nutrição de poedeiras - avanços

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  • 7/24/2019 Nutrio de Poedeiras - Avanos

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    Avanos na nutrio da poedeira moderna

    Jos Roberto Medina GarciaGerente da Diviso Aves de Postura da Multimix Nutrio Animal Ltda

    [email protected]

    1. Introduo

    A evoluo gentica das poedeiras, produziram aves mais produtivas,

    com menor peso corporal e baixo consumo de rao.

    O grande desafio dominar o dinamismo da gentica que tornaram asaves muito mais exigentes, principalmente sob o aspecto nutricional. Assim

    como, so necessrias novas prticas de manejo e adequao destas aves as

    novas instalaes, cada vez mais automatizadas, com ambiente controlados e

    alojando com maior coletividade e densidade.

    Considerando as particularidades da criao de poedeiras modernas,

    faremos uma abordagem dos avanos na nutrio, acompanhando a evoluo

    de manejo/instalaes e gentica que possam ser teis a todos profissionaisenvolvidos com a produo de ovos comerciais.

    2. Evoluo da Postura Comercial no Brasil

    Inicialmente, a avicultura estava sob o domnio da atividade familiar que

    com o decorrer dos anos, principalmente aps a abertura tecnolgica nas reas

    de gentica, ambincia, sanidade e nutrio, passou a ter uma viso empresarialpara atender as exigncias de mercado, favorecendo cada vez mais os

    investimentos nesta rea.

    Atualmente, observamos grandes empresas avcolas com instalaes

    modernas, visando a maximizao dos lucros e transformao de produtos

    primrios da Agricultura (milho, sorgo, soja, etc.) em produtos nobres para a

    alimentao humana, num curto espao de tempo ocupando reas reduzidas.

    Mais de 15.000.000 de aves j se encontram alojadas em instalaes

    modernas nacionais e internacionais, com as seguintes caractersticas: alta

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    densidade de alojamento (375 a 321 cm2/ave); facilidade administrativa; rapidez

    de implantao, necessidade de pouco espao fsico; reduo do percentual de

    ovos no aproveitveis; menor custo de mo de obra, menor desperdcio de

    rao; maior controle dos fatores ambientais e maior competitividade no

    mercado. Porm, estas instalaes exigem maior custo de implantao;

    necessidade de grandes lotes de reposio; dificuldade no manejo de dejetos e

    controle sanitrio e maior adaptabilidade das aves.

    3. Evoluo gentica da Poedeira.

    Linhagem Branca Vermelha

    Perodo de crescimento (1 a 17 semanas)19802 20031 19802 20031

    Viabilidade % 94-96 97-98 96 96-98Mortalidade % 4-6 2-3 4 2-4Consumo de rao Kg 6,58 5,21 8,2-9,1 6Peso corporal Kg 1,320 1,250 1,580 1,430

    Perodo de Postura (at 80 semanas)Viabilidade % 90-94 96 90-93 94-96Mortalidade % 6-10 4 7-10 4-6Produo 50 % Dias 171 153 168-172 145

    Peso corporal 32 sem Kg 1,600 1,520 - 1,980Peso corporal 70 sem Kg 1,700 1,580 2,500 2,000Ovo/ave/dia 80 sem 275-305 339-347 292 357Ovo/ave/alojada 80 sem 262-293 333-341 279 351Peso mdio do ovo 32 sem g 56,7 58,4 60 62,7Peso mdio do ovo 70 sem g 64,8 63,4 63,3 66,9Kg de rao/kg de ovo 2,3-2,5 1,91 2,4-2,6 2,06

    1Fonte: Guia de Manejo comercial da Hy-line 2003-2005.2 Fonte: Manual de Manejo Hy-line Ito 1980.

    4. Caractersticas da Poedeira Moderna.

    As linhagens diferenciam-se quanto ao temperamento, potencial

    produtivo, consumo de rao, ganho de peso, viabilidade, tipo de ovos.

    Pelo fato das aves a cada ano adiantarem um dia a maturidade sexual,

    tem sido um desafio para os tcnicos estimularem o consumo de rao e o

    ganho de peso das frangas em cria, recria, principalmente em linhagens de

    baixo consumo de rao.

    As caractersticas de ganho de peso destinados aos frangos de corte e as

    caractersticas reprodutivas que foram desenvolvidas para as poedeiras

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    comerciais, so ndices zootcnicos geneticamente antagnicos. Dessa forma,

    apesar da evoluo na produo de ovos, verificada nos ltimos anos, observa-

    se um baixo consumo de rao o que ocasiona uma reduo no peso corporal

    da ave no incio da postura e ainda, as aves apresentam dificuldade no ganho de

    peso.

