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Página 1 de 21 NOTÍCIAS FISCAIS Nº 3.321 BELO HORIZONTE, 23 DE MAIO DE 2016. “Vulnerabilidade é a nossa medida mais precisa de coragem.” Brené Brown COFINS INCIDE SOBRE AS RECEITAS DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS DAS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ............................................................................... 2 DECISÕES DESCARTAM CULPA DE EMPRESAS POR ACIDENTES ................................................ 2 UNIÃO AJUÍZA AÇÕES COLETIVAS PARA RECUPERAR GASTOS DO INSS.................................. 4 CADE VAI VOLTAR A ANALISAR COMPRA DA GAROTO POR NESTLÉ........................................ 6 BEM DE FAMÍLIA É IMPENHORÁVEL E NÃO RESPONDE POR DÍVIDA, REAFIRMA TRF2 .... 7 MINISTÉRIO DA CIÊNCIA DETALHA POLÍTICAS DE RENÚNCIA TRIBUTÁRIA ........................ 8 FACTORING COM OUTRAS FUNÇÕES DEVE SER REGISTRADA NO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ........................................................................................................................................ 9 REVISORA DE TEXTOS NÃO CONSEGUE RECONHECIMENTO DE JORNADA ESPECIAL CONCEDIDA A JORNALISTAS .................................................................................................................10 CURSOS PROFISSIONALIZANTES SÃO CONDENADOS POR PROPAGANDA ENGANOSA USANDO LEGISLAÇÃO SOBRE APRENDIZAGEM ..............................................................................11 CNF NÃO CONSEGUE RECONHECIMENTO DE JORNADA EXCLUSIVA DE ADVOGADA QUE TRABALHAVA OITO HORAS...................................................................................................................12 MINAS GERAIS É DESTAQUE NACIONAL EM TRANSPARÊNCIA NOS PROCESSOS TRIBUTÁRIOS .............................................................................................................................................13 AUTUAÇÕES FISCAIS NAS IMPORTAÇÕES .........................................................................................14 TRIBUTAÇÃO DO DIREITO DE IMAGEM DE ATLETA.....................................................................16

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NOTÍCIAS FISCAIS Nº 33..332211

BELO HORIZONTE, 23 DE MAIO DE 2016.

“Vulnerabilidade é a nossa medida mais precisa de coragem.”

Brené Brown

COFINS INCIDE SOBRE AS RECEITAS DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS DAS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ............................................................................... 2

DECISÕES DESCARTAM CULPA DE EMPRESAS POR ACIDENTES ................................................ 2

UNIÃO AJUÍZA AÇÕES COLETIVAS PARA RECUPERAR GASTOS DO INSS .................................. 4

CADE VAI VOLTAR A ANALISAR COMPRA DA GAROTO POR NESTLÉ ........................................ 6

BEM DE FAMÍLIA É IMPENHORÁVEL E NÃO RESPONDE POR DÍVIDA, REAFIRMA TRF2 .... 7

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA DETALHA POLÍTICAS DE RENÚNCIA TRIBUTÁRIA ........................ 8

FACTORING COM OUTRAS FUNÇÕES DEVE SER REGISTRADA NO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ........................................................................................................................................ 9

REVISORA DE TEXTOS NÃO CONSEGUE RECONHECIMENTO DE JORNADA ESPECIAL CONCEDIDA A JORNALISTAS .................................................................................................................10

CURSOS PROFISSIONALIZANTES SÃO CONDENADOS POR PROPAGANDA ENGANOSA USANDO LEGISLAÇÃO SOBRE APRENDIZAGEM ..............................................................................11

CNF NÃO CONSEGUE RECONHECIMENTO DE JORNADA EXCLUSIVA DE ADVOGADA QUE TRABALHAVA OITO HORAS...................................................................................................................12

MINAS GERAIS É DESTAQUE NACIONAL EM TRANSPARÊNCIA NOS PROCESSOS TRIBUTÁRIOS .............................................................................................................................................13

AUTUAÇÕES FISCAIS NAS IMPORTAÇÕES .........................................................................................14

TRIBUTAÇÃO DO DIREITO DE IMAGEM DE ATLETA .....................................................................16

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Cofins incide sobre as receitas das atividades operacionais das entidades fechadas de previdência complementar

Fonte: Receita Federal. Solução de Consulta 54 - Cosit DOU de 23/05/2016 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS EMENTA: CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS PARA AS ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. Ementa: A Cofins incide sobre as receitas decorrentes das atividades operacionais típicas das entidades fechadas de previdência complementar observadas as exclusões e deduções previstas legalmente. O disposto no § 1º do art. 69 da Lei Complementar nº 109, de 2001, que exclui a incidência de tributação e contribuições de qualquer natureza sobre as contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, não se refere a tais entidades, mas sim àqueles que vertem as contribuições para elas, ou seja, a patrocinadora e os participantes/beneficiários. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei Complementar nº 109, de 2001, art. 69, § 1º; Lei nº 9.718, de 1998, arts. 2º e 3º, “caput” e §§ 5º a 7º; Instrução Normativa RFB nº 1.285, de 2012. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP EMENTA: CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS PARA AS ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. Ementa: A Contribuição para o PIS/Pasep incide sobre as receitas decorrentes das atividades operacionais típicas das entidades fechadas de previdência complementar observadas as exclusões e deduções previstas legalmente. O disposto no § 1º do art. 69 da Lei Complementar nº 109, de 2001, que exclui a incidência de tributação e contribuições de qualquer natureza sobre as contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, não se refere a tais entidades, mas sim àqueles que vertem as contribuições para elas, ou seja, a patrocinadora e os participantes/beneficiários. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei Complementar nº 109, de 2001, art. 69, § 1º; Lei nº 9.718, de 1998, arts. 2º e 3º, “caput” e §§ 5º a 7º; Instrução Normativa RFB nº 1.285, de 2012.

Decisões descartam culpa de empresas por acidentes

Fonte: Valor Econômico. Há decisões da Justiça Federal que não aceitam os pedidos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em ações regressivas. As negativas se baseiam no entendimento de não ter sido comprovados culpa e colaboração da companhia para o acidente. As ações têm o intuito de pedir a devolução de benefícios já concedidos. Um recente julgamento do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ªRegião, com sede em Brasília, por exemplo, deu ganho de causa à Fertipar Fertilizantes do Maranhão, em uma

