nÍveis crescentes de proteÍna bruta na dieta ......leucograma, contagem diferencial de...

53
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA DA TARTARUGA-DA-AMAZÔNIA: aspectos nutricionais e de saúde Carina da Costa Oliveira Orientador: Prof. Dr. Marcos Barcellos Café GOIÂNIA 2012

Upload: others

Post on 23-Dec-2020

7 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA DA

TARTARUGA-DA-AMAZÔNIA: aspectos nutricionais e de saúde

Carina da Costa Oliveira

Orientador: Prof. Dr. Marcos Barcellos Café

GOIÂNIA 2012

Page 2: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

ii

Page 3: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

iii

CARINA DA COSTA OLIVEIRA

NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA DA

TARTARUGA-DA-AMAZÔNIA: aspectos nutricionais e de saúde

Dissertação apresentada ao programa

de Pós-Graduação em Ciência Animal

como requisito para obtenção de grau

de Mestre junto à Escola de Veterinária

e Zootecnia da Universidade Federal de

Goiás.

Área de concentração: Produção Animal

Orientador:

Prof. Dr. Marcos Barcellos Café – UFG

Comitê de Orientação:

Profa. Dra. Luciana Batalha de Miranda Araújo – UFG

Prof. Dr. José Henrique Stringhini– UFG

GOIÂNIA 2012

Page 4: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

iv

Page 5: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

v

Page 6: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

vi

A Deus pelo seu infinito amor.

Aos meus pais Nara e Ubaldo (in memoriam).

Page 7: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

vii

AGRADECIMENTOS

Inicialmente a DEUS pela realização deste trabalho e pela

oportunidade de crescimento profissional e pessoal, pois grandes foram as

dificuldades e Ele me amparando nos momentos difíceis, me dando força

interior para romper as barreiras sendo o meu melhor orientador.

Ao meu amado esposo Marcos Rodrigues por todo amor, paciência

e auxílio, não medindo esforços em me apoiar em todas as fases desta

pesquisa. Ao meu querido filho Arthur Oliveira pelo carinho e disposição, até

mesmo nos dias em que foi preciso estar na Universidade comigo. A minha

preciosa irmã Andréa Oliveira pelo carinho, amor e compreensão. A toda a

minha família pelo apoio e incentivo.

A equipe de amigos e estagiários que fizeram parte deste trabalho

Elizama Rodrigues (Liz), Thaynara Tatielly, Paula Lima, Renato Clini e Karol.

Oliveira. Aos funcionários e estagiários do Setor de Piscicultura pelo suporte

para a realização deste trabalho. Aos novos amigos Monaliza Sena, Pedro

Felipe, Andrea Carvalho, Janaína Santos, Renato Cézar, Marcela Luzia,

Fabíola Alves e Danilo Rezende pela ajuda e disponibilidade. Aos técnicos de

laboratório Antônio Souza, Carlos Eduardo, Éder de Sousa e Hélton Oliveira

pelo suporte e paciência nas análises laboratoriais realizadas neste trabalho.

A minha co-orientadora Luciana Batalha pela sua dedicação e

paciência na execução deste trabalho, mas principalmente por me ensinar a

encarar desafios com coragem e otimismo. Aos meus orientadores Marcos

Café e José Henrique pelo apoio na concretização deste trabalho. Ao professor

Emanuel Arnhold pela paciência e auxílio na fase das análises estatística dos

dados experimentais, a Professora Fernanda Gomes pelo apoio estrutural

durante a execução do trabalho e a Professora Heloísa Mello pela ajuda nas

análises bromatológicas e digestibilidade.

À empresa GUABI pela doação dos ingredientes. À COMFIBRA pelo

fornecimento do farelo de algodão. Ao Sr. Thomaz, da DIACEL, pela

concessão do Celite®. À empresa LABORCLIN, pela doação dos corantes

utilizados nos procedimentos hematológicos.

Ao CNPq pelo apoio financeiro.

À UFG, PPGCA e a todos os professores pelos ensinamentos e

oportunidade.

Page 8: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

viii

“O Senhor é a minha rocha, a minha

cidadela, o meu libertador; o meu

Deus, o meu rochedo em que me

refugio; o meu escudo, a força da

minha salvação, o meu baluarte e o

meu refúgio”.

2 Samuel 22:2-3

Page 9: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

ix

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1

2 OBJETIVOS ............................................................................................. 3

3 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................... 3

3.1 A tartaruga-da-amazônia ......................................................................... 3

3.2 Aspectos nutricionais da tartaruga-da-amazônia ..................................... 6

3.3 Parâmetros sanguíneos e histológicos .................................................... 9

3.3.1 Hemograma e bioquímica ........................................................................ 9

3.3.2 Avaliação histológica do fígado e do rim................................................ 14

4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 16

4.1 Local e período experimental ................................................................. 16

4.2 Animais e instalações ............................................................................ 16

4.3 Delineamento experimental ................................................................... 16

4.4 Rações experimentais ........................................................................... 19

4.5 Parâmetros avaliados ............................................................................ 20

4.5.1 Hemograma ............................................ ...........................................20

4.5.2 Perfil bioquímico .................................................................................... 22

4.5.3 Avaliação histológica do fígado e rim.................................................... 22

4.6 Análise bromatológicas e digestibilidade ............................................... 23

4.7 Análise estatística .................................................................................. 24

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 25

6 CONCLUSÃO ........................................................................................ 32

7 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 33

Page 10: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapa de distribuição da Podocnemis expansa nas bacias

Amazônicas (linha amarela) e Orinoco (linha

vermelha)..............................................................................

4

Figura 2 Recinto de alojamento das caixas plásticas de

manutenção dos exemplares de Podocnemis expansa no

Setor de Piscicultura da EVZ/UFG.......................................

17

Figura 3 Procedimento de biometria por fita métrica de exemplar de

Podocnemis expansa...........................................................

19

Figura 4 Fotomicrografias do tecido renal de Podocnemis expansa. 31

Page 11: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Composição percentual calculada das rações

experimentais para a Podocnemis. expansa na matéria

natural...................................................................................

20

Tabela 2 Composição química das rações experimentais para a

Podocnemis expansa expressos na matéria

seca......................................................................................

25

Tabela 3 Valores médios das variáveis de desempenho produtivo

da Podocnemis. expansa alimentadas com rações de

diferentes níveis de proteína bruta.......................................

26

Tabela 4 Valores médios do hemograma da Podocnemis. expansa

alimentadas com rações contendo diferentes teores de

proteína bruta.......................................................................

28

Tabela 5 Valores médios da contagem diferencial da Podocnemis.

expansa alimentadas com rações de diferentes teores de

proteína bruta.......................................................................

29

Tabela 6 Valores das dosagens de bioquímicas séricas da

Podocnemis. expansa alimentadas com rações de

diferentes teores de proteína bruta......................................

31

Page 12: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

xii

RESUMO

Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o desempenho, digestibilidade e parâmetros sanguíneos e histológicos de exemplares adultos da tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa) alimentadas com rações de diferentes níveis de proteína bruta, mantidos em cativeiro, no período de Outubro a Novembro de 2011. Foram utilizados 40 animais distribuídos em cinco tratamentos (T1 20%PB, T2 25%PB, T3 30%PB, T4 35%PB e tratamento controle contendo ração de peixes com 32%PB), quatro repetições e dois animais por unidade experimental em sistema de blocos casualizados. Foram analisados o ganho de peso, biometria, consumo de ração (CR), conversão alimentar aparente (CAA), eficiência alimentar (EA), coeficiente de digestibilidade aparente (CDA), contagem de eritrócitos, hematócrito, hemoglobina, volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular media (CHCM), leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica do fígado e do rim. Não houve diferença significativa com relação ao ganho de peso, biometria, CAA e EA, porém para consumo de ração houve diferença significativa com o T2 superior aos demais. O coeficiente de digestibilidade da proteína apresentou diferenças estatísticas entre os tratamentos, apresentando superiores para o T2 com 80,06%, T3 82,18% e T4 com 79,71%. Os parâmetros sanguíneos avaliados não apresentaram diferenças estatísticas excetuando a dosagem de Hb que foi superior no T3. Nas avaliações histológicas do fígado não foram encontradas alterações, porém os fragmentos renais demonstraram presença de maior quantidade de infiltrado linfocitário em animais do grupo controle, quando comparado com os outros tratamentos. Os resultados indicam que o melhor nível de proteína bruta para exemplares adultos de Podocnemis expansa se situa entre 25 a 30% .

Palavras- chave: digestibilidade eficiência alimentar, nutrição, parâmetros sanguíneos, Podocnemis expansa

Page 13: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

xiii

ABSTRACT

This study was performed to evaluate the performance, digestibility, blood parameters and histological changes of adults giant south american turtles (Podocnemis expansa) kept in captivity and fed with different levels of crude protein, from October to November 2011. A total for 40 animals were randomly divided on five groups, as described: T1 group with 20%CP, T2 group with 25%CP, T3 group with 30%CP, T4 group with 35%CP and the control using the same fish food the animals used to be fed before, with 32%CP. Four repetitions were made using two animals in each experimental system in randomized block design. The parameters assessed were the body weight gain, biometrics, feed intake (FI), food conversion rate (FCR), food efficiency (FE), the apparent digestibility coefficient (ADC), red blood cells count (RBC), hematócrito level (Hct), hemoglobin (Hb), mean corpuscular volume (MCV), mean corpuscular hemoglobin (MCH), mean corpuscular hemoglobin concentration (MCH(C)), white blood cell count (WBC), differential count of leukocytes, total protein, creatinina, albumin, uric acid, aspartate aminotransferase (AST), histological evaluation of liver and kidney to detect any alteration. There was no significant difference regarding to weight gain, biometrics, FCR and FE, but on food intake (FI) there was a significant increase on T2 group. The protein apparent digestibility coefficient showed statistical differences between the treatments, with higher levels on groups T3 (82,18%), T2 (80,06%) and T4 (79,71%). The blood parameters evaluated showed no statistical differences, except that the measurement of Hb was higher in T3 group. On histological evaluation of liver, there were no differences between the treatments, but the kidneys samples showed changes in interstitial spaces with larger amounts of lymphocytic infiltrate in the control group compared with the other treatments. These results indicate that the optimal level of crude protein for adult specimens of Podocnemis expansa is between 25 and 30%. Keywords: digestibility, food efficiency, nutrition, blood parameters, Podocnemis expansa

Page 14: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

1 INTRODUÇÃO

O uso da fauna silvestre como fonte de proteína animal para a

alimentação humana é antiga e originou-se com índios e ribeirinhos,

tornando-se hábito alimentar e cultural. A extração descontrolada levou

algumas espécies ao risco de extinção, pois o consumo despertou interesse

comercial como fonte de renda.

