bun zen maximo 2013

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362 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013 O gênero “debate” em três coleções de Língua Portuguesa aprovadas no PNLD-2011 Clecio Bunzen * (UNIFESP/UFSCar) Jéssica Máximo ** (UNIFESP) Resumo: O presente artigo discute o processo complexo de escolha dos objetos de ensino para livros didáticos de português dos anos finais do Ensino Fundamental. Partimos da hipótese de que se faz necessário compreender não apenas os eixos de ensino, mas também o tratamento dado a cada objeto de ensino escolhido para trabalhar na escola. Por tal razão, elegemos o gênero “debate” para realizar uma análise contrastiva e interpretativa do trabalho com este gênero em três coleções aprovadas no PNLD-2011. Os resultados indicam que cada coleção apresenta um projeto didático autoral singular, priorizando formas mais explícitas ou implícitas de ensinar a debater na escola e tarefas que desenvolvem algumas capacidades de linguagem. A pesquisa mostrou também a necessidade de irmos além das descrições dos objetos de ensino que são apresentadas nas resenhas do Guia Nacional do Livro Didático (BRASIL, 2010). Palavras-chave: Objetos de ensino, debate, livro didático. Abstract: This article discusses the complex process involved in selection of teaching subjects in Portuguese language textbooks used in the final years of elementary school. We hypothesized that is necessary to understand not only the main cores of teaching, but also the treatment given to each teaching subject chosen to work in school. For this reason, we chose the genre “debate” to conduct a constrastive analysis and interpretative work into three collections of textbooks approved by PNLD-2011. Our studies demonstrate that each collection offers a unique authorial didactic project that prioritizes explicit or implicit forms of teaching the genre “debate” in school and tasks that develop some language skills. The research has also shown the need to go beyond descriptions of teaching objects that are presented in the reviews of the National Textbook Guide (BRASIL, 2010). Keywords: Teaching subject, debate, school textbooks.

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Texto sobre o debate

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  • 362 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    O gnero debate em trs colees de Lngua Portuguesa

    aprovadas no PNLD-2011

    Clecio Bunzen* (UNIFESP/UFSCar)

    Jssica Mximo** (UNIFESP)

    Resumo:

    O presente artigo discute o processo complexo de escolha dos objetos de ensino para livros didticos de portugus dos anos finais do Ensino Fundamental. Partimos da hiptese de que se faz necessrio compreender no apenas os eixos de ensino, mas tambm o tratamento dado a cada objeto de ensino escolhido para trabalhar na escola. Por tal razo, elegemos o gnero debate para realizar uma anlise contrastiva e interpretativa do trabalho com este gnero em trs colees aprovadas no PNLD-2011. Os resultados indicam que cada coleo apresenta um projeto didtico autoral singular, priorizando formas mais explcitas ou implcitas de ensinar a debater na escola e tarefas que desenvolvem algumas capacidades de linguagem. A pesquisa mostrou tambm a necessidade de irmos alm das descries dos objetos de ensino que so apresentadas nas resenhas do Guia Nacional do Livro Didtico (BRASIL, 2010). Palavras-chave: Objetos de ensino, debate, livro didtico. Abstract:

    This article discusses the complex process involved in selection of teaching subjects in Portuguese language textbooks used in the final years of elementary school. We hypothesized that is necessary to understand not only the main cores of teaching, but also the treatment given to each teaching subject chosen to work in school. For this reason, we chose the genre debate to conduct a constrastive analysis and interpretative work into three collections of textbooks approved by PNLD-2011. Our studies demonstrate that each collection offers a unique authorial didactic project that prioritizes explicit or implicit forms of teaching the genre debate in school and tasks that develop some language skills. The research has also shown the need to go beyond descriptions of teaching objects that are presented in the reviews of the National Textbook Guide (BRASIL, 2010). Keywords: Teaching subject, debate, school textbooks.

  • 363 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    1. Livro didtico de portugus e escolha dos objetos de ensino

    Para compreender do ponto de vista histrico e discursivo a disciplina Lngua

    Portuguesa, faz-se necessrio uma discusso sobre alguns dos elementos centrais, entre

    eles: os contedos explcitos e implcitos de ensino, as escolhas dos objetos de ensino, os

    exerccios propostos, as estratgias didticas utilizadas para motivar os alunos a

    aprenderem, assim como as avaliaes da aprendizagem (cf. CHERVEL, 1990). Nesse

    sentido, o livro didtico de portugus (doravante LDP) tem sido objeto de investigaes

    diversas no campo da Lingustica, da Lingustica Aplicada e da Educao no intuito de

    compreender diferentes facetas que envolvem a constituio da disciplina escolar, com

    destaque para a seleo e tratamento metodolgico dos objetos de ensino1.

    No caso especfico desse artigo, assumimos a perspectiva de compreender o LDP

    como um gnero do discurso (BUNZEN, 2005; 2009) que apresenta para os leitores um

    conjunto de saberes escolares, que passam por um complexo sistema de escolha curricular,

    envolvendo diferentes representaes do que seja ensinar lngua portuguesa. Como no

    temos um currculo prescrito fixo, com uma lista de contedos ou objetos de ensino

    para cada ano escolar que compe o ensino fundamental de 09 anos, cada coleo de LDP

    apresenta para seus potenciais leitores (professores e alunos) uma seleo de temas, textos,

    exerccios, ilustraes, avaliaes e objetos de ensino intercalados em um conjunto

    determinado de pginas, que compe unidades ou captulos para serem utilizados em um

    determinado ano letivo.

    O processo de escolhas e de selees perpassa certamente uma discusso sobre a

    progresso das aprendizagens e lgicas pedaggicas e didticas para organizar todos esses

    elementos, levando em considerao a prpria tradio do ensino de lngua e as reformas

    curriculares mais recentes. No caso do ensino da leitura e da escrita, por exemplo, espera-se

    que algumas temticas, textos e gneros circulem nos anos iniciais do Ensino Fundamental

    enquanto outros so destinados aos anos finais ou ao Ensino Mdio. Por tal razo, comum

    os LDP dos anos iniciais trazerem captulos sobre bichos ou animais, apresentando

    1 Ver, por exemplo, os artigos publicados em Dionsio et al. (2001); Rojo e Batista (2003); Costa Val e Marcuschi (2005 ).

  • 364 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    contos de fadas e fbulas; enquanto os trechos de romances nacionais, organizados

    conforme estilos de poca, so previstos para o Ensino Mdio.

