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Folha de Pernambuco - PE 25/02/2016 - 07:32 Folha de Pernambuco - PE 25/02/2016 - 07:32 Margaret: situação pode piorar antes de melhorar Frases ora otimistas, ora com doses de realismo. Assim foi a passagem da diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, por Pernambuco e pelo Rio de Janeiro, ontem. Ela elogiou o trabalho que vem sendo desenvolvido, mas destacou necessidade de controlar o inseto transmissor de dengue, zika e chikungunya. Arboviroses que seguem crescendo em notificações, assim como a microcefalia. Já a Síndrome de Guillain-Barré, outra complicação atribuída ao zika, pode ser a causa da morte de duas pessoas neste mês no Estado. Cenário que aponta a mesma linha ressaltada pela representante da OMS: as coisas podem piorar antes de melhorarem.

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Margaret: situação pode piorar antes de melhorar Frases ora otimistas, ora com doses de realismo. Assim foi a passagem da diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, por Pernambuco e pelo Rio de Janeiro, ontem. Ela elogiou o trabalho que vem sendo desenvolvido, mas destacou necessidade de controlar o inseto transmissor de dengue, zika e chikungunya. Arboviroses que seguem crescendo em notificações, assim como a microcefalia. Já a Síndrome de Guillain-Barré, outra complicação atribuída ao zika, pode ser a causa da morte de duas pessoas neste mês no Estado. Cenário que aponta a mesma linha ressaltada pela representante da OMS: as coisas podem piorar antes de melhorarem.

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“Estamos lidando com um inimigo formidável, que é o mosquito Aedes, e com um vírus que não sabemos o que vai fazer. É cheio de truques”. Foi nesses termos que a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, se referiu ao maior problema de saúde pública no Brasil nos últimos anos. Em visita ao Imip, no Recife, ontem, a representante conheceu o atendimento a bebês com microcefalia e elogiou a celeridade com que governantes, médicos e cientistas vêm enfrentando o problema. Declarou que é possível replicar o protocolo pernambucano em outros países que tenham registro de casos. Já no fim do dia, no Rio de Janeiro, onde visitou a Fiocruz e encerrou sua missão no Brasil, Chan usou um tom mais duro, ressaltando que “as coisas podem piorar antes de melhorarem”. A diretora destacou o perfil “misterioso” do zika, que vem sendo associado ao aumento dos casos da malformação. “Estamos lidando comum vírus traiçoeiro, cheio de incertezas. Devemos estar preparados para surpresas”, afirmou. “O zika é culpado pela microcefalia até que se prove o contrário”, declarou também, acrescentando que os registros de microcefalia surgidos no Brasil levaram a Polinésia Francesa e a região da Micronésia, onde ocorreram infecções por zika, a fazerem estudos para averiguar vínculos entre o vírus e danos neurológicos em crianças nascidas em 2013. Chan destacou a preocupação global como problema: há mais de 130 países coma presença do Aedes aegypti e em mais de 60 já há transmissão do zika. Mas disse acreditar que os esforços de agora, atrelados ao período de inverno - quando o mosquito tem menor incidência -, vão garantir a segurança nos Jogos Olímpicos no Rio. COMBATE A passagem por Pernambuco contou com a presença do ministro da Saúde, Marcelo Castro. “Na década de 50 e 60, o Brasil erradicou o mosquito. Eu pergunto: vocês têm força e determinação de fazer isso novamente? Não é fácil, mas é preciso”, conclamou a diretora. “Estou em Pernambuco e não tenho medo do mosquito”.

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Ajuda estrangeira para microcefalia Em visita ao Imip, Margaret Chan se comprometeu a intermediar aporte financeiro de ONGs internacionais Com 1,6 mil casos de microcefalia notificados, segundo boletim divulgado ontem, Pernambuco vai contar com recursos de ONGs estrangeiras para ampliar as ações de combate ao Aedes aegypti, ampliar pesquisas, realizar diagnósticos e tratamentos em pacientes acometidos pelas doenças causadas pelo mosquito. A malformação em bebês está no topo das prioridades. Três instituições já demonstraram interesse em ajudar, sendo uma do Reino Unido e duas norte-americanas. A vinda desses recursos ganhou força ontem com a presença de Margaret Chan, que se comprometeu a intervir. “Ela disse que a OMS vai ajudar Pernambuco a receber esses recursos”, adiantou o secretário Estadual de Saúde, Iran Costa. Segundo ele, há reuniões agendadas com as três instituições filantrópicas. Mas é com a fundação norte-americana Bill e Melina Gates, casal milionário, que as conversas estão mais avançadas. Segundo o secretário de

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Atenção à Saúde do Ministério de Saúde (MS), Alberto Beltrame, o apoio estrangeiro será definido já nas próximas semanas. “Temos tratado com organismos internacionais. A própria doutora Chan falou nessa possibilidade de apoios tanto financeiro quanto de pessoal com deslocamento de técnicos”, adiantou. De acordo com ele, Bill Gates já anunciou apoio financeiro para várias iniciativas, como pesquisas para vacina contra o zika, por exemplo. Mas os aportes não foram detalhados. Iran Costa mostrou-se confiante com a verba beneficente dessa epidemia de zika e microcefalia, uma vez que o Estado teve que se organizar às pressas para dar conta das novas demandas da saúde. “Pedimos ao Ministério da Saúde um aporte de R$ 130milhões. Até agora nada chegou. Já gastamos mais de R$ 50 milhões do tesouro estadual com o enfrentamento a omosquito e tratamento das doenças. Foram R$ 30 milhões do plano de emergência e já colocamos mais R$ 20 milhões”, contabilizou o secretário. Os Gates já anunciaram o interesse de investir dinheiro em pesquisas de combate ao zika vírus no Brasil neste momento. O foco estaria no desenvolvimento de imunizantes contra a doença. A fundação já patrocinou estudos com mosquitos modificados para o controle vetorial e diminuição da dengue e malária.

