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Página 1 de 12 NOTÍCIAS FISCAIS Nº 3.040 BELO HORIZONTE, 31 DE MARÇO DE 2015. “O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, mas a ilusão do conhecimento.” Stephen Hawking EMPRESA TEM DIREITO A INDENIZAÇÃO POR EXPLORAÇÃO IRREGULAR DE JAZIDA ...... 2 STJ JULGARÁ VALIDADE DE AÇÃO PARA REQUERER DADOS SOBRE CONSUMIDOR ........... 3 DISPONIBILIZADA NOVA VERSÃO DO PVA DA EFD ICMS IPI ....................................................... 4 CÂMARA APROVA BENEFÍCIOS PARA SETOR DE SEMICONDUTORES....................................... 4 ALERTA: MENSAGENS FALSAS EM NOME DA RECEITA FEDERAL ............................................... 5 TERCEIRA SEÇÃO EDITA MAIS TRÊS SÚMULAS ................................................................................ 6 ATO INSTITUI CÓDIGO DE RECEITA PARA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA ........................ 7 GOVERNO NOVO, VELHAS IDEIAS .......................................................................................................... 7 JUSTIÇA TRIBUTÁRIA: SOMENTE INSANOS JULGAM SEUS PRÓPRIOS ATOS .......................... 9 DECISÃO ACEITA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE APÓS JULGAMENTO DOS EMBARGOS E REDUZ MULTA DE ICMS DE 400% S/ OPERAÇÃO PARA 50% S/ A BASE ....11

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NOTÍCIAS FISCAIS Nº 33..004400 BELO HORIZONTE, 31 DE MARÇO DE 2015.

“O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, mas a ilusão do conhecimento.”

Stephen Hawking

EMPRESA TEM DIREITO A INDENIZAÇÃO POR EXPLORAÇÃO IRREGULAR DE JAZIDA ...... 2

STJ JULGARÁ VALIDADE DE AÇÃO PARA REQUERER DADOS SOBRE CONSUMIDOR ........... 3

DISPONIBILIZADA NOVA VERSÃO DO PVA DA EFD ICMS IPI ....................................................... 4

CÂMARA APROVA BENEFÍCIOS PARA SETOR DE SEMICONDUTORES ....................................... 4

ALERTA: MENSAGENS FALSAS EM NOME DA RECEITA FEDERAL ............................................... 5

TERCEIRA SEÇÃO EDITA MAIS TRÊS SÚMULAS ................................................................................ 6

ATO INSTITUI CÓDIGO DE RECEITA PARA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA ........................ 7

GOVERNO NOVO, VELHAS IDEIAS .......................................................................................................... 7

JUSTIÇA TRIBUTÁRIA: SOMENTE INSANOS JULGAM SEUS PRÓPRIOS ATOS .......................... 9

DECISÃO ACEITA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE APÓS JULGAMENTO DOS EMBARGOS E REDUZ MULTA DE ICMS DE 400% S/ OPERAÇÃO PARA 50% S/ A BASE ....11

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Empresa tem direito a indenização por exploração irregular de jazida

