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ESTRÊLA DE OITO PONTAS

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Rita Demarchi

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Estrêla de oito pontas / Instituto Arte na Escola ; autoria de Rita Demarchi ;

coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Insti-

tuto Arte na Escola, 2006.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 31)

Foco: PC-6/2006 Processo de Criação

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-98009-40-7

1. Artes - Estudo e ensino 2. Artes - Criação 3. Cinema de animação 4.

Diniz, Fernando I. Demarchi, Rita II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque,

Gisa IV. Título V. Série

CDD-700.7

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

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DVDESTRÊLA DE OITO PONTAS

Ficha técnica

Gênero: Curta-metragem de animação.

Palavras-chave: Experimentação; imaginação criadora; proces-sos inconscientes; desenho; cinema de animação; fotograma.

Foco: Processo de Criação.

Tema: Animação do artista, intercalado com seu pensamento eprodução artística.

Artista abordado: Fernando Diniz.

Indicação: A partir da 7ª série do Ensino Fundamental e Ensi-no Médio.

Direção: Marcos Magalhães e Fernando Diniz.

Realização/Produção: Sociedade Amigos do Museu de Ima-gens do Inconsciente, Rio de Janeiro.

Ano de produção: 1996.

Duração: 12’.

SinopseA animação em curta-metragem, com criação, roteiro e animaçãode Fernando Diniz, conquistou diversos prêmios de cinema. Atécnica artesanal que filma os desenhos quadro a quadro foi apre-sentada a Diniz pelo cineasta Marcos Magalhães. Para compor aanimação, o artista produziu mais de 40.000 desenhos, resultan-do em um trabalho que revela a intensidade e a riqueza de suaobra. Em ritmo ágil, se intercalam imagens de composições comformas geométricas, símbolos como letras e números; frases sig-nificativas e cenas do artista produzindo. A trilha sonora tambémconta com a participação do artista e dialoga intimamente com avisualidade. A seqüência final traz um personagem singelo que viajapor um cenário composto por diversas obras de Fernando Diniz.

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Trama inventivaPercurso criador. Olhar/sentir/pensar o que antes, simplesmen-te, não era. Cada novo olhar é um outro olhar, e assim vai sefazendo a obra. Existem vontades. Vontades de artista: proje-tos, esboços, estudos, protótipos. Vontades da matéria: resis-tir, provocar, obedecer, dialogar com o artista. Existe um tem-po: do devaneio, da vigília criativa, do fazer sem parar, de ficarem silêncio e distante, de viver o caos criador. Existe um espa-ço: o ateliê. Espaço para produzir, investigar, experimentar.Repouso e reflexão. Espaço-referência. Existe sempre a buscaincansável para o artista inventar a sua poética de tal formaque, enquanto a obra se faz, se inventa o modo de fazer. Inven-ção que, na cartografia, convoca o andarilhar pelo territórioProcesso de Criação.

O passeio da câmera

Desenhos vão se metamorfoseando rapidamente à nossa fren-te. Gestos desenham traços. Velozmente, brincam com nossoolhar. É assim que a câmera nos aproxima da produção ágil deFernando Diniz materializada nesta animação.

Massinhas coloridas, desenhos, pinturas, mandalas e figurasse movimentam em animações produzidas com muitos e mui-tos desenhos. Entre elas, o pensamento do artista é desveladoem pequenas frases, e a sua gaita compõe a sonoridade. Asrápidas animações, que demoraram muito tempo para seremproduzidas, são visíveis especialmente no letreiro inicial, quan-do o nome do artista vai sendo composto letra por letra. Nocanto direito da página, percebe-se a sua numeração, indican-do mais de 100 desenhos feitos apenas para escrever seu nome.

O que vemos é a obra de um artista ou de alguém em confinamentopsiquiátrico? Fernando Diniz trabalha e produz intensamente umaobra admirável. Para se entender essa criação, é preciso ver aloucura como uma configuração de um desejo1 que não se entre-ga, de uma vontade incansável de existir e fazer-se ouvir.

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ESTRÊLA DE OITO PONTAS

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A animação oferece a oportunidade de se pensar sobre a criaçãoartística, o impulso criador de materializar mundos. Sobre a vidade Fernando Diniz, dispomos de poucos dados. Quais experiên-cias mais lhe marcaram? Qual a sua percepção do mundo? Nãohá respostas únicas e objetivas. A biografia que tantas vezesaponta uma explicação ou interpretação para a obra de um artis-ta, no caso de Diniz, não oferece ponto de apoio. O que importaé o modo como ele explora e oferece sua experiência pulsantedo mundo, experiência concreta e criadora. Assim, este filme deanimação foi alocado no território Processo de Criação, parapensarmos com Diniz porque para ele “aprender a desenhar écomo aprender a namorar... é só ficar à disposição”.