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ação regressiva. A Procuradoria-geral Federal (PGF) entrou com o processo para pedir o ressarcimento dos gastos com pensão por morte paga à família de um funcionário que morreu nas dependências da empresa. Segundo informações do processo, em 28 de julho de 2008, o funcionário fazia limpeza no galpão junto ao "jet ling" (dispositivo em forma de funil que recebe o produto em movimento) quando, ao tocar no equipamento, recebeu uma descarga elétrica pequena. Em seguida, ao escorregar e apoiar na estrutura do "jet ling", recebeu uma forte descarga elétrica que resultou em sua morte. Segundo uma das advogadas da companhia, Bianca Ribeiro, do Ulisses Sousa Advogados Associados, o impacto provocado pela queda do operário ocorreu por culpa exclusiva da vítima, que, anteriormente, havia sido instruída a manter distância da área onde se encontrava a máquina. A advogada alegou que o trabalhador recebeu treinamento adequado e utilizava todos os equipamentos de segurança necessários para a função. A 4ª Turma do TRF manteve a sentença favorável à companhia. De acordo com o parágrafo 1º, artigo 19, da Lei nº 8.213, de 1991, a empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador. Porém, segundo o relator convocado, juiz federal Evaldo de Oliveira Fernandes, "se da prova produzida nos autos não emerge conduta negligente do empregador que teria sido a causa determinante ou ao menos contributiva para o acidente do trabalho em que se envolveu, não há espaço para condená-lo a ressarcir ao INSS os gastos decorrentes do pagamento do benefício previdenciário". Em outro caso, também julgado pelo TRF da 1ª Região, a 1ª Turma rejeitou pedido contra uma empresa em que o funcionário da construção civil morreu ao cair no poço de um elevador. Segundo a decisão, "por mais que o responsável por obra de construção civil tome medidas preventivas contra acidentes, permanecerá sempre uma margem de risco que só pode ser prevenida pela diligência e cautela de cada empregado". O TRF entendeu que a principal causa do acidente foi a falta de cuidado do operário. Para o advogado Carlos Eduardo Dantas Costa, sócio do Peixoto & Cury Advogados, as decisões demonstram que cabe ao INSS comprovar que a empresa foi negligente na ocasião do acidente. O advogado José Guilherme Mauger, sócio do PLKC, afirma que o TRF foi prudente na decisão, por aparentemente não existir provas contundentes nos autos. Pamela Giraldelli Mota, advogada trabalhista do Rayes & Fagundes Advogados, acrescenta que as empresas já pagam o Seguro Acidente de Trabalho (SAT) ao INSS, justamente para indenizações em casos de acidente. Para ela, a cobrança representa um "bis in idem" ao exigir o reembolso de valores já calculados e exigidos dos empregadores. Segundo o procurador chefe da Divisão de Ações Regressivas da Procuradoria-geral Federal, Nicolas Francesco Calheiros de Lima, cerca de 70% dos casos em que o INSS entra com ações regressivas individuais, os processos são admitidos pela Justiça. Já

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foram propostas 3.962 ações que buscam a devolução de R$ 718 milhões aos cofres públicos. Conforme Lima, quando a PGF toma conhecimento de um caso que pode ser objeto de uma ação regressiva, é aberto um Procedimento Interno Preparatório (PIP) para avaliar se há provas contundentes. "Antes de 2007, perdíamos muito porque ainda não estava definido qual a Justiça competente para julgar essas ações, o prazo de prescrição e não havia a abertura do procedimento prévio." Ele acrescenta que 70% das vitórias ainda estão contaminadas por processos antigos, porque hoje a tese da ação regressiva "está bem consolidada nos tribunais".

União ajuíza ações coletivas para recuperar gastos do INSS

Fonte: Valor Econômico. A União adotou uma nova estratégia para tentar recuperar gastos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com acidentes de trabalho em que haveria culpa comprovada dos empregadores. Além das ações regressivas individuais, a Procuradoria-geral Federal (PGF) passou a ingressar com processos coletivos. Em um só pedido, cobra vários benefícios concedidos a diferentes funcionários de uma mesma empresa. Os valores solicitados de indenização são milionários. Já são três casos ajuizados pela PGF. No primeiro deles, que serviu como teste, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região condenou o frigorífico Doux Frangosul, processador de frango cujos ativos estão arrendados para a JBS, a pagar mais de R$ 1 milhão de indenização. O valor é referente a despesas com 111 auxílios-doença. Os benefícios foram concedidos a empregados da empresa acometidos com doenças ocupacionais. Esses funcionários desempenhavam o cargo de abatedor. Segundo a PGF, os funcionários se submeteram a condições ergonomicamente inadequadas de trabalho. As outras duas ações coletivas existentes foram ajuizadas no ano passado. Uma delas é contra a empresa de call center Contax em Pernambuco e busca indenização de R$ 1,3 milhão por 330 benefícios concedidos que envolvem doenças ocupacionais e psíquicas. A PGF também ajuizou ação coletiva contra a Agrícola Jandelle (do grupo JBS), no Paraná, com o pedido de devolução do que foi pago em 497 benefícios. O valor da causa é de cerca de R$ 3,5 milhões. Nos dois últimos processos ainda não houve julgamento. Segundo o procurador chefe da Divisão de Ações Regressivas da PGF, Nicolas Francesco Calheiros de Lima, mais três novas ações estão sendo preparadas. Para ele, essa estratégia deve ser mais eficaz para que empresas corrijam o que está causando os acidentes. "As ações coletivas têm uma função pedagógica. Até porque os valores envolvidos fazem com que seja necessário o registro no balanço das companhias, o que pode chamar a atenção de acionistas, e assim, promover um incremento espontâneo nas políticas de cumprimento das normas de segurança do trabalho", afirma.

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No caso da Doux Frangosul, única ação coletiva julgada, os desembargadores da 3ª Turma do TRF foram unânimes a favor da PGF. Para eles, ficou comprovada a negligência quanto às normas de proteção à saúde dos funcionários. Segundo a decisão, as imagens feitas por diligência do Ministério do Trabalho e Emprego "demonstram o total desrespeito à saúde humana. Empregados em posições inadequadas efetuando movimentos repetidos em alta velocidade, assemelhando-se a verdadeiras máquinas de empilhar, degolar e embrulhar". Já a ação contra a Contax foi desencadeada, segundo o procurador, após auditores fiscais do trabalho verificarem um "estímulo abusivo à competição e a exibição dos resultados individuais". Além de "pressão para aumento das vendas e cobrança de metas inalcançáveis e monitoramento contínuo e vigilância ostensiva do trabalhador", entre outros problemas. A procuradoria ainda pleiteia devolução de benefícios concedidos por lesões nos ombros de funcionários. A ação contra a Agrícola Jandelle também abarcou benefícios por doenças físicas e psíquicas. Dentre as físicas, ferimento do punho e da mão. Segundo o procurador, "a empresa submetia os trabalhadores a condições nocivas à saúde, obrigando-os a trabalhar em ritmo intenso, sem proteção ergonômica, realizando movimentos repetitivos e posturas extremas". O uso das ações coletivas, de acordo com o procurador, deve otimizar o trabalho da PGF. "Até pouco tempo, todo acidente causado geraria um PIP [Procedimento Interno Preparatório] e uma ação judicial para que se buscasse o ressarcimento, o que poderia demorar quatro ou cinco anos para discutir um benefício só. Agora podemos mapear quantos benefícios comuns [obtidos pelos mesmos motivos] foram concedidos para uma empresa e entrar com uma só ação." Neste mês, um grupo com dez procuradores começou a trabalhar só com as ações coletivas. A equipe, segundo o procurador, deve atuar em conjunto com o Grupo de Atuação Especial em Ações Regressivas (Gae), composto pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Advocacia Geral da União (AGU) e PGF para elaborar estratégias nacionais conjuntas, em reuniões mensais sobre o tema. Para a advogada trabalhista Pamela Giraldelli Mota, do Rayes & Fagundes Advogados Associados, a tendência é que existam mais ações coletivas para tratar de problemas comuns, como já ocorre na Europa. "É uma forma de diminuir o número de processos no Judiciário e até mesmo de evitar ações divergentes", diz. Porém, nas ações regressivas coletivas não se pode discutir casos individualizados ou haver pedidos autônomos. "Esses requisitos para se entrar com ações coletivas podem dar pano para manga para outras discussões no Judiciário", afirma Pamela. Mesmo nas ações coletivas, de acordo com o advogado José Guilherme Mauger, sócio do PLKC Advogados, devem haver provas contundentes contra as empresas. "Determinados setores têm mais dificuldade porque atuam em ambientes mais propícios para acidentes."

