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P r o j e t o Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Norte, Nordeste e Mato Grosso e dos Impactos dos Grandes Projetos Federais no Nordeste N o t a T é c n i c a 0 2 Mapeamento, metodologia de identificação e critérios de seleção para políticas de apoio nos Arranjos Produtivos Locais Pernambuco www.politicaapls.redesist.ie.ufrj.br www.redesist.ie.ufrj.br

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Nota Técnica 02

Mapeamento, metodologia de identificação e critérios de seleção para políticas de apoio nos

Arranjos Produtivos Locais

Pernambuco

www.politicaapls.redesist.ie.ufrj.br

www.redesist.ie.ufrj.br

Page 2: NT 02 - PE

Projeto

Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Norte, Nordeste e Mato Grosso e dos Impactos dos Grandes Projetos Federais no Nordeste

Nota Técnica 02

ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO: MAPEAMENTO, METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO E CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

PARA POLÍTICAS DE APOIO

Pernambuco

Equipe Estadual

Coordenadora: Lúcia Maria Góes Moutinho

Pesquisadores: Luís Henrique Romani Campos

Isabel Pessoa de Arruda Raposo

Éder Lira de Souza Leão

João Marcelo de Melo Ferraz

Estagiários: Ariany Maria Araújo Gomes

Lutemberg Francisco de Andrade Santana

Rafaela Rodrigues Lins

Tarcísio Regis de Souza Bastos

Equipe de Coordenação do Projeto / RedeSist

Coordenadora: Valdênia Apolinário

Maria Lussieu da Silva

Thaís de Miranda Moreira

Page 3: NT 02 - PE

3

LISTA DE TABELAS

Pág.

Tabela 1 - Descentralização de recursos financeiros do Ministério da Ciência e

Tecnologia para o Estado de Pernambuco, 2005 – 2008 .................................................. 15

Tabela 2 - Descentralização de recursos financeiros do Ministério da Ciência e

Tecnologia, por ação temática, no Estado de Pernambuco, 2005 – 2008 ......................... 17

Tabela 3 - Descentralização de recursos financeiros do Ministério da Ciência e

Tecnologia, por mesorregião do Estado de Pernambuco, 2005 – 2008 ............................ 18

Tabela 4 - Distribuição das Especialidades Médicas na Região Metropolitana do Recife

– 2004 ................................................................................................................................ 89

Tabela 5 - Distribuição dos Hospitais/Maternidades na Região Metropolitana do Recife

– 2004 ................................................................................................................................ 90

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4

LISTA DE QUADROS

Pág.

Quadro 1 - Institucionalidade do APL de TIC do Recife ................................................. 36

Quadro 2 – Vitivinícolas e Fazendas do APL do Vale do São Francisco – PE ................ 47

Quadro 3 - Vinícolas e suas Marcas Comerciais em Pernambuco ................................... 47

Quadro 4 - Institucionalidade do APL do Vale do São Francisco em PE ........................ 48

Quadro 5 - Cooperação através dos equipamentos de exibição ........................................ 74

Quadro 6 - Pontos de Cultura do APL .............................................................................. 78

Quadro 7 - Sindicatos e associações ................................................................................. 83

Quadro 8 - Sistema de ensino e pesquisa do APL de Cinema de Recife .......................... 85

Quadro 9 – Institucionalidade do APL de música e ritmos .............................................. 100

Quadro 10 - Atores do Arranjo Produtivo Local de Eventos: “Caruaru - A Capital do Forró”................................................................................................................................. 119

Quadro 11 - Levantamento de feiras e espaços de comercialização nas microrregiões, municípios e as entidades de assessoria ............................................................................ 131

Page 5: NT 02 - PE

5

SUMÁRIO

Pág.

Introdução ......................................................................................................................... 07

Capítulo 1 - Antecedentes Conceitos Utilizados e Atenção Dispensada à Questão dos Arranjos Produtivos Locais em Pernambuco .................................................................... 10

Capítulo 1.1 - Antecedentes e Conceitos Utilizados ............................................. 10

Capítulo 1.2 - Atenção Dispensada à Questão dos Arranjos Produtivos Locais em Pernambuco ..................................................................................................... 13

Capítulo 2 - Organismos Responsáveis pelo Apoio a APLs Pernambucanos e Políticas de Apoio Implementadas .................................................................................................. 19

Capítulo 3 - Conceitos e Metodologias Adotadas para a Identificação dos APLs e Critérios para Seleção dos Arranjos objetos das Políticas ................................................ 26

Capítulo 4 - Mapeamentos de Arranjos Produtivos Locais Identificados e que São Focos de Políticas no Estado ............................................................................................ 32

4.1 APL de Tecnologia da Informação e Comunicação do Recife ...................... 33

4.2 APL do Gesso da Região do Araripe .............................................................. 37

4.3 APL de Confecções do Agreste Pernambucano .............................................. 40

4.4. APL de Vitivinicultura dos São Francisco Pernambucano ............................ 46

4.5 APL de Fruticultura Irrigada do São Francisco Pernambucano ...................... 50

4.6 APL de Laticínios do Agreste ........................................................................ 52

4.7 APL de Apicultura do Araripe ........................................................................ 56

4.8 APL Piscicultura do Sertão de Itaparica e do Agreste .................................... 58

Capítulo 5 - Os Demais Arranjos Não Apoiados .............................................................. 64

5.1. Os arranjos identificados nos mapeamentos existentes e que não estão sendo estimulados por políticas para APLs no Estado ..........................................

65

5.1.1 APLs de Ovinocaprinocultura em Diversas Regiões do Estado ...... 65

5.1.2 APL do Audiovisual de Recife ......................................................... 72

5.1.3 APL de Saúde da RMR .................................................................... 87

Page 6: NT 02 - PE

6

5.1.4 APL APL de Música e Ritmos de Recife, Olinda e Zona da Mata .. 94

5.1.5 APL de Artes Plásticas e Artesanato de Olinda ............................... 101

5.1.6 APLs de Artesanato em Diversas Regiões do Estado ...................... 104

5.2 Transpondo a Invisibilidade dos APLs de Pernambuco: Os Arranjos Não Incluídos em Listagens/Mapas Estaduais de APLs – “Não” Identificados/Vazios ................................................................................... 115

5.2.1 APL de Polímeros da RMR .............................................................. 115

5.2.2 APL de eventos: “Caruaru – A Capital do Forró” ............................ 117

5.2.3 APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Olinda ........ 120

5.2.4 APL de Turismo e Cultura de Porto de Galinhas ............................. 123

5.2.5 APL de Agricultura Familiar Orgânica da Zona da Mata ................ 128

Considerações Finais ......................................................................................................... 135

Referências ........................................................................................................................ 139

Anexo 1 - Memória da última Reunião GTP-APL/PE ..................................................... 144

Anexo 2 - APLs Incentivados pelo Sebrae-PE e Instituições Parceiras .......................... 145

Anexo 3 - APLs Incentivados pelo Governo de Pernambuco e Instituições Parceiras ..... 149

Anexo 4 - Mapa dos APLs Apoiados e Identificados ....................................................... 163

Anexo 5 - Mapa dos APLs que não recebem políticas de APL ........................................ 164

Anexo 6 - Mapa dos APLs não identificados ................................................................... 165

Anexo 7 - Roteiro de Entrevista ........................................................................................ 166

Anexo 8 - Entrevistas Realizadas ...................................................................................... 168

Page 7: NT 02 - PE

7

INTRODUÇÃO

À semelhança do que ocorre no País, e, principalmente nas regiões Norte e Nordeste

como um todo, a necessidade de inclusão produtiva de áreas marginalizadas no processo de

desenvolvimento é reconhecidamente uma prioridade no estado de Pernambuco. Isso requer que a

realidade sócio-econômica pernambucana seja observada a partir de uma perspectiva sistêmica,

que políticas regionais contemplem os “potenciais econômicos” em seu território.

Para que as políticas públicas incluam essa realidade é necessária que se faça uma revisão

dos instrumentos que até o momento vêm sendo utilizados. Esta revisão impõe, na prática, a

quebra de barreiras culturais institucionalmente estabelecidas que é ultrapassada quando os

anseios da sociedade se encontram em sintonia com a vontade política. Para isto, se faz

necessário um longo processo de aprendizado institucional.

Os esforços das instituições para localização de “APLs” com vistas à destinação de

incentivos seguiram as mais diversas concepções e metodologias para identificá-los, e, de modo

geral apresentam vieses que desviam os esforços dos verdadeiros alvos da política além de

restringir seus efeitos. Em que pese ainda encontrar-se em aberto o entendimento da verdadeira

natureza das políticas de apoio a APLs, ela vem sendo compreendida como um poderoso

instrumento capaz de viabilizar e iniciar um processo de desenvolvimento com inclusão social.

Ressalte-se que, para os organismos públicos e privados incluir essa realidade em suas ações é

necessário um longo processo de aprendizado institucional, capaz de quebrar poderosas barreiras

culturais na maioria das vezes inerentes a cada instituição e que as impedem de operar a partir de

uma visão comum.

O destaque de espaços produtivos não identificados e apoiados pelas instituições requer

adicionalmente o entendimento do ambiente de interação inter-institucional bem como entre as

instituições e os demais agentes locais dos APLs. Estes últimos detentores de conhecimento

tácito constituem importante fonte para viabilizar a complementação das estatísticas formais

disponíveis considerando que essas priorizam o setor industrial em detrimento dos demais e que

ainda não incluem atividades informais que estejam espacialmente concentradas e que sejam

localmente importantes do ponto de vista da dinâmica sócio-econômica do estado.

Deste modo, ganha importância o esforço de mapear os APLs de Pernambuco a partir da

compilação de diversas fontes de dados dispersos, mas disponíveis nas várias instituições de

Page 8: NT 02 - PE

8

ensino, pesquisa e agências de governo que tenham produzido um grande acervo de bancos de

dados variados, de teses e dissertações, relatórios de pesquisas de órgãos públicos, com vistas a

consolidar conhecimentos sobre a experiência de identificação dos APLs e das políticas atuais.

Nesta direção, e em consonância com os objetivos da nova atuação do BNDES em APLs,

é objetivo desse relatório de pesquisa prover subsídios para o refinamento das ações do referido

Banco através de uma maior nitidez da dimensão territorial para suas intervenções em APLs de

Pernambuco.

Destaque-se que a concepção de Arranjos e Sistemas Produtivos Locais – APLs que permeia

a análise desenvolvida nesse documento é a que, enquanto conceito, operacionaliza a

compreensão do processo produtivo e inovativo, e, refere-se a conjuntos de atores econômicos,

políticos e sociais, que partilham um mesmo território, e que se articulam, formalmente ou

informalmente, finalidade de obtenção de ganhos econômicos através de atividades produtivas e

inovativas.

Os APLs, como regra, são identificados a partir de uma atividade produtiva central ou um

conjunto de atividades correlacionadas sob aspecto produtivo ou comercial ou pelo mercado, em

torno da qual os demais atores se articulam, tais como empresas produtoras de bens e serviços

finais, fornecedores de bens e serviços (matérias-primas, equipamentos e outros insumos),

empresas especializadas na distribuição e comercialização, consumidores, organizações de

capacitação empresarial ou de trabalhadores, difusoras de informação, laboratórios e centros de

pesquisa, desenvolvimento e engenharia, organismos voltados à promoção e financiamento,

cooperativas, associações, sindicatos e demais órgãos de representação e Governos.

Nessa perspectiva, serão comparadas as metodologias de identificação e critérios de

seleção que servem de base para políticas de apoio a APLs das instituições envolvidas mapeadas.

Segue-se ainda a caracterização dos arranjos identificados e daqueles selecionados para apoio por

instituições públicas e privadas bem como, a identificação de arranjos que foram excluídos do

âmbito da política devido aos conceitos e critérios adotados. Para tanto, o presente documento

está estruturado em cinco capítulos além dessa introdução, conclusões e anexos, como seguem.

O capítulo 1 trata dos antecedentes, conceitos utilizados e desenvolvimento da atenção

dada à questão dos arranjos produtivos locais no Estado. Os organismos responsáveis pelo apoio

a APLs no Estado e políticas de apoio implementadas são objeto do capítulo 2. Por outro lado, o

capítulo 3 contém conceitos e metodologias adotadas para a identificação dos arranjos produtivos

Page 9: NT 02 - PE

9

locais e os critérios para seleção dos arranjos objetos das políticas. O quarto capítulo apresenta

mapeamentos ou listagens de arranjos produtivos locais identificados e que são focos de políticas

no estado. Os demais arranjos não apoiados ou não identificados são abordados no capítulo 5.

Aqueles não incluídos em listagens/ mapas estaduais de APLs – “não” identificados/vazios, serão

indicados de acordo com o conhecimento tácito dos pesquisadores de Pernambuco. Finalizam o

documento, as considerações finais, referências bibliográficas e anexos, respectivamente.

Page 10: NT 02 - PE

10

CAPÍTULO 1 ANTECEDENTES CONCEITOS UTILIZADOS E ATENÇÃO DISPENS ADA À

QUESTÃO DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS EM PERNAMBUC O 1.1 - ANTECEDENTES E CONCEITOS UTILIZADOS

Experiências bem-sucedidas de organização produtiva/industrial em diferentes países, em

particular na Itália, motivaram estudos sobre aglomerações produtivas em Pernambuco como em

todo o Brasil e chamou a atenção de diversas instituições, dos agentes privados, bem como das

esferas de governo. No entanto, o termo passou a ser usado de forma indiscriminada a toda e

qualquer concentração geográfica de determinada atividade, não somente em Pernambuco, mas

no País como um todo.

As abordagens de cadeias produtivas e clusters vêm sendo explicitamente adotada pelo

governo do estado de Pernambuco1, principal agente formulador e executor de Políticas para

aglomerações produtivas no passado e que evoluiu para a abordagem de APLs. O que se observa,

entretanto, é que na prática, a abordagem de cadeias produtivas e de clusters ganhou apenas um

novo rótulo, o de APL. A metodologia consiste em identificar as principais cadeias produtivas

localizadas no estado, diagnosticar os gargalos tecnológicos e as oportunidades para inovação e

formular as ações necessárias à superação das dificuldades e ao aproveitamento das

oportunidades de negócios, em especial, no aspecto inovativo.

Um exemplo em Pernambuco desse uso é observado no que denominam de “APL de

Turismo” que abrange vários municípios de todo o Estado (desde a orla marítima até o seu

interior), não se verificando necessariamente uma comunicação entre os seus agentes nas diversas

cidades de atuação. Nesta atividade, há claramente a adoção de uma política setorial por parte do

Governo do Estado. A despeito disto é possível que haja em alguns desses municípios uma

organização da atividade em APL. De fato, a equipe de pesquisa deste trabalho identificou o caso

do APL de Turismo de Porto de Galinhas e o próprio APL de música e ritmos de Recife, Olinda e

Zona da Mata. Este último inclusive já consta na listagem estadual dos APLs apoiados e, embora,

tenha a cultura como segmento chave do Arranjo, não se pode desprezar a importância do

turismo na sua dinâmica, tendo em vista que os agentes desta atividade desenvolvem ações

cooperativas dentro do APL.

1 Ver AGENDA 21 do Estado de Pernambuco.

Page 11: NT 02 - PE

11

A confusão conceitual mencionada também foi observada no modelo de desenvolvimento

adotado pelo Governo Jarbas Vasconcelos a partir das chamadas Regiões de Desenvolvimento

(RDs). Essas regiões embora concentrassem de fato alguns APLs, aglutinavam também simples

concentrações produtivas que não apresentavam um componente sistêmico, com laços de

cooperação e base inovativa e que, portanto, não deveriam ser nomeados como APLs.

Conseqüentemente, as políticas adotadas também refletiam esta confusão conceitual e não se

caracterizavam como políticas típicas de APL.

A conseqüência mais imediata desse uso indevido do termo APL eliminou as vantagens

de trabalhar com ele na retaguarda das políticas de desenvolvimento local. Por outro lado, uma

multiplicidade de ações de instituições públicas e privadas que, ao privilegiar com exclusividade

a aglomeração espacial como referência, e, ao utilizar bases de dados secundários sem a devida

cobertura da informalidade - característica predominante da realidade do Nordeste e do Estado de

Pernambuco - excluiu a compreensão mais profunda do funcionamento sistêmico daqueles

espaços.

Não foram considerados os efeitos da inovação sobre o desenvolvimento local que as

forças potencializadoras das interações socialmente organizadas poderiam exercer. As forças

advindas das sinergias que a cooperação proporciona em termos de aprendizagem interativa,

coletivizada e enraizada que o conhecimento tácito poderia agregar como informações às fontes

secundárias de dados, para desenhar o cenário alvo das políticas foram igualmente

desconsideradas.

Ao longo dos anos o conceito de APL vem sendo apresentado a partir de abordagens

análogas, a saber: distritos industriais, aglomerações produtivas/setoriais, redes locais, sistemas

produtivos locais, sistemas locais de inovação, clusters, parques/pólos tecnológicos, entre outras.

Todas essas denominações têm em sua essência a idéia de que a aglomeração de produtores

dentro de uma região é capaz de gerar vantagens competitivas, sendo fundamentais para a

competitividade do arranjo a presença das pequenas e médias empresas, a proximidade

geográfica, o elevado grau de confiança entre os agentes e o senso de cooperação.

Os métodos antigos continuam apenas recebendo um rótulo mais atual. A política é

setorial na maioria dos casos, a exemplo das agências de financiamento e de governo. As várias

aglomerações produtivas de uma mesma atividade encontradas em diversas regiões do estado

formam um único APL, “quando a proximidade geográfica leva ao compartilhamento de visões e

Page 12: NT 02 - PE

12

valores econômicos, sociais e culturais que constitui fonte de dinamismo local bem como de

diversidade e de vantagens competitivas em relação a outras regiões”2. Portanto a questão da

cooperação ou qualquer tipo de interação entre os atores dessas aglomerações produtivos

espacialmente distribuídas e geograficamente distantes não são consideradas quando se pensam e

executam as ações em “APLs”. O foco da política limita-se a cadeias produtiva (completas ou

não) de uma determinada atividade. Acrescente-se ainda que as mais densas e promissoras são as

apoiadas. Abre-se, desse modo, um grande distanciamento entre o discurso e o resultado das

ações políticas em direção à inserção sócio-econômica de grande parte do potencial local

presente, porém sem a cobertura do apoio por estar sendo sub-dimensionado.

As ações para APLs em Pernambuco remonta há pouco mais de meia década. Segundo

Sebrae-PE (2005), a presença do governo do Estado e do próprio Sebrae-PE apoiando a

estruturação e o desenvolvimento de empresas em APLs com base em inovação teve início em

2005. A estratégia é de apoiar as iniciativas locais procurando “envolver esses setores e torná-los

protagonistas no processo de governança local do APL”. O posicionamento adotado por todos os

atores públicos tem como princípio a redução gradual do aporte de recursos públicos.

A escolha dos APLs locais do governo do Estado foi demarcada por uma metodologia

proveniente da definição das Regiões de Desenvolvimento (RDs) de Pernambuco ainda no

período 1999-2002 que foi estendida para o período 2003-2006 e ainda vem sendo usada no pelo

governo atual com outra denominação. Nesse sentido algumas iniciativas de APL foram

destacadas no PPA 2004-2007 para o Semi-Árido de Pernambuco como as ações de apoio aos

APLs de confecção, bovinocultura de leite, caprinovinocultura, fruticultura irrigada, gesso,

indústria moveleira, vitivinicultura, além daquelas relacionadas à infra-estrutura (aeroportuária,

hídrica, do gás natural, rodoviária e elétrica), turismo e cultura (circuito pernambucano de artes

cênicas e festa da uva e do vinho), desenvolvimento local e apoio a ações a cargo do setor

privado (PCPR ou Projeto Renascer e Programa de Logística - articulando os portos e aeroportos

do Litoral aos de Petrolina, que se situa na ponta extrema do Sertão).

O problema associado ao critério acima apresentado é que apesar de ter havido uma

atenção expressa aos APLs no PPA do governo do Estado, esta preocupação foi pautada pela

lógica das RDs, em que se predominava uma visão macroeconômica da região com políticas

cujo foco era o desenvolvimento regional (como por exemplo os investimentos em infra-

2 Glossário RedeSist: www.redesist.ie.ufrj.br

Page 13: NT 02 - PE

13

estrutura) e não o incentivo a APLs que priorizassem ações de estímulo à governança,

cooperação e inovação.

Contudo, as instituições têm amadurecido as suas visões acerca da idéia sistemática de

um APL e têm desenhado políticas cada vez mais próximas do seu conceito. Exemplo mais

recente foi o da criação por parte do Governo Federal do Grupo de Trabalho Permanente para

Arranjos Produtivos Locais (GTP-APL) através da Portaria Interministerial nº 200 de 03/08/04,

reeditada em 24/10/2005, composto por 33 instituições governamentais e não-governamentais

de abrangência nacional.

Pode-se assim considerar que a evolução conceitual da questão dos arranjos produtivos

locais revela uma mudança gradual, porém lenta, da ênfase em políticas clássicas de

desenvolvimento local e regional (diminuição das disparidades inter e intra-regionais,

oportunidades de geração de emprego e renda, presença de micro, pequenas e médias empresas,

interiorização do desenvolvimento e a dinamização das regiões estagnadas, impacto na balança e

pagamentos e inserção nas prioridades de estados e municípios), denominadas de política para

APL. O entendimento de que essa política deve enfatizar a capacidade inovativa dos sistemas

produtivos (possibilidade de inserção de C&T no arranjo; a existência de instituições

coordenadoras ou lideranças locais dispostas a implementar projetos cooperativos e de interesse

comum, participação de instituições de cunho tecnológico que ofertem serviços e/ou

possibilidade de desenvolvimento tecnológico para as empresas do arranjo e a possibilidade de

cooperação das empresas entre si e com os atores locais por meio da formação de uma

governança que resulte no efetivo desenvolvimento do arranjo, possibilitando a geração de

economias externas e de sinergias ao arranjo) já vem sendo observada nos discursos e conceitos

do Sebrae-PE, Sectma/Itep e Codevasf, como será observado no capítulo 3 dessa Nota Técnica.

1.2 - ATENÇÃO DISPENSADA À QUESTÃO DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS EM

PERNAMBUCO

Ao longo dos últimos anos, tem sido crescente a percepção da importância dos APLs

como mecanismo de desenvolvimento socioeconômico por parte instituições governamentais e

não-governamentais de Pernambuco. Também é crescente a atenção que vem sendo dispensada a

essa nova forma de olhar e atuar na realidade sócio-econômica local pelas instituições.

Page 14: NT 02 - PE

14

Entretanto, pode-se dizer que o governo estadual juntamente com o Sebrae têm sido os

principais catalisadores e articuladores dos esforços para o desenvolvimentos dos APLs de

Pernambuco, pois são organismos que possuem programas e ações com desenhos específicos

para APLs. Apesar disso, vale salientar que as políticas do governo estadual (e também as

federais executadas em nível estadual) para arranjos produtivos ainda precisam ser aperfeiçoadas,

visto que seus programas e ações são definidos em grande medida por cortes setoriais e não

através de um enfoque sistêmico e territorial das atividades produtivas.

A ênfase dispensada aos APLs como vetores de desenvolvimento local com inclusão

social, gerador de emprego e renda no âmbito da política de Pernambuco é uma realidade

concreta que evoluiu desde 1999 e se consolida no Plano Plurianual 2008-1011 da Secretaria

Estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - Sectma que propõe a realização de quatro

programas para capacitação, inovação e difusão do conhecimento nas atividades econômicas do

Estado. O primeiro intitulado “Implementação de ações de apoio à inovação, modernização e

competitividade no Estado de Pernambuco” tem como objetivo apoiar o desenvolvimento

econômico e social do estado de Pernambuco através da integração de ações públicas e privadas

visando à inovação, difusão tecnológica e estímulo ao empreendedorismo.

O segundo programa, “Implementação e Expansão de Educação Profissional do Estado de

Pernambuco” propõe a expansão e melhoria da rede de educação Profissional tecnológica

presencial e a distância. O terceiro programa busca promover a divulgação científica e apoio ao

ensino de ciência, democratizando o acesso ao conhecimento científico e tecnológico,

estimulando o interesse da sociedade, e melhorar o ensino da ciência no Estado. Por último, o

Plano Estratégico Ambiental de Pernambuco – Planambiental foca o meio-ambiente e a

biodiversidade, com o objetivo de promover a conservação e recuperação do meio ambiente rural

e urbano, através de uma gestão participativa, para proteção da biodiversidade e melhoria da

qualidade de vida dos pernambucanos.

O programa de “Implementação de ações de apoio à inovação, modernização e

competitividade no Estado de Pernambuco” apresenta três ações estratégicas: i) Manutenção e

acompanhamento das ações visando o fortalecimento e modernização de APLs – nesta ação o

Governo irá realizar a gestão e manutenção dos Centros Tecnológicos das regiões do Agreste

Central, Agreste Meridional, Vale do São Francisco e Araripe; ii) Apoio à implementação de

Page 15: NT 02 - PE

15

ações de TIC, TIB, PI e de outras inovações nas empresas; iii) Formulação e implementação de

Planos de Melhoria para a Competitividade dos APLs.

Os orçamentos propostos somados dos quatro programas resultam em R$ 3.780.000,00

para capital e R$ 18.260.000,00 para custeio. Sendo que, dentro deste orçamento, R$ 16,1

milhões são de custeio e R$ 1,62 milhões são de capital que serão alocados para o programa de

“Implementação de educação profissional do Estado de Pernambuco”. Por sua vez, este programa

possui duas ações estratégicas que buscam construir, ampliar ou reformar instituições públicas

para oferecer cursos à distância, sendo que 15 dessas instituições (de um total previsto de 28)

ofertarão cursos focados nos APLs locais.

O Plano Estratégico Ambiental de Pernambuco (Planambiental) tem três ações

estratégicas que atendam as necessidades de capacitação e educação ambiental, recuperação e

manutenção da qualidade ambiental, implementação de políticas de resíduos sólidos e na gestão

ambiental.

A nível do Governo Federal, o MCT tem uma política bem definida para apoio APLs na

qual Pernambuco é regiamente contemplado desde 2005. Este Ministério atendeu entre 2005 e

2008 a 59 ações e projetos com a alocação de cerca de R$ 37 milhões (Tabela 1) para o Estado de

Pernambuco. Estes recursos foram intermediados e captados principalmente por prefeituras,

secretarias de Governo, instituições de pesquisa como a UFPE, Academia Pernambucana de

Ciências e o Cetene/INT.

Tabela 1 Descentralização de recursos financeiros do Ministério da

Ciência e Tecnologia para o Estado de Pernambuco, 2005 – 2008

Ano Recursos Financeiros (R$) 2005 12.093.464,56 2006 4.140.515,64 2007 6.938.832,44 2008 14.142.973,25

2005 - 2008 37.315.785,89 Fonte: MCT/SECIS/CGAP, 2005 – 2008.

Page 16: NT 02 - PE

16

O Governo Estadual, por intermédio de suas secretarias estaduais – Seplag3, Sectma4 e

Seje5 – despontou como principal captador e gestor dos recursos do MCT, sendo responsável por

63% dos recursos disponibilizados no período de 2007 e 2008 (MCT/SECIS/CGAP, 2008). A

elevada participação do Estado apresenta um aspecto do interesse e compromisso com o

desenvolvimento de vários setores econômicos de grande importância para as regiões,

beneficiando tanto setores tradicionais como novos.

Dentre os APLs atendidos por essas políticas destacam-se: apicultura, artesanato,

biodiesel, caprinovinocultura, confecção e moda, movelaria, floricultura, patrimônio, tecnologia

da informação, mandiocultura, laticínios, metal-mecânica e plásticos, pesca e resíduos sólidos. O

APL de confecções e moda revela-se o mais beneficiado, com cerca de 9 milhões de reais entre

2005 e 2008, com projetos focados no desenvolvimento tecnológico dos produtos. Dois projetos

são para criação de incubadoras de empresas de confecção (Vertentes no Agreste e Lagoa de

Itaenga na Mata Norte), doze ações são para criação de Centros de Vocação Tecnológica (CVT)

de Confecção e de Moda (10 no Agreste, 1 na Mata Norte e 1 no Sertão) e uma política da

Sectma para implementação e fortalecimento da rede tecnológica da moda e confecção – com um

aporte recursos de R$ 2.949.836,70 em 2008 (tabela 2) (MCT/SECIS/CGAP, 2008).

O APL de confecções e moda é consolidado no Estado, principalmente no agreste, e sua

capacidade competitiva é derivada da inovação, portanto, é um APL que está absorvendo mais

recursos devido a sua grande projeção e importância para economia local e regional. Nesse

ínterim, estão sendo implantadas outras CVTs no Estado, favorecendo outros APLs, a saber:

Movelaria (Riacho das Almas no Agreste), Floricultura (Brejão e São Vicente Férrer no Agreste),

Patrimônio (Igarassu e Olinda na RMR e Goiânia na Mata Norte) e Tecnologia da Informação

(Porto Digital no Recife). Estas CVTs investiram cerca de R$ 4 milhões entre 2005 e 2007,

somando com os valores dos recursos das CVTs de moda e confecções, amplia-se para

aproximadamente R$ 9 milhões, no mesmo período (MCT/SECIS/CGAP, 2008).

3 Secretaria de Planejamento e Gestão 4 Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente 5 Secretaria Especial de Juventude e Emprego

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17

Tabela 2 Descentralização de recursos financeiros do Ministério da Ciência e

Tecnologia, por ação temática, no Estado de Pernambuco, 2005 - 2008

Ação Temática Recursos Financeiros (R$)

Apicultura 793.469,70

Artesanato 530.000,00

Banana 1.875.575,00

Biodiesel 1.854.548,91

Caprinovinocultura 763.380,99

Incubadora de Empresa de Confecção 1.081.920,75

CVT - Confecções 3.390.710,75

CVT - Moda 1.380.901,701

CVT - Movelaria 611.234,66

CVT - Floricultura 1.265.980,00

CVT - Patrimônio 1.964.867,00

CVT - TI 237.375,00

Laticínios 2.861.777,87

Mandiocultura 1.332.866,10

Metal-Mecânica e Plásticos 3.114.472,16

Moda 2.949.836,70

Óleo Vegetal 1.500.000,00

Pesca 972.940,30

Resíduos Sólidos 3.241.711,12

Outros 5.592.217,17

Fonte: MCT/SECIS/CGAP, 2005 – 2008

A região do Estado mais beneficiada com os recursos do MCT é o Agreste com cerca de

R$ 11 milhões (tabela 3). Os recursos destinaram-se principalmente aos APLs de confecção e

moda (4,5 milhões), laticínios (2,9 milhões) biodiesel (1,3 milhões) e floricultura (1,3 milhões)

(MCT/SECIS/CGAP, 2008). O restante beneficiou projetos de inclusão digital, artesanato e o

CVT de Movelaria.

A Região Metropolitana do Recife (RMR) é a segunda maior beneficiada com

aproximadamente R$ 8,3 milhões em projetos que respondem a demanda de pesca e inclusão de

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18

jovens, pesquisas, implantação de CVTs de Patrimônio e Tecnologia da Informação e central de

reciclagem de resíduos sólidos. O destaque nesta região é o APL de Metal-Mecânica e Plásticos

com um aporte de R$ 3.114.472,16 em 2008 (MCT/SECIS/CGAP, 2008).

Seguindo de perto a RMR, o Sertão investiu R$ 8,1 milhões em projetos nos segmentos

de agropecuária, confecções, resíduos sólidos e biodiesel. Os maiores beneficiados foram a

agropecuária (mandiocultura, fruticultura, caprinovinocultura) recebeu R$ 1,3 milhões para o

desenvolvimento tecnológico e social. O município de Petrolina recebeu R$ 1,25 milhões para

reciclagem de resíduos sólidos da construção civil, contudo, o principal destaque entre essas

ações é a realização do Plano de Desenvolvimento Sustentável da Região do Araripe

Pernambuco, que visa, por meio de um planejamento participativo, formar e fortalecer as

lideranças e representações dos municípios dessa região.

Com menos recursos, comparando às outras regiões, a Zona da Mata recebeu R$ 4,5

milhões para desenvolver projetos de confecção e moda (830 mil), artesanato (460 mil),

implantação do CVT do Patrimônio em Goiânia (600 mil), apoio ao desenvolvimento agrícola de

Paudalho (777 mil) e na inovação para aumento da produtividade da banana (1,9 milhões)

(MCT/SECIS/CGAP, 2008).

Os outros recursos são destinados há três grandes projetos/ações – moda,

hortifrutigranjeiros e extração de óleo vegetal – e beneficiam várias regiões simultaneamente e

somaram em 2008 cerca de R$ 5,5 milhões (tabela 3).

Tabela 3 Descentralização de recursos financeiros do Ministério da

Ciência e Tecnologia, por mesorregião do Estado de Pernambuco, 2005 – 2008

Região Recursos Financeiros (R$)

Agreste 10.845.116,47 Sertão 8.067.916,41 Zona da Mata 4.549.006,52 RMR 8.280.509,79 Outros 5.573.246,70 Fonte: MCT/SECIS/CGAP, 2005 – 2008

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CAPÍTULO 2 ORGANISMOS RESPONSÁVEIS PELO APOIO A APLS PERNAMBUCANOS E

POLÍTICAS DE APOIO IMPLEMENTADAS

Em Pernambuco, a grande maioria dos órgãos e agências de governo entrevistadas

apresentam algum tipo de ação (seja: programa, setor, projeto específico, entre outros) voltada

para APLs dentro da perspectiva de sua atuação. Nessa direção destacam-se duas secretarias que

executam programas voltados para APLs: a Sectma e a Secretaria de Desenvolvimento

Econômico. Esta última é a representante estadual do Grupo de Trabalho Permanente para

Arranjos Produtivos Locais (GTP-APL) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior (MDIC). É através desta Secretaria que são executadas as ações do MDIC

voltadas para APLs em nível estadual.

A Sectma por sua vez formula, executa e fomenta toda a política estadual de ciência e

tecnologia do Estado e tem dispensado aos APLs estaduais um tratamento específico através do

Programa de Apoio à Competitividade aos Arranjos Produtivos Locais (PROAPL). O PROAPL é

coordenado pela Sectma e gerenciado pelo Instituto Tecnológico de Pernambuco (Itep)6 e se

constitui em um programa de apoio à competitividade dos APLs de Pernambuco, através do uso

do conhecimento gerado por processos de inovação incremental e radical e da internacionalização

desses arranjos. Os APLs pernambucanos que atualmente recebem apoio do Programa são:

confecções (Caruaru), produção cultural (Recife), tecnologia da informação e comunicação

(Recife), apicultura (região do Araripe), artesanato (vários municípios do estado), piscicultura

(Agreste e Sertão de Itaparica), laticínios (Garanhuns), caprinovinicultura (Sertão), uva, vinho e

derivados (Petrolina)7.

Dentre as ações mais importantes do PROAPL vale destacar a sua interface com o

“Programa dos Centros Tecnológicos de Educação Profissional”, iniciado pela Sectma em 1999,

e que desde então já promoveu a criação de cinco Centros Tecnológicos (CTs) em Pernambuco.

Articulados sob o conceito de rede, cada um desses Centros procura associar três pontos de

atuação: educação profissional para os trabalhadores do arranjo local às demandas por inovação

tecnológica, estimulando o empreendedorismo através da incubação de empresas inovadoras. Os

6 O Itep é uma organização social sem fins econômicos que mantém contrato de gestão com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, para a execução de suas atividades em seis áreas estratégicas: Tecnologia Ambiental, Tecnologia de Alimentos, Tecnologia de Materiais e Construção Civil, Difusão Tecnológica, Capacitação Tecnológica e Itep Institucional. 7 As cidades mencionadas entre parênteses representam as cidades “pólo” dos respectivos APLs.

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CTs de Pernambuco são: CT Laticínios (Garanhuns), CT Moda (Caruaru), CT Uva, Vinho e

Derivados (Petrolina), CT Gesso (Araripina), CT Cultura Digital (Recife). O gerenciamento dos

CTs é de responsabilidade do Itep que, por sua vez, estabelece em cada uma dessas localidades

diversas parcerias para execução de suas atividades, tais como as estabelecidas com Sebrae,

Senai, Sesc, Sindicatos, Associações e instituições de ensino.

Além do PROAPL, a Sectma conta um Sistema Estadual de Ciência e Tecnologia (Sistec)

que fortalece a implementação de toda sua política de C&T. O Sistec é composto por vários

agentes, destacando-se: a Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e

Administração de Recursos Hídricos (CPRH); Fundação de Hematologia e Hemoterapia de

Pernambuco (Hemope); Laboratório Farmacêutico do estado de Pernambuco (Lafepe); Empresa

Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA)8; a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia

do Estado de Pernambuco (Facepe) e o Itep. Vários desses órgãos atuam em APLs

pernambucanos, embora nem todos tenham elaborado suas ações com desenhos específicos para

tais arranjos. A maioria das vezes são ações realizadas por projetos e não fazem parte de um

programa permanente de apoio.

Dentre os integrantes do Sistec, o Itep e o IPA se destacam como as instituições que mais

têm desenvolvido ações para APLs. Contudo somente o Itep dispõe de um programa exclusivo

para APLs. O IPA, por sua vez, desenvolve ações que atendem a esses arranjos, mas que não

fazem parte de um programa específico. Dentre as ações do IPA vale destacar a produção de

insumos tecnológicos para os APLs de: fruticultura irrigada (uva e vinho) no Vale do São

Francisco; gesso na Microrregião do Araripe9; caprino-ovinocultura no Sertão; leite no Agreste.

Em 2008, a Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária de Pernambuco (Sara), através do IPA,

investiu cerca de R$ 6 milhões destinados aos APLs da caprinocultura, bovinocultura, apicultura

e fruticultura, com foco no fortalecimento da agricultura familiar.

Em entrevista com o gerente do Departamento de Pesquisa do IPA, Geraldo Magela

foram citadas como principais demandas dos APLs à instituição a produção de pesquisa e a

8 O IPA foi criado em 1935 com a denominação de Instituto Agronômico de Pernambuco. Em 1975 se transformou na Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, embora mantendo a sigla IPA já consagrada no seu meio. Está vinculado à Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária de Pernambuco (Sara) e integra o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), coordenado pela EMBRAPA. Sua missão é gerar e adaptar tecnologia, prestar assistência técnica e extensão rural prioritariamente aos agricultores de base familiar, realizar obras de infra-estrutura hídrica e disponibilizar bens e serviços para o desenvolvimento sustentável do agronegócio. 9 No caso do gesso, o IPA oferece tecnologias de preservação, recuperação ou alternativas de produção de lenha que não a da vegetação da Caatinga para viabilização da atividade.

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construção de infra-estrutura hídrica, tais como: poços e melhoria da qualidade da água.

Atualmente, o maior desafio do IPA, na visão do entrevistado “é o ‘timing’ institucional, pois as

ações de pesquisa não são suficientes ao desenvolvimento global do APL sendo outras ações

necessárias que nem sempre acontecem de forma coordenada. Essa talvez seja uma questão a

ser repensada quando se trata de lidar com APLs – pois nem sempre as instituições ligadas estão

atuando sob uma mesma lógica de gestão ou mesmo de política”.

A Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) é

mais um integrante do Sistec que desenvolve ações de apoio aos “pólos regionais” de C&T. Note

que o discurso desta instituição ainda incorpora uma visão conceitual de “pólo” e não de APL, ou

seja, já há uma percepção da concentração produtiva espacial, mas ainda falta aprimorar a visão

sistêmica baseada em cooperação. As ações da Facepe se destinam ao: apoio à interiorização dos

CTs através de mecanismo de fixação de pesquisadores nos pólos regionais; contribuição para a

expansão e incentivo das atividades de pós-graduação, tematicamente relacionada ao pólo em

questão, nas respectivas localidades; financiamento de projetos de pesquisa, de capacitação de

recursos de alto nível e de difusão tecnológica na área de interesse do pólo de desenvolvimento e

incentivo à montagem de projetos de CTs em temas de interesses dos pólos.

Por fim, além do suporte do governo estadual, a base de C&T de Pernambuco também

recebe suporte do Governo Federal através do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério da

Ciência e Tecnologia (MCT). O MCT através do seu programa de Centros Vocacionais

Tecnológicos (CVTs) atua em parceria com alguns CTs do Estado, a exemplo do Centro

Tecnológico da Moda de Caruaru. O MEC apóia os APLs de Pernambuco através das unidades

vinculadas aos Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) que oferecem cursos

específicos para os APLs de: Caruaru, Garanhuns, Afogados da Ingazeira, Salgueiro e Ouricuri

são, segundo sua denominação, as “cidades-polo”.

Em Garanhuns, na região do Agreste, os cursos são voltados para as áreas têxteis, de leite

e derivados. Ainda no Agreste, em Caruaru, o foco está no setor de confecções. Afogados da

Ingazeira e Salgueiro, no sertão, tem cursos específicos para os arranjos produtivos locais, que

são direcionados para a caprinocultura e o artesanato. Em outra cidade do sertão, Ouricuri, tem

como prioridade a área da agricultura. Além dos Cefets, Pernambuco conta com três unidades de

ensino, descentralizadas, em Ipojuca, Pesqueira e Floresta; três escolas agrotécnicas federais, em

Vitória de Santo Antão, Barreiros e Belo Jardim, e um colégio agrícola, em Recife.

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Até aqui foram apresentadas basicamente as políticas de C&T voltadas aos APLs

pernambucanos. Como se pôde observar a Sectma é a principal executora dessas políticas sendo o

único órgão com um programa exclusivo para APL, o PROAPL. A outra instância estadual com

foco específico em APL é a Secretaria de Desenvolvimento Econômico que, através da AD-

Diper, participa do GTP-APL do MDIC. As atividades desse Grupo de Trabalho foram

focalizadas, inicialmente, em 11 APLs pilotos, distribuídos nas 5 regiões do país, sendo dois

deles em Pernambuco: Fruticultura em Petrolina e Gesso em Araripina, com o propósito de testar

a metodologia de atuação integrada. A escolha dos APLs pilotos baseou-se em um Levantamento

da Atuação Institucional contendo APLs em diferentes estágios de desenvolvimento quanto à

integração com o território e à capacidade de cooperação entre firmas e com entidades de apoio.

