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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CURSO DE ZOOTECNIA DANIEL ARAUJO NETTO Avaliação da produção de galinhas poedeiras criadas sob condições de clima quente em piso e em gaiola CUIABA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOT ECNIA CURSO DE ZOOTECNIA

DANIEL ARAUJO NETTO

Avaliação da produção de galinhas poedeiras criadas sob condições de clima quente em piso e em gaiola

CUIABA 2016

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AUTOR

DANIEL ARAUJO NETTO

Avaliação da produção de galinhas poedeiras criadas sob condições de clima quente em piso e em gaiola

Trabalho de Conclusão do Curso de Gradação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Prof. Dr. Heder José D’Avila

Lima

CUIABA 2016

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Aos meus pais Laura e Marco, irmã Mariana e namorad a Juliana,

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, ao meu orientador Prof. Dr. Heder José D’Avila Lima pela

oportunidade concedida a mim no 6º semestre na disciplina “Estágio Obrigatório I”

onde desde então permaneci, podendo assim realizar meu Trabalho de Conclusão

de Curso. À banca, composta pelas Profs. Dras. Alexandra Potença e Vanessa

Franzo, à Universidade Federal de Mato Grosso, incluindo PROPEQ, CNPQ e todos

os professores por todo aprendizado, paciência e experiências divididas. A todos

funcionários da Fazenda Experimental, passando pelos guardas Sandro e João,

colaboradores Sr. Donato e Sr. Orlando, gerente Sr. Miguel até aos motoristas pela

ajuda e apoio recebidos. À equipe “NEPA-MT” pela ajuda direta e indireta no

experimento, em especial à Bianca Corrêa de Morais e Júlia Rodrigues Alves pela

ajuda em todas as análises.

A todos amigos da turma “Os Cabiceira”, galera do “Texas Valter”, “7 sábios”,

“Bom de Bola Bom de Escola”, “Club do Rum”, ao time do “Cuibátimas” e aos

“Xavasqueiros” por transformar esses 6 anos de faculdade em uma experiência

singular, a qual recordarei para sempre.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Mapa da Região de Santo Antônio do Lever ger .................................................................. 6

Figura 2 - Galinha Poedeira Hysex Brown Adulta e Pi ntainho. ........................................................... 7

Figura 3 - Criação no Piso e Criação em Gaiola. ................................................................................... 7

Figura 4 - Análise de Densidade Seguida de Análises de Qualidade. ............................................... 8

Figura 5 - Temperatura e umidade na Região de Santo Antônio a cada período. .......................... 8

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição Percentual e Calculada da Raç ão Experimental, na Base da Matéria Natural .................................................................................................................................................. 9

Tabela 2 – Desempenho produtivo e qualidade dos ovo s de galinhas poedeiras criadas em piso e gaiola. ...............................................................................................................................................11

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

2. OBJETIVO(S) ........................................................................................................ 3

3. REVISÃO ............................................................................................................... 4

4. METODOLOGIA OU MATERIAL E MÉTODOS ..................................................... 6

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 10

6. CONCLUSÕES .................................................................................................... 13

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 14

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 15

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RESUMO

A produção de ovos tem como base o sistema de criação de galinhas poedeiras em gaiolas, que vem sofrendo críticas de campanhas a favor do bem-estar animal. Esses protestos baseiam-se no espaço reduzido, alta densidade e perda de comportamentos naturais das aves. Alguns países, da União Europeia por exemplo, já possuem legislações proibindo tal prática. Assim, este estudo avaliou os efeitos do sistema de criação, em piso e gaiola e, do ambiente sobre o desempenho e a qualidade dos ovos de galinhas. O experimento foi realizado no setor de avicultura da fazenda experimental da UFMT. Foram utilizadas 320 galinhas poedeiras da linhagem Hysex Brown, com 34 semanas de idade, divididas em 2 tratamentos com 10 repetições: sistema de piso e gaiola. A temperatura média da região foi fornecida pelo Setor de Bioclimatologia da Fazenda Experimental. Durante todos os dias os ovos eram contabilizados e coletados. Ao final de cada um dos 3 períodos de 21 dias, eram coletados ovos para análises de qualidade e gravidade específica. Os dados foram analisados estatisticamente através do teste F. A maior produção de ovos das aves do piso pode ser influência do menor nível de estresse ao qual estes animais foram submetidos. Maior liberdade de comportamento também leva ao maior gasto energético, explicando assim o consumo individual. As aves do piso apresentaram melhor conversão alimentar/dúzia de ovos. Com o bem-estar das aves sendo atendido, estas produzem mais ovos e de melhor qualidade. Palavras-chave: Clima Quente, Produção de ovos, Sistema de Produção.