Outras possibilidades para proposições pedagógicas se referemàs Linguagens Artísticas, focalizando a linguagem cinematográ-fica de animação e o desenho; às associações poéticas entreimagens, símbolos e música, arte e loucura, o acesso à arte noshospitais em Saberes Estéticos e Culturais e Conexões

Transdisciplinares; assim como as questões de Forma-Conteú-

do (enquadramento, planos, ritmo, etc.) e a Materialidade da lin-guagem cinematográfica. Nos créditos, ao final do DVD, é cita-do o Museu de Imagens do Inconsciente, que abre também umterritório de pesquisa e estudo em Patrimônio Cultural.

Acompanhados pelo personagem e embalados pela bela trilhasonora, aonde chegaremos ao final desta viagem?

Sobre Fernando Diniz(Aratu/BA, 1918 – Rio de Janeiro/RJ, 1999)

O pintor é feito um livro que não tem fim.

Fernando Diniz

Pequeno menino pobre, “meio preto, meio branco”, FernandoDiniz não conhece o pai e acompanha sua mãe, que atende ri-cas clientes de costura em suas casas luxuosas. Menino so-nhador: “eu estou esperando há mais de 50 anos para entrarna faculdade”.

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Seu sonho: estudar para ser engenheiro. É o primeiro da classe,até o 1o ano do Ensino Médio, quando abandona a escola, masnão os estudos. Sua paixão pelos livros o acompanha no CentroPsiquiátrico Pedro II, onde fica internado a maior parte de suavida, depois é preso após nadar nu na praia de Copacabana.

De certa maneira, faz do hospital a sua universidade. Pesqui-sador, demonstra interesse em várias áreas: astronomia, quí-mica, física nuclear e informática. Essa diversidade se refleteem sua obra. “A partícula é uma parte de outra parte de outrapartícula”, diz ele.

A partir de 1949 até aproximadamente o final de sua vida,Fernando Diniz freqüenta a Seção de Terapêutica

Ocupacional coordenado pela Drª. Nise da Silveira, uma

das pioneiras na implantação de oficinas em instituições

psiquiátricas. Inquieta, a psiquiatra se rebela contra os

violentos tratamentos convencionais e instaura o fazer

artístico como integrante do tratamento. Dessa maneira,

em 1946, funda o Serviço de Terapêutica Ocupacional no

Centro Psiquiátrico Pedro II/RJ. Entre as diversas ativida-des oferecidas estavam: artesanato, música, jardinagem, pin-tura. A proposta é que, sem interferências ou modelos, os pa-cientes tivessem liberdade para criar.

Essas atividades que, inicialmente, apresentam enfoqueterapêutico, revelam também produções que chamam a aten-ção de estudiosos da área específica da arte. Entre eles estãoo crítico Mário Pedrosa e os artistas Almir Mavignier, Ivan Serpae Abraham Palatnik. Esse último, também presente naDVDteca, revela o confronto com a produção dos internos queo leva a questionar a sua própria obra.

Fernando Diniz, assim como alguns de seus colegas, cria com-pulsivamente. Realiza mais de 40 mil desenhos para a ani-mação, sob orientação do cineasta Marcos Magalhães, e deixamais de 30 mil trabalhos, entre telas, desenhos, tapetes e

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modelagens, que fazem parte do acervo do Museu de Imagensdo Inconsciente/RJ.

Embora muito da vasta produção dos artistas-pacientes nosateliês tenha se perdido, o acervo desse museu é especialmen-te significativo, em termos de quantidade e qualidade. Desde1952, a instituição se dedica, entre outras atividades, a catalo-gar e a promover exposições no Brasil e no exterior. Diniz par-ticipou de diversas exposições individuais e coletivas, as pri-meiras junto a eventos psiquiátricos internacionais e, depois,em importantes instituições como o MAM/RJ, MNBA/RJ,MASP e em mostras como a Bienal de São Paulo e a Mostra doRedescobrimento que percorreu várias capitais brasileiras.

O crítico Mário Pedrosa2 , na primeira exposição do grupo em 1947, diz:

O artista não é aquele que sai diplomado da Escola Nacional de Belas

Artes, do contrário não haveria artistas entre os povos primitivos, inclu-

sive entre os nossos índios. Uma das funções mais poderosas da arte -

descoberta da psicologia moderna – é a revelação do inconsciente, e este

é tão misterioso no normal como no chamado anormal. As imagens do

inconsciente são apenas uma linguagem simbólica que o psiquiatra tem

por dever decifrar. Mas ninguém impede que essas imagens e sinais

sejam, além do mais, harmoniosos, sedutores, dramáticos, vivos ou be-

los, enfim, constituindo em si verdadeiras obras de arte.