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Procurada pelo Valor, a Contax informa, por meio de nota, que a ação "foi devidamente contestada, sem decisão no processo até esse momento". Segundo a nota, "a empresa cumpre toda a legislação trabalhista e as normas específicas para o setor de call center, e se mantém sempre aberta ao diálogo com o Ministério do Trabalho e Emprego". Já a JBS afirma que não é parte na ação da Doux Frangosul. Sobre a ação da Agrícola Jandelle, diz que, "apesar de se tratar de benefícios concedidos anteriormente à aquisição pela JBS, está discutindo a matéria em juízo". E que "vem investindo fortemente para que todas as unidades, de todos os seus negócios, mantenham sempre as melhores condições para os colaboradores".

Cade vai voltar a analisar compra da Garoto por Nestlé

Fonte: Valor Econômico. Doze anos depois de ter vetado a compra da Garoto pela Nestlé, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vai reavaliar o caso a pedido da companhia suíça. A empresa apresentou em dezembro um pedido de revisão do ato de concentração GarotoNestlé. O procedimento foi distribuído ontem e terá como relator o conselheiro Alexandre Cordeiro, conforme informação divulgada no site do conselho. O pedido é embasado por uma proposta de solução para a situação — pendente de decisão judicial desde 2010. Na prática, um novo julgamento pelo órgão representa começar a discussão do zero, a partir da provável apresentação de novos dados pela Nestlé ao órgão. Em razão da reanálise, o Cade e a Nestlé Brasil vão solicitar a suspensão da ação judicial que está no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, até a decisão definitiva do órgão antitruste. Apesar de ser dona da Garoto, as companhias mantêm suas operações e administrações em separado desde o veto da aquisição pelo órgão antitruste. Segundo o Cade, após uma avaliação inicial fundamentada por pareceres técnicos, considerou pertinente analisar a proposta da Nestlé. O Cade proibiu a operação em fevereiro de 2004, dois anos após o anúncio do negócio pela multinacional suíça. Na época, determinou que a Garoto fosse vendida para outra companhia. O veto à compra da indústria capixaba foi justificado pela alta concentração do mercado de chocolates que a operação representaria. A Nestlé recorreu inicialmente ao próprio Cade, onde propôs a venda de um pacote de marcas e de ativos. Mas o conselho negou o recurso e a empresa foi ao Judiciário. Ganhou a causa na primeira instância, que anulou a decisão do conselho em 2007. Dois anos antes, em 2005, havia obtido uma liminar, no mesmo sentido, que suspendia os efeitos da decisão do Cade. No processo alegou, dentre outros pontos, irregularidades dos trâmites processuais no procedimento administrativo. Com o entendimento favorável à Nestlé na primeira instância federal, o Cade recorreu ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região contra a decisão. Em 2009, a Corte

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decidiu que o Cade deveria voltar a julgar o processo. Na época, os desembargadores João Batista Moreira e Fagundes de Deus concluíram que o órgão antitruste havia deixado de analisar fatos novos apresentados pela companhia após o veto à compra. Dessa decisão, ambas as partes recorreram em 2010 no próprio tribunal por meio dos chamados embargos de infringentes. O recurso, porém, até o momento não foi analisado pela Corte. A Nestlé informou que entende que, com a evolução do marco legal do antitruste, mediante a entrada em vigor em 2012 da nova lei concorrencial, é natural que casos judicializados da lei anterior sejam resolvidos. A empresa, porém, prefere não fazer comentários adicionais por a questão ainda estar em análise na Justiça. O professor de direito econômico e concorrencial da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Vicente Bagnoli, sócio de escritório que leva seu nome, afirma que em situações como essa tanto o Cade quanto a empresa podem propor soluções para resolver a pendência. Mas em geral e oficialmente, segundo Bagnoli, a iniciativa parte da empresa que apresenta alternativas para ter sua operação aprovada. “É algo interessante tanto para a empresa, quanto para o Cade que defende a concorrência”, diz. O professor afirma que nesses casos, o Cade analisa a proposta e a negocia com a empresa solicitante. “O Cade pode aceitar, aprovar com condições ou negar. Mas antes de levar o processo à sessão, normalmente já foi tudo conversado”, afirma. No caso NestléGaroto, o advogado acredita que há muitas chances de aprovação, pois o mercado hoje é completamente diferente daquele de 2002 (há mais participantes). Além disso, acrescenta que a operação foi extremamente complexa e a lei daquela época é diferente da atual que rege a concorrência no país. A Lei nº 12.529 , de 2012, modificou completamente a estrutura do sistema concorrencial brasileiro. Dentre as alterações, passou a exigir a necessidade de comunicação ao Cade e análise prévia pelo órgão dos atos de concentração entre empresas. Na legislação anterior, as empresas primeiro fechavam o negócio para depois submetê-lo ao conselho.

Bem de família é impenhorável e não responde por dívida, reafirma TRF2

Fonte: TRF 2ª Região. O imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza. Com base nesse artigo 1º da Lei 8.009/90, a Terceira Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) decidiu excluir imóvel situado na Rua Padre José Anchieta, no bairro Bom Retiro, em Teresópolis, da penhora efetivada em processo de execução fiscal contra S.D.S. e C.M.D.S.

