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Contratos em espécie Compra e venda CONCEITO:O art. 481 do CC/2002, seguindo o princípio da operabilidade – no sentido de facilitação dos institutos privados -, conceitua a compra e venda como sendo o contrato pelo qual alguém (o vendedor) se obriga a transferir ao comprador o domínio de coisa móvel ou imóvel mediante uma remuneração, denominada preço. Portanto, trata-se de um contrato translativo, mas que por si só não gera a transmissão de propriedade. Como é notório, regra geral, a propriedade móvel se transfere pela tradição enquanto a propriedade imóvel transfere-se pelo registro do contrato no Cartório de Registro Imobiliário (CRI). Dessa forma, o contrato de compra e venda traz somente o compromisso do vendedor em transmitir a propriedade, denotando efeitos obrigacionais (art. 482 do CC). ELEMENTOS:A coisa transmitida deve ser corpórea, pois se for incorpórea não há compra e venda, mas contrato de cessão de direitos. Na visão clássica e contemporânea, os elementos da compra e venda são: - Partes (comprador e vendedor), sendo implícita a vontade livre, o consenso entre as partes, sem vícios (consensus). - Coisa (res); - Preço (pretium). Quanto às partes, essas devem ser capazes sob pena de nulidade ou anulabilidade da compra e venda, o que depende da modalidade de incapacidade. Nesse sentido, não se pode esquecer das regras especiais de legitimação, como a que consta no art. 1.647,I do CC, que trata da necessidade de outorga conjugal para venda de bens imóveis a terceiros. Não havendo tal outorga (uxória ou marital), a compra e venda será anulável (art. 1.649 CC), desde que proposta ação anulatória pelo cônjuge no prazo decadencial de dois anos, contados da dissolução da sociedade conjugal. A referida outorga é dispensável se o regime entre os cônjuges for o da separação absoluta.

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Page 1: Contratos em espécie

Contratos em espécie

Compra e venda

CONCEITO:O art. 481 do CC/2002, seguindo o princípio da operabilidade – no sentido de facilitação dos institutos privados -, conceitua a compra e venda como sendo o contrato pelo qual alguém (o vendedor) se obriga a transferir ao comprador o domínio de coisa móvel ou imóvel mediante uma remuneração, denominada preço. Portanto, trata-se de um contrato translativo, mas que por si só não gera a transmissão de propriedade.

Como é notório, regra geral, a propriedade móvel se transfere pela tradição enquanto a propriedade imóvel transfere-se pelo registro do contrato no Cartório de Registro Imobiliário (CRI). Dessa forma, o contrato de compra e venda traz somente o compromisso do vendedor em transmitir a propriedade, denotando efeitos obrigacionais (art. 482 do CC).

ELEMENTOS:A coisa transmitida deve ser corpórea, pois se for incorpórea não há compra e venda, mas contrato de cessão de direitos. Na visão clássica e contemporânea, os elementos da compra e venda são:

- Partes (comprador e vendedor), sendo implícita a vontade livre, o consenso entre as partes, sem vícios (consensus).

- Coisa (res);

- Preço (pretium).

Quanto às partes, essas devem ser capazes sob pena de nulidade ou anulabilidade da compra e venda, o que depende da modalidade de incapacidade. Nesse sentido, não se pode esquecer das regras especiais de legitimação, como a que consta no art. 1.647,I do CC, que trata da necessidade de outorga conjugal para venda de bens imóveis a terceiros. Não havendo tal outorga (uxória ou marital), a compra e venda será anulável (art. 1.649 CC), desde que proposta ação anulatória pelo cônjuge no prazo decadencial de dois anos, contados da dissolução da sociedade conjugal. A referida outorga é dispensável se o regime entre os cônjuges for o da separação absoluta.

No que concerne ao consentimento emitido pelas partes, que deve ser livre e espontâneo, deve ainda recair sobre os demais elementos do contrato de compra e venda, quais sejam a coisa e o preço. Em havendo um dos vícios do consentiimento, o contrato de compra e venda é anulável, conforme art. 171, II CC.

A coisa deve ser lícita, determinada ou determinável. O art. 483 CC trata da compra e venda de coisa futura, como ocorre nas vendas sob encomenda. Mas essa coisa futura deve existir em posterior momento sob pena de ineficácia do contrato aleatório, salvo se a intenção das partes era celebrar um contrato aleatório, dependente da sorte ou risco. Diante da boa-fé objetiva a doutrina recomenda que, no momento da realização do contrato de venda sob encomenda, o vendedor já tenha a coisa à sua disposição. Caso contrário, poderá estar caracterizada situação em que o vendedor pretende transmitir coisa que não lhe pertence (venda a non domino).

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A coisa deve ser também alienável, ou seja, deve ser consumível no âmbito jurídico, conforme consagra a segunda parte do art. 86 CC (consuntibilidade jurídica). A venda de um bem alienável, caso bem de família voluntário ou convencional (arts. 1.711 a 1.722 CC), é considerada nula, seja pela ilicitude do objeto (art. 166, II) ou por fraude à lei imperativa (art. 166, VI).

No tocante ao preço, remuneração do contrato, este deve ser certo e determinado e em moeda nacional corrente, pelo valor nominal, conforme consta do art. 315 CC (princípio do nominalismo). O preço, em regra, não pode ser fixado em moeda estrangeira ou em outro, sob pena de nulidade absoluta do contrato (art. 318 CC). Exceção deve ser feita para a compra e venda internacional, nos termos do Decreto- lei 857/1969. O preço pode ser arbitrado pelas partes ou por terceiro de sua confiança (preço por avaliação), conforme faculta o art. 485 CC. O art. 486 CC determina que o preço pode ser fixado conforme taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.