Em 1967 foi criada a Lei de Proteção à Fauna nº 5197/67 que

proíbiu o comércio de espécies da fauna silvestre, de produtos objetos de

perseguição, de destruição, bem como de caça amadora e profissional. No

artigo sexto desta lei contemplou a construção de criadouros comerciais de

animais silvestres para fins econômicos.

No Estado do Amazonas, em 1975, o Governo Federal criou o

Projeto Quelônios da Amazônia – PQA, com finalidade de proteção e

manejo reprodutivo das populações de quelônios na natureza (ANDRADE,

2008). Com a necessidade de melhor estruturação, alguns projetos foram

substituídos por centros especializados, entre eles, o Centro de

Conservação e Manejo dos Quelônios da Amazônia (CENAQUA) em 1990

(ALVES, 2009).

Dois anos mais tarde, o Governo Federal editou a Portaria 142-N,

de 30 de dezembro de 1992, com finalidade de normatizar a criação de

quelônios e, em seguida, a Portaria 070 de 23 de agosto de 1996 que

dispôs da comercialização de produtos de quelônios (BRASIL, 1992;

BRASIL, 1996). Em 2001, estendeu-se o programa aos anfíbios e demais

classes de répteis, sendo criado o RAN – Centro de Conservação e

Pesquisa de Répteis e Anfíbios, substituindo o CENAQUA (ICMBIO – RAN,

2010).

Dentre as espécies de animais silvestres com interesse

comercial, a Podocnemis expansa possui atributos de exploração

zootécnica como alta prolificidade, rusticidade e alto valor econômico que

agrega à sua carne e subprodutos (SÁ et al., 2004). Em razão do seu

consumo estar relacionado a fatores regionais e culturais é considerada a

carne mais procurada em restaurantes de Manaus (ALVES, 2009).

Page 15: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

2

Atualmente, existem registrados no IBAMA 109 criatórios de P.

expansa na região Norte, dos quais 52 estão localizados no Estado do

Amazonas e, no Pará, encontra-se o maior criatório com cerca de 60 mil

animais e perspectiva de crescimento de 40 mil animais (ALVES, 2009).

Por ser uma atividade relativamente nova, a criação comercial de

quelônios necessita de aprimoramento das técnicas produtivas,

principalmente, aquelas voltadas à necessidade nutricional desta espécie a

fim de se consolidar como alternativa econômica principalmente a região

Norte do Brasil (PORTAL et al., 2002). RODRIGUES et al. (2004)

destacaram a importância de estudos sobre os aspectos nutricionais desta

espécie, fato ligado ao bom desenvolvimento em cativeiro e também ao

sucesso na criação comercial.

Page 16: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

3

2 OBJETIVOS

Avaliar o melhor teor de proteína bruta na alimentação de juvenis

da tartaruga-da-amazônia mantidos em cativeiros.

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 A tartaruga-da-amazônia

A Podocnemis. expansa está inserida na classe Reptilia, ordem

Testudinata, família Pelomedusidae, gênero Podocnemis e espécie

Podocnemis expansa. No Brasil é conhecida como tartaruga-da-amazônia,

tartaruga verdadeira ou tartaruga gigante, na Venezuela como arrau, no

Equador, Colômbia e Peru como charapa, e nas planícies orientais da

Colômbia como chapanera e samurita (TCA, 1997). Sua distribuição

abrange as bacias Amazônica (linha amarela) e do Orinoco (linha vermelha)

(Figura 1), encontrada na Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru,

Venezuela, regiões do norte e central do Brasil incluindo Goiás, Mato

Grosso e Tocantins (PORTAL et al., 2007).

Page 17: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

4

FIGURA 1 - Mapa de distribuição da Podocnemis. expansa nas bacias Amazônicas(linha amarela) e Orinoco (linha vermelha) Fonte: ICMBIO/RAN(2010)

A P. expansa é considerada o maior quelônio de água doce que

vive na América do Sul (PORTAL et al., 2007, ANDRADE, 2008). A fêmea

adulta pode pesar até 60 kg com 82 cm de comprimento (PORTAL et al.,

2007). Os machos são até duas vezes menores que a fêmea (ANDRADE,

2008), medindo entre 40 e 50 cm de comprimento de carapaça (TCA, 1997).

Possui forma ovalada, com os ossos do casco cobertos por escudos

córneos (IBAMA, 1989).

A P. expansa possui grande valor comercial, pois, é utilizada

como fonte de proteína, ovos e óleo para populações indígenas e

ribeirinhas; sendo incluída no Apêndice II da Convenção sobre o Comércio

Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora Selvagens

(CITES) devido a explorações excessivas e sem controle (RUEDA-

ALMONACID et al., 2007).

Page 18: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

5

A tartaruga-da-amazônia é classificada como animal ectotérmico,

conferindo vantagem a esta classe de animais, pois a energia oriunda dos

alimentos é revertida para seu crescimento e não para produção de calor.

Portanto, os melhores rendimentos e aproveitamento produtivo desta

espécie estariam nas condições ambientais de temperatura entre 25ºC a

30ºC (LUZ, 2005).

A maturidade sexual da tartaruga-da-amazônia em vida livre

ocorre entre sete e dez anos. De acordo com LUZ (2005) fêmeas na

natureza com 50 cm de comprimento de carapaça frequentemente estão em

desova. ANDRADE (2008) relatou que machos atingem a maturidade aos

sete anos e as fêmeas entre 11 e 15 anos.

A variação de temperatura para incubação dos ovos da tartaruga-

da-amazônia varia entre 31 e 34ºC. FERREIRA JÚNIOR (2009) descreveu

que a determinação sexual dos embriões desta espécie é dependente da

temperatura de incubação; no segundo terço de incubação, a temperatura

ambiente atua na síntese de enzimas envolvidas na diferenciação das

gônadas e temperaturas oscilando entre 30ºC e 32ºC propiciam a formação

de fêmeas, e temperaturas entre 25ºC e 29ºC geram, predominantemente,

machos (LUZ, 2005).

RODRIGUES e MOURA (2007) avaliaram a composição

nutricional da carne de P. expansa de vida livre no Estado do Pará. Os

valores médios foram: matéria seca 93,66%; umidade 77,61%; cinza 5,0%;

proteína bruta 79,27%; gordura 5,73% e energia bruta 5,37kcal/kg. Para

animais oriundos de cativeiro, GASPAR (2003) analisou 28 exemplares,

sendo 14 machos e 14 fêmeas e encontrou os valores de PB de 16,68 a

18,02%; lipídeos 2,61 a 1,88%; colesterol de 49,86 a 50,71mg/100g e valor

calórico de 88,92 a 89,30kcal/100g, respectivamente para fêmeas e

machos.

RODRIGUES et al. (2005) realizaram estudo sobre o rendimento

de carcaça em animais adultos de vida livre e encontraram rendimento de

carne em torno de 24% (Figura 2).

LUZ et al. (2003), analisando o rendimento e composição química

de P. expansa com idade entre 23 e 29 meses de diferentes criadores

Page 19: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

6

comerciais, encontraram rendimento de carcaça de 30% e uma correlação

positiva (r= 0,97) entre peso, rendimento de carcaça, gordura e vísceras.

SCARLATO e GASPAR (2007) analisaram a composição

nutricional de 60 carcaças de P. expansa criadas em sistema comercial em

idade ao abate e encontraram valores para colesterol de 36,23 mg/100g,

proteína 23,04%, lipídios 6,66% e valor calórico de 152,07 kcal/100.

Avaliaram também o teor de aminoácidos e identificaram seis aminoácidos

não essenciais que totalizaram 51,45g/100g e 15 aminoácidos essenciais

que totalizaram 18,76g/100g.

3.2 Aspectos nutricionais da tartaruga-da-amazônia

Os quelônios de água doce, em sua maior parte, são

classificados como onívoros oportunistas, são particularmente carnívoros

quando jovens havendo tendência para maior consumo de material vegetal

quando adultos (MALVASIO, 2003; MCARTHUR & BARROWS, 2004).

DONOGHUE & LANGENBERG (1996) descrevem que as tartarugas jovens

consomem mais peixe, que é um alimento de alta proteína e gordura, que

vegetais que são ricos em carboidratos, portando obtendo crescimento mais

rápido com alta proteína.

A compreensão dos aspectos que envolvem a nutrição dos

répteis, de maneira geral, é um desafio, pois cada espécie possui um habitat

ideal e intervalos específicos de temperatura e de umidade. Além disso,

existe uma preferência alimentar que se manifesta como adaptações

metabólicas e digestivas que influenciam nos requerimentos de água, de

energia e de nutrientes. Um animal mal nutrido provoca baixo desempenho,

doenças e pode resultar até em morte (DONOGHUE & LANGENBERG,

1996).

A fisiologia do trato gastrointestinal em repteis é afetada pelo

ambiente, principalmente pela temperatura. A taxa de digestão do alimento

ingerido, a velocidade de passagem do alimento e as taxas de absorção são

afetadas pela temperatura. Na maior parte dos répteis, quando as

temperaturas ambientais estão abaixo de 7ºC, não ocorre digestão. Já em

temperaturas muito altas, há aumento no metabolismo geral do animal que

Page 20: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

7

eleva as taxas de secreção dos sucos digestivos resultando no aumento da

quantidade de enzimas produzidas (JACOBSON, 2007). MCARTHUR et al.

(2004) relatam que o HCl (ácido clorídrico) gástrico é diminuído, mas a

secreção de pepsinogênio se mantém constante.

As enzimas digestivas dos quelônios onívoros e herbívoros são

secretadas no estômago, no pâncreas e no intestino. No estômago é

descrito a presença de amilase, pepsina, tripsina, quitinase e quitobiase; no

pâncreas, encontram-se a amilase, ribonuclease, tripsina, quimotripsina,

carboxipeptidase A e quitinase; no intestino, são observadas as proteinases,

invertase, amilase, maltase, quitobiase, trealase, isomaltase e sacarase

(MCARTHUR et al., 2004).

LUZ et al. (2003) avaliaram as relações corporais do trato

digestório de tartaruga-da-amazônia oriundas de oito criadouros comerciais

no Estado de Goiás, com idades entre 23 a 29 meses, e concluíram que o

estômago representa a maior parte do trato digestivo (44,20%), seguido pelo

intestino delgado (28,68%) e intestino grosso (20,93%).

O trato digestivo dos répteis varia de curto e simples em que

ocorre prioritariamente a hidrólise no intestino delgado (répteis carnívoros) e

relativamente grande quando há necessidade da fermentação no ceco

(répteis herbívoros). Na prática, a proporção ideal de proteína, de gordura e

de carboidratos na dieta é estimada a partir de informações sobre genética,

hábitos alimentares, habitat e a morfologia do trato digestivo (DONOGHUE

& LANGENBERG, 1996).

Analisando as relações entre a idade, o tamanho do intestino e a

preferência alimentar de P. expansa, P. unifilis e P. sextuberculata,

MALVASIO (2003) concluiu que para P. expansa, o aumento do intestino

parece estar relacionado ao aumento do consumo de vegetais. Ao

compararem animais com até um ano de idade, de um a cinco anos e acima

de cinco anos, identificaram aumento na quantidade ingerida de alimentos

vegetais no grupo de animais de acima de cinco anos quando comparados

com os demais.