A seleção levou em consideração os seguintes aspectos: (i) número de instituições atuantes no

APL; (ii) pelo menos 1 APL em cada macrorregião e (iii) diversidade setorial entre os APLs

selecionados. Em 2008, o MDIC selecionou os seguintes APLs prioritários para Pernambuco10:

• APL de Apicultura - Araripina / PE

• APL de Caprinovinocultura - Floresta / PE

• APL de Confecções - Caruaru / PE

• APL de Fruticultura - Petrolina / PE

• APL de Gesso - Araripina / PE

• APL de Laticínios - Garanhuns / PE

• APL de TI - Recife / PE

10 Em 2009, o MDIC incluiu mais três APLs prioritários em Pernambuco Móveis, Biodiesel e Aqüicultura. Ver ata da reunião no Anexo 1.

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Mapa 1 APLs Prioritários de Pernambuco do GTP-APL do MDIC em 2008

Fonte: MDIC, 2008.

Como dito no princípio deste capítulo o Sebrae juntamente com o Governo Estadual têm

tido papel fundamental na política de promoção e apoio aos APLs de Pernambuco. Ao longo do

tempo, a contribuição do Sebrae de Pernambuco foi essencial para a divulgação do conceito de

arranjos produtivos e da importância de se elaborar políticas especificas junto às diversas

instituições de apoio a APLs, inclusive Governo. As ações desenvolvidas no Sebrae para os APLs

de Pernambuco se baseiam numa visão sistêmica, estimulando sempre iniciativas de cooperação,

associativismo e inovação local. Há um leque de atividades que o Sebrae desenvolve junto aos

APLs que vão desde fornecimento de consultorias, capacitações, estratégias que facilitam o

acesso das empresas aos mercados, auxílio na obtenção de certificados de qualidade para

produtos e processos, até a própria sensibilização dos agentes pertencentes aos APLs de que eles

fazem parte de um sistema e precisam agir cooperativamente. Em Pernambuco, o Sebrae apóia os

APL de Fruticultura de

Petrolina

APL de Gesso e APL de

Apicultura de Araripina

APL de Laticínios de Garanhuns

APL de Tecnologia da Informação de

Recife

APL de Confecções de

Caruaru APL de

Caprinovinocultura de

Floresta

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seguintes APLs: fruticultura irrigada, confecções, apicultura, tecnologia da informação e

comunicação, gesso, laticínios, ovino-caprinocultura, artesanato e turismo. (ver Anexo 2)11.

Em nível Federal os APLs “agro” pernambucanos - sobretudo os de fruticultura,

vitinicultura, ovino-caprinocultura, apicultura e piscicultura da região do São Francisco -

beneficiam-se de uma cooperação interinstitucional entre a Companhia de Desenvolvimento dos

Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), os Ministérios da Integração Nacional, Ciência

e Tecnologia, do Desenvolvimento Agrário e Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca.

A Codevasf vem atuando desde 2004 através de investimentos estruturadores nas

atividades produtivas de maiores potencialidades locais, limitando-se aos municípios da bacia do

São Francisco, que em Pernambuco, correspondem a 69 municípios. As ações da Codevasf

encontram-se no âmbito da PNDR, Política Nacional de Desenvolvimento Regional, do

Ministério da Integração, com a execução dos programas orçamentários disponibilizados. Em

entrevista com economista da Codevasf, Márcio Araújo, foi ponderado que nem todas as

atividades apoiadas já funcionem com um APL, com exceção do caso da fruticultura irrigada na

região do São Francisco: “essas atividades ainda não configuram, stricto sensu, em APLs, mas

têm potencialidade para tal, carecendo de mais investimentos em infra-estrutura, qualificação

dos produtores e demais ações com vistas à configuração de uma governança. A fruticultura

irrigada no pólo Juazeiro-Petrolina, no entanto, é uma atividade que já se configura um APL”.

Para uma visão mais detalhada das ações de apoio aos APLs identificados pelo Governo

de Pernambuco, consultar o Anexo 3. Neles são apresentadas as Matrizes de Ações Territoriais

nos APLs constantes no Relatório do Programa Integrado de Apoio aos Arranjos Produtivos

Locais: Diagnósticos e Propostas Preliminares (Governo de Pernambuco, 2008).

Se de uma maneira geral as políticas de apoio aos APLs ainda não contam com programas

específicos, os agentes financeiros também não fogem a esta realidade. O Banco do Brasil (BB),

a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Bradesco têm trabalhado facilitando a concessão de crédito

para APLs, porém só oferecem linhas setoriais, a exemplo dos setores prioritários de

Pernambuco, como: o setor gesseiro, o setor de confecções, de hortifrutigranjeiros, de

11 É importante destacar que os APLs de madeira e móveis da RMR, construção civil e turismo não estão sendo considerados neste trabalho como tais, pois decorrem mais uma vez da confusão conceitual entre sistema produtivo versus cadeia produtiva. As ações desenvolvidas pelo SEBRAE para essas atividades focam o desenvolvimento de suas cadeias produtivas e embora se observem ações de incentivo ao associativismo e capacitação por parte desta instituição, os pesquisadores deste trabalho não diagnosticaram para essas atividades indícios de concentrações produtivas geográficas significativas ou cooperação entre seus agentes.

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fruticultura, de ovino-caprincultura, de tecnologia da informação e de turismo de modo geral.

Esse último é uma ilustração do equívoco conceitual porque se refere exclusivamente a atividade

produtiva.

Efetivamente os bancos têm treinado gerentes em operações com micros e pequenos

empresários. Nas linhas de financiamento para capital de giro, estes concedem, por exemplo:

carência de até 90 dias e menores taxas de juros do que a de mercado, etc. De fato tem havido

uma aproximação maior entre os bancos, os micros e pequenos empresários e demais instituições

de apoio aos APLs com a intenção de criar produtos e soluções adequadas para as necessidades

locais, mas, na prática, o corte setorial que caracteriza essas ações ainda constitui um

impedimento ao alcance deste objetivo.

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CAPÍTULO 3 CONCEITOS E METODOLOGIAS ADOTADAS PARA A IDENTIFICA ÇÃO DOS APLS

E CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS ARRANJOS OBJETOS DAS POLÍTICAS

As instituições, tanto estaduais como nacionais, que dispõem de algum tipo ação voltada

para APLs apresentam interpretações diversas sobre o que venha a ser um APL, o que impacta,

consequentemente, nos critérios de seleção desses arranjos e no direcionamento e efeitos de suas

políticas adotadas. Embora se observem algumas semelhanças no entendimento do conceito entre

as instituições de apoio, tendo em vista que o espaço geográfico é a referência, não há uma

sintonia entre as interpretações atribuídas ao termo APL porque as ênfases conceituais e

metodológicas diferem entre as instituições. Como conseqüência o alvo e alcance da política em

cada caso também. É comum o uso dos termos, cluster, aglomerado, cidade pólo do APL, entre

outros que muitas vezes são excludentes de parte do APL objeto de políticas. O termo

aglomerado espacial é de fato o setor de atividade e, este é usado como sinônimo de arranjo.

Independente da denominação “APL”, é o conteúdo conceitual que norteia a metodologia para os

grupos alvos para o apoio da política, tendo em vista que pode ampliá-lo demais, desperdiçando

esforços ou reduzindo demais, deixando de fora partes importantes do APL.

No caso do Governo do Estado, a metodologia de seleção de APLs se baseou, conforme já

mencionado, na delimitação das chamadas Regiões de Desenvolvimento (RDs) definidas desde

1999. Nesta época a estratégia de desenvolvimento econômico do Estado foi apoiada no binômio

conhecimento e infra-estrutura e teve como uma de suas diretrizes a interiorização de pólos de

atividades, com vistas a ampliar o potencial de desenvolvimento das cadeias produtivas com base

em suas próprias forças endógenas.

O interessante a se observar é que embora o aspecto locacional, baseado nas RDs, tenha

se destacado como critério essencial na escolha dos APLs em Pernambuco, há também no

discurso do Governo uma preocupação com o elemento setorial, na medida em que o incentivo às

cadeias produtivas também é adotado como estratégia de desenvolvimento. Muito comumente o

que se observa hoje é uma combinação desses dois aspectos, isto é, o incentivo às cadeias

produtivas geograficamente concentradas. Contudo, muitas vezes esses dois elementos são

tratados separadamente e o que o próprio Governo do Estado delimita como políticas de APL,

configura-se na prática em ações setoriais com enfoque na cadeia produtiva. Nesse sentido, os

melhores exemplos são as políticas para ovinocaprinocultura, para artesanato e turismo, as quais

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na realidade não apresentam enfoque no APL, mas sim no setor em questão, tanto assim que

essas são atividades estão presentes em varias regiões do Estado e não necessariamente

apresentam aglomerações produtivas, sem falar nos demais aspectos típicos de um APL, como a

existência de cooperação, inovação e base institucional.

Paralelamente ao critério de interiorização dos pólos de atividades nas RDs, o Governo

Estadual estabeleceu mais dois aspectos para a “Matriz de Escolha dos APLs de Pernambuco”: (i)

o APL tinha que apresentar relevância econômica para a RD em que se localizava, pois o mesmo

deveria impulsionar o desenvolvimento local e regional e (ii) o APL deveria demonstrar

capacidade inovativa. Foi assim, que no Plano Plurianual 2000/2003 (PPA), o Governo de

Pernambuco identificou 10 APLs para serem alvos de suas políticas de apoio, os quais foram:

Tecnologia da Informação e Comunicação do Recife, Gesso na RD do Araripe, Vitivinicultura na

RD do São Francisco, Caprinovinocultura nas RDs do Sertão do Pajeú e Moxotó, Confecções na

RD do Agreste Central, Laticínios na RDs do Agreste Meridional e Central, Cultura na RD

Metropolitana, Floricultura (locais pontuais: Recife, Bonito, Gravatá), Avicultura nas RDs Mata

Norte e Sul e Aqüicultura nas RDs do Sertão de Itaparica e Agreste.

O PPA previa a estruturação de um sistema estadual de inovação, baseado na implantação

do Programa dos Centros de Desenvolvimento Tecnológico (CDTs) contemplando a implantação

de uma Rede de CDTs que, em última análise, deveria prover soluções baseadas em inovações

tecnológicas, organizacionais, de produtos e processos para os problemas que afetavam a

competitividade dos APLs. Esses CDTs são os atuais CTs estaduais.

De fato, pode-se dizer que no seu PPA, o Governo Estadual levou em consideração

aspectos importantes na escolha de seus APLs que contemplavam a questão da inovação (o

programa dos CTs), o aspecto locacional (o enfoque das RDs) e a relevância econômica da

atividade para a região em que estaria inserida. Contudo, outros aspectos igualmente importantes

ainda não estão sendo efetivamente incorporados nas suas ações de apoio. Em entrevista com

representante da AD-Diper, constatou-se que no método de escolha dos APLs alvos de suas

políticas não é destacado o papel da cooperação entre os agentes econômicos, políticos e sociais,

bem como dos processos de aprendizado (formal e informal) necessários à capacitação produtiva,

gerencial, comercial e, em especial, inovativa, sem os quais qualquer política de promoção do

desenvolvimento local teria dificuldades em construir a sustentabilidade almejada. São escolhidas

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as atividades mais dinâmicas, com cadeias produtivas mais bem estruturadas e em municípios

que podem ser vizinhos ou não.

Em relação às demais instituições de apoio a APLs, pode-se dizer que com exceção do

Sebrae, o problema da confusão conceitual do que venha a ser um APL afeta diretamente os seus

critérios de seleção, prejudicando também a elaboração de uma política adequada. Para se ter

uma melhor idéia, foi selecionada uma amostra de definições de APLs adotadas por várias

instituições com vistas a ilustrar, por um lado, a falta de consenso em torno do conceito e, por

outro lado, a incompletude dos mesmos, ou seja, quais elementos são deixados de fora no

momento da delimitação de um APL. Essas definições são apresentadas a seguir.

Para o Banco do Brasil: “APL é uma concentração de agentes (instituições e

empreendimentos – empresas, cooperativas e associações urbanas, profissionais liberais e

empreendedores informais) localizados em um mesmo território, operando em atividades

produtivas correlacionadas e que apresentam vínculos expressivos de interação, cooperação e

aprendizagem, tendo por objetivo o desenvolvimento econômico/social”12. Note que este

conceito, embora contemple a questão do aprendizado a partir da cooperação, não explicita o

aspecto da inovação como diferencial competitivo. Além disso, as políticas de financiamento do

Banco do Brasil, assim como aquelas das demais instituições financeiras, na prática se baseiam

em cortes setoriais.

Segundo a Agência de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil): “APL são

aglomerações de empresas de um mesmo setor. É mais do que um grupo de firmas com os

mesmos produtos, os APLs se caracterizam por reunir uma cadeia amadurecida desde

fornecedores de matéria-prima a fabricantes de ponta” 13. A fragilidade metodológica para

atingir os fins pretendidos com políticas para APLs é observada a partir da identificação de APL

com uma cadeia amadurecida. Isso denota uma visão estreita de todo o sistema, pois exclui atores

importantes nos APLs: as associações, os sindicatos, os informais, o sistema de ensino e

pesquisa, entre outros.

Para o Sebrae: “APL São aglomerações de empresas localizadas em um mesmo território

que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo de articulação, interação,

cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais como: governo, associações

12 Fonte: http://www.bb.com.br/portalbb acesso em 02/06/2009. 13 Fonte: http://www.apexbrasil.com.br/noticia_detalhe.aspx?idnot=89.

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empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.” 14. O conceito adotado pelo Sebrae de

fato é impecável no sentido de que incorpora os elementos necessários para a existência de um

APL, quais sejam: especialização produtiva, concentração territorial, cooperação, aprendizagem,

inovação, base institucional e financeira.

Para a Codevasf: “APL é caracterizado por ter um número significativo de

empreendimentos no território e de indivíduos que atuam em torno de uma atividade produtiva

predominante, que compartilhem formas percebidas de cooperação e algum mecanismo de

governança e, podem incluir Micro e Pequenas Empresas”15. Aqui o conceito não leva em

consideração os aspectos do aprendizado e da inovação.

Segundo o Ministério da Educação: “os arranjos produtivos são aglomerações de

empresas especializadas em uma determinada atividade econômica. O objetivo do MEC neste

caso é o de capacitar os agentes locais de desenvolvimento regional”16. A definição do MEC não

contempla o aprendizado, inovação e cooperação empresariais.

Outro abordagem metodológica utilizada com freqüência, sobretudo na literatura

especializada, no que diz respeito à identificação de APLs são os Coeficientes de Localização

(QLs) que consiste em encontrar a distribuição espacial das atividades econômicas. O numerador

do Coeficiente representa a participação do setor no emprego do município em questão e o

denominador representa a participação do setor no emprego do estado. Quando 1>ijQL há

indicação de concentração de uma dada atividade econômica, mensurada pela maior utilização

relativa da mão-de-obra. Isto significa que aquele município é mais especializado naquela

atividade e, portanto, é um exportador líquido para outras localidades. Nessa perspectiva, a mão-

de-obra local é o determinante das especializações de cada espaço econômico. Essa abordagem é

mais utilizada para os setores pertencentes ao secundário e parte do terciário, excluindo o

primário, já que neste setor econômico há muita informalidade e a base de dados utilizada no

cálculo do QL é a Rais (Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho). Esta

base traz informações anuais em nível municipal sobre as empresas dos diversos setores de

14 (Fonte: Termo de Referencia para Atuação do Sistema Sebrae em Arranjos Produtivos Locais. Sebrae, 2003). 15(Fonte:http://www.codevasf.gov.br/programas_acoes/desenvolvimento-territorial/arranjos-produtivos-locais). 16 (Fonte: http://portal.mec.gov.br/).

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30

atividades CNAE17 e apresenta apenas informações para as empresas formais e, assim sendo,

todo o emprego informal estaria desconsiderado do cálculo do QL.

No segmento agropecuário, como há uma grande diversidade de produtos e formas

produtivas, as informações existentes na Rais não permitem saber se uma localidade é

especializada na produção de caju, por exemplo. Além disto, a informalidade na agricultura e o

auto-emprego (agricultura familiar) são grandes, fazendo com que esta não seja, definitivamente,

a fonte de pesquisa para o setor primário. Por outro lado, a pequena subdivisão dos serviços

também não permite que certas atividades do setor terciário sejam tratadas com os dados da Rais,

quer seja pela agregação, quer seja porque estas atividades não são desenvolvidas em caráter

empregatício. Um exemplo refere-se aos artesãos e artistas, que na maioria das vezes são

autônomos. Assim, o uso do QL com dados da Rais não permite que sejam localizados APLs

culturais, por exemplo.

A base para o conceito usado nesta Nota Técnica parte da compreensão de que a

elaboração de políticas públicas para apoio a APLs tem o objetivo de desenvolvimento local, ou

seja, a melhoria do padrão de vida da população do mesmo território. No entanto, o que permite a

aplicabilidade do conceito é a existência de organização sistêmica na realização da atividade

produtora de bens ou serviços estudada. Adicionalmente, o local deve ser entendido mais como

um espaço de incremento de competências, espaço de aprendizado e inovação, do que como um

conceito de cadeia produtiva tradicional. A interação, cooperação e confiança apresentam-se

como elementos propulsores do aprendizado e do conhecimento, alimentadores da

competitividade dinâmica e da sustentabilidade do desenvolvimento local.

O que se pôde perceber a partir do levantamento conceitual utilizado pelas instituições é

que seus esforços para localização de “APLs”, com vistas à destinação de incentivos, seguiram as

mais diversas concepções e metodologias. Apesar de se defrontarem com desafios ainda não

superados, avançaram em termos de aprendizado institucional. Isto poderia ser traduzido na idéia

de cadeia de aprendizagem institucional, de cadeia de inovação institucional que, no período

recente, adquiriu importância em Pernambuco, mas ainda não foi suficiente para viabilizar as

mudanças adequadas a essa nova forma de olhar o processo de desenvolvimento, o

“desenvolvimento local”. Apesar disto, a existência de uma trajetória evolutiva na direção de

17 Classificação Nacional de Atividades Econômicas.

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31

algum compartilhamento de visão comum entre as instituições daquilo que é considerado

importante, aponta para o avanço na direção do amadurecimento institucional em Pernambuco.

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CAPÍTULO 4 MAPEAMENTOS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS IDENTIFIC ADOS E QUE

SÃO FOCOS DE POLÍTICAS NO ESTADO

Neste capítulo são apresentados os APLs do Estado de Pernambuco que são apoiados por

instituições governamentais e não-governamentais (ver mapa do Anexo 4), com o intuito de

realizar uma caracterização de seu funcionamento destacando as atividades principais, os

municípios abrangidos e todos os atores que fazem parte deste sistema produtivo. Serão listadas

as instituições que amparam os APLs do Estado, bem como o tipo de apoio concedido,

explicitando-se como se dá a interação entre esses organismos e os demais agentes do APL.

Atualmente existem 14 APLs em Pernambuco que recebem algum tipo de ajuda

institucional. Adicionalmente, este trabalho identificou mais 5 APLs “invisíveis, ou seja, que

ainda não foram incluídos em listagens/ mapeamentos estaduais. A caracterização de cada um

desses APL terá uma subseção específica, em virtude do grau de heterogeneidade de suas

atividades e forma de funcionamento. Mostrar-se-á que cada APL é um sistema distinto. Uns são

mais bem estruturados do que outros, há APLs que foram originados de um processo espontâneo

dos agentes produtivos e só depois receberam apoios institucionais, já outros foram induzidos por

instituições e assim por diante.

Vale reforçar que além dos 14 APLs identificados e apoiados, este trabalho encontrou

mapeamentos que indicassem mais 3 APLs: turismo em todo Estado, avicultura na Zona da Mata

e floricultura em pontos específicos. Tais Arranjos, da forma como foram mapeados, não estão

sendo considerados neste trabalho como APLs e, portanto, não farão parte deste mapeamento. A

inclusão dos citados APLs em mapeamentos já feitos faz parte da confusão conceitual já

mencionada.

O turismo, por exemplo, engloba municípios de todo o Estado e tanto o Governo de

Pernambuco como o Sebrae têm projetos específicos para abranger cidades das várias RDs, são

ações para a atividade turística com lógica setorial. Esses municípios contemplados não

necessariamente se comunicam e cooperam entre si. No entanto, a equipe de pesquisadores deste

trabalho encontrou indícios de que há um APL se organizando na praia de Porto de Galinhas e a

sua caracterização será tratada no capítulo dos APLs ausentes de políticas.

Na atividade de avicultura, o apoio desses organismos apresentou uma lógica bem

definida de estímulo à cadeia produtiva e não ao APL. Apesar disto vale destacar que a avicultura

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em Pernambuco apresenta certa concentração em torno dos municípios da Zona da Mata e a

própria lógica de especialização produtiva da atividade que costuma integrar grandes indústrias e

pequenos criadores de aves pode se configurar como elementos propícios ao surgimento de

arranjos produtivos. Este visão, contudo, foi abandonada pelo Governo do Estado que chegou a

considerá-lo como APL em 2005, mas deixou de receber este tratamento no relatório de

diagnósticos e propostas do PRO-APL de 2008 (Governo de Pernambuco, 2008).

No caso de floricultura, há claramente um equívoco conceitual, reconhecido inclusive

pelo Governo do Estado que deixou de tratá-lo como APL a partir do supra referido relatório de

2008. O que ocorre com esta atividade é que além da não haver uma proximidade geográfica na

produção de flores, não existe concentração produtiva, há cidades, por exemplo, que só tem um

único produtor, chegando a um número máximo de 9 produtores por município (Lomachinsky,

2005).

A seguir são apresentadas as caracterizações de 8 APLs, os quais fazem parte de

listagens/mapeamentos estaduais e recebem políticas específicas de APL, são eles: APL de

Tecnologia e Informação do Recife, APL do Gesso da Região do Araripe, APL de Confecções do

Agreste Pernambucano, APL de Vitivinicultura do São Francisco Pernambucano, APL de

Fruticultura Irrigada do São Francisco Pernambucano, APL de Apicultura no Araripe, APL de

Piscicultura das RDs do Sertão de Itaparica e do Agreste e APL de Laticínios do Agreste

Pernambucano.

4.1 APL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO DO RECIFE

O arranjo produtivo de tecnologia da informação e comunicação se situa no centro

histórico do Recife, no bairro do Recife Antigo, e existe desde o ano 2000 congregando empresas

do setor de software e demais serviços de TI. A gênese deste APL nasceu de um encontro de

oportunidades. De um lado, o fluxo de profissionais da área de informática recém-chegados de

seus cursos de pós-graduação no exterior, de outro, grandes grupos empresariais (a exemplo do

Bompreço) com uma demanda latente por serviços de TI e, entre esses, o Governo do Estado de

Pernambuco que investiu inicialmente R$ 33 milhões na criação do Porto Digital com o objetivo

de prover a infra-estrutura e as condições necessárias para a implantação deste APL. A reboque

deste montante de recursos públicos foi injetada a mesma quantia de recursos privados das

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empresas que então se instalaram no Bairro do Recife a fim de usufruir de uma infra-estrutura

construída a partir dos investimentos públicos18.

O APL é composto majoritariamente por pequenas e médias empresas, porém

multinacionais como IBM, Motorola, Samsung e Microsoft também estão presentes no Porto

Digital. Ao todo são cerca de 120 empresas de pequeno porte, mais as multinacionais, que

empregam uma média de 4 mil pessoas e oferecem para o mercado um conjunto variado de

serviços que vão desde produção de softwares com aplicações em áreas diversas (gestão,

financeira, segurança, games, etc), passando por soluções de sistemas para gerenciamento de

tráfego e transporte, até o desenvolvimento de portais, extranets e intranets.

Além dessas empresas, o APL de TIC do Recife é composto pelos demais atores que

organizam a sua governança e representam a base institucional do Arranjo. O principal

responsável por esta governança é o Núcleo de Gestão do Porto Digital que é uma Organização

Social, sem fins lucrativos e possui como principais âncoras: (i) a Secretaria de Ciência,

Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma) do Governo do Estado de Pernambuco que define,

implementa e fomenta a Política Estadual de Ciência e Tecnologia; (ii) o Centro de Informática

da UFPE que oferece curso de bacharelado em ciência da computação e forma a mão-de-obra

especializada em TI; (iii) o SoftexRecife (Centro de Tecnologia de Software para Exportação do

Recife) que incentiva projetos de desenvolvimento de software para exportação; (iv) o Centro de

Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR) e (v) o C.A.I.S do Porto. Essas duas últimas

atuam como incubadoras de empresas que desejam ingressar no mercado de TI. O CESAR além

deste papel também atua como empresa desenvolvendo soluções tecnológicas para as

necessidades de mercado. O C.A.I.S do Porto, por sua vez, abriga atividades de capacitação,

treinamento, assessorias e desenvolvimento empresarial. Todas essas instituições são articuladas

e cooperam intensivamente entre si.

Pode-se dizer que esses 5 organismos mais o Núcleo de Gestão do Porto Digital formam a

base de apoio “permanente” do APL de TIC do Recife. Contudo há também outra base

institucional que apóia o APL mediante a realização de projetos em regime de parcerias,

18 Esses investimentos produziram uma infra-estrutura no Bairro do Recife Antigo de: (i) Oito quilômetros de fibra ótica (Telemar e Embratel); ii) Central Telefônica Digital (Telemar); iii) Rede Digital de Serviços Integrados (Telemar); iv) Cobertura total no Bairro do Recife das redes GSM da TIM, Claro, Oi; v) Centro de Videoconferência (MCU ponto a ponto e multiponto para até 16 sites); vi) Servidor www e e-mail (Núcleo de Gestão do Porto Digital); vii) Conexão à Internet 24h (Núcleo de Gestão do Porto Digital); viii) Banda larga (Núcleo de Gestão do Porto Digital); ix) Ponto de consolidação de rede local - roteamento independente - (Núcleo de Gestão do Porto Digital) e (x) Energia elétrica estabilizada (110/220 V).

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35

cooperações e fomento. A homepage oficial do Porto Digital lista como principais parceiros: (i) a

Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência

e Tecnologia (MCT), que é parceira do Porto Digital na implementação do Programa Juro Zero

que visa estimular a capacidade inovadora das micro e pequenas empresas brasileiras nos

aspectos comerciais, de processo ou de produtos/serviços, por meio de financiamento de longo

prazo e com juro real zero; (ii) o Sebrae que desenvolve diversas parcerias institucionais como o

Projeto para Exportação de Software (PSI), de financiamento de APLs submetido ao BID, além

de promover feiras e rodadas de negócios voltadas para as empresas do APL; (iii) a Associação

das Empresas de Tecnologia da Informação, Software e Internet Regional (Assespro Regional),

que tem trabalhado para aproximar os empresários de investidores e para a formação de

consórcios entre empresas de atividades complementares e (iv) o Escritório de Promoção de

Investimentos e Tecnologia do Recife (Investment and Technology Prommotion Office) que faz

parte da rede de promoção de negócios da Organização das Nações Unidas para o

Desenvolvimento Industrial (Unido).

O quadro a seguir produzido pelo Porto Digital (2009) traz um resumo da base

institucional do APL de TIC do Recife. Note que é uma base ainda maior do que o já exposto

anteriormente, já que explicita todas as instituições que apóiam o APL na medida em que são

celebrados acordos de cooperação.

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Quadro 1 Institucionalidade do APL de TIC do Recife

Institucionalidade Âmbito Instituições

Governo Local

• Prefeitura da Cidade do Recife • Prefeitura de Olinda • Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania • Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente • Secretaria de Educação • Chesf

Academia e Instituto de Pesquisa

Local

•ABA – Associação Brasil América • C.E.S.A.R • CIn/ UFPE • UPE, UNICAP, Faculdade Boa Viagem; Faculdade Integrada do Recife; Faculdade Joaquim Nabuco; Faculdade Marista; Faculdade Maurício de Nassau; Faculdade Santa Maria; Unibratec; Universo; Senac

Associações e Organizações

Local

•ASSESPRO • Casa de Passagem • SoftexRecife • Incubanet • ITEP

Nacional • Anprotec • Brasscom • Fundação Roberto Marinho

Internacional

•AED • Amcham • IASP • I-nec • ONUDI • USAID

Suporte e Fomento

Local

•Ad-diper • Condepe/ Fidem • FACEPE • SEBRAE – PE • Senac - PE

Nacional

•APEX • Banco do Brasil • Fir Capital • MCT/ FINEP • MDIC • Rio Bravo • SEBRAE Nacional; Sistema S

Organismos Multilaterais

Internacional •Banco Mundial • UNIDO – Nações Unidas

Parceiros Privados

Nacional

• Eletronet • Embratel • Telemar • Vivo

Internacional •Avaya • IBM • Microsoft

Fonte: Porto Digital, 2009.

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Embora o APL de TIC do Recife seja um caso de sucesso e esteja entre os APLs mais

azeitados do Estado, há alguns pontos que merecem atenção já que podem representar futuros

obstáculos à manutenção da sua boa performance. Basicamente foram identificados 2 nichos de

preocupação com base em entrevista com a Analista de Inovação Tecnológica do Porto Digital e

a partir do Plano de Desenvolvimento do Porto Digital (maio de 2009). Primeiramente, a visão

errônea de que o APL pertence ao Governo e não à sociedade e, portanto, seu funcionamento

estaria atrelado aos políticos e seus partidos. Esta mudança de visão é fundamental para a

construção do capital social e crença na credibilidade institucional do Arranjo. O outro ponto diz

respeito à escala de produção das empresas que compõem o APL. Como, em sua maioria, são

empresas de pequeno porte, não alcançam uma escala capaz de atender ao mercado global e

permanecendo do tamanho em que estão e apenas no mercado em que hoje atuam, elas estarão

fadadas à estagnação. O mencionado documento sugere uma mudança de patamar do atual

desenho deste APL - que já se provou estar consolidado em torno de sua atividade principal

(serviços de TI) – para um desenho mais integrado aos demais APLs do Estado. Tal mudança na

visão dos gestores do Porto Digital não representaria uma tarefa complicada tendo em vista o

caráter de transversalidade dos serviços de TI que podem ser ofertados aos mais variados APLs,

bem como as novas oportunidades de negócios que estão surgindo com os empreendimentos

estruturadores do complexo de Suape.

4.2 APL DO GESSO DA REGIÃO DO ARARIPE

O APL Gesseiro do Araripe, que compreende os municípios de Araripina, Trindade,

Ipubi, Ouricuri e Bodocó, está localizado no epicentro do semi-árido nordestino, extremo oeste

do estado de Pernambuco a cerca de 700 Km da capital Recife, fazendo fronteira com os estados

do Piauí e Ceará. Pernambuco possui 30% das reservas de gipsita do país e produz 95% do gesso

consumido. O APL emprega 12 mil pessoas diretamente e cerca de 64 mil de forma indireta,

segundo dados do Sindicato das Indústrias de Gesso (Sindusgesso). O faturamento das empresas

alcança aproximadamente R$ 640 milhões por ano. A gipsita serve de matéria-prima para

diversas indústrias. O minério pode ser usado na agricultura, como corretivo para o solo, e depois

de calcinado serve para a fabricação de cimento e gesso para a construção civil, moldes

cerâmicos, nas indústrias de jóias, automotiva, na medicina, na odontologia, entre outras. No

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Brasil o produto ainda é pouco utilizado, consumindo cerca 15 kg por habitante/ano, enquanto

que na Europa este consumo sobe para 80 kg/hab/ano e nos Estados Unidos, 118 kg/hab/ano.

Nas décadas de 80 e 90, o potencial de gipsita, de puro teor de qualidade, atraiu grandes

investidores para a região, formando um APL competitivo, com produtos e processos de

inovação tecnologia, algo que foi possível pelo acesso destes agentes a órgãos de financiamento,

fomento e inovação. Um papel fundamente para a formação deste APL também foi exercido pelo

Sindusgesso que colocou este Arranjo na agenda de políticas de desenvolvimento do Estado e

fortaleceu as articulações institucionais. Os pequenos empresários, entretanto, já vinham

trabalhando na região desde a década de 60, buscaram no associativismo uma estratégia de

sobrevivência e competição face ao predomínio dos grandes produtores. Em 2003, estes

pequenos e médios empresários criaram a Assogesso (Associação dos produtores de Gesso da

Região do Araripe), visando uma ação conjunta no mercado. Dentre este conjunto de ações, vale

destacar a modernização do manejo florestal para fins energéticos, a modernização do processo

produtivo de calcinação, a fabricação de placas de gesso e a representação efetiva no Sindusgesso

(Sindicato da Indústria de Gesso do Estado de Pernambuco), o qual é filiado a Fiepe (Federação

da Indústria do Estado de Pernambuco).

O Sebrae – com sua Unidade de Negócios Sertão do Araripe – contribuiu com a

metodologia de participação e associativismo junto a estes produtores. Em 2004, a Assogesso

passou a integrar o público alvo do Sebrae, habilitando-se para o programa “Redes Associativas”,

de capacitação ao associativismo, treinamento de gestão de empresas e planejamento estratégico.

A marca Brazilian Gypsum criada pelo consórcio de Exportação de Gesso do Araripe, do

Programa APEX (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em parceria

com o Sindusgesso, envolve um grupo de empresas da região do Araripe que exportam um gesso

de alta qualidade. O consórcio prevê a instalação de escritórios de representação e centrais de

distribuição de gesso em cinco mercados internacionais, incluindo Estados Unidos, Angola,

Portugal, Jordânia, Islândia e Inglaterra. A grande vantagem das centrais de distribuição é que a

mercadoria fica estocada, à disposição para pronta entrega ao importador. A Apex-Brasil vem

operando com o APL gesseiro desde 2002, já tendo investido R$ 6,5 milhões em programas de

incentivo às exportações.

Com relação ao sistema de C&T, como integrante do Programa de Centros Tecnológicos

do Estado de Pernambuco, funciona em Araripina o Centro Tecnológico do Gesso, da

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39

Sectma/Itep. O CT do Gesso oferece suporte e promove a inovação no setor produtivo. O Centro

possui laboratórios e dispõe de espaço para incubadoras de empresas e cursos técnicos. No

espaço do Centro, funcionam os escritórios do Ibama, da Agência Estadual de Meio Ambiente e

Recursos Hídricos (CPRH), além de instalações do Senai com atuação na área de ensino técnico.

O Itep, em acordo com Sindusgesso, desenvolveu recentemente um experimento de pesquisa

aplicada em tecnologia construtiva utilizando placas de gesso. Este sistema construtivo

apresentou características favoráveis no que diz respeito a propriedades do material utilizado

como sendo: incombustíveis, isolantes térmicos, isolantes acústicos, higro-ativos, precisão

dimensional, estabilidade e leveza. O Ministério de Ciência e Tecnologia, através do

Finep/CNPq, em parceria com UFPE, Senai-PE e ITEP financiou projetos voltados para

otimização das atividades extrativas da gipsita com ênfase na preservação ambiental e gestão

energética.

Em síntese, define-se o APL gesseiro da região do Araripe como sendo composto pelos

seguintes atores:

(i) Empresas do setor constituídas em três grupos: as grandes empresas que

normalmente têm acesso às linhas de crédito do sistema bancário, as

pequenas e médias empresas associadas ao Sindusgesso, que recebem

apoio das instituições de fomento às inovações, e as micro-empresas

informais, com ciclo de vida (mortalidade) muito curto;

(ii) Entidades representativas e associativas das grandes e médias empresas,

respectivamente: Sindusgesso e Assogesso

(iii) Consórcio de exportação Apex, em torno do qual as entidades cooperam

entre si para atingir o mercado internacional.

(iv) Unidade de Negócios do Sebrae em Araripina que apóia de forma

permanente as ações dos atores já listados;

(v) Em torno deste núcleo, há ainda um sistema de C&T representado pelo Itep

e Senai, com ações de capacitação técnica e gerencial e processos

inovadores desenvolvidas no Centro Tecnológico do Itep. O experimento

tecnológico em sistema construtivo de gesso foi desenvolvido pelo Itep em

parceria com a Caixa Econômica Federal, como projeto piloto para

construção massiva de moradias populares utilizando esta tecnologia.

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Em entrevista com o coordenador do Observatório Empresarial do Sebrae/PE, foram

destacados os desafios de sustentabilidade do setor a serem enfrentados pelo conjunto de atores

que compõem este APL:

(i) A região do Araripe tem uma base produtiva pouco diversificada e há uma

alta rotatividade das pequenas empresas de gesso, o que faz interromper o

processo de inovação e de aprendizado. Neste sentido, o Sebrae está

desenvolvendo ações de diversificação de atividades, estimulando o

associativimso e capacitação das atividades de apicultura e

ovinocaprinocultura, com o objetivo de aliviar a pressão sobre o setor

gesseiro;

(ii) A questão da escassez da água: a construção da Transnordestina por mais

incoerente que possa parecer, pode representar uma ameaça às empresas

deste APL. Como a água é cara na região, pode ficar mais barato

transportar a gipsita em pó para ser hidratada em outras regiões abundantes

em água e, conseqüentemente, pode haver transferência das fábricas de

artefatos de gesso para esses lugares. Para que ainda seja rentável produzir

artefatos em gesso na região do Araripe é preciso ter diferencial

competitivo com base em inovação tecnológica. O Sebrae, Senai e Itep

estão estimulando o desenvolvimento da tecnologia dos sistemas

construtivos que agrega mais valor do que um simples artefato de gesso.

Espera-se que com a detenção desta tecnologia produtiva seja mais

eficiente produzir os artefatos mesmo num lugar em que a água é mais

cara.

4.3 APL DE CONFECÇÕES DO AGRESTE PERNAMBUCANO

Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama são as três cidades principais do APL de

confecções do Agreste Pernambucano, mais comumente conhecido como o Pólo de Confecções

do Agreste, que abrange, de forma ampliada, mais seis municípios: Surubim, Brejo da Madre de

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Deus, Cupira, Taquaritinga do Norte, Belo Jardim, Pesqueira e Passira19. Segundo dados da

Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UFPE (2005). Neste Polo ampliado, funcionam cerca

de 12 mil empresas que empregam 76 mil pessoas e produzem mais de 6 milhões de peças ao

ano. O setor de confecções de Pernambuco é o terceiro maior do Brasil, ficando atrás apenas de

São Paulo e Rio de Janeiro. Ele responde por cerca de 13% do setor no país e representa

aproximadamente 7% do PIB de Pernambuco, correspondendo a uma média de R$ 1,7 bilhão ao

ano. Esses números demonstram o tamanho e a importância econômica do pólo.

Entretanto, o índice de informalidade deste Polo alcança, segundo estimativas feitas pela

Fade/ UFPE (2003), a mais de 90 por cento, o que significa que apenas 8% são empresas

formalizadas. O setor informal é um importante coadjuvante, principalmente no que diz respeito à

geração de empregos na indústria e comércio, da economia local. Além das fábricas de

confecções, a vida econômica da cidade gravita em torno de um comércio muito intenso. A

comercialização via grandes feiras de confecções populares realizadas nas três cidades envolve

cerca de 45 mil pessoas por semana. Os comerciantes (sulanqueiros) vendem suas confecções

tanto para pequenos compradores quanto para grandes lojistas. Semanalmente, chegam à cidade

mais de 150 ônibus, e um número pelo menos tão grande de carros particulares, trazendo

compradores em busca das roupas empilhadas nas mais de seis mil bancas da feira (Fade/ UFPE,

2003).

O alto índice de informalidade unidades de pequeno porte de “fundo de quintal” – tantos

produtores de produtos acabados como os sub-contratados ou facções que realizam parte do

processo produtivo – trabalham em condições precárias de funcionamento, não pagam impostos

nem cumprem direitos trabalhistas. “São caracterizadas por copiarem o design dos produtos das

empresas maiores, por contarem com um quadro de pessoal ocupado de baixa escolaridade e

influenciarem os rendimentos dos estabelecimentos formalizados”, devido a seus custos menores

(Andrade, 2008, p.81). É este grande contingente de informais que não têm acesso às inovações,

aos programas de capacitação de mão-de-obra, atualização tecnológica, capacitação gerencial e

ao financiamento.

Com relação a um sistema de financiamento direcionado ao APL, mesmo as empresas de

maior porte têm pouca probabilidade de acesso aos programas de crédito de financiamento das

19 Municípios levantados a partir do levantamento institucional do Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (MDIC, 2008).

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instituições bancárias, privadas e públicas. Pesquisa publicada em 2003 indica que, no que se

refere ao uso de financiamento na compra de equipamentos, apenas 2,8% do empresariado o

fizeram através dos bancos e 64,6% usaram a sistemática de negociação por compras parceladas

(Fade/UFPE, 2003).

Apesar de existirem no APL agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal,

o empresariado local quase não utiliza as linhas de financiamento disponibilizadas pelas mesmas,

mesmo quando se considera a concessão de financiamentos com prazos diferenciados por parte

do Banco do Nordeste e do BNDES - este último recentemente tendo concedido seu cartão

corporativo a empresas locais (as de maior potencial). Por sua vez, empresas com menor

autonomia estrutural, não têm tido qualquer acesso a programas de financiamento de

investimento e capital de giro (Andrade, 2008).

Entretanto, em outras esferas, o APL vem recebendo apoio de instituições públicas de

fomento e inovação. O Sebrae – com sua Unidade de Negócios em Caruaru – vem contribuindo

com a metodologia de participação e associativismo junto aos empresários do APL. Esta

instituição promove, junto às associações empresariais, consultorias técnicas, gerenciais e

produtivas. A Unidade do Sebrae em Caruaru é um importante articulador institucional,

conectando o empresariado do APL e suas associações aos programas federais de fomento, a

redes de negócios, programas de exportação, capacitação empresarial, capacitação profissional,

transferência de tecnologias, ensino e pesquisa. “Em virtude da dimensão do conjunto

empresarial do Arranjo, o Sebrae atua em parceria com as associações empresariais para que

estas sirvam de canal de informação dos programas elaborados (aproximação com os micro e

pequenos produtores), apoiando-as em suas atividades e estimulando-as a estreitarem laços com

os atores locais. A cada trimestre, representantes do Sebrae se reúnem com membros da

governança local para discutirem sobre o encaminhamento dos programas e sobre a viabilidade

de outras iniciativas, ou seja, as atividades são decididas coletivamente, mas quem lidera é o

Sebrae” (Andrade, 2008, p. 139).

Com relação ao sistema de C&T, integrante do Programa de Centros Tecnológicos do

Estado de Pernambuco, funciona em Caruaru, desde final do ano de 2003, o Centro Tecnológico

da Moda (CTM). O CTM foi criado para ofertar ao APL ações direcionadas à formação

profissional, à criação de inovações tecnológicas e estímulo ao empreendedorismo local. As

iniciativas decorrentes deste centro são pensadas em parceria com outras entidades institucionais,

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43

tais como as ensino superior, que estejam correlacionadas diretamente ao desenvolvimento do

Arranjo. O CT da Moda tem no design seu foco estratégico, compreendendo Núcleo de Design

em Moda, Incubadora Tecnológica do Agreste Central, salas de aula e treinamento, auditório,

biblioteca e Laboratório de Análise de Água.

O Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), administrador do Centro, desenvolve,

também, atividades relativas ao meio ambiente. A participação do Itep surgiu como necessidade

de se corrigir um problema de poluição hídrica decorrente da lavagem de peças de jeans nas

fábricas de Toritama. As empresas (lavanderias), além de consumirem uma quantidade elevada

de água no processo de lavagem, que continha detergente, amaciantes e outros produtos

químicos, de provocarem poluição atmosférica (pelas caldeiras), lançavam irresponsavelmente e

sem medida no rio Capibaribe os resíduos, os efluentes industriais, contaminando a principal

fonte de água da região (que sofre com a escassez deste recurso natural) (Andrade, 2008).

A questão do treinamento dos funcionários é um gargalo importante na economia do

APL: apesar de mais de 80% dos empresários declararem em estudo para o Sebrae ser importante

a capacitação de seus funcionários, 90,6% das empresas informais não tiveram nenhum

funcionário treinado, sendo que este percentual decai um pouco, mas não tanto, para 62,6% no

caso das empresas formais (Fade/UFPE, 2003). O CTM vem realizando, em parceria com Sectma

cursos de nível técnico gestão de empreendimentos, tecnologia de produção (com ênfase, no caso

de Toritama, na questão ambiental) e desenvolvimento de novas tecnologias, uso de software na

gestão dos processos produtivos e no relacionamento com clientes.

O Senai-PE atende ao setor de confecções do APL com duas unidades: a Escola Técnica

Senai Caruaru e a Escola Técnica Senai Santa Cruz do Capibaribe, criadas nos anos de 1970 e

2002, respectivamente, ambas disponibilizando programas de capacitação profissional adequadas

às necessidades empresariais. Estas unidades do Senai promovem educação profissional e

tecnológica, bem como a inovação e difusão de tecnologias industriais. Estas unidades registram

a participação de empresários vindo de outras cidades do APL, normalmente empresários

interessados em ampliar o conhecimento, a habilidade, suas competências pessoais.

Complementando o Sistema S, o Senac-PE também possui uma unidade atuando no município de

Caruaru, voltada para a formação profissional, do público em geral e dos agentes ligados

diretamente ao segmento de confecções. A unidade vem buscando aproximar-se mais do seu

público-alvo através da formação de parcerias com as associações instaladas no Arranjo, com o

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Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado de Pernambuco (Sindivest-PE), o Senai, o

Sebrae, a CDL e as universidades públicas federais da localidade20 (Andrade, 2008).

No que diz respeito ao associativismo, o APL de confecções do Agreste Pernambucano se

caracteriza por sua origem baseada no trabalho de empresários que exerciam liderança no setor.

Não foi, portanto, um APL induzido por entidades ou políticas públicas, este apoio passou a ser

recebido na medida em que o Arranjo se consolidou a partir do trabalho dessas lideranças

empresariais. A organização dessas empresas em associações e sindicatos representou um aspecto

fundamental neste processo, já que foi através da criação dessas entidades que as empresas do

segmento conseguiram somar esforços para ampliar a base institucional do APL, o qual passou a

contar com o apoio do poder público, sistema de C&T e sistema financeiro.

Algumas dessas instituições de classe criadas pelos empresários de confecções merecem

destaque pela sua atuação ativa e permanente, as seguintes entidades: Sindivest-PE, Associação

dos Confeccionistas de Santa Cruz do Capibaribe (Ascap), Associação Comercial e Empresarial

de Caruaru (Acic), Associação Comercial e Industrial de Toritama (Acit) e Associação dos

Lojistas do Parque das Feiras de Toritama (ALPF).

O Sindivest-PE foi criado em 1985 com o objetivo de representar e defender os interesses

da cadeia produtiva do vestuário a partir do associativismo. Cabe ainda ao Sindicato defender os

interesses gerais das indústrias do setor e representá-las perante o poder público, colaborando

com o mesmo no estudo e solução de assuntos que possam interessar às empresas representadas.

A Ascap foi criada quando um grupo de confeccionistas do município decidiu organizar-

se em torno de um objetivo comum, qual seja: ter um espaço reservado para a troca de opiniões e

experiências de modo a expandirem seus próprios negócios e, conseqüentemente, trazerem

benefícios para a economia da cidade. Tais empresários perceberam a necessidade de associação

das forças empreendedoras local para enfrentar às novas exigências mercadológicas, que

forçosamente requereriam maior profissionalismo dos agentes locais. Esta associação reúne

empresários do setor de produção de confecções propriamente dita e empresas do setor de

comércio e de prestação de serviços, todos ligados à confecção. Em parceria com o Sebrae, a

20 Além do Sistema S Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe possuem ainda diversas instituições públicas e privadas de ensino superior. Em Caruaru, há a UFPE/ Campus Agreste e UPE (ambas públicas uma da esfera Federal e outra da Estadual) e as seguintes faculdades privadas: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFICA); Faculdade do Vale do Ipojuca (FAVIP) e Sociedade Caruaruense de Ensino Superior (SCES). Em Santa Cruz do Capibaribe existem duas instituições particulares de ensino superior: Centro de Ensino Superior Santa Cruz (CESAC) e a Faculdade de Desenvolvimento e Integração Regional (FADIRE).

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45

Ascap vem desenvolvendo um trabalho em prol da formalização da atividade, tentando mostrar

para os associados informais as vantagens obtidas com a legalização do empreendimento, e as

ações têm sido exitosas.

A Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), fundada em 1920, é a

associação patronal mais antiga do Arranjo, a líder. Considerada a maior entidade institucional

desta natureza no estado de Pernambuco, estimulou a criação da Acit, Ascap e Aciasur

(Associação Comercial e Empresarial de Surubim), através da sua atuação no âmbito empresarial,

do seu exemplo de importância na consolidação e expansão do segmento confeccionista

caruaruense. É uma entidade multisetorial, com associados dos ramos industrial, comercial e de

serviços. Sua origem está associada à carência de apoio governamental, tanto da esfera municipal

como da estadual. Inspirados no projeto “empreender” do Sebrae, os membros da entidade

criaram no ano de 2000 as chamadas Câmaras Setoriais, com o intuito de aumentar a capacidade

competitiva dos confeccionistas do Arranjo. Desde a sua criação a Acic tem experimentado uma

franca expansão e atualmente tem, aproximadamente, 750 sócios ativos (120 são do setor têxtil),

dispondo de 13 Câmaras Setoriais.

Em resumo os agentes que pertencem ao APL de confecções do Agreste Pernambucano

são:

(i) Empresas de confecções;

(ii) Facções que são empresas que realizam uma parte do processo de produção das confecções.

Elas são sub-contratadas por essas últimas para realizar diversos tipos de tarefas, tais como:

costurar bolsos, punhos, golas, travetar, aplicar acessórios, bordados, limpeza de peças, etc;

(iii) Associações e sindicatos;

(iv) Sistema C&T que no caso do APL de confecções conta com o apoio do Senai, Senac, Itep e

instituições de ensino superior;

(v) Sebrae;

(vi) Governo: prefeituras municipais, Sectma, AD-Diper;

No que diz respeito às dificuldades do APL, o alto grau de informalidade das empresas

consiste no seu maior problema, já que são milhares de confecções que ficam à margem, ou

ganham muito pouco dos benefícios gerados pela estrutura do Arranjo, principalmente, no que

diz respeito a:

(i) Aprendizado e inovação das empresas;

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46

(ii) Qualificação da mão-de-obra;

(iii) Acesso ao crédito;

(iv) Submissão a formas precárias de trabalho21.

4.4 APL DE VITIVINICULTURA DO SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO

O APL de vitivinicultura de Pernambuco está localizado nos municípios de Petrolina,

Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista. Nesta região há grande disponibilidade de terras

apropriadas ao cultivo irrigado de uva para vinho, com produtividade máxima de 5 safras em 2

anos; Possibilidade de elaboração de vinhos com características próprias, diferenciação

(tipicidade). Porém, sem os investimentos públicos realizados em perímetros irrigados, estradas

de acesso, eletrificação rural e isenções fiscais, seria quase impossível se produzir vinhos de

qualidade na região.

A vinicultura do Vale do São Francisco reúne mais de dois mil pequenos produtores em

áreas irrigadas e 54 grandes empresas, instituições de ensino e pesquisa, de suporte financeiro,

organismos de coordenação e fiscalização, de suporte a comercialização, entre outros. A área

plantada representa 16% da nacional- 79 mil ha - e 17,5% da produção – 1 milhão e 508 mil t

(IBGE, 2009 e IBRAF, 2009). Contudo as exportações de uva do Vale do São Francisco

representam 99% das exportações brasileiras de 82 mil t (SECEX/MDIC, 2009).

A produção de uva vinífera e recente no Vale do São Francisco data dos anos oitenta e

ocupa uma área de 700 ha dentro das seis empresas produtoras de vinho varietal e de mesa, cinco

localizadas em Pernambuco (quadros abaixo) e apenas uma na Bahia.

21 Em estudo realizado pela Fundação Joaquim Nabuco (O Pólo de Confecções de Toritama: Análise das Relações de Trabalho e da Informalidade. Recife, 2008 – in mimeo), foi identificado que cerca de 48% das empresas de Toritama que se dizem faccionistas estão, na realidade, encobrindo uma situação de trabalho escondido. Isto porque essas empresas estão vinculadas a uma única contratante que demanda seus serviços, sendo estabelecida uma relação de subordinação onde a facção não tem a autonomia típica de uma empresa terceiriza. Essas facções, em geral, são unidades familiares de poucas pessoas que “trabalham” para as confecções contratantes.

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47

Quadro 2 Vitivinícolas e Fazendas do APL do Vale do São Francisco – PE

Vitivinícolas Fazenda Município

1 – Vale do São Francisco Milano Santa Maria da Boa Vista – PE

2 - Vini Brasil (Ex. Santa Maria) Planaltino Lagoa Grande – PE

3 – Lagoa Grande Garibaldina Lagoa Grande – PE

4 – Ducos Ducos Lagoa Grande – PE

5 – Vale do Sol Passarinho Lagoa Grande – PE

6 – Adega Bianchetti Tedesco Carnaubeira Lagoa Grande – PE

Fonte: Ferraz Filho (2005)

Quadro 3 Vinícolas e suas Marcas Comerciais em Pernambuco

Vinícolas Marca Principal

Vitivinicola Vini Brasil (do grupo Santa Maria) Adega do Vale e Rio Sol

Adega Biachetti Tedesco Bianchetti

Vitivinicola Lagoa Grande Garziera e Carrancas

Vinícola Vale do Sol Cave do Sol (Em fase de pré-lançamento)

Vinícola Ducos Château Ducos

Vinícola Ouro Verde Terranova (Miolo)

Fonte: elaboração própria

Com os avanços tecnológicos na área e a expansão do cultivo de uvas viníferas passou a

produzir suco de uva concentrado, vinho de mesa, vinhos espumantes, entre outros. A produção

de vinhos finos está em 7 milhões de litros. Apesar de ainda pequena em relação a nacional (3

milhões de hectolitros por ano), está vem aumentando rapidamente.

Os principais produtos do APL são uvas in natura, suco de uva concentrado, vinho de

mesa, vinhos espumantes, entre outros. Com os avanços tecnológicos na área e a expansão para o

cultivo em escala comercial de uvas de mesa, uvas tipo exportação e uvas para vinhos. Os tipos

de uvas produzidas no APL para as três finalidades referidas são: i- com semente, Itália

melhorada, Benytaka, Brasil, Patricia e Red Globe que alcançam em média 25 toneladas de frutas

por safra. As variedades com sementes possuem mais de 70% da área de cultivo de uvas do Vale

que atualmente é de 13 a 15 mil hectares; e, ii- sem sementes, Superior (Festival), Crinson

Seedless e Thompson Seedless são as principais variedades produzidas e exportadas pelo APL; e,

iii- uvas para vinhos e sucos cujas principais variedades são: Cabernet Sauvingnon, Merlot,

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48

Moscato e Petit Sirah. Essas variedades são cultivadas apenas por empresas especializadas na

produção de vinhos finos, espumantes e derivados como vinagre.

De acordo com dados do Governo Estadual22, o APL abastece 15% do mercado brasileiro

de vitivinicultura e gera empregos diretos para cerca de 30 mil pessoas.

Desde 2005 que o governo do estado acrescentou o “pólo” vitivinicola do Vale do São

Francisco como prioridade na sua política de Pólos de Desenvolvimento do Estado. O primeiro

grande investimento nessa área foi a construção da rota do vinho no município de Lagoa Grande.

A estrada liga a cidade de Lagoa Grande a Santa Maria da Boa Vista, onde estão instaladas sete

vinícolas dessa microrregião.

Apesar da densidade institucional de apoio ao APL (ver quadro 4) deve-se ao

empreendedorismo dos empresários locais e empresas de pesquisa, a transformação da região na

maior produtora e exportadora de uvas finas de mesa com sementes e sem sementes do Brasil.

Quadro 4

Institucionalidade do APL do Vale do São Francisco em PE

Recursos Humanos UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco (Petrolina); “Sistema S”; UFRPE- Universidade Federal Rural de Pernambuco; CEFET - Petrolina

Recursos Financeiros Banco do Nordeste; BNDES; Recursos Internacionais; BNB; CACEX - Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil

Suporte a Comercialização VALEXPORT- Associação dos Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco; Centro de Convenções; Consultorias; Apex-Brasil

Infra-Estrutura

Governo: Municipal (Prefeituras), Estadual (CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) Federal; (MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.)

Recursos Tecnológicos

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária; CPATSA- Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido – Embrapa; Apex-Brasil (Agência de Promoção de Exportações do Brasil),

Coordenação e fiscalização Instituto do Vinho (VINHOVASF) Fonte: elaboração própria

É grande a diversidade de instituições que atua no APL, no entanto, sua governança é da

Valexport, Associação dos Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São

Francisco, que funciona como uma instituição guarda-chuva que possibilita a formação de outras

22 Disponíveis em www.pe.gov.br/investimentos_polovitivinicola.htm

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49

instituições agregadas a ela, dando todo o apoio não só financeiro, logístico e administrativo, mas

também o material institucional, para essa formação. Fomenta pesquisas nas áreas de produção e

ou cultivo de uvas viníferas e atua na distribuição dos produtos. Por outro lado, a Valexport

estabelece laços de coopera cão com outras instituições do APL a exemplo de Sebrae em alguns

tipos de capacitações.

No treinamento de recursos humanos, o APL conta com o Cefet – Petrolina, que oferece

Cursos Tecnológico, a exemplo dos APLs de Enologia e Viticultura. O Sebrae também fomenta o

Enoturismo; o Instituto do Vinho (Vinhovasf), controlar a implantação da identificação

geográfica e do certificado de origem; a Codevasf, além de implantar a infra-estrutura básica de

irrigação (800 mil hectares irrigados), tem promovido ações de difusão tecnológica, assistência

técnica e extensão rural, formação de técnicos e o assessoramento à formação de organizações de

produtores. A Embrapa (CPATSA) em Petrolina é o principal agente de pesquisa agronômica na

região. Essa importância se acentua pelas características da região do APL, que tem clima e o

solo tropical aspectos distintos de qualquer outra região, produtora de vinho fino, no mundo.

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50

4.5 APL DE FRUTICULTURA IRRIGADA DO SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO

O APL de fruticultura irrigada do São Francisco Pernambucano juntamente com os APLs

de Confecção do Agreste e TIC do Recife estão entre os mais bem estruturados e consolidados do

Sua origem foi fortemente induzida pelo Governo, sobretudo a partir dos investimentos feitos

pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) em

obras de perímetros irrigados contemplando a construção de canais de irrigação e desapropriação

de terras. Neste processo de reestruturação fundiária, os colonos assumiram lotes menores e os

lotes de portes médio e grande foram vendidos para empresas que convivem sinergicamente com

os pequenos produtores (Banco do Nordeste, 2006).

O APL, que tem Petrolina como o core do APL. Ele é formado também pelos municípios

de Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande e Orocó e possui como principais culturas o cultiva

da uva, manga, banana e goiaba. Porém, em menor escala, também são produzidas nesta região as

culturas de coco verde, melão, acerola, limão, maracujá, papaia e pinha. Segundo informações da

Valexport (2004), a produção do APL gira em torno de 800 mil toneladas ao ano sendo cultivada

numa área total irrigada de 120 mil hectares. O MDIC em levantamento institucional do GTP-

APL mostra que em 2008 havia 2.211 empresas formais operando nas quatro cidades do Arranjo,

gerando 83.300 empregos e produzindo anualmente um volume de vendas de R$ 140 milhões,

para o mercado interno e US$ 97 milhões para o mercado internacional.

O APL é composto por uma série atores que interagem de forma permanente de forma a

desfrutar dos ganhos advindos desta sinergia. A seguir uma breve descrição dos agentes que

formam o APL :

(i) Produtores do perímetro irrigado que produzem as frutas diretamente para o

mercado consumidor ou as fornecem para as fábricas de processamento;

(ii) Associações, cooperativas de produtores. Lima e Miranda (2000) identificam

dois tipos de associativismo entre os produtores do APL. “Entre os produtores

que se dedicam às principais culturas de exportação, o relacionamento é

cooperativo – baseado no compartilhamento de experiências; na troca de

informações entre os técnicos e consultores; como também nas visitas que,

regularmente, os produtores fazem uns aos outros. Por outro lado, entre os

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51

produtores que orientam sua produção para o mercado interno coexistem

condutas cooperativas e competitivas” (Lima e Miranda, 2000, p. 46).

(iii) Packing houses – instalações de acondicionamento e armazenagem das frutas;

(iv) Sistema de C&T representado por:

a. Embrapa que possui um centro de pesquisas em Petrolina desenvolvendo

pesquisas de viabilidade de culturas tanto para área de sequeiro, quanto para as

áreas irrigadas;

b. IPA (através da Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária do Estado) que

fornece assistência técnica e também realiza pesquisas em parceria com a

Embrapa e universidades;

c. Itep que possui um Centro Tecnológico em parceria com o Senai-PE que embora

seja destinado ao desenvolvimento da vitivinicultura poderá futuramente elaborar

estudos para a atividade produtiva de outras frutas;

d. Escolas técnicas e de nível superior que geram a base do conhecimento e formam

a mão-de-obra para o APL;

e. Sectma que pensa e implementa toda a política de C&T do Estado.

(v) Sebrae que desenvolve o “Programa de Qualidade Total Rural Fruticultura

Irrigada” que atende a um público de 16 associações e cooperativas de

pequenos fruticultores, totalizando 330 fruticultores associados e 100

fruticultores que estão organizados em grupos informais dos municípios de

Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista. O Programa tem por

objetivo fortalecer o APL, através da superação das barreiras de acesso ao

mercado nacional e internacional e aumento do volume de frutas

comercializadas. Para isso pretende-se: (a) aumentar em 40% o volume das

frutas comercializadas no mercado interno e 20% no mercado externo, até

dezembro de 2011, (b) ter 2 Centrais de Negócios implantadas e em

funcionamento, até dezembro de 2011 e (c) ampliar o número de pequenas

propriedades certificadas, passando de 70 para 200 empresas, até 2011;

(vi) Governo Federal que desenvolve as políticas de estímulo ao setor em parceria

com Governos Estaduais. Atua através dos seguintes ministérios:

a. Ministério da Integração Nacional que integra a Codevasf;

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52

b. MDIC que tem um política de apoio aos diversos APLs através do GTP-

APL.

Embora se possa concluir que este é um APL consolidado em termos de sua

institucionalidade, das cooperações entre seus agentes produtivos e de seu sistema de C&T que

fornece um diferencial de inovação, ainda existem alguns aspectos reconhecidos em diagnóstico

do BNB (2006) que precisam ser melhorados para garantir a sobrevivência futura do Arranjo. São

eles:

(i) Precariedade da infra-estrutura de segurança e de transporte;

(ii) O problema da salinização das terras;

(iii) Necessidade de se ampliar a base de apoio tecnológico;

(iv) Fraco controle fitossanitário;

(v) Carência de linhas de crédito;

4.6 APL DE LATICÍNIOS DO AGRESTE PERNAMBUCANO

O APL de leite e derivados do Agreste Pernambucano concentra-se nas microrregiões do

Vale do Ipanema, Vale do Ipojuca e Garanhuns e engloba 19 municípios23, tendo como principais

produtores: Pedra, Venturosa, Garanhuns, Correntes, São Bento do Una, Cachoeirinha e Altinho.

Pernambuco é o segundo maior produtor de leite do Nordeste, depois da Bahia, e o Agreste

Pernambucano responde por 85% de toda a produção do Estado que está atualmente em torno de

360 milhões de litros/ano. Considerado um consumo total de leite em Pernambuco de cerca de

600 milhões de litros/ano, envolvendo todas as formas de consumo (queijos, iogurtes, bebidas

lácteas, leite em pó e longa vida, sorvetes e biscoitos), a produção no Estado apresenta um déficit

diário da ordem de 40% (Sicsú e Hulak, 2005).

O Arranjo é composto predominantemente porque pequenos e médios produtores de leite in

natura que distribuem seus produtos para fábricas de processamento de maior porte, denominadas

de usinas de leite. O processamento envolve desde a embalagem do leite cru, passando por

23 Municípios levantados a partir do levantamento institucional do Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (MDIC, 2008). São eles: Garanhuns, Águas Belas, Angelim, Bom Conselho, Brejão, Caetés, Capoeiras, Correntes, Garanhuns, Iati, Itaíba, Jucati, Jupi, Lagoa de Ouro, Lajedo, Palmeirinha, Paranatama, Saloá, São Bento do Uma, São João, Terezinha.

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53

pasteurizações, até a própria transformação para fabricação de seus derivados (manteiga, queijo,

iogurtes, doces, etc). Essas usinas se encarregam de distribuir tais produtos ao mercado

consumidor. Esta é a lógica produtiva predominante do Arranjo, ou seja, de um lado os pequenos

produtores e fornecedores de leite, do outro, os grandes fabricantes e vendedores de leite e seus

derivados. Contudo, observa-se em menor proporção uma mescla de modelos, havendo grandes

usinas também produzindo leite in natura, bem como, pequenos produtores fabricando derivados

do leite e vendendo-o diretamente ao mercado.

Assim, o APL de leite e derivados do Agreste possui na sua base produtiva como principais

atores, os pequenos produtores do leite cru e as usinas de leite. Por uma questão de redução de

custos de logística, a lógica produtiva deste Arranjo impõe como regra de sobrevivência aos

pequenos produtores a cooperação para garantir uma oferta em escala suficiente para atender as

necessidades de compra das plantas processadoras. Como os pequenos fornecem pequenas

quantidades de leite cada um, é necessário que eles se organizem em associações ou cooperativas

para juntos abastecer as usinas. Surge, então, o terceiro ator da base produtiva deste APL, as

cooperativas/ associações de produtores de leite. Nessas cooperativas há, em geral, tanques

resfriadores para armazenar o leite in natura de seus associados para que as usinas possam

recolher a uma menor distância, uma maior quantidade de leite. Note que o papel das

cooperativas e associações não se restringe apenas à centralização do armazenamento do produto

de seus associados, observa-se também uma função importante de representação, juntamente com

os sindicatos, frente aos fazedores de políticas de incentivo ao setor. Exemplo do gênero é o

acesso ao Programa do Leite de Pernambuco (hoje intitulado Leite para Todos) e ao Incentivo à

Produção e Consumo do Leite (IPCL) do Ministério do Desenvolvimento Social.

O Programa do Leite de Pernambuco existe desde 2000 e surgiu com os objetivos de

incrementar a bacia leiteira do Estado e reduzir as deficiências nutricionais de populações

carentes. Para tanto o Programa selecionava indústria de laticínios e garantia a compra de leite

pasteurizado para distribuir ao público beneficiário, por outro lado exigia que essas indústrias

pagassem aos produtores de leite cru 50% do valor pago pelo Governo do Estado na compra do

leite pasteurizado. Antes da criação do Programa em 2000, a Parmalat (maior empresa da Bacia

na época, hoje já vendida à empresa gaúcha Bom Gosto) pagava aos produtores apenas R$ 0,23

por litro de leite, enquanto que o valor pago pelo Governo era de R$ 0,80 e 50% deste valor seria,

portanto, mais do que se pagava. Este Programa continua até hoje mesmo após a mudança de

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54

Governos. O IPCL é semelhante ao Programa do Leite de Pernambuco, sendo operacionalizado

pelos Governos Estaduais que entram com uma contrapartida de 15% a 20% dos recursos

federais destinados ao Programa.

Um aspecto interessante a ser ressaltado nas interações entre pequenos produtores e as

usinas de beneficiamento são os ganhos advindos deste processo. O primeiro tipo de ganho é o

estímulo ao associativismo, como já mencionado. Em seguida, tem-se que nessas transações são

compartilhadas experiências que vão desde a checagem de controle de qualidade por parte das

usinas para que os pequenos produtores operem, incluindo-se aí padrão sanitário, processo de

armazenagem, tecnologia de retirada de leite, etc; até a oferta de assistência técnica de produção.

Outro agente importante do APL é o Sebrae que desenvolve uma atuação permanente junto a

produtores de leite e empresas de laticínios, organizados em sindicatos, cooperativas e

associações, com os objetivos de aumentar o volume de negócios do setor leiteiro e melhorar a

qualidade do leite e derivados (ajudando as empresas a obterem mecanismos de controle de

qualidade, SIE e SIF). O APL tem também em seu sistema, órgãos de C&T representados pelo do

Senar-PE, IPA (através da Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária), Itep e Universidades

que desenvolvem pesquisas, executam projetos, oferecem cursos e fornecem assistência técnica.

Em resumo, a institucionalidade do APL é composta por:

(ii) Produtores de leite in natura que fornecem o produto para as usinas de

processamento;

(iii) Usinas de processamento do leite que embalam, pasteurizam o leite cru e o

transforma em produtos derivados;

(iv) Cooperativas, associações e sindicatos que têm o papel de armazenar e centralizar

distribuição da produção leiteira; representar o segmento junto aos fazedores de

políticas de incentivo ao setor;

(v) Sistema de C&T;

(vi) Governo Estadual que além de definir as políticas e ações de órgãos estaduais de

C&T (Sectma, Ipa e Itep), é responsável pelas políticas de estímulo ao setor,

através da Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária de Pernambuco;

(vii) Governo Federal que também desenvolve as políticas de estímulo ao setor em

parceria com Governos Estaduais;

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55

Assim como no caso dos demais APLs, não se pode falar em um sistema financeiro

pertencente a este Arranjo de laticínios. Os órgãos e suas linhas de financiamento estão

disponíveis para os agentes produtivos como um todo sem qualquer tratamento diferenciado para

os empresários que fazem parte de arranjos produtivos. Assim é recorrente observar que o acesso

ao crédito é mais facilitado para empresa, de maior porte e mais estruturada porque oferecem

menor risco e conseguem fornecer as garantias exigidas. Exemplo recente foi o financiamento do

BNDES para a fábrica Bom Gosto realizar a compra e reestruturação da Parmalat em Garanhuns.

As pequenas e micro empresas permanecem restritas ao crédito e o acesso a recursos, em geral, é

obtido através da participação em programas públicos de incentivo ao setor como os já

mencionados Leite para Todos e IPCL.

O futuro do APL de laticínios do Agreste Pernambucano, contudo, ainda enfrenta desafios

a serem superados, sobretudo no que diz respeito à modernização de seus processos produtivos e

de manejo e ao aprofundamento do capital social do setor. Sicsú e Hulak (2005) listam os

problemas relativos à tecnologia e argumentam que os mesmos podem ser amenizados com o

fortalecimento da atuação do sistema de C&T no APL:

(i) Baixo potencial genético do rebanho;

(ii) Manejo e ordenha inadequados;

(iii) Problemas sanitários e de profilaxia;

(iv) Limitação das instalações e base tecnológica;

(v) Baixa qualidade de alguns produtos;

(vi) Desqualificação da mão-de-obra;

(vii) Deficiente sistema de regulação (queijo coalho sem leite pasteurizado, por

exemplo);

(viii) Falta de capacitação técnica e gerencial;

(ix) Falta de tanques de resfriamento nas propriedades;

No que diz respeito ao capital social, Raposo et alli (2007) identificaram através de

realização de grupos focais junto a produtores rurais dos municípios de Buíque e Bom Conselho

um baixo grau de capital social24. Neste último município ficou evidenciado uma desestruturação

das cooperativas de produtores de leite à época da venda da Parmalat, revelando assim o alto grau

24 Bom Conselho pertence ao APL. Buíque, apesar de não constar na lista do APL segundo MDIC, localiza-se na mesma região e é beneficiado pelo Programa de Leite de Pernambuco.

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de dependência desses produtores das empresas líderes, que se comportam como monopsonistas.

Em Buíque, o grupo focal apontou para o problema da inadimplência no pagamento de

empréstimos solidários, decorrente de comportamentos oportunistas de alguns beneficiados.

Como a liberação de recursos fica condicionada à participação em algum tipo de organização

coletiva, muitos se associam apenas para garantir a realização de seus interesses,

despreocupando-se em cumprir regras e efetuar os pagamentos dos empréstimos, o que prejudica

os outros produtores, uma vez que estes financiamentos são concedidos na forma de consórcio,

por aval solidário.

4.7 O APL DE APICULTURA NO ARARIPE

A mesorregião do Araripe localiza-se no Sertão de Pernambuco, é constituída por dez

municípios: Araripina, Bodocó, Exu, Granito, Ipubi, Moreilândia, Ouricuri, Santa Cruz, Santa

Filomena e Trindade abrangendo uma área de 11.969,5 Km2, e conta com uma população de

218.538 habitantes (Censo de 2000).

A principal atividade econômica da região é caracterizada pela exploração da gipsita no

Polo Gesseiro do Araripe. A economia local é constituída também de atividades como:

Apicultura, Artesanato, extração da pedra cariri e Ovinocaprinocultura e exploração dos recursos

florestais como matriz energética (Governo de Pernambuco, 2007).

A Apicultura fortalece trabalho familiar, que representa 75% da atividade e apresenta

grande potencial econômico devido à diversidade de produtos e derivados que podem ser

extraídos da colméia ou do apiário e utilizados na indústria de alimentos, cosméticos medicina

preventiva, indústria química, farmacêutica, tintas, velas, etc. Além disso, seus produtos (mel,

cera, própolis, geléia real e apixotina) e possuem alto valor nutricional, sendo fontes importantes

como: magnésio, fósforo, cálcio, ferro, potássio, ácido ascórbico, ácido fólico, tiamina,

riboflavina, piridoxina, açúcares, glicose, levulose, sacarose, dentre outros (Barros, 2005).

A expansão desta atividade no Araripe é complementar à do gesso tendo em vista que

possibilita a conservação do meio ambiente, devido à necessidade de formação de pasto apícola

alimentação das abelhas. Logo, percebe-se que esta atividade constitui-se como economicamente

viável, ecologicamente correta e socialmente justa.. O GTP-APL/MDIC em 2008 identificou 13

estabelecimentos formais 13 informais no Araripe, a partir desse levantamento verificou a

existência de 700 empregos formais diretos, 2000 formais indiretos, 300 informais direto e 2000

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informais indiretos. A apicultura mesmo sendo uma atividade crescente em termo de emprego e

renda no Estado apresenta elevado grau de informalidade em relação a outros setores

agropecuários.

No Território do Araripe, é crescente a visibilidade que o APL da Apicultura promove por

meio de encontros, festivais do mel, onde são debatidas questões diversas relativas ao

desenvolvimento do arranjo. Constata-se que na região em todos os municípios os apicultores

estão organizados em associações e cooperativas, articuladas em fóruns constituído por

associações e órgãos públicos e privados. A organização associativa e empreendedora para gestão

do processo de desenvolvimento do APL na região, constitui uma diretriz importante do processo

de desenvolvimento territorial.

Foram identificados os seguintes atores no APL da Apicultura na mesorregião do Araripe:

i. Capacitação e Treinamento: Sebrae; Codevasf; Centro de Educação Comunitária Rural –

CECOR; Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não

Governamentais Alternativas – CAATINGA; Instituto de Tecnologia de Pernambuco

(ITEP) com a implementação do Centro Tecnológico em Trindade;

ii. Crédito e Financiamento: Banco do Brasil (BB) por meio de planejamento de ações de

DRS – Desenvolvimento Regional Sustentável; Banco do Nordeste do Brasil (BNB);

Ministério da Integração Nacional, através da Secretaria de Programas Regionais – que

executa o programa de desenvolvimento da mesorregião do Araripe, PROMESO – e

também pela Codevasf

iii. Infra-estrutura: Codevasf

iv. Articulação e Associativismo: Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São

Francisco e do Parnaíba (Codevasf);

v. Empreendedorismo e Investimentos: Governo do Estado/PRORURAL;

4.8 OS APLs DE PISCICULTURA DO SERTÃO DE ITAPARICA E DO AGRESTE

Em Pernambuco, existem duas regiões que concentram a atividade de piscicultura: a RD

do Sertão de Itaparica e do Agreste Pernambucano. A identificação desses APLs é fruto da atual

estratégia de desenvolvimento regional do Estado que, através da Secretaria Especial de

Articulação Social (Seas), tem realizado esforços para identificar concentrações produtivas que

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58

“apresentem potenciais para se tornarem APLs”.25 O caso da piscicultura é um exemplo do

gênero, pois consistem em APLs em formação que estão sendo fortemente induzidos pelo poder

público e por algumas empresas privadas que dominam diversas etapas da cadeia produtiva desta

atividade.

Embora já se identifique a atuação de atores que normalmente estão presentes num APL,

como instituições de pesquisa, de crédito, associações e, principalmente, órgãos do poder público,

as conexões entre esses agentes ainda são incipientes de forma que o sistema atualmente funciona

graças ao empenho do governo e não em função da cooperação dos agentes envolvidos ou de

ações de inovações tecnológicas ou de práticas empresariais. Entretanto, a decisão do Governo

em investir no desenvolvimento desses dois APLs se fundamenta num importante fato

econômico: o atual déficit da produção de pescados no Estado face ao potencial de ampliação da

oferta através da piscicultura que pode se beneficiar de recursos hídricos abundantes e fracamente

explorados. Dados disponíveis para 2005 mostram que produção de pescados de Pernambuco é

de aproximadamente 25 mil toneladas anuais e só atende a 30% da demanda estadual, que é de 86

mil toneladas. A piscicultura é responsável por apenas 4% desta produção, ou seja,

aproximadamente 1.000 toneladas (Ibama, 2007).

A vontade política do atual Governo do Estado para o desenvolvimento da piscicultura vai

além dos dois APLs já mapeados e apoiados. No documento intitulado Programa Integrado de

Apoio dos Arranjos Produtivos Locais: Diagnósticos e Propostas Preliminares (Seas, 2008), é

destacada a existência de outros reservatórios existentes no Estado e que merecem uma atenção

especial, na medida em que se constituem em grande potencial da produção e/ou extração de

pescados. Nesse sentido, salienta-se a presença de importantes reservatórios hídricos do Estado

como: Francisco Sabóia (Ibimirim), Entremontes (Parnamirim), Serrinha (Serra Talhada), Brotas

(Afogados das Ingazeiras), Chapéu (Parnamirim), Rosário (Iguaraci), dentre outros. Vale destacar

ainda o trabalho que vem sendo desenvolvido na Zona da Mata Sul, através do Centro Josué de

Castro e outros parceiros, promovido pelo Promata, focando principalmente a produção do

pescado voltado para agricultura familiar.

No que se refere à forma de funcionamento, pode-se dizer que os APLs do Sertão de

Itaparica e do Agreste possuem formas particulares de atuação. O primeiro APL já apresenta um

sistema produtivo mais organizado, pois dispõe de agentes atuando em todos os segmentos da

25 Esse é outro equivoco, percebido nas entrevistas com as instituições. Como será visto na Nota Técnica 5.

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59

cadeia, a saber: fornecimento de insumos, produção, beneficiamento e comercialização. No

Agreste, por outro lado, o APL se centra basicamente na produção familiar e associativista, tanto

da pesca artesanal, como da aqüicultura extensiva nos mananciais de água da região. Ainda não

existem indústrias de fornecimento de rações ou de beneficiamento, a produção é inferior em

volume a do APL do Sertão de Itaparica e a comercialização ocorre apenas em nível local, nas

feiras e mercados municipais. A seguir é apresentada uma caracterização de ambos os APLs

baseada no diagnóstico elaborado a partir do documento Programa Integrado de Apoio dos

Arranjos Produtivos Locais: Diagnósticos e Propostas Preliminares (Seas, 2008).

O APL do Sertão de Itaparica

O APL de piscicultura do Sertão de Itaparica engloba os municípios de Jatobá,

Petrolândia, Floresta e Itacuruba, que juntos são responsáveis pela produção de 250 toneladas de

pescados ao mês26. A criação acontece nos lagos de Itaparica e Moxotó, que possuem uma área

total de 900 Km2 e apresentam um potencial de produção de cerca de 100 mil toneladas de

pescado por ano.

Como já mencionado o APL, possui agentes produtivos em todos os segmentos da

atividade. Em termos de fornecimento de insumos, destacam-se a presença de quatro empresas,

sendo duas delas localizadas em Petrolândia e duas em Paulo Afonso na Bahia. Em Petrolândia,

há uma empresa de distribuição de ração (a Purina) e um centro de apoio ao produtor (da

Netuno). Em Paulo Afonso, há uma empresa de fabricação de tanques-rede (a Braspeixe) e uma

empresa de produção de alevinos (a AAT). O grande volume de produção do APL é realizado por

uma empresa privada, a Netuno, localizada em Itacuruba e que produz cerca de 150 t/ mês. O

restante da produção é de aproximadamente 100 t/ mês e é distribuído da seguinte forma: Jatobá

produz 80 t através de cinco associações de produtores, Petrolândia produz 10 t a partir de 1

associação e Itacuruba produz 8 t através de 2 associações. O beneficiamento é realizado pela

Netuno e a grande parte da comercialização se dá através de quatro empresas privadas, sendo que

duas delas são a Netuno e a Braspeixe que também operam em outros elos da cadeia de produção.

26 Note que esta média mensal corresponde a uma cifra anual de 3 mil toneladas que já é três vezes maior do que o total que foi produzido no Estado em 2005, via piscicultura continental (1.060 toneladas), conforme dados do Ibama (2007).

Page 60: NT 02 - PE

60

Há ainda uma menor escala da produção sendo comercializada por pequenos compradores ou

intermediários informais.

Note que neste APL há uma tendência à concentração tanto horizontal, quanto vertical,

pois 50% da produção é efetuada pela Netuno, existe um pequeno número de empresas nos

demais segmentos da cadeia e a Netuno e a Braspeixe atuam em mais de um desses segmentos.

Além dos agentes produtivos, o APL já conta com o apoio institucional de entidades do

poder público de vários níveis, no que se refere a: (i) oferta de assistência técnica (IPA); (ii)

viabilização de licenciamentos e outorgas para uso das águas junto à SEAP/PR (Secretaria

Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República), CPRH (Agência Estadual de Meio

Ambiente e de Recursos Hídricos), Capitania dos Portos, ANA (Agência Nacional de Águas) e

SPU (Secretaria de Patrimônio da União) e (iii) financiamento a pequenos piscicultores através

do Prorural/Seplag (não reembolsável), MDA, Codevasf, Petrobrás, BNB e BB. Outros apoios

são frutos de parcerias entre órgãos governamentais e não-governamentais, como o

desenvolvimento de ensino e pesquisa que conta com o apoio do Instituto Xingó e UFRPE. O

associativismo do APL é representado por associações e colônias de pescadores, sindicatos

rurais, igrejas, empresas privadas e conselhos municipais de desenvolvimento. O Sebrae também

desenvolve ações nas áreas de capacitação e estímulo ao associativismo.

A consolidação deste APL dependerá, contudo, da superação de alguns obstáculos

identificados no referido diagnóstico do Governo do Estado, são eles:

• Dificuldade para obtenção do licenciamento ambiental e emissão de outorga d’água;

• Custo de produção elevado (ração), o que é uma conseqüência direta da pequena

quantidade de fornecedores presentes no APL;

• Más condições das estradas de acesso às unidades produtivas;

• Ausência de uma linha de crédito específica para a tilapicultura;

• Falta de capacitação técnica e gerencial dos produtores;

• Técnicos insuficientes para dar apoio e suporte aos piscicultores;

• Falta de envolvimento contínuo dos produtores para o fortalecimento do cooperativismo e

associativismo;

• Pouca oferta de alevinão

O APL do Agreste

Page 61: NT 02 - PE

61

O APL de piscicultura do Agreste Pernambucano engloba os municípios de Bonito, Belo

Jardim, Cumaru, Frei Miguelinho, Pedra, Pesqueira, Riacho das Almas, São Joaquim do Monte,

Surubim e Venturosa. A região dispõe de seis barragens que acumulam uma capacidade máxima

superior a 450.000.000 m3, oferecendo boas condições para o desenvolvimento da pesca e da

piscicultura. A piscicultura nesta região ocorre tanto através da pesca artesanal, como também a

partir de sistemas de cultivo intensivo. A produção é realizada basicamente em regime familiar e

tem como ponto de destaque a organização das colônias e associações de pescadores através do

Conselho do Pólo Pesqueiro do Agreste (Copesca), que vem trabalhando para ordenar a

pesca/piscicultura na região, objetivando melhorar as condições socioeconômicas das famílias

envolvidas na atividade. São dez associações e colônias de pescadores vinculadas ao Copesca que

possuem mais de 400 sócios e que produzem uma média de 60 t de pescado mês. As espécies

mais comercializadas são: piaba, traíra, piau e tilápia, sendo esta última a mais procurada.

Assim como no caso do APL do Sertão de Itaparica, o APL do Agreste também é

fortemente induzido pelo apoio do poder público, mas se diferencia do primeiro na medida em

que sua produção é mais artesanal e baseada em regime de associativismo. O APL do Agreste só

possui agentes produtivos basicamente na esfera da produção. No segmento de insumos, há uma

estação de produção de alevinos em Bonito e trabalhadores autônomos, nos vários municípios do

APL, confeccionando redes de pesca e pequenas embarcações de madeira. A comercialização é

realizada predominantemente in natura em feiras e mercados locais e o APL ainda carece de

empresas de beneficiamento e canais de comercialização.

