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Outubro 2012 | País €conómico › 1
Vagão inovador impressionou BerlimLuís Silva Santos, Director-geral da Metalsines, destaca a presença da empresa na Innotrans, através do vagão Eco-Pickers
nº 121 › Mensal › Outubro 2012 › 2.20# (IVA incluído)
James correiasecretário da indústria da Bahia
José GonçalvesPresidente do smas de almada
carlos Bayan FerreiraPresidente da cciPa
DossiER PoRTUGaL-anGoLa – inVEsTimEnTos a cREscER
› HEaD
2 › País €conómico | Outubro 2012 Outubro 2012 | País €conómico › 3
Editorial
Os senhores juízes do Tribunal Constitucional decidiram há poucos meses que para resolver o problema do défice público português, não poderia o Governo no próximo ano retirar os subsídios de férias e de natal aos trabalhadores da administração pública e aos reformados e pensionistas, porque violava tal situação o princípio da equidade. Referiram os senho-res, que não era justo que tal medida abrangesse apenas aqueles que traba-lham ou servem a administração pública.Independentemente de se considerar que eventualmente os senhores juí-zes do Tribunal Constitucional ao tomarem a sua douta decisão estivessem também a olhar para os interesses das suas próprias carteiras enquanto servidores do Estado, não causou propriamente espanto neste país que se considere que para resolver o défice do Estado, não tenha de ser o próprio Estado, e apenas o próprio Estado, a resolver o problema das suas dívidas. Ao que sabemos, quando qualquer privado – cidadão, família ou empresa – assumem dívidas, não é o Estado que tem de arranjar dinheiro para as pagar. São os próprios. Mas quando se fala do Estado decidir em causa própria, já é outra situa-ção, esta muda completamente de figura. Dentro do seu estatuto de poder impositivo sobre a sociedade, considera que os pesados impostos que a sociedade civil – a que não trabalha para o Estado – já paga, não chega. É preciso mais para pagar o défice do Estado, esse “Monstro” como há vários anos lhe chamou o actual Presidente da República – que na altura, ainda não o era.“Obviamente” que o acórdão do Tribunal Constitucional foi aproveitado pelo Governo para anunciar que vem aí mais impostos para o próximo ano. Para cobrir o défice do Estado. E em nome da equidade – expressão muito grata aos juízes do Tribunal Constitucional, e a todos os que traba-lham e/ou dependem do Estado – vá de aplicar um aumento de impostos generalizado que abrangerá os trabalhadores do setor público mas igual-mente os do setor privado. Tudo em nome da equidade para pagar o défice do estado, que por sua vez não paga o défice dos privados, e paga (muito) tardiamente os seus compromissos aos fornecedores privados, levando--os em muitos casos até à asfixia, senão mesmo à falência financeira. Um autêntico esbulho que leva os cidadãos a trabalharem cada vez mais dias anualmente para alimentar o Estado.Vivemos com um Estado que o país que produz não consegue suportar. Mas, alegremente, não se corta a sério no tamanho e nas funções desse mesmo Estado. Isso levará ao despedimento de muita gente que trabalha no Estado? E depois? Muita gente no setor privado não tem sido sujeita ao mesmo? Que mudem de vida. Paciência, é a vida, como dizia António Guterres!
JoRGE GonçaLVEs aLEGRia
mais impostos para alimentar o “monstro”
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Outubro 2012 | País €conómico › 54 › País €conómico | Outubro 2012
Grande Entrevista
índiceLuís Silva Santos, administrador da Metalsines, explicou em
entrevista à País €conómico a importância da presença
recente da empresa na InnoTrans 2012 em Berlim, que acon-
teceu na Alemanha e que reforçou o prestígio da empresa
além-fronteiras, além do igualmente importante reforço da
carteira de encomendas da empresa. De sublinhar, igualmen-
te, a capacidade de inovação e qualidade que esta empresa lo-
calizada em Sines tem revelado, sinónimo de que em Portugal
as empresas nacionais – e a Metalsines e a Compelmada são
exemplos magníficos – possuem condições de competitivida-
de à escala internacional e podem afirmar-se no Mundo.
pág. 16 a 20
O relacionamento entre Portugal e Angola
continua a registar forte crescimento. Quase
oito mil empresas portuguesas exportam para
Angola, e este país é sustentadamente o quar-
to destino mundial das exportações nacionais.
