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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Centro de Ciências Biológicas e da Saúde PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO PRISCILLA ALMEIDA PEDRONEIRO CORREIA FUNÇÕES EXECUTIVAS: PROGRESSÃO ESCOLAR E DESEMPENHO ACADÊMICO EM CRIANÇAS DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL SÃO PAULO 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO

PRISCILLA ALMEIDA PEDRONEIRO CORREIA

FUNÇÕES EXECUTIVAS: PROGRESSÃO ESCOLAR E DESEMPENHO

ACADÊMICO EM CRIANÇAS DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

SÃO PAULO

2017

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PRISCILLA ALMEIDA PEDRONEIRO CORREIA

FUNÇÕES EXECUTIVAS: PROGRESSÃO ESCOLAR E DESEMPENHO

ACADÊMICO EM CRIANÇAS DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie,

como requisito final para a obtenção do título de

Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento.

ORIENTADORA: Prof.ª Drª. Alessandra Gotuzo Seabra

SÃO PAULO

2017

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C824f Correia, Priscilla Almeida Pedroneiro.

Funções executivas: progressão escolar e desempenho

acadêmico em crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. /

Priscilla Almeida Pedroneiro Correia.

95 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento) --

Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2017.

Orientadora: Alessandra Gotuzo Seabra.

Bibliografia: f. 85-92.

1. Funções executivas. 2. Desempenho acadêmico. 3. Rendimento

escolar. 4. Teste informatizado. I. Seabra, Alessandra Gotuzo. II.

Título.

CDD 370.158

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus, pela graça concedida de proporcionar o ingresso em

uma universidade tão reconhecida e por mim tão almejada. A dádiva se completou pela

realização do nobre curso de Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento, precedida de

especialização em psicopedagogia.

Ao meu marido José Claudio Correia, que me acompanha durante 15 anos, me

incentivou, lutou por mim, acreditou, teve paciência, e jamais, desistiu de acreditar e confiar

no meu desenvolvimento profissional. Foi amigo me confortou me acalmou e não deixou

pensar em desistir, aumentando a minha autoconfiança e coragem. “Espetacular Papai” que

cuidou dos nossos filhos com muito carinho, cuidado e amor, quando a mamãe estava

ausente, escrevendo a dissertação, em congressos ou aulas na pós. Ele estava lá, a todo o

momento sem reclamar cuidando dos nossos “filhotes”.

Aos meus filhos Arthur e Heitor que me acompanharam nessa dura jornada desde

pequeninos, souberam ter paciência e me confortaram quando precisei. Quantas vezes deixei

de brincar, de passear e vocês não ficaram tristes porque sabiam a importância da pesquisa da

mamãe. A mamãe ama muito, um amor inexplicável.

A minha mãezinha Maria Nete Almeida, que me incentivou e acompanhou cada passo

desse trabalho e dessa árdua, mas prazerosa, jornada, meu eterno carinho e amor.

As minhas irmãs Sheila Couto e Shirley Marques, que acreditaram no meu trabalho e

me incentivaram desde o começo e foram sempre amigas e companheiras.

A minha querida orientadora Alessandra Seabra, que me recebeu com toda o carinho

como sua orientanda desde o curso de psicopedagogia. Alê como carinhosamente gosto de

chamar, obrigada por tudo, você foi fundamental no meu crescimento profissional e sei que

hoje eu evolui porque tive uma orientadora que teve paciência, dedicação, companheirismo e

carinho comigo. Você foi a “chave mestra” de todo esse trabalho e sei que sem você, sem suas

orientações nada seria possível. Agradeço a Deus por ter colocado você no meu caminho.

Aos professores desta banca Profª Drª Natália Dias e Profº Drª Elizeu Coutinho que

aceitaram com carinho fazer parte da qualificação e defesa me enriquecendo suas orientações.

A Profª Msª Glauce Freitas que me ensinou com toda paciência, auxiliando na coleta

de dados e me concedeu o prazer de utilizar seus instrumentos para a minha pesquisa,

agradecida.

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A minha amiga Rosana Ponomavenco, minha best friend, que onde chega traz alegria,

posso confiar, chorar, rir. Deus colocou você em meu caminho não foi por acaso. Gratidão a

Deus por você ser a minha amiga.

A minha amiga Camila Léon, que esteve comigo sempre, me ajudando, orientando

com sua sabedoria, me acalmando, enfim minha querida professora desde o curso de

psicopedagogia que acompanhou o meu crescimento e acredito no meu desenvolvimento.

A querida Bruna Trevisan, que me orientou e sempre esteve presente contribuindo

para a minha formação, meu eterno carinho.

A secretária Daniele Aparecida, que sempre foi generosa e altruísta comigo. Quando

pode me ajudou e me ensinou com toda paciência, meu eterno carinho.

As minhas professoras e amigas Ana Carolina Cassiano, Roselaine de Almeida e

Sheila Souza que deram a maior força para eu iniciar o mestrado, orientando-me, sendo

amigas e parceiras.

A querida coordenadora Cristiane Alves e diretora Debora Duque que me acolheram e

aceitaram fazer a pesquisa no colégio Eluzai me recebendo de braços abertos.

A querida coordenadora Iraci e diretora Maria Aparecida que, sem me conhecerem,

acolheram-me e autorizaram as coletas de dados no Colégio Maap, e sempre foram muito

solícitas e carinhosas.

As crianças e aos pais dos colégios que aceitaram e deixaram realizar a pesquisa e

confiaram no meu trabalho.

À Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo apoio

financeiro que viabilizou essa pesquisa e contribuiu para a concretização desse sonho.

A todos os meus amigos e amigas que me deram força nos momentos mais difíceis do

mestrado.

Concretizar este sonho foi exaustivo, mas, ao mesmo tempo, gratificante, cujo

momento compartilho com a família e amigos, todos apoiadores e motivadores. Minha eterna

GRATIDÃO.

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"Pedacinhos coloridos de cada vida que passa

pela minha e que vou costurando na alma. Nem

sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me

acrescentam e me fazem ser que eu sou. Em cada

encontro, em cada contato, vou ficando maior... Em

cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma

saudade... que se tornam mais pessoa, mais humana,

mais completa. E penso que é assim mesmo que a vida

se faz, de pedaços de outras gentes que vão se

tomando parte da gente também. E a melhor parte é

que nunca estaremos prontos, finalizados... haverá

sempre um retalho novo para adicionar à alma.

Portanto, obrigada a cada um de vocês, que fazem

parte da minha vida e que me permitem engrandecer

minha história com os retalhos deixados em mim. Que

eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos

caminhos e que eles possam ser partes de suas

histórias. E que assim, de retalho em retalho,

possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de

nós."

Cora Coralina

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RESUMO

CORREIA, P.A.P. Funções executivas: Progressão Escolar e Desempenho Acadêmico em

crianças do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Dissertação de Mestrado, Programa de

Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, Universidade Presbiteriana

Mackenzie, São Paulo, 2017.

Funções executivas são um conjunto de habilidades cognitivas que inclui os componentes de

memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e controle inibitório. São essenciais para

direcionar o comportamento voltado para objetivos não imediatos. Esses componentes têm

grande importância no desempenho das habilidades acadêmicas. Deste modo, o presente

estudo teve por objetivo investigar diferenças nas funções executivas ao longo dos anos

escolares e sua relação com o desempenho acadêmico em crianças do Ensino Fundamental I.

Participaram 80 estudantes com idades de 6 a 10 anos, estudantes de 1º ao 5º ano do ensino

fundamental de duas escolas particulares da cidade de São Paulo. Os instrumentos foram:

TAFE (Teste Informatizado para Avaliação das Funções Executivas) que avalia a Memória de

Trabalho Visual, Memória de Trabalho Verbal, Flexibilidade Cognitiva e Controle Inibitório.

Foram também coletadas as notas escolares dos alunos. Análises de Variância do revelaram

efeito significativo de série sobre todas as medidas de funções executivas (memória de

trabalho, flexibilidade cognitiva e controle inibitório). Análises de correlação de Pearson entre

notas escolares e medidas de funções executivas foram significativas principalmente para a

memória de trabalho, com menos correlações do desempenho acadêmico com flexibilidade

cognitiva e controle inibitório. Destaca-se que a pesquisa contribuiu com dados relevantes

sobre o efeito de série escolar sobre as funções executivas, bem como sobre a relação com as

notas escolares.

Palavras-chave: Funções executivas, desempenho acadêmico, rendimento escolar, teste

informatizado.

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ABSTRACT

CORREIA, P.A.P. Executive functions: School Progression and Academic Performance

in children from 1st to 5th year of Elementary School. Master's Dissertation, Graduate

Program in Developmental Disorders, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São

Paulo, 2017.

Executive functions are a set of cognitive abilities, which includes working memory,

cognitive flexibility, and inhibitory control. They are essential for targeting behavior toward

non-immediate goals. These components are important for academic skills. Thus, the present

study aimed to investigate differences in executive functions throughout the school years and

its relationship with academic performance in elementary school children. Participants

included 80 students aged 6 to 10 years, from 1st to 5th grades in elementary level, in two

private schools in São Paulo city. The instruments were: TAFE (Computerized Test for

Evaluation of Executive Functions) that evaluates Visual Working Memory, Verbal Working

Memory, Cognitive Flexibility and Inhibitory Control. The students' grades were also

collected. Analyses of Variance revealed significant grade effect on all measures of executive

functions (working memory, cognitive flexibility and inhibitory control). Pearson correlations

between school grades and executive function measures were significant mainly for working

memory, with fewer correlations of academic performance with cognitive flexibility and

inhibitory control. It should be emphasized that the research contributed with relevant data on

the effect of grade school on the executive functions, as well as on the relationship with the

academic performance.

Keywords: Executive functions, academic performance, school performance, computerized

test.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Caracterização da amostra por idade e sexo. ........................................................... 43

Tabela 2. Caracterização da amostra por nível escolar e sexo. ............................................... 43

Tabela 3. Estatísticas descritivas, com número de sujeitos, média e desvio-padrão, para as

séries nas medidas de memória de trabalho do TAFE.............................................................. 62

Tabela 4. Análise de Variância do efeito de série escolar sobre as medidas de memória de

trabalho do TAFE ..................................................................................................................... 63

Tabela 5. Estatísticas descritivas, com número de sujeitos, média e desvio-padrão, para as

séries nas medidas de flexibilidade cognitiva para escolares do TAFE ................................... 65

Tabela 6. Análise de Variância do efeito de série escolar sobre as medidas de flexibilidade

cognitiva do TAFE. .................................................................................................................. 66

Tabela 7. Estatísticas descritivas, com número de sujeitos, média e desvio-padrão, para as

séries nas medidas de controle inibitório do TAFE .................................................................. 67

Tabela 8. Análise de Variância do efeito de série escolar sobre as medidas de controle

inibitório do TAFE. .................................................................................................................. 68

Tabela 9. Análises de Descritivas das notas nas disciplinas em função das séries escolares.. 69

Tabela 10. Análises de Variância com intra e entre grupos com notas escolares. .................. 71

Tabela 11. Análises de correlação de Pearson entre memória de trabalho e desempenho

acadêmico. ................................................................................................................................ 75

Tabela 12. Análises de correlação de Pearson entre flexibilidade cognitiva e desempenho

acadêmico ................................................................................................................................. 76

Tabela 13. Análises de correlação de Pearson entre controle inibitório e desempenho

acadêmico ................................................................................................................................. 77

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Descrição dos resultados da Análise em Pares de Bonferroni nos testes de

Memória de trabalho. ................................................................................................................ 64

Quadro 2. Descrição dos resultados da Análise em Pares de Bonferroni nos testes de

Flexibilidade Cognitiva ............................................................................................................ 66

Quadro 3. Descrição dos resultados da Análise em Pares de Bonferroni sobre os testes de

Controle Inibitório. ................................................................................................................... 69

Quadro 4. Interpretação do coeficiente de correlação de Pearson .......................................... 74

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Funções Executivas Principais e de Ordem Superior .............................................. 18

Figura 2. Modelo de Memória de Trabalho com três componentes ........................................ 20

Figura 3. Modelo de Memória de Trabalho com o quarto componente ................................. 21

Figura 4. Estrutura do TAFE e seus componentes .................................................................. 44

Figura 5. Tela inicial do TAFE com as habilidades das funções executivas. ......................... 44

Figura 6. Memória da trabalho com componentes e subcomponentes .................................... 45

Figura 7. Tela de treino com explicação (visual direta) .......................................................... 46

Figura 8. Tela do teste de memória de trabalho (visual direta) ............................................... 46

Figura 9. Tela do treino de memória de trabalho (visual inversa) ........................................... 47

Figura 10. Tela do teste de memória de trabalho (visual inversa) ........................................... 48

Figura 11. Tela do treino da atividade de memória de trabalho (verbal direta) ...................... 49

Figura 12. Tela do teste de memória de trabalho (verbal direta) ............................................. 49

Figura 13. Tela do treino da atividade de memória de trabalho verbal inversa. ..................... 51

Figura 14. Tela do teste de memória de trabalho verbal inversa. ............................................ 51

Figura 15. Tela da versão informatizada do Teste de Trilhas pré-escolares ........................... 53

Figura 16. Tela do treino Teste de Trilhas parte A (itens a e b). ............................................. 54

Figura 17. Tela do treino do Teste de Trilhas parte B (item C) .............................................. 55

Figura 18. Tela de treino com o pássaro central e os distratores. ............................................ 56

Figura 19. Imagens congruentes (esquerda) e incongruentes (direita). ................................... 57

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO .. ......................................................................................................15

2 FUNÇÕES EXECUTIVAS – CONCEITO ................................................................. 17

2.1 MEMÓRIA DE TRABALHO ........................................................................ ....19

2.2 CONTROLE INIBITÓRIO ................................................................................ 21

2.3 FLEXIBILIDADE COGNITIVA OU MENTAL .............................................. 23

3 DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS COM A PROGRESSÃO

ESCOLAR E A IDADE ......................................................................................................... 25

4 RELAÇÕES DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS COM O DESEMPENHO

ACADÊMICO ......................................................................................................................... 27

5 AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS NO BRASIL ................................. 37

5.1 TESTE INFORMATIZADO PARA A AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES

EXECUTIVAS (TAFE)................. ................................................................................. 38

6 OBJETIVOS .................................................................................................................. 41

6.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 41

6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 41

7 MÉTODO....................................................................................................................... 43

7.1 PARTICIPANTES.............................................................................................. 43

7.2 INSTRUMENTOS DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS ....................................... 44

7.3 MEMÓRIA DE TRABALHO ............................................................................ 45

7.3.1 MEMÓRIA DE TRABALHO VISUAL DIRETA................................................ 45

7.3.2 MEMÓRIA DE TRABALHO (VISUAL INVERSA) .......................................... 47

7.3.3 MEMÓRIA DE TRABALHO (VERBAL DIRETA)............................................ 48

7.3.4 MEMÓRIA DE TRABALHO (VERBAL INVERSA) ......................................... 50

7.3.5 FLEXIBILIDADE COGNITIVA .......................................................................... 52

7.3.6 FLEXIBILIDADE COGNITIVA PARA CRIANÇAS PRÉ-

ESCOLARES..................................................................................................................52

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7.3.7 FLEXIBILIDADE COGNITIVA PARA CRIANÇAS

ESCOLARES..................................................................................................................54

7.3.8 CONTROLE INIBITÓRIO ............................................................................. ......56

7.4 PROCEDIMENTO ............................................................................................. 58

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 61

8.1 ANÁLISES ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS E INFERENCIAIS PARA

VERIFICAR OS EFEITOS DA SÉRIE NOS INSTRUMENTOS DAS FUNÇÕES

EXECUTIVAS ................................................................................................................ 61

8.1.1 EFEITOS DA SÉRIE SOBRE TESTES DE MEMÓRIA DE

TRABALHO...................................................................................................................61

8.1.2 EFEITOS DA SÉRIE SOBRE OS TESTES DE FLEXIBILIDADE COGNITIVA

PARA ESCOLARES ...................................................................................................... 64

8.1.3 EFEITOS DE SÉRIE SOBRE OS TESTES DE CONTROLE INIBITÓRIO ...... 67

8.1.4 EFEITOS DE SÉRIE SOBRE AS NOTAS ESCOLARES ................................... 69

8.1.5 DISCUSSÃO GERAL DO EFEITO DE SÉRIE SOBRE AS FUNÇÕES

EXECUTIVAS ................................................................................................................ 72

8.1.6 ANÁLISE DE CORRELAÇÃO ENTRE AS FUNÇÕES EXECUTIVAS E O

DESEMPENHO ACADÊMICO ..................................................................................... 74

8.1.7 ANÁLISES DE CORRELAÇÃO DE PEARSON ENTRE MEMÓRIA DE

TRABALHO E DESEMPENHO ACADÊMICO .......................................................... 74

8.1.8 ANÁLISES DE CORRELAÇÃO DE PEARSON ENTRE FLEXIBILIDADE

COGNITIVA E DESEMPENHO ACADÊMICO .......................................................... 76

8.1.9 ANÁLISES DE CORRELAÇÃO DE PEARSON ENTRE CONTROLE

INIBITÓRIO E DESEMPENHO ACADÊMICO .......................................................... 77

8.1.10 DISCUSSÃO GERAL DE CORRELAÇÃO ENTRE AS FUNÇÕES

EXECUTIVAS E O DESEMPENHO ACADÊMICO ................................................... 78

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 83

10 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 85

11 ANEXOS ........................................................................................................................ 93

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APRESENTAÇÃO

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1 APRESENTAÇÃO

Nas últimas décadas, estudos sobre funções executivas têm sido conduzidos por

diferentes pesquisadores (e.g., DIAMOND, 2013; LEHTO ET AL., 2003; MAGRABI, 2010;

MIYAKE ET AL., 2000). Paralelamente, pesquisas têm buscado investigar problemas

escolares, decorrentes de baixo rendimento escolar, por exemplo, buscando identificar fatores

preditivos do sucesso acadêmico (e.g., MARTORELL, 2014). Mais recentemente, alguns têm

buscado compreender a relação entre esses dois construtos (e.g., BEST, MILLER,

NAGLIERI 2011; LAN, LEGARE, PONITZ, LI, MORRISON, 2011).