Fonte: Valor Econômico. A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que, mesmo que seja apenas detentora de autorização para pesquisa, uma empresa deve ser indenizada por exploração ilegal de jazida de minério por terceiro. É a primeira decisão da Corte neste sentido, segundo advogados. Até então, o entendimento era o de que apenas a União teria direito a um ressarcimento. A autorização de pesquisa é o primeiro título minerário previsto na legislação. Ela permite que uma companhia avalie a viabilidade de exploração de uma área. Concluída essa etapa, o detentor da autorização tem prazo de um ano para pedir a concessão da lavra ou negociar seu direito com terceiros. No Brasil, a propriedade das reservas minerais é da União e cabe a ela conceder autorização para que particulares - desde que brasileiros - explorem as jazidas. O caso julgado pelo STJ é da Madeireira Seu Vital. Ela obteve em 2002 autorização para pesquisa de estanho em uma área localizada no município de Ariquemes (RO). A autorização era válida por seis anos. Porém, quatro anos depois o proprietário da terra teria extraído ilegalmente toneladas de minério, o que levou a empresa à Justiça para buscar uma reparação por danos materiais. Na primeira instância, a 2ª Vara Cível da Comarca de Ariquemes havia negado o pedido da madeireira, por considerar que apenas a União teria direito a uma indenização. O entendimento, no entanto, foi reformado pelo Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO). O proprietário da terra, então, recorreu ao STJ. Alegou que o estanho, no subsolo, é um bem público da União e, portanto, um particular sem concessão de lavra não teria direito a uma indenização, mesmo que a exploração por terceiro fosse irregular. Ao analisar a questão, a 3ª Turma manteve o entendimento do Tribunal de Justiça de Rondônia. Em seu voto, o relator, ministro Marco Aurélio Bellizze, afirma que "ainda que o Estado seja o proprietário exclusivo das reservas minerais existentes no solo e subsolo, é garantida ao concessionário particular a propriedade do produto de sua exploração". De acordo com o ministro, uma vez autorizada a pesquisa para fins de mineração, nasce para o particular o "direito subjetivo e exclusivo à futura exploração da mina", durante o prazo decadencial de um ano, contado da aprovação do relatório final da pesquisa. "O domínio da União em relação aos minérios existentes no solo e subsolo, não obsta o direito subjetivo à propriedade do produto da exploração. Ao contrário, assegura-se este direito, em especial, mediante a observância ao direito de prioridade", afirma Bellizze em seu voto. Para o ministro, "fixado legalmente o direito subjetivo à futura concessão da lavra como decorrência da autorização de pesquisa, a exploração indevida, exercida clandestina e ilicitamente por terceiro, que não detinha nenhum título minerário, resulta em prejuízo injusto ao legítimo autorizatário". A decisão da 3ª Turma foi unânime.

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Foi explorado na área cerca de R$ 1,5 milhão em minério, segundo o advogado da madeireira no caso, Arlindo Frare Neto, do Frare Advocacia. Os valores são de 2006 e, se atualizados, poderiam chegar a R$ 4 milhões. "Não é raro isso ocorrer. Mas há poucos processos sobre o assunto", diz o advogado. A outra parte já recorreu da decisão e seus embargos de declaração ainda aguardam julgamento. De acordo com o advogado Jorge Alex Athias, sócio do escritório Silveira, Athias, Soriano de Mello, Guimarães, Pinheiro & Scaff Advogados, a decisão é importante "porque protege o patrimônio da União, o interesse estratégico do país e quem pretende explorar de maneira regular as minas". Havia até então, acrescenta o advogado, somente decisões que obrigam os condenados a ressarcir danos ambientais e a União. A decisão do STJ, segundo o advogado Bruno Feigelson, sócio do LL Advogados, pode incentivar a fiscalização por parte dos particulares. "Hoje, a União tem grande dificuldade para fiscalizar lavra ilegal. Agora, com essa decisão do STJ, o particular terá maior interesse em fiscalizar", afirma. Historicamente, reforça o advogado, apenas a União era restituída, o que desestimulava as empresas a buscar o Judiciário, já que não conseguiriam reaver os valores. "Agora, o interesse delas deve aumentar." Procurado pelo Valor, o advogado do proprietário da área localizada em Ariquemes não deu retorno até o fechamento da edição.

STJ julgará validade de ação para requerer dados sobre consumidor

Fonte: Valor Econômico. Depois de considerar legal o serviço de pontuação (score) oferecido por empresas de proteção ao crédito, a 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai decidir, por meio de recurso repetitivo, se o consumidor pode requerer no Judiciário, antes de entrar com ação principal, as informações cadastrais e financeiras usadas para estimar a sua probabilidade de inadimplência. Na prática, os ministros vão definir se há necessidade de um procedimento preparatório - apresentação de ação cautelar de exibição de documentos. No julgamento realizado em novembro, a 2ª Seção havia feito uma ressalva: os dados usados para definir a nota do consumidor devem ser disponibilizados sempre que forem requeridos. Porém, continuam a entrar no Judiciário pedidos relativos a essas informações. Com a decisão da 2ª Seção, foi afastada a necessidade de pagamento de danos morais para consumidores que tiverem crédito negado por causa de pontuação. Só caberia indenização, segundo o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, relator do caso, se a empresa se recusar a fornecer os dados ou se a nota atribuída decorrer de informações incorretas, sensíveis ou desatualizadas. De acordo com Sanseverino, o cálculo da pontuação leva em conta dados como adimplemento, histórico de crédito e dados pessoais dos consumidores, como idade, sexo, estado civil, profissão e renda.

