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UFPR www.ufpr.br | Ano 10 | Número 51 |Março de 2011 Notícias da A cidade reinventada Metrô, Copa do Mundo e, sobretudo, investimentos no tecnoparque e instalação do campus da UFPR projetam um novo Rebouças nos próximos dez anos pág. 7 Projeto no litoral leva ciência para comunidade Caixinhas do MAE recebem prêmio nacional Iniciação à docência incrementa ensino da filosofia pág. 3 pág. 20 pág. 24

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Ano 10 | Março de 2011 | Número 51

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Page 1: Notícias da UFPR

UFPRwww.ufpr.br | Ano 10 | Número 51 |Março de 2011

Notícias da

A cidade reinventadaMetrô, Copa do Mundo e, sobretudo, investimentos no tecnoparque e instalação do campus da UFPR projetam um novo Rebouças nos próximos dez anos pág. 7

Projeto no litoral leva ciência para

comunidade

Caixinhas do MAE recebem prêmio

nacional

Iniciação à docência incrementa ensino da filosofia pág. 3 pág. 20 pág. 24

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Março2011

O jornal Notícias da UFPR é uma publicação da Assessoria de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná.Rua Dr. Faivre, 405 - CEP: 80060-140 Fones: 41 3360-5007 e 41 3360-5008 Fax: 41 3360-5087 E-mail: [email protected]

Reitor Zaki Akel Sobrinho | Vice-Reitor Rogério Mulinari | Pró-Reitor de Administração Paulo Roberto Rocha Kruger | Pró-Reitora de Extensão e CulturaElenice Mara de Matos Novak | Pró-Reitora de Gestão de Pessoas Larissa Martins Born | Pró-Reitora de Graduação Maria Amélia Sabbag Zainko

Pró-Reitora de Planejamento, Orçamento e Finanças Lúcia Regina Assumpção Montanhini | Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Sérgio ScheerPró-Reitora de Assuntos Estudantis Rita de Cássia Lopes | Chefe de Gabinete Ana Lúcia Jansen de Mello Santana.

Assessor de Comunicação Social e Jornalista Responsável Mário Messagi Júnior - Reg. Prof.: 2963 | Edição geral Lais Murakami | EditoresSimone Meirelles (Ensino), Fernando César Oliveira (C&T), Mário Messagi Júnior (Gestão) e Letícia Hoshiguti (Cultura e Extensão)

Projeto Gráfico e Diagramação Juliana Karpinski| Foto da Capa Leonardo Bettinelli | Revisão Edison SaldanhaImpressão Imprensa Universitária | Tiragem 10 mil exemplares

Começamos o ano letivo com muita energia e comprometidos com o maior desafio que a UFPR enfrenta hoje: conciliar uma gran-de expansão com a excelência acadêmica que sempre marcou nossa trajetória nesses 98 anos. Inauguramos novos prédios, la-boratórios de ensino e pesquisa, estamos recebendo 70 novos do-centes e 45 técnicos, iniciando novas obras e dando continuidade à maior expansão física da histó-ria em Curitiba, Litoral e Palotina.

Nesses dois anos de gestão, consolidamos uma forma de admi-nistrar a partir do diálogo, valorizan-do a construção coletiva. Revitaliza-mos o fórum de coordenadores de graduação e de pós-graduação, cria-mos o fórum de chefes de departa-mento, mantivemos uma extensa agenda de reuniões, instituímos o Diálogos com a Reitoria, abrimos o processo de elaboração do PDI e valorizamos os conselhos superio-res e todos os órgãos colegiados. Isso permitiu uma série de ganhos institucionais como as melhorias no Provar, a implantação do sistema de avaliação e tutoria (SAT), o fortale-cimento da assistência estudantil, a intensificação do diálogo com os diversos segmentos sociais e com os poderes públicos. Também ex-pandimos nossas relações interna-cionais, aumentando a mobilidade acadêmica, os cursos com duplo diploma e a cooperação científica e tecnológica. Nossas ações também têm melhorado a gestão dos nossos hospitais, estações experimentais e grupos artísticos. E o cuidado com as pessoas se materializa em pro-gramas e atividades que beneficiam toda comunidade.

Fizemos uma opção definitiva: mobilizar nossa comunidade para caminharmos com passos firmes rumo ao centenário, valorizan-do o esforço e a contribuição de cada um, focando em resultados, buscando imple-mentar ações e superando todos os obstáculos.

Aquecimento Globalmais frio do que nunca

Editorial

Caminho seguro

Passados meses da 16° Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-16), em Can-cún, no México, parcas notícias são veiculadas na imprensa sobre o evento. Em 2010, nesse mesmo período, a COP-15 – Copenha-gen, era assunto de destaque em todos os meios de comunicação e discutido nos mais inusitados fóruns, frustrada a esperança da concretização do plano dos grandes líderes mundiais para o “salva-mento do Planeta Terra”. Infelizmente, as Conferências das Partes (COP) vêm reservando o amargo sabor de questões malresolvidas, de falta de medidas efetivas e a certeza de que as questões econô-micas ainda prevalecem sobre o frágil meio ambiente global.

Para o futuro, no entanto, as expectativas da comunidade cien-tífica são mais tímidas, porém mais factíveis, buscando alcançar acordos globais em alguns campos majoritários.

Primeiro é a renovação das metas de redução que vencem em 2012, pelos países do Anexo I (desenvolvidos) dentro do Protocolo de Kyoto.

O segundo ponto chave, que continua em debate, é a busca do con-senso entre os países membros sobre um conjunto de ações relacio-nadas ao aquecimento global, tais como: mecanismos para financiar ações que diminuam a emissão de gases causadores do efeito estufa; a transferência de tecnologia para essas ações; regulação do mercado de créditos de carbono e a efetiva estruturação de um fundo para ações contra a emissão de gases causadores do efeito estufa. Um avanço que vem ocorrendo, ansiado principalmente pelos países da América do Sul, é a regulamentação dos mecanismos de Redução de Emissões por Des-matamento e Degradação (REDD), metodologia esta que pode gerar créditos para auxiliar na conservação dos recursos florestais.

Em relação aos EUA, que ainda não ratificou o Protocolo de Kyo-to, a situação não deve mudar em curto prazo. O avanço dos par-lamentares republicanos no Congresso americano, com perfil mais desenvolvimentista e cético diante das pesquisas sobre mudanças climáticas, representa novo obstáculo para o País avançar no tema.

No tocante ao Brasil, a principal tarefa é a apresentação do novo inventário nacional de emissões, que detalhará as emissões brasi-leiras de gases de efeito estufa. O governo também precisa apre-sentar uma estratégia clara para alcançar o compromisso assumido em Copenhagen de reduzir as emissões brasileiras entre 36,1% e 38,9% até 2020, cujas metas nunca foram detalhadas.

A esperança da comunidade científica é que nos próximos anos tenhamos metas realistas com resultados mais efetivos na bus-ca do equilíbrio climático. Que as gélidas nevascas no hemisfério norte não esfriem o ânimo das autoridades na luta pelo combate ao aquecimento global.

PAULO DE TARSO DE LARA PIRESProfessor do Departamento de Economia Rural e Extensão da UFPR,

membro da delegação brasileira na COP 15 e COP 16

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OpiniãO

Zaki AkelReitor da UFPR

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Março2011EnsinO: iniciaçãO à dOcência

“Todos aqueles que va-lorizam a educação pública de qualidade

terão um bom motivo para se lembrar do ano de 2010 em virtu-de de um feito extraordinário.” É assim que começa o artigo que o coordenador do curso de Filoso-fia da UFPR, professor Eduardo Barra, encaminhou à Assessoria de Comunicação Social para pu-blicação. O entusiasmo do coor-denador tem nome e sobrenome: trata-se do ‘nascimento’ de uma nova publicação, a Antologia de Textos Filosóficos, editada pelo Governo do Paraná com a asses-soria e consultoria dos professo-res de Filosofia da universidade.

O Notícias da UFPR foi con-ferir na ponta do processo os efeitos do projeto que tanto ani-mou Eduardo: fomos acompa-nhar uma aula de Filosofia de um dos professores de ensino médio que executam em sala de aula o que antes foi objeto de discussão no laboratório da Filosofia. A es-cola é pública e fica na periferia de Curitiba: o Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, no bair-ro Umbará. Uma escola grande, para quase dois mil alunos.

A nossa expectativa por encontrar uma turma grande e barulhenta deu lugar ao seu oposto, uma turma pequena –dez meninos e sete meninas – e atenta. E a aula que passamos a conferir não poderia ser mais positiva: um professor lendo

textos de Voltaire escrito há qua-se 250 anos para adolescentes de 14 anos. Sem bagunceiros ou sonolentos. Todos acompanhan-do a leitura do professor, apren-dendo um pouco mais sobre o pensamento desse filósofo e sua abordagem ao gênero feminino. Todos munidos do ‘livrão’ de 700 páginas, que assustou no início do semestre, mas a esta altura não impõe mais medo.

“Mulheres, sujeitai-vos sub-missas aos vossos maridos” foi o texto escolhido para os alu-nos trabalharem naquela tarde. No decorrer da leitura, Luciano provocava o debate: “o escritor se refere no texto à doença de nove meses, que doença é essa? Percebem o lado ‘cronista’ do autor, que aborda acontecimen-

Há excelentes aulas de Filosofia sendo ministradas hoje em escolas públicas do Ensino Médio no Paraná. E a UFPR tem tudo a ver com isso

Letícia [email protected]

tos do século XVIII, os aspectos cotidianos daquela época?”

E a exposição do professor continuou com o tema interca-lando os vários aspectos trans-pondo-os para a vida real dos estudantes, convidados, por exemplo, a refletir sobre a in-dependência da mulher de hoje.

“A mulher tem que ser sub-missa? O que vocês acham da mulher que não se rebaixava, que um dia desejou aprender a ler?” questionou o professor. O debate saiu então do século 18 para ganhar a casa dos estudan-tes de hoje. “Lá em casa é a mi-nha mãe que manda”, disse um aluno. E a conversa migrou para a situação do Brasil de hoje, que elegeu uma mulher como presi-dente. Mas a turma quase não

Professores da UFPR

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Filosofia no Ensino Médio

ajudam a melhorar qualidade da

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Nas Oficinas de Tradução, professores debatem a melhor forma para traduziro pensamento dos autores

interagiu em sala e o professor, naturalmente, deu a lição de casa: “O que Voltaire está criti-cando ainda vale? Qual o papel da mulher hoje? É livre? É inde-pendente? Ainda continua sub-missa? Em que medida a leitura é uma maneira pela qual nós conquistamos a liberdade?” Per-guntou aos alunos, que foram incumbidos de produzir duas ou três páginas para a próxima aula. E também a orientação para que os alunos lessem também um texto de Rita Lee: “O papel da mulher na sociedade”.

A aula terminou e Luciano nos relatou que o mesmo conteú-do dado para a turma do turno da noite provocou outras reações: “A turma ficou ouriçada”, disse. Sua satisfação é grande com o novo material: “Primeiro porque propicia acesso ao original e não a textos comentados ou redigidos a partir de alguém que leu”, ponde-ra. “É outra coisa trabalhar com um original, você lê o que o autor está falando. Isso é uma grande vantagem”, reforça.

Sem texto, não há aula de f ilosof ia.

Sem bons textos, não há

boas aulas de f ilosof ia.”

“ Luciano Kaminski, que é

graduado pela Universidade São Francisco e tem Mestrado em Filosofia pela PUC, defende a va-lorização do professor do ensino médio. Ele tem orgulho da ativi-dade que exerce na escola públi-ca e dedica parte do seu tempo também ao Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação à Docên-cia (Pibid) financiado pela Capes e em andamento na UFPR. Nes-se projeto, ajuda a preparar os materiais, trabalha na tradução de novos textos com o grupo de professores que se reúne todas as terças-feiras à tarde na uni-versidade. Mais do que traduzir os originais para o português, o grupo debate o contexto, o pen-samento na época, a forma mais descomplicada de traduzir o pen-samento do autor.

