notícias da ufpr

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Comunidade universitária cresceu 25% em um ano pág. 3 Feira de Profissões destacará cursos de menor demanda pág. 12 Frota renovada na Centran pág. 10 www.ufpr.br | Ano 9 | Número 49 | Junho de 2010 Notícias da UFPR Ampliar o acesso foi um passo. Agora a UFPR começa a diagnosticar a evasão e triplica recursos de assistência estudantil para diminuir vagas ociosas e aumentar o índice de alunos formados pág. 6 Democratizar a saída

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Ano 9 | Junho de 2010 | Número 49

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Page 1: Notícias da UFPR

Comunidade universitária cresceu 25% em um ano pág. 3

Feira de Profissões destacará cursos de

menor demanda pág. 12

Frota renovadana Centran pág. 10

www.ufpr.br | Ano 9 | Número 49 | Junho de 2010

Notícias da

UFPR

Ampliar o acesso foi um passo. Agora a UFPR começa a diagnosticar aevasão e triplica recursos de assistência estudantil para diminuir

vagas ociosas e aumentar o índice de alunos formados pág. 6

Democratizar a saída

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Junho2010

O jornal Notícias da UFPR é uma publicação da Assessoria de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná.Rua Dr. Faivre, 405 - CEP: 80060-140 Fones: 41 3360-5007 e 41 3360-5008 Fax: 41 3360-5087 E-mail: [email protected]

Reitor Zaki Akel Sobrinho | Vice-Reitor Rogério Mulinari | Pró-Reitor de Administração Paulo Roberto Rocha Kruger | Pró-Reitora de Extensão e CulturaElenice Mara de Matos Novak | Pró-Reitora de Gestão de Pessoas Larissa Martins Born | Pró-Reitora de Graduação Maria Amélia Sabbag Zainko

Pró-Reitora de Planejamento, Orçamento e Finanças Lúcia Regina Assumpção Montanhini | Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Sérgio ScheerPró-Reitora de Assuntos Estudantis Rita de Cássia Lopes | Chefe de Gabinete Ana Lúcia Jansen de Mello Santana.

Assessor de Comunicação Social e Jornalista Responsável Mário Messagi Júnior - Reg. Prof.: 2963 | Edição geral Maria de Lurdes Pereira| EditoresSimone Meirelles (Ensino), Fernando César Oliveira (C&T), Mário Messagi Júnior (Gestão) e Letícia Hoshiguti (Cultura e Extensão) | Projeto Gráfico

Iasa Monique Ribeiro | Diagramação Juliana Karpinski| Foto da Capa Rodrigo Juste Duarte| Impressão Imprensa UniversitáriaRevisão Edison Saldanha | Tiragem 10 mil exemplares

Democratizar o acesso ao ensi-no superior público é fundamental para que as universidades se tornem menos elitistas. A política de cotas, o Provar e a ampliação de vagas, com interiorização e crescimento do en-sino noturno permitiram à UFPR contribuir fortemente com a expan-são do ensino superior público. Já é um grande passo, mas insuficiente. É preciso também ampliar a porta de saída, dando suporte e auxiliando para que os alunos, sobretudo os mais ca-rentes, se formem efetivamente nos cursos que escolheram.

A UFPR tem cumprido seu pa-pel de forma exemplar. Nos últimos dois anos, praticamente triplicou os recursos em bolsas acadêmicas e de assistência estudantil. Só em 2010, o orçamento cresceu 86% . Além das bolsas, do auxílio-moradia, da alimentação subsidiada ou sem ne-nhum custo nos restaurantes uni-versitários, o aluno da UFPR conta ainda com apoio logístico e financeiro à mobilidade acadêmica nacional e internacional, à realização e/ou parti-cipação em eventos acadêmicos, com transporte intercampi gratuito e com o apoio à formação profissional por meio de cursos de informática e lín-guas estrangeiras. É um pacote com-pleto que compõe a política de apoio aos estudantes.

Agora, a UFPR começa a desen-volver ações para diminuir as difi-culdades pedagógicas, mapeando os maiores gargalos de reprovações e identificando as maiores dificuldades dos alunos desperiodizados. Este trabalho, desenvolvido pela Prograd, é pioneiro. O Sistema de Acom-panhamento e Tutoria (SAT) está levantando dados, através de pes-quisas, que identificam os motivos dos alunos ficarem desperiodizados. Além disso, bolsistas de graduação e da pós-graduação vão ajudar os alu-nos nas suas dificuldades.

São diversas ações com um úni-co objetivo: permitir que os alunos se tornem profis-sionais competen-tes e críticos. En-fim, vejam seus sonhos realizados.

Educação à distância, sou contra

Editorial

Combate à evasão

Muitos professores e alunos tem um discurso contrário a EaD, mas quando questionados sobre o que sabem sobre Educação a Dis-tância ficam quietos ou dão respostas evasivas e muitas carregadas de pré conceitos ou mitos.

Um dos principais mitos é o de que “O diploma é fácil”. No entan-to, a duração de um curso a distância é o mesma que na modalidade presencial e os diplomas de graduação e pós-graduação, sejam eles presenciais ou a distância, são equivalentes.

Um outro mito é: “Curso a distância é moleza”. Entretanto, mui-tas pessoas se frustram com o grau de dificuldade que encontram nos cursos a distância e não conseguem seguir adiante. O maior motivo de desistência dos cursos, segundo dados da Associação Brasileira de Educação a Distância, é o nível de exigência dos cursos. 61,8% dos matriculados na graduação e 45% dos da pós-graduação que eva-diram em 2008 alegaram como motivo não ter tido tempo para se dedicar suficientemente, achavam que seria “moleza”.

Aliado a este mito sempre aparece outro, o de que “As avaliações não são difíceis”. Porém destaco que o nível de exigência das provas, é o mesmo das aplicadas nos cursos presenciais. Muitas vezes, elas se tornam ainda mais difíceis pelo acúmulo de conteúdos cobrados. Isso porque, num curso de qualidade, o conhecimento sobre o mate-rial complementar disponível no ambiente virtual também é avaliado. O MEC tem exigido das Instituições que oferecem cursos a distância ocorram nos polos presenciais, sob o olhar dos tutores da turma. – se fossem feitas em casa, as chances de fraude seriam enormes. Nas graduações, há uma avaliação por disciplina, obrigatoriamente. Já nas especializações, são, no mínimo, duas provas escritas. Além disso, as boas instituições pedem, em média, dois trabalhos por semana – com hora limite para a postagem no ambiente virtual do curso.

O uso de tecnologias reforça outro mito: “O aluno fica isolado e não interage com os colegas”. Isto não é verdade. O MEC exige que sejam organizados momentos de convivência e interação entre os colegas nos polos presenciais – o que ocorre nas atividades complementares, obri-gatórias por lei, como sessões de filmes, debates e encontros, e nas provas finais. As atividades em que todos devem estar online juntos, como chats, videoconferências, webconferência são outras estratégias que podem garantir a interatividade entre a turma se bem planejadas.

A EaD veio para ficar. É fundamental superar os mitos e discutir seriamente como utilizar as ferramentas propiciadas pela tecnologia em benefício da democratização do ensino.

Glaucia da Silva BritoCoordenadora Pedagógica da CIPEAD

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OpiniãO

Zaki AkelReitor da UFPR

ErramosNa matéria “Rumo aos 100 anos”, publicada na edição anterior, onde está escrito “Existem di-versas biografias esparsas sobre a UFPR”, leia-se “obras” e onde está escrito “digitalização das biografias” leia-se “digitalização das bibliografias”.

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O Censo da Educação Superior, realizado em 2009, que mostrou a

Universidade Federal do Pa-raná tem uma comunidade acadêmica formada por 32.346 pessoas, sendo 26.607 estu-dantes, 2.235 professores e 3.504 técnicos administrati-vos. Em 2008, o número era de 25.824, dos quais 20.443 eram alunos, 1.854 professo-res e 3.527 técnicos. Isso in-dica um crescimento de 25%, gerado pelo aumento de vagas para vestibular e abertura de concursos para contratação de novos servidores, ambos oriundos principalmente da adesão da UFPR ao Reuni “Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. A distribuição de cursos aponta 106 na modali-dade presencial e dois na mo-dalidade a distância.

No ano passado, o Censo

teve uma mudança na forma de coleta de dados, que pas-saram a ser individualizados. Antes, apenas o número total era computado. A intenção do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aní-sio Teixeira (Inep) é viabilizar a construção de indicadores que retratem a qualidade dos cursos e das instituições fe-derais de ensino. Esses dados ainda estão sendo processa-dos. “O software usado pelo MEC não permite ainda che-gar a resultados específicos. Posteriormente, esses dados serão disponibilizados”, infor-ma Maria Odette de Pauli Bet-tega, coordenadora de políti-cas de avaliação institucional da UFPR.

O novo modelo teve quatro módulos, enfocando dados da Instituição (infraestrutura, salas de aulas, laboratórios, bibliotecas, servidores téc-nico-administrativos); dados sobre os cursos (carga horá-ria, número de vagas, núme-

ro de inscritos no vestibular, tecnologia de assistência aos estudantes); sobre os docen-tes (regime de trabalho, carga horária na graduação, titula-ção) e sobre os alunos (da-dos de identificação pessoal, CPF, nacionalidade, raça, se é portador de necessidades especiais, se recebe bolsas acadêmicas).

Dos 26.607 estudantes, 3.027 se formaram no final do ano passado, 801 estão com matrículas trancadas, 3.084 estão afastados e 19.694 es-tão efetivamente cursando a graduação. Os que recebem apoio social com bolsas para alimentação são 476; para mo-radia, 225; bolsa Trabalho, 150 e bolsa Permanência, 1.008. Os que realizam atividades de formação complementar so-mam 1.196 com trabalhos de pesquisa; 905 com atividades de extensão e 999 com moni-toria. Outros 1.460 realizam estágios não obrigatórios (ex-tracurriculares).

Dados das universidades que ainda estão sendo processados pelo MEC retratarão a qualidade dos cursos e das Ifes.