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Em seu voto, o ministro considerou que o scoring é lícito, mas as empresas devem observar os princípios de transparência e tutela da privacidade previstos no Código de Defesa do Consumidor e na Lei do Cadastro Positivo (nº 12.414, de 2011) ao utilizar o recurso. O magistrado destacou que não é necessário prévio consentimento do consumidor para que lhe seja atribuída nota. Para Sanseverino, entretanto, os cálculos não podem levar em conta dados "excessivos ou sensíveis", como cor, orientação sexual, religião ou mesmo clube de futebol do consumidor. Agora, a 2ª Seção voltou ao tema para impedir, segundo o relator do novo repetitivo, ministro Luis Felipe Salomão, "mais uma demanda de massa". O caso envolve a Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre. "O risco nesse caso é mais ou menos trabalho para os advogados", diz Fernando Smith Fabris, advogado que representa a entidade. Para o presidente da Associação Brasileira do Consumidor (ABC), Marcelo Segredo, porém, uma decisão contrária "dificultaria o direito do consumidor de contestar a pontuação".

Disponibilizada nova versão do PVA da EFD ICMS IPI

Fonte: Receita Federal. Publicada a versão 2.1.4 do PVA da EFD ICMS IPI. Principal alteração: - REGRA_VALIDA_CPF_CNPJ: Correção da aplicação da regra que está gerando um erro interno do sistema quando o tamanho dos campos a que ela é aplica não é igual a 11 ou 14. Publicada a versão 2.0.16 do Guia Prático da EFD ICMS IPI, aprovado pelo ATO COTEPE/ICMS 16, DE 25 DE MARÇO DE 2015, publicado no DOU de 30/03/2015. Principais alterações no Guia Prático da EFD-ICMS/IPI – versão 2.0.16 – 13/03/2015 1. Validação do Campo 07 – SER do Registro C100 para documentos eletrônicos. 2. Orientação de preenchimento do campo 9 (CHV_NFE) do registro C100. 3. Validação do Campo 07 – SER do Registro D100 para documentos eletrônicos. 4. Alteração na descrição do campo 03 – MUN do registro 1400 para “Código do Município de origem/destino”. 5. Orientação registro H001. 6. Orientação Campo 11 – VL_ITEM_IR do Registro H010.

Câmara aprova benefícios para setor de semicondutores

Fonte: Agência Brasil. A Câmara aprovou dia 29/03 projeto de lei que modifica a Lei 11.484/07 para ampliar benefícios tributários ao setor de semicondutores e

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componentes eletrônicos, dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis). De autoria do deputado Willianj Woo (PV-SP), o projeto propunha prorrogar o prazo de apresentação de projetos de pesquisa e desenvolvimento pelas empresas beneficiadas pelo Padis. A atual legislação (Lei 11.484/07) dispõe sobre os incentivos às indústrias de equipamentos para TV digital e de componentes eletrônicos semicondutores e sobre a proteção à propriedade intelectual das topografias de circuitos integrados, instituindo o Padis e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Equipamentos para a TV Digital – PATVD. O prazo para apresentação dos projetos encerra-se em 31 de maio de 2015. O texto aprovado torna o benefício permanente e o amplia à fabricação de cartões inteligentes, displays para smartphones e tablets e também para as matérias-primas utilizadas na fabricação dos componentes. O projeto segue agora para apreciação do Senado. Em outra votação, os deputados aprovaram requerimento para apreciação em regime de urgência do projeto que modifica o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para disciplinar a infiltração de agentes policiais na internet nas investigações sobre crimes sexuais contra crianças e adolescentes. Os deputados rejeitaram o requerimento para votação em regime de urgência do projeto que tipifica como crime de terrorismo: saquear, incendiar, depredar bens públicos e particulares, explodir bombas e outros atos com a finalidade de intimidar a população ou coagir as autoridades ou instituições. Eram necessários 257 votos favoráveis, mas apenas 216 votaram pela aprovação da urgência.

