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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS - CEJURS CURSO DE DIREITO O BENEFÍCIO DA PENSÃO POR MORTE NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL JEANE DE MELLO Itajaí [SC], Novembro de 2007.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS - CEJURS CURSO DE DIREITO

O BENEFÍCIO DA PENSÃO POR MORTE NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

JEANE DE MELLO

Itajaí [SC], Novembro de 2007.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS - CEJURS CURSO DE DIREITO

O BENEFÍCIO DA PENSÃO POR MORTE NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

JEANE DE MELLO

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professor MSc. Rodrigo de Carvalho

Itajaí [SC], Novembro de 2007.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que me deu forças e saúde

para caminhar firme nesta batalha.

A milha querida mãe Catarina, que desde o

começo do curso sempre me apoiou e dentro de

suas possibilidades me ajudou.

Ao Ricardo, meu querido esposo, que apareceu

em minha vida após ter iniciado o curso, mas foi

de suma importância para a conclusão do mesmo,

que esteve sempre presente em todas as

ocasiões me ajudando e apoiando em minhas

decisões.

E ao meu Mestre Dr. Rosni Ferreira, por ter dado

a oportunidade de aprender muito com ele, e com

o passar do tempo aprendi a admirá-lo cada vez

mais por ser uma pessoa integra e cativante.

Ao Professor Mestre Rodrigo de Carvalho, meu

orientador, que com dedicação, me ajudou e

apoiou na conclusão desta monografia.

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DEDICATÓRIA

A minha mãe Catarina e ao meu esposo Ricardo

a quem recorri em momento de dificuldades.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí (SC), 01/11/2007

Jeane de Mello Graduanda

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Jeane de Mello, sob o título O

Benefício da Pensão por Morte no Regime Geral de Previdência Social no

Brasil, foi submetida em 01/11/2007 à banca examinadora composta pelos

seguintes professores: MSc. Rodrigo de Carvalho (Orientador e Presidente da

Banca), Rosana Maria Rosa (Membro) e Rodrigo José Leal (Membro) e aprovada

com a nota 10,00 (dez).

Itajaí (SC), 01/11/2007

Prof. MSc. Rodrigo de Carvalho

Orientador e Presidente da Banca

Prof. MSc. Antonio Augusto Lapa

Coordenação da Monografia

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ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AC Apelação Civil

Art. Artigo

CAPs Caixas de Aposentadorias e Pensões

CESP Entidade Fechada de Previdência Complementar das grandes empresas do setor de energia elétrica do Estado de São Paulo

CEME Central de Medicamentos

CF/88 Constituição Federal de 1988

CGPC Conselho de Gestão da Previdência Complementar

CLPS Consolidação das Leis da Previdência Social

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CMN Conselho Monetário Nacional

CNAS Conselho Nacional de Assistência Social

CNPS Conselho Nacional de Previdência Social

CNS Conselho Nacional de Saúde

CNSP Conselho Nacional de Seguros Privados

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CPMF Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira

CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

DATAPREV Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social

DER Departamento de Estrada e Rodagem

DF Distrito Federal

DIB Data de Início do Benefício

DJU Diário da Justiça da União

Ed. Edição

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EPU Encargos Previdenciários da União

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FUNABEM Fundação Nacional do Bem Estar do Menor

FUNCEF Fundo de Pensão dos Funcionários da Caixa Econômica Federal

FUNRURAL Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural

IAPAS Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social

IAP Instituto de Administração Financeira da

INAPs Institutos de Aposentadorias e Pensões

INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

INPS Instituto Nacional da Previdência Social

INC Inciso

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IPASE Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores

LBPS Lei Básica da Previdência Social

LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias

LOAS Lei Orgânica da Assistência Social

LOPS Lei Orgânica da Previdência Social

MP Medida Provisória

MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social

MPS Ministério da Previdência Social

MTPS Ministério do Trabalho e Previdência Social

nº Número

NCC Número da Carta de Concessão

OAB Ordem dos Advogados do Brasil

p. Página

PPP Perfil Profissiográfico Previdenciário

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PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PCSS Plano de Cargos e Salários dos Servidores

PIS Programa de Integração Social

PREVI Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil

PSSS Plano de Seguridade Social dos Servidores

RE Recurso Extraordinário

RGPS Regime Geral de Previdência Social

RPPS Regime Próprio de Previdência dos Servidores

RMI Renda Mensal Inicial

SAT Seguro Acidente Trabalho

SINPAS Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social

SINPS Sistema Nacional de Previdência Social

SPC Secretaria de Previdência Complementar

SPS Secretaria de Previdência Social

STF Supremo Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiça

SUS Sistema Único de Saúde

TRF Tribunal Regional Federal

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Regime Geral Previdência Social1

Principal regime previdenciário na ordem interna, o RGPS abrange

obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa privada, ou seja: os

trabalhadores que possuem relação de emprego regida pela Consolidação das

Leis do Trabalho (empregados urbanos, mesmos os que estejam prestando

serviços a entidades paraestatais, os aprendizes e os temporários), pela Lei nº.

5.889/73 (empregados rurais) e pela Lei nº. 5.859/72 (empregados domésticos);

os trabalhadores autônomos, eventuais ou não; os empresários titulares de firmas

individuais ou sócios de regimes de economia familiar; e outras categorias de

trabalhadores como garimpeiros, empregados de organismo internacionais,

sacerdotes, etc.

Benefícios Previdenciários2

Os benefícios previdenciários são direito conferidos à um indivíduo, como forma

de auxílio monetário por força da legislação social. Os benefícios previdenciários

concedidos no RGPS são: auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, auxílio-

acidente, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição,

auxílio-reclusão, salário-família, salário-maternidade, aposentadoria especial e

pensão por morte.

Seguridade Social3

1 STEPHANES, Reinhold apud CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista.

Manual de Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005 p.102. 2 SOUZA, Leny Xavier de Brito e. Previdência Social Normas e Cálculos de Benefícios. 7 ed. São Paulo: LTr, 2003, p.31-61.

3 Conceito previsto no art. 194, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

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Conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,

destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência

social.

Previdência Social4

A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus

beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade,

desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares

e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.

Pensão por Morte5

A pensão por morte é o benefício pago aos dependentes do segurado, homem ou

mulher, que falecer, aposentado ou não, conforme previsão expressa do art. 201,

V da Constituição Federal, regulamentada pelo art. 74 da Lei nº. 8.213/91 do

RGPS. Trata-se de prestação de pagamento continuado, substituidora da

remuneração do segurado falecido.

4 Conceito operacional previsto no art. 1º da Lei nº. 8.213/91. 5 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr 2001, p 489.

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SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................... XIII

INTRODUÇÃO .................................................................................. 14

CAPÍTULO 1 ..................................................................................... 18

SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL ............................................... 18 1.1 HISTÓRIA E A EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ............................ 18 1.2 O MARCO INICIAL NA PREVIDENCIA SOCIAL NO BRASIL ..................... 21 1.3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS REGENTES DO SISTEMA ..................... 25 1.4 A EMENTA CONSTITUCIONAL Nº. 20/98 .................................................... 27 1.5 OUTRAS RECEITAS DA SEGURIDADE SOCIAL ........................................ 30 1.6 A SEGURIDADE SOCIAL ............................................................................. 31 1.7 ELEMENTOS DA SEGURIDADE SOCIAL .................................................... 32 1.7.1 SAÚDE .......................................................................................................... 33 1.7.2 PREVIDÊNCIA SOCIAL ..................................................................................... 34 1.7.3 ASSISTÊNCIA SOCIAL ..................................................................................... 35

CAPÍTULO 2 ..................................................................................... 37

OS BENEFÍCIOS DA PREVIDENCIA SOCIAL ................................ 37 2.1 REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL .............................................. 37 2.2 PREVIDENCIA SOCIAL ........................................................................................ 39 2.2.1SEGURADOS ................................................................................................. 339 2.2.2 DEPENDENTES ............................................................................................... 41 2.3 BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ................................................... 42 2.3.1 AUXÍLIO-DOENÇA ........................................................................................... 43 2.3.2 AUXÍLIO-RECLUSÃO ....................................................................................... 46 2.3.3 AUXÍLIO-ACIDENTE ........................................................................................ 49 2.3.4 APOSENTADORIA POR IDADE .......................................................................... 52 2.3.5 APOSENTADORIA INVALIDEZ ........................................................................... 55 2.3.6 APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO ............................................ 56 2.3.7 APOSENTADORIA ESPECIAL ......................................................................... ...58 2.3.8 SALÁRIO-FAMÍLIA ........................................................................................... 60 2.3.9 SALÁRIO-MATERNIDADE ................................................................................. 61

CAPÍTULO 3 .................................................................................... 63

UMA ANÁLISE DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL DA PENSÃO POR MORTE NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL .... 63 3.1 PENSÃO POR MORTE .................................................................................. 63 3.1.1 DEPENDENTES ............................................................................................... 68

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3.1.2 DIREITO A PENSÃO POR MORTE AOS HOMOSSEXUAIS. ...................................... 70 3.2 PERÍODO DE CARÊNCIA ............................................................................. 70 3.3 DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO ................................................................. 72 3.4 RENDA MENSAL INICIAL ............................................................................. 74 3.5 O DILEMA VEICULADO PELA LEI Nº. 9.032/95 QUANTO À MAJORAÇÃO

DA COTA DA PENSÃO POR MORTE ................................................................ 76 3.5.1 O POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS ............................... 77 3.5.2 O POSICIONAMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ................................ 82 3.5.3 A TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA ......................... 84 3.5.4 A REVIRAVOLTA DE ENTENDIMENTO QUANTO AO ASSUNTO NO SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL EM 2007 .................................................................................................. 85 3.6 CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE PRESUMIDA .. 88 3.7 TRABALHADORES RURAIS ........................................................................ 90 3.8 ACUMULAÇÕES DE PENSÕES ................................................................... 91 3.9 HIPOTESES DE CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE.92

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 94

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .......................................... 96

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RESUMO

O trabalho contido nesta monografia de conclusão de curso

traz em seu conteúdo o estudo científico sobre o benefício de pensão por morte

que é pago pela Previdência Social aos dependentes do segurado falecido. Os

objetos investigatórios, em termos específico, são os seguintes: a) investigar,

delimitar e descrever o sistema de seguridade social no Brasil, histórico, evolução,

marco inicial, princípios constitucionais, Emenda Constitucional nº 20/98 e as

receitas da seguridade social; b) analisar e comentar sobre os benefícios da

previdência social, beneficiários da seguridade social e espécies de regimes

previdenciários existentes no Brasil; c) pesquisar e analisar o benefício da

pensão por morte no Regime Geral da Previdência Social, características,

concessão, quem é dependente, direito a pensão por morte aos homossexuais,

período de carência, data de início do benefício, o dilema veiculado pela Lei nº.

9.032/95 quanto à majoração da cota da pensão por morte, o posicionamento dos

Tribunais Regionais Federais, o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça,

a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, a reviravolta de

entendimento quanto ao assunto no Supremo Tribunal Federal em 2007,

concessão do benefício de Pensão por morte presumida, trabalhadores rurais e

hipótese de cessação do benéfico de pensão por morte. A monografia está

composta de três capítulos que abordam a seguridade social. A pesquisa foi

utilizada o método indutivo e a área de concentração situa-se no campo do Direito

Público.

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto de estudo a pensão

por morte no Regime Geral de Previdência Social, com finalidade: institucional,

produzir uma monografia6 para obtenção do grau de bacharel em Direito, pela

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI; geral, conhecer o sistema de

previdência Social no Brasil; específicos:

a) investigar, delimitar e descrever o sistema de seguridade

social no Brasil, histórico, evolução, marco inicial, princípios constitucionais,

Emenda Constitucional nº. 20/98 e as receitas da seguridade social;

b) analisar e comentar sobre os benefícios da previdência

social, beneficiários da seguridade social e espécies de regimes previdenciários

existentes no Brasil;

c) pesquisar e analisar o benefício da pensão por morte no

RGPS, características, concessão, quem é dependente, direito a pensão por

morte aos homossexuais, período de carência, data de início do benefício, o

dilema veiculado pela Lei nº. 9.032/95 quanto à majoração da cota da pensão por

morte, o posicionamento dos TRF’S, o posicionamento do STJ, a TNUJ, a

reviravolta de entendimento quanto ao assunto no STF em 2007, concessão do

benefício de Pensão por morte presumida, trabalhadores rurais e hipótese de

cessação do benéfico de pensão por morte.

O trabalho baseia-se na busca para demonstrar, a

importância da Previdência Social perante a sociedade brasileira, oferecendo aos

beneficiários do regime uma noção ampla sobre quem tem direito ao benefício

pensão por morte.

6 O modelo de monografia foi elaborado pelo Prof. Dr. Álvaro Borges de Oliveira, Prof. MSc Clóvis Demarchi e Esp. Sérgio Alexander Loback da Silva. Versão 6, e disponibilizado no site: <http://www.univali.br/cejurps>.

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15

A validade do trabalho está nos destaques de certos

elementos jurídicos relativos ao objeto acima mencionado, que serão

apresentados no decorrer dos capítulos que foram demonstrados como resultado

de um estudo aprofundado sobre o assunto.

Esta monografia está dividida em três capítulos.

O primeiro capítulo faz uma abordagem da seguridade social

no Brasil, história e a evolução da previdência social, marco inicial, princípios

constitucionais presentes no sistema, Emenda Constitucional nº 20/98, receitas e

elementos da seguridade social.

O segundo capítulo comenta sobre os benefícios da

Previdência Social, beneficiários da Seguridade Social e espécies de regimes

previdenciários existentes no Brasil.

O terceiro capítulo é o resultado do interesse da presente

pesquisa, que aborda uma análise doutrinária e jurisprudencial do benefício da

pensão por morte no Regime Geral da Previdência Social no Brasil.

O atual Relatório de estudo se encerra com as

considerações Finais, nas quais são abordados pontos conclusivos destacados,

seguidos da estimulação à continuidade das pesquisas e das idéias sobre a

seguridade social no Brasil.

Decorrente dos citados objetivos investigatórios, foram

formados três problemas e respectivas hipóteses que servirão de base para o

acréscimo da pesquisa, cuja conseqüência está exposta nesta monografia.

Primeiro problema: É necessária a comprovação de

dependência econômica para que o dependente tenha direito ao benefício? Os

dependentes da primeira classe (cônjuge, companheiro (a) e filhos não

emancipados, menores de 21 anos ou inválidos) não precisam comprovar que

dependiam economicamente do segurado, vez que essa dependência é

presumida. Já os dependentes da segunda e terceira classe (pais e irmãos não

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emancipados, menores de 21 anos ou inválido) necessitam comprovar a

dependência econômica.

Segundo problema: E se o segurado falecido deixar mais de

um dependente, como fica o valor da pensão? Os dependentes de uma mesma

classe concorrem em igualdade de condições, mas a existência de dependentes

de uma classe exclui os dependentes das classes seguintes. Exemplificando: o

segurado deixa como dependentes a esposa, um filho menor de 21 anos e o

pai. A pensão será dividida em partes iguais entre a esposa e o filho, que são

dependentes da primeira classe. E o pai não terá direito à pensão porque é

dependente da segunda classe.

Terceiro problema: O cônjuge divorciado ou separado

judicialmente tem direito à pensão por morte? O cônjuge divorciado ou separado

judicialmente ou de fato, que recebia pensão de alimentos, tem direito a receber a

pensão em igualdade de condições com os dependentes da primeira classe,

quais sejam o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado,

menor de 21 anos ou inválido.

Além das constantes no rol das categorias, no decorrer

desta monografia serão apresentadas outras categorias e seus respectivos

conceitos operacionais.

Para encetar a investigação adotou-se o método indutivo

que, conforme Pasold7 consiste em “pesquisar e identificar as partes de um

fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral” e,

dependendo do resultado das análises, no Relatório da Pesquisa poderá ser

empregada a base indutiva e/ou outra que for a mais indicada.8

7 PASOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o

pesquisador do direito. 8ª ed. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2003, p. 87. 8 Sobre os métodos nas diversas fases da pesquisa científica, vide Prática da Pesquisa Jurídica:

idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 8ª ed. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2003, p. 87.

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17

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as

Técnicas do Referente9, da Categoria10, do Conceito Operacional11 e da Pesquisa

Bibliográfica.12

9 “explicitação prévia do motivo, objeto e produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para uma atividade intelectual, especialmente para a pesquisa”. PASOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 5ª ed. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2001, p. 105.

10 “palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma idéia”. PASOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 5ª ed. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2001, p. 229.

11 “definição estabelecida ou proposta para palavra ou expressão, com o propósito de que tal definição seja aceita para efeitos das idéias expostas”. PASOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 5ª ed. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2001, p. 229.

12 “técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais”. PASOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 5ª ed. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2001, p. 240.

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18

CAPÍTULO 1

SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL

1.1 HISTÓRIA E A EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

O marco da criação da Previdência Social encontra-se na

Inglaterra e data de 1601, com a edição da Lei dos Pobres (Poor Relief Act), que

regulamentou a instituição de auxílios e socorros públicos aos necessitados.

Previdência é um seguro. Um seguro Social. No caso, o bem

da vida segurado é a capacidade laborativa das pessoas. Assim, quando ocorre

um sinistro que incapacite a pessoa segurada para o trabalho, ela, ou seus

dependentes, fará jus a uma cobertura, percebendo benefícios, enquanto

perdurar a capacidade. Várias são as modalidades de sinistros que podem

incapacitar alguém.

Paralelamente com a Revolução Francesa, através dos seus

ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, começaram a eclodir manifestações

dos trabalhadores a reivindicar melhores condições de trabalho e subsistência,

através de greves e revoltas, o que acarretou a intervenção estatal, a fim de coibir

revoluções.

Nas palavras do governante alemão Bismarck, justificando a

adoção das primeiras normas previdenciárias: “Por mais caro que pareça o

seguro social, resulta menos gravoso que os riscos de uma revolução”.13

Otto Von Bismarck, em 1883, na Alemanha, inseriu à

sociedade, institutos protetores para a classe trabalhadora da indústria, os quais

a seguir relacionados: seguro-doença obrigatório, seguro contra acidente do

trabalho, criado no ano de 1884 e o seguro de invalidez e velhice posto no

13 MORENO, Ruiz, apud CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARI, João Batista. Manual de

Direito Previdenciário. 5.ed. São Paulo:LTr, 2004, p.34.

