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2

NOSSA LÍNGUA Peça teatral

Gênero: comédia

Texto:

Autor: Elisabeth Santos de Carvalho

3

NOSSA LÍNGUA

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Personagem: Filomena Escatamata Salustriano - Filó

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Minha homenagem a alguns integrantes do Grupo Vital

de teatro.

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Em especial a

minha filha Thaís,

a primeira personagem Filó e a Suzel que

acabou com vários carros que teve ao levar e

trazer nossos cenários.

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GRUPO VITAL APRESENTA...

Flyer da peça

8

Personagens: Super, Dominique e Dorival.

Cenário: muro da casa de Filó pixado pelo Grupo Vital.

9

Em cena.

Grupo Vital reunido antes da apresentação.

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Walmor, Henriqueta e Mirtes em cena.

Preparação para a personagem Filó.

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Confusão geral na peça, um grande pega pra capar!

Dominique, Péris e Dorival.

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Filó contando história do joelho para Dominique.

Que gracinha!

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Metade do elenco reunido no camarim depois da apresentação.

Personagens da peça: No país dos Prequetés.

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Pose para a foto da peça: Santo Capão.

Super e Mirtes na praça ao lado da casa de Filó.

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Galera em exercício teatral na sede.

Grupo Vital.

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Ensaio da peça Santo Capão.

Jantar com os Vitalinos na sede.

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Hora de relaxar um pouquinho...

Vitalinos mais que um grupo... Uma FAMILIA!

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A turma toda reunida.

V de Vital

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Na frente da sede.

Carnaval na avenida e o Grupo Vital de abre alas!!

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Galera na concentração para o carnaval

Galera na avenida para desfile de carnaval!

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Tema: Os dez Mandamentos

Vovó e vovô arrumando figurino da netinha.

22

Festa de aniversário da Beth.

Festa de aniversário da Beth.

23

Galera Vitalina.

Apresentação da peça O pagador de Promessas.

24

Apresentação de Santo Capão.

Galera gente boa.

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Pyetra e Larissa.

Olha a pose Vitalinos!

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Nesta festa só entrava meninas!

Olha que coisa linda da mamãe...

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Dani caipira para festa do Grupo Vital.

Lívia e Tamires vestidas de caipira na festa do Grupo Vital.

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Primeiro Péris – Leonardo de Carvalho.

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Primeira Filó, Thais se preparando para a personagem

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NOSSA LÍNGUA TEXTO E DIREÇÃO

ELISABETH SANTOS DE CARVALHO

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SINOPSE

Um bairro na periferia onde a fofoca

corre solta...

Filó, moradora mais antiga, fala mal

de todos no bairro.

Ela só não fala de sua filha

Dominique, que vive cabulando aula e

saindo com todos os rapazes do

vilarejo.

Salú, marido de Filó, passa o dia no

bar do seu Miguel, tomando todas as

cachaças e contando causos

duvidosos, imaginados em um tempo

que vivia na roça.

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PERSONAGENS

FILOMENA (FILÓ) – Fofoqueira do bairro, mãe

de Dominique;

SALUSTRIANO (SALÚ) – Pinguço, marido da

Filó, pai de Dominique;

DOMINIQUE – Namoradeira filha de Filó e

Salú;

ALESSANDRA (XANDRINHA) – Esnobe filha

de Mirtes e Euclides, irmã de Super;

PIERRE (SUPER) – Esnobe filho de Mirtes e

Euclides, irmão de Xandrinha;

MIRTES – Esnobe falida filha de Henriqueta,

mulher de Euclides, mãe de Xandrinha e Super;

EURIDES – Mulher simples esposa de Walmor e

mãe de Dorival;

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WALMOR – Namorador safado marido de

Eurides, pai de Dorival;

SEU MIGUEL – Amigo dos cachaceiros só recebe

calote em seu bar;

HENRIQUETA – Fofoqueira amiga de Filó é mãe

de Mirtes, avó de Xandrinha e Super;

PÉRIS – Garoto engraxate, amigo de Dorival e

Dominique;

EUCLIDES – Homem falido e cachaceiro marido

de Mirtes, pai de Xandrinha e Super;

DORIVAL – Apaixonado por Dominique filho de

Walmor e Eurides;

GABRIEL – bêbado louco ama de paixão Filomena.

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Gabriel vem com uma garrafa de bebida na

mão, xinga algo e vai até o muro de filó, que quando

o vê se benze e entra. Ele é apaixonado por ela,

ninguém se importa porque sabem que Gabriel não

bate bem das idéias, até Salú marido de filó, brinca

com Gabriel, ele fala que o dia que filó aceita-lo,

Gabriel poderá levá-la de mão beijada. Filó vive

xingando Gabriel de figura do demo, mas ao mesmo

tempo fica envaidecido de um rapaz tão bonito ser

apaixonado por ela. Gabriel olha para o muro...

Suspira profundo e conversa com o público.

Gabriel - Espelho, espelho meu... Já viu um

amor mais lindo que o meu? Filomena Escatamata

Salustriano, eis seu nome... Não existe outro nome

mais lindo que esse. Um dia ela vai perceber que seu

verdadeiro amor... Sou eu, e viveremos para sempre

em um lindo castelo que construirei para ser nosso

ninho de amor... Filó... Filó meu amor saia no muro

para que eu possa ver seus lindos bobes e seu olhar

penetrante.

Ele começa a gritar até que filó aponta no muro,

ele se ajoelha, ela o olha com desdém.

Filó - Já dissi que num queru nem ocê e nem

aqueli trumbada no meu purtão, vá de reta satanás.

