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maio de 2010 www.arauto.info circulação em Salto e Itu distribuição gratuita O Jornal O Arauto é uma publicação da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSP Nº 15 Cinema! Gaga e Dragão Complexus Leia no Jornal do CEUNSP: Confira as produções e projetos dos estudantes do curso que é feito com luz, câmera e ação. Estudantes de Moda passam por dois desafios: 1) Conceber modelos para a cantora pop Lady Gaga; 2) Criar coleção influenciada pelo líder afro-brasileiro Chico da Matilde, o Dragão do Mar. Insead lança revista para exibir e debater produção intelectual. pág.10 pág.15 Angela Trabacchini/O Arauto Beijo As nuances do gesto carinhoso (e gostoso) da humanidade. André Timex/O Arauto Cordel Descubra a cultura mágica que mistura poesia, métrica, cor, papel, cordão... pág.03 O horror da Pedofilia A Copa do Mundo está chegando... pág.09 A implacável mureta do bloco K pág.06 Alice no País das Maravilhas trata do que mesmo? pág.12 pág.14 J. Borges

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O Arauto, Jornal-Laboratorio da FCA-CEUNSP. Edicao de maio de 2010.

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Page 1: O Arauto 15

maio de 2010www.arauto.info

circulação em Salto e Itudistribuição gratuita

O Jornal O Arauto é uma publicação da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSPNº 15

Cinema!

Gaga e Dragão

Complexus

Leia no Jornal do CEUNSP:

Confira as produções e projetos dos estudantes do curso que é feito com luz, câmera e ação.

Estudantes de Moda passam por dois desafios:1) Conceber modelos para acantora pop Lady Gaga;2) Criar coleção influenciada pelo líder afro-brasileiro Chico da Matilde, o Dragão do Mar.

Insead lança revista para exibire debater produção intelectual.

pág.10

pág.

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BeijoAs nuances do gesto carinhoso (e gostoso)da humanidade.

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CordelDescubra a cultura mágica que mistura poesia, métrica, cor, papel, cordão...

pág.03

O horror da Pedofilia

A Copa do Mundo está chegando...

pág.

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A implacável mureta do bloco K

pág.

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Alice no País das Maravilhas trata do que mesmo?

pág.

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DA MESA DO REDATOR pág.02O Arauto / mai.10

www.ceunsp.edu.br

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Publicação da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP). Contato: [email protected]

Jornalista Responsável: Prof. Pedro Courbassier (MTb.: 23.727).Projeto Gráfico e Diagramação: Prof. Murilo Santos. Revisão: Profª Ms. Renata Boutin Becate. Coordenador de Fotografia: Carlos Oliveira (Arfoc-SP 23.862).Conselho Editorial: Prof. Edson Cortez; Prof. Ms. Filipe Salles; Profª Ms. Maria Paula Piotto S. Guimarães; Prof. Murilo Santos; Prof. Esp. Pedro Courbassier; Prof. Dr. Rubens Anganuzzi Filho.

O Arauto é um produo da Agência Experimental de Comunicação e Artes (AECA), feito em parceria com os estudantes de Comunicação que assinam as reportagens, fotografam e abastacem o blog Arautomania. Coordenador Geral da FCA: Prof. Edson Cortez. Coordenador da AECA: Prof. Esp. Pedro Courbassier.

Um outono um tanto quente...

Tiragem: 10.000 exemplares Blog:arautomania.blogspot.com Todos os textos são de responsabilidade de seus autores

Quem passa os olhos sem muita atenção na edição de maio deste O Arauto pode achá-lo muito, digamos, quente. Afinal, trata de temas que suscitam discussões acaloradas, como pedofilia, beijo e futebol. Temas que muitas vezes estão ligados muito mais aos instintos pri-mitivos e sentimentos humanos do que a racionalidade. Mas foram in-cluídos por não ser possível produzir um periódico universitário sem propor debate. E debates pedem temas polêmicos.

Infelizmente, não há o que negar. Pautas relacionadas cada vez mais à pedofilia e outros crimes sexuais chocantes piscam constantemente nos meios de comunicação. Ser repugnante a parte, não se deve deixar de tentar entender os labirintos que levam tais atos a serem pratica-dos. Até mesmo para ajudar a evitá-los.

Já o prazer de beijar – e há muitas canções que falam disso – já su-perou o conservadorismo e é uma simples atitude de prazer aceita – e praticada - pela maioria, respeitando-se somente certas convenções sociais. Assim, procuramos dar as duas faces: uma para o ósculo (sinô-nimo de beijo), o “lado bom” do erotismo e outra para o envolvimento de prazer sexual com crianças, o “mal”. E mais: estimular o pensamen-to em relação à punição dos envolvidos.

Com a aproximação da Copa do Mundo da África do Sul e - por que não? - de importantes competições da bola, o futebol toma cada vez mais conta das conversas. E por falar em competição, qual a mais im-portante que o Brasil participa este ano? Quem ler a edição vai enten-der que há muito em jogo na partida eleitoral que se aproxima. Aliás, aproveito aqui para chamar a atenção: muitos de nossos problemas não são causados/solucionados pelo presidente da República. Por isso, fiquemos ligados também nas eleições para o governo do estado e para os cargos parlamentares.

Também vamos mostrar as principais tendências de uma das mais usadas ferramentas da atualidade - chamada de maravilhosa por quem gosta de belos acabamentos: o Photoshop. O software teve uma confe-rência dedicada a ele. Estivemos lá e contamos aqui como foi.

Da tecnologia para a tradição. Os cordéis, obras de arte que unem literatura, cultura popular e arte gráfica, são mostrados numa repor-tagem com um sotaque diferente da que conta o sucesso de bilheteria do momento: o filme que reconta a conhecida história da menina Alice que cai num buraco. Mas qual é mesmo a moral dessa fábula? Assuntos para O Arauto.

E, para finalizar, não podemos deixar de destacar as inúmeras ativi-dades que semanalmente agitam o tal “bloco K” do campus V, em Salto, onde funciona a Faculdade de Comunicação e Artes. Quando jovens são desafiados e mexem com a criatividade “é bonito de ver”. Mesmo que “da mureta”. Boa leitura! (Pedro Courbassier)

Despedício ou esperteza? - A água, da torneira, que vem clorada e tratada pela empresa pública, é usada pela iniciativa de dois pintores (o segundo segurava a escada e não aparece na foto) para retirar a pintura velha. Lixa? Que nada! Não vale o esforço...

O flagra foi do estudante de fotografia Paulo Henrique Baldini, quando passava nos arredores do campus V, em Salto. Cenas curiosas, flagrantes e o espelho do cotidiano são o foco da seção “Flagra”.

Flagra

Atenção ao avanço da dengue em SPQue gripe, que nada! A Secretaria da Saúde de Campinas confirmou no

fim de abril que a cidade – a 40 km de Salto - passa por uma epidemia de dengue. Foram registrados 744 casos a mais do que todo o ano passado. São mais de 950 ocorrências da doença confirmadas, contra 201 do mes-mo período no ano passado, segundo dados da Secretaria. É bom lembrar que em Sorocaba também foram registrados dezenas de casos da doença.

Minas Gerais, São Paulo e a região Nordeste foram colocados em alerta pelo Ministério da Saúde no início de abril, como áreas que apresentam crescimen-to de casos de dengue. Até março, Minas Gerais registrou mais de 48 mil casos e São Paulo teve aumento de 1.114% nas ocorrências da doença.

A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus de evolução be-nigna na maioria dos casos, segundo especialistas do Ministério da Saúde. O principal vetor é o mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tro-picais e subtropicais. Quando infectada, a pessoa fica imunizada de forma de-

finitiva contra o tipo de vírus que contraiu e temporariamente contra os outros três. Existem duas formas de dengue: a clássica e a hemorrágica. A primeira geralmente apresenta como sintomas febre, dor de cabeça, dor no corpo, nas articulações e por trás dos olhos, podendo afetar crianças e adultos, mas raramente mata. A dengue hemorrágica é a forma mais severa da doença, pois, além dos sintomas citados, é possível ocorrer sangramen-to, ocasionalmente choque e óbito.

Prevenção - O grande problema para combater o mosquito Aedes ae-gypti é que sua reprodução ocorre em qualquer recipiente com água, tanto em áreas sombrias como ensolaradas. A prevenção e as medidas de com-bate exigem a participação e a mobilização de toda a comunidade, com a adoção de medidas simples, como evitar o acúmulo de água limpa nas ca-sas, visando à interrupção do ciclo de transmissão e contaminação. Caso contrário, as ações isoladas poderão ser insuficientes para acabar com os focos da doença. (da Redação)

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DEBATE

Como cidadão e ex-defensor pú-blico, atuante no júri, fico pensando em qual seria a reação popular a esta manchete. Iriam falar mal, mais uma vez, do Poder ao qual pertenço (como juiz federal). E muito. Se você se in-comodou, é porque deve achar que os Nardoni são culpados. O curioso é que eles possuem uma presunção de ino-cência que ampara até casos graves e chocantes como o deles, mas também nos ampara e aos nossos filhos. Eles são inocentes até prova em contrário! É assim que funciona. E você, leitor, me dirá: “mas as provas são muitas, enor-mes, contundentes!” Bem, se são, quem as analisará serão os jurados, lembre-se disso. Não será um juiz profissional como eu que dirá se o casal é culpado ou não. Será alguém do povo, alguém não profissional, e isto é uma opção na qual acredito: o próprio povo, de-cidindo diretamente o que acredita, o que quer. Isso é democracia, isso é o júri que, creiam, é uma das maiores garantias que temos. Se os jurados ab-solverem o casal, terá sido o povo que o absolveu.

“E eles serão absolvidos?”, você me indagaria talvez... E eu responderia: “Não sei”. Digo isso porque não estou vendo a apresentação das provas, nem os debates. Mas sei que está havendo um julgamento e isso também é uma garantia: todos precisam ser julgados e devem ter direito à defesa.

Soube que agrediram o advogado

dos réus. Um absurdo. Se nossos filhos

A senadora e ex-ministra do meio ambien-te, Marina Silva (PV-AC), esteve no Auditório Nobre Imaculada Conceição, no campus II do Centro Universitário Nossa Senhora do Pa-trocínio (CEUNSP) de Itu. Abordou assuntos como as crises em que o planeta se encontra e discutiu sobre a importância da educação para a sustentabilidade. Para ela, o colapso da Terra está próximo. Além das mudanças naturais do planeta, apontou que parte da responsabilidade de tais problemas ambien-tais, vem do homem. Em relação à educação, disse que o ensino está precisando de quali-

“Casal Nardoni Absolvido!”