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Protocolo do Estado para o Mundo A OMS estuda usar em outros países os protocolos implantados em Pernambuco sobre formas de cuidar de bebês microcéfalos. “Vamos disseminar para que todo o Mundo possa se beneficiar do excelente trabalho vindo deste Estado”, disse Margaret Chan, no Imip. Diante do reconhecimento, Iran Costa destacou que vários esforços estão sendo feitos para descentralizar os atendimentos dos microcéfalos. “Temos atendimento em oito Regionais de Saúde e até abril estaremos em todas as 12 regionais”, afirmou. Poder contar com assistência do filho na sua região de origem era uma das reivindicações de Bruna Bezerra, 29, mãe de Benjamin, 2 meses. Internada no Imip, ela teve a chance de conhecer a diretora da OMS. “Ela segurou meu filho no colo. Me perguntou o que espero. Disse que espero que melhore, pois faz dois meses que minha vida fica jogada de lá para cá”, contou Bruna, que é de Caruaru, no Agreste pernambucano. COOPERAÇÃO Para organizar serviços nas principais cidades do Estado e também formar profissionais no trato da microcefalia, o MS e o Imip assinaram ontem um termo de cooperação técnica.

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Guillain-Barré, dois óbitos investigados Em até dez dias, o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) deve determinar a causa da morte do recepcionista Artur da Silva, 33 anos, na última terça-feira, no Hospital da Restauração. O quadro teria ocorrido após uma virose não determinada. A família diz ter indícios da Síndrome de Guillain-Barré (SGB), que consta no atestado de óbito junto

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com outras possibilidades, como uma síndrome febril hemorrágica. A unidade de saúde, porém, afirma que os motivos por trás dessa ou de qualquer outra complicação clínica ainda serão investigados. Não é o único caso de danos neurológicos com desfecho semelhante recentemente. No dia 16, outro homem morreu após 12 dias internado. Desde 2015, já são nove óbitos atribuídos à SGB. O sepultamento de Artur ocorreu ontem, num cemitério em Camaragibe, município do Grande Recife, onde ele morava. Familiares falaram da perda repentina do rapaz, casado e pai de um menino de oito meses. “Ele começou se queixando de dores pelo corpo. Aos poucos, foi perdendo as forças dos braços e das pernas. Chegou uma hora que ele não conseguia nem mais segurar o celular”, contou Aníbal Silva, 43, ex-sogro do paciente. Artur chegou a passar por um hospital particular antes de ser internado no HR, onde ficou dez dias. Parentes destacaram que ele só foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva um dia ante de morrer, supostamente por conta da superlotação. Nu documento que receberam, que falava da necessidade de transferência para a UTI, foi citada a suspeita de SGB, além do tratamento com imunoglobulina, típica nesses casos. OUTRA MORTE O outro homem que morreu no HR tinha 53 anos e havia procurado atendimento, no início do mês, por conta de uma virose. A doença ainda não foi determinada. Na lista de causas, aparece a SGB. No último domingo outra perda: a da supervisora de recepção Ana Paula d Carmo Pereira, 27. A síndrome também figura entre as possibilidades, assim como miosite, complicação que resultou na morte da índia Daniele Marques, 17, em janeiro. ARBOVIROSES As doenças transmitida pelo mosquito Aedes aegypti seguem em curva ascendente no Estado, sobretudo, a febre chikungunya, cujo número de notificações foi elevado em mais de 1,2 mil em apenas uma semana. Até o último dia 13, eram 2.656 casos em 101 municípios, dos quais 123 já tinham sido confirmados e 260, descartados. Até último sábado, contudo, o quantitativo já chegava a 3.920 notificações em 127 municípios, um aumento de 47,6% Do total, 154 foram confirmadas e 291, descartadas.

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“Toda doença é pior para os pobres” “A grande preocupação que a gente tem não é apenas com a pobreza como causa de um problema. Mas, sim, que toda doença é pior para os pobres. Pois, quanto menos condições de tratar e ter acesso a informações, pior é a chance de recuperação dessas crianças.” A avaliação é do diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. Como a Folha antecipou na segunda-feira passada, 69% dos bebês microcéfalos estão inseridos em lares de extrema pobreza.

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Maierovitch adiantou que ainda não se sabe se há outros fatores envolvidos nos casos de malformação além da infecção pelo zika. “É possível que exista uma exposição maior das mulheres pobres aos mosquitos, pelas condições ambientais, de moradia, a própria dificuldade em se proteger adequadamente das picadas. Então, são temas que têm que ser estudados em profundidade”, disse.

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Folha Política Com algum desencontro Originalmente, a visita da diretora-geral da OMS, Margareth Chan, ao Imip não seria pública. E a entrevista coletiva seria no Palácio das Princesas. A visita ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no entanto, acabou tomando dimensão e o volume inesperado de jornalistas presentes fora uma das razões do atraso da solenidade. Os cerimoniais precisaram, às pressas, solucionar a questão da acomodação da Imprensa. Já era tarde da terça-feira quando o cerimonial que acompanhava Chan cancelou o almoço que ela teria com o governador Paulo Câmara, às 12h de ontem, porque a diretora teria que seguir para o Rio de Janeiro. Chan chegou, ao Recife, acompanhada do ministro da Saúde, Marcelo Castro, autor da declaração de que “o País está perdendo a guerra contra o Aedes”. Chan parece discordar. Elogiou protocolos adotados em Pernambuco e comprometeu-se a disseminar o “excelente trabalho”. Paulo Câmara não estava presente para receber os elogios. Tinha inauguração de uma Escola Técnica Estadual, em Paudalho, às 9h, e não alterou agenda para comparecer ao Imip, ainda que Pernambuco seja o Estado com maior número de notificações de microcefalia.