Crescimento na UFPR foi motivado pela adesão ao Reuni

Simone [email protected]

Em relação aos programas de reserva de vagas, 4.046 alu-nos estão em reservas do Ensi-no Público; 1.427 nas reservas étnicas e 13 nas de portadores de necessidades especiais. Com investimentos em acessibilida-de, a UFPR tinha no ano passa-do 67 alunos com necessidades especiais (somando os que não ingressaram pelo sistema de reserva de vagas).

Os dados de titulação dos docentes registram a maioria com doutorado: nada menos que 1.452 professores. Outros 460 têm mestrado e os demais, especialização ou graduação. O regime de Dedicação Exclusiva inclui a maior parte dos profis-sionais, com 1.492 dos 2.235 professores. Entre os técnicos administrativos, 1.303 têm En-sino Médio, 1.530 têm Ensino Superior, 238 têm especializa-ção, 86, mestrado e 39, douto-rado.

Mais dados do Censo serão divulgados assim que forem disponibilizados pelo Inep.

Censo da Educação Superior aponta um crescimento de 25%

na comunidade acadêmica

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Junho2010 EnsinO: BOlsas

Com um acréscimo de qua-se duas mil novas vagas em 2010, o programa de

bolsas estudantis beneficiará 4.422 alunos da UFPR. Para isso, o programa contará com um au-mento de quase R$ 7 milhões no orçamento destinados às bolsas. Ao todo, o programa da Univer-sidade contará este ano com 14,5 milhões para o pagamento dos benefícios. Por isso, além das novas bolsas, os auxílios terão um acréscimo de 5% em relação a 2009, chegando ao valor indivi-dual de R$ 315,00. A ampliação dos números referentes às bolsas está diretamente ligada à adesão da Universidade ao projeto de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que é responsável por 830 bol-

sas, que representam R$ 2,2 mi-lhões a mais no orçamento.

Dentro da ampliação que o sistema de bolsas recebe em 2010, está contida a criação de 120 novas vagas para o proje-to UFPR 100 Anos. É a Bolsa Rumo aos 100 anos da UFPR, que incentivará a pesquisa e o levantamento da memória da Universidade, que completa seu primeiro centenário em 2012.

Bolsas sociais

Em 2010, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) dispo-nibilizará 2.460 bolsas de caráter social, que visam o auxílio a estu-dantes de condições econômicas e sociais mais frágeis. São as bolsas: Permanência, Auxílio Alimentação e Auxílio Moradia. Estes bene-fícios fazem parte do Programa de Benefícios Econômicos para Manutenção aos Estudantes com

Fragilidade Econômica (Probem).A Bolsa Permanência é a

modalidade que abrange o maior número de estudantes. No total, 1.150 graduandos devem ser contemplados com o auxílio em 2010. No ano passado, 895 bol-sas foram distribuídas entre os 1.535 alunos que solicitaram o serviço. Por possuir um caráter socioeducativo, esta modalidade de bolsa fornece o apoio finan-ceiro ao estudante de graduação e ensino profissionalizante, vi-sando garantir o custeio básico das necessidades da continuida-de de sua trajetória acadêmica. Os alunos que recebem esta bolsa realizam doze horas de trabalho semanais, direcionados à área que estudam.

Os alunos da UFPR também podem solicitar à Prae o Auxílio Alimentação, que subsidia o va-lor total das refeições feitas nos

UFPR amplia o número de bolsas estudantis

em 2010

Instituição vai disponibilizar este ano R$ 14,5 milhões

para pagamento de bolsas acadêmicas e sociais

para alunos

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A bolsa proporciona ao

aluno tempo para se dedicar não só às

atividades acadêmicas, mas também para cursos

de aperfeiçoamento.”

“ Rita de Cássia Lopes,

Pró-reitora de Assuntos Estudantis

Tiago de Farias foi bolsista permanente na Prae no início do curso e agora faz parte do projeto Laboratório de Estatística Aplicada, no Centro Politécnico

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Restaurantes Universitários (RUs) da instituição. Já o progra-ma Auxílio Moradia é oferecido aos estudantes que não residem na localidade onde o curso é ofertado, e o valor do benefício é definido pela Coplad.

O estudante Diego Rabel, matriculado no curso de Agrono-mia, é um dos beneficiados pelos programas de bolsas da UFPR. O aluno possui as três modalidades de benefícios do Probem. Para ele, os auxílios para moradia e alimentação são fundamentais para a continuidade dos estudos. Oriundo de Cascavel, oeste do Paraná, Diego relata dificuldades para trabalhar, visto que o curso é de período integral. Além dos benefícios financeiros, o aluno ressalta a importância de poder realizar trabalhos em sua área de formação, no caso dele, no Labo-ratório de Fertilidade, no setor de Ciências Agrárias. “Sem a bolsa seria inviável estudar em Curitiba, sem um trabalho”, rela-ta o estudante.

Ensino

Setor de Ciências Sociais Aplicadas inaugura novo bloco didático

O Setor de Ciências Sociais Aplicadas da UFPR recebeu oficialmente em

junho um novo bloco didático e o prédio do

centro de convivência para estudantes. O novo bloco,

composto de nove salas de aula, foi classificado pelo

coordenador do Reuni na UFPR, Adriano do Rosário Ribeiro, como “a segunda

grande obra” já concluída na universidade com

recursos do programa.O novo prédio tem cerca

de 1.500 m². Comportará, no momento, além das 200

vagas criadas pelo setor com o Reuni, novas instalações

para a biblioteca. O primeiro grande projeto inaugurado

foi o bloco didático do campus Palotina, entregue

em setembro passado, com 950 m².

A obra no Setor de Sociais Aplicadas custou

R$ 1,5 milhão - R$ 1 milhão proveniente do Reuni

e outros R$ 500 mil do orçamento da própria

UFPR. Para o diretor do Setor, Vicente Pacheco,

a entrega do novo bloco didático é a consequência

de uma escolha correta feita pela UFPR. “A escolha

que fizemos, há quase dois anos, de aproveitar uma oportunidade chamada

Reuni”, resumiu.

Agência comemora dois anos com 100

patentes depositadas

A Agência de Inovação UFPR conquistou o

total de cem patentes requeridas em apenas

dois anos. O objetivo da agência é levar pesquisas internas da universidade

para indústrias e oferecer benefícios à sociedade,

além de gerar receita para a UFPR reinvestir em estudos.

A 100ª patente enviada ao Instituto Nacional de

Propriedade Industrial (INPI) é da equipe do professor do

Departamento de Química Fernando Wypych, que já

possui 20 delas.

além do auxílio financeiro, a formação profissional

Os alunos que recebem a Bol-sa Permanência integram-se a projetos da própria Universidade, os quais são encaminhados a de-sempenhar funções que contribu-am para sua formação acadêmica e profissional. É o caso de Tiago de Farias, que cursa o segundo ano de Estatística. Para ele, além da manutenção financeira, o auxí-lio proporcionou uma experiência profissional já no primeiro semes-tre do curso, período de poucas chances no mercado de trabalho. Tiago trabalhou na própria Prae, onde fez análises do perfil socioe-conômico dos alunos que ingres-saram na instituição em 2009.

A pró-reitora de Assuntos Es-tudantis, Rita de Cássia Lopes, aponta a Bolsa Permanência como um incentivo à continuidade dos estudos. “A bolsa proporciona ao aluno tempo para se dedicar não só às atividades acadêmicas, mas também para cursos de aperfeiço-amento”, comenta a pró-reitora.

Tiago de Farias foi bolsista permanente na Prae no início do curso e agora faz parte do projeto Laboratório de Estatística Aplicada, no Centro Politécnico

Destacando o caráter social das bolsas, Rita de Cássia afirma que o maior benefício para a Universida-de não é o trabalho exercido pelos alunos, como já foi em outra época. Atualmente, a Universidade se be-neficia com a capacitação aprimo-rada dos alunos, que se dedicam a atividades no ramo de pesquisa e extensão, otimizando o desenvol-vimento do conhecimento.

Já a aluna de História Luisa Fensterseifer vê o valor de R$ 300,00 como insuficiente para custear os estudos. “Se for de-pender exclusivamente da bolsa para pagar passagens de ônibus, refeições e fotocópias, o dinheiro não dura até o final do mês”, ava-lia a estudante que depende do dinheiro proveniente de outros trabalhos. Mas independente da questão financeira, Luisa valoriza a oportunidade que recebeu com a bolsa, de ingressar em um gru-po de estudos acerca da História da Alimentação, que contribuiu para o enriquecimento de seu conhecimento dentro do curso.

*Quadro comparativo com a proposta para a oferta de bolsas em 2010 e as bolsas aprovadas em 2009

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Os cursos do Setor de Ciências da Saúde são os que mantêm o maior

índice de aprovação na UFPR. Nada menos que 97,28% dos alunos dos cursos de Medicina, Nutrição, Odontologia, Enfer-magem e Terapia Ocupacio-nal foram aprovados de 2005 a 2009. Os dados fazem parte do Relatório de Indicadores de Sucesso elaborado pela Pro-grad. A análise é feita com base no acompanhamento da vida acadêmica de cada estudante, conforme o registro no Núcleo de Acompanhamento Acadê-mico, NAA. O setor de Saúde também obteve, nesses anos, o

Relatório indica cursos com maior índice de aprovação

Medicina, Nutrição, Odontologia,

Enfermagem e Terapia Ocupacional

são os que registram maior taxa de sucesso

EnsinO: EvasãO

maior percentual de notas aci-ma de 70, a linha de corte para a aprovação por média.

O Setor de Ciências Jurí-dicas também aparece bem colocado nesse ranking. Entre 2005 e 2009 aprovou 90,05% dos estudantes. Muito pró-ximos aparecem Educação, como 85,40%, e Biológicas que aprovou nesse período, 85,16% dos alunos. Os cursos com os menores índices são

[email protected] de Lurdes W. Pereira

os do Setor de Ciências Exa-tas, que nos cinco anos anali-sados, aprovaram , em média, 60,92% dos alunos nos cursos de Matemática, Estatística, Física, Química, Estatística e Informática. Os piores de-sempenhos estão nos cursos de Física (noturno) e Mate-mática (diurno) porque são os que mais reprovam. Nessas duas áreas, menos da metade dos alunos foi aprovada entre

2005 e 2009 explica com pre-ocupação a pró-reitora de Gra-duação, Maria Amélia Sabbag Zainko, que vê a necessidade urgente de adotar medidas, como alteração de currículos, novas metodologias e conheci-mento diferenciado de acordo com o curso.

