nómadas digitais_ quem são e porque vêm para lisboa – observador

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  • 7/26/2019 Nmadas Digitais_ Quem So e Porque Vm Para Lisboa Observador

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    6/14/2016 N madas di gi tai s: quem so e por que vm par a Li sboa Obser vador

    http://observador.pt/2016/06/14/nomadas-digitais-quem-sao-e-porque-vem-para-lisboa/ 1/8

    Gonalo Correia

    Autor

    TRABALHO

    Nmadas digitais: quem so e porque vm

    paraLisboaH 2 HORAS

    Aproveitam o facto de poderem trabalhar distncia para conciliaremtrabalho com viagens. Andam de pas para pas e por isso so "nmadas".Em junho, tero estado 300 em Lisboa.

    SOCIEDADE TRABALHO

    Andam pela cidade e parecem turistas, mas so trabalhadores-viajantes sem morada fixa

    BRENDAN SMIALOWSKI/AFP/Getty Images

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    6/14/2016 N madas di gi tai s: quem so e por que vm par a Li sboa Obser vador

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    ECONOMIA INTERNET TRABALHO TECNOLOGIA SOCIEDADE

    Mais sobre

    E se nem todos aqueles turistas que v nos cafs lisboetas, absortos nos seus

    computadores e iPads, fossem afinal turistas, e estivessem sim a trabalhar

    para uma qualquer empresa sediada noutra parte do mundo? E se eles

    pertencessem, afinal, ao nomadismo digital, um movimento que vai ganhando

    dimenso e que lhes permite andarem a saltitar de cidade para cidade, de pas

    para pas, conforme lhes apetece, enquanto vo trabalhando, numa startupou

    por conta de outrem, como qualquer trabalhador normal?

    A ideia pode parecer to absurda quanto irreal, mas bem mais verdade doque imagina. Nos ltimos anos, tem crescido o nmero de nmadas digitais:

    pessoas que, trabalhando distncia isto , sem estarem obrigados a

    trabalhar num escritrio ou espao fsico circunscrito. Decidem juntar o til ao

    agradvel, e viajar mundo fora sem sair das suas rotinas de trabalho.

    Pelo menos desde os anos 60, altura em que o filsofo e terico da

    comunicao Marshall McLuhann popularizou a metfora do mundo enquantoaldeia global, que a tecnologia tem abolido as barreiras fsicas que separam

    os povos. a tecnologia que permite que hoje algum possa, por exemplo,

    estar a trabalhar em Portugal para uma empresa espanhola, usando a

    tecnologia como meio. H cada vez mais programadores, escritores, bloggerse

    publicitrios entre tantos outros profissionais a poderem trabalhar

    distncia, usando um computador como ferramenta. A poderem sair de casa e

    ir viajar constantemente enquanto trabalham. So os nmadas digitais.

    Os nmadas digitais no querem viajar como os turistas querem visitar as

    cidades, ir a eventos culturais, conhecer pessoas e ter rotinas dirias (de vida

    social, de trabalho) semelhantes s dos locais. S que em vrios pontos do

    mundo. Querem aproveitar o fim da segurana e da estabilidade (o emprego

    para a vida, a certeza de que no precisam de emigrar) a seu favor e explorar o

    mundo como as tribos passadas.

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    H uns dias tivemos mais de 300 nmadas digitais emLisboa

    Ioannis Papoutsis sempre gostou de viajar. Hoje, concilia as viagens com o trabalho e tem uma

    empresa no Reino Unido, para a qual tem trabalhado a partir de Lisboa

    H ainda pouca informao estatstica sobre o nmero de nmadas digitais

    que existem pelo mundo. Sabe-se, isso sim, que so cada vez mais, entre os

    que adotam o estilo de vida por gostaram de viajar com grande regularidade e

    o seu trabalho o permitir e os que esto obrigados a viajar constantemente

    porque o prprio trabalho assim o exige.

    Ioannis Papoutsis est entre os primeiros. Tem 26 anos e chegou a Lisboa em

    setembro do ano passado, para trabalhar com a Beta-I, depois de ter

    participado no programa EU Brazil Connect, no Brasil, onde colaborao na

    promoo de parcerias e colaborao entre empresas brasileiras e europeias.

    Quando l chegou, no conhecia a definio de nmadas digitais, conta ao

    Observador. Rapidamente ficou com o bichinho de viajar.

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    Apercebeu-se cedo, contudo, que para viajar precisava de trabalhar mas queo podia fazer em simultneo. E viu que, como ele, muitos tambm o podiam

    fazer. Ioannis encontrou nesta nova moda uma oportunidade de negcio e

    lanou a sua prpria empresa, juntamente com a britnica Mevish Aslam.

