notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da...

17
Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras Leonardo Esteves Lopes 1,4 , Helberth José Cardoso Peixoto 2 & Diego Hoffmann 3 Introdução Apesar de a história natural ser uma ciência básica para o desenvolvimento de diversas outras, tais como a taxonomia, evolução, ecologia, etologia e biologia da conservação, é no- tório o declínio do número tanto de pesquisadores quanto de publicações na área ao longo das últimas décadas (Bowen et al. 1996). Apesar dos apelos para que a história natural de qualidade não deixe de ser produzida, o conhecimento sobre aspectos fundamentais da história natural de grupos relativa- mente bem conhecidos, como as Aves, é ainda muito deficien- te (Bartholomew 1986, Beehler 2010). Informações básicas sobre a biologia reprodutiva de muitas espécies de aves Ne- otropicais, tais como a época de reprodução, estrutura do ni- nho, tamanho dos ovos e da ninhada, ainda não se encontram disponíveis (Martin 1996, Stutchbury & Morton 2001). Para muitas outras espécies, a informação disponível é ainda es- cassa e fragmentária, provinda, por exemplo, de relatos não confirmados de terceiros (e.g. Euler 1900, Ihering 1900) ou de observações oportunísticas (e.g. Lopes et al. 2004). Estudos detalhados e de longo prazo, tais como os disponíveis para Suiriri islerorum (Lopes & Marini 2005a, b, França & Mari- ni 2010) são ainda raros, cobrindo apenas pontos isolados ao longo da distribuição geográfica da espécie. Dessa maneira, eventuais variações, como, por exemplo, as devidas ao clima, vegetação ou mesmo aquelas interpopulacionais, são ainda ig- noradas. Por acreditar que o conhecimento dos atributos da história de vida de uma espécie seja essencial para: 1) o desenvolvimento de estratégias de conservação e manejo; 2) o planejamento de estudos aprofundados sobre a ecologia de uma espécie e 3) ge- rar hipóteses que permitam investigar padrões nos parâmetros reprodutivos das aves neotropicais, este trabalho apresenta infor- mações relativas à biologia reprodutiva de 141 espécies de aves brasileiras. Áreas de Estudo Os registros apresentados neste estudo foram obtidos ao longo de uma série de expedições de curta duração conduzidas em ter- ritório brasileiro durante os últimos dez anos. Estas expedições apresentaram diferentes propósitos, motivo pelo qual a quase to- talidade dos ninhos não foi acompanhada de maneira sistemática. A Tabela 1 apresenta, de maneira sucinta, informações básicas sobre as localidades visitadas. Métodos A descrição dos ninhos segue a proposta de padronização apre- sentada por Simon & Pacheco (2005). Ninhos ainda em constru- ção geralmente não foram classificados em nenhuma categoria. Sempre que possível foram registradas as dimensões dos ninhos e dos ovos. As dimensões dos ninhos foram tomadas com paquí- metro (precisão = 1 mm). A descrição do formato dos ovos segue a classificação proposta por de la Peña (1987). Sempre que possí- vel os ovos foram medidos com paquímetro (precisão = 0,1 mm). Alguns ninhos, ovos e ninhegos foram coletados e depositados na Coleção Ornitológica Marcelo Bagno, Universidade de Brasília, Brasília (COMB), Coleção Ornitológica do Departamento de Zo- ologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte (DZUFMG) e Coleção Zoológica da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá (UFMT). As informações aqui apresentadas foram confrontadas com aquelas apresentadas pela mais abrangente compilação sobre a biologia das aves já realizada, o Handbook of the Birds of the World (del Hoyo et al. 1992-2012). Com o objetivo de se evitar uma comparação exaustiva e desnecessária com a literatura, cita- ções bibliográficas foram apresentadas apenas nos casos em que os dados aqui apresentados foram considerados inéditos ou que divergiram dos compilados pela publicação acima citada. Resultados e Discussão Abaixo são apresentadas a descrição dos ninhos, ovos, ninhe- gos e juvenis de algumas espécies de aves brasileiras. Para aque- las espécies cuja biologia reprodutiva já se encontra exaustiva- mente descrita, ou para as quais não foi possível examinar em detalhes os ninhos, ovos ou ninhegos, são apresentadas apenas as datas dos registros reprodutivos, de modo a permitir um melhor entendimento do ciclo reprodutivo das aves brasileiras. FAMÍLIA TINAMIDAE Nothura maculosa (Temminck, 1815) São Pedro do Butiá, XII/2001. Ninho com cinco ovos encon- trado em meio a uma lavoura de milho. FAMÍLIA ANATIDAE Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766) Monte Alto, 19 e 21/III/2004. Dois grupos de juvenis ainda pe- quenos observados acompanhando casal de adultos. Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) Monte Alto, 21/III/2004. Grupo de juvenis ainda pequenos ob- servados acompanhando um casal de adultos. ISSN 1981-8874 9 771981 887003 1 7 1 0 0 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br 33

Upload: lecong

Post on 23-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras

Leonardo Esteves Lopes1,4, Helberth José Cardoso Peixoto2 & Diego Hoffmann3

IntroduçãoApesar de a história natural ser uma ciência básica para o

desenvolvimento de diversas outras, tais como a taxonomia, evolução, ecologia, etologia e biologia da conservação, é no-tório o declínio do número tanto de pesquisadores quanto de publicações na área ao longo das últimas décadas (Bowen et al. 1996). Apesar dos apelos para que a história natural de qualidade não deixe de ser produzida, o conhecimento sobre aspectos fundamentais da história natural de grupos relativa-mente bem conhecidos, como as Aves, é ainda muito deficien-te (Bartholomew 1986, Beehler 2010). Informações básicas sobre a biologia reprodutiva de muitas espécies de aves Ne-otropicais, tais como a época de reprodução, estrutura do ni-nho, tamanho dos ovos e da ninhada, ainda não se encontram disponíveis (Martin 1996, Stutchbury & Morton 2001). Para muitas outras espécies, a informação disponível é ainda es-cassa e fragmentária, provinda, por exemplo, de relatos não confirmados de terceiros (e.g. Euler 1900, Ihering 1900) ou de observações oportunísticas (e.g. Lopes et al. 2004). Estudos detalhados e de longo prazo, tais como os disponíveis para Suiriri islerorum (Lopes & Marini 2005a, b, França & Mari-ni 2010) são ainda raros, cobrindo apenas pontos isolados ao longo da distribuição geográfica da espécie. Dessa maneira, eventuais variações, como, por exemplo, as devidas ao clima, vegetação ou mesmo aquelas interpopulacionais, são ainda ig-noradas.

Por acreditar que o conhecimento dos atributos da história de vida de uma espécie seja essencial para: 1) o desenvolvimento de estratégias de conservação e manejo; 2) o planejamento de estudos aprofundados sobre a ecologia de uma espécie e 3) ge-rar hipóteses que permitam investigar padrões nos parâmetros reprodutivos das aves neotropicais, este trabalho apresenta infor-mações relativas à biologia reprodutiva de 141 espécies de aves brasileiras.

Áreas de EstudoOs registros apresentados neste estudo foram obtidos ao longo

de uma série de expedições de curta duração conduzidas em ter-ritório brasileiro durante os últimos dez anos. Estas expedições apresentaram diferentes propósitos, motivo pelo qual a quase to-talidade dos ninhos não foi acompanhada de maneira sistemática. A Tabela 1 apresenta, de maneira sucinta, informações básicas sobre as localidades visitadas.

MétodosA descrição dos ninhos segue a proposta de padronização apre-

sentada por Simon & Pacheco (2005). Ninhos ainda em constru-ção geralmente não foram classificados em nenhuma categoria. Sempre que possível foram registradas as dimensões dos ninhos e dos ovos. As dimensões dos ninhos foram tomadas com paquí-metro (precisão = 1 mm). A descrição do formato dos ovos segue a classificação proposta por de la Peña (1987). Sempre que possí-vel os ovos foram medidos com paquímetro (precisão = 0,1 mm). Alguns ninhos, ovos e ninhegos foram coletados e depositados na Coleção Ornitológica Marcelo Bagno, Universidade de Brasília, Brasília (COMB), Coleção Ornitológica do Departamento de Zo-ologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte (DZUFMG) e Coleção Zoológica da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá (UFMT).

As informações aqui apresentadas foram confrontadas com aquelas apresentadas pela mais abrangente compilação sobre a biologia das aves já realizada, o Handbook of the Birds of the World (del Hoyo et al. 1992-2012). Com o objetivo de se evitar uma comparação exaustiva e desnecessária com a literatura, cita-ções bibliográficas foram apresentadas apenas nos casos em que os dados aqui apresentados foram considerados inéditos ou que divergiram dos compilados pela publicação acima citada.

Resultados e DiscussãoAbaixo são apresentadas a descrição dos ninhos, ovos, ninhe-

gos e juvenis de algumas espécies de aves brasileiras. Para aque-las espécies cuja biologia reprodutiva já se encontra exaustiva-mente descrita, ou para as quais não foi possível examinar em detalhes os ninhos, ovos ou ninhegos, são apresentadas apenas as datas dos registros reprodutivos, de modo a permitir um melhor entendimento do ciclo reprodutivo das aves brasileiras.

FAMÍLIA TINAMIDAENothura maculosa (Temminck, 1815)

São Pedro do Butiá, XII/2001. Ninho com cinco ovos encon-trado em meio a uma lavoura de milho.

FAMÍLIA ANATIDAEDendrocygna viduata (Linnaeus, 1766)

Monte Alto, 19 e 21/III/2004. Dois grupos de juvenis ainda pe-quenos observados acompanhando casal de adultos.

Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789)Monte Alto, 21/III/2004. Grupo de juvenis ainda pequenos ob-

servados acompanhando um casal de adultos.