Para Jacob e Parkinson (2015), as funções executivas são um conjunto de habilidades

cognitivas essenciais para direcionar o comportamento para os objetivos. Também para

Serafim e Saffi (2015), as funções executivas são conhecidas como regulação cognitiva ou

sistema de controle executivo, sendo compostas por três categorias: controle inibitório

(habilidade de anular uma resposta automática em favor de outra), memória de trabalho

(habilidade de reter informações e manipular ao mesmo tempo), e flexibilidade cognitiva

(habilidade de adaptar a resposta ou a atenção rapidamente em função da demanda).

Segundo Best, Miller e Naglieri (2011), esses construtos interligados desempenham

um papel fundamental para a promoção do desempenho acadêmico. As funções executivas

norteiam o estudante a lidar com as exigências da sala de aula, auxiliando na memória de

regras escolares e conteúdo acadêmico (FUHS, FARRAN, NESBITT, 2015).

Apesar da importância das funções executivas, ainda há poucos instrumentos

disponíveis no Brasil com normas para avaliação de crianças. Diante desse fato e da

necessidade de compreender melhor as funções executivas na infância, especialmente as

diferenças relacionadas às séries e as relações com desempenho acadêmico, o presente projeto

tem o objetivo de investigar diferenças nas funções executivas ao longo dos anos escolares e

sua relação com o desempenho acadêmico em crianças do 1º ao 5º ano do Ensino

Fundamental. Especificamente, pretende investigar as funções executivas verificando

possíveis aumentos com a progressão de série em crianças de 1º a 5º ano; bem como

investigar se as funções executivas estão relacionadas com as notas escolares das crianças.

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FUNÇÕES EXECUTIVAS – CONCEITO

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2 FUNÇÕES EXECUTIVAS – CONCEITO

Quando as pessoas elaboram ações de longo prazo e planejam algo para chegar a um

determinado objetivo, usam uma habilidade chamada na neuropsicologia de funções

executivas. As funções executivas são habilidades relacionadas à capacidade de pensar para

executar um objetivo; formular, direcionar um raciocínio; tomar decisões; monitorar-se e

autocorrigir-se de modo voluntário (ROCCA, BOARATI, FU-I, 2014). Esse construto,

também conhecido como controle cognitivo (DIAMOND, 2013; JACOB, PARKINSON,

2015), abarca um conjunto de habilidades cognitivas interligadas, responsável pelo

comportamento do indivíduo direcionado a um propósito, calculando a eficiência da conduta,

ignorando estratégias desnecessárias, com favorecimento das necessárias, assim, solucionando

problemas atuais, de médio e longo prazo (MALLOY-DINIZ; DE PAULA; FUENTES;

SEDÓ, LEITE, 2014).

Para Diamond (2013), Jacob e Parkinson (2015) e Wenzel e Gunnar (2013), são

processos mentais essenciais para focalizar a atenção, o comportamento, armazenar e

manipular informações quando necessário para chegar a um determinado objetivo. Segundo

Morton (2013), o funcionamento executivo envolve habilidades cognitivas indispensáveis

para controlar e regular nossos pensamentos, emoções e ações.

Os autores Zelazo e Müller (2011) explicam que as funções executivas se

desenvolvem durante toda a vida, porém os primeiros anos escolares são considerados

períodos sensíveis para o desenvolvimento das funções executivas, principalmente entre os 2

e 5 anos de idades. Mas o maior desenvolvimento parece ser entre os seis e oito anos de idade

(FUENTES, MALLOY-DINIZ, CAMARGO, COSENZA, 2008). O desenvolvimento das

funções executivas e, paralelamente, o desenvolvimento neurológico envolvem a interação do

indivíduo com seu meio, o que promove que as redes neuronais sejam moldadas, fomentando

o funcionamento executivo (BARROS; HAZIN, 2013). Portanto, o amadurecimento neuronal

e a interação com o meio contribuem para o enriquecimento das conexões neuronais que

embasam o funcionamento executivo (YATES, SOUZA, BORGES, TRENTINI, 2014).

Segundo o modelo fatorial (MIYAKE et al., 2000), há três principais componentes

que servem de base para as funções executivas. Em revisão de Diamond (2013), parcialmente

baseada na proposta de Miyake et al (2000), Lehto et al (2003) e Magrabi (2010), os três

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componentes principais das funções executivas são: Controle Inibitório, Memória de Trabalho

e Flexibilidade Cognitiva. A seguir, na Figura 1, segue o modelo dos componentes principais

elaborado por Diamond (2013):

Figura 1. Funções Executivas Principais e de Ordem Superior (modelo de DIAMOND, 2013;

traduzido por León, 2015)

Conforme a Figura 1, os três componentes principais servem de alicerce para outras

habilidades das funções executivas de ordem superior, como planejamento, raciocínio e

resolução de problemas. Também segundo Blair (2002), o planejamento e o raciocínio estão

interligados com as funções executivas e se correlacionam com os desempenhos acadêmicos

dos discentes, contribuindo para bons resultados escolares. Para Diamond (2006), quando

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uma pessoa se depara com situações carecedoras de concentração, planejamento e resolução

de problemas, evocam-se habilidades das funções executivas.

Cabe destacar que, na literatura, são abordados outros construtos das funções

executivas, como tomada de decisão, fluência e categorização (MALLOY-DINIZ et al, 2014),

porém o presente trabalho utilizará o modelo fatorial descrito por Diamond (2013). Em

seguida, são descritos mais detalhadamente os principais componentes das funções

executivas, iniciando-se pela memória de trabalho, na sequência, controle inibitório e, por

fim, flexibilidade cognitiva.

2.1 MEMÓRIA DE TRABALHO

A memória de trabalho tem sido estudada há algumas décadas na psicologia cognitiva.

Morton (2013) compreende a memória de trabalho como a capacidade de manter as ideias em

mente, em que pode ser manipuladas, sendo necessária para realizar atividades cognitivas,

como: estabelecer relação entre dois assuntos, fazer cálculos mentais e estabelecer prioridades

quando há vários trabalhos. Jacob e Parkinson (2015) descrevem que esse construto relaciona-

se com o comportamento sequencial, retendo as informações e manipulando a tarefa na

memória.

Baddeley (1986) definiu a memória de trabalho como a habilidade de reter as

informações em mente, durante a elaboração de um trabalho cognitivo. Portanto, esse

construto desempenha um papel importante na cognição em tarefas do cotidiano, como, por

exemplo, o cálculo mental, sendo que a memória de trabalho resulta em muitas etapas que

necessitam ser retidas em mente temporariamente para alcançar o seu objetivo com sucesso.

Também segundo Diamond (2013) diversas tarefas requerem a memória de trabalho, como,

por exemplo: mentalizar itens de uma lista de tarefas, fazer associações incorporando novas

informações aos pensamentos, considerando alternativas e mentalmente relacionando essas

informações para chegar ao principal objetivo.

Faria e Júnior (2013) enfatizam que a memória de trabalho permite a compreensão do

que está sendo armazenado no sistema cognitivo. Por exemplo, a leitura de um artigo ou livro;

sendo que é necessário reter e processar as informações recentes, enquanto o conhecimento é

codificado e integrado. Nesse caso, a memória de trabalho permite a junção das informações

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atuais com as informações resgatadas da memória de longo prazo, a fim de facilitar o

agrupamento dessas informações com o conteúdo (CAIN, BRYANT e OAKHILL, 2004).

Em 1974, Baddeley e Hitch criaram um modelo para a memória de trabalho ou

operacional, composto por três componentes que são central executivo e os dois auxiliares, a

prancha visuoespacial e a alça fonológico, como descrita na Figura 2.

Figura 2. Modelo de Memória de Trabalho com três componentes desenvolvido por (Baddeley e

Hitch 1974)

O central executivo agrega informações não só da alça fonológica e da prancha

visuoespacial, como também da memória de longa duração. Ele desempenha um papel

semelhante ao de um supervisor que averigua quais informações e assuntos são merecedores

de cuidados e quais não são possibilitando resolver problemas tem, portanto, armazenagem

limitada (SANTROCK, 2010).

A prancha visuoespacial retém informações visuais e espaciais, como seu próprio

nome diz, agregando também imagens mentais. Ela é limitada ou reduzida, como a alça

fonológica. Ambas são independentes entre si: por exemplo, enquanto a prancha visuoespacial

relaciona-se à organização espacial de um conjunto de letras, a alça fonológica refere-se ao

ensaio dos números na memória (SANTROCK, 2010).

A alça fonológica é importante para a retenção de informações breves ligadas à fala e

aos sons da linguagem, indispensável, por exemplo, para a aquisição da língua nativa

(SANTROCK, 2010).

Depois de décadas de estudo, Baddeley (2000) conceituou um quarto componente para

o modelo, designado Buffer Episódico (Figura 3).

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Figura 3. Modelo de Memória de Trabalho (Baddeley, 2000), com o quarto componente Buffer

Episódico (Episodic buffer).

Segundo Baddeley, Allen e Hitch (2011), o buffer episódico é um sistema temporário

multidimensional que faz conexão com os subsistemas da memória de trabalho, memória de

longo prazo e o executivo central. O buffer proporciona um armazenamento temporário, capaz

de integrar dados de diferentes fontes, compondo-os em códigos multidimensionais, podendo

compartilhar informações de percepção e memória de longo prazo (BADDELEY, 2012). O

buffer tem a capacidade limitada pela quantidade de episódios que ele pode armazenar

(HUTTER, ALLEN, WOOD, 2016).

Analisa-se, doravante, o segundo componente das funções executivas: o controle

inibitório.

2.2 CONTROLE INIBITÓRIO

Segundo Diamond (2013), o controle inibitório é um dos componentes das funções

executivas que se refere ao controle da atenção, comportamento e pensamentos, de modo a

inibir uma forte predisposição interna ou estimulo externo, executando o que é relevante ou

adequado para determinado momento. O controle inibitório é relevante para se alterar ou

escolher a melhor forma de se comportar; em contrapartida, a sua falta resultaria em

comportamentos impulsivos, ocasionados, muitas vezes, por estímulos ambientais.

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Portanto, o controle inibitório é demandado quando é necessário administrar e

selecionar pensamentos e impulsos para impedir as distrações ou hábitos, parar para pensar,

antes de executar. Esse componente inibe condutas imponderadas. Além disso, também é

utilizado quando há necessidade de inibir os distratores impeditivos de concentração em

tarefas importantes (CENTER ON THE DEVELOPING CHILD AT HARVARD

UNIVERSITY, 2011).

Conforme o documento publicado pelo Center on the Developing Child at Harvard

University (2011), essa habilidade está relacionada com o controle da fala (deixar de dizer

algo inadequado) e das emoções (em ocasiões de raiva ou agitação, por exemplo). Os autores

abordam que as crianças já utilizam esse componente quando são indagadas pela professora e

esperam sua vez para dar a resposta. Desta forma, essa habilidade é enfatizada em

brincadeiras escolares, como, por exemplo: o mestre mandou, estátua, e principalmente para

ignorar os estímulos distratores e focalizar na tarefa escolar.

Acrescenta Diamond (2013) que o controle inibitório é composto por dois

subcomponentes: Controle de interferência (atenção seletiva e inibição cognitiva) e

Autocontrole (inibição comportamental). Para a autora o controle de interferência nos permite

ao indivíduo ser seletivo diante de outros estímulos, sendo que precisa da atenção seletiva

para inibir os distratores. A inibição cognitiva envolve a capacidade de inibir pensamentos

indesejados ou memórias estranhas e pode-se relacionar com medidas do componente

memória de trabalho, ou seja, para ter um controle inibitório diante do ambiente, necessitamos

ter essa outra habilidade das funções executivas. Continua a autora que o próximo

subcomponente o autocontrole envolve o controle de comportamentos e emoções, de modo, a

recusar as tentações e não ser impulsivo.

Para Mischel, Shoda, Rodriguez, (1989), Ayduk (2007) e Verhagen, Mulder,

Leseman, (2015), o adiamento de uma gratificação também corresponde ao ato de

autocontrolar-se, ou seja, abdicar do agora, para ganhar uma recompensa no futuro. Nesse

ponto, com acréscimo de ensinamentos de Diamond (2013), é necessário ter disciplina, para

terminar o que se começou, postergando a recompensa. Nesse sentido, pode-se citar, como

exemplo, abdicar de um fim de semana ou de uma viagem, para realização de um trabalho

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escolar ou de um estudo para um concurso. Em tais casos, realizou-se o autocontrole, inibindo

seu impulso e postergando a recompensa.

E, em seguida, estuda-se o terceiro e último componente das funções executivas, a

flexibilidade cognitiva.

2.3 FLEXIBILIDADE COGNITIVA OU MENTAL

A flexibilidade cognitiva (WELSH, PENNINGTON, GROISSER, 1991) é o terceiro

componente do modelo fatorial das funções executivas descrita por Diamond (2013). Essa

habilidade refere-se à capacidade de mudança, alternância de trabalho e flexibilidade mental

diante do ambiente. Para Magrabi (2010), a flexibilidade cognitiva é a capacidade de mudança

entre uma tarefa e outra ou entre diferentes formas de solução de problemas, envolvendo

diferentes respostas aos mesmos estímulos. Como, por exemplo: nos países em que o volante

do veículo fica no lado direito, um indivíduo acostumado ao outro tipo de veículo terá

necessidade de adaptação segundo as regras de trânsito local, utilizando sua flexibilidade.