Além dos agentes produtivos, o APL já conta com o apoio institucional de entidades do

poder público de vários níveis no que se refere a: (i) oferta de assistência técnica (IPA); (ii)

viabilização de licenciamentos e outorgas para uso das águas junto à SEAP/PR, CPRH, Capitania

dos Portos, ANA e SPU; (iii) financiamento a pequenos piscicultores através do Prorural/Seplag

(não reembolsável) e BB; (iv) financiamento à infra-estrutura de apoio à produção através do

Prorural/Seplag e (v) disponibilização de kits para comercialização através da Seap. Outros

apoios são frutos de parcerias entre órgãos governamentais e não-governamentais, como o

desenvolvimento de ensino e pesquisa que conta com o apoio da Sara, UFRPE (POSMEX), IPA

e Senar. O associativismo do APL é representado pelo Copesca que congrega as associações e

colônias de pescadores e pelos sindicatos rurais.

Page 62: NT 02 - PE

62

A consolidação deste APL dependerá, contudo, da superação de alguns obstáculos

identificados no referido diagnóstico do Governo do Estado, são eles:

• Dificuldade para obtenção do licenciamento ambiental e emissão de outorga d’água;

• Múltiplo uso dos recursos hídricos;

• Más condições das estradas de acesso às unidades produtivas;

• Ausência de uma linha de crédito específica para a tilapicultura;

• Falta de capacitação técnica e gerencial dos produtores;

• Técnicos insuficientes para dar apoio e suporte aos piscicultores;

• Falta de envolvimento contínuo dos produtores para o fortalecimento do cooperativismo e

associativismo;

• Ações difusas, muitas vezes paralelas entre as entidades governamentais;

• Carência de infra-estrutura para devida recepção, armazenamento, beneficiamento e

comercialização do pescado;

• Desmatamento, poluição e desertificação.

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63

CAPÍTULO 5

OS DEMAIS ARRANJOS NÃO APOIADOS

Em Pernambuco, não foram identificados APLs que já tenham sido reconhecidos em

mapeamentos/ listagens e não recebam algum tipo de apoio. O que existe são arranjos que ora

estão sendo fracamente apoiados, ora estão tendo uma política desvirtuada, com um desenho

inapropriado para APLs. O que ocorre é que uma vez identificado como um arranjo produtivo,

por qualquer listagem que seja, ele não costuma sair desta listagem, mas pode não receber o

apoio na mesma intensidade ao longo do tempo. Sendo assim, cada instituição tem uma espécie

de lista dos favoritos. Por exemplo, para o GTP-APL do MDIC os APLs prioritários são:

apicultura - Araripina, caprinovinocultura – Floresta, confecções - Caruaru, fruticultura –

Petrolina, gesso – Araripina, laticínios – Garanhuns, TIC – Recife. Para o Sebrae, os APLs de

movelaria e de floricultura de Gravatá perderam importância no seu apoio. O Itep elegeu os APLs

de vitivinicultura, gesso, confecções e laticínios para construir seus Centros Tecnológicos.

A próxima subseção tem por objetivo apresentar os arranjos produtivos já identificados

em Pernambuco, mas que não estão sendo estimulados por políticas adequadas para APLs no

estado. Dentro deste grupo encontram-se os APLs de: Ovinocaprinocultura de várias regiões do

Estado; Audiovisual de Recife; Saúde da RMR; Música e Ritmos de Recife, Olinda e Zona da

Mata; Artes Plásticas e Artesanato de Olinda e Artesanato de várias regiões do Estado (ver mapa

do Anexo 5). Por outro lado, serão também apresentados na subseção 5.2 aqueles APLs que ainda

não foram enxergados por mapeamentos/ listagens estaduais, mas que já funcionam tipicamente

como um arranjo produtivo, recebendo inclusive apoio de uma base institucional, são eles: APL

de Polímeros da RMR; APL de eventos: “Caruaru - A Capital do Forró”; APL de TIC de Olinda,

APL de Turismo e Cultura de Porto de Galinhas e APL da Agricultura Familiar Orgânica da

Zona da Mata (ver mapa do Anexo 6).

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5.1. Os arranjos identificados nos mapeamentos existentes e que não estão sendo estimulados

por políticas para APLs no estado

5.1.1 APL DE OVINOCAPRINOCULTURA EM DIVERSAS REGIÕES DO ESTADO27

A caprinovinocultura brasileira, assim como a pernambucana é considerada uma atividade

econômica em expansão, a qual é impulsionada pelo aumento do consumo interno de seus

produtos alimentares (carne, leite e derivados) e pela demanda crescente tanto interna, quanto

externa de seus produtos não alimentares, no caso do Nordeste, as peles. Essa atividade, que em

anos atrás mostrava pouca importância econômica, limitando-se apenas à subsistência das

pequenas populações rurais do Sertão nordestino, hoje, aparece como um agronegócio emergente,

com possibilidades de gerar renda, empregos, divisas e inclusão social no Nordeste e em todo

país.

O Brasil, conforme dados do IBGE 2005, possui um rebanho de cerca de 10 milhões de

cabeças de caprinos e de 15 milhões de cabeças de ovinos. Esses rebanhos estão concentrados

principalmente no Nordeste onde se encontra respectivamente 92,58% e 58,44% do efetivo

nacional. O Estado de Pernambuco com um rebanho de 1,6 milhões de caprinos representa cerca

de 17% do efetivo do Nordeste destacando-se como segundo maior rebanho da região, sendo os

municípios de Floresta com 210.000 cabeças (13%); Sertânia com 92.000 cabeças (5,74%);

Carnaubeira da Penha com 83.000 cabeças (5,19%); Parnamirim com 78.000 cabeças (4,88%) e

Petrolina com 78.000 cabeças (4,87%), onde se concentram os maiores rebanhos.

No que concerne a ovinos, Pernambuco com um efetivo de mais de 1 milhão de cabeças é

o quarto maior rebanho do Nordeste representando 11,71% do efetivo ovino nordestino,

destacando-se os municípios de Dormentes com 74.200 cabeças (6,95%), Sertânia com 66.000

cabeças (6,18%), Afrânio com 42.400 cabeças (3,97%), Petrolina com 40.600 cabeças (3,80%) e

Floresta com 40.000 cabeças (3,74%).

Os principais produtos oriundos da caprinovinocultura são: a carne, a pele, a lã, o leite e

seus derivados. No que se refere à produção de carne, mesmo com um elevado crescimento de

27 As informações estatísticas e caracterização das regiões produtoras foram obtidas do documento do Governo do Estado de Pernambuco, intitulado “Programa integrado de apoio aos arranjos produtivos locais”, elaborado pela Secretaria Especial de Articulação Social, em Fevereiro de 2008.

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65

demanda observado nestes últimos anos, esse produto ainda apresenta um baixo consumo per

capita no Brasil, em torno de 1,5 a 2,0 kg/habitante/ano.

Dados publicados pela pesquisa do orçamento familiar (POF/IBGE 2003) revelou que o

Nordeste é a região brasileira onde se consome mais carne de caprinos e ovinos. Em Pernambuco,

estudos realizados pelo Sebrae, apontam para um consumo interno bastante heterogêneo, em que

a região de Petrolina se destaca com um consumo per capita de 12kg/habitante/ano, enquanto que

a média do consumo estadual é de 582g/habitante/ano.

O governo do Estado estabeleceu, dentro do Programa Integrado de Apoio aos Arranjos

Produtivos Locais, uma hierarquia de áreas produtoras de caprinovinocultura para fins de

intervenção das ações, ou seja, considerou aquelas regiões de desenvolvimento e municípios onde

a atividade de caprinovinocultura é mais expressiva e já estejam sendo realizadas ações

estruturadoras que necessitem de apoio a curto e médio prazos, visando o fortalecimento e

consolidação do APL. A escolha se deu entre os municípios com os 40 maiores efetivos de

caprinos e ovinos que possuem programa de assistência técnica e extensão rural de instituições

diversas, apresentam características favoráveis para o desenvolvimento do agronegócio de

caprinovinocultura e dispõem de ações estruturadoras implantadas, paralisadas ou em andamento,

tais como: abatedouros, frigoríficos, curtumes, indústrias de laticínios, mini-usina de leite de

cabras, central genética, etc.

Neste contexto, os territórios de concentração na atividade econômica receberam a

seguinte delimitação conforme RD (Região de Desenvolvimento) e municípios que as compõem:

- RD-Araripe: Granito, Ouricuri, Santa Cruz e Santa Filomena

- RD-São Francisco: Afrânio, Dormentes, Petrolina, Lagoa Grande, Santa Maria

da Boa Vista, Orocó e Cabrobó;

- RD-Itaparica: Belém do São Francisco, Itacuruba, Carnaubeira da Penha,

Floresta, Petrolândia, Jatobá e Tacaratu;

- RD-Sertão Central: Parnamirim, Terra Nova, Serrita, Salgueiro, Mirandiba,

Verdejante e São José do Belmonte;

- RD-Pajeú: Serra Talhada, Carnaíba, Flores, Afogados da Ingazeira, Iguaraci,

Tuparetama, São José do Egito e Itapetim;

- RD-Moxotó: Betânia, Custódia, Sertânia, Arcoverde, Ibimirim, Inajá e Manari.

Page 66: NT 02 - PE

66

O mapa abaixo dá uma visualização dos territórios de concentração do APL

caprinovinocultura.

Mapa 2 Territórios de concentração de caprinovinocultura em Pernambuco

Fonte: Governo de Pernambuco, Secretaria Especial de Articulação Social, 2008.

Como se observa pela distribuição espacial do mapa, a produção de caprinovinocultura,

não obstante as áreas de concentração apontadas, está disseminada por toda região semi-árida do

Estado. Uma política pública baseada no desenvolvimento de APLs deverá aprofundar o

conhecimento e conseqüente aperfeiçoamento dos mecanismos de interação entre as estruturas

coletivas que articulam produtores, empresas e órgãos governamentais de apoio e fomento de

cada arranjo das RDs citadas.

Apesar do grande potencial para a produção de carnes caprina e ovina, nota-se que ainda

não se consegue atender a demanda interna, sendo que um dos motivos são os sistemas de

produção ineficientes, sem padronização e com baixa qualidade. Por outro lado, embora, em sua

maior parte, a criação seja feita de forma extensiva, o rebanho, por sua expressão quantitativa,

apresenta um grande potencial para alavancar um agronegócio de grande expressão na região,

Page 67: NT 02 - PE

67

desde que ações simultâneas de melhoria da qualidade genética e de saúde animal sejam

desenvolvidas.

No que se refere às peles de caprinos e ovinos esses são produtos de grande valor nos

mercados nacional e internacional, entretanto, o elevado percentual de defeitos com que as

mesmas chegam aos curtumes, desvaloriza o produto diante das exigências do mercado. A

produção do leite de cabra e seus derivados, apesar de suas características mais adequadas à

saúde do que o leite de vaca, é ainda pouco explorada. Em Pernambuco a demanda ainda é

incipiente, o hábito de consumir leite de cabra é muito baixo, sobre fortes influências de fatores

culturais; dessa forma, o consumo ainda está muito direcionado a situações específicas, como

para atender a pessoas alérgicas a leite de vaca e idosos. Associado à demanda incipiente soma-se

ainda outro obstáculo: um sistema montado e pautado ainda em transações feitas no mercado

livre que aponta para um forte nível de informalidade nas relações comerciais entres os agentes

da cadeia produtiva.

O Governo do Estado de Pernambuco através da Secretaria de Agricultura realiza desde

2006 o “Programa de Apoio a Caprino-ovinocultura". Uma justificativa do Programa é

modernizar e fixar no campo esta atividade econômica, já que a população rural vem diminuindo

e a quantidade de pessoas ocupadas na agricultura em 2006 em Pernambuco, situava-se em

patamar inferior em relação a 10 anos passados, enquanto que o rebanho da caprinocultura

pernambucana em 2006 era praticamente o mesmo registrado no Censo Agropecuário de 1996,

no que pese o crescimento demográfico ocorrido no período. O Programa atua nos seguintes

segmentos: i) Assistência Técnica; ii) Formação de Pastagens; iii) Perfuração de Poços e

Construção de Açudes; iv) Introdução de Novas Matrizes e Reprodutores; v) Sanidade Animal. A

meta do Programa é aumentar em 80% o plantel de ovinos e caprinos do Estado até 2015.

Programas de compras governamentais como Leite de Todos, coordenado pela Secretaria

de Agricultura e Reforma Agrária, que adquire e distribui 3.224 litros de leite de cabra/dia para

famílias carentes, bem como, ações de algumas prefeituras que inserem o produto em seus

programas sociais, tem contribuído para o aumento do consumo do leite de caprino no estado.

Além disso, há projetos em execução com implantação de laticínios e mini-usina de leite de

cabras em alguns municípios, como é o caso de Arcoverde, Sertânia, Iguaraci, São José do Egito

e Petrolina, o que indica uma atividade emergente.

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68

Na mesorregião do Araripe – confluência dos sertões de Pernambuco e Ceará e que, em

Pernambuco, abrange os municípios RD Araripe: Araripina, Bodocó, Exú, Granito, Ipubi,

Moreilândia, Ouricuri, Santa Cruz, Santa Filomena, Trindade –, o Ministério da Integração

Nacional leva adiante o Promeso (Programa de Promoção da Sustentabilidade de Espaços Sub-

regionais), que incentiva a interface entre as diversas ações do governo em espaços específicos,

as chamadas mesorregiões diferenciadas, que são territórios envolvendo regiões de um ou mais

Estados que compartilham características comuns em cultura, questões socioeconômicas,

políticas e ambientais.

Para o segmento de ovino-caprinocultura estão sendo investidos em parceria com o

Sebrae a utilização de Unidades Móveis de Apoio e Transferência de Tecnologia, também

conhecido como “Bodemóvel”. Esta ação permitirá também a capacitação, a difusão de

tecnologias, a assistência técnica e o controle de sanidade animal. Também promoverá

capacitações para técnicos especialistas e agentes de desenvolvimento rural para atuarem na

assistência técnica.

Um fator preponderante para a institucionalidade da região do Araripe é o Fórum da

Caprinovinocultura na Região do Araripe, que promove feiras municipais de caprinos e ovinos

proporcionando visibilidade e impulsionando o desenvolvimento deste APL na região. No que

concerne as lideranças locais e governança, várias instituições em todas as regiões de

desenvolvimento têm apoiado a caprinovinocultura, entre as quais a Federação de Agricultura do

Estado de Pernambuco (FAEPE) por meio da Comissão Estadual de Caprinovinocultura, a

Associação Pernambucana dos Criadores de Caprinos e Ovinos (APECCO), a Cooperativa

Central Agrícola do Nordeste (COCANE), as diversas organizações de criadores municipais com

destaque para: a Associação de Criadores de Ovinos e Caprinos da Mesorregião do Araripe

(ACOCAMA) com sede em Ouricuri; Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos de

Araripina e Região (ACOAR); a Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos de Granito

(ACOCAG); a Cooperativa Agrícola Mista de Parnamirim (COAMPAR); a Associação de

Criadores de Caprinos e Ovinos de Petrolina e Região (ASCCOPER); Cooperativa dos Criadores

de Caprinos e Ovinos de Floresta (COOPERCAPRI); Associação de Criadores de Caprinos e

Ovinos de Serra Talhada (ACCOST); Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos de Sertânia

(ACCOSE); Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos do Alto Pajeú (ACOAPA);

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69

Cooperativa dos Criadores de Caprinos e Ovinos do Distrito de Jabitacá (CODJA) e a Associação

de Criadores de Caprinos e Ovinos de Tuparetama (ACCOTAMA).

Algumas lideranças tem se destacado e mobilizado esforços no sentido da organização e

do fortalecimento da caprinovinocultura no Estado: Dr. Francisco Leite Perazzo, que preside a

Comissão Estadual de Caprinovinocultura; Dra. Maria Auxiladora B. de Vasconcelos do Sebrae -

Serra Talhada, mobilizando toda a cadeia produtiva no Estado e enfatizando o Agronegócio;

Professora Maria Cristina Coelho da UFRPE conduzindo os trabalhos de sanidade entre outras

lideranças e profissionais ligados ao setor.

Vários criadores e representantes de organizações no interior de Pernambuco também têm

se destacado como lideranças no apoio ao desenvolvimento da caprinovinocultura como Edimir

Manoel de Souza, presidente da COOPERCAPRI do Município de Floresta, Carlos Antonio

Holanda Alencar da ACOCAMA, Maurílio Oliveira Antonino do Sindicato Patronal de Ouricuri,

Flaviano Chaves Farias da ACOCAG de Granito, Lívio Chaves do Centro de Excelência de

Derivados de Ovinos e Caprinos (CEDOC) do município de Sertânia e Geovane Bezerra Feitosa,

Presidente da ACCOSE de Sertânia. Além desses, destacam-se também empresários com maior

infra-estrutura como Marcelo Rufino em Sertânia, Manasses de Melo Rodas (APECCO) e Luiz

Felipe Brenand. O pecuarista pernambucano Brenand é um empreendedor que vem investindo na

melhoria da genética dos animais, quando adaptou às condições do semi-árido a raça de caprinos

Boer, de origem sul-africana, criando o rebanho Caroatá, do qual obtém alta taxa de fertilidade e

carne de qualidade.

No tocante à governança, articulação e apoio de órgãos externos, muitas instituições estão

envolvidas com a questão da economia da caprinovinocultura de Pernambuco, dentre as quais se

destacam as relaciondas a seguir:

- Desenvolvimento Tecnológico e Pesquisa: Embrapa, através do Centro de

Pesquisa do Trópico Semi-Árido (CEPATSA), Empresa Pernambucana de

Pesquisa Agropecuária (IPA); e Universidade Federal Rural de Pernambuco;

Banco do Nordeste do Brasil.

- Capacitação e Treinamento dos Pequenos e Médios Produtores: Sebrae e

Senar; Codevasf; Universidades Federais; Cefet; Centro de Educação

Comunitária Rural – Cecor; Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e

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70

Instituições Não Governamentais Alternativas – Caatinga; Projeto Dom Hélder

Câmera (PDHC/MDA).

- Controle da Qualidade e Tecnologias Direcionadas para o processamento de

carne: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, por intermédio do Centro

Nacional de Tecnologia de Alimentos.

- Apoio à comercialização e à articulação entre agentes da cadeia produtiva do

arranjo: Senar; Sebrae, Federação de Agricultura do Estado de Pernambuco

(Fetape); Fórum da Caprinovinocultura na Região do Araripe; Projeto Dom

Hélder Câmera (PDHC/MDA).

- Crédito e Financiamento: Banco do Brasil (BB); Banco do Nordeste do Brasil

(BNB) e Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

- Articulação e Associativismo: Associação Pernambucana dos Criadores de

Caprino e Ovinos (Apecco); Codevasf; Associação de Criadores de Caprino e

Ovinos de Petrolina e Região (Asccoper); Associação Agropecuária do Vale

do São Francisco – Aprisco do Vale; Projeto Dom Hélder Câmera

(PDHC/MDA).

- Infra-estrutura: Codevasf; Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar (PRONAF); BNB.

- Assessoria Técnica e Extensão Rural: Codevasf; Governo do Estado de

Pernambuco; Centro de Educação Comunitária Rural – Cecor; Centro de

Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não Governamentais

Alternativas – Caatinga.

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71

5.1.2 APL DO AUDIOVISUAL DE RECIFE

A produção do audiovisual concentra-se na capital do Estado, no entanto, entre essas

atividades é o cinema que se destaca como um bem de raiz desde 1920, vencendo ciclos

consecutivos devido a sua territorialidade, prova da sustentabilidade do APL. Este é um dado que

foi destacado pelo Sebrae-PE em pesquisa que realizou em 2005 e confirmado pela pesquisa

RedeSist/Sebrae Nacional em 2008. Recife detém 94% da produção de filmes enquanto Caruaru,

Garanhuns e Petrolina juntos representam os 6% restantes do total estadual.

Gráfico 1 Distribuição da produção de filmes em PE, 2005

94%

6%

Recife Caruaru, Garanhuns, Petrolina Fonte: elaboração própria com dados do Sebrae-PE 2005

Há uma expressiva presença de um grande número de atores organizacionais que se

relacionam com as produtoras e demais profissionais como pode ser visto na figura a seguir. Eles

têm políticas bem definidas para o APL. No entanto, a exceção é a UFPE e o Sebrae-PE, esses

atores não se vêem como membros de um APL embora haja algumas cooperações importantes.

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Cooperação Parceria e apoio Apoio Relação de hierarquia

Universidades

GOVERNO FEDERAL

MinC

FUNDAJ

CTAV/CANNE

MEC

Órgãos Públicos

GOVERNO ESTADUAL

MISPE

FUNDARPE

CTDC

SECTMA

PREFEITURA DE RECIFE

FUNDAÇÃO DA CULTURA

GERÊNCIA DO AUDIOVISUAL

ABD

Associação PRODUTORAS

CINE PE

PROFISSIONAISSindicatos

SATED

SAP

UFPE AESO UNICAP Maurício de Nassau

Figura 1 Agentes do APL de audiovisual de Pernambuco

Fonte: Moutinho et all (2008)

A figura acima é esclarecedora dos elos de parcerias e de cooperação entre os atores do

APL. O detalhamento dessas relações será delineado a seguir, com o auxílio do quadro 5.

Page 73: NT 02 - PE

73

Quadro 5

Cooperação através dos equipamentos de exibição

Ator Objetivo Função Cooperação Ações/

Público Alvo Cinema Apolo Exibir filmes

alternativos de lançamento

Ação de desenvolvimento e formação de platéia através da programação de filmes alternativos, e mostras especiais e Festivais.

Cooperação com o Governo do Estado, Minc, Chesf, ABD, Produtores cinematográficos em geral, e distribuidores

Convida produtoras e produtores independentes para exibirem e falarem de seus trabalhos; Mostras especiais de filmes (de Israel, e Suécia, em 2005); Festival do Panorama Recife de Documentários (desde 2003); Festival Internacional de Curtas (desde 2002)/ Expectadores mais críticos

Cinema do Parque Exibir filmes para grandes públicos, que já foram exibidos em salas comerciais.

Garantir a exibição para um grande público, a um preço reduzido de R$ 1,00

Cooperação com o Governo do Estado, Minc, Fundaj, Chesf, ABD, Produtores cinematográficos, distribuidores e salas comerciais.

Mostras de Curtas Pernambucanos; Festival de Vídeo de Pernambucano; Festival de Vídeo de 1 Minuto (a partir de 2005)/ Grande Público

Grupo Severino Ribeiro/UCI

Exibir Filmes comerciais do tipo “blockbusters”, direcionados para um grande público

Atender a demanda de expectadores desses filmes

Distribuidores Doação de renda equivalente a 1 dia da programação de filme, ao Hospital Infantil, (esporadicamente) Exibição gratuita para as entidades carentes (esporadicamente) Grande público em geral

Box Cinemas do Brasil

Exibir filmes comerciais do tipo “blockbusters”, direcionados para um grande público

Atender a demanda de expectadores desses filmes

Distribuidores Projetos sociais com escolas e entidades carentes/Grande público em geral

Fonte: elaboração própria; Moutinho et all, 2008.

Na oportunidade da produção de um filme, a produtora ou o produtor independente

mobiliza os demais participantes e o apoio técnico necessários àquela produção. Esses não têm

contrato formal e são remunerados na maioria das vezes, semanalmente. Destaque-se que, os

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74

escritórios recorrem com freqüência aos sindicatos do APL para reunir os artistas, não

necessariamente o da categoria cinema, mas todos os que têm alguma ligação mesmo que indireta

com aquela atividade. Há no APL um diversificado conjunto de entidades e organizações

envolvidas com o audiovisual.

O detalhamento da institucionalidade do APL e de suas ações revelam que há na prática

um sistema local de cinema que ainda não tem uma governança bem definida porém deixa

dúvidas se não seria compartilhada entre governo do estado, através da Fundação do Patrimônio

Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que

vêm atuando de forma decisiva na dinâmica do APL como pode se observado a seguir.

O plano de ação do governo para a área do audiovisual segue a filosofia da política

cultural dos últimos governos, em suas três esferas (federal, estadual e municipal), que tem se

pautado pela integração de suas políticas através de um processo de consolidação do modelo

democrático, regionalizado e com inclusão social correspondendo, portanto, à identidade plural

do estado.

Nessa perspectiva, foram destinados às atividades do audiovisual R$ 5,3 milhões, em

2007, através do Programa de Incentivo ao Audiovisual de Pernambuco, visando desde a

aquisição de equipamentos até a realização de festivais e mostras. Visando ampliar a produção

local e revelar novos talentos, um entre os vários eventos que se realizam em Recife ressalta-se a

título de ilustração de cooperação governamental o Festival de Vídeo de Pernambuco que é uma

realização da Fundarpe que em cooperação com o Governo do Estado, através de sua Secretaria

de Educação e a Prefeitura do Recife fomentam, organizam e realizam o evento há nove anos. O

Governo do Estado também apóia o Cine-PE, que é o maior dentre esses festivais. Realiza-se

anualmente no Centro de Convenções em Recife/Olinda e se trata de um evento central e de

grande porte que movimenta o APL. Considerado como um dos principais atrativos turísticos do

estado e festa comemorativa central do APL. Trata-se de uma mostra competitiva de filmes de

longas metragens e curtas metragens brasileiras, finalizadas no ano anterior à realização do

evento que são exibidos em vídeo, captados em câmera digital, exibidos em bitola 35 mm ou em

projetor digital. Essa produção sistematicamente vem sendo premiada com a denominada

“honraria máxima do Festival” após a seleção do júri oficial do Festival, com os prêmios do

melhor vídeo, o melhor diretor, o melhor roteiro e a melhor montagem para curtas-metragens em

vídeos.

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75

Para os curtas-metragens brasileiros, exibidos em bitola 35 mm, inscritos nas categorias

de ficção, animação e documentário, há premiação para: o melhor diretor, o melhor roteiro, a

melhor fotografia, a melhor montagem, a melhor edição de som, a melhor trilha sonora, a melhor

direção de arte, o melhor ator e a melhor atriz, perfazendo um total de dez prêmios. No caso de

longas-metragens brasileiros, exibidos em bitola 35 mm ou em projetor digital, são premiadas as

categorias de: melhor longa metragem brasileiro do Cine-PE/2008, a melhor direção, o melhor

roteiro, a melhor fotografia, a melhor edição de som, a melhor montagem, a melhor trilha sonora,

a melhor direção de arte, o melhor ator coadjuvante, a melhor atriz coadjuvante, o melhor ator e a

melhor atriz, totalizando 12 prêmios.

A Política do Ministério da Cultura (MinC) não está voltada especificamente para o local.

Como órgão federal pensa suas políticas para o país como um todo, porém com um recorte

regional, um recorte estadual e um recorte local. O Ministério trabalha a parte de fomento,

diretamente através de editais e no que tange aos APLs, pode-se dizer que esses estão

contemplados no Programa Mais Cultura, que é o PAC da Cultura, e que prevê investimentos da

ordem de R$ 4,7 bilhões no País até 2010.

Outra forma de financiamento disponível para o APL está baseada na Lei Rouanet e na

Lei do Audiovisual sob gestão da Agência Nacional do Cinema (Ancine). Esta última é uma Lei

de investimento na produção e co-produção de obras cinematográficas / audiovisuais e infra-

estrutura de produção e exibição através do imposto de renda de pessoa física e pessoa de

jurídica. Nesse caso, um percentual do imposto de renda, é repassado para o realizador do

projeto. A Lei Rouanet, por sua vez, contempla diversas atividades culturais que não somente as

de audiovisual. Concebida em 1991 para incentivar investimentos privados, de empresas e

pessoas físicas, em projetos culturais. Ela funciona sob duas formas, na forma de mecenato e na

forma do fundo.

O mecanismo de incentivo fiscal, mais conhecido como mecenato, viabiliza benefícios

fiscais para investidores que apóiam projetos culturais sob forma de doação ou patrocínio.

Empresas e pessoas físicas podem utilizar a isenção em até 100% do valor no imposto de renda e

investir em projetos culturais. Além da isenção fiscal, elas investem também em imagem

institucional e em marca. Portanto, o mecanismo do Mecenato se inicia com a apresentação de

um projeto que, quando aprovado, recebe um número que o autoriza a captação de recursos em

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76

empresas. Esses recursos correspondem a um percentual do imposto de renda que a empresa iria

pagar ao Governo Federal, mas que este renuncia.

O fundo, por outro lado, tem seu mecanismo de execução iniciado do mesmo modo que

no mecenato, ou seja, mediante a apresentação de um projeto que, em sendo aprovado, o governo

repassa diretamente para a conta do autor o recurso solicitado ou um valor menor cujo montante é

determinado a partir de um tráfego de idas e vindas do projeto para ajustes. Os projetos do Fundo

contemplam a filosofia do Governo Federal de inclusão social.

No primeiro semestre de 2008, foram lançados editais que perfizeram o valor de mais de

R$ 9 milhões para o audiovisual e especial para o cinema. Os editais contemplaram todos os

formatos: longa metragem de baixo orçamento, curta metragem, curta para animação. Tem um

programa chamado Revelando os Brasis que é para cidades com até 20 mil habitantes, onde as

pessoas inscrevem suas idéias e, uma vez selecionadas, vão participar de uma capacitação no Rio

de Janeiro. Na capacitação, elas vão aprender a roteirizar seu produto, a captar as suas imagens e

a editar o seu audiovisual.

O Ministério da Cultura incluiu Pernambuco entre as seis representações estaduais do

Ministério da Cultura compondo os colegiados, diretamente relacionado ao Ministro: o Conselho

Nacional de Políticas Culturais - CNPC e o Conselho Nacional de Incentivos à Cultura-CNIC.

Adicionalmente, outra via de atuação do Ministério no Estado, acontece através de duas

Fundações e quatro Autarquias. Fazem parte do primeiro grupo: o Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional -IPHAN e a Agência Nacional de Cinema – Ancine. Entre as

Autarquias, encontram-se: a Fundação Nacional das Artes – Funarte, Fundação Cultural

Palmares-FCP, a Fundação Casa de Rui Barbosa-FCRB, e a Fundação da Biblioteca Nacional.

O MinC não é um órgão executor, é um órgão político. Por exemplo, ele não tem um

programa de capacitação profissional e de treinamento no APL, mas promove apoio nesse

sentido, tal como o de financiamento de programas de bolsas para o exterior através da Funarte.

Nesse sentido, mesmo que a política não seja direcionada especificamente para o APL, tem sido

de importância vital para seu dinamismo atual e futuro, considerando que o retorno verificado

recentemente de profissionais de seu período de capacitação no exterior tem influenciado no

elevado nível de formação e capacitação dos seus agentes produtores culturais, conforme

detectado através da pesquisa de campo.

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77

Entre as principais ações do MinC, que afetam o APL do audiovisual do estado mais

diretamente, podem ser mencionados: o Programa dos “Pontos de Cultura” e a “Programadora

Brasil” por serem políticas estadualizadas e por se destinarem a uma atividade cultural que está

concentrada no Recife. Como pode ser observado no quadro 6, a política está focada

praticamente na AAV-Recife e para o APL, considerando-se a natureza das atividades desses

Pontos de Cultura.

Quadro 6 Pontos de Cultura do APL

Pontos de Culturas Descrição Entidades Municípios

Comunicação Comunitária do Recife

Capacitação de jovens para trabalho com vídeo, fotografia e texto. Ressalta a visão crítica da utilização dos meios de comunicação e sua importância como instrumento de mudanças sociais.

Associação das Entidades

Coordenadoras e Usuárias do Canal

Comunitário do Grande Recife – Canal

Capibaribe

Recife

Centro Cultural Diálogos

Espaço para formação artística e técnica e curso de gestão e produção cultural. Após capacitação, a comunidade gerencia o uso dos equipamentos para ensaio e gravação musical, possibilitando a produção de CDs e vídeos promocionais.

Diálogos Olinda

Cinema de Animação

Oficinas de desenho animado (3D&2D), desenho artesanal, massa de modelar, corde/xilogravuras. Já desenvolvem cinema de animação e pretendem criar um estúdio móvel. Já fizeram trilha sonora com Naná Vasconcelos.

Centro de Cultura Popular Viva Arte

Olinda

Fonte: elaboração própria com base em informações do MinC.

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78

A Fundarpe28, principal órgão cultural do governo estadual, é uma fundação ligada à

Diretoria de Linguagem de Políticas Culturais do Governo de Pernambuco. Consta de sua

estrutura organizacional a Coordenadoria de Audiovisual e Fotografia29. Executa especificamente

a política cultural em todo o Estado, diferentemente da Secretária de Cultura do Estado que pode

ser considerada uma secretária especial que não opera a cultura diretamente.

Além de trabalhar em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco na realização de cursos

para o audiovisual, como será visto adiante, a Fundarpe recentemente desenvolveu o projeto

“Desenhando Culturas”, que funciona em conjunto com o projeto “Pacto pela vida” - Programa

criado pelo Governo do estado com o objetivo fundamental de reduzir a violência, com ênfase na

diminuição dos crimes contra vida.

O “Desenhando Culturas” é um projeto que está formando jovens que se encontram em

situação de risco, que estão sem perspectivas, mas que possuem um grande potencial para

trabalhar com “cinema de animação”. Até o presente, o projeto apresenta como resultado um total

de 38 jovens formados que já concluíram o primeiro modulo e iniciaram o segundo. O produto do

trabalho desses jovens no primeiro módulo do curso teve sua qualidade comprovada com a

aprovação no festival de cinema de São Luís do Maranhão.

Adicionalmente, a Fundarpe está desenvolvendo o Projeto “Comunicando Cultura”,

também em conjunto com o “Pacto Pela Vida” cujos cursos estão ligados ao audiovisual, a

exemplo do curso de cenotécnica. Profissionais nessa área são escassos no Recife. Percebe-se

facilmente que existe uma lacuna enorme entre a oferta e a procura local considerando a

efervecência pela qual passa o APL. Assim o curso tem o objetivo de formar os jovens e

preencher estas lacunas. Os dois cursos anteriores são destinados aos alunos da rede pública de

ensino.

A Fundarpe também investe no desenvolvimento da “Economia da Cultura”, através do

fornecimento de 30 bolsas dadas a pessoas da área, para o Curso de Pós-graduação em Economia

da Cultura, que está sendo realizado na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) em parceria com a

UFRS. Os alunos que foram selecionados – dentro da cota de investimento da Fundarpe - irão

28 A fundação foi instituída em 1973 na forma jurídica de direito privado, "para incentivo à cultura e preservação dos monumentos históricos e artísticos com duração ilimitada, sem fins lucrativos", teve, posteriormente, sua estrutura administrativa modificada, incorporando-se à Administração Indireta do Estado, estando hoje vinculada à Secretaria de Educação e Cultura. 29 Carla Francine é a atual Coordenadora do Audiovisual e Fotografia

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79

retornar para a instituição contribuindo com trabalhos voltados para políticas culturais dirigidas

não apenas para o audiovisual, mas também para fotografia e outros.

A Fundaj é outro agente do APL, sem dúvida o mais atuante e que potencializa a

capacidade de cooperação entre os demais atores que formam a base institucional do Arranjo. A

Fundaj está sempre disponibilizando cursos voltados para o APL do audiovisual, geralmente são

cursos mais avançados para profissionais já atuantes na área. A freqüência em que é ofertado

cada curso varia muito com a demanda, com a disponibilidade financeira e profissional e a

clientela. A principal fonte de recursos da Fundaj para a realização dos cursos e seminários entre

outros serviços ofertados é do Governo Federal através do Ministério da Educação (Mec). Entre

estes cursos destacam-se:30

• Cursos de fotografia, edição de imagens, cursos técnico em audiovisual (voltado

para a formação e requalificação dos técnicos que trabalham no audiovisual).

• Cursos voltados a “Qualificação de Assistentes de Câmera em 35 mm”, “dirigidos

para os profissionais que já atuem no mercado audiovisual regional, facilitando a

realização de produções locais, que precisam trazer de fora esse profissional tão

importante para a produção cinematográfica. O seu conteúdo programático vai

desde noções básicas de iluminação para cinema, a câmera de cinema, foco e

movimentos de câmera até os procedimentos de filmagens”.

• Cursos/Oficinas sobre "Teorias do Cinema" que apresenta e discute perspectivas

teóricas no campo dos Estudos de Cinema, desde a criação do aparato

cinematográfico no final do século XIX até os dilemas contemporâneos em torno

das novas tecnologias digitais de produção de imagem e som.

• Curso de Pós-graduação em Economia da Cultura,

• Curso desenho de som – captação que busca fornecer aprimoramento dos

profissionais de áudio da região e trata de conteúdos que vão desde a arte da

captação até noções de física do som e acústica, o processo de gravação e suas

adversidades, a importância de um projeto sonoro e a passagem do analógico para

o digital.

30 Maiores detalhes em www.fundaj.gov.br

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80

• Curso de Montagem que permite o aprofundamento do conhecimento sobre

montagem cinematográfica e a análise da sua importância para a construção da

narrativa do filme.

• Estão programados ainda cursos de cenografia para cinema; desenho de som e

finalização, maquiagem protésica e efeitos especiais para cinema, teatro e vídeo;

dramaturgia;

• Também é regularmente realizado O Concurso de Roteiros Rucker Vieira, que

premia roteiros de curta-metragem.

Os referidos cursos são gratuitos e recebem o patrocínio da Fundarpe e, inclusive, contam

com o apoio cultural da Associação Reviva31, da Secretaria do Audiovisual/Ministério da Cultura

(SAV/MinC) e do Ministério da Educação. Essa capacitação desempenha um papel importante no

APL do audiovisual de Recife porque ao preencher lacunas existentes em algumas funções

corrige o desequilíbrio na oferta local de profissionais em determinadas especialidades, o que tem

levado as produtoras a contratar profissionais de outras regiões, prioritariamente do sul e sudeste.

A Fundaj tem se empenhado em trazer equipamentos próprios de cinema para

disponibilizar no Centro Audiovisual Norte Nordeste (CANNE) e oferecer cursos que formem

profissionais que visem superar as dificuldades do APL, sempre em parceria com outras

instituições importantes do Estado, a Fundarpe.

O CANNE desenvolve suas atividades sob a coordenação do Centro Técnico Audiovisual

Nacional (CTAv Nacional), que funciona há 20 anos no Rio de Janeiro, operando ações técnicas

da SAV/MinC. O CANNE resultou de uma parceria entre o Minc, a Fundação Joaquim Nabuco,

a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado.

A Representação Regional do MinC atende da Bahia ao Maranhão, tendo como área de

atuação a Região Nordeste e sua sede em Recife. No estado, o Ministério trabalha em cooperação

com o governo estadual e municipais, com o CANNE e com o Centro Vocacional Tecnológico

(CVT), todos situados no APL.

31 A ASSOCIAÇÃO REVIVA é uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo fomentar o desenvolvimento da cultura, dos direitos humanos, da ecologia, do turismo e da educação. Fundada em 21 de março de 2004, na cidade Olinda - PE, a Associação Reviva concretizou o desejo de seus associados de potencializarem suas ações individuais transformando-as em um projeto coletivo. Suas atividades visam apoiar e atuar junto aos agentes organizadores e executores das manifestações artísticas e sócio-culturais; e fomentar a pesquisa e disseminação do conhecimento e saber cultural.

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81

Dessa parceria resultou a oficialização do CANNE, equipado com uma câmera em 35

milímetros para facilitar a captação de imagens dos realizadores locais de modo a evitar locações

desse tipo de equipamento fora do estado. Seguindo os moldes do CANNE, qualquer produtor do

Nordeste pode inscrever o projeto de um filme e solicitar o uso da câmera ou da ilha de edição. O

CANNE tem uma Aaton 35III, com vários acessórios (tripés, lentes e filtros) e uma câmera

HDTV, além de uma “ilha de edição não-linear”, resultando em investimentos de R$ 1,5 milhões.

A parceria com o Governo do Estado viabilizará 10 cursos de formação por ano, destinados a

profissionais de vários estados.

O CANNE reúne em torno de um si projeto três Ministérios - o da Cultura, o da Educação

e o da Ciência e Tecnologia. O Ministério da Ciência Tecnologia é responsável pelo

desenvolvimento tecnológico, o Ministério da Educação, pela formação, e o Ministério da

Cultura, pelo conteúdo. Este Centro será implantado na TV Universitária, através da Pró-Reitoria

de Extensão da Universidade Federal de Pernambuco32.

A instalação do CANNE constitui uma parte importante do processo de implantação do

núcleo de produção do audiovisual do Nordeste, cuja missão é a de atender às necessidades de

acesso a equipamentos para a produção do audiovisual da região bem como contribuir para a

formação e qualificação dos profissionais locais através de seu eixo de formação.

O Centro de Design do Recife, por sua vez, é um equipamento cultural da Prefeitura

Municipal do Recife e que tem como objetivo a capacitação e difusão da Cultura do Design no

município entre os profissionais e estudantes da área e de realizar atividades correlatas para a

população do município de forma mais ampla. Está sediada na casa n.10 do Pátio de São Pedro

junto a outros equipamentos culturais localizados no “Núcleo São José”. ‘É um espaço de trocas,

discussões e propõe com outras instituições a realização de ações dedicadas ao Design. Visa

Também promover iniciativas que aprimorem, fortaleçam e potencializem o uso e o

entendimento do Design como parte da cultura e elemento fundamental na vida cotidiana.

O evento mais recente promovido pelo Centro Design do Recife aconteceu entre 09 a 12

de junho de 2008 - o Cine Design, cujo tema foi a importância do design no vídeo e no cinema.

Fruto de uma parceria entre a Diretoria de Cultura da Fundaj e o Centro de Design do Recife, o

evento contou com palestras na Livraria Cultura, de 09 a 11 de Junho e Mesa redonda na Fundaj

32 O prédio onde funcionará esse Centro está em fase terminal de construção e os equipamentos sob a guarda do MinC.

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82

do Derby, no dia 12 de junho, na sala Aloísio Magalhães. Também foram realizadas oficinas, na

Fundaj Derby e na AESO-Faculdades Integradas Barros Melo.

À identificação desses atores com papel de formulação e/ou execução de políticas que

afetaram ou afetam a formação e o desenvolvimento do arranjo, somam-se os organismos de

apoio, promoção, regulação e financiamento, bem como a base educacional e tecnológica,

conforme quadros 7 e 8 a seguir.