Diario de Pernambuco - PE 25/02/2016 - 08:05

Pernambuco será exemplo para o mundo Diretora-geral da OMS ressaltou trabalho desenvolvido pelo estado nas pesquisas sobre zika e microcefalia e no cuidado com os bebês Alice De Souza O trabalho realizado em Pernambuco para descobrir a correlação entre o zika e a microcefalia e cuidar das crianças acometidas pela malformação genética será disseminado para o restante do mundo. O anúncio foi realizado pela diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), a médica chinesa Margaret Chan, durante visita ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), na manhã de ontem. A organização convocou o Brasil a assumir papel de liderança nas Américas para o enfrentamento do surto da microcefalia, assim como no combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor do zika, dengue e chikungunya. Ela adicionou que a experiência do estado neste campo é crucial. A passagem por Pernambuco fez parte da agenda de dois dias da comitiva internacional ao Brasil. Estiveram no Imip, além de Margaret Chan, o diretor-executivo de epidemias da OMS, Bruce Aylward, e a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne. Além do ministro da Saúde, Marcelo Castro. A comitiva visitou as instalações do ambulatório de atendimento aos pacientes com microcefalia e também o centro de reabilitação física e motora da unidade, onde chegaram a trocar

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palavras com algumas mães e ouvir pedidos. A visita durou cerca de duas horas e mobilizou também a atenção de pacientes e acompanhantes. “Os médicos estão fazendo um excelente trabalho na pesquisa para descobrir a causa e a relação entre o zika e a microcefalia. Além disso, estão desenvolvendo protocolos sobre como cuidar dos bebês. A OMS vai disseminar esse excelente trabalho para que o resto do mundo se beneficie”, afirmou Margaret Chan, que chegou a citar nominalmente alguns médicos pernambucanos. A diretora-geral afirmou ainda que não tem medo do mosquito e que o zika ainda é um mistério e que a epidemia vai piorar antes de melhorar. Também ressaltou a competência e o comprometimento das equipes brasileiras desde outubro, quando foram reportados os primeiros casos. À tarde, no Rio de Janeiro, afirmou que o zika é culpado pela epidemia até que se prove o contrário. Durante a visita a Pernambuco, ela acompanhou apresentações sobre a situação epidemiológica do estado e do Recife, além de ouvir estratégias implementadas para combater o mosquito. Em comum, os gestores locais ressaltaram a necessidade de prover mais recursos, inclusive para investir em novas tecnologias. O Recife quer lançar mão, por exemplo, de vigilância digital e drones. Pernambuco estuda o uso de pelo menos cinco tipos diferentes de tecnologias. “Temos dificuldade de reproduzir esse uso em larga escala. Nossa expectativa é de que a visita influencie em soluções inovadoras”, disse o secretário estadual de Saúde, Iran Costa. “Nossa intenção é diminuir os casos de microcefalia nos próximos meses”, acrescentou Jailson Correia, secretário de Saúde do Recife. Em coletiva realizada na tarde de ontem, no Rio, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou que uma vacina de zika deverá entrar em fase de testes dentro de um ano. Ele falou que a vacina será viabilizada ao público em três anos. Já a da dengue deve comerçar a ser usada em dois anos. Conhecido pelas frases de repercussão, o ministro disse que “o mosquito não é de direita nem de esquerda.”

Diario de Pernambuco - PE 25/02/2016 - 08:05

Organização assina convênio com o Imip Uma das maiores preocupações das famílias dos bebês com microcefalia é com relação ao acesso aos serviços de estimulação precoce e reabilitação. Durante a visita da diretora-geral da OMS a Pernambuco, o Ministério da Saúde e o Imip assinaram termo de cooperação técnica de ensino para capacitar profissionais envolvidos na atenção e cuidado dos casos de microcefalia e infecções por zika, dengue e chikungunya. Segundo o ministério, esses profissionais vão ser capacitados para triagem neonatal auditiva, triagem neonatal ocular, estimulação precoce, cuidados clínicos agudos para infecções por zika, chikungunya e dengue, cuidado das crianças com alterações congênitas associadas à infecção por zika vírus, estratégias de combate ao mosquito e detecção de alterações neurológicas através de ultrassonografia transfontanela.

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Isso ocorrerá a partir da criação de centros colaboradores para ajudar no enfrentamento aos casos de microcefalia, que já estava previsto em portaria publicada em janeiro, no Diário Oficial da União. O Imip foi uma das primeiras unidades do país a identificar o aumento nos casos de microcefalia. Desde agosto de 2015, foram notificados na unidade 239 casos. Desses, 169 nascidos na unidade e outros 69 encaminhados de outros hospitais. Atualmente 150 são atendidas no Imip, das quais 86 têm o caso confirmado.