    Chama-se Terminal 3, tem sede no Reino Unido e vende um servio destinado

    a nmadas digitais: um programa de seis meses a viajar por outros tantos

    pases (Marrocos em julho, Alemanha em agosto, Hungria em setembro,

    Coreia do Sul em outubro, Tailndia em novembro e Indonsia em dezembro),que providencia aos clientes os voos, o alojamento, os espaos de coworkinge

    o Wi-fi que estes nmadas digitais precisam para conciliarem as viagens com o

    trabalho que j fazem distncia. Em Lisboa, Ioannis diz ter conhecido muitos

    nmadas digitais.

    Para as empresas, este modelo de trabalho tambm tem os seus desafios, diz. E

    exemplifica dois: a comunicao interna e a importncia de estas assegurarem

    que, independentemente de um funcionrio no trabalhar num dos seusescritrios, no deixa de estar comprometido com o trabalho. Isto vem trazer

    uma mudana gesto de recursos humanos, mas estes problemas podem ser

    na sua maioria resolvidos. Um dos segredos a comunicao e muitas das

    empresas que tm estas equipas comunicam muito [com os seus

    trabalhadores] e mais e melhor do que muitas outras.

    Conciliar o trabalho com o facto de estar em permanente viagem, diz, uma

    realidade que tambm tem os seus desafios. Ioannis Papoutsis lembra que

    preciso ter cuidado com as diferenas horrias, por exemplo, para que tudo

    Quando viajas ficas com o bichinho. E quando chegas a casa difcil

    enquadrares-te. Algumas pessoas [entre os nmadas digitais] andam

    procura da sua casa como eu, diz.

    H uns dias ramos mais de 300, porque tivemos trs ou quatro

    comunidades de nmadas digitais presentes em Lisboa em simultneo. Ospicos [em Lisboa] so por volta do vero, presumo, porque uma cidade

    atrativa para os nmadas, especialmente nessa altura: um pas low-cost,

    com boas temperaturas, boa comida, etc, explica.

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    6/14/2016 N madas di gi tai s: quem so e por que vm par a Li sboa Obser vador

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    corra bem. O principal problema que se coloca no dia-a-dia de quem trabalha

    fora do seu ambiente natural , contudo, o Wi-fi, garante, porque este

    essencial para o trabalho. E h as relaes, que so difceis de manter [

    distncia]. Depois h o facto de teres de planear tudo, cada vez que viajas.

    Encontrar bons espaos de trabalho, alojamento, eventos interessantes,meetups[encontros com outros nmadas digitais], demora muito tempo,

    acrescenta ainda. Quanto aos benefcios que o nomadismo digital pode trazer a

    pases como Portugal, a no tem dvidas.

    Ests a viajar mas tens de manter o foco no trabalho

    asael arenas

    Uma das comunidades de nmadas digitais que passou por Lisboa em junho

    foi a da Toptal, uma empresa de recrutamento de talentofreelancernas reas

    da programao e design, em que toda a equipa trabalha distncia. A

    empresa norte-americana juntou, entre 28 de maio e 12 de junho, mais de 15

    membros na Surf Office Lisbon, um espao de alojamento e coworkingsituado

    na capital portuguesa, para workshops, palestras e convvio entre membros.

    Asael Arenas foi um deles. Ao Observador, conta que j concilia o trabalho

    com as viagens h mais sete anos. No incio comecei com o desejo de

    conhecer o mundo, conta. Tambm com ele o bichinho foi crescendo. Para

    poder continuar a viajar, teve de seguir uma carreira defreelancer, o que,

    garante, ajudou at a conhecer mundo, porque quando se est a trabalhar e

    viajar em simultneo, h menos preocupaes com o dinheiro que se gasta nasviagens, porque se continua a receber. Como j faz isto h muitos anos, Asael

    Imagina que 10.000 americanos, em vez de viverem nos Estados Unidos,

    decidem ir viver [temporariamente] para Portugal. O que achas que

    acontece a Lisboa? Essas pessoas passam tempo aqui, compram coisasaqui, contratam pessoas aqui. Quando s um nmada digital, tambm te

    tornas um morador local, mais ou menos. No gastas dinheiro apenas em

    centros comerciais, como os turistas vais a pequenas lojas, a lugares

    menos conhecidos, ficas durante mais tempo, defende.

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    Arenas no deixa de fazer um alerta: conciliar o trabalho com as viagens

    implica no esquecer a palavra trabalho.