Avaliando esta espécie em vida livre, RODRIGUES et al. (2004)

verificaram que a dieta era composta por alimentos de origem vegetal

(68%), de origem animal (4%) e outros alimentos (28%). Concluíram

Page 21: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

8

também que o teor de proteína bruta encontrada na composição química

desta dieta (16.84%), é inferior quando se compara a dietas fornecidas em

cativeiro.

Em análises das espécies vegetais utilizadas pelo tracajá, P.

unifilis, de vida livre no estado do Amapá, PORTAL et al. (2002)

constataram que índice de proteína bruta variaram entre 10,50 a 20,78%.

ALMEIDA & ABE (2009) realizaram pesquisas com três fontes de

origem animal: farinha de carne e ossos (FCO); farinha de vísceras de aves

(FVA) e farinha de peixe (FP) para filhotes de P. expansa. Os resultados

encontrados para melhores aproveitamentos expressos pelo coeficiente de

digestibilidade aparente foram: matéria seca, FP 93,53% e FVA 92,45%;

proteína bruta, FP 95,13% e FVA 94,89%; extrato etéreo, FP 94,05% e FVA

96,55% e energia bruta, FP 93,18% e FVA 92,71%. Esses percentuais

sugerem a farinha de peixe e a farinha de vísceras de aves como melhores

fontes de proteína animal para esta espécie.

SÁ et al. (2004), ao avaliarem filhotes de P. expansa com rações

com níveis de proteína bruta de 18%, 21%, 24%, 27% e 30% constituídas

de ingredientes vegetais e um grupo controle de 30% com ingredientes de

origem animal (ração para peixe), concluíram que para as variáveis de

ganho de peso e crescimento o melhor resultado foi para o grupo com

30%PB de origem animal, seguidas pelo grupo de 30% e 27%PB de origem

vegetal.

LIMA (1998) avaliou filhotes de pós-eclosão até doze meses de

idade de P. expansa com dietas contendo farinha de peixe, farelo de soja,

farinha de carne e ossos, milho, farinha de trigo, vitaminas e minerais. As

dietas foram dividas em 100% vegetal, 75% vegetal e 25% animal, 50%

vegetal e 50% animal, 25% vegetal e 75% animal e 100% animal, e as

concentrações de PB das mesmas variaram entre 36,9% e 43,7%. O melhor

resultado para ganho de peso foi obtido no grupo de 50% de proteína

vegetal e animal, em que o nível de PB era de 41,2%.

VIANA (1999) avaliou o ganho de peso, digestibilidade e o

crescimento de filhotes de P. unifilis com rações contendo níveis de proteína

bruta de 21%, 26% e 31% compostas por farelo de soja, farelo de trigo,

farelo de arroz, milho, farinha de carne e farinha de peixe. A digestibilidade

Page 22: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

9

foi avaliada utilizando 24 animais e concluiu-se que não houve diferença

significativa entre os tratamentos. Os resultados para o coeficiente de

digestibilidade aparente da PB foram: 92,83% para ração com 21%; 90,79%

para ração com 26% e 89,91% para ração com 31%; para a energia bruta

foram: 92,49% para ração com 21%, 88,52% para ração com 26% e 88,37%

para ração com 31%. Os níveis de proteína bruta não interferiram na

digestibilidade da proteína e da energia, embora o nível de 21% obteve

valores maiores para a digestibilidade.

No estudo de crescimento com 198 filhotes de P. unifilis com

quatro meses de idade durante 240 dias, VIANA (1999) utilizou rações com

nível de proteína de 21%, 26% e 31%. Aos 90 dias de experimento,

apresentaram discreto crescimento e os melhores resultados para

crescimento foram entre 26 e 21%, a partir de 120 dias houve crescimento

linear, mas aos 240 dias não houve efeito sobre os níveis de proteína. O

autor ressaltou que a interferência da sazonalidade ocorrido nos primeiros

90 dias possa estar ligado ao discreto crescimento, sugerindo para o

período de inverno uma ração com 26% de PB e 31%PB para épocas mais

quentes.

Os estudos realizados em animais de vida livre por RODRIGUES

et al. (2005) com P. expansa verificou-se que a relação entre comprimento

de carapaça e peso total foi positiva.

3.3 Parâmetros sanguíneos e histológicos

3.3.1 Hemograma e bioquímica

Para se determinar os valores normais de uma avaliação de

hemograma e bioquímica em répteis de cativeiro, existe grande dificuldade

entre definir o que constitui um animal normal e as condições normais de

manejo. Outro fator de relevância seria a comparação de resultados de

animais potencialmente doentes, animas que estão a longo prazo em

cativeiro com dados de animais de vida livres. Os valores normais podem

Page 23: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

10

ser mais úteis quando associados à espécie, idade, sexo, local de amostra,

nutrição e ao conhecimento das condições de manejo (WILKINSON, 2004).

Existem fatores externos que podem influenciar nas avaliações

do hemograma como estação do ano, condições ambientais, local da

colheita, métodos laboratoriais, nutrição, nível de estresse, localização

geográfica e variações individuais como genética, tamanho, idade e sexo

(STRIK et al., 2007; SYKES & KLAPHAKE, 2008; OLIVEIRA JÚNIOR et al.,

2009).

Para a obtenção de sangue em quelônios a escolha do local de

colheita pode influenciar nos resultados havendo diluição com linfa nas

amostras, pois os vasos linfáticos acompanham os vasos sangüíneos

levando a mistura do sangue com fluido linfático. Vários locais têm sido

utilizados para obtenção de sangue possuindo vantagens e desvantagens

(STRIK et al., 2007).

Em quelônios pode-se utilizar para a colheita de sangue a veia

jugular, veia coccígea dorsal, cardiocentese e a veia coccígea ventral

(CAMPBELL, 2004), veia braquial, seio orbital, seio cervical, unhas do pé e

veia subcarapacial (STRIK et al., 2007). Alguns locais são mais invasivos

como, por exemplo, a punção cardíaca, porém em certas ocasiões como

recém-nascidos este pode ser o único local que o sangue possa ser colhido

(STRIK et al., 2007).

O seio orbital tem sido utilizado para a colheita de pequenos

volumes em tubos capilares, porém requer cuidados para não causar danos

aos tecidos perioculares e trauma na córnea, além de ser um procedimento

que causa bastante dor sendo obrigatória a anestesia do animal. Pode

ocorrer a diluição das amostras com fluidos extravasculares e secreções e,

com isso, alterar a composição do plasma e a contagem das células

sangüíneas (STRIK et al., 2007).

As veias escapular e braquial e a artéria braquial são geralmente

utilizadas para colheita de amostras de sangue. Contudo, o acesso a

circulação sangüínea nestes locais é difíceis e executado as cegas. Além

disso, os vasos linfáticos são bem desenvolvidos nos membros anteriores

de quelônios podendo diluir com linfa as amostras (STRIK et al., 2007).

Page 24: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

11

A punção da jugular embora apresente menor risco de

contaminação das amostras de sangue com linfa, necessita de contenção

da cabeça, uma vez que podem retrair o pescoço durante o procedimento

tornando difícil ou impossível. As amostras colhidas na veia coccígea dorsal

são diluídas em linfa, que pode interferir, por exemplo, nos resultados do

hematócrito (CAMPBELL, 2004).

WILKINSON (2004) relatou que quando existe a diluição por linfa

nas amostras de sangue, os resultados das analises bioquímicas podem

apresentar valores reduzidos como, por exemplo, de glicose, ácido úrico,

proteína total e albumina. STACY et al. (2011) descreveram que a diluição

da amostra de sangue com fluido extravascular ou linfa pode resultar em

uma concentração menor de hemoglobina e volume globular (VG) e/ou

hematócrito

A escolha do anticoagulante pode interferir nos resultados das

avaliações hematológicas. O mais indicado é a heparina de lítio, outros

como o ácido etilenoaminotetracético (EDTA) podem causar hemólise nas

células sanguíneas principalmente de quelônios (CAMPBELL, 2004, STRIK

et al., 2007).

Para um melhor resultado na identificação e contagem das

células sanguíneas de répteis utiliza-se o corante Wright, o qual cora de

maneira uniforme o citoplasma (CAMPBELL, 2004, WILKINSON, 2004).

Os métodos utilizados para determinação dos valores de

hemograma também interferem nos resultados. BARROWS et al. (2004) e

CAMPBELL (2004) relataram que, para determinação do hematócrito(Ht) de

répteis, o método mais prático é o uso do micro-hematócrito, embora exista

um contador eletrônico. Porém, esta técnica necessita de ser ajustada para

cada espécie.

CAMPBELL (2004) recomendou para a contagem de trombócitos

a utilização do método de Natt-Herrick em câmera de Neubauer, porém,

STRIK et al. (2007) relataram que, devido ao fato de os trombócitos

poderem se aglutinar rapidamente, o uso deste técnica possui precisão

duvidosa. TAVARES-DIAS et al. (2008) compararam três métodos para

contagem destas células em P. expansa sendo eles: método de Wojtaszek,

de estimação em 1000 e 2000 eritrócitos e obtiveram como método mais

Page 25: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

12

aceitável o de estimação em 2000 eritrócitos, uma vez que este permitiu

melhor diferenciação e menor variação.

A contagem total das hemácias pode ser feito pelos métodos

Unopette ® e o método de Natt-Herrick. Em ambos, utiliza-se a câmara de

Neubauer e, após sua contagem, multiplica-se o valor encontrado por

10.000 (BARROWS et al., 2004; CAMPBELL, 2004).

O gênero do animal interfere nos resultados de avaliações

sangüíneas. WILKINSON (2004) encontrou diferenças entre machos e

fêmeas da espécie Elseya novaeguinea de cativeiro quando comparou

alguns parâmentos hematológicos. Para os machos a hemoglobina (Hb) e o

hematócrito (Ht) foram maiores, com valores de Hb 7,2g/dL a 12,1g/dL para

machos e fêmeas 5,9g/dL a 12,4g/dL, Ht de 29% a 46% em machos e

fêmeas 26% a 43%. Já as fêmeas foram superiores nas análises de

colesterol, cálcio e bilirrubina, apresentando 104mg/dL a 385mg/dL de

colesterol e machos 55mg/dL a 308mg/dL; cálcio 9,9mg/dL a 22,2mg/dL e

machos com 9,6mg/dL a 12,9mg/dL e bilirrubina de 0 a 0,4mg/dL em

fêmeas e 0mg/dL a 0,3mg/dL em machos.

Um dos principais fatores que acarreta variações em análises de

hemograma e bioquímica de quelônios é a temperatura, uma vez que esta

interfere diretamente no metabolismo destes animais (SANTOS et al., 2005).