Essa habilidade, na compreensão de Diamond (2013), envolve a capacidade de alterar

perspectivas cognitivas ou interpessoais, por exemplo, olhar algo a partir de outra perspectiva

ou ponto de vista. Para mudar perspectivas, é necessária a capacidade de inibir, ou desativar, o

pensamento automático e ativar uma perspectiva diferente. Portanto, para a autora, é nesse

sentido que a flexibilidade cognitiva atua, baseando-se nos outros dois componentes, memória

de trabalho e controle inibitório. A flexibilidade cognitiva é essencial para alteração de um

pensamento ou raciocínio (solução de um problema de matemática ou de trânsito). Segundo

Diamond (2013), quando um aluno não entende um conceito, o professor pode ser flexível e

olhar de uma perspectiva diferente, podendo ensinar o conteúdo com diferentes materiais

pedagógicos, de modo que o docente possa lecionar e o discente aprender a partir da sua

flexibilização. Para Morton (2013), a flexibilidade cognitiva auxilia as crianças a empregar

sua imaginação para resolver problemas, isto é, buscar alternativas para isso, de modo que

essas habilidades das funções executivas são cruciais ao desenvolvimento.

Na sequência, aborda-se o desenvolvimento das funções executivas com a progressão

escolar e a idade.

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DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS COM A PROGRESSÃO

ESCOLAR E A IDADE

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3 DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS COM A PROGRESSÃO

ESCOLAR E A IDADE

Alguns estudos cognitivos observaram o desenvolvimento das funções executivas com

progressão escolar e a idade. No estudo de Pureza (2011) teve como objetivo investigar o

desenvolvimento das funções executivas na segunda infância em estudantes de 8 a 12 anos de

escolas públicas. O trabalho foi subdividido em dois estudos: o primeiro verificou o fator de

idade em tarefas que avaliam as funções executivas em 90 crianças em três grupos (6-7, 8-10

e 11-12 anos de idade); e o segundo buscou identificar possíveis correlações entre as funções

executivas em 59 estudantes de 8 a 12 anos. No 1º estudo os resultados evidenciaram que o

fator idade diferenciou dos testes, nas faixas de idade de 6 e 7; 11 e 12 anos. Já no 2º estudo

revelou correlações significativas (positivas e negativas) entre as habilidades das funções

executivas como: controle inibitório e flexibilidade cognitiva. Os resultados indicaram

desenvolvimento das habilidades das funções executivas na segunda infância.

Elage (2016) observou em seu estudo que as funções executivas, a saber, memória de

trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva, obtiveram em geral aumento

significativo nos escores conforme a progressão de idade dos 4 a 10 anos. Houve evolução

contínua na média de acordo com o avanço escolar nos testes de flexibilidade cognitiva e

memória de trabalho, mostrando picos de evolução na flexibilidade cognitiva na idade de 8 a

10 anos, e também houve aumento nos escores de acordo com o avanço da idade para controle

inibitório.

Pereira, Seabra, Dias, Trevisan e Prado (2011) analisaram o efeito de idade e série em

crianças de 4 a 6 anos. No geral, houve aumento das médias conforme aumento da

escolaridade e idade. Dias, Capovilla, Trevisan, Montiel (2008) também notaram aumento

progressivo no desempenho do Teste atenção por Cancelamento em discentes da 1ª a 4ª série

do ensino fundamental. Assim, há evidências de que as funções executivas tendem a aumentar

com a progressão escolar e de idade.

A próxima seção abordará a relação das funções executivas com o desempenho

acadêmico.

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RELAÇÕES DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS COM O DESEMPENHO ACADÊMICO

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4 RELAÇÕES DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS COM O DESEMPENHO

ACADÊMICO

As diferenças nas funções executivas prognosticam vários desfechos ao longo da vida,

incluindo resultados no desenvolvimento do desempenho escolar, saúde e ajustamento social

(MORTON, 2013). Assim, é importante ressaltar que déficits nas funções executivas estão

relacionados a diversos transtornos mentais e doenças neuropsiquiátricas, como Transtorno de

déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), Transtorno do espectro autista e Transtorno

obsessivo-compulsivo (TOC) (Malloy-Diniz et al; 2014). Em seu livro Malloy-Diniz et al

(2014) citam a explicação de Johnson (2012), o qual aborda o papel das funções executivas

em transtornos infantis. Os autores salientam que as disfunções executivas não são fator

necessário ao aparecimento de transtornos do neurodesenvolvimento, como TDAH e

Transtorno do Espectro Autista, porém a disfunção executiva alavancaria o risco ao

surgimento do transtorno e o aumento de sua gravidade. Além da relação com transtornos

psiquiátricos e do neurodesenvolvimento, as funções executivas estão também relacionadas ao

desempenho acadêmico, como será abordado a seguir.

Para Diamond (2013), as funções executivas são habilidades relevantes para o

desenvolvimento da saúde física e mental, sucesso na escola e na vida, para o

desenvolvimento cognitivo, social e mental. Essas habilidades desenvolvem-se durante os

anos escolares (GARON, BRYSON & SMITH, 2008), promovendo a interação verbal

permitindo ao aluno contestar seus próprios impulsos ou condutas automáticas em função de

planejamentos pensados e ajustados em um ciclo de situações do dia a dia, como no trabalho,

na resolução de problemas ou no desempenho acadêmico (DIAMOND et al., 2002).

Tais habilidades desempenham papel imprescindível na aprendizagem escolar, sendo

fundamental na organização de ideias, na produção estrutural de um texto (CARVALHO,

2015), nos domínios de leitura, escrita e raciocínio (Simão, Lima, Natalin, Ciasca, 2010).

Portanto, as habilidades executivas são primordiais no contexto escolar, para realizar um

trabalho escolar, para relembrar como que se faz a lição de casa, para ter flexibilidade. Ou

seja, em diferentes atividades escolares são usadas as habilidades do controle executivo, para

reter e evocar informações, para inibir respostas que o ambiente impõe. Assim, os

componentes das funções executivas norteiam os discentes em todo o âmbito acadêmico,

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auxiliando na atenção, na memorização de regras, nas disciplinas escolares e no extenso

processo de alfabetização, por exemplo (ENGEL DE ABREU et al, 2015) .

Para Blair (2002), as habilidades das funções executivas progridem aceleradamente

durante o período pré-escolar, sendo o alimento para a aptidão cognitiva e comportamental na

vida escolar. De fato, as crianças, em fase de alfabetização necessitam de concentração em

letras específicas, de aplicação de regras para transformá-las em som, a fim de ser resgatado

da memória. A leitura é uma atividade mental e para ser executada com sucesso necessita-se

de um sistema de comando interno, sendo importante o papel das funções executivas para esse

processo de aprendizagem da leitura e da escrita (ENGEL DE ABREU et al, 2015).

Salientam Engel de Abreu et al (2015) que as funções executivas são primordiais para

o sucesso na escola e na vida, sendo um dos melhores preditores acadêmicos e

desempenhando um papel importante sobre os resultados dos discentes na instituição escolar.

Importante abordar que os discentes com déficits nas funções executivas podem apresentar

maior dificuldade no aprendizado, para concentrar-se ou até para seguir as regras postas pelo

docente. Desta forma, é evidente que as funções executivas exercem importante papel na

aprendizagem e facilitam o desenvolvimento cognitivo da criança.

Seabra et al. (2014) evidenciam a relevância de investigar as funções executivas em

discentes, e também reconhecer seus déficits. Para Jacob e Parkinson (2015), durante os

últimos dez anos tem havido um olhar diferenciado acerca das funções executivas e da

importância de intervenções escolares que as aprimoram.

O desempenho escolar, que está relacionado com as funções executivas, está atrelado

às disciplinas escolares e pode ser expresso por meio das notas escolares. Estas podem ser

expressas por conceitos numéricos ou letras, sendo que não somente os desempenhos em

provas contribuem para a nota final do discente, mas também outras variáveis como aspectos

comportamentais e tarefas do cotidiano escolar. Para Fagundes, Luce, Rodrigues Espinar

(2014) a melhor forma de avaliar a aprendizagem é através de notas, sendo o responsável por

registrar o rendimento acadêmico que está relacionado com o potencial do discente e sua

aprendizagem. As diretrizes curriculares no Brasil estão embasadas num referencial intitulado

PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais).

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Segundo Brasil (1997), PCNs são compostos por um referencial de qualidade para a

educação do ensino fundamental em todo o país. Seu objetivo é informar e resguardar a

conformidade das aplicações no sistema educacional, provendo discussões e também

norteando os profissionais da educação brasileira. Os PCNs contêm um norteador de

propostas curriculares que estão organizadas em disciplinas escolares e/ou áreas, tais como:

português, matemática, ciências, história, geografia, artes, educação física. Portanto, para

apresente pesquisa serão abordadas as áreas do conhecimento: língua portuguesa, matemática,

ciências naturais, história e geografia, de modo a correlacionar os desempenhos nessas

matérias com as funções executivas.

Mencionam-se, a seguir, evidências científicas preponderantes que corroboram a

relação das habilidades das funções executivas com o desempenho acadêmico em crianças em

fase escolar.

Capovilla e Dias (2008) investigaram as habilidades atencionais dos discentes e sua

relação com o rendimento escolar em 407 estudantes da 1ª a 4ª série do ensino fundamental,

com idades entre 6 e 15 anos, de ambos os sexos, de uma escola pública do interior de São

Paulo. Os alunos foram avaliados coletivamente com o Teste de Atenção por Cancelamento

(TAC) e o Teste de Trilhas - partes A e B (TT), que avalia a flexibilidade cognitiva. Para

avaliar o desempenho escolar foram usadas as médias escolares das disciplinas de português,

matemáticas, ciências, história e geografia. Os resultados revelaram aumento nos escores

entre 2ª e 4ª série para o teste de TAC total; houve também aumento nas médias nos escores

da 1ª à 3ª série para o teste TT parte A; porém na parte B o teste discriminou só a 4ª serie em

relação às demais. Os resultados demonstraram correlação significante entre os testes

atencionais e o rendimento escolar.

Estupiñan, Barreto, Pulido (2016) investigaram a relação das funções executivas com

o desempenho acadêmico em 139 estudantes de 6 a 12 anos, especificamente 65 meninos e 74

meninas, da 1ª à 7ª série. Os instrumentos utilizados foram o ENFEN (que avalia as funções

executivas: planejamento, fluidez, inibição) e as médias das disciplinas: matemática,

geoestatística, inglês, ciências sociais e espanhol do primeiro semestre de 2015. Foi calculado

o Rho de Spearman para correlacionar os dois instrumentos. Houve correlação entre as

funções executivas e o desempenho acadêmico em cada idade. Entre as idades de 6 e 9 anos

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houve correlação forte e significativa das medidas de atenção seletiva, memória de trabalho,

memoria semântica, linguagem expressiva, planejamento e flexibilidade mental com todas as

matérias. Para a idade de 10 anos houve correlação do teste de inibição com idioma

estrangeiro. Obteve correlação moderada, nas idades de 7, 8 e 12, entre as disciplinas e os

processos atencionais, memória, planejamento e inibição. Tal estudo mostrou a relação

importante entre as funções executivas e o desenvolvimento da aprendizagem de acordo com

a progressão de série.

Cantin, Gnaedinger, Gallaway, Hesson-McInnis, Hund (2016) tiveram como intuito

estudar se as funções executivas (memória de trabalho, inibição, flexibilidade) predizem

leitura, matemática e teoria da mente. Participaram deste estudo 93 crianças (45 meninos e 48

meninas) de 7 a 10 anos de idade. Foram usados os testes: para memória de trabalho: Digit

Span da Escala de Inteligência Wechsler para Crianças - Quarta Edição (WISC-IV, Wechsler,

2003); para inibição: a Tarefa de Stroop de Palavra de Cores; para flexibilidade cognitiva:

Tarefa modificada do DCCS (Dimensional Change Card Sorting); para compreensão de

leitura foi o teste Wechsler Individual Achievement Test - Third Edition (WIAT-III,

Wechsler, 2009); para o desempenho de matemática foram selecionados os três testes do

WIAT-III (Wechsler, 2009) que avaliam o desempenho em matemática (a resolução de

problemas matemáticos, operações numéricas e a fluência matemática); para avaliar o

raciocínio foi utilizado o teste Matriz de Raciocínio do WISC-IV (Wechsler, 2003); para

avaliar a teoria da mente foi medida a compreensão social dos participantes que ouviram sete

vinhetas (fingir, mentira branca, piada, ironia, figura de discurso, mentira e blefe duplo) e uma

oitava vinheta (história controle) (Bock et al., 2015, adaptado de Strange Stories, Happé,

1994). Foram conduzidas path analysis para verificar se os componentes de funções

executivas podem mediar as diferenças de idade nos desempenhos em leitura, matemática e

teoria da mente. Os resultados revelaram que os três componentes das funções executivas

(memória de trabalho, inibição e flexibilidade) mediaram o efeito da idade sobre a

compreensão de leitura, enquanto a idade explicou diretamente matemática e teoria da mente.

Leitura mediou à influência das funções executivas sobre matemática e teoria da mente,

exceto no caso da flexibilidade, que predisse matemática de forma direta. Essas descobertas

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evidenciaram detalhes importantes sobre as relações entre funções executivas e o desempenho

acadêmico.

León, Rodrigues, Seabra e Dias (2013) investigaram a relação das funções executivas

com o desempenho acadêmico de 40 crianças do 1º ao 3º ano do ensino fundamental, com

idades entre 6 a 9 de uma escola pública de São Paulo. O instrumento para funções executivas

foi o IFERI (Inventário de Funcionamento Executivo e Regulação Infantil), que avalia a

memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva, aversão à demora e

regulação. Para o desempenho acadêmico foi utilizada a média total das notas bimestrais do

ano letivo de 2012. Houve diferentes correlações entre as subescalas do IFERI e desempenho

acadêmico nos anos escolares (a saber, matemática e português para 1º e 2º ano; história,

geografia e ciências para o 3º ano), sendo que os alunos descritos com mais habilidades

executivas tenderam a apresentar melhor rendimento escolar. As subescalas de controle

inibitório, flexibilidade cognitiva, aversão à demora e regulação preenchidas pelos

responsáveis (pais) não se relacionaram com o desempenho acadêmico dos discentes, apenas

houve correlação com a subescala de memória de trabalho com o rendimento escolar. Em

relação aos resultados das subescalas dos professores, o controle inibitório, memória de

trabalho, flexibilidade cognitiva, regulação apresentaram correlação com as médias

bimestrais.

Purpura, Schmitt e Ganley (2017) investigaram as três habilidades das funções

executivas (controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva) e o

desempenho acadêmico (matemática e alfabetização) de alunos em idade pré-escolar. A

amostra foi coletada em 12 escolas particulares, com 125 crianças entre 3 a 5 anos de idade.

Os instrumentos para matemática foram doze tarefas de aritmética (Purpura & Lonigan,

2015), que avaliam as construções individuais de matemática a partir dos diferentes aspectos

do conhecimento matemático (identificação numérica, cardinalidade, ordem dos números,

adição formal, entre outros) e, para alfabetização, o teste de alfabetização precoce para pré-

escolar TOPEL (Lonigan, Wagner, Torgesen, & Rashotte, 2007). Para avaliar as três

habilidades das funções executivas foi o teste do Stroop modificado (Archibald & Kerns,

1999) que avalia o controle inibitório, para memória de trabalho verbal foi utilizada a tarefa

computadorizada da AWMA Working Memory Assessment (Alloway, 2007), e para medir a

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flexibilidade cognitiva foi administrada uma tarefa de classificação de cartões com base na

DCCS - Classificação de Cartão de Troca Tridimensional (Deak, 2003, McClelland et al.,

2014, Zelazo, 2006, Zelazo et al., 2013). Os resultados apontaram que as funções executivas

estão relacionadas com as matérias específicas de matemática e alfabetização. Os três

componentes de funções executivas relacionaram-se com matemática. Além disso, o controle

inibitório e a flexibilidade cognitiva relacionaram-se com a alfabetização, e a memória de

trabalho com consciência fonológica. As funções executivas não se relacionaram com

vocabulário. Esse estudo evidenciou uma melhor compreensão da relação das habilidades das

funções executivas com o rendimento acadêmico.