Quadro 7 Sindicatos e associações

Ator Objetivo Função Cooperação Ações/ Público Alvo

Associação Brasileira de

Documentaristas e Curta

Metragistas ABD-PE (1978)

Entidade da Sociedade Civil

Promover o aperfeiçoamento

dos seus associados através de

cursos, debates, mostras e

festivais de cinema

Representa as demandas do

cinema cultural e independente, especialmente

para a produção e difusão do

documentário e do filme de curta

metragem

Cooperação entre Fundaj,

Fundarpe, Gabinete

Português de Leitura

Abatimento de 50% nas salas de cinema, para os seus sócios; Tem assento nos principais

órgãos e entidades de fomento à cultura e audiovisual de

Pernambuco./ Documentaristas e curtas metragistas, cineastas,

produtores e demais profissionais envolvidos no

segmento de audiovisual

Sindicato de Produtores de Audiovisual de Pernambuco- SAP (2003)

Entidade privada que representa o único sindicato

patronal no norte e nordeste

Defender e fortalecer as

empresas produtoras de audiovisual de Pernambuco

Quando de sua criação , teve o

intuito de realizar reuniões, debates e ações que fortalecem a

categoria, no entanto

atualmente não está em

evidencia

Atualmente nenhuma

Encomenda ao SEBRAE, em 2003, uma pesquisa sobre o

perfil das agências, produtores e profissionais do audiovisual de

Pernambuco/ Empresas produtoras

Sindicato dos Artistas e

Técnicos em Espetáculos de Diversões no

Estado de Pernambuco – SATED-PE

(1987)

Capacitar e credenciar os

artistas e técnicos em espetáculos e

diversões, junto à Delegacia Regional do

Trabalho

Apesar de não ser um sindicato

especifico da classe

cinematográfica habilita o

profissional da área dando-lhe o

registro.

Fundarpe, FCCR, CMC, Cooperação com: Escola

Império (na área de cinema e

teatro), Escola Municipal de

Arte João Pernambuco,

SESC

Capacitação de atores, através de parceria com o Escola Império, SESC e a Escola Municipal de

Arte João Pernambuco; Assento nas principais entidades de fomento à cultura no Estado

de Pernambuco./ Pessoas interessadas em se

capacitar como atores, artistas e técnicos, nas áreas de artes

cênicas, cinema, fotonovela e radiofulsão.

(cont.)

Page 83: NT 02 - PE

83

Quadro 7 Sindicatos e associações (cont.)

Ator Objetivo Função Cooperação Ações/

Público Alvo SINDAF

(Sindicato dos Empregados em

Entidades de Assistência

Social e Formação

Profissional do Estado de

Pernambuco) e SEECRE

(Sindicato dos Empregados em

Entidades Culturais e

Recreativas no Estado de

Pernambuco)33

Defender os empregados das

atividades de Cultura

(Gabinete Português de

Leitura, casas de shows, salas de

cinema e distribuidoras) e

de Recreação (clubes

recreativos)

Defender os direitos dos

empregados das salas de cinema e

distribuidoras locais.

Apenas os empregados das

salas de cinema e distribuidores

locais.

Fonte: Moutinho et all, 2008.

33 Resultantes da divisão do SINALBA-PE

Page 84: NT 02 - PE

84

Quadro 8 Sistema de ensino e pesquisa do APL de Cinema de Recife

Ator Objetivo Função Cooperação Ações/

Público Alvo

Escola Império (2001) – Empresa

privada

Oferecer cursos na área de cinema e

teatro.

Oferecer aulas teóricas de criação

de roteiro, produção e direção de cinema e vídeo;

e cursos de formação de atores

para atuação em cinema e TV.

SATED-PE e Prefeitura da

Cidade de Recife.

Empregados da área de Cultura, Recreação, Assistência Social e

orientação e orientação e Formação profissional./

Pessoas interessadas na área. Na parceria com a Prefeitura

da Cidade de Recife, os alunos da Escola Império fizeram três vídeos que

foram entregues a Prefeitura.

Serviço Social do Comércio – SESC

(1946)

Entidade de direito privado

Possibilitar o bem-estar social do

comerciário e seus dependentes e da

comunidade pernambucana de um modo geral,

através da educação, cultura,

lazer, esporte, saúde e

assistência.

Promover consciência crítica dos estudantes em relação aos filmes nacionais e levar cinema itinerante para cidades do

interior (esporadicamente)

Convênio com a PCR, em relação ao programa “A

Escola vai ao Cinema”.

Curso “Aprendendo com o olhar”, voltado para o aprendizado técnico na

produção de vídeo; Programa “A escola vai ao Cinema”,

que trabalha com a consciência crítica sobre o filme. Pessoas interessadas

em produzir vídeos e escolas públicas ou privadas.

AESO

Oferecer aos alunos condições para atender ao

mercado, podendo atuar como

prestadores de serviços,

produzindo conteúdo para o

cinema, programas de TV, Internet,

games e comerciais.

Oferece Graduação em

Cinema de Animação,

Especialização em Animação Digital e dois cursos de

extensão, Animação em 2D

e Roteiro.

Produtores independentes, produtoras e Prefeitura de

Recife.

A Faculdade convida produtoras e produtores

independentes para ministrarem cursos ou ela

realizar mostras dos trabalhos deles. Na parceria com a Prefeitura de Recife,

através do Centro de Design, a Faculdade promove o evento “Cine Design”,

oferecendo: oficinas e espaço físico para mostra de curtas. Além disso, disponibiliza a

estrutura física da Faculdade, equipamento para os

produtores independentes. Disponibiliza parte das vagas

da pós-produção, fornece: transporte e apóia o evento Abril Pró Rock, produzido

por uma produtora independente do APL.

(cont.)

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85

Quadro 8 Sistema de ensino e pesquisa do APL de Cinema de Recife (cont.)

Ator Objetivo Função Cooperação Ações/ Público Alvo

Faculdade Maurício de

Nassau

Oferecer ao aluno uma formação na área, com ênfase no processo digital de captação e pós-produção de imagens Cinematográficas, colocando-os em sintonia com as atuais tendências de mercado mundial do Cinema.

Oferece Graduação em

Cinema Digital e oficinas.

Produtores Independentes, Prefeitura de

Recife, Fundaj

Promove o festival de Cinema “Cena Cine”. Apóia

produtores independentes, disponibilizando recursos

financeiros. Na parceria com a Fundaj, a Faculdade libera patrocínio para a promoção

do festival “Tudo é Verdade”. O Instituto

Maurício de Nassau tem um trabalho de extensão

“Faculdade na Comunidade”, o qual busca levar o audiovisual para a

comunidade de Santa Luzia.

Universidade Católica de Pernambuco

Oferecer aos alunos a possibilidade de adquirir maior conhecimento sobre cinematografia.

Oferece especialização em

Estudos Cinematográficos

e através do Programa de Integração

Universidade, oferece mini-

cursos.

Consulados

Tem um programa chamado “Cine Clube Revés”, que faz

parte daquela rede de cinemas e que tem apoio de consulados. O consulado alemão e italiano usam o espaço e o público que já

existe na Universidade para exibição de filmes do acervo

cultural deles.

Universidade Federal de

Pernambuco

Oferecer ao aluno uma formação na área.

Oferta Graduação em Cinema, curso

de Extensão, Graduação em

Jornalismo, Publicidade, Rádio e TV e mestrado.

Oferece Especialização em

“Jornalismo e Crítica Cultural”

Oferta e Doutorado em Comunicação

Social. Na TVU será criado o CVT.

CNPQ, FACEPE, Fundaj, Fundarpe,

Fundação da cultura da

Prefeitura de Recife. MinC e

MEC

Está iniciando uma rede de cooperação informal entre

outros atores institucionais, produtoras e instituições de ensino com o objetivo de

troca de informações e evitar duplicar ações e desperdiçar recursos e esforços para as atividades relacionadas ao

cinema no a APL.

Fonte: Moutinho et all, 2008.

Embora a articulação dos integrantes do APL tenha sido fundamental para conquistar o

apoio do Governo do Estado, constata-se que é um Arranjo cujo desenvolvimento está sendo

primordialmente induzido por instituições públicas. À margem deste processo estão as empresas

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86

privadas do audiovisual que embora se beneficiem sobremaneira dos cursos de capacitação

ofertados pela Fundaj e Fundarpe, ainda não conseguiram desenvolver um capital empresarial

capaz de sobreviver no mercado de forma mais autônoma da máquina pública. Esta questão

apesar de ser observada em Recife é na realidade fruto de uma Política Nacional para o segmento

que disponibiliza recursos públicos com base em leis de incentivo sem necessariamente se

preocupar se o filme terá ou não retorno financeiro.

5.1.3 APL DE SAÚDE DA RMR

O APL de Saúde da RMR mais conhecido como Polo Médico do Recife (PMR) é um

arranjo produtivo onde se agregam os agentes e a infra-estrutura dos serviços médico-hospitalares

localizados na Região Metropolitana do Recife. Este APL se diferencia dos demais arranjos por

ser um sistema produtivo tipicamente privado, mas com cooperação entre seus agentes e uma

institucionalidade marcada pelas entidades de classe34. A atenção de órgão não-privados se

resume as ações do Sebrae-PE e de forma indireta do sistema de C&T35.

O PMR nasceu na década de setenta a partir de ações espontâneas dos médicos que

trouxeram seus consultórios e clínicas para o Bairro da Ilha do Leite36 – não só pela proximidade

do Hospital D. Pedro II, onde funcionava a Faculdade de Medicina da UFPE, como também por

toda história que antecede o desenvolvimento da medicina pernambucana. Simultaneamente

foram construídos os hospitais privados como o Albert Sabin e o João XXIII (atualmente

fechado). Hoje, existe grande número de unidades de prestação de serviços de saúde que são

compostas por grandes hospitais, clínicas especializadas, laboratórios de análises clínicas e

centros de diagnósticos por imagem.

Em torno dos hospitais gravitam ofertantes de serviços médicos, complementares e

concorrentes daqueles que são oferecidos nos hospitais, além de uma miríade de empresas ligadas

direta e indiretamente às atividades do pólo. Essas vão de vendedores de equipamentos médicos,

prestadores de assistência técnica, vendedores de drogas e materiais de uso laboratorial e

34 Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Associação Médica de Pernambuco (AMP-PE) e Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Pernambuco (Sindhospe). 35 A presença de instituições de ensino e pesquisa foi um fator fundamental para a formação da mão-de-obra do APL. 36 Bairro considerado, à época, residencial, portanto uma área não explorada comercialmente, implicando em baixos custos, como aluguéis mais baratos.

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diagnóstico hospitalar, como filmes, contrastes, stents, próteses etc, até bancos, restaurantes,

pensões e hotéis de porte cujo funcionamento e viabilidade dependem primordialmente dos

usuários e ofertantes de serviços médico-hospitalares presentes na área.

Conforme observado em trabalho do BNB (2006), “com a expansão da atividade e com

as pressões de custos impostas pelo encolhimento do mercado e, principalmente, pelos conflitos

com as operadoras, as unidades privadas do pólo estão buscando a racionalização de

atividades, o que as tem levado a terceirizar serviços como de lavagem, limpeza e preparo de

alimentos. Além disso, já há uma central de compras, formada por alguns hospitais de médio

porte, o que contribui para reduzir custos de insumos e equipamentos” (BNB, 2006. p 276). A

cooperação entre os agentes produtivos do PMR também é forte na esfera política, haja vista que

seus atores organizam-se muito bem em instituições de classe para pleitear suas demandas junto

ao poder público.

Além de experiências de cooperação, o APL também conta com o apoio do Sebrae-PE.

Esta instituição tem um projeto voltado para 40 laboratórios na RMR, com o objetivo de

aumentar a competitividade dessas empresas a partir do aumento em 5% do seu faturamento e

redução em 5% na compra dos insumos adquiridos pelas participantes.

As tabelas a seguir, transcritas de Silva (2005) mostram a distribuição geográfica do PMR

no tocante a clínicas e a hospitais. Nota-se claramente a concentração dos serviços principais nos

bairros próximos à origem do pólo. O mapa apresenta o que se pode considerar como o núcleo da

oferta de serviços de saúde no município de Recife. Esta forte concentração e o adensamento da

cadeia produtiva permitem tratar o pólo médico do Recife como um APL com importante

dimensão.

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Tabela 4 Distribuição das Especialidades Médicas na Região Metropolitana do Recife – 2004(1)

Bairros Especialidades Médicas

Frequência Frequência Acumulada

Derby 1483 16,96 16,96

Boa Vista 1035 11,84 28,80

Ilha do Leite 913 10,44 39,24

Graças 890 10,18 49,42

Boa Viagem 786 8,99 58,41

Madalena 619 7,08 65,49

Centro 415 4,75 70,24

Espinheiro 413 4,72 74,96

Casa Caiada + Bairro Novo 377 4,31 79,27

Paissandu 323 3,69 82,96

Santo Amaro 301 3,44 86,40

Piedade + Candeias 237 2,71 89,11

Outros 950 10,87 100,00

TOTAL 8742 100,00

Fonte: EBGE – Empresa Brasileira de Guias Especiais. Nota (1) compreende consultórios médicos e clínicas especializadas.

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Tabela 5 Distribuição dos Hospitais/Maternidades na Região Metropolitana do Recife – 2004

Bairros Hospitais/ Maternidades Frequência

Frequência Acumulada

Boa Vista 24 17,02 17,02

Ilha do Leite 11 7,80 24,82

Santo Amaro 9 6,38 31,20

Casa Forte 7 4,96 36,16

Centro 7 4,96 41,12

Graças 7 4,96 46,08

Madalena 7 4,96 51,04

Caxangá 6 4,26 55,30

Espinheiro 6 4,26 59,56

Bairro Novo + Casa Caiada 5 3,55 63,11

Derby 5 3,55 66,66

Boa Viagem 3 2,13 68,79

Coelhos 3 2,13 70,92

Jaqueira 3 2,13 73,05

Pina 3 2,13 75,18

Piedade 2 1,42 76,60

OUTROS 33 23,40 100,00

TOTAL 141 100,00

Fonte: EBGE – Empresa Brasileira de Guias Especiais

A medicina mercantil é caracterizada pela venda dos serviços médicos como uma

mercadoria produzida por empresas cujo objetivo é a maximização do retorno do capital. Até o

Século XX a medicina no Brasil teve caráter eminentemente não mercantilista. O mais adequado

seria falar de um mercado de serviços médicos ainda não capitalista e predominantemente

assistencial no Brasil do século XIX. Nem o médico tornara-se completamente um profissional

cujas atividades se orientassem diretamente para o mercado, nem os doentes seriam de fato

clientes (BOSI, 2005).

Até o final da primeira metade do século XX a medicina brasileira ainda não havia

tomado uma feição de atividade típica de mercado, sendo fundamentalmente subsidiada pelo

estado e instituições beneficentes. No atendimento privado a prática ainda era dominada pelos

chamados "médicos de família", em grande parte generalistas, que podiam ter como pacientes

várias gerações de um mesmo núcleo familiar.

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Nos anos sessenta surgiram as primeiras iniciativas privadas de medicina de grupo e os

convênios de saúde. Abriu-se também a perspectivas do acesso a especialistas e a formas cada

vez mais sofisticadas de diagnóstico. O mercado médico brasileiro passou a oferecer vários tipos

de atendimento aos pacientes.

A partir dos anos setenta consolidou-se um modelo que em seus traços básicos divide o

atendimento médico em dois segmentos: Um, de baixa renda, com atendimento sob

financiamento do SUS e outro atendido pelo sistema privado de saúde complementar, através de

seguros-saúde ou de pagamento particular. Desta feita, é possível afirmar que a formação do

PMR confunde-se com a mercantilização da medicina no Brasil.

A evolução até o presente do novo sistema de saúde nacional configurado nos anos

setenta tem sido estudada por muitos autores e não é do interesse desse estudo resenha-los aqui.

No entanto é importante perceber que ele gerou as bases para consolidação de uma medicina

mercantil que por sua vez, junto com ao desenvolvimento tecnológico, permitiu o aparecimento

do que será aqui batizado de commodities médicas. Commodities médicas são serviços médicos

com as quatro seguintes propriedades:

1. Padronização: é reproduzível, quase sem variação;

2. Massificação: é prestado em grande escala;

3. Intensividade em tecnologia: requer equipamentos de nível tecnológico avançado e em

permanente evolução.

4. Despersonalização: é buscado mais pela qualificação da instituição que o oferece, ou

mesmo do equipamento que o produz, do que pelo médico que o presta.

Provavelmente não exista nenhuma atividade médica que possa ser classificada como uma

commoditie perfeita, embora um exame laboratorial de urina, por exemplo, se aproxime bastante

do padrão. Por outro lado, uma sofisticada neurocirurgia realizada por um médico como Paulo

Nyemyaer ou uma cirurgia plástica conduzida pelo Dr. Ivo Pitanguy seriam típicos exemplo de

não commodities.

Menos de que um mero exercício de definição, o conceito de commodity médica é

importante para compreender os recentes e substantivos movimentos do capital no setor médico

privado do Brasil, e seus rebatimentos sobre o PMR. Uma conseqüência da mercantilização da

medicina brasileira é que as empresas tornaram-se rentáveis e com isso atraíram capital de risco.

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No presente desenvolve-se um forte movimento de grupos de capitalistas ligados à área

médica localizados no sudeste que, em seu movimento de expansão para outros espaços,

pressiona o setor de saúde complementar de varias partes do Brasil em busca de associações ou

mesmo de absorção de empresas da área de medicina. Tratam-se de grupos tecnicamente

competentes, com largo conhecimento na área de gestão de serviços de saúde e fortemente

capitalizados. Recentemente, grandes players da área de medicina empresarial abriram seu

capital, realizando IPOs de sucesso.

A análise empírica tem mostrado que quanto mais um serviço se aproxime de ser um

produtor de uma commodity médica mais fácil se torna sua absorção parcial ou mesmo total por

outro grupo. Grandes grupos do Rio Janeiro e São Paulo já fizeram aquisições significativas de

laboratórios de análises, serviços de diagnóstico por imagem e mesmos hospitais no Nordeste,

inclusive no PMR. Em Recife grupos do sudeste já compraram laboratórios de análises clínicas e

já se associaram a hospitais e estão buscando ampliar sua área de serviços de diagnóstico por

imagem. É praticamente certo que esse movimento de expansão do capital deve ter continuidade

e um cenário provável é que no curto prazo grande parte dos serviços produtores de commodities

médicas em Pernambuco esteja sob controle de grupos localizados no sudeste.

Para os serviços de saúde e de diagnósticos por imagens, a conjuntura econômica atual, de

crescimento da renda e do emprego formal combinadas com a valorização do Real é

particularmente favorável. O aumento da renda e do emprego tende a fazer crescer o número de

segurados dos planos de saúde e, portanto, dos usuários dos seus serviços. Por sua vez a

valorização do Real lhes favorece porque um grande percentual de seus gastos se dá em Dólares,

na forma de amortização dos gastos com compra de equipamentos, enquanto que toda a receita é

em Reais. Em termos relativos, os equipamentos estão custando menos, pois o crescimento da

demanda tem provocado aumento do número de atendimentos sem queda de preço dos serviços

prestados, enquanto que o preço em Reais dos equipamentos importados tem caído.

A conseqüência mais previsível das mudanças de controle do capital das empresas do

PMR é o fortalecimento da medicina do interior do Estado. A mudança do controle das empresas

deverá por na mão de médicos e empresários da área médica local um volume considerável de

recursos financeiros e é muito provável que esse capital se desloque para outras áreas em busca

de sua reprodução.

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Há no PMR um grande estoque de competências acumuladas, tanto médica quanto

empresarial, que potencializadas pela disponibilidade capital financeiro deverão deixar a Região

Metropolitana do Recife, deslocando-se para o interior do Estado. Mesmo sabendo-se que

grandes grupos locais deverão permanecer no PMR, associados com o capital exógeno, uma parte

dos recursos acumulados no PMR deverá buscar outros espaços de atuação.

A forma mais provável de interiorização do capital deverá ser através de associações com

capitais locais nas maiores cidades do interior do Estado. Guardadas as limitações de porte, já

está a repetir-se no interior um processo com muitas semelhanças daquele que está ocorrendo na

Região Metropolitana do Recife, isto é, um aumento da participação do capital não local nas

empresas médicas, especialmente naquelas áreas cujos produtos mais se aproximam de

commodities médicas, conforme seria de esperar.

Esse processo de entrada do capital litorâneo é muito facilitado pelas fortes relações que

unem os empresários da área medica da RMR àqueles do interior. Como foi referido

anteriormente, o processo de mercantilização da medicina brasileira e, portanto, da

pernambucana, é muito recente, de modo que os grandes empresários da área, quer do Recife

quer do interior, viram seus negócios ganhar grande porte a partir dos anos oitenta, e de um modo

geral tem uma trajetória assemelhada. Foram, quase todos, relativamente jovens e não muito

experientes empresários, que com pouca formação na área de negócios adentraram e obtiveram

sucesso em uma atividade nova, sem parâmetros no passado nos quais se pudessem balizar,

havendo enfrentado, além dos problemas de escala micro, as grandes dificuldades da macro-

economia do período, refletida nas grandes inflações dos anos oitenta e noventa, nos planos

econômicos, na constante mudança de regras. São, portanto, empresários que se submeteram a

conjunturas muito semelhantes, muitas vezes com fortes laços pessoais, que vão desde a

contemporaneidade nas escolas de medicina, a fortes relações pessoais alicerçadas por um

interesse comum.

Assim, no médio prazo, pode-se prever uma redistribuição espacial do capital

pernambucano aplicado na área médica, com uma diminuição de sua densidade na Região

Metropolitana do Recife e um aumento no interior do Estado. É muito provável que no médio

prazo esse capital se distribua mais uniformemente do que no presente, entre a Região

Metropolitana do Recife, Caruaru, Petrolina e algumas cidades de médio porte como Serra

Talhada, Arcoverde, Garanhuns e Salgueiro.

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Esta redistribuição é desejável na medida em que a existência de excesso de capacidade

instalada do PMR consiste num dos principais problemas a serem enfrentados para o futuro

desenvolvimento desta atividade na região metropolitana do Recife. Outro obstáculo tem sido o

agravamento das condições econômicas da população (perda de poder aquisitivo, em especial da

chamada “classe média”), o qual provocou a redução na fração da população local que se

encontra protegida por Planos de Assistência Médica e Hospitalar, fração esta que se constituiu

no principal contingente impulsionador do crescimento inicial das atividades médico-hospitalares

na região (Sicsú & Lima, 2003).

5.1.4 APL DE MÚSICA E RITMOS DE RECIFE, OLINDA E ZONA DA MATA 37

A cultura deve ser analisada tanto pela sua necessidade de função simbólica, propiciando

a ampliação do entendimento do que se passa ao nosso redor, como pela necessidade de se

atribuir um “valor econômico” a tais atividades denominadas de “culturais”, resultante da

utilidade que a sociedade obtém desta função. Modernamente, inclusive, se amplia o conceito de

cultura até na valorização de mercadorias que aparentemente nada teriam com a produção

cultural em si mesma, uma vez que a compra de um automóvel, por exemplo, tanto se dá pelo seu

uso imediato quanto pela sua imagem, esta última resultado de uma forma de perceber e criar

valores intangíveis que têm como fonte a cultura de cada sociedade. Também, é neste sentido que

vem se reduzindo a hierarquia, em termo de relevância e valor, quando se comparam as três

dimensões de produção cultural: a cultura de “massas”, entendida como expressão de

entretenimento e divulgação comunicados pela mídia; a cultura “popular”, no sentido do que é

produzido pelos artistas e artesãos anônimos do povo; e cultura “erudita”, como a realizada por

autores de formação clássica, cuja obra é reconhecida sob uma marca individual.

Em qualquer uma dessas três manifestações, e mais particularmente nas duas últimas, as

seguintes questões são relevantes para uma política pública na área da cultura: quanto de

agregação de valor econômico uma determinada atividade cultural propicia; qual a tipologia e

padrão das manifestações culturais que poderão facilitar os programas de apoio à cultura; como

os indivíduos, instituições e empresas podem aperfeiçoar seus produtos e desenvolver sua

37 Para a elaboração deste capítulo, tomou-se como referência a pesquisa Mapeamento das atividades culturais em Pernambuco e na Paraíba, de autoria CAVALCANTI FILHO, P. F. MOUTINHO, L. M. G. et all. Nota Técnica - Sebrae-NA/ RedeSist, 2008.

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competitividade na produção dos bens culturais; e que ações estão relacionadas à sustentabilidade

da exploração intensiva e extensiva dessas manifestações como reservas culturais. A necessidade

de financiamento e de planejamento e apoio governamental se mostram, assim, cruciais à

continuidade e expansão da produção econômica da cultura, sem a qual seus produtores não

podem alcançar as escalas competitivas e os mercados mais lucrativos.

A região da Mata Norte oferece diversos atrativos turísticos, que retratam a história, como

os antigos engenhos, capelas, igrejas e casarios. Sobressaem-se as manifestações culturais, como

as festas religiosas, o maracatu, o cavalo marinho, a dança do coco, o mamulengo, a ciranda e a

capoeira. Ressalte-se ainda o artesanato de peças de barro fabricadas em Tracunhaém; tapeçaria

de Lagoa do Carro; dos artigos de palha de bananeira e papel de Vicência; e das peças de madeira

e do bordado de Paudalho. Quanto aos grandes eventos destacam-se a Festa das Heroínas de

Tejucupapo (Goiana); Campeonato de Vôo Livre (Vicência), a Micaruba (Timbaúba) e a Festa de

Reis (Carpina). Goiana é um município da zona da mata pernambucana, na fronteira estadual

com a Paraíba, caracterizado por um grande contingente de bens culturais intangíveis,

especificamente a realização de 21 eventos e festas populares anuais, entre outras, Procissão

Marítima de São Pedro; Procissão do Senhor Morto, na praia de Ponta de Pedras, na Sexta-Feira

Santa; Festival Estudantil de Bandas e Fanfarras; Desfiles de agremiações carnavalescas.

Recife e Olinda são os destaques culturais da Região Metropolitana e, portanto, se

sobressaem diante dos demais municípios da região. A Região Metropolitana é responsável por

76% da renda gerada em Pernambuco, concentra a maioria dos municípios em áreas litorâneas,

onde se destacam os turismos de praia e histórico-cultural bem como atrações em seus

conhecidos espaços de convivência cultural. Nesse aspecto a região se sobressai também como

exportadora de bens culturais. Em Recife o emprego formal é de 487.506, sendo que 20% no

comércio, 13% indústria e 1% na cultura. Cultura inclui os seguintes setores: editorial,

Audiovisual, Artes Cênicas, Performáticas e Plásticas, Festas Populares e Manifestações

Culturais (Cavalcanti Filho et all, 2008).

Os municípios vizinhos a Recife (Abreu e Lima, Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes,

Olinda, Paulista, São Lourenço da Mata) apresentam comportamento diferenciado. O município

de Abreu e Lima apresenta maior parcela de emprego formal em indústria, seguido de comércio e

cultura. Camaragibe, Olinda, Paulista e São Lourenço da Mata assim como Recife apresentam

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95

maior parcela de emprego formal no comércio, indústria e cultura. Jaboatão dos Guararapes

apresentam porcentagem semelhante em comércio e indústria seguido de cultura.

Entre as atividades culturais presentes em Recife e Olinda, destaca-se a referência a dois

segmentos: Artes Cênicas, Performáticas e Plásticas; e Festas Populares e Manifestações

Culturais. O segmento das Artes Cênicas, Performáticas e Plásticas inclui o emprego formal

envolvido na produção, organização, promoção e apresentação de espetáculos ao vivo, incluindo

música, dança e outras, excluindo a parte “industrial” da reprodução de discos e fitas. A atividade

cultural da música (em seu componente de produção industrial) engloba o emprego formal na

atividade de rádio. Considerada, apenas, a parte industrial da produção musical, se verifica que a

capital pernambucana concentra 71,2% do emprego formal do estado, contratando 554 dos 778

dos trabalhadores desta atividade. Por outro lado, Recife destaca-se nacionalmente como centro

difusor de artes cênicas, em especial o teatro e, neste aspecto, atrai quase a totalidade dos

recursos, infra-estrutura física, público e mão-de-obra. Em conjunto, Recife concentra, para as

artes cênicas e a música, 51,5% das atividades culturais do Estado (Cavalcanti Filho et all, 2008).

No que diz respeito a Festas Populares e Manifestações Culturais38: Recife e Olinda

concentram um número elevado destas atividades culturais no estado. Excluindo-se as festas

populares, Recife e Olinda possuem, respectivamente, 319 e 483 de um total de 1989 bens

culturais. Percentualmente, o peso de Olinda é superior ao de Recife, ou seja, enquanto o número

registrado destas atividades culturais em Recife (16%) é quase exatamente proporcional ao

percentual deste município na população total do estado (17%), a participação de Olinda nas

manifestações culturais do estado (24%), é bem superior ao peso de sua população (apenas

4,5%). Ao ampliar para incluir as festas populares, Recife e Olinda perdem espaço para os

demais municípios do estado, pois seus percentuais caem para 11,5 e 17,4%, respectivamente, no

total dos festejos. Isto revela a importância que as festividades representam para a população

interiorana, seja no aspecto econômico, seja no lúdico e religioso.

Estão presentes no APL de música e ritmos, expressões culturais que devem ser

analisadas, para fins de delineamento de uma política pública, a partir dos seguintes aspectos:

38 Esta base de dados não possui como referência a RAIS, uma vez que as AC aqui incluídas não são realizadas, como regra, através de contratos formais de trabalho. Para estas atividades a pesquisa baseada em Cavalcanti Filho, et all (2008) construiu sua própria base de informações.

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a) variedade cultural: existência de expressões culturais diferentes, na forma, nas

características e nos conteúdos, observadas em determinadas comunidades do espaço

pernambucano, algumas delas de origem externa, mas adaptada sempre ao ambiente

cultural local: frevo e maracatu, bumba-meu-boi, forró, baião, xaxado;

b) inovações culturais, representando novas trajetórias de desenvolvimento dessas

expressões culturais, devendo-se fazer referência aos inúmeros grupos de músicos que

vêm trabalhando na periferia de Recife e Olinda e de onde surge o sopro inovador destes

ritmos.

c) manifestações culturais tradicionais já divulgadas tanto no Brasil como no exterior,

como é o caso dos carnavais de Olinda e Recife, em torno dos quais se desenvolvem

indústrias de turismo, hotelaria, transportes, espetáculos (orquestras de frevo, músicos,

aparelhagem de som), artesanato, etc., sendo uma de suas características trazer para o

urbano manifestações tipicamente populares, antes realizadas em povoados isolados,

como é o caso de autos de representação e danças e ritmos de origem imemorial.

Detalhamos um pouco mais, a seguir, duas dessas manifestações que ocorrem no APL de

música e ritmos de Recife, Olinda e Zona da Mata: (i) o carnaval de Olinda, que incorpora

também os ritmos, danças e representações originadas dos povoados da Zona da Mata e que vêm

ganhando reconhecimento como expressão importante e (ii) os grupos dos ritmos inovadores que

vêm trabalhando nas periferias urbanas de Recife e Olinda.

O carnaval de Olinda expressa a rica diversidade cultural do nordeste, urbano e rural,

representada por troças, clubes, caboclinhos, maracatus e bonecos gigantes aliados ao frevo,

ritmo tipicamente pernambucano. A cidade histórica concentra, anualmente, cerca de 700 mil

pessoas vindas dos mais diversos lugares do mundo. Olinda transformou-se num dos mais

famosos carnavais do mundo. Misturados ao colorido dos casarios, dos bonecos e da decoração

das ruas, os foliões fantasiados seguem nas ladeiras as orquestras de frevo, os baques dos

maracatus, as troças carnavalescas, “a la urso”, caboclinhos, bonecos gigantes, coco de roda e

ciranda. Importante diferencial é o modo com que se criam e recriam atrativos espontaneamente

contrastando o “novo” e o “antigo”, sem que os primeiros se sobreponham aos segundos,

preservando desse modo, as raízes históricas do festejo, que são seculares.

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Os empreendimentos envolvidos na montagem do “Carnaval de Olinda” são

representados por uma ampla diversidade de atores. Numa perspectiva espacial, o cenário pode

ser segmentado em três partes, como seguem: i) no núcleo, correspondente à área da Cidade Alta

e nos pólos de animação (Praça do Carmo e Largo do Amparo) estão representados os atores

diretamente vinculados ao evento, tais como os culturais (músicos, dançarinos, etc.) e os

empresariais do ramo de bares e restaurantes que se encontram transitoriamente instalados no

local (barracas, quiosques, etc.); ii) no espaço intermediário, encontram-se a Prefeitura Municipal

de Olinda, os atores empresariais, instalados permanentemente ou não (hotéis, pousadas, bares e

restaurantes) e a mídia local (jornais, rádios, retransmissoras locais de redes televisivas, etc.).

Destacam-se ainda neste espaço os atores culturais: ateliês de artistas plásticos, escolas de

bonequeiros, escolas de música, escola de cultura, grupos de dança, associações carnavalescas,

teatros de mamulengo, museu de arte popular, mercados de artesanato; iii) no espaço mais amplo,

estão o Governo estadual, grandes empresas (nacionais e internacionais) patrocinadoras, redes

nacionais de televisão, equipes de reportagens de outros países, atrações artísticas de fora e

turistas brasileiros e estrangeiros.

A outra manifestação expressiva deste APL diz respeito às expressões culturais originadas

nas periferias urbanas de Recife e Olinda, criados por grupos de músicos jovens que trabalham

coletivamente, tornando-se, eles próprios muita vezes, produtores que se beneficiam do resultado

de suas atividades e que, muitas vezes, obtêm validação, gerando resultados econômicos,

simultaneamente à universalização destas formas. Por exemplo, o movimento manguebeat,

originado, na década passada, na periferia de Olinda, espalhou-se em vários pontos das duas

cidades, ampliou sua influência no cinema, teatro, moda e literatura, tendo obtido, inclusive,

repercussão internacional.

O movimento manguebeat posicionou a música pernambucana num escopo muito mais

amplo, ao incorporar elementos de música jamaicana, do soul norte-americano e do hip-hop nos

ritmos pernambucanos, espetacularizando (no sentido de trazer para as classes urbanas) as

tradições populares, incorporando novos equipamentos, arranjos musicais e atividades culturais

(manifestos de vanguarda e síntese com o cinema, por exemplo) nos espaços de convivência.

É a partir desses grupos que se observa a transformação radical da cultura musical

pernambucana, com impacto significativo na cultura nacional, transformação esta que leva a que

manifestações populares, que antes predominavam, dêem lugar a outras, que passam a ocupar e,

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por isso definir, um novo espaço econômico-cultural. Observam-se, em nosso campo de análise,

de música e ritmos de Olinda e Recife, novas formas de cultura radicalmente distintas do que

era previamente realizado. Novos padrões, constantemente introduzidos, caracterizam

este APL.

A música, ritmos e danças, do artesanato, dos festejos – tais como o carnaval, festas

juninas, o cinema entre outras artes – têm sido um importante vetor de desenvolvimento local e

alvo da articulação de políticas das três esferas de governo com parcerias de instituições e grupos

privados. Neste contexto é importante destacar o papel do capital social que tende a proporcionar

um ambiente propício para os negócios, incentivos às inovações e que vem possibilitando a

criação de um espaço de cooperação integrada onde circulam e interagem representações das

diferentes esferas de governo, a iniciativa privada e diversos segmentos culturais destacados no

quadro a seguir

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Quadro 9 Institucionalidade do APL de música e ritmos

Níveis Institucionais Instituições, Equipamentos e atividades

PM Recife: Secretaria Cultura

Teatro Santa Isabel, Teatro do Parque, Orquestra Sinfônica do Recife, Apoio institucional (Orquestra Popular e Balé Popular do Recife)

Fundação Cultura Pólos multi-culturais do carnaval, Promoção de eventos anuais de ritmos e danças.

PM Olinda Secretaria do Patrimônio, Ciência, Cultura e Turismo

PM Goiana Secretaria de Turismo, Cultura, Desenvolvimento Econômico e Esportes

Governo do Estado Secretaria da Cultura, Fundarpe (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco), Empetur, AD-Diper (Feneart). Promoção de eventos anuais de ritmos e danças, entre os quais Abril Pro Rock.

União Fundo Nacional de Cultura (Ministério da Cultura), Museu do Homem do Nordeste (Fundaj), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Centro de Convenções (UFPE), Imaginário Pernambucano (UFPE).

Fonte: Cavalcanti Filho et all, 2008.

Deve-se destacar, em nível federal, os investimentos realizados pelo Ministério da

Cultura, através do Fundo Nacional de Cultura (FNC), como apoio direto aos projetos culturais,

mediante a celebração de convênios e outros instrumentos similares, tais como editais específicos

lançados pelo MinC, demanda espontânea e o Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural. O

FNC possibilita o financiamento de até 80% do projeto, sendo que os 20% restantes são

contrapartida do proponente.

No nível do Estado, o principal instrumento público de incentivo à cultura é o Funcultura

(Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura), administrado pela Fundarpe (Fundação do

Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco). A Fundarpe é o órgão executor da Política

Cultural do Estado e tem como objetivo principal promover, incentivar e preservar a identidade

das produções culturais de Pernambuco, focada na inclusão social, na universalização do acesso,

na diversidade cultural e na interiorização das ações. A Fundação assessora as prefeituras

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100

interessadas em organizar a preservação dos bens culturais situados em seus territórios, seja

quanto à ordenação jurídica, ou no aspecto técnico.

O Funcultura tem sua aplicação diversificada em vários segmentos, entre os quais música,

artes cênicas, artes plásticas, cinema e documentário, pesquisa cultural e manifestações diversas

de arte popular. O Fundo é um dos apoiadores do Festival Abril Pro Rock, bem como de vários

grupos municipais de ritmos (como Maracatu Estrela Brilhante, o 7° Encontro de Sanfoneiros do

Recife em 2004, os Cantadores da Nação de "Seu" Luiz, Danças Populares de Carnaval, dentre

outros).

5.1.5 APL DE ARTES PLÁSTICAS E ARTESANATO DE OLINDA

Em Olinda, consolidou-se, ao longo de cinco séculos uma das mais densas, ricas,

diversificadas e enraizadas culturas do país, alcançando uma identidade própria tão forte e

característica que praticamente todas as suas formas de manifestação (a dança, a música, as

festas, a arquitetura, a literatura, etc.) têm uma “marca de origem”, ou seja, há um jeito olindense

de ser, fazer e ver o mundo. A cultura de Olinda, particularmente os aspectos relacionados às

artes plásticas e artesanato, é um vetor determinante de sua dinâmica sócio-econômica.

Isso se mistura a um cenário único: casario antigo, igrejas e conventos pioneiros no Brasil.

Olinda foi a primeira capital de Pernambuco e berço da cultura brasileira, um verdadeiro celeiro

das artes do Nordeste. Tanto da arte expressa em suas ricas manifestações folclóricas e culturais,

como de artistas plásticos de várias tendências. São centenas de entalhadores, ceramistas,

pintores, escultores e bonequeiros que se instalaram nas ruas e ladeiras da Cidade Alta e seu

entorno em busca da clara harmonia entre a natureza e a arquitetura.

Vários segmentos de profissionais das artes plásticas convivem no espaço cultural do sítio

histórico: (i) os artistas plásticos – pintores, escultores e gravadores – com ateliês visitados por

turistas; (ii) os entalhadores em madeira especializados em recuperação e restauração de santos e

retábulos do interior das igrejas barrocas; (iii) os entalhadores em pedra especializados em

restaurar os frontais e molduras das fachadas externas de edifícios antigos; (iv) os designers que

trabalham com moda e com peças utilitárias e de decoração, encontradas no mercado dos grandes

shoppings e magazines e (v) os artesãos que confeccionam bonecos gigantes de isopor, papel,

madeira e fibra de vidro, representando figuras importantes da cultura pernambucana. Esses

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bonecos possuem mais de três metros de altura e arrastam milhares de foliões ao som do frevo,

durante o Carnaval. Dezena deles invade as ruas e ladeiras da cidade alta anualmente. Os mais

famosos deles são: o Homem da Meia Noite e a Mulher do Dia. A atividade é tão expressiva que

já conta com uma escola de bonequeiros.

Tal trabalho artístico realizado num único espaço urbano, onde se confrontam e sintetizam

a cultura erudita com a popular é a fonte do patrimônio imaterial da cidade, coexistindo ao lado

das igrejas barrocas, monumentos, farol, casarios e das tapioqueiras, iguaria gastronômica

vendida na Cidade Alta. A gastronomia, aliás, é outro elemento que tem nas cozinhas, um espaço

de criação, onde os ingredientes locais dão um toque de sabor e de genuinidade, atraindo chefs de

cozinha de renome nacional e internacional.

Olinda Colonial foi eleita, pela Unesco, como Cidade Patrimônio da Humanidade, devido

não somente a seu patrimônio arquitetônico e urbanístico como também por possuir uma rica

cultura em diversas áreas como música, artes plásticas, artesanato, dança e culinária. Antigos

pontos de comércio de escravo são, hoje, oficinas e lojas de artesanato, teatro ao ar livre, onde

acontecem apresentações de grupos folclóricos. A antiga Casa de Câmara e Cadeia abriga hoje

um importante museu de artes plásticas, MAC (Museu de Arte Contemporânea de Olinda).

O sítio histórico tem uma grande concentração de artistas, abrigando famosos e anônimos,

bem como produtores de artes e eventos. A Cidade Alta conta com pelo menos 40 ateliês fixos e

em 2006 foi eleita a primeira Capital Brasileira da Cultura. O projeto Capital Brasileira da

Cultura (CBC) é uma iniciativa da Organização dos Estados Americanos (OEA) implementado

no Brasil pela Organização Capital Brasileira da Cultura, entidade que conta com o apoio

institucional do Ministério da Cultura. O projeto CBC objetiva valorizar e divulgar a diversidade

cultural brasileira; promover a inclusão social através da cultura e adotar a cultura como

ferramenta de desenvolvimento social e econômico.

O título ajudou os artistas plásticos, artesãos e produtores culturais a empreenderem

projetos via Leis de Incentivo ou editais. O Sebrae-PE, juntamente com entidades dos governos

municipal e estadual, vem realizando capacitações na área de dinamização de um Mercado

Cultural, de Projetos de Captação e dotação de Recursos e Investimentos em Cultura. Está se

formando, a partir da cooperação entre artistas e artesãos locais, um segmento de novos

empreendedores: os produtores culturais de Olinda.