WILKINSON (2004), encontraram diferenças ao comparar alguns

parâmetros bioquímicos entre temperaturas de 24ºC e 30ºC da espécie

Elseya novaeguinea em cativeiro. Para as variáveis de creatinoquinase (CK)

(), albumina, proteína total, potássio e fósforo foram maiores em animais

mantidos em temperaturas de 24ºC. Para glicose, fosfatase alcalina, AST,

ALT, dióxido de carbono e cloreto foram maiores em animais mantidos a

30ºC.

LIMA (1998) avaliou a condição clínica por análises de

hemograma e bioquímica sanguíneas de exemplares de P. expansa com 12

meses de idade. Os resultados foram analisados em função da composição

das dietas: 100% vegetal (T1), 75% vegetal e 25% animal (T2), 50% vegetal

e 50% animal (T3), 25% vegetal e 75% animal (T4) e 100% animal (T5) e o

peso. O tratamento T3 foi considerado a melhor dieta pela autora e

apresentou valores de hematócrito 22 a 30%, hemoglobina 7,5 a 8,5g/dL,

Page 26: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

13

eritrócitos 0,25 a 0,29x106/mm3, volume corpuscular médio (VCM) 1080 a

1190µm3, hemoglobina corpuscular média (HCM) 300 a 330pg,

concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) 27 a 28%,

proteína total de 3,8 a 4,1g/dL.

Analisando os constituintes bioquímicos sanguíneos de 46

animais entre 2 e 3 anos de P. expansa oriundos de criação comercial,

SANTOS et al. (2005) encontraram valores para proteína total de 4,43±0,55

g/dL, da albumina 2,52±0,32 g/dL, da creatinina 0,1±0,02 mg/dL, do ácido

úrico 2,08±053 mg/dLe do AST 194,56±154,27 U/L. Os animais eram

oriundos de criação comercial e recebiam ração de peixes com 24% de PB.

ROSSINI et al. (2012), analisaram valores hematológicos de P.

expansa de vida livre na Venezuela, e obtiveram valores para o eritrócito

0,91±0,09x106/µL, hematócrito 35,7±0,98%, hemoglobina 11,8±0,54g/dL,

VCM 411,1±22,9fL, MCHC 32,7±1,4g/dL, leucócitos total 5,7±0,6x103/µL,

heterófilo 71,4±2,4%, eosinófilo 3,0±0,36%, basófilo 1,6±0,3%, monócitos

1,0±0,3% e trombócitos 5,4±4,1x104/µL.

MARTINEZ et al. (2007) avaliaram exemplares de P. expansa

oriundos de zoológicos e de vida livre, e encontraram diferenças nas

análises laboratoriais de hemograma e bioquímica entre o gênero e o

habitat. No geral, os parâmetros hematológicos avaliados foram maiores

para as fêmeas de cativeiro e maiores para os machos de vida livre.

OLIVEIRA JÚNIOR et al. (2009) avaliaram 28 exemplares de P.

expansa, 9 machos e 19 fêmeas de criação comercial que recebiam ração

com 34% de PB. Os valores médios para os parâmetros hematológicos

foram: proteína total 3,0 a 4,0g/dL, hematócrito 22,6 a 27,7%; hemoglobina

5,8 a 7,2 g/dL; eritrócitos 0,25 a 0,30 x 106/µL; VCM 866,7 a 977,9f/L, CHCM

24,2 a 28,2g/dL, trombócitos 3348,0 a 4767,0µL, leucócitos 5186,0 a

6958µL, linfócitos 4,0 a 16,7%, heterófilo 44,6 a 51,0%, eosinófilo 20,6 a

24,7% e basófilo 6,7 a 9,0%.

TAVARES-DIAS et al. (2009) compararam dois grupos de P.

expansa em cativeiro no Estado do Amazonas, um grupo representado

como controle recebia ração de peixe com 34% PB e foram considerados

clinicamente saudáveis. O outro grupo, classificado como desnutrido, eram

alimentados com mandioca, restos de refeição, vegetais e uma vez por

Page 27: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

14

semana recebiam ração de peixe com 27% PB. O grupo dos desnutridos

apresentou valores menores para hematócrito, hemácias, hemoglobina,

VCM, CHCM, proteína total e leucócitos. O grupo saudável apresentou

valores para hemácias de 0,28±0,07x106/µL, hematócrito 25,1±7,0%,

hemoglobina 6,5±1,9g/dL, VCM 922±150fL, CHCM 26,2±5,4fL, leucócitos

totais 6701±4048µL, linfócitos 1090±962µL, heterófilo 3085±1492µL,

eosinófilo 1527±1039µL, basófilo 558±485µL e proteína total de 3,5±1,3g/dL.

3.3.2 Avaliação histológica do fígado e do rim

De acordo com FRASER (1997), um exame histológico, desde

que preparado adequadamente, é de grande auxílio ao diagnostico sendo o

uso desta técnica rápida e de baixo custo.

MCARTHUR et al. (2004) relataram que as funções hepáticas nos

quelônios estão ligadas ao metabolismo dos lipídios, do glicogênio e da

proteína, pois contêm as vias enzimáticas responsáveis pela degradação

dos nucleotídeos / purina, excreção dos produtos finais como o ácido úrico,

e atua como armazenamento de gordura e energia.

O excesso e/ou a falta de proteína na alimentação pode levar

danos principalmente ao fígado e ao rim, uma vez que estes participam na

degradação da proteína. Segundo MCARTHUR et al. (2004), as funções

desempenhadas pelos rins nos répteis incluem osmorregulação, regulação,

equilíbrio de fluidos, excreção de resíduos metabólicos e produção de

hormônios e metabólitos da vitamina D, embora a ativação de precursores

de vitamina D e a produção de eritropoetina não estejam especificamente

descritos, os autores supõem serem semelhantes aos vertebrados

superiores.

O excesso de proteína na dieta, desidratação crônica e

desequilíbrio de vitaminas e minerais tem sido descrito como causas de

doenças renais, em que apresentam alterações nos rins como degeneração

e ou necrose dos glomérulos e/ou túbulos com lesões nos espaços

intersticiais e nos glomérulos (REAVILL & SCHMIDT, 2010).

De acordo com WILKINSON (2004), os critérios utilizados para

uma avaliação de doença renal em quelônios ainda não estão definidos,

Page 28: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

15

pois algumas bioquímicas sangüíneas significativas para doença renal como

AST, uréia e creatinina estão aumentadas em animais aparentemente

saudáveis. Portanto faz-se necessário uma avaliação histológica dos órgãos

para se definir ou encontrar possíveis lesões.

Avaliação laboratorial incluindo hemograma e bioquímica são de

grande importância quando se pretende avaliar manejo, condições de saúde

e estado nutricional de animais (LIMA, 1998; SANTOS et al., 2005;

CAMPBELL, 2006). Juntamente com uma avaliação histológica pode-se

definir a condição clínica do animal, uma vez que as alterações celulares

caracterizam uma doença específica ou um grupo de doenças (FRASER,

1997).

Page 29: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

16

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Local e período experimental

O experimento foi desenvolvido por período de 30 dias, entre os

meses de Outubro e Novembro de 2011 no Setor de Piscicultura da Escola

de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG). O

mesmo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFG (nº190/11)

e pelo IBAMA (Autorização 2369-1).

4.2 Animais e instalações

Foram utilizados 40 exemplares machos juvenis de tartaruga-da-

amazônia (Podocnemis expansa), com cinco anos de idade, alojados em

viveiros de terra na EVZ.

As tartarugas foram pesadas em balança digital e selecionados

de acordo com o peso obtido. Foram identificados individualmente por

perfurações das placas marginais da carapaça para colocação de lacres

numerados. Os indivíduos selecionados foram transferidos para caixas

plásticas medindo 0,69 x 0,56 x 0,40m, de capacidade para 100 litros, com

1/3 de nível de água, sistema de circulação e aquecimento com termostato

para aquário de 300 W. As caixas foram alojadas dentro do Laboratório de

Reprodução do setor de Piscicultura (Figura 2).

4.3 Delineamento experimental

Devido à heterogeneidade das tartarugas, optou-se selecionar

animais com pesos semelhantes, desta forma o delineamento utilizado foi

de blocos casualizados, (peso) distribuídos em cinco tratamentos, quatro

repetições e dois animais por repetição.

Os tratamentos receberam numeração de 1 a 4 que consistiam

de dietas com níveis crescente de proteína bruta (PB) : T1 - 20 %PB; T2 -

25%PB; T3 - 30%PB; T4 - 35%PB (Tabela 1) e um grupo controle com

ração comercial para peixes com 32%PB. As rações eram fornecidas uma

vez ao dia pela manhã e a vontade, em seguida passava-se a observação

Page 30: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

17

para as colheitas de fezes com o auxilio de uma colher de plástico com

furos, a cada trinta minutos era feito o monitoramento, a retirada e

armazenamento em vasilhame de alumínio em seguida acondicionadas em

freezer a -20ºC até o momento das análises.

O tratamento controle consistiu em uma ração comercial para

peixes com níveis de garantia de 32% PB (mín.), 6% EE (mín.), 3% FB

(mín.), 12% MM (máx.), 3% Ca (máx.) e 1% P total (mín.). Na composição

básica desta ração foi incluído milho, soja, sorgo, farinha de peixe, farinha

de carne e ossos, farinha de sangue e premix vitamínico mineral. Para

utilização na pesquisa foi acrescentado 1% do marcador e processada no

moedor de carne com a finalidade de permanecer de modo igual as demais

rações.

F

FIGURA 2 – Recinto de alojamento das caixas plásticas de

manutenção dos exemplares de Podocnemis expansa no Setor

de Piscicultura da EVZ/UFG.

Os animais passaram por um período de 30 dias de adaptação às

novas instalações e a nova ração. Para o arraçoamento, foi adotado o

critério de substituição de 25% do total fornecido pela nova formulação,

Page 31: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

18

acrescendo-se a mesma quantidade da nova ração a cada semana, até que

a ração antiga fosse 100% substituída pela nova.

A temperatura da água nas caixas foi mantida a 28°C e foi

realizado programa de controle de luz ambiente com fotoperíodo de 12

horas. As caixas foram sifonadas a cada dois dias para a remoção de

resíduos.

A biometria foi realizada em todos os animais no inicio e no final

do período experimental. O peso foi obtido em balança eletrônica com

precisão de 0,1g e as medidas biométricas com o uso de fita métrica.

O controle biométrico envolveu o comprimento da carapaça, a

largura da carapaça, o comprimento do plastrão e a largura do plastrão

(Figura 3). O comprimento da carapaça é medido em linha reta e

compreende a distância da extremidade dos escudos marginais até a

extremidade dos escudos supracaudais. A largura da carapaça é a distância

em linha reta que vai da borda direita a esquerda entre o sexto e o sétimo

escudos marginais. O comprimento do plastrão compreende a distância da

borda anterior do escudo intergular até o ponto mais posterior da junção dos

escudos caudais. A largura do plastrão envolve a distância dos escudos

abdominais entre o sexto e sétimo escudos laterais (ANDRADE, 2008).