A Antologia de Textos Filo-sóficos contou com esse tipo de contribuição dos professores da UFPR. Eles também atuaram como consultores, realizaram traduções, fizeram apresenta-ções da publicação. O Centro de Línguas e Interculturalidade da UFPR também apoia as Ofi-cinas de Tradução, oferecendo duas estagiárias para assesso-rar na concepção dos projetos de tradução e nos trabalhos de verter para o português os textos em inglês, francês e ale-mão. E a participação da UFPR nesse projeto continuou: uma vez publicada e distribuída para as escolas públicas do ensino médio do Paraná, bibliotecas universitárias e bibliotecas pú-blicas do Estado, a UFPR pas-sou a contribuir com a efetiva inserção da Antologia na sala de aula, como é o caso exemplar de Luciano. Além da publicação em papel, também há a versão eletrônica, disponibilizada para download na internet (www.fi-losofia.seed.pr.gov.br), com aces-so livre e gratuito.

Os participantes do Pibid vêm colhendo bons resultados no meio acadêmico. A Antolo-gia de Textos Filosóficos foi di-vulgada durante o XIV Encontro Nacional de Filosofia. Segundo Eduardo Barra, o encontro é o

maior e mais prestigiado even-to acadêmico da área de filoso-fia no país, sendo promovido a cada dois anos pela Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia. Neste ano, reuniu mais de 1.500 professores e pesquisadores na área de filoso-fia das mais diversas regiões do país. Durante os quatro dias do Encontro, o grupo do Pibid da UFPR distribuiu materiais de divulgação e expôs exemplares da Antologia aos interessados em conhecer os detalhes dos seus capítulos e sua concepção editorial. A Antologia despertou em todos admiração pela qua-lidade dos textos e pelo poten-cial para melhorar a qualidade do ensino da filosofia no ensino médio. “A maioria dos que assim tiveram contato com a Antologia demonstraram grande interesse em divulgá-la nas instituições de ensino de seus Estados”, in-forma o coordenador.

Eduardo explica que os estu-dantes, ao serem estimulados a produzir e a compreender o pro-cesso de produção de materiais didáticos, acabam contribuindo também para o aperfeiçoamento desses materiais. Os professo-res acabam ainda por valorizar muito a utilização desses mate-riais em sala, na medida em que ajudaram a construí-los.

Projeto estimula utilizaçãodo livro em sala de aula

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Eduardo Barra, coordenador do curso de Filosofia

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Antologia reúne dezenas de textos clássicos da história da filosofia, todos acompanhados de material didático e crítico (veja quadro em destaque). Cada volume da Antologia tem mais 700 páginas, cuidadosa-mente impressas e encader-nadas. Foram produzidos 64 mil exemplares, que agora se encontram à disposição dos es-tudantes nas bibliotecas esco-lares em quantidade suficiente para que possam ser utilizados em sala de aula.

“Depois de quase duas déca-das longe das salas de aulas da escola secundária, a filosofia vi-veu dias de completo desampa-ro diante da ausência ou da bai-xa qualidade dos seus materiais didáticos”, afirma o coordena-dor Eduardo Barra. Ele comen-ta que poucas disciplinas talvez dependam tão radicalmente desse tipo de suporte material: “Sem texto, não há aula de filo-sofia. Sem bons textos, não há boas aulas de filosofia”, conclui, elogiando a ini-ciativa da Secretaria de Estado da Educação do Paraná que enca-rou esse desafio e fo-mentou uma prática inédita de produção de material didático para as aulas de fi-losofia no Estado.

Eduardo ex-plica que pri-meiro foram os próprios p r o f e s s o r e s das escolas convidados a escrever capí-tulos do Livro Di-dático Público de Filosofia, publicado em 2006. “Isso destituiu o professorado da condição de mero usuário de ma-teriais didáticos exóticos e o elevou à condição de produtor dos próprios re-cursos da sua prática do-

cente”, informa. Quatro anos depois, veio a Antologia. Aí, tratou-se da produção de um material mais elaborado, en-volvendo a tradução de textos escritos originalmente em gre-go, latim, francês, italiano, ale-mão e inglês.

Para contribuir na produção da Antologia, foram convidados os professores das universida-des, a maioria delas sediadas aqui no Paraná. Segundo Bar-ra, foi uma medida acertada, que estreitou relações entre as universidades e as escolas. Per-mitiu aos professores universi-tários levarem suas pesquisas acadêmicas a um público mais amplo e territorialmente mais próximos dos centros de produ-ção de seus conhecimentos.

Edição caprichadareúne textos clássicos da Filosofia

Os Textos da Antologia• AgostinhodeHipona:Confissões(LivrosXI)• Aristóteles:APolítica(1252a–1253b;livroIII:1274b30a–1276a)• Avicena:Epístolas(AFilosofiaeasuadivisão;Sobreoserhumano; Sobre ametafísica; Sobre a finitude das dimen-sões;Sobreosprincípiosdomovimento)• Berkeley:Ensaioparaanovateoriadavisão;TeoriadaVisãoexplicadaedefendida.• Bornheim: “GêneseemetamorfosedaCrítica” (in:PáginasdeFilosofiadaArte)• Descartes:Meditações(excertos)• Espinosa:BreveTratado(2ªparte)• Foucalt:Poderesaber(entrevistaaS.Hasumi);Opoder,ummagníficoanimal(entrevistaaM.Osório)• Gramsci: A indiferença; A história; Cadáveres e idiotas; Ra-biscos;Oprogressonoíndicederuasdacidade;Filantropia,boavontadeeorganização;A suaherança;Os jornais eosoperários;Aluzqueseapagou;CrônicasdeL’OrdineNuovo• Hegel: Linhas fundamentais da filosofia do direito; Obrascompletas(excetos)• Hobbes:OLeviatã(cap.XII,XIV,XVeXVII)• Hume:Umainvestigaçãosobreoentendimentohumano(se-ção8)• Kant:Respostaàquestão–oqueéesclarecimento?• Maquiavel:Discursossobrea1ªdécadadeTitoLívio(excer-tos);CartadeMaquiavelaLenóbioBuondelmontieCosmoRuccellai;Proêmio;LivroI–capítulos1,2,3,4,5,6,7,9,10,11,16,55;Livro II:capítulo II;Príncipe (excertosdoscapítulosI,III,VI,IX,XV,XVIII,XXV)• Marx:CríticadaFilosofiadoDireitodeHegel(Introdução)• Merleau-Ponty:Conversas(1ªconversa:omundopercebidoeomundodaciência;2ªconversa:exploraçãodomundopercebido–oespaço;3ªconversa:ohomemvistodefora)• Nietzsche:Sobreaverdadeeamentiranosen-tidoextra-moral

• Platão:HípiasMaior(excerto),Arepública(ex-certodolivroX)• Rousseau:Discursosobreasciênciaseasartes(excertos – 1ª e 2ª parte); Discurso sobre a ori-gemeos fundamentosdadesigualdadeentreoshomens (excertosdoPrefácio;Discurso;1ªe2ªparte);ContratoSocial(excertosdolivroI:capítulo1,3,4,6,7,8)• Sartre:Oexistencialismoéumhumanismo• Schiller:CartasXII;XIVeXVXIV• TomasdeAquino:Arealeza

• Voltaire:Mulheres,sujeitai-vosaosvossosmari-dos;Providência;OséculodeLuizXIV;Idéiasrepubli-canasporummembrodocorpo.

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O direito do consumidor

para o servidor

Assim como um consumi-dor pode reclamar de um produto adquirido, que

possui defeito, ou de um atendi-mento mal realizado, o servidor da Universidade Federal do Pa-raná também pode fazer o mes-mo com algum bem ou serviço comprado por licitação. Os pas-sos para isso são primeiramente conferir a nota fiscal da aquisição no momento da entrega, cobrar do fornecedor o procedimento correto ou até mesmo entrar com uma notificação.

Por todas essas etapas teve que passar o servidor Francisco Pujol Filho, que trabalha na uni-dade de orçamento e finanças da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), para conseguir o recebimento total de um pedi-do que chegou em janeiro do ano passado. A empresa contratada deveria entregar nove quadros, porém faltava um. Na mesma hora Pujol ligou para questionar o erro e a gerência do fornecedor alegou que o objeto foi esquecido e seria providenciado em breve.

Com essa promessa, ele assi-nou o recebimento e aguardou a entrega do último quadro. No en-tanto, depois de várias ligações, o gerente da empresa não foi mais encontrado, os representantes ouvidos continuavam a justificar a falta, mas a entrega ainda não

havia sido realizada. Até que em uma das ligações para cobrar o recebimento do quadro, a empre-sa se demonstrou indiferente ao caso com a UFPR, por já partici-par de licitações mais lucrativas com o exército.

Pujol encaminhou uma noti-ficação para a Central de Com-pras (Cecom) da instituição, onde já havia mais reclama-ções sobre a mesma empresa, que em maio de 2010 recebeu como penalização, aplicada pela Pró-Reitoria de Administração (PRA), a suspensão temporária do direito de licitar e impedi-mento de contrato com a admi-nistração pública por dois anos. Ao saber disso, representantes da empresa entraram em conta-to e alegaram que não sabiam da situação problemática, que foi resolvida logo depois disso, com a entrega do quadro faltante.

“Quando encontro problema, eu não largo mão. O negócio é bu-rocrático e pode passar anos sem ser resolvido”, conta Pujol, que lamenta a confusão causada por um quadro no valor de R$ 61.

Complicações decorrentes de licitações são comuns na ins-tituição. O chefe da seção orça-mentária do Setor de Ciências da Saúde, Hamilton Oliveira Alves, relata que problemas com os to-ners utilizados nas impressoras são os casos mais recorrentes, assim como a demora do forne-

Ao comprar um bem ou ter serviço

que não foi realizado corretamente,

uma reclamação formal pode impedir

que o mesmo fornecedor repita

o problema

Ciro [email protected]

GEstãO: cOmpras

cedor para entregar o material e mudança da marca de algum item depois que a licitação já foi feita.

Problemas relatados

Devido à situação, é impor-tante que a pendência do serviço ou do bem ainda não resolvido a contento seja formalizado pelo servidor, podendo ser feito com a abertura de processo sobre a em-presa no próprio setor, que vai dar origem à notificação. “Todo aque-le que se sentir lesado e puder, deve fazer isso para evitar que o fornecedor participe do mesmo projeto e repita os mesmo erros”, diz a coordenadora da Cecom, Evani Aquino da Silva.

Ela conta que os prazos para o servidor reclamar de algum bem ou serviço adquirido devem respeitar o que está estipulado na licitação, em que a vencedora é aquela com a melhor relação entre preço e qualidade. A re-comendação é, assim que rece-ber a compra, fazer o primeiro teste e em caso de problema, o fornecedor deve ser contatado diretamente, o que já resolve a maioria dos problemas.

Só no ano passado foram re-cebidas pela Cecom cerca de 100 notificações de serviços prestados de maneira incorreta e todas fo-ram resolvidas. “Se você comprou um bem, tem que correr atrás dos seus direitos, como se ele fosse somente seu”, afirma Evani.

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Pujol Filho: questionamentos e notificações até receber o produto

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Março2011GEstãO: cidadE UnivErsitária

Longos paredões, fábricas que fecham à noite, pouca ilumina-ção pública, transporte pesado, prédios com quase 40 anos: o Rebouças não é, hoje, o bairro mais hospitaleiro de Curi-

tiba. “Não tem farmácia no bairro, porque não há movimento de pessoas. Muitos restaurantes não abrem aos sábados, porque não tem os trabalhadores das indústrias. O bairro é pouco habitado”, conta Thais Polleto, moradora da região há mais de dez anos.

