgada.

De forma a ser possível fazer algum tipo de comparação entre as páginas de Internet e

os relatórios anuais, nestes também não será analisado o volume de informação, ou seja,

apenas será verificada a ocorrência, ou não, da divulgação dos diferentes itens que

geralmente são considerados em estudos relativos à divulgação de informação sobre

Capital Intelectual.

5.3.2 Escolha dos Relatórios e Contas

Aquando da avaliação da divulgação sobre Capital Intelectual uma das principais

preocupações deverá ser quais os documentos a serem analisados, de forma a estudar a

divulgação por parte das empresas de uma qualquer amostra. Existem argumentos a

favor e contra o uso dos relatórios anuais como única fonte de informação relativamente

à divulgação de informação sobre Capital Intelectual. Tradicionalmente os relatórios

anuais têm sido considerados como o principal meio de divulgação de informação aos

stakeholders da empresa. De facto de acordo com estudos existentes, quer sobre

divulgação de informação sobre responsabilidade social, quer sobre Capital Intelectual,

os relatórios anuais foram considerados como a principal forma de comunicação (ver

por exemplo, Neu et al., 1998; Roberts, 1992; Wiseman, 1982; Freedman e Jaggi, 1986;

Guthrie e Parker, 1989, 1990).

Segundo Campbell (2000) os relatórios anuais poderão ser considerados como

expressando de forma correcta a atitude das empresas relativamente à sua envolvente,

por duas razões, uma é a de que a empresa tem total controlo editorial sobre o

documento, com excepção das secções sujeitas a revisão legal, a outra razão é a de que

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 48

o relatório anual, é, regra geral, o documento mais divulgado pelas empresas. Os

relatórios anuais são de produção obrigatória e com uma periodicidade regular por parte

de todas as empresas o que facilita a comparação entre empresas (Tilt, 2001)

estabelecendo alguma credibilidade aos relatórios anuais (Neu et al., 1998). Para além

disso, os relatórios anuais são vistos como um meio com recurso ao qual as empresas

tentam construir uma imagem junto dos seus stakeholders quer internos, quer externos

(Petty e Guthrie, 2000). A pesquisa sobre divulgação de informação sobre Capital

Intelectual, bem como sobre responsabilidade social tem sido baseada essencialmente

nos relatórios anuais.

5.3.3 Escolha das páginas de Internet

Ao longo da última década e com o advento das novas tecnologias as empresas têm

vindo a recorrer cada vez mais ao uso da Internet como forma de divulgação de

informação relativamente à sua actividade (Adams e Frost, 2004). A disponibilidade e o

crescimento da Internet levaram a que se levantassem algumas novas questões

relativamente à importância dos relatórios anuais como principal meio de divulgação de

informação sobre Capital Intelectual. Um estudo conduzido por Frost et al. (2005)

analisou a divulgação sobre responsabilidade social em diferentes formas de divulgação.

Nesse estudo concluíram que o relatório anual era a fonte de informação menos valiosa,

relativamente á divulgação de informação sobre a sustentabilidade da empresa em

termos do número de indicadores observados e diversidade da informação

disponibilizada.

O crescimento de importância de Internet revolucionou a relação existente entre clientes

e fornecedores. Por outras palavras proporciona aos clientes fácil acesso à procura de

fornecedores alternativos, isto leva a que a manutenção da base de clientes assuma

particular relevância. Enquanto a evolução da Internet torna os clientes mais poderosos

é também uma poderosa e eficaz ferramenta ao dispor dos fornecedores para

manutenção dos clientes permitindo moldar e gerir a relação cliente/fornecedor. Por

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 49

exemplo, os fornecedores poderão recorrer à Internet para ir de encontro às

necessidades de informação de um grande espectro de clientes de uma forma mais pró-

activa e disponibilizando informação à medida das necessidades dos clientes. A Internet

pode ainda ser usada como uma forma menos dispendiosa de fazer chegar aos clientes

informações sobre novos produtos, sobre alterações aos produtos existentes, ou ainda

outros tipos de informações sobre os seus produtos. Em suma, a Internet assume-se

como uma das mais eficientes formas de gerar interactividade entre fornecedores e

clientes e facilitar assim a gestão da relação com os clientes.

Motivadas pela crescente utilização por parte da comunidade e pela percepção de que a

Internet proporciona uma forma viável e produtiva de disseminação de informação, as

empresas e todas as organizações em geral, disponibilizam e divulgam nas suas páginas

de Internet informação que consideram ser do interesse de uma grande diversidade de

utilizadores de informação, utilizadores esses, que estarão dispersos.

5.3.4 Limitações da análise de conteúdo

Este estudo é um dos primeiros a estudar a divulgação relativa aos intangíveis, quer nos

relatórios anuais, quer nas páginas de Internet. A natureza da metodologia de análise de

conteúdo é a primeira limitação do estudo. Outra limitação é a dimensão da amostra.

Uma outra limitação tem a ver com a proximidade temporal entre o momento da

divulgação e o momento da análise do desempenho da empresa.

