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UFPR www.ufpr.br | Ano 10 | Número 54 | Dezembro de 2011 Notícias da Téssera: 30 anos de dança e pesquisa Chapada Diamantina atrai estudantes Da Universidade para a sociedade pág. 5 pág. 3 pág. 12

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Ano 10 | Dezembro de 2011 | Número 54

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Page 1: Notícias da UFPR

UFPRwww.ufpr.br | Ano 10 | Número 54 | Dezembro de 2011

Notícias da

Téssera: 30 anos de dança e pesquisa

Chapada Diamantina atrai estudantes

Da Universidade para a sociedade

pág. 5pág. 3 pág. 12

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2 Notícias da UFPR | Dezembro de 2011

Editorial

A revista Notícias da UFPR é uma publicação da Assessoria de Comunicação Social da

Universidade Federal do Paraná.Rua Dr. Faivre, 405 - CEP: 80060-140 | Fones: 41

3360-5007 e 41 3360-5008 Fax: 41 3360-5087 | E-mail: [email protected] |

Homepage: www.acs.ufpr.br

Reitor Zaki Akel Sobrinho Vice-Reitor Rogério MulinariPró-Reitor de Administração Paulo Roberto Rocha Krüger

Pró-Reitora de Extensão e Cultura Elenice Mara de Matos Novak

Pró-Reitora de Gestão de Pessoas Larissa Martins Born

Pró-Reitora de Graduação Maria Amélia Sabbag Zainko

Pró-Reitora de Planejamento, Orçamento e Finanças

Lúcia Regina Assumpção Montanhini Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

Sérgio ScheerPró-Reitora de Assuntos Estudantis

Rita de Cássia Lopes Chefe de Gabinete

Ana Lúcia Jansen de Mello Santana

Assessor de Comunicação Social e Jornalista Responsável

Ana Paula Moraes- Reg. Prof.: 18844 - SPEdição geral

Lais Murakami e Félix CalderaroEditores

Simone Meirelles (Ensino, C&T), Ana Paula Moraes (Gestão) e Sônia Loyola (Cultura e

Extensão)Projeto Gráfico e Diagramação

Bernardo Staut e Juliana KarpinskiCapa

Karina SabbagRevisão

Edison SaldanhaImpressão

Imprensa UFPR Tiragem

10 mil exemplares

Este foi um ano de muito trabalho e realizações. Os desafios foram imensos, mas a capacidade da nossa comunidade de enfrentá-los e superá-los foi muito maior. Isso reflete a maturidade de uma instituição que vai chegando aos 100 anos com a certeza de que consolida esse ciclo de sua missão com muita vitalidade e qualidade.

Em 2012, ano do centenário, comemoraremos também o início dos próximos 100 anos. Assumimos a responsabilidade de caminharmos com a mesma garra e determinação de nossos fundadores. Este é o futuro que os filhos do amanhã receberão de nossas mãos.

Queremos agradecer todos os nossos alunos, docentes, técnicos-administrativos, colaboradores e parceiros institucionais pelo sucesso alcançado aos longos deste ano.

Agradecemos ainda pelas sementes de conhecimento, fé e esperança que cada um ajudou a plantar. A nossa universidade continuará a trilhar o caminho luminoso que nos leva ao ensino, pesquisa e extensão de excelência.

Que a UFPR continue sendo o orgulho dos paranaenses. Mas, o importante é que os nossos pilares continuem firmes diante da clareza e imensidão dessa instituição quase centenária.

O próximo ano será especial. Os nossos eventos prosseguem com a marca dos 100

Um novo ciclo na Universidade

Federal do Paranáanos da UFPR. Começaremos com a festa de Recepção aos Calouros e a memória da universidade estará lá.

E assim ocorrerá com o Festival de Inverno, Feira de Cursos e Profissões, SIEPE, Vestibular e muitos outros. Pretendemos inaugurar o primeiro prédio verde, do Laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade, no campus Politécnico. O campus Rebouças é outro desafio que estamos vencendo. As obras de reforma já começaram e devem terminar na celebração do centenário.

No campus Palotina a transformação foi ainda maior. A área praticamente dobrou de tamanho. Compramos o Seminário vizinho e anexamos ao prédio já existente. De apenas um curso, Palotina abriga hoje seis cursos. O projeto do Litoral se amplia e consolida cada vez mais envolvendo as comunidades dos sete municípios da região.

Os desafios não param e são muitos. Mas, todos levam a uma universidade moderna, confiante, transparente e democrática onde construímos o diálogo e a pluralidade.

Esperamos encerrar 2012 com a grande celebração do primeiro centenário da Universidade Federal do Paraná e com a fachada do Prédio Histórico restaurada. Caminho que percorremos com o Movimento Pró-UFPR e grandes parceiros no esforço de transformação da nossa universidade.

A todos que colaboraram com a nossa instituição nosso muito obrigado. Desejamos um Feliz Natal e um Ano Novo re-pleto de paz, alegria, saúde e as bençãos do Senhor.

Zaki Akel Sobrinho

Reparou na capa desta edição da Notícias UFPR? Não? Então olhe com atenção. Esta é a primeira edição da revista com capa em verniz, alta gramatura e também aplicação de relevo. Isso só foi possível com o investimento de mais de dois milhões de reais que a Imprensa da UFPR fez em 2010 e 2011. Todo o parque gráfico foi reestruturado no ano passado e hoje o processo é inteiramente digital. Além de dobrar a capacidade de impressão offset, a modernização também garante a fidelidade das cores e melhor qualidade.

Agora a Imprensa também possui uma unidade com máquina plastificadora e laminadora, um forno de secagem ultravioleta e ainda equipamento para aplicação de verniz UV. Na prática isso significa que seus produtos apresentarão melhor qualidade, melhor acabamento de impressão, como por exemplo as capas desta edição.

Page 3: Notícias da UFPR

3 Dezembro de 2011 |Notícias da UFPR

A história contida nas

ROCHAS

A Chapada Diamantina registra a geologia dos últimos 1,8 bilhão de anos

A Chapada Diamantina, com suas grutas, trilhas e cachoeiras, é um destino turístico do Brasil atual. Essa vocação foi reforçada em 1985, quando o local foi transformado em Parque Nacional. Sua história econômica se iniciou nos anos 1700, quando foi encontrado ouro na região. Um século depois, com a extração em declínio, foi a vez dos diamantes promoverem a riqueza da população. A partir do século 20, apesar da pouca chuva, o que compromete a produtividade, as propriedades rurais tomaram conta do cenário. E foi na antiga sede de uma fazenda que 10 alunos da pós-graduação em geologia da UFPR, conduzidos pelo coordenador do programa, professor Luiz Alberto Fernandes, fizeram a sua base para a exploração científica da localidade.

Esta propriedade, de 5 mil m2, na cidade baiana de Morro do Chapéu,

na Chapada Diamantina, abriga o CIEG – Centro Integrado de Estudos Geológicos, entidade criada em 1987 pelo governo federal para servir de apoio para o treinamento da equipe do Serviço Geológico do Brasil, mas faz muito mais do que isso, abrigando pesquisadores de diversas universidades brasileiras e do exterior que, ao lado de funcionários de empresas que atuam no subsolo, como petrolíferas e mineradoras, vão à Chapada Diamantina para fazer treinamento.