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Em 1ª Instância, o juízo entendeu que as provas apresentadas foram insuficientes para demonstrar que os proprietários residiam no imóvel à época da penhora ou que o bem se tratava do único imóvel da família. Mas, no TRF2, a relatora do processo, desembargadora federal Claudia Neiva entendeu que o auto de constatação, preparado pelo Oficial de Justiça durante o cumprimento do mandado determinado pelo juiz, trouxe elementos suficientes para comprovar que o imóvel penhorado é a residência do casal. “Dessa forma, havendo comprovação de que o imóvel penhorado serve à residência da família dos embargantes e considerando a proteção legal do bem de família como instrumento de tutela do direito fundamental à moradia da entidade familiar, deve o mesmo ser excluído do ato de constrição, diante da proteção conferida pela Lei 8.009/90”, concluiu a magistrada em seu voto, seguido por unanimidade. Proc.: 0000750-44.2007.4.02.5115

Ministério da Ciência detalha políticas de renúncia tributária

Fonte: Brasil News. Por meio da Portaria nº 398, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI dispôs sobre a gestão das políticas públicas de renúncia tributária. Dessa forma, a Secretaria de Política de Informática – Sepin e a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – Setec são responsáveis pelo aprimoramento contínuo da gestão e fiscalização do cumprimento das obrigações jurídicas contraídas pelos beneficiários de incentivos fiscais. No exercício de sua competência, cabe à Sepin desempenhar algumas atividades, como: emitir pareceres técnicos; analisar os pleitos de concessão, suspensão e cancelamento de incentivos fiscais; apreciar os relatórios demonstrativos encaminhados pelos beneficiários dos incentivos fiscais para fins de comprovação do cumprimento das obrigações decorrentes da concessão do benefício fiscal; e inspecionar e auditar as empresas e as instituições de ensino e pesquisa beneficiárias dos incentivos fiscais. Ainda, a Sepin deve fiscalizar o cumprimento dos Processos Produtivos Básicos estabelecidos; encaminhar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e às respectivas empresas beneficiárias os resultados de sua análise técnica acerca dos relatórios demonstrativos; e analisar os pleitos de reconhecimento de bens produzidos no País. Já a Setec deverá desempenhar atividades como, emitir pareceres técnicos, quando exigido, acerca dos programas de incentivos fiscais; e implementar, acompanhar e avaliar, no que couber, a execução dos programas de incentivos fiscais. Conforme explica o advogado e professor de Direito Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, para garantir a continuidade da prestação dos serviços públicos, a Administração Pública busca recursos junto à população e aos administrados, por meio da imposição de tributos. Assim, renda, patrimônio, operações financeiras e comercialização de produtos,

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por exemplo, são tributados, garantindo ao Estado os recursos necessários para a sua manutenção. “Em determinadas situações, no entanto, a Administração Pública elenca alguns setores que devem ser incentivados, seja por profundo interesse social, seja porque são importantes para o crescimento da economia e para a manutenção dos empregos. Um dos mecanismos para tal incentivo é a renúncia tributária”, esclarece. A 19, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal — LRF, trata o tema como Renúncia de Receita e o estabelece como: anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. “O tema é tratado na LRF devido à sua importância no Orçamento Federal. Ao estabelecer a renúncia tributária, a Administração está deixando de arrecadar recursos que poderiam ser utilizados em diversos setores. Por isso, para que se estabeleça tal situação, é preciso que esteja condizente com o planejamento do Governo Federal estabelecido na Lei de Diretrizes Orçamentárias”, ressalta Jacoby Fernandes.

Factoring com outras funções deve ser registrada no Conselho de Administração

Fonte: STJ. A empresa que se dedica à atividade de fomento mercantil (factoring), mas exerce ainda outras atividades, como de administração mercadológica e financeira, está sujeita a registro no Conselho Regional de Administração (CRA). Esse entendimento foi adotado pela Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em julgamento de recurso especial da SP Banco de Fomento Mercantil e Consultoria. O artigo 58 da Lei 9.430/96 define a atividade de factoring como sendo a exploração de “atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços”. Na origem, a empresa pediu que não fosse obrigada a se inscrever no Conselho Regional de Administração de São Paulo para o exercício de suas atividades. Em consequência da dispensa de inscrição, obteria a anulação dos autos de infração pela falta de registro. Pediu ainda a manutenção em seu quadro societário ou funcional de profissional da área administrativa. O juízo de primeiro grau considerou que, por utilizarem conhecimentos específicos na área de administração, as empresas relacionadas ao factoring devem estar regularmente inscritas no conselho. A sentença foi mantida pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3). Contrato social No STJ, o ministro Herman Benjamin, relator, verificou no processo que as atividades da empresa não se enquadram apenas como factoring convencional. No próprio

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contrato social consta que a autora presta serviços de alavancagem mercadológica, realiza negócios no comércio internacional, participa de outras sociedades e ainda presta serviços de assessoria empresarial. O ministro mencionou julgado da Primeira Seção do STJ, segundo o qual os escritórios de factoring não precisam ser registrados nos conselhos regionais de administração quando suas atividades são de natureza eminentemente mercantil, ou seja, desde que não envolvam gestões estratégicas, técnicas e programas de execução voltados a um objetivo e ao desenvolvimento da empresa (EREsp 1.236.002). “Sendo certo que as atividades da empresa não se enquadram apenas como factoring convencional, é mister a inscrição no Conselho Regional de Administração”, concluiu Herman Benjamin.

Revisora de textos não consegue reconhecimento de jornada especial concedida a jornalistas

Fonte: TST. Uma revisora de textos de livros e apostilas da Módulo Editora, do Paraná, não obteve na Justiça do Trabalho as horas extras com base na jornada especial dos jornalistas, de cinco horas diárias. A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu de seu recurso porque, segundo o relator, ministro Cláudio Brandão, a revisão de textos comuns não está compreendida pela profissão de jornalista. Na petição que deu início à ação, ela disse que atuou por seis meses como revisora de material jornalístico de 8h às 18h, pretendia receber como extras as horas que prestara além da quinta diária e da 30ª semanal, ou, sucessivamente, da sexta diária e da 36ª semanal. O pedido fundamentou-se no artigo 303 da CLT, que fixa a jornada dos jornalistas. O dono da editora, em sua defesa, afirmou que revisão de textos para livros e apostilas didáticas não podia ser comparada à atividade dos revisores de jornais e da imprensa em geral. Ressaltou ainda que a empresa tem como objeto social serviços de editoração e comércio de livros, não guardando semelhança com a atividade jornalística. Desde a primeira instância não foi reconhecido o direito à jornada especial porque a revisora confessou, em audiência, que não trabalhava com material jornalístico. Ao julgar recurso, o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR) explicou que a jornada de cinco horas dos jornalistas, por se tratar de norma mais benéfica, não pode ser aplicada por analogia aos revisores de material não jornalístico. Segundo o TRT, o trabalho em empresas jornalísticas não é considerado penoso por questões de ergonomia, “mas em razão da natureza da atividade, que pressupõe grande pressão em razão dos prazos curtíssimos para entrega das matérias”. No recurso ao TST, a revisora sustentou que não podia ser aplicado o posicionamento da Súmula 370 do TST, relativo aos médicos e engenheiros, utilizado pelo TRT em sua fundamentação, pois esse entendimento “parte de premissas legais que não são