Diario de Pernambuco - PE 25/02/2016 - 08:05

Microcefalia: 1,6 mil casos notificados O Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE) também confirmou 58 casos de malformação relacionada ao zika O número de casos notificados de microcefalia em Pernambuco passou de 1.546 para 1.601 na última semana. O crescimento na quantidade de suspeitas foi de 3,5%, de acordo com boletim divulgado ontem pela Secretaria Estadual de Saúde. Também houve aumento no número de bebês com a malformação que nasceram mortos, passando de nove para 11 casos. Do total de registros em investigação, 620, ou seja, pouco mais de um terço de todos os casos suspeitos, atendem aos parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS). A entidade internacional identifica microcefalia apenas em bebês com perímetro cefálico igual ou menor que 32 centímetros. Os casos confirmados de microcefalia no estado passaram de 184 para 209. Já os descartados subiram de 159 para 204 após a realização de exames de imagem. O Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE) confirmou ainda 58 casos de microcefalia relacionados ao zika vírus por detecção do anticorpo imunoglobulina M (IgM) no líquido céfalorraquidiano (fluido encontrado no espaço intracraniano). No boletim anterior, eram 34 confirmações. O aumento na quantidade de comprovações da relação entre o vírus e a malformação foi de 70%. Os reagentes usados nos exames foram fornecidos pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Desde que a notificação de casos de gestantes com exantemas foi tornada obrigatória, em dezembro de 2015, 102 municípios notificaram 1.893 gestantes com o quadro clínico. Dessas, 15 receberam a confirmação de microcefalia intraútero (no boletim anterior eram 12). Questionado sobre o atendimento a mães e crianças com microcefalia no estado, o secretário estadual de Saúde, José Iran Costa Júnior, prometeu aumentar a rede de apoio existente. “O atendimento nos núcleos de apoio será ampliado de oito para 12 regionais até abril para que as famílias façam um menor deslocamento possível”, afirmou. Até sábado, foram notificados 3.920 casos suspeitos de chikungunya em 127 municípios pernambucanos. Na semana passada, eram 2.656 suspeitas, ou seja, houve aumento de 47,5%. Desses, 154 foram confirmados e 291 descartados. Uma morte está sendo investigada. Foram notificados ainda 2.840 casos suspeitos de zika (42,5% a mais em relação aos 1.990 da semana passada). Ainda não há confirmações de casos em 2016. Os dados de dengue não foram divulgados esta semana “devido a dificuldades de copilar os dados do sistema nacional”, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.

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Mães seguem à procura de respostas Enquanto Margaret Chan passava pelos corredores do Hospital Pedro II, no Imip, Josilene Lima, 30 anos, permanecia tentando encontrar respostas para a situação da filha de quatro meses. A moradora de Goiana teve manchas e dor no corpo quando estava com três meses de gestação. A filha nasceu com a malformação e, em exames já realizados, foi detectado também um déficit de visão no olho esquerdo. A vida de Josilene, desempregada, e Margaret, diretora-geral da OMS, se cruzaram dentro do ambulatório do hospital na manhã de ontem. As duas não tiveram oportunidade de trocar palavras. Se tivesse a chance, Josilene não hesitaria no pedido: ajuda financeira. “A gente precisa de apoio do governo, de alguém que nos ajude comprando fraldas e outras coisas. Apoio dos médicos a gente já está tendo muito”, explicou ela. Dentre as mães de bebês com microcefalia incluídas no Cadastro Único, 69% estão em situação de extrema pobreza e 99% têm renda familiar per capita de até meio salário mínimo. Os dados são da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ), que realiza seminário hoje, na Fafire, às 8h, sobre microcefalia e os cuidados socioassistenciais. Margaret Chan chegou a pegar bebês no colo e fez algumas perguntas a outras mães. A mais enfática delas durante a passagem pelo ambulatório e centro de reabilitação no Imip foi o que o poder público poderia fazer pelas famílias. Dentre as respostas, muitas visavam o futuro. As mães queriam acesso a cuidados de saúde e também que seja garantido acesso à educação para os filhos. A diretora-geral da OMS passou cerca de meia hora pelos corredores internos do hospital. A passagem também mudou a rotina de estudantes, pacientes e acompanhantes.

Diario de Pernambuco - PE 25/02/2016 - 08:05

Mais duas mortes suspeitas por Síndrome de Guillain-Barré Maira Baracho Virose. Esse foi o diagnóstico ouvido pela família do metalúrgico Ivaldo Alves da Costa, 53 anos, nas três vezes em que procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Sotave, em Jaboatão dos Guararapes. No último dia 16, depois de 12 dias internado no Hospital da Restauração (HR), Ivaldo morreu. No atestado de óbito, a rara Síndrome Guillain-Barré (SGB) – associada a processos infecciosos como dengue, chikungunya e zika – consta como causa da morte e revolta a família, que acredita que ele poderia estar vivo caso tivesse sido diagnosticado a tempo. Na última terça-feira, o recepcionista Artur da Silva, 33, também morreu no HR após 10 dias de internamento. A suspeita também é da Síndrome de Guillain-Barré. Uma dor muito forte na perna e febre leve foram os sintomas que levaram Ivaldo a procurar, no fim de janeiro, um Posto de Saúde, em Jaboatão. Poucos dias depois, com

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dor nas articulações, formigamentos, dormência e sem conseguir se alimentar direito, procurou a UPA da Sotave, onde uma suposta virose foi diagnosticada. Nos dias seguintes, voltou à mesma UPA duas vezes, já sem conseguir ficar em pé sozinho. O diagnóstico era sempre o mesmo. Revoltada diante da falta de atenção com o marido, que piorava a cada dia, a viúva Valdênia Vieira chegou a pressionar o médico para que ao menos um nome fosse dado à tal virose. “Na segunda vez que fomos, eu perguntei se ele não iria nem aferir a pressão e nem fazer teste de glicose, mas nada foi feito.” Ivaldo já não andava, havia perdido os movimentos das mãos e respirava com dificuldade quando voltou à UPA pela quarta vez, quando finalmente foi encaminhado para o HR, onde veio a confirmação da síndrome. A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes informou que iria apurar as denúncias sobre a UPA, mas não enviou resposta até o fechamento desta edição.