Museu a céu aberto

A base na qual se assenta a Chapada Diamantina possui terrenos de até 3,4 bilhões de anos, o que remonta ao início da história do planeta, que é de 4,5 bilhões de anos. A elevação da chapada, porém, é mais recente, possuindo testemunhos da atividade geológica referente ao último 1,8 bilhão de anos. “Os terrenos dessa idade no Paraná estão encobertos pela vegetação”, salienta o professor Fernandes, “portanto vir para cá dá aos estudantes uma visão privilegiada da geologia, principalmente porque os afloramentos são visíveis em grande extensão”. Por esse mesmo motivo o local é campo de treinamento para equipes de geólogos

da Petrobrás e empresas privadas que pesquisam petróleo. Uma delas, a Petra, que possui a concessão para a pesquisa de petróleo em 24 blocos da bacia do rio São Francisco, tinha dois micro-ônibus de geólogos perambulando pela região em busca de novos conhecimentos. O geofísico Fernando Silveira diz que o investimento compensa: “as condições daqui são semelhantes às de nosso local de pesquisa, e verificar como as rochas se comportam nos dá conhecimentos preciosos que podem ter resultados práticos na descoberta de jazidas”.

Os afloramentos estudados pelos alunos da UFPR foram selecionados pelo geólogo Augusto Pedreira, do Serviço Geológico do Brasil, que passou os últimos 24 anos pesquisando a Chapada Diamantina. Apesar disso, ele prefere afirmar que não conhece todas as rochas do local. “A cada visita eu vejo algo diferente, que não tinha observado antes”, Pedreira confessa. Até por essa condição, em cada local de parada, a atividade dos alunos é frenética, e seus cadernos ganham muitas anotações e desenhos. São as informações básicas que serão depois transformadas em conhecimento. “Eu anoto as características para analisar

EDUARDO BETTEGA*[email protected]

PEsquisa

Luiz Alberto Fernandes

Page 4: Notícias da UFPR

4 Notícias da UFPR | Dezembro de 2011

depois, no escritório, comparando com outros estudos já realizados, de forma a chegar a conclusões abalisadas”, explica o doutorando Fábio Macedo de Lima.

especulação iMobiliária

O vai-vem dos pesquisadores na área é tão grande que já provoca até aumento no preço das casas. A rua central da localidade de Ipanema é uma grande laje de pedra, o que atrai os geólogos. “É do demônio”, grita um menino para nossa equipe, “se descobrir ouro ele é nosso, porque a rua é nossa!”, ele faz questão de avisar. E não adianta tentar explicar que não é para isso que os pesquisadores estão ali, porque as pessoas simplesmente não acreditam. Outra coisa difícil de leigos crerem é que a chapada, hoje distante 450 quilômetros da costa, e com altitude de até mil metros, antigamente era beira-mar. Nos três dias em que os alunos da UFPR permaneceram na região de Morro do Chapéu, percorreram seções geológicas que se iniciavam mar adentro, na plataforma continental, indo até a planície costeira.

A cada parada, logo se formavam equipes informais, debatendo o significado das observações. “Geologia é atividade de

grupo, onde a colaboração é fundamental”, ensina a mestranda Silmara Campos, “pois a quantidade de detalhes é imensa, e uma pessoa sozinha demoraria muito tempo para ver tudo”. A soma das características leva a conclusões surpreendentes. “As características e estruturas das rochas nos dão informações sobre sua idade, composição e evolução ao longo do tempo”, garante o professor Fernandes. O mestrando José Eduardo Becker diz que ter acesso a esse conhecimento dá ao geólogo uma aura especial. “A gente se sente meio ‘parente de Deus’, porque é capaz de saber coisas sobre o planeta que as pessoas comuns não têm acesso”, ele avalia.

investiMento eM futuro

Essa é a primeira equipe de geólogos da UFPR a ir tão longe numa viagem de estudos. “Estar no campo é importante, ver as formações faz toda a diferença na experiência do geólogo”, afirma a mestranda Fernanda Gonçalves. Para o professor Fernandes, conhecer uma estrutura desse porte é um diferencial na carreira do profissional. “A Chapada Diamantina é um imenso museu geológico da humanidade”, ele considera, “e a viagem

vai ser uma vantagem competitiva para os estudantes, pois lhes abre o horizonte com conhecimentos que ficarão para sempre em suas memórias, dando-lhes a condição de compreender melhor outras situações geológicas com que se depararem daqui para frente.”

“O vai-vem dos pesquisadores na área é tão grande que já provoca até aumento no preço das casas.”

Grupo analisa estruturas similares a recifes, formados em

praias de centenas de milhões de anos atrás

*Eduardo Bettega é jornalista e editor do programa

Scientia da UFPRTV - Canal 15 da NET.

Luiz

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Page 5: Notícias da UFPR

5 Dezembro de 2011 |Notícias da UFPR

Qual é exatamente o papel de uma universidade? Transmitir conhecimento? Organizar pensamentos? Formar o cidadão? Talvez todas essas respostas estejam corretas. A academia é um espaço onde, pelo menos teoricamente, o ser humano é guiado pelas áreas que o atraem, para seu futuro pessoal e profissional. Mas a universidade tem também um papel muito importante em um âmbito um pouco menos individualista. No desenvolvimento direto do setor produtivo da sociedade através da inovação, por exemplo.

Transformar o conhecimento da academia em produtos e serviços que ajudem no crescimento da sociedade é a função que desenvolve a Agência de Inovação da UFPR. Criada em 2008, a Agitec tem a função de fazer o meio de campo entre a universidade e a indústria. São três coordenações: Transferência e Tecnologia, de responsabilidade do professor Kleber Roberto Puchaski; Propriedade Intelectual, que tem como responsável Alexandre Donizete Lopes de Moraes; e a Coordenação

rEtorno À sociEdadE

Da academia para o mundo: o papel da dentro da universidade

A Notícias da UFPR conversou com a equipe que coordena a Agência de Inovação da UFPR e com a Fiep para entender como a universidade pode atuar para mudar o mundo à nossa volta

de Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica, que funciona sob a tutela da professora Eliane Cordeiro de Vasconcelos Garcia Duarte.

“As três partes se completam e trabalham juntas para o desenvolvimento da inovação”, explica o professor Emerson Camargo, diretor executivo da Agitec. A “Notícias da UFPR” conversou com a equipe da Agência de Inovação para entender como é desenvolvido o trabalho, quais os próximos passos e de que forma acontece esse relacionamento com a indústria. Para representar o outro lado, conversamos também com um dos vice-presidentes da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, o Dr. Hélio Bampi. Entre outros assuntos, ele falou sobre a importância da universidade para o setor produtivo e o momento da inovação no Brasil.

Notícias da UFPR: Como funciona o trabalho da Agência?

Agitec: Tudo começa com o registro da patente. Depois que a ideia é devidamente registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a Agência faz o acompanhamento e transfere a tecnologia quando encontra a empresa que tem interesse - em alguns casos, o

inventor já traz uma empresa interessada, e a gente ajuda nesse processo. E nós temos também empresas que são encubadas por nós: a Agência atua na geração e no desenvolvimento de micro e pequenas empresas de base tecnológica, que possuam projetos inovadores. Essas empresas têm um período de encubação, quando fazemos então o acompanhamento. O caminho delas é sair para se estabelecerem ou fazer parcerias com outras empresas.

Notícias: Qual é, exatamente, o objetivo de vocês?

Agitec: O nosso papel é incentivar a inovação e o empreendedorismo. A pesquisa já existe, é umas das atribuições dos professores. A gente tenta incentivar de fato novos processos, novos produtos, e também o empreendedorismo: ou seja, a gente tenta sucitar no pesquisador essa característica de empreender. Ele tem uma ideia, nós o fazemos acreditar nessa ideia e colocá-la no mercado. É uma tripla hélice: o governo, o pesquisador e a academia. E agora nós estamos trabalhando com essa outra ponta, a questão do cliente, representada pelas empresas.