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encontradas no Decreto-Lei 7.858/45, que trata da remuneração mínima dos revisores), e, “em nenhum momento, prevê a possibilidade de contratação de empregados para o desempenho de jornada superior à estabelecida”. Segundo o ministro Cláudio Brandão, o artigo 5º do Decreto-Lei 7.858/45 estabelece apenas que a duração normal do trabalho não deve exceder a seis horas, “nada dispondo acerca da jornada reduzida”. O relator destacou que o artigo 1º do decreto trata da remuneração dos revisores em empresas jornalísticas, estabelecimentos gráficos ou outras organizações de caráter privado. “A atividade desenvolvida – revisora de textos comuns – não está compreendida pela profissão de jornalista e, por isso, não se pode falar em jornada reduzida”, concluiu. A decisão foi unânime. Processo: RR-1122-70.2012.5.09.0028

Cursos profissionalizantes são condenados por propaganda enganosa usando legislação sobre aprendizagem

Fonte: TST. Três empresas de Mato Grosso foram condenadas a pagar indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 60 mil cada e danos morais individuais por operar um esquema para fraudar alunos por meio de um curso intitulado “Projeto Melhor Aprendiz” por meio de propaganda enganosa. O Ministério Público do Trabalho (MPT) buscou, no Tribunal Superior do Trabalho, majorar a indenização, mas a Quarta Turma considerou o valor razoável. A ação civil pública foi ajuizada pelo Ministério Público na 7ª Vara do Trabalho de Cuiabá contra as empresas de cursos profissionalizantes por “fraude ao instituto constitucional e legal da aprendizagem”. A ação originou-se de notícia encaminhada pela Escola Técnica Estadual de Alta Floresta (SECITEC) informando que as empresas divulgavam amplamente na cidade, por meio da internet e impressos, a realização de cursos profissionalizantes, induzindo jovens a acreditar que seriam colocados no mercado de trabalho em grandes lojas comerciais da região ao término do curso. Aprendizagem A sentença condenatória descreve que, na publicidade, os cursos procuravam vincular seu projeto “Melhor Aprendiz” à aprendizagem legal, inclusive citando empresas que supostamente aderiram ao programa e seriam, assim, potenciais empregadores. E explica que as empresas que pretendam ministrar cursos de aprendizagem devem preencher os requisitos da Lei 10.097/2000, regulamentada pelo Decreto 5.598/2005 e estar inscritas no Cadastro Nacional de Aprendizagem, mantido pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). No caso, o inquérito civil apresentado pelo MPT demostrou de forma inequívoca que as empresas não estavam inscritas no cadastro, levando o juiz a concluir pelo “farisaísmo empregado pelas empresas” e pela ofensa ao artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor, que trata da propaganda enganosa. Assim, condenou cada uma das

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empresas a pagar indenização por dano moral coletivo em R$ 30 mil, perfazendo o total de R$ 90 mil, a se abster de veicular o projeto, fixando multa diária em caso de descumprimento. Os valores deverão ser transferidos a instituições filantrópicas indicadas pelo Ministério Público. O Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região (MT) manteve a condenação, e, reconhecendo a “ardilosa artimanha” empreendida pelas empresas e os “métodos persuasivos do engodo”, majorou a indenização para R$ 60 mil para cada empresa. TST No recurso ao TST, o MPT argumentou que as empresas têm “robusta capacidade econômica”, e que o valor fixado era desproporcional à conduta praticada, que afrontou o direito à profissionalização e a confiança que a coletividade de pelo menos cinco municípios do estado nela depositou, “ceifando a esperança de milhares de jovens de baixa renda de ingressarem no mercado de trabalho e, com isso, mudarem seu destino”. A relatora, ministra Maria Cristina Peduzzi, porém, entendeu que o valor cumpria a dupla finalidade do dano moral coletivo: reparar o dano e inibir a persistência na conduta identificada. Não divisando nenhuma violação legal apontada pelo MPT, a relatora não conheceu do recurso. A decisão foi unânime. Processo: RR-2277-30.2013.5.23.0046

CNF não consegue reconhecimento de jornada exclusiva de advogada que trabalhava oito horas

Fonte: TST. A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho negou provimento a agravo de instrumento da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) contra decisão que a condenou ao pagamento de horas extras a uma advogada submetida a controle de jornada de trabalho de oito horas. A advogada ajuizou a ação trabalhista na 11ª Vara do Trabalho de Brasília (DF), alegando que trabalhou para a instituição entre 2010 a 2013, sempre sujeita a controle de jornada de oito horas diárias, até ser dispensada imotivadamente, o que foi atestado pelo preposto e por testemunhas. O juízo condenou a instituição a pagar quatro horas extras diárias por todo o contrato de trabalho, com adicional de 100% e reflexo sobre as demais verbas. A CNF alegou negativa de prestação jurisdicional porque a sentença não teria se manifestado a respeito da exigência de dedicação exclusiva e a jornada de trabalho da empregada, entre outros pontos. Mas a condenação foi mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (DF-TO). Segundo o Regional, “o fato de o advogado empregado se submeter à jornada de oito horas diárias, por si só, não determina a configuração do regime de dedicação exclusiva”. A instituição interpôs, então, agravo de instrumento pretendendo trazer a discussão para o TST, mas no entendimento do relator, ministro Alberto Bresciani, o apelo não

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conseguiu invalidar os fundamentos do despacho que negou seguimento ao recurso, deixando claros os motivos que da decisão regional, havendo análise de todo o conjunto probatório. Em sua avaliação, a pretensão da CNF era que o Tribunal Regional adotasse a interpretação que ela considerava correta. “A insatisfação com o resultado do julgamento demandará providências outras, segundo as orientações processuais cabíveis”, afirmou. O ministro explicou que o Estatuto da OAB (Lei 8.906/94), no caput do artigo 20, dispõe que a jornada de trabalho do advogado empregado não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e de 20 horas semanais, e o artigo 12 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, do Conselho Federal da OAB, alterado em 2000, considera como de dedicação exclusiva “o regime de trabalho que for expressamente previsto em contrato individual de trabalho”. Como à época em que a advogada prestou serviços à CNF “já havia a necessidade de previsão contratual expressa para a adoção do regime de dedicação exclusiva”, o relator ressaltou que, mesmo que houvesse prestação de serviço apenas para a instituição, “tanto não produziria os efeitos pretendidos”. A decisão foi unânime. Processo: AIRR-1425-74.2013.5.10.0011

