o boletim do marketing esportivo · cisam ser pagas pelo clube até que o refinanciamento seja...

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O O A segunda-feira (9) foi marcada pela queda das principais bolsas do mun- do, no pior cenário desde a Crise de 2008. O responsável foi o Coronaví- rus Covid-19 e a derrubada no preço do Petróleo. Nas últimas semanas, a indústria esportiva não tem conseguido se distanciar da apreensão do mercado e, com sucessivos eventos cancelados, encarará um rombo financeiro em 2020. Na noite de domingo, foi anunciado que o BNP Paribas Open, o Masters 1000 de Indian Wells, não acontecerá neste ano. Considerado o maior torneio de tênis fora dos Grand Slams, a ausência do evento representará um duro golpe para a eco- nomia californiana. Em 2017, um estudo da George Washington University avaliou o impacto do evento para o Coachella Valley em US$ 406 milhões, quase R$ 2 bi- O BOLETIM DO MARKETING ESPORTIVO DO POR DUDA LOPES 1 NÚMERO DO DIA EDIÇÃO 1451 - TERÇA-FEIRA, 10 / MARÇO / 2020 de dólares por ano a ESPN pagará para o PGA Tour pelos direitos de transmissão do golfe por streaming no mercado dos Estados Unidos 75 mi Covid-19 cria rombo no mercado esportivo

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Page 1: O BOLETIM DO MARKETING ESPORTIVO · cisam ser pagas pelo clube até que o refinanciamento seja aprovado. "A gente tem tentado cumprir o compromisso. Como? Numa condição que seja

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A segunda-feira (9) foi marcada pela queda das principais bolsas do mun-do, no pior cenário desde a Crise de 2008. O responsável foi o Coronaví-rus Covid-19 e a derrubada no preço do Petróleo. Nas últimas semanas,

a indústria esportiva não tem conseguido se distanciar da apreensão do mercado e, com sucessivos eventos cancelados, encarará um rombo financeiro em 2020.

Na noite de domingo, foi anunciado que o BNP Paribas Open, o Masters 1000 de Indian Wells, não acontecerá neste ano. Considerado o maior torneio de tênis fora dos Grand Slams, a ausência do evento representará um duro golpe para a eco-nomia californiana. Em 2017, um estudo da George Washington University avaliou o impacto do evento para o Coachella Valley em US$ 406 milhões, quase R$ 2 bi-

O B O L E T I M D O M A R K E T I N G E S P O R T I V O

DO

POR DUDA LOPES

1

N Ú M E R O D O D I A EDIÇÃO 1451 - TERÇA-FEIRA, 10 / MARÇO / 2020

de dólares por ano a ESPN pagará para o PGA Tour pelos direitos de transmissão do golfe por streaming no mercado dos Estados Unidos75mi

Covid-19 cria rombo no mercado esportivo

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lhões a considerar a última cotação do dólar, em R$ 4,72. Somente em premiação, a disputa distribuiria US$ 8,3 milhões aos tenistas participantes da competição.

Na Fórmula 1, também há uma clara amostra do tamanho do buraco que o Co-vid-19 tem provocado no esporte. Com ações na Nasdaq, a categoria da Liberty Media tem sofrido uma sequência de queda desde o dia 12 de fevereiro, quando foi anunciado o adiamento do Grande Prêmio da China. Na época, a ação da em-presa era vendida a US$ 47. Na segunda-feira, esse valor ficou abaixo dos US$ 30.

Há duas semanas, a revista Forbes avaliou que as medidas adotadas para conter a contaminação do Covid-19 podem custar US$ 85 milhões no faturamento da Fór-mula 1 neste ano. No último fim de semana, foi anunciado que o Grande Prêmio de Bahrein não terá a presença de público nas arquibancadas, o que dá força à expectativa de perdas. Tíquetes e hospitalidade gerariam mais de US$ 5 milhões.

No futebol, o impacto do coronavírus poderá ser visto nesta semana. Três parti-das da Liga dos Campeões acontecerão com os portões fechados, sem a presença de torcedores. Na Itália, o país foi colocado em quarentena até pelo menos o dia 3 de abril. A considerar o mais rico time do país, a Juventus, a situação pode re-presentar um retrocesso nas contas. Desde que estreou sua nova arena, a equipe dobrou o faturamento com o chamado 'matchday'. Segundo a consultoria Deloit-te, foram 65,6 milhões de arrecadação na temporada anterior.