Notícias: Quais os próximos projetos da

BRUNO [email protected]

FOTOS: LEONARDO BETINELLI

Page 6: Notícias da UFPR

6 Notícias da UFPR | Dezembro de 2011

Agência?Agitec: Há pouco tempo nós começamos

a trabalhar com essa questão da economia criativa, que é muito abrangente: ela contempla vários vieses, desde questões culturais da sociedade até aplicativos e procedimentos locais. Nesse contexto, está a questão do registro geográfico determinado, ou seja, algum produto que é produzido ou algum procedimento que é exercido por uma comunidade pequena, ou restrito a uma determinada região. A gente pretende possibilitar o registro desses processos. Ou seja, registrar como domínio daquela região, e com isso agregar valor a esses produtos. Podemos citar os alimentos, o vinho, o vime que são produzidos aqui na região de Curitiba, em Santa Felicidade, por exemplo. Certamente a Agência vai começar a trabalhar em breve nessa questão.

Notícias: A Agência tem condições de crescimento? Como isso pode ser feito?

Agitec: Nós temos que ter o pé no chão. A nossa Agência é nova - mesmo assim, temos 139 patentes registradas. Temos um campo fértil de crescimento. Mas é necessário que a própria Universidade saiba do papel da Agência. Porque muitas vezes a Universidade se preocupa com seu conhecimento extra-muros, mas existem unidades que são pouco conhecidas internamente. A Agência de Inovação é uma delas. Nós estamos

adotando de uma forma um pouco mais expressiva essa ideia de apresentar a Agitec para a comunidade interna. Muitas vezes existem pesquisadores que tem algum conhecimento inovador e não sabem que tem. Ou pior, não sabem o que fazer com ele.

Nós vamos estruturar também no próximo ano certos procedimentos: apresentar a Agência para os pesquisadores, descobrir o que as pessoas pensam de nós, além de diversos eventos - sendo o primeiro deles em fevereiro, com o lançamento da Escola de Empreendedorismo, em Palotina. Será uma forma de atrair as pessoas não só da cidade, mas de toda a região, para demonstrar o que é empreendedorismo, o que é inovação, não só para despertar, mas para promover esse espírito nas pessoas. E durante o ano todo nós teremos eventos praticamente mensais relacionados à área.

Notícias: Como é o relacionamento da Agência com a Indústria?

Agitec: A Agência e seus componentes acreditam que a relação com a indústria é muito importante. Nós estamos aparando algumas arestas chamando parceiros para trabalhar conosco. Existe uma rede chamada REPE - Rede Educacional Pró-Empreendedorismo e Inovação. Essa rede hoje conta com várias instituições, entre elas o Sebrae, a Fiep e o Senai. E ela nasceu de uma ideia de componentes da Agência

- hoje ela é comandada pela coordenadora de Encubação e Empreendedorismo da Agência, a professora Eliane Cordeiro de Vasconcelos Garcia Duarte - e faz uma aproximação muito grande com esse outro lado, que é o lado da indústria.

Nós visitamos Palotina recentemente com a ideia da criação de um hotel tecnológico. Nós já temos a área, a aprovação do diretor do setor e do nosso reitor. E queremos também incitar a prefeitura a criar um parque tecnológico, onde várias empresas possam ser alocadas e possam trabalhar junto com a Agência e consequentemente junto com a Universidade.

Notícias: A gestão que está agora na coordenação da Agência é nova. O que vocês esperam daqui pra frente?

Agitec: A Agência cresceu muito, e ela vai crescer mais. A equipe que está aqui tem competência para realizar os objetivos que a Agência se propõe. Temos nos preocupado em resolver procedimentos internos que nos levem a um crescimento mais rápido. Quando é feito o registro da patente no INPI, já é preciso que haja um acompanhamento. A atuação do grupo todo extrapola o fator interno, até para ajudar no amadurecimento das pessoas que têm uma ideia. A Agência tem uma série de fatores que extrapolam o fator interno, para levar as patentes e as empresas encubadas ao sucesso.

13 Dezembro de 2011 |Notícias da UFPR

Da esquerda para a direita, Eliane de Vasconcelos, Emerson Camargo e Alexandre Lopes, da Agitec

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7 Dezembro de 2011 |Notícias da UFPR

Notícias da UFPR: Qual a importância da academia para o desenvolvimento da indústria?

Hélio Bampi: Os conhecimentos da humanidade estão na universidade. É lá que se tem realmente a visão da fronteira do conhecimento. Então é fundamental que haja uma interação com a indústria. Pra que isso transforme a tecnologia em inovação, através de produtos, de sistemas, de processos e serviços. Como que a sociedade, a humanidade, percebe o avanço da ciência? Não é só pelo conhecimento, mas também através do que vivencia, através da acessibilidade a um produto inovador.

Nós acordamos e já interagimos com o conhecimento da humanidade, transformado em inovação, em produto: a escova de dentes, o creme dental, um espelho que reflete melhor, ou seja, tudo que está no nosso ambiente. Como isso chega a esse ponto que nós nem percebemos que existe mas que é fundamental para qualquer ser civilizado? Veio da universidade, se transformou em tecnologia, tecnologia em inovação, em produto. É dessa maneira que acontece um salto no conhecimento da sociedade, e geralmente o berço disso está na universidade, na academia.

Notícias: E como um órgão como uma Agência de Inovação pode ser útil nesse sentido?

Bampi: Uma agência de inovação é fundamental dentro da universidade e, ao mesmo tempo, com uma experiência empresarial, para que surjam empreendedores, inovadores e produtos. É essa cadeia de ações que leva à uma melhoria socioeconômica de uma nação.

O Brasil precisa exercitar bastante essa interação entre as universidades e a indústria. A Universidade Federal do Paraná é uma das precursoras nesse sentido. A Agitec está tomando um impulso maior agora: eles têm participado de vários seminários internacionais promovidos pela UFPR e isso tem sido muito produtivo. Hoje a UFPR está no caminho certo para promover o desenvolvimento do Paraná.

Notícias: Como você vê o atual estado de incentivo à pesquisa e à inovação hoje no Brasil?

Bampi: Sem dúvida, há bastante a evoluir. Mas nós vemos que nos últimos anos houve um progresso fantástico. Nunca se aplicou tanto recurso financeiro na pesquisa e no desenvolvimento, através do Ministério da Ciência e da Tecnologia, tendo como mecanismos de capitalização a Fiep, o CNPQ, programas específicos, como o Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE), recursos humanos,

como pesquisadores científicos que o CNPQ incentiva, através de bolsas, para entrar na indústria e desenvolver produtos.

A criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial (Embrapii) representa uma grande oportunidade para que vejamos uma grande diferença daqui a 10, 15 anos. Para criar nossa agroindústria, pegar as nossas commodities agrícolas e transformar isso em valor agregado. Hoje nós exportamos muitos produtos in natura, ou semi-manufaturados. A Embrapii poderá desenvolver a indústria voltada para a agregação de valor desses produtos. Eu vejo isso com muito otimismo. E a Universidade é fundamental nisso, porque é dentro da academia que a Embrapii irá procurar os recursos humanos necessários.

Hoje o Brasil é a vedete mundial em relação a oportunidades de negócio. Tanto do ponto de vista dos recursos naturais que tem, como de seu povo trabalhador, de sua cultura aberta e acolhedora, das várias etnias de que é composto. Vivemos também um momento de crescimento acima da média mundial. Então a gente vê o Brasil com grandes perspectivas de se tornar um país de primeiro mundo.

Mas temos que fazer a lição de casa: mudar a cultura de atuação dos políticos, no sentido de que realmente se promova uma reforma política, uma mudança no conceito, além de uma reforma tributária: a carga é muito pesada aqui - arrecada-se muito e retorna-se pouco para a sociedade. E aí entra também a reforma fiscal - saber gastar bem o dinheiro público, eliminar ao máximo possível a corrupção, que está sendo combatida, mas precisa ser combatida muito mais -, além da reforma trabalhista, que é uma coisa complexa e que precisamos modernizar. Temos uma CLT de 1934! Foi Getúlio Vargas que implantou. E não se muda. O que tem são remendos em cima de remendos que formam uma colcha de retalhos.