Diario de Pernambuco - PE 25/02/2016 - 08:05

diario urbano Perdas a contar Os números são frios, dizem. Em se tratando da chikungunya, acrescento assustadores. A doença havia se espalhado por 127 municípios pernambucanos, considerando-se as notificações de casos suspeitos até o último sábado. Eram 69%. Na velocidade em que avançam os danos do Aedes aegypti, talvez tenham batido os dois terços dos 184 municípios. Ao medo de ser uma vítima a mais, os ainda não atingidos veem no seu entorno um exército de pessoas marcadas pela dor e, salvo exceções, com a mobilidade reduzida. A doença assusta e maltrata. Traz com ela outra consequência pouco anotada até agora: os estragos - em quantidade de dias perdidos - sobre os mundos escolar e do trabalho. Uma vez alcançado pelo mal, a vítima se ausenta de suas atividades pela fragilidade que lhe impõe a doença. Aos sãos, atordoados como se estivessem no meio de uma guerra, recaem o socorro aos “feridos” e a busca de meios para aliviar o sofrimento alheio. Quem adoeceu ou dividiu dias com vítimas da chikungunya sabe do que falo. Quebra-se o corpo. Remendá-lo é tarefa de longo tempo. Do mesmo modo, os reflexos da doença sobre a produção, o ensino e a aprendizagem. Dúvida não tenho de sua capacidade devastadora. Mas somos amadores para traduzir isso em curto prazo.

Jornal do Commercio - PE 25/02/2016 - 08:17

OMS: situação vai se agravar #XÔAEDES No Rio, diretora-geral afirma que vírus zika não é só um problema de saúde pública. “É uma ameaça ao futuro do País” A diretora geral da Organização Mundial de Saúde (OMS, Margaret Chan, afirmou que o vírus zika é o “culpado” pela epidemia de microcefalia “até que se prove sua inocência” e alertou para o fato de que a situação vai se agravar. “As coisas podem piorar antes de melhorar. É um vírus capcioso, esperto. E devemos nos preparar para novas surpresas”, afirmou a sanitarista, que visitou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ontem à tarde, depois de visitar o Recife. Margaret Chan ressaltou que as mulheres grávidas infectadas pelo vírus devem ser acompanhadas bem de perto para que se possa

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identificar se os bebês vão nascer com sequelas neurológicas. “Não se surpreendam se encontrarem microcefalia em outros Estados (além daqueles em que a condição já foi identificada).” A diretora da OMS informou que a instituição aguarda informações de outros países sobre possíveis registros de microcefalia. Ela ressaltou o caso da Colômbia, que tem um “sistema de saúde forte”, com coletas de dados importantes, e que tem acompanhado grávidas com suspeita de zika. Ela ressaltou que, além do Brasil, a Micronésia e a Polinésia Francesa identificaram casos de microcefalia, depois do surto de zika, num estudo retrospectivo feito após o alerta brasileiro. Segundo Margaret Chan, mais de 40 países notificaram a OMS sobre surtos de zika e pelo menos 113 países têm a presença do Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão da doença a que ela se referiu como “um inimigo formidável”. OMS para surtos e emergências, Bruce Aywald, afirmou que “o mundo tem uma dívida grande com o Brasil” por causa do alerta feito no fim do ano passado, relacionando zika e microcefalia. “Esse vírus não é apenas um problema de saúde pública. É uma ameaça ao futuro do País e exige uma resposta rápida. Não sabemos por que o resto do mundo nunca fez essa correlação. Mas os demais países têm agora o que o Brasil não tinha, a informação de que zika pode causar microcefalia”, afirmou. Margaret Chan defendeu que os governos deem todas as informações e meios para que as mulheres se protejam e possam tomar a decisão de ter ou não filhos. “Todo governo tem responsabilidade de passar as informações para as mulheres e suas famílias para que, em posse dessa informação, decidam se querem ou não adiar a decisão de engravidar.” O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que a pasta não vai encaminhar proposta ao Congresso para ampliar o direito de grávidas abortarem para os casos de infecção por zika. “A minha opinião é a opinião do governo. Sou um agente público e todo agente público está submetido às leis do País. A lei brasileira não permite aborto em caso de microcefalia. Só em três situações o aborto é permitido: em caso de estupro, de risco iminente para a mãe e no caso de anencefalia. A microcefalia não se caracteriza como isso daí.”

Jornal do Commercio - PE 25/02/2016 - 08:17

Protocolo do Estado servirá de modelo A Organização Mundial da Saúde (OMS) estuda usar em outros países os protocolos implantados em Pernambuco sobre formas de cuidar de bebês nascidos com malformações neurológicas. “Nós vamos disseminar esse trabalho para que todo o mundo possa se beneficiar do excelente trabalho vindo deste país.” O anúncio é da diretora-geral da OMS, Margareth Chan, que esteve no Recife ontem em visita ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). O Imip é uma das primeiras instituições de saúde de Pernambuco a atender crianças com microcefalia e se tornou referência no Estado. Durante a visita, a diretora conversou com pesquisadores e médicos pernambucanos e assistiu a uma apresenta- ção técnica do instituto de medicina, das Secretarias de Saúde Estadual e Municipal sobre as ações de combate ao Aedes aegypti e o acompanhamento das pessoas afetadas pelo vírus zika e demais doenças transmitidas pelo mosquito.