Os alunos de Exatas são também os que tiraram no pe-ríodo avaliado as menores no-tas. Só 41% dos alunos dos seis cursos tiraram notas acima de 70 em 2005, 18% tiraram entre 50 e 70 e 30% menos de 25. Já na Saúde, o índice de notas aci-ma de 70 foi de 89%; entre 50 e 70, de 8% e menos de 25 só um por cento dos alunos nesse mesmo ano.

A pró-reitora avalia que em algumas áreas o conteúdo ain-da é trabalhado em sala de aula da mesma forma para várias profissões e cita Matemática, como exemplo. Para Maria Amélia, é necessário que os alunos de Estatística apren-dam conteúdos diferentes dos que estudam no curso de Ma-temática ou Física. “Temos

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Levantamento de taxas de retenção de alunos é o primeiro passo para aumentar o índice de diplomação

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que encontrar uma fórmula para atrair e motivar os nos-sos alunos. Também precisa-mos acabar com a ideia de que o bom professor é aquele que reprova. Ser professor é inte-ragir e fazer com que a apren-dizagem aconteça”, destaca a pró-reitora.

Nos próximos meses será realizado o projeto Prograd Iti-nerante, um período em que a estrutura da Pró-Reitoria esta-rá à disposição dos professores e estudantes para explicar es-ses indicadores e também co-lher sugestões para melhorar os índices de aprovação. São esses números também que irão compor o Observatório da Educação, que está sendo cria-do pela Prograd.

O QUE PENSAM OS ALUNOS

Dados preliminares de outra pesquisa envolvendo estudan-tes mostraram dados também preocupantes. Por enquanto fo-ram ouvidos sete mil dos mais de 20 mil alunos de graduação. A prioridade foi para os que es-tão em situação de risco, isto é , próximos do jubilamento, que somaram no ano passado, 1.553 estudantes. Pelo regulamento, cada aluno poderá permanecer na UFPR até uma vez e meia o período de duração do curso, o que significa que para um curso de quatro anos, o estudante de-verá terminar em até seis anos. Após isso, será jubilado e não terá mais direito a permanecer na instituição.

A coordenadora de Políticas e Acompanhamento Acadêmi-co, Arlete Ceccatto, explica que a pesquisa feita em 40 das 78 coordenações e que incluiu entrevistas com os alunos trou-xe preocupação porque a maior parte dos pesquisados apontou fatores institucionais como o principal fator pelo desinteres-se. Em segundo lugar na rela-ção de deficiências aparece a didática do professor e depois a desmotivação pela disciplina ou pelo curso. Os estudantes citaram ainda a falta de orien-tação acadêmica, currículo desatualizado, carga horária

semanal excessiva e em mais de um turno, e infraestrutura física do curso. O item menos criticado foi o deslocamento entre os campi.

Quanto aos fatores pesso-ais, as principais reclamações foram o descompasso entre o curso e o trabalho, dificuldades financeiras, desajustes familia-res, tratamento de saúde, dúvi-das quanto ao curso escolhido, falta de tempo para estudar, dificuldades de aprendizagem, discriminação.

A pesquisa mostrou ainda 12 casos de estudantes que em algum momento do curso se sentiram discriminados. Além desses problemas os estudan-tes citaram ainda outros argu-mentos pelo baixo desempenho como gravidez, intercâmbio, necessidade de trabalhar, entre outros motivos. Em 2010 a pes-quisa será ampliada para todos os cursos, porque a Prograd foi contemplada com um número maior de bolsistas, mas tanto a pró-reitora, como a coordena-dora da pesquisa entendem que já é hora de agir.

Para melhorar a didática do professor, a Pró-Reitoria entende que será necessário ampliar os cursos que já vem sendo ministados aos novos docentes, sobre a Metodologia do Ensino Superior. Quanto à reclamação dos problemas pe-dagógicos, deverá ser feito um melhor acompanhamento nas

Temos que encontrar uma fórmula para atrair e motivar

os nossos alunos. Também precisamos acabar com a ideia de que o bom professor é aquele que reprova.

Ser professor é interagir e fazer com que a aprendizagem

aconteça.”

Maria Amélia Sabbag Zainko,Pró-reitora de Graduação

coordenações de curso. Para melhorar a motivação dos alu-nos, as dirigentes acreditam que a reforma curricular que já vem sendo feita em algumas áreas e deverá atingir todos os cursos, poderá trazer outra visão aos graduandos. E sobre a discriminação, a pró-reitora Maria Amélia explica que se-rão pesquisadas as estratégias envolvendo a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e as co-ordenações.

Outra preocupação é quan-to aos cursos que ainda exigem atividades em dois turnos. De acordo com a Pró-Reitora, au-las em mais de um turno só se justificam em cursos que exigem período integral. Ma-ria Amélia destaca que “quem precisa ter dedicação exclusi-va é o professor que tem esse diferencial no seu contrato e não o aluno”. Entende que o resultado da pesquisa é o re-trato do que vem ocorrendo na UFPR e que o estudante que não tem horário compatível com o seu tempo acaba tran-cando a matrícula.

A pró-reitora também critica a existência de currículos sem articulação com a proposta do curso. “Ainda há pessoas que acham que é só juntar os conhe-cimentos e misturar tudo como num copo de liquidificador. Com a educação não é assim. Os cur-rículos devem vir de uma pro-posta coletiva”, afirma.

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Junho2010 GEstãO: REuni

Desde que o Reuni (pro-grama de expansão das universidades federais)

foi implantado na Universidade Federal do Paraná em 2008, fo-ram criados nos diversos campi da instituição 15 novos cursos de graduação. O próximo deles

será o de Agronomia no campus de Palotina, que vai começar em 2011 com 80 novas vagas. Entre os cursos já existentes surgiram seis novas opções de turnos. Desde o começo do programa foram contratados 206 professores. No total o in-vestimento para a graduação foi de R$ 10 milhões.

Para contemplar essas mu-

danças a UFPR teve que se adequar às demandas. A maior dificuldade, conta Ribeiro, foi adequar as obras de ampliação do espaço físico conforme as regulamentações. “O Minis-tério da Educação coloca um mesmo parâmetro das obras para todas as universidades do país, independente da região”, explica o coordenador do Reuni

na UFPR, Adriano do Rosário Ribeiro. Mas de acordo com ele isso já foi resolvido e o pano-rama das mudanças é positivo. Todos os setores da universi-dade contrataram professores, exceto o de Ciências Jurídicas.

No Setor de Educação Pro-fissional e Tecnológica um cur-so foi expandido e seis novos fo-ram criados com o Reuni. Para o

Com R$ 10 milhões em investimentos,

Reuni expande graduaçãoForam contratados 206 novos professores, criados 15 novos cursos

e seis novos turnos desde o começo do programa

Ciro [email protected]

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Para acolher a expansão dos cursos de graduação, o campus de Palotina precisa passar por obras estruturais

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diretor do Setor, Sávio Moreira da Silva, as dificuldades iniciais com a expansão já foram resol-vidas. “As obras atrasaram, mas já estão em estado adequado. Algumas contratações de pro-fessores e técnicos atrasaram, mas os coordenadores de curso trabalharam bem para cobrir as deficiências”, observa.

Ele revela que o programa de expansão trouxe uma mes-cla positiva entre os docentes antigos e os novatos, que en-traram no Setor com vontade de contribuir. “Os professores novos acrescentaram bastante e alguns deles até conseguiram recursos externos para pro-jetos de pesquisa e eventos”, conta Silva.

reuni expande palotina

Em Palotina os efeitos do Reuni foram mais sentidos. Se até 2008 no campus só havia o curso de Medicina Veteriná-ria, em 2011 com a abertura do curso de Agronomia, serão seis opções disponíveis. Se-gundo estimativas da direção do campus, o número de alunos matriculados vai passar de 602 em 2009 para 2.205 em 2015, um aumento de 266%.

O diretor Vinícius Bar-cellos, conta que com o Reuni o número de professores em Palotina passou de 25 para 64, uma quantidade mais do que suficiente. “Um dos trunfos da expansão é a contratação de novos docentes, que chegaram

com uma visão nova, deram um novo gás e ‘oxigenaram’ a universidade”, comenta. Ape-sar disso, uma das dificuldades enfrentadas foi a demora na no-meação dos novos professores, que já foi resolvido, segundo o professor.

Com o Reuni, o campus passa por obras de expan-são. Algumas delas tiveram um atraso, o que levou a uma ocupação provisória de um prédio vizinho. “Estamos em um processo de adequação e essas dificuldades não che-garam a atrapalhar as aulas”,

analisa Barcellos. Para aco-modar o novo curso, algumas instalações e laboratórios já existentes serão utilizados. Conforme o diretor, certas es-truturas mais específicas para as aulas de agronomia só se-rão utilizadas nos semestres finais do curso, o que deve dar tempo para as obras serem concluídas.

expansão de conhecimentos para quem chegou

Para quem entrou na UFPR com a expansão, a oportunidade tem sido muito boa, como con-

ta Luiz Antônio Pereira Neves, que depois de 20 anos como professor em outras institui-ções tomou posse na UFPR em junho de 2009. Atualmente ele leciona no Setor de Educação Tecnológica nos cursos de tec-nologia em análise e desenvol-vimento de sistemas e no Mes-trado em Bioinformática.

“A entrada e a recepção dos colegas foi muito boa, há uma sinergia excelente com os ou-tros professores. Estou muito bem adaptado e interagindo com a instituição”, relata. Ne-ves destaca que a infraestrutu-ra nova e os projetos são alguns dos pontos fortes.

