caderno c: o agente da uncle - no tempo da guerra fria

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Fábio Trindade* DA AGÊNCIA ANHANGUERA [email protected] O cenário é deslumbrante: a Itália. A trilha sonora, primo- rosa, com 17 composições de Daniel Pemberton (O Conse- lheiro do Crime e Steve Jobs); deleites de jazz e R&B da dé- cada de 1960 — canções de Roberta Flack, Solomon Burke e Nina Simone —, além do pop clássico italiano de Nico Fidenco, Luigi Tenco, Peppino Gagliardi e Louis Pri- ma. Até Tom Zé aparece na grandiosa trilha, com a músi- ca Jimmy, Renda-se, gravada em 1970. O figurino é outro trunfo, com todos os persona- gens exibindo elegância dos sapatos de grife ao último im- pecável fio de cabelo. E os protagonistas Henry Cavill ( Homem de Aço) e Armie Hammer (A Rede Social), para completar, dispensam comen- tários, ostentando belezas ofuscantes até mesmo para os padrões hollywoodianos. Por todos esses — e mais alguns — pontos, O Agente da UNCLE, novo filme de Guy Ri- tchie (Sherlock Holmes), era uma das grandes apostas do ano. Mais eis que o longa, que chega aos cinemas brasi- leiros nesta quinta-feira, rece- beu críticas realmente cruéis e naufragou nas bilheterias norte-americanas. Com orça- mento de US$ 75 milhões, nas duas primeiras semanas de exibição, normalmente as mais fortes de qualquer pro- dução, o filme arrecadou cer- ca de um terço desse valor nos EUA. “Eu adorei o filme, gostei de fazê-lo e, para mim, isso é o que importa”, disse o intér- prete do Superman ao Cader- no C, durante sua visita ao Rio de Janeiro. “A opinião das pessoas, os motivos que as le- vam a gostar ou não de um fil- me, dependem de tanta coi- sa, que você não pode se prender apenas a isso. Além disso, se alguém entrar na in- ternet e escrever algo negati- vo, tudo bem, eu não me im- porto, até porque li críticas bastante positivas também e, como disse, adorei cada parte do processo do filme. Estou muito feliz com o trabalho”, adicionou. Henry Cavill está certo. Nem de longe O Agente da UNCLE, inspirado na série ho- mônima da década de 60, é a bomba que a mídia america- na pintou. Além de todas as qualidades apontadas no iní- cio do texto, há um certo hu- mor ao longo da trama que o difere de outros filmes do esti- lo. Sem contar a delícia que é relembrar a época que os es- piões se preocupavam com a aparência tanto quanto (ou mais) com as armas que usa- vam. “O gostoso do filme é que ele não se leva a sério”, completou o simpático cole- ga de elenco, Armie Hammer. “Claro que há aquele lado se- xy, de ação e tudo mais, mas é um filme único em seu seg- mento, com um tom muito peculiar, algo que já faz parte do estilo do Guy Ritchie. Quem entrar no clima, vai adorar.” Maior prova disso é que apenas a ideia da produção original da década de 60 se manteve na telona, com o en- redo e o perfil do agente secre- to americano Napoleon Solo (Cavill) e de seu equivalente russo Illya Kuryakin (Ham- mer) completamente diferen- tes do que se via no passado. “Eu nem assisti à série para criar meu personagem”, con- fessa Cavill. “O próprio Guy me disse para não me ater a isso quando perguntei se de- via assistir. Ele queria que eu criasse o Napoleon do meu jeito, mantendo, claro, a es- sência do trabalho já realiza- do, e fazendo jus a tudo”, dis- se. “A liberdade que tivemos foi incrível e é tão bom traba- lhar assim”, completou Ham- mer. A Guerra Fria, como não poderia ser diferente, é o pa- no de fundo de O Agente da UNCLE, assim como na série. Na história, o agente da CIA Solo e o da KGB Kuryakin, ini- migos mortais, precisam tra- balhar lado a lado para com- bater uma organização crimi- nosa italiana que está prestes a descobrir como fazer bom- bas nucleares. Para isso, eles contam com a ajuda de Gaby Teller (Alicia Vikander, O Séti- mo Filho), a filha de um cien- tista alemão desaparecido, que é a chave para se infiltrar na organização criminosa. Portanto, a dica é: esqueça o que você já tenha lido sobre O Agente da UNCLE e o dê uma chance. Ele é divertido, com uma bela fotografia e tri- lha de primeira. É entreteni- mento para passar o tempo. *O jornalista viajou ao Rio de Janeiro a convite da Warner Sobre as críticas que O Agente da UNCLE recebeu nos Estados Unidos HENRY CAVILL “A opinião das pessoas, os motivos que as levam a gostar ou não de um filme, dependem de tanta coisa, que você não pode se prender apenas a isso.” Hammer e Cavill em O Agente da UNCLE: espiões de países antagonistas se unem contra inimigo comum / CINEMA / Em visita ao Brasil, atores Henry Cavill e Armie Hammer falam sobre O Agente da UNCLE, que tem estreia nacional na quinta Longa de Guy Ritchie é inspirado na série homônima dos anos 60 No tempo da Guerra Fria Divulgação CORREIO POPULAR Campinas, domingo, 30 de agosto de 2015

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Page 1: Caderno C: O Agente da UNCLE - No Tempo da Guerra Fria