Apesar da crise financeira que assola muitas
empresas portuguesas, ainda assim, o investi-
mento luso em Angola continua a registar ín-
dices apreciáveis, embora tenha diminuído nos
últimos anos. Já o investimento angolano em
Portugal continua em alta, sendo que no pri-
meiro semestre deste ano já cresceu 273% face
ao período homólogo do ano anterior.
pág. 06 a 13
ainda nesta edição…
13 nova Etapa forma profissionais de saúde em angola
14 aicep Parques e iPs em parceria
15 PFR invest destinguida
22 Bahia quer atrair investimentos portugueses
24 V seminário de oportunidades de negócios Bahia/Portugal
28 sata começou a voar para salvador
32 nanium investe em minas Gerais
33 Embraer inaugurou fábricas em Évora
34 Jayme da costa aposta nas energias renováveis
43 casa agrícola cortez de Lobão inaugurou lagar em serpa
44 Encontro nacional do azeite em Ferreira do alentejo
50 Grupo Vila Galé considerado o melhor em Portugal
50 nova sBE sobre no ranking do Finantial Times
Grande Plano
Outubro 2012 | País €conómico › 76 › País €conómico | Outubro 2012
› GRanDE PLano
Relações luso-angolanas continuam a crescer e tem oportunidades para acelerarem ainda mais
Portugal é o primeiro fornecedor de angolaEm 2011 foram 7.893 as empresas
portuguesas que exportaram bens
e serviços para Angola, num valor
global que ascendeu a 2.335 mil milhões
de euros. Portugal foi assim o primeiro
fornecedor de Angola no ano passado,
passando de uma quota de 16,87% do
mercado angolano em 2010 para uma
quota de 21,38% em 2011. E os dados do
primeiro semestre do corrente ano tam-
bém são positivos. Da mesma forma, tem
crescido acentuadamente as vendas de
petróleo angolano a Portugal, colocando
o país africano com vendas no ano pas-
sado em 1.177 mil milhões de euros. No
entanto, sendo os números importantes
como medidores do relacionamento entre
os dois países, saliente-se que o potencial
e as oportunidades de crescimento con-
tinuam a existir, embora haja também a
consciência de se registar uma evolução
nesse relacionamento, pois as empresas
portuguesas precisam de estarem mais
engajadas no próprio território de Angola,
situação para as quais as parcerias locais
são muito importantes.
Voltando aos números, Angola solidifi-
cou-se como o quarto principal cliente
mundial dos bens e serviços portugueses,
subindo de uma percentagem nas expor-
tações nacionais de 5,21% em 2010 para
5,52% em 2011. De referir, que no primei-
ro semestre de 2012, essa percentagem
continuou a subir, no caso para os 5,74%.
Já no que respeita à importação de produ-
tos angolanos, num leque onde o petróleo
pesa 99,3%, o peso daquele país da costa
ocidental de África atingiu no ano passa-
do 2,04% das importações portuguesas
e no primeiro semestre deste ano subiu
para 3,05%. Angola é presentemente o
sétimo fornecedor de Portugal, represen-
tando o nosso país 2,76% das exportações
angolanas.
No que respeita aos principais produtos
exportados por Portugal para Angola,
saliência para as máquinas e aparelhos
(21,7%), produtos alimentares (18,1%),
metais comuns (12,9%), produtos agrí-
colas (7,9%), químicos (7,1%), plásticos e
borracha (4,5%), veículos e outro material
de transporte (4,1%), minerais e minérios
(4,1%), pastas celulósicas e papel (3,4%) e
instrumentos de óptica e precisão (2,4%).