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A diretora lembrou que a Polinésia Francesa passou por um surto semelhante em 2013 e 2014, mas que o território não identificou a relação entre o zika e os problemas neurológicos, como a microcefalia. De acordo com ela, devido à descoberta brasileira a Polinésia Francesa “olhou para trás” e percebeu o mesmo padrão, tornando a relação entre zika e microcefalia mais evidente. Ela também parabenizou o Brasil pelo bom trabalho, inclusive a mobilização de soldados das Forças Armadas, e afirmou que o País não está sozinho. O mundo, segundo a diretora da OMS, vai ajudar o País a encontrar meios para combater o Aedes aegypti eovírus zika. “A essa altura, o controle do mosquito por vários métodos é a primeira linha de defesa. Infelizmente não temos vacina, um diagnóstico confiável e poucos meios de combater o problema.” Vestida com uma camisa da campanha Zika Zero, do governo federal, ela também chamou o mosquito de complicado e persistente, já que o Aedes aegypti sempre encontra meios de adaptar-se e sobreviver aos métodos de combate empregados por vá- rios países, com casos de dengue e chicungunha. O ministro da Saúde, Marcelo Castro, também esteve no Recife. Ele pediu unidade nacional e falou que a presença dos representantes internacionais em Pernambuco é simbólica, pois é o Estado com mais notificações de microcefalia no Brasil. São 1.601 suspeitas. Dessas, 209 confirmadas e 204 descartadas.

Jornal do Commercio - PE 25/02/2016 - 08:17

Curso online sobre o zika O governo federal disponibilizou esta semana um curso online para capacitar profissionais de saúde sobre fatores como diagnóstico, tratamento e suspeita de casos do vírus zika no País. Desde a semana passada, a notificação de casos suspeitos da doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, passou a ser obrigatória. O curso, com 45 horas-aula, é voltado para profissionais como médicos e enfermeiros da atenção básica e tem entre os temas os cuidados com gestantes com zika e recém-nascidos com microcefalia. De acordo com especialistas, um cenário possível para o alto número de casos de dengue no começo deste ano é a notificação equivocada de zika. “Os profissionais de saúde estão na linha de frente na batalha contra a microcefalia e o Aedes.Éessencial que eles estejam atualizados e preparados, tanto para orientar as pessoas de um modo geral, quando para cuidar daquelas com zika ou qualquer uma de suas complicações”, afirma o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Hêider Pinto. As aulas foram elaboradas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Mato Grosso do Sul) e ficarão disponíveis em site da Universidade Aberta do SUS até fevereiro de 2017. JEJUM O prefeito de Goiandira (GO), Erick Marcus (PTB), instituiu o Dia de Jejum Municipal contra a dengue na cidade goiana por considerar a infestação pelo Aedestão grave quanto as pragas que assolaram o Egito antigo. “O Aedes não é só a dengue, é também a chicungunha e a microcefalia.” Ele baixou decreto no dia 19 conclamando a população a “clamar a Deus por livramento e misericórdia”, fazendo jejum das 6h às 12h na última segunda, contra a infestação.

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Jornal do Commercio - PE 25/02/2016 - 08:17

Mais duas mortes sob investigação Mais uma pessoa morreu, na terça-feira (23), no Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife, após apresentar complicações decorrentes de uma possível infecção viral. O recepcionista Artur da Silva, 33 anos, passou por atendimento em dois hospitais particulares antes de ser internado no HR e falecer, segundo conta o sogro do jovem, o maqueiro Aníbal Cassiano da Silva Filho. Para ele, a síndrome de GuillainBarré é a suspeita mais forte entre as causas da morte questionadas no atestado de óbito. Em Jaboatão dos Guararapes, outra família acredita que a síndrome possa ter vitimado, no dia 16, o metalúrgico Ivaldo Alves da Costa, 53 anos. “Ele começou a se sentir muito mal na quinta-feira pós-Carnaval. Estava com dor nas juntas, chegou a relatar dormência nas mãos e pernas. Também não conseguia andar. Foi ao banheiro e caiu. Acredito que a causa da morte tenha sido Guillain-Barré mesmo, embora eu tenha recebido a informação de que são necessários 90 dias para se ter essa confirmação”, conta Aníbal. “É uma situação lamentável. Artur tinha muita saú- de, era ativo e alto-astral.” A assessoria de imprensa do HR informou que a causa da morte é desconhecida e que Artur deu entrada no hospital no dia 13, quando apresentou um quadro hipertensivo acompanhado de fraqueza nos membros inferiores e foi encaminhado à emergência clínica. No dia 15, teve insuficiência respirató- ria e precisou ser entubado. Foi levado para a unidade de terapia intensiva (UTI) no dia 22 e faleceu na manhã da terça. Ainda segundo a assessoria de imprensa do hospital, o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) determinará a causa da morte. Para isso, foi colhida amostra do lí- quido cefalorraquidiano (aquele que circula na medula e vai até o cérebro). O resultado deve sair em até 15 dias. PARALISADO O metalúrgico Ivaldo Alves Costa apresentou os mesmos sintomas que Artur. Em janeiro deste ano, procurou os médicos por causa de uma dor na perna. Foi diagnosticado com virose, mas o quadro se agravou. No iní- cio de fevereiro, já estava com o corpo completamente paralisado. Faleceu no último dia 16, no Hospital da Restauração. O atestado de óbito apontou como causas choque séptico, infecção de trato respiratório e a Síndrome de Guillain-Barré. “Meu pai procurou a UPA de Sotave, em Jaboatão, quatro vezes. Ele sempre era diagnosticado com virose, mas o quadro se agravou rapidamente. A família só suspeitou da Síndrome de Guillain-Barré depois de ver uma matéria na TV. Faltou informação para a população. Na Restauração, meu pai fez exames que confirmaram a síndrome.Após 12 dias internado, morreu”, relata o filho, Emerson Costa. A assessoria do HR foi procurada ontem à noite, mas não possuía informações sobre o caso.