NATUREZA JURÍDICA:

Compra e venda possui as seguintes caracterísitcas:

a) O contrato de compra e venda é bilateral ou sinalagmático, havendo sinalagma (direitos e deveres proporcionais entre as partes, que são credoras e devedoras entre si).b) Constitui contrato oneroso, porque há sacrifícios patrimoniais para ambas as partes, ou seja, para o comprador e para o vendedor (prestação + contraprestação). Essa onerosidade é confirmada pela presença de uma remuneração que é denominada preço. c) Por regra, a compra e venda é um contrato comutativo porque as partes já sabem de antemão quais serão as suas prestações. Eventualmente, incidirá o elemento álea ou sorte, podendo a compra e venda assumir a forma de contrato aleatório, envolvendo riscos. Em casos tais, surgem duas vendas aleatórias (arts. 458 a 461 CC): i) venda de coisas futuras quanto à existência e à quantidade; e ii) venda de coisas existentes, mas expostas a risco. Em relação à venda de coisas futuras, o risco do contrato pode referir-se: 1. - Venda da esperança quanto à existência da coisa ou venda da esperança: refere-se à assunção de riscos por um dos contratantes quanto à existência da coisa, caso em que o outro terá direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. No contrato em questão não é fixada nem mesmo uma quantidade mínima como objeto, fazendo que o risco seja maior.2. Venda da esperança quanto à quantidade da coisa ou venda da esperança com coisa esperada: refere-se à assunção de riscos por um dos contratantes quanto à quantidade da coisa, caso em que o alienante terá direito a todo o preço, desde que de sua parte não tenha concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Nessa situação é fixada uma quantidade mínima para a compra, ou seja, neste contrato há um objeto mínimo fixado para compra e venda. As condições para negociar o

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preço são piores porque o risco é menor; há uma taxa mínima em relação ao objeto.

Nas hipóteses de venda de coisas já existentes, mas expostas a risco assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, ainda que a coisa não mais exista, no todo ou em parte, no dia da formalização do contrato (RT. 460 cc).

d) Pode surgir a dúvida se a compra e venda é um contrato consensual (que tem aperfeiçoamento com a manifestação da vontade) ou real ( o aperfeiçoamento ocorre com a entrega da coisa). Na verdade, a compra e venda assume a primeira categoria, pois o aperfeiçoamento ocorre com a composição das partes. A entrega da coisa ou o registro do negócio n o CRI não tem qualquer relação com o seu aperfeiçoamento de validade, e sim com o cumprimento do contrato, com a eficácia do negócio jurídico, particularmente com a aquisição da propriedade pelo comprador. e) A compra e venda pode ser negócio formal ( solene) ou informal (não solene). O autor segue o entendimento doutrinário segundo o qual a solenidade está relacionada com a escritura pública e não com a forma escrita (formalidade é gênero, solenidade é espécie).f) A compra e venda é um contrato típico, pois está tratado pela codificação privada, sem prejuízo de outras leis específicas. Por diversas vezes, a compra e venda assume a forma de adesão, podendo ainda ser contrato de consumo.

TROCA OU PERMUTA

CONCEITO: O contrato de troca, permuta ou escambo é aquele pelo qual as partes de obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro. Operam-se, ao mesmo tempo, duas vendas, servindo as coisas trocadas para uma compensação recíproca. Isso justifica a aplicação residual das regras previstas para a compra e venda (art. 533 CC).

NATUREZA JURÍDICA: A troca é um contrato bilateral ou sinalagmático, pois traz direitos e deveres proporcionais. Constitui contrato oneroso, pela presença de sacrifício de vontade para as partes. É um contrato comutativo, em regra, e translativo da propriedade, eis que serve como titulus adquirendi. Trata-se de um contrato consensual, que tem aperfeiçoamento com a manifestação de vontade das partes, assim como ocorre com a compra evenda (art. 482 cc). Tal contrato pode ser formal ou informal, solene ou não solene.

As partes do contrato são denominadas permutantes ou tradentes (tradens).

OBJETO DDE CONTRATO E RELAÇÃO COM A COMPRA E VENDA:

O objeto da permuta hão de ser dois bens. Eventualmente, se um dos contraentes der dinheiro ou prestar serviços, não haverá troca, mas compra e venda. Podem ser

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trocados todos os bens que puderem ser vendidos, ou seja, bens alienáveis, mesmo sendo de espécies diversas e valores diferentes. A permuta gera para cada contratante a obrigação de transferir para o outro o domínio da coisa objeto de sua prestação.

Na troca, as partes também devem se preocupar com a manutenção do sinalagma, não sendo admitida qualquer situação de onerosidade excessiva, o que justifica a revisão ou resolução do negócio, de acordo com o caso concreto. As restrições á liberdade de contratar e contratual, aplicadas à compra e venda, por razões óbvias, também devem ser subsumidas à permuta. Ato contínuo de análise, merecem aplicação as regras relacionadas com os riscos sobre a coisa e, sendo possível, as regras e cláusulas ESpeciais da compra e venda.

DOAÇÃO

CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA:

A doação é um contrato que gera inúmeras conseqüências jurídicas, estando tipificado entre os arts. 538 a 564CC. Por esse negócio jurídico, o doador transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o donatário, sem a presença de qualquer remuneração. Pelo que consta no art. 538 CC, trata-se de ato de mera liberdade, sendo um contrato benévolo, unilateral e gratuito. Sendo negócio jurídico benévolo ou benéfico, somente se admite a interpretação restritiva, nunca a interpretação declarativa ou extensiva (art. 114 CC).

A doutrina é dividida na questão da aceitação do donatário, se é ou não requisito essencial do contrato. Maria Helena Diniz entende que a aceitação do donatário continua sendo elemento essencial do contrato, pois “a doação não se aperfeiçoará enquanto o beneficiário não manifestar sua intenção de aceitar a doação” Código Civil.

Porém, para Paulo Luiz Netto Lôbo, a aceitação do donatário não é mais elemento essencial do contrato, sendo “elemento complementar para tutela dos interesses do donatário porque ninguém é obrigado a receber ou aceitar doação de coisas ou vantagens, inclusive por razões subjetivas”. Dessa forma, a aceitação do donatário está no plano da eficácia desse negócio jurídico e não no plano da sua validade. Por isso, tem razão Paulo Lôbo. O dispositivo do art. 539 CC menciona que o doador “pode” fixar prazo para que o donatário declare se aceita ou não a liberdade, percebe-se que a aceitação não é essencial ao ato. Aliás, eventual silêncio do doador traz a presunção relativa de aceitação.