    A precocidade das aves resultou na necessidade de programas de

    alimentao especficos para cada fase de criao e principalmente que estes

    programas garantam a ingesto adequada de nutrientes para atender a

    demanda biolgica de manuteno, ganho e produo.

    A poedeira moderna exige um consumo adequado de energia, para que

    no ocorra clssica queda de produo de ovos aps o pico ou que esta ave

    entre em um balano nutricional negativo.

    A rentabilidade de um lote de poedeiras comerciais influenciado

    diretamente pela qualidade atingida na criao das frangas. Os programas

    nutricionais desenvolvidos para as fases de cria e recria devem ter como

    principal objetivo o mximo de retorno econmico.

    5. Consideraes sobre a fase de pr-postura.

    importante salientar que a fase de pr-postura caracterizada por

    mudanas fisiolgicas, tais como: aumento no tamanho da crista e barbela,

    aumento no tamanho e atividade do fgado, aumento no depsito de clcio

    medular, formao do oviduto e formao dos primeiros ovos.

    Para atender as exigncias das aves nesta fase de constantes mudanas

    fisiolgicas em que a poedeira chega a sustentar um aumento de peso de 400 a

    500g aproximadamente em duas semanas, justifica-se o uso de dietas de prpostura com nveis adequados de aminocidos, clcio e fsforo.

    Os dados de campo revelam que o peso alcanado pelas aves s 18

    semanas de idade ir influenciar diretamente nos ndices zootcnicos da vida da

    poedeira.

    O grfico 1, demonstra que as aves pequenas e leves com 18 semanas

    so as menores no incio da postura, consomem pouca rao e permanecem

    pequenas e produzindo ovos menores durante todo o ciclo de postura, sendo oinverso verdadeiro para as aves mais pesadas. Tal ocorrncia explica o

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    comprometimento do crescimento inicial que influencia negativamente as etapas

    posteriores da franga.

    Grfico 1. Curva de peso de poedeiras de 15 a 63 semanas de idade.

    LEESOM & SUMMERS, 1997

    A seguir, sero abordados alguns nutrientes de grande importncia na

    nutrio de poedeiras e orientaes de manejo para melhorar a ingesto destes

    nutrientes.

    6. Energia

    O fornecimento adequado de energia garantir os melhores resultados

    zootcnicos, porm sendo a energia o nutriente mais oneroso da rao, o

    retorno econmico ser o principal determinante do nvel timo de energia para

    poedeira.

    O melhor mtodo para a determinao da ingesto de energia medir a

    quantidade de rao que a ave consome (HARMS, 1999).

    O requerimento de energia varivel de acordo com o peso corporal, fase

    de produo, tamanho de ovo, linhagem e temperatura ambiente (COON, 2002).

    6.1. Influncia da Temperatura no requerimento de Energia Metabolizvel (EM).

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    A temperatura ambiente um fator determinante no desempenho das

    aves. Utilizando a equao de predio de energia abaixo, podemos observar

    que as poedeiras modernas so muito mais exigentes em energia metabolizvel

    do que era a poedeira antiga na mesma condio ambiental (temperatura de

    25C) (Grfico 2) e para o Grfico 3, verificamos que a necessidade energtica

    maior no frio.

    Equao de Predio de Energia Para Poedeiras - NRC (1994)

    Onde:

    W = Peso Corporal (kg)

    T = Temperatura (C)

    GW = Ganho de Peso/Ave/Dia (g)

    EE = Massa de Ovos (g)

    Grfico 2. Exigncia de EM da poedeira moderna em comparao a poedeira

    antiga em temperatura de 25C.

    EMA = W0,75(173 - 1,95T) + 5,5GW + 2,07 EE

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    Grfico 3. Necessidades Dirias de EM para poedeiras em diferentes

    Temperaturas.

    No Grfico 4, tambm podemos observar o efeito da temperatura sobre a

    EM.

    Grfico 4. Necessidade de EM (kcal/ave/dia) em funo da Temperatura.

    240

    250

    260

    270

    280

    290

    300

    310

    10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34

    Temperatura (C)

    Necessida

    deDiriadeEM

    (kca

    l/ave/dia)

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    No clima frio, a variao de consumo menor para cada grau de variao

    de temperatura em relao ao clima quente (Tabela 1), assim como, em

    temperaturas elevadas ocorre uma menor ingesto de EM (Tabela 2).