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1. INTRODUÇÃO

A criação e produção de ovos comerciais são divididas entre as fases de cria

(1 a 6 semanas de idade), recria (7 a 17 semanas) e produção (da 18º semana em

diante). Estas fases podem acontecer em sistemas separados, sendo que os 3

sistemas mais adotados são a criação no piso nas 3 fases, gaiola nas 3 fases e

combinando piso na fase de cria e gaiola na recria e produção. Em Mato Grosso

(MT), essa é uma atividade de grande importância socioeconômica e em constante

expansão. Em 2015, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o

alojamento de aves produtoras (poedeiras) chegou a 92,1 milhões de cabeças,

sendo MT o quarto estado que mais alojou, com cerca de 6,56% (6,04 milhões de

aves), se tornando o maior produtor fora da região Sudeste.

Contudo, condições ambientais, como temperatura e umidade relativa do ar

elevadas devem ser consideradas para o melhor desempenho das galinhas

poedeiras nessa região do país. Aves são animais homeotérmicos, significando que

mantém a temperatura corporal relativamente constante, independente da

temperatura ambiental. Para isso, despendem parte da energia que seria utilizada

para conversão do alimento em produto e acabam aumentando os gastos com

alimentação. Por isso, variáveis ambientais, diferentes tipos de criação e

composição das rações interferem no desempenho das galinhas poedeiras e na

qualidade dos ovos.

O modelo de criação mais utilizado é o que combina piso na primeira fase e

gaiola nas outras 2 fases seguintes. Entretanto, essa prática tem sido alvo de

constantes protestos de grupos defensores do bem-estar animal. Essa objeção está

ligada principalmente à restrição da liberdade das aves. Esses protestos, junto com

os consumidores que se tornam cada vez mais exigentes, têm provocado reações

econômicas e políticas. Para contornar tal situação, em 1999 foi elaborada a Diretiva

1999/74/CE, pela União Europeia, a qual estabelecia normas mínimas relativas à

proteção de galinhas poedeiras de forma gradativa onde a data limite para uso das

gaiolas seria até 2012. Além da pressão internacional, existiu a tentativa de passar o

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Projeto de Lei Nº 714/2012, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que

também visava a proibição da criação de animais em sistema de confinamento, a

qual abrange não apenas a avicultura, mas também suínos e bovinos (vitelo),

entretanto, foi negado na segunda votação em 2015.

Várias multinacionais também têm desenvolvido políticas relacionadas ao

sistema de criação das aves. A Heinz, em 2014, comprometeu-se a garantir que até

20% dos ovos utilizados fossem de aves criadas sem gaiolas até 2015 em suas

operações na América do Norte. A Unilever, fabricante das maioneses Hellman’s e

Arisco também anunciou que todos seus fornecedores seriam fora desse sistema até

2020. A Sodexo, que opera em 80 países e compra aproximadamente 250 milhões

de ovos inteiros in natura, também anunciou em 25/07/2016 que não comercializaria

com produtores no sistema de gaiola, tendo prazo para adaptação até 2025. Além

destes, Grupo Bimbo, Nestlé e Alsea já anunciaram políticas similares.

A atual conscientização dos consumidores em relação ao bem-estar animal

tem provocado reações das grandes empresas, e essas tem obrigado seus

produtores a acompanhar o ritmo do mercado. Essa mudança poderá acarretar

aumento nos ganhos individuais das aves, mas possivelmente causaria uma perda

na produção por área.

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2. OBJETIVO(S)

Avaliar os efeitos do sistema de criação, em piso e gaiola e, do ambiente

sobre o desempenho e a qualidade dos ovos de galinhas.