Alerta: mensagens falsas em nome da Receita Federal

Fonte: Secretaria da Receita Federal. A Receita Federal alerta aos cidadãos que estão sendo enviadas mensagens eletrônicas (e-mail) em nome do órgão com o falso propósito de divulgar facilidades na obtenção do Programa Gerador da Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física 2015. Tais mensagens utilizam indevidamente nomes e timbres oficiais e iludem o cidadão com a apresentação de telas que misturam instruções verdadeiras e falsas, na tentativa de obter ilegalmente informações fiscais, cadastrais e principalmente financeiras. Os links contidos em determinados pontos indicados na correspondência costumam ser a porta de entrada para vírus e malwares no computador. A Receita Federal não envia e-mails sem autorização do contribuinte e nem autoriza parceiros e conveniados a fazê-lo em seu nome. O Programa Gerador do IRPF deve ser obtido diretamente na página da RFB na Internet. Veja como proceder perante estas mensagens:

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1. não abrir arquivos anexados, pois normalmente são programas executáveis que podem causar danos ao computador ou capturar informações confidenciais do usuário; 2. não acionar os links para endereços da Internet, mesmo que lá esteja escrito o nome da RFB, ou mensagens como “clique aqui”, pois não se referem à Receita Federal; e 3. excluir imediatamente a mensagem. Para esclarecimento de dúvidas ou informações adicionais, os contribuintes podem procurar as unidades da Receita, acessar a página na internet (www.receita.fazenda.gov.br) ou entrar em contato com o Receitafone (146).

Terceira Seção edita mais três súmulas

Fonte: STJ. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou três novas súmulas. Elas são o resumo de entendimentos consolidados nos julgamentos do tribunal. Embora não tenham efeito vinculante, servem de orientação a toda a comunidade jurídica sobre a jurisprudência firmada pelo STJ, que tem a missão constitucional de unificar a interpretação das leis federais. Confira os novos enunciados: Saída temporária em execução penal Súmula 520: “O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.” Execução de multa pendente de pagamento Súmula 521: “A legitimidade para execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.” Falsa identidade perante autoridade penal Súmula 522: “A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.” Repetitivos As Súmulas 520 e 522 foram baseadas em precedentes julgados pelo rito do recurso repetitivo. A primeira baseou-se, entre outros precedentes, no REsp 1.176.264 (tema 445). Na ocasião, o colegiado entendeu que a autorização das saídas temporárias é ato jurisdicional da competência do juízo das execuções penais, sujeito à fiscalização do Ministério Público, não passível de delegação ao administrador do presídio e necessariamente motivado com a demonstração da conveniência de cada medida. Já a Súmula 522 teve como precedente o REsp 1.362.524 (tema 646). Ao julgar o recurso que discutia delito de falsa identidade, a Seção, por unanimidade, concluiu ser típica a conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial, ainda que em situação de alegada autodefesa.

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O colegiado citou precedente do Supremo Tribunal Federal (STF) que, ao julgar uma questão de ordem, reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria. Segundo o STF, “o princípio constitucional da autodefesa não alcança aquele que se atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar maus antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente”.

Ato institui código de receita para contribuição sobre a folha

Fonte: Receita Federal. - DOU de 31/03/2015 Ato Declaratório Executivo Codac nº 9, de 30 de março de 2015 Dispõe sobre a instituição de código de receita para o caso que especifica. O COORDENADOR-GERAL DE ARRECADAÇÃO E COBRANÇA, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 312 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, e tendo em vista o disposto no art. 68 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, nos incisos V, VI e VII do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e nos arts. 29, 93, 93-A e 94 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, DECLARA: Art. 1º Fica instituído o código de receita 5041 – Contribuição Previdenciária sobre a Folha de Pagamento de Benefícios do Regime Geral de Previdência Social para ser utilizado em Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf). Art. 2º Este Ato Declaratório Executivo entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União. JOÃO PAULO R. F. MARTINS DA SILVA

Governo novo, velhas ideias

Por Luciana Rosanova Galhardo para o Valor Econômico. Com o slogan de "Governo Novo, Novas Ideias", o atual governo frustrou as expectativas ao trazer, em matéria tributária, velhas e ultrapassadas propostas. A legislação tributária dos anos 1990 impunha tributação sobre lucros e dividendos e não permitia a dedutibilidade da remuneração do capital próprio investido nas sociedades. A Constituição de 1988 também idealizou o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), mas este nunca foi instituído face à polêmica do tema. O que se vê do atual governo é uma discussão primária e melancólica de retorno a tais ideias, por meio da justificativa de distribuição de renda dos mais ricos aos menos favorecidos. Em 1995, com a edição do Plano Real e a estabilidade econômica daí decorrente, foi editada a Lei nº 9.249, marco na legislação de imposto de renda ao simplificá-la,

