faculdade fia de administraÇÃo e negÓcios programa …

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FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL A RELEVÂNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO ALINHAMENTO INTERNO E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPENHO SUSTENTÁVEL: UM ESTUDO DE CASO SOB A ÓTICA DA LIDERANÇA SÃO PAULO 2017

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Page 1: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL

A RELEVÂNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO ALINHAMENTO

INTERNO E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPENHO SUSTENTÁVEL:

UM ESTUDO DE CASO SOB A ÓTICA DA LIDERANÇA

SÃO PAULO

2017

Page 2: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

Prof. Dr. James Terence Coulter Wright

Diretor da Faculdade FIA – Fundação Instituto de Administração

Prof. Dr. Daniel Estima de Carvalho

Coordenador do Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Negócios

Page 3: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

MALENA MOSCARDINI ASSUNÇÃO MARTELLI

A RELEVÂNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO ALINHAMENTO

INTERNO E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPENHO SUSTENTÁVEL:

UM ESTUDO DE CASO SOB A ÓTICA DA LIDERANÇA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do

Programa de Mestrado Profissional em Gestão de

Negócios, mantida pela Fundação Instituto de

Administração, como requisito para a obtenção do

título de Mestre em Gestão de Negócios, sob a

orientação da Profa. Dr

a. Marisa Éboli.

SÃO PAULO

2017

Page 4: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

AGRADECIMENTOS

A gratidão é um sentimento que alegra a alma. Ser grato a alguém é sentir a beleza e a

força do amor e da amizade. Em primeiro lugar sou grata a Deus pela oportunidade de

aprendizado e por ter me dado saúde para aproveitá-la, concluindo este trabalho.

À minha família, em especial meus filhos, meu marido e meus pais, além de agradecer

eu divido os resultados deste trabalho. Durante vários meses nossa rotina mudou e, nesse

período, as palavras que ouvi foram para me encorajar, demonstrar orgulho e apoio. Nós

estudamos e aprendemos juntos, fortalecendo ainda mais os laços que nos unem. Sigo a

tradição da família de ter o estudo como um valor e tive o privilégio de transmitir isso na

prática à nossa geração mais nova.

À empresa pesquisada, agradeço a confiança e o acesso aos seus executivos e

informações, cruciais para a realização do estudo. Espero de alguma forma ter retribuído ao

suporte recebido.

Sou grata à minha orientadora Marisa Éboli, principalmente por ter me desafiado a ir

além. Agradeço seu nível de exigência e sua generosidade em me ajudar com os grandes

desafios na gestão do tempo ao conciliar a vida executiva, a familiar e o mestrado.

Todos os meus professores do mestrado profissional da FIA deixaram marcas

positivas pelas quais sou muito grata. À professora Flávia Ghisi devo um agradecimento

especial, por ter me guiado com carinho nos caminhos do amadurecimento acadêmico e

contribuído com sugestões metodológicas precisas durante todo o meu percurso.

Pela professora Carmen Migueles quero registrar minha grande admiração, ressaltando

sua sabedoria e agradecendo-lhe as várias recomendações e sugestões, que foram

imprescindíveis na conclusão desta pesquisa.

Agradeço aos professores e executivos as entrevistas concedidas, o interesse em apoiar

a pesquisa e a sabedoria compartilhada.

Page 5: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

RESUMO

Nas últimas décadas, os temas cultura organizacional e desempenho sustentável passaram a

ocupar espaço na agenda das organizações. A percepção de que os desafios de

competitividade estão associados à capacidade da empresa de inovar e atender expectativas de

consumidores mais preocupados com os impactos sociais e ambientais aumentou o interesse

pelo assunto. Este estudo de caso exploratório foi conduzido com o objetivo de compreender

se as diretrizes estratégicas da empresa sobre a cultura organizacional e sobre o desempenho

sustentável são suficientes para que a liderança estratégica entenda a relevância do

alinhamento interno e seu papel em influenciá-lo. Foram realizadas entrevistas e conduzidos

grupos focais com a liderança estratégica da empresa pesquisada, cujos resultados foram

triangulados com as evidências levantadas em extensa pesquisa documental. Por meio de

análise comparativa dos resultados obtidos, pôde-se concluir que as diretrizes estratégicas não

são suficientes, ainda que a empresa propicie os mecanismos orientados para o alinhamento

interno e tenha foco no desempenho sustentável. A pesquisa identificou importante espaço

estratégico no qual a área de recursos humanos pode atuar para o desenvolvimento de uma

cultura orientada ao desempenho sustentável. Palavras-chave: Cultura Organizacional, Liderança, Alinhamento, Desempenho Sustentável.

Page 6: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

ABSTRACT

Over the last few decades, organizational culture and sustainable performance are topics

which have gained space in the agenda of organizations. The perception that competitiveness

challenges are associated with the company’s capacity to innovate and meet the needs of

consumers, who are more demanding and concerned about the social and environmental

impact has raised interest in the subject. This exploratory case study was conducted to

understand if the company’s strategic guidelines on organizational culture and sustainable

performance were sufficient for the strategic leadership understands the relevance of internal

alignment and its role influencing it. Interviews and focus groups were conducted within the

researched company’s strategic leadership. The results were submitted to triangulation with

evidence collected through extensive documental research. Through comparative analysis of

the results, it is possible to conclude that strategic guidelines do not suffice, even if the

company provides guidelines for internal alignment and focuses on sustainable performance.

The research identified significant strategic space in which Human Resources area can

support the companies to develop a sustainable performance culture.

Key Words: Organizational Culture, Leadership, Alignment, Sustainable Performance.

Page 7: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 10

1.1 Contextualização 10

1.2 Problema de pesquisa 12

1.3 Objetivos do estudo 12

1.4 Delimitação de escopo 13

1.5 Definições operacionais 14

1.5.1 Liderança estratégica 14

1.5.2 Cultura organizacional 14

1.5.3 Desempenho sustentável 14

1.6 Justificativa da pesquisa 15

1.7 Organização do trabalho 16

2. REFERENCIAL TEÓRICO 17

2.1 Conceitos de cultura 18

2.1.1 Conceito de cultura organizacional 20

2.1.2 Formação da cultura 22

2.1.3 Níveis de cultura 23

2.1.4 Suposições culturais de Schein e dimensões da cultura 25

2.1.5 Abordagens e a postura do pesquisador 28

2.1.6. Estudos e tipologia de cultura 31

2.1.7. A cultura dos países e a cultura brasileira 31

2.1.8 Conclusões do eixo cultura 34

2.2 O Desempenho organizacional 35

2.2.1 Desempenho organizacional e sustentabilidade 36

2.2.2 Relatórios de sustentabilidade 38

2.2.3 Conclusões do eixo desempenho sustentável 40

2.3 Liderança estratégica, cultura organizacional e desempenho sustentável 40

2.3.1 Liderança e cultura 43

2.3.2 Liderança e desempenho sustentável 44

2.3.3 Liderança e o alinhamento interno organizacional 45

2.3.4 Conclusões do eixo teórico liderança estratégica 46

3. MÉTODO DE PESQUISA 47

3.1 Tipologia de pesquisa 47

3.1.1 Quanto à sua natureza 47

3.1.2 Quanto à forma de abordagem 48

3.1.3 Quanto aos seus objetivos 48

3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos 49

3.1.5 Quanto à dimensão do tempo 49

3.2 Os componentes de um projeto de pesquisa 50

3.2.1 As questões do estudo de caso 50

3.2.2 As proposições 50

3.2.3 Delimitação da unidade de análise 52

3.2.4 A lógica que une os dados às proposições 52

3.2.5 Os critérios para interpretar as constatações 53

3.3 Etapas da pesquisa 54

3.3.1 Etapa 1 – Pesquisa bibliográfica 54

3.3.1.1 Os pressupostos teóricos 56

Page 8: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

3.3.2 Etapa 2 – Pesquisa exploratória com especialistas em cultura e desempenho 59

3.3.3 Etapa 3 – Estudo de caso 60

3.3.3.1 Pesquisa documental 60

3.3.3.2 Entrevistas com lideranças globais e regionais 61

3.3.3.3 Grupo focal com liderança local 61

3.4 Organização e análise dos dados 62

3.5 Condicionantes da pesquisa 63

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 64

4.1 A empresa 64

4.2 Cultura organizacional 65

4.2.1 Análise dos resultados obtidos nas entrevistas e grupos focais 66

4.3 Desempenho sustentável 71

4.3.1 Análise dos resultados obtidos nas entrevistas, nos grupos focais e pela observação

participante

71

4.4 Análise dos resultados obtidos na pesquisa documental 73

4.4.1 Análise dos resultados obtidos na pesquisa documental – Cultura organizacional 73

4.4.2 Análise dos resultados obtidos na pesquisa documental – Desempenho sustentável 75

4.4.3 Análise das explicações rivais e proposição 76

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 77

REFERÊNCIAS 80

APÊNDICES 92

Page 9: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Conceitos de cultura 19

Quadro 2 Conceito de cultura organizacional 21

Quadro 3 Comparativo dimensões culturais 26

Quadro 4 Dimensões de Hofstede e cultura do Brasil 33

Quadro 5 Papéis de liderança na atualidade relacionados à responsabilidade social 42

Quadro 6 Proposições e explicações rivais 53

Quadro 7 Matriz de amarração dos pressupostos teóricos 58

Quadro 8 Resultado sobre as explicações rivais 76

Page 10: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Organização do trabalho 16

Figura 2 Revisão da bibliografia 17

Figura 3 Níveis de cultura de Schein 23

Figura 4 Mecanismo de estabilização dos padrões culturais 32

Figura 5 Princípios da sustentabilidade 37

Figura 6 Desenho da pesquisa 51

Figura 7 Etapas da pesquisa 54

Figura 8 Principais fontes para elaboração do referencial teórico 55

Page 11: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

10

1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo é apresentado o contexto mais amplo do qual o estudo faz parte para

que o problema de pesquisa e a importância do tema sejam mais bem compreendidos. São

explicitadas as questões de pesquisa, informados os objetivos e comentadas as principais

contribuições. O escopo do estudo e os conceitos teóricos que o delimitam também são

apresentados. No último tópico, é oferecida uma visão geral dos assuntos abordados em cada

capítulo desta dissertação.

1.1 Contextualização

Nas últimas décadas o ambiente corporativo passou por grandes transformações,

decorrentes das mudanças ocorridas no mundo, na sociedade e nas empresas.

A globalização, o avanço constante da tecnologia, o ingresso das novas gerações no

mercado de trabalho, a economia do conhecimento e a cultura da conectividade estão entre

alguns fatos que impactaram profundamente o ambiente corporativo (HAMEL, 2007;

MEISTER; WILLYERD, 2010; EBOLI, 2010).

Em função dos recentes escândalos de corrupção que ocasionaram sérios impactos

financeiros em diversos países e das expectativas dos consumidores em relação à forma como

uma empresa atinge resultados e sua preocupação com a sustentabilidade do planeta

(PRAHALAD, 2004; ZUBOFF; MAXMIN, 2003; MACKEY; SISODIA, 2014; KELLY,

2012), a discussão sobre sustentabilidade, responsabilidade social e capitalismo sustentável

passou a ocupar lugar de destaque nas agendas dos líderes empresariais.

Nesse contexto, é natural que o interesse pelo assunto cultura organizacional e

desempenho sustentável aumente, já que o ambiente de trabalho, a liderança e os valores

organizacionais (aspectos da cultura empresarial) influenciam o compromisso, a motivação

das pessoas e sua capacidade de criar e inovar, fatores relacionados à competitividade de uma

organização e sua capacidade de sustentar seus resultados (BRYAN; JOYCE, 2007;

CAMERON; QUINN, 2011; DIAS, 2012; KOTLER, 2015; MAGLIANO, 2016).

Page 12: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

11

Cameron e Quinn (2011, p. 166) explicam por que tem havido mais interesse no tema

cultura organizacional:

A crescente importância da cultura é também parcialmente resultado do aumento da

turbulência, complexidade e impossibilidade de previsão do ambiente externo nos

quais as organizações operam. [...] Como a competição, mudança e pressão se

intensificaram nas organizações, está sendo dada mais ênfase e proeminência para a

cultura organizacional.

A atratividade pelo tema cultura também é justificada porque, em um ambiente

dinâmico e em constante alteração, a capacidade da empresa em se adaptar com agilidade

pode se tornar um diferencial competitivo, e essa capacidade está relacionada à cultura

organizacional (COLLINS; PORRAS; 1995; SISODIA; WOLFE; SHETH; 2007; KELLER;

PRICE; 2011; ZANINI; MIGUELES, 2010).

Diversos autores resolveram estudar os dois temas (cultura e desempenho) e

conduziram pesquisas buscando identificar se os traços da cultura de uma empresa podem

influenciar o seu desempenho (BARNEY, 1986; GORDON; DiTOMASO, 1992; ULRICH;

SMALLWOOD, 2003; SCHEIN, 2009; DENISON, 2012). Embora com objetivos e escopo

diferentes, os resultados mostraram que existe algum tipo de relação entre a cultura e o

desempenho de uma empresa.

No Capítulo 2, será mostrado que a literatura sobre o tema aponta para uma forte

correlação entre cultura e liderança. A área de recursos humanos de uma organização é

responsável pelas ações de desenvolvimento de lideranças para o atingimento de resultados, e

garantir que os líderes compreendam seu papel em relação a esses desafios é uma das suas

funções mais estratégicas.

Compreender melhor a percepção da liderança sobre o tema é relevante para enxergar

possíveis gaps de desenvolvimento e espaços de atuação e pode contribuir significativamente

para o aprimoramento da gestão de pessoas nas organizações, pois o desenvolvimento das

organizações está, de muitas maneiras, relacionado a como os líderes enxergam seus desafios

e atuam sobre eles.

É razoável supor que, se os líderes de uma organização não reconhecem seu papel na

busca pelo desenvolvimento sustentável da organização, a busca por esse objetivo estará

ameaçada.

Page 13: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

12

Embora haja análises de casos positivos, cujas ações de líderes empresariais

promoveram resultados excepcionais (IACOCCA; 1984; WELCH, 2001; KAHNEY, 20008),

parece que os estudos sobre o papel dos gestores de recursos humanos na construção dessa

capacidade nos níveis de liderança não são extensos.

As organizações precisam desenvolver líderes capazes de compreender seus desafios

de forma integrada e estruturar processos de gestão de pessoas que garantam que objetivos

relevantes não saiam de foco.

A complexidade dos temas cultura organizacional e desempenho sustentável sugere

que a formalização das diretrizes estratégicas da empresa não é suficiente para garantir que a

liderança entenda a relevância da cultura e do alinhamento interno nem seu papel neles e no

atingimento dos resultados sustentáveis.

Nesse sentido, propõe-se investigar a compreensão que os líderes têm sobre o seu

papel no desenvolvimento sustentável das organizações para descobrir de que forma esse

entendimento dá suporte aos resultados esperados, dado que esse entendimento parece ser um

pré-requisito necessário para o atingimento dos resultados.

1.2 Problema de pesquisa

A reflexão sobre a importância de se buscar resultados sustentáveis – respeitando os

traços culturais da empresa e o papel da liderança nesses processos – originou a pergunta de

pesquisa deste estudo, que pode assim ser compreendida:

“As diretrizes estratégicas da empresa sobre a cultura organizacional e sobre o

desempenho sustentável são suficientes para que os líderes estratégicos entendam a

relevância do alinhamento interno e seu papel em influenciá-lo?”.

1.3 Objetivos do estudo

Este é um trabalho preliminar, de natureza exploratória, que tem como objetivo geral

compreender se as diretrizes estratégicas da empresa sobre a cultura organizacional e sobre o

Page 14: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

13

desempenho sustentável são suficientes para que a liderança estratégica entenda a relevância

do alinhamento interno e seu papel em influenciá-lo.

Como objetivos específicos, busca-se:

1. Identificar se a empresa propicia mecanismos que facilitem o alinhamento interno;

2. Identificar se a empresa propicia mecanismos que encorajem a busca pelo

desempenho sustentável;

3. Verificar se há espaços de alinhamento entre a matriz e a subsidiária brasileira na

busca dos objetivos desejados;

4. Sugerir às áreas de recursos humanos recomendações de capacitação para a

liderança estratégica com base nos resultados do estudo.

1.4 Delimitação de escopo

A pesquisadora tem ciência da amplitude e da complexidade do tema cultura, não

tendo a pretensão de explorar todos os aspectos relacionados a ela nem todas as dimensões

culturais identificadas por vários autores. Também é conhecido o risco de se interpretar dados

relativos à cultura organizacional levando-se em conta apenas os aspectos mais superficiais, o

que é evitado nesta pesquisa.

Assim, o estudo se restringirá a investigar aspectos da cultura organizacional segundo

as suposições básicas e as dimensões culturais propostas por Schein (2009a) com foco na

dimensão gerenciamento da integração interna, adotando metodologia e abordagem

compatíveis com o objeto de estudo de forma a garantir profundidade com escopo definido.

A pesquisa não explorará a visão de outras lideranças, como a tática ou a informal,

porque priorizou estudar a liderança estratégica. Essa decisão é baseada no entendimento de

que, em uma empresa madura, esse é o nível de liderança com maior impacto nos temas

relacionados à cultura.

A pesquisa não estudará a estratégia, os programas e as ações de responsabilidade

social e sustentabilidade socioambiental da empresa pesquisada. Também não é objetivo do

estudo analisar ou comparar seus indicadores de desempenho.

Page 15: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

14

A empresa estudada é a subsidiária brasileira. A pesquisa não contemplará outras

empresas do grupo, que possuem gestão totalmente independente.

1.5 Definições operacionais

Com o intuito de conceituar alguns termos importantes no estudo, as seguintes

definições operacionais são estabelecidas:

1.5.1 Liderança estratégica

Neste estudo, adota-se a classificação de Mintzberg (1995) para definir a liderança

estratégica. O autor sugere cinco níveis de estratificação para analisar a estrutura de uma

empresa, e considera a cúpula estratégica os líderes que têm a responsabilidade de assegurar

que a empresa cumpra sua missão e cujo processo decisório está voltado para a estratégia.

1.5.2 Cultura organizacional

O conceito de cultura organizacional adotado na pesquisa é o de Schein (2009a, p.16):

A cultura de um grupo pode agora ser definida como um padrão de suposições

básicas compartilhadas, que foi aprendido por um grupo à medida que solucionava

seus problemas de adaptação externa e de integração interna. Esse padrão tem

funcionado o suficiente para ser considerado válido e, por conseguinte, para ser

ensinado aos novos membros como o modo correto de perceber, pensar e sentir-se

em relação a esses problemas.

1.5.3 Desempenho sustentável

O modelo adotado neste estudo para desempenho sustentável é o proposto por

Elkington (2001). Conhecido como Triple Bottow Line, ele considera três pilares: o

econômico, o social e o ambiental, ao conceituar desempenho sustentável.

Page 16: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

15

1.6 Justificativa da pesquisa

Ainda que o tema cultura organizacional não seja novo, ele continua atual e com

potencial para trazer contribuições teóricas para a academia.

Fischer (1996, p.66), ao discorrer sobre o objetivo do ensaio que conduziu fazendo

reflexões sobre as diretrizes teóricas e metodológicas que permitem estudar, em profundidade,

os traços de uma cultura organizacional e as relações de poder, afirma:

Este escopo de trabalho insere-se no contexto das preocupações mais atuais dos

pesquisadores de organizações, o qual se caracteriza por um movimento de intenso

questionamento que visa ao aperfeiçoamento teórico-conceitual da Ciência

Administrativa e ao avanço na elaboração e no refinamento dos instrumentos

técnicos e metodológicos para investigar e intervir sobre o universo organizacional.

Embora a quantidade de estudos sobre cultura tenha crescido nas últimas décadas, pela

complexidade do tema, identifica-se que ainda há muito que evoluir. Como nos alerta

Migueles (2003, p. 2), os esforços na área têm sido maiores que os progressos.