De acordo com a doutrina tradicional, a aceitação não pode ser presumida sem que haja a ciência do donatário. Tem razão essa corrente, pois afinal de contas, ninguém está obrigado a aceitar determinado bem se não o quiser. Conclui-se, portanto, que a aceitação pode ser expressa ou presumida. Mesmo não sendo elemento essencial, não se presume de forma absoluta essa aceitação se o donatário não foi cientificado.

ESPÉCIES:

1) Doação remuneratória: É aquela feita em caráter de retribuição por um serviço prestado pelo donatário , mas cuja prestação não pode ser exigida pelo

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último. Isso porque, caso fosse exigível, a retribuição deveria ser realizada por meio do pagamento, uma das formas de extinção das obrigações.Em regra, não constitui ato de liberalidade, havendo remuneração por uma prestação de serviços executada pelo donatário. A título de exemplo, imagine-se o caso de uma doação de um automóvel feita ao médico que salvou a vida do doador. Somente haverá liberdade na parte que exceder o valor do serviço prestado, conforme dispõe o art. 540 CC.

2) Doação contemplativa ou meritória: É aquela feita em contemplação a um merecimento do donatário. Exemplo típico pode ocorrer no caso de alguém que doa vários livros a um professor famoso, pois aprecia seu trabalho, constando esse motivo no instrumento contratual.3) Doação a nascituro: De acordo com o art. 542 CC, “a doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal”. O nascituro, aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu, poderá receber a doação, mas a sua aceitação deverá ser manifestada pelos pais ou pelo curador incumbido de cuidar dos seus interesses, nesse último caso, com autorização judicial. A aceitação por parte do representante legal do nascituro está no plano da validade do contrato. Além disso, a eficácia do contrato depende do nascimento com vida do donatário, havendo uma doação condicional. Em outras palavras, se o donatário não nascer com vida, caduca a liberalidade, pois se trata de direito eventual, sob condição suspensiva. No entanto, se tiver um instante de vida, receberá o benefício, transmitindo-o a seus sucessores. 4) Doação sob forma de subvenção periódica: Trata-se de uma doação de trato sucessivo, em que o doador estipula rendas a favor do donatário (art. 545 CC). Por regra, terá como causa extintiva a morte do doador ou do donatário, mas poderá ultrapassar a vida do doador, havendo previsão contratual nesse sentido. Porém, em hipótese alguma, poderá ultrapassar a vida do donatário, sendo eventual cláusula nesse sentido revestida por nulidade virtual (art. 166, VII CC). O dispositivo em comento reforça o caráter personalíssimo parcial da doação de rendas. Em realidade, essa doação constitui um favor pessoal, como pensão ao donatário, não se transferindo a obrigação aos herdeiros do doador. 5) Doação feita em contemplação de casamento futuro – propter núpcias:A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar. 6) Doação a entidade futura: Artigo 554

A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente.

7) Doação inoficiosa: É a que excede o limite que no momento da liberalidade poderia dispor em testamento- ação declaratória de nulidade da parte inoficiosa- ação de redução 8) Doação universal :Artigo 548

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É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.

9) Doação ao concubino:Artigo 550

A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.

10)Doação conjuntiva: Feita a mais de uma pessoa- entende-se distribuída aos beneficiários por igual 551- pode determinar direito de acrescer ao que venha a sobreviver

Se os donatários forem marido e mulher a regra é o direito de acrescer – 551 parágrafo único.

11) Doação com cláusula de retorno ou reversão: art.-547

Permite o retorno dos bens ao doador se este sobreviver ao donatário –não é possível a reversão em favor de terceiro

7.Revogaçao da doação

Art. 555 CC

a-por descumprimento do encargo Desde que feita a prova em juízo pelo doador

Seria melhor falar em resolução/rescisão

É necessário que o donatário tenha incorrido em mora (art. 562 CC) o que poderá ocorrer pelo seu vencimento

Não havendo termo começa da interpelação judicial ou extrajudicial (art.397, parágrafo único, CC)

Ação revocatória de doação

Força maior afasta a mora

B- por ingratidão do donatário Somente se for pura

Obrigação moral ser grato ao benfeitor

Rol dos arts. 557 e 558 CC é taxativo

É de ordem pública – irrenunciável antecipadamente

LOCAÇÃO DE COISAS E FIANÇA

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CONCEITOS GERAIS:

O contrato de locação é aquele pelo qual uma das partes, mediante remuneração, compromete-se a fornecer à outra, por certo tempo, o uso de uma coisa não fungível, a prestação de um serviço, ou a execução de uma obra determinada. Pode-se estabelecer três tipos de locação:

a) Locação de coisas: tem como conteúdo o uso e gozo de bem infungível.b) Locação de serviços: tem como conteúdo a prestação de um serviço com interesse econômico.c) Locação de obras ou empreitada: tem como conteúdo a execução de uma obra ou trabalho.

Pela sistemática do atual Código, a prestação de serviços e a empreitada deixaram de ser espécies de locação, mesmo porque o legislador as colocou após o contrato de empréstimo – que se subdivide nos contratos de comodato e mútuo -, fazendo questão de separar esses contratos (prestação de serviços e empreitada) da locação de coisas. Desse modo, os conceitos clássicos ou tradicionais expostos perdem relevância teórica e prática diante do tratamento dado pela atual codificação privada.

NATUREJA JURÍDICA:

O contrato de locação de coisas trata-se de contrato bilateral ou sinalagmático, oneroso, comutativo, consensual e informal e não solene. Trata-se também de típico contrato de execução continuada ( ou de trato sucessivo), uma vez que o cumprimento se protrai no tempo na maioria das hipóteses fáticas.

DO MANDATO (arts 653 e ss)

Mandato é espécie de representação.