A abertura de vagas do Reu-ni fez o professor Andre Muniz Afonso se mudar do interior do Rio de Janeiro, onde lecionava em uma universidade particu-lar, para Palotina. “No Paraná tem mais campo de trabalho na área de extensão rural. A vinda valeu a pena também pela cidade, que é bem tran-quila”, afirma o professor que leciona no curso de Veteriná-ria e nos cursos técnicos em Aqüicultura, Biocombustíveis e Biotecnologia. Afonso conta que já trabalha em projetos da instituição e que está otimista com as perspectivas de cresci-mento da UFPR.

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*Dados Coordenação Reuni e NC

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Fotos: Leonardo Bettinelli

GEstãO: CEntRan

Centran moderniza frota, amplia serviços e disciplina uso dos serviços de transporte

Mário Messagi [email protected]

Quase 1,6 milhão de quilômetros rodados

O professor de Engenharia Florestal Renato César Gonçalves Robert faz,

desde 2006, uma longa viagem com seus alunos. Começaram visitando Aracruz (ES), por dois anos, rodando quatro mil quilô-metros para ir e voltar. O objeti-vo: visitar uma das maiores fábri-cas de papel e celulose do Brasil. Em 2009, o trecho dobrou. Co-meçaram a visitar o Acre. No ca-minho, os alunos conhecem ou-tras instituições de ensino, como a UFMT, e a Empresa Floreste-ca, em Cáceres (MT), que planta “teca”, uma variedade florestal de alto valor agregado e que exi-ge tecnologia bem diferenciada. No último ano, professor e alu-nos viajaram mais confortáveis. “O ônibus melhorou bastante. Isso facilita muito a viagem. Pos-so até passar um vídeo para os alunos saberem o que vão achar pela frente. Sem contar o confor-to, que ajuda a superar o calor”, conta Renato César.

Os oito mil quilômetro roda-dos são apenas pequena parte da quilometragem que os veículos da Central de Transportes (Cen-tran) rodaram em 2009, totalizan-do 1,556 milhão de quilômetros, distribuídos por 2.431 viagens ou aulas atendidas. Só de combustí-vel foram gastos 190 mil litros.

Segundo Renato César, o Acre foi escolhido pelo programa de manejo florestal do governo do Estado. “O mais bem-visto do Brasil”, diz. Os alunos conhecem o manejo comunitário, sistema

de certificação e ainda respiram a história da luta ambiental. Chi-co Mendes militou no Acre. “Os alunos têm contato com a mãe, com o primo do Chico Mendes”, conta. Além disso, o curso de Engenharia Florestal da UFPR foi o primeiro a visitar a primei-ra concessão florestal pública, na floresta de Jamari, em Rondônia. O transporte está a serviço da for-mação profissional, crítica e sus-tentável oferecida pela UFPR.

Além do Acre, a Centran já foi a diversas outras cidades distantes, para fazer aulas de campo, como o Rio de Janeiro (curso de Turismo) ou Ouro Preto (Geologia). Os ônibus viajam o Brasil do Belém ao Rio Grande do Sul, mas São Paulo ainda é a cidade mais visitada.

frota renovada

O ônibus mais confortável é só uma das novidades da Cen-tran, que comprou nos últimos dois anos três Vans, onze Sande-ros, nove Logans, dois Vectras, um Gol, dez Kombis, um ônibus rodoviário, um micro-ônibus ro-doviário e dois ônibus urbanos (um utilizado nas aulas práticas e outro na linha intercampi). Com a melhoria da frota os ser-viços se expandiram. Em 2009, os veículos da Centran rodaram quase 1,6 milhão de quilôme-tros, muito acima do número ro-dado em 2008: 1,13 milhão.

Segundo o diretor da Cen-tran, Vilson Kachel, a diretriz do trabalho tem feito uma adminis-tração bem planejada para melho-rar os serviços e aprimorar a fro-ta. A próxima meta será melhorar

Intercampi facilita o deslocamento dos alunos, sem nenhum custo

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GEstãO: CEntRan

Centran moderniza frota, amplia serviços e disciplina uso dos serviços de transporte

Quase 1,6 milhão de quilômetros rodados

os caminhões. “Nosso caminhão mais novo é de 1985 e quebra com facilidade”, conta. Dentro da expansão dos serviços, a Centran planeja dar manutenção e forne-cer combustível a todas as máqui-nas que usam álcool, gasolina ou diesel, sejam tratores, embarca-ções ou geradores.

Parte dos recursos para a compra de veículos novos vem a alienação dos veículos velhos. Em 2008 e 2009, foram leiloados 77 veículos, que renderam quase R$ 800 mil para a Universidade. A renovação da frota economiza combustível e manutenção. “Ja chegamos a gastar quase 300 mil litros de combustível”, conta Ka-chel. Os novos veículos compra-dos para a Centran de 2008 a 2010 custaram quase R$ 3 milhões. As fontes de recursos, além da alie-nação de carros antigos, foram o Programa Nacional de Assistên-cia Estudantil (Pnaes), o Reuni e recursos do orçamento próprio.

nova resolução

Outra medida que raciona-lizou e diminuiu os gastos da Centran foi a aprovação da Re-solução nº 28/09 no Coplad, que disciplinou o uso dos veículos. Segundo a nova resolução, só atividades diretamente ligadas à UFPR podem ser atendidas. De-fine o atendimento e estabelece procedimentos e requisitos. Isso fez com que a quilometragem diminuísse. Atividades que não eram pertinentes foram excluí-das. “Quando a unidade não con-segue atender os pré-requisitos pela resolução, não atendemos”, explica Kachel.

A partir de janeiro deste ano, todas as solicitações de veículos passaram a ser feitas através de formulários específicos, com no mínimo dois dias de antecedên-cia. Os modelos estão disponí-veis na página da Centran (www.centran.ufpr.br). O site também traz a agenda das viagens. As-sim, o usuário pode consultar on-line para saber se o seu pedido foi agendado. O próximo passo será avaliar os serviços com os próprios usuários, também por meio de formulários específicos.

aBastecimento

Melhorar o sistema de abas-tecimento dos veículos é a próxi-ma meta. “Cheguei a transportar gasolina de carro para Palotina, para abastecer os veículos lá. Saía muito caro”, conta Kachel. Através de pregão, a Centran vai conveniar uma empresa para fornecimento de um cartão de abastecimento. Com este instru-mento, os motoristas vão poder abastecer em qualquer posto conveniado. O pagamento será feito à empresa, que repassará aos postos. O objetivo é dar fle-xibilidade no abastecimento e re-duzir gastos operacionais.

No final, o resultado é um apoio mais eficaz às ativida-des de ensino, na graduação e pós-graduação, à pesquisa e à extensão. A Centran leva os alunos para aulas práticas, ati-vidades de extensão, coletas de dados, além de transportar os alimentos. “Nós somos gran-des contribuintes na qualidade de ensino, na diminuição da evasão”, conclui Kachel.

Arte: Anderson Gomes

Em três meses, ocorrerá mais um leilão, com pelo menos 15 veículos a venda

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Em 2010 a organização espera receber público

acima dos 44 mil visitantes registrados

no ano passado

UFPR já prepara a 8ª edição daFeira Cursos e Profissões

Segundo maior even-to da Universidade Federal do Paraná

realizado em Curitiba, perdendo apenas para o ves-tibular, a Feira UFPR: Cursos e Profissões será realizada de 20 a 22 de agosto, no Setor de Ciências Sociais Aplicadas, campus Jardim Botânico. Em 2009, a feira recebeu cerca de 44 mil pessoas e a expectativa para este ano é ter um número ainda maior de visitantes.

Algumas mudanças con-ceituais serão implantadas nesta oitava edição. A princi-pal delas é a distribuição dos estandes de forma a dar mais visibilidade aos cursos novos ou com menor pro-cura no vestibular. “São cur-sos que muitas vezes os adolescentes não sabem o que são ou como funcionam”, diz Mário Messa-gi Júnior, chefe da Assessoria de Comu-nicação Social e organizador do evento. Assim, estarão em lugares privilegiados dentro do pavilhão de exposições os cur-sos do campus de Palotina e do Setor profissional, além de outros como Peda-gogia, Psicologia, Química, Geografia e o novo curso de História e Mídia. Para es-

timular os visi-tantes, também figuram no es-paço alguns cur-sos que atraem grande público,

como Comunicação Social e Direito. A nova divisão foi dis-

cutida com os coordenadores de cursos, que deram apoio inte-

gral à estratégia. Tanto que a distribuição dos estantes foi concluída com quatro meses de antecedência ao evento.

Um prédio anexo ao pa-vilhão do Setor de Sociais Aplicadas será utilizado pela primeira vez na Feira.

Ali estarão concentrados

os cursos do Setor Lito-

ral. O nú-mero de tendas foi reduzido. A organi-

zação dos espaços foi sinalizada por cores, uma diferente para cada área do conhecimento. A ideia é fazer com que os visitantes localizem de for-ma mais rápida e fácil os cursos que desejam visitar. Outra novidade é a participação mais efetiva da Pró-Rei-toria de Graduação na organização da feira deste ano. A unidade assumiu

a gestão das atividades comple-mentares, como palestras

e eventos programados pelos cursos.

Simone [email protected]

Junho2010 GEstãO: FEiRa dE pROFissõEs

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GUIA DE PROFISSÕESO Guia de Profissões 2010

terá novo formato e será di-vidido em grandes áreas de conhecimento. Cada área terá uma publicação em separado, que será encartada no jornal Gazeta do Povo em semanas consecutivas. São elas: Artes, Humanas e Educação; Gestão, Direito, Exatas e Informática; Engenharias e Arquitetura;

Saúde, Ciências da Terra e da Natureza; Formação Profis-sional e Tecnologia; e campus Palotina. O Guia também dará espaço para conteúdos trans-versais de interesse os estu-dantes, como a organização do sistema de bibliotecas, grupos de estudo, laboratórios de pes-quisa e escritórios-modelo.

Durante a Feira, será lan-çada uma edição especial da

revista Notícias da UFPR, totalmente produzida por es-tudantes de Jornalismo da instituição. O foco será na di-vulgação científica voltada aos estudantes do Ensino Médio.