Nos últimos dias, também foram cancelados o Grand Slam de Judô de Ekaterim-burgo, uma série de maratonas, além do adiamento de jogos de futebol na Ásia. Ao menos os Jogos Olímpicos, por ora, estão assegurados para o meio do ano.

P R E M I E R L E A G U E P O D E R Á L I B E R A R S T R E A M I N G

Uma reunião entre a Premier League, representantes do governo, da Federação Inglesa e dos detentores de direitos de transmissão decidiu que, caso haja qualquer necessidade de realizar jogos com portões fechados por conta do coronavírus, a transmissão das partidas poderá acontecer gratuitamente por streaming.

A Premier League, porém, considera mais provável não realizar jogos a portões fechados do que mudar a transmissão de partidas para "não abrir um precedente".

L I G A S D O S E U A L I M I TA M A C E S S O

A V E S T I Á R I O S

As principais ligas esportivas dos Estados Unidos tomaram uma nova decisão para preservar os atletas em relação ao risco de contágio pelo coro-navírus. A partir de agora, está limita-do o acesso aos vestiários das equipes.

A medida foi anunciada em con-junto pela NBA, MLB, NHL e MLS, ligas de basquete, beisebol, hóquei e futebol, que continuam em atividade.

No comunicado, as ligas afirmam que jornalistas não terão mais acesso para entrevistas pré e pós-jogos.

Na semana passada, a NBA cogitou jogar de portões fechados, revoltando atletas como LeBron James, que afir-mou que não iria jogar sem torcida.

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O P I N I Ã O

Entretenimento é frágil em crises

A indústria esportiva, e do entretenimento de forma geral, terá em 2020 um dos maiores desafios deste século e um dos maiores desde a profis-sionalização do segmento. Ainda é difícil mensurar qual será o impacto

real, mas o momento exige tanta preocupação quanto a crise de 2008, que gerou o afastamento de diversas empresas, como no apagão de marcas nos times espanhóis.

Por um lado, desta vez a crise tende a ser momentânea, longe do longo período de recuperação necessário para apaziguar os efeitos do crash da última década. Por outro lado, o tremor financeiro há uma década não chegou a cancelar por completo alguns dos principais eventos do mundo. E, como pôde ser visto na segunda-feira (9), o mercado de forma geral não passará imune às consequências do coronavírus.

De qualquer maneira, será mais um capítulo que envolve um segmento que se mostra bastante frágil. Primeiro, claro, porque não é um bem de consumo essen-cial e, como qualquer outro, não é priori-dade em momentos de crise. Mas, mais do que isso, a grande maioria das entidades esportivas não tem muitas alternativas de vendas. A ausência de público, por exem-plo, costuma representar uma perda de 30% dos negócios. Um número demasia-damente alto para qualquer companhia.

Caso as consequências aconteçam no futebol brasileiro, o problema pode ser

ainda maior. Ainda que conte em maior parte com a verba de TV, qualquer redução pode ser catastrófica, graças à saúde financeira delicada da maioria das equipes. Basta lembrar a situação do São Paulo, que fechou a última temporada com um inacreditá-vel déficit de R$ 180 milhões. É difícil imaginar o efeito de um faturamento menor.

Vale a ressalva de que as atuais medidas do esporte contra o coronavírus estão longe do exagero. Com taxa de letalidade acima dos 3%, a infecção já matou 4 mil pessoas pelo mundo. A vacina ainda não tem qualquer previsão de lançamento, e a contenção da transmissão pode representar a sobrevivência de milhares de pessoas. O esporte, portanto, não tem muito o que fazer para voltar a ser o que era em curto prazo, pelo menos até o momento de um maior controle da doença.

O cenário parece o pior possível, mas deverá servir de lição para a indústria espor-tiva a importância de ser cada vez mais sustentável. Não só para a manutenção natural da indústria, o que ainda representa uma enorme dificuldade, mas também para ter caixa suficiente para os imprevistos, infelizmente sempre presentes.

Esporte sofre um dos maiores golpes

da era profissional e terá que aprender

a ser cada vez mais sustentável

POR DUDA LOPES

diretor de novos negócios da Máquina do Esporte

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Tênis de mesa abraçará o ping-

pong para crescer

A Umbro decidiu usar apenas jogadoras de futebol feminino para apresentar a nova versão da chuteira Fifty. A empresa de origem inglesa lançou o produto com uma varie-dade maior de numeração, que vai dos tamanhos 34 até o 44.