Haverá representação todas as vezes que uma pessoa for incumbida de realizar declaração de vontade em seu lugar. Há três espécies de representação: legal, convencional e judicial.

A representação legal é decorrente de lei. A lei impõe aos pais a representação de seus filhos incapazes, ao tutor do pupilo e ao curador do curatelado.

A representação contratual ou convencional decorre de contrato de mandato. A noção de representação tem que estar presente no contrato. Se no consentimento não estiver a representação se configura locação de serviços e não representação. No mandato, o mandatário age em nome do mandante. Na locação de serviços o contratado age em nome próprio.

Representação engloba a pratica de atos e a administração de interesses.

2.Conceito e Características Gerais:

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Mandato é o contrato pelo qual alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses.

O mandato é uma representação convencional. O representante pratica atos que dão origem a direitos e obrigações que repercutem na esfera jurídica do representado.

O mandatário age em nome e por conta do mandante. O mandante contrai as obrigações e adquire os direitos decorrentes do ato do mandatário como se os tivesse contraído e adquirido pessoalmente.

O mandato possibilita que uma pessoa que não possa ou não saiba realizar determinado ato negocial que o realize por meio de outra pessoa.

Consenso: é imprescindível a idéia de representatividade. A representatividade estabelece um liame obrigacional entre o representado e terceira pessoa por meio do representante. O mandatário é representante por vontade do representado (representação convencional).

Por ser representação, os atos do representante que contrariem as instruções recebidas só vincularão o representado se praticados em seu nome dentro dos limites do instrumento, isto é, conforme os poderes constantes da procuração.

Se o mandatário efetuar atos negociais fora dos poderes conferidos pelo mandato, tais atos só serão responsabilizados pelos mandante se ele os ratificar.

Da mesma forma os atos praticados após a extinção do mandato. O mandatário que exceder os poderes do mandato responde perante os terceiros.

3.Caracteres jurídicos a. Típico: está tipificado no Código civil- arts. 653 e ss.

b. Consensual: é considerado celebrado pelo mero consenso entre as partes.

c. Presume-se Gratuito, mas pode ser oneroso:

Será oneroso se houver estipulação expressa ou seu objeto for profissão do mandatário. Ver 658

Será gratuito nos demais casos.

Assim, se o objeto do mandato não for profissão do mandatário será presumidamente gratuito.

d. Bilateral: gera obrigações e deveres tanto para o mandante como para o mandatário. Mesmo que o mandato seja gratuito, o mandante terá sempre duas obrigações: responder pelas obrigações licitamente assumidas pelo mandatário e facilitar a execução do mandato.

e. De Execução Futura: é celebrado em um momento e executado em outro.

f. Intuitu personae: é celebrado com base na mútua confiança dos contratantes

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DO CONTRATO DE COMISSÃO

Conceito: A Comissão é o contrato pelo qual uma pessoa (comissário) adquire ou vende bens, em seu próprio nome e responsabilidade, mas por ordem e por conta de outrem (comitente), em troca de certa remuneração, obrigando-se para com terceiros com quem contrata (CC, art. 693).

Partes: Comissário ou comissionado é a pessoa que, em um negócio, age por ordem de outrem e recebe comissão em decorrência da prática do ato. Quanto a estas determinações e ordens a serem cumpridas, salvo disposição em contrário, pode o comitente, a qualquer tempo, alterar as instruções dadas ao comissário, entendendo-se por elas regidos também os negócios pendentes. é a pessoa que encarrega outra (comissário) de fazer qualquer ato, mediante o pagamento de uma comissão.

4. Caracteres jurídicos: Bilateral Consensual Oneroso Não solene

TRANSPORTEConceito É o contrato pelo qual uma parte recebe coisas ou pessoas para transportá-las de um local a outro.

2. Partes

Se o contrato versar sobre pessoas, as partes serão: transportador e passageiro.

Se o contrato versar sobre coisas as partes serão: transportador e expedidor. Dentro de coisas engloba-se os seres vivos.

3.Características Típico Puro Consensual Oneroso ou gratuito: é presumidamente oneroso. Para ser gratuito deve haver cláusula expressa. Bilateral ou unilateral: se for oneroso ou gratuito. Pré-estimado De execução futura Individual Negociável, em tese Impessoal

MÚTUO

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Conceito Mutuo é o empréstimo gratuito ou oneroso de bens fungíveis. É o contrato pelo qual uma das partes empresta a outra fungível ficando esta obrigada a restituir-lhe coisa da mesma espécie qualidade e quantidade.

Art. 586

Há transferência do domínio da coisa emprestada ao mutuário, que se torna proprietário e consequentemente responde pelos riscos da coisa desde a tradição

Art. 587

De fato, há impossibilidade da restituição na sua individualidade, é contrato translativo, segundo Orlando Gomes.

É empréstimo para consumo, pois o mutuário devolverá outra da mesma espécie, em geral as coisa fungíveis se consumem pelo uso ( art. 85)

Características/Caracteres juridicos: Típico: arts.586 a 592

Puro:

Real: só se considera celebrado após a entrega do bem traditio rei. Antes da entrega efetiva da coisa o contrato não existe contrato (alguns insistem em considerá-lo consensual sendo inútil essa distinção, para eles a tradição seria apenas o primeiro ato executório do mútuo).

Gratuito em essência, podendo ser oneroso: em regra à prestação do mutuante não se contrapõe uma prestação do mutuário, além de restituir coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade.

Ex: em caso de dinheiro, se houver juros é oneroso – limite legal – taxa que estiver em vigor para mora do pagamento dos impostos devidos à Fazenda Nacional- ar. 406. – taxa Selic

Para que seja oneroso é necessária cláusula expressa. Ex: acréscimo de juros Obs. Correção monetária não o torno oneroso, é apenas recomposição do valor devido.

Unilateral, a princípio só gera obrigações apenas para o mutuário, segundo Orlando Gomes a estipulação de juros o torna oneroso e não bilateral, responde ou faz parte da contraprestação.