ISSN 1981-8874

9 771981 887003 17100

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br 33

Page 2: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

Tabela 1. Localidades visitadas e suas coordenadas geográficas e altitude aproximada.Localidade Município UF Lat (S) Long (W) Alt (m)APA Rio Pandeiros Januária MG 15º40’ 44º38’ 470Asa Sul Brasília DF 15°46’ 47°55’ 1000Buritizeiro Buritizeiro MG 17º23’ 44º59’ 530Campo das Vertentes Bom Jardim de Minas MG 21°50’ 44°10’ 1100Campus da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte MG 19°52’ 43°58’ 820Casa de Pedra Congonhas MG 20º29’ 43º53’ 980Chapada Diamantina Mucugê BA 13°00’ 41°21’ 1000Chapada dos Gerais Rubelita MG 16º27’ 42º20’ 660Chapada dos Veadeiros Alto Paraíso de Goiás GO 14°09’ 47°35’ 1160Condomínio Retiro das Pedras Nova Lima MG 20º06’ 43º59’ 1460Congonhas Congonhas MG 20º30’ 43º51’ 950Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete MG 20º37’ 43º46’ 950Corumbá Corumbá MS 19° 10' 57° 3' 210Estação de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental de Peti São Gonçalo do Rio Abaixo MG 19°54’ 43°23’ 700Estação Ecológica de Águas Emendadas Planaltina DF 15°32’ 47°37’ 1040Fazenda Baía de Pedra Cáceres MT 16°27’ 58°10’ 110Fazenda Bela Vista Arcos MG 20º19’ 45º28’ 850Fazenda do Açude Paraopeba MG 19°11’ 44°31’ 720Fazenda do Sr. João Ribas Araponga MG 20°40’ 42°30’ 1100Fazenda Faroeste Arcos MG 20°16’ 45°40’ 680Fazenda Vargem Grande Belo Vale MG 20º23’ 44º02’ 880Fechos – Área de Captação MG 20° 04' 43°58' 1160Gordura Nova Lima MG 20º03’ 43º57’ 1320Granja Glória Itaúna MG 20º03’ 44º37’ 750Instituto Inhotim Brumadinho MG 20º07’ 44º13’ 750Itaú de Minas Itaú de Minas MG 20°44’ 46°43’ 850Joaquim Murtinho Congonhas MG 20º32’ 43º48’ 890Luminárias Luminárias MG 21°30’ 44°54’ 920Mata do Paraíso Viçosa MG 20º48’ 42º51’ 750Moeda Moeda MG 20º19’ 44º02’ 800Monte Alto São Domingos GO 13°38’ 46°45’ 450Morro do Engenho Congonhas MG 20º27’ 43º53’ 1190Parque Estadual da Serra do Rola Moça Nova Lima MG 20°03’ 44°00’ 1400Parque Municipal da Cachoeira Congonhas MG 20º27’ 43º51’ 900Parque Municipal Rego dos Carrapatos Nova Lima MG 19º58’ 43º52’ 800Parque Nacional da Serra do Cipó Jaboticatubas MG 19º20’ 43º37’ 800Passa Tempo Passa Tempo MG 20° 39' 44°30' 860PCH Funil Dores de Guanhães MG 19°05’ 42°51’Pousada Ararauna Aquidauana MS 19°39’ 55°37’ 120Pousada Vargem do Cedro Belo Vale MG 20º26’ 43º59’ 850Retiro Novo N. Sra. do Livramento MT 16°22’ 56°17’ 125Rio Aripuanã Aripuanã MT 10°09’ 59°26’ 300Rio Corrente Grande Açucena MG 18º57’ 42º29’ 300Rio Ibicuí São Vicente do Sul RS 29° 48' 54° 40' 90Rio Ijuí Roque Gonzales RS 28° 08' 55° 03' 140Rio Itabapoana Itaperuna RJ 20°59’ 41°43’ 360Rio Maranhão Padre Bernardo GO 15°07’ 48°15’ 600Rio Pinho Santos Dumont MG 21º29’ 43º26’ 660Rio Preto Dores do Rio Preto ES 20°45’ 41°52’ 800Rio Verde Varginha e Elói Mendes MG 21°35’ 45°30’ 850RPPN Santuário do Caraça Catas Altas MG 20º05’ 43º29’ 1280Santa Mônica II Igarapé MG 20º06’ 44º19’ 915São Pedro do Butiá São Pedro do Butiá RS 28° 07' 54° 54' 225Serra Azul Itatiaiuçu MG 20°07’ 44°21’ 1300Serra Bandeira Congonhas MG 20º26’ 43º55’ 1440

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br34

Page 3: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

FAMÍLIA PODICIPEDIDAETachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766)

PCH Funil, 21/XI/2007. Adulto acompanhado de cinco juvenis em um pequeno açude artificial.

FAMÍLIA CICONIIDAEJabiru mycteria (Lichtenstein, 1819)

Pousada Ararauna, 15/VIII/2002. Adulto construindo ninho.

FAMÍLIA ARDEIDAEBubulcus ibis (Linnaeus, 1758) - cesto baixo/base

Rio Itabapoana, 11/VIII/2004. Ninhal ativo em uma ilha flu-vial. O ninhal apresentava cerca de 60 ninhos construídos com gravetos secos, não sendo possível determinar se os adultos se encontravam incubando ou já com filhotes jovens.

Rio Verde, 2004. Ilhas fluviais de pequeno porte foram utiliza-das como dormitório por indivíduos desta espécie, já sendo pos-sível observar a plumagem nupcial tingida de ferrugem, típica da espécie no dia 5 de setembro. Nas mesmas ilhas, no dia 5 de outubro, diversos ninhos foram observados em estágio avançado de construção, alguns deles a menos de 1 m da água.

Ardea alba (Linnaeus, 1758) - cesto baixo/baseRio Verde, 04/X/2004. Pelo menos cinquenta ninhos ativos,

construídos com gravetos secos, foram observados em uma ilha fluvial. Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi-bindo seus displays reprodutivos já na primeira semana de se-tembro. Os ninhos destas espécies nunca foram observados na mesma ilha que os de Bubulcus ibis.

FAMÍLIA CATHARTIDAECoragyps atratus (Bechstein, 1793) - simples/desnudo

Rio Verde, 04/X/2004. Um ninho contendo um filhote ainda recoberto por penugens brancas foi observado sob uma árvore caída, no meio de um pasto.

Campus da Universidade Federal de Minas Gerais, 18/VII/2005. Três ninhos ativos observados no mesmo dia em uma área de floresta secundária. Um deles continha um ovo, outro continha um ninhego jovem e um terceiro continha dois ninhegos já bem desenvolvidos.

Campo das Vertentes, 26/VII/2005. Adulto encontrado incu-bando em uma área de campo rupestre, dentro de uma pequena câmara localizada debaixo de algumas grandes rochas. Câmara baixa e apertada, sendo o acesso ao seu interior possível apenas rastejando. Dois ovos ovoides, branco azulados, recobertos por manchas chocolate distribuídas irregularmente por sua superfí-cie, concentradas ao redor do polo rombo, medindo (mm): 68,9 x 48,6 e 73,6 x 48,6.

Luminárias, 30/VIII/2011. Ninho localizado em uma cavidade em um barranco, ao lado de um curso d’água, na borda de uma floresta galeria em meio à pastagem. Havia apenas um ninhego no ninho, já grande e emplumado.

FAMÍLIA ACCIPITRIDAEGampsonyx swainsonii Vigors, 1825

Corumbá, 17/IX/2005. Adulto carregando material para a cons-trução do seu ninho.

Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) - cesto baixo/baseRio Verde, 06/IX/2004. Ninho encontrado no alto de uma

árvore isolada em uma pastagem, a 4,0 m de altura, construí-do com gravetos secos e forrado com fibras vegetais macias. Adulto incubava um ovo elíptico, branco, imaculado, medindo 57,1 x 46,1 mm, já apresentando fissuras indicando início de eclosão.

Retiro Novo, 15/IX/2005. Cópula observada.Corumbá, 17/IX/2005. Adulto carregando material para a cons-

trução do seu ninho.

Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) - cesto baixo/baseParque Estadual do Rola Moça, 26/X/2005. Ninho construído

em uma Vochysia sp. de 3 m de altura, isolada em meio a um campo sujo, na encosta íngreme da serra. Ninho construído com gravetos secos e forrado com um pouco de capim, contendo um ninhego bem desenvolvido, completamente recoberto de penu-gens brancas, já surgindo penas marrons e negras ao longo de di-versas partes do corpo. Quando da aproximação do observador, o filhote se ergueu e permaneceu com as asas abertas na horizontal, num claro display de intimidação (Figura 1).

PCH Funil, 27/IX/2007. Ninho construído em uma árvore no alto de um morro, em uma área degradada. Ninho continha dois filhotes.

FAMÍLIA FALCONIDAECaracara plancus (Miller, 1777)

Pousada Ararauna, 17/VIII/2002. Cópula observada em área de campo alagado.

ESECAE, 23/VIII/2003. Cópula observada em área de cerrado típico.

Asa Sul, 01/IX/2003. Cópula observada em área urbana. Parque Nacional da Serra do Cipó, 14/X/2004. Adulto carre-

gando material para a construção do seu ninho.

FAMÍLIA RALLIDAELaterallus melanophaius (Vieillot, 1819)

Conselheiro Lafaiete, 30/I/2011. Casal de adultos acompa-nhado por um juvenil ainda bem pequeno com plumagem pre-dominantemente escura, sendo o píleo negro, o dorso e asas cinzas, bochecha e peito pardos e penas do flanco escuras com a borda clara, em um padrão semelhante ao do adulto. O jo-vem seguia os adultos entre taboas (Typha sp.) em uma área brejosa e também vocalizava quando os mesmos respondiam ao playback emitido.

Figura 1. Ninhego de Geranoaetus albicaudatus no Parque Estadual do Rola Moça, Minas Gerais, em 26 de outubro de 2005 (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br 35

Page 4: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

Gallinula galeata (Lichtenstein, 1818)São Pedro do Butiá, 11/I/2005. Adulto acompanhado de três

filhotes bem desenvolvidos.

Porphyrio martinica (Linnaeus, 1766)Monte Alto, 20/III/2004. Adulto acompanhado de juvenis ain-

da bem pequenos.

FAMÍLIA CARIAMIDAECariama cristata (Linnaeus, 1766)

Granja Glória, 01/V/2012. Jovem seguindo os adultos e sendo alimentado com pequena aranha.

FAMÍLIA STERNIDAESternula superciliaris (Vieillot, 1819) - simples/desnudo

Rio Ibicuí, 10/X/2001. Ninho com dois ovos.

FAMÍLIA RYNCHOPIDAERynchops niger (Linnaeus, 1758) - simples/desnudo

Rio Ibicuí, 10/X/2001. Ninho com dois ovos.

FAMÍLIA COLUMBIDAEColumbina picui (Temminck, 1813) - cesto baixo/base

Monte Alto, 21/III/2005. Ninho construído sobre um mourão de cerca a 1,5 m de altura, confeccionado com fibras vegetais e forra-do com penas, provavelmente da mesma espécie de ave. Um ovo branco levemente rosado, imaculado, elipsoide, medindo 22,1 x 16,0 mm e pesando 3,2 g. Outro ninho foi encontrado no mesmo dia a 15 m deste ninho, tendo sido construído sobre uma viga do telhado da fazenda. O único ovo mediu 21,3x15,6 mm e pesou 2,8 g.

Columbina minuta (Linnaeus, 1766) - cesto baixo/baseChapada Diamantina, 06/III/2005. Ninho a 60 cm de altura,

em área de campo rupestre, construído com talos de gramíneas e apoiado entre os ramos de uma Vellozia sp. seca, medindo (cm): diâmetro externo 8,0, diâmetro interno 5,0, altura 3,5 e profundi-dade 1,0. Dois ovos branco sujos, imaculados, elipsoides, medin-do (mm) 20,3 x 15,1 e 21,3 x 15,1.

Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792) - simples/plataformaVarginha, 04/IX/2004. Adulto no ninho, cujo status não pôde

ser determinado.

Leptotila verreauxi (Bonaparte, 1855) - simples/plataformaRio Maranhão, 23/I/2003. Ninho em floresta ciliar, a 2,7 m de

altura, construído com gravetos, medindo 15 cm de diâmetro e contendo dois ovos esbranquiçados, imaculados, elipsoides, me-dindo (mm): 28,6 x 22,2 e 29,6 x 22,4.

Rio Verde, 03/IX/2004. Ninho em floresta ciliar degradada, construído a 1,5 m de altura, em meio a um adensamento de ar-bustos e touceiras de capim. Ninho confeccionado com fibras vegetais e folhas de capim, medindo (cm): diâmetro externo 15, diâmetro interno 9, altura 4,5, profundidade 2,5. O ninho com-portava dois ovos esbranquiçados, imaculados, elipsoides, me-dindo (mm) 27,4 x 21,7 e 28,5 x 22,2.

Gordura, 22/VIII/2009. Ninho encontrado em uma borda de capoeira, apoiado sobre um emaranhado de cipós, a pouco menos de um metro de altura. Era confeccionado com fibras vegetais grosseiras e alguns gravetos finos. Continha dois ovos brancos e imaculados.

Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) - simples/plataformaSão Pedro do Butiá, 26/XII/2005. Ninho contendo dois ovos.

FAMÍLIA PSITTACIDAEBrotogeris chiriri (Vieillot, 1818)

Asa Sul, 19/VII/2003. Cópula observada na área urbana da ci-dade.

FAMÍLIA CUCULIDAEPiaya cayana (Linnaeus, 1766)

Itaú de Minas, 05/XI/2004. Adulto construindo ninho na borda de floresta semidecídua secundária.

Crotophaga major (Gmelin, 1788) - simples/plataformaCorumbá, 24/I/2006. Ninho com seis ninhegos.Fazenda Baía de Pedra, 21/VIII/2008. Ninho encontrado em

uma área de campo de murundu alagado, em uma árvore a 3 m de altura. Simples plataforma de gravetos secos, contendo dois ninhegos.