Nós temos um percurso muito longo para percorrer. Sem essas reformas a nossa oportunidade vai passar e as gerações futuras vão lamentar. E essa mudança depende de todos nós. Não podemos nos acomodar.

Notícias: E como o Paraná se encaixa nesse contexto?

Bampi: O Paraná está vivendo um momento de grande desenvolvimento. Tem um governo que apresenta oportunidades à expansão de negócios e de indústrias aqui. Quem quer montar unidades industriais no estado tem o incentivo, através do Paraná Competitivo, que é um programa montado recentemente. É um governo amigo do investidor. E sendo amigo do investidor é amigo da inclusão social, da distribuição de renda. Por que nós entendemos que só se faz justiça social dando dignidade, dando trabalho às pessoas, e isso o Paraná está exercitando muito bem agora.

O Paraná é privilegiado por ser um local de grandes oportunidades de investimento hoje, tanto para quem já tem indústrias instaladas como para quem quer implantar. A Fiep tem recebido uma quantidade enorme de missões de vários países do primeiro mundo que querem fazer investimentos no Paraná. Recentemente empresas alemãs e japonesas, com alto nível de tecnologia, nos visitaram com o objetivo sério de investir no estado.

Além disso, temos uma universidade centenária, que também dá o suporte tecnológico, de ciências e, principalmente, recursos humanos preparados, graduados, com uma boa qualidade de ensino, para atender a demanda industrial. A Universidade Federal do Paraná é um grande agente transformador da vida do paranaense. É onde tem educação, inclusão sócio-econômica, e onde é promovido o desenvolvimento do estado.

Hélio Bampi, da Fiep

Page 8: Notícias da UFPR

8 Notícias da UFPR | Dezembro de 2011

Em maio, o governo do Paraná sancio-nou a lei que cria a Defensoria Pública no estado. A sanção do governador Beto Ri-cha foi feita no prédio histórico da UFPR, sede do curso de direito da universidade. A Defensoria - órgão responsável por conce-der ao cidadão assistência jurídica gratuita - deve começar suas atividades no início de 2012.

A discussão que antecedeu a criação do órgão escancarou uma realidade que vi-nha sendo deixada de lado: o Paraná é um dos estados brasileiros que mais tempo fi-cou sem um sistema de justiça completo. A Constituição de 1988 prevê a defensoria pública como uma função essencial à jus-tiça, tal como o ministério público e a pró-pria função da advocacia. Durante 23 anos, o estado ignorou essa obrigação.

A história é longa. Em 1991, três anos após a assinatura da Constituição, uma lei estadual criou a defensoria pública para-

naense. Entretanto, o que de fato foi criado foi um órgão anexo à Secretaria da Justiça e Cidadania, que atendia apenas a cidade de Curitiba. “Nós não temos estrutura nem para atender a região metropolitana”, es-clarece a coordenadora da Defensoria, Dra. Josiane Bettini Lupion.

Durante todos os governos que pas-saram pelo estado desde 1991, a criação efetiva de uma defensoria pública que atendesse de forma adequada todo o es-tado ficou engavetada. O deputado Tadeu Veneri, relator do projeto que foi à votação no ano passado, acredita que essa atitude alheia aos interesses da população é dig-na de um estado absolutista. “Todo inves-timento que vem sendo feito nos últimos anos no Paraná, independente do partido, não acontece por preocupação política, mas pela pressão pública. Foi assim com a educação, com a saúde e agora, com a de-fensoria, não foi diferente”.

No ano passado, um aumento na dis-cussão nos círculos universitários, em reu-niões entre o governo e as universidades, levou o então governador Orlando Pessuti a articular a criação efetiva do órgão. O ano

eleitoral e a transição do governo, porém, adiaram a aprovação até este ano.

Em 2011, o governo eleito aproveitou o projeto já criado, articulou as mudanças que achava necessárias e sancionou a lei orgânica que cria a Defensoria. “Foram fei-tas mudanças no orçamento, que passou de R$28 milhões para R$47 milhões, o nú-mero de defensores aumentou e foi criada uma ouvidoria externa à defensoria. O pro-jeto é bem diferente”, afirma o Dr. Miguel Godoy, assessor jurídico da Secretaria da Justiça e Cidadania.

conquista de uM direitoA demora para que uma lei criada no

início da década de 90 fosse só agora san-cionada tem duas explicações plausíveis: descaso político e falta de interesse da po-pulação. “A sociedade demorou a perceber que esse era um problema dela. Juntando--se isso à falta de interesse do governo, houve apenas uma discussão superficial acerca do tema”, opina Veneri.

O deputado afirma que as últimas elei-ções ao governo do estado tiveram um pa-pel importante para que a articulação fosse

Mesmo estando prevista na

constituição federal,

entidade foi ignorada por

falta de interesse -

político e público

BRUNO [email protected]

Com 23 anos de atraso, Paraná terá,de fato, sua defensoria pública

cidadania

8 Notícias da UFPR | Dezembro de 2011

Page 9: Notícias da UFPR

Com 23 anos de atraso, Paraná terá,de fato, sua defensoria pública

feita dentro do jogo político. “Quando os candidatos ao governo perceberam que essa era uma boa bandeira de campanha, o caminho ficou mais fácil”.

O diretor do Setor de Ciências Jurídicas da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, concor-da com esta explicação sobre o momento da criação da Defensoria. “Nos últimos tem-pos houve um aumento no clamor popular, ao mesmo tempo em que houve também uma maior boa vontade - ainda que bas-tante tardia – do governo em ouvir”.

Para Veneri, porém, o fato da população se mobilizar e pressionar o governo é o que importa, ainda que seja a respeito de um direito concedido pela constituição, apro-priado pela classe política. “Eu, particular-mente, acho melhor uma conquista assim, com a pressão popular. Isso mostra que a sociedade está interessada”, comemora.

defesa iMprópriaQuem precisa enfrentar um processo

judicial sem uma defesa propícia, seja ela paga ou pública, tem que contar com a boa vontade de quem pode assumir o caso. Em situações assim, o juiz responsável indica

um advogado dativo, que deve escolher se quer ou não o processo. Geralmente, esse defensor recebe um pagamento mais baixo do que o habitual pago a um advogado ou a um defensor público.

No Paraná, além dos advogados dativos, pessoas que não podiam pagar por uma defesa contavam também com advogados indicados por políticos, especializados nes-ses casos. “Essa prática fica marcada por ser um grande assistencialismo, uma forma de angariar votos”, explica Ricardo Fonseca.

Além disso, Fonseca conta que as univer-sidades abrem espaço para que estudantes de direito cuidem de casos de pessoas ca-rentes. A UFPR possui um escritório modelo que atua há 20 anos com esses processos. Porém, nenhuma dessas práticas substitui o papel da defensoria. “Os advogados em formação atuam nesses processos com um fim pedagógico. Nós não podemos substi-tuir uma demanda pública”.

na práticaSegundo a Dra. Josiane Lupion, 150

servidores provisórios foram contratados nos últimos meses. Eles fizeram um mape-

amento em todos os presídios do Estado, para analisar os casos individualmente. Com isso, a Secretaria pretende dar uma base para o início do trabalho, previsto para o começo do ano que vem.

“Uma coisa é aprovar a lei, outra é por em prática. Para isso são necessários estru-tura e pessoal qualificado”, define Ricardo Fonseca. Para o Dr. Miguel Godoy, essa é exatamente a maior mudança que a cria-ção da Defensoria irá trazer. “Na verdade, agora foi feita uma estruturação, além da criação da carreira de defensor. O órgão já existia, mas respondia à Secretaria. Agora irá atuar de forma independente”.