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3. REVISÃO

Segundo Hunton (1995) e Tauson (2005), o sistema de criação de aves de

postura em gaiola é predominante em países onde a legislação ainda não proibiu o

uso da mesma, visto que este sistema vem sendo alvo de campanhas a favor do

bem-estar animal. Esses protestos baseiam-se no espaço reduzido, alta densidade e

perda de comportamentos naturais das aves, como banho de areia, empoleiramento,

ciscagem, comportamento de ninho, entre outros. Na União Europeia, as gaiolas não

são mais permitidas desde 2012 (Diretiva 1999/74/CE), o que implica na adoção de

um sistema alternativo para a produção.

Sob o aspecto econômico, alguns estudos preliminares da Comissão das

Comunidades Europeias e indústria do setor de produção de ovos (CEE, 2008),

analisando possíveis impactos da Diretiva nos custos de produção dos produtores

da União Europeia, apontavam que os custos (fixos e variáveis) aumentariam cerca

de 10% em comparação com sistemas de gaiolas convencionais. Outro estudo

(CEE, 2010) apontou que os custos de produção dos produtores que migraram para

o sistema de gaiola enriquecida eram de 8% a 13% superior aos dos produtores do

sistema convencional. No entanto, ao contrário de todas as expectativas de recuo na

produção, o que se viu foi um excedente. Segundo a Euractiv (2013), ao investirem

em novas instalações e aumentarem o bem-estar das aves, propiciaram um

aumento na produtividade das poedeiras alojadas, de 5% a 10%, e diminuição de

2% da mortalidade.

Alguns estudos mostram que o sistema de criação escolhido influencia no

período de produção das aves (DEATON et al., 1985). Por exemplo, Jin & Craig

(1988) mostraram que as condições de criação podem afetar o crescimento e a

produção de ovos, e Anderson e Adams (1994) reportaram que galinhas criadas em

gaiolas produzem ovos mais pesados e são mais acostumadas ao manejo do que

aquelas criadas em piso ao fim do ciclo de produção.

Algumas vantagens do sistema de gaiola são o manejo das excretas, melhor

controle de parasitas e capacidade de abrigar grande densidade de animais. Como

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desvantagem, pode-se citar a necessidade de galpões e equipamentos

especializados, promovendo um maior investimento inicial. Na questão fisiológica,

Hughes (1997) atribui agressões e estresse das aves à competição por recursos em

um espaço pequeno fornecidos pelas gaiolas. Entretanto, Hunton (2002) cita que

distúrbios como a agressividade e competição entre as aves podem ser frutos da

seleção genética, que visa quase que exclusivamente o aumento na produção de

ovos.

Sendo assim, são necessários estudos que demonstrem resultados obtidos

quando se compara ambos sistemas de criação, tanto no âmbito produtivo, quanto

econômico. Ainda, são importantes estudos nutricionais objetivando o melhor

desempenho de galinhas poedeiras criadas nas condições ambientais de Mato

Grosso.

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4. METODOLOGIA OU MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho de campo foi realizado na Fazenda Experimental da UFMT, no

município de Santo Antônio de Leverger (Figura 1), Mato Grosso, em uma área

situada às coordenadas geográficas de latitude 15,8° Sul e longitude 56,2° Oeste de

Greenwich, e altitude de 140 m, na região denominada de Baixada Cuiabana. Tem

um clima tropical, sendo dividido entre águas (outubro a março) e seca (abril a

setembro). Segundo a Köppen e Geiger a classificação do clima é Aw, sendo de

clima tropical de estações úmida e seca, na qual a temperatura média mensal é

superior a 18º C e há pelo menos um mês com precipitação média inferior a 60mm.

A cidade possui temperatura média de 26,1ºC e pluviosidade anual de

aproximadamente 1267mm.

Figura 1 - Mapa da Região de Santo Antônio do Leverger

Fonte: http://www.luventicus.org/mapaspt/brasil/matogrosso.html

O experimento ocorreu durante os meses de junho e agosto (época seca),

sendo dividido em 3 períodos de 21 dias. Foram utilizadas 320 galinhas poedeiras

da linhagem Hysex Brown (Figura 2), de 34 a 43 semanas de idade, distribuídas em

delineamentos inteiramente casualizados em dois tratamentos, tendo 10 repetições

cada. Os boxes com piso eram forrados com maravalha, possuíam ninhos, comedor

automático tubular, bebedouro pendular e cada box comportava 16 galinhas. A

gaiola continha bebedouro tipo nipple e comedouro tipo calha, abrigando 2 aves em

cada.