Ocê pensa qui num vi qui ocê, aquele trumbada do

Péris e agora inté us vagabundu desse tar grupu Vitar,

pincharu meu muru é seu fio di uma rapariga? Somi

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daqui pesti!

Gabriel - Meu amor, agora que te vi já me

vou, o mundo pode até acabar.

Filó - Vai acabá pra tu, quandu eu rumá esse

pau na sua cabeça sai daqui seu doido... Ai meu pai,

quantu mais eu rezu, mais u cão aparece.

Gabriel sai jogando beijinhos para Filó que vira o

rosto para o outro lado, Carmelita moça simples e

educada está passando na rua. Filó a fofoqueira do

bairro que está como sempre no muro cuidando da

vida alheia, comenta.

Filó - Ara... Mais sará u biniditu? Lá vai a

Carmilita di novu, apostu qui já vai xibiuzá.

Chega o marido de Filó, seu Salustriano e ela

apressam-se em fofocar.

Filó - Corri Salú, vem vê a disavergunhada

sainu di novu.

Salú - O Filó... U fijão num tá queimanu não?

Mule pari di cuidá da vida alhea, cadê sua fia?

Filó - Duminiqui? Ara mais que preguntinha

mais besta sor, instudanu cuma sempri, minha fia é

intiligente, num vai se comu ocê seu salú, modi quê...

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Filó para de falar de repente quando nota

Dominique chegando, ela vem rebolando toda

faceira até notar a presença do pai e da mãe no

portão muda da água para o vinho e caminha como

uma mocinha de família.

Filó - Ai vem ela... Parece uma dutora...oi fia

tudo bem? Instudou dereito?

Dominique - Claro mãe, como sempre... Oi

pai...

Salú - Cuma sempri né fia?

Filó - Qui é salú? Tu bebes suas cachaças e

adispois fica priturbando ela é? Entra fia, Vá janta qui

ocê deve di ta muito cansada.

Salú ri e fala em tom irônico:

Salú - É fia ocê devi di ta muito cansada, e ocê

mule, sai du muru que já etá inté gastu, sua línga é qui

diviia di gastá.

Filó - Salú... vái vê si to drumindu vái...ara qui

sacu.

Salú entra resmungando, Filó avista dona Eurides.

Filó- Oi dona óridis, cumá vai seu fio,

instudanu? Bão moçu eli.

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Eurides - O Dorival já chegou da escola, acho

que está no bar do seu Miguel com o pai... E sua

família, todos bem?

Filó - Bem cuma sempri, quer dize...tiranu a

cachaça du veio. Duminiqui vai passá di Anu, minha

fia só tira deiz...deiz pruque é u máximu, senão tirava

muitu maizes.

Eurides - Claro dona Filomena claro, bem

tenho que ir, da licença lembranças a todos até mais

ver...

Filó - Inté... Mande lembrança a sua famía

tumbém, boa vizinha, boa mãe... Boa dona di casa...

Eurides se afasta e filó muda, começa a falar

sozinha.

Filó - Tenho inté pena dessa ai, esse fio dela

num vali nada, pioro u maridu, num Podem ve um

rabo di saia qui onhão, si eu num fossi uma mule di

respeitu, essi tar di Seu Warmo já ia quere ibilzá cum

eu, pensa qui num notu u oiar di pexe mortu deli preu

é? Oceis num sabe é di nada...

Dorival se aproxima do muro e cumprimenta

Filomena.

Dorival - E ai dona Filomena tudo bem, a

Dominique está?

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Filó - Oi Dorival ela está sim, Dominique o

Dorival está te chamando... Sua mãe cabo di passá

cumas compra... qui será qui ela tanto comprô nhem?

Tava inda gorinha memo pensando em ocê, como ocê

é inducado, bom filho, estudioso.

Dorival - Obrigada dona Filomena.

Filó. Qui nada bão moçu...é di coração.

Chega Dominique toda faceira.

Dominique - Oi Dodô, tudo jóia? Mãe o pai

está te chamando.

Filó que estava curiosa para saber o que Dorival

queria com Dominique, bate as Mãos no muro e

resmunga.

Filó - Ora mais justo agora aquele velho me

chama? Licença Dorival, vou ver o que o Velho quer.

Ela finge que vai, mas Dorival a percebe ouvindo

atrás do muro.

Dorival - Toda dona Filomena, ....pode ir.

Filó - Eu já ia... É qui u bobi inroscô aqui nu

muru...

Resmunga baixinho (f.d.p...). Assim que

Dorival percebe que Filó se afastou fala com

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Dominique.

Dorival - Mais uma vez a senhorita cabulou

aula né? Hoje teve prova sabia?

Dominique- Eee Dodô... Fala baixo que a

minha mãe Pode estar ouvindo, você Até parece meu

pai falando, tive um encontro Com o super, que não é

tão super assim... Mas valeu.

Dominique sabe que Dorival sente uma forte

atração por ela e vive o provocando passa a mão em

seu peito ele tira.

Dorival - pare com isso Dominique, o seu

Super pode ver, só falo isso porque tenho Pena do seu

pai e até da bruxa da sua mãe, sair por ai pra se

divertir tudo bem, mas tem que ser na hora da

escola?

Chega o garoto Péris, feliz com sua caixa de

engraxate cantarolando sua musica predileta de

Caetano Veloso.

Péris - “Caminhando contra o vento, sem lenço e

sem documento eu voooou”... Oi Domi, oi Dori que

milagre a bruxa não está ai... Viu até rimou.