    No entanto, vale salientar que tal previsibilidade no implica rigidez ou fixidez

    curricular, visto que os sistemas de ensino, escolas pblicas e particulares e seus professores

    (re)definem cotidianamente o que podem/devem/desejam ensinar para as crianas e jovens;

    uma vez que no temos um currculo prescrito nacional ou regional comum2, mas apenas

    parmetros orientadores. Essa abertura curricular observada tambm nos recentes

    LDPs, visto que cada coleo aprovada no mbito do Programa Nacional do Livro Didtico

    (PNLD)3 traz temticas, exerccios, textos e gneros que se aproximam e se distanciam em

    vrios aspectos. Em outras palavras: cada projeto didtico autoral faz uma seleo para

    construo desses objetos de ensino, levando em considerao dois processos bsicos e

    constitutivos da disciplina escolar: (i) a anlise lexical, gramatical, textual e discursiva que

    trabalham com leitura de textos e/ou com conhecimentos lingusticos; (ii) a produo de

    textos (orais, escritos, visuais, multimodais) em sees didticas que trazem geralmente

    uma atividade principal que pressupe a execuo de conjunto de tarefas.

    Assim, podemos afirmar que o fio que une os LDPs avaliados no mbito do PNLD

    para os anos finais do Ensino Fundamental o fato de todas as colees4 aprovadas

    apresentarem atividades de anlise e de produo, organizadas para um trabalho de

    quatro anos (6 ao 9 anos). Levantamos aqui, ento, a hiptese de que o que diferencia as

    colees o tratamento didtico, metodolgico e editorial dado a cada objeto de ensino

    no mbito de seu projeto didtico autoral. Tal hiptese explica o fato de nem todas as obras

    avaliadas no PNLD- 2011 trabalharem, por exemplo, com o texto dramtico em atividades

    de anlise e de produo. A pesquisa de Lopes (2012)5 revelou que, dos 64 livros que

    compem as 16 colees aprovadas no PNLD-2011 (Brasil, 2010), cerca de 30 livros

    2 Sabemos que h alguns estados ou municpios que por meio de seus referenciais curriculares definem um conjunto de objetos de ensino e capacidades que devem ser ensinados na aula de Portugus, elaborando, inclusive, materiais didticos impressos. No entanto, nossa pesquisa tem demonstrado que no mbito dos LDPs avaliados pelo Ministrio da Educao tais referencias curriculares locais exercem pouca influncia. Os livros normalmente dialogam com os Parmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998) e as pesquisas acadmicas para justificarem as escolhas dos objetos de ensino. 3 O Programa Nacional do Livro Didtico tem como principais finalidades a aquisio, distribuio e avaliao dos livros didticos destinados rede pblica de ensino, atendendo no s o Ensino Fundamental como tambm o Ensino Mdio. O Programa desenvolvido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao (FNDE) e pela Secretaria de Educao Bsica (SEB), ambos rgos ligados ao Ministrio da Educao (MEC). 4 Cada coleo composta por quatro volumes: 6, 7, 8 e 9 anos. 5 Lopes (2012), no mbito do projeto de Iniciao Cientfica (2011-2012, CNPq), estudou o processo de escolarizao do texto dramtico nas colees de Lngua Portuguesa aprovadas no PNLD-2011.

  • 365 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    apresentam um trabalho didtico com o texto dramtico. O foco principal volta-se para

    atividades de produo (52% das obras exploram a produo oral e 22% a produo escrita),

    em detrimento do trabalho com a anlise do texto dramtico (22% das obras). A

    pesquisadora tambm chamou ateno para o fato de que as atividades de leitura estavam

    concentradas nos volumes de 8 ano (43%), enquanto que as propostas de produo oral no

    7 ano (36%) e do texto escrito no 9 ano (42%). Em suma: resta-nos ainda compreender

    como os diversos objetos de ensino encontram-se organizados ao longo do Ensino

    Fundamental e do Ensino Mdio nos livros didticos do ponto de vista da progresso

    curricular.

    Outra questo que chamou a ateno de Lopes (2012) foi as diferenas nas

    atividades de produo e de anlise. Notou-se, por exemplo, que: (i) os textos dramticos

    trabalhados eram essencialmente nacionais, com exceo de Sonhos de uma noite de vero,

    de autoria de William Shakespeare; (ii) dentre os dramaturgos de lngua portuguesa, Ariano

    Suassuna e Dias Gomes foram os mais trabalhados, com destaque para trs obras: O Auto

    da compadecida (1955), O pagador de promessas (1959) e O bem-amado (1962); (iii) a

    produo escrita e oral de textos dramticos apresentam um conjunto heterogneo de

    atividades, desde a adaptao de textos para o teatro at a produo de teatros de

    fantoches. (iv) h obras que discutem elementos lingusticos e paralingusticos,

    acrescentando discusses sobre a prpria encenao teatral.

    Diferentemente da descrio homognea que encontramos nas resenhas publicadas

    no Guia Nacional do Livro Didtico (BRASIL, 2010), as concluses da pesquisa de Bunzen

    (2005, 2009), Bunzen e Rojo (2005) e Lopes (2012) apontam para a importncia de discutir

    os diferentes estilos didticos para apresentao dos objetos de ensino, procurando definir

    como os diferentes caminhos metodolgicos proporcionam tambm diferentes percursos

    de ensino e de aprendizagem no material didtico impresso. No presente artigo,

    retomamos a hiptese de pesquisas anteriores para discutir diferentes formas de apresentar

    o gnero debate em trs colees de LDPs dos anos finais do Ensino Fundamental. A

    escolha de trs colees deve-se justamente ao fato de defendermos aqui a ideia de que,

    apesar de as resenhas apresentarem o trabalho com o debate (e os outros gneros) de

    forma quase que homognea, a anlise detalhada das colees revelou escolhas e

    procedimentos singulares e a construo de trs projetos didticos autorais bem especficos

    e diferentes.

  • 366 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    2. A escolha do debate oral como objeto a ensinar

    Todo objeto de ensino tem uma histria que implica o processo de seleo cultural

    do que se deve ensinar na escola, assim como um processo de didatizao que envolve

    metodologias, exerccios e avaliaes especficos. No caso do trabalho com o debate,

    podemos levantar a hiptese de uma presena pontual e ainda bastante tmida em

    propostas da dcada de 80. No cenrio brasileiro, o artigo Unidades Bsicas do Ensino de

    Portugus (Geraldi, [1984] 2001) foi um dos primeiros a apresentar sugestes de prticas

    em que o debate oral aparece como uma sugesto de atividade didtica atrelada ao

    ensino da produo escrita, especialmente dos chamados textos dissertativos (p.67). A

    ttulo de exemplificao, podemos apreciar algumas recomendaes para cada uma das

    sries:

    Para a 5 srie: se sobrar tempo (terminada a produo de textos), o professor poder aproveit-lo para discusses sobre a histria (leitura em profundidade), tomando alguns de seus aspectos para debates com os alunos. [...] A discusso em aula de tais temticas interessa no s no sentido de uma educao formativa, mas tambm do prprio preparo do aluno para as sries mais avanadas, em que o texto bsico ser a dissertao. (GERALDI, [1984] 2001, p.67).