    Em relao possibilidade de se trabalhar a partir de vrios pontos do mundo,

    o responsvel da Toptal no tem dvidas de que ela ser cada vez mais

    comum. A tendncia ser essa, porque, para qualquer profissional que possa

    fazer o seu trabalho a partir de um computador, qualquer lugar com Internet

    permite faz-lo bem. O seu colega Dejan Milosevic concorda mas diz que, emtermos legislativos, h muito a fazer, porque no h nenhuma lei que os

    enquadre.

    Gosto do facto de poder conhecer pessoas em todo omundo

    matous vins

    Como para chegar aos 300 nmadas digitais no chegam as quatro

    comunidades que em junho chegaram a Lisboa a Nomad Cruise, a CODINO,

    a Toptal e a Dynamite Circle , muitos foram aqueles que, trabalhando distncia, chegaram a Lisboa sozinhos, como habitualmente viajam. Matous

    Um dos principais desafios teres sempre em considerao que, mesmo

    que estejas a viajar pelo mundo, tens de te focar no teu trabalho, tens de

    gerir muito bem o teu tempo, nota.

    Para a lei, ou s um turista ou s um cidado que vive de forma

    permanente num stio. Ns estamos entre uma coisa e outra e no h

    nenhuma lei que cubra nenhuma rea da nossa vida. Em termos de vistos

    [especficos], seguros de sade, impostos, tudo o que possas imaginar, em

    termos de legislao, est muito atrasado para o que acho que expectvel

    existir no futuro. Em termos de iniciativas privadas que te facilitam a vida

    desde as ferramentas de comunicao at ao aluguer de espao para

    trabalhar, coisas desse tipo , houve uma exploso nos ltimos dois, trs

    anos, diz.

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    Vins, por exemplo, chegou capital portuguesa no final maio, depois de sete

    meses fora da Europa ele que nasceu na Repblica Checa e j no vive hoje,

    propriamente, em nenhum lugar especfico.

    No tem nenhuma profisso fixa mas trabalha em vrias reas: em publicidadeno Facebook, para empresas que tem como clientes, num sitecriado devido a

    um livro que publicou recentemente, Travel Bible [em portugus, a Bblia

    das viagens] e a escrever artigos para revistas maioritariamente, mas no

    s, sobre viagens.

    Ao Observador, conta que um dos principais fatores que o leva a escolher um

    destino a meteorologia. Como qualquer nmada digital, ou como a maioria

    dos nmadas digitais, viajo porque no gosto do inverno. Gosto mais do

    vero, atira, sorridente. Mas h mais fatores que estes trabalhadores-

    viajantes tm em conta, aponta: A comunidade de pessoas que trabalham na

    mesma indstria, a comunidade de nmadas digitais de cada local e

    acho que essa uma das razes pelas quais Lisboa to popular,

    porque aqui est cada vez maior, o custo de vida que no considero

    o principal fator a segurana, a comida e a cultura.

    Para ele, contudo, o custo de vida tem mais importncia do que para muitos

    dos seus colegas. No ganho muito porque a Repblica Checa bom, mais

    ou menos o mesmo que Portugal. No sou o tipo americano que fica na

    Tailndia, atira com ironia. Claro que mesmo assim ganho muito mais que

    os tailandeses, mas tenho de gerir bem o meu dinheiro, no gastar mais do que

    ganho. Essa uma preocupao. O primeiro problema at comeou por ser a

    relao com os meus clientes [pelo facto de estar a viajar], mas depois de doisanos neste registo as coisas j esto tranquilas.

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    6/14/2016 N madas di gi tai s: quem so e por que vm par a Li sboa Obser vador

    http://observador pt/2016/06/14/nomadas-digitais-quem-sao-e-porque-vem-para-lisboa/ 8/8

    Texto editado por Filomena Martins

    Nisto de viajar, gosto mesmo muito do facto de poder conhecer pessoas de

    todo o mundo, com interesses e princpios semelhantes. E gosto muito de

    poder explorar mais as comunidades locais do que um turista: posso ficar

    mais tempo e ter o mesmo ritmo de vida trabalhar durante o dia, ter as

    noites e os fins de semana livres. E conhecer os locais, no apenas osnmadas, acrescenta, explicando ainda que enquanto c esteve alugou

    um espao no Cowork Lisboa, porque em lugares como esses fcil

    conhecer pessoas e mais fcil estar concentrado do que em casa

    estranho sentares-te ali e andares a ver o Facebook, o que facilita a

    concentrao.

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