O defensor público geral do estado ge-ralmente é escolhido pelo governador. No Paraná, apenas o primeiro deles será esco-lhido por Beto Richa. Os seguintes serão eleitos pelos colegas defensores. Além dis-so, a Lei Orgânica da defensoria pública do Paraná prevê que em cada comarca do es-tado exista um defensor público. “Foi uma luta muito grande durante todos esses anos. Agora, finalmente, poderemos de-senvolver um trabalho que chegue a todo o estado”, comemora Josiane Lupion.

9 Dezembro de 2011 |Notícias da UFPR

Page 10: Notícias da UFPR

10 Notícias da UFPR | Dezembro de 2011

ProjEtos acadêmicos

ALINE GONÇ[email protected]

A cada ano estudantes e professores dos cursos de graduação da UFPR Litoral se mobilizam para a Mostra de Projetos. Em 2011 ela foi realizada entre os dias 21 e 25 de novembro, quando mais de 400 projetos de aprendizagem foram apresentados e debatidos, criando um panorama amplo e diversificado da realidade social, cultural, econômica e ambiental do litoral paranaense. Para o professor do curso de Licenciatura em Artes e um dos responsáveis pela organização da mostra, Juca Lima, o evento é um espaço para aprendizagem: o aluno ensina e aprende ao longo das sessões de exposições orais e de pôsteres. “O que podemos perceber é que nas mostras o aluno que compreende toma posse das possibilidades que este espaço pedagógico promove. Ele dá saltos que não faria dentro de uma sala. É possível observar projetos durante a mostra que surpreendem a todos nós”, explica Lima.

Além de compartilhar a sua experiência com os projetos de aprendizado em

por projetosAprenderNo Setor Litoral da UFPR os projetos de aprendizagem são mais que um recurso, eles estão na essência do projeto pedagógico

formato de apresentações orais e posteres, este ano os estudantes também participaram de oficinas, mini-cursos e grupos de trabalho temáticos. Algumas das atividades foram propostas pelos próprios estudantes, por egressos, já outras foram propostas por professores, técnico-administrativos ou mesmo por membros da comunidade. No total foram ofertadas 12 oficinas, seis mini-cursos e três grupos de trabalho. Houve ainda uma palestra com o Michel Thiollent sobre Pesquisa-Ação, ele é professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Administração da UNIGRANRIO (PPGA) e professor associado aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro/COPPE.

Os Projetos de Aprendizagem representam um dos três espaços curriculares do Projeto Político Pedagógico (PPP) do Setor Litoral -os outros dois são os Fundamentos Teórico-práticos (FTP) e as Interações Culturais e Humanísticas (ICH) . A proposta dessa estrutura é romper com a concepção disciplinar e fragmentada para trabalhar com espaços de formação e promover a autonomia do estudante. Assim, a partir de suas ideias e motivações pessoais, cada aluno, ou grupo de alunos, propõe e desenvolve um projeto e conta com o apoio de um professor mediador. Para se preparar para o processo, no primeiro ano em que ingressa na universidade, o estudante participa de atividades sobre elaboração e desenvolvimento de projetos e de reconhecimento da

realidade social, economia e ambiental dos sete municípios do litoral do Paraná. Essas atividades acontecem em turmas integradas que reúnem estudantes de diferentes cursos. Nesse processo de integração entre diferentes áreas do conhecimento e vinculação dos estudos com as questões vividas nos municípios litorâneos é enfatizada a missão da UFPR, que foi criada há 99 anos para fomentar, construir e disseminar o conhecimento, contribuindo para a formação do cidadão e desenvolvimento humano sustentável.

v Mostra de projetos Entre os projetos apresentados esteve

o dos estudantes Thiago Santos, de Gestão de Turismo, e Priscila Ferreira, de Gestão Ambiental, com o tema ‘Na busca de um novo olhar’, no qual estudam os indivíduos caracterizados como invisíveis perante a sociedade, seja por indiferença ou preconceito. Segundo eles, uma das propostas do projeto é fazer um documentário de denúncia sobre os problemas que os catadores de materiais recicláveis enfrentam no município de Matinhos. A ‘Análise da influencia do fortalecimento da musculatura perineal sobre o parto normal em gestantes do Município de Matinhos (PR)’ é o projeto de Elsa Marafão, estudante de fisioterapia. Alertada pelo alto número de cesárias no Brasil, Elsa decidiu aplicar uma pesquisa de acompanhamento de gestantes que fazem o pré-natal no Hospital Nossa Senhora dos

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Navegantes.“Elas farão um programa de exercícios durante a gestação, que visam preparar para o parto natural”, explicou a estudante, que, como os demais, contará com a supervisão de seu mediador para desenvolver o trabalho.

Já as estudantes de artes Sabrina Assunção e Vanessa Cordeiro escolheram como tema de trabalho a ‘Arte e Cultura Oriental: Mangá’. Elas começaram pesquisando as histórias em quadrinhos e depois focaram nessa arte de desenho oriental. “Até o final do curso vamos produzir uma história em mangá e também um vídeo”, explicou Sabrina durante sua apresentação. Selma R. Felix Moreira apresentou seu projeto que visa ensinar a História da Arte para Crianças. Ela explicou aos colegas como aproximar da realidade local os temas que fazem parte da história da expressão artística.

do papel para a práticaUm exemplo de projeto que já está

sendo executado foi apresentado pelos estudantes do curso de Gestão de Turismo Diego Costa Ramos, Fernando Kulesza e Silvester Tomas, com a colaboração de Ana Carolina Soares Iadelka. Segundo eles, o projeto ‘Caminhada na Natureza’ foi desenvolvido para despertar o interesse pela caminhada de natureza entre os moradores locais e os visitantes, uma vez que a atividade promove o bem estar, a saúde e a integração com o ambiente. O projeto foi finalizado no mês de agosto de 2011, quando aproximadamente 300 pessoas vindas de diferentes locais como Curitiba, Guaratuba, Pontal do Paraná e Paranaguá fizeram um percurso de 11,5 km. A caminhada, que não era competitiva, saiu da praça de Caiobá, seguindo para a

praia Mansa, estrada do Cabaraquara e por fim o bairro Tabuleiro. Para ser viabilizado, o projeto contou com a parceria das Prefeituras de Matinhos e Guaratuba, da Sanepar e ainda com o patrocínio de comerciantes da região.

linha do teMpoDesde 2007, nas Mostras de Projetos

os acadêmicos apresentam seus trabalhos para colegas, professores e também à comunidade. A 1ª Mostra de Projetos foi realizada no dia 24 de outubro de 2007, paralelamente ao Fórum das Atividades Formativas da Graduação e Ensino Profissionalizante (FAFGRAD). Toda a população de Matinhos e municípios do litoral foi convidada a participar. Na mesma data foi lançado também o projeto Surf na UFPR Litoral.

A 2ª Mostra foi estendida para quatro dias e realizada entre os dias 03 a 07 de novembro de 2008, quando mais de 200 projetos foram apresentados. O evento movimentou centenas de pessoas pelos espaços pedagógicos do campus, com projetos sobre temas relacionados ao ambiente, à saúde comunitária e a formas alternativas de desenvolvimento social e econômico. Nesta edição foi dada ênfase para os projetos articulados com o ensino básico e/ou voltados para a promoção do desenvolvimento sustentável do litoral.

A 3ª Mostra de Projetos aconteceu entre os dias 03 a 07 de novembro de 2009. Além das apresentações de projetos, convidados ministraram palestras e mesas-redondas. Como a professora Maria do Pilar Oliveira, a então diretora da Educação Básica do Ministério da Educação (MEC) e o professor André Lázaro Secretário de Formação Continuada, Alfabetização e Diversidade,

também do MEC. O encerramento contou com a participação da professora Leila Scorsin, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que falou sobre o tema A Questão Social na Pesquisa Interdisciplinar.