Por William Douglas - que escreveu o artigo antes do famoso

julgamento e O Arauto “ julgou” o conteúdo interessante -Juiz federal, professor e escritor: www.williamdouglas.com.br

cometerem qualquer crime, do mais tosco ao mais grave, ter alguém que os defenda é uma garantia que pro-tege a todos. Infelizmente, é comum confundirem o crime com o direito de o réu ser defendido. Este sistema, com um acusando, um defendendo e um terceiro julgando (seja o juiz to-gado, seja o júri) é o modo mais evo-luído que a Humanidade já conseguiu criar para julgar uma pessoa. Portan-to, respeitemos a defesa.

Então, qualquer que seja o resul-

tado, que este julgamento sirva para nos lembrarmos de que tudo está sen-do feito de acordo com a Constituição e as leis, e que todos – até os Nardoni – possuímos garantias que são coisas conquistadas com muito esforço.

Mais importante que o julgamento

dos Nardoni, em breve escolheremos um presidente da República. Esse é o grande julgamento que teremos. O dos Nardoni foi importante, mas não tanto quanto escolher bem quem irá conduzir nosso país nos próximos anos. Eu não sei se os jurados acerta-rão ou errarão nas escolhas que farão em breve. Mas sei de uma coisa: em breve você será o jurado, e escolherá alguém para conduzir esse país.

Espero que você escolha bem, pois nesse tipo de julgamento, quando es-colhemos mal, o culpado somos nós. E a pena é aplicada não só sobre nós mesmos, mas também a 180 milhões de pessoas.

“Devemos ser sonhadores”, diz a presidenciável Marina Silva, em ItuPor Julia Justino

dade. A sustentabilidade é um processo em andamento, mas a consciência de que tais atos agridem o meio em que vivemos tem que ser passada desde cedo.

Marina Silva falou sobre o “laço social que torna os seres responsáveis pelo próximo e vice-versa. Porque não existe uma sociedade de apenas uma pessoa e os nossos atos in-terferem na vida dos outros. Assim como os deles na nossa. Está faltando ética. E ética é tudo aquilo que sustenta e promove a vida”, disse a senadora.

Estavam presentes mais de 700 pessoas. Autoridades polí-ticas como o prefeito de Itu, Herculano Passos Júnior, o prefei-to de Salto, Geraldo Garcia, e a deputada estadual Rita Passos estavam atentos à palestra. A representante do reitor Rubens Anganuzzi, Maria Ângela Mangeon Elias, presentou Marina com uma coleção de livros sobre a história de Itu, escrita por Francisco Nardy Filho.

Marina falou um pouco sobre sua história nos seringais. Sobre a juventude, disse: “A sociedade quer matar a força dos jovens dizendo para que sejam pragmáticos. Não devemos ser pragmáticos, devemos ser sonhadores.” A jornada da sena-dora pede um sonho mais alto. Marina Silvas acredita que se possa fazer a diferença se as pessoas se unirem e se organiza-rem eticamente.

Estudantes de Jornalismo do CEUNSP e de Tecnologia do Meio Ambiente da “Escola Estadual Martinho de Ciero” esta-vam presentes. Um dos alunos de Meio Ambiente, José Mário D’elboux, de 20 anos, disse “acreditar que a palestra reforça a necessidade de uma maior atenção à educação ambiental nos currículos escolares e a fundamental importância do conceito sustentável nas políticas públicas. As possibilidades de pros-perar estão ligadas intimamente à cooperação mútua entre todas as classes”.

A palestra foi um reforço do que a humanidade sempre soube. Que a “união faz a força” e que é preciso fazer. Refor-çando as palavras da senadora, devemos ser sonhadores e lu-tadores também. É preciso reivindicar nossos direitos e fazer a nossa parte. As mudanças não ocorrem de uma hora para a outra. Por isso, devemos insistir no investimento da educação no país. Falta reforçar os laços sociais e conscientizar cada vez mais a população de que a responsabilidade de ter trans-formado o mundo no que é foi nossa. Logo, a responsabilidade de mudá-lo e deixá-lo melhor também é.

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ESPECIAL

Esse abuso sexual se caracteriza pela utilização do corpo de uma criança ou adolescente, por um adulto, para a prática de qualquer ato de natureza sexual. Tal violência pode acon-tecer dentro ou fora da família, pois o agressor é, em geral, alguém muito próximo da criança. Os atos violentos tendem a se ocultar atrás de segredos familiares, no qual a criança, comprometida com o equilíbrio da família ou por medo, não revela seu sofrimento. A manutenção deste segredo normal-mente está associada a ameaças, portanto, a violência não é somente física, mas também psicológica. Esta não deixa mar-cas no corpo, mas é tão perversa quanto à violência física, porque deixa marcas na alma, diminui a auto-estima, provo-cando culpas, medos e deturpação nas emoções da vítima.

Parecer - “A pedofilia encontra enquadramento psiquiátrico, um comportamento em que o adulto (ou quase-adulto) apre-senta uma intensa atração e fantasias sexuais por crianças ou jovens inocentes, com aparência infantil. Essa conduta re-vela a repetição de atos ao longo do tempo e que pode estar

Pedofilia

O que choca a

sociedade

Epicuro de Samos, filósofo ateniense do século IV a.C., pro-punha uma vida de contínuo prazer como chave para a felici-dade. Esse era o objetivo de seus ensinamentos morais. Dizia que o fim único da existência é o prazer, não compreendendo por isso, o conceito de pecado ou devassidão. Para ele, a pre-sença do prazer era sinônimo de ausência de dor ou de qual-quer tipo de aflição.

Em busca desse prazer, o homem é capaz de cometer atos instintivos, sem racionalidade e sem pensar o que pode causar ao outro. No abuso sexual, por exemplo, o agressor busca unicamente satisfazer seus desejos por meio de imposição, muitas vezes violenta. É por essa e outras ra-zões que iremos debater o complexo assunto que é o abuso sexual de menores, conhecido como pedofilia.

s.f. - Distúrbio de conduta sexual, no qual o

indivíduo adulto sente desejo por crianças

ou pré-adolescentes.

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Por Adriane Souza

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associada a outros comportamentos como o exibicionismo, o colecionar de fatos ou fotos, a troca de depoimentos com ou-tros indivíduos com os mesmos gostos entre outras”, explica a professora de Direito Valquíria Belomo.

Vítimas - Algumas crianças aprendem cedo o que é ser víti-ma de uma pessoa com gostos anormais. O Arauto entrevis-tou uma pessoa de 21 anos, vítima de pedofilia. Ela conclui que não dá para viver com medo do passado. Sua história: A mãe se divorciou do pai quando ela tinha 2 anos. Passou a namorar o futuro padrasto. Quando a criança completou 5 anos, o casal passou a morar junto. “Ele era todo carinhoso, sempre trazia doces e me levava para passear e, sabe como é criança, se compra fácil. Mesmo assim, ele nunca aceitou que eu o chamasse de pai”, relembra. O padrasto adorava pescar e sempre a levava com ele. A mãe ficava em casa. Considerava a pescaria algo entediante. Então, as coisas começaram a mu-dar. “Ele dizia que tinha um carinho muito especial por mim, que ia além do carinho por uma filha”, relata.

Na época, a família vivia de aluguel e comprou um terreno para realizar o sonho da casa própria. Era costume o padras-to dar uma caminhada e visitar o terreno. Ela tinha apenas 6 anos e o amava muito. Afinal, era um bom pai e nunca lhe dei-xava faltar nada. Eles iam juntos caminhar e visitar o terreno. Numa das vezes, ele pegou uma sacola, colocou iogurte e le-vou para o passeio. Parou num certo ponto entre os terrenos baldios e abaixou as calças, passou o iogurte numa parte do corpo e fez a criança lamber. Com tristeza, ela recorda que, na época, “não tinha malícia alguma e achava mesmo que tudo fazia parte de um carinho especial”. E completa: “Eu via algu-mas coisas na televisão, mas o modo que ele colocava o que fazíamos, não conseguia entender que era aquilo realmente.”

Aos 12 anos, a jovem começou a fazer amizades e o assunto sexo aparecia com freqüência nas conversas. Assim, apren-deu sobre o tema. A família se mudou para a casa da avó a fim de economizar para a construção. Nem assim o padrasto parou com os abusos. “Ele abaixava minha calça e me tocava com a boca”, diz a jovem, revelando que após o ato, o padrasto dizia: “Não conte para ninguém sobre todo este carinho espe-cial que tenho por você. É um segredo meu e seu”.

No dia do nascimento da irmã, ela lembra que o padrasto a obrigou a tomar banho de porta aberta enquanto se mastur-bava e fez um pedido para ela: queria ser seu primeiro quan-do chegasse a hora. Ela tinha apenas 13 anos.

Um ano depois procurou uma das tias e revelou que havia menstruado. A avó, que estava junto, pediu para ela contar apenas para a mãe, pois – disse ela - ninguém mais precisa-va saber. Ela começou a se afastar do padrasto desde então e lutava para que não ficassem mais sozinhos. Por várias vezes ele pedia beijos ou tentava tocá-la mais fundo, mas ela con-seguia se esquivar ou chegava alguém. O padrasto percebeu o afastamento da jovem e, deduzindo que o momento certo havia chegado, lhe fez uma proposta. Ela se lembra das pa-lavras exatas: “Eu pago pelo sexo! Imagina só que bonitinha, pequenininha e apertadinha.”

A garota resolveu reagir e contou para os familiares. Ape-nas uma das tias e a avó acreditaram. A mãe acreditou na his-tória do padrasto, que negava fervorosamente ter praticado tais atos, atribuindo tudo a uma suposta mediunidade: os es-píritos o usavam para o mal. A jovem fala que “a mediunidade dele se chama cachaça”. A tia o ameaçou de morte e, naquela mesma semana, eles mudaram para a casa nova.

Desde então os abusos pararam. Ela tinha 16 anos. Con-ta que ainda tem medo de ficar sozinha com ele em casa por acreditar que o padrasto vive à beira da loucura. “Tenho uma faca embaixo do colchão, se ele tentar alguma coisa, um dos dois acabará morto”, revela.

A jovem finaliza afirmando que o padrasto nunca tentou nada com a irmã por ela ser filha legítima dele. “É terrível sa-ber que a pessoa que me criou desde os meus 2 anos de vida, que eu amava como um pai, fez uma coisa dessas comigo. Só quem passou por algo assim sabe como é. Não tem como ex-plicar. Quem puder, tem que denunciar. Se eu tivesse provas, teria mandado prender ele, pois se ele teve a coragem de fazer isso com a filha da esposa dele, acho que pode fazer isso com qualquer uma!”