Eles caem na risada sem notar que Filó já se

encontrava no muro. Péris é o primeiro a perceber,

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ele para de rir e muda rapidamente de assunto.

Péris - É... Vocês viram o Euclides por ai? E o

meu celular? Acho que perdi ele...

Filó - Cilularis... Só si robo da pratéia...pessuar

du pubricu.. Óia si esse ai num robo suas cartera. Ja

dissi qui num queru trumbadinha nu meu purtão,

circulanu vamu, circulanu....

Se existe alguém que tira Péris do sério, esse

alguém é filó, ele sai gritando e xingando deixando

filó uma fera.

Péris - Trombadinha é a senhora, aliás,

trombada fatal se trombar em alguém esmaga com

toda essa banha, gorda bruxa linguaruda boi zebu.

Péris se retira, Dorival e Dominique riem

escondidos de Filó.

Filó - Mais qui pesti ainda tei arrebentu, seu

osado, lutrido, sem termu.

Dominique - Mãe quero só ver o dia que a

senhora vai parar de implicar com o Péris, ele não é

trombadinha, fica na rua direto mais é trabalhando

mãe, vive engraxando sapatos fazendo carretos, todos

gostam dele, só a senhora que não.

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Filó - Qui nada fia é trumbada memo, ocê qui é

boa dimais e não precebe as coisa.

De repente parece que filó até esqueceu e toda

curiosa ela pergunta para Dominique.

Filó- Ocê i u Dorivar já cunversaru?

Dominique acotovela e pisca para Dorival.

Dominique - Já... Já sim mãe... Ele só queria

que eu explicasse uma matéria que vai cair na prova

não é mesmo Dodô?

Dorival fica triste e com raiva de Dominique ao

mesmo tempo, porém gosta dela e concorda.

Dorival - É foi isso... Bem está ficando tarde

obrigado por me explicar a matéria tchau, passar bem

dona Filomena.

Filó - Inté, bão moçu inducadu instudiosu...bão

amigu di minha fia...é di coração viu?

Dorival já está saindo quando Salú aparece no

portão e o chama.

Salú - Dorivar ondi tá seu pai?

Dorival - Oi seu Salú... Acho que no bar do

seu Miguel quando vim para cá ele estava lá ainda...

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Tchau seu Salú.

Salú - Inté vo inté lá proziá cum meu amigu...

Filó - Amigu du copu né veio...já vai di novu

tuma cachaça?

Salú - Mió qui fala mar da vida alhea, sua

língua é qui divia di gasta, cuma u muru já gasto.

Filó - Vai veio pinguçou!

Salú - Vai véia lingaruda!

Salú vai para o bar, Dorival vai embora.

Dominique vai entrando e Filó a acompanha

reclamando.

Filó - Mais mudanu di assuntu fia, num achu

certu ocê si mata di instuda pra fica ajudanu o

vagabundu du Dorivar, ocê é boa dimais entra fia, em

discansá...

Salú chega ao bar ele cumprimenta todos e

vai conversar com Walmor, seu melhor amigo.

Walmor - Que cara é essa seu Salú, brigando

com a mulher novamente.

Salú - Aquilo lá num é mule, aquilo é um

jornar véiu...mais dexa a bruxa di ladu qui eu queru

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mesmo é terminá di conta aqueli casu pru sinhô...

Walmor - É mesmo seu Salú, o senhor não

terminou de contar sobre as fazendas...

Salú - Cumu eu ia dizenu, eu tinha umas trinta

fazenda... Trinta não... achu qui umas cinqüenta

fazenda, cada uma tinha umas dez mir...não...achu qui

oitenta mir cabeça di Gadu. Rapaiz deu uma duença...

achu qui essa tar da vaca doida, e essa tar di febre

disfeitosa...num sobro nenhumazinha siqué pra cunta

a históra.

Walmor tem uma crise de tosse de tanto rir

Filó não perde tempo.

Filó - Vai cumprá charopi tuberculoso, invéis

de cachaça.

Walmor - Foi mesmo seu Salú? E as fazendas?

Salú - Bão ocê mi cunheci...apariceu lá um

pessoal sem terra e dei tudu prus Miserávi aí intão

vim mora aqui. Tem qui ve Warmo, as criança todas

cum fomi, uns mir quilu di lumbriga nas barriga, us

véiu i as véia tudu sem denti qui dó... Não Warmo,

ficu cum pena e já vo logu danu inté a ropa du corpu,

a Filó não, se dé pra inganá us Miserávis i tirar us

trapinho delis, ela tira, eu não tenhu curage.

Walmor - Bonito seu gesto seu Salú, vamos

sentar que pago seu drinque.

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Salú não entende o que é drinque e acompanhando

o amigo até a mesa fala intrigado.

Salú - Num carece di paga essi tar

nigóço...basta paga minha cachaça qui tá bão Dimais,

queru mesmo é contá otru casu pra ocê...dus mir carru

qui eu tinha...mir não, Achu qui sete mir. Era bug,

poche, eu guiava qui nem o chumaqui.

Filó - Qui carru u quê véiu mintiroso, ocê na

roça andava era na cacunda dum jegui.

A conversa continua animadíssima na mesa do

bar, chega Euclides, terno impecável Jornais na

mão, homem de tradicional família, porém falido,

mora no bairro há pouco tempo, marido de Mirtes e

pai de Pierre (Super) e Alessandra (Xandrinha) Ele

já deve uma fortuna a seu Miguel que o cobra em

vão.

Euclides - Olá pessoal, viram o Péris?

Seu Miguel responde com tom irônico.

