noticiário 22 05 2016

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O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Prefeito notificado por incorreções em licitação de R$ 78,6 milhões Empréstimo dos royalties: da ilegalidade à venda do futuro de Macaé Governo não atende à decisão do Tribunal de Contas do Estado, o que força a manutenção de contrato firmado na administração passada que chegou à casa dos R$ 77 milhões em despesas previstas PÁG. 5 www.odebateon.com.br Macaé (RJ), domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016 Ano XLI, Nº 9025 Fundador/Diretor: Oscar Pires WANDERLEY GIL KANÁ MANHÃES facebook/odebate twiter/odebate issuu/odebateon DESATIVAÇÃO DE DPO GERA RECLAMAÇÃO NA SERRA CRISE DO PETRÓLEO DE MACAÉ É PAUTA INTERNACIONAL SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PREPARA SEMINÁRIO R$ 1,50 POLÍCIA, PÁG.8 ECONOMIA, PÁG.8 EDUCAÇÃO, PÁG.10 POLÍTICA Polícia localiza sede de “Gatonet” ÍNDICE TEMPO EDUCAÇÃO POLÍCIA Três pessoas foram detidas e encaminhadas à 128ª Delegacia PÁG. 8 KANÁ MANHÃES DIVULGAÇÃO PM O evento será realizado entre os dias 13 e 17 de junho Apreensão foi realizada pela polícia após denúncia anônima UFRJ realiza a IV Semana da Química A iniciativa visa ampliar e atualizar os conhecimentos dos estudantes PÁG. 10 EDITORIAL 4 PAINEL 4 GUIA DO LEITOR 4 ESPAÇO ABERTO 4 CRUZADINHA C2 HORÓSCOPO C2 CINEMA C2 AGENDA C2 Máxima 33º C Mínima 23º C Anuncie: (22) 2106-6060 (215) POLÍCIA ESPORTE POLÍTICA CADERNO DOIS Como ajudar um dependente químico Sebastião Caldas se destaca em prova Pautas suspensas por defesa de reajuste Idosa celebra 110 anos e ganha festa Ramiro Campos dá dicas para enfrentar o problema PÁG. 11 Com 50 anos de corridas, atleta ganha medalha PÁG. 9 Requerimento cobra do governo benefício de servidores PÁG. 3 Dona Dolores vive com saúde no Recanto dos Idosos CAPA Após três anos e quase cin- co meses de gestão, R$ 7,6 bi- lhões arrecadados, sendo R$ 1,5 bilhão apenas com receitas do petróleo, o governo da mudança está prestes a deixar como he- rança para Macaé uma dívida calculada entre R$ 475 milhões e R$ 2,8 bilhões, dependendo da ótica dos grupos que travam uma verdadeira batalha épica sobre a proposta do "emprésti- mo dos royalties". E a dificuldade de mensurar o nível de endividamento que será assumido pelo município dentro dos próximos 15 anos não é a única dúvida que marca a instabilidade gerada pela pro- posta lançada mão pela atual administração municipal da ci- dade, prestes ao encerramento da atual mandato e também do processo eleitoral, que definirá o futuro político e administrati- vo da cidade. Após 20 dias, seis sessões or- dinárias e uma Audiência Pú- blica realizadas pelo Legislativo sobre o tema, não há qualquer tipo de certeza ou justificativa que dê respaldo a uma operação de crédito que poderá compro- meter o futuro administrativo de Macaé por, pelo menos, três mandatos, um impacto tão di- fícil de ser avaliado quanto as futuras parcelas dos royalties do petróleo, a principal garan- tia para o empréstimo recorri- do por quase todas as cidades do Norte Fluminense, cuja situação orçamentária é bem diferente à da Capital Nacional do Petróleo. PÁG. 6 Governo mantém silêncio sobre reajuste anual dos servidores efetivos POLÍTICA Faltando apenas nove dias para o fim do prazo da data- base, prevista em lei, para a dis- cussão, negociação e aprovação da revisão anual dos vencimen- tos dos servidores públicos mu- nicipais, o governo ainda adota a postura do silêncio sobre a pauta que mexe com a vida de mais de 12 mil profissionais do quadro efetivo da administra- ção municipal. Após a afirmativa do Sindica- to dos Servidores Públicos Mu- nicipais de Macaé (Sindservi) de que o pedido da rodada de negociação ainda não foi aten- dido pelo Executivo, o jornal O DEBATE abriu espaço para que o governo pudesse apresentar a sua proposta de percentual de reajuste da categoria. Porém, apesar do pedido de informação ter sido enviado ao governo desde a última se- gunda-feira (16), o Executivo não repassou qualquer tipo de posicionamento oficial sobre as demandas da categoria até o momento. Temendo que ocorra neste ano o atraso das negociações registrado no ano passado, a presidência do Sindservi reite- rou os ofícios que solicitam ao governo, além da data para ro- dada de negociações, a instala- ção do Conselho de Política de Administração e Remuneração de Pessoal, estabelecido pela Emenda Constitucional 19/98. Mas segundo a própria ins- tituição, os apelos não foram ouvidos e atendidos pela admi- nistração municipal. PÁG. 6 Limpeza lidera a lista de reivindicações da população que não tem acesso a serviço regular BAIRROS EM DEBATE KANÁ MANHÃES Limpeza pública lidera lista de reclamações do Duque de Caxias Um bairro dividido pelas condições so- cioeconômicas e unido pelos problemas. Essa é a realidade do Duque de Caxias, situado na área sul da cidade. Em setembro de 2015, a nos- sa equipe de reportagem esteve na localidade conversando com a população. Na época, os moradores apresentaram diversas reivindica- ções. Oito meses depois, o que podemos ver é que os problemas relatados continuam fazendo parte da rotina do bairro. Tal descaso do poder público tem gerado insatisfação na população, que diz estar cansada de ouvir promessas. Hoje, a falta de acesso ao serviço continuo de limpeza pública é o que mais prejudica o cotidiano dos moradores do local, que reivindicam também a construção de área de lazer e melhorias na infraestrutura. PÁG. 9 Bairro tem sérios problemas de infraestrutura

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O DEBATEDIÁRIO DE MACAÉ

Prefeito noti�cado por incorreções em licitação de R$ 78,6 milhões

Empréstimo dos royalties: da ilegalidade à venda do futuro de Macaé

Governo não atende à decisão do Tribunal de Contas do Estado, o que força a manutenção de contrato firmado na administração passada que chegou à casa dos R$ 77 milhões em despesas previstas PÁG. 5

www.odebateon.com.br

Macaé (RJ), domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016Ano XLI, Nº 9025Fundador/Diretor: Oscar Pires

WANDERLEY GIL KANÁ MANHÃES

facebook/odebate

twiter/odebate

issuu/odebateon

DESATIVAÇÃO DE DPO GERA RECLAMAÇÃO NA SERRA

CRISE DO PETRÓLEO DE MACAÉ É PAUTA INTERNACIONAL

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PREPARA SEMINÁRIO

R$ 1,50

POLÍCIA, PÁG.8 ECONOMIA, PÁG.8 EDUCAÇÃO, PÁG.10

POLÍTICA

Polícia localiza sede de “Gatonet”

ÍNDICETEMPO

EDUCAÇÃO POLÍCIA

Três pessoas foram detidas e encaminhadas à 128ª Delegacia PÁG. 8

KANÁ MANHÃES DIVULGAÇÃO PM

O evento será realizado entre os dias 13 e 17 de junho Apreensão foi realizada pela polícia após denúncia anônima

UFRJ realiza a IV Semana da Química A iniciativa visa ampliar e atualizar os conhecimentos dos estudantes PÁG. 10

EDITORIAL 4

PAINEL 4

GUIA DO LEITOR 4

ESPAÇO ABERTO 4

CRUZADINHA C2

HORÓSCOPO C2

CINEMA C2

AGENDA C2

Máxima 33º CMínima 23º C

Anuncie: (22) 2106-6060 (215)

POLÍCIA ESPORTE POLÍTICA CADERNO DOIS

Como ajudar um dependente químico

Sebastião Caldas se destaca em prova

Pautas suspensas por defesa de reajuste

Idosa celebra 110 anos e ganha festa

Ramiro Campos dá dicas para enfrentar o problema PÁG. 11

Com 50 anos de corridas, atleta ganha medalha PÁG. 9

Requerimento cobra do governo benefício de servidores PÁG. 3

Dona Dolores vive com saúde no Recanto dos Idosos CAPA

Após três anos e quase cin-co meses de gestão, R$ 7,6 bi-lhões arrecadados, sendo R$ 1,5 bilhão apenas com receitas do petróleo, o governo da mudança está prestes a deixar como he-rança para Macaé uma dívida calculada entre R$ 475 milhões e R$ 2,8 bilhões, dependendo da ótica dos grupos que travam uma verdadeira batalha épica sobre a proposta do "emprésti-mo dos royalties".

E a dificuldade de mensurar o nível de endividamento que

será assumido pelo município dentro dos próximos 15 anos não é a única dúvida que marca a instabilidade gerada pela pro-posta lançada mão pela atual administração municipal da ci-dade, prestes ao encerramento da atual mandato e também do processo eleitoral, que definirá o futuro político e administrati-vo da cidade.

Após 20 dias, seis sessões or-dinárias e uma Audiência Pú-blica realizadas pelo Legislativo sobre o tema, não há qualquer

tipo de certeza ou justificativa que dê respaldo a uma operação de crédito que poderá compro-meter o futuro administrativo de Macaé por, pelo menos, três mandatos, um impacto tão di-fícil de ser avaliado quanto as futuras parcelas dos royalties do petróleo, a principal garan-tia para o empréstimo recorri-do por quase todas as cidades do Norte Fluminense, cuja situação orçamentária é bem diferente à da Capital Nacional do Petróleo. PÁG. 6

Governo mantém silêncio sobre reajuste anual dos servidores efetivos

POLÍTICA

Faltando apenas nove dias para o fim do prazo da data-base, prevista em lei, para a dis-cussão, negociação e aprovação da revisão anual dos vencimen-tos dos servidores públicos mu-nicipais, o governo ainda adota a postura do silêncio sobre a pauta que mexe com a vida de mais de 12 mil profissionais do quadro efetivo da administra-ção municipal.

Após a afirmativa do Sindica-to dos Servidores Públicos Mu-nicipais de Macaé (Sindservi)

de que o pedido da rodada de negociação ainda não foi aten-dido pelo Executivo, o jornal O DEBATE abriu espaço para que o governo pudesse apresentar a sua proposta de percentual de reajuste da categoria.

Porém, apesar do pedido de informação ter sido enviado ao governo desde a última se-gunda-feira (16), o Executivo não repassou qualquer tipo de posicionamento oficial sobre as demandas da categoria até o momento.

Temendo que ocorra neste ano o atraso das negociações registrado no ano passado, a presidência do Sindservi reite-rou os ofícios que solicitam ao governo, além da data para ro-dada de negociações, a instala-ção do Conselho de Política de Administração e Remuneração de Pessoal, estabelecido pela Emenda Constitucional 19/98.