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Figura 2 - Galinha Poedeira Hysex Brown Adulta e Pintainho.

Fonte: http://www.nutriavesdistribuidora.com.br/project/hisex-brown

Os boxes com piso (T1) continham 4,4 x 5,1m, oferecendo a densidade de

aproximadamente 1,4m/ave. As gaiolas (T2) possuíam 25 x 46 cm, fornecendo 575

cm²/ave. O programa de luz era natural mais artificial, totalizando 16 horas de luz.

Ambos tratamentos receberam a mesma alimentação e a formulação foi calculada a

partir da exigência para poedeiras semipesadas apresentada por Rostagno et al.

(2011) nas Tabelas Brasileiras de Aves e Suínos (Tabela 1).

A temperatura e umidade foram fornecidas pela Estação de Bioclimatologia

da Fazenda Experimental. No início do experimento as aves foram debicadas e as

do piso tiveram as penas das asas aparadas a fim de evitar mudanças entre os

boxes. As atividades diárias envolveram arraçoamento, ad libitum, pelo período da

manhã e da tarde, troca de água nos bebedouros pendulares e coleta de ovos no

período da tarde. Eram contabilizados ovos viáveis, anormais e trincados.

Os parâmetros avaliados foram: consumo de ração individual (g/ave), taxa de

postura por repetição (%), conversão alimentar por dúzia de ovos, peso do ovo (g);

peso (g) e participação percentual (%) da casca, da gema, do albúmen, gravidade

específica (g/cm³), variação de peso corporal e viabilidade das aves.

Figura 3 - Criação no Piso e Criação em Gaiola.

Fonte: Arquivo Pessoal.

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Ao final de cada período (21º, 42º e 63º dia) foi estimado a quantidade de

ração fornecida para cada repetição através da diferença entre ração disponibilizada

e as sobras. As conversões alimentares foram obtidas por 2 maneiras: dúzia de ovos

(expressa pelo consumo total de ração em quilogramas dividido pelas dúzias de

ovos produzidos (kg/dz)) e quilo de ovos (realizada através do consumo total de

ração em quilos dividido pelo quilo de ovos produzidos (kg/Massa de Ovos)).

Durante o 19º; 20º; 21º; 40º; 41º; 42º; 61º; 62º e 63º dias foram selecionados 4 ovos

viáveis por repetição, aleatoriamente. A seguir, era realizado o teste de gravidade

específica, que foi determinada pelo método de flutuação salina, conforme

metodologia descrita por Hamilton (1982). Os ovos foram imersos em soluções de

NaCl com densidade variando de 1,070 a 1,095g/cm3, com intervalos de

0,005g/cm³entre elas. A densidade das soluções foi medida com o auxílio de um

densímetro modelo INCOTERM – OM - 5565.

Figura 4 - Análise de Densidade Seguida de Análises de Qualidade.

Fonte: Arquivo Pessoal

Os mesmos ovos, então, seguiam para avaliação dos componentes, que se

deu por meio do peso da gema, albúmen e da casca em relação ao peso do ovo. Os

ovos foram pesados individualmente em balança com precisão de 0,001g. Era

pesado e registrado a gema e a respectiva casca foi seca ao ar, para obtenção do

peso da mesma. O peso do albúmen foi obtido através da diferença entre peso total

do ovo e peso da gema mais o peso da casca.

Todas as aves foram pesadas ao início e ao término do experimento, para

determinação da variação de peso corporal. O total de aves mortas foi anotado

diariamente e o número acumulado foi subtraído do número total de aves vivas,

sendo os valores obtidos, convertidos em percentagem no final do experimento, para

determinação da viabilidade das aves. A fim de se manter a mesma densidade de

aves durante todo o experimento, as aves mortas foram substituídas por outras.

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Os dados coletados foram submetidos à análise de variância ao nível 5% de

probabilidade, e as médias foram comparadas pelo teste F, pelo programa

ASSISTAT – Assistência Estatística (SILVA, 2016).