Mas esta realidade deve mudar ao longo dos próximos anos. Um conjunto de ações, dos poderes públicos federal, estadual e municipal, combinado com investimentos da iniciativa privada, prometem transformar o Rebouças na próxima década. “A tendên-cia é que o bairro se desindustrialize. Não é possível melhorar as plantas industriais”, explica o supervisor de Planejamento do Ins-tituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Ricardo Bindo. Segundo Bindo, as plantas industriais mudaram nos últimos 40 anos e as ‘velhas estruturas’ se tornaram obsole-tas. Por esse motivo, as indústrias não têm perspectivas na região e começam a sair. Neste processo, a instalação de campi do Institu-to Federal do Paraná (IFPR), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e, sobretudo, da UFPR terão um papel decisivo e sintonizado com os projetos para o bairro.

Um novo RebouçasNovos campi da UFPR e UTFPR, incremento no transporte coletivo, Copa do Mundo,

tecnoparque e incentivos urbanísticos devem transformar o bairro do Rebouças e recuperar uma das áreas mais degradadas do centro de Curitiba

Mário Messagi Jú[email protected]

Colaboraram: Bernardo Staut e Mariana Braga

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Plano agache

O Rebouças foi concebido como uma região industrial em 1943, no Plano Agache (veja box ao lado). A cidade estava dividida em regiões funcionais: área de produzir, área de estudar, área de go-vernar, área de abastecer, área esportiva, área industrial etc. Numa cidade com 120 mil habitantes, o Rebouças era a periferia e foi destinado para a instalação de indústrias. O resultado foi efetivo. O bair-ro tem, ainda hoje, grandes fábricas, como a da Brahma e da Fiat Lux. O Plano Agache concebeu diversas outras re-giões, como o Tarumã, onde está boa parte dos aparelhos esportivos da cidade, como o estádio do Pinheirão, o Jóquei e o Ginásio do Tarumã. Ou, então, a região do Centro Cí-vico, planejada para receber os prédios dos poderes públi-cos. Todas essas regiões hoje estão bem conformadas à cida-de de Curitiba, mesmo que a população já se aproxime dos dois milhões de habitantes. O Rebouças não. Com o cresci-

mento da cidade, a antiga zona industrial ficou desajeitada, encalacrada no centro de Curi-tiba. Esse desacerto urbanís-tico já era evidente em 1973, quando a Cidade Industrial de Curitiba passou a receber as indústrias. Na verdade, o Rebouças deixou de ser zona industrial, no Plano Diretor da cidade, em 1965. De 1975 em diante, o bairro vira zona de recuperação. O poder público cria incentivos construtivos, mas, segundo Bindo, foram in-suficientes para mudar o perfil da região. Em 2000, houve ou-tras tentativas, com aberturas de vias, mas sem o resultado esperado também.

As tentativas mal-sucedi-

A cidade funcional de Agache

A primeira grande ordenação estrutural de Curitiba foi resultado do trabalho do ur-banista francês Donat-Alfred Agache em 1943, quando a capital paranaense tinha120 mil habitantes.O Plano Agache procurou organizar a cidade para evitar a tendência de congestiona-mento no centro, enchentes e endemias. Para isso, definiu áreas específicas. Dentre elas, construiu o Centro Cívico para atividades administrativas, um centro militar no Bacacheri, uma cidade universitária na então periferia (onde está o Politécnico) e uma região es-portiva, onde está o Pinheirão e o Jockey Club do Paraná.Para o Rebouças, coube o distrito industrial. Antes do Plano, a região já tinha tendên-cia a atrair fábricas, devido à presença da linha ferroviária. Mas com o crescimento da cidade, nos anos 60 surgiu a necessidade de um novo espaço para as indústrias. Só em 1973, com o Projeto CIC, é que a área industrial passou a se localizar a 10 km do centro.

AD - Avenida DiametralAP - Avenida PerimetralRP - Radial PrincipalRS - Radial Secundária..... - Linha Ferroviária

Instituições de ensino da região do Tecnoparque somam 40.000 alunos, 3.000 professores e 500 grupos de pesquisa. Massa crítica será fundamental para o desenvolvimento de atividades de alta tecnologia na região

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das na indução de outro mo-delo de desenvolvimento da região indicaram a necessida-de de adotar outros caminhos. Hoje, o Rebouças tem um zo-neamento diferenciado, que se aplica exclusivamente ao bair-ro: é uma ZR3 especial. Uma ZR3 normal tem coeficiente 1 de aproveitamento de solo. Isto quer dizer que, num ter-reno de 400 m², por exemplo, o limite de construção é de 400 m², no máximo três pavimen-tos. Com compra ou transfe-rência de potencial construtivo, o coeficiente pode ser de até 1,5 com quatro pavimentos. Ou seja, a região é de média densidade de construções. O Rebouças é uma ZR3, mas seus limites são distintos. O coeficiente de aproveitamento do solo pode chegar até a 2,5, com oito pavimentos, também com compra ou transferência de potencial construtivo.

Os limites de construção de cada região são o seu potencial construtivo. Quando um cons-trutor não usa todo o potencial, pode transferi-lo a outro, desde que autorizado pela prefeitu-ra. O poder municipal também detém excedentes de potencial construtivo e os vende, quando julga adequado.

Transporte sobre trilhos

O metrô vai reestruturar o cenário urbano de Curitiba, mas o ônibus não vai sair totalmente do sistema de

transporte. O que muda é o novo meio que será mais competitivo em relação aos carros e mais seguro,

rápido, confortável e ecologicamente mais adequado do que o sistema de ônibus. O valor da tarifa deve ser a

mesma cobrada pela atual Rede de Transporte. O projeto da linha Norte-Sul teve a participação do

IPPUC, da Urbanização de Curitiba S.A. (URBS) e da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). As estações e os terminais passam do CIC Sul ao

Santa Cândida. Nas regiões centrais, o metrô deve parar nas estações Osvaldo Cruz, Eufrásio Correia,

Rua das Flores, Passeio Público e Alto da Glória. Dentre outras áreas, ele passará também pelos

bairros Pinheirinho, Capão Raso, Juvevê e Boa Vista. O investimento total será de R$ 2 bilhões.

A maior parte desta quantia será destinada a infraes-trutura, obras e equipamentos. A previsão para o término das obras é 2017, mas alguns trechos podem ser inaugu-

rados em 2014, ano de Copa do Mundo no Brasil.

tecnoParque

Além de estimular o adensa-mento populacional do bairro, a ZR3 especial do Rebouças tem outra finalidade. Combinado com incentivos fiscais criados pela Lei Municipal Complemen-tar 64/2007, que reduz o Impos-to Sobre Serviços (ISS) de 5% para 2%, isenção do Imposto de

Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e isenção por dez anos do Imposto Predial e Territo-rial Urbano (IPTU), em caso de construção, e redução para 50% por cinco anos em caso de loca-ção de imóvel na região.

O Tecnoparque é composto de quatro regiões: o setor CIC Sul (Tecpar), o setor CIC Nor-

te (Parque de Software), o se-tor Rebouças e o anel logístico e núcleo empresarial próximo à Linha Verde e à Av. Marechal Floriano Peixoto. Segundo o presidente da Agência Curiti-ba, Juraci Barbosa Sobrinho, a vocação industrial de Curitiba já está superada. “O objetivo é atrair empresas de serviços, sobretudo de alta tecnologia agregada”. A Agência Curitiba é o órgão municipal incumbido de desenvolver estas ações. Já houve 122 solicitações de empresas privadas para par-ticipar do programa. Oitenta e duas foram aceitas e estão credenciadas.

O Rebouças está no centro deste projeto, pois concentra to-dos os ativos necessários para o desenvolvimento de atividades econômicas focadas em alta tec-nologia. A região é próxima de diversas instituições de ensino, como a PUC, a UTFPR e o cam-pus Politécnico da UFPR. Além disso, tem o Instituto de Tec-nologia para o Desenvolvimen-to (Lactec) e a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Esta vocação para a pro-dução de conhecimento e inova-ção da região vai ser aprofundada pelo surgimento de novos campi da UFPR, UTFPR e IFPR.Instituições de ensino da região do Tecnoparque somam 40.000 alunos, 3.000 professores e 500 grupos de pesquisa. Massa crítica será fundamental para o desenvolvimento de atividades de alta tecnologia na região

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Área de estudar

A velha área de estudar do pla-no Agache compreendia a região onde hoje está instalado o Centro Politécnico, o Setor de Educação Profissional e Tecnológica e o campus Botânico da UFPR e o campus 1 da PUC. Agora, a área de estudar deve se alongar e to-mar a velha área industrial.

No Edifício Teixeira Soares, o antigo prédio da Rede Ferro-viária Federal, a UFPR pretende construir e reformar um total de mais de 62 mil m² (aproximada-mente quatro vezes a área do prédio D. Pedro I), numa obra que terá três fases. A primeira, o anexo A, já começou. A licitação foi feita em dezembro e fechou em R$3,159 milhões. Em 2011, devem ser licitados o anexo B e, provavelmente, os anexos C1, C2 e C3. Estes, no entanto, dependem da disponibilidade de recursos orçamentários.

Além disso, a UTFPR assinou com o Exército, no dia 10 de de-zembro de 2009, Termo de Com-promisso de Compra e Venda da área do 5º Batalhão de Suprimen-to (5º BSup), na João Negrão, em frente a uma das entradas do Edi-fício Teixeira Soares. A área tem 15.650 m². O valor de compra foi R$ 20,3 milhões. Após a concreti-zação da compra, o 5º BSup terá dois anos para liberar o imóvel.

O terreno tem potencial de construção de 38 mil m². Segun-do o diretor do campus Curitiba da UTFPR, Marcos Flávio de Oliveira Schiefler Filho, a plano é construir três prédios de oito pavi-mentos e reformar barracões, para instalar laboratórios. A UTFPR, no entanto, ainda não tem projeto definitivo de ocupação do terreno.

O IFPR também veio para a região. Comprou a antiga sede da Uniandrade, na João Negrão, ao lado dos Correios. Mas trouxe

apenas unidades administrativas. Os cursos ficarão no novo cam-pus, perto do Horto Florestal, no Uberaba. O terreno tem 30 mil m² e fica dentro do Tecnoparque.

Todas estas movimentações devem mudar o perfil do Rebou-ças. À UFPR caberá o papel de maior impacto, já que vai levar o maior número de atividades para a região. Mas outros projetos também devem alterar o perfil da região. O primeiro é a implan-tação do metrô em Curitiba, um projeto com valor estimado em R$ 2,2 bilhões. Uma das estações será exatamente na Praça Eufrá-sio Correia, em frente ao Shop-ping Estação e a menos de uma quadra do campus Rebouças da UFPR (veja box na página ante-rior). Para a diretora do Plano Di-retor da UFPR, Maria Luíza Dias, isso pode até diminuir o impacto da mudança da UFPR para região. Segundo ela, quando o transporte

coletivo é bom, as pessoas conti-nuam morando onde estão. “Os alunos mudam pouco porque são, na maioria, de Curitiba”, diz.

O diretor da Agência Curiti-ba, Juraci Barbosa Sobrinho, no entanto acredita que a região vai acabar recebendo muitos empre-endimentos imobiliários de apar-tamentos pequenos, pelo perfil de atividade econômica que deve desenvolver nos próximos anos. O urbanista da UFPR, Clóvis Ul-tramari, também é cético. Para ele, não há motivo para morar no bairro, sobretudo pela qualidade do transporte. Apesar disso, ele acredita que as pessoas gostam de morar perto de uma universi-dade. “No Rebouças, a média de idade da população é mais alta. Com a vinda do campus para cá, a região deve rejuvenescer”, diz.