Para denunciar não se faz necessária a apresentação de pro-vas, segundo a professora de Direito Valquíria Belomo. “Após a denúncia e mediante as informações apresentadas, os ór-gãos tomarão providências para verificar a veracidade das informações e promover medidas de investigação, e em espe-cial fornecer auxílio e amparo ao menor que está padecendo

de atos tóxicos à sua formação saudável.” Ela informa que estudos demonstram que pessoas que sofreram violência sexual na infância têm uma forte tendência a tornarem-se agressores sexuais na vida adulta. Todos têm um papel a de-sempenhar no combate à pedofilia. Denunciar é o primeiro passo.

“A denúncia de tais delitos pode ser feita de forma decla-rada ou anônima aos órgãos encarregados da investigação de crimes e ou tutela de menores, como a Polícia Civil, o Mi-nistério Público ou Conselho Tutelar”, completa a professo-ra.

A assessora de Comunicação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República , Tatiara Lima, reforça que “a denúncia é o principal meio de enfren-tamento desse problema.”E completa lembrando que “de-nunciar é um exercício de cidadania e que pode ajudar inú-meros meninos e meninas em situação de risco social.”

“Disque 100” - Além dos meios apresentados pela professo-ra de Direito, Tatiara Lima lembra que as denúncias podem ser feitas discando o número 100 ou enviando mensagem para o e-mail [email protected]. A ligação é gratuita e o serviço funciona diariamente de 8h às 22h, in-clusive nos finais de semana e feriados. Ela esclarece ain-da que “todas as denúncias recebidas pelo Disque 100 são analisadas e encaminhadas aos órgãos de defesa num prazo de 24h. Além disso, monitora as providências adotadas para informar ao denunciante o que ocorreu com a denúncia. As informações colhidas permitem avaliar a dimensão da vio-lência contra crianças e adolescentes e o funcionamento do sistema de proteção. O serviço gera dados fundamentais para o mapeamento de regiões críticas e fornece subsídios que ajudam a orientar a elaboração de políticas públicas e as ações de enfrentamento da violência contra crianças e adolescente.”

A professora de Direito Valquíria Belomo informa como se dá a punição: “A atitude de pedofilia torna-se punível com a efetivação de atos típicos (previstos como proibidos pela legislação). A legislação atual sugere defender a criança e o adolescente de atitudes tóxicas, que estimulem precoce-mente a sexualidade, forneçam agressão física e ou psíquica e ou favoreçam a arrecadação de crianças e jovens para a satisfação sexual e a prostituição. Punição através do art. 217-A (estupro de vulnerável) que pune a prática de conjun-ção carnal ou qualquer ato libidinoso com menores de 14 anos, em que a pena em abstrato prevista é de 08 a 15 anos de reclusão. Se da conduta resulta lesão corporal de nature-za grave, a pena prevista é de reclusão, de 10 a 20 anos, e se resulta morte, reclusão de 12 a 30 anos.

Há ainda tutelas de outras espécies, como o art. 218-A que prevê a pena de reclusão, de 2 a 4 anos, a quem pra-ticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem; ou de 4 a 10 anos, a quem submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone - entre outras situa-ções de exposição e ou exploração previstas.

As provas do crime dependerão da situação real. Se for

detectada agressão física, se faz necessário o exame médi-co-legal das lesões. Se a divulgação de imagens, o exame de fotografias ou o banco de dados ou ainda se somente carí-cias e ou exibicionismo sexual, tem-se utilizado a declaração da criança ou adolescente e ou depoimento de testemunhas como elementos probatórios.

Pais - O acompanhamento dos pais referente às amizades, programas, comportamentos e acesso à internet dos filhos é fundamental, pois prevenir e observar são os remédios. Atentar às mudanças de comportamento, esclarecer dos perigos da atualidade sobre o desenvolvimento da sexuali-dade, mostrar-se presente e acessível às dúvidas do jovem também faz a diferença. As crianças e jovens que comuni-cam aos pais sobre qualquer comportamento desviado por parte de estranhos ou mesmo pessoas próximas facilitam inibição ou a correção das agressões. A criança deve ter uma formação natural, livre e espontânea de sua sexualida-de, sem a interferência de gestos ou ações agressivas. Isto é extremamente importante para o desenvolvimento saudá-vel do futuro adulto, sem traumas e ou situações que tra-gam complicações posteriores, que podem envolver a auto-estima, o respeito ao próximo, a concepção da vida ou até a repetição de agressões sofridas na vida adulta.

Castração química

Em outros países, pedófi-los recebem uma punição ri-gorosa: a castração química.

Castrar é o ato de cortar ou inutilizar os órgãos repro-dutores. Na castração quími-ca são aplicados hormônios femininos no indivíduo, dimi-nuindo drasticamente o nível de testosterona. O efeito só se mantém enquanto durar o tratamento.

Alguns estados america-nos adotaram a castração química para pedófilos em 1997. O presidente da Fran-ça, Nicolas Sarkozy, defen-deu o mesmo depois que um pedófilo que havia cumprido 18 dos 27 anos de pena vio-lentou um menino de 5 anos de idade. No Brasil, o assunto também tem chamado a aten-ção. Em Santo André, um psi-quiatra admitiu que realiza a castração em pedófilos que a requerem voluntariamente. Há vários projetos de lei pre-vendo a castração como pena para os criminosos sexuais.

Segundo Alexandre Mag-no, procurador do Banco Cen-tral, em Brasília, “a alternati-va que respeitaria os direitos constitucionais do condena-do e colaboraria com a dimi-nuição dos crimes sexuais se-ria transformar a castração química em um direito. As-sim, aquele que se dispusesse a realizar o tratamento seria beneficiado com uma redu-ção da pena. A lógica é sim-ples: parte da pena de prisão tornar-se-ia desnecessária, pois a função ressocializa-dora estaria sendo atingida também por meio da castra-ção química.”

Síndrome de Estocolmo

Amor e violência se mistu-ram. É a Síndrome de Estocol-mo, uma resposta psicológica em vítimas de violência, que revelam sinais de lealdade ao agressor. Refere-se ainda a outras situações com tensões similares, como violência do-méstica, estupro e abuso de menores, nas quais a vítima se torna emocionalmente de-pendente do algoz, a ponto de defendê-lo mesmo contra a perspectiva de ser libertada.

A coordenadora do blog Pedofilia na Internet (pedo-filianainternet.blogspor.com), esclarece que o menor pode criar laços afetivos com o agressor. Muitas vezes os pais não tomam conhecimen-to da relação. Várias meninas menores têm a vontade de saber como seria o relaciona-mento com uma pessoa mais velha. Algumas permitem tais atos por possuírem uma relação afetiva grande com o agressor, satisfazendo então os desejos sexuais deturpa-dos destes adultos por amor ou carinho.

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VIDA UNIVERSITÁRIA

Em abril foi inaugurado o primeiro diretório acadêmico do CEUNSP: o Diretório Acadêmico de Relações Públicas “Eduardo Pinheiro Lobo”. O homenageado, engenheiro da empresa Light, é reconhecido historica-mente pelo trabalho na introdução da profissão de RP no Brasil.

“O diretório visa ser uma entidade livre e independente, sem filia-ção partidária, para representar o interesse dos alunos do curso junto à direção do CEUNSP e também zelar pelos direitos dos estudantes dos outros cursos”, explica o presidente Rafael Kobota, do 5º semestre.

As primeiras propostas visam a melhoria do Campus V (Salto): A pre-sença de um profissional de primeiros-socorros e a disposição de lixei-ras para diferentes materiais recicláveis.

Os estudantes também criaram um estatuto que pode servir de refe-rência para futuros diretórios acadêmicos de outros cursos. O Diretório de Relações Públicas aceitará críticas e sugestões de todos do CEUNSP. O e-mail de contato é o [email protected] . (Jean Pluvinage)

O primeiro Diretório Acadêmico do CEUNSP é da FCA

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Enquanto para alguns estudantes o local é ponto de refe-rência para paqueras, para outros é o lugar de desabafos ou compartilhamento de histórias interessantes e inusitadas com os amigos. Localizada em frente do bloco K do Campus V (Salto), em frente a FCA, a “ mureta” de pouco mais de um metro de altura tornou-se atração e ponto de encontro até mesmo para estudantes de cursos fora da FCA.

Segundo o estudante Alexandre de Souza, que cursa o 3º

semestre de Direito, há o costume de frequentar a mureta porque têm uma maior concentração de pessoas com estilos diferentes. “É um local bacana, com grande concentração de pessoas undergrounds. No local, posso namorar e bater papo com os amigos mais tranquilamente”, afirma.

Som - “O que chama atenção dos frequentadores ali é a ga-

lera diferente e a rádio (CEUNSP.FM, com programação diária feita pelos estudantes de Comunicação e muita música) que não para de tocar. Isso estimula a reunião de todos ali”, diz Katrin Petti, aluna do 3º semestre de Moda.

Origem - A mureta é utilizada pelos estudantes desde 2001, quando o bloco K começou a funcionar como sede da FCA. “Ela representava a união da minha turma. Era sempre nela que a galera se reunia para bater papo, paquerar e até, às vezes, matar aula. Nunca irei me esquecer de uma cena muito

Muitos dão uma “paradinha” nela. Localizada no frente do bloco K do Campus V, local atrai estudantes pelos mais diferentes motivos

engraçada que aconteceu com um amigo. Ele estava sentado na mureta e encostado em numa das cordas, que virou e ele caiu de costas. Apesar do tombo feio (mas sem ferimento grave), foram muitas as gargalhadas”, conta Saulo Fernandes, recém-formado em Publicidade e Propaganda.

Estratégico - Kelly Moraes, do 7° semestre de Jornalismo, diz que o muro caracterizou-se popular porque está bem localizado, ao lado da cantina e perto de onde funciona uma rádio: “Isso cha-ma a atenção das pessoas.”. Ela conta que já presenciou muitas histórias no local. “Já fiquei , beijei, ri muito e até briguei com um colega de turma”, lembra.

Cheio - Mas há quem não ache “a mureta” tão festiva. “Lá acu-mula muita gente, fica difícil de passar”, observa a professora Rayneci Vidal. A mesma opinião tem a aluna de Fotografia Talita Pereira.

Motivo - Para a psicóloga Denise Deotti, o que leva as pesso-

as a se sentirem bem em um determinado ambiente é o fato de fazer associações com aquilo que os deixam à vontade. “As pes-soas elaboram uma primeira impressão das situações, ao mesmo modo que assimilam histórias boas vividas. E, estando bem com o que sentem, elas próprias vão modificando o ambiente confor-me suas necessidades”, explica Denise. Ou seja, a mureta é como a poltrona preferida de casa: É o nosso canto.