O despertar do interesse por artistas com patologias psiquiá-tricas leva o pintor Jean Dubuffet, a partir de 1945, a realizarna Europa uma das mais importantes pesquisas e a criação doconceito de “arte bruta”, fundando uma companhia e organi-zando um museu correspondente na Suíça.

O reconhecimento de Diniz também ocorre pelos filmes, pes-quisas e publicações sobre a sua obra e pelo apoio de umaimportante instituição como a Fundação Vitae para a produçãode Estrêla de Oito Pontas, que conquistou diversos prêmios decinema. Como diz Marcio Doctors3: “a pintura de Fernando

Diniz é deslumbrante. Não há outro adjetivo que qualifi-

que melhor o vigor de sua imagem, que brilha com a preci-

são de quem constrói um abrigo para se proteger”.

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Os olhos da artePara aparecer, tem que fazer mais de cem.

Fernando Diniz

Impulso criador. Experimentação. Imaginação criadora. O incan-sável Fernando Diniz nos desvela seu processo de criação emsua obra, ao mesmo tempo tão diversificada e tão coesa. O quepodemos compreender sobre processo criativo na concretizaçãode Estrêla de Oito Pontas?

Os relatos e a própria obra de Diniz evidenciam a sua explosãocriativa e a avidez pelo conhecimento, inclusive o tecnológico. Doisfatos parecem ter alimentado o desejo pela pesquisa centrada naimagem em movimento: o encontro com o fotógrafo Luís CarlosSaldanha, que lhe apresenta a fotografia, e a participação no filmeEm busca do espaço cotidiano, de Leon Hirszman (1986).

Inspirado na linguagem cinematográfica, Diniz produz, em 1988,uma série intitulada Cinema, transpondo para o desenho e pin-tura recursos como o zoom e a seqüência de movimentos qua-dro a quadro. Marcos Magalhães4 , animador e um dos funda-dores de Anima Mundi - Festival Internacional de Animação doBrasil nos conta:

O pessoal do Museu me contava que Fernando costumava pintar

“fotograma” sobre “fotograma” por cima de uma mesma tela a óleo;

ou seja, o que deveria ser uma seqüência a ser colocada em ordem na

película e projetada em movimento, acabava virando uma espessa

camada de tinta. O resultado final continuava belo; mas sua tradução

para o espectador dizia bem menos do que a real intenção do artista.

A partir da análise desses materiais, Magalhães, que trabalhoudiretamente com o artista por 4 anos, percebe a possibilidadede realizar uma animação com o uso de técnica artesanal: “abase de tudo era muito simples: os desenhos que ele fazia so-bre a tela, passaria a fazer em folhas separadas de papel, quedepois seriam filmadas”.

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Fernando Diniz - Rede

Cortesia Claudia Bolshaw

Assim, com o mínimo de interferência, foi explicada a FernandoDiniz a técnica do desenho feito em seqüência, quadro a quadro,usando uma mesa de luz. Essa técnica necessita de um grandenúmero de desenhos para esboçar um pequeno movimento. Opróprio artista percebeu o empenho necessário para isso. Cu-

riosamente, o que mais motivava Fernando Diniz não era

ver o resultado das seqüências já filmadas, mas a técnica

que aprendera e o próprio processo de fazer todos os de-

senhos e pinturas. E foram muitos: para Estrêla de Oito

Pontas produziu um espantoso número superior a 40 mil,

além de agregar diversas temáticas trabalhadas ao longo

de sua vida: as mandalas, as composições geométricas, as

cenas de ambientação interior, os personagens.

Trabalho, pesquisa, experimentação, amor à cor, à figura e aoseu movimento. “A figura não foi feita para sonhar. A figura foi

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feita para trabalhar”, diz o artista. Para Fayga Ostrower5 , emqualquer ser humano,

o impulso elementar e a força vital para criar provêm de áreas ocul-

tas do ser. (...) Assim como o próprio viver, o criar é um processo

existencial. Não abrange apenas pensamentos nem apenas emoções.

Nossa experiência e nossa capacidade de configurar formas e

discernir símbolos e significados se originam nas regiões mais fun-

das de nosso mundo interior, do sensório e da afetividade, onde a

emoção permeia os pensamentos ao mesmo tempo que o intelecto

estrutura as emoções. São níveis contínuos e integrantes em que

fluem as divisas entre consciente e inconsciente e onde desde cedo

em nossa vida se formulam os modos da própria percepção. São os

níveis intuitivos do nosso ser.