Miguel - Passou quase agora procurando vossa

majestade para engraxar vossos sapatos.

Euclides - Foi seu Miguel? Daqui a pouco ele

deve voltar... Obrigado e, por favor, a de sempre.

Ele vai se sentar e ler seu jornal, seu Miguel

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finge não entender o que ele quer e leva um rolo que

é sua conta, desenrola em sua frente, Euclides pega

e sem graça também finge não entender.

Euclides - O senhor não entendeu, eu pedi a de

sempre.

Miguel - Entendi sim senhor... A de sempre é

essa sua conta que eu sempre trago e o senhor sempre

não me paga.

Euclides assume um ar de preocupação abre

o jornal e fala.

Euclides - É a crise de nosso país seu Miguel...

Veja aqui no jornal, fome, desemprego, violência,

seqüestro, corrupção, miséria e mais miséria e etc.,

etc., etc., prometo que assim que reaver minha

fortuna, aquela que o presidente confiscou, pago o

dobro para o senhor, enquanto isso me sirva um

drinque que essa conversa toda me deixou revoltado

com nossos governantes.

Chega Péris cantarolando para tirá-lo daquele

embaraço.

Péris - “Eu tomo uma coca cola, ela pensa em

casamento, uma canção me consola eu voooou”... Oi

Euclides, onde se meteu te procurei no bairro inteiro?

Euclides - Estava por ai vendo como farei para

reaver meus bens, é a esposa no meu pé meus filhos e

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agora até o seu Miguel, a Xandrinha e o Super vivem

dizendo “Papai queremos dinheiro para ir ao clube” a

Mirtes diz “Querido preciso ir ao cabeleireiro” minha

sogra gasta um absurdo com médicos, minha vida está

de ponta cabeça... Mas engraxe meus sapatos Péris

está um horror.

Péris - É isso ai Euclides, o importante é não

desanimar... Mudando de assunto, você acredita que a

dona Filomena me xingou de trombadinha

novamente? Um dia ainda a faço engolir essa escova

aqui, ou melhor, a caixa de engraxate.

Euclides - E você deve ter xingado ela de

todos os nomes feios que está acostumado a xingá-la

não foi Péris? ...deixa garoto o dia que ela perceber a

filha que tem, não terá tempo de falar dos outros.

Péris - Nisso você tem razão, gosto demais da

Dominique só que ela anda dando umas mancadas

violentas, o Dorival disse que ela cabulou aula essa

semana quase toda e teve provas importantes.

Chegam à Praça Alessandra (Xandrinha) e

Pierre (super) sentam em um Banco e olham em

volta com desdém.

Alessandra - Ai super, não suporto mais o

tédio desse lugarzinho, sempre as mesmas caras...

Não sei que idéia foi essa da mamãe e do papai de

vender nossa mansão nos Jardins para morar-mos

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nesse vilarejo.

Pierre - Que ninguém nos ouça Xandrinha

querida, é que nós falimos... E demais até que gosto

daqui eles me olham com inveja. Veja lá aquele

pobretão do Péris, vive me admirando, e tem também

a gostosona da Dominique.

Alessandra fica furiosa, ela não suporta nem ouvir

o nome de Dominique.

Alessandra - Não sei o que você vê naquela

leviana, vive saindo com todos os garotos, só você e a

mãe dela não percebem, ou melhor, fingem.

Pierre - Já vai começar Xandrinha? Fala isso

porque o Dorival nosso priminho pobre gosta dela,

mas é claro que ela prefere eu o Super.

Ele fala e sai rindo Alessandra vai atrás.

Alessandra - Volta aqui seu... Super chifrudo,

e o que tenho com o lixo do Dorival? Volta aqui que

eu vou contar tudo para a mamãe.

Chega dona Henriqueta e Mirtes, elas vão em

direção do bar, Henriqueta toda tremula com sua

bengala anda com dificuldade segurando no braço

da elegante, Mirtes avista Walmor vai ao seu

encontro, quando elas se aproximam, Salú que não

as suporta se despede de Walmor e vai para o

balcão, fica conversando com Péris e Euclides.

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Mirtes- Como vai Walmor, viu o Pierre e a

Alessandra por ai? Eu fui levar a mamãe no médico e

quando cheguei não encontrei ninguém em casa.

Walmor - Estavam na praça agorinha mesmo...

Saíram que nem percebi, e a senhora Dona Henriqueta

está bem?

Henriqueta - Que nada meu filho... Dói tudo,

acho que chegou a minha hora...

Mirtes - Mamãe desde que me entendo por

gente, que ouço à senhora dizer isso, Walmor os

médicos disseram que ela está melhor que nós.

Henriqueta - Disseram isso para não te assustar

minha filha, sinto que não viverei muito.

Mirtes olha para Walmor e pisca balançando a

cabeça, nesse momento Henriqueta vê Filó no muro

e muda rapidamente ela que está trêmula e curvada

fica ereta e a tremedeira desaparece como que por

milagre.

Henriqueta - Olha lá! A minha amiga Filó!

vou conversar com ela saber e contar as novidades,

até qualquer hora para todos.

Ela vai saindo toda apressada quando passa por

Salú que vira as costas ignorando-a, ela faz o que

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adora... Provoca ele.

Henriqueta - Ai né velho, tomando suas

cachaças, um dia você cai duro e deixa minha amiga

Filó livre de suas bebedeiras.

Salú encosta o rosto no dela e fala calmamente.

Salú - É veia... Uns toma cachaça... otros sai

pra módi xibilzá, otros cuma ocê, toma reméido sem

carecê...i anssim vai...