Mas segundo a própria ins-tituição, os apelos não foram ouvidos e atendidos pela admi-nistração municipal. PÁG. 6

Limpeza lidera a lista de reivindicações da população que não tem acesso a serviço regular

BAIRROS EM DEBATEKANÁ MANHÃES

Limpeza pública lidera lista de reclamações do Duque de CaxiasUm bairro dividido pelas condições so-cioeconômicas e unido pelos problemas. Essa é a realidade do Duque de Caxias, situado na área sul da cidade. Em setembro de 2015, a nos-sa equipe de reportagem esteve na localidade conversando com a população. Na época, os moradores apresentaram diversas reivindica-ções. Oito meses depois, o que podemos ver é que os problemas relatados continuam fazendo parte da rotina do bairro. Tal descaso do poder público tem gerado insatisfação na população, que diz estar cansada de ouvir promessas. Hoje, a falta de acesso ao serviço continuo de limpeza pública é o que mais prejudica o cotidiano dos moradores do local, que reivindicam também a construção de área de lazer e melhorias na infraestrutura. PÁG. 9 Bairro tem sérios problemas de infraestrutura

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ2 Macaé, domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016

CidadeEDIÇÃO: 329 PUBLICAÇÃO: 10 DE FEVEREIRO DE 1982

SEMANA EM DEBATE O DEBATE EM MEMÓRIA

NOTA

Concurso para Magistério deverá ter mais de dois mil candidatos em Macaé

A Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro, por determinação do Governa-dor Chagas Freitas, vai realizar concurso para a contratação de professores que desejam ingres-sar no Magistério Público Estadual, a fim de se-rem preenchidas três mil vagas nas áreas de Pré-Escolar, 1º e 2º Graus, Educação Especial e Suple-tivo. As inscrições ficarão abertas nos CRECs no período de 15 de fevereiro a 1º de março.

Projeto ARE em menos de um mês atendeu 300 crianças por dia

Durante vinte e cinco dias foi realizado com sucesso absoluto o Projeto ARE - Alimentação e Recreação na Escola, promovido pela Se-cretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro, através do Centro Regional de Educação e Cultura. No município de Macaé, o projeto foi desenvolvido nas dependências do Forte Marechal Hermes.

Petrobrás divulga resultado na próxima semana

Até a tarde de ontem, a Região de Produção do

Sudeste não tinha divulgado o resultado do Pro-cesso Seletivo Externo para o cargo de Auxiliar de Escritório/Suprimento, do qual participaram 212 candidatos nas provas de português e mate-mática, após terem sido desclassificados perto de dois mil participantes na prova de datilografia.

Câmara não realizou sessão

Contando com a presença de apenas três vereadores, Antonio Oliton Bordalo (Presi-dente), Walter Fernandes Pinto (2º Secretá-rio) e Venício de Oliveira, a Câmara Municipal não realizou sessão extraordinária na última segunda-feira, embora estivesse convocada para reunir-se e aprovar os projetos de lei de autoria do Poder Executivo.

Petrobras a�rma que segue em Macaé

Retomada de voos para Macaé é pauta principal para a indústria e turismo

Em produção há 39 anos, a Bacia de Campos é um dos maiores complexos

petrolíferos o�shore do mun-do. Para gerir as suas opera-ções nesta bacia, que tem uma de suas unidades de operações sediada no município de Ma-caé, a Petrobras mantém uma estrutura sólida, envolvendo bases administrativas, áreas de armazenamento, infraestrutu-ra aeroportuária, portuária, de processamento de gás e estoca-gem e transferência de petró-leo. Em 2015, a produção média mensal da Bacia de Campos fechou acima de 1,4 milhão de barris de óleo e cerca de 25 mi-lhões de metros cúbicos de gás por dia, representando cerca de 70% da produção nacional. Do volume total produzido na Bacia de Campos, 30% são pro-venientes do pré-sal.

O Plano de Negócio e Gestão 2015-2019 da Petrobras priori-za, para a Bacia de Campos, in-vestimentos no pós-sal, onde, em 2017, está previsto o início da produção em dois campos: Tartaruga Verde e Tartaruga Mestiça. Além disso, no mes-mo ano, há a previsão de reali-zação do Teste de Longa Dura-ção do reservatório de Forno,

no pré-sal da concessão de Albacora. Ressalta-se, ainda, que a Petrobras obteve, para os campos de Marlim e Voador, a aprovação da Agência Nacio-nal do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a prorrogação da vigência dos contratos de concessão até o ano de 2052.

A Petrobras, na Bacia de Campos, conta atualmente com 53 plataformas. Algumas dessas unidades estão alocadas em concessões operadas pela companhia em parcerias com a Shell, no campo de Bijupirá/Salema; com a Chevron, nos campos de Papa-Terra e Frade; com a Repsol Sinopec Brasil, no campo de Albacora Leste; e com a British Petroleum, em dois blocos exploratórios.

É a partir de Macaé que são monitorados remotamente o escoamento, a pressão, a va-zão e a temperatura do óleo e do gás produzidos diariamen-te em grande parte das uni-dades marítimas. Também é a partir deste município que são feitos o planejamento, a programação, o controle e o monitoramento das operações submarinas e das embarcações especializadas e de apoio.

Prefeitura assume erro ao multar veículos no CentroNa manhã de quarta-feira (18), a equipe de reportagem do Jornal O DEBATE flagrou agentes da secretaria de Mobilidade Urbana autuando carros que estavam es-tacionados na Travessa Glicério, no Centro. Fato é que, no local, não havia nenhuma sinalização de proibição de estacionamento ou parada de veículos. Em contato com a Prefeitura nos foi informa-do que a Travessa Glicério passou por mudanças recentes em sua si-nalização indicativa com relação ao espaço que é regulamentado como complemento ao ponto de embarque dos ônibus das linhas intermunicipais, que agora fica ao lado direito da via. Sendo assim, a orientação dada aos agentes é de que somente os motoristas esta-cionados de forma irregular nestes espaços sejam autuados. No entan-to, no caso de contestação por par-te de algum condutor, a Prefeitura indica que procurem a sede da secretaria de Mobilidade Urbana para protocolar um recurso.

Estatal garantiu ontem que manterá atividades e operações na Bacia de Campos

KANÁ MANHÃES

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016 3

Política Dr. Eduardo Cardoso (PPS) propôs a antecipação da votação do empréstimo dos royalties

NOTA

FUTURO

Empréstimo dos royalties: da ilegalidade à venda do futuro de MacaéDiscussões na Câmara nesta semana serão decisivas para definição de projeto que poderá deixar dívida a ser paga pela cidade em 15 anosMárcio [email protected]

Após três anos e quase cin-co meses de gestão, R$ 7,6 bilhões arrecadados,

sendo R$ 1,5 bilhão apenas com receitas do petróleo, o governo da mudança está prestes a dei-xar como herança para Macaé uma dívida calculada entre R$ 475 milhões e R$ 2,8 bilhões, dependendo da ótica dos grupos que travam uma verdadeira ba-talha épica sobre a proposta do "empréstimo dos royalties".

E a dificuldade de mensurar o nível de endividamento que será assumido pelo município dentro dos próximos 15 anos não é a única dúvida que mar-ca a instabilidade gerada pela proposta lançada mão pela atual administração municipal da cidade, prestes ao encerra-mento da atual mandato e também do processo eleitoral, que definirá o futuro político e administrativo da cidade.

Após 20 dias, seis sessões or-dinárias e uma Audiência Pú-blica realizadas pelo Legislativo sobre o tema, não há qualquer tipo de certeza ou justificativa que dê respaldo a uma operação de crédito que poderá compro-

meter o futuro administrativo de Macaé por, pelo menos, três mandatos, um impacto tão di-fícil de ser mensurado quanto as futuras parcelas dos royal-ties do petróleo, a principal garantia para o empréstimo recorrido por quase todas as cidades do Norte Fluminense, cuja situação orçamentária é bem diferente a da Capital Nacional do Petróleo.

Quem acompanha os deba-tes no Legislativo, e analisa as justificativas apresentadas pela bancada do governo, e as críticas disparadas pelo bloco de oposição, entende que o pe-dido de empréstimo enviado pelo Executivo ao Legislativo tem como pano de fundo ape-nas parte do comportamento orçamentário registrado por Macaé no 'ano da crise'.

Hoje o governo mantém em alta a arrecadação de receitas próprias, contabilizando no pri-meiro quadrimestre deste ano um excesso de arrecadação de mais de R$ 61 milhões apenas com o ISS, o ICMS e o IPTU.

Além disso, o ISS e o ICMS, as principais fontes de sus-tentação do orçamento mu-nicipal, atingiram os maiores índices tributários da história

do município, superando nes-te ano a arrecadação obtida por todas as gestões públicas passadas da cidade.

Esses dados ajudam a com-preender que, por mais que haja crise econômica nacional, Macaé é suficientemente capaz de arcar com as suas despesas primários e prioritárias: cus-teio da folha de pagamento e os investimentos constitucionais em Saúde e Educação.

O que sobra disso no orça-mento, é baseado em despesas de contratos de serviços e obras licitadas pelo próprio governo, cuja fonte principal de inves-timento são os repasses dos royalties e da Participação Es-pecial do Petróleo.

Portanto, hoje, o pedido do empréstimo dos royalties fei-to pelo governo está baseado na queda de pouco mais de 20% registrada neste ano nos repasses das receitas do petró-leo, já comprometidos com dois grandes contratos, celebrados ainda na gestão municipal pas-sada, mas mantidos por força de prorrogações de prazos e termos aditivos que já elevaram em qua-se 30% as previsões de seus gas-tos. E isso fere o que prevê a Lei 8.666, a Lei das Licitações, que

permite a prorrogação de con-tratos por cinco anos, desde que eles causem economicidade aos cofres públicos.

De janeiro a abril deste ano, Macaé já arrecadou pouco mais de R$ 90 milhões com os repasses dos royalties e a única parcela da Participação Especial paga neste ano.

É fato que até esta semana o município ainda não havia re-cebido R$ 6,6 milhões previstos como cota da Participação Es-pecial, esperada para ser paga em maio deste ano.

Mas é certo afirmar tam-bém que os recursos oriundos da exploração do petróleo na Bacia de Campos sempre são "estimados" pelas prefeituras beneficiadas pela lei de com-pensação. Isso ocorre porque os repasses dependem de uma sé-rie de variáveis que estão ligadas à atividade de produção e não a mecanismos tributários admi-nistrados pelas prefeituras.

E, por conta disso, assim co-mo os R$ 6,6 milhões estimados por Macaé não foram recebidos neste mês, não há como projetar a arrecadação futura do petró-leo, que dá base ao empréstimo que mexerá com o futuro de to-do o município.

Proposta sem sustentação jurídicaA ilegalidade do emprés-timo dos royalties não está em-basada no discurso político do grupo de frente formado por sete vereadores que já se posi-cionam de forma contrária ao projeto de lei 08/2016 do Exe-cutivo que propõe o emprésti-mo dos royalties.

Os riscos jurídicos e admi-nistrativos provocados pela proposta são indicados por legislações que regem as con-dutas dos poderes Executivo, que apresentou o projeto, e do Legislativo, que tomará a decisão sobre a permissão do empréstimo.

Através do trabalho aprofun-dado executado pela Comissão Permanente de Constituição e

Justiça da Câmara de Vereado-res é possível identificar na Lei Orgânica do município, na Lei de Responsabilidade Fiscal e na própria resolução do Senado, que define as regras da operação de crédito, barreiras que impe-dem a prefeitura de lançar mão de recursos extra-orçamento, direcionados à execução de licitações à beira do processo eleitoral deste ano.

Na Lei Orgânica, na Seção II, em seu artigo 62, inciso III, es-tá determinado que é atribuição da Câmara deliberar sobre pe-didos de empréstimos e opera-ções de crédito solicitadas pelo Executivo, desde que seus valo-res e prazos não ultrapassem o término do mandato.

Já a Lei de Responsabilidade Fiscal, que define as principais regras de aplicação do erário, na subseção III referente a operações de crédito e anteci-pação de receitas, está previs-to no artigo 38, inciso IV que é proibida a referida proposta "no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal".