FAMÍLIA NYCTIBIIDAENyctibius grandis (Gmelin, 1789)

Parque Estadual do Rio Doce, 16/II/2003. Dois indivíduos adultos e outro juvenil foram observados pousados em árvores adjacentes, separados por não mais que 30 m uns dos outros. O jovem apresentava plumagem bem mais esbranquiçada que o adulto, especialmente nas rêmiges. Esta espécie é relati-vamente comum na área do parque, onde um indivíduo foi observado pousado no mesmo poleiro diurno em quatro anos consecutivos.

Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) - simples/desnudoSão Pedro do Butiá, 15/I/2005. Adulto observado acompanha-

do de ninhego. No dia 21 de janeiro, apenas o ninhego podia ser observado no mesmo poleiro.

FAMÍLIA STRIGIDAEAsio clamator (Vieillot, 1808) - simples/desnudo

São Pedro do Butiá, 25/VII/2002. Ninho no solo com dois ni-nhegos em uma clareira encontrada em um fragmento florestal. No mesmo, local no dia 26/IV/2011, foi registrado um novo ni-nho com quatro ninhegos (Figura 2).

Figura 2. Ninho com quatro ninhegos de Asio clamator registrado no dia 26 de abril de 2011 na zona rural de

São Pedro do Butiá, RS. (Foto: Diego Hoffmann).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br36

Page 5: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

FAMÍLIA CAPRIMULGIDAEHydropsalis nigrescens (Cabanis, 1848) - simples/desnudo

Rio Aripuanã, 16/IX/2004. Adulto incubando em uma praia arenosa na margem esquerda do rio Aripuanã, por sobre as fo-lhas secas acumuladas debaixo de uma árvore. Ovo salmão, com algumas grandes manchas arroxeadas e várias grossas estrias cordiformes e manchas cor de chocolate, de formato elipsoide, medindo 28,5x18,6 mm (Figura 3).

Hydropsalis climacocerca (Tschudi, 1844) - simples/desnudoRio Aripuanã, 15/IX/2004. Dois registros reprodutivos para

esta espécie, ambos entre pedras na margem do rio, que ficam submersas durante as chuvas. No primeiro, um adulto foi obser-vado incubando um ovo ocre acinzentado, inteiramente recoberto de pontuações e pequenas e finas estrias marrom acinzentadas. Quatro dias após ser encontrado, o ovo eclodiu. No segundo, um adulto foi observado recobrindo um ninhego com cerca de quatro dias de vida.

Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789) - simples/desnudoParque Estadual do Rola Moça, 20/X/2005. Ninho ausente,

sendo os dois ninhegos observados diretamente sobre a canga couraçada. Quando da aproximação do observador, os ninhe-gos, ainda pequenos, se puseram a correr com as asas levan-tadas.

Parque Estadual do Rola Moça, 26/X/2005. Dois ovos postos diretamente sobre a canga couraçada, apresentando formato elip-soide e coloração salmonada, sendo recobertos por uma camada de manchas foscas violáceas e uma segunda camada de estrias e pontuações marrom avermelhadas, medindo (mm): 26,2 x 21,3 e 27,9 x 20,5.

FAMÍLIA APODIDAECypseloides senex (Temminck, 1826) - cesto baixo/base

Rio Aripuanã, 14/IX/2004. Alguns milhares de andorinhões desta espécie se reproduzem nos paredões rochosos do salto das Andorinhas e Dardanelos, no rio Aripuanã. O ninho é construído com fibras vegetais e musgos, apresentando um ovo branco, de formato piriforme e alongado, medindo 36,0 x 22,6 mm e pe-sando 9,5 g (Figura 4). Ninho e ovo coletados e depositados na UFMT.

FAMÍLIA TROCHILIDAEPhaethornis ruber (Linnaeus, 1758) - cesto alto/pendente

Instituto Inhotim, 31/VIII/2008. Ninho aderido à ponta de uma folha de samambaia, localizado em um barranco às mar-gens de uma estrada de terra, a menos de um metro do solo, na borda de floresta semidecídua secundária. A câmara incu-batória era revestida externamente por musgos em sua parte superior, e por paina e liquens aglutinados com teias de aranha nas paredes internas. Possuía um longo e fino prolongamen-to abaixo da câmara incubatória, confeccionado com pedaços de musgos, liquens e pequenas folhas concentradas na par-te terminal, aglutinados com teias de aranha. Um indivíduo encontrava-se deitado no ninho.

Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839)PCH Funil, 20/XI/2007. Ninho em fase inicial de construção,

apoiado debaixo da marquise de um barranco.

Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) - cesto baixo/basePCH Funil, 23/XI/2007. Adulto coletando aquênios de taboa

(Typha sp.) para construir seu ninho.Instituto Inhotim, 31/V/2008. Ninho localizado em um jardim,

aderido a um galho de arbusto a aproximadamente 1 m de altu-ra. Era confeccionado basicamente por paina, revestido exterior-mente por liquens, poucos pedaços de musgos e teias de aranha. Continha dois ninhegos já emplumados.

Colibri serrirostris (Vieillot, 1816)Parque Estadual da Serra do Rola Moça, 03/VIII/2005. Ninho

em construção.

Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) - cesto baixo/pendenteParque Estadual do Itacolomi. Três ninhos encontrados ao

longo de uma estrada de terra, em meio a um trecho de floresta semidecídua secundária. Ninho localizado debaixo da marqui-se do barranco que fora cortado para a abertura da estrada, pendente em meio a raízes e ramos da samambaia invasora (Pteridium sp.). Ninho decorado na sua superfície exterior com folhas secas, ritidomas endurecidos e alguns liquens. O primeiro ninho foi encontrado em 29/VII/2007, contendo dois ovos esbranquiçados e elípticos. Os dois outros ninhos foram encontrados em 04/VIII/2007, um deles contendo dois ovos e o outro dois ninhegos jovens.

Figura 3. Ninho de Hydropsalis nigrescens encontrado às margens do Rio Aripuanã em 16 de setembro de 2004. Foto: (Foto: Leonardo Lopes).

Figura 4. Ninho de Cypseloides senex encontrado às margens do Rio Aripuanã em 14 de setembro de 2004. (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br 37

Page 6: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818) - cesto alto/forquilhaParque Estadual do Itacolomi, 04/VIII/2007. Ninho encontra-

do no sub-bosque de uma floresta semidecídua secundária, em uma arvoreta, a 1,2 m de altura. Ninho inteiramente revestido por ritidomas macios e também por alguns poucos aquênios de Aste-raceae e pedaços de liquens, contendo dois ovos esbranquiçados e elípticos.

Polytmus guainumbi (Pallas, 1764) - cesto alto?/forquilhaFazenda Baía de Pedra, 24/II/2008. Ninho encontrado em uma

área de campo de murundum alagado, em uma herbácea a 0,6 m de altura. Ninho em construção, revestido externamente por liquens e internamente por grande quantidade de aquênios de As-teraceae.

Amazilia lactea (Lesson, 1832)Varginha, 02/IX/2004. Adulto construindo ninho em uma ca-

poeira.

Heliactin bilophus (Temminck, 1820) - cesto baixo/baseRio Maranhão, 22/I/2003. Ninho confeccionado com painas,

liquens e teia de aranha, apoiado em um talo de capim, na mar-gem de uma estrada de terra, em uma área de cerrado degradado. O ninho continha dois ovos bege claros, imaculados, elipsoides e muito alongados.

Calliphlox amethystina (Boddaert, 1783) - cesto baixo/baseSerra Azul, 24/VIII/2009. Ninho apoiado sobre um galho de um

arbusto seco, a 1 m de altura, localizado em uma área de campo sujo na encosta da serra. Confeccionado com paina aglutinada com teia de aranha e liquens verdes em seu exterior. Os mesmos liquens estavam presentes nos galhos do arbusto, ao lado do ninho. O ninho continha um ovo branco e um ninhego recém-nascido.

FAMÍLIA GALBULIDAEGalbula ruficauda (Cuvier, 1816)

Parque Nacional da Serra do Cipó, 14/X/2004. Adulto levando alimento para filhotes, entrando em um ninho escavado em um barranco.

PCH Funil, 16/X/2007. Casal escavando ninho em um barran-co.

FAMÍLIA PICIDAEMelanerpes cruentatus (Boddaert, 1783) - cavidade/sem túnel

Rio Aripuanã, 24/IX/2004. Ninho em cavidade escavada no tronco de uma árvore morta, em meio a uma pastagem, na borda de uma floresta de terra firme. Entrada do ninho com 4,5 cm de diâmetro. Adultos levando alimento para ninhegos, que não pu-deram ser visualizados.

Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) - cavidade/sem túnelSerra Azul, 16/X/2009. Ninho em cavidade escavada no tronco

de uma árvore em meio a uma pastagem, próximo à borda de um fragmento de floresta semidecídua. Ninho continha pelo menos um ninhego já completamente emplumado, na iminência de dei-xar o ninho.

Colaptes campestris (Vieillot, 1818) - cavidade/sem túnelRio Verde, 06/IX/2004. Ninho em câmara escavada em um

cupinzeiro terrestre, em meio a uma pastagem, a 20 m da floresta

ciliar. Os três filhotes estavam nus e com olhos fechados, medin-do 13 cm de comprimento total, sendo que pelo menos um deles estava parasitado na coxa por uma larva hematófaga intradérmica de Philornis sp. (Diptera) (Figura 5).

FAMÍLIA THAMNOPHILIDAEHerpsilochmus atricapillus (Pelzeln, 1868) - cesto baixo/lateral

Instituto Inhotim, 26/I/2009. Ninho construído com fibras ve-getais finas, localizado entre os galhos de uma arvoreta, a 2 m de altura, no jardim botânico. A fêmea encontrava-se deitada no ninho.Thamnophilus capistratus (Lesson, 1840)

APA Rio Pandeiros, 12/XII/2012. Casal adulto alimentando dois juvenis em uma pequena e densa capoeira, próximo ao solo. Filhotes ainda com a capacidade de voo restrita, mas já apresen-tando dimorfismo sexual evidente.

Thamnophilus torquatus (Swainson, 1825)Parque Estadual da Serra do Rola Moça, 11/V/2005. Juvenil

sendo alimentado por adulto, já fora do ninho. Em março, um adulto havia sido observado transportando comida em seu bico no mesmo local.

Thamnophilus caerulescens (Vieillot, 1816) - cesto baixo/for-quilha

Itaú de Minas, 05/XI/2004. Um ninho em construção encon-trado na borda de um fragmento de floresta semidecídua, a 0,9 m de altura.

Figura 5. Ninho de Colaptes campestris encontrado próximo ao Rio Verde, Varginha, Minas Gerais, em 6 de setembro de 2004. A primeira foto

mostra os dois ninhegos ainda dentro do ninho. A segunda foto mostra o detalhe da perna de um ninhego parasitado por uma larva hematófaga intradérmica de Philornis sp. (Diptera) (seta). (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br38

Page 7: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

Campus da Universidade Federal de Minas Gerais, 04/XII/2007. Fêmea adulta transportando alimento no bico para seus filhotes.

Serra Azul, 15/X/2009. Um ninho encontrado na borda de um fragmento de floresta semidecídua, apoiado em uma arvoreta, a 1,7 m de altura. Ninho confeccionado com finas fibras vegetais mal trançadas, em uma construção muito solta e pouco volumosa. O ninho continha dois ninhegos jovens.

Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818)Fazenda do Sr. João Ribas, 12/XII/2001. Dois juvenis captura-

dos em companhia dos pais. Indivíduos ainda incapazes de voar, mas já apresentando evidente dimorfismo sexual. Plumagem de ambos os sexos semelhante à do adulto, com exceção das barras brancas na asa que se encontravam ausentes e da íris, que é cas-tanha escura.