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19

ordenamento jurídico da época 5 (cinco) anos mais tarde (1889). Note-se que

foram sucessivas criações objetivando proteger aqueles que tanto lutavam para o

desenvolvimento econômico e social à época14.

Por esta lei não somente os empregados beneficiários do

sistema protético deveriam contribuir para com o sistema mas também seus

empregados. A esta participação o custeio do sistema pelo empregador se

denominou patrocínio. Ele entrou como patrocinador dos benefícios previstos nas

normas aos trabalhadores. O Estado também deveria contribuir. Essa

contribuição se dava com a administração dos valores vertidos ao sistema e a

garantia do pagamento dos benefícios, mesmo na falta de reserva financeira do

sistema. A designação dada pela doutrina a essa tríade de contribuição foi tríplice

forma de custeio ou forma tripartite de custeio do sistema (trabalhadores,

empregados e Estados).15

Num segundo momento, em 1884 e 1889, foi ampliada a

zona de cobertura para os demais riscos sociais, tais como os decorrentes de

acidentes do trabalho, invalidez e velhice.16

Em 1888, o Decreto nº. 9.912-A, de 26 de março, dispôs

sobre a concessão de aposentadoria aos empregados dos Correios, fixando em

trinta anos de serviço e idade mínima de 60 anos os requisitos para tal.17

Em 1890, o Decreto nº. 221, de 26 de fevereiro, instituiu a

aposentadoria para os empregados da Estrada de Ferro Central do Brasil,

posteriormente estendia aos demais ferroviários do estado pelo Decreto nº. 565

de 12 de julho do mesmo ano18.

14 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 6 ed. São Paulo: Lumem Júris, 2005, p. 41.

15 OLIVEIRA, Lamantino França de: Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: RT, 2004, p. 20/21. 16 OLIVEIRA, Lamantino França de: Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: RT, 2004, p. 21. 17 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 45.

18 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 45.

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20

A Constituição de 1891, art. 75, previu a aposentadoria por

invalidez aos servidores públicos.

Em 1892, a Lei nº. 217, de 29 de novembro, instituiu a

aposentadoria por invalidez e a pensão por morte dos operários do Arsenal de

Marinha do Rio de Janeiro19.

De acordo com Castro e Lazzari20, o peculiar em relação a

tais aposentadorias é que não se poderia considerá-las como verdadeiramente

pertencentes a um regime previdenciário, já que os beneficiários não contribuíam

durante o período de atividade. A aposentadoria era concedida de forma graciosa

pelo Estado, não se falava em Previdência Social no Brasil.

A primeira Lei sobre proteção do trabalho contra acidentes

do trabalho surgiu em 1919; antes, o trabalhador acidentado tinha apenas como

norma a lhe proteger o art. 159 do Código Civil, vigente a partir de 1917, e antes

disso, as normas das Ordenações Filipinas.21

O ponto de partida do que denominamos previdência social

se deu no país com a edição do Decreto Legislativo nº. 3.724, de 1919, que criava

o seguro privado de acidente de trabalho no Brasil. Essa norma atribuía ao

empregado o dever de custear um seguro contra acidente do trabalho em favor

dos seus empregados.22

Para Horvath Júnior:

A Lei do acidente do Trabalho, Lei nº. 3.724, de 15 de janeiro de

1919, consagrando a responsabilidade objetiva do empregador,

19 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 46. 20 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 46. 21 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 46. 22 OLIVEIRA, Lamantino França de: Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: RT, 2004, p. 22.

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21

ou seja, este é plenamente responsável por qualquer dano sofrido

pelo trabalhador durante o serviço, independente de culpa ou

dolo, sendo obrigado em virtude disto a indenizar o empregado.23

1.2 O MARCO INICIAL NA PREVIDENCIA SOCIAL NO BRASIL

Em termos de legislação nacional, a doutrina majoritária

considera como marco inicial da Previdência Social a publicação do Decreto

Legislativo nº. 4.682, de 24 de janeiro de 1923, mais conhecido como Lei Eloy

Chaves, que criou as caixas de Aposentadorias e Pensões nas empresas de

estradas de ferro existentes, mediante contribuições dos trabalhadores e pensões

a seus dependentes em caso de morte do segurado, além de assistência medica

e diminuição do custo de medicamentos. Entretanto, o regime das “caixas” era

ainda pouco abrangente, e como era estabelecido por empresa, o número de

contribuinte foi às vezes, insuficiente. 24

No Brasil, através da Lei Eloy Chaves (Decreto n° 4.682, de

24.01.1923) é que foi instituído o 1° sistema amplo de seguros

sociais cobrindo riscos de invalidez, velhice e morte, e ainda

concedendo auxílio-funeral, assistência médica hospitalar e

aposentadoria ordinária (condicionada a tempo de serviço, hoje

aposentadoria por tempo de contribuição), seguindo-se o Decreto

n° 20.465, de 01.10.1931, o qual reformulou a Lei Elói Chaves,

ampliando o regime para todos os empregados das empresas

chamadas de “serviços públicos”, privadas ou estatais, como de

luz, telefone, gás, transporte e outras.25

Neste contesto é o entendimento de Rocha:

23 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário, 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 19.

24 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 46.

25 PAIXAO, Floriceno. Previdência Social em perguntas e respostas. São Paulo: IOB Thompson, 2005, (554p) p. 21.

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22

[...] é apontada como marco inicial da Previdência Social no Brasil

a Publicação do Decreto Legislativo nº. 4.682 de 24 de janeiro de

1921, data que marca o dia da previdência social. O diploma ficou

conhecido como Lei Eloy Chaves e permitiu a criação de caixas

de aposentadorias e pensões para os empregados de cada

empresa ferroviária da Great Westrn do Brasil, em 20 de março

daquele ano.26

Entretanto o sistema de caixa trouxe mais problemas que

soluções, pois dependia de números mínimos de segurados para sua

manutenção, problema este solucionado somente em 1938 com os Institutos de

Aposentadorias e Pensões.

No entendimento de Oliveira:

[...] tal norma previa a criação de um sistema de caixa de

aposentadoria e pensão. No inicio, cada empresa do ramo

ferroviário deveria organizar a sua caixa. Seguindo o exemplo de

Bismarck, as contribuições seriam devidas pelos trabalhadores e

empregadas, as quais manteriam o sistema projetivo que deveria

cobrir alguns riscos sociais como invalidez, acidente de trabalho,

incapacidade temporária.27

Em 1960 foi editada a Lei Orgânica da Previdência Social

(LOPS) – Lei 3.807/1960. Tal norma traçou nos seus mais de 500 artigos os

delineamentos gerais da previdência social quista pelo legislador. Ela foi o passo

inicial para que em 1966 os institutos, que eram por categoria profissional, fossem

unificados, nascendo, assim, com o Decreto Lei nº. 72/1966, o Instituto Nacional

de Previdência Social (INPS).28

Neste sentido comenta Horvath Júnior:

[...] A LOPS unifica a legislação previdenciária entre todos os

Institutos previdenciários. A LOPS lastreou-se na: a) unificação 26 ROCHA, Daniel Machado da. BALTAZAR Junior. Lei de Benefícios Previdenciários. 3ª Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado: Esmafe, 2003.p. 31.

27 OLIVEIRA, Lamantino França de: Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: RT, 2004, p. 23.

28 OLIVEIRA, Lamantino França de: Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: RT, 2004, p. 23.

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23

dos benefícios e serviços previdenciários, eliminando

legislativamente as diferenças históricas de tratamento entre os

trabalhadores; b) igualdade no sistema de custeio coma unificação

das alíquotas de contribuição incidentes sobre a remuneração do

trabalhador; c) ampliação dos riscos e contingência sociais

cobertas. 29

Em 1963, a Lei nº. 4.296, de 03 de outubro, criou o salário

família, destinado aos segurados que tivessem filhos menores, visando à

manutenção dos mesmos. No mesmo ano foi criado o décimo terceiro salário e,

no campo previdenciário, pela Lei n°. 4.281, de 08 de novembro de 1963.

Apenas em 1º de janeiro de 1967 foram unificados os IAP’S,

com o surgimento do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, Criado pelo

Decreto – lei nº. 72 de 21 de novembro de 1966, a Constituição no mesmo ano

estabeleceu a criação do seguro desemprego que até então não existia,

regulamentando com o nome de auxílio desemprego.

Ainda em 1967, o SAT – seguro de Acidente de Trabalho do

incorporado à Previdência Social pela Lei nº. 5.316, de 14 de setembro. 30

Os trabalhadores rurais passaram a se segurados da

Previdência Social e a partir da edição da Lei Complementar n°. 11/71 – criação

do FUNRURAL. 31

Em 1977 tivemos a criação do SINPAS, o Sistema Nacional

de Previdência e Assistência Social. Com isso visava o legislador congregar as

diversas entidades que atuavam na área previdenciária e assistencial ao SINPAS,

o qual, ao final, ficou composto pelo INPS – Instituto Nacional de Previdência

Social; LAPAS – Instituto da Administração Financeira de Previdência Social;

INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica Previdenciária Social; LBA –

29 HORVATH JÙNIOR, Miguel. Direito Previdenciário, 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 21.

30 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 48.

31 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 49.

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24

Legislação Brasileira de Assistência; FUNABEM – Fundação Nacional do Bem-

Estar do Menor; DATAPREV – Empresa de Processamentos de Dados da

Previdência Social; e a CEME – Central de Medicamentos. 32

A extinção do IPASE, contudo, não significou a

uniformização da proteção previdenciária entre trabalhadores da iniciativa privada

e servidores públicos; estes permaneceram regidos por normas específicas, da

Lei nº. 1.711/52, Estatuto dos Servidores Civis da União.33

Oliveira, comentando o assunto, demonstra a natureza da

alteração ocorrida:

A lei n°. 6.439, que instituiu o SINPAS, alterou, portanto, apenas

estruturalmente a previdência social brasileira, racionalizando e

simplificando o funcionamento dos órgãos. Promoveu uma

reorganização administrativa, sem modificar nada no que tange a

direitos e obrigações, natureza e conteúdo, condições das

prestações, valor das contribuições etc.34

Observa-se, ainda, em relação à criação do SINPAS, certa

confusão entre os conceitos de previdência social, assistência social e saúde

publica, neste sentido salienta Celso Barroso Leite:

Houve uma ampliação do sentido de previdência social para

abarcar também a assistência social, entendendo-se aquela

época previdência social como sendo a soma das ações no

campo do seguro social e das iniciativas assistenciais.35

A Constituição de 1988 foi a que dedicou mais espaço ao

tema da seguridade social. Reservou um capítulo inteiro ao tema, o capítulo II, do

32 OLIVEIRA, Lamantino França de: Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: RT, 2004, p. 24. 33 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 50.

34 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 50.

35 LEITE, Celso Barroso. A Proteção Social no Brasil. 2ª ed., São Paulo, LTr, 1978, p. 18.

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arts. 194 ao 204. A Seguridade social foi devida em três modalidades: Previdência

Social, Saúde e Assistência Social.36

No texto original da Constituição Federal de 1988 a

Previdência Social foi tratada pelos art. 201, que tratava dos eventos cobertos

pelo sistema ao passo que o art. 202 tratava do cálculo e da correção do valor da

aposentadoria.

1.3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS REGENTES DO SISTEMA

O artigo 194 da CRFB/88 enumera, em sete incisos, os

então chamados princípios constitucionais da Seguridade Social, os quais, tendo

em vista a inserção da espécie previdência social no gênero seguridade social,

igualmente norteiam o direito previdenciário. São eles abaixo denominados, e

brevemente explicados, com supedâneo na obra de Castro e Lazzari37:

I - Universalidade da cobertura e do atendimento, donde se extrai

que a proteção deve alcançar a todos, no caso da previdência

social obedecido seu caráter contributivo.

No entendimento de Tavares38, “a universalidade, além do

aspecto subjetivo, também possui um viés objetivo e serve como princípio: a

organização das prestações de seguridade deve procurar, na medida do possível,

abranger ao máximo os riscos sociais”.

II - Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às

populações urbanas e rurais, ressalvando-se que em matéria

previdenciária não significa que haverá valor idêntico para os

benefícios, diferenciando-se equivalência de igualdade.

36 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 22 ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 41.

37 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 5 ed. São Paulo:LTr, 2004, p. 87-91.

38 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 6ª ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2005, p. 03.

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26

Como observam Castro e Lazzari,39 “tal princípio não

significa, contudo, que haverá idêntico valor para os benefícios, já que

equivalência não significa igualdade. Os critérios para concessão das prestações

de seguridade social serão os mesmos; porém, tratando-se de previdência social,

o valor de um benefício pode ser diferenciado.

III - Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e

serviços, pressupondo-se que os benefícios serão concedidos a

quem deles efetivamente necessite, razão pela qual existem

requisitos a serem atendidos para a concessão de benefícios e

serviços e a distributividade, no sentido de que estes benefícios

atendam ao bem-estar e à justiça social.

IV - Irredutibilidade do valor dos benefícios, ou seja, o benefício

legalmente concedido pela previdência social não pode ter seu

valor nominal reduzido, não podendo ser objeto de desconto, nem

de arresto, seqüestro ou penhora.

Para Werner40, trata-se de “princípio equivalente ao da

intangibilidade do salário dos empregados e dos vencimentos dos servidores,

significando que o benefício legalmente concedido pelo sistema de Seguridade

Social não pode ter seu valor nominal reduzido, não podendo ser objeto de

desconto – salvo os determinados por lei ou ordem judicial, nem de arresto,

seqüestro ou penhora”.

V - Eqüidade na forma de participação no custeio, revelando-se

como meta a participação eqüitativa de trabalhadores,

empregadores e Poder Público no custeio da seguridade social.

39 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: LTr, 2005, p. 81.

40 WERNER, Rafael Lapa. O Regime de Previdência Complementar Privado no contexto do Sistema Previdenciário Brasileiro. Monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí. Defesa Pública em 11 de novembro de 2005. Itajaí: 2005, UNIVALI, p. 26.

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27

Dentro da mesma idéia, o art. 201, § 2º, da CF/88

estabelece o reajustamento periódico dos benefícios, para preservar-lhes, em

caráter permanente, seu valor real.

VI - Diversidade da base de financiamento. Com base nesse

princípio está prejudicada a possibilidade de estabelecer-se o

sistema não-contributivo, decorrente da cobrança de tributos não

vinculados, visto que o financiamento dever ser feito por meio de

diversas fontes e não de fonte única.

Permanecendo a Seguridade Social brasileira no chamado

ponto de hibridez entre preceito contributivo e não contributivo, o constituinte quis

formar a probabilidade de que a receita da Seguridade Social possa ser angariada

de diferentes fontes pagadoras, não permanecendo ligados a trabalhadores,

empregadores e Poder Público.

1.4 A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 20/98

No ano de 1995, o Presidente da República enviou ao

Congresso Nacional uma proposta de emenda constitucional visando alterar

várias normas a respeito do Regime Geral de Previdência Social e da Previdência

dos Servidores Públicos.

A Emenda nº. 20/98, que modifica substancialmente a Previdência

Social no Brasil, foi promulgada no dia 15 de dezembro de 1998,

no encerramento do ano legislativo, após três anos e nove meses

de tramitação no Congresso Nacional. A votação da Ementa foi

acelerada nos últimos meses da legislatura, por conta da crise

econômica alardeada em meados de outubro, o que exigiu o

Legislativo providencia imediatas no sentido da aprovação de

medidas capazes de conter o déficit público. Com isso,

lamentavelmente, o debate acerca das questões envolvidas na

reforma deixou de ser feito sob os pontos de vistas estritamente

jurídicos e sociais, e passou a ser capitaneado pelo enfoque

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econômico, atuarial e dos resultados financeiros esperados com a

aprovação do texto41.

Pela CRFB/88, na redação conferida pela Emenda

Constitucional nº. 20/98, “a seguridade social compreende um conjunto integrado

de ações de iniciativa dos poderes públicos e das sociedades, destinadas a

assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.42

A proposta original da Emenda, de iniciativa do Presidente

da República, sofreu diversas alterações. Três pontos básicos da reforma foram

derrubados pelos deputados: a cobrança de contribuição previdenciária dos

servidores públicos inativos, a idade mínima para a aposentadoria dos

trabalhadores da iniciativa privada e o fim da aposentadoria integral dos

servidores públicos, de maior valor. 43

Emenda n°. 20/98, tal como foi aprovada, estabelece um curioso

paradoxo: enquanto os que irão completar o tempo de

contribuição não precisam cumprir uma idade mínima para

aposentar-se, os taxados como o pedágio terão que cumprir, alem

de mais 20% ou 40 % do tempo faltante, o requisito da idade

mínima.44

As aposentadorias passaram a ser concedidas por tempo de

contribuição, onde homem deverá laborar por trinta e cinco anos no mínimo e a

mulher por trinta, aplicando-se a sistema para trabalhadores da iniciativa privada

e servidores públicos, que ingressarem a partir da publicação da Emenda.

Castro e Lazzari explicam:

41 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 54. 42 Redação do artigo 194, caput, da Constituição Federal de 1988.

43 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 54.

44 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 54.

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29

Aqueles que obtiverem contagem de tempo de serviço para fins

de aposentadoria sem contribuição correspondente tem direito

adquirido à contagem; o tempo de serviço considerado pela

legislação vigente, para fins de aposentadoria, cumprido até que a

lei venha a disciplinar a matéria, será contado como tempo de

contribuição (art. 4º. Da Emenda. 20). E, conforme seja o teor da

lei regulamentadora, período de afastamento como auxílio-

doença, acidente de trabalho, aposentadoria por invalidez e

serviço militar obrigatório continuarão certamente a ser

considerados como tempo válido para contagem. 45

É importante frisar que com a Emenda Constitucional nº.

20/98 a idade mínima para ingresso na Previdência Social passou a ser dezesseis

anos.

Foram criadas regras diferenciadas para os trabalhadores

que já contribuíam para a Previdência Social e para os que iriam entrar no

mercado de trabalho após 1998.

As regras de transição da reforma valeram para os

segurados que estavam trabalhando até a data da publicação da reforma da

Previdência em 1998.

É necessário salientar que a aposentadoria proporcional foi

eliminada para quem deu inicio ao labor após a publicação da Emenda. Na fase

de mudança, este benefício é de 70% do salário de benefício calculado para a

aposentadoria integral, acrescendo-se 5% por ano até concluir o limite de 100%.