ATIVIDADES PARALELASComo nos anos anteriores,

haverá palestras com profes-sores da UFPR e profissionais reconhecidos no mercado de

trabalho, para explicar o funcio-namento e perspectivas de cada curso e sua respectiva profissão. Também serão realizadas visitas monitoradas aos principais cam-pi, onde serão mostrados labora-tórios, museus e prédios histó-ricos que fazem parte do grande complexo que é a UFPR.

Mais informações sobre a feira podem ser obtidas no site www.feiradecursos.ufpr.br

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Imagine dividir um metro em um bilhão de pedaços. Pegue uma parte disso e você terá

uma unidade de medida chamada nanômetro. Apesar de extrema-mente pequenas e invisíveis em microscópios tradicionais, essas nanoestruturas são objetos de um projeto entre universidades, encabeçado pela Universidade Federal do Paraná. A proposta é a criação de uma rede paranaen-se de estudo, fabricação e carac-terização de óxidos magnéticos, multiferróicos e superconduto-res avançados.

Os materiais óxidos na for-ma cristalina são ainda mui-to pouco estudados. Quando magnéticos, eles têm o poten-cial para uso como sensores, memórias e mídia de gravação magnéticas. Os óxidos multi-ferróicos têm a propriedade de responder a um campo elétrico ou magnético e assim alteram as dimensões e a resistência elétrica desse campo. Já os óxi-dos supercondutores avança-dos conduzem eletricidade sem oferecer resistência elétrica e por isso não se aquecem.

A equipe é constituída por 22 pesquisadores de sete ins-

UFPR é sede da pesquisa estadual de nanotecnologia

Projeto propõe criação de rede paranaense entre universidades para estudo, fabricação e caracterização de materiais

Nosso maior objetivo é a

produção científ ica e a formação de

mestres e doutores, mas o projeto

também deve trazer resultados tecnológicos

relevantes.”

“ Dante Homero Mosca,

Coordenador do projeto.

Ciro [email protected]

CiênCia E tECnOlOGia: nanOtECnOlOGia

Ranking IberoamericanoA edição 2010 do ranking

iberoamericano do SIR (SCImago Institutions Ranking) foi divulgada no fim de maio. O levantamento avaliou as atividades de pesquisa de universidades dos países da América Latina, Portugal, Espanha e Caribe, entre os anos de 2003 e 2008.

UFPR na 17ª posição da ALA Universidade Federal

do Paraná aparece na 17º do ranking entre as instituições da América Latina, e na 39ª colocação geral, entre as 607 instituições analisadas. A UFPR registrou exatas 3.966 publicações científicas no período analisado. A produção científica refere-se aos artigos produzidos por pesquisadores, mestrandos, doutorandos e estudantes de iniciação científica.

CritériosEntre os indicadores

do ranking SIR estão: produtividade (número de artigos publicados segundo a base de dados Scopus/Elsevier); colaboração internacional (publicação em parceria com universidades de outros países), índice de qualidade científica (índice de citações recebidas pelos trabalhos comparativamente à média mundial); e índice de publicações entre as 25 melhores revistas do mundo.

PaísesA Espanha lidera a

publicação de artigos no período (208,1 mil), seguida pelo Brasil (178,8 mil), Portugal (49,5 mil), México (48,2 mil), Argentina (32,1 mil) e Chile (24,2 mil). Esses seis países concentram cerca de 90% da produção científica da região analisada.

USP no primeiro lugarA Universidade de São

Paulo é a primeira do ranking, com quase 38 mil publicações no período, mais que o dobro da segunda colocada, a Universidade Nacional Autônoma do México (17 mil). A íntegra do relatório está disponível no endereço www.scimagoir.com.

Científicas

Segundo o coordenador do projeto, Dante Homero Mosca, a pesquisa trará grande impacto no meio científico nacional e internacional

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UFPR é sede da pesquisa estadual de nanotecnologia

Projeto propõe criação de rede paranaense entre universidades para estudo, fabricação e caracterização de materiais

tituições de ensino do Paraná. Além da UFPR participam da rede interinstitucional a UTF-PR, UEM, UEL, UEPG, a Uni-versidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e a Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Paranavaí (Fafipa).

O coordenador do projeto é o professor da UFPR Dante Ho-mero Mosca, que afirmou faltar ao Estado pesquisas na área. “Te-mos pesquisadores qualificados, mas os trabalhos em nanociência no Paraná são incipientes. O que está faltando é as agências de fo-mento enxergarem isso e inves-tirem mais recursos”, avalia.

Um dos focos desse projeto é a aquisição de um equipamen-to importado e de grande porte a ser instalado na UFPR que vai permitir o desenvolvimento de caracterização magnética de ma-teriais e pesquisas em tempera-turas que variam entre -268 e 150 ºC. Essencialmente, o novo material vai medir a magneti-zação e a resistividade elétrica. O equipamento será o primei-ro desse tipo do Paraná e custa R$ 650 mil. Os recursos para a compra são provenientes da Fundação Araucária e do CNPq. A proposta já foi aprovada.

A aquisição desse novo ma-terial complementará a infraes-trutura de pesquisa existente no Laboratório de Superfície e Interfaces da UFPR, no Cen-tro Politécnico, que permite a deposição e análises microquí-micas de nanoestruturas cris-talinas. O laboratório já produz pesquisas e artigos científicos com o tema há alguns anos e tem parcerias de intercâmbio de conhecimento com institui-ções estrangeiras.

De acordo com Mosca, a descoberta recente de um novo tipo de magnetismo e proprie-dades magnetoelétricas nesses nanomateriais é promissora para o desenvolvimento de dis-positivos multifuncionais ultrar-rápidos. “Nosso maior objetivo é a produção científica e a for-mação de mestres e doutores, mas o projeto também deve trazer resultados tecnológicos relevantes”, explica o profes-sor. Ele ressalta que esses fei-tos vão trazer impacto no meio científico nacional e internacio-nal, diminuição da dependência de instituições de fora do Paraná e do exterior e qualificação dos participantes do projeto.

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Segundo o coordenador do projeto, Dante Homero Mosca, a pesquisa trará grande impacto no meio científico nacional e internacional

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[email protected]ícia Hoshiguti

Riozinho, na Região de Guaratuba, tem casas muito simples, de ma-

deira, sem muros, cercadas de muito verde. As janelas e portas das casas estão sem-pre abertas e a tranquili-dade reina

nos quintais onde galinhas e cachorros circulam livremen-te. Ali vivem famílias que se reúnem em sistema de mu-tirão para plantar mandioca e produzir a farinha de man-dioca da terra, da boa. Tudo executado como os antigos faziam: roça na base da enxa-da, colheita manual, casas de farinha rudimentares.

Muitos podem estar se per-guntando o que a UFPR tem a ver com esse cenário. Talvez essa relação não existisse, não fosse o declínio que essa cul-tura típica do litoral paranaen-

se vem sofrendo nos últimos anos e que leva os pesquisa-

dores a estimarem que nos próximos dez anos mais de 70% das unidades produtivas existentes no litoral desapa-

Projeto Farinheiras Comunitárias

quer resgatar cultura do litoral paranaense

Iniciativa de extensão no Setor Litoral da UFPR busca salvar cultura das farinheiras do litoral do Paraná. Estimativa dos pesquisadores aponta para

o desaparecimento de 70% das unidades nos próximos dez anos.

CultuRa E ExtEnsãO: pROjEtO FaRinhEiRas

recerão, um impacto econô-mico, social e cultural. As fa-mílias estão deixando o meio rural em razão de dificuldades diversas. A terra fraca já não produz como antes; a concor-rência desleal com a farinha vinda de outras regiões; a im-possibilidade de ampliar a área de cultivo, proibido em Áreas de Preservação Permanente; a falta de infraestrutura – más condições da estrada, muitos trechos sem pavimentação – são alguns dos motivos que tornam particularmente difí-cil a vida dos moradores. En-tre os problemas de Riozinho inclui-se ainda a questão da necessidade de regularização fundiária: os moradores estão lá desde que nasceram,

assim como seus pais ou avós, mas não são proprietários ofi-cialmente de suas terras.

“Farinheiras Comunitárias do Litoral Paranaense: uma alternativa para o desenvol-vimento” é o nome do proje-to que tem o desafio de mu-dar a realidade de Riozinho e também de Açungui e Po-tinga (estas pertencentes ao Município de Guaraqueçaba). Coordenado pelo economista Valdir Denardin, professor do Setor Litoral da UFPR, o pro-jeto que termina no próximo semestre visa recuperar fa-rinheiras construídas nesses

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três locais há cerca de dez anos pelo governo do Paraná. O governo construiu na épo-ca dez Farinheiras Comunitá-rias nessa região que detém altos índices de pobreza. Al-gumas farinheiras chegaram a funcionar mas hoje estão abandonadas. A de Riozinho nunca funcionou.

Uma vez que entrem em funcionamento, poderão se tornar referência para as de-mais farinheiras comunitá-rias e individuais situadas no litoral do Paraná (Confira o mapeamento feito em estu-do realizado no ano de 2007). Maria da Graça Leite , a dona Gracinha, cuja vida “é a lida na roça”, como define ela, co-menta que nunca utilizaram a Farinheira Comunitária por-que não se adaptaram ao modo com que foi construída. “Nin-guém nunca procurou a gente para saber o que a gente que-ria”, diz ela.

Olandir Carneiro, o seu Didi, sua esposa Adelina e fa-mília são um retrato da vida de Riozinho. Mensalmente ou quando têm encomenda para atender, a família se reúne em

torno da mandioca, sempre recém-colhida para não “aze-dar”. Com agilidade a família inteira ajuda a descascar as raízes. Para produzir cerca de 50 quilos de farinha, o serviço do grupo consome a tarde in-teira de trabalho. A Casa de Farinha, rústica, com prensas artesanais feitas de madeira e chão batido, é a realidade a que eles estão acostumados. Com 75 anos de idade, seu Didi sempre viveu em Riozi-nho e a rotina da lavoura, um trabalho passado de pai para filho. “Isso aqui nunca pode acabar”, diz ele, conformado com o acréscimo da renda fa-miliar propiciada pela produ-ção de farinha porém sabedor que a atividade não rende o suficiente. As filhas ficaram com ele mas os filhos optaram por trabalhar na cidade.