FAMÍLIA MELANOPAREIIDAEMelanopareia torquata (Wied, 1831)

Estação Ecológica de Águas Emendadas, 24/X/2003. Filho-te observado forrageando em companhia de um adulto. Más-cara negra bastante pálida, mas em nada lembrando o preto brilhante observado no adulto. Dorso marrom, pálido, sem a tonalidade rufescente dos adultos. Colar nucal rufo e faixa peitoral negra aparentemente ausentes. Cabeça e porção supe-rior do dorso com diversas pontuações alaranjadas, discretas. Peito e ventre cinza amarronzado claro. Cauda curta. Super-cílio creme ausente. Adultos emitindo vocalização de alarme, um surdo e baixo kerrrrr.

FAMÍLIA CONOPOPHAGIDAEConopophaga lineata (Wied, 1831) - cesto baixo/base

Rio Verde, 08/X/2004. Ninho em um fragmento de floresta semidecídua na margem do rio, apoiado sobre alguns brotos e galhos finos, a 25 cm de altura. Ninho construído com gravetos e fibras vegetais, sendo ornamentado no seu exterior por diver-sas folhas secas, o que proporcionava acentuado efeito críptico (Figura 6). As suas dimensões (cm) eram: diâmetro externo 12, diâmetro interno 6,3, altura 10 e profundidade 5,5. Os ovos eram ovoides, creme amarelados, apresentando algumas poucas e di-minutas pontuações ferrugíneas ao longo do pólo rombo, prati-camente pouco evidentes. Os ovos mediram (mm) 23,3 x 18,0 e 22,1 x 17,6.

Fazenda do Sr. João Ribas, 13/XII/2001. Juvenil coletado e de-positado na COMB. O juvenil é bastante distinto do adulto, apre-sentando bico completamente negro, com exceção das comissu-ras labiais, amarelas. Plumagem estriada de marrom alaranjado, semelhante à descrição dos jovens desta espécie apresentada por Willis et al. (1983).

FAMÍLIA FURNARIIDAEFurnarius rufus (Gmelin, 1788) - fechado/forno/base

Instituto Inhotim, 14/IX/2008. Adulto construindo ninho sobre o tronco de uma árvore no jardim botânico, a 6 m de altura. O ni-nho se encontrava com a base pronta e estava unido lateralmente a outro ninho mais antigo.

Santa Mônica II, 07/VIII/2010. Casal construindo ninho com a base apoiada sobre a fiação da rede elétrica e uma das laterais unida a um poste de concreto, a 5 m de altura. A base já se en-contrava pronta.

Phacellodomus ruber (Vieillot, 1817)ESECAE, 27/X/2002. Adulto carregando material para a cons-

trução do ninho em uma palmeira buriti, em uma área brejosa.Buritizeiro, 12/II/2009. Adulto carregando gravetos para cons-

trução de ninho entre as folhas de uma palmeira buriti, em uma pequena vereda.

Anumbius annumbi (Vieillot, 1817)São Pedro do Butiá, 27/XII/2005. Adulto transportando ali-

mento no bico para o interior do ninho.

Schoeniophylax phryganophilus (Vieillot, 1817) São Pedro do Butiá, 02/I/2006. Adulto construindo seu ninho.

Um juvenil, já independente, foi observado na mesma localidade no mesmo dia.

Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) - fechado/retorta/baseRio Verde, 05/IX/2004. Ninho a 1,2 m de altura, em um arbusto

localizado sobre uma pedra, em meios às corredeiras do rio. Ni-nho construído com gravetos fortemente trançados, sendo a parte interna forrada com alguns pedaços de folhas. Ninho com três ovos brancos e imaculados, ovoides, medindo (mm) 20,0 x 14,7; 19,4 x 14,6 e 19,4 x 14,7.

São Pedro do Butiá, 05/I/2006. Ninho encontrado com dois ovos.

Synallaxis frontalis (Pelzeln, 1859) - fechado/retorta/lateralItaú de Minas, 02/XI/2004. Ninho na borda de uma estrada de

terra, numa área de transição entre cerrado e floresta semidecí-dua. Ninho fixado pela lateral em meio a lianas pendentes, a 1,5 m de altura, contendo dois ovos brancos e imaculados, ovoides, medindo (mm) 20,0 x 15,3 e 20,1 x 15,6.

Synallaxis spixi (Sclater, 1856) - fechado/retorta/baseRio Verde, 08/X/2004. Ninho construído em cima de uma árvo-

re caída, oculto em meio a uma touceira de capim, na margem do rio Verde. Ninho contendo três ovos brancos e imaculados, elip-soides. Dois destes ovos mediram (mm) 19,9 x 14,9 e 19,6 x 14,8.

Morro do Engenho, 18/I/2011. Dois adultos seguidos por um jovem, próximos ao solo, em meio a uma capoeira, em área de transição entre mata e campo. O jovem possuía plumagem de coloração geral parda, levemente avermelhada no píleo e nas co-berteiras das asas, menos vivo que no adulto.

Figura 6. Ninho de Conopophaga lineata encontrado às margens do Rio Verde, Varginha, Minas Gerais, em 8 de outubro de 2004. (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br 39

Page 8: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

FAMÍLIA TITYRIDAEMyiobius atricaudus (Lawrence, 1863)

Parque Municipal Rego dos Carrapatos, 19/VIII/2012. Adulto observado coletando fibras vegetais no sub-bosque, ao longo de uma trilha no interior de floresta secundária.

Pachyramphus viridis (Vieillot, 1816)PCH Funil, 20/XI/2007. Dois ninhos em construção foram en-

contrados a 7 m de altura, sendo construídos pelo casal.

Pachyramphus castaneus (Jardine & Selby, 1827) - fechado/esférico/base

Fechos, 15/XI/2004. Ninho a 8 m de altura.

Pachyramphus validus (Lichtenstein, 1823) - fechado/esférico/base

Itaú de Minas, 04/XI/2004. Adulto construindo ninho, tentando carregar, infrutiferamente, um grande pedaço de sacola plástica. Ninho na borda de um fragmento de floresta semidecídua, a 6 m de altura.

FAMÍLIA RHYNCHOCYCLIDAELeptopogon amaurocephalus (Tschudi, 1846)

Mata do Paraíso, 03/IX/2009. Adulto construindo ninho em um barranco a 1,6 m de altura, na borda de fragmento de floresta se-midecídua secundária, à margem de uma estrada de terra. A ave carregava pedaços de musgos no bico. Em 13/XII/2012 foi obser-vado um filhote já emplumado e fora do ninho, sendo alimentado. Os adultos lhe ofereciam principalmente larvas de insetos.

Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) -fechado/retorta/pen-dente

Itaú de Minas, 04/XI/2004. Ninho no interior de ravina, em meio a um fragmento de floresta semidecídua, a 2,3 m de altura, construído com fibras vegetais negras, medindo 25 cm de com-primento total. O tubo de entrada, orientado para baixo, 8,5 cm com abertura de 5 cm de diâmetro. Ninho com quatro ovos piri-formes, brancos e imaculados, medindo (mm) 20,7 x 14,0; 21,5 x 14,7; 21,3 x 14,4 e 21,2 x 14,3.

PCH Funil, 18/X/2007. Adulto construindo ninho que se en-contrava em fase inicial de construção. O outro indivíduo per-manecia nas imediações, aparentemente vigiando o ninho. Em uma ocasião este indivíduo espantou uma Coereba flaveola, que tentou pilhar parte do material utilizado na construção.

PCH Funil, 22/XI/2007. Ninho em construção.

Todirostrum poliocephalum (Wied, 1831) - fechado/retorta/pen-dente

Fechos, 15/XI/2004. Ninho fechado a 3 m de altura.PCH Funil, 28/IX2007. Casal observado construindo ninho,

que estava apoiado em uma árvore seca. A construção se prolon-gou por pelo menos 22 dias.

PCH Funil, 20/XI/2007. Casal observado construindo ninho apoiado em uma árvore, a 4,5 m de altura. O material utiliza-do incluia penugens, fibras vegetais macias e aquênios de taboa (Typha sp.)

Instituto Inhotim. Ninho encontrado em 11/XI/2007 na extre-midade de um galho fino de um adensamento arbustivo em área de jardim, a aproximadamente 1,5 m de altura. Confeccionado com material vegetal seco, principalmente fibras finas e pedaços

de folhas. Possuía pequena extensão à frente da entrada, locali-zada acima da câmara incubatória. Em 04/XII/2007, outro ninho semelhante foi encontrado em uma capoeira baixa, preso no fino galho de um arbusto, a 2 m de altura. Um indivíduo foi observado entrando no ninho.

Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766)Asa Sul, 27/IX/2003. Adulto construindo ninho na área urbana,

em um jardim bem arborizado.

FAMÍLIA TYRANNIDAEHirundinea ferruginea (Gmelin, 1788) - simples/plataforma

Fazenda Vargem Grande, 14/XI/2010. Ninho construído sobre a estrutura de uma porta de madeira na casa sede da fazenda, a 2,5 m de altura. Constituído basicamente por gravetos grossos, con-tendo ainda algumas pequenas pedras e fezes secas de bovinos. Um indivíduo adulto chocando três ovos elípticos, brancos com manchas de coloração avermelhada concentradas no polo rom-bo, formando uma coroa. O outro indivíduo do casal permanecia próximo ao ninho.

Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) - fechado/ovalado/base

Parque Estadual do Rola Moça, 10/X/2005. Ninho cons-truído em um arbusto da família Asteraceae a 60 cm de altura, em uma área de canga. Ninho confeccionado com gravetos finos, fibras vegetais e uma grande quantidade de folhas secas. O ninho media 75 mm de largura e 65 mm de altura, com a abertura medindo 33x23 mm. O ninho conti-nha dois ninhegos com olhos fechados, mas já apresentando os cartuchos das rêmiges.

Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822)Varginha, 05/X/2004. Adulto construindo ninho.Parque Nacional da Serra do Cipó, 10/X/2005. Adulto cons-

truindo ninho (Figura 7).

Elaenia cristata Pelzeln, 1868 - cesto baixo/baseParque Nacional da Serra do Cipó, 17/X/2004. Três ninhos

da espécie localizados no mesmo dia. Dois deles continham dois ninhegos, enquanto um terceiro continha dois ovos (Fi-gura 7).

Elaenia chiriquensis Lawrence, 1865 - cesto baixo/ forquilhaSerra Azul, 15/X/2009. Ninho encontrado em fase final de

construção, sobre uma arvoreta a 1,5 m de altura, em área de candeial sobre canga. Confeccionado com fibras vegetais finas e ornamentado com liquens verdes em sua parte externa (Figura 7).

Elaenia obscura (d’Orbigny & Lafresnaye, 1837) - cesto bai-xo/base

Parque Estadual do Rola Moça. Dois ninhos encontrados em uma capoeira na borda da canga couraçada (Figura 7). O primeiro deles, encontrado em 20/X/2005, apresentava acabamento bas-tante tosco, o que facilmente o difere dos ninhos de E. cristata e E. flavogaster. Na sua construção foram utilizadas apenas fibras vegetais mal trançadas, deixando vários espaços vazios. Ninho medindo (cm): diâmetro externo 8, diâmetro interno 7, altura 5 e profundidade 4,5. Dois filhotes já emplumados estavam prestes a deixar o ninho. O segundo ninho, similar em construção, foi en-

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br40

Page 9: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

contrado em 02/XII/2005, medindo (cm): diâmetro externo 8,2, diâmetro interno 6,5, altura 2,8 e profundidade 2,6. Continha dois ovos ovoides de coloração creme-salmonado, recoberto por duas camadas de pequenas manchas, uma fosca e de coloração violá-cea, e outra de coloração marrom avermelhada, ambas disposta ao redor do polo rombo. Os ovos mediram 21,6 x 16,0 e 21,8 x 16,3 mm.

Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817)PCH Funil, 23/XI/2007. Adulto coletando teia de aranha para a

construção de seu ninho, que se encontrava em fase inicial.