O impacto vai depender de como o campus vai se ajustar ao ambiente urbano. O Centro Poli-técnico e o Jardim Botânico, por exemplo, tiveram baixíssimo impacto urbanístico na região. Já o complexo da Reitoria tem efeitos mais claros. Para Clóvis, isso decorre de como o campus se mistura com a cidade.

O engenheiro responsável pelo projeto do novo campus, Luiz Carlos da Silva, aposta em mu-danças. “Já causamos impacto só avisando que viríamos para o Tei-xeira Soares”, defende. O campus será aberto para a circulação da comunidade. Isso vai impor novas demandas para o poder público. “Além de melhorar a iluminação, a prefeitura vai ter que mexer na es-trutura viária, nas linhas de ônibus, no acesso para bicicletas”, explica.

A Copa do Mundo de 2014 deverá ter impactos diretos na região do Rebouças. O estádio para a realização dos jogos é a Arena da Baixada, por isso o poder público deverá melhorar a estrutura viária com obras como a construção da terceira pista do aeroporto Afonso Pena, que deverá custar R$ 1 bilhão e terminará apenas em 2014. A prefeitura pretende instalar o transporte elétrico na Av. das Torres, que será aberta logo depois do viaduto do Tarumã.Todas estas ações devem mudar o bairro. Segundo Marcos Katha-lian, consultor de Mercado do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), há três anos o mercado percebeu o processo de revitalização da região. Em 2008, surgiu o primeiro grande empreendimento do bairro, que está sendo entregue agora: o Boulevard Rebouças. Como o ciclo de um empreendimento é de 24 a 36 meses, leva tempo para que as mudanças sejam percebidas.Segundo o consultor, o fato do bairro ser anexo ao centro e ter diversas instituições de ensino é um grande atrativo. Um exemplo foi a disputa

pela compra do prédio da Mate Leão. O imóvel foi arrematado por uma igreja, mas para Kathalian, a disputa acirrada foi um indício de como está a corrida de empreendedores para o bairro. “O terreno ali não é barato. Isso é um indicador”, diz. “Empreendedores procuram regiões promis-soras. E o histórico de lançamentos no bairro é positivo”, conclui.Barbosa Sobrinho acredita que o local vai se transformar. “Aposto muito na ocupação desta região. A chegada da UFPR foi um presente para a cidade. Acrescente a chegada da UTFPR, os investimentos para a Copa, o incremento da mobilidade de passageiros e turistas, incluindo o metrô e expressos integrados e a retomada do bondinho para fins turísticos. Enfim, a região vai ser transformada”, afirma.Segundo Bindo, “a prefeitura cria condições, mas é o mercado imobiliário que promove as mudanças”. E arremata: “Sabemos que o processo demora. Leva cerca de cinco anos para as pessoas enten-derem o que pode ser feito e os empreendimentos surgirem”. Pelo jeito, o recado foi entendido mais cedo, desta vez.

A Copa do Mundo

Vista de como ficará o campus Rebouças no cruzamento da João Negrão com a Sete de Setembro

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Março2011

O Campus RebouçasO Edifício Teixeira Soares é

uma construção em alvenaria, de 1941. As fachadas externas mantém as características ori-ginais até hoje. O prédio servia para os serviços de manutenção e administração da Rede Ferro-viária Federal e é uma Unidade de Interesse de Preservação (UIP). A área construída hoje tem 13.102,68 m².

O projeto apresentado pela UFPR e aprovado pelo Conse-lho Municipal de Urbanismo prevê o restauro da maior parte do prédio. Apenas uma peque-na parte, de 935 m², sem pos-sibilidades de aproveitamento, foi totalmente demolida.

O anexo A, logo na entrada,

terá três pavimentos e 2.177,87 m². Abrigará, no futuro, a Biblio-teca de Humanas e Educação. O anexo B terá nove pavimentos, três já existem. A universidade vai construir outros seis. No to-tal, este anexo terá 8.301 m². O anexo C será dividido em três. O C1 terá três pavimentos; o C2, 8; e o C3, 15. Juntos, te-rão 33.053,35 m². Com subsolo e espaços a serem reformados, o total passará de 62 mil m², espaço que po-derá acolher pelo menos cinco mil alu-

nos por turno. O campus terá também auditórios e R.U. O espaço exterior terá jardins e será aberto, para que o campus se misture no ambiente urbano.

Outra mudança importante para melhorar a circulação será a abertura de uma escada no muro da Av. Sete de Setem-bro. A ideia é quebrar a continuidade do

muro de 150 metros e tor-nar a calçada da frente do terre-no frequentada

pela comunidade universitária. Este acesso terá elevador para cadeirantes. “Este campus re-presenta a possibilidade de ex-pansão futura da nossa universi-dade. É o projeto UFPR 2020”, explica o reitor Zaki Akel.

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Prefeitura de Curitiba e entidades estaduais apoiam a ideia encabeçada pela UFPR da revitalização do trecho no centro da cidade

Será o primeiro dia de aula na Universidade Federal do Paraná do ano de 2013.

Um dos calouros, assim que ti-ver a sua primeira manhã como universitário, sairá do Comple-xo da Reitoria e caminhará até a Praça Santos Andrade, para conhecer o Prédio Histórico da instituição. No trecho percorri-do ele vai contemplar espaços da universidade reformados, ruas revitalizadas, luminárias novas e exemplos de incenti-vo ao uso de bicicletas. Per-to da praça, o aluno poderá ouvir a distância o ensaio da orquestra da UFPR, que tocará acordes próximos às janelas do Prédio Histórico.

Todas as obras citadas fazem parte do projeto do Corredor Cultural, que está incluído nas comemorações dos 100 anos da UFPR e tem previsão de conclusão também para 2012, juntamente com o seu aniversário. A ideia é trazer benefícios não só para a instituição, mas também para a sociedade, com uma revitalização completa do Prédio Histórico e do Teatro da Reitoria. Isto inclui um novo projeto elétrico, recu-peração da fachada, rampa para acessibilidade e readequação do Salão Nobre do Setor de Jurídi-

cas.As obras estão orçadas em

R$ 32 milhões e contemplam uma área de 15 mil m². A inten-

ção é revitalizar e transformar o espaço em locais de vivên-cia cultural gratuitos, com praças, livrarias e reformas dos prédios da universida-de. Também estão previs-tas ações que incentivem o aluguel de bicicletas e o uso de carros elétricos.

aPoio externo

Em junho de 2010, uma reunião realizada com o pre-

feito Luciano Ducci serviu para mostrar o interesse da adminis-tração municipal em cooperar com a proposta. “O Corredor Cultural será muito bom para a cidade e essa ideia se encaixa com outros projetos já existen-tes da revitalização no centro”, disse Ducci. Segundo o reitor, Zaki Akel Sobrinho, a ajuda da prefeitura é necessária para re-cuperar o entorno da região, com reformas no calçamento e na ilu-minação das ruas, para que isso contribua no embelezamento e deixem o espaço mais atrativo.

Em outubro do ano passado, mais um passo foi dado para a conclusão do projeto. Foi a vez de dez entidades paranaenses assinarem o protocolo de inten-ção com a instituição, em que se colocaram à disposição para

Projeto do Corredor Cultural avança e ganha apoios externos

Ciro [email protected]

Março2011 GEstãO: rEvitalizaçãO

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ajudar na captação de recursos do projeto.

Para os representantes pre-sentes na reunião de assinatura, o Corredor Cultural atrai o apoio por ser uma iniciativa que vai trazer benefícios para a popula-ção. “O projeto não será bom só para a cultura, mas também para a cidade”, disse o vice-presiden-te da Federação do Comércio do Estado do Paraná (Fecomércio), Ari Faria Bittencourt.

“Tenho certeza de que to-das as entidades que se aliarem ao projeto também ganharão”, afirmou o representante da As-sociação Comercial do Paraná (ACP), César Gonçalves, que ressaltou a importância do pro-jeto para enaltecer a cultura. Segundo o presidente da Fede-ração das Associações Comer-ciais e Industriais do Paraná (Faciap), Ardisson Naim Akel, as entidades do setor empre-sarial estão interessadas no desenvolvimento do estado e por isso apoiam ideias como o Corredor Cultural.

O reitor Zaki definiu a assina-tura como um momento marcan-te para a instituição. “O projeto se complementa quando passa a contar com outros apoios”, co-mentou. O vice-reitor, Rogério Mulinari, afirmou que a universi-dade está contente com a oportu-nidade de realizar um projeto que vai agregar grandes oportunida-des para a cidade e para o Estado.

Próximos Passos

Segundo Elenice as ações cul-turais que nortearão as atividades do Corredor seguirão o Plano Institucional de Cultura (PIC), que começou a ser discutido por representantes das comunidades da UFPR em novembro de 2010. Também estão em fase de desen-volvimento os projetos para cap-tação de recursos para o Teatro e Capela, bem como para a revi-talização do Prédio Histórico tão logo sejam definidas as suas áreas internas. A pró-reitora comenta também que, no dia 18 de feve-reriro, foram lançados o Portal do Corredor Cultural (com áreas para informações sobre projetos, valores, fontes de captação, apli-cações e detalhes das auditorias que deverão ser realizadas).

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Em 18 de fevereiro, o lançamento do movimento pró-UFPR reuniu vários empresários na ACP. Mais apoio para o Corredor

Em reunião com entidades da sociedade civil no IPPUC, a UFPR apresentou o projeto do Corredor como continuação da Rua XV

Após conhecer o projeto do Corredor, Luciano Ducci prometeu ajudar na revitalização do entorno do Prédio Histórico

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Dilma Rousseff lançou o “PAC da miséria”, programa para erradi-car a pobreza extrema. Em rela-ção à economia, o Brasil cresceu em média 4% ano. Menos que a China e mais que os oito anos de governo FHC. Mesmo assim, ainda há muito trabalho.

Governo LulaPara o professor Luciano

Nakabashi, coordenador geral do Boletim Economia & Tecnologia do Departamento de Economia da UFPR, o governo Lula pro-porcionou uma aparente acelera-ção do crescimento econômico, a expansão e a consolidação de programas que aliviaram a pobre-za. Por outro lado, a ausência de grandes reviravoltas e de trans-formações no quadro da política econômica leva à reflexão.

O professor reuniu oito arti-gos sobre a avaliação do governo Lula de economistas, doutores, doutorandos e pesquisadores conceituados em nível nacional. Entre os temas, “Oito anos cons-truindo popularidade”, “Exube-rância e risco do mercado finan-ceiro: herança do governo Lula” e “Por que os resultados econô-micos esperados para o final do governo Lula da Silva não nos asseguram uma estabilidade ma-croeconômica consistente?”.

Os artigos serão publicados no volume especial do Boletim Economia & Tecnologia e distri-buídos para universidades, enti-dades e institutos de pesquisa. A

Qual o saldo econômico do

Publicação da UFPR reúne artigos de economistas e pesquisadores

governo Lula?A partir de 2003 tudo vai

ser diferente. No primei-ro discurso feito no Con-

gresso Nacional, Lula adiantava: “com toda a clareza e toda a con-vicção que nós podemos mais”. A nação acreditou. O retirante nordestino e ex-operário que chegou à presidência da repúbli-ca deixou o poder, depois de dois mandatos, em 2010, com o índi-ce de aprovação recorde de 87%.

Não foi fácil chegar lá. Luiz Inácio Lula da Silva disputou a presidência em 1989, 1994 e 1998. Na primeira eleição foi derrotado por Fernando Collor de Mello e nas outras duas por Fernando Henrique Cardoso. Vitorioso em 2002, levou à ad-ministração federal antigos com-panheiros de jornada, técnicos e

especialistas com a pro-messa de acabar com a miséria e de fazer o país crescer em média 5% ano, entre muitas outras. Ten-tou as duas.