Assim como seu Didi, seu Darcy é outro a trabalhar exa-tamente como nos moldes dos antepassados. Saudoso da vida antiga – quando seu pai era vivo, plantava-se até café e arroz e todos os alimentos de que precisavam – seu Darcy, 72 anos, pondera: “Se aumen-

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tarmos a produção, temos que plantar mais e não há terra. Antes a terra também era mais forte”. Eis mais um desafio para os pesquisadores enfren-tarem. Liara adianta que a questão da maior produtivida-de do solo preocupa e deverá ser abordada. Mas seu Darcy também é um otimista. Uma vez produzindo uma farinha certificada com a devida qua-lidade e procedência, acredita que a seu produto será valori-zado no futuro.

respeitando a cultura local, pesquisadores ganham a

confiança da comunidade

Falar do tempo que pas-sa mais “devagar” em Riozi-nho ou com menos pressa – é fundamental para entender a abordagem feita pelos pes-quisadores na comunidade ru-ral. Foi preciso driblar a des-confiança grande da própria universidade que os tratava como objeto de pesquisa. A reportagem do Notícias da UFPR acompanhou uma visita técnica feita por Liara Mat-zenbacher e Jhefferson dos Santos, bolsistas do projeto,

A comunidade parecia estar

esperando que a equipe do projeto agisse e entregasse a farinheira pronta,

o que não é o objetivo do projeto.”

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Bolsista do projeto.

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No descascar da mandioca, integração familiar

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que foram conferir os deta-lhes finais para finalmente colocar a primeira farinheira comunitária em funcionamen-to. Liara acaba de se graduar em Gestão Costeira, está há apenas um ano participando do projeto mas é uma entu-siasta. É muito bem recebida na comunidade e a explicação dessa intimidade conseguida é de que, mais do que qualquer intenção do projeto, ela sabe que o que tem que vir primei-ro é o respeito à cultura local: à abordagem cuidadosa de pessoas cujos hábitos são os mesmos há gerações, com os mais idosos que se orgulham por acordar bem cedo para capinar a roça, que mantêm a tradição do plantio do aipim (como a mandioca é conhecida na região), no sistema “guajá” como eles se referem ao sis-tema de mutirão.

Desde que começou, o projeto teve de se adequar, passou a andar no ritmo da co-munidade, envolvendo todos aos poucos. “A comunidade parecia estar esperando que a equipe do projeto agisse e en-tregasse a farinheira pronta, o que não é o objetivo do proje-to”, explicou Liara. Por isso, toda a recuperação do prédio, das instalações, foi feita em etapas, igualmente na forma de mutirão. Com participação ativa no trabalho conjunto, os

*Mapa organizado por Cecília Cury Hernandes, com base nos levantamentos feitos pelo projeto ‘Estudo da cadeia produtiva da mandioca no Litoral do Paraná’.

pesquisadores buscam forta-lecer os laços coletivos e as-sociativos. No final de semana que antecedeu a nossa repor-tagem, os moradores haviam se reunido para pintar as pa-redes externas.

A equipe do projeto é mul-tidisciplinar para repassar di-ferentes conhecimentos para agricultores: é composta por economistas, nutricionista, agrônomo, geógrafo, oceanó-grafa mais bolsistas de Ges-tão Ambiental, Agroecologia, Gestão Pública e de Gestão e Empreendedorismo. Também é multi o apoio recebido para viabilizar o projeto: além da Proec e do próprio Setor Li-toral, duas outras instâncias financiam a iniciativa: a Fun-dação Araucária e o Programa Universidade Sem Fronteiras, da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia. Valdir explica que o saber local rela-cionado à produção da farinha está sendo respeitado. Exem-plo disso é que diferente das Farinheiras desativadas, em que os fornos eram indus-triais, foram construídos for-nos que seguem o mesmo pa-drão utilizado nas farinheiras artesanais, agora com mistu-radores mecanizados. Uma vez recuperadas as instalações físicas, o Projeto seguirá com a capacitação dos agricultores sobre boas práticas de higiene

no processo produtivo, con-teúdos de gestão e organiza-ção. Sempre na perspectiva de resgatar nas famílias a im-portância do trabalho coletivo e associativo. E dentro ainda das praticas que possibilitem o atendimento das exigências da Vigilância Sanitária, funda-mental para obtenção do re-gistro da farinha.

identidade cultural e desenvovimento sustentável

“O objetivo é criar um pro-duto com identidade cultu-ral”, explica Valdir Denardin, salientando que essa caracte-rística fortaleceria a imagem do produto regionalmente, como uma marca coletiva. Essa valorização poderá dar destaques aos atributos como o fato de que é uma farinha feita sem a adição de produ-tos químicos e além disso produzida sem a remoção do amido, o que dá um sabor úni-co para a farinha.

“Para o litoral do Paraná,

por ser uma região de gran-des áreas de preservação e de grande relevância ambiental, deve se pensar mecanismos de desenvolvimento da re-gião que não excluam os pe-quenos produtores, mas sim que os integrem ao desen-volvimento, melhorando sua qualidade de vida”, diz o coor-denador. Para ele, a educação ambiental para os pequenos agricultores e a participação da população local é de fun-damental importância quando se pensar projetos e progra-mas para o desenvolvimento rural sustentável na região do litoral do Paraná.

Segurança alimentar, ge-ração de renda para as famí-lias, preservação do modo de vida mais saudável oriundo de contatos mais próximo com a natureza. Os envolvi-dos no projeto esperam dar o primeiro passo na direção dessa sustentabilidade dese-jada. Que a farinha, da boa, seja feita.

Famílias se reúnem para plantar mandioca e produzir farinha

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Um dia festivo em plena segunda-feira para alu-nos e professores do

curso de Agronomia. Os pais foram convidados para conhe-cer o ambiente onde os filhos estudam, iniciativa que reuniu pelo menos 30 visitantes no Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo. O ambiente escolhido para recebê-los foi uma sala de aula onde algo, logo de início, chamava a atenção: em frente ao quadro, uma ins-talação mostrava objetos utili-zados pela gente do campo, cha-péu-de-palha usado, quadro de moldura antiga com uma figura de santa, rádio dos anos 50, uma trança de alho, um cantil para beber água e outros artefatos.

“são Baiano”O projeto “Família na Esco-

la”, coordenado pelo professor Wilson Loureiro começou com a chegada de uma pessoa muito conhecida por todos. José Al-ves Pereira, vendedor de doces há mais de 40 anos na entrada do campus. Sempre lhes dese-ja boa sorte nas provas e por isso é chamado de São Baiano. “Este lugar é a minha casa. Sou conhecido por todos e sempre homenageado nas formaturas. Já passei por várias gerações de alunos, alguns hoje são pro-fessores do curso”, destacou o amigo dos estudantes.

projeto

A intenção do projeto “Fa-mília na Escola” foi propor-cionar aos pais uma integra-ção com o ambiente em que os filhos estudam, mostrar o espaço físico, estabelecer contato com os professores e servidores, esclarecer dú-vidas e colher informações sobre a escolha dos alunos pela Agronomia. Os familiares foram inicialmente recepcio-nados pelo diretor do setor, professor Amadeu Bona Fi-lho, pelo coordenador do cur-so de Agronomia, professor Oswaldo Teruyo Ido e demais docentes. Em seguida, foram discutidos assuntos sobre a vida acadêmica e profissional, o novo currículo e as ativida-des práticas. O encontro ter-minou com um passeio pelas instalações do curso e almoço no Restaurante Universitário.

pais

Para Jussara Serrato dos Santos, mãe de Felipe de 17 anos, “é importante interagir, conhecer o local que meu filho frequenta e seus amigos. Estou orgulhosa de poder participar”, falou com entusiasmo. Lenise de Paula Bernert, Marivalda Pigatto e Margarida de Olivei-ra Mayer são mães de André e Guilherme (ambos de 17 anos) e de Hélio Cezar, de 19. “Acha-mos gratificante transmitir confiança aos meninos.” Mar-garida disse que se preocupou

muito com o trote, Marivalda, professora universitária, ob-servou que o acompanhamento dos pais faz muita diferença no rendimento do aluno.

Sérgio Pigatto salientou que procura dar exemplo ao filho Fá-bio, de 22 anos. “Sou aluno do curso de Tecnólogo em Gestão Pública do Instituto Federal de Tecnologia (IFET) e acompanho os estudos do Fábio desde que ele era pequeno. Acho o projeto muito interessante e desejo que tenha continuidade.”

alunas

Compartilhando a mesma expectativa em relação a essa troca de experiências esta-vam as alunas Adélia Maria Bischoff e Aline Mary Borba, de 19 anos. Adélia e Aline são mãe e filha. A mãe cursa Agro-nomia há dois anos e a filha é caloura. “Fui incentivada pelo fato de minha mãe estudar e

CultuRa E ExtEnsãO: pais na uFpR

Curso de Agronomia recebe pais dos alunos para

integração e confraternizaçãoAtividade busca aproximação entre familiares de alunos e a universidade

resolvi seguir os mesmos pas-sos. Hoje, estamos em sintonia total, ela me dá dicas, participa ativamente do meu dia-a-dia, é um relacionamento produtivo”, destacou Aline.

Alguns pais perguntaram sobre o estágio obrigatório e outros sobre o currículo do cur-so. O professor Wilson Lourei-ro esclareceu que o estágio é obrigatório e que o curso está fixado em cinco eixos: geoci-ências, questões ambientais e da engenharia, a produção agrí-cola, a comercialização e a pro-fissionalidade. Para o professor Adelino Pelissari, é insubsti-tuível a participação da famí-lia no crescimento contínuo dos alunos. “Na Universidade, procuramos direcioná-los para uma postura profissional que seja economicamente viável, ambientalmente sustentável, socialmente justa e cultural-mente aceita.”