Tabela 1 - Composição Percentual e Calculada da Ração Experimental, na Base da Matéria Natural

*níveis de garantia por kg do produto: Cálcio (máx) 210g, Cálcio (min) 170g, Fosforo (min) 45g, Metionina (min) 10g, Vitamina A (min) 140.000 U.I,Vitamina D3 (min) 35.000 U.I, Vitamina E (min) 140 U.I, Tiamina (B1) (min) 10mg, Riboflavina (B2) (min) 75mg, Piridoxina (B5) (min) 20mg, Vitamina B12 (min) 120 mcg, Vitamina K3 (min) 30mg, Ácido Fólico (min) 6mg, Niacina (min) 300mg, Pantotenato de Cálcio (min) 120mg, Colina (min) 5000mg, Sódio (min) 30g, Manganês (min) 1600mg, Zinco (min) 1300mg, Cobre (min) 160mg, Ferro (min) 630mg, Iodo (min) 20mg, Selênio (min) 6mg, Fitase (min) 10.000 FTU e Bacitracina de Zinco 500 mg.

Ingredientes % MN Milho 62

Soja 25 Calcário 8,1 Núcleo postura* 1,8

Óleo soja 1,5 Fosfato 1,1

Sal comum 0,5 Composição Nutricional Calculada g/ave/dia Proteína Bruta 17,0 Energia Metabolizável 2900

Cálcio 4,2 Fósforo Total 0,300

Fósforo Digestível 0,270 Lisina Total 0,870 Lisina Digestível 0,774

Metionina Total 0,426 Metionina Digestível 0,387

Metionina + Cistina Total 0,783 Metionina + Cistina Digestível 0,704

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o experimento sendo realizado na época de seca na região, pode-se

observar aumento da temperatura máxima ao longo do período, sendo

acompanhado pela redução da umidade, tanto máxima como mínima (Figura 5). A

faixa de termoneutralidade para poedeiras, segundo Freeman (1988), situa-se entre

21 e 28ºC. Nesta faixa de temperatura, os animais mantêm a produção de calor a

um nível normal. Neste sentido, durante a realização do experimento, as aves

ficaram submetidas a períodos de estresse por calor.

Figura 5 - Temperatura e umidade na Região de Santo Antônio a cada período.

Fonte: Estação Bioclimatológica da Fazenda Experimental da UFMT.

Relativo ao desempenho produtivo e qualidade dos ovos (Tabela 2), foram

observadas diferenças estatística entre os dois tratamentos, sendo que, as aves do

piso apresentaram maior (P<0,05) consumo individual, produção de ovos/período –

sendo que a taxa de postura do piso ficou em, aproximadamente, 20% maior que

das aves em gaiola; peso de ovo – em média 6g a mais; peso de gema, albúmen e

casca – proporcionais ao ovo que era maior; porcentagem de gema e albúmen. A

viabilidade das aves no piso foi de 100% - nenhuma mortalidade; e analisando os

dados de forma descritiva, por não seguirem uma distribuição normal, no piso, pela

variação de peso corporal observou-se ganho de 42g/ave ao final do experimento.

Por outro lado, as aves da gaiola tiveram maior (P<0,05) conversão alimentar e

porcentagem de casca. A viabilidade da gaiola foi de 96,25%.

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Não houve efeito (P>0,05) para gravidade específica, porcentagem de

albúmen e conversão alimentar por Massa de Ovos em ambos tratamentos.

Tabela 2 – Desempenho produtivo e qualidade dos ovos de galinhas poedeiras criadas em piso e gaiola.

Parâmetros Piso Gaiola CV% Consumo Individual das Aves (g) 140,0 A 84,0 B 5,38 Conversão Alimentar (Kg/Dz) 1,95 B 1,45 A 5,40 Conversão Alimentar (Kg/MO) NS 2,17 2,24 5,06 Taxa de Postura (%) 89,75 A 70,21 B 3,25 Gravidade Específica (g/cm³) NS 1,088 1,089 0,07 Peso dos Ovos (g) 61,28A 54,60B 4,04 Peso da Gema (g) 14,79 A 12,95 B 3,34 Peso do Albúmen (g) 40,16 A 35,85 B 4,19 Peso da Casca (g) 6,09 A 5,8 B 3,61 % Gema 24,32 A 23,65 B 2,86 % Albúmen NS 65,55 65,66 1,13 % Casca 9,94 B 10,63 A 2,59 Viabilidade das Aves (%) 100 96,25 - Variação de Peso Corporal (g/ave) 42,0 -141,0 - NS = não significativo (P<0,05); A e B = significativo (P>0,05); CV = coeficiente de variação.