Neste sentido Castro e Lazzari46 tecem esclarecimentos

acerca dessas alterações:

As mudanças autorizam o legislador: a) a estabelecer alíquotas ou

base de cálculo diferenciadas em função da atividade econômica

das empresas ou da utilização intensiva da mão-de-obra,

45 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 55. 46 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 5 ed. São Paulo:LTr, 2004, p.186.

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30

pretendendo, por um lado, espécie de benefício fiscal a empresas

que invistam em novos postos de trabalho no mercado formal,

bem como as microempresas e empresas de pequeno porte, e,

por outro lado, aumentar a carga de contribuição sobre empresas

cuja atividade econômica caracterize alto risco de acidentes de

trabalho e doenças ocupacionais – vide a Lei nº. 9.732/98; b) a

evitar a “sangria” de recursos da Seguridade Social para o

Sistema Único de Saúde – SUS e entidades beneficentes, em

detrimento do pagamento de benefícios previdenciários. A

contrario sensu, vedam a remissão ou anistia de débitos para com

o INSS relativos a contribuições do empregador sobre a folha de

pagamentos e as retidas dos estipêndios dos empregados, cujo

valor esteja acima do fixado por lei complementar.

Já Receita Federal compete: a) das empresas, incidentes

sobre faturamento e lucro; b) as incidentes sobre a receita de concursos de

prognósticos; c) a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira –

CPMF.

Em geral a Emenda n°. 20/98 acarretou mudanças

significativas para a sociedade, reduzindo as despesas no que tange os

benefícios do regime geral, não aumentando a arrecadação.

1.5 OUTRAS RECEITAS DA SEGURIDADE SOCIAL

Segundo o art. 27 da Lei nº. 8.213/91, constituem outras

receitas da seguridade social47:

a) as multas (moratórias e por descumprimento de obrigações

acessórias), a atualização monetária e os juros moratórios;

b) a remuneração recebida por serviços de arrecadação,

fiscalização e cobrança prestados a terceiros – art. 274 do

Decreto nº. 3.048/99;

47 Relação completa, bem como os detalhes sobre referidas receitas podem ser obtidas pela leitura do art. 27 da Lei nº 8.212/91.

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c) as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de

fornecimento ou arrendamento de bens;

d) as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras;

e) as doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais;

f) 50 % (cinqüenta por cento) dos valores obtidos e aplicados na

forma do parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal de

1988;

g) 40 % (quarenta por cento) do resultado dos leilões dos bens

apreendidos pela Receita Federal;

h) outras receitas previstas em legislação específica.

As companhias seguradoras que mantêm o seguro

obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de vias

terrestres, de que trata a Lei nº. 6.194 de dezembro de 1974 deverão repassar à

Seguridade Social 50% (cinqüenta por cento) do valor total do prêmio recolhido,

destinado ao Sistema Único de Saúde – SUS.

1.6 A SEGURIDADE SOCIAL

O nome seguridade social nasce da importância que cada

indivíduo dá ao seu futuro, podendo ele resguardar um fundo promissor e melhor

para sua família. Tendo como principal característica prestar a cada contribuinte o

sossego para que no futuro com o aparecimento de um evento maléfico na vida o

próprio possa estar garantido por esta seguridade social, proporcionando desta

forma a tranqüilidade.

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32

Como observa Martins48, “a seguridade social tem objetivo

mais amplo: proteger o homem como indivíduo, mais precisamente como

segurado, independente do tipo de trabalho que seja realizado pelo mesmo”.

O direito da Seguridade Social é um direito social, de

natureza pública, nos termos do art. 6º da Constituição da República Federativa

do Brasil de 198849. A Carta relaciona a saúde, a Previdência Social, a proteção

à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados, como direitos

prestacionais sociais de índole positiva no rol dos direitos fundamentais.50

A competência para legislar sobre seguridade social é

privativa da União, conforme dispõe o art. 22, XXIII da CRFB/88. No entendimento

de Leite51:

A seguridade social compreende o conjunto de medidas

destinadas a atender às necessidades básicas do ser humano52.

Conclui-se então que a seguridade social veio com o

objetivo de assegurar o contribuinte, para que no futuro o mesmo possa gozar de

seus benefícios.

1.7 ELEMENTOS DA SEGURIDADE SOCIAL

O artigo 194 da Constituição Federal de 1988, no título VIII,

estabelece a Seguridade Social como “um conjunto integrado de ações de

iniciativa dos Poderes Públicos e das sociedades destinado a assegurar os

diretos relativos à saúde, a previdência social e à assistência social”.

48 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 11ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 37. 49 Podendo, na presente monografia, ser denominada de: Constituição Federal de 1988; CRFB/88; CF/88; Carta Magna de 1988; Carta Política de 1988.

50 BONAVIDES, Paulo. Do Estado Liberal ao Estado Social, demonstra a evolução histórica geracional dos direitos fundamentais na obra: São Paulo: Malheiros, 1996.

51 LEITE, Celso Barroso. Curso de Direito Previdenciário em homenagem a Moacyr Velloso Cardoso de Oliveira, São Paulo: LTr, 1986, p.17.

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33

1.7.1 Saúde

O direito a saúde é assegurado constitucionalmente tendo

proteção nano art. 196 da Constituição Federal, que define a categoria saúde.

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de

doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às

ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

O art. 2º da Lei nº. 8.212/91 determina53:

Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de

doença e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às

ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

A Lei n. 8.080/90 institucionaliza o Sistema Único de Saúde

– SUS, em cumprimento ao art. 200 da CF/88, em seu artigo 4°, define o Sistema

Único de Saúde (SUS) como54:

Conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por seus

órgãos e instituições públicas, federais, estaduais e municipais, da

administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo

poder público, podendo a iniciativa privada atuar em caráter

supletivo.

O custeio do sistema de saúde, de acordo com o art. 198,

§1° da CF/88, é feito através de recursos do orçamento da seguridade social, da

União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, além da CPMF55, sendo

que o ordenamento jurídico pátrio prevê a possibilidade da participação da

52 BALERA, Wagner. Sistema Seguridade Social, São Paulo: LTr, 1992, p. 58. 53 PINTO, Antonio Luiz de Toledo. WINDT, Márcia Cristina Vaz dos Santos. CÉSPEDES, Livia.

Vade Mecum Saraiva. 2 ed, São Paulo, 2006, p. 1376. 54 PINTO, Antonio Luiz de Toledo. WINDT, Márcia Cristina Vaz dos Santos. CÉSPEDES, Livia.

Vade Mecum Saraiva. 2 ed, São Paulo, 2006, p. 62. 55 PINTO, Antonio Luiz de Toledo. WINDT, Márcia Cristina Vaz dos Santos. CÉSPEDES, Livia.

Vade Mecum Saraiva. 2 ed, São Paulo, 2006, p. 56.

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34

iniciativa privada, através da medicina de grupo, seguro saúde ou cooperativas

médicas, o que é controlado e fiscalizado pelo Poder Público.

1.7.2 Previdência Social

O art. 201 da Constituição Federal prevê que a Previdência

Social tem como objetivo56:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade

avançada;

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego

involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos

segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge

ou companheiro e dependentes.

Acerca de Previdência Social relata Horwath Júnior57:

O princípio da universalidade dá a oportunidade de todos os

indivíduos filiarem-se ao sistema previdenciário, desde que haja

contribuição, ou seja, participação no custeio. A participação no

custeio é uma das notas diferenciadoras das ações de

previdência, das de assistência social. A previdência social há de

ser obrigatoriamente paga. O sistema brasileiro prevê a fórmula

tripartite de custeio.

56 PINTO, Antonio Luiz de Toledo. WINDT, Márcia Cristina Vaz dos Santos. CÉSPEDES, Livia.

Vade Mecum Saraiva. 2 ed, São Paulo, 2006, p. 62. 57 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 5 ed. São Paulo:Quartier Latin, 2005, p. 94.

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35

Os planos de diretrizes da previdência social incluem a

cobertura dos riscos de doença, invalidez, morte, incluídos os resultantes de

acidente do trabalho, velhice e reclusão; a ajuda à manutenção dos dependentes

dos segurados de baixa renda; a proteção à maternidade, especialmente à

gestante; a proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário e a

pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e

dependentes.

1.7.3 Assistência Social

A Assistência Social é um sistema de proteção as pessoas

que é regida pelos arts. 203 e 204 da CF/88, sendo regulamentada pela Lei nº.

8.742/93 – LOAS.

São objetivos da assistência social, de acordo com o art.

203 da CRFB/88:

I - proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e

à velhice;

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção de integração ao mercado de trabalho;

IV - a habitação e reabilitação das pessoas portadoras de

deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V – a garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à

pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não

possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida

por sua família, conforme dispuser a lei. Importante mencionar a

manifestação exposta por Marcelo Leonardo Tavares58:

58 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 6ª ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2005, p. 17/18.

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36

A principal característica da assistência social é ser prestada

gratuitamente aos necessitados. A assistência social é um plano de prestações

sociais mínimas e gratuitas a cargo do Estado para prover pessoas necessitadas

de condições dignas de vida. É um direito social fundamental e, para o Estado,

um dever a ser realizado através de ações diversas que visem atender às

necessidades básicas do indivíduo, em situações críticas da existência humana,

tais como a maternidade, infância, adolescência, velhice e para pessoas

portadoras de limitações físicas.

A regulamentação da assistência social foi concluída pela

Lei nº. 8.742/93, conhecida como a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS.

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37

CAPÍTULO 2

OS BENEFÍCIOS DA PREVIDENCIA SOCIAL

2.1 REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Há mais de um regime de previdência social no sistema

brasileiro. Este compreende um regime básico, compulsório, custeado por toda a

sociedade, por meio de um sistema contributivo de repartição simples, no qual os

segurados tem direito a benefícios até um certo valor limite, havendo um regime

complementar, sempre facultativo, custeado somente pelo segurado ou pelo

segurado e seu empregador, sem participação do Estado, regime que se dá em

sistema de capitalização, no qual os segurados realizam voluntariamente

negócios jurídicos com entidades abertas ou fechadas de previdência privada

(instituições financeiras autorizadas a promover planos de previdência

complementar), com a fiscalização do Poder Público.59

Segundo José Afonso da Silva:

A Constituição deu contornos mais precisos aos direitos de

previdência social (art. 201 e 202), mas seus princípios e objetivos

continuam mais ou menos idênticos ao regime geral de

previdência social consolidado na legislação anterior, ou seja:

funda-se no princípio do seguro social, de sorte que os benefícios

e serviços se destinam a cobrir eventos de doenças, invalidez,

morte, velhice e reclusão, apenas do segurado e seus

dependentes, isto quer dizer que a base da cobertura assenta no

fator contribuição e em favor do contribuinte e dos seus

dependentes.60

59 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 369.

60 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 16º ed., São Paulo, Malheiros, 1999, p. 313.

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O RGPS abrange todos os trabalhadores vinculados à

iniciativa privada, estando, pois, dele excluídos aqueles que possuem regime

próprio de previdência (parlamentares do Legislativo Federal, Magistrados,

Membros do Ministério Público, Servidores Públicos Civis da União, autarquias e

Fundações Públicas Federais, Servidores do Estado, do Distrito Federal e dos

Municípios que possuam regime próprio, os militares) e os que não exercem

atividades remuneradas – salvos se venham a se filiar como segurados

facultativos. Considera-se regime próprio de previdência aquele que assegura, no

mínimo, a aposentadoria e a pensão por morte (art. 12 da Lei nº. 8.213/91; art. 10,

§ 3º, do Decreto nº. 3.048/99).

Para Horvath Júnior:

O Brasil tem uma diversidade de regimes previdenciários, onde

existem sistemas oficiais para servidores públicos, nos níveis

federal, estadual e municipal; sistemas complementares privados,

abertos e fechados e sistemas especiais para congressista e

membros do Poder Judiciário e do Ministério Público. Todos

funcionando paralelamente ao Regime Geral de Previdência

Social, gerido pelo INSS – Instituto Nacional do Seguro Social. 61

A denominada “Lei de Benefícios da Previdência Social” –

Lei n°. 8.213, de 24/07/1991, dispõe sobre as prestações e não somente sobre

benefícios prestados pelo RGPS, à exceção do seguro-desemprego, que é objeto

de lei própria (LBPS, art. 9º, § 1º; arts. 25 a 32 do Decreto Lei n°. 2.284/86, lei nº.

7.998/90; Lei nº. 8.019/90 e Lei nº. 8.900/94). Este benefício foi criado

basicamente para prover assistência financeira temporária ao trabalhador

desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, bem como auxiliar os

indivíduos requerentes do seguro-desemprego na busca de novo emprego,

podendo inclusive promover a sua reciclagem profissional. A fonte de custeio do

seguro-desemprego é estabelecida pelo art. 239 da Constituição Federal de 1988,

61 HORVATH JÚNIOR, Miguel; Direito Previdenciário, 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 97.

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constituindo-se na arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de

Integração Social (PASEP), tudo de conformidade com a Lei nº. 8.019/90.62

A administração do RGPS é atribuída ao Ministério da

Previdência e Assistência Social, sendo exercida pelos órgãos e entidades a eles

vinculados (art. 7º do decreto nº. 3.048/90).

2.2 PREVIDÊNCIA SOCIAL

2.2.1 Segurados

É segurado da Previdência Social, de forma compulsória, a

pessoa física que exerce atividade remunerada, efetiva ou eventual, de natureza

urbana ou rural, com ou sem vinculo de emprego, a título precário ou não, bem

como aquele que a lei define como tal, observadas, quando for o caso as

exceções previstas no texto legal, ou exerceu alguma atividade das mencionadas

acima, no período imediatamente anterior ao chamado período de graça.

Também é segurado aquele que se filia facultativamente e espontaneamente à

Previdência Social, contribuindo para o custeio das prestações sem estar

vinculado obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS ou a

outro regime previdenciário qualquer.63

Existem duas espécies de segurados: os obrigatórios e os

facultativos.

Horvath Júnior explica:

Segurados obrigatórios, são aqueles que exercem qualquer tipo

de atividade remunerada, de natureza urbana ou rural, abrangida

pelo RGPS, de forma efetiva ou eventual, com ou sem vínculos

empregatícios, os empregados; os empregados domésticos; os

62 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 370.

63 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 130.

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contribuintes; os trabalhadores individuais; os trabalhadores

avulsos; os segurados especiais.64

O autor supramencionado:

Segurados facultativos se cumpre o princípio da universalidade de

atendimento. Não há que se confundir o contribuinte em dobro de

outrora com o segurado facultativo.

Assim sendo, importantes as considerações de Castro e

Lazzari:

Segurados obrigatórios são aqueles que contribuem

compulsoriamente para a Seguridade Social, com direito aos

benefícios pecuniários.65

Segurado facultativo desfruta do privilégio constitucional e

legal de se filiar ao RGPS. É Pessoa que não estando em nenhuma situação que

a lei considera como segurado obrigatório, desejar contribuir para a Previdência

Social, desde que seja maior de 14 anos (segundo o Decreto nº. 3.048/99, a partir

dos 16 anos somente) e não esteja vinculado a nenhum outro regime

previdenciário (art. 11, §2º do Regulamento).66

O pressuposto básico para alguém ter condições de

segurado do RGPS é o de ser pessoa física, pois é inconcebível a existência de

segurado pessoa jurídica. Outro requisito para ser segurado obrigatório é o

exercício de uma atividade laborativa, remunerada e licita, pois o exercício de

atividade com objeto ilícito não encontra amparo na ordem jurídica.67

64 HORVATH JÚNIOR, Miguel; Direito Previdenciário, 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 100.

65 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 131.

66 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 154.

67 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 131.

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41

O segurado obrigatório exerce atividade remunerada, seja

com vinculo empregatício, urbano, rural ou domestico, seja sob regime jurídico

público estatutário, seja trabalhador autônomo ou a este equiparado, trabalhador

avulso, empresário, ou segurado especial. A atividade exercida pode ser de

natureza urbana ou rural. 68

No entendimento de Wladimir Novaes Martinez:

O trabalhador não remunerado normalmente não conduz à

filiação. Então, as situações devem ser examinadas em particular.

Existem hipóteses onde (sic) a remuneração é presumida, não

necessariamente demonstrada, como acontece, por exemplo, com

a do sócio-gerente. Ao contrário, há pessoas remuneradas não-

filiadas, como o estagiário.69

2.2.2 Dependentes

Os dependentes são os beneficiários do RGPS, indicados

por lei, que estabelecem vínculo com o sistema pelo fato de serem

economicamente dependentes do segurado. Essa vinculação, portanto, não se dá

de forma direta. Há necessidade de se estabelecer um liame de dependência

econômica entre o dependente e um segurado da Previdência. Ou seja, esses

beneficiários se vinculam à Previdência de forma indireta, por intermédio da

vinculação previa de um segurado com a Previdência70.

A dependência econômica enquanto requisito à pensão por

morte é presumida em relação ao cônjuge, companheiro (art. 16, § 4º, Lei nº.

8.213/91), devendo os demais dependentes comprovar a efetiva dependência

econômica em relação ao segurado instituidor mediante início de prova material e

68 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 132.

69 MARTINEZ, Wadimir Novaes. O salário de contribuição na lei básica da previdência social, São Paulo, LTr, 1993, p. 539.

70 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 60.

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prova testemunhal, sendo inadmissível para esse fim a prova exclusivamente

testemunhal, nos termos do art. 143, Decreto nº. 3.48/99 – RPS e da

jurisprudência dominante.71

A dependência econômica, se por um lado não se confunde

com simples auxílio financeiro, i e. com aquele dinheiro eventual que não é

destinado às despesas da casa.72

Para que se instaure a relação jurídica de filiação do

dependente com o sistema, faz-se necessária ocorrência de três pressupostos: a)

relação de vinculação prévia de um segurado com a Previdência; b) relação de

dependência econômica em relação a esse segurado; c) inexistência de outros

dependentes em posição privilegiada.73

Os dependentes do RGPS estão previsto no art. 16 da Lei

nº. 8.213/91 e no art. 16 do Decreto nº. 3.48/99. Esses dispositivos legais

estabelecem três classes de dependentes, hierarquicamente sobrepostas. Os

dependentes de uma mesma classe concorrem entre si em igual de condições e

excluem do direito às prestações os das classes seguintes.

2.3 BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Os benefícios previdenciários são prestações pecuniárias

que a previdência social concede ao segurado ou seus dependentes. No presente

capítulo serão abordados os seguintes benefícios: auxilio-doença, auxílio-

reclusão, auxilio-acidente, aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez,

aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria especial, salário-

maternidade e salário-família.