A 4ª Mostra de Projetos foi realizada de 03 a 06 de novembro de 2010, nessa edição participaram também os estudantes da pós-graduação em Questão Social, curso ofertado pelo Setor Litoral. No dia 03 foi ministrada uma palestra sobre a Drogadição no Litoral do Paraná e no dia 04 aconteceu uma palestra com a professora Jessica Caslleman, vice-decana do programa de honra da Universidade Estadual de Washington (EUA), com o tema Projeto de Educação Interdisciplinar.

A atividade faz parte das ações do projeto pedagógico inovador da UFPR Litoral, que promove a educação pública integrada e o desenvolvimento sustentável de toda a região litorânea do Paraná. Seus estudantes são formados para contribuir na retomada do crescimento social e econômico regional. Para isso, a formação integral do profissional-cidadão é realizada desde o ingresso na Universidade. As atividades de ensino, pesquisa e extensão são realizadas de forma integrada, uma vez que o acesso ao conhecimento científico é proporcionado de forma vinculada às necessidades da comunidade local.

FOCO SOCIAL

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Companhia de dança da UFPR celebra aniversário de 30 anos com três espetáculos novos e lançamento de um livro

RODRIGO JUSTE [email protected]

Romper regras clássicas do ballet foi o pontapé inicial para o surgimento da dança moderna-contemporânea, que buscou novas formas para bailarinos e coreógrafos se expressarem em todo o mundo a partir do século XX. Dentro desta área artística, a UFPR conta com um grupo que cumpre de forma eficiente com estes princípios, não apenas repassando conhecimentos de grandes mestres, mas também realizando pesquisas.

A Téssera Companhia de Dança da UFPR, encabeçada por Rafael Pacheco (diretor coreógrafo) e Cristiane Wosniak (coreógrafa residente), completa 30 anos de atividades, contabilizando números expressivos nesta trajetória: um repertório de mais de 70 montagens, nove premiações em festivais, mais de 1.000 bailarinos que passaram pela Companhia de Dança, além de outros mais de 5.000 alunos que frequentaram a Escola de Dança Moderna.

Para celebrar estes 30 anos, foram apresentados três espetáculos no decorrer de 2011. Em abril, o espetáculo “Arthur” abriu o novo repertório. Em junho, veio “Só em Acapulco”, inspirado na vida do dramaturgo Bertold Brecht. Por fim, neste

final de ano a companhia estreou “Valsa Nº 30”, uma versão coreográfica da peça teatral “Valsa Nº 6”, escrita por Nelson Rodrigues. A escolha deve-se ao fato de que tanto o autor como a Universidade Federal do Paraná festejam 100 anos em 2012. Além disso, o título da peça foi transformado em “Valsa Nº 30”, numa alusão direta aos 30 anos da Companhia. Estes espetáculos foram viabilizados através do projeto “Unidade de Dança Moderna da UFPR”, uma parceria entre UFPR, Banco Itaú e Funpar, que tem dado a sustentabilidade econômica para produção dos projetos.

Os festejos se completam com a publicação do livro “Téssera Companhia de Dança - 30 Anos”, que traça a trajetória história e fotográfica do grupo. Segundo Cristiane Wosniak, o livro está no prelo e será lançado no primeiro semestre de 2012.

a gênese da tésseraPacheco e Wosniak estão na companhia

desde seu surgimento em 1981, quando eram alunos da professora Vera Domakoski, do curso de Educação Física, que por muitos anos foi diretora do grupo. Seu surgimento foi uma iniciativa conjunta de Vera e Pacheco em criarem um grupo permanente, por acharem que haveria demanda. “Só na primeira turma, foram 318 alunos aprovados”, lembra Pacheco.

No início, a companhia participou de

vários festivais, sendo premiada nove vezes entre 1985 a 1992. “Os festivais foram muito bons para a visibilidade nacional da Companhia. Depois de oito anos participando e ganhando prêmios, já nos sentíamos aptos para desenvolver trabalhos mais longos e investir em turnês”, explica Wosniak. “Além disso, os festivais são destinados a espetáculos curtos, de 8 a 10 minutos, e há tempos os nossos têm uma hora de duração, portanto não se enquadram nestes critérios de inscrições”, completa Pacheco. “Mas há uma perspectiva de em breve formarmos um grupo dentro da Escola de Dança para participar de festivais”, revela.

A companhia teve vários nomes. Começou como Grupo de Dança da UFPR, em 1981. Passou para Companhia de Dança da UFPR, em 1996. A partir de 2000, tornou-se Téssera Companhia de Dança. “Téssera significa “quatro” na língua grega, que tem relação direta com os quatro princípios da dança moderna: espaço, tempo, forma e movimento”, explica Pacheco.

Com o trabalho contínuo desenvolvido nestes 30 anos, a Téssera desenvolveu uma estética própria, que segundo Rafael Pacheco segue duas chaves. A primeira voltada especificamente para dança, com referência nos estudos de Mary Wigman, Laban Hanya Holm, Alwin Nikolais, Eva Shul (que faz a ponte brasileira), além dos

FOTOS: RODRIGO JUSTE DUARTE

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próprios Rafael Pacheco e Cris Wosniak. “Essa parte nos dá todo o referencial técnico e teórico em relação a dança”, comenta Pacheco. “A segunda chave utiliza de conceitos e métodos dos mestres do teatro Stanislavski, Grotowski e Brecht. Nós cruzamos estas duas linhas e tiramos uma estética, estabelecendo o ‘gesto’ significativo que identifica a Téssera”, explica.

Vale explicar que os trabalhos em dança na UFPR têm duas divisões. Téssera é a companhia de dança moderna, formada por 25 bailarinos (21 bolsistas e 4 estagiários), que desenvolvem espetáculos com base em estudos e pesquisas dos coreógrafos. Todos são selecionados anualmente, avaliados em audições públicas criteriosas. “O bailarino da nossa companhia deve ter dedicação, pontualidade e assiduidade”, frisa Pacheco.

Já a Escola de Dança Moderna é um centro de formação de bailarinos aberto à toda a comunidade. Anualmente, abre 180 vagas, que são ofertadas de forma gratuita, possibilitando a inclusão social através da arte. As inscrições ocorrem sempre no mês de fevereiro, para alunos a partir dos 8 anos, que passam por testes de seleção. O curso dura em média de seis a oito anos.

Com tanta rotatividade, fica a curiosidade: como dar continuidade e manter uma unidade de trabalho como este com tantos alunos passando pela companhia? “Nós mantemos um núcleo atuante, com alunos mais velhos, que ajudam os mais novos que entram. Os

jovens ficam olhando como os veteranos resolvem questões e vão seguindo o caminho”, explica Pacheco. “Os mais velhos também se nutrem desta energia com os mais jovens. Há uma oxigenação contínua, e isso é bom para que as ideias se reciclem”, complementa Wosniak.

A bailarina com mais tempo de casa é Helen Braga, com 15 anos de Téssera, que veio de um repertório de clássico e dança livre. “Fiquei surpresa quando entrei, pois tinha pouco conhecimento em dança moderna, mas meu corpo respondeu bem”, relata. Entre as mais novas está Bruna Póvoa, oriunda da Escola do Teatro Bolshoi, de Joinville, onde estudou clássico por 8

anos. “A mudança foi muito boa para mim, pois chegou um ponto em que eu não queria dançar apenas como aluna, mas como bailarina de companhia. A Téssera me deu essa oportunidade, e sou muito grata por isso”, orgulha-se.