5.4 Variáveis Explicativas

Diversos estudos verificaram que o sector de actividade e a dimensão são factores

relevantes para a explicação das diferenças no que concerne à divulgação de informação

sobre Capital Intelectual (ver por exemplo, Bozzolan et al., 2003; Bozzolan et al., 2006;

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 50

Oliveira et al., 2006a; Petty e Cuganesan, 2005). Com base nos relatórios anuais

relativos ao ano de 2001, Bozzolan et al. (2003) verificaram que o sector de actividade e

a dimensão são factores relevantes para a explicação das diferenças de divulgação sobre

Capital Intelectual, por parte das empresas italianas cotadas em bolsa. Encontraram

diferenças consideráveis no volume de informação divulgada nos relatórios anuais entre

empresas High Profile (aquelas cotadas no Novo Mercado (Nuovo Mercato), que é o

segmento de alta tecnologia no mercado bolsista italiano) e as empresas pertencentes

aos sectores de actividade Low Profile (as empresas cotadas nos outros segmentos do

mercado bolsista italiano). Contudo, os autores também concluíram que, quer as

empresas High Profile, quer as empresas Low Profile divulgam o mesmo tipo de

informação.

Bozzolan et al. (2006) compararam a divulgação de informação sobre Capital

Intelectual nos relatórios anuais de 30 empresas, semelhantes, em Itália e no Reino

Unido e exploraram as hipótese de que as diferenças na divulgação de informação sobre

Capital Intelectual poderão ser explicadas pelo sector de actividade (tradicional;

Knowledge Intensive) e as nacionalidades de origem. Os resultados que obtiveram

sugerem que a dimensão e o sector de actividade são indicadores do nível de divulgação

de informação sobre Capital Intelectual. A hipótese relacionada com a nacionalidade de

origem da divulgação de informação sobre Capital Intelectual não foi confirmada.

Com base na análise dos Relatórios de Gestão e das Mensagens dos Presidentes e dos

Conselhos de Administração das empresas cotadas na Euronext Lisbon, à data de 31 de

Dezembro de 2003, et al. (2006a) concluíram que a divulgação voluntária de

informação sobre os intangíveis é significativamente influenciada pela dimensão, sector

de actividade, tipo de auditor e concentração da estrutura accionista e de forma menos

significativa pela seu estado em termos de admissão à cotação e concentração

accionista.

Petty e Cuganesan (2005) analisaram a divulgação de informação sobre Capital

Intelectual por parte de empresas cotadas na bolsa de Hong Kong em três anos (1992,

1998 e 2002). Testaram os efeitos da dimensão e do sector de actividade na divulgação,

bem como os efeitos do tempo e do nível de divulgação no sucesso financeiro de uma

empresa. As conclusões desse estudo sugerem que os níveis de divulgação são baixos

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 51

mas crescem ao longo do tempo, a dimensão e o sector de actividade contribuem

significativamente para a explicação da divulgação de informação sobre Capital

Intelectual, a relação existente entre a divulgação de informação sobre Capital

Intelectual e o crescimento é positiva e significativa.

As empresas maiores têm maior visibilidade e estão mais expostas a ataques políticos,

sob a forma de pressão para exercerem a sua responsabilidade social ou sujeitas a maior

regulação como por exemplo, controlo de preços ou impostos mais elevados (García-

Meca et al., 2005). As grandes empresas divulgam mais informação porque são mais

sensíveis aos custos políticos. Adicionalmente, o custo de recolha e preparação de

informação detalhada será inferior para as grandes empresas com mais recursos e com

mais conhecimento. Para além disso, os Proprietary Cost relacionados com as

desvantagens competitivas decorrentes da divulgação adicional (Verrecchia, 1983) são

inferiores à medida que a dimensão da empresa aumenta.

De acordo com Oliveira et al. (2006a, p. 16), diferentes sectores de actividade têm

diferentes características relacionadas com a concorrência do mercado, o tipo de

informação considerada confidencial e a ameaça de entrada de novas empresas no

mercado. Argumentam que estes factores são incentivos para que empresas pertencentes

a um mesmo sector de actividade divulguem diferentes níveis de informação quando

comparadas com empresas de outros sectores de actividade.

Na tentativa de obtenção de resposta para as hipóteses formuladas recorrer-se-á a duas

variáveis explicativas do fenómeno de divulgação de informação sobre Capital

Intelectual. As varáveis explicativas utilizadas são a dimensão e o sector de actividade.

5.4.1 Dimensão

Há vários proxies que podem ser utilizados para medir a dimensão da empresa, como

por exemplo, o total do activo (Naser e Al Khatib, 2000; Naser et al., 2002; Bozzolan et

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 52

al., 2003; Alsaeed, 2005). No entanto segundo Hackston e Milne (1996) não existem

razões que a nível teórico justifiquem a escolha de uma medida de dimensão específica.

No presente estudo será adoptado a capitalização bolsista como medida de dimensão, a

qual foi também adoptada por Petty e Cuganesan (2005).

Os dados relativos à capitalização bolsista foram recolhidos da página de Internet da

Euronext Lisbon, e foram utilizados como indicadores para a dimensão da empresa, tal

como em estudos de Kamath (2008) e Abdolmohammadi (2005).

5.4.2 Sector de Actividade

Foram identificados os diferentes tipos de indústria com base na informação

disponibilizada pela Euronext Lisbon. Para a classificação relativa ao sector de

actividade foi adoptado o índice ICB, sendo que no presente estudo foram seleccionadas

as empresas com base no nível dois do referido índice.

Para capturar a influência do sector de actividade na divulgação de informação sobre

Capital Intelectual foi usada uma medida binária. Esta classificação é baseada em

estudos anteriores (Bozzolan et al., 2003; Bozzolan et al., 2006; Oliveira et al., 2006a).