Até 2009, o número de miseráveis caiu de 16,5% para 8,4% da população. O de pobres, de 38,3% para 23,9%, mas as desigualda-des regionais continuaram. Tanto que a presidente

[email protected] Paula Moraes

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lMarço2011 ciência E tEcnOlOGia: Era lUla

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edição é trimestral e conta com o apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior do governo do estado, do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e do Setor de Ciências Sociais Aplicadas da UFPR.

Os economistas da FEA-RP/USP Alex Luiz Ferreira, Sergio Naruhiko Sakurai e Rodolfo Oli-veira destacam no artigo “Oito anos construindo popularidade”, que os governos FHC e Lula tive-ram como principal variável na po-pularidade a taxa de desemprego.

O economista Alexandre Schwartsman, do Banco Santan-der e diretor do Banco Central durante o primeiro mandato de Lula, pergunta: “Não se mexe em time que está ganhando?” Ele apresenta evidências de que ocorreu uma deterioração no tri-pé da política monetária – câm-bio flutuante, superávit primário e metas de inflação. Na opinião dele, é preciso fazer alterações, com ênfase nos gastos públicos.

No artigo “Ganhos sociais, inflexões na política econômica e restrição externa: novidades e continuidades no governo Lula”, os professores Fernando Mansor de Mattos (UFF) e Frederico G. Jayme Jr. (Cedeplar/UFMG) dis-cutem a mudança de orientação nas diretrizes da política econô-mica, a partir de 2006.

O pesquisador e professor da FGV-RJ, Fernando de Holanda Barbosa, faz uma avaliação do Bacen no “O Banco Central no

Governo Lula”. Analisa a execu-ção da política monetária, a for-mulação e execução da política de reservas internacionais e de emprestador de última instância do sistema financeiro, além da regulamentação e supervisão do sistema financeiro.

“Por que os resultados eco-nômicos esperados para o final do governo Lula da Silva não nos asseguram uma estabilidade macroeconômica consistente?”. A indagação é do professor de economia da UFRGS, Fernando Ferrari Filho. Os bons resultados apresentados no governo Lula não asseguram estabilidade ma-croeconômica por causa da dete-rioração do setor externo.

Os pesquisadores Helder Fer-reira de Mendonça (UFF), Délio José Cordeiro Galvão (BACEN) e Renato Falci Villela Loures (UFF) focam na necessidade de medidas

Qual o saldo econômico do

governo Lula?

site do boletim & tecnologia

www.economiaetecnologia.ufpr.br

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Governo DilmaO professor Nakabashi acredita

que o novo governo precisa focar nos déficits externos. “Os países

emergentes continuarão crescen-do e os desenvolvidos começarão a

se recuperar”, destaca. Mas, esse cenário externo não vai adiantar

com a taxa de câmbio atual. O governo Lula tratou três

pontos de maneira muito tímida. A formação de profissionais para

atender à demanda das empre-sas; a infraestrutura de transpor-tes; e a taxa de juros. O governo Dilma Rousseff precisa intervir nesses pontos para manter uma

boa taxa de crescimento. Melhorar a qualidade dos ensi-

nos fundamental e médio significa dar maior oportunidade às pessoas

de classes sociais mais baixas. “Facilita a ascensão social, aumen-

ta a produtividade e a quantidade de pessoas preparadas para entrar

no ensino superior”, analisa. Para investir em infraestru-

tura, o governo precisa reduzir o crescimento dos gastos em

custeio e pessoal, aumentar o investimento público e associar

com mais autonomia às agências reguladoras para incentivar o

investimento privado. A redução dos gastos também vai proporcionar uma rota para

queda dos juros, pela diminuição da demanda agregada da econo-mia, com efeitos positivos sobre os investimentos e menos pres-

são sobre a taxa de câmbio.

Para o professor Luciano Nakabashi, o governo Lula proporcionou uma aparente

aceleração do crescimento econômico, a expansão e a

consolidação de programas que aliviaram

a pobreza.

para reduzir a alavancagem do sistema financeiro e reduzir a vulnerabilidade das crises no artigo “Exuberância e risco do mercado financeiro: herança do Governo Lula”.

Mansueto Almeida, pesqui-sador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no artigo “O Novo Estado De-senvolvimentista e o Governo Lula”, analisa a política fiscal e a política industrial. A Consti-tuição Federal de 88 é o fator determinante da expansão dos gastos sociais, mais do que um governo de esquerda.

Por último, Marcelo Curado, professor de economia da UFPR aborda até que ponto o cresci-mento econômico se transfor-mou em processo de desenvol-vimento econômico no artigo “Uma avaliação da economia brasileira no Governo Lula”.

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Março2011

Uma parceria que já dura 30 anos

O que poderia levar um grupo de pesquisadores a enfrentar mais de nove

mil quilômetros várias vezes ao ano, em especial nos períodos de férias escolares? A resposta vai muito além do compromisso social da instituição pública de repassar informações e tecnolo-gia a comunidades carentes. Há idealismo, há força de vontade e objetivos claros. Esforços não têm faltado para o grupo de pro-fessores do curso de Engenharia Florestal, que desde 1981 man-tém convênio com a Universi-dade Eduardo Mondlane (UEM) em Moçambique. Quando a parceria começou, o país ainda estava em guerra civil, era dominado

Com a intenção de melhorar a qualidade de vida e contribuir para a geração de renda, pesquisadores da UFPR ajudaram a criar um Centro de Pesquisas e Estudos que irá implantar até 2012 uma serraria e um viveiro para produção de mudas de espécies florestais

Maria de Lurdes W. [email protected]

pelo regime comunista, lembra o professor Dartagnan Baggio Emerenciano. Por isso, no co-meço as relações foram muito complicadas, em algumas vezes o grupo presenciou conflitos ar-mados e nos trabalhos de campo correu riscos devido à presença de minas militares instaladas na maioria das estradas de acesso e nas áreas dos experimentos.

O país tem um um potencial florestal grande com espécies valiosas, como o ébano africano, árvore que produz madeira de muito valor comercial. Na pri-meira etapa, após o levantamen-to inicial, os professores implan-taram métodos para preservar os recursos florestais e naturais visando a exploração racional e sustentável das florestas. Ainda

hoje a região é muito pobre e oferece poucas opções

de renda e por isso todos os projetos envol-

vem a participa-ção da população

local. Essa parce-ria permitiu também a

consolidação do curso de Engenharia Florestal em

Moçambique, que forma em média 15 profissionais por ano. A Universidade Eduardo Mon-dlane já oferta mestrado na área e dentro de pouco tempo deverá oferecer o doutorado.

O resultado mais recente das pesquisas, que hoje têm o financiamento do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, foi a criação do Centro Flores-tal de Machipanda, próximo da fronteira de Moçambique com o Zimbábue. O início do projeto contou com a presença do reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, junto com autoridades moçam-bicanas e com o Embaixador do Brasil, Antonio José Maria de Souza e Silva, para a inaugura-ção das placas do Cefloma.

Na nova unidade são de-senvolvidas práticas de agrosil-vicultura, inventário florestal, proteção florestal, manejo florestal, economia florestal e tecno-logia de pro-dutos

florestais. Em janeiro e julho os trabalhos têm a participação dos pesquisadores da UFPR. Além de seminários de treinamento, foi montada uma estufa de seca-gem de madeira à energia solar e será implantada uma serraria. A meta agora será desenvolver programas de gestão para tornar o centro autosustentável, pro-duzindo madeira de qualidade e ampliando a venda de mudas a partir da criação de viveiros.

A UEM já oferta mestrado na área e este ano deverá oferecer o doutorado em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da UFPR, mediante Termo de Co-operação, com apoio do Minis-tério das Relaçoes Exteriores/Agência Brasileira de Coopera-

ção e do Embaixador do Brasil em Moçambi-

que.

ciência E tEcnOlOGia: cEntrO dE pEsqUisa

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Uma parceria que já dura 30 anosCom a intenção de melhorar a qualidade de vida e contribuir para a geração de renda, pesquisadores da UFPR ajudaram a criar

um Centro de Pesquisas e Estudos que irá implantar até 2012 uma serraria e um viveiro para produção de mudas de espécies florestais

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Para Dartagnan, que já per-deu a conta de quantas vezes viajou para Moçambique, a dis-tância nunca foi empecilho para que um bom trabalho pudesse ser feito. Diz que o mais gra-tificante é a credibilidade dos moçambicanos pela UFPR e a confiança em permitir a execu-ção dos projetos. Até 2014 serão investidos mais de 4 milhões de dólares nos projetos. A presen-ça brasileira no País será ampliada a partir de março, quando

Dartagnan assumirá a coorde-nação do programa em Moçam-bique por um período de 13 me-ses, associada ao seu programa de pós doutoramento na área de Economia e Política Florestal, cujo resultado final será um mo-delo de gestão para a adminis-tração do Cefloma envolvendo o manejo comunitário.

Além de Dartagnan, o grupo é formado pelos professores Nil-

ton José Sousa, Nelson Carlos Rosot, Roberto T. Hosokawa, Ivan Crespo Silva, Carlos Firko-wski, Renato C. G. Robert, Mau-rício Balensiefer, Antonio Carlos Batista, Ricardo Jorge Klitzke, Márcio Pereira da Rocha, Setsuo Iwakiri, RomanoTimofeiczyk Jú-

nior, e ainda Agnelo dos Mila-gres Fernandes, Mário Pereira Falcão, Adolfo Dinis Bila, An-drade F. Egas, Samuel João Soto, Rosta Mate e Francisco António Gege da UEM.

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Março2011 cUltUra E ExtEnsãO: rEspOnsabilidadE

Além de esterilizar animais, unidade quer conscientizar comunidades sobre importância da posse responsável e dos cuidados com cães e gatos

A Unidade Móvel de Este-rilização e Educação em Saúde (Umees) da UFPR,

também conhecida como “Cas-tramóvel”, começou, no início de dezembro de 2010, a cumprir agenda nos bairros de Curitiba.

A primeira ação ocorreu no dia 9 de setembro, na Vila Pan-tanal, no bairro Alto Boqueirão, local para o qual a Umess voltou no último dia 01 de março. A co-munidade foi selecionada pela Prefeitura de Curitiba devido à grande quantidade de cães er-rantes na área e aos problemas daí decorrentes, como a trans-missão de zoonoses (doenças que afetam tanto animais quanto seres humanos).

Na Vila Pantanal, cerca de 20 cães foram previamente escolhidos para as primeiras castrações. A cirurgia é execu-tada gratuitamente para a po-pulação. A seleção dos animais

também é feita pela Prefeitura, parceira da UFPR no projeto da Umees.

Antes de começar a excur-sionar pelos bairros da capital, o “Castramóvel” já havia rea-lizado outras intervenções. A primeira foi em maio de 2010, no campus Centro Politécnico da UFPR, onde também era grande a concentração de cães abandonados. Depois disso, a unidade esteve nas cidades de Pinhais e São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Nas duas pri-meiras, porém, não foram rea-lizadas intervenções cirúrgicas e a Umess se concentrou em trabalhos de educação a respei-to da importância da posse res-ponsável de cães e gatos.

Em fins de setembro, a uni-dade realizou a primeira inter-venção fora da RMC, na cidade de Antonina, litoral paranaen-se. A exemplo da Vila Pantanal, na ocasião também foram este-rilizados cerca de dez cães.

conscientização

Mais importante do que a castração, segundo a equipe da Umees da UFPR, é o processo de conscientização sobre a pos-se responsável de animais, que também acompanha o programa.

A Umees é, na verdade, mais uma fase de uma rede de proje-tos colocada em prática há qua-tro anos. Ela inclui iniciativas de controle de zoonoses na região metropolitana, no litoral e na Apa do Irai, além de um projeto de conscientização dos chama-dos “carroceiros”, pessoas que vivem do recolhimento de mate-rial reciclável nas ruas da cidade e que geralmente possuem cães. Todas visando levar informação à população, o que inclui visitas domiciliares em comunidades carentes e palestras em escolas de primeira à quarta série.