Impulso elementar e força criadora, o consciente e o inconsci-ente6 se revelam em Estrêla de Oito Pontas. O próprio título,escolhido por ele, “pode significar também a rosa dos ventos,uma bússola para nos orientar por seu universo interior”7 .

Libertos das amarras da razão e vivendo à margem da socieda-de, Fernando Diniz e outros internos em hospitais psiquiátri-cos, como Bispo do Rosario, Aurora Cursino dos Santos,Emygdio de Barros, Adelina Gomes, entre outros, apresentamuma potência criativa e expressiva singular. A percepção, amemória, o devaneio atiçam e explodem em obras. “Onde ointerior e o exterior se tocam, aí se encontra o centro da alma”,diz Novalis. E é nesse diálogo que podemos ser envolvidos emprodutivos processos de criação.

O passeio dos olhos do professor

Convidamos você a ser um leitor do curta-metragem, antes doplanejamento de sua utilização. Na primeira vez, procure as-sistir à animação de uma maneira descompromissada. Livre depreocupações, com a percepção aguçada, você estará maisaberto para as primeiras impressões, que são únicas. Pode serinteressante assisti-lo uma segunda vez, fazendo anotaçõeslivres e poéticas, usando palavras, cores, formas...

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Nossa sugestão é que essas anotações livres marquem o iníciode um diário de bordo, como um instrumento para o seu pensarpedagógico durante todo o processo de trabalho junto aos alu-nos. Uma pauta do olhar pode apoiar/provocar sua percepção:

Quais sensações a animação provoca em você?

O que mais chama a sua atenção?

É possível perceber como a animação foi feita?

Como o ritmo da animação afeta você?

Você sente necessidade de pesquisar sobre algum assuntopara melhor compreender ou aprofundar conteúdos que ocurta-metragem suscita?

O que você imagina que seus alunos gostariam de ver naanimação? O que causaria atração ou estranhamento?

Para você, quais focos de trabalho podem ser desencadea-dos partindo do filme?

Suas anotações podem revelar modos singulares de analisar ofilme. A partir delas, qual o foco você escolheria para trabalharcom os seus alunos? Quais questões você colocaria em umapauta do olhar dirigida a eles?

Percursos com desafios estéticos

Diferentes trilhas podem conduzir ao território dos Processos

de Criação. Dentro de uma vasta gama de possibilidades, comsensibilidade e criatividade, é você quem escolherá com seusalunos possíveis percursos. Nossa intenção é oferecer idéiaspotenciais, mas a realidade de sua escola e de seus alunosapontarão caminhos para recriá-las e/ou inventar outras.

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qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpaferramentas

procedimentos

suporte

papel, fotograma,película de celulóidesensibilizada pela luz

ferramentas da linguagemcinematográfica: projetor,câmera com filme, pranchacom registro, mesa de luz

procedimentos técnicos inventivos

Materialidade

espaços sociais do saber

museus e espaços culturais:Museu de Imagens do Inconsciente,sala de exibição, cineclubes, cinemateca

MediaçãoCultural

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciashumanas

psicologia, psiquiatria

ando

Forma - Conteúdo

elementos davisualidade

relações entre elementosda visualidade

linha, forma, cor, planos,luz; do cinema:enquadramento, planos, som

do cinema:ritmo rápido

figurativa, não-figurativa,no cinema: animação

temáticas

SaberesEstéticos eCulturais

sistema simbólico

história da arte

psicologiada arte

políticas culturais

símbolos: estrela, mandala,alfabeto, números

arte bruta, imagens do inconsciente

arte e loucura, subjetividade, inconsciente

arte nos hospitais,bolsas e prêmios,leis de benefício à cultura

Linguagens Artísticas

meiostradicionais

desenho, pintura,modelagem

trilha sonora

cinema de animação,curta metragem

artesvisuais

cinema

música

Processo deCriação

ação criadora percurso de experimentação, pensamento visual, explosão criativa, gesto no traço, séries,perseguir idéias, processos inconscientes,inquietude, roteiro, montagem

apropriação da linguagem cinematográfica,produção coletiva, relação colaborativa transdisciplinar

imaginação criadora potências criadoras

produtor-artista-pesquisador

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O passeio dos olhos dos alunosAlgumas possibilidades:

Formas circulares e mandalas estão presentes no cotidia-no, como, por exemplo, nas rodas de bicicleta, vitrais ourosáceas em igrejas, representações do sol, flores, etc.Depois de pesquisá-las, os alunos podem ampliá-las emgrandes folhas de papel, repetindo e superpondo essas for-mas, com lápis de cera ou com tinta. A exposição dos traba-lhos, para uma apreciação coletiva, pode ressaltar a forçado conjunto e também apontar para a singularidade de cadatrabalho. Você pode problematizar: existem dois trabalhosiguais? Como explicar o porquê das escolhas de cada um?O que faz com que os trabalhos sejam interessantes ou não?A partir deste momento, exiba o curta-metragem. Comoperceberam as composições geométricas e o modo comosão apresentadas? O que gostariam de produzir a partir doque descobriram?