    Para a 6 srie: Metodologicamente, a aula partir do texto escrito para

    a discusso oral, finalizando-se novamente em texto escrito, desta feita

    de produo dos prprios alunos. Os debates orais, tal como

    aconteceram na srie anterior, incidiro, agora, mais sobre o porqu dos

    fatos, procurando levar os alunos a express-los tambm em seus textos

    escritos (GERALDI, [1984] 2001, p.70).

    Para a 7 srie: a partir dessa srie, no bastar apenas narrar o

    acontecimento: preciso que se pergunte pelo por qu? do

    acontecimento. Assim, de uma reportagem sobre seca, por exemplo,

    pode-se desenvolver com os alunos discusses em torno da ecologia e da

    economia (GERALDI, [1984] 2001, p.71).

    Para a 8 srie, Metodologicamente, o debate, a discusso iro

    centralizar os trabalhos de sala de aula. Os textos sero usados como

    suporte para tais discusses. Aqui, fatos serviro de introdues a textos

    mais dissertativos. A posio do aluno a concluso de seu trabalho

    (GERALDI, [1984] 2001, p.72).

  • 367 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    Retomando a discusso anterior, percebe-se nas propostas de Geraldi ([1984] 2001)

    que o debate oral, compreendido como discusso em torno de temas e textos, possibilitaria

    que o professor trabalhasse com atividades de anlise dos textos produzidos pelos alunos

    ou por outros autores, ao mesmo tempo em que uma atividade de produo se constitui. A

    proposta de trabalho com o debate estava ancorada em uma progresso para o trabalho

    com textos dissertativos ao longo de 04 anos de escolarizao: debate oral: por qu? (5

    srie) --> por que foi assim (6 srie) --> o porqu dos fatos aparecendo nos textos (7

    srie) --> argumentao (8 srie) (GERALDI, [1984], 2001).

    Em contrapartida, a anlise exploratria, em colees de livros didticos das

    dcadas de 70, 80 e incio dos anos 90, mostrou indcios de que o debate oral no estava to

    presente nos LDPs. Em algumas colees, notam-se, de maneira bem pontual, discusses

    sobre as temticas dos textos. Em Palavras: texto, gramtica e redao (SARGENTIM,

    1985, p.285), por exemplo, a ltima atividade do livro didtico uma discusso oral breve,

    na seo Vamos falar, em que os alunos da 5 srie eram convidados a discutir se

    concordam com as atitudes e aes do pai de Pedrinho, personagem da obra Garoto Linha

    Dura, do Stanislaw Ponte Preta.

    Parece-nos, de fato, que o debate oral visto como discusso encontra-se

    historicamente marcado como uma atividade que amplia a anlise temtica do texto, visto

    que, nos livros didticos da dcada de 90, encontramos algumas propostas em sees como

    Reflexes sobre o texto (AZEVEDO, 1990) e Ponto de vista (FARACO e MOURA, 1995).

    Em todos os exemplos encontrados, o debate visivelmente um tipo de atividade didtica

    organizada em torno de uma questo polmica (ou controversa). Aps a leitura de textos

    literrios (especialmente, crnicas e trechos de contos), os alunos precisam defender uma

    posio individual ou do grupo. Em Palavra: verso e reverso (1990, p.104), encontramos

    uma atividade no livro de 8 srie em que dois grupos (A e B) iro debater temas (No

    existe amor sem fidelidade, O amor representa uma priso etc), ampliando a discusso

    do texto Para viver um grande amor, de Vinicius de Moraes.

    No contexto de reformas curriculares dos anos 90, no podemos deixar de

    mencionar o fato de os Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) trazerem mais

    fortemente uma discusso sobre o ensino da linguagem oral na escola, legitimando o

    debate como um dos gneros a ser trabalhado nos 3 e 4 ciclos do ensino fundamental.

    No documento oficial, o debate contemplado no trabalho para prtica de produo e de

  • 368 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    escuta, nos conjuntos dos gneros de imprensa (notcia, entrevista, debate, depoimento) e

    de divulgao cientfica (exposio, seminrio, debate, palestra).

    Aps a publicao dos PCNs (BRASIL, 1998), dos critrios de avaliao do PNLD

    (1999-2011) e da divulgao de pesquisas sobre o trabalho com os gneros orais formais e

    pblicos na escola (DOLZ, SCHNEUWLY e PIETRO, 2004; RIBEIRO, 2009), nota-se que o

    debate assumiu um status de objeto a ensinar na aula de lngua materna, tornando-se mais

    autnomo. Sua escolha certamente justificada pela possibilidade de um trabalho escolar

    com a oralidade (e no apenas com a leitura de textos escritos) de formao cidad em que

    as crianas e jovens devem ser preparadas para situaes orais comunicativas formais,

    levando-se em considerao que diversas decises, nas sociedades ditas democrticas,

    utilizam-se do debate. As pesquisas mostram tambm a importncia do trabalho com o

    debate na escola tanto no sentido de possibilitar o desenvolvimento de um conjunto de

    capacidades lingusticas, quanto de construir o prprio conhecimento na esfera escolar em

    diferentes disciplinas.

    Apesar de ainda sabermos pouco sobre a presena do trabalho com debate oral no

    cotidiano das aulas de lngua (cf. GOMES-SANTOS, 2009; LEAL, 2010, CRISTOVO,

    DURO, NASCIMENTO,2002), sua presena nos LDPs comea a ser notada com mais

    frequncia nas colees avaliadas no PNLD 2005, como indica a pesquisa de Mendes

    (2005)6. Ao comparar as colees do PNLD 2002 e 2005, a pesquisadora ressalta que a

    exposio oral, o debate e a encenao de pea teatral aparecem com mais frequncia

    nas colees para o trabalho com os gneros orais. Para justificar tais escolhas, Mendes

    (2005) recorre ao fato de que: (i) so gneros indicados pelos PCNs; (ii) possibilitam um

    trabalho coletivo na sala; (iii) fazem parte do repertrio cultural dos alunos e professores,

    com destaque para o contato com os debates que circulam na mdia (debates polticos,

    esportivos etc.). Nas colees avaliadas na pesquisa, o debate compareceu de forma

    bastante peculiar: algumas vezes como meio para se trabalhar a leitura e a produo de

    texto e outras como objeto de ensino.

    6 Mendes (2005, p.124) demonstra um crescimento visvel entre a edio do PNLD 2002 e do PNLD 2005 em relao ao tratamento tanto da diversidade de gneros orais, quanto da escolha dos gneros orais formais pblicos. Se apenas 8,3% (03 colees) contemplavam gneros orais formais e pblicos em 2002; em 2005 observa-se um crescimento para 33,3% (12 colees). Se em 2002 os livros apresentaram 16 propostas com o debate, este nmero cresceu para 103 na edio de 2005.