Já a Resolução do Senado per-mite a operação de crédito, me-nos a municípios que concedam isenções fiscais, conforme o Pa-cote de Incentivo Fiscal criado pelo governo no ano passado, instituído neste ano com objeti-vo de reduzir alíquotas do ISS e do ICMS para empresas o¯sho-re que garantissem a contrata-

ção de mão de obra local.Por mais que as justificati-

vas da bancada do governo em defesa do empréstimo seja a Resolução do Senado, proposta pelo senador Marcelo Crivella (PRB), há a certeza de que o instrumento legal não é capaz de sobrepor a Lei Orgânica e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Com isso, a Comissão de Constituição e Justiça da Câ-mara emitiu parecer contrá-rio à aprovação do projeto de lei 08/2016 do Executivo que defende em uma folha e dois artigos a proposta de operação de crédito sem especificar um valor máximo a ser contratado e nem o prazo para que a dívida seja quitada.

Cheque em branco sem previsõesTermo utilizado de forma recorrente pelos vereadores que são contrários ao emprés-timo dos royalties, e renegado pela bancada do governo, o teor do projeto de lei 08/2016 encaminhado pelo governo à Câmara sugere uma espécie de "cheque em branco" baseado na operação de crédito permitida pela resolução do Senado.

Protocolado no último dia 20 de abril, o projeto foi redigi-do pelo Executivo com apenas dois artigos. O primeiro possui a seguinte redação: "Art. 1º - Fica o Poder Executivo autorizado a contratar operação financeira para contrair operação de cré-dito nos exatos e estritos ter-mos do previsto na Resolução nº 43/2001 do Senado Federal, com as alterações impostas pela Resolução nº 02/2015".

O projeto é baseado também em um Parágrafo Único: "Os recursos oriundos da opera-ção autorizada pelo caput só poderão servir a custear inves-timentos em infraestrutura,

competindo ao Poder Executivo adotar as providências compe-tentes para dar transparência à respectiva utilização".

O projeto é finalizado como o Artigo 2º: "Esta Lei entra em vigor na data da sua publica-ção, revogadas as disposições contrárias".

Sem mensurar um teto pre-visto como empréstimo a ser contraído pela operação de crédito, o projeto não garante à Câmara de Vereadores susten-tação, no mínimo, política para garantir análise aprofundada, não apenas pela necessidade or-çamentária do município, mas também pelo grau de impacto da dívida para as próximas ge-rações administrativas da Casa.

Apesar de não constar no pro-jeto a ser votado pela Câmara, vereadores da bancada do go-verno lançaram valores aponta-dos pelo Executivo, de forma ex-traoficial, que seguem análises realizadas pela Organização dos Municípios Produtores do Pe-tróleo (Ompetro), com base em

cálculos da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que estão, no mínimo, sete meses defasados, por terem sido elaborados em agosto do ano passado.

De R$ 298 milhões, em per-das estimadas pela Ompetro para Macaé no ano passado, o valor extraoficial do emprésti-mo caiu, segundo a bancada de governo, para R$ 200 milhões, recursos que seriam avaliados pelo Banco do Brasil. E segun-do os vereadores da situação, o empréstimo geraria uma dívida final de R$ 475 milhões a ser pa-ga em 10 anos com parcelas que representariam 10% das futuras cotas mensais dos royalties.

Mas a garantia de paga-mento das parcelas é o que gera a maior instabilidade orçamentária, apontada pelo bloco de oposição.

Em queda desde o ano pas-sado, os repasses dos royalties podem sofrer cortes ainda mais profundos, caso o processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), de partilha das

receitas do petróleo, acabe sen-do validado.

Com isso, Macaé acumularia perdas ainda maiores nos repas-ses dos royalties, inviabilizando assim o pagamento da dívida que poderia comprometer a ar-recadação própria, hoje em alta.

Além da questão do endivi-damento, a insegurança gerada pelo projeto está relacionada também à falta de definição das obras que serão executadas pelo governo com os recursos gera-dos pela operação de crédito.

Sem o valor definido e sem a obra prevista em lei, a oposição acusa o governo de solicitar um 'cheque em branco' à beira do processo eleitoral deste ano.

E as justificativas de obras apresentadas pelo governo não ajudaram a garantir a credibili-dade do empréstimo.

A municipalização do Aero-porto, desmentida pela Secreta-ria de Aviação Civil, e a Estrada de Santa Tereza, licitada desde o ano passado, não foram aceitas pela oposição.

PONTODE VISTAO município e a região vêm vivendo com a crise econômica e política instalada no país um enorme abalo, fruto da má administração do dinheiro público, que é gasto de maneira muitas vezes perdulária, como denunciou em 2007 o presidente da ANP - Agência Nacional de Petróleo, quando divulgada a descoberta da camada de pré-sal, e arrecadado de forma voraz, com aumento de impostos e taxas.

Falando em crise, há muito a população vem sendo alardeada com postagens nas redes sociais e informa-ções desencontradas não investigadas de que a Petro-bras estaria desmobilizando suas unidades em Macaé

Quem tomou conhecimento das informações oficiais da Petrobras, reiterando seu vínculo com o município de Macaé e se preparando para comemorar, em 2017, os 40 anos de produção na Bacia de Campos, visando o futuro sustentável das suas atividades, e contribuindo para o desenvolvimento da região e do país, sentiu um enorme alívio que deixa passar longe a palavra crise.

Quando o barril de petróleo se aproxima dos US$ 60,00 e o mercado começa a acomodar-se, respirando com a previsibilidade futura, a nomeação do novo presidente da Petrobras que só pretende nomear experientes técnicos e não aceitar indicações políticas, deixa bem claro que sem o dinheiro escoando pelos dutos haverá uma gradual recuperação do rombo sofrido e denunciado pela Lava-Jato.

Até domingo.

Se a prefeitura gasta cerca de R$ 80 milhões por ano pagando subsídios, renuncia ao recebimento de quase R$ 5 milhões que a Bom Sinal, construtora de duas composições do VLT, recebeu a mais e quis devolver, paga aluguel de R$ 30 mil de uma quadra para o time de basquete disputar um torneio e deixa o Ypiranga literalmente destruído pelo tempo, não vai haver empréstimo que dê jeito na prefeitura. Porque a prefeitura não se habilitou para ter de volta os R$ 5 milhões pagos a mais?

Dinheiro, para quê?

Fim dos boatos: a Petrobras fica.

Com a queda do preço do barril de petróleo do patamar de US$ 100,00 para pouco menos de US$ 30,00, aqueles que não criaram e não administraram um fundo para poupar e ser possível, em ocasiões assim, utilizar o dinheiro como faz a Noruega, por exemplo, ficaram amargando um déficit na transfe-rência dos royalties pela exploração de petróleo. Pensando em gastar mais, e não economizar, em vez de enxugar a máquina, parar de pagar subsídios e também acabar com as desonerações, os prefeitos da re-gião que fazem parte da Ompetro, incluído aí o de Macaé, correram para os bancos para fazer emprésti-mos e pagar em até 20 anos, o que é uma insensatez. Até o mais humilde trabalhador que sobrevive com um salário mínimo, sabe fazer a conta e que se ultrapassar o gasto e pegar empréstimo, vai ficar endividado até a alma. Resiste, adapta-se à crise passageira para, no final, sair vitorioso. E por que os administra-

dores não fazem isso? Como o caso de Macaé que, desde 2013 até os dias atuais, já arrecadou cerca de R$ 8 bilhões - repetindo R$ 8 bi-lhões - e não se sabe como, e de que forma foi gasto, mais dinheiro, para que? Embora aqui não haja ainda investigação da Lava-Jato, apesar de a Odebrecht estar mencionada numa planilha de distribuição de recursos a alguns políticos, o que faz agora o governo? A toque de caixa quer um empréstimo no Banco do Brasil de quase R$ 300 milhões. Para quê? Por quê? Para endividar o município pelos próximos 20 anos e sacrificar as administrações futuras? Logo agora, quando o pre-ço do barril volta a subir e já atinge quase US$ 50,00 e pode chegar a US$ 60,00? Gente, um pouco de paciência! Administrar o bem pú-blico, não custa muito! Quem vai pagar o pato se o empréstimo sair é a população. E não vamos cansar de registrar esses fatos por aqui para alertar os eleitores.

Gerando transtornos não só para a classe empresarial, como para os trabalhadores que, atu-ando na indústria do petróleo ou em outros setores, amargaram desestímulo com a crise econô-mica mundial, aliada à crise po-lítica que abalou o País, levando o Congresso Nacional a aprovar o impeachment da presidente Dilma Rousse¯ (PT), que segue afastada temporariamente até que as investigações cheguem ao final e sejam também anali-sadas e aprovadas pelo Senado. A grande onda de boatos e a con-sequente definição das ativida-des do Porto do Açu tiveram um basta nesta sexta-feira, quando a Petrobras, oficialmente, se mani-festou e divulgou nota informan-do que a “Petrobras mantém-se em plena atividade na Bacia de Campos", sendo que, em rela-ção às notícias e rumores sobre a saída da Petrobras da cidade de Macaé, a companhia informa que não há previsão de desconti-nuidade de suas operações na re-gião”. Diz mais a nota: “A Petro-bras, na Bacia de Campos, conta atualmente com 53 plataformas. Algumas dessas unidades estão alocadas em concessões opera-das pela companhia em parcerias com a Shell, no campo de Bijupi-

rá/Salema; com a Chevron, nos campos de Papa-Terra e Frade; com a Repsol Sinopec Brasil, no campo de Albacora Leste; e com a British Petroleum, em dois blo-cos exploratórios”. Para acabar de uma vez com os boatos, diz a nota que: “É a partir de Macaé que são monitorados remota-mente o escoamento, a pressão, a vazão e a temperatura do óleo e do gás produzidos diariamen-te em grande parte das unidades marítimas. Também é a partir deste município que são feitos o planejamento, a programação, o controle e o monitoramento das operações submarinas e das embarcações especializadas e de apoio”. Menciona ainda a nota que: “Na cidade também está localizada a Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB), que é o maior polo processador de gás natural do Brasil, ponto de entrada no con-tinente do gás da Bacia de Cam-pos e também de parte do gás do pré-sal da Bacia de Santos. Com capacidade de processar até 25 milhões de metros cúbicos por dia”. Quem leu a nota divulgada pela imprensa pode, a partir de agora, se preparar para novos desafios. A Petrobras fica em Macaé e ponto.

PONTADA

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ4 Macaé, domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016

Opinião NOTA

ESPAÇO ABERTO

EDITORIAL FOTO LEGENDA

Não há como negar que Macaé vive uma situação peculiar em relação aos impactos gerados pela estagnação de negócios do segmento o�shore e o desempenho orçamentário, que se-guem batendo recordes de arrecadação mesmo diante de um cenário incerto quanto ao futuro das atividades de exploração e de produção de petróleo na Bacia de Campos.

O nebuloso cenário sobre o futuro do país agravado com o pro-cesso de impeachment da presidente Dilma Rousse�, apresenta uma série de desdobramentos que tornam o presente mais difícil. Nesse jogo de poder e necessidade de o presidente interino buscar apoio para seu governo, fora nomeado um novo ministro para a Saúde, que é engenheiro e desconhece tecnicamente o setor, mas cujo nome atendeu à pressão do partido que almejava a pasta.

Colapsos

Saúde sem horizonte

Portanto, a ótica que se aplica sobre a discussão do empréstimo dos royalties, que movimenta a Câmara de Vereadores desde o iní-cio do mês, não pode ser a mesma utilizada para avaliar o grau de de-vastação provocado pela recessão econômica sobre os demais mu-nicípios do 'Emirado do Petróleo Brasileiro', região em que Macaé ainda reina soberana.

Enquanto Campos dos Goyta-cazes, Cabo Frio e Rio das Ostras encaram dificuldades para manter as contas públicas, Macaé nada de braçadas quando se fala no desem-penho dos cofres públicos, mesmo em pleno 'ano da crise'.

Hoje, os demais municípios do Norte Fluminense analisam a crise sobre a ótica dos impactos gerados na capacidade adminis-trativa de se manter em dia as obrigações prioritárias a qualquer gestão pública. E nessa relação de atribuições distintas quem assu-me o topo da lista é a regularidade no pagamento dos servidores pú-blicos efetivos.

