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NO TEMPO DA II GUERRA

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Shirlene Vila Arruda - Bibliotecária)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

No tempo da II Guerra / Instituto Arte na Escola ; autoria de Rita Demarchi ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2010.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 154)

Foco: CT-B-24/2010 Conexões TransdisciplinaresContém: 1 DVD ; Biografias; Glossário ; BibliografiaISBN 978-85-7762-057-9

1. Artes - Estudo e ensino 2. Artes – Brasil - Século 20 3. Arte e cultura de massa 4. História do Brasil 5. Arte e história 6. Guerra Mundial, 1939-1945 I. Demarchi, Rita II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título V. Série

CDD-700.7

NO TEMPO DA II GUERRA Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Rita Demarchi

Assessoria em História: Claudio Moreno Domingues

Revisão de textos: Nelson Luis Barbosa

Padronização bibliográfica: Shirlene Vila Arruda

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Cesar Millan de Brito

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLAOrganização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

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DVDNO TEMPO DA II GUERRA

Ficha técnicaGênero: Documentário.

Palavras-chave: História do Brasil; cultura brasileira; arte mo-derna; pintura; música; teatro; cinema; mídia/rádio; arquitetura; política; industrialização; Segunda Guerra Mundial.

Foco: Conexões Transdisciplinares

Tema: Panorama histórico, político e sociocultural brasileiro no período da Segunda Guerra Mundial.

Personalidades abordadas: Belmonte, Candido Portinari, Carmen Miranda, Clóvis Graciano, Nelson Rodrigues, Oscar Niemeyer, Francisco Rebolo, Ziembinski, Heitor Villa-Lobos, entre outros.

Indicação: A partir do 6º ano do Ensino Fundamental.

Nº da categoria: CT-B-24

Direção: André Klotzel.

Realização/Produção: Instituto Itaú Cultural, São Paulo.

Ano de produção: 1990.

Duração: 17’.

Coleção/Série: Panorama histórico brasileiro.

Sinopse Documentário construído com documentação cinematográfica e jornalística da época, reconstituindo a cultura brasileira nos anos 1939 a 1945, período da Segunda Guerra Mundial e do auge do Estado Novo. Propondo reflexões sobre a realidade brasi-leira dessa época, o documentário mostra o fortalecimento da cultura de massa e do domínio ideológico norte-americano com os últimos anos da guerra. Nesse contexto o cinema brasileiro começa a se industrializar, enquanto Carmen Miranda mostra a imagem de um país exótico, ao ritmo do samba.

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Trama inventivaPonto de contato, conexão, enlaçado em Os olhos da Arte com um outro território provocando novas zonas de contágio e reflexão. Abertura para atravessar e ultrapassar saberes: olhar transdisciplinar. A arte se põe a dialogar, a fazer contato, a contaminar temáticas, fatos e conteúdos. Nessa intersecção, arte e outros saberes se alimentam mutuamente, ora se com-plementando, ora se tensionando, ora acrescentando, uns aos outros, novas significações. A arte, ao abordar e abraçar, com imagens visionárias, questões tão diversas como a ecologia, a política, a ciência, a tecnologia, a geometria, a mídia, o incons-ciente coletivo, a sexualidade, as relações sociais, a ética, entre tantas outras, permite que na cartografia proposta se desloque o documentário para o território das Conexões Transdisciplinares. Que sejam estas então: livres, inúmeras e arriscadas.

O passeio da câmera Narração e trechos de época de filmes produzidos pelo De-partamento de Imprensa e Propaganda (DIP) do Estado Novo compõem o documentário. As imagens apontam a política na-cionalista, enaltecida tanto pelo discurso quanto pela presença de Getulio Vargas junto a desfiles, aviões, navios, indústrias. A industrialização provoca o crescimento das cidades e o forta-lecimento da cultura de massa. O rádio é a mídia de destaque, o veículo noticiador dos acontecimentos. O governo Vargas controla diretamente a educação. Heitor Villa-Lobos é o com-positor oficial, e as escolas, sobretudo públicas, se apresentam em eventos e desfiles promovidos pelo governo. Pelas tintas de Portinari a arte moderna é apadrinhada pelo Estado. Temos também os paisagistas do Grupo Santa Helena e os artistas pri-mitivistas. Belmonte se destaca nas charges. Cenas de Vestido de noiva de Nelson Rodrigues e retratos de Ziembinski mostram as inovações na linguagem teatral. O tempo é dos cassinos, do teatro de revista, dos grandes sucessos carnavalescos, ao som de Aquarela do Brasil. Os emblemáticos cartazes de Hollywood

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e as propagandas de eletrodomésticos apontam o consumismo por meio dos filmes, produtos e do “American way of life” – modo de vida norte-americano. O cinema brasileiro começa a se industrializar. Carmen Miranda representa a imagem de um país exótico, ao ritmo do samba. A ligação entre Brasil e Estados Unidos é exaltada nos trechos do longa-metragem de animação dos estúdios Walt Disney, The three caballeros, de 1944 (no Brasil recebeu o sugestivo título Você já foi à Bahia?), onde o Pato Donald contracena com Zé Carioca e atores reais, como Aurora Miranda. Há cenas da Segunda Guerra e cartazes antinazistas. A vitória dos aliados, a saída de Getulio Vargas do governo e a morte de Adolf Hitler são anunciados pelo rádio. Encerra o documentário a contundente cena da explosão da bomba atômica.