  • 369 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    Com o objetivo de compreender melhor o tratamento dado ao gnero debate,

    iniciamos uma pesquisa que tem como objetivo analisar como e por que o gnero debate

    escolhido para ser transformado em objeto de ensino e de aprendizagem nas colees de

    Lngua Portuguesa dos Anos Finais do Ensino Fundamental mais recentes, ou seja, nas 16

    colees aprovadas no mbito do PNLD-2011. No presente artigo, no intuito de discutir as

    opes metodolgicas que envolvem tais escolhas, priorizaremos uma anlise comparativa

    de trs colees7.

    3. O debate nas colees aprovadas no PNLD-2011

    Na impossibilidade de analisar todas as colees a procura do gnero debate,

    recorremos anlise institucional realizada pelos avaliadores do MEC e publicada em forma

    de resenhas no Guia do Livro Didtico de Lngua Portuguesa (PNLD-2011). Com base nos

    dados e informaes apresentados do documento, identificamos que o trabalho com o

    debate encontrava-se presente em 15 colees (93,75%), em diferentes anos (6 ao 9 ano).

    Dos 64 volumes que compem as 16 colees, 36 volumes (56,25%) apresentavam pelo

    Guia do PNLD-2011 algum tratamento didtico para o debate. Restava-nos saber como

    acontece tal processo de didatizao e quais so as escolhas metodolgicas para o ensino

    de um objeto de ensino especfico.

    Grfico 1: Quantidade de colees que abordam o gnero debate em determinado ano.

    7 Tal problemtica de pesquisa insere-se em um projeto maior de Iniciao Cientfica (PIBIC-CNPq 2012/2013), intitulado O gnero debate nas colees de Lngua Portuguesa aprovadas no PNLD-2011, que tem como finalidade investigar como o debate se constitui enquanto objeto de ensino nas dezesseis colees aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didtico (PNLD).

  • 370 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    Como demonstra o Grfico 1, elaborado a partir dos dados do Guia Nacional, as

    colees no contemplam o trabalho com o debate em todos os anos. Cada coleo

    escolhe determinado(s) ano(s) para apresentar contedos explcitos ou atividades em que

    este objeto a ensinar temporalizado e espacializado nas pginas do livro didtico (cf.

    BUNZEN, 2009). O levantamento inicial assinalou que o trabalho com o debate nos livros

    didticos atuais privilegia o 4 ciclo do Ensino Fundamental de 09 anos: 8 e 9 anos

    respectivamente, mantendo a tradio da disciplina em trabalhar com a argumentao

    aps um trabalho com a narrao e descrio, por exemplo.

    Por outro lado, observa-se o processo de inovao ou de ruptura com a tradio, pois

    todas as colees priorizam trabalhar com o debate para explorar o eixo da oralidade (100%

    das 15 colees) e trs volumes (8,3%) propem um trabalho com o eixo da leitura. Neste

    ltimo caso, observamos a leitura de debates transcritos e impressos em revistas ou jornais,

    para que os alunos observem e compreendam como se d um desenvolvimento do debate,

    as estruturas lingusticas mais utilizadas. Apesar de o Guia Nacional (BRASIL, 2010) no

    mencionar nas resenhas o trabalho do debate com o eixo da produo de textos escritos; a

    anlise posterior que fizemos dos 36 volumes indicou que algumas vezes a produo escrita

    aparece subordinada a atividade principal do debate. Por exemplo, na coleo Portugus:

    Linguagens (CEREJA e MAGALHES, 2011), os alunos do 9 ano so convidados a debater

    e a produzir um texto argumentativo que manifeste o ponto de vista sobre o tema debatido,

    sugerindo que tais textos circulem em blogs e fruns de debates na Internet.

    As resenhas tambm nos deram indcios de que as colees trabalham com

    diferentes tipos/modalidades de debate nos volumes. Como vemos no Grfico 2, 44,5% dos

    36 volumes como debate (sem especificar uma modalidade), 36% como debate regrado,

    11% como uma discusso e 8,5% como debate deliberativo opinativo.

  • 371 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    Grfico 2: Relao dos volumes de livros didticos e suas modalidades de debate

    As 15 resenhas analisadas na etapa inicial da pesquisa para constituio do corpus

    para a segunda fase da pesquisa mostraram que h uma possvel variao no tratamento do

    debate pelas colees. No entanto, elas dizem muito pouco sobre como os professores

    (potenciais leitores) poderiam perceber as diferenas de tratamento de um objeto de ensino

    especfico. Por tal razo, construmos instrumentos de anlise - com destaque para a ficha

    de anlise do gnero e a sinopse de livros didticos8, objetivando observar de forma

    bastante detalhada nos 36 volumes de 15 colees todos os captulos/unidades, exerccios,

    imagens e ilustraes, temticas, quantidade de pginas, tipologia do gnero, formas de

    avaliao, entre outros aspectos.

    A ficha de anlise do gnero nos permitiu: (a) realizar anlises quantitativas a partir

    das listas de atividades que compem cada coleo de Lngua Portuguesa aprovada no

    PNLD-2011; (b) reunir todos os temas de debate, modalidade de debate, atividades

    propostas, eixo de ensino priorizado, entre outros aspectos, tendo em vista os respectivos

    anos em que aparecem tais objetos de ensino, na tentativa de traar um perfil do projeto

    didtico das colees. O perfil foi complementado com as sinopses descritivas que so

    organizadas em colunas e trazem informaes especficas (cf. BUNZEN, 2009). Na primeira

    coluna, tem-se o nmero de pginas analisadas da unidade didtica em questo; na

    segunda coluna, so apresentadas as sees didticas principais e regulares que esto

    8 A sinopse um instrumento para analisar as atividades, os objetos de ensino ensinados e materiais utilizados na aula. Utilizaremos a sinopse, assim como Rojo (2007) e Bunzen (2009), como uma ferramenta analtica que nos ajudar a identificar atividades subordinadas e parciais, a progresso dessas atividades, os objetivos, etc. Desta forma, apostamos em uma anlise documental de carter discursivo dos livros de lngua portuguesa aprovados pelo PNLD-2011.

  • 372 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    presentes em cada pgina; na terceira coluna, tm-se os elementos constitutivos do texto

    didtico, com informaes acerca das instrues e comandos de leitura, produo textual,

    os questionrios escritos, as indicaes de leitura, glossrios etc.; na quarta coluna, feita

    uma descrio detalhada das atividades em trs nveis (objeto de ensino, objetivos gerais e

    especficos); e, na quinta e ltima coluna, so apresentados os eixos de ensino priorizados

    em cada pgina analisada.