“Hoje, 70% das novas doen-ças que surgem são zoonoses”, informa o professor de Veteriná-ria da UFPR e vice-coordenador da Umees, Alexandre Biondo.

Para o professor Felipe Wouk, coordenador da Umees, apenas a castração não resolve o problema. “Se você só castra o animal e não educa o proprietário para a posse responsável, para que mantenha o cão em casa, o animal vai vol-tar para a rua e pode continuar a transmitir doenças”, explica.

De acordo com o censo rea-lizado em setembro, em Antoni-na, existiam cerca de cinco mil cães na cidade, um para cada quatro habitantes. Mas em Pi-raquara, região metropolitana, segundo Biondo, o número che-ga a um cão para cada dois ha-bitantes. Grande parte desses animais, afirmam os professo-res, são semidomiciliados (têm casa, mas passam grande parte do tempo perambulando pelas ruas, oferecendo riscos à comu-nidade). “Conscientizar a popu-lação a manter esses animais longe das ruas é uma questão de saúde pública”, diz Wouk.

Segundo ele, a castração é só mais um elo na cadeia de

[email protected] Matheus

“Castramóvel” começa a excursionar por bairros; foco também é a conscientização

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Março2011

Além de esterilizar animais, unidade quer conscientizar comunidades sobre importância da posse responsável e dos cuidados com cães e gatos

informação e conscientização. Biondo concorda. “A castra-ção é uma ação pontual, mas a conscientização que trazemos junto com isso tem um efeito multiplicador”, calcula.

O casamento entre práti-ca cirúrgica e conscientização popular foi considerado tão be-néfico que o Conselho Federal de Medicina Veterinária, órgão máximo do setor no país, baixou uma resolução regulamentando as atividades de castração em unidades móveis baseada na prática inaugurada pela UFPR.

ação

Tanto em Curitiba, região metropolitana e Antonina, o pro-grama ocorre em parceria com as prefeituras. Nela, a universidade oferece o “material humano”, enquanto as prefeituras arcam com o custeio da operação.

Antes da ação específica de castramento, é feito o recensea-mento dos cães e gatos em cada comunidade. Alunos do curso de

Medicina Veterinária também realizam palestras em escolas municipais a respeito da posse responsável e dos cuidados com os animais domésticos.

Posteriormente, a prefeitura faz uma primeira triagem dos animais que podem ser castra-dos. Os critérios utilizados são principalmente os de renda – fa-mílias de baixa renda têm mais chance de obter o benefício.

Com os cães pré-seleciona-dos, estudantes da universida-de ainda realizam uma série de exames, como hemograma e ultrassom, além de ministrarem aos animais vacinas e desver-minantes, a fim de garantir que todos estejam aptos à cirurgia.

“Não fazemos um mutirão de castração, no qual a cirurgia é feita de qualquer jeito, como linha de montagem, oferecen-do risco aos animais. Conosco, eles recebem acompanhamento pré e pós-operatório”, garante Felipe Wouk.

Alunos do curso de Veteri-

nária, inclusive, retornam às co-munidades uma semanas após as cirurgias, a fim de monitorar a recuperação dos animais.

O professor James Andrade, cirurgião veterinário da UFPR, afirma ainda que a estrutura do centro cirúrgico da Umees é de ponta. “Muita clínica fixa em Curitiba não tem a estrutura que nós temos aqui”, diz ele. A uni-dade móvel tem capacidade para até duas cirurgias simultâneas – ao todo 30 por dia. Sua adapta-ção em centro cirúrgico custou cerca de R$ 60 mil. Ela é equi-pada, inclusive, com aparelhos de ressuscitação, para eventuais complicações cirúrgicas.

aPrendizagem

A equipe do projeto Umees conta com cinco professores, três técnicos e cerca de 20 alunos do curso de Medicina Veterinária, de diversos períodos da grade curri-cular. Alguns têm com o projeto sua primeira experiência com a prática cirúrgica. Durante as

operações, eles são divididos em equipes que ficam responsáveis pelo pré, trans e pós-operatório. Participam também das ativida-des de conscientização, como pa-lestras e visitas domiciliares.

Karina Francini Braga é co-ordenadora discente do projeto. “Realizamos reuniões semanais entre os alunos, para trocar in-formações. Fazemos sempre um rodízio entre as equipes. Aprendemos tanto a logística de campanhas de prevenção quan-to a prática cirúrgica”, diz ela.

Na intervenção realizada em Antonina, por exemplo, Karina teve contato com uma nova técnica de cirurgia em ca-delas, chamada de “técnica do gancho”. Consiste, basicamen-te, em utilizar um fino gancho de metal, enfiado por uma pe-quena incisão, para retirar o útero e ovários da fêmea. “É muito menos invasivo e muito mais rápido. A ferida cirúrgica também cicatriza com mais ra-pidez”, constatou ela à época.

“Castramóvel” começa a excursionar por bairros; foco também é a conscientização

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Ciência ao lado de casa

Curiosidade, observação, criatividade e persis-tência. Quase todas as

ações que uma criança faz es-pontaneamente são necessá-rias para a prática da ciência. A aproximação entre o aprender de forma natural e espontânea e o exercício da ciência pode ser uma realidade em qualquer ambiente educativo.

Mas, para isso, é preciso desconstruir o mito cons-truído sobre a ciência, como uma prática que só é possível em laboratórios sofisticados e realizada por grupos de profis-sionais altamente qualificados. Também é preciso ter claro que o objetivo da ciência na educação não é formar peque-nos cientistas e sim aproximar

Estudantes da rede pública do litoral paranaense descobrem que a ciência faz parte do cotidiano e está ao alcance

Aline Gonç[email protected]

o conhecimento produzido nas academias do cotidiano.

Iniciativas, como o pro-grama LabMóvel do Setor Li-toral da UFPR, demonstram que a ciência é mais acessí-vel do que se imagina, e que ela precisa estar inserida no cotidiano de estudantes e professores, em todas as eta-pas da educação.

Há quatro anos um peque-no grupo de professores do Setor Litoral da UFPR teve a ideia de sistematizar um pro-jeto de divulgação científica, de forma contextualizada à realidade local para as esco-las públicas. Atualmente o LabMóvel tem nove linhas de ação, coordenadas por profes-sores universitários, e desen-volve atividades nas escolas públicas dos sete municípios do litoral do Paraná.

Um dos idealizadores do projeto, o professor Paulo Marques, conta que diferen-tes fatores colaboraram para o início do projeto. “Éramos um grupo de professores universi-tários recém-contratados, com diferentes experiências, en-volvidos em áreas de pesquisa diversas, que passaram a atuar inseridos em uma proposta pe-dagógica ligada diretamente à educação pública, aqui no Se-tor Litoral”, explica Marques.

Foi a combinação ideal para que surgisse a proposta de tra-balhar com divulgação cientí-fica nas redes públicas de en-sino dos municípios do litoral paranaense. “Estava aberto um edital do CNPq para essa área, o que fez com que siste-matizássemos as ideias e com que tivesse início o LabMó-vel”, continua o professor.

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O projeto começou com ações isoladas,

ganhou complexidade e agora busca a consolidação permanente na

interação com acomunidade e com as redes públicas de educação.”

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diretor do Setor Litoral

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O nome do projeto tem re-lação com a ideia inicial, que era circular pelas escolas com um veículo adaptado para fazer a divulgação científica. Mas com o amadurecimento do projeto, a equipe percebeu que era necessária uma estrutura diferente para desenvolver as ações. Segundo o diretor do Setor Litoral, professor Val-do Calvallet, o LabMóvel é exemplo de um dos princípios do projeto político pedagógico do Setor. “O projeto começou com ações isoladas, ganhou complexidade e agora busca a consolidação permanente na interação com a comunidade e com as redes públicas de edu-cação”, observa Cavallet.

Segundo Rodrigo Reis, atu-al coordenador, hoje o projeto conta com laboratórios que atendem às diferentes linhas de ação. “Alunos do ensino fundamental e médio partici-pam de atividades desenvol-vidas no campus da Universi-dade e nas escolas. Também investimos na formação dos universitários e no contato com os professores das redes municipais e estaduais, para que eles possam atuar como multiplicadores do saber cien-tífico”, explica Reis.

Selma Ribeiro, uma das es-tagiárias do LabMóvel, estu-dante de licenciatura em artes, afirma que o projeto fez com que ela descobrisse uma nova forma de aplicar suas habili-dades em desenho e pintura. “Comecei a fazer ilustrações científicas e percebi que a cada desenho aprendo muito, por-que requer uma extensa pes-quisa. Além disso, posso atuar profissionalmente nesta área e contribuir para a divulgação da ciência”, explica Selma.

As exposições são outra forma do LabMóvel difundir o conhecimento científico. Em outubro de 2010, mais de 1.800 estudantes tiveram a oportuni-dade de visitar as exposições da Semana de Ciência e Tecno-logia, iniciativa do Ministério de Ciência e Tecnologia, que foi realizada pelo LabMóvel, em Matinhos. Atividades como essa, são oportunidades singu-

Linhas de ação do LabMóvelAs linhas de ação do Labmóvel representam a essência da indissociabilidade entre ensino pes-quisa e extensão.

Aquários como ferramentas de educação ambiental: exposição permanente de aquários e terrá-rios, que reproduzem ambientes do litoral do Paraná, ou de relevância ecológica.

Representação do espaço onde se vive: construção e exposição de maquetes em escala, para que o educando possa conhecer o ambiente ao seu redor e do mundo em que habita.

Biodiversidade da Mata Atlântica: mapeamento e divulgação do conhecimento sobre a biodiver-sidade da região, com ênfase à Mata Atlântica.

Centro da física e astronomia: divulgação das ciências físicas e astronômicas, e suas tecnologias, para popularizar o conhecimento científico e formar cidadãos alfabetizados cientificamente.

Grupo de Ação para Integração Ambiental (GAIA): conscientização ambiental pela reaproxima-ção das pessoas com o ambiente natural, através de experiências afetivas intensas, despertadas por peças de teatro de bonecos.

Meliponário didático-científico: focado na produção de mel e de própolis por abelhas nati-vas, relacionando a importância da presença dessas polinizadoras na floresta e o desenvol-vimento regional.

Divulgação científica e portal da educação científica: estruturação de diferentes estratégias para a comunicação e divulgação científica, em especial dos materiais e processos desenvol-vidos no Parque.

Inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais: em parceria com o Laboratório do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais (Labnapne), do Setor Litoral, são desenvolvias e implantadas tecnologias assistivas para pessoas com necessidades especiais.

Bioquimicando: o projeto permite aos estudantes compreenderem a química e a biologia como saberes complementares e inter-relacionados.

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dos municípios de Guaratuba, Morretes e Paranaguá.

Os estudantes universitá-rios também participam ativa-mente das ações do LabMóvel. Juliano dos Santos, que cursa licenciatura em ciências, par-ticipou de todo o processo de elaboração do projeto dos clu-bes de ciência e agora atua como estagiário na sua exe-cução. “Nós construímos o projeto e as ações junto com os professores de ciências das escolas, porque eles conhecem melhor a realidade e os estu-dantes com quem vamos atu-ar”, explica Juliano.

As atividades são realizadas no contra-turno escolar e reú-nem até 30 estudantes de 5ª a 8ª séries. “Eles podem fazer o que gostam, pesquisam aquilo que desperta a sua curiosida-de. Nós e os professores so-mos mediadores, a proposta é criar novas maneiras de apren-der ciência, fora da sala de aula”, continua o Juliano.

Depois de estimular a cria-ção dos clubes e dar suporte às atividades, o LabMóvel preten-de que cada unidade se torne autônoma e inclusive integre o projeto pedagógico da esco-la. Daqui alguns anos a equipe imagina que poderá existir uma rede de clubes ciência de esco-las do litoral. E não é só isso que eles sonham.