Page 32: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

19

FIGURA 3 – Procedimento de biometria por fita métrica de exemplar

de Podocnemis expansa: A) largura da carapaça;

B) comprimento da carapaça; C) largura do plastrão;

D) comprimento do plastrão

4.4 Rações experimentais

Para a formulação das rações experimentais, foram observados

os níveis nutricionais de rações para quelônios pets disponíveis no mercado

(Alcongammarus®; Tarta nutri®; Nutral;® Alconreptlife® e Nutral criador®),

além da realização de levantamento bibliográfico referente à composição de

nutrientes ingeridos por animais de vida livre e a nutrição dos mesmos em

cativeiro. Analisando os trabalhos com esta espécie, os autores indicaram

teores de proteína bruta na faixa de 27% a 30% de PB. Com o objetivo de

avaliar diferentes teores de proteína bruta para alimentação de animais

adultos, foram formuladas rações com 20%, 25%, 30% e 35%.

As rações experimentais foram compostas de ingredientes de

origem animal, vegetal e um 1% de cinzas insolúveis em ácido (CIA),

marcador utilizado para avaliar a digestibilidade. Para obtenção das rações

Page 33: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

20

os ingredientes foram moídos em moinho tipo Willey, misturados em

misturador em Y, processados em moedor de carne, secagem em estufa

com recirculação forçada de ar e armazenadas em freezers a -20º C.

TABELA 1 - Composição percentual calculada das rações experimentais

para a Podocnemis. expansa na matéria natural

Ingredientes % PB

20% 25% 30% 35%

Milho (%) 36,18 24,79 13,41 2,02 Farelo trigo (%) 15,00 15,00 15,00 15,00 Farinha de peixe (%) 13,30 13,30 13,30 13,30 Farelo de algodão (%) 10,53 8,57 6,61 4,65 Farelo de soja (%) 10,38 24,35 38,30 52,26 Óleo de soja (%) 3,32 2,87 2,43 1,99 Fosfato bicálcico (%) 0,88 0,60 0,31 0,03 Calcário (%) 7,26 7,37 7,49 7,60 Amido (%) 2,00 2,00 2,00 2,00 CIA (%) 1,00 1,00 1,00 1,00 Premix Vitaminico1(%) 0,10 0,10 0,10 0,10 Premix mineral2(%) 0,05 0,05 0,05 0,05 Total (%) 100,0 100,0 100,0 100,0 1)

Premix vitamínico: Vitamina A(mín.)16.000 UI/Kg; Vitamina E(mín.) 250 UI/Kg; Vitamina D3(mín.) 4500 UI/Kg; Vitamina K3(mín.) 30 mg/Kg; Vitamina C(mín.) 325 mg/kg; Vitamina B2(mín.) 32mg/Kg; Vitamina B1 (mín.) 32mg/Kg; Vitamina K3 (mín.) 30mg/kg; Vitamina B12(mín.) 32mcg/Kg; Pantotenato de cálcio(mín.) 80mg/Kg; Niacina(mín.) 170mg/kg; Vitamina B6(mín.) 32mg/kg; Biotina(mín.) 10mg/Kg; Ácido fólico(mín.)10mg/Kg; Colina(mín.) 2000mg/Kg. 2 Premix mineral: Manganês(mín.) 50mg/Kg; Zinco(mín.)150mg/Kg; Ferro(mín.) 150mg/Kg;

Cobre(mín.) 20mg/Kg; Cobalto(mín.) 0,5mg/Kg; Iodo(mín.)1 mg/Kg; Selênio(mín.) 0,7mg/Kg

4.5 Parâmetros avaliados

4.5.1 Hemograma

As avaliações hematológicas foram realizadas após o término do

período de desempenho no Laboratório Multiusuário do Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da

UFG, Goiânia. Foram escolhidos aleatoriamente 20 animais, sendo um

animal de cada repetição, que foram submetidos a um jejum de 48 horas.

Para a colheita de sangue realizou-se a contenção química, empregando-se

os fármacos cetamina na dose de 40mg/kg, por via intramuscular (IM) e

midazolan na dose de 2mg/kg, via IM aplicados no membro torácico

Page 34: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

21

esquerdo (MADER, 1996). Foram colhidos 3,0mL de sangue pela punção da

veia coccígena ventral em seringas descartáveis de 3,0mL e agulha 25 x 7

mm. Foram transferidos 1,0mL de sangue para os tubos a vácuo de

heparina lítica, para a realização do hemograma e 2,0mL de sangue para

tubo à vácuo seco com gel, para as dosagens de bioquímicas séricas.

Foram preparados dois esfregaços de cada amostra de sangue que foram

corados em seguida com corante Wright (CAMPBELL, 2004), conforme

recomendação do fabricante para contagem diferencial de leucócitos.

O hematócrito (Ht em %) foi determinado por centrifugação do

sangue em tubos capilares a 12.000 rpm por 5 minutos em microcentrífuga,

seguida da leitura em cartão de microhematócrito (STRIK et al., 2007).

As contagens totais de eritrócitos (RBC) e leucócitos foram

realizadas em câmera de Neubauer usando a solução de Natt & Herrick na

proporção de 1:200 (CAMPBELL, 2004). Para a obtenção do valor total das

hemácias, em mm3, fez-se a contagem nos quatros quadrados angulares e

no quadrante central da câmera de Neubauer em objetiva de 40X e

multiplicou-se o valor obtido por 10.000 (MADER, 1996). A contagem de

leucócitos, expressa em mm3, foi semelhante à contagem de eritrócitos

diferindo apenas no local de contagem, que foi realizada nos quadrantes

angulares e o resultado obtido foi multiplicado por 500 (MADER, 1996).

A dosagem de hemoglobina foi determinada pelo método de

cianometahemoglobina (STRIK et al., 2007), com a utilização do kit

comercial (Hemoglobina categoria 43, Labtest Diagnóstica S.A., Lagoa

Santa, MG) em espectrofotômetro com leitura em filtro de 540nm.

Juntamente com a determinação dos valores de hematócrito,

hemoglobina e contagem de hemácias, pode-se determinar os valores dos

índices hematimétricos de VCM, HCM e CHCM conforme recomenda

CAMPBELL (2006).

A contagem de leucócitos diferenciais (eosinófilo, monócito,

linfócito, heterófilo e basófilo) foram realizadas através da contagem das

extensões sangüíneas coradas com Wright (CAMPBELL, 2004) e

visualizadas em microscópio óptico em objetiva de imersão. Foram obtidos

os números relativos (%) de cada uma através da contagem de 100 células

e estabelecido o percentual de cada componente celular.

Page 35: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

22

Para contagem de trombócitos utilizou-se o mesmo esfregaço

sangüíneo utilizado na contagem do diferencial. Utilizou-se a técnica

proposta por TAVARES DIAS et al. (2009) em 2000 eritrócitos através da

seguinte fórmula:

Trombócitos (mm3): nº de trombócitos x nº eritrócitos totais

2000

4.5.2 Perfil bioquímico

Para as análises de bioquímicas séricas, o sangue foi

centrifugado a 750g para obtenção do soro que foi transferido para

microtubos de poliestireno e conservado -20ºC para posterior realização das

provas bioquímicas.

Os parâmetros bioquímicos foram realizados em aparelho

automatizado para bioquímica (modelo semi-automático BIO-2000, Bioplus).

Nas amostras de soro foram determinadas as dosagens de proteínas totais

pelo método do Biureto, a creatinina pelo método colorimétrico picrato

alcalino, ácido úrico pelo método Enzimático- Trinder, AST pelo método

cinético, albumina pelo método do verde de bromocresol. Em todas as

dosagens de bioquímicas foram utilizadas os kits comerciais da Labtest

Diagnóstica S.A., Lagoa Santa, MG.

4.5.3 Avaliação histológica do fígado e rim

Após a contenção química os animais foram submetidos a

eutanásia por meio da secção da parte anterior do pescoço e jugulares

seguida da degola. Em seguida, procedeu-se a abertura das pontes, junção

entre o plastrão e a carapaça, com auxilio de martelo e faca. Iniciou-se a

remoção do plastrão, a exposição completa das vísceras (TERREL &

STACY, 2007). Posteriormente foram colhidos fragmentos do fígado e rim,

que foram armazenados em solução de formol tamponado 10% por 24

horas. Em seguida, foi feito recorte e armazenados em álcool 70%. Logo

após, procedeu-se sucessivos banhos de álcool com graduação crescente

Page 36: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

23

(70, 80, 90 e 100º GL), em seqüência foram realizadas a diafanização em

xilol, a inclusão em parafina, o corte dos blocos em micrótomo rotativo e a

coloração pela técnica de Hematoxilina e Eosina (LUNA, 1968).

As lâminas foram analisadas em microscópio óptico nos

aumentos de 50x, 100x e 200x. Logo após, foram capturadas imagens com

microscópio óptico (LEICA DM 4000B) associado ao software Leica

Application Suite.

As lesões encontradas nas aviações histológicas dos rins foram

classificadas de acordo com os critérios definidos pela Organização Mundial

de Saúde, que de acordo com a intensidade das lesões são classificadas

em (1) discreta, (2) moderada e (3) acentuada.

4.6 Análise bromatológicas e digestibilidade

As análises químicas das rações experimentais, fezes e a

determinação das cinzas insolúveis em ácido (CIA) nas rações e nas fezes

foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal localizado no

DPA/EVZ/UFG, Goiânia. Foram determinadas matéria seca (MS), proteína

bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra detergente neutra (FDN), fibra

detergente ácida (FDA), energia bruta (EB), e fibra detergente acida (FDA) e

a CIA.

A MS foi determinada pelo método de desidratação em estufa a

105ºC; o EE por lavagem com solvente (éter), o FDN e FDA pelo método de

Van Soest (SILVA & QUEIROZ, 2002), a PB por determinação do nitrogênio

total pelo método de Kjeldahl e o resultado foi expresso como proteína

bruta, após o uso de fator de conversão 6,25 (AOAC, 2005), a CIA pelo

método adaptado de VAN KEULEN & YOUNG (1977) e a EB por combustão

em bomba calorimétrica (SINDIRAÇÕES, 2010).

O coeficiente de digestibilidade aparente foi determinado e

inserido na fórmula, proposta por NOSE (1966):

CDA = 100 - (100 x (% indicador R / %indicador F) x (% do nutriente das F /

% do nutriente na R))

Em que:

Page 37: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

24

CDA: coeficiente de digestibilidade aparente;

% indicador R: cinzas insolúveis em ácido na ração;

% do indicador F: cinzas insolúveis em ácido nas fezes;

% nutriente F: matéria seca, proteína nas fezes;

% nutriente R: matéria seca, proteína na ração.