Para aguçar a imaginação, você poderá criar e contar umapequena história para os alunos, utilizando metáforas inspi-radas nas imagens do DVD, na vida e obra do artista, etc.Peça para os alunos imaginarem um filme enquanto ouvema história. Um exemplo:

Fernando era um rapaz muito diferente. Seu grande companheiro, o

Inconsciente, era um cavalo bonito, mas muito teimoso. Ele parecia

indomável, pois o derrubou várias vezes. Mas Fernando não desis-

tia. Quando conseguiu dominar o seu cavalo, este o levou a uma

viagem incrível, por lugares diferentes, alegres e coloridos. Juntos

conheceram pessoas, lugares, voltaram ao passado, exploraram o

futuro; e por onde passaram iam recolhendo cores, formas, linhas,

texturas, tudo isso ao mesmo tempo.

O que os alunos imaginam a partir dessa história? O quesabem sobre os processos inconscientes? Trocar imagens esensações pode instigá-los para ver a animação. Disso po-dem nascer idéias para a continuidade do projeto.

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Pinturas abstratas, com ênfase na gestualidade, podem setornar uma proposição para assistir ao curta-metragem deanimação. Podem fazer parte dessa seleção obras do pró-prio Fernando Diniz, além de tantos outros: Manabu Mabe,Antonio Bandeira, Pollock, Willen de Kooning, Tàpies, Tobey,Kandinsky, etc. O que os alunos pensam sobre este tipo detrabalho? Qual a diferença entre essas pinturas e rabiscosfeitos ao acaso? Assistir ao filme pode oportunizar boasdiscussões, aflorando possíveis incompreensões para coma temática não figurativa.

Desvelando a poética pessoal

É importante estimular o aluno a ampliar a sua percepção eimaginação e descobrir a sua poética pessoal. Para que issoaconteça, é necessário muito mais do que um trabalho, mas umacadência de pesquisa e diversas produções que podem deman-dar várias aulas ou mesmo atividades paralelas.

Como o foco é o processo de criação, alguns temas podem serlevantados junto com os alunos. A partir deles, abrindo espaçopara que outros temas possam aflorar, cada aluno iniciará aelaboração de uma série, na qual um trabalho desencadeia umoutro. Em cada série, o aluno poderá explorar uma única lin-guagem, como desenho, pintura, colagem, ou mesmo anima-ção. Quando houver possibilidade, os alunos poderão fazertambém experimentações com animação em desenhos ou mo-delagem com massinha. É interessante que o aluno possa re-gistrar como as idéias vieram à tona, os problemas enfrenta-dos, as difíceis escolhas no meio do caminho da criação.

Como se pode notar, as sugestões trazidas até aqui são bas-tante abertas e flexíveis, para que você pense na construçãode um caminho próprio para trilhar com seus alunos. As alter-nativas que se seguem também poderão auxiliá-lo a elaboraras ações que farão parte deste caminho.

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Ampliando o olharA apreciação de outros trabalhos de Fernando Diniz, quenão aparecem no DVD, ampliam o olhar para se ter uma idéiada riqueza e diversidade da sua obra, como um todo. Napintura, além de composições abstratas como as que apa-recem na animação, ele explorou naturezas-mortas, cenasde ambientes, “catalogação” de objetos, etc. Os Tapetes

digitais e as mandalas são também obras muito significati-vas. Se sua escola tiver uma sala de informática, combineum horário para pesquisa através dos sites recomendados,além de outros que os alunos podem encontrar.

Fernando Diniz diz querer “ver as coisas por dentro”. Insti-gar os alunos a perceber, nos objetos e na vida cotidiana,como que olhando “por dentro” pode-se gerar uma série dedesenhos, colagens, poemas. As metáforas podem ser de-safiadoras, se você estiver trabalhando com alunos a partirda 7ª série. Seria interessante montar um pequeno álbumcom as produções divididas por frases escritas pelos alu-nos, como na animação.

Como se faz uma animação? A pesquisa pode ser desenca-deada por você, procurando alternativas e técnicas possíveis,que vão desde as mais artesanais, até a computação gráfica.Os materiais empregados também variam entre papel, dese-nhos, recortes de revista, massinha, sucata, etc., que ganhammovimento através de filmadoras ou computadores. Assistira animações que aplicam diferentes recursos, documentáriossobre a sua produção e fitas com oficinas de vídeo é umamaneira de ampliar o conhecimento sobre o assunto e dealimentar uma possível produção dos alunos.