Os estudos sobre cultura vêm ganhando espaço nos estudos organizacionais já há

pelo menos 20 anos. Junto com este interesse, amplia-se a utilização dos métodos

qualitativos em pesquisa para dar conta das peculiaridades deste objeto e de outros

similares que, por sua natureza, são mais bem compreendidos por este tipo de

procedimento. Mas os progressos observáveis na compreensão do fenômeno têm

sido menores do que a quantidade de esforço despendido nesta empreitada poderia

produzir.

A realização de uma pesquisa com clara delimitação da dimensão cultural a ser

estudada poderá contribuir para o avanço do conhecimento quanto às práticas investigativas

da cultura no ambiente organizacional.

O ineditismo ao combinar os temas cultura organizacional, liderança e desempenho

sustentável também justifica a realização do estudo.

Há oportunidade de contribuição aplicada, pois, como o papel da liderança na gestão

de cultura é reconhecido na literatura, se confirmado que as diretrizes estratégicas da empresa

não são suficientes para que a liderança entenda a importância do alinhamento interno e seu

papel em influenciá-lo, identifica-se uma área estratégica para que os profissionais de recursos

humanos possam capacitar a liderança, propiciando as pré-condições para o estabelecimento

de uma cultura orientada ao desempenho sustentável.

Page 17: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

16

1.7 Organização do trabalho

A Figura 1 ilustra como esta dissertação está estruturada:

FIGURA 1 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Fonte: Elaborada pela autora (2017)

No Capítulo 1, apresentam-se o contexto em que a pesquisa se insere, o problema de

pesquisa, seus objetivos, a justificativa para o estudo e suas delimitações.

O Capítulo 2 analisa a literatura existente sobre os temas cultura, desempenho

organizacional sustentável, liderança estratégica e a relação entre eles.

No Capítulo 3 a metodologia da pesquisa é apresentada explicando-se sua natureza,

sua abordagem, seus fins e objetivos. Também é detalhado como os dados foram coletados,

analisados e tratados.

O Capítulo 4 apresenta a análise e a discussão dos resultados, e no Capítulo 5 são

feitas as considerações finais.

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 2 REFERENCIAL

TEÓRICO

CAPÍTULO 3 MÉTODO

DE PESQUISA

CAPÍTULO 4 ANÁLISE E

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES

FINAIS

Page 18: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

17

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A revisão bibliográfica avaliou três grandes temas: cultura organizacional,

desempenho organizacional sustentável e liderança. A Figura 2 ilustra o racional adotado na

estruturação deste capítulo.

FIGURA 2 – REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

Os temas mencionados na Figura 2 foram desdobrados da seguinte forma:

Eixo Teórico – Cultura: o eixo discorre sobre os conceitos de cultura, as abordagens

teórico-metodológicas e as posturas do pesquisador, demonstrando quão importante é tratar o

assunto com profundidade, evitando-se chegar a conclusões incorretas em função de uma

análise superficial. Também se discutem a formação de uma cultura organizacional e os níveis

de cultura. São revistas as suposições básicas propostas por Schein (2009a), com

detalhamento sobre a dimensão gerenciamento da integração interna, por ser a dimensão

estudada nesta pesquisa. Ainda são revisadas algumas tipologias de cultura, selecionadas por

relacionarem desempenho e cultura organizacional. Finalmente, dado que a empresa

EIXO

DESEMPENHO

EIXO

CULTURAEIXO LIDERANÇA

DESEMPENHO

ORGANIZACIONAL

CONCEITOS

ABORDAGENS TEÓRICO-

METODOLÓGICAS

POSTURA DO PESQUISADOR

LIDERANÇA ESTRATÉGICA

DESEMPENHO

ORGANIZACIONAL E

SUSTENTABILIDADE

CULTURA ORGANIZACIONAL

FORMAÇÃO DE CULTURA

NÍVEIS DE CULTURA

LIDERANÇA CULTURA E

DESEMPENHO

RELATÓRIOS DE

SUSTENTABILIDADE

DIMENSÕES DA CULTURA

ESTUDOS E TIPOLOGIA DE

CULTURA

CULTURA DOS PAÍSES

LIDERANÇA E ALINHAMENTO

INTERNO ORGANIZACIONAL

Page 19: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

18

pesquisada é multinacional de origem francesa mas sediada no Brasil, optou- se por revisar o

autor Hofstede (2001), referência no tema cultura dos países.

Eixo Teórico – Desempenho Sustentável: nesta seção se analisa a opinião de autores

estudiosos do tema desempenho sustentável, quais são seus indicadores adotados e as formas

de mensurá-lo.

Eixo Teórico – Liderança: aqui se discutem o tema liderança estratégica, seu papel

na cultura organizacional e no alinhamento interno de uma empresa, bem como seu impacto

na busca pelo desempenho sustentável.

O capítulo termina com uma síntese sobre a revisão da teoria, mostrando as conclusões

dos eixos teóricos e como elas se relacionam com a pesquisa.

2.1 Conceitos de cultura

O termo cultura pode assumir diferentes significados dependendo da época e do

contexto em que é usado. O conceito cultura, como usado atualmente, foi utilizado por Tylor

em 1871 de forma muito ampla, incluindo todas as possibilidades de realização humana e

marcando o caráter de aprendizado da cultura, posição essa que se opõe à ideia de aquisição

inata (biológica).

Kroeber e Kluckhon (1952) classificaram 164 definições diferentes de cultura, que

indicam o papel estratégico do conceito. A existência de muitos conceitos provavelmente

ocorre porque o tema faz intersecção com as várias disciplinas das ciências sociais

(antropologia, sociologia, psicologia) e reflete as tendências de cada uma.

O Quadro 1 mostra, em ordem cronológica, os conceitos de cultura segundo os autores

selecionados.

Page 20: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

19

QUADRO 1 – CONCEITOS DE CULTURA

AUTOR CONCEITO DE CULTURA PAÍS

TYLOR (1871) “Cultura ou civilização... é este todo complexo que inclui conhecimento,

crença, arte, leis, moral, costumes, e quaisquer outras capacidades e hábitos

adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade.”

INGLATERRA

KROEBER;

PARSONS (1958)

“Conteúdo e padrões de valores, ideias e outros sistemas de símbolos e

significados que modelam o comportamento humano e os artefatos

produzidos através do comportamento que são criados e transmitidos.”

ESTADOS

UNIDOS

PETTIGREW

(1979)

“Um sistema de significados aceitos pública e coletivamente por um dado

grupo em um momento específico.”

INGLATERRA

DEAL;

KENNEDY

(1982)

“Um sistema de regras informais que orientam o comportamento das pessoas,

regras estas que são sustentadas por valores, heróis, ritos e rituais de

comunicação.”

ESTADOS

UNIDOS

SHRISVASTAVA

(1985)

“Um conjunto de produtos concretos – tais como mitos, hierarquias de valores

e normas de comportamento – por meio dos quais o sistema social é

estabilizado e mantido.”

ÍNDIA

SCHEIN (1985) “Modelo dos pressupostos básicos que determinado grupo inventou,

descobriu ou desenvolveu ao aprender a lidar com os problemas de adaptação

externa e integração interna, e que funcionou bem o suficiente para serem

considerados válidos e ensinados aos demais membros como a forma correta

de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas.”

SUÍÇA

GEERTZ (1989) “Um padrão de significados transmitidos historicamente, incorporado em

símbolos, um sistema de concepções herdadas expressas em formas

simbólicas por meio das quais os homens comunicam, perpetuam e

desenvolvem seu conhecimento e suas atividades em relação à vida.”

ALEMANHA

AKTOUF (1994) “A cultura é um complexo coletivo feito de “representações mentais” que

ligam o imaterial ao material.”

ESTADOS

UNIDOS

FISCHER (1996) “Um conjunto de valores e pressupostos básicos expresso em elementos

simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significações,

construir a identidade organizacional tanto agem como elemento de

comunicação e consenso, como ocultam e instrumentalizam as relações de

dominação.”

BRASIL

HOFSTEDE

(2001)

“É a programação coletiva da mente, que distingue os membros de um grupo

ou categoria de pessoas ante outro.”

HOLANDA

CAMERON,

QUINN (2011)

“É um conjunto integrado de percepções, memórias, valores, atitudes e

definições que é comum e gerado por consenso.”

ESTADOS

UNIDOS

DENISON ET AL

(2012)

“É o código, a lógica essencial, o software da mente que organiza o

comportamento das pessoas, as lições que aprendemos e são importantes o

suficiente para serem transmitidas para a geração seguinte.”

SUÍÇA

ROCE (2017) “Denominaremos cultura a propriedade emergente que caracteriza cada

sistema social. O comportamento de seus membros, as suposições que regem

suas decisões, a forma de interagir entre eles e os costumes que se mantêm no

tempo.”

ARGENTINA

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

Page 21: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

20

2.1.1 Conceito de cultura organizacional

Os estudos sobre a cultura organizacional surgem na década de 1970. Porém, é a partir

dos anos 1980 que aumenta o interesse pelo assunto. O sucesso obtido pelas empresas

japonesas gerou questionamentos sobre diferenças culturais e os possíveis impactos em

produtividade (FLEURY, 1990).

No ambiente das empresas, o termo cultura passou a ser utilizado como “cultura

organizacional”, termo que também apresenta uma diversidade de definições, influenciadas

pelo contexto, pela abordagem e pelo autor.

Schein (2009a) demonstra preocupação com as definições evasivas e os usos

inconsistentes que podem criar dificuldades para o acadêmico. Algumas afirmações, como a

de Cameron e Quinn (2011), que definem a cultura organizacional como uma cola social que

une uma organização, são bastante amplas e, embora possam facilitar o entendimento de um

leitor leigo no assunto, são superficiais para ser consideradas em um estudo acadêmico.

O Quadro 2 foi preparado para facilitar a comparação dos conceitos de cultura

organizacional na visão de diferentes autores selecionados e dispostos em ordem cronológica.

Page 22: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

21

QUADRO 2 – CONCEITO DE CULTURA ORGANIZACIONAL

AUTOR CONCEITO PAÍS

Schein

(1985)

“Modelo dos pressupostos básicos que determinado grupo inventou, descobriu ou

desenvolveu ao aprender a lidar com os problemas de adaptação externa e integração

interna, e que funcionou bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados

aos demais membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a

esses problemas.”

Suíça

Beyer,

Trice

(1986)

“Uma rede de concepções, normas e valores que são tomadas por certas que

permanecem submersas à vida organizacional.”

Estados

Unidos

Fischer

(1996)

“Um conjunto de valores e pressupostos básicos expresso em elementos simbólicos, que

em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade

organizacional tanto agem como elemento de comunicação e consenso como ocultam e

instrumentalizam as relações de dominação.”

Brasil

Ross

(2000)

“A cultura corporativa é pautada em um sistema de valores, normas e ideais,

compartilhado por um determinado grupo de pessoas.”

Estados

Unidos

Cameron,

Quinn

(2011)

“É um conjunto integrado de percepções, memórias, valores, atitudes e definições que é

comum e gerado por consenso.”

Estados

Unidos

Denison

et al

(2012)

“É o código, a lógica essencial, o software da mente que organiza o comportamento das

pessoas, as lições que aprendemos e são importantes o suficiente para serem

transmitidas para a geração seguinte.”

Estados

Unidos

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

O quadro mostra que há certo consenso entre os autores de que a cultura

organizacional é um sistema de significados compartilhados por um grupo, pautado em

valores, com caráter subjetivo e que é percebido por meio de manifestações simbólicas.

Todavia, Schein ressalta que normalmente ao termo cultura se associa a questão do

compartilhamento ou de um grupo assumir coisas em comum, não considerando elementos

críticos como estabilidade estrutural, profundidade, extensão e padronização.

Page 23: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

22

A definição mais atual de cultura organizacional proposta por Schein (2009a, p. 16) é

a seguinte:

A cultura de um grupo pode agora ser definida como um padrão de suposições

básicas compartilhadas, que foi aprendido por um grupo à medida que solucionava

seus problemas de adaptação externa e de integração interna. Esse padrão tem

funcionado o suficiente para ser considerado válido e, por conseguinte, para ser

ensinado aos novos membros como o modo correto de perceber, pensar e sentir-se

em relação a esses problemas.

2.1.2 Formação da cultura

Segundo Dias (2012), o processo de formação da cultura organizacional é constituído

de três etapas: a criação, a consolidação e a mudança. Ele concorda com Schein (2009a) sobre

o papel desempenhado pelos fundadores, que escolhem os membros do grupo, definem suas

responsabilidades e se esforçam para promover a integração em torno de um objetivo comum.

A partir daí a cultura vai se formando com base nas iniciativas que a liderança toma e

que serão testadas no dia a dia, sendo que as respostas adequadas aos problemas passam a

integrar o acervo cultural da empresa. Vão fazer parte desse acervo os elementos tangíveis e

os intangíveis, como os pressupostos, os valores e as crenças compartilhadas.

A cultura organizacional se forma de maneira gradual e, com o tempo, a empresa

adquire uma identidade reconhecida tanto pelos seus membros como pelas pessoas de fora.

Essa cultura é normalmente traduzida por aqueles que fazem parte dela como “o jeito que as

coisas são feitas aqui”. Uma cultura muda quando o ambiente externo se altera e os

mecanismos internos de adaptação não são suficientes para que a empresa garanta a sua

competitividade, pondo em risco a sua sobrevivência.

Schein (2009a) explica que a cultura é formada de dois modos: através da interação

espontânea em um grupo desestruturado, ou em grupos formais, em que um indivíduo cria o

grupo e se torna o líder. Entretanto, ele ressalta que a cultura só surge quando essas

suposições individuais levam a experiências compartilhadas que solucionam os problemas de

sobrevivência e integração interna do grupo.

No caso das organizações, elas não se formam espontaneamente, mas pela iniciativa

de alguém que, para atingir um objetivo ou meta que não é possível alcançar individualmente,

busca coordenar a ação de várias pessoas.

Page 24: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

23

2.1.3 Níveis de cultura

Os níveis de cultura e a importância de considerá-los em estudos sobre cultura

organizacional são mencionados por vários autores (HARRIS; MORAN, 1991; TURNER;

TROMPENAARS, 2000; SCHEIN, 2009a; CAMERON; QUINN, 2011; DIAS, 2012).

Para Schein (2009a), o termo nível representa o grau pelo qual o fenômeno cultural é

visível ao observador. Os níveis de cultura vão de manifestações bem visíveis a suposições

básicas inconscientes.

A Figura 3 mostra os principais níveis de cultura segundo Schein.

FIGURA 3 – NÍVEIS DE CULTURA DE SCHEIN

Fonte: Adaptado de Schein (2009a)

No primeiro nível, chamado artefatos, estão todos os fenômenos visíveis, como

linguagem, criações artísticas, layout, vestuário, mitos, histórias, valores explicitados, rituais,

cerimoniais etc. Os artefatos precisam ser analisados com cautela para que as experiências, os

sentimentos e as percepções do observador não o influenciem levando a conclusões

enviesadas.

Parece ser possível conhecer mais sobre as suposições básicas de uma cultura

empresarial por meio de artefatos. Gagliardi (1990) acredita que a análise do ambiente físico

ARTEFATOS

visíveis

• LINGUAGEM

• AMBIENTE FÍSICO

• VESTUÁRIO

• MITOS

CRENÇAS E

VALORES

EXPOSTOS

manifestos

• VALORES MANIFESTOS

RAZÕES EXPRESSAS

PARA JUSIFICAR OS

COMPORTAMENTOS

SUPOSIÇÕES

BÁSICAS

inconscientes

• GRAU DE CONSENSO

DO GRUPO

RESULTANTE DO

SUCESSO REPETIDO

Page 25: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

24

pode levar à identificação de imagens e metáforas que refletem o nível mais profundo da

cultura.

No segundo nível estão as crenças e os valores assumidos pelo grupo, aqueles que são

manifestos, ou seja, as razões expressas pelos membros da cultura para justificar seus

comportamentos.

Na maioria das vezes essas razões não correspondem aos reais motivos, já que estes

permanecem inconscientes aos membros do grupo. Schein (2009a) enfatiza que as crenças e

os valores são inicialmente definidos pelo líder ou pelo fundador, mas ainda não fazem parte

do conhecimento compartilhado pelo grupo, e isso não se dá automaticamente. Segundo o

autor (SCHEIN, 2009a, p. 26):

Tudo o que for proposto será percebido apenas como o que o líder deseja. Até que o

grupo assuma alguma ação conjunta e seus componentes observem o resultado dessa

ação, ainda não haverá uma base compartilhada para determinar se o que o líder

deseja voltará a ser válido.

As crenças e os valores que forem repetidamente testados com sucesso se

transformarão em suposições básicas, o último nível da cultura, aquele que não é facilmente

observável. Os valores que não podem ser testados, como os temas morais ou estéticos, terão

de ser validados socialmente, ou seja, são confirmados pela experiência social compartilhada

do grupo.

É importante mencionar que Schein (2009a) diferencia as suposições básicas propostas

por ele das “orientações de valor dominante” usadas pelos antropólogos Kluckhohn e

Strodtbeck (1961), que dizem existir uma orientação para a solução preferida entre várias

alternativas.

Na interpretação de Schein (2009a), as suposições básicas refletem um grau de

consenso em um grupo, resultante do sucesso repetido, a tal ponto que comportamentos

baseados em qualquer outra premissa não são concebíveis.

O poder da cultura reside justamente nas suposições básicas porque, quando já se tem

um conjunto integrado de suposições, revê-las gera ansiedade e desconforto.

Page 26: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

25

2.1.4 Suposições culturais de Schein e dimensões da cultura

Na revisão da literatura identificam-se estudos extensos e profundos sobre cultura que

mencionam as dimensões culturais (KLUCKHOHN; STRODTBECK, 1961; HAMPDEN-

TURNER; TROMPENAARS, 2000; HOFSTEDE, 2001; SCHEIN, 2009a).

Kluckhohn e Strodtbeck (1961) realizaram um clássico estudo comparativo de quatro

culturas americanas e, como resultado, criaram um conjunto de seis dimensões para os

problemas humanos básicos.

Hofstede (2001) fez seu primeiro estudo em 1980, comparando os valores

relacionados ao trabalho dos funcionários de uma multinacional em 40 países, tornando-se

uma referência no tema cultura das nações.

Durante quatorze anos, Hampden-Turner e Trompenaars (2000) conduziram uma

pesquisa com mais de 46 mil gerentes, em mais de 40 países, e identificaram seis dimensões.

O Quadro 3 compara as suposições culturais de Schein (2009a) com as dimensões

culturais dos autores Hofstede (2001), Kluckhohn e Strodtbeck (1961) e Hampden-Turner e

Trompenaars (2000).

Page 27: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

26

QUADRO 3 – COMPARATIVO DIMENSÕES CULTURAIS

Schein Kluckhohn, Strodtbeck Hampden-Turner,

Trompenaars

Hofstede

Suposições culturais profundas

sobre realidade e verdade:

(critérios para determinar realidade,

verdade e informação).

Orientação natureza

básica humana:

(bom, mau, adaptável)

Orientação

homem/natureza:

(determinista, controle

do seu próprio destino).

Universalismo X

particularismo:

(regras, códigos, leis)

X (exceções, relações

únicas, circunstâncias

especiais)

Especificidade x

difusão:

(objetivo, atomístico) x

(relacional, holístico).

Rejeição à incerteza:

(regras, rituais,

tecnologia, não confundir

com aversão ao risco).

Suposições sobre tempo:

(tempo monocrônico ou

policrônico, tempo de planejamento

e tempo de desenvolvimento,

horizontes de tempo).

Orientação tempo:

(passado, presente e

futuro).

Tempo sequencial X

síncrono:

(o tempo tem um curso

definido) X (o tempo é

como uma dança com

coordenações bonitas).

Longo prazo X curto

prazo:

(preocupação com

resultados no tempo).

Suposições sobre espaço:

(distância e colocação relativa;

simbolismos do espaço, linguagem

corporal).

Orientação espaço

(privado, público ou

misturados).

Direção interna X

externa:

(consciência e

convicções são

internas) x (exemplos e

influências localizadas

fora).

Suposições sobre a natureza

humana, sobre a atividade

humana e os relacionamentos

humanos:

(orientação do fazer ou do ser,

individualistmo e grupismo,

distância do poder, orientação das

atividades e definição dos papéis).