4.7 Análise estatística

Para as análises estatísticas foi utilizado o software R

(Development Core Team, 2012), sendo realizada uma análise de variância

(ANOVA), e em casos de diferença significativa das médias entre os

tratamentos avaliou-se através do teste de Tukey.

Page 38: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

25

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os ingredientes utilizados na composição das rações

experimentais são de utilizo frequente nas composições de rações

comerciais para peixes e répteis pets. O método escolhido para confecção

das rações obteve êxito uma vez que as rações artificiais tiveram grande

aceitação pelos animais. Os valores médios da temperatura durante o

período experimental foi de 28,5ºC, mantendo-se no limite recomendado

para esta espécie (LUZ, 2005).

Os resultados da analise da composição química das rações

estão apresentados na Tabela 2.

TABELA 2 - Composição química das rações experimentais para a

P.expansa expressos na matéria seca

Rações

Nutriente T1 T2 T3 T4 Matéria Seca (%) 94,42 94,38 94,42 94,62 Proteína Bruta (%) 20,83 25,52 31,18 36,01 Energia Bruta (kcal/kg) 3872 3958 4054 3915 Extrato etéreo (%) 6,13 5,50 5,00 4,52 Fibra detergente neutro(%) 11,16 12,89 15,08 14,43 Fibra detergente ácida (%) 2,63 3,31 3,04 2,67

Os valores médios das médias das variáveis de ganho de peso

(GP), comprimento da carapaça (Cc), largura da carapaça (Lc),

comprimento do plastrão (Cp), largura do plastrão (Lp), consumo de ração

(CR), conversão alimentar aparente (CAA), eficiência alimentar (EA),

coeficiente de digestibilidade aparente da proteína bruta (CDA PB),

coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca (CDA MS) da P.

expansa alimentadas com rações artificiais estão demonstrados na Tabela

3.

Page 39: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

26

TABELA 3. - Valores médios das variáveis de desempenho produtivo da

Podocnemis. expansa alimentadas com rações de diferentes

níveis de proteína bruta

TRATAMENTOS

Variáveis Controle T1 T2 T3 T4 P GP (kg) 0,28 0,30 0,37 0,35 0,30 0,71 Cc (m) 0,68 0,72 1,05 0,80 0,85 0,67 Lc (m) 0,37 0,20 0,36 0,43 0,30 0,67 Cp (m) 0,10 0,35 0,45 0,40 0,52 0,15 Lp (m) 0,53 0,50 0,40 0,50 0,33 0,65 CR (kg) 0,81b 0,99ab 1,23a 0,94ab 0,94ab <0,01

CAA (kg) 3,15 3,97 3,36 2,89 3,71 0,88 EA (kg) 0,34 0,32 0,30 0,37 0,32 0,91 CDA PB (%) 72,30 b 72,08 b 80,06 a 82,18 a 79,71 a <0,01 CDA MS (%) 70,06 b 69,99 b 76,12 a 74,36 a 68,35 b <0,01 GP: ganho de peso, Cc: comprimento de carapaça, Lc: largura da carapaça, Cp: comprimento do plastrão, Lp: largura do plastrão, CR: consumo de ração, CAA: conversão alimentar aparente, EA: eficiência alimentar aparente, CDA PB: coeficiente de digestibilidade aparente da proteína bruta, CDA MS: coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca, P: nível de significância. Médias na mesma linha seguidas de letras iguais não diferiram entre si pelo teste Tukey (p<0,05).

As variáveis de desempenho produtivo (GP, Cc, Lc, Cp e Lp) não

apresentaram diferenças estatísticas, não havendo influencia destas pelos

tratamentos. Porém, observa-se que o tratamento controle apresentou

menores taxas para ganho de peso e comprimento de carapaça.

Analisando o ganho de peso observa-se um aumento entre os T2

e T3, havendo uma estabilização entre os T3 e T4.

Considerando o ganho de peso e o comprimento de carapaça

observa-se uma relação positiva, em que T2 foi superior para ambas

variáveis, relação semelhante em animais de vida livre encontrado por

RODRIGUES et al. (2005).

O consumo de ração apresentou diferença estatística, o T2

apresentou superioridade aos demais, em virtude disto apresentou maior

ganho de peso, observando um aumento de 52% em relação ao tratamento

controle. O tratamento controle apresentou o pior consumo de ração e

ganho de peso. Isto pode ter ocorrido pela diferença na composição da

ração, pois o tratamento controle possui farinha de carne e ossos, que de

acordo com ALMEIDA & ABE (2009) para P. expansa a farinha de carne e

Page 40: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

27

ossos apresenta um aproveitamento menor quando comparada com outras

fontes de origem animal.

A conversão alimentar aparente e a eficiência alimentar não

apresentaram diferenças estatísticas entre os tratamentos, porém observa-

se que o T3 apresentou melhores resultados para ambas as avaliações.

Houve influência dos tratamentos para o CDA da MS, nota-se que

o T2 e T3 foram superiores com 76,12% e 74,36%, respectivamente. Para a

proteína o CDA apresentou diferença estatística entre os tratamentos,

havendo aumento da digestibilidade com o aumento da proteína. Os valores

encontrados foram superiores para o T3 com 82,18%, T2 com 80,06%, e T4

com 79,71%, o T3 foi superior ao T1 em 14%. Podendo inferir que uma

ração com 30% PB para adultos de P. expansa apresenta um

aproveitamento satisfatório.

A explicação para o fato do aumento da digestibilidade da PB nos

T2, T3 e T4 provavelmente se deve ao aumento da atividade das enzimas

digestivas propiciado pelo aumento da ingestão de proteína.

Os valores de CDA da PB encontrados nesta pesquisa foram

menores que no trabalho de VIANA (1999) que obteve com o melhor índice

92,83% que correspondeu ao tratamento com 21% de PB, diferença esta

que pode estar relacionado à idade, espécie e principalmente a genética.

Os resultados dos valores dos parâmetros hematológicos da

hemácia, hematócrito, hemoglobina, volume corpuscular médio (VCM),

hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de hemoglobina

corpuscular média (CHCM) e leucócitos totais estão apresentados na

Tabela 4.

Os resultados da contagem de hemácia, percentual de

hematócrito, VCM, HCM, CHCM e leucócitos não apresentaram diferenças

estatísticas (P<0,05) entre os tratamentos e foram semelhantes quando

comparados com os valores encontrados por OLIVEIRA-JÚNIOR et al.

(2009), excetuando o T3 que apresentou valores de limite superior de

referencia (LSR) para VCM e CHCM, havendo um discreto aumento com

aumento do nível de proteína.

Page 41: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

28

TABELA 4 - Valores do hemograma da Podocnemis. expansa alimentadas com rações contendo teores diferentes de proteína bruta

TRATAMENTOS

Variáveis Controle T1 T2 T3 T4 P V. R.* RBC x 10

6/µL

±dp 0,32

±0,11 0,32

±0,08 0,30

±0,02 0,34 ±0,10

0,34 ±0,08

0,9160 0,16 - 0,45

Ht (%) ±dp

31,75 ±3,30

29,75 ±2,06

32,50 ±1,73

33,50 ±2,38

29,25 ±5,38

0,2847 15,0 - 41,0

Hb (g/dL) ±dp

10,47 bc

±1,52

8,83 c

±0,65

11,90 ab

±1,63

13,6 a

±1,41

9,5 bc

±0,75

<0,01 5,5 - 12

VCM (fL) ±dp

1036,30 ±261

952,08 ±229

931,40 ±341

1081,67 ±281

865,22 ±123

0,8023 625 - 1250

HCM (pg) ±dp

338,6 ±74,1

283,9 ±74,4

345,3 ±152,5

433,31 ±183,1

285,9 ±59,0

0,4592

CHCM (g/dL)±dp

32,91 ±1,98

29,72 ±2,37

36,54 ±3,90

39,14 ±8,02

33,07 ±4,60

0,1025 13,4 – 42,9

Leucócitos(µL) ±dp

4500 ±1290

4125 ±1973

4500 ±2081

4000 ±1581

4250 ±2020

0,9927 2480 - 10450

dp: desvio padrão, P: nível de significância, V.R.: valor de referência. Médias na mesma linha seguidas de letras minúsculas iguais não diferiram entre si pelo teste Tukey (p<0,05).

*

referente a OLIVEIRA- JUNIOR et al.,(2009), obtidos de P. expansa mantidas em cativeiro com dieta de 34%PB

A dosagem de hemoglobina realizada apresentou diferenças

estatísticas quando comparado aos tratamentos, observando que com o

aumento de proteína bruta na dieta houve uma maior produção de

hemoglobina. Porém ao se comparar com o valor de referência observa-se

que o T2 e T3 apresentaram limites superiores de referência (LSR), porém

os valores de referências são de criadores localizados em região diferentes

deste estudo, que de acordo com STRIK et al.(2007), SYKES & KLAPHAKE

(2008) e OLIVEIRA JÚNIOR et al.( 2009) podem influenciar na comparação

de resultados.

As diferenças dos valores de hemoglobina possivelmente se

deveram ao fato que o nível de proteína no T3 foi o que mais estimulou a

produção de hemoglobina, garantindo um bom estado de saúde aos

quelônios.

Observa-se também no T3 uma relação entre hemácia,

hematócrito e hemoglobina que apresentaram resultados superiores neste

tratamento. Relação semelhante encontrada por OLIVEIRA-JUNIOR et al.,

(2009) que observaram uma correlação alta entre a hemácia, o hematócrito

e a hemoglobina para P. expansa.

Page 42: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

29

Nas tartarugas de vida livre os valores encontrados de hemácia

por ROSSINI et al. (2012) são superiores (0,52 – 1,5x106/µL) quando

comparados com obtidos nesta pesquisa. Isto pode ser justificado pela

influência de fatores externos, que segundo STRIK et al. (2007), SYKES &

KLAPHAKE (2008), OLIVEIRA JÚNIOR et al. (2009), a localização

geográfica e condições ambientais estão entre os fatores que podem

apresentar variações nos resultados do hemograma. MARTINEZ et al.

(2007) encontraram valores semelhantes aos encontrados nesta pesquisa

quando analisou animais de zoológico.