A associação de palavras é outra proposta que pode lidarcom a escrita automática surrealista, que tenta favorecer olivre fluxo das idéias, sem limites do consciente. Depois deuma primeira escrita, os alunos podem transcrever os tex-tos através de imagens, retiradas de jornal e revistas. Pala-vras e frases também podem ser agregadas, em produções

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individuais ou coletivas. Cada grupo irá expor o seu traba-lho para o restante da turma, sem falar nada, pois a forçadeve estar na visualidade. Após a apresentação de todos,problematize: o que se percebe das escolhas de cada gru-po? Que elementos apareceram? Quais relações mais cha-maram a atenção? Por quê? O que esses trabalhos falamsobre o grupo e a comunidade onde vivem?

A intensa relação entre o mundo interior e o exterior faz comque as composições de Fernando Diniz sejam significativase não meros rabiscos. Trabalhar com essa questão pode sermuito interessante: qual a diferença entre arte e rabiscosfeitos ao acaso? Como se dá o processo de criação no casode artistas que trabalham com a exploração do gesto liber-to de pressões de qualquer tipo?

A questão da arte criada, dentro de um hospício, por alguématravessado pela experiência da loucura faz brotar algumasperguntas que podem levar os alunos à discussão sobre aquestão do artista: o que leva alguém a criar? Por que partirnessa busca? Para que serve essa função de artista? Ondee quando pode surgir?

Conhecendo pela pesquisaFernando Diniz nos conta: “Eu não tinha nenhum brinquedoquando criança. Então, sonhava todo dia com brinquedosinterplanetários. O poder de sonhar com o que quiser -menos sonhar com o que é da terra”. A imaginação é neces-sária, tanto ao artista como ao cientista ou a qualquer pes-soa. O estado de “sonhar acordado”, o devaneio, o “viajarna maionese” (na gíria dos jovens) é uma rica fonte para acriação. O que os alunos podem pesquisar sobre isso? O pen-samento do filósofo Bachelard sobre devaneio, os conceitosde consciente e inconsciente? Ou pesquisar artistas que dei-xaram fluir a imaginação em seus processos de criação?

A pesquisa sobre outros artistas que se encontram “em es-tados perigosos de ser”, como assim se refere a Drª. Nise da

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Silveira, pode ampliar o conhecimento da arte, traçar parale-los com Fernando Diniz e a arte contemporânea. Artistascomo: Aurora Cursino dos Santos, Raphael Domingues,Emygdio de Barros, Arthur Bispo do Rosario podem serpesquisados, assim como outras instituições, além do Mu-seu de Imagens do Inconsciente/RJ. Em São Paulo, na déca-da de 20, com a atuação de Osório César no hospital Juquery,em Franco da Rocha, uma cidade do interior paulista, o fazerartístico também foi oferecido aos internos psiquiátricos.

Nos anos 40 e 50, Lasar Segall fez desenhos sobre o coti-diano do hospital e Alice Brill fotografou vários dos artistasinternos. Abraham Palatnik afirma que foi profundamentemarcado pela experiência. Almir Mavignier se envolveu tantoque chegou a instalar o seu ateliê dentro do hospital eredirecionou o seu trabalho plástico e a sua atividade peda-gógica. Os dois artistas trabalharam junto com FernandoDiniz. A pesquisa pode levantar hipóteses sobre por queesses artistas se interessaram pela produção dos internos.

As formas circulares das mandalas aparecem espontaneamen-te nas produções dos internos. Para Fernando Diniz: “Tudo nomundo é redondo, ou se não, quadrado. Na natureza as frutassão redondas. (...) Eu tava pensando que uma mandala é umaroda grande com uma porção de figurinhas de ouro em volta.Tava pensando que era alguma coisa de religião”. A Drª. Niseda Silveira chegou a escrever a Jung sobre essas formas, pre-sentes também nas religiões orientais. O que os alunos po-dem pesquisar sobre isso? Que mandalas podem inventar?

No documentário Arquitetura da destruição, de Peter Cohen,há cenas em que Hitler associa a arte anti-acadêmica doexpressionismo alemão à deformação e demência mental,partindo para a destruição de tudo aquilo que nãocorrespondesse ao seu ideal de beleza e perfeição. Como asociedade contemporânea lida com a diferença?

Programas como o power-point podem ser pesquisados comoum possível modo simplificado de produzir pequenas seqüên-cias narrativas. Se em sua escola existir um laboratório de

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informática, este programa poderá ser bem explorado, poisas ferramentas oferecidas não são de difícil uso. A experi-mentação é uma qualidade comum entre os jovens, especi-almente quando lidam com a tecnologia. Você também podeexperimentá-la para fazer uma apresentação conjunta comos alunos sobre os conceitos e os artistas pesquisados. Su-gerimos que os modelos oferecidos nos programas nãosejam usados, e se experimente os efeitos de animação deentrada e saída de textos e imagens, que incluem movimen-tos e sons.