Phaeomyias murina (Spix, 1825) - cesto baixo/lateralChapada dos Gerais, 12/XI/2012. Adulto levando gravetos

para ninho em fase final de construção. Ninho localizado em uma

arvoreta na borda de um fragmento de cerrado, a aprox. 1,80 m de altura, confeccionado com fibras vegetais, gravetos finos e pou-cos liquens esparsos na parede externa.

Serpophaga nigricans (Vieillot, 1817) - cesto baixo?/baseRio Verde, 05/IX/2004. Ninho provavelmente em estado avan-

çado de construção, oculto em meio a uma herbácea crescendo sobre pedra, em meio a uma suave corredeira do rio Verde. Era construído com hastes de capim e grande quantidade de musgos que recobriam todo o seu exterior, enquanto que seu interior en-contrava-se abundantemente forrado com penas de garça branca (Figura 8). Ninho medindo (cm): diâmetro externo 7,7, diâmetro interno 4,7, altura 5,5 e profundidade 5,0.

Rio Pinho, 28/XII/2012. Casal alimentando dois filhotes, já emplumados e fora do ninho, em um bambuzal sobre o rio. Os

Figura 7. Ninhos de quatro espécies distintas do gênero Elaenia. Do alto, à esquerda, em sentido horário: E. chiriquensis, E. cristata, E. obscura e E. flavogaster. Veja texto para mais detalhes. (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br 41

Page 10: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

filhotes permaneciam pousados a poucos centímetros da água, enquanto os adultos lhes traziam insetos.

Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) - cesto baixo/baseParque Nacional da Serra do Cipó, 09/X/2005. Ninho em está-

gio final de construção em uma capoeira rala na margem do rio e apoiado entre os ramos de Croton sp., a 1,3 m de altura. Era confeccionado com fibras vegetais e ornamentado no seu exte-rior liquens, sendo o seu interior revestido com penas brancas. As medidas em centímetros eram: diâmetro externo 4,6, diâmetro interno 3,4, altura 5,5 e profundidade 4,7.

Myiarchus swainsoni (Cabanis & Heine, 1859) - cavidade/sem túnel/simples

Fazenda Vargem Grande, 14/XI/2011. Ninho feito dentro de uma cabaça perfurada, localizada sob o telhado de um curral, a 3 m de altura. Não foi possível observar o interior do mesmo. Foi observado pelo menos um adulto entrando e saindo do ninho durante três dias seguidos.

Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) - fechado/esférico/base e lateral

ESECAE, 27/X/2003. Juvenil sendo tratado por adulto. Monte Alto, 19 e 21/III/2004; Belo Horizonte, 02/VII/2005;

Asa Sul, 05/VIII/2003; Varginha, 05/IX/2004. Adulto construin-do ninho.

PCH Funil, 17/X/2007. Adulto construindo ninho, retirando o material de um ninho antigo de Myiozetetes, remanescente do ano anterior.

PCH Funil, 18/X/2007. Ninho ativo, cujo conteúdo não pôde ser determinado e construído apoiado na parte inferior de um ni-nho de Phacellodomus rufifrons.

Instituto Inhotim, 18/X/2008. Dois adultos alimentando um ju-venil no jardim botânico. Foi observado um adulto capturando e abatendo uma cigarra (Insecta: Homoptera) antes de oferecê-la ao juvenil, que engoliu o inseto inteiro após cerca de 10 min de mandibulação.

Pousada Vargem do Cedro, 24/IX/2010. Adulto terminando construção do ninho, localizado junto a um poste de concreto da rede elétrica, a 4 m de altura, apoiado com a base sobre a fiação.

Philohydor lictor (Lichtenstein, 1823) - cesto baixo/forquilhaFazenda Faroeste, 07/I/2006. Ninho encontrado em construção

em uma várzea alagada e degradada, na borda de uma floresta seca sobre afloramento calcário.

Parque Estadual do Rio Doce, 10/X/2011. Ninho construído com gravetos secos e apoiado nos galhos secos de uma árvore caída dentro de uma lagoa natural, a 5 m da margem. O ninho continha três ovos creme-acinzentados, amplamente recobertos por manchas e pontuações amarronzadas, especialmente ao redor do polo rombo.

Machetornis rixosa (Vieillot, 1819)PCH Funil, 17/X/2007. Ninho construído na parte inferior de

um ninho de Phacellodomus rufifrons, sendo observados ambos os adultos tratando dos ninhegos.

Campus da Universidade Federal de Minas Gerais, 08/XI/2007. Adulto carregando material para a construção de seu ninho.

Instituto Inhotim, 14/IX/2008. Um indivíduo adulto recolhen-do finos gravetos no solo, carregando-os para um emaranhado de trepadeiras localizadas no tronco de um mulungu (Erythrina verna), a 4 m de altura. No dia 26/I/2009 no Instituto Inhotim e em III/2009 na área urbana de Belo Horizonte, foram observados pares adultos alimentando dois jovens cada. Os jovens diferem--se dos adultos na plumagem, principalmente por apresentarem o píleo e a garganta mais claros e a borda das rêmiges primárias ferrugíneas. Possuem também a íris escura e não avermelhada como no adulto.

Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) - cavidade/sem túnel/simples/plataforma

Itaú de Minas, 02/XI/2004. Ninho numa árvore isolada em uma pastagem, a 20 m da borda de um fragmento de floresta semide-cídua. Ninho em cavidade de um tronco oco, forrado com fibras vegetais mal arranjadas. A cavidade apresentava 15 cm de pro-fundidade e se localizava a 3,5 m de altura. Havia quatro ovos ovoides, branco rosados, apresentando duas camadas de manchas e pequenas pontuações marrom-sanguíneas distribuídas por toda a sua superfície, orientadas longitudinalmente. A primeira delas era fosca e mais clara, enquanto que a segunda era de coloração viva e brilhante. Um dos ovos mediu 25,6 x 18,2 mm.

Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766)PCH Funil, 17/X/2007. Adulto incubando.PCH Funil, 18/X/2007. Ninho a 7,5 m de altura em uma árvo-

re, com adulto incubando três ovos, que mediram (mm): 26,6 x

Figura 8. Ninho de Serpophaga nigricans encontrado ao longo do Rio Verde, Varginha, Minas Gerais, em 5 de setembro de 2004.

A primeira foto ilustra o local de construção do ninho, mostrando o arbusto que o abrigava. A segunda foto mostra detalhes do ninho em construção. (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br42

Page 11: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

20,0; 26,5 x 20,7 e 26,3 x 20,8. O ninho apresentava as seguintes dimensões: 6,6 cm de altura externa e 4,5 cm de altura interna, com 20 cm de diâmetro total e 7,5 cm de diâmetro da câmara incubatória. Figura I.

Pousada Vargem do Cedro, 24/IX/2010. Adulto carregando material para construção de ninho.

Myiozetetes similis (Spix, 1825) - fechado/esférico/base e lateralPCH Funil, 20/XI/2007. Adulto carregando material para a

construção de seu ninho, que se encontrava a 6 m de altura.PCH Funil, 21/XI/2007. Adulto carregando material para a

construção de seu ninho, que se encontrava a 2 m de altura.Fazenda Vargem Grande, 15/XI/2011. Ninho confeccionado

com fibras vegetais finas, localizado sob o telhado da casa da fazenda. Um adulto permanecia deitado no ninho.

Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 - cesto baixo/baseVarginha, 07/X/2004. Adulto construindo ninho.Serra Azul, 16/X/2009. Ninho encontrado em pastagem na bor-

da de fragmento de floresta semidecídua, em um jambeiro. Era confeccionado com gravetos flexíveis e fibras vegetais grossas, contendo dois ovos ovoides, creme rosado claros, com manchas marrom-avermelhadas ao redor do polo rombo.

Griseotyrannus aurantioatrocristatus (d’Orbigny & Lafres-naye, 1837) - cesto baixo/base

Asa Sul, 01/XI/2003. Ninho a 3,5 m altura em uma Legumino-sa. Confeccionado com gravetos, com 15 cm de diâmetro, sendo o seu interior forrado por uma camada de fibras vegetais mais fi-nas. Os dois ninhegos apresentavam os olhos fechados e estavam recobertos de plumas. Eles deixaram o ninho no dia 11/XI. No ano anterior, um casal reproduziu numa leguminosa da mesma espécie a menos de 50 metros do local, podendo se tratar do mes-mo casal nos dois anos.

Empidonomus varius (Vieillot, 1818) - simples/plataformaBrasília, 08/X/2003. Adulto construindo seu ninho na área ur-

bana.Belo Horizonte, 08/XII/2005. Juvenil fora do ninho, sendo ali-

mentado por adultos.PCH Funil, 22/XI/2007. Adulto incubando. Ninho a 7 m do

solo.Instituto Inhotim, 07/XII/2007. Ninho encontrado apoiado so-

bre galhos de uma arvoreta localizada em um barranco rente às cercas de um estacionamento, a aproximadamente 2 m de altura, contendo três ninhegos com pouca plumagem. Ninho bastante ralo, lembrando os de Columbina talpacoti, confeccionado com fibras vegetais e alguns gravetos finos.

Sublegatus modestus (Wied, 1831) - cesto baixo/baseAsa Sul, 27/IX/03. Ninho confeccionado com fibras vegetais,

teias de aranha, painas e liquens, lembrando os ninhos das duas espécies Suiriri estudadas por Lopes e Marini (2005a). No dia da descoberta, um dos adultos entregou um inseto para o outro adulto que estava no ninho, que por sua vez alimentou um dos filhotes. Em 29/IX, um adulto foi observado dormindo no ninho, cobrindo os filhotes. Em 04/X, apenas um filhote já crescido res-tava no ninho. Os filhotes apresentavam a plumagem salpicada de branco, um padrão semelhante ao mostrado pelos jovens de Suiriri affinis (Lopes & Marini 2005a). Ninho coletado e depo-

sitado na UnB.

Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) - fechado/esférico/baseRio Verde, 05/IX/2004. Ninho em um arbusto sobre uma pe-

dra, em meio às corredeiras do rio, sendo confeccionado com hastes de capim e fibras vegetais, sendo o seu interior forrado com grande quantidade de penas de garça. O ninho continha três ovos brancos, recobertos por algumas poucas e pequenas man-chas marrom-escuras dispersas por sua superfície, sem formar um padrão claro. Os ovos mediram (mm) 19,2 x 13,5; 18,8 x 13,6 e 18,4 x 13,8.

Ninhos dessa espécie foram encontrados em construção na área urbana de Vitória (11/IV/2003). Um ninho, em data não registra-da, em movimentada avenida de Belo Horizonte, longe de qual-quer corpo d’água. Estes dados demonstram o grande sucesso da espécie em colonizar áreas urbanas, o que parece ter contribuído para a sua bem sucedida expansão geográfica para o sudeste do Brasil observada ao longo dos últimos anos (Straube et al. 2007).

Faz Vargem Grande, 15/XI/2011. Dois adultos com ninho apoiado sobre um poste de distribuição de energia, a 4 m de altu-ra. Ninho confeccionado com fibras vegetais, contendo algumas penas de aves domésticas na parte exterior.

Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831) - cesto baixo/baseItaú de Minas, 04/XI/2004. Dois ninhos encontrados. O pri-

meiro deles localizava-se no interior de uma ravina, em uma pa-rede rochosa, a 1,8 m de altura, em estreito fragmento de floresta semidecídua. Era construído com fibras vegetais e ornamentado no seu exterior com musgos, apresentando as seguintes dimen-sões (cm): diâmetro externo 7,8, diâmetro interno 5,0, altura 5,0 e profundidade 4,5. No seu interior foram observados três ovos medindo (mm) 16,4 x 13,4; 16,6 x 13,8 e 17,3 x 13,6. O segundo ninho foi localizado a poucos metros de um estreito curso d’água. Este ninho foi construído dentro de uma pequena concavidade no nó de uma árvore, provavelmente formada pela queda e decom-posição de um galho morto, a 0,3 m de altura, apresentando as se-guintes dimensões (cm): diâmetro externo 7,3, diâmetro interno 5,1, altura 3,3 e profundidade 3,0. Ninho com três ovos medindo (mm) 17,6 x 13,4; 16,9 x 13,5 e 16,7 x 13,2. Os ovos de ambos os ninhos eram ovóides, creme salmonados, apresentando uma coroa de manchas ferrugíneas ao redor do polo rombo.