O documentário pode mover Conexões Transdisciplinares com a História do Brasil, o desenrolar das trocas culturais e a indus-trialização; Linguagens Artísticas, pintura, arquitetura, charge, teatro, cinema; Saberes Estéticos e Culturais, arte moderna, cultura visual; Patrimônio Cultural, a cultura brasileira.

Os olhos da Arte [...] a produção visual, quer seja a consagrada e encontrada em galerias e museus, ou a mais corriqueira, detectável em cartazes, revistas, jornais, outdoors, roupas, objetos, decorações, projetos arquitetônicos e sites, sofrem os efeitos do discurso vigente em cada época. A cultura visual não faz hierarquizações entre as chamadas “obras de arte” e outras modalidades de produção visual. O interesse de quem trabalha com cultura visual está em como as imagens, independente de ser artística ou não, produzem e fixam modos historicamente construídos de ver, pensar, fazer e dizer.

(Nascimento, 2006, p. 6)

As imagens, assim como a História, nos informam. As imagens – fotográficas, cinematográficas e publicitárias – presentes no documentário trazem pistas de alguns aspectos da cultura visual produzida durante o Estado Novo.

Comecemos olhando com atenção os primeiros minutos do documentário. A montagem se compõe de imagens do Cine

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Jornal Brasileiro, o cinejornal oficial do Estado Novo, produzido entre 1939 e 1945, primeiro pelo Departamento Nacional de Propaganda (DNP) e, depois, pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).

O Cine Jornal Brasileiro, série de curtas-metragens informativos exibidos obrigatoriamente em todas as salas de cinema do país (em geral antes de longas-metragens de ficção), focava conteú-dos como: exposições e concursos artísticos, cenas do Carnaval carioca, desfiles de moda, diversas modalidades de esportes (esgrima, turfe, natação, provas de automobilismo, hipismo, remo e futebol), romarias e festas populares, aniversários de pessoas vivas ou mesmo já falecidas, instituições, batalhas, centenários, datas cívicas ou militares, desfiles escolares, comemorações do Dia do Trabalho e, especialmente, mostrava as ações de Getulio Vargas, veiculando de modo sistemático sua imagem na grande tela.

As notícias do Cine Jornal eram veiculadas em uma formatação, também estética, que envolvia na sua construção as seguintes etapas: escolha do assunto a ser registrado, redação do roteiro e a captação das imagens em que acontecia a ação. De volta ao estúdio, tratava-se da sonorização, composta por narração e fundo musical que visavam reforçar as imagens, tornando-as ilustração daquilo que se contava. Desse modo, a voz atuava como uma autoridade, um ser maior, onipotente, que detinha a verdade sobre os fatos. No Cine Jornal Brasileiro houve um encontro entre a linguagem radiofônica e a linguagem cine-matográfica para resultar, talvez, na popularização desse novo gênero comunicativo, a ser explorado para a contemplação e propagação do poder – o cinema não ficcional.

Outra referência da cultura visual cultivada no Estado Novo apa-rece no documentário pelas imagens de cartazes que divulgam os filmes de ficção americanos.

A década de 1940 é aquela em que a deflagração da Segunda Guerra Mundial vai influenciar sobremaneira a produção do cine-ma nos Estados Unidos. A necessidade de destacar as virtudes do “American way of life” e os Estados Unidos como o país da

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liberdade e da justiça, em contraposição ao aspecto totalitário do nazismo e do comunismo, coloca, em boa medida, a indústria do cinema sob as necessidades e imperativos da ação política da época, preconizando, de certa maneira, a posição brasileira na época da guerra fria.

Nessa década, por força da chamada “política de boa vizinhança” com os países aliados, o cinema americano volta os olhos para a América Latina, procurando evitar a distribuição de filmes que ex-pusessem instituições e costumes norte-americanos malvistos, como a discriminação racial, ou que pudessem ofender os brios dos latino-americanos. Os bandidos mexicanos, por exemplo, foram banidos das produções de Hollywood.

Ao mesmo tempo, os filmes norte-americanos veiculados no Brasil difundiam uma série de valores e visões de mundo, re-metendo ao modo de vida daquela sociedade. A aproximação das estrelas de cinema à realidade das sociedades da década de 1930 fazia que o espectador se fascinasse com a história e se identificasse com as personagens.

Desse modo, o “American way of life” era potencializado pela reprise contínua na telona, entusiasmando a sociedade brasi-leira que, cada vez mais, procurava adquirir os produtos que apareciam nos filmes e eram vinculados à imagem das estrelas de Hollywood.