Minas Gerais é destaque nacional em transparência nos processos tributários

Fonte: SEF/MG. O Estado de Minas Gerais foi o segundo melhor avaliado - empatado com São Paulo - no Índice de Transparência do Contencioso Administrativo (ICAT), elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgado nesta semana. O indicador leva em conta a quantidade, qualidade (grau de detalhamento) e periodicidade das informações do contencioso publicadas nos sites das instâncias administrativas que julgam processos tributários nos estados brasileiros. No caso mineiro, essas publicações ficam a cargo do Conselho de Contribuintes (CC/MG), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Fazenda (SEF). O resultado no ranking é o mesmo das duas aferições anteriores (realizadas em junho de 2013 e fevereiro de 2015), mas a pontuação de Minas Gerais aumentou de 68 para 80, de um total de 100. De acordo com Cláudia Campos Lopes Lara, gerente administrativo do CC/MG, a melhoria na nota é resultado de ampliação ou mais detalhamento das informações disponibilizadas nas páginas da internet. O único critério não atendido, segundo ela, foi o relativo à disponibilização dos autos de infração (valendo 20 pontos), o que passará a ser feito. A Bahia, que saltou do terceiro lugar para o primeiro no ranking, em relação à aferição anterior, com 90 pontos, foi o único estado a disponibilizar, ainda que em parte, informações sobre os autos de infração lavrados. A presidente do CC/MG, Maria de Lourdes Medeiros, comemora o resultado. “A Lei de Acesso à Informação completa quatro anos e trouxe profundas mudanças no ordenamento jurídico brasileiro, conferindo transparência aos atos da administração

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pública. Portanto, em consonância com o que preconiza a lei, o Conselho de Contribuintes vem se empenhando na disponibilização e divulgação, de modo acessível ao cidadão/contribuinte, das informações relativas ao contencioso administrativo tributário. A premiação recebida é um reconhecimento do trabalho da equipe do CC/MG, plenamente consciente da importância da contribuição de cada um no alcance dos objetivos relacionados à transparência dos atos praticados”, diz. A busca do Conselho de Contribuintes do Estado de Minas Gerais pela transparência e pela aproximação com o público não se resume ao conteúdo disponibilizado na internet. Prova disso é que, desde 2007, são realizadas sessões de julgamento itinerantes em superintendências regionais da Fazenda ou em faculdades mineiras e, desde 2009, são transmitidos julgamentos para o interior do Estado, por meio de videoconferência, permitindo, inclusive, a sustentação oral da parte de quem está na outra cidade. Ao longo desses anos, mais de 8 mil pessoas acompanharam os julgamentos em formato desconcentrado. Avanço no país Na avaliação geral do Núcleo de Estudos Fiscais (NEF) da FGV, houve uma evolução da transparência do contencioso em 126% e 38% sobre a primeira e a segunda aferições, respectivamente. Nesse terceiro ICAT, os pontos foram atribuídos sempre que disponibilizados documentos ou suas informações na íntegra e com atualização semanal. O nome das partes pôde ser suprimida na publicação dos autos de infração. Também foi conferida pontuação aos órgãos que publicaram a pauta, desde que disponível sete dias úteis antes do julgamento, assim como as normas consolidadas e atualizadas sobre tributos (direito material).

Autuações fiscais nas importações

Por Rafael Gregorin para o Valor Econômico. O tema importação sempre foi visto com muita cautela pelos contribuintes brasileiros, não só por toda a burocracia enfrentada para viabilizar a importação de mercadorias, mas, ainda, em virtude dos frequentes questionamentos impostos pela Receita Federal do Brasil. Existem atualmente três diferentes métodos de importação, quais sejam: (i) importação direta, que é aquela em que a própria empresa efetua a importação de mercadorias por sua conta e risco; (ii) importação por "encomenda", na qual determinada empresa adquire as mercadorias com seus próprios recursos e, ainda, é a responsável por efetuar todo o trâmite aduaneiro, sendo que já há uma empresa local encomendante pré-determinada; e (iii) importação "por conta e ordem de terceiro", que é aquela em que a empresa adquirente das mercadorias contrata um serviço de uma empresa importadora, que promoverá todos os trâmites aduaneiros.

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A principal diferença entre a importação por encomenda e a por conta e ordem é que na primeira os recursos pertencem ao próprio importador, ao passo que na segunda os recursos são adiantados pelos reais adquirentes das mercadorias. Esses métodos de importação foram criados pelo governo brasileiro com o intuito de evitar a interposição fraudulenta de terceiros na importação, que nada mais é do que a tentativa de ocultar o verdadeiro adquirente das mercadorias por meio de empresas laranjas. Tal prática é absolutamente condenável por permitir a sonegação de tributos, lavagem de dinheiro e, ainda, o subfaturamento das transações. É inegável que esses métodos de importação, apesar de terem tornado os trâmites de importação um tanto quanto burocráticos, auxiliaram as autoridades fiscais brasileiras a combater diversas práticas fraudulentas e criminosas. No entanto, o que se tem visto na prática é uma tendência das autoridades fiscais em impor tais métodos de importação de forma indiscriminada, sem qualquer investigação mais aprofundada do real contexto das transações, ensejando a aplicação de multas milionárias contra importadores e adquirentes de boa-fé. Os casos clássicos frequentemente questionados são as importações diretas, as quais têm sido tratadas como importações por encomenda pela Receita Federal. Isso porque, no entendimento das autoridades, determinados aspectos gerais como o conhecimento prévio dos importadores de possíveis compradores das mercadorias ou, ainda, o curto espaço de tempo entre o desembaraço e a venda no mercado local, já seriam suficientes para caracterizar essas importações como sendo "por encomenda". Ao taxar as importações diretas como por encomenda, a Receita Federal exige do suposto real adquirente das mercadorias multa de 100% do valor aduaneiro (artigo 23 do Decreto-lei 1.455/76), sendo que a empresa importadora também é incluída como responsável solidária pelo pagamento dessa penalidade. Como se não bastasse, a importadora é punida com multa de 10% sobre o valor das operações em virtude da suposta cessão de seu nome para acobertar os reais adquirentes das mercadorias (artigo 33 da Lei nº 11.488/07). Ou seja, os contribuintes têm se deparado com multas que totalizam 110% do valor total das mercadorias importadas, na medida em que as autoridades, sem evidenciar a existência de fraude ou simulação, descaracterizam importações diretas realizadas de forma totalmente regular para, com base em meros indícios, enquadrá-las como sendo por encomenda. É importante destacar que na maioria das vezes sequer há falta de pagamento de tributos, sendo que as multas são aplicadas em virtude de supostas irregularidades que poderiam vir a ocorrer as quais, como dito, raramente são comprovadas pelo fisco. As regras que versam sobre importação por encomenda são claras no sentido de que elas ocorrem apenas quando há contrato prévio firmado entre a importadora e o encomendante e há obrigação contratual de a importadora entregar os produtos importados para o encomendante.