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uniformizar o tratamento tributário dos diversos tipos de renda, integrar a tributação das pessoas jurídicas e físicas, e ampliar o campo de incidência ao adotar a universalidade da tributação da renda. A tributação sobre a distribuição de lucros das empresas foi abandonada a partir de 1996, optando-se pela tributação dos lucros exclusivamente na empresa e isentando-os quando do recebimento pelos beneficiários. Tal medida visava estimular o investimento em atividades produtivas e empresariais. A renda (lucros) quando auferida já seria tributada, sem necessidade de nova tributação quando distribuída aos investidores. A não tributação dos lucros na distribuição impulsionou o mercado de capitais e o investimento estrangeiro em empresas brasileiras, fomentando com isto a bolsa de valores e a abertura de capitais. Na mesma forma, com o fim dos períodos inflacionários, a sistemática de correção monetária das demonstrações financeiras foi revogada. A correção oficial dos balanços, especialmente as contas de ativo e patrimônio líquido, gerava despesa e receita de correção monetária, com impacto no pagamento de tributos. Ao extinguir a correção monetária da conta de capital social, permitiu-se a remuneração dos recursos investidos como capital próprio pelos acionistas da empresa, adotando-se para tanto a taxa de juros a longo prazo. Criou-se com isto uma remuneração do capital por meio do pagamento de juros aos investidores, e sua dedutibilidade, com estímulo ao investimento na atividade produtiva em comparação às operações de dívida. Todas as medidas foram criadas com o intuito de fortalecer as empresas, estimular os negócios e o empreendedorismo. Da mesma forma, abandonou-se a ideia de tributação das grandes fortunas, pois esta pretendia tributar o patrimônio poupado ou acumulado ao longo dos anos. O IGF sempre caminhou na contramão da história ao desestimular a poupança interna, gerar fuga de capitais, sonegação e, por fim, estimular a desvalorização de bens na declaração de Imposto de Renda de pessoas físicas ou dos ativos nas transações imobiliárias. O IGF também representa um retrocesso, pois a renda declarada é tributada quando auferida, especialmente na fonte. A renda auferida, após sua tributação, torna-se líquida e pronta para ser consumida por meio da aquisição de bens, serviços ou direitos. Nesta etapa, são devidos os impostos de consumo, ligados à essencialidade dos produtos. Sabe-se que, além dos impostos tradicionais de consumo (IPI e ICMS), embutem-se nos preços diversos tributos e contribuições que oneram a cadeira produtiva (IR, CSLL, PIS, COFINS, ISS, IOF etc.). A renda remanescente após o consumo de produtos básicos ou supérfluos é, muitas vezes, poupada. Por meio de aplicações financeiras, preserva-se seu poder de compra e são novamente auferidos juros, tributados na fonte. A renda poupada também pode ser investida na formação de um patrimônio (aquisição de imóveis, por exemplo). A manutenção do patrimônio já é tributada anualmente e sob diversas formas como IPTU (para imóveis urbanos), ITR (para imóveis rurais) e IPVA (para veículos).

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Por fim, a renda acumulada é tributada na sua transferência, motivada por diversos eventos, tais como a alienação a título oneroso, a doação a título gratuito, ou a herança, por meio do imposto causa mortis. O que mais exigir de uma renda declarada, e tributada quando auferida, consumida, poupada e transferida? O que pretender deste círculo virtuoso de renda e de tributação? A tributação do IGF só teria como consequência a informalidade, a busca por "planejamentos tributários criativos", a constituição de holdings por valores históricos, a fuga de investimentos ao exterior, a diminuição da poupança interna, a redução dos investimentos e, acima de tudo, a descrença nas instituições. Afinal, os bons pagadores e cumpridores de suas obrigações fiscais seriam punidos. Já se sabe que, quanto menor a alíquota, menor a sonegação; quanto maior a simplificação, maior a formalidade; quanto maior a transparência, maior a tranquilidade e o dever cumprido ante as autoridades. Enfim, voltar a falar de imposto sobre distribuição de lucros e dividendos, extinção da dedutibilidade de juros sobre o capital próprio e IGF configura um retrocesso. O pagamento de tributos no Brasil já chegou ao limite. Ao invés de erguermos bandeiras já tão ultrapassadas, vamos às novas ideias!