O documentário traz também referência ao cinema de animação que projetou personagens que ajudaram a fomentar a solidarie-dade continental. Data dessa época o nascimento do conhecido personagem dos estúdios Walt Disney, o papagaio Zé Carioca. O filme Alô amigos (1942) apresentou esse personagem ao mundo. Como amigo do Pato Donald, enfatizava a política de boa vizinhança, ajudando a construir o estereótipo do brasileiro simpático, hospitaleiro.

Imagens de Carmen Miranda no documentário apontam a asso-ciação da cantora e atriz à imagem da baiana. O figurino baiano estilizado, com turbante de frutas, muitos colares e balangandãs coloridos foi criação da própria Pequena Notável para cantar a

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música de Dorival Caymmi O que é que a baiana tem, no filme brasileiro Banana da Terra, de 1938. Carmen voltou a vestir o traje no Cassino da Urca, chamando a atenção do empresário norte-americano Lee Schubert, que garimpava tipos exóticos para exibi-los em revistas da Broadway. Assim, a baiana estili-zada emigrou para os Estados Unidos, onde a sua exagerada vestimenta se tornou sua marca registrada.

Como se vê no documentário, a presença de Carmen Miranda tornou-se de tal forma marcante na vida da cidade do Rio de Janeiro, que foi incorporada como personagem nas festas e diversões populares, como o carnaval de rua e o teatro de revista. Assim, deslocada de contexto, a baiana começava a fazer parte de um processo de simbolização, na constituição da nossa identidade nacional.

As propagandas publicitárias que também aparecem no docu-mentário foram veiculadas nas páginas da revista O Cruzeiro que, a partir da década de 1930, dedicou cada vez mais espaço para divulgar as produções de Hollywood no Brasil e anunciar os produtos anunciados pelas estrelas do cinema norte-americano, como os cereais Quaker e o achocolatado Toddy.

Quando entramos em contato com essas imagens – fotográfi-cas, cinematográficas e publicitárias – percebemos a dimensão e a dinâmica da cultura visual no Estado Novo. No distancia-mento do tempo histórico, podemos dizer que o fenômeno da ideologia, tanto do governo Vargas como da política de boa vizinhança americana, aparece como um projeto polissêmico de representações imaginárias e produções de valores com-binado com as práticas culturais da sociedade brasileira.

Nesse sentido, percebe-se a contribuição da cultura visual dos anos 1940 para consolidar o “American way of life” como modelo de modernidade, progresso e democracia, para países como o Brasil. Afinal de contas, é inegável que o sistema de representações que produziu uma cultura visual moldada nas referências culturais norte-americanas exerceu e ainda exerce forte influência no imaginário cultural latino-americano.

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Mas a produção visual da cultura do Tio Sam teria deteriorado a cultura brasileira? Ou, a penetração desses referenciais culturais acabou produzindo novas formas de manifestação cultural?

Essas questões provocam o pensamento, assim como a provoca-ção de Carmen Miranda que se refere a si mesma, cantando:

(...) eu digo é mesmo “eu te amo” e nunca “I love you”. Enquanto houver Brasil, na hora das comidas eu sou do camarão ensopadinho com chuchu.

(Carmen Miranda, Disseram que voltei americanizada, samba gravado em 1940).

O passeio dos olhos do professorConvidamos você a ser um leitor do documentário antes do planejamento de sua utilização. Para provocar sua percepção, oferecemos a pauta do olhar a seguir:

O que o documentário desperta em você? O que mais chama a sua atenção?

Quais imagens foram utilizadas na montagem do documentário?

Você sente necessidade de pesquisar sobre algum assunto específico?

Como a linguagem do documentário evidencia as múltiplas conexões entre imagens, sonoridades e contexto político-social da época?

Como o documentário apresenta a cultura visual da época?

Quais surpresas e estranhamentos o documentário apresenta para os seus alunos? O que eles gostariam de ver?

Para você, quais focos de trabalho podem ser desencadeados partindo do filme?

Após apreciação e registro de suas impressões sobre o documentário em seu diário de bordo, amplie seus focos revendo suas anotações e proponha uma pauta do olhar para os seus alunos.

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Percursos com desafios estéticos

O passeio dos olhos dos alunos Algumas possibilidades para você escolher, reinventar, trans-formar...

Para instigar o olhar dos alunos sobre o documentário, eles podem realizar uma pesquisa em casa para trazer à sala de aula produtos, músicas, roupas, filmes e outras manifestações presentes em seu cotidiano que têm origem nos Estados Unidos. Partindo de uma conversa sobre o material coletado, pergunte aos alunos: Quando e como a cultura norte-americana começou a fazer parte da vida dos brasileiros? Após o levantamento das hipóteses dos alunos, faça a exibição do documentário. O que surpreende os alunos no documentário em relação às hipóteses que expressaram durante a conversa?

Antes da exibição do documentário, proponha aos alunos uma conversa, perguntando: Quais filmes e personagens de Walt Disney eles conhecem? Fazem parte desse repertório os per-sonagens Pato Donald e Zé Carioca? Para eles, qual seria o país de origem desses personagens? Em que época eles foram criados? Em continuidade, fazendo a exibição do documentário, o que os alunos descobrem sobre esses personagens?