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Nas recentes autuações efetuadas pela Receita Federal não só inexistem tais condições como, ainda, fica evidente que a empresa importadora é quem arcou com todos os custos das importações e assumiu os correspondentes riscos. Portanto, meros indícios como o conhecimento pelo importador de possíveis adquirentes no mercado local ou o curto espaço de tempo entre o desembaraço das mercadorias e a posterior venda jamais poderiam levar o Fisco a concluir pela existência de sérias acusações de fraude e simulação capazes de ensejar as multas acima citadas. Nunca é demais lembrar que nos dias atuais é extremamente normal que mercadorias importadas sejam comercializadas logo após o respectivo desembaraço, na medida em que os custos de estocagem são extremamente consideráveis e a competição cada vez mais acirrada. Além disso, é esperado que uma empresa que importa produtos conheça seu mercado local e já possua potenciais clientes. A atuação das autoridades fiscais para combater transações simuladas e fraudulentas que visam obter vantagens ilícitas é extremamente elogiável. O que não se pode admitir, contudo, é a descaracterização infundada dos métodos de importação utilizados pelos contribuintes que atuam legitimamente no âmbito aduaneiro. A imposição dessas elevadas multas por parte da Receita Federal precisa ser realizada de forma responsável e amparada em fatos incontestes.

Tributação do direito de imagem de atleta

Por Rafael Pandolfo para o Conjur. A segurança jurídica alcança concretude em diversos comandos previstos no texto constitucional, dentre os quais exsurgem a legalidade, a anterioridade e a irretroatividade (das normas legislativas, judiciais e administrativas). Adam Smith, em “Investigação sobre a natureza e causas da riqueza das nações” preconizava, já em 1776, que a incerteza e a insegurança a respeito da carga tributária são mais danosas ao crescimento econômico de uma nação do que a própria injustiça na distribuição do ônus tributário. A existência de regras claras e transparentes, cujo vigor seja respeitado, constitui elemento indissociável de um ambiente fértil que assegure o desenvolvimento nacional fundado na Constituição. O direito a esse “ambiente” ultrapassa o interesse subjetivo das partes que integram os polos da obrigação tributária (Fazenda X contribuinte) e poderia ser comparado ao que Bobbio denominou direitos de terceira geração. Como se observa, a segurança jurídica não é uma questão específica do direito tributário, mas um problema do conjunto da ordem jurídica, na relação comunicativa que estabelece com os cidadãos e que permite a esses tomarem suas decisões com possibilidade de previsão das respectivas consequências jurídicas. Aquilo que temos de específico no direito tributário é apenas uma manifestação mais intensa dessa necessidade, apenas porque é também mais intensa a intromissão operada por esse ramo do direito na vida das pessoas e das empresas[1].

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O regime tributário aplicável à exploração econômica do direito de imagem tem sido objeto de inúmeras controvérsias que ameaçam o desenvolvimento desse promissor mercado brasileiro. A licitude da exploração econômica da imagem por pessoas jurídicas não tem sido reconhecida pela Fazenda Nacional, que mantém um antigo entendimento de que a tributação deve ocorrer exclusivamente na pessoa física (atleta)[2]. Tal controvérsia tem resultado na lavratura de inúmeros autos de infração contra os atletas, em que é exigido o Imposto de Renda – Pessoa Física (IRPF), de acordo com a tabela progressiva, acrescido da multa qualificada (150%), de modo que se faz necessário o estudo e o aprofundamento do tema. Direitos personalíssimos X Direitos patrimoniais Direitos personalíssimos são definidos por Miguel Reale como os a ela (personalidade) inerentes, um atributo essencial à sua constituição, como, por exemplo, o direito de ser livre, de ter livre iniciativa, na forma da lei, isto é, de conformidade com o estabelecido para todos os indivíduos que compõem a comunidade. [3] Outros exemplos de direitos personalíssimos são o direito à dignidade, o direito à própria imagem e o direito ao próprio corpo, oponíveis aos direitos adquiríveis (ou patrimoniais). O regramento conferido à imagem pelo nosso ordenamento jurídico estende ao seu titular direitos de natureza diversa, a saber: personalíssimos e patrimoniais. Os de natureza personalíssima, como bem aponta Alcides Leopoldo e Silva Junior, são inalienáveis e intransmissíveis[4], identificados, pelo legislador infraconstitucional, como direitos morais (artigo 27 da lei 9.610/98). O elenco desses direitos fica por conta do artigo 24 da Lei 9.610/98. Embora um primeiro olhar a legislação acima exposta não revele o seu alcance aos direitos de imagem, mas tão somente aos direitos autorais, os artigos posteriores do Diploma Legislativo (Lei 9.610) estendem essas prescrições aos direitos de imagem (vide, por exemplo, os arts. 89 e 90). A segunda categoria dos direitos relacionados à imagem é a dos patrimoniais, que conferem ao seu titular a prerrogativa de exploração econômica de sua obra/imagem. Estes direitos, ao contrário dos morais, são passíveis de cessão e estão disciplinados no artigo 28 da Lei 9.610/98. A disponibilidade dos direitos patrimoniais e sua liquidez são reafirmadas pelo artigo 83 do Código Civil, que os define como bens móveis. A mobilidade jurídica é elemento constitutivo desses direitos e revela seu destino: circulação econômica – constatação reforçada pela expressa previsão do artigo 28 da Lei 9.610/96. A forma de exploração desse direito deve ser a mais fluída possível, o que permitirá o pleno gozo das prerrogativas estendidas pelo ordenamento ao seu titular. Dessa forma, não se pode confundir direitos patrimoniais com direitos morais no tocante à imagem. Aqueles podem ser cedidos; esses não. Mesmo após a cessão desses direitos patrimoniais à pessoa jurídica, os contratos firmados pela empresa cessionária deverão ter a anuência do cedente (atleta, artista, etc.), para assegurar que a forma de exploração econômica que será realizada pela cessionária não violará nenhum dos direitos morais do autor.

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Assim, a participação do autor/atleta no instrumento contratual não possui outro significado senão a preservação de uma prerrogativa assegurada pelo ordenamento, não infirmando o regime jurídico eleito para exploração dos direitos patrimoniais pela pessoa jurídica. Exploração de direitos patrimoniais X Serviços personalíssimos Diversamente das obrigações de dar, cujo objeto da prestação é uma coisa ou um direito, relacionando-se a algo já existente (atribuição patrimonial), a obrigação de fazer relaciona-se à realização de um trabalho ou de um serviço determinado[5]. Serviços contratados, portanto, correspondem às obrigações de fazer assumidas pelo polo passivo do enlace obrigacional. A diferenciação atende ao discrimen fixado pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do Recurso Extraordinário 116.121, leading case que culminou na edição da Súmula Vinculante 31, cujo conteúdo informa que “É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis”. Entende-se como serviço personalíssimo aquele contratado intuitu personae, cujo objeto, por sua natureza e especificidade, será atendido apenas quando executado pelo prestador de serviço contratado. Exemplo clássico de serviço personalíssimo é a contratação de um pintor famoso. A distinção entre as espécies obrigacionais – personalíssima e não personalíssima – recebe clara guarida do nosso ordenamento civil, conforme identificou Clovis Veríssimo do Couto e Silva[6]. A adequada análise do tema ora abordado exige, portanto, a diferenciação dogmática até aqui realizada (serviços personalíssimos, direitos patrimoniais do autor, direitos morais do autor), que pode ser sintetizada no seguinte esquema:

A exploração do direito patrimonial de imagem pela pessoa jurídica e seu regime tributário

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A discussão sobre a existência de um regime compulsório de tributação na pessoa física das receitas decorrentes da exploração de atividades predicadas como “personalíssimas” (cessão do direito de imagem ou prestação de serviços) foi definitivamente aclareada com o advento do artigo 129, da Lei 11.196/05. Esse dispositivo reconheceu que, “para fins tributários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tão somente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. nº 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil”. Não obstante a própria exposição de motivos do Projeto de Lei tenha consignado o caráter interpretativo do dispositivo, o CARF sedimentou o entendimento de que o artigo 129 havia criado um novo regime de tributação, dotado de eficácia ex nunc[7]. O fato é que o advento do artigo 129 da Lei 11.169/05 quebrou a premissa de existência de um regime compulsório de tributação na pessoa física de atividades econômicas que até então vigorava nos órgãos da administração tributária federal (RFB e CARF). Estabeleceu, assim, um novo marco jurídico para o tema. Essa nova realidade jurídica foi reforçada e complementada: pela Lei 12.395, de 16 de março de 2011, que reconheceu que o uso da imagem do atleta poderia ser por ele cedido ou explorado, mediante ajuste contratual de natureza civil e com fixação de direitos, deveres e condições inconfundíveis com o contrato especial de trabalho desportivo (artigo 87-A da Lei 9.615/98); pela Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011, que estabeleceu que a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) poderia ter como única atividade econômica a exploração dos direitos patrimoniais de imagem, voz, nome ou marca, do qual seja detentor o titular da pessoa jurídica (artigo 980-A, §5º do Código Civil). Esse novo cenário fez com que fossem proferidas decisões no âmbito do CARF reconhecendo a licitude da tributação da exploração do direito patrimonial de imagem através de pessoa jurídica (acórdão 2403-002.722 da 2ª Seção – 4ª Câmara/ 3ª Turma Ordinária). Em 2015, a Lei 13.155/15 limitou, quantitativamente, o valor pago pela entidade de prática desportiva ao atleta a título de cessão de direitos do uso de imagem. Ao art. 85-A da Lei nº 9.615/68, foi acrescido o seguinte parágrafo: Lei 9.615/98, Artigo 87-A. (…) Parágrafo único. Quando houver, por parte do atleta, a cessão de direitos ao uso de sua imagem para a entidade de prática desportiva detentora do contrato especial de trabalho desportivo, o valor correspondente ao uso da imagem não poderá ultrapassar 40% (quarenta por cento) da remuneração total paga ao atleta, composta pela soma do salário e dos valores pagos pelo direito ao uso da imagem. É importante destacar que a limitação de 40% se aplica apenas aos valores pagos pela entidade de prática desportiva para exploração do direito patrimonial de imagem, cedido pelo

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atleta a uma pessoa jurídica. Não há – nem poderia haver – qualquer limitação aplicável aos valores recebidos pelos jogadores pela cessão do seu direito de imagem a outras entidades ou patrocinadores. Por fim, corroborando a plena exploração do direito patrimonial de imagem através de pessoa jurídica, foi publicada a Medida Provisória nº 690, de 31 de agosto de 2015, cujo art. 8º determinou que as receitas decorrentes da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular ou o sócio da pessoa jurídica, deveriam ser adicionadas à base de cálculo do IRPJ e da CSLL, sem a aplicação dos percentuais de que trata o artigo 16 da Lei 9.249/95. Ao tentar restringir a aplicação dos percentuais de presunção do lucro presumido às receitas decorrentes da exploração do direito de imagem, o Diploma editado pelo Poder Executivo reconheceu – mais uma vez – a regularidade tributária da exploração dessa atividade pelas empresas cessionárias do respectivo direito patrimonial. A adoção desse entendimento pelo Executivo foi explicitada na exposição de motivos da Medida Provisória 690/15. Ao justificar o enunciado inserido no art. 8º, o Diploma claramente tomou como premissa a licitude da constituição por profissionais que exploram economicamente a sua imagem de empresas gestoras dos seus direitos personalíssimos. Conclusão A exploração do direito patrimonial de imagem dos atletas (como dos cantores, cantoras, atores, atrizes e jornalistas), através de pessoas jurídicas, possui regramento específico e autorização expressa em nosso ordenamento jurídico. Respeitadas as limitações legais, essa atividade econômica pode ser exercida de forma lícita e plena por empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI), constituídas especificamente para essa finalidade por atletas profissionais. Nenhuma das circunstâncias inerentes às autorizações legais que disciplinam esse regime jurídico específico (artigo 980 – A, parágrafo 5º, do Código Civil, artigo 87 – A, da Lei 9615/98, art. 129 da Lei 11.169/05) podem ser utilizadas pela fiscalização como premissa para enquadramento em casos de abuso de personalidade (CC, artigo 50). Por exemplo: a existência de poucos (ou nenhum) funcionário num empresa individual de responsabilidade limitada que tem como atividade apenas a exploração da imagem de um atleta está não apenas permitida como expressa e legalmente autorizada. As repetidas lavraturas de autos de infração pela Receita Federal, em total desrespeito a esse regime tributário, com base em premissas que infirmam os fundamentos adotados claramente pela legislação tributária que regulamenta esse tipo de atividade econômica, reforçam o estado de desgoverno fiscal e insegurança jurídica que aflige o nosso sistema tributário aplicado.

1 SANCHES, J. L. Saldanha. Manual do Direito Fiscal. Coimbra: Ed. Coimbra, 2007. p. 169. 2 CALCINI, Fábio Pallaretti. A desconsideração da pessoa jurídica para fins fiscais quando da prestação de serviços ou cessão de direitos personalíssimos e a jurisprudência

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do CARF. Algumas ponderações. in Grandes Questões Atuais do Direito Tributário, 17º vol. Coord. Valdir de Oliveira Rocha. São Paulo: Dialética, 2013. 3 REALE. Miguel. Os Direitos da Personalidade. 2004. Disponível em <http://www.miguelreale.com.br/>. Acesso em 23 nov. 2012. 4 SILVA JÚNIOR, Alcides Leopoldo e. A pessoa pública e o seu direito de imagem: políticos, artistas, modelos, personagens históricos… São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2002, p. 19. 5 SILVA. Clovis Veríssimo do Couto e. A obrigação como processo. São Paulo: Bushatsky, 1976. p. 156 6 Idem. Ibidem. p. 166 7 Veja, por exemplo, o acórdão 2202-00.252, exarado pela 2ª. Turma da 2ª. Câmara da 2ª. Seção do CARF, em sessão realizada em 23/09/09, em sede de Recurso voluntário. O boletim jurídico da BornHallmann Auditores Associados é enviado gratuitamente para clientes e usuários cadastrados. Para cancelar o recebimento, favor remeter e-mail informando “CANCELAMENTO” no campo assunto para: <[email protected] >.