    4. Diferentes formas de tratamento do debate em trs colees

    A anlise mais aprofundada de todos os volumes tem nos permitido traar as

    diferenas e os pontos em comum no tratamento do gnero debate, enquanto objeto de

    ensino. No presente artigo, com o objetivo de discutir diferentes abordagens metodolgicas

    no processo de construo dos objetos de ensino nos livros didticos, selecionamos do

    nosso corpus de pesquisa trs colees que apresentam o gnero debate de forma

    diferenciada, a saber: (a) Portugus uma proposta para o letramento (Magda Soares,

    Editora Moderna); (b) Portugus Linguagens (William Roberto Cereja e Thereza Cochar

    Magalhes, Editora Atual); e (c) Portugus a arte da palavra (Gabriela Rodella, Flvio

    Nigro, Joo Campos. Editora AJS).

    A primeira diferena que notamos foi o que o debate como objeto de ensino

    encontra-se espacializado e temporalizado nas trs colees de forma singular. Em

    Portugus - uma proposta para o letramento, o debate aparece em 10 atividades, distribudas

    em todos os volumes da coleo. Na proposta de Portugus Linguagens, o gnero debate

    aparece em trs propostas nos volumes de 7 e 9 anos. J a coleo Portugus: a arte da

    palavra contempla o gnero debate apenas no volume destinado ao 9 ano.

    Apesar dessa diferena temporal da escolha do gnero debate, as colees acabam

    totalizando um nmero aproximado de pginas dedicado ao objeto de ensino:

    Colees Quantidade de debates propostos

    Pginas dedicadas ao trabalho com o debate

    Portugus uma proposta para o letramento

    14 21 pginas

    Portugus Linguagens 03 20 pginas

    Portugus a arte da palavra 01 26 pginas

  • 373 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    Quadro 1: Nmero de propostas e de pginas dedicadas ao debate em cada uma das colees.

    Essas atividades esto organizadas em sees didticas especficas. Na coleo

    Portugus Linguagens, o debate encontra-se na seo Produo de Textos; na coleo

    Portugus - a arte da palavra, o debate aparece na seo Mo na massa, e na coleo

    Portugus uma proposta para o letramento, encontramos o debate na seo Linguagem oral.

    Segundo Bunzen (2009), o livro didtico de portugus representa um olhar responsivo em

    relao aos objetos de ensino selecionados e a forma de trat-los, determinando aspectos

    composicionais e estilsticos das unidades didticas. Cordier-Gauthier (2002) defende que

    os organizadores estruturais presentes nas unidades didticas (sees, sub sees, boxes didticos,

    etc) com cores e ritmos regulares do ritmo e marcam uma determinada forma de trabalho e de

    acabamento, constituindo assim uma marca bem concreta do discurso didtico. Poderamos

    acrescentar tambm que , atravs de suas mltiplas rupturas, marcadas pelo projeto

    grfico-editorial, que conseguimos reconhecer alguns elementos do estilo didtico

    priorizado para apresentao/organizao dos objetos de ensino.

    A partir desta escolha dos autores-editores em relao ao estilo e tratamento do

    objeto de ensino, somos capazes de observarmos como o gnero - transformado em objeto

    a ensinar em aulas de lngua materna - apresentado e organizado de formas diversas, que

    correspondem ao projeto didtico-autoral de cada coleo. As escolhas didticas e autorais

    implicam tambm na modalidade de debate selecionada, assim como a temtica do

    debate, em quais anos do ensino fundamental estaro presentes etc. Por exemplo, na

    coleo Portugus Linguagens, o debate deliberativo tratado no volume do 7 ano e

    retomado no 9 ano com duas atividades: uma para o debate regrado pblico e outra para

    o debate regrado pblico voltado para o papel do moderador. Ou seja, foi possvel perceber

    indcios de uma progresso e aprofundamento no objeto a ensinar ao comparamos os dois

    volumes. Segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 105):

    Cada gnero pode ser abordado em diferentes nveis de complexidade [...] A repetio dos mesmos gneros a cada ano no se justifica. Entretanto, a retomada de objetivos j trabalhados, aps um certo espao de tempo e numa nova perspectiva, parece indispensvel para que a aprendizagem seja assegurada.

    J na coleo Portugus uma proposta para o letramento, encontramos o objeto de

    ensino debate como uma forma de aprendizado implcita ou por imerso (MENDES,

  • 374 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    2005), pois nessa coleo o debate est voltado em maior frequncia como uma atividade

    didtica que provoca a discusso de textos lidos durante o captulo. Diferenciando-se das

    outras duas colees, o projeto didtico autoral no privilegia explicaes sobre o gnero,

    as suas caractersticas, modalidades, papeis dos participantes, entre outras facetas.

    Recorre-se, ento, a estratgia editorial e didtica de inserir as mesmas regras de

    funcionamento do debate nos volumes de 6 a 9 anos, em um boxe intitulado Ateno,

    como podemos ver nos dois exemplos (01 e 02) abaixo:

    Exemplo (01): Portugus: uma proposta para o letramento (6 ano, pgina 178)

    3. Apresentao das regras do debate. 3.1 Orienta-se para pedir a palavra e esperar sua vez de falar, no interromper ningum; 3.2 Orienta-se para justificar o ponto de vista com exemplos e argumentos; 3.3 Orienta-se para ouvir com ateno as opinies dos colegas, e pedir que as justifiquem, quando necessrio 3.4 Orienta-se para alterar seu ponto de vista, se for convencido pelos argumentos de um colega ou do professor.

    Exemplo (02): Portugus: uma proposta para o letramento (9 ano, pgina 167)

    2. Apresentao das Regras para o debate

    2.1 Orienta-se para pedir a palavra e esperar a vez de falar 2.2 Orienta-se para fundamentar as opinies com argumentos e exemplos . 2.3 Orienta-se para ouvir com ateno aos colegas . 2.4 Orienta-se para que de forma respeitosa manifestar seu desacordo com a

    opinio do colega.

    Podemos considerar que mesmo que o aprendizado seja mais por imerso

    (aprender fazendo) do que por transmisso ou construo, h o destaque para a

    aprendizagem precoce para assegurar o domnio ao longo do tempo, pois a atividade

    humana de debater apresenta-se em todos os volumes da coleo, aparecendo diversas

    vezes durante cada ano. Por outro lado, no se pode dizer que h uma progresso de forma

    a propor nveis de complexidade, pois as atividades seguem o mesmo padro em todos os

    anos, o que pode ser considerado como maior complexidade so apenas as temticas

    abordadas.