A consolidação do LabMó-vel como referência regional é um passo almejado pela equi-pe através da estruturação de um centro de ciências no litoral do Paraná. “O diferen-cial dessa iniciativa se dá no processo de envolvimento da comunidade com a construção do parque, assim ele poderá disponibilizar conhecimentos complexos, sem deixar de ser acessível”, explica Caval-let. O centro contará com um planetário, aquário, museu de história natural, viveiros de reprodução de espécies sil-vestres, entre outras estru-turas que permitirão ampliar a sua atuação. O nome suge-rido é Parque dos Guarás e sua proposta está disponível no site do LabMóvel (www.labmovel.ufpr.br).

lares para os alunos e educado-res das redes públicas, como explica a professora de língua portuguesa e inglesa, Gisele Paiva Lima, da Escola Estadu-al Professora Abigail dos San-tos Corrêa, de Matinhos. “Para nossos alunos é uma oportuni-dade de conhecer a Universi-dade e, desde cedo, se verem nela. Eles têm oportunidade de conhecer melhor os cursos oferecidos aqui. Já na expo-sição da Semana de Ciência e Tecnologia eles identificam os conteúdos que já estudaram e vêem mais significado neles”, explica Gisele.

Para realizar as ações, atu-almente o LabMóvel conta com uma equipe de dez servi-dores, docentes e técnicos, e 50 estudantes universitários, entre bolsistas e estagiários, além de parcerias com o Mi-nistério de Educação (MEC), Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Su-perior (Capes), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e escolas públicas do litoral do Paraná.

clubes de ciência Em 2010 e 2011, um dos

principais focos do trabalho esteve na estruturação de clubes de ciência nas esco-las. A partir de um diagnós-tico sobre a realidade do en-sino de ciências no litoral do Paraná, feito em 2009, em 24 das 31 escolas do ensino mé-dio público distribuídas pelos sete municípios da região, foi possível perceber que 18 das escolas pesquisadas possuem laboratório de ciências e des-sas, somente dez o utilizam.

“A formação dos clubes de ciência envolve diretamente os professores das redes pú-blicas, com esses projetos a relação entre a universidade e os educadores se torna mais próxima”, afirma o coordena-dor Rodrigo Reis. No ano de 2010 foram estruturados três clubes, nos colégios estadu-ais Sully da Rosa Vilarinho, Gabriel de Lara e Sertão-zinho, em Matinhos. Estão em processo de implantação mais três clubes em colégios

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Divulgação científica no Brasil ainda engatinha

O Brasil ainda engatinha nos processos de divulgação e popularização das ciências. Isso é visível nas poucas atividades desenvolvidas ou pelos acessos ofertados aos estudantes nos museus, labora-tórios, centros de pesquisa e outras relacionadas. Os museus poderiam abrir mais as portas às co-munidades organizando atividades guiadas e gratuitas, além disso, deveriam passar por processos de modernização com mais experimentos interativos e mais contemporâneos usando recursos visuais, sensitivos e mais impressionáveis.

Os laboratórios e centros de pesquisa poderiam abrir suas portas para as visitas dos estudantes de todas as idades para conhecerem suas instalações e infraestruturas, mostrando como o Brasil é um país de ponta em certos segmentos de pesquisa, por exemplo, temos um único acelerador de partícu-las no hemisfério sul e está localizado no Brasil, em Campinas.

Contudo há avanços que já foram realizados na construção de vários ambientes interativos e mo-dernos onde os estudantes podem criar seus próprios espaços ou suas próprias visitas, como, por exemplo, o Museu da Vida da Fiocruz. Acredito que ainda há muito a ser feito, mas estamos no cami-nho certo para que estes espaços se tornem importantes complementos para as atividades do ensino formal e para que outras opções dos processos de ensino-aprendizagem existam além do papel de professor numa escola na sua sala de aula.

Emerson Joucoski, professor universitário, que integra a equipe do LabMóvel

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Alunos do ensino fundamental e médio participam de

atividades desenvolvidas no campus da

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investimos na formação dos universitários e no

contato com os professores das redes municipais e estaduais, para que eles possam

atuar como multiplicadores do saber científ ico

Rodrigo Reis,Coordenador

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Histórias caixa

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[email protected] Murakami

Júnior Cardoso tem 17 anos e estuda no segundo ano do ensino médio do Colégio

Estadual La Salle, em Curiti-ba. Assim como muitos colegas de sua turma usa “piercings” e brincos alargadores, adornos que externam seu estilo de ser, do grupo a que pertence. Outro dia ele descobriu esses aces-sórios – tidos como muito mo-dernos pela garotada – já eram usados nos tempos antigos, por outras tribos, essas de índios mesmo. Essa descoberta de Júnior na aula em que conhe-ceu a Caixinha do MAE, uma iniciativa que vem ajudando a

aproximar o ensino da arte no cotidiano dos alunos.

A caixa didática do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR que Júnior conheceu foi a de adornos indígenas. A pro-fessora de Artes Ítala Tosin não teve dúvidas de que seria um ótimo recurso didático, aliando a pesquisa sobre assuntos rela-cionados aos jovens, curiosida-de peculiar dos adolescentes e peças das Caixinhas do MAE. O resultado é o incremento das aulas que atrai mais a atenção dos alunos. Tudo registrado ain-da num blog para mostrar suas experiências. “É um excelente instrumento didático para ma-terializar o conteúdo das aulas”, explica. E os alunos concordam. “É outra coisa aprender assim, a gente realmente consegue

raciocinar, conhecer, trocar in-formações, tocar nas peças e sentir a vibração dos objetos”, diz Júnior.

Com apenas 13 anos e na 7ª série do ensino fundamen-tal, Jhonatan Raul Krautczuk já gosta de arqueologia. O inte-resse foi despertado nas aulas da professora Ítala. “Eu achei a caixa bem legal, visitei o blog da professora, pesquisei”, conta Jhonatan. Os alunos do La Sal-le estão entre os mais de seis mil estudantes do ensino pú-blico fundamental e médio que utilizaram as caixas didáticas em 2010, tanto em sala de aula quanto nos espaços do MAE. Se forem contados também os visitantes de Paranaguá, mais de 12 mil alunos passaram pelo Museu.

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Ação educativa do MAE que leva o museu até as escolas recebe prêmio nacional

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Histórias caixa

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caixa cheia de histórias

As Caixinhas nasceram em 2008, fruto do trabalho do Se-tor de Ação Educativa do MAE e com apoio do projeto Monu-menta de educação inclusiva da Unesco. Chamar de “caixinha” é uma forma carinhosa, pois cada uma se constitui de um “kit” didático temático, com peças do acervo – ou réplicas, quando não é possível o manuseio – histórias e textos de contextualização para auxiliar o professor na aproxima-ção do aluno com o tema.

A conexão museu-escola é feita através de cursos oferta-dos aos professores. Realizadas as reflexões críticas sobre os te-mas das caixas com os professo-res, os “kits” ficam disponíveis para utilização em sala de aula, com os alunos, como comple-mentação às visitas ao MAE, ou como recurso didático.

Andréia Baia Prestes, uma das criadoras das caixas e res-ponsável pelas ações educativas, explica que o material é “real-mente inclusivo”. As atividades e peças desenvolvidas para os ensinos fundamental e médio contemplam também os alunos com necessidades especiais. Há textos em braile e todas as peças podem ser manuseadas. Tam-bém fazem parte do projeto as exclusivas bonecas customizadas com adornos e pinturas corporais de diversos grupos indígenas do Brasil, criadas por Andréia.

O material faz tanto sucesso que novos temas estão sempre em estudo. Atualmente, são dez caixas com diferentes temas e mais quatro estão sendo produzi-das desde julho de 2010. Memó-ria tradicional do Paraná, Brin-cadeiras tradicionais, Cerâmica e Cultura Caiçara são as novas

Caixinhas que devem se unir a temas como Arqueologia, Etno-logia, Adornos e Cultura Popular.

Para este ano, são muitos os projetos na área de ação edu-cativa. Além das quatro novas Caixinhas do MAE, mais duas estão em andamento. Se em 2010 eram atendidos apenas os alunos do turno da tarde, este ano o número deve dobrar, com o atendimento em dois turnos. Em abril será lançada a publica-ção do prêmio Darcy Ribeiro, com artigo sobre a experiência das Caixinhas do MAE. E está em andamento na Agência de Inovação da UFPR (Agitec) o processo de patenteamento da concepção das caixas didáticas e dos nove modelos de bonecas indígenas. As Caixinhas levam muitas histórias e estão fazen-do história.

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Iniciativa recebe prêmio Darcy Ribeiro

Experiências como es-sas fizeram o projeto de ação educativa Caixinhas do MAE merecedor do prêmio Darcy Ribeiro, iniciativa do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), autarquia vinculada ao Minis-tério da Cultura. O prêmio busca incentivar práticas rela-cionadas a ação educativa em museus de todo o Brasil, so-bretudo as consideradas inova-doras e com impacto sociocul-tural. Participaram da seleção, projetos de todo o país.

Efeito multiplicador, cria-tividade, fundamentação teóri-ca e democratização de acesso ao trabalho desenvolvido no museu estavam entre alguns dos critérios de avaliação para o prêmio Darcy Ribei-ro. Para a antropóloga Márcia Cristina Rosato, diretora do MAE, a premiação é o “re-conhecimento da qualidade acadêmica e da excelência do método de aproximação dos conteúdos científicos” com o universo de conhecimento dos alunos da rede pública de ensino. “A destinação de um prêmio nacional como o Darcy Ribeiro marca a dis-tinção da qualidade e criati-vidade científico-artística do trabalho educativo realizado pela equipe técnica do MAE no Brasil”, diz Márcia.

Ação educativa do MAE que leva o museu até as escolas recebe prêmio nacional

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O Programa de Pós-Gra-duação em Direito rea-lizou, no final de 2010,

a Escola de Altos Estudos, um edital ofertado pela Capes que visa trazer professores da mais alta qualificação profissional para ministrar cursos em uni-versidades brasileiras.

Concedida apenas a Progra-mas com mestrado e doutorado e com excelência reconheci-da, a Escola de Altos Estudos trouxe a UFPR o professor da Università degli Studi di Fi-renze, na Itália, Pietro Costa. Especialista em democracia, o professor ministrou o curso

“Poucos, muitos, todos: Lições sobre a história da democracia” e durante sua permanência na UFPR, concedeu a seguinte entrevista ao Notícias da UFPR sobre o papel da democracia.

Notícias da UFPR – Quais são as principais diferenças entre o modelo de democracia atenien-se, considerada a matriz da de-mocracia moderna, e o modelo de democracia que temos hoje?

Pietro costa – As diferen-ças entre as duas experiências de democracia são muito rele-vantes. Indico rapidamente al-gumas diferenças: a democracia ateniense se refere à experiên-cia da pólis, da cidade antiga, um

organismo político pequeno. A democracia moderna é formada pelo regime dos grandes esta-dos do nosso tempo. Uma outra diferença entre os modelos de democracia diz respeito às di-versas formas de organização. A democracia ateniense é aquela que o povo decide diretamente sem intermediários. Enquanto que a forma típica da democra-cia moderna é a representação.

Notícias – O fato das deci-sões na democracia moderna serem feitas por representação e não pelo povo, não torna contra-ditória a ideia de democracia?

costa – Existem heranças que a modernidade recolhe da

democracia antiga. Indicaria dois aspectos: sistema de igualdade, ainda que seja diferentemente interpretado, é muito importan-te, seja para a experiência gre-ga, seja para a atual. E depois, o tema difundido da democracia moderna, ou seja, a ideia de um povo que governa a si mesmo, que decide sobre o seu destino.

