nt 336 2013 aprendizagem. limites minimo e maximo

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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO Esplanada dos Ministérios, Bloco F, Anexo, Ala B, 1 andar, sala 176- CEP: 70059-900 - Brasília/DF sjl(g)mle.gpy1r -Fone: (61) 33 176 174/6632/6162/6751 -Fax: (61) 33 178270 NOTA TÉCNICA N.°33612013/DMSC/SIT Número do Processo no MTE): 46014.001331/2013-31. ocum ento de eferência: emorando n.°858/2013/CON JUR- MTE/CGU/AGU. Interessado: CONJUR-MTE. prendizagem. Limites íni o e máximo. A contratação de ap rendizes deve ob edecer ao concom itantemente os li ites m íni o e áximo estabelecidos no caput o at . Con solidação das Leis do Trabalho. Em presas com até 6 empregados cujas funções demandem for ação p rofissional não podem sob p ena de vulnerar o lim ite áxim o contratar aprendizes. ci ni ques ei põea em pres sd qua lquerf rmt u po rt e i ncl sa s icroem presas e empresas de pequeno porte. Co ns iderações Iniciais. Por intermédio do Memorando n.°858/2013/CONJUR-MTE/CGU/AGU, de 27 de novembro de 2003, em atenção ao Ofício n.°157-DREE/SMPE/PR, oriundo da Secretaria de Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, a Consultoria Jurídica (CONJUR.-MTE) solicita a esta Secretaria de Inspeção do Trabalho que se m anifeste acerca da Nota Técnica n.° 006/2013- DREE/SRS/SMPE/PR, que trata da possibilidade de admissão de jovem aprendiz por Microempresas e empresas de pequeno porte. Com vistas a subsidiar resposta à CONIJUR, cumpre prestar as seguintes informações. 2 Análise.

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7/23/2019 NT 336 2013 Aprendizagem. Limites Minimo e Maximo

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1

andar, sala 176- CEP: 70059-900 - Brasília/DF

sjl(g)mle.gpy1r -Fone: (61) 33 176 174/6632/6162/6751 -Fax: (61) 33 178270

NOTA TÉCNICA N.°33612013/DMSC/SIT

Número do Processo no MTE): 46014.001331/2013-31.

ocumento de

eferência:

emorando n.°858/2013/CONJUR-

MTE/CGU/AGU.

Interessado:

CONJUR-MTE.

Aprendizagem. Limites mínimo e máximo. A

contratação de aprendizes deve obedecer ao

concomitantemente os limites mínimo e máximo

estabelecidos no caput do art. 429 da

Consolidação das Leis do Trabalho. Empresas

com até 6 empregados cujas funções demandem

formação profissional não podem sob pena de

vulnerar o limite máximo contratar aprendizes.

Raciocínioque se impõe a empresas de

qualquer formatoou porte incluídas as

microempresas e empresas de pequeno porte.

Considerações Iniciais.

Por intermédio do Memorando n.°858/2013/CONJUR-MTE/CGU/AGU, de

27 de novembro de 2003, em atenção ao Ofício n.°157-DREE/SMPE/PR, oriundo

da Secretaria de Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, a

Consultoria Jurídica (CONJUR.-MTE) solicita a esta Secretaria de Inspeção do

Trabalho que se manifeste acerca da Nota Técnica n.°

006/2013-

DREE/SRS/SMPE/PR, que trata da possibilidade de admissão de jovem aprendiz

por Microempresas e empresas de pequeno porte.

Com vistas a subsidiar resposta à CONIJUR, cumpre prestar as seguintes

informações.

2 Análise.

7/23/2019 NT 336 2013 Aprendizagem. Limites Minimo e Maximo

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- Fone: (61) 33176174/6632/6162/6751 - Fax: (61) 33178270

Em síntese, após a análise das considerações expedidas na Nota Técnica

n.°006/2013-DREE/SRS/SMPE/PR, tem-se que a mesma - após o exame dos

dispositivos aplicáveis no ordenamento jurídico brasileiro - conclui que é

facultado

às microem presas e empresas de pequeno porte a admissão de um aprendiz,

sendo considerado que, quando do cálculo dos percentuais mínimos e máximos, a

fração dê lugar à admissão de um aprendiz, portanto, é possível a contratação de

ao menos um aprendiz nos estabelecimentos com quadro de empregados entre um

e sete .

A despeito da qualidade da manifestação expedida, entendemos necessário

tecer alguns apontamentos no tocante ao tema para fins de que não pairem

dúvidas sobre qual a racionalidade legislativa e o entendimento que parece correto

sob a ótica da Inspeção do Trabalho.

De pronto, vale reproduzir aqui o teor do artigo 429 da CLT:

Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a

empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de

Aprendizagem número de aprendizes equivalente a cinco por cento,

no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores

existentes em cada estabelecimento, cujas funções demandem

formação profissional.

§

As frações de unidade, no cálculo da percentagem de que trata o

caput,

darão lugar à admissão de um aprendiz.

Nesse contexto, a premissa básica a ser adotada na interpretação da lei é a

de que existem

dois limites que devem ser respeitados

isto é, ao mesmo tempo

em que a lei instituiu um percentual

mínimo

(5% dos trabalhadores cujas funções

demandem formação profissional) fixou também um percentual

máximo

(15% dos

trabalhadores cujas funções demandem formação profissional) para a contratação

de aprendizes.