    Tabela 1. Efeito da Temperatura e Energia metabolizvel (EM) no consumo derao de poedeiras de 20 a 36 semanas.

    Temperatura C

    7 9 14 16 19 22 25 28 31 33 35 mdia

    EM (kcal/kg) Consumo (g/dia)

    2645 118 119 113 112 111 105 105 100 91 70 72 102

    2755 113 115 111 114 108 103 102 102 91 68 67 99

    2865 114 111 105 109 111 104 102 88 88 66 66 97

    2976 104 109 110 106 108 99 96 84 84 61 65 94

    Mdia 112ab 113a 108c 110bc 109c 103d 101d 98e 88f 66g 67g

    a-gMdias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem entre si (p

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    ocorre um declnio no consumo de energia. Entretanto, acima de 27-28C o

    declnio comea a ser drstico desde que a ave esteja sob stress calrico. O

    ponto de cruzamento das linhas representa a energia disponvel para a produo

    e como a temperatura est crtica (acima de 28C), a energia disponvel para a

    produo tambm reduzida drasticamente e na temperatura de 33C esta

    torna-se negativa (LEESON & SUMMERS, 1997).

    Grfico 5. Temperatura ambiental e balano energtico

    6.2. Relao de Energia Metabolizvel, Peso e Produo de ovos

    A habilidade das aves em direcionar a energia consumida para

    manuteno, peso e nmero de ovos est diretamente relacionada com as

    condies ambientais em que elas esto alojadas. Pesquisas com poedeiras

    alojadas em temperatura termoneutra (21,1C) indicam que primeiramente as

    aves utilizam a enegia metabolizvel para produo de ovos e no para

    aumentar o peso dos ovos.

    Em um estudo com aves em ambiente termoneutro (21C) e em

    temperatura quente cclica (26,7 a 35,6C), verificou-se que as aves natemperatura de 21C somente aumentaram o nmero de ovos com o incremento

    190210230250270290310330350

    370390

    5 10 15 20 25 30 35Temperatura (C)

    Energia(kcal/ave/dia)

    Energia Consumida Necessidade de Energia

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    de EM, enquanto que as aves alojadas em ambiente quente, direcionaram a

    energia tanto para o nmero, quanto para o peso dos ovos, pois o requerimento

    de energia para mantena destas ltimas foi significativamente reduzido

    (ZHANG & COON, 1994).

    importante ressaltar que as aves somente so eficientes em

    temperaturas elevadas quando esto consumindo adequadamente. Porm,

    observamos que o conforto trmico fornece melhores condies para que o

    animal expresse seu potencial produtivo.

    Em temperaturas elevadas pode-se adicionar gordura na dieta que alm

    de melhorar a palatabilidade e diminuir o p da rao, tambm reduz o

    incremento calrico do animal.

    7. Protena

    A dieta deve garantir os aminocidos essenciais e um nvel adequado de

    protena bruta para assegurar um satisfatrio pool de nitrognio para a sntese

    de aminocidos (NRC, 1994).

    No entanto, em condies ambientais brasileiras de temperaturas

    elevadas, devemos sempre elevar a quantidade de aminocidos sintticos

    (metionina, lisina e treonina) com o mnimo incremento da protena para no

    ocorrer um aumento na produo de calor endgeno gerado pela digesto

    protica.

    O requerimento de protena est associado com a taxa de produo e

    tamanho dos ovos. De acordo com LEESON & SUMMERS, 1997, a produo de

    ovos sobe rapidamente quando se eleva o consumo de EM da dieta, ao passo

    que nveis crescentes de protena somente influenciam a produo de ovos,quando o consumo de energia baixo.

    7.1. Protena e Tamanho de ovo

    Embora o tamanho da gema tenha uma grande influncia no tamanho do

    ovo, no podemos menosprezar a quantidade de albmen.

    Sendo os slidos do albmen do ovo quase inteiramente proticos, ademanda de protena e aminocidos grande, ou seja, uma carncia de

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    protena resultaria num decrscimo da quantidade de albmen e

    conseqentemente do tamanho do ovo, de forma similar afetaria a quantidade

    de gema. O aumento da protena e do contedo de aminocidos na dieta

    exercem um efeito marcante no tamanho dos ovos, particularmente quando os

    ovos so pequenos (COON, 2002).