Com vocês, “a mureta”

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Por Juliano Malikardi

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O prof. Alexandre Caetano, além de grande experiência no Teatro, tem amor pelo samba e seus instrumentos. Ele ensinou seus alunos a espalhar alegria com pandeiros, tambores, reco-reco, entre outros, criando no espaço da antiga cantina da Bra-sital uma gafieira da melhor qualidade. Ele também trouxe seu grupo de samba Zabalê, para uma apresentação no Teatro Esco-la, dia 25 de abril. Quem não veio foi porque era ruim da cabeça, ou doente do pé... (Jean Pluvinage)

Samba no pé...

www.ceunsp.edu.br

A Atlética da FCA organiza o primeiro Torneio Intercurso de Futsal da FCA. A competição, com dez equipes, foi aberta no dia 4 de maio, com Boomerang /PP 11 x 4 Sapiadas/RTV (foto). As partidas são disputa-das todasa às terças-feiras, na quadra ao lado do Teatro Escola.

O ‘Intercurso Feminino’, a versão para mulheres do torneio, está com inscrições abertas. Podem ser feitas com os estudantes membros da diretoria da Atlética (twitter: @capivaraceunsp). A taxa por equipe custa R$ 10,00. Outras informações no www.atleticafca.com.br .

Professores x Alunos - Um “duelo de titãs” ocorreu dia 20 de abril, na quadra do Campus V: de um lado os professores da FCA, de outro os estudantes, membros da Atlética. A partida foi bastante disputada e - como se trata de uma faculdade de comunicação - teve até narração pela rádio CEUNSP.FM. E, quem diria?, Os professores venceram por 6 a 5. Porém, os estudantes alegam que, na verdade, o resultado foi de empate por 5 a 5, já o sexto gol dos professores teria sido feito do meio da quadra, o que não valia (alguém conhece essa regra?). Pelo visto será preciso mais uma partida para acalmar os ânimos!

Futsal: Atlética promove torneio e “amistoso” com professores

O projeto Estante Viva consiste em uma estante - aliás, bela estante do tempo em que o Campus V era a indústria têxtil Brasital - com livros doados pelos professores da FCA, a partir de iniciativa da professora Maria Regina Amélio e do coordenador-geral Edson Cortez.

Para usufruir é simples: basta o interessado chegar perto da estante, procurar um livro que o interesse, retirar sem qualquer burocracia (não se preenche ficha) e levá-lo para casa para ler. Os organizadores espe-ram que a pessoa que retirou a obra a devolva ao final da leitura. Sem prazos ou multa.

Até agora a iniciativa parece agradar aos estudantes. “Achei muito in-teressante essa ideia de liberdade e compromisso que a Biblioteca Viva passa. Espero os alunos, além de usarem bastante o espaço possam tam-bém doar livros e, assim, manter uma boa coleção”, observa Alan Vianni, estudante de Jornalismo. (da Redação)

Estante Viva

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Produtora de Áudio da AECAvence concorrência do mercadoA Produtora de Áudio, grupos de trabalho da Agência Experimental de Comunicação e Artes (AECA) da FCA participou e ganhou uma concor-rência no mercado. O desafio era elaborar jingle e spot para uma mar-ca de instrumentos musicais (Stringberg). Como remuneração pelo trabalho ganharam instrumentos musicais – guitarras e contrabaixo (valor aproximado de R$ 3 mil). Os equipamentos vão fazer parte do acervo da FCA e serão úteis para os próximos projetos. O trabalho envolveu a criação das falas, letra e música até a grava-ção, mixagem e masterização do áudio. Fazem parte da equipe alunos de RTV e PP: Bruno Ribas, Carlos Fernando, Diego Zambra, Fernando Tadeu, Gil Fernandes, Guilherme Lopes, Melissa Carvalho, Paulo Gra-ziano, Renata Barreiros, Priscila Berttozo, Thiago Maretto e Vivian Colasso.

Todo o processo foi realizado nos laboratórios da FCA, sob a batuta do professor e coordenador da Produtora de Áudio Fernando Quesada. “Realmente eu fiquei impressionado com a vontade e o desempenho de todos. Estão de parabéns! É muito bom poder ver o estudante in-gressando no mercado de trabalho e com bom portfólio”, diz Quesada.

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www.ceunsp.edu.br

Você sabe o que há de co-mum nas campanhas publici-tárias, nos books de modelos e nos retratos dos candidatos das próximas eleições? Todos dependem de imagens trata-das por um poderoso aplica-tivo, líder absoluto na comu-nicação visual, o Photoshop. Esse editor de imagens da empresa americana Adobe foi criado há 20 anos e mudou o modo como vemos, criamos e confiamos na comunica-ção visual. Sua nova versão, o Photoshop CS5, foi lança-do no dia 12 de abril. Nesse mesmo dia começou o maior evento sobre Photoshop na América Latina, a 7ª edição do Photoshop Conference, no Centro de Convenções Rebou-ças em São Paulo. Foram três dias de palestras que abran-giam, além do Photoshop, todo o universo da imagem. O Arauto esteve lá para confe-rir o futuro do aplicativo, seu uso no mercado e os limites da comunicação visual.

Alexandre Keese, pales-trante e organizador do en-contro, recepcionou os cerca de 600 participantes e iniciou o evento com o Keynote In-ternacional, abertura oficial que contou com a presença de Zorana Gee, gerente de pro-dutos do Photoshop. Zorana surpreendeu e se apresentou a todos em português; era a sexta vez que ela vinha ao Brasil e a segunda que parti-cipava do Keynote. Ela logo revelou as novidades da ver-são CS5, que todos ansiavam para ver. O aplicativo agora tem maior suporte para fo-tografias em High Dinamic Range (HDR). O que é HDR? Trata-se de uma técnica que envolve fotografar uma ima-gem várias vezes, com expo-sições de luz diferentes. Ao mesclar as diferentes luzes de cada fotografia cria-se uma imagem rica em detalhes tan-to nas áreas escuras como nas claras, o que seria impos-sível de conseguir em um úni-co clique. O CS5 também está mais produtivo: roda plena-mente em sistemas operacio-nais de ponta que trabalham com conjuntos de 64 bits por vez (o bit é a menor unidade de informação de um compu-tador). O aplicativo também aprimorou suas ferramentas de seleção e manipulação de imagens, inclusive imagens em três dimensões, mas o que realmente causou alvoro-ço foi o Content-Aware Fill, o

pág.08O Arauto / mai.10INFOTEC

O futuro das imagens

Por Jean Pluvinage

que poderia ser traduzido por “Preenchimento de conteú-do inteligente”. Trata-se de uma ferramenta que Alexan-dre batizou como “tira peão”: você seleciona um objeto e ao aplicar o Content-Aware ele simplesmente some, preser-vando com precisão o fundo da imagem, é como se o ob-jeto nunca tivesse existido. Toda vez que Zorana “tirava peão” um sonoro “oh” de sur-presa reverberava no auditó-rio: aquilo não podia ser real.

Aprendendo - Após a apresentação começaram os tutoriais, sempre disponíveis em palestras simultâneas aplicadas em três auditórios. Os participantes, profissio-nais vindos de todo o Brasil, buscavam atualização e agre-gar conhecimento. “Em Re-cife o mercado é difícil para cobrar e fechar com os clien-tes. Como fotógrafa e publi-citária freelancer tenho que investir bastante na carreira, pois o pessoal de fora prefe-re as agências. Mas o investi-mento vale a pena pois com um bom portfólio o cliente irá perceber a diferença.” ex-plicou Louise Vas. Situação semelhante a dos publicitá-rios Ana Pozeneto e Carlos Modesto: “No interior do Rio Grande do Sul o mercado é competitivo, pois a maioria procura as agências de Por-to Alegre. Por isso temos que nos aperfeiçoar.” A luta con-tra as grandes agências das capitais também tem outra dimensão, como enfatizou o fotógrafo e instrutor Leonar-do Luz: “Se você cobrar tanto quanto cobram nas capitais o cliente vai preferir fechar na capital. Então, no interior, eles esperam um preço me-nor, mas você vai ter que se virar mais para oferecer com a mesma qualidade.”

O mercado é competitivo e difícil? Sim, mas são obstácu-los que não interromperam o

jovem designer Fábio Sasso, fundador da Abduzeedo, blog de design extremamente po-pular por seus tutoriais (ab-duzeedo.com). Sasso, em sua palestra no evento, explicou que a criatividade, o estilo próprio e novas formas de divulgação auxiliam os pro-fissionais. Como defensor do conhecimento open source (código aberto, que não está preso a direitos autorais) Sas-so divulga suas técnicas de Photoshop no blog e permi-te o download dos arquivos originais de seus trabalhos: “Você pode vencer a concor-rência ensinando mais do que eles”. De fato, a fama do blog cresceu tanto que os próprios membros da Adobe se torna-ram fãs de seu trabalho.

Outro aspecto importante para o profissional é bom gos-to e bom-senso, que ainda não saíram como ferramentas no Photoshop. O aplicativo faz o que você pedir, ele não vai julgar se o trabalho está bo-nito ou feio. O fotógrafo José Fujocka, em palestra sobre o uso do Photoshop na Moda, alertou para um caso extre-mo, o excesso da “pele de bo-neca”: imagens que foram re-tocadas a ponto de sumirem todas as marcas pessoais dos modelos. “Isso continua nas imagens de celebridades, mas agora na área de publicidade e moda há mais moderação. Estão valorizando mais as marcas pessoais, as pintas, o natural. Isso não significa que não há retoque, mas está mais contido”, explica.

Produtividade, conheci-mento, criatividade e bom gosto. Tudo isso ajuda, mas falta uma organização de classe, os photoshopeiros não podem viver isolados, vivendo cada um por si. Ale-xandre e convidados aborda-ram o assunto no primeiro Business Meeting do evento, palestra onde as técnicas de

Photoshop deram lugar a um debate sobre as necessidades de valorizar a profissão e sa-ber cobrar seu preço. O en-contro terminou com a pro-posta de criação de um grupo para discutir o tema e divul-gar seus trabalhos no mer-cado. Glauber Jatobá e André Hylling animaram-se com a proposta: “Há 4 anos, no Ser-gipe, o dono de uma agência fazia tudo. Agora, viram que precisam de um escritório só para a edição de imagens. Continuamos conscientizan-do o empresário disso. E tam-bém é a hora do apertador de botão se profissionalizar, pois ao fazer trabalhos por preços risíveis ele quebra o bom profissional. Conscien-tizando tanto o empresário como os ‘micreiros’ você va-loriza o mercado com trans-parência, abre o jogo.”