    Na coleo Portugus a arte da palavra, encontramos um captulo inteiro dedicado

    ao debate no volume do 9 ano. O princpio organizador dessa coleo de um perfil

    exclusivamente por gnero, que segundo o PNLD 2011 significa que cada unidade se

    encarrega de tomar como objeto poemas, fbulas, reportagens, entrevistas, crnicas,

  • 375 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    debates [...] E as atividades de leitura, produo de textos e conhecimentos lingusticos

    exploram diferentes aspectos desses gneros (BRASIL, 2010, p.30). Nesse caso, a

    progresso do gnero debate acontece em curto prazo, uma vez que no decorrer da

    unidade os alunos so preparados atravs de leitura, produo de texto, anlise de debate,

    para que, no final da unidade, desenvolvam a atividade de uma modalidade especfica: o

    debate regrado.

    Vejamos a seguir uma tabela que facilita a visualizao das informaes anteriores e

    que nos possibilitar observar a organizao das colees com o gnero debate levando em

    considerao o volume/ano em que o debate aparece, suas modalidades e os temas

    abordados:

    Coleo Ano Modalidade de

    debate

    Tema de debate

    Portugus uma

    proposta para o

    letramento

    6 Debate (discusso) (1) Debater qual a viso de um extraterrestre sobre as

    famlias da Terra. (2) Debater o Projeto de lei que probe o uso de

    estrangeirismos na Lngua Portuguesa. (3) Debater a poluio sonora na escola. (4) Debater o que levam os jovens a pichar e grafitar e

    se aprovam o grafite ou pichao.

    Portugus uma

    proposta para o

    letramento

    7 Debate (discusso) (5) Debater se os alunos concordam a caracterizao

    feita dos adolescentes no texto. (6) Debater o uso de expresses inglesas na Lngua

    Portuguesa. (7) Debater a relao entre uma crnica e um anncio

    publicitrio.

    Portugus uma

    proposta para o

    letramento

    8 Debate

    (discusso)

    (8) Debater se os alunos concordam com a imagem que

    Moacyr Scliar faz dos adolescentes na crnica.

    (9) Debater se verdade que as notcias de jornais

    falsificam a imagem do mundo. (10) Debater se ainda h preconceito racial no Brasil. (11) Debater se os seres humanos so diferentes, iguais

    ou desiguais.

    Portugus uma

    proposta para o

    letramento

    9 Debate

    (discusso)

    (12) Debater as diferenas das geraes jovens e geraes mais velhas com base no texto.

    (13) Debater a compra de armas pelo cidado comum e sua possvel proibio.

    (14) Debater sobre o que significa realmente saber portugus.

  • 376 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    Portugus

    Linguagens 7 Debate deliberativo (01) Debater e deliberar como combater o bullying na

    escola.

    Portugus

    Linguagens 9 Debate regrado

    pblico

    (02) Debater se a televiso deformadora de costumes ou espelho de uma sociedade doente.

    (03) Debater um dos cinco temas relacionados com a leitura dos textos:

    - Porque tantas jovens engravidam to cedo?

    - O comportamento sexual dos jovens de hoje

    influenciado pelos meios de comunicao?

    - O excesso de exposio sensualidade nos programas

    e novelas de TV contribui para o aumento da gravidez na

    adolescncia?

    - Ter um projeto de vida ajuda a evitar a gravidez

    precoce?

    - O que pode ser feito pela escola, pelos pais ou pelo

    governo para diminuir os ndices de gravidez indesejada

    entre adolescentes?

    Portugus a arte

    da palavra 9 Debate regrado (o1) Escolher algum tema tratado durando o captulo:

    - O uso de transgnicos - O uso de estrangeirismos na Lngua Portuguesa - Benefcios e Malefcios da internet

    Quadro 2: Tipos de Debate e temticas priorizados nas trs colees.

    As temticas tratadas nas trs colees mostram uma pedagogia fortemente

    centrada ainda no debate ao redor de temas que emergem dos textos, assim como

    questes que procuram fomentar debates sobre questes ticas (preconceito racial no

    Brasil, bullying na escola, funo da mdia televisiva, benefcios e malefcios da internet,

    gravidez na adolescncia) ou que envolvam polticas lingusticas (uso de estrangeirismos no

    Brasil ou o que significa saber portugus). Nem sempre possvel observar, nas 18

    propostas das trs colees, questes polmicas ou controversas; uma vez que so poucas

    as atividades que fazem com que os alunos expressem sua opinio para modificar ou alterar

    a posio do outro por meio da argumentao. Dolz, Schneuwly e Pietro (2004) discutem

    que uma das questes centrais no trabalho com o debate a escolha de temas que trazem

    em si um contedo polmico que permita a controvrsia, pois corre-se o risco de

    transformar o debate em uma conversa sobre um determinado tema,que no tem

    implicaes na vida dos alunos.

  • 377 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    Notamos pela anlise das sinopses que o trabalho com o gnero debate via LDP

    envolve uma cadeia de atividades e tarefas que implica: ler, falar, pesquisa, anotar, realizar

    anlises da lngua, produzir textos, avaliar o processo de aprendizagem. Neste caso,

    debater atividade principal; mas para realiz-la os alunos precisam cumprir um conjunto

    de tarefas tanto individuais quanto em grupos. Tais tarefas cumprem funes diferenciadas

    nos projetos didticos das colees: algumas so centrais para a realizao da atividade,

    enquanto outras facultativas; h aquelas que aparecem no incio da proposta do debate,

    enquanto outras dependem da realizao do debate para sua existncia. Vejamos trs

    exemplos:

    Exemplo (03): Portugus: uma proposta para o letramento (6 ano, pgina 63)

    1. Apresentao da questo do debate. 1.1 Retomar os dois textos apresentados anteriormente no captulo e discutir a seguinte

    questo: Pesquisando apenas a famlia observada e descrita nos dois textos, o extraterrestre poder levar, para seu planeta longnquo, um relatrio verdadeiro sobre como a famlia humana?

    2. Discusso de duas questes, buscando as respostas nos dois textos apresentados no

    captulo; 2.1 Discutir se a famlia que o extraterrestre observou, em sua pesquisa sobre os seres humanos, semelhante a todas as famlias da terra. 2.2 Discutir se todas as famlias da Terra vivem numa casa como a observada pelo extraterrestre.

    O exemplo 03 est situado no incio da atividade, alm de constituir a primeira

    proposta de debate da coleo no 6 ano. Assim, uma das primeiras tarefas solicitadas (1.1)

    a retomada dos textos lidos anteriormente no captulo para que discutam uma questo,

    no necessariamente polmica. Os dois textos literrios, escritos por Samir Meserani,

    intitulados A filha e O filho, narram as aventuras de um extraterrestre na Terra. Assim,

    para que o debate ocorra na sala de aula faz-se necessrio que o professor tenha trabalhado

    com os dois textos que antecederam o debate, pois se espera que os alunos cheguem a uma

    resposta para as duas questes apresentadas na atividade de debate (2.1 e 2.2). Tarefas de

    retomada da leitura ou de leitura de textos novos para iniciar ou alimentar o debate

    proposta foram encontras em 17 propostas, constituindo como uma atividade central para a

    realizao dos debates nas trs colees.