Fonseca, Lima, Ims, Coelho e Ciasca (2015) investigaram evidências de validade de

instrumentos que avaliam a atenção sustentada visual e as habilidades das funções executivas

(controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva) e a progressão de série, em

151 estudantes do 2º ao 5º ano de ambos os sexos, de 7 a 11 anos, de escolas particular e

pública. O estudo evidenciou diferenças com o nível escolar nos testes TC-FG (Teste de

Cancelamento - Figuras Geométricas) e TC-LF (Teste de Cancelamento - Letras em Fileira).

Houve diminuição do tempo e erro por omissão com o crescimento dos anos escolares; houve

diminuição do tempo com a progressão escolar para os testes TC-FG, TC-LF, TMT parte A e

B (Teste das Trilhas). Houve aumento de erros nos escores do Teste das Trilhas parte B para

os discentes do 3º ano comparado com o 2º ano. No teste SWCT (Teste Stroop), o tempo e a

omissão também diminuíram com o avanço dos anos escolares e houve um pequeno aumento

nos escores do 3° ano, quando comparado com o 2° ano, e do 5° comparado com 4° ano, mas

não foram diferenças significativas. Explicam os autores que houve diferenças importantes

nas funções executivas com a progressão dos anos escolares de 2º ao 5º ano. Houve também

correlações significativas entre os instrumentos, com magnitude que oscilavam entre baixas e

moderadas. Foram encontradas correlações negativas significativas entre tempo dos testes

(TC, TMT-B, SCWT) e desenvolvimento em escrita, aritmética e leitura. Tais achados

sugerem associação entre o desempenho atencional, no que tange ao tempo de execução, e o

desempenho escolar. Também foram encontradas correlações significantes e positivas dos

testes FAS e o TDE, bem como entre as médias do teste ToL e subtestes de Aritmética e

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Leitura. Assim, os resultados revelaram relação entre funções executivas e o desempenho em

escrita, aritmética e leitura.

Nouwens, Groen, Verhoeven (2016) investigaram relações entre funções executivas e

compreensão de leitura em holandeses. Participaram 123 crianças do quinto ano de quatro

escolas da Holanda. Os instrumentos foram: para compreensão de leitura o teste Diatekst;

para capacidade cognitiva não verbal foi o teste de Matrizes Progressivas Coloridas de Raven;

para avaliar o reconhecimento de palavras o teste Eén-Minuut-Test; para avaliar o vocabulário

receptivo o teste Peabody Picture Vocabulary Test. A memória de trabalho foi avaliada com

uma tradução holandesa da Tarefa de processamento de linguagem (tarefa de audição) de

Gaulin e Campbell (1994), sendo que a tarefa é uma adaptação do intervalo de audição de

Daneman & Carpenter (1980). A memória verbal de curto prazo (armazenamento) foi

avaliada por Wechsler Intelligence Scale for Children-III; a inibição foi medida pelo teste

Color-Word Interference Test; a flexibilidade cognitiva foi avaliada com o teste Trail-

Making; e o planejamento foi medido com a tarefa das torres. Os resultados revelaram que o

reconhecimento de palavras, o vocabulário, a flexibilidade cognitiva e a tarefa de audição

(memória de trabalho) relacionaram-se com a compreensão de leitura em alunos da 5ª série,

por fim, esses dados indicaram que a memória de trabalho (avaliada pela tarefa de escuta)

envolve o armazenamento, controle inibitório e flexibilidade cognitiva, o que contribui no

desenvolvimento da compreensão da leitura de crianças holandesas.

Giangiacomo e Navas (2008) investigaram a memória verbal e não-verbal e o

vocabulário expressivo na compreensão de leitura em 15 estudantes da 4ª série do ensino

fundamental de uma escola particular do interior do Estado de São Paulo. Os instrumentos de

leitura foram: Teste de Desempenho Escolar (TDE) e Teste de Linguagem infantil ABFW. A

compreensão de leitura foi avaliada a partir da leitura e da resposta às questões de dois textos.

Para memória operacional foram avaliadas memória sequencial auditiva de palavras e

pseudopalavras; memória sequencial não verbal com apoio visual, e Teste de Repetição de

Pseudopalavras. Os resultados evidenciaram correlação estatisticamente significante do

conhecimento de vocabulário expressivo e da memória operacional verbal com o desempenho

em compreensão. Conclui-se que, quanto melhor o vocabulário expressivo, melhor será a

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compreensão de leitura, sendo que a memória operacional verbal também contribuiu para a

compreensão de leitura dos discentes.

Röthlisberger, Neuenschwander, Cimeli e Roebers (2013) estudaram as funções

executivas e sua relação com o desempenho acadêmico por meio de um estudo longitudinal.

Participaram do estudo 323 discentes do ensino regular, sendo 160 crianças da pré-escola

(idade média de 69 meses) e 163 discentes do fundamental com (78,4 meses) na primeira

avaliação. Avanços nos desempenhos em funções executivas com a progressão escolar foram

encontrados em ambos os grupos, porém, foram maiores em fase pré-escolar do que na idade

escolar. Ou seja, as funções executivas continuam se desenvolvendo durante a pré-escola e a

idade escolar. As funções executivas testadas na pré-escola predisseram a variabilidade em

matemática, leitura e escrita (ortografia), enfatizando que o baixo desenvolvimento em

funções executivas foi associado a baixo desempenho acadêmico nos primeiros anos

escolares. Portanto, a escassez dessas habilidades executivas está correlacionada ao baixo

desempenho acadêmico, sendo, portanto, um forte indicador de risco para déficits

acadêmicos.

Em outro estudo Lan, Legare, Ponitz, Li, Morrison (2011) avaliaram 119 pré-escolares

chineses (de 4 e 5 anos) de duas escolas públicas urbanas em Pequim, e 139 americanos (de 4

e 5 anos) de duas pré-escolas do Centro Oeste Americano com instrumentos das funções

executivas (inibição, memória de trabalho e controle de atenção) e o desempenho acadêmico

(leitura e matemática) em ambas as culturas. Conforme os resultados, o desempenho em

memória de trabalho foi semelhante tanto para chineses como para americanos, porém, os

estudantes chineses ultrapassaram as crianças americanas em inibição e controle atencional.

Houve correlação entre as habilidades das funções executivas e o desempenho acadêmico,

sendo a mesma similar em ambos os países. Nas análises das relações preditivas, observou-se

que a memória de trabalho foi preditora significativa do desempenho acadêmico. Já o

desempenho nas tarefas de inibição predisse contagem, mas não cálculos. Finalmente,

controle atencional predisse o desempenho acadêmico na maioria das medidas e foi o melhor

preditor de leitura em ambos os países. Tais resultados corroboram a importância das funções

executivas para o desempenho acadêmico.

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No estudo de Best, Miller, Naglieri (2011), foram avaliadas as relações entre as

funções executivas e o desempenho acadêmico em crianças entre 5 a 17 anos com os

instrumentos do teste de Woodcock-Johnson – Revisado. Os autores encontraram correlações

entre as funções executivas complexas (planejamento, atenção) e o desempenho acadêmico

(leitura e matemática), as quais variaram ao longo das faixas etárias. As relações foram

semelhantes para leitura e para matemática, sugerindo que as funções executivas têm um

papel genérico sobre o desempenho acadêmico.

Já os autores Monette, Bigras, Guay (2011) obtiveram resultados um pouco distintos.

Eles estudaram as funções executivas e o rendimento escolar. As habilidades testadas das

funções executivas foram: controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho.

Participaram do estudo 85 estudantes, sendo 39 meninos e 46 meninas de 5 a 6 anos de idade.

Os dados revelaram que o desempenho acadêmico (matemática, leitura e escrita) ao final da 1ª

série encontra-se relacionado com algumas funções executivas na pré-escola. Os resultados

revelaram que os componentes memória de trabalho e controle inibitório foram preditivos

para as habilidades acadêmicas de leitura e matemática, porém para flexibilidade cognitiva

não foram achadas relações significativas com desempenho acadêmico.

Observando os estudos apresentados fica patente a relação entre as funções executivas

e o desempenho acadêmico em idade escolar. Os componentes executivos figuraram como

fator preditivo de habilidades específicas de aritmética e leitura / escrita, habilidades mais

estudadas pelos investigadores. Porém, as análises ainda precisam ser detalhadas,

especialmente em termos dos componentes das funções executivas. Desta forma, é

fundamental identificar déficits nessa área e atuar de forma a minimizá-los. Por esse motivo,

torna-se essencial pensar em instrumentos de avaliação das funções executivas, como

discutido na seção seguinte.

Nota-se que os estudos têm evidenciado maiores relações entre as funções executivas

com todas as disciplinas do desempenho acadêmico, porém enfatiza-se que as habilidades de

memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva têm relações mais

consistentes com o rendimento acadêmico de português e matemática, variando entre os anos

escolares do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.

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AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS NO BRASIL

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5 AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS NO BRASIL

No contexto nacional, existem publicações sobre funções executivas, porém, os

instrumentos de avaliação adequados para cada faixa etária ainda são escassos (CARREIRO,

DIAS, MALLOY-DINIZ, TREVISAN, MINERVINO, ROAZZI, SEABRA, 2014). Segundo

Freitas e Seabra (2014), no contexto nacional, há uma escassez de instrumentos para a

avaliação de funções executivas em crianças e adolescentes, principalmente de testes

normatizados para esse contexto.

Como destacam Carreiro et al (2014), há um desenvolvimento importante de

avaliações específicas em funções executivas com adaptação e validação para o contexto

nacional, sendo testes ou escalas. Os autores especificam alguns instrumentos de funções

executivas para ser aplicados em crianças: Teste de Trilhas (MONTIEL, SEABRA, 2012a)

com dados normativos para crianças de 6 e 14 anos; Teste de Trilhas para Pré-escolares

(TREVISAN e SEABRA, 2012), com dados normativos e validados para crianças de 4 e 6

anos; Teste de Atenção por Cancelamento (MONTIEL; SEABRA, 2012b) com dados

normatizados e validados desde a idade de 5 anos até jovens adultos; Teste de Stroop

Semântico (TREVISAN, 2010) para crianças de 4 a 7 anos de idade; Teste de Classificação

de Cartas de Wisconsin, de Heaton et al. (1993), versão brasileira adaptada por Cunha et al

(2005), normatizado para as idades de 6 anos e 6 meses e 17 anos e 11 meses; Teste da Torre

de Londres (SEABRA, et al 2012) com normas para as idades entre 11 e 14 anos e para

jovens adultos; e Teste de Fluência Verbal FAS computadorizado (Seabra, em preparação),

com dados normativos estarão disponíveis para as idades 6 a 16 anos e jovens adultos

(universitários). Todos os testes acima são validados, padronizados e normatizados para a

população brasileira.

Para a presente dissertação, será aplicado um teste ainda em processo de validação e

normatização no Brasil, o Teste Informatizado para a Avaliação das Funções Executivas

(TAFE), descrito a seguir.

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5.1 TESTE INFORMATIZADO PARA A AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES

EXECUTIVAS (TAFE)

Freitas e Seabra (2014) em sua versão inicial desenvolveram o Teste Informatizado

para Avaliação das Funções Executivas (TAFE) preenchendo uma lacuna de escassez em

instrumentos brasileiros que avaliam separadamente as principais habilidades das funções

executivas com o intuito de avaliar crianças em fase pré-escolar. Trata-se de um instrumento

informatizado elaborado para crianças de 4 a 10 anos de idade desenvolvido para aplicação

em Ipads. O teste fornece o resultado em tarefas de funções executivas, a saber, memória de

trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva, testando separadamente os três

componentes. O teste mostra-se lúdico e também oferece medidas de tempo e escores de cada

habilidade avaliada. Para s autoras O instrumento encontra-se desenvolvido na sua primeira

versão (FREITAS; SEABRA, 2014), contudo, ainda não mensurava dados de validade ou

confiabilidade. O Teste Informatizado para a Avaliação das Funções Executivas (FREITAS;

SEABRA, 2014) encontra-se descrito mais detalhadamente no item 6.2 (instrumentos das

funções executivas).

Portanto em busca por evidências do instrumento Elage (2016) em sua dissertação

objetivou verificar evidências de validade e fidedignidade do TAFE (Teste Informatizado para

Avaliação das Funções Executivas) desenvolvido para aplicação em Ipads que avalia

separadamente as habilidades das funções executivas, a saber, memória de trabalho visual e

verbal (direta e inversa); flexibilidade cognitiva para pré-escolares (4 a 6 anos) e escolares (7

a 10 anos) e controle inibitório. Para a pesquisa participaram 51 crianças de 4 a 10 anos

matriculadas em instituição de ensino particular da cidade de Goiânia. O estudo foi dividido

em duas partes: 1) investigaram as evidências de validade de conteúdo; 2) buscaram

evidências de validade por relação das variáveis internas e externas. Juntamente com o TAFE,

os discentes foram avaliados por meio de testes psicológicos: Bloco de Corsi, Subteste

Dígitos ordem direta e inversa, Teste de Trilhas e Teste de Stroop Semântico. A evidência de

validade por conteúdo foi realizada por juízes profissional da área que foram submetidos a um

questionário. A comissão de juízes concordou com os aspectos: coerência dos constructos,

teste para o público infantil, layout, tela do cadastro, som, as instruções, os treinos, a

interrupção e o registro de pontuação de toda avaliação.

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O estudo evidenciou diferenças estatisticamente significantes com aumento de idade

para as habilidades de memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva.

Houve correlação positiva e significativa entre outros testes de funções executivas e o

informatizado, o que mostra que as atividades do teste informatizado TAFE apresenta

evidência de validade por correlação com outros instrumentos que avaliam o mesmo

construto. Portanto, os resultados indicam adequação psicométrica do instrumento.

Pires (2014) afirma que o país carece de instrumentos que avaliam as funções

executivas. Barros e Hazin (2013) fizerem uma revisão sistêmica nas bases de dados

PsycINFO e PubMed nos últimos cinco anos, notaram 25 artigos sobre funções executivas,

com os instrumentos BRIEF, as escalas Wechsler e tarefas baseadas nos paradigmas Go/No-

Go e Stroop. Foram identificados poucos artigos científicos brasileiros e escassez de testes

validados e normatizados no Brasil, na faixa etária da primeira e segunda infância.

Concluíram que faltam artigos publicados nas bases de dados internacionais carecem os

instrumentos das funções executivas e os testes existentes são adaptados para os adultos e não

para as crianças em idade escolar.

Portanto, devido à importância de avaliar as funções executivas em crianças em fase

escolar, foi desenvolvido o TAFE. Constatou-se que no Brasil não existia nenhum

instrumento que avaliasse essas três habilidades das funções executivas (memória de trabalho,

controle inibitório e flexibilidade cognitiva) juntas, em Ipads. Portanto, o TAFE é um

instrumento original.

Esta pesquisa foi elaborada para investigar a relação das funções executivas com a

progressão das séries escolares e com o desempenho acadêmico, analisando cada um dos

componentes separadamente. Partindo deste objetivo, foi usado o TAFE como instrumento

que permite medir, de forma informatizada, os três componentes das funções executivas,

possibilitando tanto avaliar diferenças nas funções executivas com a progressão escolar,

quanto verificar a relação dessas habilidades com o desempenho acadêmico.

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OBJETIVO

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6 OBJETIVOS

6.1 OBJETIVO GERAL

O presente estudo teve o objetivo de investigar diferenças nos desempenhos nos testes

das funções executivas ao longo dos anos escolares e sua relação com o desempenho

acadêmico em crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.

6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Investigar possíveis aumentos no desempenho nos testes de funções executivas com a

progressão de série escolar em crianças do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental;

Investigar se os desempenhos nos testes de funções executivas estão relacionados com

as notas escolares das crianças.

Espera-se corroborar duas hipóteses específicas:

Que as funções executivas aumentam conforme a progressão escolar;

Correlação entre o desempenho acadêmico com as funções executivas,

especificamente, entre memória de trabalho e português; e controle inibitório,

flexibilidade cognitiva com a disciplina de matemática.