Futuro - Mas além das novas tecnologias, das técni-cas, do avanço do mercado, qual será o futuro da própria imagem? Nunca mais con-fiaremos em uma foto? Tudo que vemos será manipulado? A Madonna realmente tem aquele corpão? Fujocka no-vamente nos relembra que o editor de imagens é apenas uma ferramenta, e que toda criação envolve subjetivida-de. “O Photoshop pode ser comparado ao jornalismo, ele pode ser tanto isento como tendencioso”. Aliás, para quem pensa que a fotogra-fia nua e crua é a verdade: no momento que escolhemos um foco, um enquadramento, já estamos escolhendo nossa “verdade”. O filósofo francês Jean Baudrillard dizia que o real foi substituído pelo seu mapa. Agora, no mundo do Photoshop, das fotografias HDR, TVs de alta definição e imagens 3D viveremos em um mapa ainda mais belo e detalhado que o real. Sejam bem-vindos ao mundo do su-per-realismo.

O Photoshop Confe-rence foi elaborado por Sandra Keese, coorde-nadora de eventos da empresa AP&S, como trabalho para a sua pós-graduação em Even-tos. Sandra é também professora do curso de Eventos do CEUNSP e fez um convite pratica-mente irrecusável para os alunos da Faculdade de Comunicação e Ar-tes: a oportunidade de auxiliar na organização dos três dias da confe-rência. Ao todo, parti-ciparam sete alunos de Eventos e um aluno de Publicidade e Propa-ganda. Caso de Douglas Alexandre Silva, do 3º semestre de Eventos: “Gosto de eventos cul-turais e a participação também é importante como experiência de es-tágio. É o maior evento que já participei!” Sua colega Tassilena Apa-recida de Godoy reve-la que aprendeu novas técnicas com o aplica-tivo, e destaca os de-safios de uma grande conferência: “A parte de secretaria e logística é muito importante em um evento deste porte. Precisamos ter o co-nhecimento do conteú-do, horários e locais das palestras para informar com precisão aos par-ticipantes, até mesmo por causa das palestras simultâneas. Sem falar que é necessário conhe-cer pessoas da área, fa-zer o seu networking.”

Estudantes do CEUNSP no Photoshop Conference

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FIFA x IDH: qual ranking mais importante?Em 11 de junho começa

mais uma Copa do Mundo de futebol, um daqueles mo-mentos em que empresas investem/lucram no verde-amarelo, brasileiros se trans-formam no povo mais pa-triota do mundo e o esporte ganha contornos de aconteci-mento prioritário.

As nações envolvidas com a fase final da Copa, que será disputada pela primeira vez no continente africano, na África do Sul, costumam le-var o que há de melhor no seu arsenal de jogadores - a não ser que teu país tenha um técnico teimoso e pou-co humorado a ponto de não querer saber dos que estão jogando bola melhor no mo-mento (mas essa é outra his-tória)...

Isso posto, vamos em bus-ca das perguntas que não querem calar nessa época: “Que resultados você vai co-locar no bolão?” Ou, mais es-pecificamente, “Quem é que vai ganhar a Copa?”. De cara percebemos que uma guerra sem tiros acontece. Temos uma lista e dela elegemos nosso favorito. Para muitos brasileiros a própria seleção é a eterna favorita. Para ou-tros, mais estudiosos do “lu-dopédio” (derivativo grego do que já quiseram chamar de futebol), começam a ana-lisar campanhas e configu-rações para achar o provável levantador da taça no final da jornada.

Na bola - Uma das táticas que ajuda na elaboração des-sa teoria é o não muito ava-lizado “ranking da Fifa” (Fifa, para os improváveis terrá-queos que não sabem do que se trata: Federação Interna-cional de Futebol Associado, entidade dona/organizadora da Copa). Pois olha a lista ai (só os dez primeiros e dois

adversários do Brasil para não não confundir muito.

Na vida - Pois esta coluna pretende falar de outra questão mais importan-te do que o futebol (e olha que o autor deste texto ama o tal, elegendo a ativi-dade como uma das 10 melhores coi-sas da vida...). Pretende falar sobre de outro apontamento, o Índice de Desen-volvimento Humano - IDH. Em minha opinião, mais completo do que o índice dos maiores fazedores de PIB (Produto Interno Bruto – quantidade de riqueza que um país consegue produzir num ano), o IDH – feito pelo Pnud (Progra-ma das Nações Unidas para o Desenvol-vimento) - mede os países em relação a condição de vida, o social, como gos-tam de dizer os políticos (que pouco fa-zem para efetivamente melhorar isso, mas isso também é outra história).

Segundo os entendidos de futebol, Espanha, Inglaterra, Brasil seriam fa-voritos ao título da bola. É claro que não podemos nos surpreender se Ale-manha, Argentina, Itália, França, Ho-landa forem bem. São tradicionais forças da competição. E até podemos dizer que Portugal, Costa do Marfim (ambos no grupo do Brasil), México e outros podem surpreender. Mas, para mim, é importante outra competi-ção. A que indica em quais desses países se vive uma vida mais digna.

Vamos lá: A Austrália seria a cam-peão, pois possui a segunda posição entre os países com melhor IDH. A primeira colocada, a Noruega, não vai participar dessa Copa. A Holanda seria vice-campeã, com a sexta posição no IDH. Seguem-se França (8º na IDH), Su-íça (9º), Japão (10 º), EUA (13 º), Espa-nha (15º), Itália (18º), Reino Unido/In-glaterra (21º), Alemanha (22º) e para não ficarmos enchendo esta página de números ordinais, resumiremos e apontaremos apenas alguns favoritos, que cairiam tabela abaixo: Portugal em 34º, Argentina em 49º, e o Brasil em 75º. Isso sem citar os também latinos Chile em 44º e o Uruguai em 50º.

E “na lanterninha” (quem gosta de futebol sabe que a gíria é aplicada aos últimos colocados na classificação): Honduras em 112º, a anfitriã África do Sul em 129º, Gana em 152º, Nigéria em 158º, Costa do Marfim em 163º.

Está ai. É uma delícia acompanhar os duelos futebolísticos pela televisão. Mas não podemos esquecer da impor-tância relativa de um jogo. Temos com-promissos mais importantes do que se classificar para as oitavas-de-final. Quer um exemplo? A que poucos per-cebem hoje, mas que já está nas “elimi-natórias” e que terá uma partida im-portantíssima dia 3 de outubro. Talvez isso peça até outro bolão. Vote bem!

1Brasil1.611 pontos

2Espanha1.565

3Portugal1.249

4Holanda1.221

5Itália1.184

RANKING DA FIFA

6Alemanha1.107

7Argentina1.084

8Inglaterra1.068

9Croácia1.052

10França1.044

O QUE VEM POR AI pág.09O Arauto / mai.10

Fonte: Fifa, em 28 de abril/2010.

Por Pedro Courbassier

Tabela

COPA 2010!

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Page 10: O Arauto 15

Olhos digitais

Osvaldo Giroldo Júnior é mais conhecido como Juninho ou Juninho Paulista. Defendeu equipes como Ituano, São Paulo, Middlesbrou-gh, Atlético de Madri, Vasco e Palmeiras e fez parte da seleção brasileira que conquistou o pentacampeonato mundial em 2002, a Copa disputada na Coréia do Sul e Japão. E foi exa-tamente para falar sobre “como é defender seu país numa Copa do Mundo” que Juninho rece-beu a reportagem de O Arauto, em Itu, cidade onde trabalha atualmente, como presidente do Ituano Futebol Clube.

Ele contou a experiência de jogar a maior competição de futebol do mundo, que, ao lado das Olimpíadas, é o evento mais assistido pela TV no planeta. Para o ex-jogador, “o ambiente que envolve a Copa não existe em lugar algum”.

Tamanha pressão – bilhões de olhos sobre você; a necessidade de ganhar para não decep-cionar seu povo... – não pode influenciar um atleta profissional. Pelo menos na opinião de Juninho: “A euforia passa após cinco minutos do início da partida. A partir daí encaramos como um jogo normal.” Será? Parece que sim – e não apenas sobre a partida de futebol em si: “Quando você está lá dentro você não tem no-ção do que a Copa do Mundo está envolvendo.” Deve ser por isso que muitos técnicos pedem para a Confederação gravar depoimentos de familiares e amigos dos jogadores lembrando que todo o país está na expectativa de um bom resultado na competição.

E Juninho poderia ter participado de ou-tra Copa. Em 1998 era presença praticamen-te garantida na seleção de Zagallo, que foi vi-ce-campeã - perdeu a final para a França, os anfitriões. Juninho fraturou o osso da perna, faltando apenas quatro meses para o início da competição. Resultado de uma violenta entra-da do lateral espanhol Míchel Salgado. Juninho então jogava no Atlético de Madri.

E agora? - Juninho falou também sobre a expectativa para a próxima Copa, a da África do Sul, que começa dia 11 de junho. Desta vez será apenas mais um torcedor comum. E para esse Osvaldo, nenhuma novidade. “O Brasil é sempre um dos favoritos, não há dúvidas”, diz. Juninho ainda observa um diferencial brasilei-ro para a Copa da África em relação à 2006, a da Alemanha: “A perspectiva é muito melhor, já que parece haver mais concentração e foco da seleção comandada pelo técnico Dunga e pelo auxiliar Jorginho.”

Juninho:ele participou de uma Copa

Por Márcio Luiz Fonseca

Elas estão por toda a parte e capturam cenas que ninguém vê. De diferentes ângu-los, distâncias e focos transformam a trans-missão dos jogos em um verdadeiro show de imagens. Mostram o passe, o drible, a jogada ensaiada, o gol... Mas também a falta, a jogada violenta, a agressão, a expulsão. Entretanto, ultimamente, as câmeras têm desempenha-do um papel bem maior do que apenas cap-turar e transmitir as imagens das partidas. Facilmente este assunto renderia um bom tempo de bate-pato em uma roda de amigos que conversam sobre futebol. O tema gira em torno das punições impostas aos jogadores pelos tribunais esportivos que tomam como base para a denúncia as imagens da respec-tiva atitude.

Na Copa de 1994, nos Estados Unidos, em jogo válido pelas quartas-de-final, o lateral da seleção italiana, Mauro Tassotti, deu uma co-tovelada no atacante espanhol Luis Enrique e não foi punido pelo árbitro húngaro Sandor Puhl ( o que apitou a final Brasil x Itália), que nada viu. Porém, posteriormente, a Fifa utili-zou as imagens da agressão para punir o ita-liano, que recebeu pena de oito jogos interna-cionais e, consequentemente, não participou da semifinal contra a Bulgária e da final con-tra o Brasil. Desde então, tribunais esporti-vos do mundo todo passaram a aderir a este novo método que, por sinal, aqui no Brasil, teve uma ascensão nos últimos tempos.

Em alguns casos, lances que passam des-percebidos aos olhos do árbitro e auxiliares ou aqueles que são percebidos e punidos, tem se estendido para fora das quatro linhas. Se você acompanha diariamente futebol, vai

ser difícil lembrar de uma rodada do Cam-peonato Brasileiro de 2009 em que nenhum jogador esteve envolvido em algum lance que despertou a atenção de procuradores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), os quais, por sua vez, requereram as imagens para tentar punir o jogador.