Pré-estimado: o contrato não está subordinado à sorte futura, todos os direitos e obrigações são previamente conhecidos, eventualmente poderá ser aleatório, se a prestação do mutuário se alterar de acordo com a variação de algum índice

Individual: só obriga as partes contratantes

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Negociável ou de adesão (ex SFH)

Impessoal

DO CONTRATO ESTIMATÓRIO OU VENDA POR CONSIGNAÇÃO (ARTS.534 a 537)

1.Conceito Contrato pelo qual uma pessoa entrega a outra coisa móvel para vender ficando esta com a opção de pagar o preço ou restituir a coisa dentro do prazo combinado

2.Partes Consignante – o que entrega Consignatário - o que recebe

3.Caracteres jurídicos Típico – 534 a 537

Misto - depósito e compra e venda

Oneroso – mas poderá ser gratuito se o comodotário apenas por benevolência aceitar a coisa sem se comprometer a fazer algo

Bilateral

Alelatório – não se sabe se ocorrera a venda

Individual

Negociável

Impessoal

Obrigações do consignatário Conservar a coisa como se fosse sua

Indenizar o consignante sempre que a restituição tiver se tornado impossível, ainda que por fato não lhe imputável – responsabilidade objetiva

Consignatário não tem direito a reembolso de despesas com conservação da coisa

No caso de gastos extraordinários só terá reembolso e retenção pelas benfeitorias úteis e necessárias, pelas voluptuárias só se autorizadas poderá ter reembolso sem direito de retenção

5.Obrigações do consignante Entregar a coisa e esperar prazo para que seja vendida

Não poderá dela dispor antes da restituição

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8.Vendas especiais Venda por amostras Art. 484 Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato. A compra e venda de imóveis poderá se dar ad mensuram e ad corpus

Ad corpus –como corpo individualizado sendo a metragem secundaria – ex vendo Fazenda Santa Maria-menção enunciativa a metragem

Ad mensuram – quando as dimensões do imóvel forem essenciais- se não conferirem exatamente pode pedir complementação por ação ex empto ou ex vendito ou abatimento do preço ou resolução

O juiz dada as circunstâncias ira decidir de que tipo se trata

Segundo Fiúza, nada dizendo o contrato se presume ad corpus se a diferença entre o estipulado em contrato e as medidas reais for de no máximo 1/20 – art. 500 CC

9.Requisitos formais Consensual, exceto se imóvel de valor superior a mais 30 salários mínimos Artigo 108-Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

10. Obrigações do vendedor Cuidar da coisa como sua ate a tradição correndo por sua conta Garantir os vícios da evicção e redibitórios Art 502 CC- débitos relativos a coisa móvel ou imóvel ate a tradição correm por conta do vendedor E demais assumidas no contrato 11. Obrigações do comprador Pagar o preço

Receber a coisa no tempo e local determinados

12. Cláusulas especiais Não são comuns, mas podem ocorrer de forma extraordinária, devendo sempre ser pactuada por expresso

A- Retrovenda

Cláusula pela qual o vendedor se reserva o direito de readquirir a coisa do comprador restituindo-lhe o preço mais despesas

Só é válida, segundo o Código Civil se o objeto do contrato for imóvel

Prazo de validade de 3 anos, sob pena de se considerar não escrito o tempo que ultrapassá-lo

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Se o comprador se recusar a revender o vendedor poderá depositar a quantia judicialmente

O vendedor poderá ceder seu direito de retrato a terceiros e transmiti-lo via hereditária a herdeiros e legatários Se o comprador dispuser da coisa alienando-a ou transmitindo-a a terceiros poderá o vendedor agir contra esses desde que a cláusula esteja averbada junto a matrícula do imóvel

B-Venda a contento Contrato subordinado à condição de ficar desfeito se a coisa objeto do contrato não for do agrado do comprador

Deve ser sempre expressa para ter validade

A venda só se reputa celebrado se o comprador aprovar a coisa, isto não impede que a coisa seja entregue de imediato

O comprador que recebe a coisa será considerado comodatário – empréstimo gratuito de coisas infungíveis- ate que se manifeste aceitando-a ou não

Prazo para que se manifeste deve ser fixado no contrato, em sua falta poderá intimar o comprador judicialmente ou não para que exerça seu direito em prazo determinado pelo vendedor

Vencido o prazo o comprador será constituído em mora, respondendo pelos danos que sofrer a coisa.

CDC – em todo contrato celebrado fora do estabelecimento comercial o comprador terá o prazo de 7 dias contados do recebimento para se arrepender e restituir o produto recebendo seu dinheiro de volta.

C – Venda sujeita a prova Modalidade da venda sujeita a contento

Contrato se reputa celebrado depois que o comprador comprovar que a coisa tem as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja adequada para a finalidade a que destina

É mais restrita que a venda a contento a rejeição só será possível se a coisa não possuir as qualidades asseguradas pelo vendedor ou não for finalidade para que se destina Na venda a contento basta que o produto não seja de seu agrado

Aplica-se as mesmas disposições da venda a contento.

D- Preempção ou preferência Cláusula pelo qual o comprador se compromete a oferecer a coisa ao vendedor se algum dia resolver vendê-la

Deve ser pactuada por expresso e o vendedor só terá direito se pagar o preço exigido pelo comprador

Prazo imóvel – 60 dias

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Móvel - 3 dias

Findo o prazo estará livre o vendedor

Partes podem fixar prazo maior não superior a 180 dias para móvel e 2 anos para imóvel

E – Reserva de domínio Cláusula que garante ao vendedor a propriedade da coisa móvel já entregue ao comprador até o pagamento total do preço

Apesar de já entregue a coisa o vendedor continua seu dono, comum nas vendas a prazo

Só para móveis

Para que possa agir contra terceiros adquirentes deve ser o contrato registrado no domicílio do comprador – no cartório de títulos e documentos

Ex: Bruno comprou TV de Paulo com cláusula de reserva de domínio: o objeto deverá ser individualizado a fim de que não se confunda com outros congêneres se houver dúvida e o bem for vendido a dúvida beneficiará o novo comprador

Entregue a coisa responde o comprador por todos os danos que sofrer exceção ao res perit domino Não paga a dívida poderá o vendedor executar a cls exigindo a restituição da coisa e restituindo o comprador as parcelas já pagas descontados os prejuízos advindos do inadimplemento alem da deterioração da coisa

Pode ser que não haja nada a substituir e mais que tenha que ser paga indenização

Para tal precisará o vendedor constituir o comprador em mora interpelando-o judicialmente ou protestando o título

O vendedor poderá em vez de resolver o contrato executar o contrato para exigir as prestações não pagas

F- Venda sobre documentos O contrato é executado mediante a entrega de documentos que representam a coisa, ou seja, tradição simbólica da coisa

DO CONTRATO DE TRANSAÇÃO

Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio

mediante concessões mútuas.

Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se

permite a transação.

Page 15: Contratos em espécie

O contrato de transação é um contrato bilateral que, mediante

concessões recíprocas das partes, põe fim a uma controvérsia.

Segundo Silvio Rodrigues

"A transação é o é o negócio jurídico bilateral pelo qual as partes

previnem relações jurídicas duvidosas ou litigiosas, por meio de concessões

recíprocas, ou ainda em troca por determinadas vantagens pecuniárias."

Maria Helena Diniz, esclarece: "a transação seria uma composição

amigável entre os interessados sobre os seus direitos, em que cada qual abre mão de

suas pretensões fazendo cessar as discórdias".

Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pelegrini Grinover e Cândido Rangel

Dinamarco, mencionamm que são três as formas de autocomposição:

a) desistência (renuncia à pretensão);

b) submissão (renúncia à resistência oferecida à pretensão)

c) transação (concessões recíprocas).

Art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz.

Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.

Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa indivisível.

§ 1o Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador.

§ 2o Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste para com os outros credores.

§ 3o Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação aos co-devedores.

Elementos da transação

São eles:

a) O acordo entre as partes caracterizado como uma autocomposição;

Page 16: Contratos em espécie

b) A existência de relações controvertidas e a intenção de lhe por um fim;

c) a concessões recíprocas, cada parte tem que abrir mão de um direito que acredita

ter, se não, acorreria uma liberalidade, e não a transação.

E, ainda o art. 850, dispõe que é nula a transação a respeito do litígio

decidido por sentença transitada em julgado, se dela não tinha ciência algum dos

transadores, ou quando, por título posteriormente descoberto, se verificar que nenhum

deles tinha direito sobre o objeto da transação.

Art. 850. É nula a transação a respeito do litígio decidido por

sentença passada em julgado, se dela não tinha ciência algum dos

transatores, ou quando, por título ulteriormente descoberto, se

verificar que nenhum deles tinha direito sobre o objeto da transação.

DO COMPROMISSO

O compromisso é o acordo de vontades onde as partes, preferindo não

se submeter a decisão judicial, confiam a árbitros a solução de seus conflitos de cunha

patrimonial.

Art. 851. É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para

resolver litígios entre pessoas que podem contratar.

Art. 852. É vedado compromisso para solução de questões de

estado, de direito pessoal de família e de outras que não tenham

caráter estritamente patrimonial.

Art. 853. Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para

resolver divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida

em lei especial.

É vedado compromisso para solução de questões de estado, de direito

pessoal de família e de outras que não tenham caráter estritamente patrimonial.

É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial para resolver litígios

entre pessoas que podem contratar.

Admite-se nos contratos a cláusula compromissória para resolver

divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial.

DO CONTRATO DE SEGURO

Page 17: Contratos em espécie

O Contrato de seguro está disciplinado no Código Civil, nos artigos 757 a 802.

O Contrato de seguro, o segurador se obriga mediante o pagamento do prêmio, a

garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos

predeterminados. (art. 757)

Somente poderá figurar como segurador entidade legalmente autorizada para este fim.

   O contrato de seguro exige o cumprimento de algumas formalidades, deve

ser sempre escrito, representado pela apólice ou bilhete de seguro.

Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio.

Art. 759. A emissão da apólice deverá ser precedida de proposta escrita com a declaração dos elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco.

Art. 760. A apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à ordem ou ao portador, e mencionarão os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio devido, e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário.

Parágrafo único. No seguro de pessoas, a apólice ou o bilhete não podem ser ao portador.

  O artigo 761 do Código Civil, dispõe sobre o co-seguro, modalidade

através da qual o segurado realiza contratação plúrima, com dois ou mais

seguradores.

Art. 761. Quando o risco for assumido em co-seguro, a apólice indicará o segurador que administrará o contrato e representará os demais, para todos os seus efeitos.

Porem, entre as segurados contratadas deve se eleger aquela que irá

administrar e representar as demais.

Não é caso de obrigação solidária, mas a seguradora administradora,

poderá intentar contra as demais, ação de regresso, nos limites da responsabilidade

de cada uma.

O contrato de seguros será nulo quando o risco for proveniente de ato

doloso do segurado.

Page 18: Contratos em espécie

                         O segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio também

não terá direito à indenização, caso haja a ocorrência do sinistro antes da purgação da

mora.                       

Art. 762. Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso do segurado, do beneficiário, ou de representante de um ou de outro.

Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.

Art. 764. Salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado o risco, em previsão do qual se faz o seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio.

Art. 765. O segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e declarações a ele concernentes.

Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.

Parágrafo único. Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé do segurado, o segurador terá direito a resolver o contrato, ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio.

  Caso a conduta do segurado seja suscetível de agravar consideravelmente o

risco coberto, deverá de imediato comunicar ao segurador, sob pena de perder o

direito à garantia, caso se prove que se silenciou por má-fé.

Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco objeto do contrato.

Art. 769. O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo que saiba, todo incidente suscetível de agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se provar que silenciou de má-fé.

§ 1o O segurador, desde que o faça nos quinze dias seguintes ao recebimento do aviso da agravação do risco sem culpa do segurado, poderá dar-lhe ciência, por escrito, de sua decisão de resolver o contrato.