Orientação para

atividades:

(individualista X

coletivista) (o ser X o

fazer).

Individualismo X

comunitarismo:

(liberdade individual,

direitos humanos,

competitividade) X

(responsabilidade

social, cooperação,

relações harmoniosas)

Status do ser X status

do fazer:

(o que você fez) x

(quem você é).

Individualismo x

coletivismo:

(maior ou menor

dependência emocional

dos membros de uma

organização)

Distância do poder:

(hierarquia, relação

chefe-subordinado)

Masculinidade X

feminilidade:

(implicações sociais e

emocionais em função do

sexo.

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

Schein (2009a), que atuou como executivo e consultor de empresas por vários anos,

além das suposições culturais que podem ser comparadas com as dimensões culturais dos

autores Hofstede (2001) e Hampden-Turner e Trompenaars (2000), considera que é

fundamental compreender duas questões ou problemas de qualquer grupo:

Page 28: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

27

(1) de sobrevivência e adaptação ao meio externo, e

(2) de integração de seus processos internos para garantir a capacidade de sobreviver e

se adaptar.

O autor ressalta que, se um grupo tem como objetivo realizar tarefas que permitam sua

adaptação ao meio externo, faz-se necessário que os membros do grupo desenvolvam um

conjunto de relacionamentos internos.

Schein (2009) argumenta que, à medida que as organizações evoluem, suas suposições

sobre adaptação externa e integração interna passam a refletir os pressupostos mais profundos

em torno dos quais o ser humano precisa de consenso para viver em sociedade. Ele incorpora

e adapta os conceitos e as dimensões de outros autores nos estudos que realiza, como ele

próprio descreve:

[...] As dimensões que serão revistas neste e nos capítulos que seguem são baseadas

nos conceitos originalmente desenvolvidos pelo sociólogo Talcott Parsons (1951) e

transformadas em um conjunto de dimensões de valor por Kluckhorn e Strodtbeck

(1961) [...] Os vários graus dessas dimensões se sobrepõem, como os promovidos

por Hofstede (2001, principalmente publicado em 1980), Hampden-Turner e

Trompenaars (1993, 2000) e outros. Mas tenho também me baseado neles a partir de

minha experiência em diferentes países. (SCHEIN, 2009a, p. 128).

Segundo Schein (2009a), as suposições sobre adaptação externa fornecem dados sobre

as crenças em relação a funções dominantes, sobre status, competição e desempenho na

empresa.

O autor sugere pesquisar como a missão foi definida e compartilhada, pois ela é um

dos elementos mais importantes de qualquer cultura. Ela diz respeito à “razão de ser” e à

identidade da empresa.

Também é recomendado investigar como as metas são estabelecidas e os meios

acordados para atingi-las, porque as metas concretizam a missão e os meios tratam do

comportamento diário.

O sistema de comunicação e mensuração das metas, bem como quais são os

mecanismos de correção, são importantes elementos que contam sobre a forma como a

empresa lida com o desempenho.

As suposições sobre gerenciamento da integração interna de Schein (2009a) dizem

respeito à capacidade do grupo de desenvolver e manter um conjunto de relacionamentos

internos de forma a realizar as tarefas.

Page 29: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

28

Para entender as suposições sobre gerenciamento da integração interna, devem-se

analisar seis aspectos: como a linguagem e as categorias conceituais comuns são criadas;

como as fronteiras e a identidade do grupo são definidas; como o poder e o status são

distribuídos; como as regras para intimidade, amizade e amor são desenvolvidas; como as

recompensas e as punições são alocadas; e como o inadministrável e o inexplicável são

gerenciados.

O entendimento desses aspectos possibilita ao investigador uma compreensão dos

mecanismos internos desenvolvidos para que as pessoas estejam confortáveis, podendo se

concentrar em questões importantes para a sobrevivência do grupo.

2.1.5 Abordagens e a postura do pesquisador

O conceito de cultura tem raízes na antropologia e na sociologia. Por isso, antes de

conceituá-lo e contextualizá-lo no ambiente organizacional, é importante entender as

abordagens dessas disciplinas e suas influências. São vários os autores que ressaltam esse

aspecto e analisam as diferentes abordagens (SMIRCICH, 1983; WRIGHT, 1994; FISCHER,

1996; CAMERON; QUINN, 2011; MIGUELES, 2003).

Mascarenhas (2002) discute as contribuições que a antropologia poderia fazer à

administração de empresas. Ao falar sobre o distanciamento das duas disciplinas e suas

consequências, o autor explica que, pela abordagem da antropologia interpretativa, a cultura

não poderia ser estudada a partir do isolamento de seus elementos e das relações entre eles.

O autor também sugere que o método etnográfico seria muito útil para um

entendimento mais minucioso da dinâmica sociocultural das empresas porque traria um

conhecimento mais profundo e realista das relações humanas e dos desafios enfrentados pelos

administradores.

Wright (1994) defende que uma das razões para se considerar os conceitos da

antropologia nos estudos de cultura organizacional é metodológica. Para ela, os estudos

antropológicos de cultura possibilitam uma abordagem mais interpretativa por meio da qual se

entende a organização como um lugar para construção de significados.

Page 30: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

29

Essa reflexão corrobora a visão de outros autores (FISCHER, 1996; HOFSTED, 2001;

SCHEIN, 2009a) sobre a importância de, nos estudos de cultura, adotar métodos que

possibilitem ir além das pesquisas de clima organizacional. Todavia, nem todos concordam

que o método etnográfico é o que deve ser adotado.

Na abordagem da sociologia, a corrente do interacionismo simbólico deve ser

considerada quando se investiga cultura. Para os sociólogos, a vida cotidiana é o objeto de

análise. Os autores Berger e Luckmann (1966, p.16), importantes representantes dessa

corrente e influenciadores dos estudiosos sobre cultura, afirmam:

A vida cotidiana se apresenta como uma realidade interpretada pelos homens e

subjetivamente significativa para eles como um mundo coerente. Como sociólogos,

consideramos essa realidade como o objeto de nossa análise. Dentro do marco de

referências da sociologia como ciência empírica é possível tomar a realidade como

dada, para considerar com certa autonomia os dados que surgem de dentro dela, sem

mais indagações sobre os fundamentos desta realidade, que é uma tarefa da filosofia.

Para esses autores, o indivíduo percebe que o significado que ele dá a um objeto é

correspondente ao significado que os outros atribuem a esse mesmo objeto; ou seja, há um

compartilhamento comum sobre a realidade. Esse processo, chamado de processo de

objetivação, tem um elemento importante: a produção de signos ou sinais, que têm

significações. A linguagem é um conjunto de signos que têm a capacidade de comunicar os

significados.

Os autores também endereçam temas importantes para o entendimento de cultura

quando compartilham suas ideias sobre a construção do universo simbólico e explicam os

processos de legitimação, socialização primária e secundária.

A psicologia propõe uma perspectiva clínica de abordagem dos fenômenos culturais,

ampliando os métodos de observação usados nos estudos organizacionais.

Schein (2009a, p. 8) explica que cultura é uma abstração, porém, com consequências

comportamentais concretas. O autor compara a cultura com a personalidade de um indivíduo:

[...] a cultura está para um grupo como a personalidade ou caráter está para um

indivíduo. Podemos ver os comportamentos resultantes, mas, frequentemente, não

podemos ver as forças internas que causam certos tipos de comportamento. Todavia,

à medida que nossa personalidade e caráter orientam e restringem nosso

comportamento, a cultura guia e restringe os comportamentos dos membros de um

grupo, mediante normas compartilhadas e assumidas pelo grupo.

Page 31: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

30

Alguns autores (HALL; NEITZ; MARSHALL BATTANI, 2003; WRIGHT, 1994)

consideram que o debate acadêmico propiciou o surgimento de novas propostas conceituais e

métodos de investigação mais adequados, embora as discussões ainda envolvam tensões em

relação à forma de se conduzir um estudo de cultura.

Ao comentar sobre a complexidade e a abrangência do conceito de cultura, Migueles

(2003, p. 2) recomenda que se faça um recorte epistemológico alinhado aos objetivos do

estudo.

Portanto, ao pensarmos em um conceito de cultura, antes de investigarmos o que

“cultura realmente é”, precisamos perguntar-nos, primeiro, o que queremos fazer

com o nosso estudo. Por isto, quando falamos de cultura, o problema fundamental

não é só reescrever o conceito, mas decidir sobre qual é, afinal, o nosso objeto de

estudo e qual é a sua relevância para o entendimento do fenômeno que queremos

estudar.

Migueles (2003, p. 14) menciona ainda que “Há uma complementaridade entre os

trabalhos do antropólogo, do psicólogo e do administrador, no entendimento sobre o ser

humano nas organizações”.

Fleury (1989) sugere que o pesquisador deva assumir a priori uma posição em relação

à sua postura com base na perspectiva teórica-metodológica e na razão de seu estudo.

Segundo essa autora, podem-se identificar três tipos de postura quando se investigam os

fenômenos culturais das empresas:

Postura do empiricista: quando se investiga a realidade sem um referencial teórico;

semelhante à postura de um fotógrafo da realidade social.

Postura do antropólogo: quando o pesquisador investiga a realidade social com um

quadro de referências teóricas definido antecipadamente; o antropólogo age ora

como observador ora como observador participante.

Postura do terapeuta: o pesquisador também investiga a realidade social com um

modelo teórico definido previamente com metodologia que o orienta durante toda a

pesquisa; porém, somente em uma situação onde a organização estudada coloca à

disposição do pesquisador seus dados e suas informações e a pesquisa tem interesse

em responder a alguns questionamentos da própria empresa.

Page 32: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

31

2.1.6. Estudos e tipologia de cultura

Outro tema que gera debate entre os autores estudiosos de cultura (FLEURY, 1989;

SCHEIN, 2009a; CAMERON; QUINN, 2011; DENISON, 2012) é a diferenciação entre as

pesquisas de clima organizacional, os levantamentos de cultura e os diagnósticos de cultura.

Como comenta Fleury (1989 p. 19), “As propostas mais simplistas, como já

mencionamos, são as do gênero diagnóstico de clima, as quais pretendem apreender os

padrões culturais de uma organização a partir da somatória de opiniões e percepções de seus

membros”.

Schein (2009a) alerta para o fato de que pesquisadores e consultores têm realizado

“levantamentos culturais” e sugerido que, com base neles, podem propor ações que melhorem

o desempenho da empresa. Segundo o autor, há o risco de que esses estudos forneçam uma

visão apenas superficial, além da tendência perigosa de se avaliar uma cultura como “certa”

ou “errada”.

Entretanto, Schein (2009a) reconhece a contribuição prática das tipologias, elencando

três razões para isso: (1) por ajudar a dar sentido e alguma ordem fora do fenômeno

observado; (2) por ajudar a definir qual poderia ser a estrutura básica dos fenômeno; e (3) por

possibilitar fazer alguma previsão sobre fenômenos ainda não observados.

Apesar das preocupações, encontram-se na literatura modelos desenvolvidos por

pesquisadores e consultores com base teórica consistente e que têm sido usados

extensivamente pelas organizações para acessar as culturas e, em alguns casos, também

analisar seu impacto no desempenho organizacional (CAMERON; QUINN, 2011;

DENISON, 2012).

2.1.7. A cultura dos países e a cultura brasileira

Os traços de cultura de um país podem influenciar a cultura de uma empresa, sendo

portanto uma variável importante ao se fazer um diagnóstico de cultura organizacional

(HOFSTEDE, 2001; HARRIS; MORAN, 1991).

Page 33: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

32

Segundo Hofstede (2001), as diferenças culturais dos países não podem ser

compreendidas sem o estudo da história. Para ele, a cultura é como uma programação mental;

é a cristalização dos fatos históricos nas mentes e nos corações das gerações atuais.

Para o autor, as sociedades devem ter mecanismos que garantam a estabilidade dos

padrões culturais durante muitas gerações.

A Figura 4 ilustra esse processo.

FIGURA 4 – MECANISMO DE ESTABILIZAÇÃO DOS PADRÕES CULTURAIS

Fonte: Adaptado de Hofstede (2001)

A Figura 4 mostra que as influências externas impactam diretamente as origens e não

o sistema de normas e valores. Hofstede (2001) entende que as normas não mudam em função

de pressões externas. São as mudanças causadas no ambiente, na tecnologia e na economia

que levam a alterações graduais no sistema de normas e valores.

INFLUÊNCIAS EXTERNAS

(forças da natureza,

forças do homem:

comércio, dominação,

descoberta científica)

ORIGEM

Fatores Ecológicos:

Geografia

História

Demografia

Higiene

Nutrição

Economia Tecnologia

Urbanização

NORMAS SOCIAIS

SISTEMA DE

VALORES DOS

GRUPOS DE MAIOR

POPULAÇÃO

CONSEQUÊNCIAS

ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DAS

INSTITUIÇÕES:

PADRÕES FAMILIARES

DIFERENCIAÇÃO DE PAPÉIS

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

ÊNFASES DE SOCIALIZAÇÃO

SISTEMAS EDUCACIONAIS

RELIGIÃO, LEGISLAÇÃO, ARQUITETURA

DESENVOLVIMENTO DA TEORIA

Page 34: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

33

Como mencionado anteriormente, Hofstede (2001) é referência no estudo da cultura

dos países. As cinco dimensões por ele propostas e os resultados obtidos que comparam as

culturas dos países em relação a essas dimensões são a base para muitos outros estudos de

cultura.

Alcadipani e Crubellate (2003), em interessante artigo sobre a produção nacional de

pesquisas sobre a cultura organizacional brasileira, consolidaram os resultados de pelo menos

uma dezena de estudos e concluíram que:

(1) os estudos são fortemente influenciados por Hofstede (2001);

(2) a maioria deles recorre à análise dos traços culturais nacionais desde as suas

origens históricas;

(3) há traços comuns identificados em vários estudos, como o paternalismo, o

personalismo e a flexibilidade.

O Quadro 4 foi desenvolvimento para sumarizar os dados relativos à cultura brasileira

nos estudos de Hofstede (2001).

Quadro 4 – Dimensões de Hofstede (2001) e cultura do Brasil

DIMENSÃO HOFSTEDE BRASIL

INDIVIDUALISMO X COLETIVISMO COLETIVISMO

DISTÂNCIA DO PODER ALTA DISTÂNCIA DO PODER

REJEIÇÃO À INCERTEZA ALTA REJEIÇÃO À INCERTEZA

MASCULINIDADE X FEMINILIDADE FEMINILIDADE

ORIENTAÇÃO EM RELAÇÃO AO TEMPO LONGO PRAZO

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

Os resultados apresentados no Quadro 4 mostram que a cultura brasileira é coletivista,

com alta distância do poder e alta rejeição à incerteza, feminina e orientada para o longo

prazo.

Page 35: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

34

Para o autor, os resultados mostram uma sociedade na qual as pessoas estão

fortemente integradas em um grupo, preferem ações grupais a individuais e a resolução dos

conflitos pela repressão, aceitam que o poder seja distribuído de forma desigual e requerem

regras claras e explícitas.

O país se classifica levemente na dimensão feminina, indicando que a sociedade tende

a ver os gêneros sobrepostos, ou seja, os papéis do homem e da mulher se apresentam de

maneira semelhante: como carinhosos e preocupados com a qualidade de vida e não apenas

com o sucesso e os ganhos financeiros, e, finalmente, parece estar orientada mais para

resultados em longo prazo.

2.1.8 Conclusões do eixo cultura

A revisão teórica deste bloco reforça a ideia de que um estudo de cultura requer uma

análise em todos os seus níveis, inclusive no das suposições básicas.

Nota-se também que é importante explorar os diferentes momentos do processo de

formação da cultura organizacional, como a criação, a consolidação e a mudança cultural,

para que se obtenha uma compreensão adequada do que ela é.

A posição do autor Schein (2009a) em relação ao papel da liderança na cultura

organizacional foi analisada e demonstrou a relevância dos líderes nos estudos de cultura.

A revisão da literatura sobre os conceitos de cultura, das possíveis abordagens e das

posturas do pesquisador sugere que as noções da antropologia, da sociologia e da psicologia

podem ser aplicadas de forma complementar, aumentando as possibilidades de compreensão

de um fenômeno tão complexo como a cultura. Também reforça a importância da relação

entre a abordagem, os objetivos da pesquisa e a metodologia a ser adotada.

Essa seção também revisou o tema cultura dos países, que, segundo Hofstede (2001),

pode influenciar a cultura de uma organização. As características da cultura brasileira foram

analisadas e identificou-se que vários estudos sobre ela são baseados nesse autor.

Page 36: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

35

2.2 O desempenho organizacional

O estudo pesquisará como o entendimento da liderança estratégica sobre a relevância

da cultura no alinhamento interno pode impactar a busca pelo desempenho sustentável. A

literatura referente a desempenho organizacional foi revisada a fim de comparar o conceito de

desempenho sustentável, os indicadores e as formas de mensuração utilizados pela empresa

pesquisada com os existentes na literatura.

Segundo Eccles (1991), já faz vários anos que os executivos vêm repensando o

sistema baseado em métricas financeiras para avaliar o desempenho das empresas. O autor

menciona que, em 1951, Ralph Cordiner, CEO da General Electric, já demonstrava

insatisfação com o sistema e criou um comitê para identificar quais seriam as métricas

fundamentais para o desempenho da empresa. Além da lucratividade, o grupo elencou a

produtividade, a atitude dos funcionários, o market share, a responsabilidade pública e o

equilíbrio entre os objetivos de curto e longo prazo.

Todavia, os executivos (principalmente das empresas americanas) têm sido

direcionados a buscar resultados de curto prazo para atender às expectativas da comunidade

financeira. Esse sistema, além de criar uma perspectiva de curto prazo, também levanta

questionamentos sobre uma possível manipulação dos resultados (ECCLES, 1991).

As críticas ao sistema contábil tradicional como método para avaliar desempenho

organizacional são intensas por parte dos acadêmicos e consultores (JOHNSONS; KAPLAN;

1987; KAPLAN; COOPER, 1988). Como exemplo, Kaplan e Cooper (1988) relatam que o

modelo contábil para avaliar custos foi decidido numa época na qual a maioria das empresas

tinha uma linha restrita de produtos. Hoje, tanto a linha de produtos como os canais de

marketing das organizações proliferaram e, embora esse sistema de avaliação de custos seja

inadequado, ele continua sendo utilizado.

Apesar das críticas à postura americana, vale lembrar o relato de Ferreira et al. (2004),

ao contar que os primeiros relatórios que traziam questões sociais, correspondentes hoje ao

balanço social, surgiram nos Estados Unidos nos anos 1960.

Em função da Guerra do Vietnã, a população começou a boicotar os produtos de

empresas que apoiavam a guerra, exigindo-lhes uma postura ética. Assim, as empresas

começaram a se interessar pela prestação de contas de suas ações e objetivos sociais.

Page 37: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

36

Soares (2016), em estudo com companhias do setor elétrico que analisou a cultura

organizacional e os indicadores de desempenho econômico, social e ambiental de

sustentabilidade, menciona que:

Desse modo, uma nova estratégia para as companhias provém dessa mudança de

cenário: ao invés de se considerarem as tradicionais formas de mensurar e reportar

os importantes resultados descritos nas Demonstrações Financeiras – DFs, avança-se

nas diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade, contendo os desempenhos

econômico, ambiental e social com uma proposta rotineira e passível de comparação

com os relatórios financeiros.

A relevância da liderança estratégica para o estabelecimento de uma cultura orientada

para o desempenho sustentável é mencionada por vários autores (ECCLES, 1991; EPSTEIN;

ROY, 2001; SACHS, 1993; ELKINGTON, 1997; MACKEY; SISODIA, 2014).

De Barros (2007) entende que a competência cross-cultural da liderança torna-se cada

vez mais um dos parâmetros relevantes para avaliar o desempenho do negócio.

2.2.1 Desempenho organizacional e sustentabilidade

O número de empresas que começam a refletir sobre quais são os melhores

indicadores de desempenho organizacional tem aumentado dia a dia (McGUIRRE, 1988;

ECCLES, 1991; EPSTEIN; ROY, 2001; BARBIERI, 2008).