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Em 2001, o produtor cultural João de Arruda Falcão idealizou a criação do evento

denominado “Olinda Arte em Toda Parte”, que possibilita aos artistas da cidade dar visibilidade à

sua produção artística anual. O evento tem duração de duas semanas, acontece no mês de

novembro e tem por objetivo promover uma maior aproximação entre os artistas e o público,

possibilitando ao visitante conhecer o ambiente de criação do artista. O roteiro de visitação e

negócios é extenso como mais de 100 ateliês, bares, restaurantes e pousadas.

Superando as dificuldades iniciais de obtenção de patrocínios e do próprio envolvimento

dos artistas e artesãos, o evento vem aperfeiçoando sua governança. Hoje, é um locus de celeiro

cultural e agregador de valor ao setor turístico. A idéia é trabalhar com o sustentável, ou seja, que

o próprio projeto ao ser realizado possa se auto-sustentar e dar retorno financeiro aos

investidores, dando continuidade através da inovação. Hoje, o evento é empreendido pelo

Instituto Mobiliza de Educação, Cultura e Cidadania e da Prefeitura de Olinda e conta com

patrocínios do Ministério da Cultura e de grandes empresas nacionais e locais.

Com a iniciativa, a cidade pôde encontrar um caminho para diminuir os impactos de seus

problemas. A realização de eventos dessa envergadura proporciona atiçar o interesse de turistas

que buscam na cultura a realização de seus desejos. Do lado econômico, possibilita gerar

negócios através da comercialização da produção artística local e atrair o interesse de empresários

e dos governos estadual e municipal para o turismo cultural da cidade.

Atualmente, o evento “Olinda Arte em Toda Parte” está consolidado. São beneficiados,

além dos artistas plásticos – pintores, escultores, gravadores, entalhadores e desenhistas, os

empresários de equipamentos turísticos, os vendedores informais que trabalham no entorno,

aquelas pessoas que vendem arte e artesanato, licor, tapioca, crepes, coco entre outros.

Vale ainda ressaltar que o evento despertou o espírito empreendedor de outros atores. Um

exemplo é a iniciativa de 24 ateliês com a criação do “Prudente Arte o Ano Inteiro”, que

promove eventos mensais todas as últimas quintas, sextas e sábados de cada mês e divulga

coletivamente o trabalho artístico, sob a coordenação da artista plástica Simone Simonek. “Arte o

Ano Inteiro” significa que Olinda se mantém ativa constantemente, e não apenas no mês de

novembro.

Buscando levar conhecimentos empresariais e apoiar os artistas da cidade, juntamente

com os produtores culturais e outros partícipes do setor público e privado, o Sebrae em

Pernambuco patrocinou a criação da Sociedade dos Artistas Plásticos de Olinda (SAPO), cujo

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objetivo é o de possibilitar que a cidade receba continuamente durante o ano todo, o mesmo

número de turistas, ou até mesmo um número maior, que o evento “Olinda Arte em Toda Parte”

atrai durante a sua realização. São cerca de 15.000 turistas circulando nos finais de semana

quando da realização do evento, dentre eles 2.500 se hospedariam em hotéis no local, se

pudessem se programar. A SAPO já reúne mais de 42 filiados.

No que se refere à estrutura permanente de eventos, Olinda abriga um pólo conceituado e

de muita movimentação: o Centro de Convenções de Pernambuco, considerado o terceiro maior

centro de eventos do país e um dos mais modernos da América Latina. Este Centro disponibiliza

equipamentos de última geração e proporciona a Olinda uma mistura de lazer e negócio. É um

espaço especialmente importante para os artesãos já que, sob o patrocínio da AD-Diper, abriga

anualmente, no mês de julho, a Feneart (Feira Nacional de Negócios de Artesanato), evento onde

artesãos nacionais e internacionais expõem seus produtos, instalam oficinas de demonstração da

confecção de suas peças e realizam negócios. Este evento movimenta a cada edição cerca de R$

20 milhões em comercialização de peças de artesanato.

Outra estrutura montada para eventos de grande porte é a do Classic Hall, considerada a

maior casa de shows da América Latina e que reforçou o turismo e o desenvolvimento econômico

da região, trazendo atrações musicais de destaque nacional e internacional.

5.1.6 APLs DE ARTESANATO DE DIVERSAS REGIÕES DO ESTADO

APL de cerâmica do Alto do Moura (Caruaru)

Caruaru é um dos maiores centros produtores de cerâmica artística do Estado e está

localizado no Agreste de Pernambuco. A cerâmica pernambucana tem reconhecimento

internacional, sendo o Alto do Moura, localidade de Caruaru, considerado um dos mais

importantes centros de arte figurativa do mundo. Moldada no barro, as figuras sofrem um

processo de secagem e cozimento, podendo o trabalho final ser com a cor natural, pintando ou

envernizado. Dentre suas expressões, está a figurativa (reproduz figuras e tipos da região), a

religiosa (santos e anjos), a lúdica (jogos e brinquedos infantis), a utilitária (panelas, potes, jarros,

pratos, corpos, etc.).

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Na vila do Alto do Moura, praticamente toda casa é ateliê e todo morador é artesão. O

artesanato de barro de Caruaru tem raízes na história e estórias de seu povo. E a arte do barro,

passada de pai para filho, retrata o dia-a-dia do povo nordestino. Inicialmente, a comunidade

produzia peças utilitárias, mas o Mestre Vitalino começou e difundiu a técnica de esculpir em

barro, cenas do cotidiano sertanejo e seus costumes. A partir de Vitalino, o Alto do Moura ficou

conhecido pela produção de cerâmica figurativa.

Mestre Vitalino tornou-se famoso por seus bonecos de barro (que aprendeu a modelar

quando tinha seis anos de idade) representando cenas ou tipos do Nordeste brasileiro, tais como

boi, jumento, casamento matuto, cantadores de viola na feira, matuto em dia de batizado, mulher

carregando lenha etc. Inicialmente, suas peças eram vendidas nas feiras como brinquedo de

criança e só tempos mais tarde seriam vistas como arte, denominadas "bonecos de Vitalino".

Reconhecido internacionalmente, tem prêmios da Unesco e originais no Museu do Louvre, em

Paris.

Além de Mestre Vitalino, três artistas compõem o grupo dos pioneiros na arte do barro

como: Manuel Edócio, Mestre Galdino e Zé Caboclo. Manuel Eudócio ganhava a vida

produzindo peças de cerâmica utilitária para vender na feira da cidade. Sob influencia do

Vitalino, ainda final da década de 1940, passou a modelar peças de cerâmica tendo como motivos

Lampião, Maria Bonita, médico operando doente, casamento na roça, dentista extraindo dente e

seu famoso boi de barro, uma das primeiras peças desse tipo de cerâmica. Mestre Galdino,

ceramista, cantador de viola e poeta de cordel, gostava de fazer moringas e monges, mas sua arte

maior estava nos pequenos bonecos de barro. Zé Caboclo desde criança produzia bois, cavalos e

outros brinquedos de barro para vender na feira da cidade. Depois, passou aos bonecos mais

elaborados - como os que representam cenas típicas do Nordeste rural ou profissionais como:

dentistas e médicos em atividade. Inovou o universo dos “bonecos de Vitalino”, ao modelar peças

como a Virgem Maria usando um vestido de cores berrantes; figuras do bumba-meu-boi, do

Maracatu, além de peças de mais de um metro de tamanho, sendo metade jarra e metade estátua

de personagem como Padre Cícero, Lampião e Maria Bonita.

Estes quatro artistas já são falecidos, mas deixaram seguidores de suas obras. Hoje são

artesãos famosos da atualidade desse APL: Antônio Rodrigues; José Galego; Carmélia; Luiz

Antônio; Marliete; Ademilson e Socorro.

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A Universidade Federal de Pernambuco em parceria com o Sebrae iniciou em 2003 o

Projeto Imaginário Pernambucano no Alto do Moura. Por meio de consultorias de professores,

profissionais e estudantes de design, comunicação e história, o projeto promove a capacitação de

artesãos, a otimização da produção, assim como a divulgação e comercialização da cerâmica do

Alto do Moura. Essa ação tem confirmado a sustentabilidade do projeto e demonstrado a

articulação nas áreas de design, comercialização e marketing. Como fruto desta intervenção,

atualmente são desenvolvidas linhas que mesclam o figurativo e o utilitário. A parceria do

Imaginário Pernambucano com a Associação dos Artesãos do Alto do Moura permitiu o

desenvolvimento de novas linhas de produtos, mesclando temas e características inerentes ao

artesanato figurativo local (como o trio nordestino e o boi do cavalo marinho) bem como a

valorização e modernização da produção artesanal utilitária.

A transmissão de conhecimento dentro do APL foi recentemente fortalecida através da

parceria entre o Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco e a Fundação de Cultura de

Caruaru que definiu os nomes para representar a cidade na edição 2008 do Registro do

Patrimônio Vivo de Pernambuco. Entre eles, estão Manuel Eudócio e Mestre Dila (com ateliê de

xilogravura de cordéis, localizado por traz do pátio de eventos de Caruaru). Os artistas

participantes do evento firmaram o compromisso de participar de atividades educativas para que

seus conhecimentos sejam transmitidos.

A cooperação para a transmissão de conhecimento e divulgação da atividade também se

dá através do Centro de Cultura Popular Luísa Maciel, fundado pela pintora de mesmo nome.

Este Centro tem a função de incentivar e divulgar a cultura popular local e tem representação na

Unesco, através do qual, entre outras funções, realiza eventos e promove intercâmbios. A Unesco

reconheceu o Alto do Moura como o maior Centro de Artes Figurativas da América.

A AD-Diper apóia na comercialização e participação em feiras, como a Feneart, realizada

no Centro de Convenções em Recife, nas férias de julho. Além disso, a AD-Diper também sedia,

no município de Bezerros, a cerca de 20 km da localidade Alto do Moura, o Centro de Artesanato

de Pernambuco, que dispõe de museu com acervo formado por diversas obras de artesãos

pernambucanos, com principal representação dos ceramistas de Caruaru, e de várias oficinas,

numa das quais se ensina a fazer objetos utilitários e peças de arte de cerâmica, dentro da tradição

do Alto do Moura.

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O Sebrae é outro importante apoio institucional aos artesãos do Alto do Moura. Um

projeto integrado de revitalização do sítio histórico do Alto do Moura está sendo realizado pela

Prefeitura de Caruaru em parceria com o Sebrae e Ministério do Turismo. A revitalização urbana,

turística e cultural do Alto do Moura inclui investimentos de infra-estrutura viária, acesso ao Alto

do Moura e área de estacionamento. O objetivo do projeto é o de tornar o Alto do Moura auto-

sustentável. A prioridade é valorizar os artistas. A expectativa dos artesãos e comerciantes é

regularizar a visitação ao longo de todo o ano, e não apenas em determinadas festas, como a de

São João. O Sebrae vem investindo na qualificação da mão-de-obra dos ceramistas, e de outras

atividades diversificadas, tais como artes cênicas, música e dança.

APL de Renda Renascença de Pesqueira e Poção

O arranjo produtivo de renda renascença é composto pelos municípios de Pesqueira e

Poção localizados no Agreste pernambucano com população total em torno de 67.000 habitantes

(Pesqueira: 56.000 e Poção: 11.000), IDH de 0,636 (Pesqueira) e 0,571 (Poção) e PIB per capita

de R$ 3.198,00 (Pesqueira) e R$ 2.561,00 (Poção)39. Na região do entorno do APL convivem

grupos de agricultura familiar de baixa renda, comunidades quilombolas e indígenas. Essas

últimas vivendo na Serra do Ororubá, onde residem os índios Xukuru, em 24 aldeias, com uma

população de 9.000 índios, parte da qual desenvolve atividades de bordados tipo renascença.

Pesqueira e Poção são, no Nordeste, as principais cidades pólos de produção e venda da

renda renascença. A produção da renascença na região envolve mais de 8.000 rendeiras, sendo

que cerca de 500 rendeiras trabalham diretamente com o produto nas cidades-sedes de Pesqueira

e Poção40. Essa produção é realizada principalmente por grupos de mulheres, jovens e adultas, a

maioria situada em cinco comunidades dos distritos e zona rural. As artesãs da zona rural são

agricultoras-artesãs que contribuem para formação da renda familiar associada às atividades

agropecuárias, sobretudo à criação de animais e produção de alimentos, quase sempre

desvinculadas de cadeias produtivas e sistema formal de comercialização.

A renda renascença de Pesqueira e Poção produzida por artesãs urbanas, associadas em

cooperativas e que participam de feiras de negócios, é muito valorizada devido à riqueza e

39 Dados do IBGE para 2005 e PNUD para 2000. 40 Fontes: Amupe (Associação Municipalista de Pernambuco) e Prefeitura de Pesqueira.

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delicadeza de detalhes. Serve como toalha de mesa, vestido, paninho de bandeja, toalhinha de

lavabo, etc. O produto é exportado para diversos países em todo o mundo. Segundo a tradição, a

renda é uma técnica que teve sua origem em regiões da Europa renascentista, tendo chegado ao

Brasil pelas mãos das freiras missionárias européias, que se instalaram nos municípios de Poção e

Pesqueira, e passaram a ensinar o ofício às mulheres da região. A técnica, passada de geração em

geração, consiste em confeccionar com agulha, linha e lace de algodão, um bordado feito

exclusivamente à mão. Hoje, a renda renascença é exportada para Europa e outras partes do

mundo, não somente aquela produzida nos ateliês das associações e de produtores individuais,

mas também as comercializadas por empresas que têm seus próprios estilistas ou adotam as

criações de artesãos famosos. As peças de tais empresas são admiradas e premiadas em

exposições de diversos países.

Entretanto, parte da produção, especialmente a de locais mais isolados, é realizada por

artesãs que trabalham em condições precárias, no quintal ou na varanda das casas, vendem a

produção nas próprias residências ou nas feirinhas locais realizadas semanalmente – tal segmento

não apresenta condições de competitividade, pois fabricam peças com baixa qualidade de feitio,

pouca criatividade de desenhos e modelagem inadequada para com os padrões de consumo.

Registra-se, nestes segmentos mais carentes, falta de planejamento da produção, refletindo-se na

limitação de estoques, composição do preço incompatível com a realidade, para mais ou para

menos, e inexistência de contratos formais. Falta estratégia de marketing para divulgação do

produto, além de espaços apropriados para a produção e comercialização. Soma-se ainda a este

contexto um dos motivos de maior desânimo no fazer de renda renascença: os ganhos excessivos

apropriados pelos atravessadores.

O APL conta com uma base associativista formada por um número significativo de

associações, no total de quarenta e quatro na zona rural, entre as quais a Associação das Artesãs

Rendeiras de Pesqueira e Adjacências (AARP), a Cooperativa de Rendeiras de Pesqueira e a

Comunidade de Rendeiras de Poção. O problema é que muitas delas são informais, o que

dificulta o trabalho de interação com instituições de apoio de crédito. Além dessas associações,

existem ainda no APL diversas empresas que têm no processamento e comercialização da

renascença sua principal atividade.

Quando em articulação com instituições externas, o trabalho associativo fortalece a

cultura local e amplia sua influência num universo bem mais amplo. A importância das

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associações locais, onde se fabrica, comercializa e se trocam experiências, é aperfeiçoar as

formas dos desenhos e garantir a memória coletiva transferindo experiências, técnicas e

conhecimentos que passam de geração a geração. É o trabalho associativo, articulado com

instituições e eventos externos, que permite melhorar os processos produtivos, garantir a

qualidade das peças, atualizar o desenho e exportar o produto. Por exemplo, em uma das edições

do Senac Moda em São Paulo foram reunidos os últimos trabalhos de estilistas renomados com

as rendas e bordados produzidas por comunidades e ateliês do interior do Brasil, entre as quais as

renascenças da Cooperativa de Rendeiras de Pesqueira e da Comunidade de Rendeiras de Poção.

A idéia desta nova tendência é unir o erudito com o popular, ou seja, elaborar um design

requintado que una o artesanato com a indústria da moda e envolver os criadores da moda com a

arte dos artesãos.

Outra iniciativa semelhante foi a 13ª edição da Mostra de Renda Renascença realizada na

Casa da Cultura de Recife, que foi uma exposição organizada por uma artesã e estilista, a

proprietária da marca Fátima Rendas, e destacou a importância e a modernidade da arte,

originada numa tradição de família há três gerações. Neste evento, os visitantes tiveram a

oportunidade de conhecer a confecção da peça, a transformação de uma simples linha a partir de

demonstrações das rendeiras, que explicaram, detalhadamente, o processo artístico que envolve

toda a criação. De uma família produtora de bordados, da região de Pesqueira e Poção, a

organizadora da exposição é hoje uma empresária de sucesso com lojas especializadas em Recife,

Salvador e São Paulo, tendo sua empresa exportado para Europa, Japão e Estados Unidos.

Da mesma forma como ocorre em outros APLs, a AD-Diper apóia na comercialização e

participação dos produtos das artesãs de Pesqueira e Poção em feiras, destacando-se o estande das

renascenças da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), realizada no Centro de

Convenções em Recife, em julho.

Em 2009, a UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) iniciou o Projeto no

APL de Rendas Renascença de Pesqueira, “Plantando Renda: organização de arranjo produtivo

local da renascença em Pesqueira – Pernambuco”, financiado pela Caixa Econômica Federal no

âmbito do Programa Caixa de Apoio ao Artesanato Brasileiro. Nesse projeto, a UFRPE apóia o

arranjo produtivo, agrupando as 80 rendeiras (grupo na faixa etária entre 19 e 60 anos) em local

de propriedade da Prefeitura do Município de Pesqueira, destinado a ser um espaço coletivo

equipado com máquinas, mesa de montagem, armários para armazenamento da produção e

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guarda da matéria-prima. Estima-se que esta ação viabilizará a produção de 170 peças por

semana, e um faturamento aproximado de R$ 440 mil reais. O projeto financia a compra inicial

de matéria-prima como capital de giro.

A gestão do negócio obedecerá à metodologia de formação de arranjo produtivo local e

deve fortalecer o APL através da oferta de capacitação para melhoria da renda a ser

confeccionada neste espaço coletivo. Tanto a aquisição da matéria-prima como a venda serão

realizadas de forma coletiva. O projeto contém a proposta de desenvolvimento de marca do

produto e a prospecção de mercado, valorizando-se assim a renascença local e assegurando o

acesso das rendeiras ao mercado consumidor sem a intermediação de atravessadores.

APL das carrancas e imagens do São Francisco

Petrolina, localizada no alto sertão pernambucano, é conhecida não somente como pólo da

moderna agricultura irrigada do sub-médio do vale do rio São Francisco, mas como a Cidade das

Carrancas graças a inúmeros artesãos que se dedicam a manufatura dessas peças, inspiradas

originariamente nas figuras que eram utilizadas na proa das embarcações daquele rio como

adornos ou amuletos contra maus espíritos.

As carrancas feitas por artesãos de Petrolina têm valor estético e religioso, não sendo

classificados como de natureza utilitária. Sua origem é imemorial, desde quando os mestres

carpinas fincavam as carrancas de madeira na proa dos navios. A carranca — metade homem,

metade animal — tem a função mágica de salvaguardar os barqueiros, os viajantes e os

moradores também contra as tempestades, perigos e maus presságios. Para o historiador

Frederico Pernambucano de Mello, eram, neste início, “horrendamente feias”. Quanto mais feia a

peça maior seria a proteção. Posteriormente, escultores de madeira recriaram tais representações

segundo uma nova estética – a arte das carrancas – definitivamente incorporada no imaginário

popular e que daria origem à profissão dos artesãos de carrancas de Petrolina.

A tradição figurativa-estética da carranca remonta a 1901, quando o Mestre Biquiba fez a

sua primeira figura de proa, inspirado nos dragões dos barcos europeus. Com o tempo, passou a

fazer peças decorativas. A arte da confecção de carrancas floresceu e inspirou o vale do médio

São Francisco, influenciando vários artistas, entre eles, Ana das Carrancas, falecida em 2008. O

Centro de Arte e Cultura Ana das Carrancas abriga mostra significativa do que se faz em barro e

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madeira no município e a rica coleção da artesã onde se destacam suas primeiras carrancas,

moldadas em barro. O Centro recebeu a Ordem do Mérito Cultural do Governo Federal e o título

de Patrimônio Vivo de Pernambuco. Entre os artesãos famosos, destacam-se, além de Ana das

Carrancas, Roque Santeiro, Biu dos Anjos e Maria da Cruz.

Roque Santeiro trabalha há mais de 20 anos esculpindo anjos, santos e mulheres sensuais

em troncos de amburana. Trabalhando com os mitos originários do São Francisco, a arte de

Roque Santeiro evoluiu para imagens religiosas. Ele trabalha com carrancas e santos. Com

carranca, ele trabalha com uma representação mais assustadora e primitiva até uma mais original,

com expressão mais suave. Entretanto, segundo o próprio artista o maior negócio vem dos santos

e não das carrancas: "Esculpir carrancas já não é boa coisa para um artista. Não dá retorno e tem

pouca procura''. Roque Santeiro é hoje o artesão mais conhecido de Petrolina e exporta seus

santos de madeira para o resto do mundo.

É muito comum que o artesão passe da figuração em carranca para a representação de

santos católicos. Ou que conviva com as duas formas de figuração. Tal como Roque Santeiro, o

artesão Biu dos Anjos, de Petrolina, é conhecido pelos seus santos e carrancas feitos em madeira.

Ele vem participando, inclusive confeccionando peças ao vivo como uma forma pedagógica para

que o público possa acompanhar todo o processo. A arte de transformar troncos de madeira em

carrancas teve como um dos grandes mestres Francisco Biquiba Dy Lafuente, mais conhecido por

Francisco Guarany, na cidade de Santa Maria da Vitória, que deixou inúmeros discípulos

espalhados pelas margens do Rio São Francisco, principalmente em Petrolina e Juazeiro. O

artesão Biu dos Anjos, é um deles. Ex-servente de pedreiro, Biu vem se dedicando às carrancas e

santos de madeira: “Minha inspiração eram as carrancas de Guarany, foi por causa das carrancas

dele que despertei para a arte e comecei a trabalhar como artesão”, explica Biu, que atualmente

dedica-se à criação de santos de madeira.

A tradição passa de geração a geração. A artesã Maria da Cruz, filha de Ana das

Carrancas, preserva em seu trabalho os traços criados por sua mãe e continua a marcar com furos

os olhos das peças que molda. A artesã, que trabalha exclusivamente com o barro, explica que as

primeiras carrancas produzidas por sua mãe foram inspiradas nas peças de madeira, mas possuem

traços completamente distintos. "Ela ouviu a história das carrancas em 1963 e foi imaginando e

moldando o barro, por isso nossas carrancas são diferentes. Elas têm o formato mais suave”. De

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barro ou madeira, suave ou de aparência monstruosa, as carrancas evoluem em modo de

representação e se sobressaem como símbolo da cultura regional e de fixação de suas histórias.

A Oficina do Artesão Mestre Quincas é o centro de cooperação, o ponto de trabalho do

artesão de Petrolina, local onde se fabricam e vendem sandálias, bolsas, cintos, lençóis,

almofadas, peças de madeira (carrancas, santos, esculturas, além de peças de cerâmica

confeccionadas por Ana das Carrancas). A Oficina é um espaço intenso de produção artesanal,

que se divide em duas alas: tecido e madeira, abrigando cerca de 20 artesãos e artesãs. Esta

variedade indica o grau de experimentação artística na região do São Francisco. É a Oficina do

Artesão Mestre Quincas que seleciona e prepara o trabalho dos artesãos para participar da

Fenearte (Feira Nacional de Negócios do Artesanato), organizada pela AD-Diper e Empetur. O

ritmo intenso dos artesãos é sazonal, refletindo a proximidade da Feira, que acontece nas férias de

Julho no Recife. Os artesãos se programam o ano inteiro para garantir a presença neste evento.

Para a X edição da Fenearte, de julho de 2009, Petrolina foi convidada a participar da Ala dos

Mestres com três representações, todas da Oficina do Artesão Mestre Quincas: Roque Santeiro,

Biu dos Anjos e Pintor.

A institucionalização da Oficina resulta de um trabalho de cooperação entre as seguintes

associações locais: Associação dos Escultores em Madeira (ASSESPE), Associação dos Artífices

de Petrolina (ASSAPE), ambas sediadas na Oficina, e a Associação dos Artesãos do Vale do São

Francisco (ARTEVALE). Para participação na Fenearte, recursos financeiros são alocados pela

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Eventos, verificando-se também a

participação ativa do município no evento, em parceria com o núcleo do Sebrae em Petrolina.

Um dos problemas que este APL vem enfrentando é de ordem ambiental. As carrancas do

rio São Francisco são feitas de imburana (“umburana-de-cambão”, cerejeira ou Commiphora

leptophloeos). Mesmo tendo sido identificadas, há dez anos, áreas prioritárias de plantio para

conservação da biodiversidade, hoje a umburana é explorada indiscriminadamente na produção

de peças artesanais. Com a divulgação do artesanato figurativo das carrancas e santos, a

umburana vem sendo obtida apenas em áreas cada vez mais distantes das vizinhanças das duas

cidades-pólos do Semi-Árido: Petrolina e Juazeiro. Na realidade, a imburana está quase extinta.

A madeira fica estocada em depósitos para ser usada na fabricação de carrancas, artesanato-

símbolo da cidade de Petrolina. Para fazer uma escultura, são usadas as madeiras de árvores

antigas, com mais de 100 anos, que são os tipos com maiores vantagens ecológicas para o

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ecossistema. Entretanto, a cada umburana-de-cambão retirada, não se faz o plantio de sementes,

situação adversa para a biodiversidade. A umburana é uma das plantas da caatinga catalogadas

em risco de extinção.

Para minorar este impacto ambiental adverso, pesquisadores da Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária, localizada em Petrolina, e do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA)

vêm desenvolvendo tecnologia para a produção de mudas dessa espécie, para ampliação do

plantio, bem como estudando áreas adequadas de zoneamento e replantio.

APL de Cerâmica de Tracunhaém

Localizada na Zona da Mata, a 72 quilômetros do Recife, Tracunhaém é um dos mais

importantes pólos de cerâmica do país. Ali, praticamente metade da população sobrevive, direta

ou indiretamente, da transformação do barro em peças utilitárias ou em obras de arte. A cerâmica

artesanal domina a atividade econômica da cidade. Há dezenas de ateliês e oficinas trabalhando

com barro. A fama do local decorre do trabalho de seus artistas, sendo considerado um dos

maiores centros de excelência na arte cerâmica em nosso país.

Segundo a tradição, o artesanato na região começou com cachimbos feitos pelos índios,

mas foi na década de 60 que surgiram os primeiros artesãos modelando com argila figuras de

santos, animais, objetos utilitários e decorativos (potes, tigelas, etc). Desde então a arte de

modelar com barro foi se tornando progressivamente conhecida e prestigiada. Muitos dos artistas

têm seus trabalhos expostos em museus brasileiros e estrangeiros e no acervo de importantes

coleções particulares. Um dos maiores incentivadores desta atividade em Tracunhaém foi o

colecionador pernambucano Abelardo Rodrigues. Graças ao seu interesse esta arte interiorana

chegou e foi aceita nos grandes centros e admirada pela sua originalidade e criatividade.

Amaro Manuel dos Santos, mais conhecido como Amaro de Tracunhaém, é um artesão

experiente nas mais variadas formas e texturas, desde louça, objetos de casa e cozinha, adornos e

utilitários. Ele vem repassando seus conhecimentos em oficinas para jovens da comunidade,

particularmente o de queima de esmalte, procedimento que visa obter um revestimento vítreo nas

peças para que possa acondicionar bem os alimentos.

Zézinho de Tracunhaém, juntamente com sua esposa Maria e os filhos Nildo, Claudio e

Nando, modela temas religiosos. A família confecciona peças sacras, com riqueza de detalhes e

proporções harmoniosas. Alguns trabalhos chegam a medir 2 metros de altura. Suas peças são

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queimadas em forno à lenha não sendo esmaltadas, porém pintadas diretamente em terracota. A

mesma técnica de queima e pintura direta da cerâmica é utilizada por Nuca (Manoel Gomes da

Silva) e sua esposa Maria, famosos pela confecção de leões sentados, com jubas exuberantes.

Mestre Nuca também faz outras figuras: peixes, galinhas etc. Muitos artistas utilizam as mesmas

técnicas rudimentares de cozimento e pintura. Cada artista é conhecido por determinado tema,

como por exemplo, modelagem de casais dançando (Baé, já falecido), peças com enfoque erótico

(Betinho), imagens sacras (muitos artesãos são também conhecidos como “santeiros do Brasil”).

Alguns desses santos são verdadeiras imagens barrocas, devido ao voleio dos cabelos,

véus e mantos. Cite-se, como referência, Lídia Vieira (1911-1974) que realizava estes santos

como esculturas femininas – semelhantes à sua própria pessoa, meiga e frágil – e tinham como

característica apresentar mantos pregueados com desenhos em baixo-relevo e linhas pontilhadas.

Lídia era casada com Severino de Tracunhaém, o melhor dos bonequeiros do APL. Outra

ceramista, Maria Amélia, também é conhecida pela modelagem de santos de rostos expressivos,

corpo largo e mantos pregueados.

Os trabalhos desses ceramistas fazem parte do acervo de Igrejas e outros lugares públicos,

bem como de importantes Museus e coleções particulares, no Brasil e no exterior. O APL recebe

apoio de vários órgãos do governo e tem sua própria estrutura de organização e convivência: a

Associação dos Artesãos de Tracunhaém (Associatra) e a Cooperativa de artesãos, que organiza

os produtores ceramistas em torno do Centro de Produção Artesanal, onde são divulgadas e

vendidas as peças produzidas pelos artesãos locais. O Centro de Produção funciona também

como uma oficina-demonstração, onde o público pode conhecer a técnica empregada na produção

e pintura das peças de cerâmica. Este Centro funciona juntamente com o Centro de Artesanato e

Arte Popular da Zona da Mata Norte de Pernambuco (Centrart, localizado na entrada da cidade

de Tracunhaém).

O governo do Estado de Pernambuco, através da AD-Diper, atua dentro do Plano Estadual

do Artesanato Pernambucano (PAPE) em várias linhas. O Centrart faz parte da estratégia do

Governo visando fomentar o artesanato na Zona da Mata. Para tanto este espaço foi ampliado e

reformado, além de terem sido realizados serviços de pavimentação das vias de acesso ao prédio,

de iluminação externa, de reforma da área administrativa, das salas de aula e da sala de multiuso.

A idéia é que o Centrart seja um espaço de capacitação, produção e comercialização do

artesanato de Tracunhaém e da Mata Norte do Estado. Outras linhas incluem divulgação do

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artesanato, apoio ao cooperativismo (em parceria com o Sebrae), feira de negócios e

comercialização.

O Projeto Imaginário Pernambucano, da Universidade Federal de Pernambuco, que

também atua com os ceramistas do Alto do Moura de Caruaru, apóia fortemente os ceramistas de

Tracunhaém. No local, o Projeto tem realizado oficinas sobre cores, proporção, textura e

materiais, com o objetivo de melhorar o processo de beneficiamento da argila e a qualidade da

cerâmica produzida, o que possibilitou a otimização da produção e a criação de novas linhas de

produtos. Um dos focos é o de observar e modernizar as várias etapas do processo desde a

mistura dos barros, purificação e modelagem (torneação) até o acabamento, secagem e queima

das peças artesanais. Uma ação importante do Projeto é o de investir em tecnologia para

vitrificação da matéria-prima, principalmente visando à confecção de objetos utilitários, evitando

a produção de gases tóxicos, resultantes de queima à base de lenha, e a própria substituição

gradativa da lenha (madeira da vegetação nativa) por usos energéticos alternativos.

5.2. TRANSPONDO A INVISIBILIDADE DOS APLs DE PERNAMBUCO: Os arranjos não

incluídos em listagens/mapas estaduais de APLs – “não” identificados/vazios

Alguns arranjos não são incluídos em listagens/mapas estaduais de APLs e, portanto, são

invisíveis e por esse motivo estão fora do alcance das políticas do Estado. O objetivo dessa

subseção é o de indicar APLs invisíveis a partir do conhecimento tácito dos pesquisadores da

equipe de Pernambuco. Cinco casos foram indicados nesse relatório e serão abordados da

seguinte maneira: APL de Polímeros da RMR; APL de eventos: “Caruaru - A Capital do Forró”;

APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Olinda, APL de Turismo e Cultura de

Porto de Galinhas e APL de Agricultura Familiar Orgânica da Zona da Mata.

5.2.1 APL DE POLÍMEROS DA RMR

O polímero é uma matéria-prima derivada do petróleo que gera a produção de resina PET,

fibras e demais insumos da indústria de plásticos. Esses derivados de polímeros podem produzir

uma variedade enorme de produtos que estão presentes na quase totalidade dos itens industriais

consumidos pela população tais como embalagens e utilidades domésticas de plástico, tecidos,

calçados, alimentos, brinquedos, materiais de limpeza, pneus, tintas, eletro-eletrônicos, materiais

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descartáveis, etc. Em Pernambuco, de acordo com os dados do Sindicato da Indústria de Material

Plástico do Estado de Pernambuco (Simpepe), existem cerca de 450 empresas (micro, pequenas,

médias e grandes) da indústria de transformação de plástico, sendo a maioria delas concentradas

na RMR. Como um todo, o segmento gera cerca de 4.500 empregos diretos e 13.500 indiretos.

Embora o APL, não seja enxergado pelos fazedores de políticas de desenvolvimento local

como tal, este trabalho decidiu indicá-lo como potencial arranjo produtivo em virtude de algumas

características identificadas pelos pesquisadores que serão aqui discutidas. Primeiramente, foi um

setor indicado pelo Sebrae de Pernambuco como possível candidato a novo APL do Estado. O

coordenador do Observatório Empresarial desta instituição argumentou que o setor não somente

já possui certo adensamento produtivo, como também apresenta uma ampla perspectiva de

crescimento em virtude dos novos investimentos no complexo de Suape que prevêem

implantação de fábricas PET, PTA e fios de poliéster, que se beneficiarão dos subprodutos da

Refinaria Abreu e Lima que será instalada na mesma área. Essas novas plantas fabris da indústria

de polímeros poderão, inclusive, promover possibilidades de integração com outros APLs já

estabelecidos no Estado, como têxtil/confecções, a partir do fornecimento de filamentos.

Ao mesmo tempo em que se observa esta concentração produtiva da indústria de plástico

na RMR, identifica-se a formação de uma base institucional de suporte ao segmento. Em termos

de organização este arranjo é apoiado de forma mais permanente pelas entidades associativas das

empresas do setor que se congregam a partir do Simpepe e da Fiepe. Essas instituições, através de

projetos e parcerias, começam aos poucos a incorporar dentro de seu sistema produtivo os

organismos necessários para o funcionamento de um arranjo produtivo, como as entidades de C e

T e os órgãos de Governo. O problema é que o Governo Estadual ainda não enxerga a indústria

de polímeros da RMR como um APL e apesar de ter enquadrado o setor de plástico no Programa

de Desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe), restringiu a política de estímulo ao segmento à

concessão de incentivos fiscais, não o incluindo no mapa estadual dos APLs.

Os atores deste sistema, contudo, já vêm atuando de forma cooperativa trazendo soluções

para ampliar a sua integração ao mercado internacional e promover projetos de melhoria da

produtividade. Em relação à integração de mercados, desde 1995 as empresas do Estado

exportam e participam de programas nacionais de exportação de artefatos de plásticos (Export

Plastic/Apex), tendo como principal parceiro a Associação Brasileira das Indústrias de Plásticos

(Abiplast). Juntos eles também pleiteiam algumas iniciativas para incremento da produtividade

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do setor, a exemplo do Programa Cooperar que é uma parceria entre a Fiepe e os Centros de

Formação Profissional das Associações Empresariais da Baviera-BFZ (Alemanha), cuja

finalidade é o desenvolvimento da indústria pernambucana a partir do fortalecimento dos

Sindicatos Patronais e da cultura associativista. Na homepage oficial do Simpepe são destacadas

como principais bandeiras do setor, ações como: (i) apoio à criação da Cooperativa de Crédito da

Fiepe, (ii) implantação em parceria com o Senai da Escola Modelo para o setor e (iii) promoção

da cultura associativista no Sindicato para fortalecer a indústria. Ora, esses são interesses típicos

de agentes inseridos dentro de um contexto de APL, preocupados em fortalecer a sua base

inovativa e de cooperação para conferir-lhe maior competitividade e, assim, alcançar mais

visibilidade na agenda estadual de incentivos a APLs.

5.2.2 APL DE EVENTOS: “CARUARU - A CAPITAL DO FORRÓ”

As estatísticas oficiais indicam a existência de um APL editorial/gráfico, em Caruaru, no

entanto, desconhecem um APL de festa semelhante ao de Campina Grande na Paraíba (Moutinho

& Cavalcanti Filho, 2008), APL “Caruaru - A Capital do Forró”, que o conhecimento tácito dos

pesquisadores da equipe de Pernambuco não permitiria que fosse desconsiderado.

Em Caruaru a festa junina surgiu e se desenvolveu desde sua fundação sob sólidas raízes

culturais, mas ganhou conotação de grande espetáculo pela atuação e influência da grande mídia.

Situada a 120 quilômetros de Recife, Caruaru é denominada de “Capital do Forró” e consegue

atrair no mês dos festejos juninos uma população capaz de garantir uma taxa de ocupação média

de seus hotéis da ordem de 90%.

O município experimenta uma dinâmica que garante um incremento de cerca de 40% na

economia municipal geradora de aproximadamente mil empregos diretos e indiretos segundo

informa a Secretaria de Imprensa de Caruaru (2007) que ainda destaca a injeção de um

investimento de aproximadamente quatro milhões de reais para a realização dos trinta dias de

festa para um milhão e meio de visitantes.

No passado, a festa era totalmente articulada pela população local. Os festejos tanto em

Pernambuco como na Paraíba (Moutinho & Cavalcanti Filho, 2008) tinha o caráter religioso,

familiar e profano, não havendo a preocupação de moldar os festejos juninos às exigências do

campo midiático. As modestas apresentações do passado de dezenas de quadrilhas de bairros, do

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casamento matuto, do desfile de carroças e da corrida da fogueira nas ruas da cidade somados aos

festejos realizados nos clubes onde se apresentavam consagrados nomes da música regional e

nacional dinamizavam a cada ano as vendas do comércio. Os produtos mais procurados eram

aqueles fabricados localmente: tecidos, confecções, calçados e fogos.

No entanto, a festa transitou da fase das bandinhas e dos trios de forró para a fase dos

shows transformando-se em um espaço midiático da atualidade, espetacularizado e digno de

intervenção pública. Essa metamorfose se consolida na segunda metade da década de oitenta,

período de aproximação maior da prefeitura e a lógica televisiva.

A marca da “Capital do Forró” tão explorada pela Rede Globo atribui a Caruaru o status

de um lugar festivo, de tradições populares que movimenta a economia e o turismo local.

A tradição, a grandiosidade, a culinária, o exótico, o rural, o artesanato, o folclore, o forró

e o São João são elementos tipificadores dessa marca. A grandiosidade é visível em cada minúcia

da festa, a exemplo: da maior fogueira do mundo, da maior cuscuzeira (com quatro metros de

altura) e do maior cuscuz do mundo (com três metros e meio de altura e pesando duas toneladas,

dando para alimentar oito mil pessoas), do maior grupo junino: a “Gaydrilha” (com três mil

homens vestidos de mulher), da maior fogueira do mundo (com mais de quinze metros de altura),

e, do maior bolo de fubá (com seiscentos quilos), da maior canjica do mundo (com 30 metros e

pesando duzentos e vinte quilos). Esses são elementos tipificados do imaginário e da construção

social dessa realidade denominada de “A Capital do Forró”.

O tom exótico atribuído ao que há de mais tradicional é marca registrada da Capital do

Forró. As quadrilhas fogem ao seu formato tradicional. Desde 1988, quando foram introduzidos

trios elétricos que arrastavam multidões ao ritmo da quadrilha. Elas foram diversificada e

assumiram as mais estranhas e estravagantes formas, a exemplo da : Babydrilha (quadrilha de

crianças de até treze anos); Forródog (quadrilha formada por cães); Forrodrilha (quadrilha

formada por portadores de necessidades especiais); Gaydrilhas (quadrilhas formadas por homens

vestidos de mulher); Machadrilha e Sapadrilha (quadrilha formada por mulheres vestidas de

homem); Motodrilha (quadrilha dos motoqueiros); Trocadrilha ( quadrilha formada por mulheres

vestidas de homem e homens vestidos de mulher) e, Turisdrilha (quadrilha dos turistas).

Quanto à governança e atores do APL pode-se dizer que a Prefeitura de Caruaru, ao

contrário da prefeitura de Campina Grande, na Paraíba, onde acontece o “Maior São João do

Mundo” profissionalizou completamente a organização da festa que nos dois casos dura trinta

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dias. Enquanto no estado vizinho a prefeitura é a grande articuladora do evento, assume desde a

gestão de grande parte dos recursos financeiros, até a definição de seu formato, seus dias

programados, os horários e escalas das apresentações, quantos e quais atrações artísticas se

apresentarão em cada um dos palcos montados, quantos estabelecimentos comerciais -

restaurantes, bares e lanchonetes - poderão se instalar no Parque do Povo, o prefeito de Caruaru

repassa grande parte dessas atribuições para profissionais da área de grandes eventos. Por

exemplo, a empresa de comunicação A-SIM COMUNICAÇÃO que é representada por

Astrogildo Santos, responsável pela comercialização das quotas de patrocínio e toda a

organização da festa. Outro empresário desse APL também responsável pelo evento é o

proprietário da C2-COMUNICAÇÃO, Carlos Carvalho, atuante em Pernambuco, produtor

cultural, ator, diretor de teatro e estudioso de fenômenos midiáticos.

Os atores do APL constituem vários grupos que de formas direta ou indireta participam da

elaboração e realização desta manifestação da cultura popular local. Os principais atores do

segmento produtivo que atuam diretamente no evento durante o mês de junho, além dos acima

citados, estão ligados ao comércio, à música, à cultura ou ao turismo.

Quadro 10

Atores do Arranjo Produtivo Local de Eventos: “Caruaru – A Capital do Forró”

Empresários

Promotores, patrocinadores, proprietários de estabelecimentos formais e informais de hotelaria e restaurantes, bares e lojas que comercializam produtos e artesanatos. Prestadores de bens e serviços: gastronômicos, de transportes, de hotelaria, de divulgação, etc...

Artistas Músicos, cantores, artesãos, cartunistas, cordelistas, repentistas, poetas, etc...