Uma variável um/zero foi usada para identificar as empresas: um se a empresa pertencer

a um sector Knowledge Intensive e zero se pertencer a um sector tradicional. Tal como

referido anteriormente, os seguintes sectores são considerados como Knowledge

Intensive: Retail, Media e Banks (Striukova et al., 2008; Bozzolan et al., 2003, 2006;

Oliveira et al., 2006a). Os outros sectores (Basic Resources, Construction & Materials,

Industrial Goods & Services) são considerados como sectores tradicionais.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 53

6 Resultados e Discussão

Tendo em conta os resultados da análise efectuada aos Relatórios e Contas Anuais das

empresas portuguesas cotadas na Euronext Lisbon e respectivas páginas de Internet, da

amostra seleccionada com base na classificação ICB e na dimensão, demonstra-se que

existe divulgação voluntária de informação sobre Capital Intelectual em Portugal, dado

que se constatou que as empresas da amostra divulgam informação pelo menos de uma

das categorias de Capital Intelectual.

6.1 Análise Descritiva

Considerando os resultados da análise de conteúdo aos Relatórios e Contas Anuais das

empresas portuguesas cotadas na Euronext Lisbon, relativos ao ano de 2008, e

respectivas páginas de Internet durante o mês de Setembro de 2009, constata-se que

todas as empresas da amostra divulgaram pelo menos uma das subcategorias de Capital

Intelectual definidas, à semelhança do estudo de Ferreira (2008). É ainda possível

afirmar que as empresas têm alguma consciência da importância do Capital Intelectual,

e por isso divulgam informação a este respeito, tal como no estudo de Guthrie e Petty

(2000), e como tal, estão empenhadas em divulgar voluntariamente informação sobre

Capital Intelectual.

Considerando os Relatórios Anuais à data de 31 de Dezembro de 2008, é possível

afirmar que em média 23% das empresas pertencentes aos sectores de actividade

tradicionais, divulgaram voluntariamente informação sobre o Capital Intelectual nos

seus Relatórios Anuais. No entanto, nos sectores de Knowledge Intensive, em média

32% das empresas divulgaram voluntariamente informação sobre Capital Intelectual.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 54

Tabela 2 – Ocorrências nos Relatórios e Contas de 2008

Tendo em conta a tabela de ocorrências acima apresentada, constata-se que nos sectores

tradicionais o sector Industrial Goods & Services é o que menos divulga informação

sobre Capital Intelectual, cerca de 11%, sendo que neste sector apenas se detectou

referência da categoria de Capital Externo (15%) e Capital Humano (21%), não se

detectou referência ao Capital Interno (0%).

O sector tradicional que mais divulga informação voluntária sobre Capital Intelectual é

o sector Construction & Materials, com cerca de 36%. Este sector divulga

voluntariamente informação sobre todas as categorias de Capital Intelectual, sendo que

a categoria de Capital Humano é a mais divulgada (79%).

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 55

No sector tradicional os itens mais divulgados de Capital Interno foram “Processos e

Gestão” e “Sistemas de Informação”, representado em média cerca de 17% da

divulgação. Na categoria de Capital Externo, os itens mais divulgados foram

“Consumidores/Clientes” e “Contratos Favoráveis”, representando em termos médios

cerca de 83% e 58% da divulgação. No que diz respeito ao Capital Humano, os itens

mais divulgados são “Recursos Humanos/Trabalhadores” e “Competências relacionadas

com o trabalho”, representado em termos médios cerca de 83% e 67% da divulgação.

No que diz respeito aos sectores Knowledge Intensive, o sector de actividade que mais

divulga informação sobre Capital Intelectual é o sector Banks, em média com 48% de

divulgação, e o sector que menos divulga é o sector Technology, em média com 21% de

divulgação.

Nestes sectores Knowledge Intensive, a categoria de Capital Intelectual menos

divulgada é o Capital Interno com cerca de 14%, de média de divulgação, e a que mais

divulga é a categoria de Capital Humano com cerca de 51% da média de divulgação.

Conforme se pode constatar pela análise dos relatórios anuais, a categoria de Capital

Intelectual menos divulgada é o Capital Interno, independentemente de se tratar de

sectores tradicionais ou Knowledge Intensive e a categoria de Capital Intelectual, mais

divulgada também é comum em ambos os sectores, e é a categoria de Capital Humano.

É de salientar que nenhuma empresa nos seus relatórios anuais faz qualquer referência a

itens relativos a propriedade industrial, como por exemplo, patentes, direitos de autor e

trademarks. Isto poderá dever-se ao facto de não ser muito comum nas empresas

portuguesas a existência deste tipo de itens.

Pela análise efectuada às páginas de Internet, e tal como se pode verificar na tabela 3,

também se pode constatar que a categoria de Capital Intelectual menos divulgada é o

Capital Interno, representando em termos médios cerca de 26% nos sectores tradicionais

e 39% nos sectores Knowledge Intensive, e a categoria mais divulgada no sectores

Knowledge Intensive é o Capital Externo com cerca de 55% de média de divulgação. No

entanto nos sectores tradicionais, quer as rubricas de Capital Externo, quer as rubricas

de Capital Humano, divulgam em média 38%.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 56

É de salientar, contudo, que quer nos sectores tradicionais, quer nos sectores Knowledge

Intensive, o resultado relativo à categoria de Capital Externo, estará de alguma forma

influenciado pela divulgação relativa à reputação da empresa, uma vez que todas as

empresas divulgam informação relativa a esse item, o que influencia a média obtida

relativamente a esta categoria.