Além de repensar os indicadores de desempenho organizacional, há uma outra

discussão envolvendo os resultados financeiros das empresas e sua relação com a

responsabilidade social corporativa (CONINE; MADDEN, 1986; O´NEIL; SANDERS;

McCATHY, 1989; CONINE; MADDEN, 1986; EPSTEIN; ROY, 2003; GRIFFIN,1997;

BRAMMER; PAVELIN, 2006; LOPEZ,2007; PELOZA, 2008).

Alguns autores acreditam que há uma correlação positiva entre responsabilidade social

corporativa e desempenho organizacional (COCHRAN; WOOD,1988), porém outros

(HILLMAN; KEIM ,2001; ULLMANN,1985) discordam.

Embora alguns autores, como Friedman (1970) e seus seguidores, não considerem a

sustentabilidade como uma responsabilidade da empresa, vários autores entendem que as

empresas têm de incluir, entre suas obrigações empresariais, os temas relacionados à

responsabilidade social (PEREIRA, 2002; KOLK; MAUSER, 2002).

Page 38: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

37

Elkington (2001), que cunhou o termo Triple Bottow Line, alerta que a transição para a

sustentabilidade exigirá uma mudança de foco no crescimento econômico (que busca a

quantidade) para o crescimento da sustentabilidade (enfoque na qualidade econômica,

ambiental e social).

O autor, que foi um dos críticos a Peters e Waterman (1982) por não terem

mencionado a questão ambiental no famoso best-seller In Search of Excellence, se alinha com

os autores mais recentes que enfatizam a necessidade de rever o modelo capitalista atual

(MAXMIN; ZUBOFF, 2003; KELLY, 2012; MACKEY; SISODIA, 2014; KOTLER, 2015).

Para efeitos deste estudo interessa conhecer as abordagens que, ao avaliar o

desempenho de uma organização, consideram a sustentabilidade, dado que a empresa

pesquisada se posiciona entre as que buscam atingir resultados sustentáveis.

A Figura 5 foi desenvolvida para facilitar o entendimento dos princípios, fatores ou

dimensões considerados em relação ao desempenho sustentável segundo os autores Epstein e

Roy (2003), Sachs (1993) e Elkington (1997), selecionados pela pesquisadora.

FIGURA 5 – PRINCÍPIOS DA SUSTENTABILIDADE

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

EPSTEIN E ROY

(2003)

1. ÉTICA

2. GOVERNANÇA

3. TRANSPARÊNCIA

4. RELACIONAMENTO COM OS

FORNECEDORES E PARCEIROS

5. RETORNO FINANCEIRO

6. ENVOLVIMENTO COM

COMUNIDADE

7. VALOR DO PRODUTO OU

SERVIÇO

8. PRÁTICAS DE RH

9. PROTEÇÃO AO MEIO

AMBIENTE

SACHS

(1993)

1. SUSTENTABILIDADE SOCIAL

2. SUSTENTABILIDADE

ECONÔMICA

3. SUSTENTABILIDADE

ECOLÓGICA

4. SUSTENTABILIDADE

GEOGRÁFICA

5. SUSTENTABILIDADE

CULTURAL

ELKINGTON

Triple Bottow Line

(1997)

ECONÔMICO

(LUCRO, ROI, GERAÇÃO DE

EMPREGO

IMPOSTOS PAGOS, VENDAS,

FLUXOS MONETÁRIOS)

SOCIAL:

(PRATICAS DE RH, DIREITOS

HUMANOS, VALOR PRODUTOS,

IMPACTOS NA COMUNIDADE)

AMBIENTAL:

QUALIDADE DO AR,

USO DE ENERGIA

QUALIDADE DA ÁGUA,

LIXO PRODUZIDO

Page 39: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

38

Ao analisar a Figura 5, identificam-se similaridades entre as dimensões propostas

pelos autores. Todos eles incluem o desempenho econômico (ainda que as dimensões de

Sachs estejam mais relacionadas às práticas econômicas sustentáveis, como a absorção dos

custos ambientais, que ao retorno aos acionistas).

Percebe-se também que Epstein e Roy (2003) põem mais foco nos temas ética e

governança que os outros autores e, finalmente, observa-se que todos os autores trazem as

questões ambientais e com a mesma ênfase.

Embora a revisão da literatura mostre a existência de diferentes conclusões sobre

desempenho organizacional e responsabilidade social corporativa, o próprio debate e a

quantidade de pesquisas conduzidas sugerem que o modelo tradicional de avaliar o

desempenho organizacional, com base apenas nas demonstrações financeiras, está sendo

reavaliado e a inclusão das dimensões social e ambiental parece ser uma tendência.

2.2.2 Relatórios de sustentabilidade

Como defendido por vários autores (McGUIRRE, 1988; ECCLES, 1991; EPSTEIN;

ROY, 2001; ELKINGTON, 1997), as demonstrações contábeis tradicionais não são

suficientes para dar visibilidade de como uma organização atua nas questões socioambientais.

Por isso, cada vez mais as empresas estão usando o balanço social para comunicar seu

desempenho nessas áreas.

Outra opção para dar visibilidade sobre o comportamento empresarial em relação aos

aspectos sociais e ambientais são os relatórios de sustentabilidade. Eles são mais abrangentes

que o balanço social e mostram as práticas adotadas pelas empresas na busca do

desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo em que fornecem dados qualitativos e

quantitativos.

Elaborar um relatório de sustentabilidade é adotar a prática de medir e divulgar o

desempenho organizacional enquanto se trabalha rumo ao desenvolvimento sustentável.

Um relatório de sustentabilidade fornece uma declaração equilibrada e razoável do

desempenho de sustentabilidade da organização, incluindo contribuições positivas e

negativas.

Page 40: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

39

As empresas brasileiras têm à disposição algumas alternativas de diagnóstico e

divulgação das práticas de sustentabilidade:

1. Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial;

2. Global Reporting Initiative (GRI);

3. Balanço Social IBASE

1. Os Indicadores Ethos procuram identificar o quanto a sustentabilidade e a

responsabilidade social fazem parte do negócio, contribuindo para a elaboração de

estratégias, políticas e processos. A ferramenta é composta por um formulário que, ao

ser preenchido on line, gera um relatório que auxilia a empresa no planejamento de

metas e na priorização dos temas relacionados à sustentabilidade. A ferramenta não

mede o desempenho das empresas nem credencia como sustentável ou não

determinada empresa.

2. Os relatórios de sustentabilidade baseados nas Diretrizes do Global Reporting

Initiative (GRI) são utilizados como um padrão de referência e de avaliação do

desempenho de sustentabilidade, tanto no que diz respeito a cumprimento de leis e

padrões quanto a iniciativas voluntárias da empresa. Eles também permitem que a

empresa identifique o quanto ela está influenciando ou é influenciada em relação à

sustentabilidade do negócio e como se dá a sua evolução no tempo. As dimensões das

diretrizes do GRI são:

dimensão econômica: diz respeito às condições econômicas de seus stakeholders e

aos sistemas econômicos local, nacional e global;

dimensão ambiental: refere-se aos impactos da organização sobre sistemas naturais;

os indicadores ambientais abrangem o desempenho relacionado a insumos (como

material, energia, água) e produção (emissões, efluentes, resíduos);

dimensão social: refere-se aos impactos da organização nos sistemas sociais nos

quais opera; os indicadores identificam aspectos relacionados às práticas

trabalhistas.

Page 41: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

40

3. O balanço social é uma ferramenta importante para a divulgação das práticas sociais

da empresa, permitindo uma avaliação dos exercícios anteriores e o planejamento dos

anos seguintes. As empresas têm optado por adotar o modelo proposto pelo Instituto

Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). O modelo contempla

informações sociais de forma abrangente, ainda que alguns autores considerem que a

seção sobre meio ambiente poderia incluir mais dados de interesse aos acionistas e

ONGs.

2.2.3 Conclusões do eixo desempenho sustentável

Há muitas evidências na literatura de que, no meio corporativo e acadêmico, existe a

preocupação com a sustentabilidade do desempenho.

Pode-se notar que a análise de desempenho de uma empresa baseada apenas nos

resultados financeiros vem sendo questionada e que o tema da sustentabilidade está na agenda

das organizações. Verifica-se ainda que há muitas formas para as empresas publicarem seus

resultados e diferentes tipos de relatórios de sustentabilidade.

Também há constatações de que o engajamento dos funcionários e a qualidade da

liderança são diferenciais competitivos (ECCLES, 1991; EPSTEIN; ROY, 2003; SACHS,

1993; ELKINGTON, 1997; MACKEY; SISODIA, 2014; DE BARROS, 2007; MIGUELES,

2010).

A revisão da literatura sobre desemprenho sustentável confirmou que o modelo Triple

Bottow Line se alinha aos conceitos propostos por outros autores estudiosos do tema, que

também adotam as dimensões financeiras, sociais e ambientais ao avaliar o desempenho

sustentável de uma empresa.

2.3 Liderança estratégica, cultura organizacional e desempenho sustentável

Neste eixo, procura-se revisar qual a relação entre a liderança estratégica, a cultura

organizacional e o desempenho sustentável.

Page 42: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

41

Mintzberg (1995), que sugere cinco níveis de estratificação para analisar a estrutura de

uma empresa, entende que a cúpula estratégica tem a responsabilidade de assegurar à empresa

cumprir sua missão e que seu processo decisório está voltado para a estratégia.

Rowe (2002, p. 28) fez uma interessante comparação entre as características dos

líderes e, com base nela, sugeriu a seguinte definição:

A liderança estratégica é definida como a habilidade de influenciar outras pessoas a

tomar, de forma voluntária e rotineira, decisões que aumentem a viabilidade em

longo prazo da organização, ao mesmo tempo em que mantêm a estabilidade

financeira em curto prazo.

Oliveira (2008) menciona que a literatura mais recente sobre liderança aponta papéis

relacionados à busca de resultados sociais e ambientais.

O Quadro 5 mostra uma síntese desses papéis e dos autores que os propõem.

Page 43: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

42

QUADRO 5 – Papéis da liderança na atualidade relacionados à responsabilidade social

PAPEL DA LIDERANÇA

RELACIONADO AO DESEMPENHO

SUSTENTÁVEL

AUTOR

Organizador de informações COOPE (2006)

Gestor de riscos ROCHLIN (2005)

Vinculador de dentro para fora PORTER; KRAMER (2006)

Vinculador de fora para dentro PORTER; KRAMER (2006)

Identificador de desafios a resolver HEIFETZ (2005)

Gestor do envolvimento das pessoas BOSSIDY; CHARAN (2003)

Gestor de atratores de confiança HANDY (2000)

Coach e mentoring VERGARA (2007)

Contador de histórias DRISCOLL; MCKEE (2007)

Guardião da ética GOFFE; JONES (2005)

Anfitrião WHEATLEY (2008)

Pensador do sistema MANGA; HOLLENHOST (2004)

Ativista social PARSTON (2000)

Manejador da cultura CHARAN (2006)

Criador de sentido e de visões ANCONA et al (2007)

Fonte: Adaptado de Oliveira (2008)

Ao analisar o quadro, nota-se que esses autores identificam papéis da liderança

relacionados à gestão do alinhamento interno a cultura organizacional e ativos intangíveis.

Page 44: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

43

2.3.1 Liderança e cultura

Schein (2009a, p. 227) ressalta o papel da liderança na formação, na manutenção e na

transformação da cultura organizacional. Ele estudou os mecanismos e processos pelos quais

a cultura muda, e para ele a importância da liderança acontece nos diversos estágios

organizacionais.

Para o autor, os líderes têm um papel especial:

O papel especial que esses líderes exercem é propor as respostas iniciais às

perguntas dos grupos jovens sobre como operar inter e externamente. Um grupo não

pode testar soluções potenciais se nada for proposto. Depois que um líder tiver

ativado o grupo, pode-se determinar se suas ações solucionam os problemas de

trabalhar efetivamente em seu ambiente e criar um sistema interno estável. Outras

soluções podem ser propostas por membros fortes do grupo, e o processo de

aprendizagem cultural torna-se ampliado. Todavia, não podemos negligenciar a

tremenda importância da liderança logo no início de qualquer processo grupal.

Além de estudar a responsabilidade da liderança na formação da cultura

organizacional, o autor se dedicou a explicar como os líderes fixam e transmitem a cultura.

Ele elencou seis mecanismos que a liderança pode adotar para fixar suas suposições na vida

diária das empresas.

Os mecanismos identificados por ele são: o que os líderes mensuram, controlam e a

que eles prestam atenção; as reações do líder a incidentes críticos e a crises organizacionais; a

forma como os líderes alocam recursos; a modelagem de papéis, ensino e coaching; a forma

como os líderes alocam recompensas e status e como os líderes recrutam, selecionam,

promovem e demitem.

Migueles (2010) entende que o líder tem um importante papel na cultura da empresa,

que é criar um contexto capacitante que propicie o desenvolvimento organizacional. Segundo

a autora, a liderança tem o poder de diminuir barreiras, aumentar a participação e construir

sentidos comuns que possibilitem uma conciliação dos objetivos individuais e

organizacionais.

Nessa mesma linha, vários autores (SELZNICK; 1972; KREPS; 1990; DE BARROS,

2007; DENISON; 2012; MACKEY; SISODIA; 2014) identificam o líder como aquele que

tem grande poder para afetar ou transformar a cultura organizacional.

Page 45: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

44

Com uma visão oposta, Pfeffer e Salancik (1975) entendem que a liderança tem pouca

influência nas empresas, mas que os comportamentos dos líderes são fortemente determinados

pelo sistema social no qual estão.

Uma terceira posição é a sugerida por Vieira (2010, p. 36), que entende haver uma

interdependência:

Interdependência que se define como mútua influência, em que os elementos em

interação experimentam, simultaneamente, alta autonomia e alta dependência em

relação ao outro. Isso significa, na prática, que a liderança é uma potência que

contém todos os elementos do todo e, ao se consumar em um líder, torna-o

representante especial e legítimo. Especial porque ele é incorporado como a

representação da verdade, o holograma do todo que expressa todas as características

e símbolos da cultura do agrupamento do qual ele é nativo.

2.3.2 Liderança e desempenho sustentável

Os autores Mackey e Sisodia (2014) propõem o capitalismo sustentável como uma

nova forma de fazer negócios, a que considera simultaneamente múltiplas formas de criar

valor e bem-estar para todos os stakeholders.

Para eles, o capitalismo atende a quatro princípios: um grande propósito; integração

dos stakeholders; liderança consciente; e cultura e gestão conscientes. O papel da liderança na

cultura e na busca por desempenho sustentável é apontado por eles em dois dos quatro

princípios.

Nesse sentido, os autores concordam com Schein (2009a) quanto à relevância dos

líderes na cultura organizacional e acrescentam o impacto da liderança organizacional no

atingimento de resultados sustentáveis. Ainda segundo Mackey e Sisodia (2014, p. 34):

Os líderes do negócio consciente têm uma inteligência finamente desenvolvida que

entende os relacionamentos entre todos os stakeholders e sua interdependência. Sua

maneira de pensar fundamentalmente mais sofisticada e complexa sobre os negócios

transcende as limitações da mente analítica que se concentra em diferenças, conflitos

e trade offs.

Page 46: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

45

Ulrich e Smallwood (2003, p. 5) também ressaltam a relevância dos líderes para o

atingimento de resultados sustentáveis. Ao comparar o desempenho de empresas em épocas

de crise, eles mencionam:

As empresas que sobreviveram à crise de credibilidade do mercado o fizeram porque

seus líderes tornaram tangíveis os intangíveis. Esses líderes atingiram metas

financeiras, tiveram uma estratégia de crescimento, criaram competências básicas

alinhadas com a estratégia e garantiram os recursos da organização. [...] O conceito

de intangíveis tem uma história fora dos negócios. As equipes de esportes bem-

sucedidas são frequentemente caracterizadas por intangíveis: a força entre os

companheiros de equipe, a qualidade do treinamento, a capacidade de ganhar e

outros. Os líderes dos times de esportes criam valor intangível prometendo e

entregando sucesso em vários campeonatos.

2.3.3 Liderança e o alinhamento interno organizacional

O papel dos líderes no alinhamento interno da empresa e sua importância no

atingimento de resultados sustentáveis são mencionados por vários autores (CHARAN, 2009;

BARRETT, 2014; SCHEIN, 2009a; ZANINI, 2008).

Charan (2009, p. 17) diz ser necessário que os líderes promovam uma grande mudança

na forma como administram o dia a dia em função dos desafios do ambiente complexo atual:

As conversas devem transcender as fronteiras dos diferentes silos, de modo que você

saiba o que os outros estão descobrindo e que eles saibam o que está acontecendo

em sua área. Dessa forma, suas iniciativas serão coordenadas e sua empresa poderá

reagir com mais rapidez.

Barrett (2014, p. 125), ao discutir como uma organização dirigida por valores pode

liberar o potencial humano e impactar positivamente seu desempenho e lucratividade, ressalta

a importância da liderança. Ele entende que o líder tem responsabilidade por aumentar o

alinhamento interno e incentivar os outros líderes a fazer o mesmo:

O líder de uma organização deve ter como tarefa pessoal não apenas reduzir seu

nível de entropia pessoal e aumentar seu alinhamento de valores e da missão, mas

também incentivar e dar suporte para que todos os outros líderes, gerentes e

supervisores da organização façam o mesmo. O líder também deve encabeçar o

trabalho de reformulação de estruturas, processos, políticas, procedimentos e

incentivos da organização para satisfazer melhor as necessidades físicas, emocionais

e “espirituais” dos funcionários e de outros stakeholder.

Page 47: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

46

Uma abordagem que também reconhece o papel da liderança no alinhamento interno

de uma empresa é a sugerida por Zanini (2008).

O autor expande a discussão ao levar em conta que tanto líderes como liderados têm

interesses pessoais legítimos e que as características do ambiente de negócio no Brasil e os

traços da cultura do país influenciam o processo.

Para o autor, é tarefa da área de gestão de pessoas promover o alinhamento dos

interesses conflitantes formalizando as regras, mas ele ressalta o papel do líder. “De maneira

complementar e informal, o principal agente promotor desse alinhamento é o líder” (ZANINI,

2008, p. 71).

2.3.4 Conclusões do eixo teórico liderança estratégica

A relação entre liderança, cultura organizacional, desempenho sustentável e o papel

dos líderes no alinhamento interno da empresa é apontada por vários autores (MACKEY;

SISODIA, 2014; ULRICH; SMALLWOOD, 2003; CHARAN; 2009; BARRETT, 2014;

SCHEIN, 2009a; ZANINI, 2008).

A liderança tem importante papel no estabelecimento, na manutenção e na

transformação da cultura organizacional (MIGUELES, 2010; SCHEINa, 2009; VIEIRA,

2010). Assumindo-se essa premissa, as empresas que almejam uma “cultura de desempenho

sustentável” (seja para atender às expectativas dos diversos stakeholders, seja porque isso faz

parte da sua missão) necessitam dos líderes para apoiar esse processo.

O papel da liderança no alinhamento interno parece influenciar a busca pelo

desempenho sustentável, já que a capacidade de uma empresa para inovar e se adaptar ao

ambiente externo é favorecida quando, internamente, há coordenação e objetivos comuns e o

foco não são as questões internas. Como a revisão da literatura demonstrou, essas

competências organizacionais são diferenciais competitivos, principalmente no contexto atual.

Page 48: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

47

3. MÉTODO DE PESQUISA

Neste capítulo buscou-se descrever quais métodos e instrumentos de pesquisa foram

utilizados para o desenvolvimento deste trabalho. Foram apresentadas também as

justificativas metodológicas que levaram à estratégia de pesquisa adotada.

Lakatos e Marconi (1988, p.41) definem método como “conjunto de atividades

sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo,

conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido”.

Selltiz et al. (1965 in GHISI, 2005, p. 113) nos alertam que “embora uma tentativa de

pesquisa não resulte, necessariamente, em uma informação fidedigna e imparcial, os métodos

científicos têm maior probabilidade de êxito do que qualquer outro sistema conhecido do

homem”.