Os resultados da contagem diferencial estão na Tabela 5. A

contagem diferencial não apresentou diferenças estatísticas entre os

tratamentos. Os valores do eosinófilo apresentaram dentro da amplitude de

variação dos valores de referência. Os resultados dos linfócitos estão acima

no limite superior de referência (LSR), em todos os grupos, que de acordo

com CAMPBEEL (2004), o aumento de linfócitos em répteis pode estar

associado a processos inflamatórios crônicos. As porcentagens de

heterófilo, basófilo e trombócitos apresentaram valores semelhantes aos

valores de referência

TABELA 5 - Valores médios da contagem diferencial da Podocnemis. expansa alimentadas com rações de diferentes teores de proteína bruta

TRATAMENTOS

Variáveis Controle T1 T2 T3 T4 P VR

Eosinófilo (%)

11,5 ±6,13

11,0 ±2,70

9,25 ±3,5

5,00 ±4,70

9,25 ±8,88

0,5299 7- 201

Monócito (%)

7,0 ±2,94

8,25 ±2,21

5,00 ±1,82

10,25±0,50

6,00± 4,54

0,1500

Linfócito (%)

23,25 ±5,18

22,00 ±6,68

19,75 ±2,62

26,25 ±5,85

22,25 ±9,17

0,6780 9 – 232

Heterófilo (%)

51,50 ±10,34

55,50 ±6,24

58,75 ±4,57

54,25 ±9,03

57,00 ±7,61

0,7871 35 - 632

Basófilo (%)

6,75 ±3,86

3,25 ±1,50

7,25 ±2,75

4,50 ±1,73

5,50 ±1,00

0,1279 4 - 142

Trombócito (x103/µL)

5,6 ±2,4

4,5 ±1,0

6,5 ±0,5

4,8 ±1,8

7,9 ±2,2

0,4574 2,0 - 9,92

P: nível de significância. V.R.: valor de referência. Os símbolos ± representam o desvio

padrão. 1

referente a STRCK et al. (2011),2 referente a OLIVEIRA- JUNIOR et al. (2009),

obtidos de P. expansa mantidas em cativeiro.

Page 43: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

30

Os heterófilos encontrados no diferencial foram em maior

quantidade em todo os tratamentos, que de acordo com SYKES &

KLAPHAKE (2008) são os mais comuns granulócitos encontrados nos

sangues dos repteis.

Os resultados das dosagens de bioquímicas séricas estão

apresentados na Tabela 6. Os valores de creatinina embora não foram

encontradas diferenças significativas entre os tratamentos, quando se

compara ao valor de referência observa-se que estes se encontram acima

do LSR. Com o aumento de proteína na dieta houve um aumento no valor

da creatinina, e de acordo com REAVILL e SCHMIDT (2010), o excesso de

proteína na dieta de répteis pode levar uma diminuição da função renal,

sendo esta mensurada através da creatinina, pois é exclusivamente

excretada pelo rim (FRASER, 1997).

TABELA 6 - Valores das dosagens de bioquímicas séricas da P. expansa alimentadas com rações de níveis diferentes de proteína bruta

TRATAMENTOS (%PB)

Variáveis Controle T1 T2 T3 T4 P V. R.

Creatinina (mg/dL)

0,13 ±0,02

0,14 ±0,0

0,16 ±0,02

0,13 ±0,06

0,17 ±0,02

0,2425 0,06- 0,121

Ác. úrico (mg/dL)

0,46 ±0,17

0,45 ±0,12

0,51 ±0,09

0,40 ±0,02

0,52 ±0,08

0,6191 1,26-2,181

Albumina (g/dL)

1,67 ±0,32

2,13 ±0,55

2,00 ±0,90

2,00 ±0,19

1,39 ±0,25

0,1974 1,55-2,012

AST (U/L)

124,4 ±154,00

99,51 ±55,91

106,0 ±75,71

113,49 ±58,21

81,20 ±24,39

0,7932 40,3 - 348,72

Prot. Total (g/dL)

3,93 ±(0,65)

4,20 ±(0,86)

4,30 ±(1,40)

3,73 ±(1,20)

3,26 ±(0,51)

0,5650 3,5±1,31

CV: coeficiente de variação, P: nível de significância, V.R.: valor de referência. Os números

entre parênteses representam o desvio padrão. 1

SANTOS et al., (2005) 2 MARTINEZ,

2007,.

O ácido úrico não apresentou diferença significativa entre os

tratamentos, porém apresentou valor abaixo do LIR (limite inferior de

referência) que pode ter ocorrido pela diferença de peso entre os animais

desta pesquisa e do valor de referência, que de acordo com SANTOS et al.,

(2005) ao avaliar o ácido úrico em animais de pesos diferente houve

Page 44: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

31

diminuição com o aumento de peso do animal, sendo então inversamente

proporcionais. Observa-se também um aumento discreto do ácido úrico com

o aumento de proteína, uma vez que o ácido úrico é originado pela

metabolização das purinas conforme MCARTHUR et al., (2004).

Nas avaliações histológicas do fígado não foram encontrados

alterações. Porém nas avaliações do rim foram encontradas alterações

inflamatórias caracterizadas pela presença predominante de linfócitos no

interstício renal (FIGURA 4), que foram classificadas de acordo com a de

intensidade das lesões, e apresentaram valores médios para o tratamento

controle de 3,00, T1 com média de 2,50, T2 média de 1,75, T3 média de

1,75 e T4 com média de 1,75. Os resultados nos mostram que o tratamento

controle foi o grupo que apresentou a maior média de lesões no rim, embora

autores relatam os critérios para classificar alterações no sistema renal não

estão bem definidos.

Figura 4 - Fotomicrografias do tecido renal de juvenis de Podocnemis expansa. a) tecido normal, b) lesão discreta, c) lesão moderada,

d) lesão acentuda. Coloração hematoxilina-eosina. Objetiva de 5x

Page 45: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

32

6 Conclusão

De acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa, foi possível

concluir que o nível de proteína bruta indicada para crescimento e saúde de

exemplares juvenis de Podocnemis expansa situa-se entre 25 e 30%.

No entanto para que se possam investigar as exigências

nutricionais desta espécie fazem-se necessário o desenvolvimento de

rações com outras fontes de ingredientes.

Page 46: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

33

7 REFERÊNCIAS

1. ALMEIDA, C. G.; ABE A.S. Aproveitamento de alimentos de origem

animal pela tartaruga-da-amazônia – Podocnemis expansa criada em

cativeiro. Acta Amazonica [online], v 39, n.1, p. 215-220, 2009. Disponível

em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0044596720090

00100023&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 10 abr. 2010.

2. ALVES, R. O. Criação, abate e comercialização de animais silvestres.

[online]. 2009. 70f. Monografia (Especialização em Vigilância Sanitária e

Controle de Qualidade dos Alimentos) – Universidade Castelo Branco,

Brasília. Disponível em: http://www.qualittas.com.br/documentos/criação

%20Abate%20-%20Ricado%20de%20Oliveira%20Alves.pdf. Acesso em: 30

ago. 2010.

3. ANDRADE, P.C.M. Criação e manejo de quelônios no Amazonas.

Manaus: Ibama, ProVárzea, 2008. 528p.

4. AOAC. Official methods of analysis of the Association Analytical

Chemists. 18.ed. Gaithersburg, Maryland, 2005

5. BARROWS, M. MCARTHUR,S. WILKINSON,R. Diagnosis. In:

MCARTHUR,S., WILKINSON, R., MEYER,J. Medicine and surgery of

tortoises and turtles. Oxford: Blackwell, 2004. cap.6, p.109-140.

6. BRASIL. Portaria nº 142 de 30 de dezembro de 1992. Normatiza a

criação em cativeiro das espécies de quelônios Podocnemis expansa,

tartaruga-da-amazônia e Podocnemis unifilis, tracajá, com finalidade

comercial. Diário Oficial da União, Brasília, 21 jan. 1993. p.922-923.

7. BRASIL. Portaria nº 070 de 23 de agosto de 1996. Normatiza a

comercialização de produtos das espécies de quelônio Podocnemis

expansa e Podocnemis unifilis, provenientes de criadouros comerciais

regulamentados pelo IBAMA. Diário Oficial da União, Brasília, 26

ago.1996. Seção 1, p.16.390-16.391.

Page 47: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

34

8. CAMPBELL , T. W. Hematology of Reptiles. In: THRALL, M.A. Veterinary

hematology and clinical chemistry. Philadelphia: Lippincott Willians &

Wilkins, 2004, cap. 18. p. 259-276

9. DONOGHUE, S., LANGERBERG J. Nutrition. In: MADER, D.R. Reptile

medicine and surgery. Philadelphia: WB. Saunders Company, 1996.

Cap.14, p. 148-174.

10. FERREIRA JÚNIOR D. P. Aspectos ecológicos da determinação sexual

em tartarugas. Acta amazônica [online], v39. n 1, p.139-154, 2009.

Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0044-

59672009000100014&lng=pt&nrm=isso. Acesso em: 10 abr. 2010.

11. FRASER, C.M. Manual Merck de Veterinária, 7 ed. São Paulo:Roca,

1997. 2169p.

12. GASPAR, A. Avaliação do abate e da qualidade da carne de tartaruga-

da-amazônia (Podocnemis expansa) criada em cativeiro para consumo

humano. 2003. 145f. Tese (Doutorado em Higiene Veterinária e

Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal) –Faculdade de

Veterinária, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro.

13. IBAMA. Projeto Quelônios da Amazônia, 10 anos. Brasília: Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1989.

119p.

14. ICMBIO – RAN. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de

Répteis e Anfíbios. 2001. Apresenta o órgão ambiental desde o histórico,

área de atuação e pesquisas. Disponível em:

http://www4.icmbio.gov.br/ran/index.php. Acesso em: 01 ago. 2010.

15. JACOBSON, E.R. Infectious Diseases and Pathology of Reptiles.

Flórida: Taylor & Francis, 2007. 716p

16. LIMA, M.G.H.S. A importância das proteínas de origem animal e

vegetal no primeiro ano de vida da tartaruga-da-amazônia –

Podocnemis expansa (Schweigger, 1812). 1998, 93 f. Dissertação de

Page 48: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

35

Mestrado. Universidade do Amazonas e Instituto Nacional de Pesquisa da

Amazônia, 1998.

17. LUNA, L.G. Manual of histologic staining methods of the Armed

Forces Institute of Pathology.3 ed. New York: Mcgraw-Hill, 1968. 258p.

18. LUZ, V.L.F.; STRINGHINI, J.H.; BATAUS, Y.S.L.; SOARES, E.S.F.;

PAULA, W.A.; NOVAIS, M.N.; REIS, I.J. Rendimento e Composição

Química de Carcaça da Tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) em

Sistema Comercial. Revista Brasileira de Zootecnia [online], v.32, n.1, p.

1-9, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbz/v32n1/16069.pdf.

Acesso em: 28 jul. 2009.

19. LUZ, V.L.F.; STRINGHINI, J.H.; BATAUS, Y.S.L.; PAULA, W.A.;

NOVAIS, M.N.; REIS, I.J. Morfometria do trato digestório da tartaruga-da-

Amazônia (Podocnemis expansa) criada em sistema comercial. Revista

Brasileira de Zootecnia [online], v. 32, n. 1, p. 10-18, 2003. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-

35982003000100002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 28 jul. 2009.

20. LUZ, V.L.F. Criação comercial de tartaruga e tracajá – Manual

Técnico. Cuiabá: Sebrae, 2005. 72 p

21. MADER, D.R. Reptile medicine and surgery. Philadelphia.

Company,1996. 512p.