71 TRF4, EIAC n. 2000.04.01.14355-2, Nykson Paim de Abreu, 3ª Seção, j 11.12.03. 72 TRF4, AC n. 1999.04.01.137333-3, Altair Antonio Gregório, 5ª T., DJ 1.11.00 e AC n. 2003.0401037767-1, Nylson Paim de Abreu, 6ª T., DJ 4.8.04.

73 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva. 2005, p. 59.

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43

O Regime Geral da Previdência Social é aquele previsto nas

Leis nº. 8.212/91 e 8.213/91, integrado pelos segurados obrigatórios e

facultativos.

2.3.1 Auxílio-Doença

O auxílio-doença terá direito o segurado que, após

comprida, a carência exigida, ficar incapacitado para seu trabalho ou para sua

atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos.

Não tem direito ao benefício o segurado que for filiado ao

RGPS já portando a doença ou da lesão invocada como causa para o benefício,

salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento

dessa doença ou lesão.

O doutrinador Ferreira sobre este benefício faz a seguinte

menção acerca do prazo de afastamento para se requerer tal benefício:

O afastamento do trabalho e prazo de espera: os segurado só

poderão requerer o auxílio-doença quando estiverem afastados do

trabalho por pelo menos 15 dias consecutivos, com exceção dos

segurados empresários, facultativos, o trabalhador autônomo, o

trabalhador avulso, o empregado, o desempregado e o segurado

especial.74

Ficando o trabalhador afastado de suas funções e por mais

de quinze dias, poderá fazer o requerimento junto ao órgão da Previdência Social.

A doença do segurado cujo agravamento é progressivo, mas

que não impede o exercício de atividades, não pode ser obstáculo à filiação no

RGPS.

Neste sentido:

74 FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia Prático de Previdência Social: Comentários e

Normas Sobre o Decreto nº. 3.048/99. 3 ed. São Paulo: LTR, 1999, p. 117.

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Previdenciário. Auxílio-doença. Aposentadoria por invalidez.

Filiação de segurado Portador de Moléstia. Epilepsia. Limitação de

Membro. Diminuição da Capacidade Laborativa. Apelo Improvido.

1. Improcedente argumentação expendida pela Autarquia, de que

a Autora, ao ingressar como segurada, já portava moléstia

incapacitante. A jurisprudência vem aceitando a filiação de alguém

portador de determinada moléstia, que se agrava com o decorrer

do tempo. 2. Conforme o laudo pericial, a autora é portadora de

epilepsia, alem de limitação do membro inferior. Também, ressalta

existir limitação à sua capacidade laborativa, podendo realizar

suas tarefas, desde que estas não ponham em risco sua

enfermidade. Finalmente, afirma haver necessidade de tratamento

constante. 3. Apelo improvido”(AC nº. 042152-90, TRF da 4ª

Região, 2ª Turma, DJU de 24.03.93, p. 9797).75

O auxílio-doença do segurado que exercer mais de uma

atividade abrangida pela Previdência Social será devido, mesmo no caso de

incapacidade apenas para o exercício de uma delas, devendo a perícia médica

ser conhecida de todas as atividades que o mesmo estiver exercendo. Neste

caso, o benefício será conhecido em relação à atividade (ou atividades, caso

exercida mais de uma, concomitantemente) para a qual o segurado estiver

incapacitado, considerando-se para efeito de carência somente as contribuições

relativas a essa atividade. Se nas várias atividades o segurado exercer a mesma

profissão, será exigido de imediato o afastamento de todas (art. 73 do Decreto nº.

3.048/99).

Quando o segurado, que exerce mais de uma atividade, se

incapacitar definitivamente para uma delas, deverá o auxílio-doença ser mantido

indefinidamente, não cabendo sua transformação em aposentadoria por invalidez,

enquanto essa incapacidade não se estender às demais atividades.

Oportuno citar o que diz Dartora e Folmann:

Quando o segurado exerce concomitantemente, duas ou mais

funções, mas a incapacidade esteja restrita somente a uma delas,

75 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 495.

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o benefício de auxílio-doença será devido mesmo que o segurado

continue no exercício de seu labor na outra função.76

O INSS deve processar de ofício o benefício, quando tiver

ciência da incapacidade do segurado sem que este tenha requerido auxílio-

doença (art. 75 do Decreto nº. 3.048/99).

O auxílio-doença tem tratamento privilegiado e não poderia

ser diferente pois, quando o segurado busca essa cobertura, é porque passa por

momento difícil da vida que ninguém deseja enfrentar. Estar com saúde abalada é

retirar a força de viver plenamente, é estar restrito aos afazeres habituais, razão

que o art. 26 da Lei nº. 8.213/91 e art. 30 do Decreto nº. 3.048/99 prescrevem

que independem de carência.77

No entendimento de Castro e Lazzari:

O segurado terá direito ao auxílio-doença após o pagamento de

12 contribuições mensais. No caso de o segurado sofrer acidente

de qualquer natureza ou for acometido de alguma das doenças

especificadas no artigo. 151 da Lei nº. 8.213/91 terá direito ao

benefício, independentemente do pagamento de 12

contribuições.78 O auxílio-doença será devido ao segurado

empregado, a contar do décimo sexto dia do afastamento da

atividade, para dar inicio ao benefício.

O afastamento do trabalho e prazo de espera: os segurados

só poderão requerer o auxílio-doença quando estiverem afastados do trabalho por

15 dias consecutivos, o trabalhador autônomo, o trabalhador avulso, o empregado

doméstico, o desempregado e o segurado especial.

Não terá necessidade de com novo requerimento de

benefício decorrente da mesma doença no prazo de 60 dias a contar da data da

76 DATORA, Cleci Maria; FOLMANN, Melissa. Direito Previdenciário – Temas atuais. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2006, p. 315.

77 DATORA, Cleci Maria; FOLMANN, Melissa. Direito Previdenciário – Temas atuais. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2006, p. 315.

78 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 496.

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cessação do benefício anterior, não será exigido prazo de espera de 15 dias de

afastamento.

Nesse sentido Castro e Lazzari comentam:

Na hipótese de concessão de novo benefício decorrente da

mesma doença dentro de sessenta dias, contados da cessação do

benefício anterior, a empresa fica desobrigada do pagamento

relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, se for o caso.

Se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar-se do

trabalho durante quinze dias, retornando à atividade no décimo

sexo dia, e se dela voltar a se afastar dentro de sessenta dias

desse retorno, fará jus ao auxílio-doença a partir da data do novo

afastamento (art. 75, §§ 3º e 4º, do Decreto nº. 3.048/99).79

O auxílio doença será deferido pela perícia médica a cargo

do INSS.

O auxílio-doença cessará com a alta do segurado e seu

conseqüente retorno à atividade laboral, ou a transformação em outro benefício,

em qualquer das formas demonstradas nos artigos constantes da Lei nº.

8.213/91.80

2.3.2 Auxílio-Reclusão

O auxílio-reclusão é devido nas mesmas condições da

pensão por morte, aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à

prisão, que não recebe remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-

doença.

De acordo com Ferreira:

79 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 497.

80 FERREIRA, Rosni, FERREIRA, Deyse. Guia Prático de Previdência Social: Comentários e Normas Sobre o Decreto nº. 3.048/99. 3 ed. São Paulo: LTR, 1999, p. 167.

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47

Será devido nas mesmas condições do benefício de pensão por

morte, com exceção quanto aos valores, pois não poderá ser

superior ao seu último salário-de-contribuição ou igual ao salário

mínimo aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não

recebe remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-

doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço,

sendo indevida a concessão do benefício quando o segurado tiver

renda superior ao limite.81

Sobre o este benefício, esclarece Russomano:

“O criminoso, recolhido à prisão, por mais deprimente e dolorosa

que seja sua posição, fica sob a responsabilidade do Estado. Mas,

seus familiares perdem o apoio econômico que o segurado lhes

dava e, muitas vezes, como se fossem os verdadeiros culpados,

sofrem a condenação injusta de gravíssima dificuldade.82”

Atualmente o auxílio-reclusão está previsto no inciso IV do

art. 201 da Constituição Federal de 1988, que teve nova redação dada pela

Emenda Constitucional nº. 20/98, para incluir a exigência de ser o segurado de

baixa renda, para que seus dependentes possam receber a prestação.

O benefício é devido enquanto o segurado permanecer

detento ou recluso. Sendo assim, para a manutenção do benefício deverá ser

apresentada, trimestralmente, a declaração de que o segurado permanece

cumprindo pena privativa de liberdade. 83

Se o segurado fugir da prisão, o benefício é suspenso até a

sua recaptura. Por tal fato, o INSS exige que de três em três meses qualquer dos

dependentes comprove que o segurado continua detido, sob pena de não

pagamento do benefício.

81 FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia Prático de Previdência Social: Comentários e

Normas Sobre o Decreto nº. 3.048/99. 3 ed. São Paulo: LTR, 1999, p. 196.

82 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 500.

83 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 501.

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No caso de recaptura do segurado fugitivo, o benefício será

reaberto desde que este não tenha perdido a qualidade de segurado, durante o

período em que esteve foragido.84

A concessão do auxílio-reclusão após a soltura do segurado,

e, em caso de falecimento do segurado detido ou recluso, o auxílio-reclusão será

automaticamente convertido em pensão por morte.

No que se refere à carência a concessão do auxílio-

reclusão, a partir da Lei nº. 8.213/91 independem de número mínimo de

contribuição pagas pelo segurado. Basta comprovar a situação de segurado para

gerar direito ao benefício. A carência exigida pela legislação anterior era de 12

contribuições mensais. A Medida Provisória nº. 1.729, de novembro de 1998,

tentou restabelecer o período de carência de 12 contribuições, mas o dispositivo

não foi convertido em lei, perdendo sua eficácia.

Neste contexto Horvath Júnior comenta:

“Independe de carência, por força do artigo 26, inciso I da Lei

nº. 8.213/91.” 85

O valor da renda mensal é de 100% do salário de benefício

não podendo ser inferior ao salário mínimo. Para os dependentes do segurado

especial que esteja contribuindo facultativamente, terá o benefício concedido com

base no salário de benefício.

O valor do auxílio-reclusão, assim como o da pensão por

morte, havendo mais de um pensionista, será rateado entre todo em partes iguais,

sendo que as cotas do rateio poderão ser inferior ao salário mínimo. De resto,

aplicam-se ao auxílio-reclusão as demais regas da pensão pro morte.

O auxílio-reclusão cessará na data da soltura do segurado, e

ainda na seguinte hipótese: Pela morte do beneficiário, para o filho ou equiparado

84 OLIVEIRA, Lamantino França de: Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: RT, 2004, p. 286.

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ou irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou quando completar 21 anos

de idade, salvo se inválido e para dependente inválido, pela cessação da

invalidez, verificada em exame médico-pericial do INSS.86

Assim sendo, importante a opinião de Correia:

O benefício cessa com a soltura do réu, por qualquer motivo seja

por cumprimento da pena de prisão, suspensão de seu

cumprimento, habeas corpus etc. Se ocorrer fuga, o beneficiário é

suspenso até a recaptura do réu observada a manutenção da

qualidade de segurado.87

2.3.3 Auxílio-Acidente

O auxílio-acidente é um benefício previdenciário pago

mensalmente ao segurado acidentado como forma de indenização, sem caráter

substitutivo do salário, pois é recebido cumulativamente com o mesmo, quando,

após a consolidação das lesões decorrente de acidente de qualquer natureza e

não somente de acidente de trabalho, resultar seqüelas que impliquem redução

da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia – Lei n°. 8.213/91, art.

86, caput.88

Oportuno citar o que diz Horvath Júnior:

Consolidações da perda ou redução da capacidade decorrente de

acidente de qualquer natureza. Benefício de prestação continuada

tendo natureza de indenização previdenciária, conforme critérios

85 HORVATH JÚNIOR, Miguel; Direito Previdenciário, 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 218.

86 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 503.

87 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de Direito da Seguridade Social. São Paulo, 2001, p. 276.

88 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 504.

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alojados no art. 86 da Lei de Benefícios e detalhado no art. 104 do

Decreto nº. 3.048/99.89

É devido o benefício a partir da data em que a perícia

médica do INSS concluir, após a consolidação das lesões decorrentes de

acidente de qualquer natureza, haja no segurado seqüelas que implique redução

da capacidade funcional e se enquadre nas situações discriminadas no anexo III

do Decreto nº. 3048/99.

Neste sentido comenta Horvath Júnior:

Não dará ensejo ao benefício em estudo, o caso: I – que

apresente danos funcionais ou redução da capacidade funcional

sem repercussão na capacidade laborativa; II – de mudança de

função, mediante readaptação profissional promovida pela

empresa, como medida preventiva, em decorrência de

inadequação do local de trabalho.90

Relativo ao período de carência a concessão do auxílio-

acidente independe do número de contribuições pagas, mas é preciso ter a

qualidade se segurado. Vale dizer, dependentes de pessoa que nunca tenha

contribuído para o RGPS, ou tenha perdido a qualidade de segurado, não fazem

jus a este benefício.

O benefício tem início a partir do dia seguinte ao da

cessação do auxílio-doença, independente de qualquer remuneração ou

rendimento auferido pelo acidentado, ou, na data da entrega do requerimento

(DER), quando não precedido de auxílio-doença. A partir de 10/11/1997 e face da

Medida provisória nº. 1.596/14, convertida na Lei nº. 9.528, de 10/12/1997, é

89 HORVATH JÚNIOR, Miguel; Direito Previdenciário, 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 207.

90 HORVATH JÚNIOR, Miguel; Direito Previdenciário, 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 208.

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vedada a cumulação do auxílio-acidente com qualquer aposentadoria concedida

pelo RGPS.91

Para Ferreira:

O auxílio-acidente inicia após a cessação do auxílio-doença por

acidente, e será recebido independentemente de qualquer

remuneração aos rendimentos salariais, mas não pode ser

cumulativo com outro auxílio-acidente, que nesse caso poderá se

submetido pelo novo, mais vantajoso.92

O auxílio-acidente mensal passou a corresponder a 50% do

salário de benefício a partir da Lei nº. 9.032/95 e será devido até a véspera de

qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado.

Na redação original do art. 86, §1º, da Lei n°. 8.213/91, o

auxílio-acidente, mensal é vitalício, correspondia, dependendo da gravidade das

seqüelas, a 30%, 40% ou 60% do salário de contribuição do segurado no dia do

acidente, não podendo ser inferior a esse percentual do seu salário de benefício,

já o segurado especial receberá o benefício equivalente a 50% do salário mínimo.

Caso esteja contribuindo facultativamente terá o benefício concedido com base no

salário de contribuição.93

Neste contexto é o entendimento de Horvath Júnior:

Base de cálculo é correspondente ao salário de benefício, a

alíquota corresponderá a cinqüenta por cento (50%) do salário de

benefício que deu origem ao auxílio-doença do segurado,

corrigido até o mês anterior ao do inicio do auxílio-acidente e será

91 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 506.

92 FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia Prático de Previdência Social: Comentários e Normas Sobre o Decreto nº. 3.048/99. 3 ed. São Paulo: LTR, 1999, p. 188.

93 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 506.

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devido até a véspera de inicio de qualquer aposentadoria ou até a

data do óbito do segurado.94

O auxílio-acidente deixou de ser vitalício e passou a integrar

o salário de contribuição para fins de cálculo do salário de benefício de qualquer

salário aposentadoria. Essa disposição, continua no art. 31 da Lei nº. 8.213/91, foi

restabelecida pela Lei nº. 9.528, de 10/12/97, pondo fim a uma interminável

polêmica.

2.3.4 Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por idade criada pela Lei Orgânica da

Previdência Social Lei nº. 3.807/60 será devida ao segurado que, cumprindo a

carência exigida, complementar 65 anos de idade, se homem, ou 60 anos de

idade, se mulher.

Esses limites são reduzidos em cinco anos para os

trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam sua atividade em

regime de economia familiar, neste incluídos, o produtor rural, o garimpeiro e o

pescador artesanal (art. 201 § 7º, inciso II, da Constituição de 1988, com a

redação da Emenda Constitucional n°. 20/98).95

Horvath Júnior conceitua aposentadoria por idade:

A partir da Lei nº. 8.213/ 91, o benefício previdenciário que tem

por objetivo a proteção do inevitável e irreversível processo de

envelhecimento, passou a denominar-se aposentadoria por idade.

O risco coberto, a saber, o atingimento da idade legal é causa

primária qualificadora da necessidade social, que acarreta a perda

ou diminuição, ou redução da capacidade laboral. O risco idade é

da modalidade incertus an, certus quando, ou seja, conhece-se a

94 HORVATH JÚNIOR, Miguel; Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 209.

95 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 465.

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data da eventualidade, já que depende apenas do decurso do

tempo, mas ignora-se a mesma que impede a sua verificação.96

A aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial

concedidas pala Previdência Social são irreversíveis e irrenunciáveis. De acordo

com essa regra, a aposentadoria por idade tem caráter definitivo, só cessando por

morte do segurado.

A aposentadoria compulsória poderá ser requerida pela

empresa, após completar a carência, aos 70 anos, se homem, e 65, se mulher,

caso em que serão garantidas as verbas rescisórias do contrato de trabalho. 97

A aposentadoria por idade poderá ser decorrente da

transformação de aposentadoria por invalidez ou auxílio doença, desde que

requerida pelo segurado, observando a carência exigida. O benefício resultante

da transformação terá DIB fixada no 1º dia do mês seguinte ao do requerimento,

devendo-se observar se existe vantagem financeira em optar pela troca do

benefício.98

O período de carência é de 180 contribuições mensais. Para

o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24/07/1991, bem como para

o trabalhador e o empregador rurais antes cobertos pela Previdência Rural, a

carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial obedece

à tabela prevista no art. 142 da Lei nº. 8.213/91, a qual leva em conta o ano em

que o segurado implementou ou implementará as condições necessárias à

obtenção do benefício. Por exemplo, do segurado que implementou as condições

no ano de 1991 foram exigidos 60 meses de contribuição. Para o segurado que

implementar as condições no ano de 2000, serão exigidos 114 meses de

96 HORVATH JÚNIOR, Miguel; Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 154.

97 FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia Prático de Previdência Social: Comentários e Normas Sobre o Decreto nº. 3.048/99. 3 ed. São Paulo: LTR, 1999, p. 117.