Contopus cinereus (Spix, 1825) - cesto baixo/baseSerra Azul, 16/X/2009. Ninho localizado apoiado sobre galhos

formando uma forquilha horizontal, na copa de uma árvore na borda de um fragmento de floresta semidecidual.

Knipolegus lophotes (Boie, 1828)Casa de Pedra, 23/XI/2009. Dois filhotes pedinchando, pou-

sados em uma arvoreta seca, sendo alimentados por um adulto, em uma área degradada, próximo à borda de fragmento florestal. Filhotes parecidos com o adulto, porém de porte pouco menor e sem o penacho característico da espécie.

Knipolegus nigerrimus (Vieillot, 1818) - cesto baixo/base e la-teral

Parque Estadual do Rola Moça, 20/X/2005. Ninho encontrado dentro de um antigo poço de prospecção de minério aberto em área de canga couraçada, medindo 4 m de profundidade por 1 m de diâmetro. Estava apoiado na parede de pedra, a 1,7 m do

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br 43

Page 12: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

chão, sendo construído com fibras vegetais e musgos, medindo (cm): diâmetro externo 10,5, diâmetro interno 6,2, altura 4,4 e profundidade 3,8. Foi construído por cima de um ninho velho da mesma espécie. O único ovo era branco, apresentando poucas e diminutas pontuações marrom avermelhadas em sua superfície.

RPPN Santuário do Caraça, 11/X/2008. Ninho apoiado dentro de reentrância em uma parede de pedra do antigo colégio, em local bastante protegido de intempéries, a 3 m de altura (Figura 9). Era confeccionado externamente com fibras vegetais e alguns gravetos unidos com barro. O interior revestido com fibras vege-tais. A fêmea alimentava dois ninhegos completamente cobertos por penugem acinzentada.

Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) - cesto baixo/baseAsa Sul, 21/IX/03. Ninho construído com gravetos secos, a 4,0

m de altura, em Dalbergia miscollobium, em gramado bem arbo-rizado. Embora ativo, seu conteúdo não pôde ser acessado.

Congonhas, 31/X/2010. Adultos alimentando um jovem que os seguia em vôos curtos pelos jardins do Santuário Bom Jesus de Matozinhos, área urbana do município. O jovem apresentava íris escura, linha malar, rêmiges e retrizes de coloração cinza e não negra como no adulto.

Xolmis velatus (Lichtenstein, 1823) - fechado/alongado/baseRio Verde, 05/IX/04. Ninho em uma árvore isolada no meio de

um pasto, que também comportava um ninho de Phacellodomus ru-fifrons e outros três de Anumbius annumbi. Tinha formato tubular e entrada superior, confeccionado com gravetos, medindo 45 x 25 cm, apoiado pela base e lateral em galho diagonal, a 1,5 m de altura. Não é certo se a construção do ninho foi realizada por esta espécie ou por outra, tendo sido reaproveitado. O interior do ninho encontrava-se forrado com penas de garça e abrigava três ovos brancos, ovóides e imaculados, medindo (mm) 27,4 x 19,0; 27,0 x 18,9 e 26,8 x 19,2.

FAMÍLIA VIREONIDAECyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789)

Asa Sul, 23/IV/2003. Juvenil sendo tratado por adultos em um grande jardim arborizado.

FAMÍLIA HIRUNDINIDAEPygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) - cavidade/sem túnel/cesto baixo

E.P.D.A Peti, 02/X/2005. Ninho construído em uma cavidade de muro de pedra. A cavidade apresentava uma seção quadrada

de 15x15 cm, com 70 cm de profundidade, a 1,9 m de altura. Era confeccionado com folhas de gramíneas e pecíolos, medin-do (cm): diâmetro externo 12,0, diâmetro interno 6,0, altura 4,0, profundidade 2,5. Continha três ovos elipsoides, brancos e ima-culados, dois dos quais medindo (mm): 16,5 x 12,0 e 16,4 x 12,2.

Congonhas, 07/IX/2008. Ninho dentro de uma cavidade em um muro de concreto, na área urbana, a 2,5 m de altura. Não foi possível observar seu interior, mas um adulto entrava e saia com frequência, permanecen-do também pousado na entrada da cavidade por vários minutos.

Fazenda Vargem Grande, 14/XI/2011. Ninho com filhotes sob as telhas do telhado da casa da fazenda.

Pygochelidon melanoleuca (Wied, 1820) - cavidade/sem túnel/cesto baixo

Rio Aripuanã, 21/IX/2004. Ninho confeccionado com fibras ve-getais e hastes e folhas secas de plantas aquáticas, construído no interior de cavidade com mais de 30 cm de profundidade em uma rocha no leito do rio (Figura 10). O ponto onde o ninho se locali-zava, em meio a uma forte corredeira, só pôde ser acessado pelos observadores após o desvio do rio, realizado poucos dias antes, por causa das obras de uma usina hidrelétrica. Originalmente, uma fina lâmina d’água corria por sobre o topo da rocha, como comprova as diversas plantas aquáticas, já ressecadas, observadas na Figura 10. A cavidade onde o ninho se localizava, por se encontrar protegida da correnteza na outra face da rocha, encontrava-se, obviamente, emer-

Figura 9. Ninho de Knipolegus nigerrimus encontrado na RPPN Santuário do Caraça no dia 11 de outubro de 2008. (Foto: Helberth Peixoto).

Figura 10. Ninho de Pygochelidon melanoleuca encontrado no Rio Aripuanã em 21 de setembro de 2004. A primeira foto mostra uma pequena cavidade na

rocha (seta), no interior da qual o ninho encontrava-se alojado. No momento da fotografia o rio acabara de ser desviado de seu curso para a construção de uma usina hidroelétrica. Originalmente, uma fina lâmina d’água recobria as pedras

da imagem. A segunda foto mostra o ninho retirado momentaneamente da cavidade para um rápido exame e fotografia. (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br44

Page 13: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

sa, porém, protegida pela delgada cortina d’água que se formava. O ninho comportava três filhotes ainda nus e com os olhos fechados.

Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817)Parque Nacional da Serra do Cipó, 15/X/2004. Adulto levando

alimento para filhotes, entrando em um ninho escavado em um barranco na margem do rio.

PCH Funil, 17/X/2007. Três eventos reprodutivos distintos ob-servados no mesmo dia. No primeiro deles, um adulto foi obser-vado carregando material para a construção do ninho que se en-contrava no interior de uma cavidade escavada em um barranco. No segundo, um adulto foi observado escavando o barranco. No terceiro, um adulto foi observado entrando em uma cavidade no barranco, onde provavelmente incubava.

PCH Funil, 20/XI/2007. Dois eventos reprodutivos distintos observados no mesmo dia. No primeiro, um adulto foi observa-do na mesma localidade transportando alimento no bico. No se-gundo, outro adulto foi observado transportando alimento para o interior de um ninho escavado em um barranco no ano anterior, sugerindo que a mesma cavidade é reutilizada em anos subse-quentes. O ninho continha três ninhegos e um ovo gorado.

Progne tapera (Vieillot, 1817)Fazenda Vargem Grande, 13/X/2012. Cópula observada.

Tachycineta albiventer (Boddaert, 1783) - cavidade/sem túnel/cesto baixo

Varginha, 05/IX/2004. Adulto construindo ninho.Rio Aripuanã, 21/IX/2004. Ninho em condições semelhantes

ao anterior, confeccionado com fibras vegetais e hastes e folhas secas de plantas aquáticas, sendo forrado com penas. Dois filho-tes já completamente emplumados foram observados.

Rio Verde, 07/X/2004. Ninho construído dentro de uma fenda na rocha, em meio às corredeiras do rio. Foram utilizadas fibras vegetais e era forrado com penas de garça, contendo quatro ovos. Os ovos eram brancos, ovoides e imaculados, medindo (mm) 18,4 x 13,8; 18,8 x 13,5; 18,2 x 13,6 e 19,0 x 13,6.

FAMÍLIA TROGLODYTIDAECampylorhynchus turdinus (Wied, 1831)

Pousada Ararauna, 15/VIII/2002. Adulto construindo seu ninho na borda de uma mata de cordilheira, a 5 m de altura. Ninhos des-ta espécie são comumente observados na área urbana de Cuiabá, alguns dos quais construídos em postes de iluminação pública.

Pheugopedius genibarbis (Swainson, 1838) - fechado/ovalado/base

PCH Funil, 20/XI/2007. Adulto transportando material para a construção do ninho, que se encontrava quase pronto. Apresen-tava as seguintes dimensões (cm): comprimento 23, largura 21, altura 11,5 e abertura com 5,6 x 3,8.

Troglodytes musculus (Naumann, 1823) - cavidade/sem túnel/simples/plataforma

Rio Aripuanã, 20/IX/2004. Ninho construído dentro da grade de refrigeração traseira de um veículo modelo Kombi, estacio-nado em frente a um hotel. Forrado com algumas poucas fibras vegetais e penas, continha pelo menos um ovo. Segundo o pro-prietário, o veículo circulava esporadicamente pela cidade, mas mesmo assim o adulto continuava a incubar após o retorno do

veículo. Este já era o segundo ano em que este indivíduo nidifi-cava no veículo.

Parque Nacional da Serra do Cipó, 09/X/2005. Adulto cons-truindo ninho.

PCH Funil, 27/IX/2007. Adulto construindo ninho.Congonhas, 01/XI/2008. Ninho construído dentro de um bura-

co localizado em muro de concreto, a 4 m de altura, em área ur-bana. Não foi possível observar a existência de materiais dentro do ninho, devido ao difícil acesso ao mesmo. Com freqüência um adulto levava insetos aos ninhegos, incluindo larvas.

Joaquim Murtinho, 22/XII/2012. Casal alimentando dois filho-tes que já realizavam curtos vôos.

Cistothorus platensis (Latham, 1790) - fechado/esférico/baseParque Estadual do Rola Moça, 01/IV/2005. Ninho com três

ninhegos, construído em uma área de campo sujo sobre canga. Os filhotes deixaram o ninho no dia 11 de abril (Figura 11).

FAMÍLIA DONACOBIIDAEDonacobius atricapilla (Linnaeus, 1766) - cesto baixo/lateral

Rio Corrente Grande, 09/XII/2004. Ninho em um brejo antro-pizado, apoiado pelas laterais entre hastes de gramíneas, a 0,60 m da lâmina d’água. Ninho construído com talos, folhas secas e pendões de gramíneas, medindo (cm): diâmetro externo 12,0, diâmetro interno 7,2, altura 9,3, profundidade 7,5. Ninho com dois ovos cor de chocolate (Figura 12), com algumas poucas e praticamente indistintas linhas negras no pólo rombo, medindo (mm): 25,0 x 17,4 e 25,2 x 17,2.

Figura 11: Ninho de Cistothorus platensis no exato momento em que um dos três ninhegos alçava voo no dia 11 de abril de 2005 no Parque Estadual da Serra do Rola Moça. (Foto: Diego Hoffmann).

Figura 12. Ninho de Donacobius atricapilla encontrado no Rio Corrente Grande no dia 9 de dezembro de 2004. (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br 45

Page 14: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

FAMÍLIA TURDIDAETurdus leucomelas (Vieillot, 1818) - cesto baixo/base e lateral

Campus da Universidade Federal de Minas Gerais, 22/X/2007. Adul-to incubando em um ninho apoiado sobre uma luminária localizada no corredor de um prédio movimentado da universidade. Este sítio de nidi-ficação já foi utilizado em outras ocasiões em anos anteriores.