Sônia [email protected]

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Pais com o diretor do Setor de Ciências Agrárias, Amadeu Bora Filho

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Junho2010 CultuRa E ExtEnsãO: GRupOs aRtístiCOs

[email protected] Matheus

Os cinco grupos artísticos da UFPR começaram em junho a mostrar o re-

sultado do trabalho de cerca de três meses. Os ensaios começa-ram em março, no início do ano letivo, quando tradicionalmente ocorre o processo para a seleção de novos integrantes e a reno-vação dos grupos, que é aberto à comunidade em geral.

Um exemplo disso é a Tés-sera Companhia de Dança, cujo espetáculo “Diacronia”, traba-lhado neste primeiro semestre de 2010, faz parte das comemo-rações de aniversário do grupo, que completa 30 anos em 2011. O espetáculo mesclará per-formances da companhia con-sagradas nestas três décadas com outras inéditas. Ao todo, serão sete coreografias, criadas por Rafael Pacheco e Cristiane Wosniak, que são respectiva-mente diretor e coreógrafa re-sidente da companhia.

Da mesma forma que a Tés-sera, o processo de criação dos espetáculos se assemelha em todos os grupos artísticos da Universidade, envolvendo tam-bém a pesquisa e o aprendizado teórico para os componentes. No caso da companhia de dança,

o grupo parte de uma ideia ini-cial do que quer trabalhar, passa pela pesquisa, ensaio e só de-pois passa a definir elementos mais imediatos à performance, como trilha sonora, figurino e iluminação, por exemplo.

Segundo Rafael Pacheco, o espetáculo que será apresen-tado de 23 a 27 de junho, mes-cla várias vertentes da dança contemporânea, indo de per-formances mais abstratas às mais teatrais. “O espetáculo fala de uma inserção no tem-po. Há momentos abstratos, críticos, divertidos”, resume Pacheco. “A Téssera sempre busca espetáculos que cau-sem polêmica, estranhamen-to, questionamentos, debates. Como estamos dentro de uma Universidade, temos esse compromisso com a evolução”, continua o diretor.

aBrindo os traBalhos

A Companhia de Teatro PalavrAção, no entanto, foi a primeira a pisar no palco (a Praça Santos Andrade), no dia 09, com a peça “As aventuras de uma viúva alucinada”, que segue até 25 de junho. O espe-táculo é um teatro de bonecos, escrito por Januário de Olivei-ra, o Mestre Ginú (1910-1977), segundo estudiosos um dos

Abrem-se as cortinasOs grupos artísticos da UFPR fazem primeira temporada de 2010

mesclando apresentações que vão do popular ao erudito

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Junho2010

ProgramaçãoTodos os sentidosGrupo de MPB da UFPR - Direção musical de Doriane Ros-siDe 29 de junho a 03 de julho, às 20h30, no Teatro Expe-rimental da UFPR (Teuni), Praça Santos Andrade, 50 - 2º andar do Prédio Histórico da UFPR.Entrada franca

DiacroniaTéssera Companhia de Dança da UFPR - Coreografias de Rafael Pacheco e Cristiane WosniakDe 23 a 27 de junho, às 21 horas, no Teatro Experimental da UFPR (Teuni), Praça Santos Andrade, 50 - 2º andar do Prédio Histórico da UFPR.Entrada franca

Músicas de BrahmsCoro da UFPR - Regência do maestro Álvaro NadolnyDias 1º, 02 e 03 de julho, no salão nobre do Colégio Estadual do Paraná, Avenida João Gualberto, 250 - Alto da Glória.Entrada franca

Acompanhe a programação dos grupos artísticos nowww.ufprcultural.blogspot. com

mais notáveis artistas popula-res brasileiros, e conta a histó-ria de um homem que tenta li-vrar uma viúva do inferno, para onde foi levada com seus filhos, depois de um ferrenho embate com o diabo. A peça trabalha com o mamulengo, uma forma de teatro de bonecos genuina-mente brasileira, que atua com dança, música e integração en-tre palco e plateia.

No dia 11, foi a vez das exe-cuções da Orquestra Filarmôni-ca da UFPR, com um concerto dedicado integralmente a três compositores brasileiros: Villa-Lobos, Harry Crowl e Leopol-do Miguéz. Duas das peças que serão apresentadas (“Subtrópi-cos”, de Crowl, e uma releitura para o Quarteto de Cordas nº 4, de Villa-Lobos, feita pelo maes-tro regente da UFPR, Márcio Steuernagel) foram compostas especialmente para a Orques-tra Filarmônica da UFPR. Fora isso, será a primeira vez que se executará em Curitiba a peça “Suíte Antiga”, de Leopoldo Miguéz, que também é autor do Hino da República.

No fim deste mês, subirá ao palco o Grupo de MPB da UFPR, com o espetáculo “To-dos os sentidos”. As principais influências do grupo estão nos sambistas da década de 40 e

em músicos como Noel Rosa, Tom Jobim, Chico Buarque, Lenini e Guinga, além de íco-nes da bossa nova. Entre os paranaenses, estão Mara Fon-toura, Lydio Roberto e Ronald Magalhães. Segundo a diretora musical, Doriane Rossi, o es-petáculo se pautará pela bus-ca da sensibilização do públi-co. Daí que o espetáculo será musical-cênico, na tentativa de passar à plateia uma experiên-cia sensorial e as experimen-tações sonoras que os próprios músicos foram descobrindo no decorrer dos ensaios.

Para finalizar a primeira temporada dos grupos artísti-cos em 2010, o Coro da UFPR apresentará um repertório for-mado pelas composições do ale-mão Johannes Brahms, tido pe-los críticos como um dos mais importantes compositores do romantismo musical europeu do século XIX. “Brahms é um repertório bastante desafiador para o coro, uma música que exige um equilíbrio muito gran-de, porque tem melodias ricas e soluções incomuns”, analisa o maestro Álvaro Nadolny, re-gente do Coro. As apresenta-ções ocorrem nos dias 1º, 02 e 03 julho, sendo a do primeiro dia no formato de ensaio geral aberto ao público.

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“A Funparpossui 120funcionáriosem seuquadroe gerenciamais de400projetos”

Investir em educação como ação estratégica para o de-senvolvimento do país.

Segundo o ministro do Plane-jamento Paulo Bernardo, este propósito norteou a política edu-cacional do governo Lula, que expandiu e interiorizou o ensino superior. Agora, com o fim da Desvinvulação de Recursos da União (DRU), o orçamento da educação pode ganhar até R$13 bilhões a mais em 2011. Leia abaixo a entrevista na íntegra, concedida ao Notícias da UFPR.

Notícias da UFPR – Em com-paração com o governo anterior,

o que o significou o governo Lula no investimento em educação?

paulo Bernardo – Em primei-ro lugar, é importante ver o que está reservado para o Brasil nos próximos anos. Vários estudos internacionais apontam que até o fim da década o Brasil vai ser a quinta maior economia, nós va-mos passar praticamente todos os países da Europa, e ficar atrás dos EUA, da China, Índia e prova-velmente do Japão ou Alemanha. Isso dá a ideia dos desafios que temos, porque não dá para você ser a quinta economia do mun-do e ter os problemas sociais de infraestrutura, de dificuldade de funcionamento da economia que

nós temos. Quando fizemos os primeiros diagnósticos, já tínha-mos a visão de que se o Brasil tivesse um crescimento mais acelerado teríamos problemas de infraestrutura: as estradas, as ferrovias, os portos e aeroportos, energia, ou seja, tudo isso teria que ter um investimento forte. Nós também teríamos falta de en-genheiros, geólogos e outras pro-fissões de nível superior e técni-co. Isso pressupõe investimentos em educação, ciência e tecnolo-gia. Então, começamos também a fazer um planejamento do que teria de ser feito na educação. Daí resultou o Plano de Desen-volvimento da Educação (PDE),

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EntREvista: paulO BERnaRdO

A educação como área estratégica

Mário Messagi [email protected]

(Colaborou Leonardo Müller)

“Quando fizemos

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Brasil tivesse

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infraestrutura.

Nós também

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de engeneheiros,

geólogos e outras

profissões de nível

superior e técnico.

Isso pressupõe

investimentos em

educação, ciência

e tecnologia.”

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um plano para dez anos que tinha como objetivo dar uma chacoalha-da nessa área. Refizemos o Fundo de Desenvovimento da Educação Fundamental (Fundeb) e trans-formamos em Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valori-zação do Magistério). O governo federal entrava com auxílio aos estados e municípios na ordem de R$ 400 a 600 milhões por ano para estados e municípios. Hoje, estamos com R$ 5,4 ou R$ 5,5 bilhões por ano. Além disso, o Fundeb atende não só o ensino fundamental. Criamos o PróUni, que foi um programa com o obje-tivo de oferecer bolsas de estudos em universidades particulares para alunos vindos da escola pú-blica. Isso também resolveu um problema fiscal, por que essas entidades tinham isenção de im-postos e não tinham contrapartida nenhuma para a sociedade. Então nós conseguimos equilibrar isso. As universidades federais foram reestruturadas, por meio do Reu-ni, que deu alguma polêmica no início, mas hoje está demonstra-do que foi uma política exitosa. Nós conseguimos aumentar as vagas, aumentar o investimento, fizemos uma remodelação da es-trutura das universidades, inclu-sive refizemos as carreiras, tanto os docentes quanto os técnicos administrativos, melhoramos as condições de trabalho do pesso-al e com isso dobramos as vagas nas universidades. Com as novas universidades e novos campi, va-mos ter um aumento ainda gran-de. Criamos 214 escolas técnicas federais, que era uma lacuna que tínhamos, principalmente em cur-sos superiores de curta duração.

Notícias – E isso está mui-to atrelado a essa demanda da economia?