Conforme se pode constatar no quadro seguinte, a divulgação de informação sobre

Capital Intelectual nas páginas de Internet, segue as mesmas tendências de divulgação

de informação que nos Relatórios e Contas Anuais.

Tabela 3 – Ocorrências nas páginas de Internet

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 57

Pela análise da tabela acima apresentada, constata-se que na categoria de Capital

Interno, as empresas dos sectores tradicionais, parecem atribuir maior relevância aos

itens de “filosofia de gestão” e “cultura organizacional”, uma vez que cerca de 50% das

empresas fazem divulgação desses itens. Enquanto que o item menos divulgado quer

nos sectores tradicionais, quer nos sectores Knowledge Intensive, é relativo aos

processos de gestão com cerca de 17% e 25% respectivamente.

Nos sectores Knowledge Intensive os itens mais divulgados dentro da categoria de

Capital Interno são a “cultura organizacional” com cerca de 83% e com 67% os itens de

“sistemas de informação”, “sistemas de rede” e “relações financeiras”.

Relativamente à categoria de Capital Externo, esta é mais divulgada pelas empresas dos

sectores Knowledge Intensive com cerca de 55% de divulgação. Nesta categoria de

Capital Externo não há referência quer nos sectores tradicionais, quer nos sectores

Knowledge Intensive a “acordos de franchising”. Constatou-se ainda que 92% das

empresas dos sectores Knowledge Intensive fazem referência nas suas páginas de

Internet a “marcas”, enquanto que nos sectores tradicionais apenas 50% fazem

referências idênticas. É ainda de salientar que 83% das empresas dos sectores

Knowledge Intensive fazem referência quer aos seus “consumidores”, quer ainda a

“acordos de colaboração” celebrados pelas empresas, enquanto que nos sectores

tradicionais apenas 50% e 58% das empresas fazem referência a estes mesmos itens.

No que concerne à categoria de Capital Humano, as empresas dos sectores Knowledge

Intensive divulgam mais, que as empresas dos sectores tradicionais, com 47% e 38%

respectivamente. O item mais divulgado, globalmente é relativo aos “recursos

humanos/trabalhadores” que é divulgado por 75% das empresas dos sectores

Knowledge Intensive e 50% das empresas dos sectores tradicionais. Nos sectores

tradicionais destaca-se ainda, o item relativo ao “espírito empreendedor” dos

trabalhadores com 50% das empresas a fazer divulgação, enquanto que apenas 42% das

empresas de sectores Knowledge Intensive fazem divulgação associada a este item.

Nas suas páginas de Internet as empresas dos sectores Knowledge Intensive são aquelas

que mais divulgam informação sobre o Capital Intelectual, com 47%, enquanto que

apenas 33% das empresas dos sectores tradicionais fazem divulgação. De entre as

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 58

empresas dos sectores Knowledge Intensive as que mais divulgam são as empresas que

integram o sector Technology com 61%, no extremo oposto, encontra-se o sector Media

com apenas 27%. Nos sectores tradicionais o sector que mais divulga é o sector

Industrial Goods & Services, com 50%, enquanto que o sector que menos divulga é o

sector Basic Resources com 20%. Globalmente 33% das empresas pertencentes aos

sectores tradicionais divulgam informação sobre Capital Intelectual, enquanto que nos

sectores Knowledge Intensive a divulgação é feita por 47% das empresas.

Quando comparados os resultados obtidos da análise dos relatórios anuais e das páginas

de Internet denota-se os sectores que menos divulgam informação sobre Capital

Intelectual nos Relatórios e Contas Anuais, são os que mais divulgam nas páginas de

Internet, isto é, um dos sectores tradicionais que menos divulgam informação nos

relatórios anuais é o sector Industrial Goods & Services (11%) e este mesmo sector nas

páginas de Internet é o que mais divulga, com 50% de divulgação. Nos sectores

Knowledge Intensive, o sector que menos divulga nos relatórios anuais é o Technology,

e este mesmo sector é o que mais divulga informação nas páginas de Internet com 61%

de divulgação. No entanto o inverso não se verifica, ou seja, dos sectores tradicionais, o

sector que mais divulga nos relatórios anuais é o sector Construction & Materials

(36%), e nas páginas de Internet o sector que menos divulga é o sector Basic Resources

(17%). Dos sectores Knowledge Intensive, o sector Banks é aquele que mais informação

divulga nos seus relatórios anuais com 48% das empresas a fazerem divulgação

voluntária de informação sobre Capital Intelectual, enquanto que nas páginas de

Internet a média, deste sector, é de 54%.

Constatou-se, ainda, que o sector Media quer nos relatórios anuais, quer nas páginas de

Internet apresenta globalmente valores idênticos na divulgação de informação

voluntária de Capital Intelectual (27%). No entanto, e apesar desta igualdade em termos

globais, quando analisadas cada uma das três categorias, elas apresentam resultados

diferentes, ou seja, enquanto que nos relatórios anuais, a distribuição da divulgação

entre Capital Interno, Capital Externo e Capital Humano, é de 11%, 28% e 50%

respectivamente, nas páginas de Internet, essa distribuição é de 28%, 38% e 8%.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 59

6.2 Testes de hipóteses e discussão dos resultados

Dada a sua natureza exploratória, neste estudo foram usados métodos estatísticos não-

paramétricos para testar as relações entre as variáveis independentes e a diferença entre

a divulgação de informação sobre Capital Intelectual nos relatórios anuais e nas páginas

de Internet. Os testes bivariados usados foram o teste de Mann-Whitney, para a relação

entre a divulgação de informação e o sector de actividade, o coeficiente de correlação de

Spearman, para a relação entre a dimensão e divulgação de informação. O teste de

Wilcoxon foi utilizado para testar as diferenças entre a divulgação nos relatórios anuais

e nas páginas de Internet.