Já no seu §1

 

, o artigo 429 cuida de estabelecer que, nas hipóteses em que

houver fração de unidade, deverá ocorrer a admissão de um aprendiz. A

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interpretação desse dispositivo demanda alguns cuidados conforme a situação

concreta. Vejamos:

Exemplo 1: uma empresa com 50 empregados cujas funções demandem

formação profissional deseja contratar o mínimo possível de aprendizes;

hipótese em que 5% de 50 empregados corresponde a um número não

inteiro (2,5); hipótese em que a aplicação da lei é simples, pois a fração 0,5

dá lugar à contratação de um aprendiz; o que determina a conclusão de que

a referida empresa atenderá o mínimo legal com a contratação de 3

aprendizes.

Exemplo 2: se a mesma empresa com 50 empregados cujas funções

demandem formação profissional deseja contratar o máximo possível de

aprendizes, hipótese em que 15% dos empregados corresponde a um

número não inteiro (7,5); o §1 1

não poderá ser aplicado, isto é, não se

poderá arredondar essa fração para permitir a contratação de 8 aprendizes,

pois esse raciocínio permitiria que o limite máximo de 15% previsto no c put

do artigo 429 fosse ultrapassado (8 aprendizes corresponderiam a 16%).

i n

d

a

que haja nos dias atuais, tendências cada vez mais acentuadas

a uma maleabilidade interpretativa entendemos que a interpretação do

parágrafo de um dispositivo legal deve ser sempre consentânea e

harmônica com os limites impostos no

c put desse mesmo dispositivo.

Em síntese, parece-nos inafastável a conclusão de que qualquer que seja o

número de aprendizes contratados por uma empresa - e nesse caso, não

interessa o porte da empresa, se micro, pequena, média ou grande -

há de se

respeitar concomitantemente tanto os limites mínimos quanto os máximos

estabelecidos na legislação.

Dentro dessa mesma linha de raciocínio, entendemos - respeitosamente -

equivocado o quadro apresentado no item 13 da Nota Técnica n.°006/2013-

DREE/SRS/SMPE/PR quando se afirma que nas empresas com até 6 empregados

seria possível a contratação de 1 aprendiz. 0 equívoco reside no fato de que,

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embora tal constatação atenda à previsão do §1

0 do artigo 429 da CU, não

respeita o que é estabelecido no seu

caput Assim, não faria sentido algum exigir

que uma empresa que possui 2 empregados cujas funções demandem formação

profissional seja obrigada a contratar 1 aprendiz, pois, nesse caso, embora se

atenda o mínimo legal (5%), desrespeita-se gritantemente o máximo legal (ao se

impor uma quota de 50%, vulnerando largamente o limite máximo de 15%). Nesse

sentido repita-se: os limites fixados no caput do art. 429 da CLT hão de ser

respeitados de forma concomitante sob pena de que se dê vazão a situações

absurdas.

O fato de que contratar aprendizes constitui uma faculdade para as

microempresas e empresas de pequeno porte não altera os limites a serem

respeitados caso se opte pela contratação, os quais são precisamente os mesmos

impostos para as empresas de outros portes. Nesse sentido, a única diferença

entre as empresas diz mesmo respeito à coercitividade da norma, obrigatória para

alguns, facultativa para outros. Assim, qualquer empresa de qualquer porte, que

tenha até seis empregados cujas funções demandem formação profissional, não

poderá contratar aprendizes, pois a presença de um aprendiz implicaria vulneração

direta ao máximo legalmente permitido.

De forma geral, empresas com pequeno número de empregados já atuam

com grandes limitações, sendo pouco razoável exigir-se, por exemplo, a

designação de um empregado para responsabilizar-se pelo acompanhamento das

etapas práticas do processo de aprendizagem.

Nas microempresas e empresas

de pequeno porte essa dificuldade estrutural foi presumida pelo legislador

daí se justificando a dispensa legal dessa obrigação.

Sob a ótica trabalhista, aqui destrinchada à luz do princípio protetivo, é

relevante observar que a possibilidade de não contratação de aprendizes nas

empresas de menor porte é uma opção do legislador adotada também em

respeito ao trabalhador normalmente, um jovem, que pode ser aprendiz a

partir dos

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anos), haja vista que busca afastar a possibilidade de que o

processo de aprendizagem possa sofrer desvirtuamentos, inserindo-se um

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trabalhador em formação no seio do processo produtivo de uma empresa que

não se encontra estruturada para acompanhar esse mesmo processo.

Conclusões.

Lançadas as presentes considerações, entendemos que não há respaldo no

âmbito da Inspeção do Trabalho para a interpretação que deu ensejo ao quadro

exposto no item 13 da Nota Técnica n.°006/2013-DREE/SRS/SMPE/PR, sendo

vedada a contratação de aprendizes por empresas com até 6 empregados, seja

qual for o seu porte. Salientamos ainda que, especificamente no que tange às

microempresas e empresas de pequeno porte, a dispensa legal de contratar não foi

apenas um favor legal destinado às empresas, mas também a constatação de que,

do ponto de vista estrutural, presume-se que tais empresas não possuam a

estrutura necessária para participar do processo de formação profissional do

aprendiz.

Brasília, 29 de novembro de 2013.

Daniel de

Matos Sampaio Chagas

Auditor-Fiscal do Trabalho

Brasília, 02 de de(mbr de 2013.

Aprovo a presente Nota Técniç Encaminhe-se à CONJUR.

Paulo Sérgio de Almeida

Secretário de Inspeção do Trabalho