Para os próximos anos, a Téssera continuará honrando seu compromisso com a contemporaneidade e com a pesquisas, segundo Pacheco. “Nosso desafio é sempre estar atento às mudanças do nosso tempo, não permitir se acomodar nem estagnar, estar aberto a reciclagem e às releituras e principalmente às novas pesquisas, o que justifica a existência de uma companhia como essa dentro da universidade”, finaliza.

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rumo aos 100 anos

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oPinião

Os preparativos para a comemoração do centenário da Universidade Federal do Paraná estão sendo conduzidos pelo Comitê Executivo dos 100 anos. O Comitê lançou dois editais para apoiar a pesquisa histórica em diversas áreas temáticas da UFPR. Três comissões ad hoc avaliaram e selecionaram os projetos segundo cada área temática: ciências da vida, humanidades e tecnologias. As ciências da vida incluem atividades nas áreas das ciências agrárias, biológicas e sáude. As humanidades acolhem projetos nas áreas das artes, das ciências humanas e sociais aplicadas, da comunicação, do direito, das letras, entre outras. As tecnologias envolvem as áreas de arquitetura, as engenharias, as ciências da terra e as técnicas e tecnológicas. Foram recomendados 57 projetos e apoiados 83 bolsistas.

Os trabalhos resultantes das atividades apoiadas no período 2010-2011 foram expostos na mostra de posters dos 100 anos, na 3a Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão – Siepe. Foram apresentados 33 projetos pelos coordenadores e seus bolsistas,

com avaliação por uma comissão ad hoc, constituída por servidores docentes e técnico-administrativos, da ativa e aposentados e de diferentes formações da UFPR. Vários trabalhos já apresentaram conclusões, enquanto outros demonstraram o alcance parcial de suas metas. Todos mostraram resultados relevantes para divulgar as contribuições para a história da Universidade e da comunidade, na avaliação dos membros da Comissão.

Os projetos com resultados preliminares terão renovados o apoio aos seus discentes bolsistas, até junho de 2012 . O Comitê Executivo em conjunto com a Comissão de Avaliação e os coordenadores dos trabalhos estabelecerão um cronograma de divulgação dos resultados, empregando mostras itinerantes, mídias digitais e impressas e programações na UFPR TV, durante todo o ano de 2012. Será uma oportunidade para que todos os membros da comunidade interna e externa conheçam algumas das grandes realizações dos 100 anos da UFPR.

A UFPR prepara mostra dos

ROGERIO ANDRADE MULINARIPresidente do Comitê Executivo 100 anos

UFPR

100anos

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PHILLIPE [email protected]

FOTOS: LEONARDO BETINELLI

Espaços físicos dos centros acadêmicos mostram um pouco da personalidade dos estudantes

Paredes vermelhas, verdes, de concreto, com ilustrações (profissionais e amadoras), grafites, manifestações políticas, culturais e aleatórias, mesa de sinuca, de pebolim e de tênis. Televisão, videogame, poltronas, sofás, mesinhas e um emblemático quadro do Peter Tosh, Bob Marley e Mick Jagger. É mais ou menos assim o Centro Acadêmico de Comunicação Social (Cacos), no campus Juvevê, o terceiro maior da UFPR em espaço físico. “Acho que ele é cheio de coisas legais e referências iradas, tudo que um estudante de comunicação ama. O Cacos traz aquele feeling [sensação] de que você agora está na universidade e vai viver muita coisa boa ali”, descreve a vice-presidente da gestão Juntando os Cacos, Leda Samara.

Representante político e institucional dos estudantes de cada curso superior, os Centros Acadêmicos (CAs), são reconhecidos pela Lei Federal nº 7395/85 que, mesmo promulgada em plena ditadura militar, regulamenta a autonomia dessas entidades representativas. Todos eles têm um Estatuto, aprovado em assembleia estudantil e registrado em cartório. Não apenas em sua atuação e discursos, mas também por meio da decoração expressam os ideais, os interesses e, quem sabe, a personalidade de cada grupo de jovens. O Centro Acadêmico de Design (Cadi), por exemplo, conta com manifestações culturais e artísticas dos alunos. Tem, inclusive, um pequeno estoque dos materiais usados por eles nas aulas e nas paredes de todo o 8º andar do edifício D. Pedro I, na Reitoria. “Pra muitos alunos, infelizmente não todos, o CA é a segunda casa. Pra descansar, conversar,

Paredes com histórias para contar

cEntros acadêmicos

UFPRTV cada vez melhor

Transmissões ao vivo, novos equi-pamentos, ampliação da programa-ção e convênios firmados.

Esse pode ser um breve resumo das conquistas da UFPRTV em 2011, que se capacita cada vez mais e, nas palavras do diretor Carlos Rocha, possui a maior quantidade, a melhor qualidade e é referência nas redes de televisão universitárias do Brasil. Neste ano já foram realizadas duas transmissões ao vivo – recepção dos calouros e Téssera, adquiridos equipamentos de alta definição (HD) - cerca de 80% do total, com previsão de 100% em 2012, e negociação de convênios com o Sindicato da Indús-tria Audiovisual do Paraná (Siapar), Itaú Cultural, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Itaipu que, entre outros benefícios, enriquece a grade de pro-gramação.

HC 50 anos ganha selo comemorativo

2011 foi um ano especial para o Hospital de Clínicas (HC) da UFPR. A celebração do cinquentenário, em agosto, foi um marco para o maior hospital do Paraná e o terceiro maior hospital universitário do país. Em novembro as comemorações continuaram. Os correios lançaram um selo em homenagem aos 50 anos da instituição, uma forma de registrar a importância do HC. Para o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobri-nho, este selo é uma grande home-nagem e reconhecimento, pois irá percorrer o mundo levando a marca do hospital.

CURTAS

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ouvir música”, afirma a secretária da gestão Rubicks do Cadi, Adhara Garcia.

“Nos anos 80, quando surgiu o Centro Acadêmico enquanto instituição, a gestão ocupou um dos banheiros do 8º andar da Reitoria porque a universidade não os cedia um espaço. “É o CA até hoje”, conta ela. Realmente, cada um deles têm não apenas uma, mas muitas histórias - de luta, de diversão, de integração, de conquistas. O Diretório Acadêmico de Engenharia do Paraná (Daep), do curso de Engenharia

Civil, tem três espaços. Um deles é uma sala com três computadores, televisão por assinatura, mesa de estudos e geladeira. O segundo, um pouco maior, é a Toca do Castor, com mesa de sinuca e de pebolim, geladeira e televisão. “O Daep tem também um espaço onde faz cópias e vende apostilas por um preço menor”, explica a diretora de imprensa e divulgação do Daep, Bruna Granconato.

“Há pouco tempo não tinha nada na salinha, então o pessoal ia ali só pra

conversar. Hoje, com os equipamentos, o pessoal vem mais pra estudar, pesquisar. É uma relação bem próxima”, diz ela sobre o diretório e os estudantes de Civil, que tem o maior número de alunos. É nas palavras da acadêmica Leda, de comunicação, que se vislumbra uma possível explicação para a importante relação entre estudante e CA: “O Cacos é o espaço onde a galera se conhece, conversa. E todas essas vivências fazem a gente criar um laço afetivo com o lugar mesmo”.

Na outra página (de cima para baixo): Grêmio de Arquitetura e Urbanismo (Gau) e Centro Acadêmico de Design (Cadi). Nessa página, Centro Acadêmico de Comunicação Social (Cacos), Centro Acadêmico de Estudos Biológicos (Caeb), Diretório Acadêmico de Engenharia do Paraná (Daep) e Centro Acadêmico Hugo Simas (Cahs).