Fica claro como em nenhuma partida a interpretação dos árbitros é a “última pala-vra”. Tentar coibir a violência e a antiespor-tividade são algumas das grandes bandeiras dos tribunais. Punir para dar o exemplo e as-sim despertar nos jogadores uma consciên-cia esportiva honesta e leal. Teoricamente, é um recurso a ser enaltecido, não fosse pelas diversas contradições que se dão nas inter-pretações e punições efetuadas pelos tribu-nais. Na prática, por vezes, pune-se o jogador que não foi maldoso e absolve-se o que pra-ticou explicitamente um ato violento ou, en-tão, jogadores acusados que, em comum, são julgados por lances bem parecidos, acabam tendo diferentes veredictos.

A intromissão da tecnologia nos espor-tes tem alterado suas regras e gerado novas discussões de até onde elas são realmente positivas e necessárias. Mas, talvez, o pro-blema não esteja na tecnologia em si e sim nos homens de terno e gravata que tomam as decisões e na prática não entendem nada sobre esportes.

Este mês, com partidas importantes da Libertadores, Copa do Brasil; em junho, com a Copa do Mundo, emoções a vista dentro de campo. Fora dele, promessa de contradições, lambanças e discussões.

Por Samuel Peressim

pág.10O Arauto / mai.10O QUE VEM POR AI

acompanham a bola...

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GRUPO B

GRUPO C

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No dia 6 de abril estreou “Às Terças”, projeto que tem o objetivo de mos-trar às pessoas um pouco sobre os cursos oferecidos pela Faculdade de Co-municação e Artes. Todas às terças-feiras, após o intervalo (ou seja, às 21h), a comunidade acadêmica recebe profissionais que mostram, com workshops e palestras, o mercado de trabalho. Os temas relacionados à Comunicação e Arte são mesclados com peças teatrais, apresentações musicais e saraus. O evento é organizado pelos estudantes. E melhor: É aberto à população, com entrada grátis. Quem não for estudante do CEUNSP terá de se ca-dastrar com antecedência pelo e-mail [email protected] para poder ter acesso à faculdade.

Também no dia 6, houve a reestreia do Cineclube CEUNSP, projeto rea-lizado desde 2009. Os alunos e interessados por Cinma têm acesso à obras cinematográficas alternativas, além de ter contato com diretores e produ-tores brasileiros. Os filmes do cineclube também são exibidos todas às terças-feiras, a partir das 19h, no salão de multimeios do bloco K, no campus V (Salto). Esse ano a programação vai priorizar filmes estrangeiros e animações (desenhos animados).

O primeiro “Às Terças” reuniu estudantes de Comunicação para a pales-tra “Assessoria de Imprensa: um mercado a explorar”, com Nathana Lacer-da. Ela falou sobre oportunidades no mercado de trabalho no interior pau-lista. Jornalista, Nathana atua como coordenadora de Jornalismo da revista Suplementação. Antes, no Cineclube, foi apresentada a história do Núcleo de Cinema de Campinas, comandado pelos diretores Wilson Lazaretti e Mau-rício Squarisi, especialistas em animação, que mostraram como produzir e filmar esse estilo, que agrada pessoas de todas as idades.

Mulheres e animação - No dia 13, o tema do debate foi “Nova: 30 anos da mulher de 30”, com a professora e coordenadora da FCA, Maria Paula Piotto (foto). Ela comentou sobre os 32 anos da revista Nova, uma das primeiras publicações destinadas ao público feminino. Analisou a presença feminina cada vez mais erotizada nesse tipo de publicação. Já o Cineclube voltou ao mundo da animação, com a projeção de Mundo Canibal. A animação, muito acessada na internet, surgiu da união do trabalho dos irmãos Piologo e Ro-gério Vilela, diretores da “Fábrica de Quadrinhos”. Os dois ganharam muitos prêmios por suas produções e aproveitaram para lucrar com o licenciamen-to de produtos, como cadernos e chicletes, com os personagens que criam.

Os estudantes da FCA vão estrear em atividade até então inédita: par-ticipar de encontros acadêmicos. E a primeira participação será especial, pois três trabalhos universitários foram selecionados _ entre dezenas de quatro estados - para participar da etapa regional da Expocom, evento pa-ralelo a Intercom Sudeste, que este ano será na Universidade Federal do Espírito Santo, entre os dias 13 e 15 de maio. Dois trabalhos escolhidos fo-ram criados pelos estudantes de Rádio e TV: o podcast “Papo Profissional” (7º de RTV) e a vinheta para o programa televisivo “Mix Total” (trabalho desenvolvido na AECA - Agência Experimental da FCA). O terceiro trabalho selecionado para a mostra é o que está em suas mãos: o jornal O Arauto.

A Intercom é uma associação renomada, dedicada à pesquisa em Comu-nicação. Organiza exposições e debates de produções de estudantes de gra-duação, em duas chamadas: Uma é a Intercom Júnior, para apresentação de trabalhos de iniciação científica, relatos de pesquisas e trabalhos de cam-po. A outra é a Expocom, exposição de trabalhos realizados em oficinas e laboratórios universitários.

Feliz com a conquista - A professora Renata Becate, que inscreveu os trabalhos dos estudantes de Rádio e TV, estava feliz ao saber dos resulta-dos: “Seremos pioneiros! E a cada ano espero que mais e mais alunos ins-crevam seus trabalhos! Muitos não dão valor à produção vinda do interior, mas vamos mostrar que estamos par-a-par com as melhores faculdades de toda a região sudeste!”

Agora os trabalhos inscritos serão apresentados em público pelos es-tudantes-líderes e avaliados, com outros trabalhos universitários de sua categoria, pelos júri da Intercom. O trabalho que vencer a etapa regional poderá participar da etapa nacional, marcada para o 23º Congresso Brasi-leiro de Ciências da Comunicação, em setembro, na Universidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. (Jean Pluvinage)

Trabalhos estudantis concorrem na Expocom Sudeste, em Vitória

O repórter-fotográfico, técnico do Laboratório de Fotografia da FCA e graduando em Fotografia pela mesma faculdade Carlos Oli-veira, o Carlão, foi vencedor de uma promoção realizada pelo site Meio Bit Fotografia. O tema do concurso era “Um olhar sobre minha cidade”. A fotografia tirada por Carlão flagra carregadores do Mer-cado Municipal paulistano, com o conhecido prédio “Trem-treme” ao fundo. O prêmio: todas as despesas pagas para participar do congresso The Graduation, com três dias de duração, em São Paulo.

Carlão usou uma máquina Nikon D300, com uma lente 18-70 mm. A foto vencedora está publicada ao lado.

Aos 38 anos, Carlos Oliveira já fotografou para veículos como Folha de SP, A Gazeta Esportiva, Jornal Cruzeiro do Sul e Bom Dia. Acompanhou profissionalmente importantes eventos, como o Tor-neio Mundial Interclubes (2000), os Jogos Panamericanos de Santo Domingo (em 2003), o velório de Ayrton Senna (1994) e a visita do Papa João Paulo II ao Brasil. (Daniele Barbosa)

Foto de estudante venceconcurso sobre São Paulo

ACONTECE NA FCA

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Por falar em sucesso, foi muito aplaudida a apresentação, no dia 20, de Alê Abreu, outro que trabalha com animação. Formado em Comunicação Social, desde os 13 anos produz filmes e desenvolve trabalhos para a Publi-cidade. No mesmo dia, no auditório, ocorreu um workshop sobre “Empre-endedorismo na comunicação”, com o publicitário Felipe Castilho. Ele deu várias dicas sobre o mercado e suas experiências.

Os encontros de abril foram encerrados no dia 27. Enquanto no Cineclu-be era exibido “Garoto Cósmico”, dirigido por Alê Abreu, no salão de multi-meios “rolou” o workshow “Música instrumental”. A temática foi origens e conceitos dos instrumentos musicais e embalou os presentes com a arte do trompetista e professor de música Eduardo Freire, acompanhado do Quar-teto “Só Brasuca”.

Maio – Gostou e quer participar? Em maio, o “Às Terças” vai ter novida-des. No cineclube muitas produções de professores e estudantes da FCA. A professora Lilian Santiago mostra seus curtas ‘Graffite’ e ‘Balé de Pé no Chão’. Outro professor, Murilo Santos, mostra e debate, com o diretor Márcio Brown, o documentário que ajudou a filmar e produzir: ‘Hip Hop em Movimento’. ‘Blue Monday’ e ‘Despertar’, dos alunos do 7º semestre de Cinema também se farão presentes. Outra atração é a presença do cineas-ta Ari Candido, realizador dos filmes ‘O Rito de Ismael Ivo’ e ‘O Moleque’. (Jaqueline Santos e Luana Oliveira)

“Às Terças” ajuda a esquentar noite dedicada ao Cineclube

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Beijar e gostar é só começar...P a r a c a d a t i p o d e b e i j o u m a h i s t ó r i a d i f e r e n t e

Movimenta 29 músculos da face, dos quais 17 são da língua. Tem o poder de queimar até 15 calorias em 10 segundos. Acelera os bati-mentos cardíacos como um verdadeiro exercí-cio para coração. Uma perfeita demonstração de paixão. “O beijo faz parte da comunicação, quando as pessoas estão interessadas uma nas outras. Por isso, na maioria das vezes, as re-lações começam com a descoberta da experi-ência de beijar. Como alguns jovens podem ter dificuldade de se relacionar, devemos investi-gar se é realmente uma dificuldade ou uma es-colha. Se a pessoa estiver infeliz tentamos ade-quar seu comportamento”, explica a psicóloga do Instituto Paulista de Sexualidade (Inpasex), Giovanna Lucchesi.

Basium, do latim, significa toque dos lábios. O beijo faz bem ao corpo e à alma. Não tem dia nem hora certa. Pode ser abençoado, apaixo-nado ou proibido. Tem de amigos, familiares, de bom dia, de adeus, de afeição romântica, de desejo, das juras eternas de amor e ainda o do ‘ficar’, sem grandes compromissos. No Carna-val, festas e danceterias é o grande participan-te da ‘balada’, pois é considerado uma forma de divertimento. “Entre os jovens, o beijo é uma forma de descobertas e desenvolvimento afe-

tivo e sexual. O ‘ficar’ pode ser saudável desde que cada um respeite suas vontades e saiba se cuidar para não se colocar em situações desa-gradáveis”, observa a psicóloga.

Giovanna diz também que a diversidade de gênero, etnia e orientação sexual geram diversos preconceitos e formação de estereó-tipos com características generalizadas e que muitas vezes desqualificam uma pessoa. “Isso ocorre porque o beijo é uma expressão social e cultural da forma com que cada um de atua no mundo”, salienta Giovanna.