A proposta é apresentar para escuta dos alunos as sono-ridades do documentário, “escondendo” as imagens. Que sentimentos, imagens e palavras são suscitados a partir de diferentes sonoridades como a música Aquarela do Brasil, os programas e as propagandas de rádio e os sons de guerra? Qual seria a época dos sons que escutaram? Após essa conversa, faça a exibição do documentário com som e imagem. O que surpreende os alunos?

Desvelando a poética pessoalAssim como Zé Carioca e Carmen Miranda são personagens que foram elaborados para representar o Brasil, a ideia é pos-

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sibilitar a criação de personagens/histórias que representem o Brasil na atualidade.

Trabalhar com personagens possibilita a exploração de diversos saberes: poéticos, psicológicos, sociais, históricos, estéticos. Você, no percurso, notará quais perguntas servirão para instigar seus diversos grupos/alunos à exploração, ao aprofundamento, à criação, tal como: Como é o seu personagem? O que ele gosta de fazer? Ele usa quais roupas e adereços? Quais os seus sonhos? Quais os desafios que enfrenta? Como é o lugar em que vive? Quem são seus amigos? Ele tem amigos de outros países?

Um desdobramento desafiador seria pensar em um personagem atual que tenha relação com o passado, partindo de uma per-gunta do tipo: Se o seu personagem viajasse ao passado, o que ele faria? Conexões entre os diversos personagens e histórias criados desencadeariam outras histórias e reflexões.

O formato e a linguagem utilizada na história podem incluir: qua-drinhos, música, programa de rádio, vídeo, blog, poesia, teatro, instalação, entre outros. Dentro de sua realidade, é enriquecedor que os alunos tenham acesso à exploração de diversas fontes, materiais e suportes, para que possam escolher os que melhor se afinam com a sua poética pessoal.

Ampliando o olhar No contexto da Segunda Guerra Mundial e com interesses

geopolíticos, os Estados Unidos desenvolvem um projeto “pan-americanista” que tem na cultura e nas artes, em particular, um dos seus braços. Dentro dessa perspectiva, a criação de canais culturais que permitissem o intercâmbio efetivo entre o Brasil e os Estados Unidos se deu também, após a guerra, por meio da criação de museus: o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), em 1948, e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em 1949; cuja criação se deu nos moldes do seu equivalente norte-americano, o Museum of Modern Art (MoMA). Para ampliação do olhar sobre esse assunto, na DVDteca Arte na

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música

teatro

cinema

linguagensconvergentes

arquitetura,charge, publicidade

qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpando

SaberesEstéticos eCulturais

história da arte

meiostradicionais

pintura

artesvisuais

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciashumanas

cultura brasileira

história do Brasil,

Segunda Guerra Mundial, política, industrialização

arte, ciênciae tecnologia

PatrimônioCultural

Linguagens Artísticas

cinema de animação

NO TEMPO DA II GUERRA

preservação e memória

mídia/rádio

arte moderna

práticas culturais cultura visual

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Escola há o documentário MAM: museu vivo, que focaliza a trajetória do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Em agosto de 1940, Candido Portinari expõe sua obra no MoMA, em Nova York. No fim do ano de 1941, chega ao Rio de Janeiro a grande exposição de Pintura contemporânea norte-americana, parte de uma iniciativa que percorreu vários países da América Latina. Entre os 12 artistas que integraram a mostra havia obras de influência cubista, como o quadro My Egypt, de Charles Demuth, ou o exemplo da pintura de Max Weber, Chinese restaurant, conhecido quadro de 1915, além de obras de Edward Hopper, entre elas a pintura Early sunday morning (1930) e pinturas de Georgia O’Keeffe, como White flower (1929). Proponha a leitura das imagens dessas obras em comparação a imagens de obras de Por-tinari. Nessa comparação, quais semelhanças e diferenças os alunos percebem? Que significados expressam?

Carmen Miranda, com seu figurino de baiana e cantando O que é que a baiana tem?, pode ser vista em vídeo, dispo-nível em: <http://www.almacarioca.com.br/arte069.htm>. O que os alunos pensam sobre a figura da baiana estilizada inventada por Carmen Miranda? Como percebem esse figurino que, embora inspirado na cultura brasileira, tinha o brilho e o glamour das estrelas de cinema da época? O que comentam sobre a gesticulação da artista durante sua performance de cantora?

Pato Donald e Zé Carioca, personagens criados nos estúdios Walt Disney, podem ser vistos no desenho Aquarela do Brasil, disponível em: <http://mais.uol.com.br/view/mojja9ker1ye/desenho-aquarela-do-brasil-04023766E0B92346?types=A&>. O que os alunos pensam sobre a construção imagética da figura do Zé Carioca para representar o brasileiro – baseado na suposta malandragem carioca? Aos olhos dos norte-americanos, essa malandragem seria um olhar positivo sobre os brasileiros, vistos como dinâmicos, ou um sinal da suposta propensão dos latino-americanos ao descumprimento das regras sociais e o burlar das leis? Quais significados os alunos

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apontam sobre a imagem do Zé Carioca, considerando: ser um papagaio, uma ave tropical verde-amarela; estar vestido de fraque, palheta e guarda-chuva; ser simpático e amigável com o Pato Donald?