98 FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia Prático de Previdência Social: Comentários e Normas Sobre o Decreto nº. 3.048/99. 3 ed. São Paulo: LTR, 1999, p. 117.

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contribuição. A total implementação da exigência dos 180 meses de contribuição

está prevista para o ano de 2011.99

A aposentadoria é devida ao segurado empregado, inclusive

o doméstico, a partir da data do desligamento do emprego, quando o

requerimento se dá ate esse memento ou mesmo até noventa dias após o

desligamento.100

Neste sentido Castro e Lazzari comentam:

A aposentadoria por idade será devida ao segurado empregado,

inclusive doméstico, a partir da data do desligamento do emprego,

ou, da data do requerimento (quando não houver desligamento do

emprego ou quando for requerida após noventa dias). Para os

demais segurados, será a data da entrada do requerimento, art.

49 da Lei do RGPS.101

O benefício, como todo valor de natureza continuada devido

pela Previdência Social, observará de início, o cálculo do salário de benefício. A

partir daí será feita a incidência dos percentuais indicados no art. 50 da Lei nº.

8.213/91, ou seja: de 70% do salário de benefício mais 1% para cada grupo de

doze contribuições, não podendo ultrapassar 100%. 102

Ressaltam Castro e Lazzari:

O valor da aposentadoria por idade será proporcional ao tempo de

contribuição, consistindo numa renda mensal correspondente a

99 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 465.

100 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de Direito da Seguridade Social. São Paulo, 2001, p. 263.

101 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 470.

102 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de Direito da Seguridade Social. São Paulo, 2001, p. 263.

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70% do salário de benefício, mais 1% por grupo de 12

contribuições, até o máximo de 100% do salário de benefício.103

2.3.5 Aposentadoria por Invalidez

O empregado segurado que for acometido por alguma

doença ou acidente no trabalho e que em decorrência desse infortúnio for

submetido a tratamentos médicos, ou por equipe multidisciplinar, entre os quais

se destacam os seguintes profissionais da área médica e reabilitadora:

psiquiatras, ortopedistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos.

Tavares descreve que terá direito a concessão de

aposentadoria por invalidez:

Quando o segurado for considerado incapacitado e insuscetível de

reabilitação para o exercício de qualquer atividade, enquanto

permanecer nessa situação.104

O entendimento jurisprudencial acerca do versando sobre o

tema aposentadoria por invalidez diz que105:

Previdenciário. Aposentadoria por invalidez. Incapacidade total e

definitiva. Acidente do Trabalho e benefício previdenciário. 1.

Comprovada a incapacidade total e definitiva para o desempenho

de atividades laborativas, faz jus a parte autora à aposentadoria

por invalidez. 2. Inexistindo nexo de exclusividade entre o acidente

de trabalho e a incapacidade laborativa, resultando a

incapacidade da conjunção de seqüelas de acidente e outros

fatores desencadeadores da inaptidão laborativa, é devido o

benefício previdenciário da aposentadoria por invalidez. (AC –

Apelação Cível, processo nº. 200271080014563/RS, 15.03.2005,

Quinta Turma, TRF 4ª Região).

103 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 470.

104 TAVARES. Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 6 ed. São Paulo: Lumem Júris, 2005, p. 139.

105 Disponível em: <http://www.trf4.gov.br/jurisprudencia>, acesso em 25/07/2007, às 08h15min.

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No entanto, quando o segurado sofrer limitações parciais

para o trabalho, será devido o benefício auxílio-doença e não a concessão de

aposentadoria por invalidez, porque a lei fala em incapacidade e insucetividade

reabilitadora para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. Esse é

o entendimento dominante no âmbito do Poder Judiciário:

Previdenciário. Auxílio-Doença e Aposentadoria por invalidez.

Incapacidade Parcial e definitiva. Condições pessoais,

Concessão. 1. Restando demonstrada nos autos a incapacidade

do autor para o exercício de sua profissão habitual, é devida o

benefício auxílio-doença. 2. Se, devido às condições pessoais

desfavoráveis, a reabilitação profissional do segurando mostra-se

inviável, converte-se o benefício em aposentadoria por invalidez

(AC – Apelação Cível, processo nº. 200404010390801/RS,

14.12.2004, Quinta Turma, TRF 4ª Região).

Para a obtenção desse benefício, o segurado que não tiver

condições para o trabalho, dada a incapacidade física e mesmo com equipe de

reabilitação não tiver condições de retorno ao labor.

2.3.6 Aposentadoria por Tempo de Contribuição

A aposentadoria por tempo de contribuição da Previdência

Social, 59 aduz que o tempo de contribuição será considerado, a contar da data

do inicio até a data do requerimento ou desligamento de atividade, abrangida pela

previdência social, descontados os períodos legalmente estabelecidos como de

suspensão de contrato de trabalho, de interrupção de exercício e de desligamento

de atividade.106

Embora criticado por muitos doutrinadores, é da tradição da

Previdência Social brasileira a aposentadoria por tempo de atividade laborativa,

razão pela qual, em que pese ter sido extinta a aposentadoria por tempo de

atividade, com o surgimento de nova modalidade de jubiliação. Aposentadoria

106 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 5 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 530.

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por tempo de contribuição será devida aos trinta e cinco anos de contribuição, se

homem e trinta anos de contribuição se mulher.107

O período de exercício de atividade compreende pela

Previdência Social Urbana e Rural, mesmo que precedente a sua instituição,

segundo o inciso XVII do art. 60.

O temo de serviço militar, salvo se já contado para

inatividade remunerada nas Forças Armadas ou Auxiliares, para aposentadoria no

serviço público federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, ainda que

anterior à filiação ao Regime Geral de Previdência Social, nas seguintes

condições:

I – obrigatório ou voluntário;

II – alternativo, assim considerando o atributo pelas Forças

Armadas àqueles que, após alistamento, alegarem impedimento

de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença

religiosa e convicção filosófica ou política, para se eximir de

atividade de caráter militar.108

Considera-se tempo de contribuição o período desde a

primeira contribuição até a data do requerimento ou desligamento de atividade

abrangida pela Previdência Social. A carência exigida é de 180 contribuições para

o segurado inscrito a partir de períodos legalmente estabelecidos como de

suspensão de contrato de trabalho, de interrupção de exercício e de desligamento

da atividade.109

Castro e Lazzari comentam o mesmo assunto:

107 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 478.

108 FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia Prático de Previdência Social: Comentários e Normas Sobre o Decreto nº. 3.048/99. 3 ed. São Paulo: LTR, 1999, p. 124.

109 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 479.

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Para a aposentadoria por tempo de contribuição, a carência

exigida é de 420 contribuições mensais pelo homem ou 360

contribuições mensais pela mulher. Para os segurados filiados aos

RGPS até 15/12/1998, continuará válida a regra constante no art.

29. II, do Decreto nº. 3.048/99, cujo período de carência é de

180contribuições mensais, aplicando-se inclusive a tabela

progressiva de implementação desse prazo prevista no art. 182

deste decreto.110

2.3.7 Aposentadoria Especial

A aposentadoria especial, criada pelo art. 31 da Lei nº.

3.807/60, uma a vez cumprida a carência exigida, será devida ao segurado que

tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a

integridade física, durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme relação

de atividades previstas no Regulamento da Previdência Social.

A classificação dos agentes nocivos químicos, físicos,

biológicos ou associação de agentes prejudiciais a saúde ou à integridade física e

tempo de exposição considerada para fins de concessão de aposentadoria

especial, constam do Anexo IV do Decreto nº. 3.048/99.111

Essas condições especiais deverão ser comprovadas junto

ao INSS. Não servindo como prova ao trabalho prestado de forma ocasional ou

intermitente, mas apenas permanente. Considera-se trabalho avulso ou do

cooperado aos agentes nocivos, ou seja, indissociável da produção do bem ou da

prestação do serviço.112

O Decreto nº. 3.048/99, em seu art. 70, vedava a conversão

de tempo de contribuição das atividades especiais em atividade comum.

Entretanto, devido a decisões judiciais reiteradas em sentido contrário, o INSS

110 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 479.

111 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 481.

112 OLIVEIRA, Lamantino França de: Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: RT, 2004, p. 275.

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editou a Instrução Normativa nº. 49, que passou a permitir a referida conversão.

Em seguida, foi regulamentada tal medida pelo Decreto nº. 4.827/2003, que deu

nova redação ao art. 70 do decreto nº. 3.048/1999.113

Assim poderá ser convertido o tempo de trabalho especial

em comum para efeitos de aposentadoria, seguindo-se a tabela abaixo:

Tempo a Converter Multiplicadores

Mulher (para 30) Homem (para 35)

De 15 anos 2,00 2,33

De 20 anos 1,50

1,75

De 25 anos 1,20 1,40

Por obviedade, não há previsão legal para a conversão de

tempo na atividade comum para a atividade especial. Porém, essa anomia não

impede que se faça uma conversão contrária; isto é, utiliza-se o tempo de labor

em condições especiais para convertê-lo em comum, conforme tabela acima. 114

A comprovação da efetiva exposição do segurado aos

agentes nocivos será feita mediante formulários denominados Perfil

Profissiográfico Previdenciário (PPP), a ser emitido pela empresa ou seu

preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho

expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. Caso a

empresa não emita o PPP estará sujeita à multa. 115

São 180 contribuições para os segurados que se filiaram ao

sistema previdenciário após a edição da Lei nº. 8.213/91, para os segurados já

113 OLIVEIRA, Lamantino França de: Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: RT, 2004, p. 276.

114 OLIVEIRA, Lamantino França de: Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: RT, 2004, p. 276.

115 OLIVEIRA, Lamantino França de: Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: RT, 2004, p. 277.

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vinculados ao sistema previdenciário até 24/07/1991 (Lei nº. 8.213/91 aplica-se a

tabela de transição prevista no art. 142 da Lei nº. 8213/91.116

2.3.8 Salário-Família

Essa prestação, também de origem trabalhista, hoje

integrada no rol de benefícios do RGPS, consiste em valor de pagamento mensal

e sucessivo, devido ao segurado de baixa renda que tiver prole inapta para o

trabalho, na proporção de filhos ou equiparados menores de 14 anos ou inválidos.

Não substitui o requerimento do trabalhador, mas apenas o complementa, e por

isso pode ser concedido em valor inferior ao mínimo.117

O benefício é concedido por cotas de modo que o segurado

perceba tantas cotas quantas sejam os filhos, enteados ou tutelados, com idade

até 14 anos incompletos, ou inválidos, com qualquer idade.118

Os requisitos básicos para a prestação, que dispensa

carência, são: a) ser segurado de baixa renda e pertencer a uma das categorias

de segurados acima descritas; b) possuir filhos ou equiparados ou menores de 14

anos ou inválidos de qualquer idade; c) apresentar regularmente atestado de

vacinação obrigatória e certificado de freqüência escolar, quando for o caso. 119

O benefício é pago a partir da apresentação da certidão de

nascimento do filho ou da documentação relativa ao equiparado. Será pago: a) ao

empregado, pela empresa, com o respectivo salário, que depois compensará

esse valor com a contribuição sobre a folha de salários e demais rendimentos; b)

ao trabalhador avulso, pelo sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra, mediante

116 HORVATH JÚNIOR, Miguel; Direito Previdenciário, 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 157.

117 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva, 2005, p.178. 118 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 510. 119 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva, 2005, p.178.

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convênio firmado pelo INSS; c) aos aposentados, pelo INSS, juntamente com a

aposentadoria.120

2.3.9 Salário-Maternidade

Salário-maternidade é benefício previdenciário, substitutivo

do salário-de-contribuição ou do rendimento da segurada, concedido por tempo

determinado àquelas que derem à luz ou adotarem criança. Não se confunde com

licença-maternidade, que é o lapso de tempo em que o contrato de trabalho dica

interrompido, sem obrigatoriedade de contraprestação de serviço por parte da

empregada.121

Hoje o salário-maternidade encontra fundamento

constitucional nos arts. 7º, XVIII, e 201, II. Sua regulamentação é feita pelos arts.

71 a 73 do PBPS e 93 a 103 do RPS.

No momento da adoção ou do parto, a parturiente ou

adotante deve possuir o status de segurada, pois trata-se de benefício

previdenciário devido exclusivamente à segurada. Caso haja parto, a prestação

será devida no período que compreende 28 dias antes do pato até 91 dias após,

perfazendo um total de 120 dias. O temo inicial será fixado a critério, que também

poderá aumentar o período anterior e posterior em duas semanas, caso haja

necessidade de repouso. 122

A concessão do salário-maternidade independe do numero

de contribuição pagas pela segurada empregada, trabalhadora avulsa e

empregada doméstica.

Para as seguradas contribuintes individuais, seguradas

especiais e segurada facultativa, o prazo de carência é de dez contribuições

mensais, já para a segurada especial dica garantida a concessão do salário-

120 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva, 2005, p.179. 121 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva, 2005, p.175. 122 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva, 2005, p.177.

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maternidade no valor de um salário mínimo, desde que comprove o exercício de

atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos doze meses imediatamente

anteriores ao do início do benefício.123

123 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p 514.

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63

CAPÍTULO 3

UMA ANÁLISE DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL DA PENSÃO POR MORTE NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

3.1 PENSÃO POR MORTE

A pensão por morte é o benefício pago aos dependentes do

segurado, homem ou mulher, que falece, aposentado ou não, conforme previsão

expressa do art. 201, V, da Constituição Federal de 1988, regulamentada pelo art.

74 da Lei nº. 8.213/91. Trata-se de prestação de pagamento continuado,

substituidora da remuneração do segurado falecido. Em face disto, considera-se

direito irrenunciável dos beneficiários que jus fazem à mesma.124

No entendimento de Correia:

Pensão por morte seria o benefício previdenciário devido aos

dependentes indicados em lei no caso do risco morte do

segurado, observando condições para sua concessão. Esse

benefício, no plano infraconstitucional, vem previsto nos arts. 74 a

79 da Lei nº. 8.213, de 1991 (Lei de Benefícios).125

A pensão por morte está encartada na algibeira normativa

dos benefícios de prestação continuada concedidos exclusivamente aos

dependentes do segurado da Previdência Social (assim como o auxílio reclusão –

art. 18, II, Lei nº. 8.213/91), com a nota distintiva de assegurar o risco social

“morte”, previsto no art. 201, I da Constituição Federal de 1988 e art. 3º, Lei nº.

8.212/91 e art. 1º, Lei nº. 8.213/91.126

124 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 489.

125 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de Direito da Seguridade Social. São Paulo, 2001, p. 270.

126 DEMO, Roberto Luis Luchi, SOMARIVA, Maria Salute. Revista de Previdência Social, V 29, n 293, abril 2005 - 2705, São Paulo – RPS ano XXIX, p. 239.

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Segundo a previsão da Lei nº. 8.213/91:

Art. 1º A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim

assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de

manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego

involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos

familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam

economicamente.

Há que se observar que o termo “pensão” tem significado

específico no direito previdenciário brasileiro. Diferentemente de outros países,

onde o termo pensão significa aposentadoria, no ordenamento pátrio

correspondente ao benefício previdenciário de pagamento mensal e sucessivo,

substituído do salário-de-contribuição ao do rendimento do segurado falecido,

devendo ao cônjuge de seus dependentes e em razão de sua morte.127

Anteriormente à CF/88, apenas a mulher tinha direito à

pensão por morte previdenciária do homem, sendo que o homem só fazia jus à

pensão por morte da mulher se inválido fosse. O art. 201, V, da Constituição

Federal de 88, ao igualar homem e mulher para efeito de pensão previdenciária,

veiculou norma de eficácia limitada, não prescindido da complementação

legislativa, que somente ocorreu com a edição da Lei nº. 8.213/91. Desse modo, o

óbito da esposa filiada a Previdência Social, ocorrido antes do advento da Lei nº.

8.213/91 e após a CF/88, não gera o direito à pensão por morte ao seu

cônjuge.128

Castro e Lazzari explanam:

Para o cônjuge e o companheiro do sexo masculino, a

pensão passou a ser devida a partir de 05/10/1988, em face do art. 201, V, da

Constituição de 1988, que estendeu esse benefício para o segurado homem.

Antes da atual Carta Política, o cônjuge varão só poderia reinvidicar pensão

127 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 180/181. 128 DEMO, Roberto Luis Luchi, SOMARIVA, Maria Salute. Revista de Previdência Social, V 29, n 293, abril 2005 - 2705, São Paulo – RPS ano XXIX, p. 241.

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decorrente de morte da esposa, segurada da Previdência Social, se comprovasse

que era inválido.129

Entende-se que o art. 201, V, da Constituição vigente é

norma auto-aplicável, ou seja, que o marido/companheiro faz jus à pensão por

morte da esposa/companheira, a partir da data do óbito desde que ocorrido após

05/10/1988, com efeitos financeiros imediatos e não apenas dos efeitos da Lei nº.

8.213/91. “Após o advento da Constituição de 1988, tanto a mulher pode perceber

pensão previdenciária do falecido marido, como o marido, da falecida mulher. O

fato de falecer a mulher antes da regulamentação do art. 201, V, da Constituição,

não impede a percepção do benefício, se o óbito ocorreu sob a égide do novo

regime, pela redação da Constituição Federal de 1988:”130

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de

regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,

observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e

atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

[...]

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge

ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.

Como já decidiu o STF:

Anteriormente à CF/88, apenas a mulher tinha direito à pensão

por morte previdenciária do homem, sendo que o homem só fazia

jus à pensão por morte da mulher se inválido fosse. O art. 201, V,

CF/88, ao igualar homem e mulher para efeitos de pensão

previdenciária, veiculou norma de eficácia limitada, não

prescindindo da interpositio legislatoris, que somente ocorreu com

a edição da Lei nº. 8.213/91. Desse modo, o óbito da esposa

129 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 489.

130 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 489.

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filiada à Previdência Social, ocorrido antes do advento da Lei nº

8.213/91 e após a CF/88, não gera o direito à pensão por morte

ao seu cônjuge.131

A concessão da pensão por morte não será protelada pela

falta de habilitação de outro possível dependente, segundo art. 76 da Lei nº.

8.213/91, Se algum beneficiário não tomar a iniciativa de buscar o benefício, caso

não tenha sido inscrito como dependentes pelo segurado enquanto vivo, nem por

este motivo terão os demais beneficiários de esperar para receber o valor da

pensão, que será repartido entre os beneficiários habilitados. Qualquer inscrição

ou habilitação posterior de dependentes só produzirá efeito a contar da data da

inscrição ou habilitação.