O nível de divulgação varia com a dimensão da empresa e com o sector em que esta se

insere. As empresas pertencentes aos sectores Knowledge Intensive divulgam mais que

as restantes. Os Relatórios e Contas Anuais são indicadores da divulgação de

informação mas para uma análise global deverão ser considerados outros meios de

divulgação, como por exemplo, as páginas de Internet.

Como não tem havido estudos profundos sobre a divulgação de informação sobre

Capital Intelectual analisando as diferentes formas de divulgação, não é possível ainda

comparar os resultados do presente estudo com outros estudos. No entanto, os dados

deste estudo poderão ser utilizados no futuro como termos de comparação tanto em

Portugal como com outros países, quer ainda com estudos que analisam outras formas

de divulgação.

A correlação existente entre a divulgação de informação sobre Capital Intelectual nos

relatórios anuais e nas páginas de Internet e a dimensão da empresa (H1) foi analisada

com recurso ao coeficiente de correlação de Spearman. A tabela seguinte apresenta os

resultados destes testes.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 60

Relatórios

Anuais

Capital Interno 0,376*

Capital Externo 0,566***

Capital Humano 0,544***

Total de Divulgação de Capital Intelectual 0,655***

Páginas de

Internet

Capital Interno 0,357*

Capital Externo 0,302

Capital Humano 0,251

Total de Divulgação de Capital Intelectual 0,329

***. Correlação é estatisticamente significativa ao nível de 0.01 (2-tailed).

**. Correlação é estatisticamente significativa ao nível de 0.05 (2-tailed).

*. Correlação é estatisticamente significativa ao nível de 0.10 (2-tailed).

Tabela 4 – Correlação entre as variáveis dependentes e a dimensão

Os resultados relativos às correlações entre a dimensão e a divulgação de informação

sobre Capital Intelectual nos relatórios anuais e nas páginas de Internet são muito

diferentes. No caso dos relatórios anuais existem relações positivas e estatisticamente

significativas entre a dimensão e a divulgação sobre Capital Intelectual, total e em todas

as suas categorias. Estes resultados são consistentes com estudos anteriores (ver por

exemplo, Bozzolan et al., 2003; Bozzolan et al., 2006; García-Meca et al., 2005;

Oliveira et al., 2006a; Petty e Cuganesan, 2005). Relativamente à divulgação de

informação nas páginas de Internet apenas no que diz respeito à divulgação sobre

Capital Interno é que existe uma relação positiva e estatisticamente significativa com a

dimensão (H1 é confirmada apenas neste caso).

O teste de Mann-Whitney foi usado para identificar se a pertença a um sector

Knowledge Intensive, ou a um sector tradicional, é um factor que influencia a

divulgação de informação sobre Capital Intelectual. A tabela seguinte apresenta os

resultados desses testes.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 61

Teste Mann-Whitney U

Mann-Whitney U Asymp. Sig. a

Relatórios

Anuais

Capital Interno 31,000 0,011

Capital Externo 50,000 0,196

Capital Humano 72,000 1,000

Total de Divulgação de Capital Intelectual 49,000 0,181

Páginas

de

Internet

Capital Interno 39,500 0,054

Capital Externo 33,500 0,024

Capital Humano 58,000 0,406

Total de Divulgação de Capital Intelectual 37,500 0,046

a: two-tailed

Tabela 5 – Teste para a relação entre as variáveis dependentes e o sector de actividade

Relativamente ao sector de actividade para um nível de significancia de 0.05, a hipótese

H2 é rejeitada no caso do Capital Humano, quer nos relatórios anuais, quer nas páginas

de Internet. Relativamente aos casos do Capital Externo e da globalidade do Capital

Intelectual, a H2 é apenas rejeitada no que diz respeito aos relatórios anuais.

Os resultados relativamente à divulgação de informação sobre Capital Humano poderão

ser explicados pelo contexto português. Nos anos 70, a contabilidade social

desenvolveu-se rapidamente e na Europa os requisitos sobre informação social,

começaram a entrar na legislação aplicável às empresas. Um exemplo disto é o Balanço

Social Anual (“bilan social”) em França, que data de 1977. Portugal seguiu o exemplo

francês e a obrigatoriedade de produção, por parte das grandes empresas portuguesas,

de um documento similar, data de 1985. É natural que muita da informação incluída

nesse documento (como por exemplo, indicadores relativos à formação) seja incluída na

informação sobre o Capital Humano nos relatórios anuais por parte de empresas de

todos os sectores. Alguma dessa informação poderá também ser usada nas páginas de

Internet.

Globalmente, os resultados indicam que o sector industrial é um factor que explica

apenas parcialmente a divulgação de informação sobre Capital Intelectual.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 62

A tabela seguinte apresenta os resultados do teste sobre as diferenças entre a divulgação

de informação sobre Capital Intelectual nos relatórios anuais e nas páginas de Internet.

O teste de Wilcoxon aponta diferenças significativas no total de divulgação de

informação sobre Capital Intelectual, no Capital Interno e no Capital Externo (há mais

divulgação nas páginas de Internet). Apenas no caso do Capital Humano a divulgação

nos relatórios anuais é superior à divulgação nas páginas de Internet. Contudo a

diferença não é estatisticamente significativa.