    Enquanto o exemplo 03 sinaliza para tarefas iniciais e constantes no momento de

    preparao do debate, h outras tarefas mais pontuais que s podem ser realizadas com a

  • 378 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    finalizao do debate. Para exemplificar, indicamos as tarefas que propem avaliao (individual,

    em grupo, no coletivo) do debate realizado. Em 09 propostas (50%), foi possvel verificar o fato de

    que os alunos ou os grupos so convidados para avaliar aspectos do debate realizado em sala de

    aula. As trs colees utilizam-se de tais tarefas em boxes ou tarefas finais do debate, como

    podemos ver no exemplo a seguir:

    Exemplo (04): Portugus: a arte da palavra (9 ano, pgina 77)

    23. Apresentao de um boxe informando o que deve ser avaliado aps o

    termino do debate.

    23.1 Orienta-se para que os alunos avaliem se as argumentaes dos participantes foram convincentes.

    23.2 Orienta-se para que os alunos avaliem se os argumentos utilizados pelos grupos foram adequados.

    23.3 Orienta-se para que os alunos avaliem se os turnos das intervenes foram respeitados.

    23.4 Orienta-se para que os alunos avaliem se foram capazes de usar adequadamente expresses para defender a tese e para refutar argumentos contrrios.

    23.5 Orienta-se para que os alunos avaliem como foi a contribuio pessoal de cada um dos integrantes do grupo.

    23.6 Orienta-se para que os alunos avaliem se a pesquisa realizada sobre o tema deu segurana para falar sobre ele.

    23.7 Orienta-se para que os alunos avaliem se a expresso oral e gestual contribuiu para a compreenso da exposio oral.

    23.8 Orienta-se para que os alunos avaliem se os colegas que assistiram o debate mantiveram o silncio necessrio.

    H tambm tarefas pontuais e singulares ao longo das propostas, como as que

    envolvem algum trabalho de anlise lingustica do gnero debate. No geral, apenas as

    colees Portugus: Linguagem e Portugus: a arte da palavra realizam em 04 propostas

    (aproximadamente 22,3%) algum trabalho de reflexo sobre a lngua(gem) utilizada no

    debate. No exemplo (05), o projeto didtico pressupe em dois momentos (1.4.13 e 1.10.2.7)

    o trabalho com os usos lingsticos mais adequados para a realizao da atividade em foco.

    Surgem assim explicaes metadiscursivas sobre os usos de expresses utilizadas pelo

    debatedor ou avaliaes sobre ou uso da linguagem formal e pblica no debate realizado.

    Exemplo (5): Coleo Portugus Linguagens (9 ano, p.139 e 143)

    1.4 Resoluo de questes sobre o debate regrado e sobre o texto lido. [...]

    1.4.13 Explicao de que ao argumentar o debatedor expe seu ponto de vista a

  • 379 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    respeito do tema, por isso natural expressar-se atravs de eu acho que,

    na minha opinio, a meu ver, etc. A partir disso, identificar no texto

    expresses que indicam ponto de vista dos debatedores.

    [...]

    1.10 Avaliao conjunta entre o professor e os alunos. 1.10. 2. 7 Avaliar se a linguagem foi adequada a situao.

    1.10.2.7.1 Avaliar se houve emprego exagerado de grias ou de

    expresses como tipo, n, t e outras, a ponto de ter prejudicado a

    qualidade da exposio ou a concentrao dos ouvintes.

    Se levarmos em considerao que o ensino dos gneros na esfera escolar tem como

    uma das razes servir para desenvolver diversas capacidades de linguagens aos alunos,

    podemos tambm nos questionar como as 18 propostas analisadas criam atividades e

    tarefas para desenvolver trs capacidades, indicadas por Dolz e Schneuwly (2004):

    (i) Capacidades de ao: espera-se que o aluno compreenda o motivo de realizar a

    atividade com o gnero selecionado, ou seja, que ele esteja contextualizado com

    relao situao comunicativa da atividade, enfim, ao objetivo da ao de

    linguagem.

    (ii) Capacidade discursiva: espera-se que o aluno compreenda como esse gnero

    est organizado, ou seja, quais as suas caractersticas, para ser capaz de se

    posicionar de acordo com o plano comunicativo.

    (iii) Capacidade lingustico-discursiva: espera-se que o aluno saiba quais usos

    lingusticos so mais adequados para a realizao da atividade.

    Ao categorizar as atividades e tarefas solicitadas aos alunos do 6 ao 9 ano,

    relacionadas ao trabalho com o debate, percebemos que apenas algumas colees

    aprovadas pelo PNLD-2011 desenvolvem as capacidades necessrias para o possvel

    domnio do gnero enquanto objeto de ensino. Em alguns casos, as capacidades no so

    exploradas plenamente ou aparecem de forma bastante parcial. No caso da coleo

    Portugus: uma proposta para o letramento, ficou evidente que, apesar de um nmero

    significativo de propostas (14) e de uma presena em todos os anos, o projeto didtico

    autoral no contempla de forma plena as capacidades de linguagem, que consideramos

    importantes para o ensino formal na escola para o ensino do debate. O quadro a seguir

    sinaliza as operaes de linguagem encontradas nos livros didticos das trs colees de

    nossa anlise:

  • 380 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    Capacidades de

    Linguagem

    Aptides requeridas

    para a produo e

    domnio do gnero

    debate

    Coleo Portugus uma

    proposta para o

    letramento

    Coleo

    Portugus

    Linguagens

    Coleo

    Portugus a

    arte da

    palavra

    Capacidade de

    ao

    Contextualizao do

    gnero e

    compreenso da

    inteno de

    produo.

    Parcialmente, pois no h

    uma contextualizao do

    gnero. Os alunos,

    certamente, compreendem

    a inteno da atividade

    como uma discusso de

    algum tema relevante e

    emergente dos textos da

    unidade.

    Sim Sim

    Capacidade

    discursiva

    Compreenso da

    organizao do

    gnero, suas

    caractersticas,

    estrutura e regras de

    desenvolvimento.

    Parcialmente, no h uma

    apresentao das

    caractersticas nem de

    como o debate deve ser

    organizado, h apenas uma

    apresentao de regras

    bsicas para o

    desenvolvimento da

    atividade.

    Sim Sim

    Capacidade

    lingustico

    discursiva

    Conhecimento dos

    mecanismos

    lingusticos

    adequados para a

    produo do debate.

    No Sim Sim

    Quadro 3: Capacidades de linguagens desenvolvidas nas atividades de debate em cada coleo.