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Jornal do Commercio - PE 25/02/2016 - 08:17

Atenção a bebê com anomalia será ampliada MICROCEFALIA Estado promete que todas as 12 Regionais de Saúde terão unidades especializadas no atendimento às crianças E ntre as dificuldades enfrentadas por muitas das famílias de bebês que nascem com microcefalia em Pernambuco, está a via-crúcis que precisam percorrer para ter acesso a unidades de referência capacitadas para acompanhar as crianças, principalmente aquelas que não moram na Região Metropolitana do Recife e precisam se deslocar com frequência para cidades que oferecem exames, consultas de rotina e atividades de reabilitação. O secretário Estadual de Saúde, Iran Costa, reconhece essa realidade e assegurou que de 45 a 60 dias todas as 12 Regionais de Saúde de Pernambuco terão instituições voltadas para atendimento especializado aos bebês com a malformação. Ainda faltam unidades em cinco Regionais, com sede nos municípios de Limoeiro, Palmares, Salgueiro, Ouricuri e Goiana. “Precisamos dar apoio aos municípios. Nosso principal desafio é encurtar as distâncias entre o local de atendimento e a cidade de moradia das crianças com microcefalia e suas mães”, reconheceu o secretário durante visita que fez ontem ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) ao lado da diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan. Por enquanto, sete das 12 Regionais têm unidades de referência para acompanhamento dos bebês com a anomalia e das gestantes notificadas com manchas vermelhas na pele e com diagnóstico intraútero sugestivo da malformação. Ao todo, 22 serviços de saúde estão preparados para fazer esse atendimento no Estado. “À medida que os casos de microcefalia foram aumentando, foi necessário preparar mais instituições para a assistência. Em novembro, a média era de 212 registros por semana da malformação. Atualmente é de 30. Em algumas Regionais de Saúde, estamos fazendo busca ativa das famílias que não conseguem se deslocar para cidades onde há atendimento”, informou Iran Costa. Ele ainda acrescentou que está sendo criado, em Pernambuco, um núcleo específico para garantir o acesso das famílias à rede de saúde. CONSULTA Ontem a pequena Evelly, 4 meses, foi ao Imip para mais uma consulta com a equipe de neuropediatria da instituição. A mãe, Josilene Lima, 30, que está desempregada, mora em Goiana, na Zona da Mata de Pernambuco, um dos municí- pios que ainda não contam com unidade de referência. “Só conseguimos vir para o Recife porque a Prefeitura de Goiana cede um carro. Gostaria de contar com um maior apoio do governo para cuidar da minha filha. Precisamos de ajuda com feira e fraldas. Estou até recebendo orientação do setor de serviço social do Imip para solicitar o benefí- cio. Muitas mães têm reclamado das dificuldades para consegui-lo”, conta Josilene. A menina Evelly já passou por uma série de exames, como tomografia e teste do olhinho, além de ser acompanhada rotineiramente pelos médicos. “Eles estão me dando muita atenção. Minha filha também já foi encaminhada para fazer fisioterapia na AACD. Lá fui orientada para fazer atividades de estimulação com ela em casa”, diz Josilene.

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Jornal do Commercio - PE 25/02/2016 - 08:17

Brasil terá acesso a tecnologia que esteriliza o Aedes macho A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que vai facilitar a transferência de um irradiador de células gama para o Brasil para ajudar no combate ao mosquito Aedes aegypti. O método baseado na radiação nuclear é usado para esterilizar o macho e, com isso, diminuir a popula- ção desses mosquitos. Eles são submetidos à radiação gama, cuja fonte radioativa é o Cobalto 60, quando ainda estão na fase de pupa (última etapa antes da fase adulta ou alada). O anúncio foi feito ontem após dois dias de reuniões com especialistas para tratar do uso de técnicas nucleares para o controle do Aedes na América Latina e no Caribe. O encontro, organizado em cooperação com o Ministério da Saúde, é parte da resposta da AIEA ao atual surto do vírus da zika nas Américas do Sul e Central. Os primeiros testes da Técnica do Inseto Estéril (TIE)foram planejados pela Organiza- ção Moscamed (organização social ligada aos governos federal e da Bahia), criada para implementar a tecnologia no País. O equipamento será transferido para a biofábrica da instituição em Juazeiro (BA). “O irradiador vai permitir a produção de até 12 milhões de Aedes machos esterilizados por semana, atingindo até 750 mil pessoas em 15 municípios nos Estados da Bahia e de Pernambuco, que têm sido particularmente atingido por zika, disse o diretor da Moscamed”, Jair Virgínio. A AIEA informou que uma vez liberados, esses mosquitos machos acasalam com fêmeas que não vão produzir larvas, efetivamente suprimindo a população de insetos ao longo do tempo. A agência lembrou ainda que a técnica tem sido usada com sucesso há mais de 50 anos no combate às pragas na agricultura.

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Jornal do Commercio - PE 25/02/2016 - 08:17

Pinga-Fogo Quem politizou o mosquito? Ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB) fez ontem no Recife uma análise política do Aedes Aegypti: “Temos que estar todos alinhados numa unidade nacional. O mosquito não é municipal, o mosquito não é estadual, não é federal. O mosquito não é do governo, não é da oposição. O mosquito é de responsabilidade de todos nós, da sociedade brasileira”.