Em uma situação semelhante vivida pelo governo do Estado, es-ses municípios encaram a revolta

da população quanto a dificuldade de se manter em dia as obrigações patronais. Mesmo em período pe-riclitante, Campos dos Goytacazes conseguiu atender a reivindicação da categoria e concedeu revisão salarial em pleno ano de redução de despesas.

Já Macaé vive situação oposta. Enquanto as receitas próprias, baseadas principalmente no Im-posto Sobre Serviços (ISS) e no Imposto de Circulação de Merca-doria e Serviços (ICMS), geram ex-cesso de arrecadação, alcançando o maior patamar de repasses aos cofres públicos da história do mu-nicípio, a discussão sobre a revisão do vencimento dos servidores se-gue em um verdadeiro silêncio, pe-lo menos por parte do Executivo.

Resta destacar que as receitas próprias são as fontes necessárias para sustentar as despesas do go-verno com a folha de pagamento. Se no ano em que essas fontes atingem índices recordes, os ser-vidores não possuem a garantia de ganho real com base em revisão salarial, não há como negar que a cidade está diante de um verdadei-ro colapso administrativo.

Já em sua primeira entrevista co-letiva como Ministro da Saúde, Ri-cardo Barros (PP-PR), afirmou que não aumentará os recursos para a saúde. Não obstante, é de conheci-mento público que a pasta sofre com orçamento apertado e há previsão de que muitos programas fiquem sem dinheiro já em setembro.

O governo reconhece a existência de uma crise fiscal no momento e não há perspectiva de que seja criada a CPMF ou qualquer outro tributo para aumentar os recursos da pasta. Desta forma, o novo ministro afirma que pretende gastar com eficiência os recursos que possui.

A questão, porém, é a dúvida de que o novo ministro saiba como eleger prioridades. Deu mostras de seu desconhecimento ao afirmar que buscará na antiga CGU, hoje Ministério da Transparência, on-de estão os principais problemas e gargalos da área. É desejável que tal levantamento seja realizado, sem dúvida, mas tal afirmação denota seu distanciamento dos problemas existentes no setor.

Preocupante o posicionamento do novo governo expresso no do-cumento denominado "A Travessia Social", o qual representa uma carta de intenções para o governo de Mi-chel Temer. No setor, o que se vê são propostas vagas, sem a previsão de aumentos de recursos para a saúde.

Aliás, pelo contrário, a previsão de mais cortes no orçamento da pasta preocupa gestores da saúde. A situ-ação é desesperadora.

Outra preocupação da sociedade está na possibilidade de se acabar com as vinculações orçamentárias obrigatórias, prevista na PEC (Pro-posta de Emenda à Constituição) que o próprio novo ministro propôs na Câmara dos Deputados. Para os cidadãos, o mínimo a ser garantido pelo Estado é educação e saúde, de forma que a desvinculação fiscal po-de significar um retrocesso.

Atualmente, temos um modelo brasileiro de atendimento à po-pulação que é o Sistema Único de Saúde (SUS). O modelo de gestão do SUS é complexo. A princípio se-ria um bom modelo, se houvesse a continuidade entre os mandatos dos governantes dos projetos fir-mados pelos administradores. Mas como acontece, agora, teremos mais uma mudança no ministério.

Os resultados no setor, se medidos e revelados sem filtros políticos, in-dicariam sem dúvida a má gestão dos recursos encaminhados para a saúde no país. Faltam leitos e hospitais em todo Brasil, faltam remédios, faltam vacinas, faltam estratégias efetivas de combate às epidemias de dengue, zika, H1N1, entre outras.

É imprescindível a melhoria no controle dos gastos. Assim, faz-se necessário aprimorar os sistemas de controle interno e externo. Já se percebeu que os Tribunais de Contas das diferentes esferas não cumprem o papel fiscalizatório, por diversos motivos. Desde a falta de infraestru-tura com fiscais até a efetiva punição pelo judiciário dos que atentam con-tra o erário público.

Se o Ministério da Saúde não ser-visse sempre como plataforma elei-toral pelos políticos, talvez fossem priorizadas ações a longo prazo que não trariam resultados imediatos, mas que poderiam ser percebidas após anos de implementação. Entre-tanto, continuamos com uma cultura governamental de priorizar as estra-tégias políticas e não as soluções.

O Brasil precisa passar por uma transformação cultural e política e começar a refletir sobre o futuro, pois o presente reflete o caos. E se mudan-ças estruturais não forem propostas, não haverá novos horizontes, ainda que sejam novos os governos.

Sandra Franco é consultora jurídica especializada em direito médico e da saúde

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DELEGACIA DE POLÍCIA FEDERAL (OPERAÇÕES) 2796-8320

DELEGACIA DE POLÍCIA FEDERAL (PASSAPORTE/VISTO) 2796-8320

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CEDAE: 2772-5090

AMPLA 0800-28-00-120

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DELEGACIA DA MULHER 2772-0620

GUARDA MUNICIPAL 2773-0440

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CARTÓRIO ELEITORAL 109º ZONA 2772-3520

CARTÓRIO ELEITORAL 254º ZONA 2772-2256

CORREIOS (SEDE) 2759-3390

CORREIOS CENTRO 2762-7527

CEG RIO 0800-28-20-205

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Estado inicia a recuperação de estradas em Macaé. Melhorias facilitam o escoamento da produção e deslocamento de moradores

Exonerações Uma enxurrada de portarias foram publi-cadas nesta semana pela prefeitura que indicam os pedidos de exoneração de ser-vidores do quadro efetivo do município. Pro-fissionais de carreira da Saúde e Educação pedem baixa das suas matrículas por incom-patibilidade nos horários determinados pela inflexibilidade do ponto biométrico. Quem acaba perdendo com isso é a população, mais diretamente crianças da rede de ensi-no e pacientes da rede de saúde.

Perdas Agora um fato novo também influencia a deci-são de profissionais experientes de deixar os quadros do funcionalismo público de Macaé: cortes de pagamento. Servidores efetivos re-clamam da defasagem de salários que deve ser continuada sem a sinalização do governo sobre o reajuste da categoria. Já contratados chegam a trabalhar por três meses sem receber um centavo, situação que gerou a redução de médicos que atuavam na Unidade de Emergên-cias Pediátricas (UEP).

Adiados Nas últimas semanas, o Tribunal de Con-tas do Estado (TCE) manteve a decisão de seguir o adiamento de uma série de edi-tais de licitações remetidas pela prefeitura para análise da corte. Em um dos casos, o Tribunal optou por manter suspensa con-corrência pública proposta pela prefeitura há dois anos. Como faltam pouco mais de sete meses para o encerramento do atual governo, fica difícil de acreditar que esses certames serão efetivados.

Renúncia de receitaFalando no TCE, a denúncia sobre a anistia das multas aplicadas pelo setor de fisca-lização de transtornos, junto a SIT, já foi parar nas mãos de técnicos do Tribunal de Contas do Estado. A informação circulou nesta semana no plenário da Câmara de Vereadores que quer se aprofundar na investigação da denúncia de renúncia de receita. Planilhas indicam que mais de R$ 1 milhão deixou de ser cobrado à empresa em apenas um ano.

Mobilidade Cada vez mais condensada, a região em volta da Rodoviária de Macaé torna-se ainda mais inviável para o trânsito do mu-nicípio devido ao número crescente de ônibus que circulam nas linhas municipais e no transporte intermunicipal de passa-geiros. Com a proximidade do Terminal Central, a circulação piora nos horários de rush, momentos em que os coletivos partem em comboio, principalmente em direção à parte Norte da cidade.

Travado Antes do encerramento do debate sobre o empréstimo dos royalties, a Câmara de Vereadores deve engatar em uma outra pauta-bomba do governo: o reajuste sala-rial dos servidores. Aprovado com voto dos vereadores da situação, um requerimento de Igor Sardinha (PRB) impede a votação de qualquer projeto do Executivo até que a proposta de revisão dos vencimentos da categoria seja encaminhada pela prefeitura. Ou seja, vai ficar tudo parado!

PressãoMas a bancada de governo tem colocado pressão no plenário para que o projeto do Executivo que propõe o empréstimo dos royalties seja votado com urgência. Ao que parece, o grupo teme sofrer novas baixas, o que elevaria o grupo de parlamentares contrário ao 'cheque em branco'. Hoje, o Legislativo possui a seguinte divisão: 10 go-vernistas, 5 opositores e 2 independentes. Mas ainda não há definição sobre o placar da votação do empréstimo.

Arrecadação Com a conclusão de obras de empreen-dimentos imobiliários na cidade, a arre-cadação da prefeitura com o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) deve aumentar nos próximos meses. Mas, desde o ano passado, essa fonte orçamentária re-gistra desempenho aquém do estimado pelo governo, um dos reflexos da crise offshore sobre o mercado da construção civil. As dificuldades de financiamento de imóveis também afetam novos negócios.

Abrigo Ainda não foi substituído o ponto de ôni-bus situado na margem da Rodovia Ama-ral Peixoto, nas imediações da Praia dos Cavaleiros. Danificada devido a um aci-dente, a estrutura foi arrancada do local que hoje está parcialmente interditado. Porém, mesmo assim, passageiros ainda aguardam coletivos sem qualquer tipo de 'teto' para se proteger do sol ou da chuva. A secretaria de Mobilidade Urbana deve providenciar a troca.

A nova gestão da secretaria municipal de Mobilidade Urbana tem investido pesado na implantação de sinalização de trânsito em diversos pontos da cidade. Nesta semana, trechos da Rua Vereador Abreu Lima, no Centro, receberam a pintura que indica os pontos de parada de coletivos e locais onde são proibidos os estacionamentos.

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016 5

CHAPÉU

Prefeito noti�cado por incorreções em licitação de R$ 78,6 milhões

Governo não atende a decisão do TCE, o que força a manutenção de contrato firmado na administração passada que chegou a casa dos R$ 77 milhões em despesas no ano passado

Márcio [email protected]

Na semana em que moradores de diversos bairros e comu-nidades da cidade reivindi-

caram o acesso a um dos serviços básicos que deveriam ser prestados pela prefeitura: a limpeza pública, o futuro de um outro importante ser-viço sob a responsabilidade do go-verno municipal passa a ser objeto de análises e ressalvas sobre incor-reções apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE): a limpeza das ruas da cidade. E o que está em jogo são mais de R$ 78 milhões que poderão sair dos cofres públicos.

Por não atender às correções de-terminadas pelo colegiado do Tri-bunal, o prefeito Aluízio (PMDB) foi notificado pelo órgão a promo-ver os aperfeiçoamentos indicados pelos conselheiros da corte, que de-cidiram manter adiado o edital da concorrência pública que estima gasto de mais de R$ 78 milhões para a contratação de empresa destina-da a prestar uma série de serviços, entre eles: manutenção de drena-gem e pavimentação; manutenção e conservação de aterro de inertes; manutenção de parques e jardins; manutenção de prédios públicos, e drenagem e limpeza de canais.

O Tribunal exigiu também que o prefeito apresente, em 15 dias, as justificativas sobre o não atendi-mento das correções determinadas pelo TCE, com o objetivo claro de garantir a economicidade do erá-rio, além de maior transparência na concorrência da licitação.

A decisão do TCE seguiu voto do

conselheiro-relator José Maurício de Lima Nolasco, que já promoveu outros relatórios que suspenderam licitações propostas pela prefeitura, devido a incorreções sobre dados que comprovam as despesas estimadas.

O processo de análise do edital de R$ 78 milhões começou a tramitar no TCE em 28 de julho de 2015. Já ocorreram seis sessões dos con-selheiros sem que as exigências determinadas para garantir maior transparência e economia aos co-fres públicos tenham sido integral-mente atendidas pela prefeitura.