O referencial teórico mostrou que a cultura organizacional, além de complexa, se

manifesta em diferentes níveis e não pode ser estudada isoladamente. Por essa razão, a

delimitação do escopo, detalhada no Capítulo 1, foi fundamental para garantir a

confiabilidade e a validade recomendadas por Richardson (1999).

3.1 Tipologia de pesquisa

Os critérios para a classificação dos tipos de pesquisa variam de acordo com o enfoque

dado pelo autor (GIL, 2010; MARCONI; LAKATOS, 2010). Buscou-se classificar a pesquisa

realizada nesta dissertação quanto à sua natureza, à forma de abordagem, aos seus objetivos,

aos procedimentos técnicos utilizados e à dimensão do tempo, descritos a seguir.

3.1.1 Quanto à sua natureza

Quanto à sua natureza, esta é uma pesquisa aplicada, já que tem finalidade prática e

potencial de trazer recomendações concretas para a empresa pesquisada e para as áreas de

recursos humanos.

Page 49: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

48

3.1.2 Quanto à forma de abordagem

Este estudo utilizou uma pesquisa do tipo qualitativa buscando atender ao objetivo

proposto. Para Sampieri (2010, p. 376), esse tipo de abordagem deve ser empregado quando

“buscamos compreender a perspectiva dos participantes (indivíduos ou grupos pequenos de

pessoas que serão pesquisados) sobre fenômenos que os rodeiam, aprofundar em suas

experiências e pontos de vista, opiniões e significados, isto é, a forma como os participantes

percebem subjetivamente sua realidade”.

Para Richardson (1999), o método qualitativo justifica sua aplicabilidade quando o

pesquisador deseja conhecer detalhes do fenômeno que os instrumentos quantitativos não

seriam capazes de alcançar.

O objeto desta pesquisa, “compreender se as diretrizes estratégicas da empresa sobre a

cultura organizacional e sobre o desempenho sustentável são suficientes para que a liderança

estratégica entenda a relevância do alinhamento interno e seu papel em influenciá-lo”, refere-

se à análise da perspectiva de um grupo pequeno, requer que o pesquisador tenha liberdade

para explorar em profundidade os resultados, podendo o uso de instrumentos quantitativos

limitar a possibilidade de exploração do fenômeno social, justificando-se, assim, a opção pela

abordagem qualitativa.

3.1.3 Quanto aos seus objetivos

Vergara (2005) sugere classificar uma pesquisa com base em dois critérios: quanto aos

fins e quanto aos meios. Em relação aos fins, a autora considera que a pesquisa pode ser

exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada ou intervencionista. Quanto aos

meios de investigação, ela diz que a pesquisa pode ser classificada em pesquisa de campo,

pesquisa de laboratório, documental, bibliográfica, experimental, ex post fact, participante,

pesquisa-ação e estudo de caso.

Vergara (2005) também menciona que a investigação exploratória ocorre em áreas

sobre as quais se tem pouco conhecimento sistematizado, que não comportam hipóteses,

embora elas possam surgir durante ou ao final da pesquisa.

Page 50: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

49

Diante dessa classificação, quanto aos fins este estudo classifica-se como exploratório,

e quanto aos meios, como um estudo de caso.

3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos

Os dados e as evidências foram obtidos por meio da pesquisa documental e da

pesquisa de campo, que serão detalhadas neste Capítulo.

A condução da pesquisa documental através do levantamento de informações

relacionadas ao objeto de estudo em documentos, circulares, registros, comunicações

informais, filmes, fotografias, cartas e outras fontes de evidência auxilia na compreensão do

fenômeno estudado (VERGARA, 2005; YIN, 2001).

A pesquisa de campo é uma das mais importantes fontes de informação (YIN, 2001) e

normalmente consta de entrevistas e/ou grupos focais.

Neste trabalho, adotou-se a triangulação de dados buscando-se múltiplas evidências

em várias fontes para avaliar o mesmo fenômeno (YIN, 2015).

O levantamento de evidências na pesquisa documental permite comparar as políticas,

os processos e as práticas da empresa com as informações trazidas pelos líderes nas

entrevistas e grupos focais, aprofundando o entendimento dos temas.

Esta pesquisa é um estudo de caso. O objeto de estudo desta pesquisa é único, e são

muitas as variáveis presentes ao se investigar questões relacionadas ao fenômeno. Também

são muitas as fontes de evidências, e é possível elaborar proposições com base na revisão da

literatura, que auxilia no planejamento, coleta e análise de dados.

3.1.5 Quanto à dimensão do tempo

Quanto à dimensão do tempo, nesta pesquisa foram utilizados os procedimentos da

pesquisa ocasional única, já que as informações foram obtidas somente uma vez, no período

de setembro de 2016 a outubro de 2017.

Page 51: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

50

3.2 Os componentes de um projeto de pesquisa

Yin (2015) recomenda a definição de um projeto de pesquisa e identifica cinco

componentes importantes: as questões do estudo de caso; as proposições, se houver; a(s)

unidade(s) de análise; a lógica que une os dados às proposições; e os critérios para interpretar

as constatações.

3.2.1 As questões do estudo de caso

A pergunta de pesquisa do estudo de caso, conforme descrito no Capítulo 1 deste

trabalho, é: “As diretrizes estratégicas da empresa sobre a cultura organizacional e sobre o

desempenho sustentável são suficientes para que a liderança estratégica entenda a relevância

do alinhamento interno e seu papel em influenciá-lo?”.

A fim de compreender melhor o problema de pesquisa, foram elaboradas as seguintes

questões complementares:

1. A liderança entende o que é cultura organizacional?

2. A liderança identifica de que forma a cultura organizacional pode influenciar o

alinhamento interno?

3. A liderança entende o que é desempenho sustentável?

4. A liderança identifica de que forma a cultura organizacional pode influenciar a busca

por resultados sustentáveis?

5. A liderança reconhece o seu papel no alinhamento interno?

6. A liderança reconhece o seu papel na busca por desempenho sustentável?

3.2.2 As proposições

A literatura faz uma série de afirmações sobre o papel da liderança na formação e no

desenvolvimento da cultura organizacional, trazendo implícita a ideia de que os líderes

moldam a cultura, portanto, aqueles que estão em posição de liderança em empresas que

Page 52: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

51

almejam o desempenho sustentável naturalmente deveriam assumir tarefas e tomar decisões

orientadas para isso.

A Figura 6 – Desenho da Pesquisa – foi elaborada para ilustrar como os resultados

foram analisados.

Figura 6 – Desenho da Pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

A Figura 6 mostra a relação entre a cultura organizacional e o desempenho

sustentável, bem como a relação de ambos com a liderança estratégica.

Neste estudo, parte-se da suposição de que não é possível assumir que aqueles que

estão em posições de liderança tenham consciência desse papel e estão preparados para

desempenhá-lo.

Assume-se que, de modo geral, os executivos consideram importantes a cultura

organizacional e o desempenho sustentável; porém, pela complexidade e contemporaneidade

dos temas, eles não compreendem como o gerenciamento da integração interna pode impactar

a busca por resultados sustentáveis nem têm clareza de seu papel nesse processo.

Liderança estratégica

Entende conceito de cultura organizacional?

Entende conceito de desempenho sustentável?

Entende a relação cultura organizacional e desempenho sustentável?

Entende a relevância do gerenciamento da integração interna na busca pelo desempenho sustentável?

Entende o papel da liderança estratégica neste processo?

CULTURA ORGANIZACIONAL

QUESTÕES DE ADAPTAÇÃO EXTERNA

GERENCIAMENTO DA INTEGRAÇÃO

INTERNA

DESEMPENHO SUSTENTÁVEL

ECONÔMICO

SOCIAL

AMBIENTAL

Page 53: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

52

3.2.3 Delimitação da unidade de análise

A unidade de análise é a liderança estratégica da empresa pesquisada. A delimitação

da unidade de análise visa a garantir que a seleção dos participantes da pesquisa contemple

somente líderes estratégicos.

A empresa pesquisada possui uma estrutura de cargos bem definida. São considerados

cargos de liderança estratégica aqueles de grades 8 e acima. Os cargos de grades 5 a 7 são

considerados de gestão tática, e os de grades 4 e abaixo, operacionais. Esse modelo está

bastante alinhado à definição operacional de liderança estratégica adotada na pesquisa

(MINTZBERG, 1995).

Neste estudo de caso, a unidade de análise é composta por 65 executivos, sendo 9

líderes globais, 6 líderes regionais e 50 líderes locais. Eles pertencem a vários departamentos

da empresa e representam 70% dos líderes locais da subsidiária brasileira.

3.2.4 A lógica que une os dados às proposições

A revisão da literatura mostrou a importância dos líderes na cultura organizacional.

Também foi demonstrado que a cultura de uma empresa é relevante na busca pelo

desempenho sustentável. O gerenciamento da integração interna é uma suposição (SCHEIN,

2009 a) que está relacionada à capacidade da empresa de se coordenar internamente de forma

a se adaptar às exigências do ambiente.

Portanto, parece lógico que, ao identificar se as diretrizes estratégicas da empresa são

suficientes para garantir o entendimento que a liderança estratégica tem sobre esses temas, se

aumentará a compreensão sobre a influência que a liderança pode ter no alinhamento interno e

a consequente contribuição para estabelecer as pré-condições de uma cultura orientada para o

desempenho sustentável.

Page 54: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

53

3.2.5 Os critérios para interpretar as constatações

Segundo Yin (2015), para os estudos de caso que não contam com o uso da estatística,

uma boa estratégia é identificar as explicações rivais para os achados. Para o autor, “abordar

tais explicações rivais torna-se um critério para interpretar seus resultados” (YIN, 2015, p.

39).

A estratégia de analisar as explicações rivais será adotada neste estudo de caso.

O Quadro 6 – Proposições e Explicações Rivais – foi preparado para facilitar o

entendimento dessa estratégia.

Quadro 6 – Proposições e Explicações Rivais

PROPOSIÇÃO EXPLICAÇÃO RIVAL

As diretrizes estratégicas garantem que os líderes

considerem a cultura organizacional e o

desempenho sustentável importantes, mas eles não

têm clareza do seu papel nem relacionam a cultura

organizacional ao gerenciamento da integração

interna e sua influência na busca por resultados

sustentáveis.

As diretrizes estratégicas são suficientes para que os

líderes entendam seu papel e a relevância da cultura,

do alinhamento interno e do desempenho sustentável

para a empresa.

Os líderes não consideram a cultura organizacional

importante.

Os líderes não consideram o desempenho sustentável

importante.

Os líderes não consideram ter papel no alinhamento

interno.

Os líderes são treinados pela empresa no conceito de

cultura organizacional e entendem bem o seu papel.

A empresa adota o conceito do Triple Bottow Line para

analisar seus resultados; portanto, os líderes são

capacitados no tema desempenho sustentável e

entendem seu papel.

Os líderes conhecem os aspectos relacionados ao

gerenciamento da integração interna como proposto

por Schein (2009a).

Os líderes não conhecem a teoria sobre o

gerenciamento da integração interna, mas conseguem

identificar os aspectos relacionados a ela e entendem

bem o seu papel.

Mesmo sem entender os aspectos relacionados ao

gerenciamento da integração interna, os líderes

conseguem atuar no alinhamento interno com base na

sua experiência profissional.

O fato de os líderes não entenderem seu papel no

alinhamento interno não significa que eles não

influenciem a busca por resultados sustentáveis.

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

Page 55: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

54

As explicações rivais definidas têm o propósito de auxiliar na validação da proposição

do estudo de caso e serão analisadas na etapa de coleta de dados para contribuir com a

interpretação dos resultados.

3.3 Etapas da pesquisa

A pesquisa foi realizada em três etapas, com objetivos diferentes e complementares. A

Figura 7 mostra essas etapas e seus objetivos.

Figura 7 – Etapas da Pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

3.3.1 Etapa 1 – Pesquisa bibliográfica

Segundo Richardson (1999), a pesquisa bibliográfica tem como objetivo revisar todo o

conhecimento acumulado no campo de estudo investigado pelo pesquisador.

Pesquisa Bibliográfica

• Construção do

Referencial

Teórico

• Seleção da

Metodologia

Pesquisa Exploratória

com Especialistas em

Cultura e Desempenho

• Validação da

Abordagem e do

Autor Referência

Pesquisa de Campo

Entrevistas com

Liderança Global

Entrevistas com

Liderança Regional

Grupos Focais com

Liderança Local

• Responder ao problema

de pesquisa

• Triangulação dos Dados

• Análise das Explicações

Rivais

• Análise Comparativa dos

Resultados

Page 56: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

55

A revisão da literatura, além de fornecer subsídios para a discussão do tema, foi

relevante para a construção do referencial teórico e da abordagem a ser adotada e para a

delimitação do escopo.

As principais fontes definidas foram livros, artigos acadêmicos, teses e dissertações,

pesquisados em bibliotecas, bases de dados e sites de escolas de negócio.

A Figura 8 foi desenvolvida para mostrar as fontes utilizadas na pesquisa

bibliográfica, a quantidade de fontes identificadas e quantas delas foram revistas.

TIPO ONDE QUANTIDADE REVISTOS

LIVROS BIBLIOTECA DA FIA

AMAZON

ABEBOOKS

BIBLIOTECA PESSOAL DA

PESQUISADORA

59 44

ARTIGOS ACADÊMICOS GOOGLE ACADÊMICO

EMERALD INSIGHT

ACADEMY OF MANAGEMENT

JOURNAL

HARVARD BUSINESS REVIEW

SITE SYMBAILLEN

2.786 84

Figura 8 – Principais Fontes para Elaboração do Referencial Teórico

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

Os critérios para priorização das fontes foram a acessibilidade, a reputação e a

especialização das fontes em relação aos temas da pesquisa.

A busca por livros utilizando os termos “cultura organizacional”, “desempenho

sustentável” e “liderança estratégica” (ou “corporate culture”, “sustainable performance” e

“strategic leadership”) mostrou-se eficaz, identificando 59 títulos – dos quais 44 foram

revistos e constam das referências bibliográficas. Já a pesquisa por artigos acadêmicos, teses e

dissertações utilizando o mesmo critério revelou 2.786 artigos e 9.485 teses e dissertações, o

que exigiu uma estratégia para aprimorar a busca.

Page 57: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

56

Assim, adotou-se a seguinte estratégia:

1) Para teses e dissertações, restringiu-se a busca usando o cruzamento dos termos

“cultura organizacional”, “desempenho sustentável” e “liderança estratégica” (ou

“corporate culture”, sustainable performance” e “strategic leadership”) aos

trabalhos científicos apenas das áreas de conhecimento da administração e

administração das organizações. Com essa estratégia foram identificados 262

trabalhos científicos, sendo que 15 foram selecionados com base em seus títulos e

palavras-chave para serem revistos.

2) Para os artigos acadêmicos, adotou-se a estratégia de incluir, no cruzamento das

palavras-chave, o nome de autores referência no tema cultura e desempenho

sustentável. Dessa forma, na busca por artigos acadêmicos, com a inclusão do

nome de um dos seguintes autores – Schein, Hofstede, Fleury ou Migueles –, a

quantidade identificada foi 84, sendo que todos tiveram seu resumo revisto.

3.3.1.1 Os pressupostos teóricos

Esta é uma pesquisa aplicada que objetiva investigar profundamente a cultura

organizacional da empresa e conhecer como o entendimento da liderança estratégica sobre a

relevância da cultura no alinhamento interno pode impactar a busca pelo desempenho

sustentável.

O Capítulo 2 revisou os tópicos cultura organizacional, desempenho sustentável e a

relação desses temas com a liderança estratégica e o alinhamento interno em uma empresa.

A pesquisadora optou por considerar Edgar Schein como autor referência. Além de

grande reconhecimento no meio acadêmico, Schein (2009a) tem vasta experiência prática em

organizações e, ao adotar a abordagem da psicologia, ampliou as formas de se estudar cultura

no ambiente corporativo.

A abordagem recomendada por Schein (2009a) e adotada nesta pesquisa assume que

os membros da cultura não têm consciência de como as crenças, os valores e as suposições

básicas compartilhadas pelo grupo surgiram e por que são aceitos.

Page 58: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

57

Embora a abordagem selecionada seja a da psicologia e, do ponto de vista

epistemológico, possa haver diferenças entre o entendimento que a antropologia tem sobre

cultura, a pesquisadora entende que, na realidade das organizações, as experiências e os

conhecimentos do grupo, dos países e do próprio indivíduo se mesclam, e isso é refletido na

cultura organizacional, o que justifica considerar o conhecimento oriundo das várias

disciplinas.

Os temas são amplos e complexos, e a matriz de amarração dos pressupostos teóricos

foi preparada conforme recomenda Mazzon (1981). Para o autor, todos os trabalhos

científicos deveriam incluir essa matriz, pois ela auxilia na compreensão de como o problema

de pesquisa, seus objetivos e o modelo teórico adotado se relacionam com as técnicas e o

tratamento dos dados utilizados.

O Quadro 7 demonstra a matriz de amarração dos pressupostos teóricos.

Page 59: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

58

Quadro 7 – Matriz de Amarração dos Pressupostos Teóricos

CONCEITO DEFINIÇÃO AUTOR ETAPA OBJETIVO

CULTURA

ORGANIZACIONAL

“A cultura de um grupo pode agora

ser definida como um padrão de

suposições básicas compartilhadas,

que foi aprendido por um grupo à

medida que solucionava seus

problemas de adaptação externa e de

integração interna. Esse padrão tem

funcionado o suficiente para ser

considerado válido e, por

conseguinte, para ser ensinado aos

novos membros como o modo

correto de perceber, pensar e sentir-

se em relação a esses problemas.”

(SCHEIN, 2009a, p. 16)

SCHEIN

(2009a)

Construção

do

Referencial

Teórico

Para a definição da

abordagem a ser

adotada na pesquisa

SUPOSIÇÕES

BÁSICAS

Suposição sobre as questões

de adaptação externa e do

gerenciamento da integração interna

SCHEIN

(2009a)

Aplicação da

Pesquisa

Para responder ao

problema pesquisa

LIDERANÇA

E CULTURA

ORGANIZACIONAL

A importância da liderança

na formação, na manutenção

e na transformação da

cultura organizacional

SELZNICK (1972)

HOUSE; BAETZ

(1979);

KREPS (1990);

SCHEIN (2009a)

DE BARROS (2007)

MIGUELES (2010)

OLIVEIRA (2009);

BARRETT (2014)

Construção

do

Referencial

Teórico

Para analisar

a correlação

entre cultura

organizacional

e liderança

LIDERANÇA E

DESEMPENHO

SUSTENTÁVEL

A liderança tem impacto na

busca por resultados sustentáveis

em uma empresa.

MACKEY; SISODIA

(2014)

ULRICH;

SMALLWOOD

(2003);

BARRETT (2014)

Construção

do

Referencial

Teórico

Para analisar

a correlação

entre liderança

e desempenho

sustentável

LIDERANÇA E O

ALINHAMENTO

INTERNO DA

EMPRESA

O alinhamento interno na empresa

pode impactar a busca pelo

desempenho sustentável.

A liderança tem importante papel no

alinhamento interno de uma empresa

CHARAN (2009)

BARRETT (2014)

ZANINI (2008)

SCHEIN (2009a)

MIGUELES (2008)

Construção

do

Referencial

Teórico

Para analisar o

papel da liderança

no alinhamento

interno da empresa

TRIPLE BOTTOW

LINE

Foco nos resultados:

1) Econômico

2) Social

3) Ambiental

ELKINGTON

(1997)

Construção

do

Referencial

Teórico

Para analisar a

forma de avaliação

de desempenho

adotada na empresa

DESEMPENHO

SUSTENTÁVEL

E CULTURA

A cultura de uma empresa pode

ser um diferencial competitivo,

favorecendo a busca por

resultados sustentáveis.