Jornal do Commercio - PE 25/02/2016 - 08:17

Voz do Leitor Saúde Os médicos e dentistas efetivos da Prefeitura de Afogados da Ingazeira (Sertão do Estado) completaram mais um ano recebendo o pior salário do Brasil. É necessário abono para chegar a um salário mínimo. O prefeito José Patriota, que era sindicalista, passou a vida inteira dizendo que defendia o trabalhador, mas esqueceu tudo que falava. Hoje, nada faz para combater essa injustiça social. Carlos Alberto Santos, por e-mail

Diario de Pernambuco - PE 25/02/2016 - 08:05

Uma guerra de todos contra o maior inimigo do Brasil Humberto Costa, senador Estamos em guerra. Uma guerra interna contra um inimigo quase invisível. Aliados a centenas de integrantes das Forças Armadas e Agentes Comunitários de Saúde e de Combate a Endemias, todos os brasileiros estão incumbidos da missão de impingir um combate incansável ao Aedes aegypti, vetor de transmissão da dengue, da febre chikungunya e do vírus zika, que vem vitimando a nossa população e está associado a graves distúrbios neurológicos, como a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré. A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta global de epidemia e tem elogiado os esforços do Brasil para conter o avanço do mosquito, nas palavras da sua diretora-geral, Margaret Chan, que veio ao país nesta semana e visitou Pernambuco. Mesmo diante da persistente crise econômica, o governo da presidenta Dilma garantiu que não faltarão recursos. Mais de R$ 130 milhões têm sido investidos numa ação de espectro continental, dadas as dimensões do nosso território, com duas jornadas nacionais de mobilização já realizadas, que levaram a presidenta e seus ministros a se engajarem pessoalmente em ações em todos os Estados brasileiros.

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É, sem dúvida, a maior articulação entre o governo federal, os estados e os municípios em favor da saúde da população vista na última década. Mais de três milhões de imóveis, em cerca de 500 municípios, já foram visitados por agentes públicos, que receberam o direito de entrada forçada em prédios públicos e particulares abandonados para eliminar criadouros de Aedes aegypti. Essa norma, nascida de uma medida provisória editada por Dilma, terá a participação decisiva do Congresso Nacional na sua análise e aprovação, com a finalidade de oferecer ao Brasil um instrumento jurídico sólido de combate ao mosquito. Nesta quinta-feira, realizamos uma sessão temática no Senado Federal para debater especificamente o tema e saber como o parlamento poderá dotar o poder público, os cientistas e pesquisadores brasileiros dos elementos adequados à prevenção, ao tratamento, ao desenvolvimento de vacinas, enfim, para eliminar de vez essa que se transformou numa das maiores ameaças epidemiológicas dos últimos tempos. A OMS, nossa parceira no combate ao zika, também lançou um importante plano da ordem de US$ 56 milhões para combater a epidemia do zika, por meio do qual pretende orientar a resposta internacional à propagação da infecção e de casos de malformação congênita e síndromes neurológicas ligadas à contaminação pelo mosquito. Mas, para além de todos esses esforços nacionais e internacionais, só sairemos vitoriosos dessa guerra se ela for assumida por todos, indistintamente. Nenhuma ação alcançará os seus verdadeiros objetivos se cada brasileiro não tomar para si o desafio de fazer o seu dever de casa.

Diario de Pernambuco - PE 25/02/2016 - 08:05

Estudantes na caça ao mosquito Mais de 80 mil alunos da rede pública municipal entraram na guerra contra o Aedes. Eles fiscalizam a própria casa e a dos vizinhos Thamires Oliveira Desde o início do período letivo da rede municipal de ensino do Recife, os alunos estão debatendo sobre um tema que é motivo de preocupação em toda a cidade: o combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Ontem pela manhã, alunos de escolas municipais se reuniram na Escola Municipal Capela Santo Antônio, na Ilha de Deus, Imbiribeira, para apresentar os resultados dos projetos elaborados por eles para o combate ao mosquito. O grupo da pequena Brenda, 6 anos, aluna do primeiro ano do ensino fundamental, produziu armadilhas com garrafas pets, microtule e alpiste. As armadilhas funcionam atraindo o mosquito para depositar os ovos naquele lugar, e prendendo as larvas para impedir que elas eclodam. “Nós auxiliamos, mas foram eles que montaram todas as armadilhas. Agora vamos espalhá-las nos lugares mais escuros da escola e saber, inclusive, a quantidade de mosquitos que têm por aqui”, explicou Julyane Araújo, professora-orientadora do projeto. As discussões sobre o assunto fazem parte do tema do ano letivo da rede municipal: Educação e protagonismo: estudantes pesquisadores e atores ativos na construção do

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saber. Outros temas como bullying e preservação do meio ambiente também serão trabalhados ao longo do ano. Após as apresentações, 33 alunos ainda distribuíram panfletos e deram informações aos moradores da comunidade sobre o combate ao mosquito. “O papel da educação é primordial. A partir de agora nós temos todas as crianças da rede municipal trabalhando como fiscais contra os mosquitos dentro da sua casa, fiscalizando os pais, os vizinhos e procurando água parada em todos os lugares. Estamos falando de um exército de 84 mil alunos lutando contra a dengue nas suas casas e na vizinhança" enfatizou o secretário de Educação do Recife, Jorge Vieira. São Paulo Três alunos do 8º e 9º ano da Escola Municipal Octávio de Meira Lins, localizada no Alto Nossa Senhora de Fátima, no Vasco da Gama,um dos mais afetados pelo Aedes aegypti, apresentaram o projeto de conscientização feito para a comunidade chamado O acúmulo de lixo no Alto Nossa Senhora de Fátima e a incidência de casos de dengue na comunidade, que vai representar o estado na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Frebrace) da Universidade de São Paulo (USP), em março.