Uma comparação visual, percebendo semelhanças e diferen-ças entre as charges e tirinhas dos jornais atuais e a obra de Belmonte dos anos 1930 e 1940, em especial o perso-nagem Juca Pato, ou mesmo a personagem do Amigo da Onça, de Péricles de Andrade Maranhão, da mesma época, é uma possibilidade interessante para ampliar o olhar, tanto sobre o traço de diferentes chargistas como sobre o olhar humorístico e de crítica política das charges.

Conhecendo pela pesquisa O que fez a encenação de Vestido de noiva levada aos palcos

em 1943, sob a direção de Ziembinski, ser considerada um marco no teatro brasileiro? O que os alunos podem descobrir sobre isso e sobre o autor da peça, Nelson Rodrigues?

Uma pesquisa sobre o contexto histórico dos anos 1939 a 1945, período da Segunda Guerra Mundial e do auge do Estado Novo no Brasil, possibilita uma melhor compreensão sobre o que foi mostrado no documentário. A pesquisa pode ser em grupo formado por divisão de temas, tais como: Segunda Guerra Mundial, Estado Novo, Política de Boa Vi-zinhança, assim como as personalidades de Getulio Vargas, Adolf Hitler, Franklin Roosevelt, Nelson Rockefeller, entre outros. A apresentação da pesquisa pode gerar um painel coletivo que mostre uma linha desse tempo histórico.

Uma pesquisa sobre os cartazes de cinema, de propagan-das de eletrodomésticos e de produtos alimentícios pode ser uma abordagem diferente para se estudar a primeira metade do século XX no Brasil e no mundo. Em comparação aos outdoors de hoje, quais mudanças no discurso visual publicitário os alunos podem descobrir, analisando o design gráfico desses cartazes?

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Trabalhar com os filmes Olga (2004) e Tempos de paz (2009) pode lançar outros olhares sobre a chamada Era Vargas, com menos glamour e personagens exóticos, um retrato mais doloroso e cruel da ditadura varguista. A manipulação política, as perseguições e torturas, a barbárie na extradição de Olga Benário, na repressão da Intentona Comunista de 1935, entre outras possibilidades de reflexão sobre a política da época.

Amarrações de sentidos: portfólioDar sentido ao que se estudou é importante para que o aluno tenha percepção de suas descobertas. Para isso, a criação de um portfólio pode vir a valorizar o percurso trilhado. A ideia é abrigar e organizar as propostas iniciais, as perguntas, o material pesquisado, textos, fotografias, as descobertas, os esboços, as soluções encontradas, os trabalhos produzidos organizados em um baú-portfólio que seja personalizado, inspirado nos persona-gens criados pelos alunos na proposição de poética pessoal.

Valorizando a processualidadeOnde houve avanços? O que conhecemos? O que os alunos co-nhecem agora que não sabiam antes? O que foi mais significativo? Da discussão em pequenos grupos, sobre todo o processo vivido, os alunos podem sugerir novas perguntas e apontar o que ainda querem conhecer. O que você percebe que conheceu desse projeto sobre arte e história e sobre seus alunos? O que não funcionou e precisa ser alterado em próximos projetos? De sua análise podem sair proposições para próximos projetos. Resgate suas anotações e todo o processo desencadeado pelo documentário. O que supe-rou suas expectativas? Quais as conquistas? E as novas ideias? O que você aprendeu sobre o projeto? E quais outros documentários podem ser buscados para continuar essa experiência?

Personalidades abordadasBelmonte (Benedito Bastos Barreto, São Paulo/SP, 1897 - 1947) – Carica-turista, desenhista, pintor, ilustrador, escritor, jornalista,  historiador. Durante

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seus primeiros anos de trabalho publica seus desenhos em diferentes periódi-cos paulistas. Ilustra alguns livros infantis de Monteiro Lobato. É censurado pelo Estado Novo e volta-se para temas internacionais. De 1936 a 1945 publica no jornal Folha da Manhã charges de seu conhecido personagem Juca Pato, tendo como temática a crítica ao nazismo, formando uma grande série sobre a Segunda Guerra Mundial.

Candido Portinari (Brodósqui/SP, 1903 - Rio de Janeiro/RJ, 1962) – Pintor, gravador, ilustrador e professor, um dos artistas brasileiros mais reconheci-dos, no Brasil e no exterior. Ingressa na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) e, em 1929, viaja para a Europa com o prêmio de viagem ao exterior. Possui uma vasta obra, na qual se destacam as pinturas Café; a série Retirantes; os painéis do prédio do Ministério da Educação e Cultura (MEC), no Rio de Janeiro; os painéis Guerra e Paz na sede da ONU, em Nova York; e a decoração da Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte.