Concorda-se com Russomano no aspecto que:

Se, posteriormente, sobrevier a habilitação de outro dependente e

se sua qualificação excluir o dependente que vinha sendo

beneficiado pela pensão, essa exclusão somente surtirá efeito a

partir da data em que a habilitação do beneficiário superveniente

estiver realizada.

É que, de fato, também de acordo com o entendimento do

mesmo autor, “a concessão do benefício é feita a título provisório ou precário, de

modo a não prejudicar direitos futuros de outros dependentes, que lhe serão

reconhecidos a contar do dia em que estiver ultimada a sua habilitação”. Não

existe, pois, direito adquirido do beneficiário a que seja mantido seu quinhão;

havendo mais dependentes, posteriormente habilitados, a divisão do valor da

pensão se impõe, com prejuízo da fração cabível aos que já a vinham

percebendo.132

Entretanto, o falecido deve possuir a condição de segurado

para que os dependentes postulem o benefício. Não obstante, algumas regras

específicas devem ser observadas. A existência da condição de segurado, como

131 STF RE nº. 204.735, Carlos Velloso, Pleno DJ 28.9.01.

132 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 491.

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o próprio nome indica, é indispensável para a obtenção do benefício

previdenciário. Somente aquele que está abrangido pelo seguro social na

qualidade de segurado está protegido pelo Sistema de Seguro Social, segundo a

Lei n°. 8.213/91.133

Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de

contribuições:

I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;

II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o

segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida

pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem

remuneração.

Essa regra geralmente do princípio de que até determinado

prazo, ali indicado, a pessoa pode preservar a condição de segurado,

independentemente de continuar a contribuir. Mas, como o sistema

previdenciário, para se manter, precisa ser contributivo, essa situação não pode

ultrapassar o lapso ali estabelecido. Assim, por exemplo, por geral, essa condição

é mantida por doze meses após a cessação das contribuições, em vista de o

segurado ter deixado de exercer qualquer atividade remunerada abrangida pela

Previdência Social. Existem outras regras específicas, como prazos maiores, para

o caso de segurados facultativos ou que tiverem contribuído com um número

expressivo de contribuições para o sistema.134

Importante destacar que o cônjuge separado judicialmente,

ainda que tenha dispensado a pensão alimentícia, no processo de separação, tem

direito à percepção de pensão previdenciária em decorrência do óbito do ex-

marido, desde que comprovada a ulterior necessidade econômica, pois o direito a

alimentos é irrenunciável. Andante a viúva que contrai novo casamento de seu ex-

133 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de Direito da

Seguridade Social. São Paulo, 2001, p. 272.

134 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de Direito da Seguridade Social. São Paulo, 2001, p. 272.

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marido, exceto se da nova união derivar alteração econômica para melhor e a

tornar desnecessário o pensionamento. Nesta ultima hipótese, deve ser

oportunizado a beneficiária prévio contraditório a permitir-lhe comprovar que do

casamento não resultou melhoria na situação econômica – financeira.

Existem também diversas prestações pecuniárias, pagas

pela União, que recebem o nome de pensão, mas nada têm a ver com o benefício

previdenciário mencionado nesta monografia (p. ex. Leis nº. 7.070/82 e 8.686/93 –

pensão para portadores de síndrome da talidomida; Lei nº. 9.422/96 – pensão

para vítimas de hemodiálise de Caruaru etc.). São todas verbas indenizatórias, de

natureza alimentícia, pagas pela União, que fogem do escopo desta

monografia.135

3.1.1 Dependentes

Para Santiago,136 há três classes de dependentes da pensão

por morte:

I) o cônjuge, a companheira, e o filho não emancipado,de

qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido;

II) os pais;

III) o irmão, não emancipado, de qualquer condição,

menor de 21 anos ou inválido.

A ordem para a percepção da pensão por morte é

preferencial sendo que, primeiro tem direito o cônjuge, o companheiro, e o filho, e

só se não existentes estes a pensão será devida aos pais. No caso de vários

dependentes da mesma classe, cônjuge e filhos, o benefício será rateado em

partes iguais entre estes.

135 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 180/181.

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Por outro lado, no que se refere às pessoas da classe I

(cônjuge, companheiro e filho não emancipado menor de vinte e um anos ou

inválido) a dependência será presumida. Já no que diz respeito aos demais

dependentes, a dependência deverá ser necessariamente demonstrada.

Portanto, na hipótese de se requerer a pensão por morte do

marido falecido, a esposa não precisará demonstrar que depende do de cujus. O

mesmo não se dará, no entanto, no caso do pai e/ou mãe que buscam a pensão

do filho morto. Estes deverão demonstrar expressamente a sua dependência

econômica em relação ao filho falecido.137

A concessão do benefício não será adiada pela ausência de

habilitação de outro provável dependente, e qualquer inscrição ou habilitação

posterior que implique exclusão ou inclusão de dependentes do segurado

instituidor só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação, isto é,

possuir efeito ex nunc, a teor do art. 76, caput, Lei nº 8.213/91. Assim e

figuradamente, o cônjuge ausente não exclui do direito à pensão por morte a

companheira ou os filhos, e os valores recebidos pelo pensionista não podem ser

reduzidos retroativamente com a habilitação posterior de outro beneficiário.138

Caso a companheira reivindique em Juízo pensão que vem

sendo recebida pela mulher e filhos do de cujus, indispensável é o chamamento

deste ao processo, nos exatos termos do art. 47 do Código de Processo Civil,

como litisconsortes passivos necessários. Assim como na ação pela qual a

esposa requer pensão por falecimento do marido, deve ser citada a concubina,

como litisconsorte passiva necessária.139

136 SANTIAGO, Durval Pedro Ferreira: Manual Prático de Previdência Social, São Paulo: LTr, 2001, p. 98.

137 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de Direito da Seguridade Social. São Paulo, 2001, p. 271.

138 DEMO, Roberto Luis Luchi, SOMARIVA, Maria Salute. Revista de Previdência Social, V 29, n 293, abril 2005 - 2705, São Paulo – RPS ano XXIX, p. 239.

139 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 491.

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3.1.2 Direito a Pensão por Morte aos Homossexuais.

Apesar do fato da Lei nº 8.213/91 fazer menção ao

companheiro (a) do sexo oposto, é matéria já pacificada nos tribunais a

concessão de pensão à companheiro ou companheiro homossexual ou

homoafetivo, o que está amparado pelo art. 16, I, da Lei nº. 8.213/91, na

interpretação conferida pela Instrução Normativa INSS nº. 25/2000.140

3.2 PERÍODO DE CARÊNCIA

A Medida Provisória nº. 1.729, de novembro de 1998, tentou

restabelecer o período de carência de 12 contribuições, mas o dispositivo não foi

convertido em lei, perdendo sua eficácia.141

No entendimento de Horvath Júnior:

O benefício de pensão por morte independe de carência, por força

do art. 26, inc. I da Lei nº. 8.213/91.142

Este benefício prescinde de carência (tempo mínimo de

contribuição), nos termos do art. 26, I, lei nº. 8.213/91, mas não dispensa a

qualidade de segurado na data do óbito.143

Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes

prestações:

140 Tribunais - STJ, REsp 395.904/RS, Relator Ministro Hélio Quáglia Barbosa, 6ª Turma, DJ 06.02.2006. Antes disso, os companheiros homossexuais foram beneficiados pela Ação Civil Pública nº. 200.71.00.009347-0, que produziu efeitos em todo o território nacional.

141 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 492.

142 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário, 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 154.

143 DEMO, Roberto Luis Luchi, SOMARIVA, Maria Salute. Revista de Previdência Social, V 29, n 293, abril 2005 - 2705, São Paulo – RPS ano XXIX, p. 239.

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I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-

acidente.144

Como já decidiu o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a

perda da qualidade de segurado inviabiliza a concessão de benefício

previdenciário, uma vez extinta a relação jurídico-previdenciária na qual o INSS

ocupa o pólo passivo para benefícios e serviços, conforme art. 102, caput, Lei nº.

8.213/91.145

Art. 102. A perda da qualidade de segurado importa em

caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade.146

Essa regra encontra exceção apenas no caso de direito

adquirido à aposentadoria, art. 102, §1º da Lei nº. 8.213/91 e, em se tratando de

aposentadoria por idade, na dispensa do preenchimento concomitante dos

requisitos, por força do art. 3º, § 1º, Lei nº. 10.666/03. Essas exceções repercutem

tautologicamente na pensão: “Não será concedida pensão por morte aos

dependentes do segurado que falece após a perda desta qualidade, nos termos

do art. 15 desta lei, salvo se preenchidos os requisitos pata obtenção da

aposentadoria na forma do parágrafo anterior”, segundo o art. 102, §2º, Lei nº.

8.213/91.147

A regra é que somente é devida a pensão por morte aos

dependentes do segurado se, no momento do óbito o falecido detivesse a

qualidade de segurado. Porém, caberá a concessão de pensão aos dependentes,

mesmo que o óbito tenha ocorrido após a perda da qualidade de segurado, desde

que: o instituidor do benefício tenha implementado todos os requisitos para

obtenção de uma aposentadoria até a data do óbito; fique reconhecida a

existência de incapacidade permanente ou temporária, dentro do período de

144 Disponível em: < http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1991/8213.htm>, acesso em 04/10/2007, às 14h54min.

145 TRF4, AC n 1999.04.01.086381-0, Ana Paula Bortoli, 5ª T., DJ 18.10.00. 146 Disponível em: < http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1991/8213.htm>, acesso em 03/10/2007, às 20h55min.

147 DEMO, Roberto Luis Luchi, SOMARIVA, Maria Salute. Revista de Previdência Social, V 29, n 293, abril 2005 - 2705, São Paulo – RPS ano XXIX, p. 239.

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graça, por meio de parecer médico-pericial do INSS, com base em atestados ou

relatórios médicos, exames complementares, prontuários ou outros documentos

equivalentes, referentes ao ex-segurado.148

Já no entendimento de Ferreira:

Carência dispensada para os óbitos ocorridos após 25.07.91. Para

os óbitos em data anterior, será exigida a carência de 12

contribuições mensais sem interrupção que determine a perda da

qualidade de segurado, atendendo-se o direito adquirido.149

3.3 DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO

A concessão da pensão por morte, a partir da Lei nº.

8.213/91 (cujos os efeitos retroagiram a 05/04/91 – art. 145, caput) independe de

número mínimo de contribuição pagas pelo segurado. Basta comprovar a situação

de segurado para ser gerado direito ao benefício. Para os óbitos anteriores a

05/04/91, a carência exigida pela legislação vigente era de 12 contribuições

mensais.

O benefício é devido a contar da data do óbito do segurado,

se requerido até trinta dias deste, e, a partir da data do requerimento, se posterior

a trinta dias. No caso de morte presumida, a data de início do benefício será a da

decisão judicial.150

Nesse sentido comenta Ferreira:

O início do pagamento do benefício será feito a partir da morte do

segurado, ou a partir do requerimento:

148 HORVATH JÚNIOR, Miguel; Direito Previdenciário, 4 ed. São Paulo: Quartier Latim, 2004, p. 210.

149 FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia Prático de Previdência Social: Comentários e Normas Sobre o Decreto nº. 3.048/99. 3 ed. São Paulo: LTR, 1999, p. 124.

150 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 492.

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1) para os dependentes habilitados no processo, quando

requeridos após trinta dias do óbito do segurado;

2) os dependentes que forem declarados por autoridades

judiciárias em virtude do reconhecimento da morte presumida

ocorrida em catástrofe, acidente ou desastre e que venha a provar

o desaparecimento do segurado. 151

A inércia dos dependentes, por tanto, causa a perda do

direito às prestações mensais após o prazo de trinta dias do falecimento, não

cabendo o pedido retroativo. Evidentemente, os dependentes de segurado que

faleceu antes de 10.12.97 têm o direito adquirido de requerer a pensão desde a

data do óbito, pois a lei, no caso, não retroage para atingir o direito assegurado

pela norma anterior.152

A pensão por morte previdenciária não é e nem pode ser

concedida de ofício pelo INSS, exigindo necessariamente, o requerimento

administrativo. Nesse panorama, se o instituidor, o saque pelos familiares de

valores referentes à aposentadoria após o óbito do beneficiário, sem que haja

requerimento de pensão, caracteriza crime de estelionato.

Já decidiu o Tribunal Regional Federal da 4ª Região que, na

perspectiva da DIB, o dependente incapaz não pode ser prejudicado se não foi

aceita a solicitação pessoal, em sede administrativa, em face de sua incapacidade

mesma decorrente de menoridade ou de necessidade especiais, ou por meio de

representante enquanto este não providenciasse o termo de tutela cautelar,

hipótese em que a data inicial – DIB da pensão deverá ser fixada sempre na data

do óbito.153

Em caso de desaparecimento do segurado por motivo de

catástrofe, acidente ou desastre, que dá ensejo à pensão provisória do art. 75, §

151 FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia Prático de Previdência Social: Comentários e Normas Sobre o Decreto nº. 3.048/99. 3 ed. São Paulo: LTR, 1999, p. 193.

152 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 492.

153 TRF4: AC n. 2001.04.085926-7, Paulo Afonço Brum Vaz, 5ª T., j 6.6.02, Informativo TR 120 e AC nº. 2000.04.04.128001-3, Nylson Paim de Abreu, 6ª T., DJ 18.04.01.

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74

1º, Lei nº. 8.213/91, o termo inicial é a data da ocorrência, mediante prova hábil

(art. 112, II, Decreto nº. 3.048/99).154

Art. 75. O valor mensal da pensão por morte será de cem por

cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou

daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez

na data de seu falecimento.155

Outrossim, em se tratando de benefício de pensão por

morte, a legislação aplicável é aquela em vigor na data do óbito do segurado.

Nessa toada, as pensões cujos fatos são óbitos anteriores à Medida Provisória nº.

1.596-14 convertida na Lei nº. 9.528/97, tem DIB na data do óbito, nos termos da

redação original do art. 74, Lei nº. 8.213/91, mesmo se requeridas no direito

superveniente e depois de 30 dias do óbito.156

3.4 RENDA MENSAL INICIAL

No Decreto nº. 83.080/79 e CLPS/84, a renda mensal inicial

da pensão por morte era de 50%do salário de benefício, mais 10% para cada

dependente, observando o limite de cinco dependentes.

A partir da Lei nº. 8.213/91, a renda mensal inicial da pensão

por morte passou a ser constituído de uma parcela, relativo à família, de 80% do

valor que o segurado recebia ou a que teria direito, se estivesse aposentado na

data do óbito, mais tantas parcelas de 10% do valor da mesma aposentadoria

quantos fossem os seus dependentes, até o máximo de dois.

Em caso de falecimento por acidente de trabalho, o valor era

de 100% do salário de benefício ou do salário-de-contribuição vigente no dia do

154 DEMO, Roberto Luis Luchi, SOMARIVA, Maria Salute. Revista de Previdência Social, V 29, n 293, abril 2005 - 2705, São Paulo – RPS ano XXIX, p. 240.

155 Disponível em: < http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1991/8213.htm>, acesso em 03/10/2007, às 21h20min.

156 DEMO, Roberto Luis Luchi, SOMARIVA, Maria Salute. Revista de Previdência Social, V 29, n 293, abril 2005 - 2705, São Paulo – RPS ano XXIX, p. 240.

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acidente, ou o que fosse mais vantajoso. Posteriormente a Lei nº. 9.032/95 deu

nova redação ao art. 75 da Lei nº. 8.213/91: “O valor mensal da pensão por morte,

inclusive a decorrente de acidente de trabalho, consistirá numa renda mensal

correspondente a 100% do salário-de-benefício”. E com a MP nº. 1.523-9

convertida na Lei nº. 9.528/97, o valor mensal da aposentadoria que o segurado

recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na

data de seu falecimento.157

Neste mesmo sentido comentam Castro e Lazzari:

O valor da renda mensal da pensão por morte, até a edição da Lei

do RGPS vigente, era de 50% do salário de benefício, mais 10%

por dependente, até o máximo de cinco; a partir da Lei nº.

8.213/91 era constituída de uma parcela, relativa à família, de

80% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou da que

teria direito se estivesse aposentado na data do seu falecimento,

mais tantas parcelas de 10% do valor da mesma aposentadoria

quantos fossem seus dependentes, até o máximo de duas. Caso o

falecimento fosse conseqüência de acidente de trabalho, o valor

era de 100% do salário de benefício ou do salário de contribuição

vigente no dia do acidente, o que fosse mais vantajoso.158

Não será incorporado o valor da aposentadoria, para fins de

cálculo da renda mensal de pensão, o acréscimo de 25% pago ao aposentado por

invalidez que necessita de assistência permanente de outra pessoa. Ou seja, o

pensionista não continua percebendo o adicional de 25% que era pago ao

aposentado.

As alterações na RMI da pensão fazem surgir numa

específica questão de direito intertemporal sobre a aplicação da lei mais benéfica,

majorando-se o percentual das pensões concedidas anteriores.

157 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 492. 158 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 493.

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3.5 O DILEMA VEICULADO PELA LEI Nº 9.032/95 QUANTO À MAJORAÇÃO

DA COTA DA PENSÃO POR MORTE

Em decorrência das inúmeras alterações legais declinadas

quanto ao valor da Renda Mensal Inicial - RMI do benefício de pensão por morte,

surgiu uma específica questão de direito intertemporal sobre a aplicação da lei

mais benéfica, no sentido de ser ou não possível a majoração o percentual das

pensões concedidas anteriormente à Lei nº 9.032/95, questão foi muito discutida

nos tribunais.

É de fundamental importância salientar que os benefícios

previdenciários são regidos pelo princípio tempus regit actum, ou seja, são

concedidos e disciplinados conforme a lei vigente à época de sua concessão, a

não ser que a lei expressamente determine a retroação de seus preceitos.

Assim, a celeuma instaurou-se em razão de duas vertentes,

quais sejam:

a) diante da inexistência de expressa previsão legal, não é

possível a retroação159 das normas para alcançar situações jurídicas

consolidadas, e, em assim sendo, a majoração das cotas familiares pelas Leis n.