Mirtes vem na defesa da mãe.

Mirtes - Viu mamãe? Fica dando liberdade

para essa gentinha... Seu Salú faz o favor de respeitar

minha mamãe.

Salú fica furioso bate a mão no balcão assustando

as duas.

Salú - Intão oce fala pra essa veia lingaruda, qui vivi finginu qui vai morre, qui vevi nu muru cum

a Filó falanu mar du povu, pra num mi enche u sacu,

seu Miguer, toca aquela musga qui fala di toda as

duença qui essa veia fingi qui tem!

Miguel toca a musica PULSO (do grupo musical

Titãs) todo o elenco dança em volta de Henriqueta,

ela passa a mão nas pessoas e como se tivesse uma

doença contagiosa vão caindo um por um, por

ultimo Henriqueta desmaia em cima de todos.

51

Walmor chega e desliga o som

Walmor - Parem de imitar a dona Henriqueta

pessoal, afinal somos todos amigos.

Henriqueta - Amigos! Só se for do cão.

Ela nota filó no muro e sai gritando.

Henriqueta - Amiga... Espere tenho um monte

de fofo... Quer dizer um monte de novidades para te

contar.

Mirtes - Notou Walmor como ela sara

rapidinho? Bom já vou... Não entendo como um

homem com sua classe, fica num barzinho desses com

esse tipo de gente, você e meu marido, aliás, aquele

parece que nasceu aqui, agora está ali conversando

com o engraxate e fingindo que nem me viu...até logo.

Mirtes passa pela mesa onde Euclides

conversa animadamente com os amigos, quando ele

a vê coloca o jornal no rosto disfarçando.

Mirtes - Será que o senhor poderia ir para a

casa comigo? Temos que conversar.

Euclides se despede dos amigos eles saem

discutindo Miguel revoltado.

Miguel - Barzinho é... Deixa pra lá, qualquer

dia dou uma resposta que essa metida vai ficar com os

52

cabelos em pé, os filhos falam mal a mãe também, a

Xandrinha vive falando que vai chamar a vigilância

sanitária, o Super também... Aliás, porque deram esse

apelido para ele mesmo?

Péris - Então o senhor já se esqueceu? ...desde

que eles vieram morar aqui, tudo do Pierre era

melhor, as roupas, os tênis, os cabelos, o colégio,

menti descaradamente... Um dia estávamos reunidos

na praça e ele estava fazendo o que mais gosta que é

contar vantagens, foi quando o Dorival falou...é...você

é mesmo um Super... Seu Miguel ele estufou o peito,

como se aquilo fosse um elogio. De lá pra cá todos

chamam ele assim... Se ele não fosse filho do

Euclides eu já teria dado uns safanões nele... Pessoal,

deixa eu ir tenho um monte de carreto para fazer falou

ai.

Henriqueta e filó ainda estão no muro.

Henriqueta - Filó olha quem vem vindo, a sem

vergonha da carmelita.

Carmelita - Dona Henriqueta tudo bem? Dona

filó como tem passado?

Filó - Oi querida... Tudo bom, você não morre

mais, estava ainda agorinha mesmo falando com a

Henriqueta né Henriqueta... A carmelita é uma

mucinha tão curta, Inducaaada

Henriqueta - Isso mesmo querida, e também

53

estávamos comentando que você anda trabalhando

muito ultimamente... Pobrezinha.

Carmelita - Não é trabalho não senhoras.

Elas ficam espantadas e curiosas, as duas

perguntam ao mesmo tempo.

Filó e Henriqueta – Naaaaaaaaaão????

Carmelita - Não... É que a empresa que

trabalho está pagando uns cursos de aperfeiçoamento

para mim, por isso que mal paro em casa... É pena que

não posso ficar mais tempo conversando com vocês,

mais agradeço a preocupação, obrigado e até qualquer

dia.

Filó - Inté moça instudiosa, curta, inducada,

ei... Achu inté qui ocê ainda é dunzela, é di curação

viu?

Elas ficam acenando até carmelita virar a esquina.

Filó - Ela já foi? No meu tempo não carecia

fazer esses tar cursos, para ir xibilzá... E no seu

Henriqueta? Há há há gustô dessa riqueta?

Elas caem na risada e nem percebem que Salú

chegou a tempo de ouvir suas ultimas palavras.

Salú - Mais qui coisa mais feia sor, duas véia

falanu mar du povu, cuide di suas vida, xiii Filó sua

54

línga dirreteu....véia riqueta a sinhora tá

inspumanu...corri pru doto corri.

Salú entra rindo deixando as duas

preocupadas.

Henriqueta - Viu Filó? Não disse que estou

muito doente.

Filó - Qui nada riqueta, issi é cunversa fiada du

véiu.

Henriqueta - Já vou amiga antes que morra na

rua sozinha.

Dorival vem ao seu encontro preocupado.

Dorival - Vovó estou te procurando faz o

maior tempo!

Henriqueta pega em seu braço.

Henriqueta - Ai... Ai... Seu Salú disse que

estou muito pálida, tremula gelada, disse também para

procurar um médico, até ele se preocupou comigo? É

porque chegou a minha hora ai...

Dorival - É vovó chegou a hora de a senhora

descansar um pouco, vamos que deixo a senhora na

casa da tia Mirtes, tenho que estudar, essa semana

inteira é de prova.

55

Péris chega à praça cantarolando.

Péris - “Ela não sabe até pensei, em cantar na

televisão sol é tão bonito eu vou”...

Nessa ultima frase, Alessandra vem do outro lado

olhando para trás e Péris distraído tromba com nela,

ela grita louca da vida.