Carmen Miranda (Maria do Carmo Miranda da Cunha, Portugal, 1909 – Es-tados Unidos, 1955) – Cantora e atriz de nacionalidade portuguesa radicada no Brasil, com carreira desenvolvida entre as décadas de 1930 e 1950. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Famosa no Brasil, é “descoberta” por um empresário americano que a leva para fazer carreira nos Estados Unidos. Seu estilo singular cria uma imagem do “jeito brasileiro” que conquista crítica e público do mundo todo.

Getulio Dornelles Vargas (São Borja/RS, 1883 - Rio de Janeiro/RJ, 1954) – Político, governa o Brasil por duas vezes: de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Comanda a Revolução de 1930, assume o poder e adota uma política nacionalista, de forte apelo populista. Em 1937, instala a ditadura do Estado Novo, com forte censura e repressão política. Em 1954, sob forte pressão política, suicida-se no Palácio do Governo com um tiro no peito.

Nelson Rodrigues (Recife/PE, 1912 - Rio de Janeiro/RJ, 1980) – Revolu-cionário dramaturgista do teatro brasileiro, é quem abre as portas do país à moderna dramaturgia teatral. Percorre um árduo itinerário, marcado por tragédias familiares e pela crítica contraditória. Explorando a vida cotidiana do subúrbio do Rio de Janeiro, preenche os palcos com histórias de incestos, crimes, suicídios, personagens beirando à loucura, inflamadas de desejos e agindo apaixonadamente. Sua dramaturgia é feita de diálogos rápidos, diretos, quase telegráficos, carregados de tragédia e humor.

GlossárioCinejornal – Termo utilizado para definir curtas-metragens de caráter infor-mativo produzidos para serem exibidos em salas de cinema. Os primeiros cinejornais foram produzidos em 1909 pelos próprios irmãos Lumière que, em dezembro de 1895, já haviam realizado a primeira projeção comercial de filmes. Já nos primórdios do cinejornalismo, há a percepção de que, diferentemente da

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imprensa escrita e falada, o jornalismo audiovisual pode destacar-se pela anima-ção, presença e contundência, resultando disso a montagem de equipes com múltiplos cinegrafistas para a cobertura de grandes eventos e a preocupação com planos e montagens bem estudadas e dirigidas. Fonte: ENCICLOPÉDIA do cinema brasileiro. São Paulo: Ed. Senac, 2000. p. 133-135.

Cultura visual – Campo de estudo que vai além das produções das artes visuais, incorporando a publicidade, os objetos de uso cotidiano, a moda, a arquitetura, os videoclipes e outras manifestações visuais. A alfabetização visual assim ampliada potencializa a problematização sobre o mundo em tempos, lugares e contextos diversos. Fonte: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/arte/funda-mentos/mundo-imagens-ler-426380.shtml>. Acesso em: set. 2009.

Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) – Criado por decreto presidencial em dezembro de 1939 com o objetivo de difundir a ideologia do Estado Novo junto às camadas populares. Entretanto, sua origem re-monta a um período anterior. Em 1931 foi criado o Departamento Oficial de Publicidade, e em 1934 o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC). Já no Estado Novo, no início de 1938, o DPDC transformou-se no Departamento Nacional de Propaganda (DNP), que finalmente deu lugar ao DIP, encarregado do controle ideológico da cultura nacional. Para tanto, exercia um forte controle sobre a imprensa, com poder de censura prévia a todas as notícias e produtos culturais. Além disso, trabalhava na propa-ganda do presidente, formando dele uma imagem sempre favorável. Fonte: Disponível em: <http://www.historianet.com.br/manchete/edicaotexto.aspx?edicaoid=1&textoid=3. Acesso em: set. 2009.

Estado Novo – O período autoritário que ficou conhecido como Estado Novo teve início no dia 10 de novembro de 1937, com um golpe liderado pelo futuro presidente Getulio Vargas, e apoiado pelos militares. Para que se viabilizasse, foi preciso eliminar as resistências existentes nos meios civis e militares e formar um núcleo coeso em torno da ideia da continuidade de Vargas no poder. Esse processo se desenvolve, especialmente, ao longo dos anos de 1936 e 1937, impulsionado pelo combate ao comunismo e por uma campanha para a neutralização do então governador gaúcho Flores da Cunha, considerado, por seu poder político e militar, um obstáculo ao continuísmo de Vargas e à consolidação de um Exército e uma política nacionalista forte, unificado e impermeável à política. Fonte: Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm>. Acesso em: set. 2009.