8.213/91 e 9.032/95 não alcançariam os benefícios concedidos sob o manto da

legislação pretérita; e

b) em razão do caráter social que reveste as normas

previdenciárias, a lei mais vantajosa deve ser aplicada aos benefícios concedidos

anteriormente, vez que não se estaria diante de caso de retroação da lei nova,

mas sim, de sua aplicação e incidência imediatas, gerando efeitos financeiros tão

somente para o futuro, pois os benefícios previdenciários se renovam mês a mês,

sendo obrigações de trato sucessivo.

Nos Tribunais Regionais Federais e no próprio Superior

Tribunal de Justiça a questão encontrava-se pacificada até o final do ano de 2006,

159 É retroativa a norma que atinge os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império da norma revogada. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 80.

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com o entendimento firmado no sentido de que o novo percentual de 100% do

salário-de-benefício veiculado pela Lei nº 9.032/95 aplicava-se também aos

benefícios concedidos antes da referida Lei, sem que isso importasse ofensa ao

ato jurídico perfeito e retroação de lei mais benéfica, uma vez que o aumento do

percentual não iria alcançar as parcelas já pagas do benefício, produzindo apenas

eficácia ex tunc.

3.5.1 O posicionamento dos Tribunais Regionais Federais

No âmbito dos Tribunais Regionais Federais da 1ª, 2ª, 3ª, 4ª

e 5ª Regiões, a questão envolvendo a majoração do coeficiente da pensão por

morte com o advento da Lei nº 9.032/95 encontrava-se sedimentada e pacificada,

devendo-se, para esses tribunais, ser aplicado o novo percentual de 100% do

salário-de-benefício a todos os benefícios de pensão por morte,

independentemente da data de sua concessão, se anterior à Lei nº 9.032/95 ou

posterior a ela.160

Comprovando-se essa afirmação, colacionam-se abaixo

julgados recentes dos respectivos tribunais, por suas regiões.

Tribunal Regional Federal da 1ª Região:

“PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PRESCRIÇÃO.

PENSÃO POR MORTE. REVISÃO. 100% DO VALOR DO

SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO. ART. 75 DA LEI N. 8.213/91, COM

REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 9.032/95. APLICAÇÃO

IMEDIATA INDEPENDENTE DA DATA DA CONCESSÃO DO

BENEFÍCIO. ENTENDIMENTO PACIFICADO NO ÂMBITO DO

160 Importante observar que, pelo princípio tempus regit actum, “o fato gerador para a concessão do benefício de pensão por morte deve levar em conta a data do óbito do segurado, observando-se, ainda, a lei vigente à época de sua ocorrência” (STJ, AgRg no Ag 635429 /SP, DJ 10.04.2006).A explicação deriva do fato da concessão da pensão por morte estar atrelada aos requisitos previstos na legislação de regência no momento da morte do segurado, em obediência em obediência ao referido princípio. Dessa forma, se o óbito do segurado ocorreu em data anterior à Lei nº 9.032/95 (28.04.1995), mesmo que o(s) dependentes viessem a requerer o benefício após 28.04.1995, o INSS, utilizando-se da interpretação desse princípio, concedia a pensão no valor originário estipulado pela Lei nº 8.213/91, de 80% do salário de benefício.

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STJ. PEDIDO PROCEDENTE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

JUROS MORATÓRIOS.

2. O prazo decadencial previsto na Lei n. 8.213/91, art. 103, com

redação dada pela MP N. 1.523 9/97, convertida na Lei n.

9.528/97, deve ser observado quando a pretensão for revisão da

renda mensal inicial, não se aplicando aos benefícios concedidos

sob a vigência de legislação pretérita.

3. A lei nova mais benéfica deve ser aplicada imediatamente e

revisados os valores das pensões por morte, a partir da

edição da Lei n. 9.032/95, para o equivalente a 100% (cem por

cento) do salário-de-benefício.

[...]

7. Apelação e remessa oficial, tida por interposta,

desprovidas”. (AC 2004.38.01.005966-0/MG; Apelação Cível,

Relator Des. Fed. José Amílcar Machado, 1ª Turma, DJ

14.08.2006, grifado)

Tribunal Regional Federal da 2ª Região:

“AGRAVO INTERNO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE

PENSÃO POR MORTE – ART. 75 DA LEI 8.213/91.

I – As pensões por morte recebidas pelas autoras devem ser

revistas para se enquadrarem ao critério estabelecido no art.

75 da Lei 8.213/91, com a alteração introduzida pela Lei 9.032,

de 28/04/95, ainda que tenham sido concedidas sob a égide

de diploma legal anterior, sob pena de violação ao princípio da

isonomia;

II – Precedentes jurisprudenciais do STJ;

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III - “O valor mensal da pensão por morte concedida antes da

Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, deve ser revisado de

acordo com a nova redação dada ao art. 75 da Lei nº 8.213, de

24/07/91” (Súmula nº 15 da Turma Nacional de Uniformização

das Decisões das Turmas Recursais dos Juizados Especiais

Federais);

IV – Agravo Interno desprovido”. (Classe: AGTAC – Agravo

Interno na Apelação Cível - 158464 Processo: 97.02.45842-0 UF:

RJ, Relatora Juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, Orgão Julgador:

Segunda Turma Esp. Data Decisão: 26/07/2005 Documento:

TRF200142643, grifado).

Tribunal Regional Federal da 3ª Região:

“PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. CARÊNCIA

DE AÇÃO. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO E FORA DOS

LIMITES DA DIVERGÊNCIA. PENSÃO POR MORTE. ARTIGO

75 DA LEI 8.213/91 EM REDAÇÃO ORIGINAL E NAQUELA

DADA PELA LEI 9.032/95. MAJORAÇÃO DO COEFICIENTE DE

CÁLCULO. POSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA IMEDIATA DA LEI

NOVA.

1. [...].

2. Reconhece-se a carência de ação, por falta de interesse de

agir, limitada à parte do pedido relativa à elevação de coeficiente

mínimo de 50% para 80%, das autoras que obtiveram seus

benefícios na vigência da Lei nº 8.213/91, uma vez que não

necessitam de provimento jurisdicional para ajustar seus

benefícios nos termos do artigo 75 de referido diploma legal.

3. O artigo 75 da Lei nº 8.213/91, na redação original e também

na redação dada pela Lei nº 9.032/95, deve ser aplicado em

todos os casos, alcançando todos os benefícios

previdenciários, independentemente da Lei vigente à época

em que foram concedidos. Esta orientação não significa

aplicação retroativa da Lei nova, mas sua incidência imediata, pois

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qualquer aumento de percentual passa a ser devido a partir da

sua vigência.

4. Preliminar acolhida. Embargos infringentes, no mérito,

improvidos”. (AC – Apelação Cível nº 772268, Processo:

2002.03.99.004251-6, UF: SP, Relator Juiz Fernando Gonçalves,

Órgão Julgador: 3ª Seção, Data da Decisão: 12/07/2006, grifado).

Tribunal Regional Federal da 4ª Região:

“AGRAVO REGIMENTAL. GREVE DOS PROCURADORES

FEDERAIS. PEDIDO DE SUSPENSÃO DE PRAZO. NÃO

CONFIGURADO O MOTIVO DE FORÇA MAIOR. PENSÃO POR

MORTE. MAJORAÇÃO DO COEFICIENTE. LEIS Nº 9.032, DE

1995 E Nº 9.528, DE 1997. SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO E VALOR

DA APOSENTADORIA ANTERIORMENTE CONCEDIDA.

1. [...].

2. A interpretação segundo a qual o artigo 75 da Lei nº 8.213, de

1991 (com a redação emprestada pelas Leis nº 9.032, de 1995, e

nº 9.528, de 1997), deve incidir sobre as pensões concedidas

em data anterior, é construção pretoriana, que deve adaptar a

teleologia da novel legislação à realidades normativas

pretéritas.

3. Em que pese sejam diferentes as redações impostas pelas Leis

nº 9.032, de 1995, e nº 9.528, de 1997, não há diferença prática

na aplicação dessas regras aos benefícios de pensão por

morte concedidos em data anterior à respectiva vigência.

4. [...].

5. Quando a pensão por morte não for antecedida por outro

benefício, a renda mensal deve ser recalculada aplicando-se o

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coeficiente de 100% sobre o salário-de-benefício, assim obtido

conforme as regras em vigor à época do evento morte.

6. Em qualquer hipótese, portanto, aplica-se o novo

coeficiente, preservando-se os demais critérios de concessão da

pensão.

7. [...].

8. Agravo Regimental improvido.

9. Embargos de declaração conhecidos em parte e nessa

extensão improvidos”. (AC – Apelação Cível. Processo

2003.71.04.016827-4, 6ª Turma, Relator Juiz Eduardo Vandré, DJ

23.08.2006, grifado).

Tribunal Regional Federal da 5ª Região:

“PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. PENSÃO POR

MORTE. NOVA REDAÇÃO DADA AO ARTIGO 75 DA LEI 8.213,

DE 1991, PELA LEI Nº 9.032, DE 1995. APLICABILIDADE AOS

BENEFÍCIOS JÁ CONCEDIDOS. LEGALIDADE.

1. [...].

2. Ainda que haja o benefício de pensão por morte sido

concedido antes da superveniência da Lei nº 8.213, de 1991,

aplicam-se-lhe os ditames introduzidos pelo artigo 75, do

referido diploma legal, haja vista se tratar de prestação de

trato continuado.

3. Assiste à Ré direito à percepção do benefício em valor

correspondente a 100% (cem por cento) da aposentadoria a

que faria jus o "de cujus", se vivo estivesse, face à nova

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redação conferida ao artigo 75, pela Lei nº 9.032, de 1995, sem

que se configure qualquer violação legal.

4. Improcedência da Ação Rescisória. (AR - Ação Rescisoria –

2459, Processo: 9905664491 UF: AL, Relator Des. Fed. Élio

Wanderley de Siqueira Filho, Órgão Julgador: Pleno, Data da

decisão: 15/10/2003, Documento: TRF 500077841, grifado).

3.5.2 O posicionamento do Superior Tribunal de Justiça

O entendimento do Superior Tribunal de Justiça no que

tange à possibilidade de retroatividade da lei mais benéfica era pacífico no sentido

de que esta retroagia apenas para alcançar situações pendentes, descabendo a

sua aplicação ao beneficio já concedido sob a égide da lei anterior.

No entanto, com o julgamento do EREsp. 324.380/SC, da

relatoria do Ministro Fernando Gonçalves, publicado no Diário da Justiça de

03.6.2002161, que tratou da incidência imediata da Lei. 9.032/95 com relação ao

auxílio-acidente, a jurisprudência do órgão houve por bem evoluir para uniformizar

as situações, quando então passou a considerar que a lei nova mais benéfica se

aplica não só aos benefícios pendentes, mas a todos os segurados, ainda que o

evento tenha ocorrido na vigência de lei pretérita, mas sem efeito retroativo.

Assim, embora já houvesse prolatado entendimento diverso

anteriormente, o Superior Tribunal de Justiça consolidou jurisprudência sobre o

assunto, favorecendo os pensionistas, defendendo o posicionamento uniforme de

que, quanto à majoração das cotas familiares introduzidas pelas Leis n° 8.213/91

161 PREVIDENCIARIO. EMBARGOS DE DIVERGENCIA AUXÍLIO-ACIDENTE.BENEFÍCIO CONCEDIDO ANTES DALEI N. 9.032/95.ALTERACAO.RETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENÉFICA.1.Consoante o novo entendimento da Eg. Terceira Seção, a retroatividade da lei previdenciária mais benéfica abrange também as situações consolidadas. Precedente. 2. Assim, o percentual de 50% (cinqüenta por cento) estabelecido pela Lei n. 9.032/95, que altera o § 1° do art. 86 da Lei n. 8.213/91, se aplica aos benefícios já concedidos sob a égide da legislação anterior. Embargos de divergência rejeitados.(EREsp. 335.065/SC, Terceira Seção, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 03.02.2003, grifado).

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e 9.032/95, esta deveria ser aplicada aos benefícios concedidos sob a égide da

Lei pretérita.

Tal posicionamento fulcrava-se no entendimento de que não

se estaria a autorizar, ou amparar retroatividade de lei, mas sim a sua incidência

imediata, alcançando-se as relações jurídicas anteriores, e, assim, atendo-se ao

principio da isonomia, aplicando-se a todos a lei mais benéfica, nos termos do art.

5°, XXXVI e 6° da Lei de Introdução ao Código Civil162.

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE

INSTRUMENTO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL.

PREQUESTIONAMENTO.IMPOSSIBILIDADE. PENSAO POR

MORTE. COTA FAMILIAR. MAJORACAO. POSSIBILIDADE.

1. A via especial, destinada à uniformização do direito federal, não

se presta à análise de dispositivos da Constituição da República.

2. As majorações das cotas familiares introduzidas pelas Leis

n. 8.213/91 e 9.032/95 aplicam-se aos benefícios concedidos

sob a égide da legislação pretérita.

3. Não há falar em retroação da lei, mas em aplicação imediata,

uma vez que os efeitos financeiros projetam-se tão-somente

para o futuro. Agravo regimental provido. (AREsp. 704.514/SC,

2005/0145877-2, Rel Min. Lurita Vaz, DJ 14.11.2005, grifado)

Transcreve-se ainda, excerto do voto proferido pelo Min.

Felix Fischer, quando do julgamento do Resp 359.370/RN, cujos fundamentos

foram acolhidos unanimemente pela Quinta Turma do Superior Tribunal de

Justiça, in verbis:

162 Art. 6° A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

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84

“Entretanto, não obstante a Terceira Seção já ter pacificado seu

entendimento a matéria, é necessário que sejam feitas algumas

observações. Melhor analisando a quaestio, verifica-se que não

parece arrazoado estender as vantagens da lei nova mais

benéfica somente aos segurados cujos benefícios estavam

pendentes quando do advento desse diploma legal. Não faz

sentido premiar apenas aquele que recorreu ao Poder Judiciário

ou mesmo administrativamente, só porque tomou a iniciativa de

discutir formalmente (com ou sem razão, não importa) o quantum

de seu benefício ou a falta dele. Com base nessas considerações,

reformulo a posição que adotei no Resp 245.447/PE, DJU de

08/05/2000, por considerar necessária uma ampliação do

entendimento consagrado na Terceira Seção, de maneira a

estender a incidência da lei nova mais vantajosa não só aos

benefícios pendentes, mas a todos os segurados,

independentemente da lei vigente na data do fato gerador do

beneficio. Finalmente, cumpre asseverar que a orientação acima

adotada não autoriza, de forma alguma, a retroatividade da lei,

mas sim a sua incidência imediata, alcançando todos os casos.

Eventuais aumentos no percentual dos benefícios, portanto, só

valerão a partir da vigência da lei nova, não se podendo admitir

possa abranger período anterior” (grifado).

3.5.3 A Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência

Como a grande quantidade de ações de revisão de pensão

por morte acabaram seguindo o trâmite sumário previsto na Lei 10.259/2001, que

instituiu a figura dos Juizados Especiais Federais163, o Conselho da Justiça

Federal, através da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos

Juizados Especiais Federais editou, sobre a matéria, a Súmula nº 15, que dispõe:

Súmula nº 15: O valor mensal da pensão por morte concedida

antes da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, deve ser revisado

de acordo com a nova redação dada ao art. 75 da Lei nº 8.213, de

24 de julho de 1991.

163 Segundo o art. 3º da Lei nº 10.259/2001, “Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças”.

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85

É deveras importante ressaltar que referida Súmula foi

publicada em 10.05.2004, tendo como precedentes de seu surgimento164,

sobretudo, inúmeros julgados proferidos pelo Superior Tribunal de Justiça, que já

havia pacificado seu entendimento a respeito da majoração da cota da pensão

por morte para os benefícios concedidos antes de 28.04.1995, data da entrada

em vigor da Lei nº 9.032/95.

3.5.4 A reviravolta de entendimento quanto ao assunto no Supremo Tribunal

Federal em 2007

O assunto em tela ainda não havia sido analisado pelo STF,

valendo frisar, entretanto, vetusto entendimento do STF que negava a

retroatividade na espécie, sem expressa disposição legal nesse sentido. “aplicar

benefício da lei nova aos que se inativaram antes de sua vigência, sem

disposição legal expressa sobre retroativo, importa em contrariar a garantia do

ato jurídico perfeito (art. 153, § 3º, da CF) e substituir-se ao legislador, a

pretexto de isonomia (súmula 339); e tudo indica, considerada a atual composição

do STF, que haveria mudanças neste entendimento, pó aplicação do bom senso

ou princípio da razoabilidade.165

Após ser maçicamente vencido nos Tribunais Regionais

Federais e no Superior Tribunal de Justiça, a Procuradoria do INSS interpôs

Recurso Extraordinário (RE 416827/SC) junto ao Supremo Tribunal Federal -

STF, sob a alegação que referida matéria possuía cunho constitucional,

contestando acórdão da Turma Recursal do Juizado Especial Federal de Santa

Catarina, que determinou a revisão do percentual da renda mensal de pensionista

164 Para a confecção da referida Súmula, foram usados como referência pela Turma Nacional: CF/88, Lei nº 8.213/91, Lei nº 9.032/95, Lei nº 3.807/60, Lei nº 9.528/97, Decreto nº 77.077/76, Decreto nº 89.312/84, ADIn nº 493/DF, REsp nº 359.370/RN, REsp nº 513.239/RJ, REsp nº 514.004/PB, aREsp nº 441.526/RN, REsp nº 456.754/AL, AgREsp nº 354.513/SP, AgRg nº 492.483/SP, EDREsp nº 297.274/AL, EDREsp nº 311.725/AL, PU nº 2002.61.84000880/4 - Turma de Uniformização, DJU DE 28.11.2003.

165 DEMO, Roberto Luis Luchi, SOMARIVA, Maria Salute. Revista de Previdência Social, V 29, n 293, abril 2005 - 2705, São Paulo – RPS ano XXIX, p. 240.

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com base na Lei 9.032/95, muito embora o óbito do segurado tenha ocorrido

antes da entrada em vigor dessa norma.

Em suas alegações, o INSS sustentou violação à dois

dispositivos constitucionais: a) ao artigos 5°, XXXVI, da CRFB/88166, por se tratar

de ato jurídico perfeito, alegando, ainda, que a única hipótese de retroatividade da

lei permitida na CRFB/88, é a da lei penal em favor do réu; b) o artigo 195, § 5º da

CRFB/88167, segundo o qual exige-se fonte de custeio prévia para a criação,

majoração ou extensão de qualquer benefício da seguridade social.