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MÉTODO

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7 MÉTODO

7.1 PARTICIPANTES

Inicialmente, foram enviados 120 termos de consentimento livre e esclarecido aos pais

dos alunos devidamente matriculados em duas escolas particulares do 1º ao 5º ano do ensino

fundamental I da zona norte de São Paulo. Destes, houve 80 retornos autorizando a pesquisa.

Os critérios de exclusão adotados na pesquisa foram apresentar transtornos psiquiátricos,

neurológico ou genético, segundo feito um levantamento junto à direção e aos professores dos

dois colégios. Tais critérios foram adotados a posteriori, sendo que os termos foram enviados

a todos os alunos matriculados nessas séries. Porém, nenhuns dos alunos autorizados a

participar apresentaram tais critérios. Portanto, participaram da pesquisa 80 crianças de 6 a 10

anos de idade. Na Tabela 1, sumariza a caracterização da amostra por idade e sexo, em

seguida, na Tabela 2 por sexo e nível escolar.

Tabela 1. Caracterização da amostra por idade e sexo.

SEXO

IDADE MENINAS MENINOS TOTAL

6 3 10 13

7 5 7 12

8 4 14 18

9 16 6 22

10 10 5 15

TOTAL 38 42 80

Tabela 2. Caracterização da amostra por nível escolar e sexo.

SEXO

NÍVEL ESCOLAR MENINAS MENINOS TOTAL

1º ANO 6 11 17

2º ANO 3 13 16

3º ANO 7 8 15

4º ANO 17 6 23

5º ANO 5 4 9

TOTAL 38 42 80

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7.2 INSTRUMENTOS DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

O instrumento selecionado para avaliar as funções executivas, a saber, memória de

trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva, foi o Teste Informatizado para

Avaliação das Funções Executivas (TAFE), cuja estrutura é apresentada na Figura 4. Abaixo a

descrição mais detalhada do aplicativo.

Figura 4. Estrutura do TAFE e seus componentes

O aplicativo TAFE está sendo desenvolvido para ser disponibilizado na loja virtual

APP Store. Ao baixar, o usuário será direcionado para a tela inicial que irá clicar em

“avançar”, sendo dirigido para a tela que contém as habilidades das funções executivas

(memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e inibição), que poderá escolher o instrumento

desejado. Na Figura 5, à esquerda a tela inicial do TAFE e a direita a tela com as habilidades

das funções executivas.

Figura 5. Tela inicial do TAFE com as habilidades das funções executivas.

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7.3 MEMÓRIA DE TRABALHO

No TAFE, a avaliação de memória de trabalho é estruturada por duas tarefas e quatro

subtarefas. A primeira tarefa é a memória de trabalho visual, dividida em: T - Visual direta e

T-Visual inversa. A próxima tarefa é a memória de trabalho verbal com subtarefas: T - Verbal

direta e T- Verbal inversa. Segue abaixo na Figura 6.

Figura 6. Memória de trabalho com componentes e subcomponentes modelo de (ELAGE,2016)

7.3.1 MEMÓRIA DE TRABALHO VISUAL DIRETA

O subteste de Memória de Trabalho Visual - ordem direta (T-visual direta) (FREITAS

& SEABRA 2014) inicia-se pela fase de treino (Figura 7), para que a criança compreenda o

teste. As instruções são dadas por uma coruja que pede para clicar nas casas por onde a

mesma passou na ordem direta. A primeira tela inicia-se com três casas (Figura 8), depois

cinco, aumentando sua complexidade podendo chegar até a 12ª tela, e assim concluindo o

teste. Caso a criança erre três telas seguidas, o teste será interrompido automaticamente e

finalizado. O teste é pontuado por tela, a cada tarefa executada corretamente recebe-se um

ponto pelo acerto. Durante o teste são registrados os números de acertos, os erros e o tempo

total de execução de cada tela. A pontuação mínima possível é zero e a máxima possível é 12.

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Ao encerrar por interrupção ou por finalização o avaliador será dirigido para o próximo teste

de memória de trabalho de ordem inversa.

Figura 7. Tela de treino com explicação (visual direta)

Figura 8. Tela do teste de memória de trabalho (visual direta)

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7.3.2 MEMÓRIA DE TRABALHO (VISUAL INVERSA)

O teste de memória de trabalho visual ordem inversa (T-visual inversa) (FREITAS &

SEABRA 2014) também inicia pela fase de treino para que a criança compreenda o teste

(Figura 9). As instruções também são dadas por uma coruja que pede para clicar nas casas por

onde a mesma passou, porém na ordem inversa. O aplicativo inicia-se com três casas, depois

cinco, aumentando sua complexidade, podendo chegar até a 12ª tela, concluindo o teste.

Durante o teste são registrados os números de acertos, os erros e o tempo total de execução de

cada tela. Caso a criança erre três telas seguidas, o teste é interrompido automaticamente e

finalizado. O teste é pontuado por tela, a cada tarefa executada corretamente recebe-se um

ponto pelo acerto. A pontuação mínima possível é zero e a máxima possível é 12. Como

indicador de mudança de demanda por parte da criança, a tela da ordem inversa é apresentada

com alteração na cor de fundo, como na (Figura 10).

Figura 9. Tela do treino de memória de trabalho (visual inversa)

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Figura 10. Tela do teste de memória de trabalho (visual inversa)

7.3.3 MEMÓRIA DE TRABALHO (VERBAL DIRETA)

O teste de memória de trabalho verbal ordem direta (T-verbal direta) (FREITAS &

SEABRA, 2014) inicia-se pela fase de treino e segue para a próxima tela para começar a

avaliação. O tablet nesse teste ficará com o avaliador para que o participante não veja as

palavras. Com o tablet de frente para o avaliador, que irá clicar no botão de áudio, em

seguida, o participante irá ouvir os nomes dos animais (cavalo, jacaré, baleia) e, ao terminar, a

criança repetirá da primeira palavra até chegar na última.

Ao ouvir a resposta o avaliador deve clicar em cada nome, na mesma ordem em que a

criança respondeu. Caso a criança fale alguma palavra diferente das apresentadas, o avaliador

poderá clicar na janela “palavras intrusas” e selecionar ou escrever a palavra falada. O teste

inicia-se com duas palavras, depois com três, e assim vai aumentando sua complexidade

podendo chegar até nove palavras.

As palavras corretas e incorretas são todas registradas no tablet. O teste conta com

critério de interrupção contando três erros consecutivos. O teste é pontuado por tela, a cada

tarefa executada corretamente recebe-se um ponto pelo acerto. A pontuação mínima possível

é zero e a máxima possível é 16. Após a 16ª etapa do teste, ele é finalizado e a criança é

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direcionada para o próximo teste de memória de trabalho verbal ordem inversa (T-visual

inversa). Na, Figura 11, segue o exemplo da tela de treino da atividade de memória de

trabalho e, em seguida, na Figura 12, a tela da avaliação.

Figura 11. Tela do treino da atividade de memória de trabalho (verbal direta)

Figura 12. Tela do teste de memória de trabalho (verbal direta)

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7.3.4 MEMÓRIA DE TRABALHO (VERBAL INVERSA)

O teste de memória de trabalho verbal ordem inversa (T-verbal inversa) de (FREITAS

& SEABRA 2014) inicia-se pela fase de treino e passa para a próxima tela para começar a

avaliação. Com o tablet de frente para o avaliador ele irá clicar no botão de áudio, em

seguida, serão falados os nomes dos animais (rato, porco, zebra) e, ao terminar, a criança

deverá repetir os nomes dos animais em ordem inversa (zebra, porco, rato).

Ao ouvir as respostas da criança, o avaliador irá clicar em cada item, na mesma ordem

em que a criança respondeu, e arrastará para preencher as lacunas em branco para o registro.

Caso a criança fale alguma palavra diferente das apresentadas, o avaliador poderá clicar na

janela “palavras intrusas” e selecionar ou escrever a palavra falada. O teste inicia-se com duas

palavras, depois com três, e assim vai aumentando sua complexidade podendo chegar até

nove palavras.

As palavras corretas e incorretas são todas registradas no tablet. O teste conta com

critério de interrupção contando três erros consecutivos. O teste é pontuado por tela, a cada

tarefa executada corretamente recebe-se um ponto pelo acerto. A pontuação mínima possível

é zero e a máxima possível é 16. Após as 16 telas do teste, este é finalizado e a criança é

direcionada para o próximo teste de memória de trabalho verbal ordem inversa (T-visual

inversa). Na Figura 13, segue o exemplo da tela de treino da atividade de memória de trabalho

verbal inversa e, em seguida, na Figura 14 a tela da avaliação.

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Figura 13. Tela do treino da atividade de memória de trabalho verbal inversa.

Figura 14. Tela do teste de memória de trabalho verbal inversa.

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7.3.5 FLEXIBILIDADE COGNITIVA

A tarefa de Flexibilidade Cognitiva é subdividida em duas partes no Teste

Informatizado para a Avaliação das Funções Executivas, uma parte para crianças em idade

Pré-escolar (4 a 6 anos) que não precisa da noção numérica e alfabética, e outra parte para

crianças em Idade Escolar (7 a 10 anos) que já tenham consolidado os números e o alfabeto.

O teste será designado de acordo com a idade e série da criança e segue descrito abaixo.

7.3.6 FLEXIBILIDADE COGNITIVA PARA CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES

A tarefa de Flexibilidade Cognitiva para pré-escolares é avaliada pelas Atividades de

flexibilidade cognitiva para crianças pré-escolares (FREITAS & SEABRA 2014). A versão

para pré-escolares no TAFE, elaborado para crianças de 4 a 6 anos de idade, consiste em duas

partes (A e B). Na parte A, são exibidos para a criança cinco cachorros, que devem ser

conectados do menor (bebê) para o maior (papai). Na parte B, a criança terá que conectar o

tamanho do cachorro correspondente ao tamanho do osso, alternadamente, até chegar ao

cachorro maior. Na Figura 15, à esquerda, é apresentado o modelo da tela do tablet da parte

A, em que os cachorros estão ligados do menor até o maior, e a direita, e à direita, na parte B,

em que cachorros e ossos são ligados alternadamente, conforme o tamanho do cachorro

corresponda ao tamanho do osso.

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Figura 15. Tela da versão informatizada do Teste de Trilhas pré-escolares

O teste inicia-se com a tela de treino tanto na parte A quanto na B, para que a criança

compreenda o teste, podendo treinar quantas vezes achar necessário. Ao concluir cada etapa,

o teste é automaticamente registrado, contabilizando o número de sequência (número total de

itens ligados corretamente em sequência) e o número de conexões (números de ligações feitas

corretamente, mesmo que anteriormente tenha havido interrupção na ligação entre os itens). O

teste é finalizado quando a criança passar por todas as telas (de forma correta ou incorreta).

São computados escores e tempo. O escore sequência refere-se ao número de

elementos ligados corretamente, sem interrupção (podendo variar de 0 a 5 na primeira parte e

de 0 a 10 na segunda), para o escore conexão são registradas as ligações corretas entre

elementos (ou seja, cada traço correto entre dois itens, mesmo que haja interrupções, podendo

variar de 0 a 4 na primeira parte e de 0 a 9 na segunda). No presente estudo foi calculado o

número total de sequências e de conexões, incluindo ambas as partes. O teste é finalizado

quando a criança executar todos os itens da tela de forma correta ou incorreta.

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7.3.7 FLEXIBILIDADE COGNITIVA PARA CRIANÇAS ESCOLARES

Para avaliar a Flexibilidade Cognitiva para crianças escolares é usado o teste

Atividades de flexibilidade cognitiva para crianças escolares (FREITAS & SEABRA, 2014).

Essa versão é indicada para crianças escolares com 7 a 10 anos de idade e consiste em

duas partes (A e B). A parte A inicia-se com a tela de treino (Figura 16), em seguida, a

criança é orientada para ligar as letras em ordem alfabética (A - D), e assim é direcionada para

a tela do teste que são apresentadas 12 letras (A - M), posteriormente, à criança é direcionada

para a tela de treino onde liga os números na ordem numérica (1 - 4), e assim inicia-se o teste

12 números (1 -12). No total entre as duas ordens contém 24 itens, sendo 12 letras (A - M) e

12 números (1 a 12). O teste consiste em a criança ligar alternadamente letras na ordem

alfabética e números na ordem numérica. Ao finalizar a parte (A) a criança será direcionada

para a parte (B) do teste.

Figura 16. Tela do treino Teste de Trilhas parte A (itens a e b).

Na parte B, inicia-se com uma tela de treino com letras e números (Figura 17), e a

criança é instruída para que alterne entre as letras, na ordem alfabética, e os números, na

ordem numérica, intercaladamente (A-1, B-2), também seguindo o mesmo padrão de

a b

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quantidade alfabética e numérica da parte A, porém agora ligar intercalado entre letras e

números. Logo após inicia-se o teste.

Figura 17. Tela do treino do Teste de Trilhas parte B (item C)

O teste é automaticamente registrado sendo contabilizados três escores; número de

sequência, número de conexões e o número total de sequência e conexão. Para cada tela do

teste é permitido o tempo de execução de um minuto para executar a tarefa.

O escore sequência refere-se ao número de elementos ligados corretamente, sem

interrupção (podendo variar de 0 a 12 na primeira parte de letras, 0 a 12 na parte de números,

e de 0 a 24 na última parte de letras e números), para o escore conexão são registradas as

ligações corretas entre elementos (podendo variar de 0 a 11 na primeira parte de letras, 0 a 11

na parte de números, e de 0 a 23 na última parte de letras e números), e o tempo de execução

de um minuto em cada parte. No presente estudo foi calculado o número total de sequências e

de conexões, incluindo ambas as partes. Após o primeiro minuto os movimentos não são mais

contabilizados de forma automática pelo aplicativo, e a opção “Avançar” fica ativa para o

examinador avançar o teste. O teste é finalizado quando a criança executar todos os itens da

tela de forma correta ou incorreta.

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56

7.3.8 CONTROLE INIBITÓRIO

Para avaliar a Controle Inibitório é usado o teste Atividade de controle inibitório

(FREITAS & SEABRA, 2014). Nesta atividade o teste apresenta imagens de pássaros e a

tarefa da criança é selecionar a seta que indica a direção do pássaro central.

O teste inicia-se com a fase de treino com dois blocos de 10 tentativas cada. No

primeiro bloco o pássaro aparece sozinho e a criança é orientada a clicar na seta azul da

direita ou esquerda, conforme a direção do pássaro. No segundo bloco, há cinco pássaros, o

pássaro principal indicado por uma seta roxa, e os quatro distratores, a criança também é

orientada a clicar na seta azul da (direita ou esquerda) conforme a direção do pássaro, mas

agora ela vai focalizar sua atenção somente no pássaro do centro (Figura 18).

Figura 18. Tela de treino com o pássaro central e os distratores.

Ao terminar o treino inicia-se o teste. Da mesma maneira que no treino, criança é

orientada a clicar na seta azul correspondente à direção do pássaro do centro, ou seja, se o

pássaro estiver apontado para a direita deve clicar na seta da direita, caso o pássaro esteja

apontado para a esquerda deve-se clicar no botão da esquerda. Todos os pássaros estão

enfileirados na linha horizontal e a criança tem até três segundos para responder e um segundo

e meio de intervalo de uma tela para outra. Há um total de 60 telas com imagens congruentes

e incongruentes intercaladas aleatoriamente, sendo 30 de cada tipo. Nas imagens congruentes

os pássaros aparecem para a mesma direção, e nas incongruentes os pássaros distratores estão

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direcionados para direção diferente do pássaro central. A Figura 19, representa um item

congruente na tela da esquerda e, na tela direita, um item incongruente.

Figura 19. Imagens congruentes (esquerda) e incongruentes (direita).

O teste é pontuado por tela, a cada teste executado corretamente recebe-se um ponto.