Page 19: Contratos em espécie

§ 2o A resolução só será eficaz trinta dias após a notificação, devendo ser restituída pelo segurador a diferença do prêmio.

  Ocorrido o sinistro, cabe ao segurado informá-lo de imediato ao

segurador, tomando também todas as providencias necessárias para minorar todas as

suas conseqüências, sob pena de perder o direito à indenização.

Feito o comunicado ao segurador, por sua conta correrão todas as

despesas necessárias para o salvamento do segurado, limitando-se, contudo, à

previsão contratual.

                        Pode ocorrer também a mora do segurador no pagamento da

indenização referente à ocorrência do sinistro. Nesse caso, o segurador deverá

indenizar o segurado no valor devido, corrigido monetariamente, bem como acrescido

dos juros moratórios legais.

Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as providências imediatas para minorar-lhe as conseqüências.

Parágrafo único. Correm à conta do segurador, até o limite fixado no contrato, as despesas de salvamento conseqüente ao sinistro.

Art. 772. A mora do segurador em pagar o sinistro obriga à atualização monetária da indenização devida segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, sem prejuízo dos juros moratórios.

Art. 773. O segurador que, ao tempo do contrato, sabe estar passado o risco de que o segurado se pretende cobrir, e, não obstante, expede a apólice, pagará em dobro o prêmio estipulado.

Art. 774. A recondução tácita do contrato pelo mesmo prazo, mediante expressa cláusula contratual, não poderá operar mais de uma vez.

Art. 775. Os agentes autorizados do segurador presumem-se seus representantes para todos os atos relativos aos contratos que agenciarem.

Art. 776. O segurador é obrigado a pagar em dinheiro o prejuízo resultante do risco assumido, salvo se convencionada a reposição da coisa.

Page 20: Contratos em espécie

DO SEGURO DE DANO

O seguro de dano é um contrato pelo qual o segurador obriga-se para com o segurado, mediante prêmio, a lhe pagar uma indenização se ocorrer um sinistro previsto no contrato ao patrimônio do segurado.

Art. 778. Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena do disposto no art. 766, e sem prejuízo da ação penal que no caso couber.

Art. 779. O risco do seguro compreenderá todos os prejuízos resultantes ou conseqüentes, como sejam os estragos ocasionados para evitar o sinistro, minorar o dano, ou salvar a coisa.

Art. 780. A vigência da garantia, no seguro de coisas transportadas, começa no momento em que são pelo transportador recebidas, e cessa com a sua entrega ao destinatário.

Art. 781. A indenização não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento do sinistro, e, em hipótese alguma, o limite máximo da garantia fixado na apólice, salvo em caso de mora do segurador.

Art. 782. O segurado que, na vigência do contrato, pretender obter novo seguro sobre o mesmo interesse, e contra o mesmo risco junto a outro segurador, deve previamente comunicar sua intenção por escrito ao primeiro, indicando a soma por que pretende segurar-se, a fim de se comprovar a obediência ao disposto no art. 778.

DO SEGURO DE PESSOA

O seguro de pessoa subdivide-se em:

seguro de saúde

seguro de vida

O seguro de saúde  garante o pagamento e ou a cobertura das condições médico-hospitalares em caso de enfermidades.

O seguro de vida consiste no pagamento pela segurada de um capital a um beneficiário do segurado, após sua morte ou invalidez permanente.

Art. 789. Nos seguros de pessoas, o capital segurado é livremente estipulado pelo proponente, que pode contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com o mesmo ou diversos seguradores.

Art. 790. No seguro sobre a vida de outros, o proponente é obrigado a declarar, sob pena de falsidade, o seu interesse pela preservação da vida do segurado.

Page 21: Contratos em espécie

Parágrafo único. Até prova em contrário, presume-se o interesse, quando o segurado é cônjuge, ascendente ou descendente do proponente.

Art. 791. Se o segurado não renunciar à faculdade, ou se o seguro não tiver como causa declarada a garantia de alguma obrigação, é lícita a substituição do beneficiário, por ato entre vivos ou de última vontade.

Parágrafo único. O segurador, que não for cientificado oportunamente da substituição, desobrigar-se-á pagando o capital segurado ao antigo beneficiário.

Art. 792. Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se por qualquer motivo não prevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação hereditária.

Parágrafo único. Na falta das pessoas indicadas neste artigo, serão beneficiários os que provarem que a morte do segurado os privou dos meios necessários à subsistência.

Art. 793. É válida a instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo do contrato o segurado era separado judicialmente, ou já se encontrava separado de fato.

Art. 794. No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capital estipulado não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito.

Art. 795. É nula, no seguro de pessoa, qualquer transação para pagamento reduzido do capital segurado.

Art. 796. O prêmio, no seguro de vida, será conveniado por prazo limitado, ou por toda a vida do segurado.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese, no seguro individual, o segurador não terá ação para cobrar o prêmio vencido, cuja falta de pagamento, nos prazos previstos, acarretará, conforme se estipular, a resolução do contrato, com a restituição da reserva já formada, ou a redução do capital garantido proporcionalmente ao prêmio pago.

Art. 797. No seguro de vida para o caso de morte, é lícito estipular-se um prazo de carência, durante o qual o segurador não responde pela ocorrência do sinistro.

Parágrafo único. No caso deste artigo o segurador é obrigado a devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica já formada.

Art. 798. O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o segurado se suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato, ou da sua recondução depois de suspenso, observado o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese prevista neste artigo, é nula a cláusula contratual que exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado.

Page 22: Contratos em espécie

Art. 799. O segurador não pode eximir-se ao pagamento do seguro, ainda que da apólice conste a restrição, se a morte ou a incapacidade do segurado provier da utilização de meio de transporte mais arriscado, da prestação de serviço militar, da prática de esporte, ou de atos de humanidade em auxílio de outrem.

Art. 800. Nos seguros de pessoas, o segurador não pode sub-rogar-se nos direitos e ações do segurado, ou do beneficiário, contra o causador do sinistro.