No que respeita ao investimento direc-
to, um tema muito em voga nas relações
empresariais luso-angolanas, é de referir
que as empresas portuguesas têm dimi-
nuído nos últimos anos os investimentos
em Angola, registando-se maiores níveis
de desinvestimento. Em 2010, os inves-
timentos portugueses atingiram 669.472
milhões de euros, enquanto em 2011 se
reduzia drasticamente para 246.371 mi-
lhões de euros. No primeiro semestre do
presente ano, o investimento nacional em
Angola atingiu os 118.937 milhões de eu-
ros, um crescimento de 7,7% em relação
ao período homólogo do ano passado.
Cada vez mais presente em Portugal tem
sido os capitais de empresas angolanas,
com investimento importantes nos seto-
res da banca, telecomunicações, energia e
vitivicultura. Em 2010, o investimento an-
golano em Portugal atingiu os 32.842 mi-
lhões de euros, enquanto no ano seguinte
chegava aos 70.328 milhões de euros. No
primeiro semestre de 2012, os investi-
mentos angolanos em Portugal atingiram
a cifra de 130.699 milhões de euros, um
aumento de 273,7% face ao mesmo pe-
ríodo do ano passado quando se ficaram
pelos 34.976 milhões de euros. ‹
Outubro 2012 | País €conómico › 98 › País €conómico | Outubro 2012
› GRanDE PLano
Carlos Bayan Ferreira, Presidente da Direção e da Comissão Executiva da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA)
angola é um país para as empresas portuguesas apostarem
Quase oito mil empresas portuguesas exportam para Angola, e várias centenas
decidiram investir naquele país africano. Carlos Bayan Ferreira, é o Presidente da CCIPA,
e nesta entrevista à País €conómico traça o quadro positivo em que se movem
actualemente as relações entre os dois países, referindo que existem condições para
aumentar os fluxos de investimento, até em virtude do programa de privatizações
em Portugal, que poderá ser muito interessante para a internacionalização de várias
empresas angolanas.TExTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
As relações económicas entre Portu-gal e Angola estão a viver um dos seus melhores momentos, havendo mais de 7000 mil empresas portuguesas com presença em Angola. Com a crise que se instalou em Portugal é previsível que os empresários portugueses continuem a ver em Angola um mercado de oportuni-dades que lhes permita a sustentabilida-de das suas empresas?Existem, presentemente, 7000 a 8000 em-
presas portuguesas exportadoras para An-
gola. Embora a sua presença no mercado
angolano não assente na existência de um
estabelecimento estável local, nos últimos
anos (principalmente a partir de 2002)
muitas tradings portuguesas optaram por
constituir empresas de direito angolano e
abrir sucursais em Angola, pois percebe-
ram que seria mais fácil para a sua activi-
dade e para os próprios consumidores dos
seus produtos estarem em ambos os mer-
cados: como fornecedoras em Portugal,
como importadoras e distribuidoras em
Angola, eliminando desta forma alguns
intermediários e assegurando o contacto
directo com os seus clientes locais.
Não obstante Angola ser um mercado
natural para Portugal como Portugal o é
para Angola (pela partilha de uma língua
comum, pela fácil adaptação cultural en-
tre portugueses e angolanos, pelo bom
relacionamento interpessoal resultante
de laços históricos antigos e profundos), a
crise vivida nos últimos anos em Portugal
tem afectado, principalmente, as relações
de investimento entre os dois países, pois
a descapitalização das empresas nacio-
nais dificulta-lhes sobremaneira investir
num país que, para além de longínquo e
que implica elevados custos burocráticos,
técnicos, humanos e de contexto, ainda
apresenta algum risco do ponto de vista
cambial e económico.