Clientes Turistas e população local

Sindicatos, Associações Sindicatos de hotéis e restaurantes, Sindicato dos Taxistas, Associação dos artesãos, associação das MPE’s

Organismos de apoio e promoção Governos federal, estadual e municipal, Sebrae-PE; Convention Bireau

Centros de ensino e pesquisa Universidades, Escolas profissionalizantes, Escolas públicas Municipais, Escolas públicas Estaduais Escolas particulares

Agentes Financeiros Banco do Brasil, BNB Fonte: elaboração própria

Destacam-se adicionalmente como atores do APL, ilustres pernambucanos ligados às

artes, à cultura e à história local que se ocupam de resgatar as raízes da cultura popular local. Por

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exemplo: no Parque do Forró você encontra os sucessores de Mestre Vitalino que criou no barro

os personagens do folclore pernambucano e nordestino.

5.2.3 APL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO DE OLINDA

Em um formato semelhante ao já reconhecido APL de Tecnologia de Informação e

Comunicação (TIC) do Recife, foi identificado neste trabalho um arranjo produtivo do gênero

também em Olinda. É uma iniciativa que já está sendo denominada de pólo tecnológico, mas seus

agentes e as instituições que costumam apoiar os APLs do Estado ainda não o enxergam como

um arranjo produtivo.

Pode-se dizer que o estímulo inicial que possibilitou uma concentração de empresas de TI

em Olinda foram as medidas de isenção e redução fiscal oferecidas pela Prefeitura Municipal de

Olinda (PMO). Hoje há cerca de 80 corporações do setor localizadas em Olinda e conforme

declarado pela presidente da Associação Brasileira de Empresas de Base Tecnológica de

Pernambuco (AEBT-PE) existem mais 22 empresas no Estado interessadas em migrar para

Olinda (dados obtidos em reportagem da Folha de Pernambuco do dia 26/3/2008).

Se por um lado, os incentivos fiscais promoveram a concentração geográfica de empresas

de TI em Olinda, por outro lado, a criação do Olinda Digital (assim como o Porto Digital do

Recife) foi o elemento propulsor que faltava para a concepção do APL de TI de Olinda. O Projeto

Olinda Digital nasceu em 2007 com a missão de criar no município um pólo tecnológico baseado

numa rede de relações que facilitem a troca de conhecimentos entre instituições que tipicamente

formam a base institucional de qualquer APL, quais sejam: as empresas, o Governo, as

instituições de ensino e o sistema financeiro. A idéia é que os ganhos obtidos a partir da sinergia

desses atores gerem para o município de Olinda positivas conseqüências sociais e econômicas,

através do fomento a programas que possam capacitar mão-de-obra especializada e gerar

empregos de forma efetiva, promovendo também programas para a inclusão digital de

comunidades carentes.

O Olinda Digital desenvolve basicamente duas grandes ações: a incubação de empresas e

a oferta de cursos. As atividades de incubação são administradas pelo Núcleo de Fomento de

Negócios Inovadores (Fomenti) que é responsável pela transferência de tecnologia, fornecimento

de infra-estrutura básica, orientação para elaboração de planos de negócios e contatos com a rede

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de parceiros, contribuindo assim com a geração de inovação nas micro e pequenas empresas. Para

que empresas e centros de tecnologia possam fazer parte do Pólo Tecnológico Olinda Digital, é

necessário apresentar um projeto à Secretaria Municipal da Fazenda e da Administração de

Olinda (Sefad). Este Pólo é também parte integrante da Rede Incubanet (Rede Pernambucana de

Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores) que congrega incubadoras de empresas e

parques tecnológicos de Pernambuco.

Além dos serviços de incubação de empresas, o Olinda Digital fornece cursos de

capacitação, a exemplo dos treinamentos em ITIL e COBIT. Essas capacitações são realizadas

em parceria com a Allen Informática e a IT Partners, sendo que esta última possui

credenciamento internacional para ministrar treinamentos em Balanced Scorecard, ITIL e

COBIT.

Na homepage oficial do Olinda Digital são listados os integrantes desta instituição que

fornecem uma idéia do que seriam os próprios integrantes do APL de TIC de Olinda. Veja

descrição a seguir (OLINDA DIGITAL, 2009):

(i) A Prefeitura Municipal de Olinda apóia institucionalmente e politicamente o projeto e

concede incentivo fiscal e econômico para as empresas de TIC (Tecnologia da Informação e

Comunicação), já localizadas ou que vierem a se localizar em Olinda. As empresas devem

apresentar um projeto ressaltando a reciprocidade social e econômica para a cidade.

(ii) O Centro Brasileiro de Reciclagem e Capacitação Profissional é uma ONG (Organização

Não-Governamental), criada pela iniciativa privada. É, portanto, uma organização sem fins

lucrativos que atua nas lacunas deixadas pelos setores público e privado, buscando a

promoção do desenvolvimento e bem-estar social. Trata-se, assim, de uma entidade privada

com finalidade pública, responsável pela gestão do projeto e integração de seus

componentes.

(iii) Ambiente de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico: Esse ambiente do Pólo

Tecnológico Olinda Digital será formado por Centros Tecnológicos voltados para pesquisas

e desenvolvimento, formação qualificada de recursos humanos, absorção e transferência de

tecnologia e prestação de serviços tecnológicos. O Microsoft Innovation Center - MIC, é o

primeiro centro tecnológico a se localizar no Olinda Digital, com a gestão da Allen

Informática que é um dos maiores parceiros Microsoft do Brasil.

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(iv) Incubadora de Empresas de Base Tecnológica: O papel da Incubadora IEBT.OD é a criação

de empresas prestadoras de serviços tecnológicos, a partir daqueles que são empreendedores

e desejam colocar seu dinamismo à disposição do desenvolvimento do Município de

Olinda, através do mecanismo de incubação de empresas de base tecnológica.

(v) Associação de Empresas: A Associação de Empresas de Base Tecnológica de Pernambuco

AEBT/PE, é uma entidade sem fins lucrativos que buscará, através da representação e

suporte aos associados, estimular a livre iniciativa, o empreededorismo e o

profissionalismo, visando o desenvolvimento sócio-econômico sustentável do Município de

Olinda, e colaborando com o desenvolvimento de empresas pernambucanas de base

tecnológica, com o uso de novas tecnologias empregadas. Para isso segue valores regidos

pela ética, pioneirismo e inovação, justiça, credibilidade e apartidarismo político.

(vi) Ambiente Empresarial: O Ambiente Empresarial do Pólo Tecnológico Olinda Digital tem

por objetivo a atração de empresas de tecnologia para Olinda, e a localização das empresas

incubadas, e ainda promover o benefício da geração de empregos para cidadãos olindenses.

As empresas tecnológicas já localizadas em Olinda também podem se integrar ao Pólo.

O que se pode concluir a respeito do APL de TIC de Olinda é que, primeiramente, ele precisa

ganhar visibilidade junto aos órgãos públicos para que esses lhe destinem um tratamento

compatível com o tipo organização produtiva que este Arranjo já dispõe. Os Governos Estadual e

Federal ainda não enxergam este APL. A PMO embora esteja desempenhando um papel

fundamental para o crescimento deste Arranjo através da concessão de incentivos fiscais, sabe-se

que esta política não somente é insustentável em longo prazo (já que os benefícios têm prazo de

validade), como também não é uma política que fomente a organicidade do APL. Outro aspecto

que merece a atenção é a falta de interação entre os demais sistemas de TIC do Estado, sobretudo

entre o APL do Recife (que concentra suas atividades em desenvolvimento de softwares) e o

Parque Tecnológico de Pernambuco (que concentra suas atividades em desenvolvimento de

hardwares). Uma troca entre essas entidades seria desejável para potencializar os ganhos de

informação, de aprendizado, o estímulo a novas parcerias e a representação junto aos órgãos de

C&T, tudo isto pode gerar um benefício mútuo e reduzir os custos de transação desses

organismos.

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122

5.2.4 APL DE TURISMO E CULTURA DE PORTO DE GALINHAS

O começo da formação de um arranjo produtivo na praia de Porto de Galinhas se deveu a

uma adversidade: o surto da cólera no ano de 1992. Neste período o banho de mar estava

proibido em todo o litoral pernambucano e os hotéis passaram meses sem receber um hóspede

sequer. Os proprietários de hotéis para enfrentar este problema resolveram discutir juntos o que

fazer e tiveram a idéia de fundar a primeira associação de Porto de Galinhas, a Associação dos

Hotéis de Porto de Galinhas (AHPG).

O livro A Invenção de Porto de Galinhas – História, Empreendedorismo e Turismo

organizado por Luis Carvalheira de Mendonça e de co-autoria de José de Arruda Raposo e

Virginia Pernambucano de Mello relata com detalhes o processo de atuação da AHPG para o

enfrentamento da crise da cólera. O livro narra que o propósito inicial desta união era o de

promover estratégias de divulgação desta Praia para atrair mais turistas. Através da Associação os

hoteleiros abriram diálogo com a Empetur (Empresa de Turismo de Pernambuco), com empresas

de aviação e de turismo para concretizar algumas ações de atração de hóspedes. Conseguiram

com companhias aéreas cerca de 1000 passagens para dar início à captação de clientes no Sul do

país, que foi gradativamente sendo expandida para a Argentina, Portugal e Espanha. Os

mecanismos utilizados foram o Famtur e os Workshops. O Famtur consistia num turismo de

familiarização que teve por objetivo levar o agente de viagem, o operador, o jornalista para visitar

o local e depois saber vendê-lo, divulgá-lo com maior conhecimento de causa. Esses agentes

eram convidados sempre com cortesia e sem nenhum ônus. Os workshops, por outro lado, eram

reuniões de trabalho nas cidades que potencialmente seriam emissoras de turistas para Porto de

Galinhas com agentes de viagens desses locais e atores do trade turístico desta Praia que tinham a

função de apresentar tudo o que o balneário poderia oferecer a um cliente potencial. Nesses

workshops, os hoteleiros de Porto de Galinhas perceberam que era importante vender primeiro a

região e não os seus hotéis individualmente.

Já no primeiro ano de atuação, os demais agentes envolvidos com o turismo de Porto de

Galinhas reconheceram os resultados positivos do trabalho da AHPG e todos passaram a

cooperar. No capítulo 7 do referido livro, os autores narram que “depois do primeiro ano, todo

mundo viu que esse trabalho da Associação estava dando tão certo, que os jangadeiros

começaram a dar passeios de graça, os bugueiros o bugre de graça, os restaurantes a colaborar.

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Essa mudança de mentalidade deveu-se, em grande medida, à unidade e à confiança mútua entre

eles”. (Mendonça, 2001, p. 185) A percepção dos hoteleiros associados era a de que nenhuma

estratégia de divulgação da Praia de Porto de Galinhas poderia surtir efeito se não houvesse o

envolvimento de forma articulada de todos os agentes da cadeia produtiva do turismo.

O que acabou de ser relatado nada mais é do que a gênese do associativismo do APL de

Porto de Galinhas. Depois da criação da AHPG, várias outras associações, com os mais distintos

fins, nasceram nesta Praia. Há a associação dos bugueiros, dos jangadeiros e dos barraqueiros da

praia. Há ainda a Associação dos Comerciantes e Amigos de Porto de Galinhas (ACAPG) que

congrega restaurantes, comerciantes e pousadas. Foi criada também a associação dos donos de

pousada, mas perceberam que já não era necessário, pois se sentiam suficientemente

representados pela ACAPG e AHPG, o que revela um aprimoramento da base de cooperação do

APL, encontrando um tamanho ótimo de entidades associativas de forma a evitar duplicidade de

papéis, poupando assim esforços no que se refere às tomadas de decisão de interesse da classe.

Outra associação que merece destaque é a Associação de Moradores de Porto de Galinhas que

visa o interesse de seus moradores zelando por aspectos relacionados à qualidade de vida,

monitorando e demandando a oferta de serviços de infra-estrutura como iluminação pública,

limpeza, segurança e saneamento. Esta Associação teve também uma atuação específica na

elaboração do Plano Diretor de Porto de Galinhas que impõem restrições para a construção de

prédios na orla marítima. Antes da elaboração deste Plano, a Associação juntamente com outros

atores locais pressionaram o poder público de forma a vetar a construção de um flat de 101

apartamentos. Outra associação de moradores é a Ampass, a qual será tratada mais adiante no

texto.

Este processo de formação do associativismo em Porto de Galinhas é um dos critérios

utilizados pela equipe de pesquisadores deste trabalho para justificara a inclusão deste Arranjo no

mapeamento de APLs de Pernambuco. O que se pôde observar através das entrevistas junto a

atores locais é que há efetivamente uma base cooperativa entre os mesmos no sentido de pensar a

vocação turística do local. Apesar disto, as associações ainda encontram dificuldade de dialogar,

em virtude de heterogeneidade de seus interesses. Já se vislumbrou a criação de uma federação

das associações, mas o processo de amadurecimento de um diálogo mais integrado ainda não

chegou ao fim. Porém tudo indica que nem por isso o processo está sendo abandonado, tanto que

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atualmente o Conselho Municipal de Turismo de Ipojuca41 está sendo retomado e já começa a

congregar os diversos atores do balneário com o objetivo de acomodar seus distintos interesses de

modo que o resultado seja em prol do coletivo e do melhoramento do APL de Porto de Galinhas.

Vale destacar que o Sebrae tem dado suporte ao APL, embora não o reconheça como tal, através

de ações específicas voltadas à atividade turística, sobretudo nas áreas de capacitação e estímulo

ao espírito de associativismo.

A necessidade dos agentes locais de estarem permanentemente em diálogo deriva da

natureza dinâmica do turismo que se desenvolve em Porto de Galinhas e que vem,

gradativamente, transformando esta Praia. Hoje Porto não é mais conhecida e visitada somente

pela beleza de suas praias e paisagens de mangue, o turista agora procura algo mais. A conotação

turística deste balneário passou a agregar mais dois elementos de certa forma impensáveis no

início da década de 90: a cultura e o entretenimento de grife.

Com a chegada das grifes (roupas, perfumes, acessórios, restaurantes) a partir da segunda

metade dos anos 90, Porto de Galinhas atingiu uma nova configuração se consolidando como um

balneário mais sofisticado aos moldes de Búzios no litoral do Rio de Janeiro. Esta mudança foi

impulsionada pelo evento dos resorts em Muro Alto que atraiu um turista de maior poder

aquisitivo.

Mais recentemente, há cerca de 4 anos, um novo elemento vem se somar a este novo

estilo de Porto, o advento de circuitos culturais iniciado em 2005 com a primeira edição da Festa

Literária de Porto de Galinhas (Fliporto). Inspirada na Flip (Festa Literária de Parati), a Fliporto

movimenta o balneário por cerca de 4 dias com palestras, debates, lançamentos de livros,

concertos de música, teatro e dança. A Fliporto foi fruto de uma iniciativa pessoal do veranista

José Eduardo Côrtes que é um ativista em prol de Porto de Galinhas e está diretamente envolvido

com desenvolvimento do balneário através de sua participação na Associação de Moradores de

Porto de Galinhas (da qual é o atual vice-presidente), na elaboração do Plano Diretor da Orla e no

permanente exercício de sensibilização junto aos diversos agentes locais para promover um

desenvolvimento sustentável para a Praia, garantindo acima de tudo a sua preservação e a

qualidade de vida dos que nela convivem.

No primeiro ano, a Fliporto já contou com o apoio de alguns hotéis e restaurantes. A

Fundarpe e a Infraero entraram com recursos financeiros. A Prefeitura de Ipojuca contribuiu com

41 Ipojuca é o município ao qual pertence a Praia de Porto de Galinhas.

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a provisão de infra-estrutura para o evento em termos de segurança, limpeza, autorização para

uso dos espaços públicos. Hoje a Prefeitura, além desta contrapartida já fornece verba específica

para as atrações da Festa. A Fliporto cresceu e hoje suas edições são internacionais trazendo

escritores do mundo todo. O seu sucesso despertou o interesse de outros parceiros e o surgimento

de novos acontecimentos culturais, como o Festival de Jazz de Porto de Galinhas. Atualmente,

Porto conta ao longo do ano com diversos eventos que associam cultura às atividades típicas da

praia, como eventos musicais de verão, noites gastronômicas com temas vinculados à musica e

literatura, saraus, dentre outros. A avaliação dos proprietários de hotéis de Porto de Galinhas é a

de que a Fliporto e as demais atividades culturais mudaram o perfil do turista que visita o

balneário. Com evento do comércio e gastronomia de grifes, associado à vocação cultural que

começa a se consolidar, o turista que vem tem um nível social, econômico e cultural mais

elevado. São formadores de opinião e possibilitam a disseminação desta nova vocação turístico-

cultural de Porto de Galinhas.

É interessante observar que além de agregar um componente cultural ao turismo de Porto

de Galinhas, o evento da Fliporto repercutiu em iniciativas semelhantes para outras cidades, a

exemplo do Festival Recifense de Literatura, da Flinorte (festa literária que abrande as praias do

litoral norte de Pernambuco), Flipenedo (Penedo, Alagoas) e a Festa Literária de Garanhuns.

Paralelamente, o balneário de Porto de Galinhas começa a disputar com a RMR o espaço

de turismo de eventos. Diversos congressos nas áreas de saúde, engenharia, turismo, comércio,

dentre outros, já acontecem nas salas de convenção dos hotéis desta praia. O APL de Porto

também vem se integrando aos empreendimentos de Suape, pois se presta como um local de

moradia, de lazer e descanso para as pessoas que trabalham no Complexo. Recentemente uma

grande construtora dos empreendimentos de Suape fechou um contrato de ocupação de 20% dos

quartos de hotéis e pousadas. Estima-se que a demanda para essa força de trabalho envolvida nas

obras de Suape chegue a 800 leitos, o que tem gerado inclusive uma tendência de alta sobre as

tarifas cobradas pelos meios de hospedagem. Esta pressão imobiliária tem promovido a oferta de

novas soluções, como a construção de condomínios de classe média com residências fixas e não

mais moradias de veraneio. Um exemplo recente foi a construção do condomínio Porto Coqueiral

na estrada para Serrambi, cujas casas são dos próprios empresários que desenvolvem seus

negócios em Porto de Galinhas.

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126

A transformação de Porto num destino turístico de alto nível econômico e cultural

infelizmente não ocorreu sem custo para parte da população nativa desta praia. Embora algumas

pessoas tenham conseguido tirar proveito desta nova configuração de Porto de Galinhas,

transformando suas casas na Vila de Porto em comércios ou pousadas, muitos moradores foram

deslocados para os arredores do município, vivem em casas precárias, localizadas em regiões

alagadiças (Socó, Salinas, Pantanal), sem infra-estrutura de água e esgoto e desprovidas de

serviços de segurança e limpeza urbana. A falta de saneamento, aliás, é o maior problema de

Porto de Galinhas. Simplesmente não há sistema de esgoto na cidade, da orla à periferia só

existem fossas sépticas ou fossas coletivas.

Esses moradores deslocados, entretanto, não assistem a este processo de precarização de

condições de vida de forma passiva. Desde 1999, os moradores dos referidas comunidades

formaram a Associação dos Moradores de Pantanal, Salinas e Socó (Ampass) com o objetivo

amplo de desenvolver um trabalho de conscientização de cidadania para todos. Conforme

relatado por Mendonça (2001), as ações encampadas para o cumprimento de tal objetivo

consistiam em programas de educação de crianças, jovens e adultos; recreação e lazer da

população; gestão para assentar e legalizar os moradores que invadiram áreas de mangue;

proteção contra a degradação do meio-ambiente e criação de um banco de talentos profissionais

com vistas a intermediar a mão-de-obra local para o mercado de trabalho da região. À época da

publicação do citado livro, a Ampass já tinha conquistado: (i) parcerias com o Programa de

Capacitação Solidária para a formação de jovens garçons e professores para lecionarem na escola

mantida pela Associação; (ii) ajuda financeira de ONGs internacionais para reformar a casa onde

funcionavam a escola e creche; (iii) distribuição de carros pipas, criação da guarda municipal e

do núcleo de segurança comunitária foram conquistas da Ampass junto às autoridades

competentes e (iv) criação da lavanderia comunitária sob a forma de cooperativa que atende a

vários estabelecimentos comerciais da praia e cujo retorno financeiro é revertido para os

membros da associação.

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127

5.2.5 APL DA AGRICULTURA FAMILIAR ORGÂNICA DA ZONA DA MATA

Breve panorama da agricultura orgânica no mundo

A agricultura orgânica está presente em mais de 120 países, são aproximadamente 31

milhões de hectares utilizados para o cultivo de produtos orgânicos com 634 mil trabalhadores –

sendo 90% do tipo familiar e 10% empresarial. A Oceania está na frente com 39% da área

agrícola utilizada, a Europa vem em seguida com 23% e América Latina detém 19%. Estima-se

que o mercado de orgânicos no Brasil movimente aproximadamente US$ 250 milhões por ano.

No mundo, em apenas três anos, o mercado passou de US$ 24 bilhões para US$ 40 bilhões em

2006. Um aumento de 66,6%, aproximadamente. O Brasil utilizava em 2004 aproximadamente

842 mil ha, sendo que em 2000 eram apenas 50 mil ha, esse salto deve-se há um amplo de

organizações da sociedade civil no final dos anos 1990, e ao reconhecimento dos Governos e

promoção de um marco legal e de políticas que favoreceram agricultura familiar no país,

defasada desde o desmantelamento da EMBRATER em 1991.

Desenvolvimento da agricultura orgânica no Brasil

No Brasil, assessorados por ONGs e atendidos por políticas públicas, os agricultores

familiares e pequenos produtores rurais estabeleceram uma nova relação entre o saber popular e a

inovação técnica, a partir do enfoque científico da agroecologia, que possibilitou para muitas

famílias o acesso a um modelo de comercialização tradicional, as feiras livres, tradicionais e

populares, que fazem parte do imaginário e da cultura de várias pessoas e regiões. Essas novas

feiras livres, agora denominadas “feiras orgânicas”, “espaços agroecológicos”, “feiras de

economia solidária”, entre outras, atende há crescentes demandas por produtos orgânicos. Essa

procura foi provocada por uma crise de valores pela não aceitação por produtos cultivados com

insumos químicos e tóxicos, ou que tenham sido utilizadas mão-de-obra barata, e ainda

prejudiquem o meio-ambiente, beneficiando somente aqueles favorecidos pelo lucro. Contudo,

esse movimento de consumo por produtos agropecuários de base ecológica, também

proporcionou a entrada de empresas na produção de alimentos “limpos”, mas que não são de base

familiar.

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128

O Estado de Pernambuco acompanhou essa tendência, sendo um dos principais pioneiros

em muitas das experiências de agroecossistemas, inclusive com o surgimento e disseminação de

feiras e espaços de comercialização desses produtos na Região Metropolitana do Recife, Sertão,

São Francisco, Agreste e Zona da Mata, chegando a 52 em todo o Estado, sendo 14 delas

concentradas na capital.

Ambiente Institucional em Pernambuco

Organizações da sociedade civil como o Centro de Desenvolvimento Agroecológico

Sabiá42 e o Serviço de Tecnologia Alternativa (SERTA)43 estão entre as principais incentivadoras

desse processo de alternância do manejo e da produção de hortaliças e de criação de animais.

Centenas de agricultoras e de agricultores foram capacitados em cursos e oficinas nas práticas da

cultura agroecológica, como também se organizaram em associações e cooperativas, e

continuam sendo acompanhadas por técnicos e assessores dessas e outras entidades – como a

Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal Rural de

Pernambuco (Incubacoop/UFRPE), Cáritas Regional Nordeste 2, Diaconia, Projeto Dom Hélder

Câmara, Articulação do Semi-Árido, Casa da Mulher do Nordeste, Oxfam, Caatinga, ADS/CUT,

Chapada, FETAPE, Cecor, entre outras.

Essas entidades buscam melhorar e aumentar a produção, bem como o acesso e o

consumo por estes alimentos orgânicos, produzidos localmente e manejados de forma

sustentável, fortalecendo o desenvolvimento local e a melhoria de qualidade de vida dos

agricultores familiares.

As ações e políticas possibilitam aumentar segurança alimentar dos produtores e

consumidores, e também a segurança de renda do agricultor, que é responsável por produzir,

processar e comercializar uma crescente quantidade de produtos orgânicos de qualidade e de

também gerenciar o processo de produção de forma efetiva e sustentável.

No Quadro 11 estão relacionados os municípios que possuem feiras e espaços agroecológicos e

as respectivas entidades que apóiam. A Região Metropolitana do Recife concentra 14 das 52

42 O Centro Sabiá atua nas regiões da Zona da Mata, Agreste e Sertão de Pernambuco. Desenvolve atividades de formação, assessoria e assistência técnica aos agricultores familiares agroecológicos. Mais informações: www.centrosabia.org.br. 43 O SERTA está localizado no Campo das Sementeiras, município de Glória do Goitá, Zona da Mata, mas atende vários municípios, capacitando principalmente jovens. Mais Informações: www.serta.org.br.

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129

experiências identificadas, mas é o Sertão (Araripe, Moxotó, Pajeú, Central e São Francisco) que

concentrar a maior parte dos casos (26), já a Zona da Mata ocorre apenas 3 experiências. No

entanto, a maioria dos agricultores familiares que comercializam em Feiras da RMR pertence a

Zona da Mata. Nesta região não há muitos espaços para comercialização de produtos orgânicos

(muitos deles acabam se misturando nas feiras livres comuns), também os baixos rendimentos do

fornecimento e trabalho no corte da cana estimulam os agricultores familiares a procurar

oportunidades fora, principalmente na Região Metropolitana do Recife. Mas, com a assessoria

das organizações citadas no Quadro11, muitos agricultores puderam ter a oportunidade de

comercializar em espaços em bairros de classe média alta, até mesmo numa Universidade. Outras

experiências foram organizadas pelos próprios empreendimentos que a partir da aquisição de

conhecimentos se articularam neste processo buscando novos espaços.

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Quadro 11 Levantamento de feiras e espaços de comercialização nas microrregiões, municípios e as entidades de

assessoria

Microrregião Municípios (Qtde) Entidades de Assessoria

Sertão do Araripe (7)

Ouricuri (3) Araripina, Bodocó (2) Ipubi Exu

CAATINGA, CHAPADA, Centro Sabiá

Sertão do Pajeú (4)

Afogados da Ingazeira São José do Egito Tuparetama Tabira

DIACONIA, Casa da Mulher do NE, Projeto Dom Hélder Câmara, UMEDES

Sertão do Moxotó (1) Arcoverde Cáritas Regiona NE 2, CEDEC

Sertão Central (9)

Flores Santa Cruz da Baixa Verde Serra Talhada (2) Salgueiro Triunfo (2) Mirandiba (2)

CECOR, Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais, STR Santa Cruz da Baixa Verde, PROPAC, ADESSU Baixa Verde, Centro Sabiá, AASC, Associação Quilombola Conceição das Criolas, CONVIVER, SRT Mirandiba

Sertão São Francisco (4) Afrânio Santa Filomena Dormentes (2)

NEPS

Agreste (7)

Caruaru Gravatá Bezerros Riacho das Almas Jataúba Brejo da Madre Deus Bom Jardim

IPA, AMAS, AMA –Gravatá, SERTA, Centro Sabiá, Agroflor

Mata Sul (3) Palmares Primavera Sirinhaém

FASE, Centro Sabiá, Centro das Mulheres do Cabo, CEAS Rural, Cáritas Regional NE 2 e Pastoral da Criança, PROMATA

Região Metropolitana (16) Recife (14) Olinda Cabo de Santo Agostinho

Centro Sabiá, Agroflor, SERTA, Terra Viva, NECSO-UFPE< Centro das Mulheres do Cabo

Fonte: elaboração própria.

Formação do APL de Orgânicos da Zona da Mata

A principal entidade da região da Zona da Mata, o SERTA, dispõe de um Centro

Tecnológico da Agricultura Familiar e as Unidades Pedagógicas de Produção Orgânica – Uppo,

onde realizas capacitações e desenvolvimento de pesquisa inovação, além disso, conta com uma

entidade de microcrédito, o ACREDITAR, que atende principalmente os jovens capacitados e os

agricultores familiares, que podem inclusive formar fundos rotativos solidários. Outra entidade

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atuante na região é o Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, pioneira na extensão

rural agroecológica e grande incentivadora da comercialização de produtos orgânicos na Região

Metropolitana, tendo inclusive criado a primeira feira em 1997, no bairro das Graças no Recife.

O Governo do Estado têm sua presença na região com o PRORURAL, mas principalmente com

os Núcleos de Articulação e Fomento para o Desenvolvimento Sustentável (NAFs) instalados nas

Estações Experimentais do IPA nos municípios de Vitória de Santo Antão, Catende e Itambé. A

região conta ainda com Escolas Técnicas Agrícolas em Vitória de Santo Antão e Barreiros e

também da Universidade Federal de Pernambuco, com um Campus instalado no município de

Vitória de Santo Antão. Outras entidades presentes e com forte atuação em capacitação,

assessoria e assistência técnica são: Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da

UFRPE (Incubacoop), Cáritas Regional NE 2, Centro das Mulheres do Cabo, Núcleo de

Economia Solidária da UFPE (NECSO), Federação de Órgãos para Assistência Social e

Educacional (FASE), Centro de Estudos e Ação Social (CEAS Rural), e vários empreendimentos

associativos e cooperativos que estão se desprendendo a imposição da monocultura canavieira.

Uma das mais importantes cooperativas da região, EcoOrgânica (Cooperativa de Produtores

Familiares Orgânicos), com sede localidaza em Vitória de Santo Antão, abrange cerca cinco

municípios envolvendo 118 pequenas propriedades familiares. Essa cooperativa se destaca

principalmente por comercializar produtos diretamente com os grandes supermercados da Região

Metropolitana.

Os produtores famliares da Zona da Mata (e também de outras regiões do Estado) contam

também com vários apoios e programas governamentais federais para financiamento,

comercialização e assistência técnica.

Financiamento/Crédito: Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

(Banco do Nodeste do Brasil, Banco do Brasil e Ministério do Desenvolvimento Agrário);

Agroamigo (Banco do Nordeste);

Comercialização: Programa de Aquisição de Alimentos-PAA (Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Campainha Nacional de Abastecimento);

Programa Nacional de Alimentação Escolar(Ministério da Educação/Fundo Nacional de

Desenvolvimento Escolar);

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132

Assistência Técnica e Extensão Rural: Programa Nacional de Apoio à Agricultura de

Base Ecológica nas Unidades Familiares de Produção e Política Nacional de Assistência

Técnica e Extensão Rural/ATER (Ministério do Desenvolvimento Agrário

(MDA)/Secretaria de Agricultura Familiar).

A partir desse cenário, em 2009, o Governo do Estado de Pernambuco reconheceu que a

agricultura familiar – atrelada aos princípios da agroecologia – melhora a qualidade de vida dos

produtores e consumidores, por garantir em princípio a segurança alimentar e nutricional dos

produtores e consumidores, além de prover renda e trabalho pra muitas famílias. Em vista disso,

está investindo, cerca de 1 (hum) milhão de reais no denominado “Polo de Orgânicos de

Pernambuco” abrangendo a região da Mata Centro. Essa iniciativa congrega diversas entidades,

que por intermédio da Secretaria de Planejamento e Gestão (SEPLAG) em seu Programa de

Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata de Pernambuco (PROMATA) buscou

os serviços de atendimento técnico aos pequenos produtores por meio de quatro organizações em

consórcio: Serviço de Tecnologia Alternativa (SERTA), Sociedade Nordestina de Ecologia

(SNE), Fundação de Proteção à Saúde e Meio Ambiente (FUSAMA) e a Cooperativa de

Produtores Familiares Orgânicos (ECOORGÂNICA). Além das parcerias com a Associação de

Orientação as Cooperativas do Nordeste (ASSOCENE) e a certificadora CERTIVIDA.

O projeto irá atender dez municípios da Zona da Mata (Amaraji, Chã de Alegria, Chã

Grande, Gameleira, Glória do Goitá, Lagoa de Itaenga, Pombos, Primavera, Ribeirão e Vitória de

Santo Antão) e cerca de 1000 produtores (até o momento foram atendidos mais de 500

agricultores). Desta forma, Pernambuco pretende ser pioneiro no Brasil em produção e

comercialização no mercado de Alimentos Orgânicos.

A meta do projeto é implantar duas feiras de produtos orgânicos na Zona da Mata, instalar

cinco unidades demonstrativas da Tecnologia Social 44PAIS e implantar 300 kits da tecnologia

em propriedades rurais da região, formar inspetores para certificação de orgânicos, prestar

assistência técnica rural permanente aos agricultores, além de fortalecer o cooperativismo e

associativismo por meio de capacitações.

44 Produção Agroecológica Integrada e Sustentável: É uma política de segurança alimentar e nutricional difundida pela FBB para o fortalecimento da agricultura familiar, bem como o desenvolvimento de uma produção nos princípios da agroecologia. Mais informações: www.fbb.org.br.

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133

Contudo, as entidades de apoio e assessoria e nem os gestores públicos identificam esta

região, principalmente no centro, como um Arranjo Produtivo Local e sim como denominação

“Pólo”, ou seja, como uma região que concentra experiências exitosas de um mesmo setor de

atividade. O termo “Pólo” é tido como um jargão populacional, portanto, bem mais aceitável do

que “APL”. Apenas o PROMATA/SEPLAG denomina como “Arranjo Estratégico”, um dos que

estão sendo fomentados na região45. Nesse ínterim, podemos com o conhecimento tácito e as

informações obtidas, considerar que esta região (onde serão desenvolvidas as ações do projeto)

trata-se de um arranjo produtivo local, por aglomerar nela diversos empreendimentos,

associações, entidades de assessoria, pesquisa e formação, certificadoras, além das políticas e

ações governamentais. Mas, principalmente por existir entre os atores forte cooperação (e elos de

confiança) inerente a própria atividade que se intensificam no seio dos princípios agroecológicos

e nas relações de solidariedade.

45 Os seis arranjos estratégicos do PROMATA são: Produtos Orgânicos, Bovinocultura de Leite, Agroindústria de Pequeno Porte em Rede, Piscicultura, Banana e Artesanato. Mais informações: www.promata.pe.gov.br

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134

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Realizar o mapeamento das concentrações produtivas é apenas um primeiro passo para

poder determinar os caminhos da pesquisa em si, que se realiza efetivamente a partir do desenho

das estruturas institucionais existentes, da forma de interação destas estruturas com o tecido

empresarial, das políticas públicas que estão sendo implantadas, inclusive como estão sendo

encaminhadas as demandas por agentes privados junto às diversas esferas de Governo.

Este primeiro exercício de mapeamento dos APLs revelou alguns aspectos importantes

que não podem deixar de ser contemplados na formatação de uma política de APL para o Estado

de Pernambuco. Esses aspectos são resumidos a seguir:

• Há uma grande confusão conceitual acerca do que seja APL com repercussões

sobre os critérios de seleção dos APLs e sobre o tipo de política aplicada. Esta

confusão gera equívocos como os chamados “APLs” de turismo, floricultura e

móveis que não apresenta os pré-requisitos mínimos para serem identificados

como APLs – já que não apresentam concentração geográfica, nem aglomeração

produtiva – e são indevidamente inseridos em mapeamentos estaduais recebendo,

conseqüentemente, uma política inadequada;

• Quando o equívoco não está relacionado ao conceito em si de APL, ele diz

respeito ao tipo de apoio dispensado. Este é o caso de todos os APLs no capítulo

5.1, a saber: ovinocaprinocultura em diversas regiões do Estado; audiovisual do

Recife; saúde da RMR, música e ritmos de Olinda, Recife e Zona da Mata; artes

plásticas e artesanato de Olinda e artesanato em diversas regiões do Estado. Todos

esses arranjos são de fato APLs no sentido que atendem aos critérios mínimos do

conceito adotado no trabalho e conhecimento tácito dos pesquisadores. No

entanto, são APLs que estão recebendo um tipo de apoio inadequado, sendo

submetidos a políticas mais voltadas para o setor ou, na melhor das hipóteses, para

a cadeia produtiva, mas sem apresentar ações que impulsionem de forma mais

eficiente o funcionamento do APL;

• A instituição que melhor trabalha o conceito e que tem políticas mais adequadas

aos APLs de Pernambuco é o Sebrae-PE (ver anexo 2) e o Sebrae Nacional, que

vem atuando com base em pesquisas realizadas pala RedeSist há quase uma

Page 135: NT 02 - PE

135

década. Vale destacar também a atuação do Governo do Estado a partir do Pro-

APL (ver anexo 3) que juntamente com a Sectma vem desenvolvendo ações

importantes relacionadas à base de C&T, como é o caso da implantação dos CTs

em diversos APLs do Estado;

• Instituições financeiras – Não se pode dizer que as instituições financeiras fazem

parte dos APLs identificados em Pernambuco, elas apenas gravitam em torno

deles. Isto porque não há um sistema de financiamento direcionado aos APLs.

Somente as empresas de maior porte e, portanto, com maior autonomia estrutural

possuem maior probabilidade de acesso aos programas de crédito de

financiamento das instituições bancárias, privadas e públicas. É necessário iniciar

uma ação de apoio dentro do APL para que empresas com menor autonomia

estrutural, tenham acesso a programas de financiamento de investimento e capital

de giro. Neste sentido, um passo inicial já foi dado pelo Governo Federal ao

admitir que a garantia do Fundo de Aval para empresas vinculadas a Arranjos

Produtivos Locais, passe de 50% para 80%.

• APLs invisíveis - A pesquisa identificou quatro APLs que nunca foram listados

como tais em mapeamentos já realizados: (i) Polímeros da RMR; (ii) Eventos:

“Caruaru - A Capital do Forró”; (iii) TIC de Olinda e (iv) Turismo e Cultura de

Porto de Galinhas. Esses APLs precisam ganhar visibilidade junto aos órgãos

públicos para que esses lhe destinem um tratamento compatível com o tipo

organização produtiva que este Arranjo já dispõe.

Em relação aos APLs já identificados e apoiados, esta Nota Técnica aponta para alguns

problemas que necessitam ser superados para garantir a sua sustentabilidade.

• Desafios para o APL de TIC do Recife:

o Visão errônea de que o APL pertence ao Governo e aos políticos e não à

sociedade impactando negativamente na construção do capital social e na

credibilidade institucional do Arranjo.

o Pequena escala de produção das empresas que compõem o APL,

insuficiente para alcançar o mercado global.

• Desafios para o APL Gesseiro do Araripe:

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136

o Base produtiva pouco diversificada e alta rotatividade das pequenas

empresas de gesso, interrompendo o processo de inovação e de

aprendizado;

o A questão da escassez da água: como a água é cara na região, pode ficar

mais barato (com a construção da Transnordestina) transportar a gipsita em

pó para ser hidratada em outras regiões abundantes em água e,

conseqüentemente, pode haver transferência das fábricas de artefatos de

gesso para esses lugares. O Sebrae aponta para a necessidade do APL

desenvolver tecnologias construtivas para tornar a confecção desses

artefatos mais competitivas no Araripe;

• Desafios para o APL de leite e derivados do Agreste:

o Baixo potencial genético do rebanho;

o Manejo e ordenha inadequados;

o Problemas sanitários e de profilaxia;

o Limitação das instalações e base tecnológica;

o Baixa qualidade de alguns produtos;

o Desqualificação da mão-de-obra;

o Deficiente sistema de regulação (queijo coalho sem leite pasteurizado, por

exemplo);

o Falta de capacitação técnica e gerencial;

o Falta de tanques de resfriamento nas propriedades;

• Desafios para o APL de confecções no Agreste:

o Alto grau de informalidade das empresas: milhares de confecções ficam à

margem, ou ganham muito pouco, dos benefícios gerados pela estrutura do

Arranjo.

• Desafios para o APL do audiovisual do Recife:

o Desenvolvimento do APL está sendo primordialmente induzido por

instituições públicas, à margem deste processo estão as empresas privadas

do audiovisual.

• Desafios para o APL de fruticultura do São Francisco Pernambucano:

o Precariedade da infra-estrutura de segurança e de transporte;

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137

o O problema da salinização das terras;

o Necessidade de se ampliar a base de apoio tecnológico;

o Fraco controle fitossanitário;

o Carência de linhas de crédito;

• Desafios para o APL de saúde do Recife:

o Tendência à saturação da capacidade instalada do Pólo Médico no Recife.

Page 138: NT 02 - PE

138

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SUASSUNA, J. Caprinos – uma pecuária necessária no Semi-árido nordestino. Fundação

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Futuro, in Ciência e Tecnologia em Pernambuco: Situação Atual, Perspectivas e Limites ao

Crescimento. Instituto de Apoio à Fundação Universidade de Pernambuco (IAUPE), 2005.

Page 143: NT 02 - PE

143

ANEXO 1: MEMÓRIA DA REUNIÃO GTP-APL/PE

1 - A Oficina foi aberta pela Coordenação do Núcleo, que resgatou o objetivo do Evento propondo que sejam incluídos os APLs de Móveis, Biodiesel e Aquicultura, argumentando que, calçados pode ser trabalhado dentro do APL da Moda e vitivinicultura através de Fruticultura. A seguir, a palavra foi franqueada para que todas as instituições presentes emitissem suas posições. No geral, houve concordância com a proposta inicial, com observações e recomendações para o APL de Móveis (Que tipo de móveis? De madeira? O uso da madeira é sustentável ambientalmente e financeiramente? É possível trabalhar alternativas?). 2 - Andamento da elaboração dos Planos de Desenvolvimento:

PDP de Gesso: está bem adiantado e, por isso, ficou agendada para o dia 14/04/09 sua apresentação a todo Núcleo às 14:30h na ADDiper e, posteriormente, validação com os autores locais em Araripina na data 23/04/09. PDP de Confecções está previsto para encerrar em 15/04/09 e os elaboradores ficaram de agendar com a Coordenação do Núcleo uma data posterior para apresentação.

PDP de Bovinocultura do Leite: a SEPLAG informou que no próximo dia 07 está agendada uma reunião para preencher o formulário-MDIC. Em seguida será marcada outra reunião com a participação das instituições não-governamentais para contribuírem com mais informações sobre este APL. PDP de Fruticultura: faltam informações relativas à caracterização do APL, estando bem adiantada as ações. Foi colocada pela SARA a dificuldade de levantar as informações sobre a região do APL. A Coordenação do Núcleo recomendou que os envolvidos diretamente com a elaboração (SARA, AD DIPER e SECTMA) fizessem uma reunião específica (urgente) para identificarem alternativas que resolvam o impasse colocado. PDP de TI: O Porto Digital comunicou que até o final deste mês todas as alterações apontadas pelo MDIC no PDP serão finalizadas.