Amarrações de sentidos

Dar sentido ao que se estudou é bastante importante para queo aluno se aproprie de suas descobertas. É importante, tam-bém, perceber e valorizar o percurso trilhado, composto pordiversas ações, que englobam: a pesquisa, o fazer artístico, aapreciação, o pensar e discutir arte.

A intenção não é de produzir uma pasta que simplesmenteguarde os trabalhos, mas registrar e organizar as etapas demodo significativo, com a marca pessoal do aluno.

Lembrando que o disparador de todas as discussões e propos-tas aqui colocadas foi um curta-metragem de animação, e o focofoi Processos de Criação, a alternativa pode ser a elaboraçãodo portfólio como um roteiro de cinema: uma narrativa paracontar a história do processo vivido, as perguntas, as desco-bertas, os esboços, os estudos e trabalhos prontos. Recursosda linguagem cinematográfica, como cortes e zoom, tambémpodem ser inseridos, permitindo a visualização dos processosde criação vividos.

Valorizando a processualidadeOnde houve transformações? O que os alunos perceberam queconheceram?

A discussão a partir da apresentação dos roteiros desenvolvidospode levar à reflexão sobre todo o processo. A fala dos alunos sobre

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o que mais gostaram e o que menos gostaram, sobre o que foimais importante, sobre as dificuldades e sobre o que faltou nodesenrolar do trabalho é um valioso instrumento de avaliação.

A leitura dessas ações, das respostas dos alunos às proposi-ções realizadas, juntamente com o seu diário de bordo, permi-te refletir sobre o seu próprio aprendizado. É o momento deperceber e anotar as suas descobertas, achados pedagógicose faltas, e tomar consciência das novas idéias e possibilidadesdespertadas a partir desta experiência.

GlossárioAnimação – o cinema de animação compreende o desenho animado, a ani-mação de bonecos, animação de fotos e computação gráfica, cada um exi-gindo técnica muito especial. O que o caracteriza é o fato de não fazer usode atores nem de cenários naturais. A idéia de movimento, ou seja, a anima-ção, é dada pela reprodução rápida (24 quadros por segundo) das imagensestáticas, em posições ligeiramente diferentes umas das outras. Durantemuito tempo, o cinema de animação foi voltado para o público infantil, hoje,faz-se também para adultos. Fonte: ARANHA, Maria Lúcia de; MARTINS,Maria Helena Pires. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 1998.

Arte bruta – conceito criado pelo artista Jean Dubuffet, que o define como“produções de toda espécie – desenhos, pinturas, bordados, modelagens,esculturas, etc, que apresentam um caráter espontâneo e fortemente inventivo,que nada devem aos padrões culturais da arte, tendo por autores pessoasobscuras, estranhas aos meios artísticos profissionais”. Fonte: MELLO, LuizCarlos. Flores do abismo. In: AGUILAR, Nelson (org.). Imagens do inconsci-ente. Mostra do Redescobrimento. São Paulo: Fundação Bienal: AssociaçãoBrasil 500 Anos Artes Visuais, 2000, p.36.

Devaneio – atitude sonhadora, não do sonhador “noturno”, mas do sonha-dor “diurno”, conduzindo-o à alegria em repouso, levando-o a poetizar-se, arelegar o papel da inteligência à sombra e abrir-se à errância da função doirreal e da imaginação criadora. A partir da poética de Bachelard, o deva-neio designa o “sonho acordado”. Fonte: JAPIASSÚ, Hilton. Dicionário básicode filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.

Fotograma – cada impressão fotográfica ou quadro unitário de um filmecinematográfico ou cada imagem de um filme (negativo ou slide). Fonte:Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa.

Mandala – diagrama composto de formas geométricas concêntricas. Emgeral, significa o cosmos na sua relação com os poderes divinos. Estápresente no hinduísmo, no budismo, no tantrismo. Aparecem mandalas

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abstratas na arte cristã européia, nas rosáceas das catedrais. Ocupa umlugar relevante também na arquitetura, pois configura o plano básico dascidades antigas, medievais e modernas. Fonte: JUNG, Carl Gustav. O ho-mem e seus símbolos. São Paulo: Nova Fronteira, 1964.

Percepção – ato de perceber, ação de formar mentalmente representa-ções sobre objetos externos a partir de dados sensoriais. A sensação seria,assim, a matéria da percepção. Segundo a fenomenologia, o conhecimen-to verdadeiro sobre um objeto provém dos dados sensoriais que recebe-mos pela percepção. Fonte: JAPIASSÚ, Hilton. Dicionário básico de filo-sofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.