Alessandra - Você vai é para o hospital seu

trombada quando o super souber que me trombou...

Deixe-me ver se não roubou nada... Não é assim que

os trombadinhas fazem? Fingem que esbarram sem

querer e roubam tudo?

Ela olha os anéis, o relógio e quando vai aos

brincos, Péris a agarra bem forte pela cintura. Ela o

empurra tentando se soltar ele segura mais forte e

sorri.

Péris - Sabe qual é seu problema Xandrinha?

Falta de xibiuzár, quer que eu resolva isso pra você?

Ele beija seu rosto, ela consegue se soltar, limpa o

local do beijo com nojo arruma os cabelos a roupa e

grita indo embora.

Alessandra - Seu nojento, você vai ver, vou

contar tudo para o super.

56

Péris- Vá... Vá correndo contar para aquele...

Super bestão.

Quando ele vira as costas, Filó que assistia tudo do

muro fala.

Filó- Essa eu vi, ninguém mi cunto, quer dizê

qui alem di trumbada, u sinhô tumbém viro

instuprado... Ara mais é agora memu qui vo chama a

puliça.

Ela ia descendo do muro quando Péris a chama.

Péris- O cão das trevas, esse banquinho que

você usa para subir no muro e cuidar da vida alheia

ainda não quebrou com seu peso hein gorducha? Vê

se vai fazer banho de assento e me deixa figura do

demo.

Ele sai rindo, pois Filó ficou super irritada.

Filó - Bem feitu qui é mindigo, tumara qui seja

atrupiladu na linha du trem pelu mitrô, ti amu muito

viu? É di curação osadu... Mar inducadu. Trumbad...

Filó não termina a frase, despenca do muro.

Filó- Ai sor ui, apostu qui foi praga daqueli

marvadu...epa arguém serro u pé di meu banquinhu?

Só podi te sidu aqueli véiu pinguçu...a mais ele num

perde por inspera...cão sem arma .

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Salú sai correndo de casa com um serrote na mão.

Salú- Ai seu Miguer, será qui a véia tá cum

raiva di eu?

Miguel- Imagine... Claro Salú, se eu fosse você

não durmiria nos próximos 1000 anos, a véia vai se

vingar.

Salú - Vo lá im casa toma um café i apruveitu i

veju comu qui a véia tá, iscondi essi serroti seu

Miguer.

Salú entra em casa. Passam na Rua Euclides

e Walmor, eles vão para o bar, de repente Walmor

para em frente à casa de Filó e comenta.

Walmor- Milagre Euclides, a velha Filó não

está no muro observando a hora que vamos para o bar,

será que adoeceu, ou a língua travou?

Euclides- Sei lá... Vamos logo antes que ela

apareça depois ela conta para a Henriqueta, que corre

contar para a Mirtes que fui para o bar ai sobra para

mim.

Salú volta eufórico ao bar.

Salú- Pessuar, oceis num vão acriditá fui lá im

casa enchi um copu di café i quando tava tumanu ovi

uns gemidu, fui oiá nu buracu da fechadura do meu

quartu i vi a véia gemenu... Assim, ai, ai, sor, ui, ui...

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Ela tava fazendu um curativu nu jueiu qui tá cum uma

fratura isposta desse tamanhu, há, há, há...nunca mi

diverti tantu. I pra cumemora, uiii, Avi Maria sor, ta

mi danu uma dor na barriga... Devi di se farta di

cachaça. Seu Miguer, Uma rodada pra todus... Mais

uma.

Eles estão comemorando quando Filó sai no

portão com o banquinho quebrado na mão, o joelho

com curativos. Todos riem muito. Salú se aproxima

debochando de Filó.

Salú - Ocê si machuco benhe?

Filó- Não véiu, issu aqui é uma visão di zótica!

Salú- A mais qui pena que ocê só machuco u

jueio véia, era pra na hora du tombu Ocê inrosca a

línga nu muru i perde uns mir metru dela... Eu disse

mir? Não... Era pra Ocê perde uns cinco mir metru

dela.

Filó - Aaa intão ocê cunfessa qui serro mesmu

u pé di meu banquinhu?...Num faiz mar Benhê... Ocê

tumô u cafézinhu que preparei cum amor di curação

pra ocê?

Salú- Tumei u buli todu sim, pruquê?

Filó- Pruque já to vingada, butei laxanti nu seu

café... Muiitu laxanti queru ve ocê fica nu ba hoji, vai

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é fica na privada.

Salú leva a mão na barriga sentindo algo, arranca

o banco de filó e joga longe.

Salú- Oia u qui façu cum seu banquinhu, por

issu qui to cum uma cagan...vo nu banheiru, i podi si

prepara que a guerra num acabo.

Filó- Amor, benhe..qué qui eu prepari um

chazinhu cum carinhu? É di curação ó.

Ele entra em casa voando, esbarra em Dominique

que estava saindo, ela olha para Filó e pergunta.

Dominique- Mais mãe que gritaria é essa? O

pai quase me derrubou... O que a senhora andou

aprontando agora hein mãe?

Filó com um olhar de inocente responde.

Filó- Sei não fia achu qui vamu te qui bota u

véiu nu hospitar dus arculiculizados Homônimos.

Dominique- Onde mãe?

Filó repete Dominique que ri a corrige.

Dominique- É alcoólatras anônimos mãe... E posso

saber como à senhora chegou a essa conclusão? E

onde machucou as pernas?