Justiça Tributária: Somente insanos julgam seus próprios atos

Por Raul Haidar para o Conjur. As repartições públicas que se destinam a julgar atos praticados por seus próprios servidores, relacionados com lançamentos tributários, já não atendem mais as necessidades do nosso povo. Devem ser extintas. Nossa Constituição, em seu preâmbulo, diz que o nosso estado democrático está

“…destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias…”

Tais direitos e princípios não podem outorgar a repartições, organismos, conselhos ou quaisquer órgãos de julgamento, ainda que sob o rótulo de “tribunais”, poderes para julgar e ao final tornar líquidas e certas e assim passíveis de execução, supostas dívidas tributárias ou administrativas, resultantes de lançamentos, mesmo que derivados de acessórios como multas ou sanções de qualquer espécie. Tais procedimentos podem colocar em risco o patrimônio e a liberdade de qualquer pessoa, o que não pode ser ameaçado por mecanismos burocráticos comandados por servidores públicos que não estejam comprometidos com o julgamento, onde garantias constitucionais sejam absolutamente ignoradas. Esses “julgamentos” muitas vezes podem ser verdadeiras farsas e, pior ainda, com a participação de supostos representantes de contribuintes, indicados de forma desconhecida.

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Nesta semana teve grande repercussão notícia de que no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) teriam ocorrido atos ilícitos de grande expressão, envolvendo algumas empresas, ao que consta com a participação (leia-se cumplicidade) de escritórios de advocacia, servidores, conselheiros e até ex-conselheiros! Também não faz muito tempo que problemas similares ocorreram na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, de cujo órgão de julgamento administrativo, o tribunal de impostos e taxas (penso que as maiúsculas destinam-se apenas aos que integram o Poder Judiciário) alguns juízes tiveram de ser afastados em virtude de fraudes. Também em São Paulo, é recente o caso chamado “máfia do ISS”. Apesar disso tudo, escândalos na área tributária não são tão comuns e por isso mesmo nos obrigam a uma reflexão mais profunda. Uma coisa é certa: a maioria esmagadora dos servidores públicos, seja da União, dos Estados ou dos Municípios, é composta de pessoas sérias, éticas, cumpridoras de seus deveres. Isso também ocorre na Advocacia. Descoberto o escândalo, o assunto deve ser tratado pelas autoridades disso encarregadas: polícia, MP e Judiciário. E podemos também confiar no povo: tem muita gente de olho nisso! Já não contamos só com a imprensa. Viva a internet! Não podemos esquecer que corrupção é crime de duas vias, com bandidos em ambas as direções. Com mais de 40 anos de advocacia, jamais fui convidado a participar de qualquer ato dessa natureza e também nunca sugeri nada a respeito. Como se dizia antigamente: quando um não quer, dois não brigam. Costuma-se dizer que a corrupção está no Brasil desde Cabral. Se assim é, notícias a respeito não deveriam chamar tanto a nossa atenção. Se a notícia existe como tal, o fato talvez não seja tão comum. Por exemplo: em determinado processo administrativo na OAB estudava-se acionar órgão da imprensa que fizera reportagem sobre uma advogada detida em flagrante ao furtar mercadoria numa loja. Afirmava-se que a matéria era ofensiva e fazia escândalo desnecessário. A proposta foi arquivada com um argumento jornalístico: era apenas uma notícia, não uma ofensa. E mais: era bom que isso fosse noticiado, pois notícia é quando o homem morde o cachorro, não o contrário. Tratava-se, pois, de ato inusitado, daí a atenção da imprensa. Pior seria se o fato fosse totalmente ignorado: isso poderia indicar que é tão comum e banal que advogados furtem, que já deixou de ser notícia! A manutenção de órgãos encarregados de julgar atos da administração, decorrentes de suas relações com terceiros, precisa ser repensada. Por certo devem permanecer as corregedorias e auditorias, necessárias à fiscalização interna e ao controle da disciplina dos servidores. Mas julgamentos tributários e de infrações diversas, devem ser feitos com a independência e a imparcialidade que só se vê numa decisão amparada pelo judiciário. Nas notícias envolvendo o Carf mencionou-se que mais de 90% dos processos são julgados contra os contribuintes e que em caso de desempate quem decide é o presidente