Política de Boa Vizinhança – Ação política implementada durante os governos do presidente norte-americano Franklin Roosevelt (1933 a 1945). É chamada de “Política de Boa Vizinhança” a nova relação internacional estabelecida a partir dos anos 1930 entre os Estados Unidos e os países da América Latina. Durante sua vigência, os Estados Unidos fizeram uma série de concessões econômicas e investiram nas trocas culturais. Para o Brasil, a mais significativa das concessões feitas foi o financiamento da Companhia Siderúrgica Nacional,

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NO TEMPO DA II GUERRA

em 1942 (que determinou a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial), e as mais importantes trocas culturais foram Carmen Miranda e Zé Carioca. Essa política intensificou-se entre o final dos anos 1930 e início dos anos 1940, em razão do contexto da Segunda Guerra Mundial o do interesse dos Estados Unidos em conseguir apoio brasileiro para os Aliados, o qual propiciaria um ponto estratégico para sediar as forças militares americanas, em Natal, no Rio Grande do Norte, além de fornecer recursos naturais para a guerra, como é o caso da borracha, necessária à indústria armamentista. Essa política é incentivada, também, por medo de que o Brasil se aproxime dos países do Eixo, com os quais o Estado Novo se identifica politicamente (Na guerra fria a questão se transfere para os países do bloco soviético). Fonte: Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm>. Acesso em: set. 2009.

Repórter Esso – Programa jornalístico brasileiro estreado em 28 de agosto de 1941, revelando-se a grande revolução do radiojornalismo nacional. A primeira notícia desse programa foi lida por Romeu Fernandes, às 12h45, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. O noticioso é o primeiro a contar com uma redação feita especialmente para o veículo rádio, atendendo às suas necessidades e à sua linguagem, criando assim um estilo próprio para o radiojornalismo brasileiro. Pelo seu modelo inovador e também pela curiosidade em torno da Segunda Guerra, o Repórter Esso rapidamente desperta o interesse da população, figurando entre os programas líderes de audiência na época. O seu slogan, “Testemunha ocular da história”, passa a ser conhecido por toda a população. Patrocinado e produzido pela empresa americana de petróleo Esso, permanece no ar por 27 anos. O noticiário acaba rompendo as fronteiras do veículo e é incorporado, posteriormente, à programação da TV, assim que ela surge no país, em 1950. Fonte: Disponível em: <http://www.almanaquedacomunicacao.com.br/artigos/667.html>. Acesso em: set. 2009.

BibliografiaALMEIDA, Claudio Aguiar. Cultura e sociedade no Brasil: 1940-1968. São Paulo: Atual, 1996.

ALMEIDA, Paulo Mendes de. De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva, 1976.

BERCITO, Sonia de Deus Rodrigues. Nos tempos de Getulio Vargas: da Revolução de 30 ao fim do Estado Novo. São Paulo: Atual, 1990.

BERTOLLI FILHO, Claudio. De Getulio a Juscelino: 1945-1961. São Paulo: Ática, 2000.

FREIRE-MEDEIROS, Bianca. Diplomacia em celulóide: Walt Disney e a Política de Boa Vizinhança. Transit Circle: Revista Brasileira de Estudos Americanos, Rio de Janeiro, v.3, p. 60-79, 2004.

FUNDAÇÃO CINEMATECA BRASILEIRA. Cine jornal brasileiro, Departa-mento de Imprensa e Propaganda: 1938-1946. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1982.

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GARCIA, Tânia da Costa. O “it verde e amarelo” de Carmen Miranda (1930-1946). São Paulo: Fapesp: Annablume, 2004.

GONÇALVES, Lisbeth Rebollo. Arte brasileira no século XX. São Paulo: ABCA: Imprensa Oficial do Estado, 2007.

HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000.

MAUAD, Ana Maria. A América é aqui: um estudo sobre a influência cultural norte-americana no cotidiano brasileiro (1930-1960). In: TORRES, Sonia (Org.). Raízes e rumos: perspectivas interdisciplinares em estudos ameri-canos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2001. v. 1, p. 134-146.

______. As três américas de Carmen Miranda: cultura política e cinema no contexto da Política de Boa Vizinhança. Transit Circle: Revista Brasileira de Estudos Americanos, Rio de Janeiro, v.1, p. 52-77, 2002.

MENDONÇA, Ana Rita. Carmen Miranda foi a Washington. Rio de Janeiro: Record, 1999.

MOURA, Gerson. Tio Sam chega ao Brasil: a penetração cultural americana. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.

NASCIMENTO, Erinaldo Alves do. A cultura visual no ensino de arte contem-porâneo: singularidades no trabalho com as imagens. Boletim Arte na Escola. São Paulo: Instituto Arte na Escola, n.42, jul. 2006. p. 6-7. Disponível em: <http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=50>. Acesso em: set. 2009.

SILVA, Zélia Lopes da. O traço de Belmonte desvendando São Paulo e o Brasil (1922-1924). ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte, Uberlândia, v. 9, n. 15, p. 163-179, jul./dez. 2007. Disponível em: <http://www.artcultura.inhis.ufu.br/PDF15/H&R_da%20Silva.pdf>. Acesso em: set. 2009.

TOMAIM, Cássio dos Santos. Janela da alma: cinejornal e Estado Novo: frag-mentos de um discurso totalitário. São Paulo: Fapesp: Annablume, 2006.

TOTA, Antônio Pedro. O Imperialismo sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Webgrafiaos sites a seguir foram acessados em set. 2009.

BELMONTE (charges). Disponível em: <http://www.geocities.com/sati-ramorim02/satira06.02.htm>.