60

Filó- Pois é fia... O veiou indoido di veiz, ele

serro u pé di meu banquinhu, adispois dexo cumá si

tivessi interu, subi nele pra oiá a hora qui ocê chega

da inscola né fia... Ocê sabi a mamãe fica priucupada

quandu ocê demora e estabalafaqueime toda i óia u

que acunteceu, cuma si num bastassi, fui prigunta

cum todu carinhu i amoris que ocê Sabi né fia, si foi

eli qui serro...eli tumo di minha mão e jogo aculá,

agora tá inventanu qui invenenei ele só pruque tá cum

caganera, pode um trem dessi fia? Achu Qui a

cachaça tá mexenu cum u juízu d véiu fia, só podi.

Alessandra se aproxima.

Alessandra- Oi Dominique.

Filó não gosta de Alessandra acha que ela não

presta para ter amizade com Dominique.

Filó- Xi fia... Chego a vagabunda du bairru, vo

entrá fia pra módi cunsertá u Banquinhu, i ocê num

demora, num dá osadia pra esse tipo...óia u istilu qui

issu se Vesti...vagabunda, vo entrá fia i num dexa essi

tipu instragá a inducação qui a mamãe ti Deu viu fia?

Num demori.

Filó entra e as duas se olham com raiva.

Alessandra- Os professores estão perguntando

se você abandonou a escola, e se não vai mais, vá

falar com eles e deixe a vaga para quem quer

61

realmente estudar.

Dominique quase engole.

Dominique- Porque não se mete com sua vida hein

invejosa?

Filó- Qui falatóro é essi ai fora hen fia?

Dominique- Não é nada não mãe, ela não se

conforma de gostar do Dorival e ele só ter olhos para

mim... Essa frustrada!

Alessandra- Claro não só ele como o bairro todo,

pois na hora da escola todos os garotos somem com

você, que deve dar aulas praticas só deus sabe do que

para eles.

Péris chega cantarolando e para de repente para

saber o que está acontecendo.

Péris - “Sem nome sem telefone no coração do

Brasil”... Mais que diabos está acontecendo aqui?

Chegam também Pierre e Mirtes, que não

acreditam que Alessandra está envolvida naquela

baixaria.

Péris- Família tradicional essa não? Olha como

a tradição da Xandrinha está manifestando nesse

exato momento.

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Pierre avança como louco para cima de Péris.

Pierre- Não se meta com a minha irmã não seu

mendigo esfarrapado

Péris empurra Pierre que quase cai, agarra-o pelo

colarinho.

Péris- Qualquer dia desses esqueço que você é

filho do Euclides e quebro a sua cara seu ...Super

almofadinha.

Filó- Todu mundu indoido aí foi fia?

Mirtes- Já para casa Alessandra, e você

também Pierre, onde já se viu... Até vocês fazendo

barraco como essa gentinha.

Alessandra- Dona Filomena, dona Filomena!

Filó- U qui é qui essa galinha amarela tá

cucurejanu aí fora fia?

Alessandra- Se não acredita em mim vá à

escola e pergunta aos professores quanto tempo essa

ai não vai à escola, e o Dorival vive acobertando ela.

Mirtes- Aquele é outro que não presta,

infelizmente é da família.

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Eurides chega a tempo de ouvir as ultimas

palavras de Mirtes.

Eurides- Pode retirar o que disse do meu filho,

quem não presta é sua filha que vive dando bola pra

ele, ela e a sem vergonha da Dominique, fora você

que pensa que não percebo suas investidas para cima

do meeeu marido o Walmor.

Dorival que estava de longe observando se

aproxima e pega no braço de Eurides.

Dorival- Mamãe vamos embora, se a vovó

chega e vai ser difícil tira-la daqui.

Eurides- Que nada filho, estou cansada de

agüentar os desaforos da Mirtes só aturei até hoje por

causa do seu tio Euclides e da sua vó Henriqueta, mas

tudo tem um limite!

Nesse momento já não da para entender nada,

todo mundo briga com todo mundo a rua está um

barraco só.

Péris- E o barraco tá formado, as línguas estão

engraxadìssimas!

Henriqueta chega correndo curiosa para

ouvir a briga.

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Henriqueta- Uma festança dessas e ninguém

me avisa!

Mirtes- Só me faltava à senhora né mamãe...

Já discuti até com a sua norinha Eurides... Ajude-me a

chamar as crianças e vamos para casa.

Henriqueta- Nem morta, essas crianças já

estão bem crescidinhas, não perco essa festa por nada

desse mundo!

Carmelita que já ficou sabendo o que estava

acontecendo vai falar com Filó

Carmelita- É dona Filomena fiquei sabendo faz

tempo, que a senhora e dona Henriqueta vive

falando mal de mim, agora é sua filha que está na

boca do povo, bem feito!

Filó- Vai sua rampera dus cursu di araqui, santinha

du pau ocu, essas vadia tão tudu é cum inveja di

minha fia, Saluuuuuuu, Saluuuuuuuuuu,venha difende

a honra da sua fia, presti pra arguma coisa véio.

Salú sai no portão arrumando as calças.

Salú- Tô ouvinu tudu atras du muru...si vira

ocê, sempri falu pari di cuida da vida du povu i di

minha cachaça i cuidi di sua fia...viu nu qui deu?

Filó- To vendu nada véiu

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Dominique aproveita a confusão e leva o Super para

sua casa.

Salú- I pur falá nissu cadê a sua fia?

Filó- Minha fia? Minha fia tava inda gorinha

aqui... Ara devi di tá instudanu cumá sempri

véiu...minha fia vai se dutora... dutora!

Péris que ouviu fala para Salú.