Instituto Inhotim, 27/IX/2008. Adulto alimentando dois filho-tes recém-saídos do ninho, no jardim botânico. Os filhotes se locomoviam pouco, permanecendo em meio à vegetação mais densa, próximo ao solo.

Moeda, 25/X/2008. Adulto dentro de um ninho construído sob a estrutura de um telhado de residência na área urbana, a aproxi-madamente 3m de altura. O ninho possuía a base apoiada sobre uma coluna de cimento e a lateral apoiada na estrutura de madei-ra. Construído com fibras vegetais secas unidas com barro.

Turdus fumigatus (Lichtenstein, 1823) - cavidade/sem túnel/cesto

Rio Aripuanã, 18/IX/2004. Ninho a 1,3 m de altura, localizado dentro da cavidade de um tronco podre, formada pela queda de um galho. Ninho confeccionado com apenas algumas poucas fibras ve-getais mal trançadas, forrando pobremente a cavidade. Dois ovos ovóides, azuis-esverdeados, inteiramente recobertos por manchas marrom-avermelhadas, medindo (mm): 29,6 x 18,9 e 30,2 x 19,8.

Turdus amaurochalinus (Cabanis, 1850) Campus da Universidade Federal de Minas Gerais, 22/X/2007.

Adulto carregando material para a construção do seu ninho.Instituto Inhotim, 18/X/2008. Adulto alimentando juvenil, pou-

sado em uma arvoreta no jardim botânico.Pousada Vargem do Cedro, 22/IX/2010. Adulto carregando

grande quantidade de gravetos finos e barro para o interior de um emaranhado da planta trepadeira Syngonium angustatum, fixada no tronco de uma árvore flamboyant (Delonix regia), no jardim da pousada. Não foi possível observar o ninho, porém o local onde a ave entrava com o material se localizava a 3 m de altura.

FAMÍLIA MIMIDAEMimus saturninus (Lichtenstein, 1823)

Asa Sul, 09/IX/2003; 27/IX/2003 e 20/X/2003. Dos três regis-tros aqui apresentados, um adulto construindo ninho na primeira observação e adultos tratando de filhotes no ninho nos outros dois registros.

FAMÍLIA COEREBIDAECoereba flaveola (Linnaeus, 1758)

Asa Sul, 19/VII/2003. Adulto construindo ninho em um jardim bem arborizado.

Rio Verde, 05/IX/2004. Adulto tratando de ninhego em ninho construído em um arbusto localizado numa ilha fluvial.

FAMÍLIA THRAUPIDAESaltator coerulescens (Vieillot, 1817)

APA Rio Pandeiros, 11/XII/2011. Adultos alimentando jovem, o qual apresentava padrão geral da cor da plumagem verde com o ventre esbranquiçado.

Saltatricula atricollis (Vieillot, 1817)Estação Ecológica de Águas Emendadas, 05/X/2003. Dois

grupos distintos observados com filhotes recém-saídos do ninho.

Jovem com o bico achatado, com a maxila superior negra e a inferior pálida, sem qualquer evidência do alaranjado típico do adulto. Coloração dorsal semelhante à do adulto, o mesmo ocor-rendo com a ventral, não sendo, no entanto, observado as área lavadas de alaranjado no ventre. Plumagem livre de estriações. Máscara negra ausente e cauda extremamente curta, com não mais do que dois ou três centímetros.

Ramphocelus carbo (Pallas, 1764) - cesto baixo/baseRio Aripuanã, 20 e 22/IX/2004. O primeiro ninho estava a 60

cm de altura, em um pequeno arbusto da floresta ciliar de um córrego, em área severamente perturbada. Ninho confeccionado com fibras vegetais e ornamentado no seu exterior com folhas se-cas, medindo (cm): diâmetro externo 10,0, diâmetro interno 6,5, altura 7,0, profundidade 6,0. Ninho com dois ninhegos com olhos fechados. O segundo ninho foi construído na bainha da folha de uma pequena palmeira, a 1,2 m altura, em área antropizada, pró-ximo da borda da floresta. Ninho medindo (cm): diâmetro exter-no 9,1, diâmetro interno 6,4, altura 6,6, profundidade 5,0. Ninho comportava dois ovos ovóides, azuis esverdeados, com algumas manchas negras concentradas no polo rombo e algumas poucas pontuações negras dispersas pela superfície, medindo (mm): 22,3 x 16,5 e 21,6 x 16,5.

Lanio penicillatus (Spix, 1825) - cesto baixo/baseItaú de Minas, 04 e 05/XI/2004. Dois ninhos encontrados em um

fragmento de floresta semidecídua degradada, restrito a uma estreita ravina com menos de 50 m de largura, situada em meio uma planta-ção de eucalipto. Ao lado, situava-se uma pequena mancha de cerra-do sobre solo rochoso. O primeiro ninho encontrado foi construído a 1,2 m de altura, em uma arvoreta. O segundo ninho foi encontrado a 0,8 m de altura, apoiado entre finos cipós emaranhados em uma ar-voreta, às margens de um córrego com menos de 1 m de largura. Ni-nho confeccionado com fibras vegetais trançadas, sem qualquer or-namentação ou forração. Os ninhos apresentaram, respectivamente, as seguintes dimensões (cm): diâmetro externo 8,0 e 8,6; diâmetro interno 6,8 e 6,3; altura 6,5 e 4,7; profundidade 6,0 e 4,3. O primei-ro ninho continha um ovo (medindo 24,6 x 17,4 mm) e dois filho-tes, enquanto que o segundo (Figura 6) três ovos (24,1 x 17,6; 24,5 x 17,5 e 24,0 x 16,3 mm). Os ovos são creme-acinzentados, com uma segunda e indistinta camada de cor marrom clara, que confere um aspecto “sujo” aos ovos. Os ovos do segundo ninho (Figura 13) apresentavam algumas poucas estrias vermiformes de cor chocolate

Figura 13. Ninho de Lanio penicillatus encontrado em Itaú de Minas, Minas Gerais, em 5 de novembro de 2004. (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br46

Page 15: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

distribuídas irregularmente pela casca. Os filhotes do segundo ninho possuíam tamanho similar, com 55 mm de comprimento, sugerindo que o único ovo deste ninho havia falhado em eclodir. Os filhotes estavam de olhos fechados e pele nua, apresentando os cartuchos das rêmiges medindo 5 mm. Este é o registro mais meridional da espécie para o estado de Minas Gerais, estendendo a sua distribuição geográfica conhecida em quase 200 km ao sul de Uberlândia e 150 km ao sul de Lagoa Santa (Rodrigues & Gomes 2004).

Tangara cyanoventris (Vieillot, 1819)Morro do Engenho, 07/X/2010. Indivíduo adulto carregando

gravetos finos para construção de ninho, em uma área de transi-ção entre mata e campo.

Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) - cesto baixo/forquilhaVarginha, 08/X/2004. Adulto construindo ninho.Parque Nacional da Serra do Cipó, 17/X/2004. Ninho com dois

ninhegos bem desenvolvidos.Asa Sul, 26/X/2003. Juvenil sendo tratado por adulto fora do

ninho.

Tangara cayana (Linnaeus, 1766) - cesto baixo/baseFazenda do Açude, 01/I/2004. Ninho construído em uma amo-

reira, a 2,8 m de altura, na margem de um tanque de piscicultura. O ninho, confeccionado com fibras vegetais, continha dois ninhe-gos ainda de olhos fechados.

Asa Sul, 02/IX/2003. Adulto construindo ninho na área urbana, em um jardim bem arborizado.

Schistochlamys ruficapillus (Vieillot, 1817) - cesto baixo/baseParque Estadual do Rola Moça, 10/X/2005. Ninho em uma área

de canga couraçada, em um arbusto a 1,8 m de altura. Ninho com o arcabouço confeccionado com folhas largas de capim, forrado in-ternamente com talos de capim e externamente com gravetos finos (Figura 14). Ninho de formato ovalado, medindo (cm): diâmetro externo 14,0 x 10,5, diâmetro interno 7,5 x 6,5, altura 9,0, profun-didade 6,0. O ninho comportava dois filhotes já bem desenvolvidos, com os olhos abertos e emplumados. Os filhotes encontravam-se severamente parasitados por larvas intradérmicas e hematófagas de Philornis (bernes). Em um dos filhotes foram contadas 15 larvas.

Condomínio Retiro das Pedras, 11/IV/2010. Adultos acompanha-dos por um jovem, o qual tinha coloração da plumagem mais pálida que os adultos e não possuía a característica máscara negra.

Tersina viridis (Illiger, 1811)Pousada Vargem do Cedro, 23/IX/2010. Adultos coletando fi-

bras vegetais finas para construção de ninho.PCH Funil, 17/X/2007. Adulto supervisionando cavidade ocu-

pada escavada em um barranco e ocupada por Stelgydopteryx ru-ficollis, o que resultou em conflito interespecífico.

Dacnis cayana (Linnaeus, 1766)Chapada dos Gerais, 10/XI/2012. Fêmea coletando pêlos de

cavalo nos fios de cerca de arame farpado, construindo o ninho em uma goiabeira.

FAMÍLIA EMBERIZIDAEZonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) - cesto baixo/base

Parque Nacional da Serra do Cipó, 17/X/2004. Ninho com três ovos.

Fechos, 15/XI/2004. Adulto alimentando dois filhotes fora do ninho.

Parque Estadual do Rola Moça. Onze ninhos encontrados em áreas de canga couraçada durante os meses de outubro a dezembro 2005. O primeiro registro de incubação foi obtido em 10 de outubro, enquanto que o último foi obtido no dia 29 de outubro, demonstrando que os cuidados com a prole nes-ta espécie se estendem até pelo menos o final de dezembro. Ninho confeccionado com fibras vegetais, hastes e folhas de capim, normalmente em alturas inferiores a 50 cm, sendo nor-malmente alojado entre os galhos de pequenos arbustos (e.g. Vellozia sp.), entre touceiras de capins ou mesmo diretamente no solo, protegido sob projeções do afloramento rochoso. De uma maneira geral os ninhos encontram-se bem escondidos entre a folhagem. As dimensões médias de nove ninhos são (cm): diâmetro externo 10,8±1,3 (mínimo 9,1- máximo 13,0), diâmetro interno 6,4±0,6 (5,5-7,4), altura 7,40±1,9 (5,0-10,3), profundidade 4,5±0,6 (3,5-5,5). Os ovos são azuis esverde-ado-claros, fartamente recobertos por manchas e pontuações marrom-avermelhadas espalhadas por toda a sua superfície, especialmente ao redor do polo rombo. Os ovos mediram (mm): 21,1±0,7 (19,7-22,5) x 15,3±0,6 (14,5-16,2) (n = 17). O tamanho da ninhada variou entre dois (n = 4) e três ovos (n = 3).

Parque Nacional da Serra do Cipó, 01/XII/2007. Ninho en-contrado na sede do parque, em meio a uma Vellozia seca, a 0,5 m de altura. Confeccionado com diferentes fibras vegetais, tinha um ninhego jovem de Molothrus bonariensis, além de dois ovos da própria espécie. Um adulto permanecia deitado no ninho.

RPPN Santuário do Caraça, 11/X/2008. Filhote recém-saído do ninho sendo alimentado pelos adultos, nos jardins do santuário.

Serra Azul, 16/X/2009. Ninho encontrado em meio a uma pas-tagem, em barranco às margens de uma estrada de terra. Confec-cionado com fibras vegetais finas em seu interior e com folhas de capim e gravetos finos na parte exterior. Ninho contendo três ovos azuis- esverdeado-claros, cobertos com muitas pontuações e manchas marrom-avermelhadas, concentradas no polo rombo.

Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) - cavidade/sem túnel/cesto baixo

Fazenda Bela Vista, 21/II/2009. Ninho encontrado no inte-rior de um mourão de cerca oco, com a parte superior aberta,

Figura 14. Ninho de Schistochlamys ruficapillus encontrado no Parque Estadual da Serra do Rola Moça em 10 de outubro de 2005. (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br 47

Page 16: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

entre uma estrada de terra e uma pastagem. Ninho confeccio-nado com fibras vegetais finas, hastes, folhas de capim e uma pena da rêmige de uma ave maior, não identificada, apoiada sobre uma das bordas. Ninho continha três ninhegos comple-tamente nus. No dia 23/II, na mesma localidade, foi observado um filhote com plumagem formada, sendo alimentado por um macho adulto no solo.

Embernagra longicauda (Strickland, 1844)Serra Bandeira, 16/III/2010. Dois adultos alimentando um jo-

vem que os seguia pelo solo, entre a vegetação baixa, em uma área de campo rupestre sobre canga na encosta da serra. O jovem apresentava plumagem de coloração geral amarelada, com o ven-tre esbranquiçado, sem amarelo no bico.

Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) - cesto baixo/ base e la-teral

Instituto Inhotim, 22/I/2008. Ninho encontrado em um capin-zal denso, a poucos centímetros do solo. Confeccionado com fi-bras vegetais, sendo as utilizadas na parte interna da câmara mais finas e de origem diferente aquelas da parede externa. Continha três ovos claros verde-azulados, com pequenas manchas e pon-tuações marrom-avermelhadas concentradas principalmente no polo rombo.

Sporophila lineola (Linnaeus, 1758) - cesto baixo/lateralInstituto Inhotim, 17/IV/2010. Fêmea deitada em um ninho

apoiado em meio a um arbusto baixo no jardim botânico. Ni-nho a aprox. 1,5 m de altura, confeccionado com gravetos fi-nos.

Joaquim Murtinho, 24/XII/2012. Fêmea construindo ninho no interior de uma laranjeira, em uma área de pomar, a cerca de 2 m de altura. Ninho em fase final de construção, confeccionado com fibras vegetais grosseiras. Somente a fêmea foi observada carregando material para o ninho, enquanto o macho permanecia próximo cantando.

Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) - cesto baixo/lateralInstituto Inhotim, 19/III/2008. Fêmea deitada em um ninho

apoiado em meio a um cacho seco de uma palmeira na área de jardim. Ninho confeccionado exclusivamente com fibras vegetais finas.

Instituto Inhotim, 15/III/2009. Fêmea observada alimentando com sementes de capim Brachiaria um filhote que a seguia na margem de uma estrada de terra.

Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823)Rio Pinho, 28/XII/2012. Cópula observada.

Arremon flavirostris (Swainson, 1838) Fazenda Faroeste, 7/I/2006. Dois juvenis coletados

(DZUFMG 4928 e 4929) em companhia de um casal de adultos, em um fragmento de floresta decídua sobre aflo-ramento calcário.

Pousada Vargem do Cedro, 17/III/2010. Juvenil acompanhan-do dois adultos que forrageavam no solo, em meio ao pomar da pousada. Os juvenis desta espécie eram muito distintos dos adul-tos, apresentando coloração geral da plumagem pardacenta, asas levemente esverdeadas, região auricular cinza, peito estriado e bico totalmente escuro.

FAMÍLIA PARULIDAEParula pitiayumi (Vieillot, 1817)

Rio Ijuí, 26/XII/2004. Adulto alimentando dois filhotes fora do ninho.

Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789)Condomínio Retiro das Pedras, 27/I/2012. Jovem acompa-

nhando adultos em área de campo rupestre degradada.

Basileuterus leucoblepharus (Vieillot, 1817) - fechado/forno/base

Rio Verde, 08/X/2004. Ninho encontrado no sub-bosque de um fragmento de floresta semidecídua. De impressionante efeito críptico, o ninho consistia em uma semiesfera com entrada late-ral, construída com fibras vegetais e coberta e forrada com uma grande quantidade de musgos (Figura 15). O ninho é posicionado no solo, em uma suave depressão, de modo que o seu teto fique nivelado com o solo, sendo recoberto por folhas secas. O ninho estava vazio, estando, provavelmente, no final de sua construção, medindo (cm): diâmetro externo 13, altura 10 e diâmetro da en-trada 4,5.

FAMÍLIA ICTERIDAEPsarocolius decumanus (Pallas, 1769) - fechado/alongado/pen-dente

Parque Municipal da Cachoeira, 02/XI/2008. Foram observa-dos 11 ninhos, pelo menos a maioria deles ativos, presos à ponta das folhas de uma única palmeira macaúba (Acrocomia acule-ata), sendo que cada folha sustentava um único ninho em sua extremidade. Durante aproximadamente 20 min de observação, vários indivíduos adultos saíam e retornavam aos ninhos com frequência.

Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) - cesto baixo/lateralConselheiro Lafaiete, 29/I/2011. Um macho adulto coletando

fibras vegetais e folhas de gramíneas secas no solo para acabar de construir seu ninho que se encontrava apoiado em meio a taboas (Typha sp.), em uma área brejosa na zona rural do município.

Figura 15. Ninho de Basileuterus leucoblepharus encontrado próximo ao Rio Verde, Varginha, Minas Gerais,

em 8 de outubro de 2004. (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br48

Page 17: Notas sobre a biologia reprodutiva de aves brasileiras · longo da distribuição geográfica da espécie. ... Esta espécie foi observada construindo seus ninhos e exi- ... em uma

Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789)Diversos registros de nidoparasitismo para esta espécie. Em

Brasília foram observados jovens de M. bonariensis sendo trata-dos por Tangara palmarum, Tangara cayana, Mimus saturninus e Zonotrichia capensis. Ao final da estação reprodutiva, bandos com cerca de 200 indivíduos foram vistos no campus da UnB. Em Belo Horizonte o nidoparasitismo foi também observado em Fluvicola nengeta, Zonotrichia capensis e Nemosia pileata. Em Gordura, Nova Lima, foi observado um casal de Piranga flava alimentando dois jovens de M. bonariensis em XII/2009. Em São Pedro do Butiá, em 2/I/2006, foram observados um ninhego em um ninho de Lanio pileatus, um ninhego no ninho de Mimus saturninus e um juvenil, já fora do ninho, sendo tratado por M. saturninus.

Pseudoleistes guirahuro (Vieillot, 1819)Varginha, 07/IX/2004. Adulto construindo seu ninho em um

pequeno brejo em meio à pastagem.

FAMÍLIA FRINGILLIDAEEuphonia chlorotica (Linnaeus, 1766)

Instituto Inhotim, 14/IX/2008. Casal de adultos construindo ninho no interior de uma estrutura de madeira utilizada como su-porte para orquídeas, pendurada em uma árvore a 2 m de altura. As aves carregavam fibras vegetais e pequenos gravetos.

Euphonia laniirostris (d’Orbigny & Lafresnaye, 1837) - cavi-dade/sem túnel/fechado/esférico

Rio Aripuanã, 14/IX/2004. Ninho em uma ilha fluvial, locali-zado dentro de um galho podre de uma árvore caída sobre o rio. Ninho confeccionado com fibras vegetais, gravetos finos, musgos e teia de aranha (Figura 16). Ambos os sexos cuidavam da cons-trução do ninho.

AgradecimentosAgradecemos à Universidade de Brasília, Sequoia Capital Ltda,

à Cia. Cimento Portland Itaú, ao Instituto Inhotim, à Spelayon Consultoria M.E. e à Sete Soluções e Tecnologia Ambiental pela oportunidade de realizar este estudo. Agradecemos às bolsas de estudo recebidas durante parte deste estudo: LEL (CAPES, CNPq

e FAPEMIG), HJCP (FAPEMIG) e DH (CAPES, CNPq). Ao Túlio Dornas, Marco Antônio Veloso, Henrique Belfort, Mieko Kanegae, Felipe Leite, José Casimiro, Renata Lopes, Thiago Al-meida, Wagner Nogueira, Leonardo Dias da Silva e Thiago dos Santos pela companhia e compartilhamento das informações no campo.

Referências BibliográficasBartholomew, G.A. (1986) The role of natural history in contemporary biology.

BioScience 36: 324-329.Beehler, B.M. (2010) The forgotten science: a role for natural history in the twen-

ty-first century? Journal of Field Ornithology 81: 1-4.Bowen, B.W., A.L. Bass, J.M. Aguiar, W. Anderson, D.B. Marshall & R.F. Noss

(1996) Are the naturalists dying off? Conservation Biology 10: 923-927.CBRO (2011) Lista das aves do Brasil, 10a ed. (versão 25 Jan 2011). Comitê

Brasileiro de Registros Ornitológicos: Disponível em <http://www.cbro.org.br/CBRO/listabr.htm> Acesso em: [22 Set 2011].

de la Peña, M.R. (1987) Nidos y huevos de las aves argentinas. Santa Fe, Argen-tina: Publicado pelo autor.

del Hoyo, J., A. Elliot, J. Sargatal & D.A. Christie (1992-2012) Handbook of the birds of the World, vols. 1-16. Barcelona, Espanha: Lynx Edicions.

Euler, C. (1900) Descripção de ninhos e ovos das aves do Brasil. Revista do Museu Paulista 4: 9-148.

França, L.F. & M.Â. Marini (2010) Negative population trend for Chapada Flyca-tchers (Suiriri islerorum) despite high apparent annual survival. Journal of Field Ornithology 81: 227-236.

Ihering, H. von (1900) Catalogo crítico-comparativo dos ninhos e ovos das aves do Brasil. Revista do Museu Paulista 4: 191-300.

Lopes, L.E., R. Goes, S. Souza & R.M. Ferreira (2004) Observations on a nest of the Stygian Owl (Asio stygius) in the Central Brazilian Cerrado. Ornitolo-gía Neotropical 15: 423-427.

Lopes, L.E. & M.Â. Marini (2005a) Biologia reprodutiva de Suiriri affinis e S. islerorum (Aves: Tyrannidae) no Cerrado do Brasil Central. Papéis Avulsos de Zoologia 45: 127-141.

Lopes, L.E. & M.Â. Marini (2005b) Low reproductive success of Campo Suiriri (Suiriri affinis) and Chapada Flycatcher (S. islerorum) in the central Brazi-lian Cerrado. Bird Conservation International 15: 337-346.

Martin, T.E. (1996) Life history evolution in tropical and south temperate birds: What do we really know? Journal of Avian Biology 27: 263-271.

Rodrigues, M. & H.B. Gomes (2004) Range extension for Grey-headed Ta-nager Eucometis penicillata in south-east Brazil. Bulletin of the British Ornithologist’s Club 124: 177-184.

Simon, J.E. & S. Pacheco (2005) On the standardization of nest descriptions of neotropical birds. Revista Brasileira de Ornitologia 13: 143-154.

Straube, F.C., A. Urben-Filho, L.R. Deconto & E.W. Patrial (2007) Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul e sua expansão de distribuição geográfica pelo sul do Brasil. Atualidades Or-nitológicas 138: 33-38.

Stutchbury, B.J.M. & E.S. Morton (2001) Behavioral ecology of tropical birds. London, EUA: Academic Press.

Willis, E.O., Y. Oniki & W.R. Silva (1983) On the behavior of Rufous Gnateaters (Conopophaga lineata, Formicariidae). Naturalia 8: 67-83.

1 Laboratório de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa - Campus Florestal, Rodovia LMG-818, quilômetro

6, 35690-000, Florestal, Minas Gerais, Brasil. 2 Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, Museu de Zoologia João Moojen, Universidade Federal de Viçosa,

Vila Gianetti, 32, 36570-000, Viçosa, MG, Brasil. 3 Pós-graduação em Ecologia, Conservação e

Manejo de Vida Silvestre, Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade

Federal de Minas Gerais, Avenida Antônio Carlos 6627, Belo Horizonte, MG, 31270-901, Brasil.

4 E-mail: [email protected]

Figura 16. Macho de Euphonia laniirostris construindo seu ninho no interior de um galho podre, às margens do

Rio Aripuanã, em 14 de setembro de 2004. (Foto: Leonardo Lopes).

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br 49