Ele inspira as artes. Faz parte dos contos de fadas, capaz até de transformar sapo em prín-cipe. Mas um beijo ruim pode revelar, no início de um relacionamento, que muitas vezes são necessários alguns encontros - e beijos - até que o casal fique satisfeito com a “qualidade”. Já com o passar do tempo se ele não estiver bom, essa intimidade pode significar que o ca-sal esteja com problemas na relação.

Agora, um roteiro da tradicional arte de “boca com boca e...” - respeitando a não iden-tificação de alguns entrevistados que tenham relatos, digamos, pouco comuns”.

Nunca beijei - Ansiedade, expectativas e sonhos rodeiam a vontade de algumas pesso-as que ainda não beijaram. “Sempre fui mui-to tímida. Imaginei muitas vezes como seria e sempre era como num conto de fadas. Hoje só espero que seja com uma pessoa especial e que eu me sinta bem. Já me arrependi de não ter tido essa experiência com uma pessoa que gostei muito. Mas sei que não era o momento certo e isso me conforta. Tudo tem seu tempo”, revela uma estudante de Matemática, de 20 anos. É verdade: nossa entrevistada, com duas décadas vividas, nunca beijou ninguém...

O primeiro beijo - Frio na barriga, medo.

Todos os sentimentos se misturam e também a sensação de não saber o que fazer. Um instan-te único, especial e inesquecível para sempre lembrado. Ainda mais quando desse momen-to surge um romance. “No dia 4 de abril de 2004 aconteceu meu primeiro beijo, um mês e meio depois estava namorando e, em 2009, fiquei noiva, lembra a esteticista Mayumi Ju-liana Yokota, de 21 anos. “Todo dia 4 de abril comemoramos essa data especial. Celebramos nosso romance e tentamos não deixar o rela-cionamento cair na rotina”, conta.

SENSIBILIDADE

Por Beatriz Silva

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Beijar muito! - Para quem é da tur-ma que gosta de beijar “muiiitttoooo” e perde a conta, o que vale é a quanti-dade, a farra e a coleção de ósculo. “O beijo é um prazer, faz parte da minha diversão. Nos finais de semana saio de casa com a intenção de beijar muito. Às vezes acontece até uma competição entre os amigos para saber quem beija mais na mesma noite”, confessa o es-tudante de Engenharia Vagner Claudio da Silva, de 20 anos.

Saúde - Segundo especialistas, um bom beijo é altamente terapêutico, faz bem para a saúde e não engorda. É como um remédio que não tem contra-indicações. Ele age no sistema límbi-co, que é o centro das emoções, libe-ra substâncias que provocam prazer e bem estar. Pode ser ainda uma das maneiras que ajudam no combate a depressão e mau humor. “O beijo pode sim fornecer mais qualidade de vida, afinal ele significa afeto, carinho e de-sejo, importante para se sentir mais satisfeito. Caso a necessidade de bei-jar estiver comprometendo aspectos da vida social, profissional e afetiva é preciso ficar atento e iniciar um pro-cesso de psicoterapia para entender e adaptar esse comportamento”, destaca Giovanna.

Mas nem tudo é alegria. O hábito do beijo na boca visto por muitos como algo inofensivo, traz consigo o perigo da transmissão de várias doenças. Cer-ca de dois bilhões de bactérias habitam uma única gota de saliva. Além delas, um vírus, o Epstein-Barr, que causa a mononucleose infecciosa, precisa ape-nas do contato direto da mucosa com a

saliva contaminada para ser transmitido num bom beijo de língua. “Não é à toa que a mononucleose infecciosa é conhecida como a doença do beijo”, lembra a cirur-giã-dentista e estomatologista Maria Car-méli Sampaio, consultora da Associação Brasileira de Odontologia (ABO).

A doença do beijo é caracterizada por mal-estar, febre, dores de cabeça e de garganta, aumento de gânglios no pesco-ço e nas axilas, fadiga e inflamação leve e transitória do fígado (hepatite). Para evitar todos esses problemas, Carméli su-gere evitar os excessos. “Como se trata de um vírus, é importante que o indivíduo não tenha baixa resistência imunológi-ca, alimente-se e durma bem”, destaca a estomatologista. Segundo a especialista, o mesmo vale para outras doenças que podem ser transmitidas pelo beijo, como gengivite, tuberculose, hepatite, sífilis ru-béola, caxumba, sarampo, catapora, me-ningite, herpes simples e gripe, inclusive a H1N1. Há outro conselho que ninguém deve esquecer antes de beijar. “Uma hi-gienização oral frequente ajuda a evitar outros problemas, como a transmissão de cárie, que também se aproveita da troca de salivas”, completa.

O que é um bom beijo? - De arrancar suspiros, muitas vezes um bom beijo se torna inesquecível e marcante. “O melhor beijo da minha vida foi com um garoto de programa e eu não sabia. Ficamos juntos durante três meses e eu estava apaixona-da. Acabei descobrindo que ele me enga-nava: escondeu que fazia programa para ganhar dinheiro. A separação foi difícil. Contudo, hoje estou bem e não tenho mais nenhum contato com ele”, declara uma administradora de empresas.

Selinho - Rápido e acontece quando apenas os lábios se encostam. Algumas rodas de amigos costumam até se cumprimentar com esse “estalo” dos lábios, como fazem também os casais apaixonados e ignorado por muitos na hora da conquista. “Selinho não é ‘aquele’ beijo e na paquera não pega nada”, entrega a estudante de Publicidade e Propaganda do CEUNSP, Fernanda Camargo, 19 anos.

Polêmico - Atualmente alguns casais homossexuais podem ser vistos trocando carícias em público, o que acaba por não passar despercebido para muitas pessoas, gerando comentários e olhares curiosos. “Entre duas mulheres o beijo é mais carinhoso e respeitoso, é diferente. Meu primeiro beijo com uma mulher aconteceu por curiosidade quando eu tinha 12 anos, mas só há dois anos assumi minha homossexualidade”, revela uma estudante de 19 anos.

Beijo virtual - A internet aproxima, ajuda e torna possível roman-ces, encontros e ajuda a matar a saudade de alguns casais que vivem distantes. “Em uma viagem com os amigos no ano passado, conheci em uma festa meu atual namorado. Como moramos em estados diferentes e demoramos em nos ver, a internet facilitou o romance e é uma forma de estarmos sempre perto. Mandar e receber alguns beijinhos no MSN ajuda a matar as saudades, enquanto não nos vemos pessoalmente”, diz a auxiliar de administração Camila Rodrigues Gomes, 19 anos.

Ruim - Quando um beijo não é bom, muitos não gostam nem de re-lembrar esse momento. “Aconteceu na balada, eu tinha 15 anos e ficou marcado como o pior beijo da minha vida. Conhecia-o de vista, ele era bonitinho e insistente e acabei beijando. Foi horrível, ele tinha ‘bafo’, um gosto ruim na boca e ainda beijava sem língua”, dispara a assisten-te de qualidade Soraya Calonga, 23 anos.

Ficou na vontade - “Conheci uma garota no ônibus indo para o trabalho, começamos a conversar todos os dias e acabei me apaixonando por ela. Criei coragem e a convidei para sair, ela aceitou. Saímos numa sexta-feira à noite. Estava tudo indo bem, até que eu não sabia o que fazer para rolar um beijo e nada aconteceu. Na semana seguinte fui transferido do trabalho para outra cidade e não nos vimos mais, apenas conversamos algumas vezes pelo telefone e eu fiquei foi só na vontade”, conta o engenheiro químico Filipi Freitas, 27 anos.

Receita - Para quem não perde uma oportunidade de beijar, usa-se a insistência: caso receba um não logo parte para outra tentativa. “Nunca passei vontade. Todas as vezes que eu queria ficar com alguém, eu tentei”, declara Marcelo Soares, 26 anos, estudante de Jornalismo, que pondera: “Se o outro se faz de difícil, acabo perdendo o interesse e não fico insistindo. O beijo tem que acontecer naturalmente, quando as duas pessoas estão interessadas.”

Trabalho do artista plástico Rogério Fernandes tem o beijo como tema central.

Saiba mais: http://www.rogeriofernandes.com.br

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O que fazer com folhas de sulfite coloridas, carimbos de madeira e poesia? Cordel!Não tem ideia do que é isso? Então está convidado a conhecer um pouco mais sobre a

Quem não gosta de uma boa histó-ria? Quem nunca ficou parado só escu-tando alguém contar um causo emo-cionante? Isso não é tão recente, desde que o homem aprendeu a falar ele con-ta histórias. Os trovadores na Idade Média, por exemplo, encantavam no-bres e plebeus com narrativas de aven-turas, amores e tragédias. Com o sur-gimento da escrita, o registro dessas histórias tornou-se uma necessidade.

Origem - Na Espanha e em Por-tugal, no século XVI, surgiu uma for-ma diferente de fazer esses registros. Eram as “folhas soltas”, como ficaram conhecidas por lá. Penduradas em cor-das ou barbantes (daí o nome cordel) ou ainda amarradas na cintura dos ce-gos, eram vendidas em feiras. Os temas eram diversos, mas peças teatrais tam-bém podiam ser encontradas, como as de Gil Vicente, autor do Auto da Barca do Inferno.

No Brasil, o Cordel aportou na Bahia com os primeiros colonizadores e se espalhou por todo o Nordeste. Primei-ro oralmente, na forma de repente, “o precursor do cordel”, de acordo com Gonçalo Ferreira da Silva, presiden-te da Academia Brasileira de Cordel (ABLC). Apenas a partir de 1880 come-çaram a ser impressos os primeiros fo-lhetos, com a chegada da tipografia ao Brasil. Enraizado no Nordeste, desem-penhou grande função histórica, social e política. Segundo Gonçalo, “o cordel foi tudo no Nordeste, foi jornal, crítica política”, e quando questionado sobre a importância do cordel na vida do nor-destino, disse simplesmente “o cordel ensinou o Nordeste a ler.”