Nas argumentações do INSS, caso o recurso não fosse

aceito pelo Supremo, o impacto orçamentário imediato seria de R$ 7,8 bilhões.

Nos próximos 20 anos, seria algo em torno de R$ 40 bilhões. Caso a tese

repercutisse em outros benefícios, o impacto seria de aproximadamente R$ 120

bilhões para as próximas duas décadas”.168

O relator do referido Recurso, ministro Gilmar Mendes, deu

provimento ao recurso do INSS. Entendeu o ministro que a revisão da renda

mensal do benefício de pensão por morte na integralidade dos proventos, por

motivo da Lei 9.032/95, não deveria ser mantida. Os ministros Ricardo

Lewandowski, Joaquim Barbosa e a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha

acompanharam o relator do Recurso Extraordinário.

Para os ministros que acompanharam o relator e proveram o

recurso do INSS, o Regime Geral de Previdência Social é decorrente de

contribuições do próprio segurado e de outros financiadores, indicados no artigo

195, inciso I, da Constituição Federal de 1988. Assim, há sempre uma certa forma

de contrapartida entre os benefícios recebidos e as contribuições pagas.

166 “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” 167 “Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”.

168 Assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal. Brasília. Suspenso o julgamento de recurso do INSS sobre revisão de pensões por morte. Disponível no endereço http://www.stf.gov.br/noticias/imprensa/ultimas/ler.asp?CODIGO=206668&tip=UN&param=pensão. Acesso em 10.10.2007.

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Diferentemente, a pensão no regime estatutário é um direito

que substitui a remuneração percebida pelos servidores inativos. Nesse caso,

segundo os ministros que acompanharam o relator, o parâmetro é a totalidade do

que recebia o servidor, ou seja, os critérios de cálculo da pensão no setor privado

seguem uma lógica atuarial. Assim, há necessidade da correlação entre o que se

contribui e o que será recebido a título de pensão, daí a necessidade de manter-

se rigoroso equilíbrio atuarial e financeiro neste regime.

Para os ministros que deram provimento ao recurso do

INSS, o evento que gera o direito à pensão é a morte do contribuinte. Portanto,

não se poderia aplicar a uma relação jurídica já consumada, alterações

legislativas posteriores relacionadas ao cálculo da renda previdenciária mensal

inicialmente determinada.169 Acrescentaram, ainda, que a Constituição, no artigo

195, parágrafo 5º, prevê que os benefícios previdenciários devem ter uma fonte

de custeio, que proporciona a viabilidade econômico-financeira do sistema

previdenciário. Dessa forma, deram provimento ao recurso, acompanhando o

relator.

No mesmo julgamento, o ministro Eros Grau negou

provimento ao recurso do INSS e abriu divergência do relator, ministro Gilmar

Mendes, votando favoravelmente aos pensionistas Para ele, não havia violação

de ato jurídico perfeito. Por isso, afirmou que a aplicação imediata da Lei 9.032/95

não afetaria as condições de validade de qualquer ato passado, nem alteraria as

conseqüências de um direito já realizado. 170

Apesar da matéria já encontrar-se até então pacificada nos

Tribunais Regionais Federais e no próprio Superior Tribunal de Justiça, inclusive

com Súmula específica na Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência

dos Juizados Especiais Federais, dando ganho de causa aos dependentes dos

segurados falecidos anteriormente à Lei 9.032/95, em 08.02.2007 o Pleno do

169 Convém, nessa oportunidade, citar o teor da Súmula nº 339 do STF, confeccionado em data anterior à CRFB/88: “Aplicar benefício da lei nova aos que se inativaram antes de sua vigência, sem disposição legal expressa sobre efeito retroativo, importa em contrariar a garantia do ato jurídico perfeito (art. 153, § 3º da CF) e substituir-se ao legislador, a pretexto de isonomia”. No mesmo sentido, vale citar o RE nº 108.410/RS, Relator Ministro Rafael Mayer, DJU 16.05.86.

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STF, por maioria de votos, proveu o recurso do INSS e, com essa decisão,

desconstituiu toda a jurisprudência então firmada e consolidada no âmbito do

STJ, dos TRF´s e no âmbito da Turma Nacional de Uniformização de

Jurisprudência.

Após todo o embate, verificou-se claramente que o STF

assim procedeu (desconstituindo toda a jurisprudência até então firmada) por

motivos políticos, em virtude do vultoso aporte financeiro que a União teria que

fazer para pagar os valores atrasados e majorar o valor dos benefícios desses

dependentes. Após a decisão do STF em 08.02.2007, todos os julgados do STJ e

dos TRF´s abandonaram seus iniciais entendimentos para, a partir de então,

adotarem em seus julgados a linha de fundamentação adotada pela Suprema

Corte, em manifesto prejuízo aos beneficiários do sistema.

3.6 CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE PRESUMIDA

O art. 78, Lei nº. 8.213/91 autoriza a concessão do beneficio

de pensão por morte presumida em duas hipóteses. Prevista no caput, refere-se à

ausência, cujo o conceito pode ser extraído do art. 22 do atual Código Civil.

Ocorrendo quando uma pessoa desaparece do seu domicílio sem dela haver

notícia e não deixa representante ou procurador, mas, diferentemente da lei civil,

para efeito de pensão provisória, a morte presumida do segurado ausente pode

ser declarada em esfera judicial após seis meses.

Neste sentido, comenta Gonçalves:

Quando a morte for declarada pela autoridade judiciária

competente, depois de seis meses de ausência do segurado.

Desaparecendo o segurado sem deixar procurador para seus

bens, pode ser declarada, para efeitos previdenciários, sua morte

presumida, situação em que será concedida pensão provisória.

Não se deve confundir essas situações de ausência e de morte

170 No mesmo sentido do voto do ministro Eros Grau, manifestou-se, em situação análoga, o ministro recém-aposentado Carlos Velloso, no julgamento do RE nº 421.171/PB.

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presumida com aquelas previstas no Código Civil e Código de

Processo Civil.171

Elencada no art. 78, Lei nº. 8.213/91, §1º, alude aos casos

de desaparecimento do segurado em virtude de acidente ou catástrofe ou

desastre, hipótese em que os seus dependentes farão jus à pensão por morte

provisória independentemente de declaração judicial e do prazo estipulado no

caput do art. 78, da Lei nº. 8.213/91.172

A pensão poderá ser concedida em caráter provisório em

caso de morte presumida do segurado, declarada pela autoridade judicial

competente depois de seis meses de ausência, conforme art. 74 da Lei nº.

8.212/91. Em caso de desaparecimento do segurado por motivo de catástrofe,

acidente ou desastre, deverá ser paga a contar da data da ocorrência mediante

prova hábil.173

Reaparecendo o segurado, o pagamento da pensão cessará

imediatamente, desobrigando os dependentes a devolver os valores recebidos de

boa-fé, conforme prevê o art. 78, §2º, da Lei nº 8.213/91; verificada a má fé,

aplicável o art. 115, parágrafo único, Lei nº. 8.213/91, devendo o pensionista

restituir os valores recebidos indevidamente, à vista.174

Nesse sentido, dispõe a Lei nº. 8.213/91:

Art. 115 [...]

§ 2º Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da

pensão cessará imediatamente, desobrigados os dependentes da

reposição dos valores recebidos, salvo má-fé.

171 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 181/182. 172 TRF4, AC n. 2004.04.01.046117.0. Nylson de Abreu, 6ª T., DJ 5.1.05.

173 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 491.

174 TR4, AC n. 2000.04.01.138657-5, Alexandre Rossato da Silva Ávila, 5ª T., DJ 5.2.03.

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Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, o desconto será feito em

parcelas, conforme dispuser o regulamento, salvo má-fé.175

3.7 TRABALHADORES RURAIS

Os dependentes de trabalhadores rurais têm direito à

pensão por morte de um salário mínimo, conforme prescreve o art. 39, I, Lei nº.

8.213/91.176

Art. 39 [...]

I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença,

de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salário

mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda

que de forma descontínua, no período, imediatamente anterior ao

requerimento do benefício, igual ao número de meses

correspondentes à carência do benefício requerido.

O valor da pensão aos dependentes do segurado recluso

que, nesta qualidade, vier a falecer, calculado com base no salário de benefício

do auxílio-reclusão, se o recluso tiver contribuído como contribuinte individual ou

facultativo, quando poderá haver opção dos dependentes por novo cálculo de

salário-de-benefício, consideradas essas contribuições.177

Em se tratando de pensão de rurícola Castro e Lazzari178

comentam que Supremo Tribunal Federal decidiu que:

175 Disponível em: < http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1991/8213.htm>, acesso em 04/10/2007, às 12h20min.

176 Disponível em: < http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1991/8213.htm>, acesso em 04/10/2007, às 13h34min.

177 DEMO, Roberto Luis Luchi, SOMARIVA, Maria Salute. Revista de Previdência Social, V 29, n 293, abril 2005 - 2705, São Paulo – RPS ano XXIX, p. 242.

178 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 490.

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Não tem direito ao benefício da pensão por morte o viúvo de

trabalhadora rural, em regime de economia familiar, falecida

anteriormente à vigência da Lei nº 8.213/91, que considerou o

cônjuge de rurícola como segurado especial da Previdência Social

(RE n.202.146/RS, 1ª Turma, rel. Min. Otávio Gallotti, informativo

STF n. 155, de 4.8.99).

3.8 ACUMULAÇÕES DE PENSÕES

A acumulação de pensões somente podia ocorrer

legitimamente até a Lei nº 9.032/95 que acresceu o inc. VI ao art. 124, da Lei nº.

8.213/91, vedando a cumulação de pensões deixadas por cônjuge ou

companheiro, ressalvando o direito de opção pela mais vantajosa.179

Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o

recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previdência

Social:

[...]

VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro,

ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa.180

Outrossim, não há óbice algum na acumulação de pensão

com outro benefício previdenciário do RGPS, ou na acumulação de uma pensão

do RGPS com outra pensão de regime próprio de previdência, Por isso que a

norma restritiva e excepcional do art. 124, Lei nº. 8.213/91 merece interpretação

literal, considerada a regra da acumulação de benefícios previdenciários. Hvendo

179 DEMO, Roberto Luis Luchi, SOMARIVA, Maria Salute. Revista de Previdência Social, V 29, n 293, abril 2005 - 2705, São Paulo – RPS ano XXIX, p. 244.

180 Disponível em: < http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1991/8213.htm>, acesso em 04/10/2007, às 14h28min.

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óbice na acumulação de pensão com benefício assistencial de prestação

continuada.181

3.9 HIPÓTESES DE CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE

O direito à cota-parte da pensão por morte cessará pela

ocorrência das situações previstas no art. 77 da Lei. nº. 8.213/91, conforme

abaixo:

Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista,

será rateada entre todos em parte iguais.

§ 2º A parte individual da pensão extingue-se:

I - pela morte do pensionista;

II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos

os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos

de idade, salvo se for inválido;

III - para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez.

O valor da pensão recebido por um dependente que perdeu

o direito à mesma, por algum dos motivos acima, será, novamente, repartido com

os demais dependentes que continuarem na condição de pensionistas. A pensão

181 DEMO, Roberto Luis Luchi, SOMARIVA, Maria Salute. Revista de Previdência Social, V 29, n 293, abril 2005 - 2705, São Paulo – RPS ano XXIX, p. 244.

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por morte se extingue com a perda do direito do último pensionista, e não de

transfere a dependentes de classe inferior.182

Quanto à continuidade da pensão recebida pelo dependente

universitário até os 24 anos de idade, está assente na jurisprudência que é

incabível essa extensão, porquanto existe expressa determinação legal quanto à

cessação do benefício aos 21 anos de idade.183

Da mesma forma, ao contrário do que erroneamente pensa

a grande maioria da população, a jurisprudência encontra-se consolidada no

sentido de que novas núpcias não tem o condão de extinguir a pensão por morte

recebida do ex-marido falecido.184 Todavia, falecido também o novo marido, não

poderá a viúva receber cumulativamente as duas pensões por morte, devendo,

neste caso, optar pela de maior valor.

182 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito

Previdenciário. 2 ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 494.

183 Nesse sentido, no STJ, vide: REsp 639.487/RS, 5ª Turma, Relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, DJ 01.02.2006, e TRF1, AC n. 33010009692, Relator Juiz Jirair Aram Meguerian, 2ª Turma, DJ 2.9.04.

184 Nesse sentido, no STJ, vide: REsp 223809/SC, 5ª Turma, Rel. Min. Gilson Dipp, DJU 26.03.2001.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente monografia teve como objeto de estudo o

benefício da pensão por morte no regime geral da previdência social no Brasil.

Mais inicial e escassa, ainda, é a construção doutrinária e jurisprudencial sobre o

tema.

O interesse despertado pelo tema deu-se em razão de sua

relevância e a importância da previdência social perante toda população

brasileira, e a dificuldade de solidificar uma legislação que vem sofrendo diversas

modificações através dos tempos.

Esta monografia, além do recurso e da introdução, e por fim,

das considerações finais com as devidas referencias bibliográficas, é composta

de três capítulos.

O primeiro capítulo abordou o sistema de seguridade social

no Brasil, seu histórico, evolução, marco inicial, princípios constitucionais, emenda

constitucional nº. 20 e as receitas da seguridade social.

A investigação sintetizada no segundo capítulo comentou

sobre os benefícios da previdência social, beneficiários da seguridade social e

espécies de regimes previdenciários existentes no Brasil;

Já o terceiro capítulo, analisou doutrinária e

jurisprudencialmente da pensão por morte no regime geral da previdência social,

características, concessão e por fim quem é dependente, o direito a pensão por

morte aos homossexuais, período de carência e data de início do benefício.

No que abrange os problemas e respectivas hipóteses,

citadas no início deste trabalho, serão decorridas as comparações cogentes

abordadas aos objetivos comuns e específicos apontados na introdução desta

monografia.

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Primeiro problema: É necessária a comprovação de

dependência econômica para que o dependente tenha direito ao benefício?

Hipótese: Os dependentes da primeira classe (cônjuge, companheiro (a) e filhos

não emancipados, menores de 21 anos ou inválidos) não precisam comprovar

que dependiam economicamente do segurado, vez que essa dependência é

presumida. Já os dependentes da segunda e terceira classe (pais e irmãos não

emancipados, menores de 21 anos ou inválido) necessitam comprovar a

dependência econômica. Análise: A hipótese foi confirmada pelo resultado da

pesquisa e se justifica pelo conteúdo da própria hipótese.

Segundo problema: E se o segurado falecido deixar mais de

um dependente, como fica o valor da pensão? Hipótese: Os dependentes de uma

mesma classe concorrem em igualdade de condições, mas a existência de

dependentes de uma classe exclui os dependentes das classes seguintes.

Exemplificando: o segurado deixa como dependentes a esposa, um filho menor

de 21 anos e o pai. A pensão será dividida em partes iguais entre a esposa e o

filho, que são dependentes da primeira classe. E o pai não terá direito à pensão

porque é dependente da segunda classe. Análise: A hipótese foi confirmada pelo

resultado da pesquisa e se justifica pelo conteúdo da própria hipótese.

Terceiro problema: O cônjuge divorciado ou separado

judicialmente tem direito à pensão por morte? Hipótese: O cônjuge divorciado ou

separado judicialmente ou de fato, que recebia pensão de alimentos, tem direito a

receber a pensão em igualdade de condições com os dependentes da primeira

classe, quais sejam, o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não

emancipado, menor de 21 anos ou inválido. Análise: A hipótese foi confirmada

pelo resultado da pesquisa e se justifica pelo conteúdo da própria hipótese.

À luz do tema pesquisado constatou-se a magia da busca

pelo conhecimento que por si só é inesgotável, onde o pesquisador deverá

motivar-se e aperfeiçoar-se sempre a cada instante de sua vida, uma vez que as

mudanças são constantes na legislação brasileira.

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REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

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BONAVIDES, Paulo. Do Estado Liberal ao Estado Social, São Paulo:

Malheiros, 1996.

BRASIL. Assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal. Brasília.

Suspenso o julgamento de recurso do INSS sobre revisões de pensões por morte.

Disponível em http://www.stf.gov.br/noticias/imprensa/ultimas/ler.asp?CODIGO=

206668&=UN&param=pensão.

BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil, (1988) Disponível

em.< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm >.

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Consolidação das Leis da Previdência Social. Disponível em: <

http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/1984/89312.htm>

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BRASIL. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da

Seguridade Social, institui Plano de Custeio e dá outras providências. Disponível

em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1991/8212.htm>.

BRASIL. Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: < http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1991/8213.htm>.

BRASIL. Lei nº. 9.032, de 29 de abril de 1995. Dispõe sobre o valor do salário

mínimo, altera dispositivos das Leis n° 8.212 e n° 8.213, ambas de 24 de julho de

1991, e dá outras providências. Disponível em: < http://www010.dataprev

.gov.br/sislex/paginas/42/1995/9032.htm>.

BRASIL. Lei nº. 9.528, de 10 de dezembro de 1997. Altera dispositivos das Leis

n°s 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e dá outras providências.

Disponível em: http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1997/9528.htm>.

BRASIL. Lei nº. 10.259, de 12 de julho de 2001. Dispõe sobre a instituição dos

Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal.e dá outras

providências. Disponível em :<http://www.trt02.gov.br/ geral/tribunal2/Legis/

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BRASIL. Juizado Especial Federal. PU nº 2002.61.840008804/4/SP, ADIn nº.

493/DF, REsp nº. 359.370/RN, REsp nº. 513.239/RJ, REsp nº. 514.004/PB,

aREsp nº. 441.526/RN, REsp nº. 456.754/AL, AgREsp nº. 354.513/SP, AGrG nº.

492.483/SP, EDREsp nº. 297.274/AL. EDREsc nº. 311.725/AL. Turma de

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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 15 ”. O reajuste dos benefícios

de natureza previdenciária, na vigência do Decreto-Lei nº 2.351, de 7 de agosto

de 1987, vinculava-se ao salário-mínimo de referência e não ao piso nacional de

salários”. Disponível em: < http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas

/75/9999/4/ TRF19.htm> .

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BRASIL. Supremo Tribunal Federal Súmula 339, Não cabe ao Poder Judiciário,

que tem função Legislativa, aumentar vencimento se servidores públicos sob

fundamento de isonomia. Disponível

em:<http://www.stf.gov.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia

.asp?s1=339.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas>.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 204.735al.

Relator: Ministro Carlos Velloso. Tribunal Pleno. Publicação no Diário da Justiça

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