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da turma, quase sempre um representante do fisco. Ou seja: é julgamento para condenar, não para fazer justiça. Na dúvida, contra o réu! Esgotada a esfera administrativa, se não aconteceu o milagre dos menos de 10% e o valor for expressivo, o contribuinte pode estar liquidado. Vem a execução fiscal e com ela o bloqueio de ativos financeiros, inscrição no Cadin, na Serasa, enfim, o empresário vira um pária! Mesmo que tenha razão, já entra no Judiciário prejudicado. Se a questão for estadual, as custas iniciais podem ultrapassar 1% do valor da casa e o pagamento é antecipado. Outro problema sério: se a empresa deseja participar de uma licitação ou concorrência poderá ficar impossibilitada, pela ausência de certidão negativa. Aliás, isso é outra asneira que deveria ser extinta. Se uma empresa quer inscrever-se numa concorrência, bastaria fornecer o numero de seu CNPJ. A repartição tem acesso imediato a todos os cadastros da empresa, em tempo real. Basta que ela mesma se encarregue disso, evitando-se assim os tumultos que possam ter origem na entrega de documentos fraudados. Nesses julgamentos administrativos não podemos nos esquecer dos feitos por agências reguladoras (Anatel, ANP, Inmetro etc.) ou quaisquer organismos similares. Tais entidades podem emitir certidões de divida ativa, que criam os problemas já mencionados. Quando houver conflito de interesse que envolva de um lado uma pessoa jurídica de direito público, repartição, entidade, empresa ou órgão público e, de outro, qualquer pessoa de direito privado, seja pessoa jurídica ou natural, somente pode ele ser julgado por juízo especializado em causas de direito público, integrante do Poder Judiciário, assegurados às partes todos os meios de prova previstos na Constituição. Só assim será possível obter a igualdade “e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos.” Também é inadmissível que as autoridades fazendárias não mantenham adequado controle sobre o funcionamento e também sobre as pessoas que exercem atividades nesses órgãos. Nos casos que vieram a público há notícias de pessoas que ostentavam padrão de vida incompatível com seus rendimentos e em alguns casos enorme quantidade de valiosos imóveis. Ninguém viu isso? Os servidores não entregam anualmente cópia de suas declarações de bens a alguém? Afinal: ninguém controla o pessoal que cuida da arrecadação? São os chefes insanos?

Decisão aceita exceção de pré-executividade após julgamento dos embargos e reduz multa de ICMS de 400% s/ operação para 50% s/ a base

Fonte: Tributário nos Bastidores. Foi publicada dia 27/03/2015 decisão que acatou, em sede de exceção de pré-executividade, a redução da multa equivalente a 400% do valor da operação, considerada confiscatória, para 50% do valor do imposto.

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Segundo a decisão proferida: “…o percentual adotado, se mostra desproporcional e com efeitos confiscatórios, mormente em se considerando que se trata de empresa de pequeno porte, podendo, então, ser mitigada, pois não se coaduna com a razoabilidade à qual se deveria ater o órgão autuante, sendo pertinente, nas circunstâncias, a sua redução ao patamar de 50% sobre a base de cálculo representada pelo imposto devido. A propósito da possibilidade de mitigação das multas aplicadas aos contribuintes, a jurisprudência do Colendo Supremo Tribunal Federal, firmada em repercussão geral, já definiu que “a aplicação da multa moratória tem o objetivo de sancionar o contribuinte que não cumpre suas obrigações tributárias, prestigiando a conduta daqueles que pagam em dia seus tributos aos cofres públicos. Assim, para que a multa moratória cumpra sua função de desencorajar a elisão fiscal, de um lado não pode ser pífia, mas, de outro, não pode ter um importe que lhe confira característica confiscatória, inviabilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos” (v. RE nº 582.461/SP, Tribunal Pleno, relator Ministro GILMAR MENDES, j. 18/05/2011, DJe 18/08/2011). (…)” Além da decisão favorável ao contribuinte, o que chama a atenção ao caso é que a foi proferida no âmbito de exceção de pré-executividade, após o executado ter oposto embargos à execução que já havia sido julgado definitivamente. A juíza decidiu a apreciar a exceção, pois a matéria alegada nos embargos foi diferente, além de se tratar de tema que pode ser conhecido de ofício, pois se trata de nulidade absoluta. A decisão foi proferida pela Juíza Gabriela Müller Carioba Attanasio da Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Carlos, no Processo 0011774-71.2006.8.26.0566 (566.01.2006.011774), processo conduzido pelo advogado Augusto Fauvel de Mores. O boletim jurídico da BornHallmann Auditores Associados é enviado gratuitamente para clientes e usuários cadastrados. Para cancelar o recebimento, favor remeter e-mail informando “CANCELAMENTO” no campo assunto para: <[email protected] >.