    No podemos esquecer que o peso do ovo e a porcentagem de gema

    aumentam com a idade das aves, enquanto que a casca e a clara diminuem.

    Estes fatos foram bem relatados na pesquisa de SILVERSIDES & SCOTT

    (2001).

    8. Aminocidos

    8.1 Metionina

    Metionina e Lisina so os aminocidos limitantes das dietas formuladas

    base de milho e soja.

    Segundo Harms, 1999, a metionina um importante fator no controle do

    contedo de ovo (peso do ovo peso da casca x % da produo de ovos), pois

    a poedeira consome energia para sustentar o nmero de ovos, mas o peso dos

    ovos depende dos nveis de aminocidos da dieta.

    Nas Tabelas 3 e 4 podemos observar a influncia da metionina no

    consumo e produo de ovos em raes com diferentes nveis de energia e

    protena.

    Tabela 3. Consumo de rao (g) de poedeiras arraoadas com dietas com

    diferentes nveis de protena, metionina e energia.Protena Metionina Energia (kcal/kg)

    (%) (%) 2772 3080

    0,300 90,75a 78,78a

    15 0,275 85,90b 70,75b

    0,25 80,06c 61,52c

    12,7 0,300 88,66a 77,11a

    0,275 84,91b 73,16b

    a-cMdias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem entre si (p

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    Tabela 4. Produo de ovos de poedeiras arraoadas com dietas com diferentesnveis de protena, metionina e energia.

    Protena Metionina Energia (kcal/kg)

    (%) (%) 2772 30800,300 85,25a 80,12a

    15 0,275 80,97b 74,77b

    0,250 75,6c 63,66c

    0,300 82,80a 76,72a

    12,7 0,275 78,17b 72,36v

    0,250 72,64c 60,16c

    a-c

    Mdias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem entre si (p

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    Tabela 6. Efeito da lisina na performance de aves (24 a 36 semanas).Tratamentos

    Variveis 1 2 3 4 5 6 7 8

    Lisina total (%) 0,65 0,69 0,73 0,77 0,81 0,85 0,89 0,93

    Produo ave/dia 0,97 0,97 0,97 0,96 0,97 0,97 0,96 0,97

    Peso do ovo (g) 57,4b 58,8a 58,5ab 58,5ab 58,4ab 58,7a 58,9a 58,3ab

    Massa ovo (g/ave/dia) 55,8b 56,8ab 56,5ab 56,3ab 56,8ab 57,1a 56,7ab 56,6ab

    Consumo (g/ave/dia) 110 112 110 109 109 109 110 110

    Conv. Alimentar (g/g) 1,98a 1,97ab 1,94bc 1,94bc 1,92c 1,91c 1,93c 1,94bc

    Ganho de peso (g/dia) 73 69 62 76 71 58 63 79

    Cons. Lisina (mg/ave/dia) 717 772 802 839 882 926 975 1,021

    a-cMdias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem entre si (p

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    O consumo inadequado de clcio prejudica a qualidade da casca, assim

    como, o aumento da idade das aves.

    Tabela 7. Requerimento mdio de minerais para poedeiras.

    Mineral Valor

    Clcio (%) 3,25

    Fsforo Disponvel (%) 0,25

    Sdio (%) 0,15

    Cloro (%) 0,13

    Mangans (mg/kg) 20

    Selnio (mg/kg) 0,06

    Zinco (mg/kg) 35

    Fonte: NRC, 1994

    fato conhecido que com o aumento da idade da poedeira em produo

    e um correspondente aumento no tamanho do ovo h uma reduo na

    espessura e resistncia da casca e conseqente aumento no ndice de quebra

    dos ovos. Para aves mais velhas e com problemas de cascas anormalmente

    finas podemos elevar o nvel de consumo de clcio at um mximo de 4,75g/ave/dia.

    Alm da idade da ave, temperaturas elevadas influenciam os parmetros

    da casca. O estresse por calor reduz o consumo de clcio e a converso da

    vitamina D3 em sua forma metabolicamente ativa, a 1,25 (OH)2D3, que

    essencial para a absoro e a utilizao de clcio. De fato, a exigncia de clcio

    para poedeiras aumenta com altas temperaturas ambientais (PLAVNIK, 2003).

    A piora da qualidade da casca nos meses quentes do ano tambm ocorredevido h um desbalano cido/base quando as aves comeam a ofegar para

    dissipar o incremento de calor. O uso de bicarbonato de sdio repe parte dos

    eletrlitos na rao e ajuda reduzir este problema (COON, 2002).