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Há dez anos o Professor Luciano Bersot, do Curso de Medicina Veterinária dos Campus Palotina, realizava uma reunião com alguns estudantes para discutir temas complementares à área de formação – a ideia era que, depois, elas servissem de complementação aos conteúdos das disciplinas. Assim, foi discutindo artigos científicos e debatendo capítulos inteiros de livros científicos que foi criado o primeiro grupo de estudos não só do campus Palotina mas também de toda a Universidade Federal do Paraná. A experiência trazida por Bersot da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) se espalhou por outros cursos do campus e hoje Palotina conta com dezessete grupos de estudo – dez em áreas profissionalizantes da medicina veterinária, três em biotecnologia, um em biocombustíveis, um em agronomia, um

assuntos acadêmicos

Formação acadêmica

Campus Palotina incentiva grupos de estudo que, para os estudantes, representam uma chance de complementar a formação acadêmica com um conteúdo também humanístico

FÉLIX [email protected]

em ciências biológicas e um multidisciplinar.Segundo o professor, o que começou

como solução para a formação acadêmica logo tornou-se uma ferramenta de educação para a vida pessoal e profissional. Os alunos são responsáveis pela dinâmica de funcionamento do grupo e ajudam com a sugestão de temas e organização dos eventos, por exemplo. “Os alunos podem melhorar suas relações com os demais colegas, sentir na pele o sucesso de uma ação bem sucedida bem como a frustração daquela que não foi. Isso é importante para a cidadania e senso de responsabilidade dos seus atos. Tem funcionado muito bem”, afirma Bersot.

A organização e responsabilidade já rendeu bons frutos a alguns estudantes participantes do grupo de estudos do professor Bersot. Em 2009, os alunos que faziam parte da diretoria organizaram um curso e, com o dinheiro arrecadado, compraram um notebook, um projetor multimídia e um laserpoint para utilizar nas palestras, treinamentos e reuniões. Com o dinheiro que sobrou ainda conseguiram viajar para um congresso e pagar as inscrições de todos. “É sensacional observar estas conquistas”, afirma Bersot.

g.e. caMpusHá três anos o campus criou a Semana

Acadêmica dos Grupos de Estudo do

Campus Palotina, o G.E.CAMPUS. A iniciativa foi dos próprios estudantes que, coordenados pelos professores, em 2009, 2010 e 2011 elaboraram propostas para o evento que tem conseguido receber palestrantes de todo o Brasil – as palestras são gratuitas. Segundo Luciano, é uma forma de incentivar e fortalecer os grupos de estudo.

experiência que serve de exeMploA experiência pioneira do campus

Palotina pode servir de exemplo para outros campi e cursos da UFPR. Segundo Luciano Bersot, um fator que pode contribuir para o bom funcionamento dos grupos de estudo é incluir formalmente as atividades nos currículos. “Em Palotina, todos os projetos pedagógicos dos cursos de graduação prevêem que as atividades dos grupos sejam homologadas pela Comissão de Acompanhamento das Atividades Formativas e a carga horária contabilizada como tal. Isso é um grande incentivo”, conclui o professor.

No fim, percebemos que o sucesso dos grupos de estudo está ligado à participação ativa dos estudantes na tomada de decisões. Não é uma disciplina formal e o aprendizado é de todas as partes envolvidas. “Nós, docentes, devemos flexibilizar essa discussão aproveitando o talento e compromisso que nossos alunos depositam nestes grupos”, conclui Bersot.

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PErfil: rEmi KrugEr

“A Universidade é a minha vida

e a minha casa”

Para alguém que dedicou 45 anos da sua vida à UFPR, como o aposentado Remi Kruger, falar da universidade é como falar de si próprio. As duas histórias se fundem, desde seu ingressso, em 1964, até o final de sua carreira, agora como bolsista sênior, em 2009. “Fiz tudo com muito amor e dedicação, o que tenho hoje é graças a minha universidade”, diz Remi lembrando do passado.

Passado que o traz de volta ao ano de 1964, quando ingressou na UFPR como Agente de Administração, na Fazenda Experimental do Canguiri. “Naquele tempo o cargo também era de escrevente e datilógrafo”, contou. Na fazenda trabalhou durante oito anos como contratado. Nesse período, Remi não tinha vínculo formal com a instituição, assim como alguns de seus colegas de trabalho. “Achamos por bem irmos ao Ministério do Trabalho para regularizarmos aquela situação.” O delegado então pediu aos funcionários que levassem suas carteiras para que ele mesmo os registrasse e passassem para o regime CLT.

MudançaMas Remi não apenas trabalhava

como também morava na fazenda, onde permaneceu até 1969, quando por tristeza pelo falecimento de sua esposa, após o nascimento do primeiro filho do casal resolveu se mudar de lá. Veio para o campus do Juvevê, antiga Escola de Agronomia e Veterinária da Universidade do Paraná. “Lá, trabalhei como técnico de laboratório do curso de Medicina Veterinária, até minha efetivação como concursado, em 1987. Preparava todo o material dos meios de culturas e baterias de corantes para as aulas práticas e exames de laboratório. Aprendi tudo num livro técnico de laboratório. Fiquei e também morei nesse setor com minha família, esposa (já casado pela segunda vez) e meus sete filhos, de 1969 a 1978.”

Ainda no campus do Juvevê, durante sua permanência, Remi desempenhou as funções de secretário do Departamento de Medicina Veterinária, de 1978 a 1983, e de secretário da coordenação do mesmo curso até 1990. Ele se aposentou aos 70 anos de idade, como funcionário sênior lotado no Núcleo de Atendimento Acadêmico (NAA) da Prograd. Mas, até hoje, Remi parece não se conformar: “Eu gosto muito de trabalhar, iria até os 80 porque tenho cabeça e saúde”, disse entusiasmado. Como curiosidade, lembra que nunca participou de greves, porque tanto na fazenda como do Setor de Agrárias tinha

toda uma estrutura de graça - não pagava luz, água ou impostos, não tinha mesmo do que me queixar. “A universidade foi a minha vida, desde os 25 até os 70 anos”, não cansa de dizer.

MarcasEntre suas lembranças, Remi guarda com

carinho as que mais lhe marcaram durante sua vida na UFPR. Um dos fatos, esse muito triste, foi o falecimento de sua primeira esposa, enquanto morava e trabalhava na Fazenda do Canguiri. Outro fato que lhe marcou, e desta vez com alegria, foram as inúmeras formaturas das quais participou como chefe do cerimonial, integrante das mesas de honra e como homenageado em mais de 30 delas, todas do curso de Medicina Veterinária. “Tenho bastante saudades dos meus colegas de trabalho, éramos uma família. Nunca me

considerei funcionário público, mas sim, servidor da nação”, reflete orgulhoso de tudo.

Outra boa memória que Remi traz para os dias de hoje vem daquele tempo em que foi trabalhar na fazenda. Nas suas palavras: “Com a promessa da construção de uma moradia para minha família e como meu salário inicial era baixo, me locomovia de bicicleta nas idas e vindas de Curitiba até a fazenda, porque se utilizasse ônibus, meu salário seria reduzido em 60 por cento. Este percurso foi percorrido durante os 16 meses, tempo suficinete para minha casa ficar pronta e, conforme minhas contas, percorri de bicicleta 11.200 quilômetros. Mas tudo isso, e muito mais, valeu intensamente e valerá sempre, porque me dediquei com todo o empenho para as tarefas que me foram designadas, visando o crescimento e a prosperidade da minha UFPR: símbolo da minha vida!”

SÔNIA [email protected]

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20 Notícias da UFPR | Dezembro de 2011

fatos E imagEns

Lançamento da Pedra Fundamental, em 31 de agosto de 1913. Em primeiro plano o Dr. Victor Ferreira do Amaral

ACERVO: REITORIA UFPR

Primeira parte concluída do prédio da Universidade Federal

do Paraná, 1918

Históricos