A pontuação mínima possível é zero e a máxima possível é 60.

Os resultados são registrados e computados por: Erro por omissão (quando a criança

não responde clicando no intervalo de três segundos, após o estímulo); Acerto congruente

(quando a criança responde clicando no botão direito quando todos os pássaros incluindo o

pássaro alvo estão direcionados para a direita; ou botão esquerdo, quando todos os pássaros,

incluindo o pássaro alvo, está direcionado para a esquerda); Erro congruente (quando a

criança responde pressionando o botão direito, quando todos os pássaros, inclusive o alvo,

está direcionado para a esquerda; ou botão esquerdo, quando todos os pássaros, inclusive o

central, estão direcionado para a direita); Acerto incongruente (quando a criança responde,

clicando no botão direito, quando o pássaro principal está para a direita, mas os outros

pássaros estão para a esquerda; ou botão esquerdo, quando o pássaro central, está para a

esquerda, mas os outros pássaros, distratores, estão para a direita); Erro incongruente

(quando a criança responde clicando no botão da direita, quando o pássaro alvo está para a

esquerda e os outros pássaros estão para a direita; ou o botão esquerdo, quando o pássaro alvo

está para a direita e os outros pássaros estão para a esquerda).

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7.4 PROCEDIMENTO

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Presbiteriana Mackenzie. Em seguida, foi realizado contato com as escolas particulares da

zona norte de São Paulo. Após contato, duas instituições de ensino do 1º ao 5º ano aceitaram a

pesquisa e foram encaminhados os termos de consentimento livre e esclarecido aos

responsáveis pela instituição (Anexo 1) e para os responsáveis dos alunos (Anexo 2). Foi

anexado com o termo o informativo para os pais (Anexo 3) com maiores esclarecimentos

sobre a pesquisa.

Após o recolhimento de todos os termos assinados, a coleta foi dividida entre as duas

escolas nos períodos matutino e vespertino, respeitando o período regular de aula. A coleta foi

conduzida em uma sala reservada disponibilizada pelo responsável pela instituição. Os

participantes eram retirados da sala de aula com o consentimento do mesmo e da professora, e

conduzidos individualmente para a sala da coleta, a fim de garantir que os participantes

compreendessem corretamente as instruções e que as respostas fossem registradas com

precisão. A aplicação do teste ocorreu nos meses de novembro a dezembro de 2016, no

período vespertino e matutino por meio de encontros diários. O TAFE foi aplicado por meio

de uma única sessão com durabilidade de 30 a 40 minutos, para cada aluno, de forma que

todos os testes foram aplicados sem causar efeito fadiga aos participantes.

Os participantes da pesquisa foram avaliados seguindo a ordem de aplicação do

TAFE:

1º Memória de trabalho (visual direta)

2º Memória de trabalho (visual inversa)

3º Memória de trabalho (verbal direta)

4º Memória de trabalho (verbal inversa)

5º Flexibilidade cognitiva

6º Controle inibitório

Destaca-se que, para o 1º ano foi usado o Teste de Flexibilidade cognitiva para pré-

escolares e, para crianças do 2º ano em diante, foi usado o Teste de Flexibilidade cognitiva

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para escolares, visto que esse requeria o conhecimento de letras e números em suas

respectivas sequências.

Foram coletadas as notas escolares sobre as áreas de conhecimento, a saber, língua

portuguesa, matemática, ciências, história e geografia dos discentes conforme os registros

escolares. Para tanto, foram recolhidas, junto às coordenadoras dos dois colégios, as notas das

médias finais anuais de cada aluno participante. A média final foi computada a partir das

médias do 1º, 2º, 3º e 4º bimestres. Nas escolas as notas bimestrais foram compostas por

trabalhos, organização, comportamento, prova mensal e prova bimestral para obter a nota

final do bimestre. Portanto, a partir das notas dos 4 bimestres foi gerada a média final de cada

participante em cada disciplina.

O aplicativo travou 5 vezes durante as avaliações, pois encontra-se em fase de teste. O

travamento ocorreu 1vez no teste de memória de trabalho direta, 1 vez no teste de memória de

trabalho inversa, e 3 vezes no teste de controle inibitório (sendo 2 vezes em uma mesma

criança). A conduta adotada foi voltar para o cadastro do usuário e iniciar do teste onde o

aplicativo parou. Como em todas as vezes que ocorreu o travamento a aplicação estava bem

no início do teste, considerou-se que não houve efeito de aprendizagem por parte do

participante.

É importante salientar que todos os dados fornecidos pelas duas escolas particulares e

pelos participantes da pesquisa foram tratados de forma sigilosa, preservando assim a

identidade da criança e dos demais envolvidos respeitando os pressupostos éticos.

Posteriormente, será enviado um relatório individual com o desempenho de cada um

em todos os testes aplicados, comparando as com os pares da mesma idade, que será entregue

ao responsável do participante, via e-mail respeitando o sigilo. A pesquisadora responsável

ficará à disposição para o esclarecimento de dúvidas a respeito aos resultados dos

participantes.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

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8 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para abarcar o primeiro objetivo específico da presente pesquisa, a saber, investigar as

funções executivas verificando possíveis aumentos com a progressão de série escolar em

crianças do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, foram conduzidas análises estatísticas

descritivas e inferenciais (Análise de Variância do efeito de série para as várias medidas do

instrumento). Para alcançar o segundo objetivo específico, investigar se as funções executivas

estão relacionadas com as notas escolares das crianças, foram conduzidas as análises de

correlação de Pearson entre os desempenhos no TAFE e as notas escolares. Inicialmente, foi

verificado se havia diferenças nos desempenhos entre as crianças das duas escolas nas

medidas de funções executivas. Como não houve diferença entre as mesmas, todas as análises

a seguir foram conduzidas com todas as crianças de ambas as instituições. Seguem abaixo as

análises estatísticas.

8.1 ANÁLISES ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS E INFERENCIAIS PARA

VERIFICAR OS EFEITOS DA SÉRIE NOS INSTRUMENTOS DAS FUNÇÕES

EXECUTIVAS

Seguem, abaixo, os resultados de Análise de Variância para verificar os efeitos da

série sobre os desempenhos nos testes das funções executivas. As análises estão apresentadas

separadamente por habilidade avaliada, a saber, memória de trabalho, flexibilidade cognitiva

e controle inibitório.

8.1.1 EFEITOS DA SÉRIE SOBRE TESTES DE MEMÓRIA DE TRABALHO

Foram usadas as seguintes siglas para denominar os resultados nos testes: para o

instrumento de memória de trabalho visual: TAFE-visual direta, TAFE-visual inversa, e para

memória de trabalho verbal: TAFE-verbal direta, TAFE-verbal inversa. A Tabela 3 sumariza

as estatísticas descritivas obtidas para as medidas de memória de trabalho do TAFE, com

dados de número de participantes para idade, médias obtidas e desvio padrão.

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Tabela 3. Estatísticas descritivas, com número de sujeitos, média e desvio-padrão, para as séries nas

medidas de memória de trabalho do TAFE.

ANO

ESCOLAR N

TAFE-visual

direta

M (DP)

TAFE-visual

inversa

M (DP)

TAFE-verbal

direta

M (DP)

TAFE-verbal

inversa

M (DP)

1° ANO 17 5,12 (1,17) 4,47 (1,91) 3,94 (1,09) 2,65 (0,93)

2° ANO 15 6,20 (1,32) 5,53 (2,25) 4,20 (1,38) 2,87 (0,83)

3° ANO 14 6,71 (1,73) 7,14 (1,83) 4,57 (1,09) 3,07 (1,14)

4° ANO 23 6,70 (1,50) 6,43 (2,11) 5,04 (1,52) 3,65 (1,08)

5° ANO 9 7,78 (0,98) 7,89 (1,17) 6,22 (0,98) 3,56 (1,42)

Nota: N: número de participantes; M: média; DP: desvio padrão.

Como pode ser analisado na Tabela 3, os resultados revelaram que houve um aumento

na maioria dos valores de média conforme a progressão da escolaridade. Verifica-se que

houve um aumento dos escores com a progressão da série para memória visual direta e verbal

direta, esse dado é esperado e pode estar relacionado com o desenvolvimento da memória de

curto prazo, em que não é preciso manipular as informações retidas, o que gera menos esforço

cognitivo. Para memória de trabalho visual inversa e verbal inversa, no geral também houve

progressão com a série, em relação às médias. Esse resultado está relacionado ao

desenvolvimento da memória de trabalho, em que o aluno retém as informações dadas e as

manipula, trabalhando com elas em sua mente.

Apresentam-se, na Tabela 4, os resultados das estatísticas inferenciais da ANOVA do

efeito de série sobre a memória de trabalho - parte visual (direta e inversa) e verbal (direta e

inversa) do teste TAFE. Como pode ser observado na tabela, houve efeito significativo de

série sobre todas as quatro medidas de memória de trabalho. Em relação ao tamanho de efeito

(Partial eta squared), efeitos de 0,02 a 0,13 são considerados pequenos, entre 0,13 a 0,26 são

considerados médios e acima de 0,26, grandes.

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Tabela 4. Análise de Variância do efeito de série escolar sobre as medidas de memória de trabalho do

TAFE

Soma dos

quadrados Gl

Quadrado

Médio F p

Partial

Eta

Squared

ANO

TAFE

visual direta 49,015 4 12,254 6,324 0,000 0,257

TAFE

visual inversa 96,494 4 24,123 6,240 0,000 0,255

TAFE

verbal direta 37,334 4 9,333 5,712 0,000 0,238

TAFE

verbal inversa 12,849 4 3,212 2,.860 0,029 0,135

Error

TAFE

visual direta

141,447 73 1,938

TAFE

visual inversa 282,224 73 3,866

TAFE

verbal direta 119,282 73 1,634

TAFE

verbal inversa 81,984 73 1,123

Total

TAFE

visual direta

3.370,000 78

TAFE

visual inversa 3.308,000 78

TAFE

verbal direta 1.874,000 78

TAFE

verbal inversa 877,000 78

Após a ANOVA, para verificar diferenças entre as séries na avaliação de memória de

trabalho visual direta e inversa; e verbal direta e inversa, foi conduzida a análise de

comparação em pares de Bonferroni, que segue descrita no Quadro 1 abaixo.

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Quadro 1. Descrição dos resultados da Análise em Pares de Bonferroni nos testes de Memória de

trabalho.

TESTE DE MEMÓRIA DE TRABALHO ANOS ESCOLARES

Memória Visual Direta 1º ano ≠ 3º, 4º e 5º

Memória Visual Inversa 1º ano ≠ 3º, 4º e 5º

Memória Visual Direta 1º, 2º e 3º ≠ 5º

Memória Verbal Inversa 1º ano ≠ 4º

Em Memória Visual Direta, análise de comparação de pares de Bonferroni mostrou

que o 1º ano foi significativamente diferente do 3º, 4º e 5º anos do ensino fundamental. Em

Memória Visual Inversa, o 1º ano foi significativamente diferente do 3º, 4º, 5º ano do ensino

fundamental. Em Memória Verbal Direta, 1º, 2º e 3º anos foram significativamente diferentes

do 5º ano do ensino fundamental. Por fim, em Memória Verbal Inversa o 1º ano foi

significativamente diferente do 4º ano do ensino fundamental. Isso sugere que o aumento de

desempenho nessas medidas não é semelhante, ou seja, para as habilidades visuais houve mais

diferença entre as séries iniciais, enquanto para as medidas verbais, houve mais diferença nas

séries finais. Isso pode ser resultado do próprio tipo de tarefa apresentado no aplicativo, pois

na memória visual a criança tinha o recurso das imagens no Ipad, enquanto na memória verbal

a tarefa era toda auditiva. Talvez tal diferença tenha levado a maior motivação e atenção das

crianças à parte visual, gerando maiores escores. Porém tal hipótese precisa ser melhor

compreendida em estudos futuros.

8.1.2 EFEITOS DA SÉRIE SOBRE OS TESTES DE FLEXIBILIDADE COGNITIVA

PARA ESCOLARES

Foram analisados os resultados das estatísticas descritivas, após o teste de Análise de

Variância, realizada para verificar o efeito de série sobre os testes de Flexibilidade Cognitiva

para escolares. Para essa análise, foram considerados os dados apenas do teste de

Flexibilidade Cognitiva para escolares, aplicado do 2º ao 5º ano, visto que o teste para pré-

escolares foi aplicado apenas no 1º ano. A seguir a Tabela 5 mostra os resultados obtidos nos

testes: TAFE – Flexibilidade Cognitiva – escolares – Conexão; TAFE – Flexibilidade

Cognitiva – escolares – Sequência; TAFE – Flexibilidade Cognitiva – escolares – Tempo (em

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centésimos de segundos). Como pode ser verificado, houve uma evolução na média com o

aumento dos anos escolares e diminuição de tempo de execução dos testes da flexibilidade

cognitiva para o 2º ao 5º ano.

Tabela 5. Estatísticas descritivas, com número de sujeitos, média e desvio-padrão, para as séries nas

medidas de flexibilidade cognitiva para escolares do TAFE

ANO

ESCOLAR N

TAFE – Flex C.

Escolares

Conexão

TAFE – Flex C.

Escolares

Sequência

TAFE – Flex C.

Escolares

Tempo

M (DP) M (DP) M (DP)

2° ANO 15 7,27 (5,02) 7,47 (5,55) 6000,13 (0,35)

3° ANO 15 12,07 (5,31) 13,07 (5,55) 5916,67 (324,69)

4° ANO 22 12,95 (6,59) 13,91 (6,67) 5922,05(283,81)

5° ANO 9 16,22 (7,00) 17,22 (7,00) 5595,33 (613,45)

Nota: n: número de participantes; m: média; dp: desvio padrão; TAFE: Teste Informatizado para a

Avaliação das Funções Executivas; Flex C: Flexibilidade Cognitiva

Os resultados evidenciaram, conforme a Tabela 5, um aumento na maioria dos valores

de média com a progressão escolar. Podemos observar que, quanto maior é a progressão

escolar, maiores os escores na tarefa de flexibilidade cognitiva. Paralelamente, alunos dos

anos escolares do 2º, 3º e 4º realizaram a tarefa com maior tempo de duração, do que o 5º ano

que executou em menor tempo. Isso nos mostra que, quanto maior o ano escolar, menor tende

a ser o tempo de execução em tarefas que exigem flexibilidade mental. Apresentam-se, na

Tabela 6, os resultados das estatísticas inferenciais da ANOVA do efeito de série sobre

flexibilidade cognitiva. Como pode ser observado na tabela, houve efeito significativo de

série sobre todas as três medidas de flexibilidade.

Após a ANOVA, para verificar diferenças entre as séries na avaliação da tarefa de

flexibilidade cognitiva em termos de Conexão, Sequência e Tempo, foi conduzida a

comparação em pares de Bonferroni, que segue no Quadro 2, a descrição abaixo.

A análise de comparação de pares de Bonferroni mostrou que, para todas as três

medidas, o 2º ano foi significativamente diferente do 4º e 5º ano do ensino fundamental. É

importante ressaltar que antes dos discentes iniciarem o teste, eles passam pela fase de treino,

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podendo repetir quantas vezes for necessário, antes de começar o próprio teste, ou seja, todas

as crianças entenderam o treino de forma lúdica tanto na parte A quanto na parte B do teste de

flexibilidade.

Tabela 6. Análise de Variância do efeito de série escolar sobre as medidas de flexibilidade cognitiva

do TAFE.