Teste Wilcoxon

Z Asymp. Sig.

(2-tailed)

Total de divulgação de Capital Intelectual -1,700a 0,089

Capital Interno -3,649a 0,000

Capital Externo -2,606a 0,009

Capital Humano -1,109b 0,267

a. Baseado em níveis negativos (divulgação nos relatórios anuais <

divulgação nas páginas de Internet).

b. Baseado em níveis positivos (divulgação nos relatórios anuais >

divulgação nas páginas de Internet).

Tabela 6 – Teste de Wilcoxon para a divulgação do Capital Intelectual nos relatórios anuais e nas páginas

de Internet

A escolha do meio de divulgação de informação está dependente do público alvo a

atingir e para quem a mensagem é endereçada. Uma vez que os relatórios anuais estão

direccionados aos investidores e os recursos humanos são um recurso importante, é

natural que os investidores estejam interessados neles. Por outro lado, e uma vez que, as

páginas de Internet das empresas visam um público mais vasto, é natural que as

empresas atribuam maior importância à informação sobre Capital Interno e Capital

Externo. Uma outra possível explicação é a de que muita da informação que é incluída

no Balanço Social é incorporada na informação sobre Capital Humano nos relatórios

anuais.

Estes resultados não são consistentes com os do estudo de Guthrie et al. (2008) que

concluiu que as empresas australianas do sector Food & Beverage Industry divulgavam

menos informação sobre Capital Intelectual nas suas páginas de Internet que nos seus

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 63

relatórios anuais. Contrariamente a essas empresas, as empresas portuguesas cotadas em

bolsa, parecem ter percebido os benefícios das páginas de Internet como forma de

comunicarem informação sobre Capital Intelectual.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 64

7 Conclusões, Limitações e Sugestões para

Investigação Futura

Poucos estudos há que comparem directamente os relatórios tradicionais em papel com

a divulgação nas páginas de Internet. Um dos raros exemplos é o estudo de Guthrie et

al. (2008). Uma análise destes estudos pode permitir novas perspectivas relativamente à

divulgação de informação. No presente momento ainda não é claro se as empresas usam

as suas páginas de Internet como forma de compensar as suas deficiências na

divulgação que fazem nos seus relatórios anuais, ou se nos casos em que a divulgação

nos relatórios é já de boa qualidade, essa qualidade mantém-se equivalente nas suas

páginas de Internet (Lang e Lundholm, 1993; Gelb, 2002). No presente estudo,

constatou-se que nos casos em que as empresas divulgam pouca informação sobre

Capital Intelectual nos relatórios anuais, parecem compensar essa falta de divulgação de

informação nas suas páginas de Internet. Conclui-se ainda que, tal como apontado por

Lang e Lundholm (1993) e Gelb (2002), nos casos em que a informação divulgada nos

relatórios anuais é já de boa qualidade, as páginas de Internet não parecem acrescentar

muita informação, mantendo-se o nível de divulgação.

Estudos anteriores detectaram, predominantemente, relações significativamente

positivas entre a dimensão das empresas e a divulgação relativa aos intangíveis

(Beaulieu et al., 2002; Bozzolan et al., 2003, 2006; Arvidsson, 2003; García-Meca et

al., 2005; Guthrie et al., 2006; Oliveira et al., 2006a) com a excepção de Williams

(2001) e de Buck et al. (2005) que encontraram associações muito ténues.

As páginas de Internet proporcionam informação equivalente e complementar aos

relatórios anuais, o que contraria as expectativas criadas quando comparada com

estudos relativos à divulgação de informação sobre responsabilidade social, em que as

páginas de Internet eram usadas como o meio de divulgação deste tipo de informação.

De acordo com Adams e Frost (2004), o uso de páginas de Internet pode proporcionar

alguns benefícios, como por exemplo, o de disponibilizar informação que vai de

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 65

encontro a um cada vez mais vasto leque de stakeholders. Outra vantagem é a

possibilidade de ser um meio adicional de comunicação com os stakeholders e entre os

stakeholders. Possibilita ligações a recursos externos, reduz a dimensão dos relatórios

em formato papel, sendo que nestes poderão ser incluídas referências às páginas de

Internet que fornecem mais detalhes sobre essa informação. Estas vantagens são

importantes dadas as dificuldades que as empresas enfrentam na divulgação de

informação para os diferentes stakeholders, stakeholders esses que têm interesse em

diferentes tipos de informação (Adams e Frost, 2004). Contudo, as páginas de Internet

padecem também de algumas limitações inerentes aos relatórios anuais, como por

exemplo, a divulgação não está regulamentada o que leva a que exista a preocupação

relativamente à falta de rigor na informação divulgada nas páginas de Internet (Crowe,

2001). A informação poderá ser vasta e estar desorganizada, e na sua maioria não é

auditada ou verificada (Adams e Frost, 2004).

Uma outra grande limitação apontada relativamente ao uso das páginas de Internet, diz

respeito ao facto de que nem todos dispõem de acesso à Internet e assim não poderá ser

garantido que todos os destinatários alvo sejam atingidos. De acordo com Adams e

Frost (2004), a crescente importância da Internet tem como contraponto os problemas

no acesso, primeiro porque nem todos têm acesso à Internet, e segundo mesmo tendo

acesso poderão ter dificuldade em encontrar a informação nas páginas de Internet.