A conversão alimentar repetiu os resultados encontrados por Mostert et al.

(1995) quando feita em cima das dúzias de ovos produzidas. Com liberdade para

expressarem seus comportamentos naturais no sistema de piso as aves

apresentaram maior movimentação e consequente gasto de energia, elevando a

quantidade de ração consumida para produção de uma dúzia de ovos. Entretanto,

quando utilizada a formula de conversão alimentar/kg de ovos produzidos, o maior

peso e quantidade dos ovos do piso em relação a gaiola acabam que igualando a

conversão dos dois tratamentos, não ocorrendo diferença estatística.

Um comportamento peculiar observado durante o experimento foi o de

raramente as aves do piso realizarem a postura fora do ninho, concordando com

Appleby et al. (1992).

Apesar do peso dos ovos no sistema de piso ter, apenas, 6g de diferença, é

possível realizar a venda com valor agregado, podendo ser vendidos como Tipo

Extra (peso entre 60 – 65g); já os ovos do sistema de gaiola poderão ser vendidos

como Tipo Médio (entre 50 – 54g). Sobre as participações dos elementos do ovo, a

maior porção de casca registrada nos ovos do sistema de gaiolas se dá pelo menor

tamanho dos mesmos, conforme relataram Adams e Bell (1988). O aumento no

tamanho do ovo favorece a redução na qualidade da casca pois a taxa de aumento

do ovo é superior à taxa de aumento no volume de casca. E a participação da casca

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nos ovos do sistema de piso, devido ao seu maior tamanho, ficou 0,6% dos 10%

preconizados por Etches (1995). Com isso, ocorreu um aumento da participação de

gema nesses ovos.

Segundo Alves et al. (2007), a ausência de material de piso e de espaço para

movimentos que auxiliem na perda de calor e alta densidade por área são fatores

que contribuem para o maior estresse térmico no sistema de criação em gaiolas.

Estas condições explicam a perda de peso corporal constada no experimento e,

também, por Scott & Balnave (1988), além da diminuição na produção (MUIRURI &

HARRISON, 1991) e no peso dos ovos (BALNAVE & MUHEEREZA, 1997). Tal

redução de produção pelo calor pode, também, estar acompanhada de decréscimo

no consumo alimentar (DANIEL & BALNAVE, 1981).

Fatores adversos como maior estresse térmico, alta densidade e redução do

consumo prejudicaram a viabilidade do sistema de gaiolas. Por outro lado, com

outras técnicas para dissipação de calor, como ciscagem e banho na cama por

exemplo, aliada a uma menor densidade a viabilidade do sistema de piso foi de

100%.

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6. CONCLUSÕES

Com o bem-estar das aves sendo atendido elas podem responder melhor,

criadas em piso, sem o estresse do sistema convencional em gaiolas, produzindo

mais ovos e de melhor qualidade. Entretanto, aumentam o consumo de ração e com

a densidade reduzida o produtor terá um menor ganho por área.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste projeto pude pôr em prática todos meus aprendizados na sala de aula,

ver de perto as dificuldades do manejo no sistema de piso no quesito de coleta de

ovos e também foi possível observar de perto o comportamento natural exercido

pelas aves dentro desse sistema, além da melhor produção. Projetos assim nos

forçam a criarmos um melhor senso de responsabilidade para com os animais.

O custo de produção do sistema de gaiola é menor, mas há de se considerar

o bem-estar das aves. O aumento da produtividade e redução da mortalidade,

evidenciados neste projeto e pela experiência dos europeus, deve ser colocado na

balança. A tendência do mercado, principalmente o internacional, segue para o

banimento das gaiolas, então produtores que buscam a exportação devem se

adequar a elas.

Page 24: Avaliação da produção de galinhas poedeiras criadas sob ... · RESUMO A produção de ovos tem como base o sistema de criação de galinhas poedeiras em gaiolas, que vem sofrendo

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