Péris- De doutora sua filha vai precisar daqui

uns nove meses seu Salú, aquelas doutoras que fazem

partos, se eu fosse fofoqueiro falaria pra o senhor que

a Dominique e o almofadinha estão lá em sua casa

providenciando um netinho nesse momento. Mas

como detesto fofocas não falarei.

Salú - Netinhu??? Ara mais é agora memu que

vo tumá o instudu dessa minina a tabuada i tudu mais!

Filó conversa animadamente com Henriqueta e

nem percebe Salú entrando feito um foguete em

casa. Não demora muito e uma gritaria da nada sai

da casa de Filó. Péris sai com as calças no joelho e

Salú atrás dele com um facão.

Salú - Vorta aqui seu fiu di um cabruncu, na

minha terra si resorvi isso é na pexera Vorta... Agora

vo catá a instudiosa que só tira déiz.

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Salú entra correndo e Dominique sai voando.

Dominique- Socorro mãezinha o pai tá mesmo

louco socorro...

Filó- Epaaaa a minha fia não pode para véiu

doidu a minha fia não!

Miguel vem discutindo com Euclides com o rolo de

conta desenrolando.

Miguel- Euclides de hoje não passa, você vai

ou não me pagar?

Filó por algum momento até esquece-se dos

problemas, se tratando de filó a vida, alheia é mais

interessante, ela se aproxima de Miguel arranca a

conta da mão dele e fala.

Filó- Esse caloteiro... Ele deve muito seu

Miguer?

Miguel pega a conta novamente e grita no ouvido

de Filó.

Miguel- Por quê? A senhora vai pagar?

Filó dá-lhe uma tapa e coça o ouvido. Todo

mundo ri de Filó e Euclides diz.

Euclides- Bem feito fofoqueira, vá cuidar da sua

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filha, não basta o que já estão falando dela?

Filó- Di minha fia... di seu fio... di sua mule

qui vivi si ingraçanu cum u Warmô, i assim Vai...

Chifrudu.

Salú - Filó ocê num tem jeitu mesmo... Vai lá

manda sua fia cala a boca. Senão do uma surra nela e

otra no oce.

Filó- Ocê pricisa te uns quatu pndurado aí pra

bate neu... É ruim viu véiu bater neu Fiaaa.. Pode saí

vem cum a mamãe.

Walmor- Pare pessoal... Seu Miguel vamos

que estou louco por um drinque, Euclides, Seu Salú

vamos cair fora... Péris engraxe meus sapatos?

Péris- Mais claro amigo... E a senhora dona

Filó... Não quer que eu engraxe sua língua? Está tão

calma hoje há há há!!!

Filó- Vai cão instuprado, ingraxado di araqui

tudo issu cumeço cum essa vadia falanu mar di minha

fia.

Mirtes- Eeepa vadia é sua filha... E quem fala

mal dos outros aqui é a senhora.

Salú que já estava acompanhando os amigos para

o bar, volta irritado.

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Salú- Eeepa, cuncordu i assinu imbaxu...só qui

é ela i a sinhora sua mãe, aquela véia duente di araqui.

Filó fica tão feliz que da um beijo em Salú.

Filó- Eeepa pensa qui meu véiu num mi

difendi? Eita véiu danadu.

Salú fica sem graça e surpreso com a atitude de

Filó.

Salú- Qui assanhamentu é essi filó? Quer que

agora nossu nomi fiqui tumbém na boca du povo é?

Filó- Vai véiu pinguçu!

Salú- Vai véia lingaruda i agora tumbém

assanhada lutrida, era só u qui fartava viu, a véia mi

bejanu na frenti desses fofoqueru!

Gabriel- Filó me beija, beija eu meu amor,

volte amor volta Filomena Escatamata Salustriano.

Filó- Sai daqui seu bichu feiu salúuuuu ele qué

mi instrupaaaa!

Salú - Vai Gabrier. i si ela quisé, podi levá ela

di mão bejada há há há

Gabriel- Um beijo de língua vem Julieta, sou

seu Romeu!

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Salú- Epaaa... beju di linga não.. Eu tenhu

minha véia ocê qui arruma a sua seu doidu ósadu!

Todos falam ao mesmo tempo, é um salvem-se

quem puder, Péris vai para frente do palco.

Péris - Eeeepa... É pessoal o barraco não tem

fim a nossa peça infelizmente sim, até a próxima.

Vamos pessoal vamos engraxar as línguas?

Pirilim Foto da peça santo capão

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Peralta

Ferréz

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Apresentação

Danielli Suzel personagem Bianca

Apresentação

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Apresentação Santo capão

Apresentação Santo capão

Ensaio

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Apresentação Santo capão

Apresentação Santo capão

Apresentação Santo capão

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No País dos Prequetés

No Pais dos Prequetés

Grupo Refexo. Fundado pelo Grupo Vital

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Cenas da peça Nossa língua

Lurdes

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Cartaz de apresentação da peça

O Aniversário de Dominique

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O Aniversário de Dominique

Diretor do Grupo Vital: Gustavo Luiz

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Gustavo

Sequencia do neném na platéia assistindo

nossa peça

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Gracinha né?

80

Tchau pessoal até!

81

Esse primeiro trabalho aproveitei para

homenagear esses atores maravilhosos do Grupo

Vital.

Espero que tenham gostado e não deixem de

ver as outras peças.

Wasty, o aniversario de Dominique, pedaços

de gesso, o canto do silencio, humanos, Pais, filhos e

fases, DR Secão e a grande revelação, o sapato

malhado e os recicláveis desprezados e muitos outros.