TAFE – Flex C Soma dos

quadrados Gl

Quadrado

Médio F p

Partial

Eta

Squared

ANO

ESCOLAR

Escolares

Conexão 514,640 3 171,547 4,764 0,005 0,200

Escolares

Sequência 628,517 3 209,506 5,549 0,002 0,226

Escolares

Tempo 996474,241 3 332158,080 3,065 0,035 0,139

Error

Escolares

Conexão

2052,377 57 36,007

Escolares

Sequência 2152,040 57 37,755

Escolares

Tempo 6178018,021 57 108386,281

Total

Escolares

Conexão

11089,000 61

Escolares

Sequência 12475,000 61

Escolares

Tempo 2124629673,0 61

Quadro 2. Descrição dos resultados da Análise em Pares de Bonferroni nos testes de Flexibilidade

Cognitiva

Três medidas

Flexibilidade Cognitiva ANOS ESCOLARES

Conexão, Sequência e Tempo 2º ano ≠ 4º e 5º

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8.1.3 EFEITOS DE SÉRIE SOBRE OS TESTES DE CONTROLE INIBITÓRIO

A Tabela 7, aborda os resultados das estatísticas descritivas, segundo a Análise de

Variância do efeito de série sobre as seguintes medidas: TAFE - inibição congruentes, que

corresponde ao número de repostas corretas, quando os estímulos apresentados são

congruentes; TAFE – inibição incongruente, que corresponde ao número de repostas corretas,

quando os estímulos apresentados são incongruentes; e TAFE - inibição erro, que corresponde

ao número de erro de omissão.

Tabela 7. Estatísticas descritivas, com número de sujeitos, média e desvio-padrão, para as séries nas

medidas de controle inibitório do TAFE

ANO

escolar N

TAFE –

Inibição Congruente

TAFE –

Inibição Incongruente

TAFE –

Inibição Omissão

M (DP) M (DP) M (DP)

1° ANO 17 26,24 (5,57) 26,00 (4,85) 0,76 (1,0)

2° ANO 16 28,31 (1,49) 29,31(0,95) 0,19 (0,40)

3° ANO 15 29,40 (0,74) 29,67 (0,62) 0,27 (0,59)

4° ANO 23 28,65 (4,77) 29,17 (3,13) 0,13 (0,34)

5° ANO 9 29,67 (0,71) 29,22 (1,30) 0,33 (0,71)

Nota: N: número de participantes; M: média; DP: desvio padrão; TAFE: Teste Informatizado para a

Avaliação das Funções Executivas.

Como sumariza a Tabela 7, de modo geral, as médias do TAFE Inibição Itens

Congruentes aumentaram progressivamente conforme o avanço escolar, porém com pequenas

oscilações do 3º ao 4º ano. Já na média do TAFE Inibição Incongruente, houve maior

estabilidade na média do 2º ao 5º ano escolar. Nota-se uma redução considerável no TAFE

Inibição Omissão, que consiste na soma do número de erro por omissão, ou seja, quando o

discente não aperta o botão quando o estímulo é apresentado. Isso nos mostra que os alunos

do 1º ano deixaram de executar algumas telas do teste, isso pode estar associado com o

controle atencional do discente, ou seja, quando o estimulo é mostrado o mesmo tem que

focalizar na tarefa inibindo todos os seus distratores.

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Apresentam-se, na Tabela 8, os resultados das estatísticas inferenciais da ANOVA do

efeito de série sobre controle inibitório. Como pode ser observado na tabela, houve efeito

significativo de série sobre duas medidas: Inibição incongruente e erros por omissão.

Tabela 8. Análise de Variância do efeito de série escolar sobre as medidas de controle

inibitório do TAFE.

TAFE Soma dos

quadrados Gl

Quadrado

Médio F p

Partial

Eta

Squared

ANO

ESCOLAR

Inibição

Congruente 110,236 4 27,559 1,981 0,106 0,096

Inibição

Incongruente 151,119 4 37,780 4,544 0,002 0,195

Inibição

Omissão 4,512 4 1,128 2,913 0,027 0,134

Error

Inibição

Congruente 1043,314 75 13,911

Inibição

Incongruente 623,631 75 8,315

Inibição

Omissão 29,038 75 0,387

Total

Inibição

Congruente 65338,000 80

Inibição

Incongruente 66326,000 80

Inibição

Omissão 42,000 80

Após a ANOVA, para verificar diferenças entre as séries na avaliação do controle

inibitório parte congruentes, incongruentes e omissão foi conduzida a comparação em pares

de Bonferroni, que segue no Quadro 3, a descrição abaixo.

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Quadro 3. Descrição dos resultados da Análise em Pares de Bonferroni sobre os testes de Controle

Inibitório.

TESTE DE CONTROLE

INIBITÓRIO ANOS ESCOLARES

Parte Incongruente 1º ano ≠ 2º, 3º e 4º

Erros por Omissão 1º ano ≠ 4º ano

Em Controle Inibitório parte Incongruente, a análise de comparação de pares de

Bonferroni mostrou que 1º ano foi significativamente diferente do 2º, 3º e 4º anos do ensino

fundamental. Em Controle Inibitório – erros por Omissão, a análise de comparação de pares

de Bonferroni mostrou que 1º ano foi significativamente diferente do 4º ano. Não foram

achadas diferenças significantes entre os escolares do 5º ano do ensino fundamental e as

demais séries, nos testes de controle inibitório parte congruente, incongruente e omissão, o

que pode ser relacionado ao pequeno número de sujeitos nessa faixa de escolaridade. Não

foram descritos os dados do Controle Inibitório parte Congruentes, pois não houve efeito

significativo de série escolar.

8.1.4 EFEITOS DE SÉRIE SOBRE AS NOTAS ESCOLARES

Foram conduzidas análises descritivas das notas nas disciplinas em função das séries

escolares. A Tabela 9, a seguir sumariza os resultados encontrados.

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Tabela 9. Análises de Descritivas das notas nas disciplinas em função das séries escolares.

Ano Escolar N Média Desvio-padrão Mínimo Máximo

PORTUGUÊS

1º 17 9,118 ,9606 7,0 10,0

2 º 16 8,313 ,8921 6,0 9,5

3 º 15 8,600 1,4167 6,0 10,0

4 º 22 8,409 1,0980 5,0 9,5

5 º 9 8,833 ,9682 7,0 10,0

Total 79 8,627 1,1021 5,0 10,0

MATEMÁTICA

1 º

17

9,118

,9768

7,0

10,0

2 º 16 8,438 ,7500 7,0 9,5

3 º 15 8,333 1,3318 6,0 10,0

4 º 22 8,159 1,2090 5,0 9,5

5 º 9 8,556 ,9501 7,0 10,0

Total 79 8,500 1,1094 5,0 10,0

CIÊNCIAS

1 º

10

8,800

,8882

7,5

10,0

2 º 16 8,531 ,7846 7,0 9,5

3 º 15 8,633 1,3020 6,0 10,0

4 º 22 8,455 ,9247 6,0 9,5

5 º 9 8,833 1,2990 6,0 10,0

Total 72 8,604 1,0138 6,0 10,0

HISTÓRIA

1 º

10

9,100

,8433

8,0

10,0

2 º 16 8,594 ,7353 6,5 9,5

3 º 15 8,433 1,2659 6,0 10,0

4 º 22 8,568 ,9423 6,0 10,0

5 º 9 8,556 1,1844 6,0 10,0

Total 72 8,618 ,9911 6,0 10,0

GEOGRAFIA

1 º

10

8,700

,7888

7,5

10,0

2 º 16 8,656 ,6511 7,0 9,5

3 º 15 8,567 1,3870 6,0 10,0

4 º 22 8,364 1,1871 6,0 10,0

5 º 9 8,556 1,2105 6,0 10,0

Total 72 8,542 1,0706 6,0 10,0

Pode-se observar que as médias nas diversas disciplinas foram altas, próximas do

máximo possível, especialmente nas séries iniciais. Para verificar se houve diferença nas

médias entre as séries, foi conduzida Análise de Variância, conforme sumarizado na Tabela

10, a seguir, tendo a série como fator e as notas escolares como variáveis dependentes. Pode-

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se observar que, como esperado, não houve efeito significativo de série para nenhuma medida

de nota escolar.

Tabela 10. Análises de Variância com intra e entre grupos com notas escolares.

Soma dos

quadrados Gl

Quadrado

Médio F p

PORTUGUÊS

Entre

grupos 7,114 4 1,778 1,502 ,210

Intra

grupos 87,620 74 1,184

Total 94,734 78

MATEMÁTICA

Entre

grupos

9,549

4

2,387

2,043

,097

Intra

grupos 86,451 74 1,168

Total 96,000 78

CIÊNCIAS

Entre

grupos

1,446

4

,362

,339

,851

Intra

grupos 71,522 67 1,067

Total 72,969 71

HISTÓRIA

Entre

grupos

2,934

4

,733

,736

,571

Intra

grupos 66,813 67 ,997

Total 69,747 71

GEOGRAFIA

Entre

grupos

1,169

4

,292

,244

,912

Intra

grupos 80,206 67 1,197

Total 81,375 71

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8.1.5 DISCUSSÃO GERAL DO EFEITO DE SÉRIE SOBRE AS FUNÇÕES

EXECUTIVAS

De forma geral, o presente estudo revelou efeito significativo de série sobre os

desempenhos nos testes de funções executivas. O presente estudo corrobora os achados de

Capovilla e Dias (2008), em que houve diferença da 1ª serie com as demais no Teste de

Trilhas, o que pode ter sido devido ao fato do desconhecimento da sequência numérica e

alfabética, que era necessário para cumprir a tarefa. As outras séries aumentaram seus escores,

mostrando que os discentes realizaram a tarefa sem dificuldade, abordando conhecimento das

sequências e conexões alfabéticas e numéricas. É possível que o mesmo motivo explique a

discrepância de escores entre o 2º ano e o 5º ano. Nota-se que alguns discentes no começo do

ensino fundamental, ainda não estão familiarizados com as sequencias numéricas e

alfabéticas, ou não as automatizaram, mostrando gerar mais esforço para realizar a tarefa.

Outro fator em que houve diferença é o tempo, sendo que os discentes do 2º ano foram

significamente diferentes 5º ano, considerando que os discentes mais novos necessitam de

mais tempo para executar a tarefa de flexibilidade cognitiva do que os discentes mais velhos,

que já dominam sequências numéricas e alfabéticas. Capovilla e Dias (2008) também

observam, em seu estudo, que os discentes da 4ª série destacaram-se das demais séries,

mostrando que o desempenho no teste aumentou com a progressão escolar. As autoras

ressaltam que o teste de trilhas, que avalia a flexibilidade cognitiva, aborda estruturas

cerebrais pré-frontais, sendo que são umas das últimas estruturas neurológicas a atingirem o

ápice de maturação neurológica, sendo que isso explica o fato dos discentes da 1ª, 2ª, 3ª séries

do ensino fundamental terem dificuldade, por ainda não terem a adequada maturação.

Pureza (2011) também observou em seu estudo que crianças com 6 anos apresentaram

dificuldades em habilidade de memória de trabalho que gera mais esforço cognitivo, sendo

mais complicado para elaborar as tarefas, inibir e executar as respostas. A autora reforça que a

memória de trabalho desenvolve-se mais tarde, isso explica que seu estudo o grupo etária de 6

e 7 anos e 8 a 10 anos resultaram em escore 0 no teste span do N-Back 3, mostrando que o

fator idade foi fortemente observado em todos os testes aplicados. As faixas etárias de 6 a 7 e

de 11 e 12 anos são as que mais se distinguiram, com evolução continua em todas as faixas

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etárias estudada. Deste modo, a discrepância de média entre as crianças de 6 anos entre as de

10 anos, encontrada no presente estudo, corrobora os achados de Pureza (2011), mostrando

evolução dessa habilidade com a idade. Pureza (2011) também evidenciou em seu estudo que

as habilidades de controle inibitório evoluem progressivamente nos grupos etários 6, 7 e 8,10.

Continua a autora que os componentes flexibilidade cognitiva, planejamento e velocidade

observou em elevado desenvolvimento em torno dos 11 e 12 anos de idade.

Fonseca, Lima, Ims, Coelho e Ciasca (2015) também encontraram aumento dos

escores com a progressão de série, em estudantes do 2º ao 5º ano, em funções executivas. Tal

efeito foi observado para os testes de cancelamento, em que houve diminuição do tempo e dos

erros por omissão com o crescimento dos anos escolares, e para os testes de funções

executivas, com aumento de erros nos escores do Teste das Trilhas parte B, diminuição do de

tempo e omissão no teste SWCT (Teste Stroop). No presente estudo, também houve aumento

do escore no Teste de Trilhas, o que corrobora a hipótese de aumento das funções executivas

com a passagem das séries. Também no estudo de Fonseca e colaboradores a diferença entre

as séries não foi observada entre todos os anos escolares, mas variou com algumas diferenças

não significativas, como ocorreu no presente estudo.

Elage (2016) objetivou verificar evidências de validade e fidedignidade em um estudo

prévio com o TAFE (Teste Informatizado para Avaliação das Funções Executivas). Houve

resultados estatisticamente significativos do efeito de idade para as habilidades de memória de

trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva. Na memória de trabalho, houve

aumento significativo nos escores com a progressão escolar de 4 a 10 anos, com picos de

desenvolvimento nas faixas etárias de 5 a 6 anos, mostrando o desenvolvimento da memória

de trabalho nessa faixa. Não houve diferenças significativas na faixa etária de 9 a 10 anos,

provavelmente devido à pequena amostra na idade de 10 anos. A presente pesquisa também

teve poucos participantes na faixa etária mais avançada, ou seja, 5º ano, com nove

participantes. Elage (2016) também verificou, em relação ao componente da flexibilidade

cognitiva do TAFE, que os resultados indicaram aumento progressivo dos escores com o

avanço das idades com regressão em relação ao crescimento das idades com o escore de

tempo gasto para a execução das tarefas. Houve desenvolvimento considerável entre as idades

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de 5 e 6 anos e nas faixas etárias de 7, 8 e 9 anos, mostrando desenvolvimento continuo da

flexibilidade cognitiva em fase escolar, com picos de evolução entre 8 a 10 anos.

8.1.6 ANÁLISE DE CORRELAÇÃO ENTRE AS FUNÇÕES EXECUTIVAS E O

DESEMPENHO ACADÊMICO

Para atender ao segundo objetivo específico, foram conduzidas análises parciais de

Correlação de Pearson, com controle de idade, para as medidas de memória de trabalho,

flexibilidade cognitiva para escolares e inibição, de um lado, com desempenho acadêmico, de

outro lado. Destaca-se que, para essa análise, não foram usados os dados de flexibilidade

cognitiva para pré-escolares, visto que havia poucas crianças de 6 anos que atenderam ao

critério de serem avaliadas nesse teste. As correlações encontradas foram classificadas

conforme o Quadro 4, retirado de Bisquerra, Sarriera e Martínez (2004).

Quadro 4. Interpretação do coeficiente de correlação de Pearson conforme Bisquerra, Sarriera e

Martínez (2004).

RESULTADO CLASSIFICAÇÃO

0,80 < r < 1 Muito alta

0,60 < r < 0,80 Alta

0,40 < r < 0,60 Moderada

0,20 < r < 0,40 Baixa

0 < r < 0,20 Muito baixa

8.1.7 ANÁLISES DE CORRELAÇÃO DE PEARSON ENTRE MEMÓRIA DE

TRABALHO E DESEMPENHO ACADÊMICO

Primeiramente são descritos os resultados encontrados nos testes memória de trabalho

(visual direta e inversa, verbal direta e inversa) correlacionados com as disciplinas

acadêmicas, conforme pode ser verificado na Tabela 11.

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Tabela 11. Análises de correlação de Pearson entre memória de trabalho e desempenho acadêmico,

com controle de idade.