3 - A coordenação relatou aos presentes sobre a exigência do MDIC para atualizar os dados institucionais que estão no site. Após o consenso de todos, foi reconfirmada a Coordenação do Núcleo com a SDEC, representada por Eliane Cabral, e como suplentes as instituições SEBRAE, permanecendo Jussara Leite, e SUDENE, com a alteração de representante para Maria Helena.

Próxima Reunião do Núcleo será dia 07 de maio de 2009 das 14:00h às 17:00h, no auditório da ADDIPER.

Fonte: ADDIPER-2009

MEMÓRIA DE REUNIÃO LOCAL, DATA E HORÁRIO: Recife, ADDIPER, 02 de abril, de 2009, das 14:30h às 17:00h. REUNIÃO N o: 007 PAUTA

• Definição dos 3 (três) APLs a serem inseridos no Núcleo Estadual de PE - MDIC; • Informativo e andamento dos Planos de Desenvolvimento Preliminares – PDPs – de Gesso,

Laticínios, Fruticultura e Confecção; • Levantamento Institucional dos dados do GTP APL; • Formalização das representações institucionais do Núcleo (Ofício); • Encaminhamentos finais.

Assuntos abordados/ Encaminhamentos

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144

ANEXO 2: APLS INCENTIVADOS PELO SEBRAE-PE E INSTITU IÇÕES PARCEIRAS

APLs Incentivados pelo Sebrae PE e Instituições Parceiras

Municípios Beneficiados pela Política

Ações 2008-2009

APL DE FRUTICULTURA IRRIGADA Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil, FACAPE, FAEPE, Prefeitura de Lagoa Grande, Prefeitura de Petrolina, Prefeitura de Santa Maria, SENAI, SENAR, UFRPE, VALEXPORT, SEBRAE, EMBRAPA, CODEVASF, CEFET-Petrolina, AD-Diper, OSCAMED, Instituto de Agrotecnologia, Governo Federal, Governo do Estado, ITEP, IPA-PCCS

Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista.

Projeto: APL de Fruticultura Irrigada de Pernambuco

APL DE GESSO Prefeitura de Trindade, Prefeitura de Araripina, SINDUGESSO e ASSOGESSO

Araripina, Trindade, Ipubi e Ouricuri.

APL do Gesso da Região do Araripe Pernambucano

APL DE CONFECÇÕES Prefeitura de Itacuruba, Prefeitura de Petrolândia, Cooperativa dos Artesãos Têxteis de Tacaratu (Caraibeiras)

Tacaratu/Caraibeiras, Itacuruba e Petrolândia.

Projeto: Apoio à Produção Têxtil/Industrianato

ASCAP (Associação dos Confeccionistas de Santa Cruz do Capibaribe), ACIASUR (Associação Empresarial de Surubim), ACIC (Associação Comercial e Empresarial de Caruaru), ACIPA, ACIT (Associação Comercial Industrial de Toritama), AMI (Associação dos Micro Industriários de Agrestina), ABIT (Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção), AD Diper, CDL Santa Cruz do Capibaribe, CNI, CVT (Centro de Vocação Tecnológica de Confecção), Centro da Moda de Cupira, Centro Tecnológico da Moda/Governo de Pernambuco, Banco do Nordeste do Brasil, Banco do Brasil, FIEPE, SENAI, SENAC, CORREIOS, ITEP, FADIRE (Faculdade de Desenvolvimento e Integração Regional), SUGERE (Associação Surubiense de Geração de Emprego e Renda), SINDVEST

Agreste Projeto: Melhoria da Competitividade do APL de Confecções

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145

(continuação)

APLs Incentivados pelo Sebrae PE e Instituições Parceiras

Municípios Beneficiados pela Política

Ações 2008-2009

APL DE MADEIRA E MÓVEIS SINDMÓVEIS, COOPEMAR (Cooperativa Pernambucana das Marcenarias da Região Metropolitana do Recife), SEBRAE

Recife e RMR Projeto: Apoio às Indústrias Moveleiras

APLs DE ARTESANATO AD Diper, ApexBrasil, Prefeitura do Recife, Associação EXPORTARTE

Projeto: Artesanato - Exportação

Imaginário Pernambucano, Prefeitura de Olinda, Prefeitura de Macaparana, Prefeitura de Tracunhaém, Prefeitura do Recife, Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, Prefeitura de Igarassu, Prefeitura de Goiânia, Prefeitura de Nazaré da Mata, Governo de Pernambuco, Universidade Federal de Pernambuco

Zona da Mata e RMR Projeto: Artesanato - Recife

Sebrae Garanhuns, Bom Conselho, São Bento do Una e Buique.

Projeto: Artesanato do Agreste Meridional

Prefeitura de Caruaru, Prefeitura de Gravatá, Prefeitura de Brejo da Madre de Deus, Prefeitura de Pesqueira, Prefeitura de Bezerros e Governo de Pernambuco

Pesqueira, Passira,Poção, Brejo da Madre de Deus, Gravatá, Cupira e Bezerros.

Projeto: Artesanato Regional – Caruaru

APL DE CONSTRUÇÃO CIVIL SINDICER, Associação Brasileira de Cimento Portland, SINDUSCON, SENAI-PE, SINDUGESSO, IAUPE – Instituto de Apoio a Universidade de Pernambuco, SINDOCAL

Projeto: Cadeia da Construção Civil

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146

(continuação) APLs Incentivados pelo Sebrae PE

e Instituições Parceiras Municípios Beneficiados

pela Política Ações 2008-2009

APLs DE CAPRINOVINOCULTURA Prefeitura de Serra Talhada, Prefeitura de Afogados, Prefeitura de Arcoverde, Prefeitura de Custódia, SENAR, FAEPE, Banco do Nordeste do Brasil, Banco do Brasil, SEBRAE, Ministério da Integração Nacional, CREDIPAJEÚ.

Sertão do Pajeú, Central, Moxotó, Itaparica e Mesorregião do Agreste pernambucano.

Projeto: Caprinovinocultura do Agreste e Sertão

FAEPE Comissão de Caprinovinocultura, AD-Diper, EMBRAPA, Prefeitura de Dormentes, CODEVASF, IPA-PCCS, APRISCO DO VALE (Associação Agropecuária do Vale do São Francisco); SENAR, ASCCOPER, CEFET Petrolina, Rede Aprisco/SEBRAE, VetAnalysis Consultoria Veterinária, Prefeitura de Lagoa Grande

Vale do São Francisco Projeto: Caprinovinocultura do Vale do São Francisco

FAEPE, Prefeitura de Granito, Prefeitura de Araripina, Prefeitura de Ouricuri, Prefeitura de Santa Cruz, Prefeitura de Parnamirim, CAATINGA, Banco do Nordeste do Brasil, SENAR, CHAPADA, UFRPE, IPA

Araripina, Exu, Granito, Moreilândia, Ouricuri, Parnamirim, Santa Cruz, Santa Filomena e Trindade.

Projeto: Caprinovinocultura no Araripe

APL DE APICULTURA SEBRAE

Araripina, Bodocó, Exu, Ipubi, Ouricuri, Parnamirim, Santa Cruz e Trindade.

Projeto: Desenvolvimento da Apicultura no Araripe (GEOR)

APL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO SEPRO-PE, SOFTEX Recife, ASSESPRO, Porto Digital

Projeto: Desenvolvimento do APL de TI em Pernambuco

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147

(continuação) APLs Incentivados pelo Sebrae PE

e Instituições Parceiras Municípios Beneficiados

pela Política Ações 2008-2009

APLs DE TURISMO Prefeitura de Buíque, Prefeitura de Garanhuns, SENAC-PE, ACIAGAM, IBAMA/MMA

Garanhuns, Buique, Saloá e São Benedito do Sul

Projeto: Desenvolvimento do Turismo do Agreste Meridional

Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho, Prefeitura de Ipojuca, CDL Ipojuca, Instituto Qualta, Reserva do Paiva, SEBRAE, Banco do Nordeste do Brasil, EMPETUR, Governo de Pernambuco

Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca,Sirinhaem, Rio Formoso, Barreiros, Tamandaré e São José da Coroa Grande.

Projeto: Qualificação do Turismo - Litoral Sul - PE

Governo de Pernambuco, Prefeitura de Serra Talhada, Prefeitura de São José do Egito, EMPETUR, Prefeitura de Afogados da Ingazeira, Prefeitura de Salgueiro, Prefeitura de Sertânia

Salgueiro, Serrita, Sertânia e Solidão, São José do Egito, Afogados da Ingazeira, Serra Talhada,

Projeto: Rota do Cangaço e Lampião

ABRASEL, Governo de Pernambuco, SEBRAE, APETURR (Associação Pernambucana de Turismo Rural e Ecológico), Prefeitura de Olinda, Prefeitura do Recife, ABIH, EMPETUR, Recife Convention & Visitors Bureau, MIT (Mostra Internacional de Turismo)

Zona da Mata e RMR Projeto: Rota Engenhos e Macaratus - Civilização do Açúcar

ASSITUR, Prefeitura de Petrolina, Prefeitura de Lagoa Grande, Prefeitura de Santa Maria da Boa Vista, VINHOVASF, EMPETUR, Prefeitura de Orocó, ARTEVALE, SENAC

Petrolina, Lagoa Grande, Sta. Maria da Boa Vista e Orocó - RIDE (Região Integrada de Desenvolvimento do Pólo Petrolina-PE / Juazeiro-BA).

Projeto: Roteiro do Vinho - Vale do São Francisco

ACIC, FACEP, Prefeitura de Bonito, Prefeitura de Gravatá, Prefeitura de Caruaru, Fundação de Cultura de Caruaru, SENAC

Gravatá, Bezerros, Bonito, Caruaru e Pesqueira

Projeto: Turismo Rural, Cultural e de Negócios no Agreste

APL DE LEITE E DERIVADOS SENAR, SEBRAE, Governo de Pernambuco, UFRPE, SENAI-PE, FAEPE

Agreste Projeto: Leite e Derivados do Agreste Pernambucano

Fonte: Sebrae-PE, 2009

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ANEXO 3: APLS INCENTIVADOS PELO GOVERNO DE PERNAMBU CO E INSTITUIÇÕES PARCEIRAS Matriz de Ações Territoriais no APL de Confecções

Entidade Órgão Responsável Ação Realizada Localização da Ação Status / Dificuldades SEBRAE ITEP/MEGA

Consultoria Diagnóstico de TIC como uma parte do Projeto de Inserção Digital de MPEs

APL de Fruticultura, Gesso e Confecção.

Parcialmente concluído/ dificuldade para a execução das rodadas de negociação.

SECTMA, FIEPE e SEBRAE

ITEP Plano de Melhoria de Competitividade

APL de Confecções e Gesso

Praticamente concluído/ falta de recursos para financiar as linhas de base.

MCT- CETENE- SECTMA-INSTITUTO XINGÓ-FACEPE

ITEP Avaliação, Modernização e Implantação de Centros Vocacionais Tecnológicos- CVT´S no Nordeste

Nordeste, incluindo Pernambuco

Em andamento

SEBRAE SEBRAE Projeto de Confecções do Agreste

Agreste Setentrional Em andamento, deve continuar em 2008.

CÂMARA DA MODA DA ACIC E A PREFEITURA DE CARUARU.

FUNDO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE – FEMA, DO ITEP

Projeto Lavar sem Sujar Caruaru Em fase de conclusão

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

ADDIPER Mapeamento do Setor Têxtil e Confecções do Estado de Pernambuco

Agreste Central e Setentrional

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

ADDIPER Censo da Cadeia Produtiva Taquaritinga do Norte

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

ADDIPER Trabalho técnico para a implantação das associações de costureiras de Quipapá e Caricé.

Quipapá e Caricé

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

ADDIPER Criação do Museu dos Tecidos Tecnológicos no CT da Moda

Caruaru

SECTMA SECTMA – Educação Profissional

Curso de Redes de Computadores e Desenvolvimento de Software (modalidade EAD). Curso de Agropecuária Familiar, com ênfase em Agroecologia Gestão de Varejo

163 alunos – 2006 74 alunos – 2 turnos - 2006 Previsto para início de 2008.

Fonte: Programa Integrado de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais: Diagnósticos e Propostas Preliminares (Governo de Pernambuco, 2008).

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149

Matriz de Ações Territoriais no APL de Artesanato Entidade Órgão Responsável Ação Realizada Localização da Ação Status / Dificuldades

Governo de Pernambuco ADDiper Reestruturação do Centro de Artesanato de Pernambuco (Bezerros)

Região Agreste

Reabertura das instalações do Centro, necessitando de ações para melhoria da estrutura física e dos serviços prestados.

Governo de Pernambuco ADDiper Implantação de Unidade de Produção Artesanal na comunidade da Ilha de Deus

Região Metropolitana do Recife

Realização de capacitação com jovens da comunidade, necessitando de continuidade da ação.

Governo de Pernambuco ADDiper Realização da VIII FENNEART Região Metropolitana do Recife

Realizado no período de 06 a 15 de julho de 2007.

Governo de Pernambuco ADDiper

Apoio a participação de representantes de vários municípios do Estado em feiras nacionais.

Atendimento as diversas Regiões do Estado

Participação nos seguintes feiras: FEICARTES/BA, CIOFF/PE, FEICARTES/ES, FEINARTES/RS, Festa dos Estados/DF, Feira de Reforma Agrária e Agricultura Familiar/DF

Governo de Pernambuco ADDiper Realização de visitas e intercâmbio técnico

Região do Vale do São Francisco, Região Agreste, Zona da Mata, Distrito Insular de Fernando de Noronha, Região Metropolitana e São Paulo

Visitas técnicas a alguns centros de produção artesanal do Estado e eventos/intercâmbios interestaduais, contudo estas ações têm apresentado algumas dificuldades na logística para suas operacionalizações.

(continua)

Page 150: NT 02 - PE

150

Matriz de Ações Territoriais no APL de Artesanato (cont.) Entidade Órgão Responsável Ação Realizada Localização da Ação Status / Dificuldades

Governo de Pernambuco ADDiper Realização da IX FENEARTE Região Metropolitana

Foram realizadas as primeiras reuniões para elaboração do plano de ação.

Governo de Pernambuco ADDiper

Apoio a participação de representantes de vários municípios do Estado em feiras nacionais e internacionais

Regiões: Metropolitana, Zona da Mata, Agreste, Sertão e Vale do São Francisco

De acordo com oferta, está sendo planejado um calendário de participação dos artesãos em feiras/eventos.

Governo de Pernambuco ADDiper Realização de visitas técnicas e missões a unidades de produção artesanal

Regiões: Metropolitana, Zona da Mata, Agreste, Sertão e Vale do São Francisco

De acordo com demanda, está sendo planejado um roteiro de visitas técnicas e missões as unidades de produção artesanal do Estado.

Governo de Pernambuco ADDiper Criação de Unidade Móvel para Capacitação de Artesãos

Regiões: Metropolitana, Zona da Mata, Agreste, Sertão e Vale do São Francisco

Projeto encaminhado ao Governo Federal para obtenção de recursos.

Governo de Pernambuco ADDiper Realização de Censo do Artesão e do Artesanato Pernambucano

Regiões: Metropolitana, Zona da Mata, Agreste, Sertão e Vale do São Francisco

Projeto em andamento, necessitando de definições sobre a forma de realização das ações.

Governo de Pernambuco ADDiper Recuperação do Núcleo Artesanal de Tracunhaém

Zona da Mata

Em parceria com o PROMATA está sendo elaborado um projeto de reestruturação do Núcleo.

Governo de Pernambuco ADDiper Criação de Núcleo Artesanal da Zona da Mata (Carpina)

Zona da Mata

Por solicitação da CEART foi elaborado um projeto pela COPAGEL que encontra-se em avaliação no PROMATA.

(cont.)

Page 151: NT 02 - PE

151

Matriz de Ações Territoriais no APL de Artesanato (cont.) Entidade Órgão Responsável Ação Realizada Localização da Ação Status / Dificuldades

Governo de Pernambuco ADDiper Revitalização do Espaço Cultural Air France (Fernando de Noronha)

Distrito Insular de Fernando de Noronha

Foi realizada visita técnica e elaborado projeto, este encontra-se em avaliação

Governo de Pernambuco ADDiper Criação do Portal do Artesanato Pernambucano

Regiões: Metropolitana, Zona da Mata, Agreste, Sertão e Vale do São Francisco

Foi elaborado projeto que encontra-se em análise.

Governo de Pernambuco ADDiper Criação de Núcleo Artesanal do Agreste (Caruaru)

Região Agreste

Proposição com intenção de captar recurso que viabilize a execução do projeto.

Governo de Pernambuco ADDiper Criação de Núcleo Artesanal do Agreste (Garanhuns)

Região Agreste

Proposição com intenção de captar recurso que viabilize a execução do projeto.

Governo de Pernambuco ADDiper Criação de Núcleo Artesanal do Sertão (Salgueiro)

Sertão

Proposição com intenção de captar recurso que viabilize a execução do projeto.

Governo de Pernambuco ADDiper Reestruturação de Núcleo Artesanal do Vale do São Francisco (Petrolina)

Vale do São Francisco

Proposição com intenção de captar recurso que viabilize a execução do projeto.

Governo de Pernambuco ADDiper Criação do Centro de Aperfeiçoamento do Artesão de Pernambuco (Olinda)

Região Metropolitana e demais regiões do Estado

Proposição com intenção de captar recurso que viabilize a execução do projeto.

Governo de Pernambuco ADDiper Criação de material impresso para divulgação do artesanato

Regiões: Metropolitana, Zona da Mata, Agreste, Sertão e Vale do São Francisco

Proposição com intenção de captar recurso que viabilize a execução do projeto.

Fonte: Programa Integrado de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais: Diagnósticos e Propostas Preliminares (Governo de Pernambuco, 2008). Obs: Não foram levantadas informações sobre as realizações de outras Secretarias.

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152

Matriz de Ações Territoriais no APL de Fruticultura Irrigada Entidade Órgão responsável Ação realizada Localização da ação Status / dificuldades

Governo de Pernambuco SARA

Implantação de micro agroindústria de

processamento de castanha de cajú

Agreste Meridional, nos municípios de Saloá,

Terezinha, Bom Conselho e Paranatama

Construídas e entregues os equipamentos às

associações através de comodato com a SARA

Governo de Pernambuco SARA Ampliação de imóvel

para cooperativa de frutas

Agreste Central, no município de Riacho das

Almas

Obra concluída e entregue à cooperativa

Governo de Pernambuco SARA

Aquisição de equipamento para

beneficiamento de frutas da agroindústria Ditática

Agreste Central, no município de Riacho das

Almas

Aguardando liberação de recursos da CEF p/ abertura de licitação

Governo de Pernambuco SARA Aquisição de veículo com

baú frigorífico para agroindústria de frutas

Agreste Central, no município de Riacho das

Almas

Aguardando liberação de recursos da CEF p/ abertura de licitação

Governo de Pernambuco SARA Construção de galpão para mini-indústria de

castanha de cajú

Sertão do Pajeú, no município de Afogados

da Ingazeira

Aguardando liberação de recursos da CEF p/ abertura de licitação

Governo de Pernambuco SARA Construção de unidade de processamento de polpa

de caju

Sertão do Pajeú, no município de Carnaíba

Aguardando liberação de recursos da CEF p/ abertura de licitação

Governo de Pernambuco SARA

Aquisição de equipamento para

unidade de processamento de frutas

tropicais

Sertão do Pajeú, no município de Carnaíba

Aguardando liberação de recursos da CEF p/ abertura de licitação

Governo de Pernambuco AD Diper

SDEC Estruturação de 04 Casas

Embalagens Sertão do São Francisco, município de Petrolina

Articulação para assinatura do convênio entre Banco do Brasil e

AD Diper

(cont.)

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153

Matriz de Ações Territoriais no APL de Fruticultura Irrigada (cont) Entidade Órgão responsável Ação realizada Localização da ação Status / dificuldades

Governo de Pernambuco AD Diper

SDEC

Construção de um Centro de Comercialização e

Distribuição

Sertão do São Francisco, município de Petrolina

Projeto em elaboração

Governo de Pernambuco SARA Construção de prédio

central de comercialização

Território da mata sul, no município de PALMARES

Aguardando liberação de recursos da CEF para abertura de licitação

Governo de Pernambuco SARA

Construção de central de comercialização,

aquisição de máquinas e equipamentos para castanha de cajú

Território do agreste meridional, no município

de Bom Conselho

Aguardando liberação de recursos da CEF para abertura de licitação

Governo de Pernambuco SARA Aquisição de móveis,

maquinas e equipamentos para agroindústria do cajú

Território do agreste meridional, nos

municípios de Bom Conselho, Terezinha, Saloá e Paranatama

Aguardando liberação de recursos da CEF para abertura de licitação

Governo de Pernambuco SARA

Aquisição de equipamentos para beneficiamento de castanha de cajú

Território do sertão do pajeú, nos municípios de Flores, Santa Terezinha, São José do Belmonte,

Tabira e Iguaraci

Aguardando liberação de recursos da CEF para abertura de licitação

Governo de Pernambuco SARA Implantação de central de

comercialização / distribuição

Sertão do Pajeú / Moxotó, no distrito de

Cruzeiro do Nordeste, no município de Sertânia

Aguardando liberação de recursos da CEF para abertura de licitação

Governo de Pernambuco SARA Implantação de central de

comercialização / distribuição

Sertão Central, no município de Salgueiro

Aguardando liberação de recursos da CEF para abertura de licitação

Fonte: Programa Integrado de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais: Diagnósticos e Propostas Preliminares (Governo de Pernambuco, 2008).

Page 154: NT 02 - PE

154

Matriz de Ações Territoriais nos APLs de Piscicultura Território Pontos fortes e

oportunidades Pontos fracos e

ameaças Ações de governo Propostas de ações

Jatobá, Petrolândia, Floresta e Itacuruba.

Existência de grupos organização;

Alimento de forte valor nutritivo e forte apelo no quesito de segurança alimentar;

Incentivos estratégicos de políticas públicas no âmbito do governo federal;

Reativar e melhorar as estações de produção de alevinos do Estado;

Atender o consumo de pescado da população do Estado;

Fortalecimento de grupos através de capacitações;

Geração de emprego e renda para os envolvidos na produção do pescado.

Burocracia e demora na tramitação e liberação das licenças dos órgãos de fomento e controle;

Ações difusas entre as entidades governamentais;

Deficiência de suporte técnico permanente e da capacitação dos pescadores/piscicultores;

Carência de infra-estrutura na cadeia produtiva do pescado;

Desmatamento e poluição aquática.

PRORURAL/SEPLAG – Financiamento de projetos não reembolsável;

SARA/IPA/ADAGRO – Assistência técnica, capacitação, certificação e vigilância sanitária;

SEDEC/ADDIPER – viabilizar espaços de comercialização;

SECTMA/CPRH – Licenciamento ambiental, outorga d’água e fiscalização;

SEAS – Monitoramento das ações de governo com vistas à integração.

-Complementação do diagnóstico da piscicultura e pesca, com pesquisa para levantamento de dados estatísticos e dificuldades do setor;

-Realização de encontros Estadual;

-Reativar comitê de pesca no Estado;

-Identificar e formalizar parcerias para escoamento da produção;

-Elaboração de cronograma de povoamento de alevinos nas barragens públicas;

-Agilizar e simplificar sistema de licenciamento e outorga;

-Realização de programas voltados para produção de pescado nos reservatórios públicos.

(cont.)

Page 155: NT 02 - PE

155

Matriz de Ações Territoriais nos APLs de Piscicultura (cont.) Território Pontos fortes e

oportunidades Pontos fracos e

ameaças Ações de governo Propostas de ações

Bonito, Belo Jardim, Cumaru, Pedra, Pesqueira, Frei Miguelinho, Riacho das Almas, São Joaquim do Monte, Surubim e Venturosa.

Existência de grupos organizados;

Alimento de forte valor nutritivo e forte apelo no quesito de segurança alimentar;

Incentivos estratégicos de políticas públicas no âmbito do governo federal;

Reativar e melhorar as estações de produção de alevinos do Estado;

Atender o consumo de pescado da população do Estado;

Fortalecimento de grupos através de capacitações;

Geração de emprego e renda para os envolvidos na produção do pescado.

Múltiplo uso dos recursos hídricos;

Burocracia e demora na tramitação e liberação das licenças dos órgãos de fomento e controle;

Ações difusas entre as entidades governamentais;

Deficiência de suporte técnico permanente e da capacitação dos pescadores/piscicultores;

Carência de infra-estrutura na cadeia produtiva do pescado;

Desmatamento e poluição aquática.

PRORURAL/SEPLAG – Financiamento de projetos não reembolsável;

SARA/IPA/ADAGRO – Assistência técnica, capacitação, certificação e vigilância sanitária;

SEDEC/ADDIPER – viabilizar espaços de comercialização;

SECTMA/CPRH – Licenciamento ambiental, outorga d’água e fiscalização;

SEAS – Monitoramento das ações de governo com vistas à integração.

-Complementação do diagnóstico da piscicultura e pesca, com pesquisa para levantamento de dados estatísticos e dificuldades do setor;

-Realização de encontros Estadual;

-Reativar comitê de pesca no Estado;

-Identificar e formalizar parcerias para escoamento da produção;

-Elaboração de cronograma de povoamento de alevinos nas barragens públicas;

-Agilizar e simplificar sistema de licenciamento e outorga;

-Realização de programas voltados para produção de pescado nos reservatórios públicos.

Fonte: Programa Integrado de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais: Diagnósticos e Propostas Preliminares (Governo de Pernambuco, 2008).

Page 156: NT 02 - PE

156

Matriz de Ações Territoriais no APL de Apicultura Ações Localização Recursos financeiros Ano

Realização de um diagnóstico da Apicultura e Meliponicultura com pesquisa para levantamento de dados estatísticos e dificuldades dos setores com três encontros regionais

Litoral / Agrestes / Sertões

R$50.000,00 2008

Adequação e funcionamento do Centro Tecnológico do Mel Dr. Miguel Arraes

Trindade R$300.000,00 2008

Adequação e funcionamento da Unidade de Beneficiamento de Mel da cidade de Araripina, localizado na FACIAGRA

Araripina R$250.000,00 2008

Adoção do modelo de gestão que atendo os interesses dos pequenos produtores CVT e Unidade de Beneficiamento Araripina (em andamento)

Trindade / Araripina - 2007

Efetivação do curso de rastreabilidade e geo-referenciamento em parceria com a Confederação brasileira de apiclutores com vista ao dimensionamento da capacidade de suporte das regiões

Trindade R$10.000,00 2008

Inserir o Estado de Pernambuco no PNCR (Programa Nacional de Controle de Resíduos do Ministério da Agricultura)

Todo o Estado R$30.000,00 2008

Identificar e formalizar parcerias para escoamento da produção Outros Estados /

Exportação - 2008

Capacitações voltadas para a produção de novos produto (própolis, pólen, geléia real, rainhas, enxames, cosmetologia apícola, apitoxina “veneno de abelhas”, etc.) e inserção da mulheres e jovens na atividade.

Todo o Estado R$150.000,00 2008

Confecção de um calendário apícola e meliponicula Todo o Estado R$30.000,00 2008 Incentivo a produção de mudas nativas dando prioridade as melisotróficas (néctar-poliníferas) do extrato arbóreo (10 viveiros)

Todo o Estado R$150.000,00 2008

Diminuir ou isentar a carga tributária estadual incidente sobre os produtos apícolas circulados dentro do Estado, principalmente o mel permitindo a oferta a preços mais acessíveis

Todo o Estado - 2008

Realizar programas de capacitações através do apoio as órgãos que atuam junto as atividades da Apicultura e a Meliponicultura nas RDS

Todo o Estado R$50.000,00 2008

Criação de um selo de origem de Pernambuco identificado e credenciado pelo serviço de Inspeção estadual

Todo o Estado R$5.000,00 2008

Estabelecer análise da capacidade de suporte das regiões Todo o Estado R$10.000,00 2008

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Matriz de Ações Territoriais no APL de Apicultura (cont) Ações Localização Recursos financeiro Ano

Fomentar a Educação Ambiental com práticas que minimizem a desertificação, assoreamento, desmatamento, êxodo rural, etc.

Todo o estado 2008

Implantação de 10 entrepostos de mel e cêra de adequadas as normas do Ministério da Agricultura SIF e SIE

Todo o Estado R$ 1.300.000,00 2008

Inserir o mel de abelhas na merenda escolar através de compra governamental

Todo o Estado Dotação orçamentária 2008

Firmar parceria com ADAGRO visando a fiscalização específica para o combate de falsificação de mel

Todo o Estado R$ 10.000,00 2008

Implantação do apiário escola SARA / IPA Araripina R$ 25.000,00 2008 Criação e implantação da Câmara Setorial da Apicultura e Meliponicultura do Estado de Pernambuco

Todo o Estado R$ 10.000,00 2008

Capacitação e contratação de 20 agentes de desenvolvimento rural para a Apicultura e Meliponicultura

Todo o Estado R$ 80.000,00 2008

Intercambio técnico científico (viagem e congresso) Todo o Estado R$ 50.000,00 2008 Plano de Marketing para a divulgação dos produtos apícola e meliponicola

Todo o Estado R$ 30.000,00 2008

Fonte: Programa Integrado de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais: Diagnósticos e Propostas Preliminares (Governo de Pernambuco, 2008).

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Matriz de Ações Territoriais no APL de Caprinovinocultura Entidade Órgão

Responsável Ação Realizada Localização da Ação Status / Dificuldades

Governo de Pernambuco

SARA - Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária

Instalação de Unidade de Inseminação Artificial

Ouricuri Projeto Aprovado pela CEF, mas obra não iniciada, necessitando de nova licitação, complementação de recursos financeiros e doc. Terreno.

Governo de Pernambuco

SARA Implantação de Unidade de Tratamento e Curtimento Artesanal de Peles de Caprinos e Ovinos

Santa Cruz Projeto Aprovado pela CEF, mas obra não iniciada, necessitando de nova licitação e complementação de recursos financeiros.

Governo de Pernambuco

SARA Implantação de Projeto de Aprimoramento Tecnológico do Abatedouro Frigorífico de Caprinos e Ovinos

Parnamirim Entregues à COCANE, caminhão frigorífico, moto, móveis e equipamentos, curral de manejo concluído, mas não pago; Sala de administração não concluída; ETE não iniciada; SARA com recursos mas Projeto fora de vigência.

Governo de Pernambuco

SARA Ampliação e aquisição de máquinas para curtume artesanal de peles de caprinos e ovinos

Santa Cruz Projeto em análise na CEF.

Governo de Pernambuco

SARA Aquisição de 10 ensiladeiras para conservação de forragem

Araripina, Bodocó, Exu, Ipubi, Moreilândia, Ouricuri, Santa Cruz, Santa Filomena, Trindade e Granito.

Projeto aprovado pela CEF e equipamentos em licitação.

Governo de Pernambuco

SARA Aquisição de máquinas e equipamentos para beneficiamento de carnes de caprinos e ovinos

Granito Projeto aprovado pela CEF e enviado para licitação

Governo de Pernambuco

SARA Aquisição de ensiladeira para conservação de forragem

Granito Projeto aprovado pela CEF e enviado para licitação

Governo de Pernambuco

SARA Construção de infra-estrutura física da Unidade de Beneficiamento de Peles de Caprino e Ovinos (ETE)

Santa Cruz Projeto em análise pela CEF, necessitando de atualização de orçamento.

Governo de Pernambuco

SARA Aquisição de máquinas e equipamentos para beneficiamento de peles de caprinos e ovinos

Santa Cruz Projeto em análise na CEF, aguardando retorno.

Governo de Pernambuco

SARA Aquisição de kit de inseminação artificial Ouricuri Projeto aprovado pela CEF e enviado para licitação

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Matriz de Ações Territoriais no APL de Caprinovinocultura (cont.) Entidade Órgão

Responsável Ação Realizada Localização da Ação Status / Dificuldades

Governo de Pernambuco

SARA Aquisição de motocicleta para assistência técnica e inseminação artificial em caprinos e ovinos

Ouricuri Projeto aprovado pela CEF e enviado para licitação

Governo de Pernambuco

SARA Aquisição de materiais e equipamentos para curtume

Santa Cruz Projeto na CEF aguardando análise

Governo de Pernambuco

SARA Aquisição de ensiladeiras para Unidades Demonstrativas de conservação de forragem

Afogados da Ingazeira Projeto na CEF aguardando análise

Governo de Pernambuco

SARA Aquisição de equipamentos para o fabrico de artefatos de couro

Petrolina Projeto aprovado pela CEF e em licitação.

Governo de Pernambuco

SARA Aquisição de 09 ensiladeiras para apoiar ações da caprinocultura no Território do Sertão do São Francisco

07 Municípios do Território do Sertão do São Francisco

Projeto aprovado pela CEF e em licitação.

Governo de Pernambuco

SARA Aquisição de 04 ensiladeiras para unidade de referência no território do Sertão do São Francisco

Petrolina, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Afrânio

Projeto em fase de elaboração

Governo de Pernambuco

SARA Implantação de curtume para beneficiamento de peles de caprinos e ovinos

Floresta Obra de engenharia concluída, Equipamentos não adquiridos; preços defasados dos equipamentos; Projeto fora de vigência limitando a SARA quanto à utilização dos recursos (R$ 241.000,00)

Governo de Pernambuco

SARA / IPA

Apoio ao desenvolvimento da caprinovinocultura, utilizando Inseminação Artificial e ADRs

Sertânia

Laboratório construído, equipamentos adquiridos, técnicos capacitados, sendo necessária a liberação de 2ª e da 3ª parcelas do projeto, pela ADENE / SUDENE, para o custeio e pagamento dos ADRs. SUDENE sem ordenador de despesas.

Governo de Pernambuco

SARA

Implantação de Mini - usina de Laticínios de leite de cabra.

Petrolina

Obra física em fase de conclusão, alguns equipamentos adquiridos e outros em licitação, a ASCCOPER cita recursos insuficientes para aquisição dos equipamentos programados, solicita veículos e resfriadores de leite.

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Matriz de Ações Territoriais no APL de Caprinovinocultura (cont.) Entidade Órgão

Responsável Ação Realizada Localização da Ação Status / Dificuldades

Governo de Pernambuco

SARA Programa Leite de Todos Arcoverde, Pesqueira, Venturosa, Pedra, Capoerias, Caetés, Garanhuns, Setânia, Belo Jardim, Sanharó e Tacaimbó

Estão sendo adquiridos 3.224 litros de leite por dia a R$ 1,25. Os laticínios ainda trabalham com capacidade ociosa.

Governo de Pernambuco

IPA Capacitação de Agricultures Familiares em Caprinocultura

Todo o Estado de Pernambuco

Capacitados 800 criadores em 2007, em 40 cursos realizados

Governo de Pernambuco

IPA Contratação de 130 Extensionistas Todo o Estado de Pernambuco

Estão sendo capacitados os Extensionistas, havendo a necessidade de infra-estrutura nos escritórios locais como: aquisição de equipamentos de informática, veículos e materiais para escritório.

Governo de Pernambuco

IPA Assistência Técnica e Extensão Rural Todo o Estado de Pernambuco

Estão sendo assistidos 4.506 caprinocultores, com rebanho de 77.738 cabeças e 2.937 ovinocultores, com um rebanho 54.686 cabeças.

Governo de Pernambuco

IPA Pesquisa com transferência de embriões em caprinos

Sertânia Em andamento

Governo de Pernambuco

IPA Pesquisa com conservação de forrageiras nativas e exóticas

Sertânia Em andamento

Governo de Pernambuco

IPA Difusão de tecnologia de manejo alimentar de ruminantes

Arcoverde, Sertânia e Serra Talhada

Em andamento

Governo de Pernambuco

IPA Pesquisa em nutrição de caprinos Sertânia Em andamento

Governo de Pernambuco

IPA Implantação de banco germoplasma de capim elefante

Sertânia e Serra Talhada

Em andamento

Governo de Pernambuco

IPA Coleção de forrageiras nativas e exóticas Sertânia e Serra Talhada

Em andamento

Governo de Pernambuco

IPA Capacitação de Técnicos Agrícolas em Inseminação Artificial

Sertânia Concluída

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Matriz de Ações Territoriais no APL de Caprinovinocultura (cont.) Entidade Órgão

Responsável Ação Realizada Localização da Ação Status / Dificuldades

Governo de Pernambuco

SECTMA – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

Implantação de Centro Tecnológico Pajeú / Moxotó

Serra Talhada Obras de engenharia 70% concluída; parte dos equipamentos adquiridos e outros em licitação; há necessidade de aquisição de veículos para condução de técnicos, estudantes e agricultores

Governo de Pernambuco

SARA / ADAGRO

Ações de inspeção e fiscalização animal Todo o Estado de Pernambuco

Ação em andamento

Governo de Pernambuco

SARA / ADAGRO

Defesa Sanitária Animal Todo o Estado de Pernambuco

Ação em andamento

Fonte: Programa Integrado de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais: Diagnósticos e Propostas Preliminares (Governo de Pernambuco, 2008).

Matriz de Ações de Territoriais no APL de Laticínios Entidade Órgão

Responsável Ação Realizada Localização da Ação Status / Dificuldades

Governo de Pernambuco

SEPLAG – Promata

Implantação do NARDRIS – Núcleo de Articulação Regional de Desenvolvimento Rural Integrado Sustentável

Zona da Mata Norte, na estação experimental no município de Itambé, onde

Já está em implantação. Prazo para conclusão é Janeiro/2007. Dificuldade na realização das licitações para aquisição dos equipamentos.

Fonte: Programa Integrado de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais: Diagnósticos e Propostas Preliminares (Governo de Pernambuco, 2008).

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ANEXO 4: MAPA DOS APLS APOIADOS E IDENTIFICADOS

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ANEXO 5: MAPA DOS APLS QUE NÃO RECEBEM POLÍTICAS DE APL

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ANEXO 6: MAPA DOS APLS NÃO IDENTIFICADOS

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ANEXO 7: ROTEIRO DE ENTREVISTA

Organismos Responsáveis pelo apoio aos APLs nos estados I. Identificação e caracterização da instituição entrevistada Nome da Instituição / organização: Unidade: Nome do Entrevistado: Cargo: Telefone: E-mail: Natureza (pública/privada/mista): Esfera de Governo: Funções/objetivos gerais: Papel que a instituição exerce junto aos APLs (tipo de coordenação): Número total de pessoas ocupadas na instituição: Número de pessoal que atua junto aos APLs na instituição (2009): Principais formas de apoio aos APLs: II. Histórico da instituição quanto às ações voltadas a APLs no estado, antes de 2008

1. Quando e como a instituição inicia a atuação a partir do enfoque em APLs? 2. Como atuava anteriormente (setor, eixo, pólo, cadeia, ramo)? 3. Como a instituição conceituava e identificava os APLs? 4. Quais APLs foram identificados? 5. Quais foram os APLs apoiados pela instituição? 6. A partir de quais critérios a instituição selecionava tais APLs para o apoio? 7. Quais eram as formas de apoio mais freqüentes (programas, projetos e/ou ações)?

Justifique. 8. Comente eventuais alterações no apoio a APLs no período indicado, bem como suas

motivações. III. APLs identificados e apoiados pela instituição no estado (2008-2009)

1. Como a instituição identifica APLs na atualidade (enfoque conceitual, se existir)? 2. Quais são os APLs identificados pela instituição na atualidade (Planilha I)? 3. A partir de quais critérios a instituição seleciona APLs para o apoio? 4. Quais APLs estão sendo apoiados atualmente (Planilha I)? Justifique.

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5. Dentre estes APLs selecionados para o apoio existe alguma forma de priorização (ex: impacto na economia, impacto social, participação no comércio exterior, importância para o desenvolvimento estadual/local, outros)? Justifique.

6. Comente eventuais alterações no apoio a APLs no período indicado, bem como suas motivações.

7. Quais APLs não foram apoiados neste período e que o entrevistado(a)/instituição julga que deveriam ter sido? Justifique. (Ausência de apoio – contribuição para o preenchimento da Planilha II)

8. Quais APLs estão ausentes das listagens de identificação e que o entrevistado(a)/instituição julga que deveriam ser identificados como tal? Justifique. (Ausência de identificação – contribuição para o preenchimento da Planilha III)

IV – Programas, projetos e/ou ações da instituição para APLs no estado (2008-2009) Questões Gerais sobre o apoio a APLs no estado:

1. Quais são as principais formas de apoio a APLs? 2. Quais elementos desencadeiam o apoio (oferta de programas, demanda dos APLs,

outros)? Justifique. 3. Quais são as principais demandas de apoio por parte dos APLs? 4. Quais são os principais parceiros no apoio aos APLs? De que forma atuam? Avalie a

importância da cooperação. 5. Quais os principais desafios que a instituição enfrenta no apoio a APLs

(operacionalização, financeiro, qualificação de pessoal, rotatividade, outros)? 6. Quais são as vantagens e desafios em atuar a partir do enfoque em APLs no estado?

Justifique.

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ANEXO 8: ENTREVISTAS REALIZADAS

Entidade Representante Cargo/Função

AD DIPER Grabriel Maciel Gerente de APLs

Banco do Nordeste Danilo Régis Agente de Desenvolvimento

Banco do Nordeste Josué Lucena Agente de Desenvolvimento

CODEVASF (3ª) Priscila Martinez Médica Veterinária

CODEVASF (6ª) Márcio Araújo da Silva Economista

IPA Geraldo Magela Gerente Depto. Pesquisa

ITEP Márcia Lira Superintendente

Porto Digital Polyana Targino Analista de Inovação Tecnológica

do Porto Digital

SEBRAE João Cavalcanti Coordenador do Observatório

Empresarial do Sebrae/PE

SECTMA (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente)

Arnóbio Andrade Secretário Executivo de

Tecnologia, Inovação e Ensino Superior

UFRPE Almir Menelau Professor

UFRPE Tales Wanderley Vital Professor

UFRPE Ana Maria Navaes Participante do GT do Agreste /

Coordenação de Ações do APL do Biodiesel – Usina Miguel Arraes

Secretaria Cultura e Patrimônio/Olinda

Márcia Souto Secretária

Secretaria de Irrigação/Prefeitura de Petrolina

Emmanoela Sena Gomes Coordenadora de Projetos

Secretaria de Turismo, Desenvolvimento Econômico, Tecnologia/Prefeitura de Olinda

Maurício Galvão Secretário

Fonte: Elaboração própria.