Concluíram ainda que alguns utilizadores não recorriam à Internet como única fonte de

informação, uma vez que, dispõem de acesso limitado à Internet. As empresas

reconhecem que não conseguem, com as suas páginas de Internet, chegar a todos os

destinatários alvo, visto que nem todos têm acesso a esta. Adams e Frost (2004)

apresentam várias recomendações para melhorar a comunicação com base na Internet, a

primeira consiste em melhor projectar a arquitectura das páginas de Internet para que

seja mais fácil encontrar a informação pretendida. Outra sugestão é a de complementar

os relatórios em formato papel com as páginas de Internet que contenham maior detalhe

sobre o Capital Intelectual.

Tal como em outros estudos, o nível de divulgação encontrado foi relativamente baixo.

A maioria da divulgação de informação sobre Capital Intelectual foi feita sob a forma

narrativa. Existe grande discrepância quer no formato, quer na localização da

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 66

divulgação nos relatórios anuais e nas páginas de Internet. Estas conclusões acentuam a

necessidade de um enquadramento para a divulgação de informação sobre Capital

Intelectual de forma a permitir a credibilidade, a mensuração e a comparabilidade entre

empresas.

O presente estudo permite dar novos contributos ao estudo da temática da divulgação de

informação sobre Capital Intelectual, tendo por base a economia portuguesa. Com o

objectivo de comparar a Internet e os relatórios anuais como meios de divulgação de

informação sobre Capital Intelectual e analisar o que é que influencia a divulgação,

examinou-se a divulgação de informação sobre Capital Intelectual na Internet pelas

empresas portuguesas cotadas bolsa no ano de 2009 e comparou-se o uso da Internet

com os relatórios anuais relativos ao ano de 2008 como meio de divulgação. Foi

conduzida uma análise de conteúdo, mediante a utilização de um índice de divulgação

que seguiu o enquadramento definido por Sveiby (1997). Tendo por base o estudo de

Petty e Cuganesan (2005) e os resultados obtidos em estudos anteriores foram

formuladas hipóteses de forma a explicar a divulgação de informação sobre Capital

Intelectual. Para testar as hipóteses foi definida uma amostra composta por vinte e

quatro empresas portuguesas, com acções admitidas à cotação na Bolsa de Valores do

mercado oficial da Euronext Lisbon, representativas de seis sectores e actividade, sendo

três sectores tradicionais (Basic Resources, Construction & Materials, Industrial Goods

& Services) e três sectores Knowledge Intensive (Retail, Media e Banks) (de acordo com

o nível 2 do ICB), e cada sector é representado por quatro empresas. As empresas que

compõem a amostra foram seleccionadas de entre as empresas admitidas à cotação na

Euronext Lisbon no ano de 2008, tendo sido escolhidas as quatro empresas de cada

sector de actividade com maior valor de capitalização bolsista no ano de 2008.

Foram formuladas duas hipóteses a serem testadas, as quais foram idênticas às

utilizadas no estudo de Petty e Cuganesan (2005), e tiveram como variáveis explicativas

a dimensão (capitalização bolsista) e o sector de actividade.

A primeira hipótese teve como variável explicativa a dimensão da empresa, avaliada

com base na capitalização bolsista e tinha como objectivo avaliar se as empresas de

grande dimensão terão maiores níveis de divulgação de informação sobre Capital

Intelectual que as empresas mais pequenas. Os resultados relativos às correlações entre

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 67

a dimensão e a divulgação de informação sobre Capital Intelectual nos relatórios anuais

e nas páginas de Internet são muito diferentes. No caso dos relatórios anuais, existem

relações positivas e estatisticamente significativas entre a dimensão e a totalidade da

divulgação sobre Capital Intelectual e em todas as suas categorias. Estes resultados são

consistentes com estudos anteriores (Bozzolan et al., 2003; Bozzolan et al., 2006;

García-Meca et al., 2005; Oliveira et al., 2006a; Petty e Cuganesan, 2005).

Relativamente à divulgação de informação nas páginas de Internet, apenas no que diz

respeito à divulgação sobre Capital Interno é que existe uma relação positiva e

estatisticamente positiva com a dimensão (a primeira hipótese é confirmada apenas

neste caso).

A segunda hipótese a ser testada teve como variável explicativa o sector de actividade, e

tinha como objectivo testar se os níveis de divulgação de informação sobre Capital

Intelectual das empresas que operam em sectores Knowledge Intensive serão mais

elevados do que os das empresas que operam em sectores tradicionais. A segunda

hipótese é rejeitada no caso do Capital Humano, quer nos relatórios anuais, quer nas

páginas de Internet. No caso do Capital Externo e da globalidade do Capital Intelectual

é apenas rejeitada no que diz respeito aos relatórios anuais. Os resultados relativamente

à divulgação de informação sobre Capital Humano poderão ser explicados pelo contexto

português, uma vez que nos anos 70, a contabilidade social desenvolveu-se rapidamente

e na Europa os requisitos sobre informação social, começaram a entrar na legislação

aplicável às empresas. Globalmente os resultados indicam que o sector industrial é um

factor que explica apenas parcialmente a divulgação de informação sobre Capital

Intelectual.