Entre as determinações do TCE

KANÁ MANHÃE

Contrato aditado pela prefeitura está em vigor a seis anos e prevê limpeza pública da cidade

a serem cumpridas pelo prefeito estão a necessidade de separação dos serviços e obras a serem licita-dos, assim como o seu respectivo agrupamento por itens de mesma natureza para melhorar o aprovei-tamento dos recursos disponíveis no mercado e ampliar a competiti-vidade sem perda da economia de escala.

GOVERNO NÃO ATENDE O TCE E FAVORECE CONTRATO EM VIGOR

Publicado no dia 6 de julho de 2015 pela Coordenação Geral de Li-

citações, subordinada à Procurado-ria Geral de Licitações, Contratos e Convênios da prefeitura, o edital 015 prevê a concorrência pública voltada à contratação de empresa para a prestação de serviços seme-lhantes aos executados hoje pela Construtora Zadar, que pertence ao grupo empresarial da Limpate-ch Serviços e Construções. Juntas, as companhias detêm a exploração de serviços com despesas previstas em mais de R$ 140 milhões, condi-cionadas aos repasses dos royalties do petróleo.

Assinado no dia 12 de julho de

2010, o contrato está prestes a completar seis anos em vigor, o que fere diretamente as diretrizes da Lei 8.666, a Lei das Licitações. A normativa permite que contratos públicos sejam prorrogados, desde que haja a premissa da economici-dade do erário, baseada na redução de gastos. Mas não foi isso o que re-almente aconteceu.

Atualmente, o contrato operado pela Construtura Zadar foi capaz de atravessar governos. E a sequência de aditivos, atestados pela secreta-ria municipal de Serviços Públicos, elevaram os gastos em quase 20%,

passando a gerar despesas aos co-fres públicos que saltaram de R$ 62,2 milhões para R$ 77,5 milhões.

Além disso, a prorrogação do pra-zo de vigência do contrato extrapo-la o limite permitido pela Lei 8.666. Segundo a legislação, os contratos podem ser aditados por 60 meses, ou cinco anos. Já o mantido pelo atual governo junto à Zadar com-pletará no próximo dia 11 de julho 72 meses de vigência, ou seis anos.

Hoje, o contrato está em vigor através de termo de prorrogação que prevê a sua vigência pelo perí-odo de seis meses, com custo esti-mado em R$ 31 milhões.

A prorrogação ocorreu no perí-odo em que o TCE analisou, sus-pendeu e adiou o edital 015/2015 da prefeitura, que previa a licitação de R$ 78 milhões.

Como o serviço é de natureza continuada, já que envolve tam-bém a manutenção de escolas mu-nicipais, o contrato acabou sendo prorrogado pelo governo, enquanto a nova licitação seguia suspensa pe-lo TCE, que aguardava as correções determinadas ao município.

E, hoje, faltando pouco mais de dois meses para o encerramento da atual prorrogação do contrato em vigor, o prefeito foi notificado pelo Tribunal de Contas para prestar os devidos esclarecimentos sobre o edital que segue suspenso, por prazo indeterminado.

A prefeitura já pagou mais de R$ 11 milhões a Zadar, apenas neste ano, dentro do contrato em vigor. No ano passado, o serviço custou aos cofres públicos a despesa total de R$ 61 milhões.

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ6 Macaé, domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016

WANDERLEY GIL

Igor Sardinha (PRB)

Governo mantém silêncio sobre reajuste dos servidores

INDECISÃO

Faltando apenas nove dias para o fim do prazo da data-base, prevista em lei,

para a discussão, negociação e aprovação da revisão anual dos vencimentos dos servidores públicos municipais, o governo ainda adota a postura do silên-

Perto do fim da data-base para revisão, prefeitura ainda não apresenta respostascio sobre a pauta que mexe com a vida de mais de 12 mil profis-sionais do quadro efetivo da ad-ministração municipal.

Após a afirmativa do Sindica-to dos Servidores Públicos Mu-nicipais de Macaé (Sindservi) de que o pedido de rodada de

negociação ainda não foi aten-dido pelo Executivo, o jornal O DEBATE abriu espaço para que o governo pudesse apresentar a sua proposta de percentual de reajuste da categoria.

Porém, apesar do pedido de informação ter sido enviado

ao governo desde a última se-gunda-feira (16), o Executivo não repassou qualquer tipo de posicionamento oficial sobre as demandas da categoria até o momento.

Temendo que ocorra neste ano o atraso das negociações registrado no ano passado, a presidência do Sindservi reiterou os ofícios que solici-tam ao governo, além da data para rodada de negociações, a instalação do Conselho de Política de Administração e Remuneração de Pessoal, estabelecido pela Emenda Constitucional 19/98.

Mas segundo a própria ins-tituição, os apelos não foram ouvidos e atendidos pela admi-nistração municipal.

Hoje o Sindservi luta na justi-ça para garantir aos servidores do quadro fixo o pagamento dos 6% de reajuste concedido pelo governo no ano passado, retroa-tivos aos meses de maio e junho de 2015.

Por força da discussão que envolveu a reforma adminis-trativa, a decisão final sobre a revisão anual dos servidores ocorreu apenas em julho, no ano passado.

Como as negociações ainda não foram iniciadas, os servi-dores temem que a demora do governo impeça a garantia da revisão salarial neste ano, em virtude do calendário eleitoral.

De acordo com a justiça, a re-visão deve ser definida até julho.

OPOSIÇÃO

Igor propõe suspensão de pautas até discussão sobre revisão

Aprovado com votos da bancada do governo, o reque-rimento 284/2016 do líder do bloco de oposição, Igor Sar-dinha (PRB) pode mudar os ritos de votação do Legisla-tivo, nas próximas semanas, ao defender os interesses dos servidores municipais quanto a revisão salarial deste ano.

Discutido em meio aos de-bates relativos ao empréstimo dos royalties, o requerimento de Igor solicitou à Mesa Dire-tora da Casa que suspenda a tramitação de todas as pautas encaminhadas pelo Executivo até que o projeto que propõe a revisão salarial dos servidores seja encaminhado pelo gover-no à Casa.

"A Casa precisa se impor e

Vereador defende pressão obre o governo em defesa de direitos dos servidores

pressionar o governo para que dê uma posição sobre a revi-são salarial dos servidores. Es-tamos em um ano complexo, onde o calendário eleitoral modifica prazos. Portanto, en-quanto não houver a garantia de reajuste da categoria, a Câ-mara deve suspender a trami-tação das pautas do governo", defendeu Igor Sardinha.

Apesar do debate sobre o empréstimo dos royalties to-mar a atenção dos parlamen-tares ao longo das últimas duas semanas, há vereadores que participam também das análises sobre o reajuste dos servidores, como o líder da bancada de governo, Julinho do Aeroporto (PMDB) e co-mo o vereador Marcel Silva-no (PT).

"Essa instabilidade é muito ruim para os servidores e para a cidade. O governo não pode manter esse silêncio diante desta pauta", disse Marcel.

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016 7

COMÉRCIO

Lojistas já estimam Dia dos Namorados menos romântico para o setorCom estímulo ao consumo cada vez mais baixo, comerciantes não cogitam contratações temporáriasGuilherme Magalhã[email protected]

Se no Dia das Mães a coisa já não foi tão boa para o comércio macaense, no

Dia dos Namorados o cená-rio promete ser ainda pior. A menos de um mês para a data, comemorada no próximo dia 12, a maioria dos lojistas diz não pretender abrir processo para contratação de funcioná-rios temporários.

Em busca de alternativas para driblar o desestímulo dos consumidores nos últimos meses, segundo Célio Passos, vendedor de uma perfumaria localizada no calçadão da Ave-nida Rui Barbosa, a equipe de vendas deverá permanecer a mesma até o Natal.

“Depois de um Dia das Mães fraco comercialmente, a ge-rência já bateu o martelo e de-cidiu que não há necessidade de contratar mais ninguém. E acreditamos que não faremos mais contratações até o final deste ano”, contou.

Para Cláudio Vieira, gerente do mesmo estabelecimento, a conclusão é simples.

“A verdade é que essa fase da economia tem esfriado nossa empolgação em relação a da-tas especiais. Vamos aguardar e trabalhar”, disse.

Para Flávio de Melo, gerente de uma loja de departamentos localizada no Centro, o jeito é trabalhar mais.

“Não existe receita mági-ca para driblar a situação. A única coisa que podemos fazer para tentar alavancar as vendas é negociar com os funcionários alguns horários

estendidos para vender mais", opinou.

Como reflexo geral da situ-ação, conforme dados do Ca-

dastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Em-prego (MTE), no primeiro tri-

mestre deste ano, o comércio de Macaé já registrou a perda de 654 postos de trabalho. Le-vando em consideração que o

balanço resulta de um total de 2.751 estabelecimentos ativos na cidade, a situação fica ain-da mais crítica, já que os dados

revelam que do total de des-ligamentos 1.332 foram sem justa causa, enquanto apenas 394 foram a pedido.

WANDERLEY GIL

Data é a sexta em importância no calendário do comércio

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ8 Macaé, domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016

JAPÃO

Situação econômica da cidade desperta interesse do outro lado do mundoNa última semana, jornalistas japoneses estiveram na redação de O DEBATE para saber mais sobre como a crise que afeta a Capital Nacional do PetróleoGuilherme Magalhã[email protected]

A Capital Nacional do Pe-tróleo tem despertado interesse do outro lado do

planeta. Pelo menos, é isso o que garantem os jornalistas Yoshida Kenichi, e seu tradutor, André Iwanaga - ambos do diário ja-ponês ‘The Yomiuri Shimbun’, considerado um dos jornais de maior circulação no mundo. Na última semana, eles estiveram na redação de O DEBATE para saber como a crise no Brasil tem afetado o município.

Segundo Iwanaga, a ideia se-rá fazer uma reportagem abor-dando o comportamento da cidade frente à turbulência do

último ano, em reflexo dos pro-blemas políticos e econômicos do país.

“Partimos do pressuposto de que se os impactos recentes na Petrobras afetam do outro lado mundo, evidentemente são muito piores na chamada Capital Nacional do Petróleo. O objetivo é destacar a crise econômica em sentido amplo, aludindo principalmente as ci-dades em que grandes empre-sas têm forte influência, como é o caso de Macaé”, explicou Iwanaga.

Curioso para saber mais so-bre questões como geração de emprego e déficit de recursos do município, Kenichi indagou se os índices de violência não

estariam crescendo nos últimos meses, como tem observado ser tendência em outras cidades do país. Segundo ele, a matéria ain-da não tem data definida para ser publicada.

Ainda durante a visita ao mu-nicípio, os jornalistas também conversaram com o diretor de políticas de trabalho da Agência de Trabalho, Educação Profis-sional e Renda (Agetrab) e com o diretor do Sindicato de Pe-troleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Marcos Breda.

Fundado em 1874, e tido co-mo um dos cinco maiores jor-nais japoneses da atualidade, o ‘The Yomiuri Shimbun’ é publi-cado em cidades como Tóquio, Osaka e Fukuoka.

WANDERLEY GIL

Jornalistas do ‘The Yomiuri Shimbun’ na redação de O DEBATE

ABANDONO

Desativação de DPO gera insegurança aos moradores da Serra

Ludmila [email protected]

O problema de violência na região serrana é alvo de recla-mações constantes dos mora-dores e frequentadores do local. Em janeiro de 2015, a população foi surpreendida com a desati-vação do Destacamento de Poli-ciamento Ostensivo (DPO), que ficava localizado em Glicério. Desde então, os problemas de violência são constantes.