    9.1. Calcrio e tamanho da partcula

    O tamanho da partcula muito importante, pois se o calcrio for muito

    fino, o clcio passa na moela rapidamente, no ficando disponvel no momento

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    em que a ave est formando a casca do ovo (ZHANG & COON, 1997). O ideal

    o fornecimento de 1/3 ou 1/2 na forma de calcrio grosso (> 1,0mm, mdia de

    2,5mm de dimetro), (COON, 2002).

    Como a formao da casca usualmente ocorre durante noite, quando as

    aves no esto comendo, a vantagem do uso de partculas maiores sua

    passagem mais lenta no trato gastrointestinal, deixando assim, o clcio

    disponvel para formao da casca e consequentemente ocorre menor

    mobilizao do clcio sseo pela ave.

    Segundo FAMER et al., 1986, as cascas de ovos contendo elevados

    nveis de clcio de origem ssea apresentam baixa qualidade.

    Pesquisa de KESHAVARZ, 1998, investigou diferentes nveis de clcio e

    horrios de fornecimento para as aves (Tabela, 8).

    Tabela 8. Efeito da variao do consumo de clcio na qualidade de casca,gravidade especfica (G.E), peso da casca (PC) e espessura de casca (EC).

    Clcio Consumo G.E PC EC

    (%) (g/ave/dia) (g) (mm)

    Manh Tarde Manh Tarde

    T1 3,8 3,8 49,3a 68,4 1,0775ab 5,55b 0,378ab

    T2 2 5 45,8ab 68,4 1,0787a 5,61ab 0,384a

    T3 5 3 44,3b 67,9 1,0786a 5,76a 0,386a

    T4 2 3,8 47,9a 70,8 1,0766b 5,62ab 0,379ab

    T5 3,08 3,08 46,1ab 67,7 1,0765b 5,61ab 0,372b

    a-bMdias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem entre si (p

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    As aves necessitam de um nvel adequado de fsforo, pois a falta ou

    excesso deste mineral ocasiona a m formao da casca e o aumento da

    mortalidade do lote.

    Pesquisa de KESHAVARZ, 2000 (Tabela 9) relatou que a produo de

    ovos pode ser mantida satisfatoriamente com nveis de fsforo mais baixos do

    que o recomendado pelo NRC, 1994 de 250 mg/ave/dia. Embora, COON, 2002

    recomende a ingesto diria de fsforo de 350 a 450 mg/ave/dia.

    Tabela 9. Efeito do fsforo (%) na produo (%) e gravidade especfica (G.E)dos ovos.

    Fase 1 (30 a 42 sem) Fase 2 (42 a 54 sem) Fase 3 (54 a 66 sem)

    Fsforo Produo G.E Fsforo Produo G.E Fsforo Produo G.E

    0.40 90,6 1,0818 0,35 84,6abc 1,0801 0,30 76,2abc 1,0739cd

    0,35 92,5 1,0816 0,30 83,6abc 1,0792 0,25 76,5abc 1,0734cd

    0,30 88,6 1,0824 0,25 81,7bc 1,0797 0,20 71,1cd 1,0742bcd

    0,25 90,6 1,0828 0,20 83,6abc 1,0804 0,15 68,4d 1,0756abc

    0,20 90,9 1,0823 0,15 79,4c 1,0800 0,10 43,2e 1,0763ab

    0,15 87,6 1,0828 0,10 63,1d 1,0802 0,10 36,5f 1,0772a

    a-dMdias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem entre si (p

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    Tabela 10. Necessidades Dirias de Nutrientes para a fase de produo.

    Nutrientes Valor1 Valor2

    Protena Bruta (g) 17 15

    EMA (kcal) 280 290

    Metionina (mg) 360 300

    Metionina + Cistina (mg) 640 580

    Lisina (mg) 720 690

    Clcio (g) 3,50 3,25

    Fsforo Disponvel (g) 0,40 0,25

    Sdio (g) 0,18 0,151 Leeson & Summers, 1997.2 NRC, 1994.

    As recomendaes nutricionais na Tabela 10 sugerem condies ideais

    de manejo e ambiente. A Tabela 11 corrige os nveis nutricionais em funo do

    consumo de rao.