    As capacidades de ao e a capacidade discursiva so as mais favorecidas nas trs

    colees, embora sejam visveis as lacunas e dificuldades em estabelecer objetivos para que

    o debate v alm de uma discusso temtica sobre os textos lidos anteriormente. Nota-se

    de forma explcita em algumas colees o trabalho mais sistemtico como a caracterizao

    social do gnero e dos seus modos de funcionamento, enquanto em outras o foco volta-se

    para o contedo temtico. Os trs LDPs procuram orientar e favorecem informaes sobre

    a construo dos temas que sero discutidos, indicando tambm pesquisas em outras

    fontes e suportes. Por outro lado, h poucas tarefas que propem reflexes que

  • 381 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    desenvolvam as capacidades lingustico-discursiva ou at mesmo os elementos prosdicos

    e no lingusticos. Muitas facetas desse processo complexo aparecem apenas nas atividades

    de avaliao do debate realizado em sala, constituindo elementos de menor importncia no

    projeto didtico apresentado no LDP.

    Consideraes finais

    Por meio de uma anlise comparativa de base quantitativa e qualitativa,

    investigamos como so selecionados, apresentados e didatizados contedos, conceitos e

    saberes escolares voltados ao debate. Podemos, dessa maneira, fazer uma reflexo mais

    especfica sobre o modo como trs colees de LDPs de ensino fundamental II (6 ao 9

    ano) exploram um objeto a ensinar na escola conforme as prescries dos PCNs e dos

    estudos sobre gneros do discurso. Como no h objetos de ensino pr-definidos pelo

    Ministrio da Educao para cada ano escolar, as propostas didticas dos livros didticos

    acabam constituindo como um referencial comum para todo o territrio.

    Levantamos, ento, a hiptese de que o que diferencia as colees o tratamento

    didtico, metodolgico e editorial dado a cada objeto de ensino no mbito de seu projeto

    didtico autoral, alm do projeto grfico. As resenhas do Guia Nacional do Livro Didtico

    apresentam de forma bastante geral e abrangente os eixos de ensino, trazendo poucas

    informaes sobre o tratamento dado aos objetos de ensino. Tal efeito de homogeneidade

    bastante visvel ao lermos os comentrios sobre a oralidade nas colees, uma vez que h

    apenas uma lista com os objetos de ensino, mas poucos comentrios sobre a forma como

    so tratados. O gnero debate apresentado de forma muito semelhante nas trs

    resenhas das obras que analisamos, contrariando as diferenas pedaggicas, didticas,

    discursivas que apresentamos em nossa anlise.

    De forma geral, podemos dizer que cada coleo apresentou modos e maneiras

    peculiares de (re)apresentao de um mesmo objeto de ensino, mesmo utilizando quase

    que a mesma quantidade de pginas. Aspectos quantitativos e qualitativos precisam ser

    cruzados para que possamos compreender como cada LDP prope a ensinar os jovens a

    debater, com destaque para determinadas capacidades de linguagem. A coleo Portugus

    uma proposta para o letramento, por exemplo, prope com maior frequncia o trabalho em

    pequenos grupos, solicitando que os alunos discutam entre si suas opinies sobre o tema

  • 382 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    para o debate; fazendo com que cada grupo apresente suas concluses para o restante da

    sala. As 14 propostas, distribudas ao longo dos 04 anos, partem normalmente dos textos

    lidos para que os alunos discutam em grupos, confrontando opinies e expondo suas

    concluses.

    Na coleo Portugus Linguagens, o trabalho com o debate se d principalmente em

    dois grandes grupos: o grupo dos contrrios ao tema e o grupo dos que so favorveis. H

    um trabalho mais intenso e explcito com a descrio do papel de cada participante,

    inclusive propondo a presena de um mediador. Aps os trs debates, os alunos so

    convidados para uma avaliao para que observem e reflitam sobre diversos elementos, por

    exemplo: se as regras foram respeitadas, se os argumentos foram aprofundados, se a

    linguagem utilizada foi adequada situao, se o papel do moderador foi eficaz ou no etc.

    Notamos aqui em um ensino mais transmissivo, explcito e reflexivo do debate regrado ou

    deliberativo.

    Na coleo Portugus a arte da palavra, encontramos uma maior abertura nas

    decises que podem ser tomadas pelos prprios alunos. A proposta encontra-se situada em

    um captulo especfico que traz vrios textos e debates transcritos para que os alunos

    escolham um dos temas, que foram tratados durante a unidade, e decidam quais pessoas

    comporo os grupos. A proposta sugere que os alunos faam um levantamento de material

    para se apoiarem e o ajudarem para a construo de argumentos, orientando tambm para

    a organizao da sala, os papeis dos participantes e do moderador. No final, h tambm

    uma avaliao do desenvolvimento do debate.

    As trs colees (re)apresentam o mesmo objeto de ensino o debate de

    maneiras diferentes, mas tal singularidade s pode ser observada pelos usurios

    (especialmente, os professores) se puderem comparar vrios elementos, entre os quais

    destacamos: (i) a escolha do projeto grfico; (ii) as modalidade de debate priorizadas; (iii) as

    atividades e tarefas propostas e sua relao com os eixos de ensino (leitura, oralidade,

    produo textual escrita e oral, anlise lingustica); (iv) os temas e textos que servem de

    mote para a atividade de debater em coletivo; (v) as capacidades de linguagem que podem

    ser desenvolvidas; (vi) as formas de avaliao da atividade, entre outros aspectos.

    Esperamos, assim, que nossas anlises possam auxiliar novas pesquisas e olhares sobre o

    tratamento de objetos didticos especficos nos LDPs em uma perspectiva diacrnica ou

    sincrnica.

  • 383 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    Referncias bibliogrficas

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    BRASIL. Parmetros Curriculares de Lngua Portuguesa. 3 e 4 ciclos. Braslia: MEC/SEF,

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    edio. So Paulo: Atual, 2010. (Volumes 2 e 4).

    FARACO, Carlos Emlio; MOURA, Francisco. Linguagem Nova. So Paulo: tica, 1995.

    RODELLA, Gabriela; NIGRO, Flvio & CAMPOS. Joo. (2009). Portugus: a arte da palavra.

    1 edio. So Paulo: AJS Ltda. (Volume 4).

    SARGENTIN, Hermnio. Palavras: texto, gramtica e redao. So Paulo: IBEP, 1985.

    (Volume 1).

    SOARES, Magda. Portugus: uma proposta para o letramento. 1 edio. So Paulo:

    Moderna, 2010. (Volumes, 1, 2, 3 e 4).

    Recebido: 27.05.13 Aprovado: 12.06.13

    * Clecio BUNZEN, Prof. Dr.

  • 385 Eutomia, Recife, 11 (1): 362-385, Jan./Jun. 2013

    Universidade Federal de So Paulo

    Departamento de Educao

    E-mail: [email protected]

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    Jssica MXIMO GARCIA, Graduanda

    Universidade Federal de So Paulo

    Departamento de Educao