Diante das inúmeras reclama-ções junto a Polícia Militar e ao governo municipal, a Prefeitu-ra, em maio de 2015, reformou o DPO do distrito e transformou em Centro Integrado de Seguran-ça Pública. A unidade tinha como destaque a parceria entre a Guar-da Municipal e a Polícia Militar. Na época, foi informado que tan-to os militares quanto os agentes da guarda, ficariam sediados no local. Seriam dois policiais e três homens da Guarda realizando

Parceria entre Polícia Militar e Guarda Municipal foi uma das alternativas que não deu certo

o patrulhamento e auxiliando a população no que fosse preciso. Contudo, em menos de um ano, a população afirma que o Centro está desativado novamente.

“Antes, quando ainda tínhamos o apoio dos órgãos de segurança, a violência na serra era algo raro. Hoje, já virou rotina. Os princi-pais casos são os pequenos fur-tos, desde comércios a casas e aos transeuntes”, explicou o morador Jeferson.

Quando inaugurada, a unida-de trouxe bastante entusiasmo e expectativa aos moradores da região serrana. A população se dizia confiante quanto à ação dos guardas municipais e policiais militares coibindo os frequentes casos de furtos e de ações ilícitas, como o uso de drogas, nas praças e cachoeiras.

“O problema de violência na Serra ressalta a importância da reativação do DPO. Mais uma vez estamos com a unidade de-sativada, nada foi pra frente. Re-formaram, colocaram agentes da Guarda Municipal por um tempo e, novamente, estamos com a uni-dade fechada”, frisou o morador.

Os casos de violência na Serra têm sido levados ao comando do

32º Batalhão de Polícia Militar (BPM), nos encontros mensais do Café Comunitário. A Polícia Mili-tar afirma que há patrulhamen-to sendo realizado nos distritos serranos e que são organizadas operações específicas ao local. A Polícia frisa quanto a realização do Boletim de Ocorrências na Delegacia, com os registros é pos-sível montar a mancha criminal, onde são identificados os pontos com maior índice de criminalida-de e consequetemente um maior efetivo policial é destinado a essas áreas.

“Muitas vezes o Boletim de Ocorrência não é feito pela dis-tância dos distritos à região cen-tral. O morador precisa se deslo-car cerca de 30 km até delegacia. Além disso, chegando na DP, muitos perdem horas para fazer um simples registro, o que mui-tas vezes, faz com que o cidadão perca o dia todo apenas para isso. Assim, muita gente desiste e não faz”, finalizou Jeferson.

Quanto a desativação do Cen-tro Integrado de Segurança Públi-ca, a Prefeitura não confirmou a informação dada pelos morado-res, alegando que no local há con-tingente da Guarda Municipal.

RIO DAS OSTRAS

Denúncia ajuda polícia localizar escritório de “Gato Net”

Após informações via dis-que-denúncia da Polícia Militar (PM), três pessoas foram detidas e autuadas por desenvolver clan-destinamente atividades de te-lecomunicação, no bairro Nova Cidade, em Rio das Ostras.

Segundo as informações, guar-nição ao chegar ao local, na Rua Inajara, em um sobrado, os poli-ciais verificaram que o endereço se tratava de um escritório. Em

Três pessoas foram detidas e encaminhadas à 128o Delegacia

seu interior foram encontrados R$ 262,00 em espécie, uma bo-bina de fio, uma maleta de ferra-mentas, um medidos digital, um caderno de anotações, um bloco para cobrança dos clientes, além de um veículo Fiat/Uno, que se-ria utilizado para a execução do serviço clandestino.

A equipe seguiu com os três envolvidos encontrados no local e todo o material para a 128ª DP, onde foram autuados no Artigo 183 da Lei 9.472/97.

CENTROEm outra operação, guar-

nição em patrulhamento pe-la Rodovia Amaral Peixoto, foi solicitada por populares que informaram sobre um assalto com emprego de ar-ma branca (faca).

No local, os policais con-seguiram prender o suspei-to, Artur de Castro da Silva, de 22 anos, que teria ferido com um g olpe de faca no rosto um popular que tentou intervir durante o roubo. Os envolvidos, duas vítimas e o acusado foram encaminha-dos à 128ª DP, onde foi autu-ado e preso.

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016 9

BAIRROS EM DEBATE Duque de Caxias

Realidade ainda é a mesma no bairro Duque de Caxias Moradores cobram do poder público serviços básicos como limpeza, manutenção de rua e área de lazerMarianna [email protected]

Um bairro dividido pelas condições socioeco-nômicas e unido pelos

problemas. Essa é a realidade do Duque de Caxias, situado na área sul da cidade. Em se-tembro de 2015, a nossa equi-pe de reportagem esteve na localidade conversando com a população.

Na época, os moradores apresentaram diversas reivin-dicações. Oito meses depois, o que podemos ver é que os pro-blemas relatados continuam fazendo parte da rotina do bairro. Tal descaso do poder público tem gerado insatisfa-ção na população, que diz estar cansada de ouvir promessas.

às margens da Linha Verde, o bairro, que faz divisa com a Cancela Preta e o Bairro da Glória, fica estrategicamente localizado em uma das áreas mais valorizadas da cidade, próximo a Praia dos Cavalei-ros, ao shopping e ao polo in-dustrial. Porém, o contraste social fica evidente para qual-quer pessoa que passe por ali.

Sendo um pouco afastado da área central do município, Duque de Caxias é um daque-

les locais que juntam duas re-alidades distintas: de um lado um conjunto de belas casas e

FOTOS KANÁ MANHÃES

Bairro divide duas realidades sociais que, juntas, acumulam problemas

prédios de luxo e do outro uma infraestrutura mais carente.

Percorrendo algumas vias

da localidade, é fácil encontrar famílias que residem de forma precária e sem condições de hi-

giene que seriam condenadas por qualquer órgão público da saúde.

Quando se trata de reclama-ção de problemas, o bairro se torna um, não tendo pobre e nem rico. Em uma breve visi-ta pelas estreitas ruas da parte mais carente, é possível ver os principais pontos, que podem ser considerados os mais críti-cos do lugar.

Entre os problemas estão os terrenos cobertos por matos, falta de áreas de lazer e posto de saúde e os alagamentos na parte baixa. “Só quero que o governo olhe mais pelo bair-ro. Desde a última matéria, fo-ram poucas coisas feitas aqui. O Duque de Caxias precisa de mais atenção. O prefeito e seus secretários têm que mostrar serviços nas áreas carentes, principalmente no que se re-fere aos serviços de manuten-ção. Hoje é preciso investir 100% em infraestrutura aqui”, enfatiza o presidente da Asso-ciação de Moradores, Je�erson da Silva, ressaltando que falta diálogo com o governo. “Eu já fiz um ofício, enviado à pre-feitura, pedindo uma reunião com o prefeito, Aluízio, e ain-da não recebi resposta. Não tive nenhum retorno se ele irá me atender. Olha que isso foi protocolado direto no gabinete dele”, enfatiza.

Comunidade carece de áreas de lazerProporcionar aos cidadãos áreas de lazer com segurança e qualidade é um direito que está previsto dentro da Constituição Brasileira de 1988. De acordo com o § 3º do Art. 217, cabe ao Poder Público incentivar o lazer, como forma de promoção social. Proporcionar áreas de lazer digna também é um direito das crianças e adolescentes, previsto no Esta-tuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Apesar de a lei existir, o que geralmente vemos são situações opostas. Sem um espaço adequa-do, crianças e jovens brincam pelas ruas, sem nenhum tipo de estrutura e segurança. A falta de atividades faz com que eles fiquem vulneráveis, muitas vezes sendo levados para o caminho errado.

Segundo Jefferson, dentre as prioridades está o pedido que

será entregue à prefeitura para a desapropriação ou compra de um terreno no bairro para a constru-ção da praça.

“Há anos cobrando isso e sem-pre falavam que iam fazer. Só que estamos cansados de ouvir sempre a mesma história. Queremos ver as melhorias saindo do papel. Pro-curei a prefeitura e agora a descul-pa dela é a crise”, diz o presidente.

Je�erson diz que o posto de saú-de também entra nessa lista de ne-cessidades. “Quando alguém passa mal ou se machuca aqui a gente tem que ir ao posto mais próxi-mo, na região central ou direto ao HPM. Agora imagina se uma pessoa passa mal de madrugada e ainda precisa pegar ônibus para se deslocar. Tendo um espaço com pediatria e clínico geral já seria um adianto para a população do bair-ro”, solicita. Limpeza lidera a lista de reivindicações da população

Limpeza de terrenos e logradourosA falta de limpeza geral no bairro Duque de Caxias ainda continua tirando o sossego da população. Os moradores reclamam do mato alto em terrenos baldios, calçadas obstruídas pelos entulhos e carros abandonados.

Os entulhos, assim como o lixo, também são responsáveis pelos alagamentos, já que en-topem as entradas das galerias pluviais, impedindo o escoa-mento da água. “Precisamos de um mutirão de limpeza no bairro todo. Os terrenos bal-dios estão tomados pelo mato e entulhos, o que está virando criadouro de ratos e até mos-quito Aedes aegypti. Se nem o básico está sendo feito, imagi-ne as coisas mais complexas”, relata o morador.

Muitos moradores reco-

nhecem que grande parte do problema é proveniente da pouca importância dada por algumas pessoas. O mau hábi-to de jogar lixo nas ruas tam-bém pode ser evidenciado no bairro. Bocas de galerias acu-mulam resíduos como copos de plástico, latinhas, papel, entre outros lixos. Essa situa-ção contribui ainda mais para os alagamentos no local, uma vez que a água não consegue escoar pelas galerias pluviais.

Durante o encerramento desta edição, o presidente procurou a nossa equipe para informar que, após o jornal entrar em contato com a Co-municação da prefeitura, uma equipe da secretaria de Servi-ços Públicos foi até o bairro, onde iniciou os trabalhos de limpeza.

Mosquito é alvo de reclamação Uma velha história se re-pete, o problema de mosquitos na região. Essa situação é cons-tantemente alvo de reclama-ções não só no Duque de Caxias, como no Bairro da Glória, por onde passa o Canal do Capote. Passa o tempo e os insetos ainda continuam sendo alvo de recla-mações.

Mas não é só o canal que é res-ponsável por isso, o matagal e os entulhos também contribuem para que o problema continue acontecendo. Contra esses vi-sitantes indesejáveis os mora-dores se protegem com telas, mosquiteiros e muito repelen-te e inseticida. Mas nem mesmo isso tudo consegue conter o ata-que dos insetos.

“O CCZ tem atendido a gen-te, mas já tem cinco meses que não passa o carro fumacê aqui. Aproveito até para pedir a visi-ta dos agentes de endemias aqui no bairro”, solicita Je�erson. Moradores pedem conserto de buraco na antiga Rua B

Moradores pedem manutenção de viaPor estar situado em uma área elevada, a maioria das ruas do bairro é ladeira. Uma delas é a José Alen-car, antiga Rua B, que está com um buraco no meio da pista. “Ele já tomou a rua, situação que está dificul-tando a passagem de carros e motos. Por ser uma des-cida, corre o risco do con-dutor se acidentar”, relata o morador.

Já o b u r a c o q u e t i n h a próximo ao ponto de ôni-b u s d a L i n h a Ve r d e f o i consertado. “Eles coloca-ram as manilhas de volta, contudo, é preciso colo-car barreiras para que os veículos, como carro, não p a s s e m m a i s p o r c i m a , quebrando novamente”, solicita o presidente.

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ10 Macaé, domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016

QUESTÃODE JUSTIÇADelação Premiada

Muito tem se falado sobre a delação pre-miada, porém ainda sobram dúvidas sobre esse instituto processual criminal que, sur-preendentemente, já é previsto em nossas leis há muitos anos, e só agora está sendo posto em prática.

CONCEITOHá diversos conceitos destacados na

doutrina moderna brasileira sobre o as-sunto. Vejamos alguns.