    Tabela 11. Especificao de Nutrientes em funo do consumo de rao (g).Nutrientes 110 100 90 80 70

    Protena Bruta (%) 15,46 17,0 18,89 21,25 24,29

    EMA (Kcal/kg) 2.546 2.800 3.112 3.500 4.000

    Clcio (%) 3,19 3,50 3,88 4,38 5,00

    Fsforo Disponvel (%) 0,36 0,40 0,45 0,50 0,57

    Metionina (%) 0,33 0,36 0,40 0,45 0,52

    Metionina + Cistina (%) 0,58 0,64 0,71 0,80 0,92

    Lisina (%) 0,66 0,72 0,80 0,90 1,03

    Leeson & Summers, 1997

    Ainda na Tabela 11, podemos verificar a importncia do consumo pela

    ave, pois quanto maior o consumo, menor ser a concentrao de nutrientes na

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    rao e com isto menor custo de formulao. Deste modo, faremos uma

    abordagem de como aumentar o consumo de rao das aves.

    11. Granulometria:

    Considerando o aspecto nutricional, pode-se considerar que quanto

    menor o tamanho das partculas do alimento maior o contato dessas com os

    sucos digestivos, favorecendo a digesto e absoro. J do ponto vista de

    produo de raes, quanto maior o tamanho das partculas dos ingredientes,

    maior a economia com energia e maior a eficincia (toneladas/hora) de moagem.

    Por outro lado, as partculas muito finas favorecem a peletizao, mas diminuem

    a seletividade (palatabilidade) e aumentam o p (BELLAVER e NONES, 2000).

    PORTELLA, et al., 1998, estudando o comportamento das aves quanto a

    preferncia por tamanhos de partculas, observou que o consumo de partculas

    maiores que 1,18 mm e menores que 2,36 mm ocorreu em todas as idades.

    Porm, as aves consumiam as partculas menores medida que a concentrao

    da partculas maiores eram reduzidas, demonstrando que as aves selecionam o

    alimento em funo do tamanho da partcula. Esta seletividade maior em aves

    mais velhas o qual preferem partculas maiores, pois o tamanho da partcula

    est diretamente relacionado com a dificuldade das aves em consumirem

    alimentos com granulometria grossa ou fina, em funo das dimenses do bico.

    NIR et al., 1994, pesquisando a granulometria da partcula do milho,

    utilizando dimetro geomtrico mdio (DGM) e o desvio padro geomtrico,

    encontrou resultados semelhantes, onde os melhores resultados de

    desempenho de frangos foram obtidos com DGM de 0,769 mm da dieta.

    Assim, verifica-se a importncia da granulometria que melhor se adapte fase de vida das aves em questo.

    Na tabela 12, verificamos que o aumento do tamanho da partcula,

    aumentou o consumo de rao e o peso da moela.

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    Tabela 12. Influncia do tamanho das partculas na ingesto de rao nocrescimento e desenvolvimento da moela.

    Dimetro geomtrico mdio das partculas

    0,60 mm 1,10 mm 2,30 mm

    Peso aos 21 dias (g) 491 a 568 b 540 b

    Consumo entre 7-21 dias (g) 591 662 645

    C.A entre 7-21 dias 1,66 1,56 1,61

    Peso da moela aos 7 dias (*) 3,95 4,50 4,87

    Peso da moela aos 21 dias (*) 2,22 2,80 3,13

    pH da moela 3,6 2,8 2,9a-bMdias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem entre si (p

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    Tabela 14. Efeito da granulometria na performance de poedeiras.

    Tipo de Moinho

    Variveis Martelos Rolos

    DGM (m) 814 a 873 1.343 a 1.501

    Peso corporal, 23 semanas (g) 1.291 1.290

    Peso corporal, 71 semanas (g) 1.594 1.610

    Postura (%) 74,72 73,37

    Peso do ovo (g) 57,1 57,1

    Consumo de rao (g/ave/dia) 96,04 94,69Eficincia alimento/ovo (g/g) 2,26 2,27

    Resistncia de casca (kg) 3,14 3,15

    Mortalidade (%) 15,2 16,2

    Fonte: DEATON et al., 1989

    7. Consideraes finais

    O sucesso da atividade avcola de postura comercial envolve o domnio

    da nutrio, ambincia, manejo e sanidade para permitirmos que a ave expresse

    todo o seu potencial gentico e alcancemos o retorno econmico desejado.

    8. Bibliografia consultada

    BELLAVER, C.; NONES, K. A importncia da granulometria, da mistura eda peletizao da rao avcola. In: IV SIMPSIO GOIANO DEAVICULTURA. Anais...,Goiana, 2000, p. 57-78.

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