Bernardo – Com certeza. Isso vai dar resposta à econo-mia que está crescendo, mas também vão ser polos de desen-volvimento. Por exemplo, nós interiorizamos o ensino univer-sitário que era muito concen-trada na área litorânea do país, nas grandes capitais. Estamos levando os campi universitários para o interior do país. Aqui no Paraná, por exemplo, criamos a

Universidade da Fronteira Sul (campi em laranjeiras e Reale-za), a Unila (Foz do Iguaçu), e esses campi das escolas técni-cas no interior que com certeza serão polos de desenvolvimen-to, de atração de empresas que vão querer se instalar lá para aproveitar a mão-de-obra. Além disso, investimos muito mais em ciência e tecnologia. Se pe-gar só as bolsas de estudos da Capes e do CNPq, tanto para pós-graduação (mestrado e dou-torado) como bolsas de pesqui-sa, nós aumentamos os valores e mais que dobramos o número de bolsas que são concedidas. Isso significa que na hora de colher vamos ter seguramente dobrado o números de mestres e doutores formados no Brasil por ano. Isso é muito impor-tante porque esses mestres e doutores abastecerão as univer-sidades e o mercado com gente de altíssima formação e qualifi-cação. A educação é uma área na qual o Brasil está se preparando para dar as respostas para a pró-xima década, para as necessida-des de um país com o tamanho do Brasil e com as perspectivas que nós temos.

Notícias – Hoje, passada a crise econômica, as contrata-ções de técnicos e professores já estão num fluxo normal?

Bernardo – Não desfizemos nenhum plano, mas como a re-ceita caiu muito retardamos al-gumas contratações, mas já esta-mos retomando. É bom lembrar que a partir de 2010 começamos a acabar com a Desvinculação de Recursos da União (DRU), que afetava a educação. Nós a extinguiremos em duas etapas, em 2010 e 2011.

Notícias – O que significa em valores o fim da DRU?

Bernardo – Este ano, R$ 7 bilhões a mais. Ano que vem, mais uns R$ 4 ou 5 bilhões a mais no orçamento. Então sig-nifica que, em dois anos, pode chegar até a R$ 13 bilhões a mais na educação.

Notícias – Vai ter que haver uma reestruturação da matriz na área de hospitais universitários.

Isto está previsto no Rehuf?Bernardo – Sim, está. Os

hospitais universitários têm uma função dupla: primeiro como hospitais universitários eles têm de ter a função educacional, de formação de profissionais na área de saúde, médicos e enfermeiros entre outros. Segundo, porque eles atendem também o Sistema Único de Saúde. Então, nós esta-mos fazendo uma reestruturação de maneira a compatibilizar mais as funções e as necessidades e orçamentos para que os hospi-tais funcionem bem. E é essa solução que estamos tentando dar para a questão gestão e do pessoal, que tem uma defasagem enorme, salários ruins e que não correspondem às funções execu-tadas. Então, eu creio que tudo isso estará resolvido ainda este ano de maneira que em 2011 os hospitais estarão em condições de funcionamento diferentes.

Notícias – A discussão do técnico equivalente está cami-nhando no Ministério?

Bernardo – Está caminhan-do, mas não é simples. Nós fize-mos o professor equivalente, que funcionou, mas no caso do técni-co é diferente por que as funções são diferentes. Então, temos que trabalhar com cuidado, pois não podemos transpor automatica-mente o mesmo modelo. O regi-me de trabalho é completamente diferente, as exigências, carga horária, etc. Então teremos que fazer de outra maneira.

Notícias – Com o enrijeci-mento do controle do Tribunal de Contas da União (TCU) as uni-versidades estão com dificulda-des para reencontrar caminhos para executar o orçamento? Como o senhor avalia isto?

Bernardo – Isso veio pra fi-car. Nós temos uma exigência da sociedade de transparência nos gastos. No começo de junho, os nossos gastos passaram a ser divulgados na internet diaria-mente, no novo portal da trans-parência que o Governo Federal já implantou. Agora, estamos ao mesmo tempo discutindo com o TCU, porque em alguns casos é preciso e possível dar racionali-dade nas rotinas. Eles têm que

fiscalizar mesmo, e queremos fazer as coisas direito. Tem de ter transparência, mas manter a preocupação em conseguir o ob-jetivo da universidade e não sim-plesmente ficar fazendo demons-trativos por razões burocráticas. Eu acho que é possível compati-bilizar essas coisas sim.

Notícias – O marco regulató-rio da área tem que ser revisto?

Bernardo – Com certeza. Aliás, para a Lei 8666 (lei das li-citações), nós temos proposta de alterações no Congresso, que já foi aprovada na câmara e foi apro-vada nas comissões do Senado. Só falta votar no plenário. Os in-vestimentos, por exemplo, têm que ser uma categoria de gastos plurianuais, porque dificilmente você consegue fazer um investi-mento em um ano. Por exemplo, um centro para a faculdade de agronomia ou de ciências agrá-rias dificilmente você consegue fazer o projeto, licenciamento ambiental, licitação e construir tudo num ano. Então era mais racional dizer: “olha, isso aqui é um gasto plurianual. Então va-mos fazer isso já num horizonte de dois, três anos”.

Notícias – Como ficam as fundações de apoio nessa con-juntura? Que papel elas pas-sam a ter?

Bernardo – As fundações de apoio podem ter um papel impor-tante de ajudar a desempenhar algumas funções da gestão das universidades. Entretanto, não é uma boa alternativa colocar as fundações para fazer aquilo que as universidades deveriam fazer. Quer dizer: as atividades finalís-ticas, que competem à adminis-tração pública direta, devem ser feitas pela própria universidade. Claramente o que levou a se co-locar em cheque as fundações de apoio foi o fato de que como era mais fácil executar tarefas atra-vés delas, que eram menos buro-cráticas, mais rápidas. É o caso, por exemplo, dos servidores dos hospitais universitários. A pes-soa está contratada na fundação, mas trabalha para o hospital. Isso do ponto de vista da formalidade legal é uma irregularidade que não pode ser aceita.

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Junho2010 pERFil: Yuan jin Yun

blemas de visto e além de tudo não falava nada em português”, conta. Yuan aprendeu a gostar do país pela simpatia e otimismo dos brasileiros. A dedicação ao trabalho ajudou a vencer a sau-dade. Um dos grandes desafios foi a diferença do idioma. Até hoje tem dificuldades ao falar nas aulas, mas aprendeu a superar as diferenças. “Eu ensino mate-mática e os alunos me ensinam português”, brinca o professor.

dedicação à matemática

Além da UFPR, Yuan co-nheceu também universidades da Alemanha, Suécia, Bélgica, Grécia, Estados Unidos, Cana-dá, Argentina e tem projetos para ir para Índia e Chile. As viagens fizeram Yuan perceber diferenças no ensino de cada país. O professor comenta a ên-fase que os cursos que ensinam a consumir recebem no Brasil. “É pequena a procura por cur-sos que produzem economia, como as tecnologias”, explica.

Na sala de aula, Yuan incen-tiva os alunos a raciocinar. Um exemplo são as explicações erradas que coloca no quadro para mostrar que só copiando não se aprende. Para o profes-sor, a função da universidade é transformar a mentalidade do

aluno de estudo dependente do segundo grau para o funcioná-rio de estudo independente que será na empresa, por isso a aula não pode ser toda pronta.

Acostumado com o método de educação chinês, Yuan aponta a liberdade dos alunos como ou-tra falha das universidades. “Dei-xar um aluno tomar decisões para facilitar a vida dele, faz com que a qualidade do ensino caia. Aluno é igual criança. Não pode tomar decisões. Isso é função do professor, do pesquisador”.

O professor conta que na China dos anos 1950, o governo forçava os matemático a traba-lhar nas empresas, trazendo a matemática para a engenharia e melhorando a tecnologia. E isso deu resultados. “Todo mundo fala: Chinês faz pirata. Mas você tem que pensar com outra visão: a China conseguiu fazer pirata”, comenta o professo r que ainda lembra que sem boa tecnologia não seria possível fazê-los.

adaptação

Na época em que entrou na UFPR, o departamento atraves-sava uma fase de mudanças, com muitas aposentadorias, e tentan-do imprimir uma nova cultura. Yuan foi uma possibilidade para trazer ideias novas em pesquisa.

Quando a Revolução Cul-tural, liderada por Mao Tsé Tung iniciou, em

1966, Yuan Jin Yun morava em uma comunidade rural na China e presenciou o movimento que tentou integrar o trabalho ma-nual ao intelectual. Depois da Revolução,em 1977, o estudante chinês que queria ser arquiteto conseguiu uma vaga entre 100 candidatos para entrar na univer-sidade. Mas com a boa nota no vestibular a autoridade chinesa o forçou a cursar matemática.

Com um sotaque que não nega o país de origem, Yuan é hoje pro-fessor titular do Departamento de Matemática da UFPR. Depois de lecionar por 10 anos na China, contribuiu para a criação do cur-so de Matemática Industrial, do Mestrado e do Doutorado em Ma-temática Aplicada na UFPR, além de conquistar títulos como o 18º Prêmio Paranaense de Ciência e Tecnologia e a Ordem Nacional do Mérito Científico.

O professor chegou ao Brasil em 1991 para fazer doutorado. Em 1993, com as propostas de emprego e o apoio de novos ami-gos decidiu ficar no país. “Quando cheguei a inflação era alta, faltava recursos, tinha que resolver pro-

O professor fez concurso no De-partamento, em 1993, mas por não possuir visto permanente, não pode assumir. O professor sê-nior Celso Carnieri foi um dos co-legas que o ajudaram e que mais tarde se tornou um amigo. “Para não perdê-lo para outro centro, conseguimos contratá-lo como professor visitante, situação man-tida por três anos, quando fez concurso novamente”. Naque-la época, contratar professores estrangeiros não era comum na UFPR, principalmente no Setor de Exatas. “Talvez o momento mais difícil foi quando apareceu a Polícia Federal nos acusando de contratação ilegal de um estran-geiro”, lembra Carnieri.

Com uma amizade que já dura alguns anos, Carnieri lem-bra os momentos engraçados que passou durante a adapta-ção do professor ao novo país. “Tudo era necessário explicar ao Yuan, que vinha de uma cul-tura completamente diferente da nossa, e nos enchia de per-guntas, como aquela quando o levei ao Colégio Medianeira para matricular a filha e ele per-guntou o que era medianeira”.

- Medianeira é uma santa...- O que é uma santa?- Bom, é uma mulher que...

esqueça , é o nome do colégio!

[email protected] Karpinski

Rodr

igo

Just

e D

uart

e

Uma contribuição chinesa

à matemática