Art. 801. O seguro de pessoas pode ser estipulado por pessoa natural ou jurídica em proveito de grupo que a ela, de qualquer modo, se vincule.

§ 1o O estipulante não representa o segurador perante o grupo segurado, e é o único responsável, para com o segurador, pelo cumprimento de todas as obrigações contratuais.

§ 2o A modificação da apólice em vigor dependerá da anuência expressa de segurados que representem três quartos do grupo.

Art. 802. Não se compreende nas disposições desta Seção a garantia do reembolso de despesas hospitalares ou de tratamento médico, nem o custeio das despesas de luto e de funeral do segurado.

DO CONTRATO DE EMPREITADA

A empreitada é o contrato pelo qual um dos contraentes (empreiteiro) se

obriga, sem subordinação ou dependência, a realizar, pessoalmente ou por meio de

terceiro, certa obra para outrem (dono da obra ou comitente) com material próprio ou

por este fornecido, mediante remuneração determinada, ou proporcional ao trabalho

executado.

Modalidades de empreitada

Empreitada de preço fixo = é aquela em que não se admite qualquer alteração

na remuneração, seja qual for o custo da mão de obra ou dos materiais.

Empreitada de preço fixo relativo = é aquela em que é permitida variação em

decorrência do preço de algum dos componentes da obra, ou de alterações que já

estejam programadas por influencia de fatos previsíveis, ainda não contratados.

Empreitada por medida = é aquela em que o preço é fixado por partes, para

atender ao fracionamento da obra, considerando-se as partes em que ela se divide ou

a medida. O pagamento será estipulado por unidade ou parte concluída.

Page 23: Contratos em espécie

Empreitada de valor reajustável = é aquela que contem cláusula permissiva de

variação de preço em consequência de aumento ou diminuição valorativa da mão-de-

obra e dos materiais. Pode o preço da obra variar conforme índices oficiais,

procedendo a revisão periódica em datas pré-estabelecidas.

Empreitada por preço máximo = é aquela que estabelece um limite de valor

que não poderá ser ultrapassado pelo empreiteiro. O empreiteiro receberá

previamente uma lista com a qualidade dos materiais e da mão-de-obra necessárias,

com os preços de materiais e salários dos operários.

Empreitada por preço de custo = é aquela em que o empreiteiro se obriga a

realizar o trabalho, ficando sobre sua responsabilidade o fornecimento dos materiais e

pagamento de mão-de-obra, mediante o reembolso de dispêndio, acrescido do lucro

assegurado.

Empreitada de lavor = é aquela em que o empreiteiro apenas assume a

obrigação de prestar o trabalho necessário para a confecção, a produção, a

construção ou a execução da obra.

Empreitada de materiais ou mista = é aquela em que o empreiteiro, ao se

obrigar a realização da obra, se obriga, em razão de lei ou do contrato, com o

fornecimento dos materiais necessários à sua execução e com a mão –de-obra,

contraindo , concomitantemente, uma obrigação de fazer e de dar.

Direitos e deveres do empreiteiro

São direitos do empreiteiro:

a-) perceber remuneração convencionada,

b-) exigir aceitação da obra concluída,

c-) requerer medição das partes já concluídas, no caso de empreitada por

medida,

d-) reter a obra para assegurar o recebimento do preço,

e-) constituir o comitente em mora, consignando judicialmente a obra,

f-) ceder o contrato, desde que não seja intuitu personae, dando origem a

subempreitada,

g-) suspender a obra nos seguintes casos:

Page 24: Contratos em espécie

1. por culpa do dono, ou por motivo de força maior,

2. quando no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades imprevisíveis

de execução, resultantes de causas geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de

modo que se torne a empreitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser

ao reajuste do preço inerente ao projeto por ele elaborado, observados os preços,

3. se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza

forem desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar

com o acréscimo de preço.

São deveres do empreiteiro:

a-) executar a obra conforme as determinações contratuais,

b-) corrigir os vícios ou defeitos que a obra apresentar,

c-) não fazer acréscimos ou mudanças sem necessidade e sem consentimento

do comitente,

d-) entregar a obra concluída ao dono,

e-) pagar os materiais que recebeu do comitente, se por negligencia ou

imperícia os inutilizar, e responder por perdas e danos se, sem justa causa, suspender

a empreitada,

f-) denunciar ao comitente defeitos nos materiais entregues para a obra que

possam comprometer sua execução,

g-) fornecer, se a empreitada for mista, os materiais de acordo com a qualidade

e quantidade convencionadas.

Direitos e deveres do comitente

São direitos do comitente:

a-) exigir do empreiteiro a observância do contrato e suspender a obra desde

que pague ao empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já feitos, mais

indenização razoável, calculada em função do que ele teria ganho, se concluída a

obra,

b-) receber a obra concluída conforme convencionado ou o costume local,

c-) acompanhar a execução da obra em todos os seus tramites,

Page 25: Contratos em espécie

d-) enjeitar a obra ou pedir abatimento proporcional do preço se o empreiteiro

se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em

trabalhos de tal natureza,

e-) pedir o pagamento dos materiais que forneceu e que foram inutilizados por

culpa do empreiteiro, e a revisão do preço se ocorrer diminuição do valor da obra ou

do material superior a um décimo do preço global convencionado.

São deveres do comitente:

a-) pagar a remuneração convencionada,

b-) verificar tudo o que foi feito,

c-) receber a obra concluída,

d-) fornecer materiais, quando isto lhe competir,

e-) indenizar o empreiteiro pelos trabalhos e despesas que houver feito, se

rescindir ou suspender o contrato sem justa causa, pagando ainda os lucros que este

poderia ter, se concluísse a obra,

f-) não alterar o projeto da obra já aprovado, sem anuência do seu autor, ainda

que a execução seja confiada a terceiro, a não ser que, por motivos supervenientes ou

razões de ordem técnica, fique comprovada a inconveniência ou a excessiva

onerosidade de execução do projeto em sua forma originária.