Fábio Trindade*DA AGÊNCIA ANHANGUERA

[email protected]

O cenário é deslumbrante: aItália. A trilha sonora, primo-rosa, com 17 composições deDaniel Pemberton (O Conse-lheiro do Crime e Steve Jobs);deleites de jazz e R&B da dé-cada de 1960 — canções deRoberta Flack, SolomonBurke e Nina Simone —,além do pop clássico italianode Nico Fidenco, Luigi Tenco,Peppino Gagliardi e Louis Pri-ma. Até Tom Zé aparece na

grandiosa trilha, com a músi-ca Jimmy, Renda-se, gravadaem 1970. O figurino é outrotrunfo, com todos os persona-gens exibindo elegância dossapatos de grife ao último im-pecável fio de cabelo. E osprotagonistas Henry Cavill(Homem de Aço) e ArmieHammer (A Rede Social), paracompletar, dispensam comen-tários, ostentando belezasofuscantes até mesmo paraos padrões hollywoodianos.

Por todos esses — e maisalguns — pontos, O Agente daUNCLE, novo filme de Guy Ri-tchie (Sherlock Holmes), erauma das grandes apostas doano. Mais eis que o longa,que chega aos cinemas brasi-leiros nesta quinta-feira, rece-beu críticas realmente cruéise naufragou nas bilheteriasnorte-americanas. Com orça-mento de US$ 75 milhões,nas duas primeiras semanasde exibição, normalmente asmais fortes de qualquer pro-dução, o filme arrecadou cer-ca de um terço desse valornos EUA.

“Eu adorei o filme, gosteide fazê-lo e, para mim, isso éo que importa”, disse o intér-prete do Superman ao Cader-no C, durante sua visita aoRio de Janeiro. “A opinião daspessoas, os motivos que as le-vam a gostar ou não de um fil-me, dependem de tanta coi-sa, que você não pode seprender apenas a isso. Alémdisso, se alguém entrar na in-ternet e escrever algo negati-vo, tudo bem, eu não me im-porto, até porque li críticasbastante positivas também e,como disse, adorei cada partedo processo do filme. Estoumuito feliz com o trabalho”,adicionou.

Henry Cavill está certo.Nem de longe O Agente daUNCLE, inspirado na série ho-mônima da década de 60, é abomba que a mídia america-na pintou. Além de todas asqualidades apontadas no iní-cio do texto, há um certo hu-mor ao longo da trama que odifere de outros filmes do esti-lo. Sem contar a delícia que érelembrar a época que os es-piões se preocupavam com aaparência tanto quanto (oumais) com as armas que usa-vam. “O gostoso do filme é

que ele não se leva a sério”,completou o simpático cole-ga de elenco, Armie Hammer.“Claro que há aquele lado se-xy, de ação e tudo mais, masé um filme único em seu seg-mento, com um tom muitopeculiar, algo que já faz partedo estilo do Guy Ritchie.Quem entrar no clima, vaiadorar.”

Maior prova disso é queapenas a ideia da produçãooriginal da década de 60 semanteve na telona, com o en-redo e o perfil do agente secre-to americano Napoleon Solo(Cavill) e de seu equivalenterusso Illya Kuryakin (Ham-mer) completamente diferen-tes do que se via no passado.“Eu nem assisti à série paracriar meu personagem”, con-fessa Cavill. “O próprio Guyme disse para não me ater aisso quando perguntei se de-via assistir. Ele queria que eu

criasse o Napoleon do meujeito, mantendo, claro, a es-sência do trabalho já realiza-do, e fazendo jus a tudo”, dis-se. “A liberdade que tivemosfoi incrível e é tão bom traba-lhar assim”, completou Ham-mer.

A Guerra Fria, como nãopoderia ser diferente, é o pa-no de fundo de O Agente da

UNCLE, assim como na série.Na história, o agente da CIASolo e o da KGB Kuryakin, ini-migos mortais, precisam tra-balhar lado a lado para com-bater uma organização crimi-nosa italiana que está prestesa descobrir como fazer bom-bas nucleares. Para isso, elescontam com a ajuda de GabyTeller (Alicia Vikander, O Séti-

mo Filho), a filha de um cien-tista alemão desaparecido,que é a chave para se infiltrarna organização criminosa.

Portanto, a dica é: esqueçao que você já tenha lido sobreO Agente da UNCLE e o dêuma chance. Ele é divertido,com uma bela fotografia e tri-lha de primeira. É entreteni-mento para passar o tempo.

*O jornalista viajou ao Rio deJaneiro a convite da Warner

Sobre as críticas que O Agente daUNCLE recebeu nos Estados Unidos

HENRY CAVILL

“A opinião daspessoas, osmotivos que aslevam a gostar ounão de um filme,dependem detanta coisa, quevocê não pode seprender apenas aisso.”

Hammer e Cavill em O Agente da UNCLE: espiões de países antagonistas se unem contra inimigo comum

/ CINEMA / Emvisita ao Brasil,atores HenryCavill e ArmieHammer falamsobre O Agenteda UNCLE, quetem estreianacional na quinta

Longa de Guy Ritchieé inspirado na sériehomônima dos anos 60

No tempo da Guerra FriaDivulgação

CORREIO POPULAR Campinas, domingo, 30 de agosto de 2015