A competitividade de uma empresa

depende de sua capacidade de

se adaptar ao ambiente externo

e se inovar, sendo esses aspectos

relacionados à cultura organizacional

BRYAN;

JOYCE (2007)

CAMERON;

QUINN (2011)

DIAS (2012)

KOTLER (2015)

DENISON (2012)

SCHEIN (2009a)

Construção

do

Referencial

Teórico

Para analisar

a correlação

entre cultura

e desempenho

sustentável

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

Page 60: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

59

A relevância em triangular cultura organizacional, desempenho sustentável e liderança

estratégica foi constatada na revisão da literatura.

Pôde-se identificar que o desempenho sustentável de uma empresa está relacionado à

sua capacidade de reação às mudanças internas e externas, capacidade esta influenciada pela

cultura organizacional.

Também foram constatados a influência da liderança na formação, na manutenção ou

na transformação da cultura e o seu poder para tomar decisões orientadas ao desempenho

sustentável.

O referencial teórico reforça ainda a importância de um grupo desenvolver e manter

um conjunto de relacionamentos internos entre seus membros para poder realizar as tarefas

necessárias à adaptação ao meio externo.

3.3.2 Etapa 2 – Pesquisa exploratória com especialistas em cultura e desempenho

Triviños (1991) alerta para a capacidade que as entrevistas semiestruturadas têm de, a

partir de questões básicas (sustentadas pelo referencial teórico), ampliar a investigação e os

questionamentos à medida que o entrevistador pode formular novas hipóteses oriundas das

percepções e respostas dos respondentes.

Para este estudo foram conduzidas entrevistas semiestruturadas com especialistas nos

temas cultura e desempenho sustentável, agendadas com antecedência e conduzidas

presencialmente, utilizando roteiros específicos com questões abertas (Apêndice 1 – Roteiro

para Entrevista com Especialista em Cultura; Apêndice 2 – Roteiro para Entrevista com

Especialista em Desempenho Sustentável).

Essas entrevistas tiveram, em média, duração de 90 minutos e foram gravadas, quando

autorizadas pelos respondentes. Foram realizadas quatro entrevistas1 – três com especialistas

em cultura e uma com um especialista em desempenho sustentável. Essas entrevistas foram

importantes para a definição da abordagem da pesquisa e para a validação do autor referência

no tema cultura.

1 Os especialistas entrevistados são (Prof. Dr. Marco Túlio Zanini, Prof. Dra. Carmen Migueles, Prof. Dra. Maria

Teresa Fleury e Raymundo Magliano).

Page 61: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

60

Os especialistas em cultura também reiteraram a relevância da pesquisa,

principalmente por associar os temas cultura organizacional, desempenho sustentável e o

papel da liderança no alinhamento interno.

O especialista em desempenho sustentável confirmou a importância de ampliar as

discussões referentes à sustentabilidade do desempenho, diferenciando-a das análises restritas

aos pilares sociais e ambientais.

3.3.3 Etapa 3 – Estudo de caso

Eisenhardt (1989) afirma que o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que foca

no entendimento da dinâmica presente dentro de um cenário particular.

Para Yin (2015, p. 17), o estudo de caso pode se beneficiar de proposições teóricas

para orientar a coleta e a análise dos dados. O autor também reforça a vantagem de se

considerar mais de uma fonte de evidência, já que não se pode destacar vantagens de uma

fonte em relação a outra.

A coleta de dados para a realização do estudo de caso foi feita por pesquisa

documental e pesquisa de campo (entrevistas semiestruturadas com líderes estratégicos em

cargos globais e regionais e condução de grupos focais com a liderança estratégica local).

Passa-se agora a apresentar como foi conduzida a coleta de dados em cada uma

dessas pesquisas.

3.3.3.1 Pesquisa documental

A pesquisa documental forneceu evidências importantes relacionadas ao problema de

pesquisa. As evidências foram coletadas com o auxílio de roteiro específico. (Apêndice 1 –

Roteiro para Pesquisa Documental) e foram compiladas conforme o Anexo 1 – Dados

Coletados na Pesquisa Documental.

O roteiro orientou a pesquisadora na medida em que, com base nos pressupostos

teóricos, indicou quais áreas na empresa, políticas, processos e procedimentos provavelmente

trariam evidências relacionadas ao problema de pesquisa.

Page 62: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

61

A coleta de dados ocorreu nas dependências da empresa com suporte de seus

profissionais de recursos humanos. Também foram coletados dados virtualmente na mídia

externa.

3.3.3.2 Entrevistas com lideranças globais e regionais

A coleta de dados por entrevistas com líderes globais e regionais propiciou à

pesquisadora comparar as percepções dos líderes locais com as dos que ocupam cargos

corporativos, tanto na região como globalmente.

Foram entrevistados quinze executivos globais ou regionais. Os sediados no Brasil

foram convidados através de e-mail. As entrevistas foram presenciais e realizadas na própria

empresa. Os executivos baseados fora do país foram entrevistados por videoconferência ou

Skype.

As entrevistas tiveram duração média de 60 minutos e foram conduzidas com o apoio

de um roteiro específico com questões abertas (Apêndice 3 – Roteiro para Entrevista com

Liderança Global e Regional).

3.3.3.3 Grupo focal com liderança local

A técnica adotada nessa etapa é de condução de grupos focais. Essa técnica tem como

objetivo viabilizar a análise da interação dentro do próprio grupo, identificando como os

participantes influenciam uns aos outros pelas respostas às questões e como se estimulam com

comentários ou fatos trazidos à tona, e reconhecer os pontos que geram maior concordância

ou discordância.

A opção por essa técnica se justifica pelo interesse em obter dados oriundos da

interação entre os líderes locais. Os grupos focais também são recomendados para amostras

maiores, como nesse caso, já que o objetivo foi obter representatividade mínima de 70% da

liderança local.

Schein (2009a, p. 316) propõe uma intervenção em dez etapas para levantar

suposições culturais ao conduzir estudos de cultura em organizações.

Page 63: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

62

Ainda que o objeto desta pesquisa não seja uma intervenção desse porte, algumas

recomendações do autor se mostraram bastante alinhadas ao objetivo do estudo e foram

consideradas no planejamento dessa etapa, como se descreve na sequência.

O estudo de cultura envolvendo a liderança e o desempenho organizacional é uma

importante intervenção na vida de uma empresa; portanto, o apoio da liderança à pesquisa é

fundamental. Para garantir esse apoio, foi solicitado ao presidente da companhia que

reforçasse aos convidados a importância de participar do estudo.

Foram realizados quatro grupos focais com líderes – um com recursos humanos, um

com finanças, um com tecnologia da informação e um com as áreas de negócio.

A realização dos grupos focais aconteceu nas instalações da empresa, em local que

possibilitou ao grupo compartilhar suas ideias com privacidade.

No início da reunião foi oferecida uma breve explanação sobre a pesquisa para que os

participantes pudessem compreender sua contribuição e a importância da acuracidade das

informações.

A pesquisadora esteve atenta para identificar os níveis de cultura (dos artefatos, das

crenças e dos valores assumidos e das suposições compartilhadas pelo grupo) nos discursos e

nas falas dos participantes e se apoiou em instrumento específico (Apêndice 4 – Roteiro para

condução de Grupo Focal).

3.4 Organização e análise dos dados

Em relação à organização, as evidências coletadas na pesquisa documental foram

classificadas de acordo com o Roteiro de Pesquisa Documental; as entrevistas e as

informações colhidas nos grupos focais foram transcritas.

A análise dos dados foi realizada em duas etapas. Na primeira foram analisadas

separadamente, à luz dos pressupostos teóricos, as evidências obtidas em ambas as pesquisas.

Na segunda etapa, os dados foram triangulados e analisados com base no problema e nas

perguntas da pesquisa, na proposição inicial e nas explicações rivais.

Page 64: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

63

3.5 Condicionantes da pesquisa

Como abordado no Capítulo 1, no item Delimitação de escopo, ao tentar responder ao

problema de pesquisa “As diretrizes estratégicas da empresa sobre a cultura organizacional

e sobre o desempenho sustentável são suficientes para que os líderes estratégicos entendam a

relevância do alinhamento interno e seu papel em influenciá-lo?”, a pesquisadora optou por

analisar a suposição básica “gerenciamento da integração interna” proposta por Schein

(2009a).

Esse recorte pode resultar na falta de análise de outros aspectos relacionados aos

temas, como outras dimensões culturais, o que não implica em deficiências na confiabilidade

e validade deste estudo de caso.

Por se tratar de um estudo de cultura, há que se considerar o viés da pesquisadora, que,

mesmo buscando apoio na metodologia e procurando adotar o espírito científico, está inserida

na cultura organizacional estudada.

Todavia, por ser um estudo exploratório e não conclusivo, supõe-se que os pontos

levantados poderão encorajar outros pesquisadores a conduzir novas pesquisas sobre o objeto

de estudo.

Page 65: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

64

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo analisa e discute os resultados do estudo de caso. A opção adotada foi

pela análise comparativa dos resultados.

Serão apresentadas informações sobre a empresa pesquisada, os dados obtidos na

pesquisa de campo e na pesquisa documental.

O capítulo termina comentando os resultados da triangulação dos dados e como eles se

relacionam com os pressupostos teóricos.

4.1 A empresa

A empresa pesquisada é especialista global em gestão de energia e automação, com

operações em mais de 160 países. Oferece soluções integradas para vários segmentos de

mercado, obtendo posições de liderança em edifícios não residenciais e residenciais,

indústrias e fabricantes de máquinas, energia e infraestrutura, data centers e networks.

Focada em oferecer energia mais segura, confiável, eficiente, produtiva e sustentável,

a empresa tem cerca de 170 mil colaboradores em todo o mundo. Ela se orgulha de estar entre

as mais sustentáveis e éticas do mundo, com premiações nessas categorias por órgãos

competentes.

A subsidiária brasileira comemorou, em 2017, 70 anos de presença no país, onde

emprega cerca de 2.500 funcionários em escritórios, fábricas e centros de distribuição

espalhados pelo território nacional.

A empresa foi incluída seis vezes na lista das 150 melhores empresas para trabalhar do

Guia Você S/A, sendo conhecida no mercado por possuir um excelente ambiente

organizacional e um alto grau de engajamento de seus colaboradores.

A área de recursos humanos menciona o alinhamento de sua área com a estratégia do

negócio. A Estratégia de Pessoas – ou People Strategy, como é conhecida – define as seis

prioridades relacionadas à gestão de pessoas.

Page 66: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

65

Com premiações em responsabilidade social e sustentabilidade, a empresa se

posiciona como uma organização orientada para o atingimento de resultados sustentáveis,

reconhecendo o conceito do Triple Bottow Line como adequado para avaliar o desempenho

organizacional.

A empresa utiliza o modelo matricial para definir o processo hierárquico. Devido a seu

porte, às diversas linhas de negócio, à grande quantidade de produtos e serviços e à sua

presença global, podem-se considerar complexos os sistemas e processos da empresa.

No período de 2008 a 2014, a empresa passou por uma fase de crescimento com

fusões e aquisições, apresentando bons resultados financeiros. Todavia, nos últimos três anos

a subsidiária demonstra dificuldade de atingir as metas financeiras.

Em entrevista concedida à pesquisadora desta dissertação, um funcionário de alto

escalão da empresa comentou que o atingimento dos resultados financeiros é importante e que

a empresa está preocupada com isso. No entanto, a prioridade é tomar ações de longo prazo

que garantam a sustentabilidade do desempenho empresarial e que estejam alinhadas aos

valores da empresa e à sua cultura.

A empresa pesquisada disponibilizou o acesso aos dados de funcionários, as políticas

de recursos humanos, os indicadores de desempenho e o contato com a liderança estratégica.

Após a apresentação da empresa, cabe agora analisar e discutir os resultados.

Optou-se por apresentar, em itens separados, a análise dos resultados obtidos na

pesquisa documental e a análise dos resultados obtidos nas entrevistas com líderes globais e

regionais e nos grupos focais com a liderança local. Essa decisão é justificada pois a origem

dos resultados tem relevância na sua interpretação.

4.2 Cultura organizacional

Neste item são apresentados os resultados obtidos nas entrevistas e grupos focais

relacionados ao tema cultura organizacional.

Page 67: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

66

4.2.1 Análise dos resultados obtidos nas entrevistas e grupos focais

A análise comparativa dos resultados obtidos nas entrevistas e grupos focais mostrou

que os líderes da empresa pesquisada consideram a cultura como um valioso ativo.

Relacionam o termo cultura organizacional com valores, crenças e com a “forma como as

coisas são feitas”. A liderança está alinhada ao mencionar como atributos culturais marcantes

os seguintes aspectos:

1) Valor do networking: importante desenvolver e manter uma rede de

relacionamentos internos na empresa para se adaptar e ter sucesso.

2) Foco nas pessoas: a empresa valoriza as pessoas, e suas práticas demonstram isso.

3) Diversidade e inclusão: a empresa é realmente global, com presença em todas as

regiões do mundo, e valoriza a diversidade e a inclusão.

4) Ética: os padrões de ética são altos. Faz parte da cultura fazer a coisa certa.

5) Sustentabilidade: a empresa tem preocupação com a sustentabilidade ambiental.

A forma como os participantes abordam a importância do relacionamento interno é

como se essa característica fosse algo muito específico da cultura da empresa.

A citação de que para evoluir na carreira é necessário ter bons contatos internos

ocorreu em todos os grupos focais pelo menos uma vez. São exemplos de depoimentos

coletados: “Aqui tem de ter visibilidade, tem de atuar para que as pessoas certas conheçam o

seu trabalho para seguir crescendo”, “Tem vários processos para movimentação de pessoal,

mas o que funciona mesmo é ter os relacionamentos certos” e “Criar um bom networking e

não bater de frente com algumas pessoas é fundamental para sua carreira”.

Os executivos com experiência internacional associam esse atributo da cultura

organizacional a traços da cultura francesa, explicando que, embora a empresa seja global,

ainda há influência de sua origem francesa e por isso o relacionamento pessoal é tão

importante.

Os participantes trouxeram espontaneamente a discussão sobre a cultura “ser forte” ou

não. O grupo diverge em relação a isso. Há os que consideram forte a cultura e justificam que

os novos colaboradores rapidamente identificam “o jeito de ser da empresa”. E há aqueles que

Page 68: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

67

não consideram forte a cultura, seja porque creem que existem dentro da empresa várias

subculturas coexistindo, seja porque entendem que a empresa passa por um momento de

transformação e “a nova cultura” não está totalmente estabelecida.

Esses resultados mostram que a liderança tem um conhecimento parcial sobre o

conceito de cultura organizacional. Os líderes relacionam cultura a “algo” que identifica o

grupo e aos comportamentos aprendidos, entretanto, não demonstram conhecer a importância

das suposições compartilhadas, nem que esses comportamentos sirvam para solucionar os

problemas de adaptação externa e integração interna como proposto por Schein (2009a).

Os resultados também trazem indícios de que os líderes conseguem perceber

diferenças entre as culturas das nações ao citar alguns impactos que elas podem ter nas

relações interpessoais. Alguns exemplos práticos trazidos pela liderança estão relacionados às

dimensões culturais estudadas por Hofstede (2001), tais como a “alta distância de poder”

característica da cultura brasileira ou a “orientação para o longo prazo” típica da cultura

francesa.

Todavia, em nenhum momento os líderes demonstraram associar esses temas com os

desafios do gerenciamento da integração interna ou o possível impacto na busca pelo

desempenho sustentável ou ainda com seu papel em administrar possíveis conflitos oriundos

de diferenças culturais.

Os participantes enfatizam que a falta de alinhamento das metas e dos objetivos

dificulta o alinhamento interno e que a estrutura organizacional e os processos internos

dificultam a busca por objetivos comuns, o que tem impacto negativo no estabelecimento de

um propósito comum.

A discussão sobre alinhamento interno foi a que gerou maior participação e debate em

todos os grupos focais, aflorando posições diferentes sobre como lidar com o tema.

Essa constatação pode ser exemplificada por meio das expressões dos participantes:

“Se os objetivos e interesses em níveis regionais e globais não estão alinhados, sobra para o

pessoal do país gerenciar o conflito”, “É verdade que é mais difícil sem alinhamento, mas

nada impede que a gente tome uma posição como time e faça o que é melhor para o país, não

só para o impacto na nossa carreira”, ou ainda “A definição de metas aqui é uma coisa

complicada”.

Pelos resultados apurados, há espaço para que os líderes atuem no estabelecimento,

comunicação e mensuração das metas com o objetivo de garantir consenso sobre elas e

Page 69: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

68

possivelmente melhorar o alinhamento interno. Se, além disso, a liderança compreender que

tem um papel nesse processo e usar sua capacidade de influência para realizar as mudanças

necessárias, pode haver um impacto positivo na busca por resultados sustentáveis.

A forma como os resultados são monitorados, as Quarterly Business Reviews, cria

condições para que as lideranças globais, regionais e locais acompanhem a evolução dos

resultados e dos objetivos estratégicos. As informações compartilhadas, os indicadores

discutidos e os convidados para o encontro fazem da reunião um claro mecanismo com

potencial para melhorar o alinhamento interno.

Todavia, parece que as diretrizes corporativas e as discussões nessas reuniões não são

suficientes para garantir que as metas e os objetivos obtenham consenso.

Confirmou-se na pesquisa que o processo para definição das metas no início do ano

está em amadurecimento. Ainda que haja instruções claras para que as metas sejam definidas

no início do ano fiscal, constatou-se que há dificuldades operacionais conhecidas mas ainda

não solucionadas.

O alinhamento das metas de negócio é complexo, os sistemas internos de controle e

pagamento não atendem totalmente às especificidades do negócio e o modelo matricial que

exige negociações com vários interlocutores faz com que o cascateamento e a formalização

das metas não aconteçam da forma e no tempo mais adequados.

Assim, em relação às suposições básicas sobre adaptação externa propostas por Schein

(2009a), verificou-se que há oportunidades para que a liderança compreenda melhor os

conceitos e suas implicações.

Identificou-se um grande alinhamento nas afirmações dos executivos globais da

função de recursos humanos ao descrever as prioridades estratégicas corporativas. Esses

líderes, ao explicar a estratégia de pessoas, sempre a relacionaram com a estratégia de

negócio. Desse grupo, poucos entrevistados (10%) mencionaram as possíveis diferenças entre

os países e a possibilidade de haver desalinhamento entre prioridades globais e locais.

Em grupo focal com profissionais de recursos humanos do país e da região (baseados

no Brasil) houve consenso de que não há falta de alinhamento entre os objetivos globais e

locais, e de que do ponto de vista de estratégia há concordância sobre “o caminho a ser

seguido”, mas foi mencionado que há diferenças importantes em termos de prazo para

cumprir os objetivos e da forma de atingi-los. Também foi citado o desafio de promover o

alinhamento das prioridades, na gestão do tempo, na colaboração entre as equipes e nas

Page 70: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

69

avaliações de desempenho. As diretrizes estratégicas na área de recursos humanos

possibilitam um entendimento dos líderes da área sobre os objetivos estratégicos, porém não

são suficientes para que eles entendam a importância de atuarem para promover o

alinhamento no país, bem como sua capacidade de influenciar que isso ocorra.

Na gestão de pessoas percebe-se que a empresa tem mecanismos que buscam criar

“categorias comuns” e padronizar a forma como “se recompensam e se punem” os

comportamentos. Os processos de “calibração” das avaliações de desempenho e do Talent

Review (momento em que se tomam decisões sobre sucessão e capacitação) e as discussões

em comitê para decisão sobre revisão salarial anual são bons exemplos. Essa análise

demonstra diretrizes estratégicas consistentes com a literatura, já que esses processos

endereçam aspectos relacionados às suposições básicas sobre adaptação externa e

gerenciamento da integração interna.

Entretanto, constatou-se que as promoções, os aumentos salariais e os treinamentos

dos funcionários, na maioria dos casos, são implementados de acordo com as opiniões dos

gestores diretos ou do líder de mais alto nível envolvido, independentemente das

recomendações surgidas no processo de calibração.

Vale ressaltar que essa constatação não se aplica a todas as áreas da empresa, tendo

sido encontrada, em alguns departamentos, uma importante alteração das avaliações iniciais

dos gestores diretos após os processos de calibração. Constatou-se também o amadurecimento

desse processo de um ano para outro.