CARMEN Miranda. Disponível em: <http://carmen.miranda.nom.br>.

CARTAZES de cinema. Disponível em: <http://preceitos.com/cartazes>.

CARTAZES publicitários. Disponível em: <http://www.locutor.info/Cartaz-esPublicidade.html>.

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NO TEMPO DA II GUERRA

CHARLES Demuth. Disponível em: <http://www.nga.gov/exhibitions/2001/modernart/29_fs.htm>.

CULTURA visual. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/arte/fundamentos/mundo-imagens-ler-426380.shtml>.

DEPARTAMENTO de Imprensa e Propaganda (DIP). Disponível em: <http://www.historianet.com.br/manchete/edicaotexto.aspx?edicaoid=1&textoid=3>.

EDWARD Hopper. Disponível em: <http://www.hopper.com.br/vida/indexvida.htm>.

A ERA Vargas. Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/htm/ev_apresentacao.htm>.

EUA, a Política da Boa Vizinhança de Roosevelt. Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/eua_vizinhanca.htm>.

GEORGIA O´KEEFFE. Disponível em: <http://www.sdmart.org/Image1/Index.html>.

HISTÓRIA. Textos sobre história do Brasil. Historianet, a nossa história. Disponível em: <http://www.historianet.com.br>.

HISTÓRIA do Brasil. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/pais/historia>.

MAX Weber. Disponível em: <http://www.thecityreview.com/whitac.html>.

MEMORIAL Getulio Vargas. Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/memorialgetuliovargas>.

NELSON Rodrigues. Disponível em: <http://www.tudosobrenelsonrodri-gues.com.br>.

PROJETO Portinari. Disponível em: <http://www.portinari.org.br>.

REPÓRTER Esso. Disponível em: <http://www.folhadeseupaulo.com/2008/01/reprter-esso-o-primeiro-dar-as-ltimas.html>.

SEGUNDA Guerra Mundial. Disponível em: <http://www.segundaguerra-mundial.com.br/sgm>.

ZÉ Carioca. Disponível em: <http://www.universohq.com/quadrinhos/2003/ze_carioca.cfm>.

Filmografia ALELUIA, Gretchen. Dir. Sylvio Back. S.L.: Embrafilme: Sylvio Back Produ-ções Cinematográficas, 1976. 1 DVD (118 min.).

A trajetória de uma família alemã, da sua fuga do nazismo em 1937, passando pela conturbada adaptação à vida no Sul do Brasil, até a década de 1970.

FOR ALL: o trampolim da vitória. Dir. Buza Ferraz, Luiz Carlos Lacerda. Rio de Janeiro: BigDeni Filmes: Skylight Cinema Foto Art; S.l.: Columbia TriStar Filmes do Brasil, 1997. 1 DVD (95 min.).

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Narra a convivência entre famílias brasileiras e soldados norte-americanos da base de Natal, durante a Segunda Guerra Mundial.

NÓS que aqui estamos por vós esperamos. Dir. Marcelo Masagão. S.l.: Filmark; Rio de Janeiro: RioFilme, 1998. 1 DVD (73 min.).

Sem falas e com trilha musical instigante. Realizado a partir da junção de diversos trechos de documentários sobre o século XX, desde conflitos como as grandes guerras, industrialização até histórias individuais criadas.

OLGA. Dir. Jayme Monjardim. São Paulo: Europa Filmes: Nexus Cinema e Vídeo; Rio de Janeiro: Globo Filmes; S.l.: Lumière, 2004. 1 DVD (141 min.).

A história de Olga Benário, revolucionária comunista judia, esposa de Luis Carlos Prestes, que foi presa pela ditadura Vargas e enviada para a Alemanha, aonde morreu em um campo de concentração nazista.

RADIO auriverde. Dir. Sylvio Back. Rio de Janeiro: Usina de Kyno; S.l.: Sylvio Back Produções Cinematográficas, 1990. 1 DVD (70 min.).

Documentário com colagem de cenas ficcionais e de época, sobre a participação do Brasil, ao lado dos Estados Unidos, na Segunda Guerra Mundial.

SENTA a Pua!. Dir. Erik de Castro. Rio de Janeiro: RioFilme, 2000. 1 DVD (112 min.).

Conta a história dos pilotos brasileiros na Segunda Guerra Mundial.

TEMPOS de paz. Dir. Daniel Filho. Rio de Janeiro: Lereby Produções, 2009. 1 DVD (82 min.).

Conta “luta” travada em 1945, entre o interrogador alfandegário e ex-torturador da polícia política de Getúlio Vargas Segismundo e o imigrante e ex-ator polonês Clausewitz, que tem que provar que não é um simpa-tizante nazista fugitivo para poder entrar no pais.

UM SÓ CORAÇÃO. Dir. Carlos Manga. S.l.: Som Livre, 2004. 6 DVDs (1320 min.). Minissérie da Rede Globo de Televisão.

Narra a história e o desenvolvimento de São Paulo, entre 1922 e 1954. A Semana de Arte Moderna, as Revoluções de 1924 e 1932 e a Era Vargas.

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