PORTUGUÊS MATEMÁTICA CIÊNCIAS HISTÓRIA GEOGRAFIA

TAFE

Visual

Direta

r 0,429 0,498 0,444 0,379 0,424

p 0,000 0,000 0,000 0,001 0,000

gl 67 67 67 67 67

TAFE

Visual

Inversa

r 0,453 0,442 0,390 0,323 0,335

p 0,000 0,000 0,001 0,007 0,005

gl 67 67 67 67 67

TAFE

Verbal

Direta

r 0,299 0,268 0,208 0,228 0,190

p 0,013 0,026 0,086 0,060 0,117

gl 67 67 67 67 67

TAFE

Verbal

Inversa

r 0,395 0,381 0,275 0,399 0,387

p 0,001 0,001 0,022 0,001 0,001

gl 67 67 67 67 67

Nota: * p < 0,05

Tendo em vista a Tabela 11, observam-se várias correlações significativas positivas

entre a habilidade de memória de trabalho e as disciplinas acadêmicas. Como pode ser

observado, houve as seguintes correlações significativas:

MODERADAS: correlação positiva entre Visual Direta e Português; Visual Direta e

Matemática; Visual Direta com Ciências; Visual Direta com Geografia; Visual Inversa

com Português; Visual Inversa com Matemática.

BAIXA: correlação positiva entre Visual Direta e História; Visual Inversa com

Ciências; Visual Inversa com História; Visual Inversa com Geografia; Verbal Direta

com Português; Verbal Direta com Matemática; Verbal Inversa com Português;

Verbal Inversa com Matemática; Verbal Inversa com Ciências; Verbal Inversa com

História; Verbal Inversa com Geografia. Flexibilidade Cognitiva Conexão com

Português;

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Observa-se que houve correlação entre a maioria dos testes de memória do TAFE com

as todas as disciplinas escolares, que variaram de moderada a baixa. É notável que a memória

de trabalho visual direta e inversa; e a verbal inversa correlacionaram-se com as disciplinas de

português, matemática, ciências, história e geografia. Porém a verbal direta não teve

correlação significante com as disciplinas de ciências, história e geografia.

8.1.8 ANÁLISES DE CORRELAÇÃO DE PEARSON ENTRE FLEXIBILIDADE

COGNITIVA E DESEMPENHO ACADÊMICO

São descritos os resultados de correlação entre os testes flexibilidade cognitiva (parte

conexão, sequência e tempo) e as disciplinas acadêmicas, conforme pode ser verificado na

Tabela 12.

Tabela 12. Análises de correlação de Pearson entre flexibilidade cognitiva e desempenho acadêmico

PORTUGUÊS MATEMÁTICA CIÊNCIAS HISTÓRIA GEOGRAFIA

TAFE–

Flex C.

Escolares

Conexão

r 0,260 0,219 0,269 0,230 0,179

p 0,044 0,092 0,038 0,077 0,172

gl 58 58 58 58 58

TAFE–

Flex C.

Escolares

Sequência

r 0,264 ,218 0,276 0,222 0,185

p 0,041 0,094 0,033 0,088 0,158

gl 58 58 58 58 58

TAFE–

Flex C.

Escolares

Tempo

r -0,143 -0,154 -0,212 -0,098 -0,178

p 0,276 0,240 0,103 0,458 0,175

gl 58 58 58 58 58

Nota: * p < 0,05

Como pode ser analisado, na Tabela 12, observam-se correlações significativas

positivas entre a habilidade de flexibilidade cognitiva e as disciplinas acadêmicas. Observa-se

abaixo as seguintes correlações significativas:

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BAIXA: correlação positiva entre Flexibilidade Cognitiva parte Conexão e Ciências;

parte Conexão e Português; parte Sequência e Português.

Visualiza-se na Tabela 12, houve correlação significante entre habilidade flexibilidade

cognitiva (conexão e sequência) com as disciplinas somente de português e ciências. É

possível que tenha havido pouca variabilidade nos escores em flexibilidade cognitiva, o que

pode ajudar a explicar as correlações baixas com notas.

8.1.9 ANÁLISES DE CORRELAÇÃO DE PEARSON ENTRE CONTROLE

INIBITÓRIO E DESEMPENHO ACADÊMICO

São descritos os resultados das correlações entre controle inibitório (parte congruente,

incongruente e omissão) e as disciplinas acadêmicas, conforme pode ser verificado na Tabela

13.

Tabela 13. Análises de correlação de Pearson entre controle inibitório e desempenho acadêmico

PORTUGUÊS MATEMÁTICA CIÊNCIAS HISTÓRIA GEOGRAFIA

TAFE –

Inibição

Congruente

r 0,077 0,057 0,003 0,029 0,129

p 0,526 0,636 0,980 0,812 0,284

gl 69 69 69 69 69

TAFE –

Inibição

Incongruent

e

r -0,030 -0,021 0,062 -0,001 0,064

p 0,804 0,859 0,607 0,993 0,596

gl 69 69 69 69 69

TAFE –

Inibição

Omissão

r -0,219 -0,251 -0,135 -0,105 -0,120

p 0,066 0,035 0,260 0,386 0,319

gl 69 69 69 69 69

Nota: * p < 0,05

Houve uma única correlação significativa:

BAIXA: correlação negativa entre Controle Inibitório Omissão e Matemática.

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Visualiza-se na Tabela 13, houve correlação negativa entre controle inibitório – erro

por Omissão e matemática, ou seja, quanto menor o erro nas tarefas de controle inibitório,

maior tendeu a ser a nota do discente na disciplina de matemática, provavelmente devido ao

fato da necessidade de controlar e administrar o raciocínio e os impulsos perante as tarefas de

controle inibitório.

8.1.10 DISCUSSÃO GERAL DE CORRELAÇÃO ENTRE AS FUNÇÕES

EXECUTIVAS E O DESEMPENHO ACADÊMICO

No presente estudo foram observadas correlações entre funções executivas e

desempenho acadêmico, medido por meio de notas escolares. O componente de memória de

trabalho foi o que mais apresentou correlação com as notas das disciplinas de português,

matemática, ciências, história e geografia, seguido da flexibilidade cognitiva, que obteve

correlação com português e ciências, e por último, do controle inibitório, que se correlacionou

apenas com matemática. Pode-se observar que os componentes das funções executivas em

estudos prévios, de forma geral, correlacionaram-se com as habilidades acadêmicas de

português e matemática, assim segue outras pesquisas recentes que também encontraram

correlação entre funções executivas e desempenho acadêmico.

Lan, Legare, Ponitz, Li, Morrison (2011) avaliaram 119 pré-escolares chineses (de 4 e

5 anos) de duas escolas públicas urbanas em Pequim, e 139 americanos (de 4 e 5 anos) de

duas pré escolas do Centro Oeste com instrumentos das funções executivas (inibição,

memória de trabalho e controle de atenção) e o desempenho acadêmico (leitura e matemática)

em ambas as culturas. Na China a memória de trabalho teve relação significante com a

habilidade do desempenho acadêmico de leitura e, nos Estados Unidos, a memória de trabalho

fortemente relacionada com matemática. Os resultados evidenciaram que as habilidades das

funções executivas e o desempenho acadêmico de matemática correlacionaram-se nas duas

culturas. A memória de trabalho predisse leitura para os chineses e não para os americanos, o

controle de atenção foi preditor na leitura em chineses e americanos, e o componente inibição

não foi preditor em nenhum dos países. De modo geral os autores concluíram que as funções

executivas são importantes para o aprendizado escolar na primeira infância. Os dados do

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presente estudo são bastante semelhantes aos de Lan et al. (2011), sendo que o desempenho

acadêmico de português e matemática correlacionaram-se com o componente de memória de

trabalho com correlações positivas de moderadas a baixas. Em Lan et al., o componente

controle inibitório previu unicamente o desempenho na habilidade de matemática em crianças

chinesas e americanas, no presente estudo também relacionou-se unicamente com a disciplina

de matemática. Segundo Lan et al., o controle inibitório e a memória de trabalho são

necessários para manipular cálculos numéricos e chegar a determinada resposta em

matemática. Os pesquisadores continuam que precisamos da memória de trabalho e do

controle inibitório para fazer a matemática simples, por exemplo contar, em que se resgatam

números prévios de forma a produzir o próximo número, e também para a matemática

complexa (calcular), que necessita da capacidade de realizar vários cálculos de adição ou

subtração, e relembrar as regras da operação numérica.

Deste modo, controle inibitório mostra-se essencial para administrar pensamentos e

impulsos, de modo, a impedir as distrações, assim pensar antes de agir. Esse componente

explica o controle da atenção, do comportamento e do pensamento, afim de inibir estímulos

distratores que possam distrair o discente em sala de aula, selecionando o que é relevante para

o momento (CENTER ON THE DEVELOPING CHILD AT HARVARD UNIVERSITY,

2011; DIAMOND 2013). Isso vem ao encontro do presente estudo confirmando relação entre

controle inibitório e matemática.

No estudo de Monette, Bigras e Guay (2011) foram estudadas as funções executivas

(inibição, flexibilidade e memória de trabalho) e sua relação com o desempenho acadêmico

em 85 estudantes de 5 a 6 anos de idade, em uma amostra de 39 meninos e 46 meninas. Os

resultados revelaram que as habilidades acadêmicas (matemática e leitura-escrita) estão

associadas com as funções executivas do final da 1ª série. Os resultados mostraram que as

habilidades das funções executivas memória de trabalho e controle inibitório predisseram a

leitura/escrita e matemática no final da pré-escola. Não foram achados relação entre

flexibilidade cognitiva e rendimento acadêmico. Esses dados são parecidos com os do

presente estudo, sendo que a memória de trabalho correlacionou-se com matemática e

português com correlação moderada. Os resultados de Monette (2011) mostraram que a

habilidade de controle inibitório previu a leitura/escrita e a matemática no final da pré-escola,

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porém com efeito pequeno. Tais resultados também relacionam-se com o presente estudo, em

que controle inibitório teve pouco relação com as disciplinas.

Fonseca, Lima, Ims, Coelho, Ciasca (2015) encontraram correlações significativas

entre as médias dos instrumentos de atenção por cancelamento, Teste das Trilhas B, Teste

Stroop, Fluência Verbal e Torre de Londres em relação aos subtestes do TDE – teste de

desempenho escolar, que avalia (escrita, aritmética e leitura), sendo as correlações de

magnitude que oscilavam entre baixas e moderadas. Foram evidenciadas correlações

negativas para as médias de tempo nos testes (TC, TMT-B, SCWT) e o teste de TDE. Na

presente pesquisa a memória de trabalho obteve correlação moderada para as disciplinas de

matemática, português, ciências, geografia e correlação com efeito baixo para as disciplinas

de história, geografia, ciências, português e matemática, sendo que para flexibilidade

cognitiva obteve correlação baixa para português e ciências, e por fim, o controle inibitório

correlacionou-se negativamente com efeito baixo com a disciplina de matemática. Esses

resultados corroboram os achados Fonseca et al (2015).

Estupiñan, Barreto, Pulido (2016) investigaram a relação das funções executivas

(planejamento, fluidez, inibição) com o desempenho acadêmico: matemática, geoestatística,

inglês, sociais e espanhol, em 139 estudantes de 6 a 12 anos da 1ª a 7ª série. Houve correlação

entre as funções executivas e o desempenho acadêmico em cada idade. Entre as idade de 6 e 9

anos houve correlação forte e significativa de atenção seletiva, memória de trabalho, memoria

semântica, linguagem expressivo, planejamento e flexibilidade mental com todas as matérias.

Para a idade de 10 anos houve correlação do teste de inibição com idioma estrangeiro. Houve

correlação moderada, nas idades de 7, 8 e 12 anos entre as disciplinas e os processos

atencionais, memória, planejamento e inibição. O presente trabalho corrobora o estudo de

Estupiñan et al (2016), pois obteve correlação significante positiva dos componentes de

funções executivas, principalmente memória de trabalho e, em menor escala, flexibilidade de

inibição, com as disciplinas escolares. Portanto, os resultados confirmaram a relevância das

funções executivas no desenvolvimento da aprendizagem de acordo com a progressão de

série. Purpura, Schmitt, Ganley (2017) estudaram as três habilidades das funções executivas

(controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva) e o desempenho

acadêmico (matemática e alfabetização) de alunos em idade pré-escolar, em 12 escolas

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particulares, com 125 crianças entre 3 a 5 anos. O estudo evidenciou que o componente

executivo controle inibitório relacionou-se com matemática, alfabetização e consciência

fonológica. Já a memória de trabalho verbal relacionou-se com matemática e alfabetização,

sendo que os autores justificam que a habilidade acadêmica de matemática exige que os

discentes guardem informações numéricas, afim de combinar ou manipular diferentes cálculos

numéricos. E por fim, o componente da flexibilidade cognitiva relacionou-se as habilidades

acadêmicas de matemática e também de escrita. O presente estudo corroborou os resultados

de Purpura et al. (2017). Esses estudos evidenciaram uma melhor compreensão da relação das

habilidades das funções executivas com o rendimento acadêmico.

Cantin, Gnaedinger, Gallaway, Hesson-McInnis, Hund (2016) investigaram como as

funções executivas (memória de trabalho, inibição, flexibilidade) predizem leitura,

matemática e teoria da mente. Os três componentes das funções executivas (memória de

trabalho, inibição e flexibilidade) mediaram o efeito da idade sobre a compreensão de leitura,

enquanto a idade explicou diretamente matemática e teoria da mente. O presente estudo

obteve resultados que vão no mesmo sentido, ao identificar correlações significativas entre

funções executivas e notas escolares.

Nouwens, Groen, Verhoeven (2016) investigaram relações entre funções executivas e

compreensão de leitura em holandeses. Os resultados revelaram que o reconhecimento de

palavras, o vocabulário, a flexibilidade cognitiva e a tarefa de audição (memória de trabalho)

relacionaram-se com a compreensão de leitura em alunos da 5ª série, sendo que o presente

estudo também obteve relações entre flexibilidade cognitiva e memória de trabalho com

desempenhos em português. Latzman, Elkovitch, Young, Clark (2010) observaram que

controle inibitório predisse com as habilidades acadêmicas de matemática e ciências sociais.

Em seu estudo os autores investigaram as habilidades das funções executivas (flexibilidade

cognitiva, monitoramento e inibição) e a relação com a realização acadêmica em participantes

de 11 a 16 anos. Os resultados evidenciaram que as funções executivas contribuíram para os

domínios acadêmicos, sendo que flexibilidade cognitiva previu leitura e ciência,

monitoramento previu leitura e estudos sociais, o controle inibitório previu matemática e

ciência. Portanto, esses dados são semelhantes ao presente estudo, firmando a relevância do

papel das funções executivas no desenvolvimento acadêmico em fase escolar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral da presente pesquisa foi investigar diferenças nas funções executivas

ao longo dos anos escolares e sua relação com o desempenho acadêmico em crianças do 1º ao

5º ano do ensino fundamental. Pôde-se observar, de forma geral, um aumento nos

desempenhos com a progressão escolar, bem como correlações entre as funções executivas e

as notas escolares. Assim, as funções executivas tenderam a aumentar com a série e, quanto

melhor a nota acadêmica, melhor tendeu a ser o desempenho das funções executivas,

especialmente da memória de trabalho.

Portanto, diante dos resultados encontrados a pesquisa conseguiu abordar o objetivo

geral e os objetivos específicos assim propostos. Destaca-se que a pesquisa contribuiu com

dados relevantes sobre o efeito do ano escolar e correlação das funções executivas com o

rendimento acadêmico. Um ponto a ser ressaltado é que foram consideradas as notas escolares

para diferentes disciplinas, o que permitiu uma análise mais detalhada das relações com

funções executivas. Outro ponto importante da dissertação foi o uso de um instrumento

informatizado para avaliar funções executivas, o que torna a avaliação mais lúdica para a

criança, bem como permite automatizar tanto a aplicação quanto a correção dos dados.

É importante destacar que houve algumas limitações, tais como a condução da

pesquisa em apenas duas escolas particulares e o travamento do aplicativo ocorreu em

algumas avaliações. Destaca-se que nessa pesquisa não foi avaliado separadamente resultado

em função do sexo, o que pode ser analisado em estudos futuros. Recomenda-se a

continuidade de estudos com um aumento de amostra para permitir análises mais consistentes,

avaliação de escolas públicas, bem como a aplicação a grupos clínicos de forma a verificar

possíveis déficits de funções executivas.

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REFERÊNCIAS

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11 ANEXOS

ANEXO 1

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ANEXO 2

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ANEXO 3

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