A pesquisa identificou que, embora a empresa comunique de forma clara a estratégia

de pessoas e seus objetivos, em relação à suposição básica sobre o gerenciamento da

integração interna (Schein, 2009a) parece haver importantes aspectos impactando o

alinhamento da liderança.

O autor menciona a importância dos mecanismos internos desenvolvidos para que as

pessoas estejam confortáveis e possam se dedicar a questões externas.

Dos seis aspectos elencados pelo autor, parece que em três deles a empresa pode atuar

de forma a melhorar o alinhamento interno no país (a falta de uma linguagem e de categorias

conceituais comuns, a forma como as fronteiras e a identidade do grupo são definidas e como

as recompensas e punições são alocadas).

Nos grupos focais surgiram discussões sobre os problemas de comunicação e

colaboração, porém os temas foram tratados dissociados da cultura organizacional, sem que

Page 71: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

70

nenhum participante fizesse referência à importância de se criar uma linguagem comum nem

sobre os critérios de inclusão e exclusão dos membros de um grupo.

Os participantes têm diferentes opiniões sobre o tema fusões e aquisições. Alguns

deles consideram que a quantidade de aquisições ocorrida nos últimos anos promoveu uma

transformação cultural; outros acreditam não ter havido impacto significativo. Todos os

participantes concordam que cada empresa adquirida traz sua própria cultura, mas não houve

comentários sobre possíveis impactos no alinhamento interno em função disso.

Notou-se que os participantes oriundos de empresas adquiridas fizeram comparações

entre o “jeito diferente de agir” da empresa pesquisada com “o jeito de agir” de suas empresas

de origem. Por exemplo, um participante comparou a questão da agilidade: “No setor de

tecnologia você tem de ser mais ágil e não tinha tanta discussão, o que é bom para tomar

logo a decisão; por outro lado, aqui se discute mais e por isso se tem mais segurança sobre a

decisão que está sendo tomada”. Outro líder deu o seguinte depoimento: “Numa empresa

pequena e familiar você não tem que fazer tanto esforço para criar relacionamentos e crescer

na carreira, mas também não tem tantas oportunidades como numa empresa global, você só

precisa aprender como fazer isso. Demorou um pouco, mas eu aprendi”.

Os resultados obtidos na pesquisa de campo mostram que os líderes percebem as

consequências das fusões e aquisições embora não mencionem nada sobre o papel do

fundador nem a relevância dos valores, da missão e da visão no engajamento das pessoas e na

criação de um propósito comum.

Aliás, a análise dos resultados identificou a ausência de algumas informações

consideradas imprescindíveis ao se discutir cultura organizacional. A missão, a visão e os

valores da empresa pesquisada foram mencionados poucas vezes (menos de 10%), sem

detalhamento e sem correlação com o desempenho sustentável. Nenhum participante da

pesquisa mencionou explicitamente a relevância da cultura e do gerenciamento da integração

interna na busca por desempenho sustentável.

A energia gasta com as discussões internas, devido à falta de uma linguagem e de

categorias comuns, poderia estar sendo direcionada aos clientes, funcionários, parceiros e

fornecedores.

Há também problemas de comunicação que podem ter várias consequências, como

desperdício de tempo e impacto negativo no clima interno.

Page 72: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

71

O fato de existirem subgrupos com objetivos, processos gerenciais e de comunicação

separados não garante uma identidade de grupo, o que pode prejudicar a colaboração, a

confiança e o engajamento das pessoas. O gerenciamento de equipes com baixa confiança

exige mais controle, demanda mais tempo e apresenta maior custo.

A forma como as recompensas e punições são alocadas dificulta a tomada de decisões

com foco no desempenho sustentável, já que algumas resoluções podem ser bastante

favoráveis para uma área específica no curto prazo mas no médio e no longo prazo não.

Os resultados sugerem que a combinação do modelo matricial da subsidiária com as

várias fusões e aquisições e sistemas e processos que não atendem totalmente às necessidades

do negócio provavelmente dificulta o estabelecimento de uma identidade de grupo com

linguagem e categorias comuns e adequada alocação de recompensas e punições, não sendo as

diretrizes estratégicas suficientes para garantir a compreensão e a atuação da liderança

estratégica no alinhamento interno.

4.3 Desempenho sustentável

Apresentam-se aqui os resultados obtidos nas entrevistas, nos grupos focais e na

observação direta que estão relacionados ao tema desempenho sustentável.

4.3.1 Análise dos resultados obtidos nas entrevistas, nos grupos focais e na observação

participante

A maioria dos participantes mencionou a questão da sustentabilidade ambiental ou a

questão do longo prazo ao definir desempenho sustentável. Mais da metade dos participantes

disse que desempenho sustentável é o que se sustenta no tempo e um quarto dos participantes

afirmou que as questões ambientais são importantes para a empresa.

Apenas um pequeno grupo (5%) definiu desempenho sustentável considerando os

pilares econômico, social e ambiental.

A relação entre pessoas engajadas e desempenho sustentável foi mencionada pela

maioria dos participantes de recursos humanos com cargos globais e por alguns membros da

liderança local (5%). Um exemplo é o seguinte depoimento: “O desempenho sustentável está

Page 73: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

72

relacionado ao crescimento. Por causa das pessoas, das melhores pessoas, a empresa se

diferencia. Se você não tem as pessoas certas, você não atinge um resultado sustentável; se

você tem, você atinge”.

Ao definir desempenho sustentável, menos de dez por cento dos participantes fez

referência ao pilar econômico. Ao serem encorajados a falar sobre ele, os outros participantes

justificaram que o resultado financeiro era consequência e, por esse motivo, não havia sido

citado.

Parece que a questão da sustentabilidade do pilar econômico é a que apresenta maiores

oportunidades de discussão e entendimento para a empresa e sua liderança.

Um fato identificado na pesquisa que vale uma reflexão foi a menção de vários

participantes de que o resultado econômico é consequência de boa reputação e adoção de boas

práticas, sem detalhar como isso se dá nem os desafios para alcançá-las.

Destaca-se também o foco no tempo (longo prazo) ao se abordar desempenho

sustentável, sem que haja menção sobre a qualidade da gestão ou das decisões que os líderes

tomam.

Apenas dois participantes mencionaram uma ferramenta interna de sustentabilidade

muito bem conceituada no mercado. Os programas sociais, a ONG que a empresa apoia e os

programas de apoio à preservação do ambiente não foram citados.

A maioria dos líderes locais mencionou o processo decisório como um fator

importante para se atingir bom desempenho. Exceto por um participante, não houve referência

à própria responsabilidade nisso, nem menção ao impacto da cultura organizacional nesse

processo.

As diretrizes estratégicas são claras em relação ao desempenho sustentável. A mídia

global e local da empresa comunica e reitera as ações relacionadas ao pilares sociais e

ambientais e há instrumentos para acompanhamento dos resultados sustentáveis. Apesar

dessas ações, que estão alinhadas às recomendações da literatura, identificou-se que a

liderança local não as correlaciona com vantagem competitiva nem identifica claramente o

espaço que a liderança tem para influenciar o atingimento de resultados sustentáveis.

Page 74: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

73

4.4 Análise dos resultados obtidos na pesquisa documental

A análise dos resultados obtidos na pesquisa documental foi feita com base nos

instrumentos específicos para levantamento dos dados (Apêndice 1 – Roteiro de Pesquisa

Documental) e para a organização e análise dos mesmos (Apêndice 5 – Principais Evidências

Documentais), que consolidam as evidências mais relevantes levantadas nessa etapa.

Ela será apresentada em dois itens: um abordará as evidências referentes à cultura

organizacional, e o outro ao desempenho sustentável.

4.4.1 Análise dos resultados obtidos na pesquisa documental – Cultura organizacional

Os dados coletados na pesquisa documental indicam que globalmente a empresa

definiu sua missão, visão e valores, bem como as suas expectativas em relação à liderança.

A fim de garantir a divulgação desses temas, a empresa definiu uma estratégia global

de comunicação interna e a vem seguindo.

O modelo de estrutura organizacional adotado é o matricial, com variações do modelo

dependendo do país. No caso da subsidiária brasileira, a verticalização pode ser considerada

marcante dada a quantidade de líderes locais com reporte fora do país.

Também foi identificado que não está claro o critério em relação à gestão de todos

esses funcionários (com reporte fora do país) quanto aos aspectos locais.

Em relação às fusões e aquisições, levantou-se documentação identificando iniciativas

globais que mencionavam o objetivo de ser uma “única empresa”. Também foram

encontradas instruções muito claras quanto ao uso da marca e à comunicação visual.

A análise de documentos como memorandos internos, atas de reuniões e registros de

eventos organizacionais indicou um sistema de comunicação misto, que combina mensagens e

informações enviadas pela área de comunicação interna a todos os colaboradores e mensagens

enviadas por outros remetentes. Foi identificada a veiculação de informações sobre

determinados temas ou fatos por mais de uma vez para o mesmo público.

Page 75: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

74

A partir de 2016, constatou-se a existência de dois programas internos de comunicação

(webinar) realizados trimestralmente pelas duas maiores áreas da subsidiária brasileira.

Embora semelhantes, não estão alinhados na forma, no conteúdo nem no critério de

participação. Também foram identificados vários programas virtuais de comunicação interna

globais que são realizados por área ou unidade de negócio com objetivos distintos.

Analisando-se a quantidade de programas internos de comunicação, parece que a

liderança dispende várias horas nesses eventos e enfrenta vários conflitos de agenda para

atendê-los.

As evidências levantadas na documentação interna mostram que a empresa investe na

capacitação da liderança realizando programas presenciais alinhados às prioridades

estratégicas e disponibiliza farta oferta para capacitação virtual. Porém, em relação ao tema

cultura organizacional e sua relação com desempenho sustentável, não se encontrou nenhum

programa. Desde outubro de 2015 a empresa vem investindo em diagnósticos relacionados a

cultura, colaboração, confiança e como operar no modelo matricial.

Constatou-se a realização de um trabalho de consultoria que procurou entender o

problema de colaboração entre equipes. Os resultados desse trabalho mostraram que, na

percepção da liderança, os indivíduos se viam colaborativos e acreditavam haver colaboração

entre os membros de sua própria equipe, porém consideravam baixa a colaboração na

empresa. As pesquisas internas de engajamento dos últimos três anos também apontaram a

colaboração como a principal área de melhoria.

Foi revisto um relatório de pré-diagnóstico de cultura realizado em 2017, cujos

resultados tratam especificamente dos desafios de colaboração e confiança entre as equipes. O

relatório aponta três pontos principais: “falta de alinhamento entre a matriz global e a filial

Brasil”, “falta de maturidade para operar em um modelo de gestão matricial” e “forte presença

de traços de cultura nacional operando como passivo intangível”.

A pesquisa documental demonstra o esforço corporativo em garantir que os objetivos

estratégicos sejam divulgados e alcançados. Os resultados obtidos sugerem que, ainda que

haja um alinhamento global na definição das prioridades estratégicas e na forma de comunicá-

las na prática, esse processo não tem sido suficiente para garantir o cascateamento e

alinhamento da estratégia no país.

Page 76: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

75

4.4.2 Análise dos resultados obtidos na pesquisa documental – Desempenho sustentável

A revisão de documentos e das informações publicadas nas mídias internas e externas

constatou que a empresa define, acompanha e publica resultados relacionados ao conceito do

Triple Bottow Line. Verificou-se a existência de indicadores relacionados à sustentabilidade

nos programas de bônus de executivos.

Foram encontradas várias evidências que demonstram importantes práticas

relacionadas ao pilar social. Para ilustrar alguns indicadores positivos, podem-se mencionar a

adoção das práticas mais favoráveis que as legais para licença-maternidade e paternidade, os

benefícios para dependentes de homossexuais, o mecanismo de controle e redução de

diferenças salariais entre homens e mulheres e as importantes premiações e reconhecimentos

externos nessa categoria. Ainda em relação ao pilar social, a empresa apoia o trabalho

voluntário e um instituto.

Foram encontradas evidências de premiações internas e externas relativas ao tema

sustentabilidade, assim como iniciativas de capacitação no tema, como a Semana da

Sustentabilidade, que acontece anualmente.

A participação da empresa em organizações internacionais e nacionais ocupando papel

de destaque na defesa das questões ambientais foi confirmada em várias fontes de evidência

analisadas.

Não se encontrou, nos indicadores da participação dos lucros e resultados nem nos

comunicados gerais sobre esse assunto, correlação ou menção ao desempenho sustentável

segundo o conceito do Triple Bottow Line.

Não foi identificado nenhum treinamento que relacionasse o tema desempenho

sustentável e cultura organizacional, bem como não há registros de capacitação para a

liderança que indiquem sua responsabilidade na busca pelo desempenho sustentável à luz do

conceito Triple Bottow Line (três pilares – econômico, social e ambiental).

Page 77: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

76

4.4.3 Análise das explicações rivais e proposição

Com base nos resultados obtidos foi possível analisar as explicações rivais e constatar

que algumas delas não foram confirmadas e outras são verdadeiras apenas parcialmente.

O Quadro 8 – Resultado sobre as Explicações Rivais – foi preparado para facilitar a

visualização dos resultados.

Quadro 8 – Resultado sobre as Explicações Rivais

EXPLICAÇÃO RIVAL RESULTADO

As diretrizes estratégicas são suficientes para que os líderes entendam seu papel e a

relevância da cultura, do alinhamento interno e do desempenho sustentável para a empresa NÃO

CONFIRMADO

Os líderes não consideram a cultura organizacional importante NÃO

CONFIRMADO

Os líderes não consideram o desempenho sustentável importante NÃO

CONFIRMADO

Os líderes não consideram ter papel no alinhamento interno NÃO

CONFIRMADO

Os líderes conhecem os aspectos relacionados ao gerenciamento da integração interna

como proposto por Schein (2009a)

NÃO

CONFIRMADO

Os líderes não conhecem a teoria sobre o gerenciamento da integração interna, mas

conseguem identificar os aspectos relacionados a ela e entendem bem seu papel

NÃO

CONFIRMADO

Os líderes são treinados pela empresa no conceito de cultura organizacional e entendem

bem seu papel

PARCIALMENTE

VERDADEIRO

A empresa adota o conceito do Triple Bottow Line para analisar seus resultados; portanto,

os líderes são capacitados no tema desempenho sustentável e entendem seu papel

PARCIALMENTE

VERDADEIRO

O fato de os líderes não entenderem seu papel no alinhamento interno não significa que

eles não influenciem a busca por resultados sustentáveis

PARCIALMENTE

VERDADEIRO

Mesmo sem entender os aspectos relacionados ao gerenciamento da integração interna, os

líderes conseguem atuar no alinhamento interno com base em sua experiência profissional

PARCIALMENTE

VERDADEIRO

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

Page 78: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

77

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo de caso teve como objetivo responder à pergunta “As diretrizes

estratégicas da empresa sobre a cultura organizacional e sobre o desempenho sustentável

são suficientes para que os líderes estratégicos entendam a relevância do alinhamento

interno e seu papel em influenciá-lo?”.

Deve-se considerar que a empresa pesquisada tem sólidas práticas globais de

sustentabilidade, de gestão de pessoas e, globalmente, tem atingindo os resultados financeiros.

A área corporativa tem atuado de forma planejada e eficiente para que as prioridades

estratégicas sejam atingidas e considera relevantes os temas cultura organizacional e

desempenho sustentável.

Esses fatos fazem com que a liderança receba diretrizes estratégicas e tenha acesso a

discussões e reflexões sobre a importância da cultura organizacional e do desempenho

sustentável.

Todavia, constatou-se que as diretrizes estratégicas propiciam um entendimento

parcial da liderança sobre os temas e que elas não têm sido suficientes para que, com base

nelas, os líderes adotem práticas que favoreçam o alinhamento interno – o que, de acordo com

a literatura, estabelece as pré-condições para a tomada de decisões e ações que resultem em

desempenho sustentável.

Assume-se que a falta de entendimento sobre como as questões deveriam ser

encaminhadas, em específico a relacionada ao gerenciamento da integração interna, pode

impactar a qualidade das decisões, o tempo e a energia despendidos na solução de problemas,

bem como a colaboração e o engajamento das equipes.

Vale ressaltar que outros estudos têm apontado os desafios que as empresas enfrentam

em relação às competências da liderança no que tange à cultura organizacional (CYRINO;

TANURE, 2009).

A pesquisa também tinha como objetivo identificar se a empresa propicia meios que

facilitam o alinhamento interno. Pôde-se constatar que há mecanismos na empresa que

cumprem esse propósito; porém, tanto na implementação como na abrangência, parece haver

oportunidades de melhoria.

Page 79: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

78

Em relação à existência de ferramentas que encorajam a busca pelo desempenho

sustentável, foram encontrados mecanismos que encorajam, principalmente, as ações relativas

aos pilares social e ambiental, do conceito Triple Bottow Line.

A liderança demonstrou compreender pontos relevantes relacionados ao tema

desempenho sustentável, já que trouxe questões relativas aos pilares social, ambiental e, ainda

que de forma desconectada, relatou preocupações com os resultados financeiros. Porém,

importantes tópicos levantados na revisão da literatura, tais como a qualidade da governança e

das decisões gerenciais, o impacto da reputação e da marca da empresa na sustentabilidade do

negócio e a questão do engajamento e suporte a uma cultura que favoreça a inovação, não

foram trazidos nem mencionados pelos participantes.

Finalmente, o estudo objetiva apresentar recomendações para as áreas de recursos

humanos.

O estudo de caso sugere que as diretrizes estratégicas não garantem que a liderança

faça espontaneamente a conexão entre os temas cultura, alinhamento interno e desempenho

sustentável. Os líderes da empresa pesquisada, apesar de o ambiente interno ser favorável à

compreensão dos conceitos sobre desempenho sustentável e de valorização da cultura

organizacional, não demonstraram correlacionar os temas nem identificar as possíveis áreas

onde a liderança possa influenciar para o desenvolvimento de uma cultura orientada aos

resultados sustentáveis. A liderança aponta os problemas do gerenciamento da integração

interna e das questões de adaptação externa e seus impactos nos resultados, mas não identifica

sua origem nem como poderia atuar para minimizá-los, ainda que estejam restritos à sua área

de autonomia e influência. Aspectos como o estabelecimento de uma linguagem comum não

são percebidos como barreiras ao alinhamento interno, nem os critérios de inclusão e exclusão

no grupo são considerados para a problemática da cooperação.

O problema de pesquisa, os objetivos e as recomendações foram discutidos e

apresentam-se, então, as limitações da pesquisa.

Este estudo de caso apresenta limitações justificadas principalmente pela abrangência

dos temas cultura organizacional e desempenho sustentável.

Como visto no referencial teórico e confirmado nas entrevistas com os especialistas, o

tema cultura é de alta complexidade e abrangência. O presente estudo focou-se em analisar a

suposição básica do gerenciamento da integração interna. Há outras dimensões culturais não

Page 80: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

79

investigadas, bem como outras variáveis presentes no ambiente corporativo que não foram

estudadas.

As condições enfrentadas pela empresa no momento da coleta de dados podem

interferir nas respostas dos participantes, portanto as conclusões deste estudo se aplicam ao

período em que a pesquisa foi conduzida.

Os dados obtidos na pesquisa documental referem-se à documentação disponibilizada

pela empresa. Pode haver evidências relevantes não coletadas que agregariam informações

importantes.

As informações levantadas nas entrevistas e grupos focais foram as oferecidas pelos

participantes, que podem ter selecionado quais dados compartilhar e com que nível de

detalhamento o fariam.

Embora não fosse objetivo da pesquisa, identificou-se diferença entre as respostas das

lideranças globais e locais no que diz respeito à relevância da cultura no desempenho

sustentável, o que sugere a realização de estudo complementar para compreender melhor esse

dado.

Também se constatou que os traços das culturas dos países, na visão da liderança,

podem influenciar a atuação na busca pelo desempenho sustentável, o que justificaria um

estudo multicasos, com empresas de origem francesa e baseadas no Brasil.