22. MALVASIO, A.; SOUZA, A.M.; MOLINA, F.B.; SAMPAIO, F.A.

Comportamento e preferência alimentar em Podocnemis expansa

(Schweigger), P. unifilis (Troschel) e P. sextuberculata (Cornalia) em

cativeiro (Testudines, Pelomedusidae). Revista Brasileira de Zoologia

[online], v.20, n. 1, p. 161-168, 2003. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/rbzool/v20n1/v20n1a21.pdf. Acesso em: 28 jul.2009.

23. MARTINEZ, E.O.; HERNÁNDEZ, O.E.; BOEDE, E.O; PEÑALOZA, C.;

RODRIGUEZ, A.E. Inventario de la tortuga arrau, Podocnemis expansa en

Page 49: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

36

zoológicos de Venezuela. Valores referenciales del hemograma y la

bioquímica sérica. Revista Cientifica, FVC-LUZ, v.17, n5, p.433-440, 2007.

24. MCARTHUR, S & BARROWS, M. Nutrition. In: In: MCARTHUR,S.,

WILKINSON, R., MEYER,J. Medicine and surgery of tortoises and

turtles. Oxford: Blackwell, 2004. cap.4, p.73-86

25. MCARTHUR, S., MEYER, J., INNIS,.C. Anatomy and physiology. In:

MCARTHUR,S., WILKINSON, R., MEYER,J. Medicine and surgery of

tortoises and turtles. Oxford: Blackwell, 2004. cap.3, p.35-72.

26. NOSE, T. Recents advances in the study of fish digestion in Japan. In:

SYMPOSIUM ON FEEDING TROUT AND SALMON CULTURE, SC II–7.,

1966, Belgrade.Proceedings.. Belgrade: EIFAC, 1966. p.17.

27. OLIVEIRA-JÚNIOR, A.A., TAVARES-DIAS, M. MARCON, J.L.

Biochemical and hematological references ranges of Amazon freshwater

turtles, Podocnemis expansa, with morphologic assessment of blood cells.

Research in Veterinay Science [online], n.86, p.146-151, 2009. Disponível

em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0034528808001124

Acesso em 5 maio. 2010.

28. PORTAL, R.R.; CARDOSO, B.B.; BONACH, K.; ESTEVES, F.C.C.

Ecologia e conservação da tartaruga verdadeira, Podocnemis expansa

Scheigger, 1812 (Chelonia, Pelomedusidade), no Arquipélogo dos

Camaleoes, Afuá – PA, Brasil. Boletim. Técnico. Científico. Cepnor

[online], v.7 n. 1, p. 55-69, 2007. Disponível em:

http://www.ibama.gov.br/cepnor/modulos/boletim/visualiza.php?id_arq=93.

Acesso em 20 ago. 2009.

29. PORTAL, R.R.; LIMA, M.A.S.; LUZ, V.L.F.; BATAUS, Y.S.L.; REIS, I.J.

Espécies vegetais utilizadas na alimentação de Podocnemis unifilis,

Troschel 1948 (Reptilia, Testudinae, Pelomedusidade) na região do

Pracuúba – Amapá – Brasil. Ciência Animal Brasileira [online], v 3 n.1,

p.11-19, 2002. Disponível em:

Page 50: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

37

http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/view/277/248. Acesso em 21

ago. 2009.

30. R DEVELOPMENT CORE TEAM R: A language and environment for

statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna,

Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL http://www.R-project.org/ , 2011

31. REAVILL, D.R., SCHMIDT,R.E. Urinay Tract Diseases of Reptiles.

Journal of Exotic Pet Medicine online], v 19, n.4, p. 280-289, 2010.

Disponível em:

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1557506310001588.

Acesso em: 10 fev. 2011.

32. RODRIGUES, M.J.J.; CARDOSO,E.C.; CINTRA, I.H.A.; SOUZA, R.F.C.

Composição química do conteúdo estomacal da tartaruga-da-amazônia,

Podocnemis expansa (Schweigger, 1812), em ambiente natural. Boletim.

Técnico. Científico. Cepnor [online], v.4 n. 1, p. 57-65, 2004. Disponível

em: http://www.ibama.gov.br/cepnor/modulos/boletim/visualiza.php?id_arq=

54. Acesso em: 20 ago. 2009.

33. RODRIGUES, M.J.J.; CARDOSO, E.C.; CINTRA, I.H.A.; SOUZA, R.F.C.

Morfometria e rendimento de carcaça de tartaruga-da-amazônia,

Podocnemis expansa (Schweigger, 1812) em ambiente natural. Revista de

Ciências Agrárias [online], n.43, p.161-168, 2005. Disponível em

http://www.ufra.edu.br/editora/downloads/Revista_Ciencias_Agrarias_43.pdf.

Acesso em 20 ago. 2009

34. RODRIGUES, M.J.J.; MOURA, S.S. Análise bromatológica da carne de

tartaruga-da-amazônia, Podocnemis expansa (Schweigger, 1812) em

habitat natural. Subsídios para otimizar a criação racional. Amazônia

Ciência & Desenvolvimento / Banco da Amazônia, Belém, v. 2 n. 4, p. 7-

16, 2007.

35. ROSSINI, M.; BLANCO, P.A.; MARIN, E.; COMERMA-STEFFENSE,S.;

ZERPA, H. Haematological values of post-laying Arrau turtle (Podocnemis

expansa) in the Orinoco River, Venezuela. Research in Veterinary

Page 51: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

38

Science, v.92, p.18-131, 2012. Disponível em

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0034528810003784.

Acesso em maio 2012.

36. RUEDA – ALMONACID, J.V.; CARR, J.L., MITTERMEIER, R.A.,

RODRIGUEZ-MAHECHA, J.V., MAST, R.B., VOGT, R.C., RHODIN, G.J,

OSSA-VELÁSQUEZ, J. O., RUEDA, J.N., MITTERMEIER, C.G. Las

tortugas y los cocodrilianos de los países andinos del trópico. Série de

guias tropicales de campo nº 6. Bogotá: Editorial Panamericana, 2007.

538p.

37. SANTOS, A.L.Q.; MALTA, T.S.; MUNDIM, A.V.; ALVES-JÚNIOR, J.R.F.;

CARVALHO, S.F.M. Variação dos constituintes bioquímico sanguineos de

tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa) mantidas em criatório

comercial. Archives of Veterinay Science, v.10, n3, p.1-8, 2005. Disponível

em http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/veterinary/article/view/5126. Acesso

em 20 ago 2009.

38. SÁ. V. A.; QUINTANILHA, L. C.; FRENEAU, E.; LUZ, V. L. F.; BORJA,

A. L. R.; SILVA, P. C. Crescimento ponderal de filhotes de tartaruga gigante

da Amazônia (Podocnemis expansa) submetidos a tratamento com rações

isocalóricas contendo diferentes níveis de proteína bruta. Revista Brasileira

de Zootecnia. Viçosa, v. 33, n. 6, p. 2351-2358, nov./dez. 2004.

39. SCARLATO, R.C.; GASPAR, A. Composição nutricional do casco da

tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) criada em cativeiro e em

idade de abate. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Campinas, supl. 27,

p.41-44, ago. 2007.

40. SILVA, D.J.; QUEIROZ,A.C. Análise dos Alimentos (métodos

químicos e biológicos). Viçosa:Editora Viçosa, 2002. 235p

41. SINDIRAÇOES. MÉTODOS OFICIAIS COMPÊNDIO BRASILEIRO DE

ALIMENTAÇÃO ANIMAL, MINISTERIO DA AGRICULTURA, 2010.

42. SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análises de alimentos: métodos químicos

e biológicos. 3 ed. Viçosa: UFV, 2002. 235.p.

Page 52: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

39

43. STACY, N.I., ALLEMAN, A.R., SAYLER, K.A. Diagnostic Hematology of

Reptiles. Clinics in Laboratory Medicine. [online], n.31, p.87-101, 2011.

Disponível em:

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0272271210001484.

acesso em fev. 2012.

44. STRIK, N.I., ALLEMAN, A.R., HARR, K.E. Circulating inflammatory cells.

In: JACOBSON, E.R. Infectious Diseases and Pathology of Reptiles.

Flórida: Taylor & Francis, 2007. cap. 3, p. 167-218.

45. SYKES, J.M., KLAPHAKE, E. Reptile hematology. Veterinay Clinics of

North America Exotic Animal Practice [online], n.11, p.481-500, 2008.

Disponível em

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1094919408000236.

Acesso em 20 ago. 2009.

46. TAVARES-DIAS, M. OLIVEIRA-JÚNIOR, A.A., MARCON, J.L.

Methodological limitatios of counting total leukocytes and thrombocytes in

reptiles (Amazon turtle, Podocnemis expansa): an analysis and discussion.

Acta Amazonica [online], v 38, n.2, p. 351-356, 2008. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0044-

59672008000200020&lng=en&nrm=iso&tlng=en. Acesso em: 10 fev. 2012

47. TAVARES-DIAS, M; OLIVEIRA-JÚNIOR, A.A.; SILVA, G.A.;

MARCON, J.L.; BARCELLOS J.F.M. Comparative hematological and

biochemical analysis of giant turtles from the Amazon farmed in poor and

normal nutritional conditions. Veterinarski arhiv [online], v 79, n.6, p. 601-

610, 2009. Disponível em:

http://www.vef.unizg.hr/vetarhiv/index.php?p1=li&p2=2009&p3=79&p4=6&p5

=0. Acesso em: 10 fev. 2012.

48. TCA. Biologia y Manejo de La tortuga Podocnemis expansa

(Testudines, Pelomedusidae) Caracas: Secretaria pro Tempore, 1997.

54p.

Page 53: NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA BRUTA NA DIETA ......leucograma, contagem diferencial de leucócitos, proteína total, creatinina, albumina, ácido úrico, AST, avaliação histológica

40

49. TERRELL,S.P., STACY B.A. Reptile necropsy techniques In

JACOBSON, E.R. Infectious Diseases and Pathology of Reptiles: Color

Atlas and Text. . New York: CRC Press, 2007. cap 4, p.219-256

50. VAN KEULEN, J.; YOUNG, B. A. Evaluation of acid-insoluble ash as

natural marker in ruminant digestibility studies. Journal Science, v. 44, n. 2,

p. 282-287, 1977.

51. VIANNA, V.O. Uso de dietas artificiais no desenvolvimento inicial de

tracajá (Podocnemis unifilis), tigre d’água (Trachemys dorbignyi), teiú

(Tupinambis merianae) e jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris)

em cativeiro. Tese de Doutorado. Jaboticabal: Centro de Aqüicultura da

Unesp – Universidade Estadual Paulista, 1999.

52. WILKINSON, R. Clinical pathology In: MCARTHUR,S., WILKINSON, R.,

MEYER,J. Medicine and surgery of tortoises and turtles. Oxford:

Blackwell, 2004. cap.7, p.141-186.