Notícias – Em sua origem grega, a democracia se refere ao “governo do povo”, mas no siste-ma moderno não é o povo que governa propriamente. Ao longo dessas mudanças já comentadas pelo senhor, como acontecem os critérios de inclusão e exclusão dentro da democracia?

EntrEvista: piEtrO cOsta

Poucos, muitos, todos;

as experiências de democracia

“Em particular, as últimas eleições que

mandaram ao poder uma mulher constituem

uma raridade no panorama internacional. São ainda pouquíssimas

mulheres que chegam ao cargo político

máximo de um país. Isso é um outro sinal

de vivacidade da experiência da

democracia brasileira.”

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Colaborou: Ricardo Marcelo Fonseca

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costa – A democracia mo-derna é fundada sobre a repre-sentação, e o ponto determi-nante é decidir quem são os titulares dos poderes políticos, ou seja, quem são os cidadãos que têm direito de escolher os seus representantes. No pe-ríodo compreendido entre as revoluções no final do século XVIII e metade do século XX, ocorreu em toda a Europa e também na América do Norte, uma verdadeira e própria luta pelos direitos políticos. A luta nascia do fato que o critério de atribuição dos direitos políticos eram, no início do século XIX, muito restritivos e limitados a três elementos essenciais: a propriedade, o gênero e a raça. Substancialmente, no liberalis-mo do século XIX, os titulares de direitos políticos eram so-mente os homens, proprietá-rios, adultos e brancos. A conse-quência, em razão dos conflitos e lutas políticas que ocorreram ao longo do século XIX e XX, é que progressivamente andamos em direção à realização da de-mocracia política, em direção ao alargamento do voto até chegar ao sufrágio universal masculino e depois, enfim, ao sufrágio uni-versal feminino.

Notícias – Na Itália, seu país de origem, o regime de governo é o parlamentarismo, aqui no Brasil é o presidencialismo, em-bora o país já tenha passado por experiências como a monarquia e o próprio parlamentarismo. Como o senhor avalia essas ex-periências de regime? Existiria um que pudesse ser considerado mais democrático que o outro?

costa – Creio que seja difícil aferir um critério de quão de-mocrático é um regime de go-verno, sendo todos inspirados pelos valores fundamentais de democracia. É presidencialista o governo dos Estados Unidos da América, que é o primeiro regi-me democrático e que se afir-mou na Idade Moderna. Creio que para abertura da identidade democrática de um regime seja necessário ir em direção a outros critérios. Talvez os critérios com respeito a participação efetiva da população esteja no processo

de decisão. Infelizmente desse ponto de vista, seja nos regimes parlamentaristas ou presidencia-listas atuais, as possibilidades de participação efetiva dos cidadãos no processo de decisão deixam bastante a desejar ainda.

Notícias – O Brasil pode ser considerado um país democrá-tico a pouco mais de 20 anos, com o fim da Ditadura Militar, mas, mesmo com a democracia sendo considerado algo bem recente, já tivemos diversas ex-periências de governantes. Já estiveram no poder intelectuais como Fernando Henrique Car-doso, o presidente Lula, que era metalúrgico, e agora a primeira mulher que assumiu a presidên-cia no início deste ano. Qual a sua avaliação sobre a democra-cia brasileira?

costa – Não tenho conheci-mento suficiente da sociedade brasileira para dar uma respos-ta ponderada, mas darei as mi-nhas impressões. Os aspectos indicados na pergunta, na minha visão, testemunham os indícios da vitalidade da democracia bra-sileira. Claro, é uma democracia recente, mas a própria mudança rápida das figuras da presidência – intelectual, metalúrgico e mu-lher – são um, entre tantos si-nais disponíveis da abertura no futuro da democracia brasileira. Em particular, as últimas elei-ções que mandaram ao poder uma mulher constituem uma raridade no panorama interna-cional. São ainda pouquíssimas mulheres que chegam ao car-go político máximo de um país. Isso é um outro sinal da vivaci-dade da experiência da demo-cracia brasileira.

Notícias – E como o senhor avalia a democracia em gover-nos como nos países da Europa onde ela já é mais consolidada?

costa – Eu creio que exis-tam problemas comuns nos regimes democráticos mais e menos recentes, como no Brasil ou na Europa. Existem também diferenças significativas. Em muitos países europeus, princi-palmente a Europa Ocidental, a democracia tem um regime mais consolidado, mas que apesar

disso enfrentam problemas que não são simples. Por exemplo, os problemas de partidos políti-cos, os quais são instrumentos essenciais na organização dos regimes democráticos, exata-mente porque devem assegurar a participação ativa dos cidadãos ao processo de decisão. Na Itá-lia e em outros países da Euro-pa, os partidos perderam muito dessa função e se tornaram ex-pressão das elites políticas, cuja relação com o cidadão político é notavelmente enfraquecida. Outro problema das nossas democracias diz respeito ao acesso do cidadão aos meios de comunicação de massa, em que as grandes concentrações de poder econômico tem uma pre-dominância evidente nesse pro-cesso de comunicação. Nesse ponto de vista, a internet pode ser um instrumento de reforço de uma opinião pública efetiva-mente aberta a todos. Um ou-tro problema das democracias europeias é relacionado à crise do estado social e a consequen-te dificuldade de realização dos direitos sociais que eram parte integrante da democracia eu-ropeia, assim como os que se formaram depois da segunda guerra mundial.

Notícias – Como nessa ul-tima eleição brasileira a inter-net teve um papel muito mais relevante do que em outras eleições, seja para o bem ou para o mal, seja difundindo in-formação ou calunias, percebe--se que a internet tem um papel central dentro do processo de-mocrático. Como o senhor vê a importância da internet na de-mocracia contemporânea para a circulação da informação em direção a afirmação de uma opi-nião pública mais esclarecida?

costa – É um dado. De fato, que a internet tem uma impor-tância crescente no processo político. Você citava o caso po-lítico brasileiro, mas podemos citar também as eleições dos Estados Unidos com Barak Obama. A eleição de Obama teve muita importância na rede. E como avaliar esse fenômeno? Eu o avaliaria com muito oti-mismo, em toda a história da

democracia, a opinião pública sempre foi apresentada como uma das principais garantias do respeito às regras fundamen-tais da democracia. O órgão tradicional da opinião pública no século XIX e XX era a im-prensa, naturalmente a impren-sa mantém a sua importância, mas a minha impressão é que a rede se preste a um acesso ge-neralizado que a imprensa não pode garantir. Confirmaria en-tão a minha impressão otimista em relação ao papel da internet para democracia.

Notícias – Os países da Amé-rica Latina passaram por gran-des mudanças no governo que acabaram gerando uma certa preocupação com a garantia de democracia, como é o caso da Venezuela, com Hugo Chávez. Ainda existe o risco de países da América Latina voltarem aos re-gimes totalitários?

costa – A democracia, não apenas na América Latina, mas em todo mundo, é um regime complicado e frágil. A liberdade de direitos e a participação de-mocrática não são valores ga-rantidos de uma vez por todas, nem nesse mundo, nem antiga-mente. É verdade que nos paí-ses onde a democracia é mais recente, existem enormes di-ferenças sociais e a democracia pode ser mais exposta a riscos de soluções autoritárias, seja de direita ou de esquerda. En-tão, é um frágil equilíbrio con-fiado ao ativismo político efeti-vamente democrático.

Notícias – Uma das peculia-ridades do sistema eleitoral bra-sileiro é a escolha dos candida-tos pela lista aberta, o que não acontece em muitos países. Isso é um fator positivo ou negativo para a democracia?

costa – Eu tenho a im-pressão que as vantagens são maiores que as desvantagens. A principal vantagem é a li-berdade de escolha do eleitor. Se confiamos, como acontece agora na Itália, a escolha dos candidatos à secretaria do par-tido, reforçamos as elites dos partidos, retiramos o espaço de decisão do cidadão.

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Paixão pela UFPR: nos pedais e no coração

Março2011 pErfil: JOsé carlOs bElOttO

Pertencimento. Sentimento de perten-cer a uma comunidade. Sentimento de alguém que nasceu na Universida-

de Federal do Paraná – foi uma das primeiras crianças nascidas na Maternidade do Hospi-tal de Clínicas (HC), em 1973. Na instituição construiu sua vida profissional. José Carlos Belotto, conhecido pela comunidade universi-tária como o “Belotto da bicicleta”, também é

filho de um funcionário que participou dos primeiros dias de vida do HC. O pai, José Luís Camargo Belotto, ingres-sou no Departamento de Farmácia em 23 de novembro de 1971.

tradição

Graduado em Marketing, o ciclista iniciou suas ativida-des na Universidade em 1992, inicialmente pela Funpar. To-

mou posse como servidor em 1993. Portanto, lá se vão 17 anos

de serviços prestados, inicialmen-te no HC, depois na Pró-Reitoria de Recursos Humanos e atualmente no Núcleo de Estudos do Trânsito, do Departamento de Psicologia. Nessa caminhada, sempre participando da vida da instituição, também deu sua contribuição à frente da Associação dos Servidores da UFPR e do Sindi-test. Foi aluno da instituição, quan-do cursou a especialização na área de Serviço Social no Setor Litoral. Hoje, seguindo a tradição, sua fi-lha Ana Carolina Vollani Belotto, de 19 anos, é aluna do segundo ano do curso de Administração.

dar qualidade à vida

Nesse percurso, a verda-deira identificação como pro-fissional foi quando Belotto integrou a equipe da atual Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe), como co-ordenador do Programa de Qualidade de Vida (PIQV).

Na época, observou que os servidores, na maio-

ria, eram sedentários e perdiam muito tempo presos no trânsito quando se loco-

moviam para seus locais de trabalho. Prati-cante de esportes, Belotto despertou para a ideia de que, se utilizassem a bicicleta como meio de locomoção, os funcionários pode-riam otimizar a mobilidade e, ao mesmo tem-po, praticar uma atividade física saudável.

A partir dessas constatações, em 2004, foi autor de um manual contendo os melho-res roteiros – com pontos de referência – de vários locais da cidade até os campi da UFPR. Curioso, posteriormente, verificou a existên-cia de problemas de segurança e infraestru-tura nesses percursos. A partir daí, Belotto despertou para outra preocupação: a mobili-dade sustentável, assunto que veio ao encon-tro da qualidade de vida. E, nesta perspectiva, após desligar-se do PIQV, Belotto abraçou o Projeto Ciclovida, não somente como uma atividade, mas uma identidade que o tornou conhecido por todos na UFPR.

Personalidade

Um dos desejos desse idealista é conhe-cer a Holanda, terra das bicicletas, como ele próprio define. A tranquilidade do ciclista se depara com um contraste: em se tratando de música, Belotto prefere a agitação do rock’n roll. Remador, ele já ousou alguns quilôme-tros mar a fora. Em terra firme, Belotto quer voltar a “bater bola”, para isso, o atleta apai-xonado por futebol precisa operar o joelho para ficar em forma novamente.

Falando de si, Belloto vê na demagogia, falsidade e orgulho, sentimentos que depõem em muito contra o ser humano. Uma virtude – “a humildade”, diz sem hesitar. Entre seus planos para o futuro, estão a esperança de ter tranquilidade financeira e conforto, fazer um curso de mestrado, “na UFPR, é claro”. Enquanto tudo isso não acontece, Belotto reserva um grande espaço de sua vida para acalentar o sonho de contribuir para ver, um dia, sua cidade mais humana e solidária.

Grande aliada de seus sonhos e ideais é a admiração que tem pela UFPR. E, como ati-vista que é (além de remador, aventureiro, desportista, idealista, visionário e curioso) pronto para os desafios, Belotto leva com ele e exibe com orgulho o seu maior troféu: a oportunidade que a vida lhe deu de perten-cer à grande e única “família” da Universi-dade Federal do Paraná.

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