Da análise de conteúdos efectuada aos relatórios anuais, constata-se que a categoria de

Capital Intelectual menos divulgada é o Capital Interno, independentemente de se tratar

de sectores tradicionais ou Knowledge Intensive e a categoria de Capital Intelectual,

mais divulgada também é comum em ambos os sectores, e é a categoria de Capital

Humano. Da análise de conteúdo efectuada às páginas de Internet constatou-se que a

divulgação de informação sobre Capital Intelectual, segue as mesmas tendências de

divulgação de informação que nos Relatórios e Contas Anuais.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 68

Pela comparação dos resultados obtidos da análise dos relatórios anuais e das páginas de

Internet, denota-se os sectores que menos divulgam informação sobre Capital

Intelectual nos Relatórios e Contas Anuais são os que mais divulgam nas páginas de

Internet, isto é, dos sectores tradicionais que menos divulgam informação nos relatórios

anuais é o sector Industrial Goods & Services e este mesmo sector nas páginas de

Internet é o que mais divulga. Nos sectores Knowledge Intensive, o sector que menos

divulga nos relatórios anuais é o Technology, e este mesmo sector é o que mais divulga

informação nas páginas de Internet. No entanto constatou-se que o inverso não se

verifica, ou seja, dos sectores tradicionais, o sector que mais divulga nos relatórios

anuais é o sector Construction & Materials e nas páginas de Internet o sector que menos

divulga é o sector Basic Resources.

Estas conclusões são consistentes com outros estudos realizados em outros países. Tal

como nesses estudos há pouca evidência da divulgação de informação sobre Capital

Intelectual, e mesmo quando existe divulgação, não existe um enquadramento (Bontis,

2003, Brennan, 2001; Guthrie et al., 1999, 2006; Ordonez de Pablos, 2003; Petty e

Guthrie, 2000; Roslender e Fincham, 2004). Dada a importância da divulgação de

informação sobre Capital Intelectual, poderão existir várias questões que levam a que

seja divulgada pouca informação, a primeira poderá ter a ver com a não existência de

uma definição comummente aceite de Capital Intelectual (Guthrie et al., 2001; Marr e

Chatzkel, 2004) e apesar da existência de diversas definições relativamente ao conceito

de Capital Intelectual, nem sempre este é bem entendido. Outra questão prende-se com

a não existência de um enquadramento relativamente à divulgação de informação

(Guthrie e Petty, 2000), e a contabilidade não proporciona nenhum modelo

relativamente à divulgação de informação financeira sobre o Capital Intelectual. Um

enquadramento que fosse aceite asseguraria alguma credibilidade, mensuração e

comparabilidade entre empresas. A terceira questão e a de que de acordo com estudos

empíricos anteriores, conclui-se que os gestores parecem não perceber a importância do

Capital Intelectual (Bontis, 2003, Guthrie et al., 1999; Petty e Guthrie, 2000; Ordonez

de Pablos, 2003; Roslender e Fincham, 2004).

O presente estudo poderá ter implicações quer a nível académico, quer a nível prático.

A nível académico proporciona novas perspectivas relativamente à divulgação de

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 69

informação sobre o Capital Intelectual, essencialmente em Portugal. Proporciona, ainda,

a comparação entre a divulgação efectuada nos relatórios anuais e nas páginas de

Internet. A nível prático este estudo poderá ser útil para os reguladores, quer nacionais,

quer internacionais, para os organismos que supervisionam estas temáticas no sentido

de procurar uniformizar as práticas contabilísticas nos diferentes países e melhorar a

qualidade da informação financeira divulgada definindo para tal padrões de divulgação.

Este estudo identifica a necessidade de definição de um enquadramento, comummente

aceite, no que diz respeito à divulgação de informação sobre o Capital Intelectual. Mais

ainda, cada sector em particular deveria, de acordo com as suas características

específicas, fazer divulgação mais específica relativamente a alguns itens, para além

daqueles que fossem identificados no enquadramento comum a todas as empresas.

Como sugestões para investigação futura poderão ser apontadas a comparação com

outros países, a análise de outro tipo de documentos, a análise de outros sectores de

actividade, a análise de uma amostra maior de empresas e a análise em mais do que um

momento, essencialmente no que diz respeito à Internet.

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 70

Glossário

ABC – Activity Based Costing

AICPA – American Institute of Certified Public Accountants

CICA – Canadian Institute of Chartered Accountants

CMVM – Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários

CNC – Comissão de Normalização Contabilística

DMSTI – Danish Ministry of Science, Technology, and Innovation

FASB – Financial Accounting Standards Board

I&D – Investigação e Desenvolvimento

IASB – International Accounting Standards Board

ICB – Industry Classification Benchmark

IFRS – International Financial Reporting Standards

IPO – Initial Public Offering

MERITUM – MEasuRing Intangibles To Understand and improve innovation

Management

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

POC – Plano Oficial de Contabilidade

O Capital Intelectual em Portugal – Uma análise exploratória

Página 71

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Anexos

Amostra

ICB Sector (level 2) Empresa

Secto

res tra

dic

iona

is

1700 - Basic Resources

PAP. FERNANDES

F. RAMADA

INAPA INV.GESTAO

PORTUCEL IND.

2300 - Construction & Materials

TEIXEIRA DUARTE

MOTA ENGIL

SEMAPA

CIMPOR CIMENTOS

2700 - Industrial Goods & Services

ALTRI SGPS

TOYOTA CAETANO

MARTIFER

BRISA

Secto

res K

no

wle

dge

Inte

nsiv

e

5500 - Media

COFINA SGPS ESC.

IMPRESA

MEDIA CAPITAL

ZON MULTIMEDIA

8300 - Banks

BANIF NOM.ESC.

BANCO BPI

BCO ESPIRITO SANTO

BCP BCO NOM.

9500 - Technology

COMPTA

GLINTT

REDITUS GESTORA

NOVABASE