Para José Honório da Silva, cordelis-ta e presidente da Unicordel – União do Cordelistas de Pernambuco - o cordel no Nordeste é “uma das mais fortes

CURIOSIDADE

• Ugolino do Sabugi e seu irmão Nicandro, são considerados os precursores da poesia cantada nordestina.• O primeiro cordel impresso foi publicado na Paraíba, em 1893, por Leandro Gomes de Barros. “É o cordelista mais representativo de todos os tempos”, segundo José Honório, “foi também um verdadeiro mestre.”• Hoje cordel e xilogravura (carimbo de madeira usado na composição das capas dos livretos) estão muito ligados, mas “a literatura de cordel já caminhava há pelo menos 30 anos por todos os nove estados do Nordeste, quando a xilogravura acompanhou o cordel”, afirma Gonçalo.• A ditadura também afetou a Literatura de Cordel. Conta Gonçalo que na época, já morando no Rio de Janeiro, escreveu um folheto escarnecendo o regime militar, quando questionado se não tinha medo respondeu “Eu não tenho medo! Por que o ministro pode escrever um folheto de mim também!”• O cordel é tema de estudo também em outros países. Há centros de estudos na França - na Universidade de Portier, uma cordelteca nos Estados Unidos, e em junho será inaugurada outra em Viena, Itália. “Dispensa maiores comentários, né não?”, brinca Honório quando questionado sobre este assunto.• Historicamente os folhetos de maior circulação no Nordeste foram A História de Carlos Magno e Os Doze Pares de França.• O cordel sobre a morte de Getúlio Vargas vendeu cerca de 70 mil cópias em 48 horas.• A primeira mulher xilogravadora chamava-se Nena.• 25% (10) dos cordelista da Unicordel são mulheres.• Muitos clássicos da Literatura foram transformados em cordel no Brasil, entre ele, Alice no País da Maravilhas, Macbeht e Escrava Isaura.

LITERATURA DE CORDEL

expressões formadora da nossa iden-tidade”. Mas, segundo ele, têm-se uma visão muito romanceada a respeito do cordel. “Ele sempre incorporou di-versas funções, informativa e lúdica”, afirma, “mas necessariamente não ocupava o lugar do jornal, servia como um decodificador”, completa. Ainda se-gundo Honório, “o poeta se informava pelo rádio, jornal, depois a televisão, e agora, a internet... e partir daí elabo-rava sua versão”, traduzindo assim a linguagem formal dos meios de comu-nicação, tornando-a mais acessível à maioria das pessoas.

Multitemáticos - Os temas são va-riados. “Se abarca toda a atividade hu-mana na Literatura de Cordel”, afirma Gonçalo Ferreira. De política a religião, romances, a dura realidade do nordes-tino, o cangaço, principalmente a vida urbana, pois, segundo José Honório, “o cordel sempre esteve presente na cida-de”, diz ainda que “é errada essa ideia de que o cordel é coisa de interior, de matuto que só fala de sertão, de can-gaço, de vaqueiro”. Gonçalo por exem-plo lançou recentemente uma coleção de doze volumes intitulada Ciência em Verso, que, visando o público infanto-juvenil, falam sobre Astronomia, Filo-sofia, Matemática, entre outros temas.

Márcia de Abreu, no artigo Então se forma a história bonita – Relações entre folhetos de cordel e literatura erudita, afirma que o sucesso da Li-teratura de Cordel se dá exatamente pelo fato de “apresentarem as notícias interpretadas segundo os valores com-partilhados pelo público.” Além disso, o que torna o cordel mais acessível é o seu valor, tornando-o bastante popu-lar. “Paguei cerca de R$ 2,00 o exem-plar”, conta Sandra Ribeiro que voltou recentemente de Salvador: “Trouxe um monte deles.”

ESCREVENDO CORDEL

Qualquer um pode se aventurar e escrever um cordel. Mas atenção: a métrica é muito importante. Métrica é a unidade que se utiliza para contar as sílabas de um verso. Falando assim parece difícil, mas não é tanto. Primeiramente lembre-se que na métrica conta-se apenas até a última sílaba tônica do verso, é a chamada sílaba poética. No cordel a métrica é imprescindível, “um cordel desmetrificado é como uma músi-ca desafinada”, afirma José Honório, que emenda: “Tem que passar pelo teste do ouvido.”

Há vários estilos para compor os versos, um deles, não muito usa-do atualmente, é o martelo agalopado. Ele é composto por dez estrofes, com dez sílabas cada verso, com “com tônicas obrigatórias na 3ª, na 6ª e na 10ª sílaba”, ensina Honório. Hoje predominam os versos de sete e de dez sílabas. “Quanto às estrofes, predominam as sextilhas (seis versos), as setilhas (sete versos) e as décimas (dez versos)”, conclui José Honório.

CONTRACULTURA

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Por Gisele Gutierrez

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Nicolau Sevcenko: A versão brasileira de Lewis

Apaixonado pela obra-prima de Lewis Carroll o historiador e professor da USP e da Universidade de Harvard, Nicolau Sevcenko, foi o tradutor da obra mais famosa do au-tor (Alice no País das Maravilhas). Mostra que conhece todos detalhes entre as páginas e o desenrolar dos passos Alice como ninguém, traduzindo a história na íntegra. Sobre a obra, ele diz ser “a melhor lição de ética, de irreverência e de inconformismo, tanto para crianças quanto para adultos.” Sevcenko manteve a linguagem nonsense (sem sen-tido, absurda) do livro que, ajudada pelas ilustrações de Luiz Zerbini, tornou-se uma das mais fiéis versões sobre a curiosa menina.

Da Matemática às crianças: Lewis Carroll era pedófilo?

Charles Lutwidge Dodgson - ou, como ele é mundialmente conhecido, Lewis Car-roll - era professor de Matemática. Conseguiu tempo também para escrever para o público infantil. Certo dia, andando pela margem do rio Tâmisa, em Londres, conheceu uma menina de nome Alice Pleasance Liddell. Ela tinha 10 anos e duas irmãs (Lorina Charlotte, Edith Mary). Essa menina se tornou sua musa inspiradora, a protagonista da história mais conhecida. Esse “gosto” o fez passar pela visão do tempo como tendo características bem esquisitas. Ele era próximo de crianças, gostava de desenhar me-ninas seminuas. Uma de suas frases faz deixar um ponto de interrogação em nossas cabeças: “Eu gosto de crianças.” Um escritor excêntrico para uma história excêntrica.

Opiniões

Surrealismo e realidade parecem estar na mes-ma história. O Arauto, para não perder esse bon-de, entra na toca do coelho, à procura de opiniões de seus leitores. A estudante do 1º semestre de Jor-nalismo e professora de História Gisele Gutierrez acha que Lewis pode ter explorado vários pontos de vistas para fazer Alice: “O livro pode ser consi-derado uma crítica politica à Inglaterra conserva-dora e autoritária do século XIX. Mas Alice é muito ambíguo. São possíveis várias interpretações, por isso o livro é tão fantástico. Se pararmos para pen-sar, podemos também ver que tratar-se da entrada na adolescência, na qual todas as mudanças pare-cem grandes demais. É um mundo desconhecido aos que entram nessa fase, são sensações diferen-tes inexplicáveis.”

Já a aluna de Relações Públicas Claudia Correa pensa de uma forma mais sonhadora sobre a pro-tagonista da história: “Gostei do filme. Alice se re-fugia em um mundo mágico que conheceu quando era criança e agora volta para fugir do casamento. Acho Alice uma sonhadora.”

Gabriel Alvez, do 3º semestre de Jornalismo, vê tudo de forma mais lisérgica: “Acho que com ela aprendemos a aceitar melhor as diferenças alheias. E que, no fundo, todos somos meio loucos.”

Lewis Carrol pode ser considerado a frente de sua época não apenas pela sua escrita, como ob-serva o professor de Fotografia e Cinema da FCA, Felipe Salles: “Alice é uma obra visionária, anteci-pa as grandes descobertas do século XX, como a interpretação dos sonhos de Freud e a relativida-de no tempo de Einstein.”

Seja no meio de jardins, com cogumelos que fa-zem você crescer ou encolher, conversando com lagartas fumantes ou tentando não ter sua cabe-ça cortada pela rainha, Alice não é uma carta fora do baralho de nossa sociedade. Desde 1865 até os dias de hoje ela sobrevive sem envelhecer em um país chamado imaginação.

Quem é essa tal de Alicee em qual país ela foi mesmo?Por Thales Puglia

Bizarra ou psicodélica. Pode-se definir assim a história da jovem menina Alice, que - depois de seguir o coelho branco que falava, usava paletó e tinha um relógio - entra na toca dele, se perdendo em uma viagem muito louca. Tim Burton, o diretor que filmou um dos filmes mais assistidos deste momento, investe num visual - figu-rino e maquiagem - bem diferente, com cenário colorido e surreal. Uma caracterís-tica Burton. Mas também uma característica da história, que é sobre o que mesmo?

Visão cinematográfica - Um dos melhores cineastas para temas sombrios (ou pelo menos bizarros), Tim Burton dirigiu Edward Mãos de Tesoura (esse explica a palavra bizarro, mas ainda sim é um belo filme), A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, A Noiva Ca-dáver, Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, entre outros. É até curioso que um cara com esse currículo vá atrás de uma história infantil (bom, pelo andar da carruagem, sabemos que ela não é tão inocente assim) e aposte nessa histórias cheias de metáforas, com seu talismã e fiel escudeiro Johnny Deep (que faz o Chapeleiro Malu-co) e Helena Bonham Carter (Rainha Vermelha), mulher de Burton na vida real.

Com uma proposta diferente, Burton não apenas faz uma adaptação do livro, usa também a continuação do livro Alice Através do Espelho (também escrita por Lewis Carroll), sem contar com uma licença poética, pois na versão original Alice tem 10 anos e no longa a jovem tem 19 e está prestes a casar. O cineasta justifica dizendo “Alice está na idade de transição entre criança e adulto, quando se modifica como pessoa. Gostei disso.” O filme tem como foco mostrar a protagonista voltando para o País das Maravi-lhas. O engraçado é que, quando ela foi pela primeira vez, era pequena e não se lembra (Por que será? Excesso de cogumelos? Vai saber...).

No País da Psicodelia - Difícil negar as evidências entre o mundo colorido de Alice

e as cores vibrantes e lisérgicas da psicodelia dos anos 60. Como quando o Gato Inglês fala para nossa inocente menininha “Ah, mas não adianta você querer ou não. Nós so-mos todos loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca.” Parece combustível para montar esse quebra cabeça que liga dois tempos tão distintos. John Lennon - que, todos deve-riam saber, era vocalista, compositor e guitarrista dos Beatles - era fã incondicional de Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas. Para homenagear o escritor fez a música I am the Walrus, que recebeu esse título por causa da história da morsa e do carpinteiro que promovem um dialogo com os gêmeos Tweediedee e Tweediedum no capítulo 4 do livro Alice Através do Espelho.

A banda americana Jefferson Airplane, famosa nos anos psicodélicos, compôs White Rabbit (Coelho Branco), que compara a droga daquele momento, o LSD (aliás, vale a pena escutar a Lucy in the Sky with Diamonds, dos Beatles: fala de uma menina em um mundo surreal...), aos cogumelos que Alice mastigava para crescer (ou ficar “alta”, na gíria de quem se droga) ou diminuir de tamanho.

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