Esquizofrenia – segundo o dicionário psiquiátrico é uma psicose em que opaciente, sem causas ainda conhecidas e, geralmente, iniciando-se por voltados 15 ao 25 anos de idade, começa a apresentar sintomas que vão afastando-o da realidade e acaba por construir um mundo particular, fantasioso, impossí-vel de ser compartilhado com as outras pessoas. Fonte: <www.psiqweb.med.br/gloss/>. Para os filósofos Deleuze & Guattari, contrários ao entendimentofreudiano de inconsciente, a esquizofrenia é encarada não como patologia, mascomo movimento de fuga criadora. Para esses pensadores, o esquizofrênicosofre, mas a sua condição é a de partida para uma nova forma de pensar, cria-dora e inventora de si próprio. Fonte: DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Oanti-Édipo. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

BibliografiaAGUILAR, Nelson (org.). Imagens do inconsciente. Mostra do Redes-

cobrimento. São Paulo: Fundação Bienal: Associação Brasil 500 AnosArtes Visuais, 2000.

BACHELARD, Gaston. Poética do devaneio. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

FERRAZ, Maria Heloisa. Arte e loucura: limites do imprevisível. São Pau-lo: Lemos, 1998.

HIRSZMAN, Leon. Imagens do inconsciente. Rio de Janeiro: Funarte, 1986.3 fitas cassetes (203 min.), VHS, cor, 16mm.

JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 1986.

SILVEIRA, Nise da. O mundo das imagens. São Paulo: Ática, 2001.

ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Institu-to Walther Moreira Salles, 1983.

Seleção de endereços de artistas e sobre arte na rede internet

Os sites abaixo foram acessados em 29 mar. 2005.

ROSARIO, Arthur Bispo do. Disponível em: <www.bravoonline.com.br/noticias.php?id=1320>.

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CINEMA DE ANIMAÇÃO. Disponível em: <www.infonet.com.br/users/24porseg/animacao.html>.

___. Disponível em: <www2.uol.com.br/revistadecinema/edicao35/animacaobrasileira/index.shtml>.

___. Disponível em: <www2.uerj.br/animagem/animagem.htm>.

___. Disponível em: <www.canalkids.com.br/arte/cinema/magia.htm>.

DUBUFFET, Jean. Disponível em: <www.france.org.br/abr/label/label45/arts/page.html>.

ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTES VISUAIS. Disponível em:<www.taucultural.org.br>.

FESTIVAL DE ANIMAÇÃO. Disponível em: <www.animamundi.com.br>.

MAGALHÃES, Marcos. Estrela de oito pontas. Disponível em: <www.estacaovirtual.com/arquivo/mat1997/perso/diniz/index_e.html>.

MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE. Disponível em: <www.museuimagensdoinconsciente.org.br>.

Notas1 A partir de Deleuze e Guattari, podemos dizer que em Fernando Diniz aesquizofrenia impulsiona o Diniz artista, em toda sua potência de criarmundos ou reconstruir mundos. Diniz louco não é de forma alguma um ali-enado mergulhado numa interioridade. A intensidade criadora da loucurade Diniz faz de sua obra um desejoso exercício pulsante de realidade. VerDELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. O anti-Édipo. Rio de Janeiro: Imago, 1976.2 Citado por MELLO, Luiz Carlos. In: AGUILAR, Nelson (org.). Imagensdo inconsciente. Mostra do Redescobrimento, p. 39.3 DOCTORS, Marcio. Sobre Fernando. In: AGUILAR, Nelson (org.). Ima-gens do inconsiente. Mostra do Redescobrimento, p. 177.4 MAGALHÃES, Marcos. Disponível em: <www.estacaovirtual.com/ar-quivo/mat1997/perso/diniz/index_e.html>. Acesso em: 26 jun. 2005.5 Fayga OSTROWER. Criatividade e processos de criação, p. 55-56 (grifos da autora).6 Tanto Freud – pai da psicanálise, quanto Jung – pai da psicologia analí-tica, cuja teoria aprofunda a investigação do uso dos símbolos pelo ho-mem, estudaram o consciente e o inconsciente do ser humano. Ao cons-ciente estão ligadas as ações e pensamentos moldados pelo convívio social,ao inconsciente estão vinculadas as imagens e os impulsos mais profun-dos, puros, “indomados”, como as imagens nos sonhos.7 Marcos MAGALHÃES. Disponível em: <www.estacaovirtual.com/ar-quivo/mat1997/perso/diniz/index_e.html >. Acesso em: 26 jun. 2005.

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