Finalmente, poderia ser interessante a realização de um estudo junto às áreas de

educação executiva das empresas para identificar o quanto os líderes de recursos humanos

consideram relevante a capacitação da liderança nos temas cultura organizacional,

desempenho sustentável e a relação entre eles.

Page 81: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

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APÊNDICES

APÊNDICE 1 – Roteiro de pesquisa documental

APÊNDICE 2 – Roteiro para entrevista com especialista em cultura

APÊNDICE 3 – Roteiro para entrevista com especialista em desempenho

APÊNDICE 4 – Roteiro para entrevista com a liderança global e regional

APÊNDICE 5 – Roteiro para condução de grupo focal com a liderança local

APÊNDICE 6 – Principais evidências documentais

Page 94: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

93

APÊNDICE 1 – ROTEIRO DE PESQUISA DOCUMENTAL

ASPECTO DA PESQUISA

QUAL INFORMAÇÃO SE BUSCA

FONTE DE EVIDÊNCIA O QUE BUSCAR

ONDE BUSCAR

GERENCIAMENTO DA

INTEGRAÇÃO INTERNA (SCHEIN)

PERGUNTA DE PESQUISA

CRITÉRIOS INCLUSÃO / EXCLUSÃO

IDENTIDADE DO GRUPO

QUEM FAZ PARTE

QUEM ESTÁ FORA

1. QUAIS OS CRITÉRIOS DE

CONTRATAÇÃO E DEMISSÃO

2. QUAIS OS ÍNDICES DE TURNOVER

E COMO ELES SE RELACIONAM COM

O TEMPO DE CASA

3. COMO SÃO AS ATIVIDADES SOCIAIS

DO GRUPO

1. POLÍTICAS DE RECRUTAMENTO

E SELEÇÃO E POLÍTICAS DE

DESLIGAMENTO

2. INDICADORES DE RH

3. POLÍTICAS E REGISTROS DE

EVENTOS SOCIAIS

GERENCIALMENTO DA

INTEGRAÇÃO INTERNA (SCHEIN)

PERGUNTA DE PESQUISA

LINGUAGENS E CATEGORIAS

CONCEITUAIS COMUNS

1. DEFINIÇÃO E CLAREZA DOS

CONCEITOS EM GERAL

1.PLANO METAS;

PLANO ESTRATÉGICO;

INTRANET;

MATERIAL INTEGRAÇÃO DE NOVOS

FUNCIONÁRIOS; COMUNICADOS

INTERNOS; COMUNICAÇÃO VISUAL;

PROCEDIMENTOS EM GERAL

GERENCIALMENTO DA

INTEGRAÇÃO INTERNA (SCHEIN)

REGRAS DE INTIMIDADE, AMIZADE

E AMOR

1.COMO SÃO AS RELAÇÕES DE

AUTORIDADE E DE

RELACIONAMENTO

1.ORGANOGRAMA

2.SISTEMA GERENCIAL E DE

COMUNICAÇÃO;

3. SISTEMA DE APROVAÇÕES

GERENCIAMENTO DA

INTEGRAÇÃO INTERNA (SCHEIN)

PERGUNTA DE PESQUISA

RECOMPENSAS E PUNIÇÕES 1.QUAIS COMPORTAMENTOS SÃO

RECOMPENSADOS E QUAIS SÃO

PUNIDOS

1.PROGRAMAS DE RECONHECIMENTO;

PREMIAÇÕES; AVALIAÇÃO DE

DESEMPENHO;

PROMOÇÕES; PLANO DE BÔNUS

GERENCIAMENTO DA

INTEGRAÇÃO INTERNA (SCHEIN)

PERGUNTA DE PESQUISA

EXPLICAR O INEXPLICÁVEL 1.EVENTOS OU FATOS MARCANTES 1.HISTÓRIA DA EMPRESA; FUSÕES;

MISSÃO E VALORES; DOCUMENTOS

DE PROJETOS CRÍTICOS

PERGUNTAS ESPECÍFICAS:

A LIDERANÇA IDENTIFICA

DE QUE FORMA A CULTURA

ORGANIZACIONAL PODE

INFLUENCIAR O ALINHAMENTO

INTERNO

SE A LIDERANÇA É TREINADA NA

CULTURA ORGANIZACIONAL/

IMPORTÂNCIA ALINHAMENTO INTERNO

EMPRESA FAZ AÇÕES E

COMUNICADOS PARA CONSCIENTIZAR

OS LÍDERES SOBRE OS TEMAS

CURSOS SEMINÁRIOS; PALESTRAS;

COMUNICAÇÕES INTERNAS

1. UNIVERSIDADE CORPORATIVA

2. REGISTRO PROGRAMAS LOCAIS

CAPACITAÇÃO; PALESTRAS E

EVENTOS

PERGUNTA ESPECÍFICA

A LIDERANÇA RECONHECE QUE O

ALINHAMENTO INTERNO PODE

IMPACTAR A BUSCA POR

RESULTADOS SUSTENTÁVEIS

SE A LIDERANÇA É TREINADA SOBRE

SEU PAPEL NA BUSCA POR

DESEMPENHO SUSTENTÁVEL

SE A EMPRESA FAZ

COMUNICADOS/AÇÕES PARA

CONSCIENTIZAR OS LÍDERES

SOBRE O TEMA

CURSOS SEMINÁRIOS; PALESTRAS;

COMUNICAÇÕES INTERNAS

1. UNIVERSIDADE CORPORATIVA

2. REGISTRO PROGRAMAS LOCAIS

CAPACITAÇÃO; PALESTRAS E

EVENTOS

3. RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE

OBJETIVO ESPECÍFICO

IDENTIFICAR SE A EMPRESA

PROPICIA MECANISMOS QUE

FACILITAM O ALINHAMENTO

INTERNO

POLÍTICAS, PROCESSOS E PRÁTICAS

ORIENTADAS PARA O ALINHAMENTO

DAS UNIDADES DE NEGÓCIO E ÁREAS

DA EMPRESA

DEFINIÇÃO DE METAS; PRIORIDADES

ESTRATÉGICAS;

LINHAS DE REPORTE E SISTEMA DE

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

1. PLANOS DE VENDAS

2. PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS

LUCROS E RESULTADOS

3. PROGRAMAS DE COMUNICAÇÃO

INTERNA

OBJETIVO ESPECÍFICO

IDENTIFICAR SE A EMPRESA

PROPICIA MECANISMOS QUE

FACILITAM A BUSCA POR

DESEMPENHO SUSTENTÁVEL

POLÍTICAS, PROCESSOS E PRÁTICAS

ORIENTADAS PARA O ATINGIMENTO

DE RESULTADOS SUSTENTÁVEIS

SEGUNDO O CONCEITO DO

TRIPLE BOTTOW LINE

INDICADORES DE RESULTADOS

FINANCEIROS

AUDITORIAS

PENALIDADES, MULTAS

PREMIAÇÕES, RECONHECIMENTOS

RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE

BALANÇO SOCIAL

PLANO DE METAS E BÔNUS

PREMIAÇÕES

PENALIDADES, MULTAS

AUDITORIAS

Fonte: Elaborado pela autora

Page 95: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

94

APÊNDICE 2 – ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM ESPECIALISTA EM

CULTURA

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

ROTEIRO DE ENTREVISTA – ESPECIALISTA EM CULTURA

DATA:

NOME:

NACIONALIDADE:

TÍTULO:

FORMAÇÃO:

BREVE CURRÍCULO: EXPLORAR EXPERIÊNCIA, ESTUDOS E TRABALHOS RELACIONADOS AO

TEMA CULTURA E/OU DESEMPENHO SUSTENTÁVEL

BREVE EXPLANAÇÃO SOBRE A PESQUISA E QUESTIONAR SOBRE A RELEVÂNCIA DO

ESTUDO

VISÃO SOBRE ABORDAGENS (ANTROPOLOGIA, SOCIOLOGIA, PSICOLOGIA)

QUAL DEFINIÇÃO DE CULTURA ELE CONSIDERA MAIS ADEQUADA

PRINCIPAIS AUTORES QUE TRATAM DO TEMA CULTURA E QUAIS ELE MAIS RESPEITA

QUESTIONAR SE SCHEIN É REFERÊNCIA NO TEMA CULTURA

OPINIÃO SOBRE AS TIPOLOGIAS (EXEMPLO: ESTUDOS DE CAMERON E QUINN, DENISON)

QUAL A VISÃO SOBRE A INFLUÊNCIA DA CULTURA NACIONAL NA CULTURA

EMPRESARIAL

OPINIÃO SOBRE A FORMA COMO A PESQUISA SERÁ CONDUZIDA

SUGESTÕES OU RECOMENDAÇÕES PARA A PESQUISADORA

Page 96: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

95

APÊNDICE 3 – ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM ESPECIALISTA EM

DESEMPENHO

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

-

EXPLORAR EXPERIÊNCIA, ESTUDOS E TRABALHOS RELACIONADOS AO

TEMA CULTURA E/OU DESEMPENHO SUSTENTÁVEL

BREVE EXPLANAÇÃO SOBRE A PESQUISA E QUESTIONAR OPINIÃO SOBRE RELEVÂNCIA DO ESTUDO

QUAL DEFINIÇÃO DE DESEMPENHO SUSTENTÁVEL

QUAL A OPINIÃO SOBRE O CONCEITO TRIPLE BOTTOW LINE

HÁ RELAÇÃO ENTRE CULTURA ORGANIZACIONAL E DESEMPENHO SUSTENTÁVEL

COMENTAR SOBRE EMPRESAS COM DESEMPENHO SUSTENTÁVEL

COMPARTILHAR EXPERIÊNCIAS RELACIONADAS A DESEMPENHO SUSTENTÁVEL

COMENTAR SOBRE O PAPEL DA LIDERANÇA NO DESEMPENHO SUSTENTÁVEL

SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES PARA A PESQUISADORA

Page 97: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

96

APÊNDICE 4 – ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM A LIDERANÇA GLOBAL E

REGIONAL

Fonte: Elaborado pela autora

ROTEIRO ENTREVISTA – LIDERANÇA GLOBAL E REGIONAL

NAME: GENDER: AGE:

NOME: SEXO: IDADE:

BACKGROUND: ROLE: YEARS WITH COMPANY

FORMAÇÃO ACADÊMICA: CARGO: TEMPO DE CASA:

a) SHORT OVERVIEW OF THE SURVEY

BREVE EXPLANAÇÃO SOBRE A PESQUISA

b) QUESTION 1: TELL ME ABOUT COMPANY CULTURE

QUESTÃO 1: FALE SOBRE A CULTURA DA EMPRESA

c) QUESTION 2: PLEASE DESCRIBE SUSTAINABLE COMPANY PERFORMANCE

QUESTÃO 2: POR FAVOR DESCREVA EMPRESA COM DESEMPENHO SUSTENTÁVEL

d) QUESTION 3: WHICH ARE KEY/STRONG CULTURE ATTRIBUTES OF COMPANY CULTURE

QUESTÃO 3: QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS E MAIS FORTES CARACTERÍSTICAS DA CULTURA DA EMPRESA

e) QUESTION 4: WHICH ARE THE CULTURE ATTRIBUTES THAT IMPACT ON A POSITIVE WAY COMPANY

SUSTAINABLE PERFORMANCE

QUESTÃO 4: QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA CULTURA QUE IMPACTAM DE FORMA POSITIVA O

DESEMPENHO SUSTENTÁVEL DA EMPRESA

f) QUESTION 5: WHICH ARE THE CULTURE ATTRIBUTES THAT IMPACT ON A NEGATIVE WAY THE COMPANY

SUSTAINABLE PERFORMANCE

QUESTÃO 5: QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA CULTURA QUE IMPACTAM DE FORMA NEGATIVA O

DESEMPENHO SUSTENTÁVEL DA EMPRESA

g) QUESTION 6: HOW YOU LINK COMPANY SUSTAINABLE PERFORMANCE AND CORPORATE CULTURE

QUESTÃO 6: COMO VOCÊ RELACIONA DESEMPENHO SUSTENTÁVEL EMPRESARIAL COM CULTURA

ORGANIZACIONAL

h) QUESTION 7: HOW IMPORTANT IS THE INTERNAL ALIGNMENT FOR COMPANY PERFORMANCE

QUESTÃO 7: O QUAL A IMPORTÂNCIA DO ALINHAMENTO INTERNO PARA O DESEMPENHO DA EMPRESA

i) QUESTION 8: TELL ABOUT INTERNAL ALIGNMENT AND LEADERSHIP RESPONSABILITIES

QUESTÃO 8: FALE SOBRE O ALINHAMENTO INTERNO E AS RESPONSABILIDADES DA LIDERANÇA

Page 98: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

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APÊNDICE 5 – ROTEIRO PARA CONDUÇÃO DE GRUPO FOCAL COM A

LIDERANÇA LOCAL

Levantar os seguintes dados dos participantes do grupo:

NOME: CARGO: SEXO:

DATA DA CONTRATAÇÃO: UNIDADE DE NEGÓCIO:

SEXO: DATA DE NASCIMENTO: NACIONALIDADE:

FORMAÇÃO ACADÊMICA:

Breve introdução: A realização deste grupo focal objetiva o levantamento de dados para pesquisa qualitativa

conduzida por aluna de mestrado da FIA e autorizada pela liderança de sua empresa. Ela visa a identificar a visão da

liderança sobre temas como a cultura organizacional, o alinhamento interno, a liderança e o desempenho

sustentável da empresa.

Instruções:

Não há respostas certas ou erradas. Você deve responder com base na sua percepção e na sua opinião. As

respostas são confidenciais, e os dados compartilhados com a empresa não permitirão identificação dos

respondentes. O resultado geral da pesquisa será compartilhado com todos os participantes.

Questões abertas para orientar a condução do Grupo Focal

1. O que é cultura organizacional?

2. Como é a cultura da empresa?

3. Como a cultura se relaciona com a liderança?

4. O que é desempenho sustentável?

5. A empresa atinge ou busca atingir o desempenho sustentável?

6. Qual a relação entre desempenho sustentável e liderança?

7. A cultura tem relação com o desempenho sustentável?

8. A empresa tem traços de cultura fortes? Quais?

9. Como as áreas se alinham e se coordenam? Qual o papel do líder nesse processo?

10. Como são as relações de poder na empresa? Como o poder é distribuído?

11. Como é o processo de recompensa e punição na empresa?

12. As fusões e aquisições têm algum impacto no alinhamento interno?

13. Como é o processo de recrutamento? Qual o impacto na cultura e no desempenho da empresa?

14. Como é a comunicação interna e a forma como as pessoas se relacionam. Isso tem impacto no

alinhamento e no desempenho sustentável?

Fonte: Elaborado pela autora

Page 99: FACULDADE FIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PROGRAMA …

98

APÊNDICE 6 – PRINCIPAIS EVIDÊNCIAS DOCUMENTAIS

O QUÊ? FONTE DE EVIDÊNCIA ENCONTRADA PRESSUPOSTO

TEÓRICO

CRITÉRIOS

DEMISSÃO

TURNOVER

DESLIGAMENTO POR QUESTÕES DE ÉTICA E COMPLIANCE VÃO

PARA O COMITÊ DE ÉTICA; DESLIGAMENTO POR

RESTRUTURAÇÃO: EMPRESA DÁ SUPORTE PARA

RECOLOCAÇÃO

O ÍNDICE DE TURNOVER É BAIXO. É MAIOR PARA OS

FUNCIONÁRIOS COM MENOS DE TRÊS ANOS NA EMPRESA

SUPOSIÇÃO BÁSICA

GERENCIAMENTO

DA INTEGRAÇÃO

INTERNA

TRIPLE BOTTOW

LINE

COMUNICAÇÃO

PLANO

ESTRATÉGICO

PLANO METAS E

DE INCENTIVO

PLANO ESTRATÉGICO E OBJETIVOS ANUAIS CORPORATIVOS

SÃO ÚNICOS E BEM COMUNICADOS. CASCATEAMENTO DA

ESTRATÉGIA É FEITO POR BU, OU SISTEMA DE

ACOMPANHAMENTO DOS RESULTADOS TRIMESTRAL PARA

TODAS AS UNIDADES DE NEGÓCIO, MAS COM METODOLOGIA

DIFERENTE. PROCESSO DE CALIBRAÇÃO NOS PROGRAMAS DE

GESTÃO DE PESSOAS, PORÉM COM IMPLEMENTAÇÃO POR ÁREA

NEM SEMPRE ALINHADO AO PAÍS

SUPOSIÇÃO BÁSICA

QUESTÕES DE

ADAPTAÇÃO

EXTERNA

RELAÇÕES DE

AUTORIDADE

ESTRUTURA MATRICIAL; RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO PODER

E CONTROLE.

UM MESMO FATO OU INFORMAÇÃO COMUNICADO DE VÁRIAS E

DIFERENTES FORMAS

SUPOSIÇÃO BÁSICA

GERENCIAMENTO

DA INTEGRAÇÃO

INTERNA

RECOMPENSAS E

PUNIÇÕES

PROGRAMA DE RECONHECIMENTO ALINHADO AOS VALORES

DA EMPRESA; SISTEMA FORMAL DE AVALIAÇÃO DE

DESEMPENHO ANUAL. BRASIL ATINGIU 100% EM 2017.

PROCESSO ESTABELECIDO COM BASE NOS OBJETIVOS

MENSURÁVEIS E NOS COMPORTAMENTOS. NÃO HÁ CURVA

FORÇADA. QUALIDADE DA DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS VARIA

DEPENDENDO DA ÁREA OU BU

SUPOSIÇÃO BÁSICA

GERENCIAMENTO

DA INTEGRAÇÃO

INTERNA

FATOS,

HISTÓRIAS QUE

CRIAM MITOS

HISTÓRIA DA EMPRESA MARCADA POR AQUISIÇÕES DESDE

2008; ALGUMAS GLOBAIS, OUTRAS LOCAIS

FORMAÇÃO DA

CULTURA

ENTENDER A

CAPACITAÇÃO

DA LIDERANÇA

NOS TEMAS DA

PESQUISA

NÃO HÁ NENHUM CURSO ESPECÍFICO SOBRE CULTURA

ORGANIZACIONAL; HÁ VÁRIOS PROGRAMAS VOLTADOS PARA

SUSTENTABILIDADE; PALESTRA SOBRE CULTURA DOS PAÍSES

PARA RH 2016 BRASIL; PALESTRAS SOBRE COOPERAÇÃO E

CONFIANÇA 2017; SEMANA DA SUSTENTABILIDADE ANUAL

(PILARES SOCIAL E AMBIENTAL); DIVERSOS VÍDEOS DO

PRESIDENTE E COMITÊ DIRETIVO MENCIONANDO A

IMPORTÂNCIA DE ATINGIR RESULTADOS FINANCEIROS DESDE

2016

ANALISAR

EXPLICAÇÃO

RIVAL

MECANISMOS

ORIENTADOS

PARA A BUSCA/

RESULTADOS

SUSTENTÁVEIS

MODELO PRÓPRIO DA EMPRESA PARA ACOMPANHAR OS

INDICADORES DE DESEMPENHO SUSTENTÁVEL QUE

APRESENTA RESULTADOS FINANCEIROS, SOCIAIS E

AMBIENTAIS. ALGUNS INDICADORES DESSE MECANISMO

FAZEM PARTE DO SISTEMA DE BÔNUS DOS EXECUTIVOS

TRIPLE BOTTOW

LINE

ESTUDOS E

PESQUISAS

SOBRE CULTURA

RELATÓRIO SOBRE ESTUDO DE CULTURA APONTANDO:

1) FALTA DE ALINHAMENTO ENTRE A MATRIZ GLOBAL E A

FILIAL BRASIL, 2) FALTA DE MATURIDADE PARA OPERAR EM

UM MODELO DE GESTÃO MATRICIAL, 3) FORTE PRESENÇA DE

TRAÇOS DA CULTURA NACIONAL OPERANDO COMO PASSIVO

INTANGÍVEL

DIMENSÕES

CULTURAIS;

CULTURA DOS

PAÍSES;

FORMAÇÃO,

MANUTENÇÃO E

TRANSFORMAÇÃO

DA CULTURA

Fonte: Elaborado pela autora