O excelentíssimo professor Damásio de Jesus afirma que “A delação é a incrimina-ção de terceiro, realizada por um suspeito, investigado, indiciado ou réu, no bojo de seu interrogatório (ou em outro ato). ”

A delação premiada possui uma peculia-ridade, que é a necessidade de que o delator tenha relação direta e esteja envolvido no delito, por efeito contrário, ele será mera testemunha comum na investigação e não terá a premiação dada ao delator “válido”.

Outra situação, é a relevância que a con-fissão leva ao processo de investigação, as informações devem ser relevantes à inves-tigação para gerar o efeito da premiação na delação.

A delação premiada é, na verdade, um acordo entre Ministério Público e o réu, on-de este recebe uma premiação em troca das confissões que fará ao parquet. Quanto mais informação for dada, e maior relevância por aquele que delata, maior será o benefício a ele proporcionado.

Assim, o benefício ao delator pode ser a substituição de regime, redução ou extinção da pena, ou até mesmo o estabelecimento de regime penitenciário menos gravoso, a depender da legislação aplicável ao caso.

Sendo assim, a natureza da delação pre-miada irá variar conforme a situação do caso concreto, podendo ser, por exemplo, uma causa de diminuição de pena, inciden-te na terceira etapa do sistema trifásico de aplicação da pena, ou uma causa extinção da punibilidade, pois pode resultar na conces-são do perdão judicial, nos termos do art. 13 da Lei 9.807/99, abaixo transcrito:

“Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a re-querimento das partes, conceder o perdão judicial e a conseqüente extinção da puni-bilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resul-tado:

I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa;

II - a localização da vítima com a sua in-tegridade física preservada;

III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.

Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do beneficiado e a natureza, circunstân-cias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.”

Além disso, a delação premiada também tem um viés processual, posto valer como meio de prova na instrução processual penal.

Nesses casos, importante salientar que a delação não deverá servir como prova abso-luta contra aquele que está sendo delatado. O instituto apenas servirá como indicador da materialidade e da autoria do crime, de-vendo o processo ser instruído com outras provas que corroborem as informações apresentadas pelo delator.

Se assim não fosse, tal instituto serviria tão somente como uma forma de o dela-tor conseguir um benefício a todo custo, mesmo que, para isso, tivesse que atribuir a autoria da conduta delituosa a quem é inocente.

DELAÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO

No sistema brasileiro, a delação surgiu no século XVII, porém o sistema da delação premiada sofreu uma revogação nos anos 30, no período onde o Brasil passou pelo sistema governamental do Império.

Com a lei nº 8072/90, a delação pre-miada voltou a ter vigor, com a previsão de premiação ao delator.

Além da lei 8072/90, outras notadas leis também possuem sua devida ligação com a delação premiada. São elas: Decreto-Lei nº 2.848/40 (Código Penal Brasileiro), Lei nº 7.492/86 (Lei de crimes do colarinho branco), Lei nº 8.137/90 (Lei de crimes contra ordem tributária), Lei nº 9.034/95 (Lei de prevenção ao crime organizado), Lei nº 9.613/98 (Lei contra a lavagem de dinheiro), Lei nº 9.807/99 (Lei de proteção à testemunha e à vítima de crime) e Lei nº 11.343/06 (Lei antitóxico), que revogou a Lei nº 10.409/02.

OPERAÇÃO LAVA JATOA operação Lava Jato está sendo investi-

gada no Brasil pela Policia Federal, em uma grande operação, cujo objetivo é investigar um esquema de lavagem de dinheiro bilio-nário.

A investigação do caso teve início no ano

de 2014, onde os envolvidos no esquema são doleiros que operam mercado paralelo ao mercado de câmbio, envolvimentos com vendas e compras na Petrobras, emprei-teiras, entre outros.

O nome da operação é dado devido ao meio utilizado para a lavagem de dinheiro, que eram lavanderias e postos de combus-tíveis, pois assim camuflavam o dinheiro ilícito em lícito.

As empreiteiras teriam o papel de dispu-tar entre si o menor preço para que a Petro-bras contratasse o menor preço, o melhor negócio. Porém, no caso que acabava por acontecer seria a formação de um cartel. As empresas participantes da licitação se reu-niam, e entre elas decidiam quem ganharia a licitação, inflando o valor em benefício privado e arrombando os cofres públicos.

Os funcionários da Petrobras eram a ga-rantia de que só participariam das licitações as empresas envolvidas no cartel de licita-ções, já que se omitiam sobre o cartel e favo-reciam convidados, incluindo a ganhadora entre as empresas participantes da licitação.

Operadores financeiros eram os res-ponsáveis por intermediar o pagamento da propina com dinheiro já lavado

Agentes políticos são as pessoas com prerrogativa de função, participantes de partidos políticos responsáveis por indicar e manter os diretores da Petrobras, sendo assim, tendo força de influência direta sobre os indicados a estes cargos.

No processo da investigação, já houve vários delatores que saíram da organiza-ção em busca da premiação de diminuição da pena e outros benefícios. Paulo Roberto Costa foi o primeiro delator, em 2014. Al-berto Youssef assinou a delação premiada em setembro de 2014, Toyo Setal e Augus-to Mendonça também assinaram a delação premiada, e assumiram ter pago mais de 150 milhões de reais em propina.

Além destes investigados, existem mais 47 políticos investigados no caso Lava Jato, dentre eles: Renan Calheiros, Senador pe-lo estado de Alagoas pelo PMDB, Eduardo Cunha, Deputado Federal pelo estado do Rio de Janeiro pelo PMDB e Fernando Collor de Mello, Senador pelo estado de Alagoas pelo PTB.

As empresas participantes do esquema são a OAS, Galvão Engenharia, Engevix, Ca-margo Correa, UTC, Ordebrecht e Andrade Gutierrez.

A conclusão disso é que os partidos po-líticos manipulam funcionários e diretores da Estatal, pois têm a competência para co-locá-los nesses cargos. Sendo assim, coloca-ram nesses cargos apenas pessoas que acei-tavam as condições impostas pelos partidos, aceitando que as empresas participantes do cartel de licitações ganhassem as licitações, superfaturando o valor das obras.

Os operadores intermediários repassa-vam o dinheiro para os partidos políticos que, a princípio, armavam todo o esquema. Os partidos envolvidos no esquema de acor-do com o Ministério Público Federal são PP, PMDB e PT.

CONCLUSÕESDo extraído, há de se ver que o Brasil

tem um sistema processual que visa punir as condutas criminosas, mas que algumas delas tomam muito tempo. Operações e investigações minuciosas podem levar muito tempo, como é o caso da “Operação Lava Jato”, que já está sendo investigada há alguns anos e o processo ainda continua na busca de provas. Além disso, há as custas processuais que se adquirem no processo em busca de provas, salários dos investiga-dores, entre outros gastos.

É importante mencionar que finalizar a investigação põe fim a uma insegurança jurídica, insegurança da população em si, colocando a sociedade novamente em equilíbrio, resguardando e restaurando a confiança de um povo que já está des-gastado com a falência dos órgãos do go-verno que demoram a punir e resolver os conflitos.

Sendo assim, há de se ver a clara impor-tância e a grandeza do assunto estudado, uma vez que a delação premiada auxiliaria e reduziria o tempo, aumentando a eficácia e segurança das provas, trazendo ao Direito Processual Penal uma importante ferra-menta jurídica e mantendo a paz social, im-portante alicerce para qualquer sociedade.

Acredito que tal instituto está dispo-nível para que tais práticas ilegais sejam descobertas e, certamente, contribuirá para diminuir sensivelmente a sensação de impunidade.

Que Deus continue nos abençoando e que a fé, a esperança e principalmente o amor estejam presentes em nossos dias. Grande abraço a todos os leitores e até se-mana que vem.

A MAIOR DAS VIRTUDES “Assim, per-maneçam agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém é o amor”. I Conríntios, 13, versículo 13 da Bíblia Cristã.

FRANÇOIS PIMENTEL [email protected]

Sebastião Caldas se destaca em mais uma competição

EXEMPLO

Aos 85 anos o atleta maca-ense Sebastião Caldas segue esbanjando saúde e fazendo bonito nas competições. E no último final de semana não foi diferente. O atleta veterano conquistou o primeiro lugar em sua categoria (80/85) nos 10 km da Corrida realizada em

Com mais de 50 anos de carreira, seu Sebastião representa o município nas corridas em todo o país

Nova Friburgo em comemora-ção ao aniversário de 198 anos da cidade. Ele conta que con-cluiu o percurso em menos de uma hora.

“Foi uma grande conquista. A Competição reuniu mais de 800 atletas de cidades como Quissamã, Conceição de Ma-cabu”, disse.

O atleta que este ano com-pleta o seu 86º aniversário se prepara agora para participar de uma competição que será realizada no próximo dia 29 no Aterro. Já no dia 31 ele irá carregar a Tocha Olímpica na

cidade. “Essa será a segunda vez que vou carregar a Tocha. É uma felicidade muito gran-de”, conta.

Com mais de 50 anos de car-reira, seu Sebastião que antes era jogador de futebol (mas precisou optar por um espor-te menos pesado), representa o município nas corridas em todo o país. Ele faz parte da Ascom (Associação dos Cor-redores de Rua de Macaé). Ao todo são 21 anos participando da Corrida de São Silvestre. “Onde tem competição estou indo. O esporte é minha vida.

Não bebo, não fumo, não fa-ço uso de nenhum remédio, minha alimentação é à base de frutas, legumes e verduras e sou feliz com os resultados que venho conquistando ao longo da minha vida. Na mi-nha opinião quem deseja ser atleta não pode beber, ou fu-mar”, ressaltou.

Ao longo de sua carreira, o atleta vem colecionando troféus e medalhas. Para fa-zer bonito nas provas, além do cuidado com a alimenta-ção ele mantém um ritmo de treinos.

UFRJ Macaé recebe inscrição para IV Semana da Química

EDUCAÇÃO

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Campus Macaé Professor Aloísio Teixeira vai realizar no próximo mês a IV Semana da Química. O evento, com uma programação diversifi-cada será realizado na Cidade Universitária, entre os dias 13 e 17 de junho. De acordo com a equipe organizadora, toda a comunidade acadêmica da região norte-fluminense está convidada a participar. Os in-

A iniciativa visa ampliar e atualizar os conhecimentos dos estudantes, profissionais da Química e demais interessados

teressados podem se inscrever pelo <http://ivsemanadaqui-micam.wix.com/iv-semana-da-quimica>.

A programação vai contar com minicursos, palestras e oficina nas áreas de Química e similares. A iniciativa tem como objetivo ampliar e atu-alizar os conhecimentos dos estudantes e profissionais da Química, com conceitos, tec-nologias e métodos, além de permitir a troca de experiên-cias de cunho científico entre os estudantes de Química e áreas afins de todo o estado do Rio de Janeiro.

Ainda segundo a organiza-ção, as atividades visam tam-bém proporcionar ao aluno do Ensino Médio o contato com o

ambiente da universidade pú-blica assim como as produções e discussões científicas e tec-nológicas na área acadêmica.

O evento conta com o pa-trocínio da Faperj, Sinc e da Perkin Elmer e apoio da Fun-dação Educacional de Macaé - FUNEMAC. A taxa de inscri-ção é de R$ 30,00 que permite a inscrição em 2 (dois) mini-cursos, ou em 2 (duas) oficinas, ou ainda em 1 (um) minicurso + 1 (uma) oficina e ainda ga-rante a participação em todas as palestras do evento.