Além de ampliar a numeração, a empresa promete contemplar o público feminino, com um design moderno e mudanças especiais para atletas de habilidade e velocidade.

A campanha de lançamento do novo produto foi feita no Instagram da marca e usou as jogadoras Nati, das categorias de base do Avaí, e o trio Brena, Ketleen e Erikinha, que atuam pelo Santos. A equipe do litoral é patrocinada pela Umbro.

U M B R O C R I A A Ç Ã O C O M M U L H E R E S E M N O VA C H U T E I R A

O Allianz Parque apresenta ao torcedor do Palmeiras na noite desta

terça-feira (10), durante o jogo contra o Guaraní, do Paraguai, um inusitado produto licenciado. Estará à venda no

estádio o sorvete oficial do estádio. O produto foi feito em parceria

com a Rochinha, fabricante de sor-vetes que é patrocinadora do estádio. O sorvete é de iogurte recheado com a calda de cerejas italianas da Fabbri.

A ligação com a Itália tem como meta aproximar-se do palmeirense.

SORVETE É NOVO PRODUTO

L ICENCIADO PELO ALL IANZ

PARQUE

POR ERICH BETING

A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa vai usar o orgu-lho ferido do mesatenista profissional como mote para uma campanha que tem como objetivo aumentar em dez vezes o número de atletas filiados à entidade nos próximos anos.

A entidade apresenta na noite desta terça-feira, dentro da choperia Braugartem, o novo posicionamento para o públi-co. A ideia é fazer com que o termo "ping-pong", que sem-pre foi usado de forma pejorativa para se referir ao esporte, seja abraçado pela modalidade de forma definitiva.

O manifesto que será lançado provoca o praticante ama-dor da modalidade, relembrando os laços afetivos que te-mos com a prática do esporte de forma lúdica. No final do texto, a campanha procura acabar de vez com o debate: " Para rendimento é Tênis de Mesa, mas você pode me cha-mar de Ping-Pong. Prazer", brinca o texto do manifesto.

"Queremos acessar o imaginário das pessoas, engajando novamente com o esporte que é o mais social e está mais inserido em áreas de lazer do que em áreas de performance, além de retomar as boas lembranças que todas as pessoas têm com a modalidade. Acreditamos muito no lado afetivo e na vocação de socialização do tênis de mesa. Somos ping--pong, somos descompressão, somos cool, somos sociais e somos o esporte mais democrático", afirma o gerente de de-senvolvimento da CBTM, João Gabriel Leite.

A entidade vai ampliar os pontos de contato dos torcedo-res com o esporte, como parte do projeto de massificação.

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O Corinthians tenta finalizar uma renegociação com a Caixa para ampliar por mais quatro anos o prazo para pagamento da dívida que tem com o banco estatal referente à construção da Arena Corinthians.

Segundo o Globoesporte.com, o clube e o banco já acordaram um prazo que amplia para 2032 o prazo final para quitação das parcelas de financiamento do estádio, em vez do atual, que se encerra em 2028. Além disso, no processo de re-financiamento da dívida existe um plano para reduzir o valor das parcelas mensais (hoje em R$ 5,7 milhões) nos meses de novembro a fevereiro, quando o calendário do futebol reduz a quantidade de jogos realizados dentro do estádio corintiano.

As bases desse novo acordo, porém, ainda não foram assinadas. Segundo o dire-tor financeiro corintiano, Matias Romano Ávila, existe uma divergência em relação a uma multa cobrada pela Caixa, no valor de R$ 50 milhões. Como o impasse ainda persiste, e o Corinthians se recusa a pagar o valor, o banco não assinou o acordo.

O clube argumenta que havia acordado em 2018 que pagaria metade do valor das parcelas mensais entre novembro e fevereiro, mas tal contrato nunca foi assi-nado. Sob nova direção, a Caixa cobra o que seria o valor cheio de contrato, o que gera essa diferença de R$ 50 milhões, já que o Corinthians também não depositou nada à Caixa nos dois meses em que o estádio foi usado para a Copa Am;erica.

Por conta desse impasse, a Justiça determinou que as parcelas mensais não pre-cisam ser pagas pelo clube até que o refinanciamento seja aprovado.

"A gente tem tentado cumprir o compromisso. Como? Numa condição que seja plausível, que você consiga pagar", disse Romano Ávila ao Globoesporte.com.

Corinthians quer mais 4 anos para pagar Arena

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POR REDAÇÃO