Entres os temas a serem abordados no encontro estão nas palestras, minicursos e ofi-cinas: “A Química e o Esporte”, “Fogo e água: 2 elementos da natureza em experimentos

química”, “Atmosferas Explo-sivas”, “Validação de métodos analíticos”, “Astroquímica”, “Corrosão, biocorrosão e mo-nitoramento de revestimen-tos”, “Nanocristais de Celulo-se”, “Nutrição esportiva: Da mesa ao Podium olímpico”, “Controle de Dopping”, “Se-miótica e Representação no Ensino de Química”, “Química Computacional: Uma Introdu-ção”, “Química Forense “, “In-trodução a Analise Térmica”, “Gêneros Textuais Acadêmi-cos: Leitura, Escrita e Refle-xões”, “Infravermelho: Teoria e Prática”, “Produtos Naturais Marinhos: da Biotecnologia às Interações com o Ambiente”, e “Síntese Orgânica - Uma abor-dagem introdutória”.

AÇÕES

Educação prepara Seminário com foco no combate à violência nas escolas A ideia é que no término do evento seja retirada uma carta compromisso com ações a serem realizadas em um prazo de seis meses Juliane Reis [email protected]

Com a finalidade de dar uma atenção especial às 22 unidades do município

onde se concentram o maior ín-dice de violência, a Secretaria de Educação vai retomar no pró-ximo mês o projeto “Educação para Paz”. A ideia é aproximar as famílias do ambiente escolar e promover ações nas unidades levando o aluno a se sentir parte da escola.

O início das atividades será nos dias 7 e 8 de junho com o Seminário “Educação Partici-pativa: Diálogos e Parcerias”. O evento aberto ao público vai acontecer na sede da Cidade Universitária.

De acordo com a programa-ção disponibilizada pela Secre-taria de Educação, no primeiro dia de atividade haverá abertu-ra com: Leitura Deleite - Con-tadores de Histórias, Memória Histórica da Democratização da Educação - com a Secretária de Educação Marilena Garcia, seguida de Concepção, Premis-sa básica, Os primeiros passos e legalização, além de uma pales-tra com o professor da Universi-dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Campus Macaé, Fran-cisco Esteves.

Já o segundo dia de encon-tro vai contar com atividade de abertura com Moises Marinho, Professor de Bioquímica da UFRJ e facilitador pela Inter-nacional Biocentric Foundaton / Suely Carvalho, mesa redonda com Gestores das escolas muni-

cipais, e roda de conversa com dinâmica, avaliação apreciativa, compartilhando experiências e outros.

Em entrevista à redação do Jornal O Debate a atual secre-tária de Educação, Marilena Garcia disse que as 22 unidades a qual pretende dar uma aten-ção especial oferece do 6º ao 9º ano de escolaridade e está inse-rida em várias partes da cidade, desde a área central aos bairros mais distantes. “A gente sabe que cada uma delas tem sua re-alidade, por isso vamos pensar em ações para cada uma. Nosso foco agora é nos alunos matri-culados nessas escolas”, disse a secretária.

Marilena esclareceu ainda que faz parte das atividades promover uma maior relação entre família x comunidade x escola. “A família, os pais preci-sam entender o papel da escola, e nós entendemos que temos que acolher os diferentes perfis que fazem hoje as unidades de ensino. A ideia é de que a partir do seminário a gente saia com a carta de ações a serem colo-cadas em prática nessas esco-las. Serão compromissos que teremos como meta atingir em um prazo de seis meses”, disse.

O Projeto Educação para Paz é uma iniciativa antiga da se-cretaria e que será retomado com o intuito de possibilitar o

envolvimento dos educadores, alunos e famílias quanto à refle-xão de valores como cidadania, respeito e ações para desen-volver cidadãos conscientes e promover um mundo melhor. Por meio dele, programas como Analfabetismo Zero, Orquestra nas escolas, Incentivo ao Espor-te, Jornal Escolar, entre outras atividades eram incentivadas nas escolas.

“A gente só faz a paz na esco-la acontecer se respeitarmos o protagonismo juvenil, por isso no momento nosso foco prin-cipal é esse: o protagonismo juvenil sendo respeitado pela família, escola e comunidade”, enfatizou a gestora da pasta.

KANÁ MANHÃES

Meta da atual secretária de Educação Marilena Garcia é retomar o Projeto “Educação para Paz” nas unidades

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016 Geral 11

COMÉRCIO

Criatividade para movimentar a economiaFestival Gourmet de Rio das Ostras começa nesta segunda-feira com pratos inéditos custando de R$ 19 até R$ 59Guilherme Magalhã[email protected]

Em períodos de baixa tempo-rada e desaceleração do estí-mulo ao consumo em níveis

recordes, toda iniciativa é bem vin-da. Pensando nisso, a partir desta segunda-feira, 11 estabelecimentos (9 restaurantes, 1 pub e 1 café) vão promover o 2º Festival Gourmet de Rio das Ostras. Segundo os organi-zadores, com pratos custando de R$ 19 até R$ 59, o evento seguirá até o próximo dia 5 de junho.

De acordo com Rosangela Lat-tanzi, presidente do Núcleo Gour-met de Rio das Ostras, e uma das

chefs participantes do festival, a expectativa é que durante as duas semanas de evento a movimenta-ção cresça até 50% nos estabele-cimentos participantes, que pre-param menus inéditos - entrada, prato principal e sobremesa - es-pecialmente para o evento.

“Apesar do atual momento nada estimulante da economia, espera-mos que o evento registre uma ex-celente movimentação. No ano pas-sado, quando realizamos a primeira edição do festival, eu vendi cerca de 250 pratos”, contou Lattanzi.

Promovido com o apoio do Se-brae, ainda segundo Lattanzi, o evento foi criado tendo como

exemplo o sucesso do Festival de Gastronomia de Macaé, realizado anualmente no Polo Gastronômico da Praia dos Cavaleiros.

“Como o Sebrae havia ajudado a montar o Polo em Macaé, rece-bemos deles esse auxílio de mon-tar um núcleo gastronômico para promover nossos eventos em con-junto aqui também. Desde então, só temos nos fortalecido”, pontuou Lattanzi.

A lista com todos os estabeleci-mentos participantes e os nomes dos pratos pode ser acessada atra-vés do site da prefeitura de Rio das Ostras <www.riodasostras.rj.gov.br>.

GUILHERME MAGALHÃES

A chef Rosangela Lattanzi, em frente ao seu restaurante ‘Nonna’

COLUNA

Como ajudar um familiar dependente químico

COMO AGIR QUANDO SE DESCOBRE O

ENVOLVIMENTO DE FAMILIARES COM

DROGAS?

Enfrentar o problema com perseve-rança, demonstrando imediato desejo de ajudar, nunca se omitir ou achar que é uma fase e logo vai passar. É fundamental im-pedir o progresso, não adianta repressão chamando o familiar de: maconheiro, va-gabundo, marginal, inútil. Deve ser aberto um canal de diálogo para descobrir como chegou nas drogas, e de imediato buscar ajuda de grupos especializados no assunto como Narcóticos Anônimos, psicólogos ou clinicas de reabilitação. A família não po-de dar espaço ao comodismo, dificilmen-te consegue resultados positivos sozinha, mesmo porque o desajuste pode estar nela, sendo o usuário nada mais que o sintoma mais aparente, a ajuda tem que ser para todos. Esta fase é da prevenção secundá-ria e não pode mais haver descuido, ela só existe porque houve falha na prevenção primária, que é a conscientização de não usar drogas pelo dialogo e educação.

QUAIS OS INDÍCIOS PRELIMINARES DO

CONSUMO DE DROGAS NA FAMÍLIA?

A droga geralmente aparece na ado-lescência. Muitas vezes, como uma ponte que permite o estabelecimento de falsos laços sociais, propiciando o jovem a per-tencer a um grupo de "iguais", sem cobran-ças, compromissos e limites. Os indícios dividem-se em três: 1-Comportamentais: troca constante de amigos, não levando estes para convívio familiar; afastamento dos velhos amigos de infância e familiares; mudança de personalidade (irritação, apá-tico, indiferente, sonolento, agitado); pou-co interesse pelos estudos com queda de rendimento escolar; abandono de coisas que gostava de fazer como leitura, espor-

O tenente-coronel Ramiro Campos dá dicas para enfrentar o problema

tes, entre outros. 2- Físicos: olhos averme-lhados, pupilas dilatadas, risadas sem cau-sa, tosse intensa, falta de concentração e corrimento nasal constante. 3- Materiais: sumiço de dinheiro ou objetos dentro de casa, ou posse por parte do jovem de rou-pas e objetos de valor incompatível com a renda familiar. Tais comportamentos também podem surgir na fase adulta.

QUAIS OS MALEFÍCIOS DAS DROGAS?

O malefício é único, destruição do maior bem tutelado pelo ordenamento jurídico a "vida", desenvolvendo um efei-to cascata que atinge a família e amigos. Primeiramente deixa de amar a si mesmo, comprometendo toda família; passa a ser agressivo com todos ao seu redor; comete pequenos delitos como furtos para sus-tentar o vício; se for jovem será aliciado para trabalhar no tráfico, pois lá rapida-mente ganhará dinheiro e terá destaque na comunidade através do poder bélico. É assustador, mas em algumas vezes é preso ou morto em confronto com policiais ou bandidos rivais. Infelizmente, o viciado, quando adulto, sempre acha que tem con-trole sobre o assunto. Porém, é inverdade.

QUAIS AS DROGAS MAIS

CONSUMIDAS E SEUS MALEFÍCIOS?

1- Cocaína: é consumida por inalação, injeção ou fumo, causando dependência imediata e risco de morte súbita mesmo no primeiro consumo. 2- Ectasy: consumida como pílula, inalação ou injeção, possui propriedades estimulantes e alucinógenas, provoca insuficiência renal, cardiovascular, além de lesão cerebral afetando os neurô-nios. 3 - Heroína: é feita de morfina, causa imediata dependência, problemas físicos, morte e aborto para mulheres grávidas. 4- Maconha: é fumada, causando grandes riscos à saúde do usuário como deficiência na memória, perda de coordenação e au-mento de frequência cardíaca. 5- Crack: é fumado, possui prazer efêmero e devasta-dor para o organismo, causa hipertensão,

problemas cardíacos e respiratórios.

COMO EVITAR QUE A DROGA

CHEGUE EM NOSSA CASA?

A família deve expor o assunto e inves-tir no debate sem preconceitos, mostrar aos filhos que existem outras opções na vida que proporcionam prazer imedia-tos e sem efeitos colaterais, como exem-plo podemos citar, esporte, passeios e viagens. Os pais devem sempre seguir as seguintes recomendações: acompanhar as atividades de seus filhos; estabelecer regras e condutas claras no lar, envolver-se afetivamente com a vida dos filhos, respeitar os ritos familiares e religiosos, e por fim, estabelecer claramente na hie-rarquia familiar direitos e obrigações. A formação de cada um de nós vem da fa-mília, esta tem a função de proteger seus filhos e favorecer neles o seu pleno desen-volvimento de competências.

QUAIS OS MAIORES ERROS COMETIDOS

PELOS PAIS QUANDO DESCOBREM O

FILHO ENVOLVIDO COM DROGAS?

Geralmente os pais sentem-se culpa-dos, questionando onde erraram na edu-cação do filho, não entendem porque está acontecendo com eles se nunca deixaram faltar nada em casa, culpam os grupos sociais a qual o filho pertence, não é hora de penitências e sim de ações imediatas. Outros erradamente dizem que preferem que os filhos consumam drogas com ele, do que na rua com amigos. Por fim, al-guns renegam amor e apoio à coisa mais preciosa que possuem na vida, seus filhos. Devemos ter em mente que o adolescente é um viajante que deixou um lugar e ainda não chegou no seguinte, vive um intervalo entre liberdades anteriores e responsabili-dades/compromissos subsequentes.

Quem quiser pode enviar sugestão de pauta para o e-mail do Tenente-coronel Ramiro Campos, o endereço é: [email protected]

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ12 Macaé, domingo, 22 e segunda-feira, 23 de maio de 2016