No domínio do comércio, a realidade é di-
ferente: 2011 e os primeiros sete meses de
2012 mostraram que os fluxos comerciais
bilaterais se intensificaram, apresentando
a balança comercial bilateral a favor de
Portugal um saldo positivo cada vez me-
nor relativamente a Angola, tendo mesmo
registado, em Janeiro-Fevereiro de 2012,
um saldo positivo a favor desta. Ou seja:
se as exportações portuguesas aumenta-
ram, o mesmo sucedeu com as exporta-
ções angolanas, com o petróleo a assumir
cerca de 99% do seu total.
Em números: em 2011 e relativamente
a 2010, as exportações portuguesas para
Angola cresceram 22%, enquanto as im-
portações nacionais provenientes de An-
gola aumentaram cerca de 109%. Entre
Janeiro e Julho de 2012, as exportações
portuguesas para o mercado angolano
atingiram €1.596,6 milhões de euros e
as exportações angolanas para o mercado
português registaram €930,6 milhões de
euros, representando acréscimos, respecti-
vamente, de 39,7% e 118,4% relativamen-
te a igual período de 2011.
Acha que o mercado de Angola poderá compensar as quebras provocadas pela crise europeia junto das empresas por-tuguesas?O mercado angolano não é e não pode ser
visto como uma alternativa aos mercados
europeus, que são os que se estão a ressen-
tir da crise internacional.
Com efeito, a organização interna da
economia angolana assenta em proce-
dimentos e características próprias e os
mecanismos de acesso e de fixação não
são idênticos aos que uma empresa por-
tuguesa utilizaria se estivesse a ponderar
investir, por exemplo, na Europa central.
Isto implica que um potencial investidor
em Angola, no domínio do investimento
directo ou do comércio ou da prestação
de serviços às empresas, efectue um atu-
Outubro 2012 | País €conómico › 1110 › País €conómico | Outubro 2012
rado estudo prévio da realidade que vai
encontrar, visite o mercado e verifique se
os seus produtos têm aceitação local, ob-
serve os concorrentes de outros países e
a sua implementação no mercado, aprecie
as formas locais de fazer negócio e, depois
de ponderados os prós e os contras de um
investimento que ficará a cerca de 7000
Km de distância, decida racionalmente
se vale a pena correr os riscos envolvidos.
Trabalhar com Angola não é um desígnio
ao alcance de qualquer empresa!
Se a decisão do empresário se der pela po-
sitiva, então o investidor português tem
em Angola um amplo espaço onde desen-
volver a sua actividade, pois os produtos
fabricados em Portugal, os serviços pres-
tados e as obras realizadas por empresas
portuguesas continuam, em muitos casos,
a ser a primeira escolha dos consumido-
res angolanos, oferecendo o mercado boas
perspectivas de crescimento e desenvolvi-
mento.
investimentos em angola têm de ser sustentadosAngola é - todos sabemos - um projeto de futuro. Mas será que em termos de sustentabilidade financeira todas as empresas portuguesas que operam em Angola têm condições para continuar o seu processo de internacionalização com aquele País?As variáveis que determinam o sucesso
ou o fracasso de um projecto empresarial
são muitas, seja qual for o mercado de que
estejamos a falar.
No caso particular do mercado angolano,
para além de, como dissemos, implicar
custos elevados em termos humanos, téc-
nicos, de contexto, financeiros, apresenta
um conjunto de características próprias
que é preciso ter em conta. Principalmen-
te, é fundamental respeitar e obedecer às
normas definidas pelas autoridades ango-
lanas, o que levanta a questão da impor-
tância do acompanhamento da actividade
da empresa por uma sociedade de advo-
gados local, com valências diversas, apta
a apoiar o projecto desde o seu embrião
até à sua implementação e ao seu funcio-
namento regular, incluindo as relações
com as autoridades locais (Ministério do
Comércio, Finanças, Segurança Social,
Imprensa Nacional, IAPI, IANORQ, entre
outros).
Se o empresário que pretender desenvol-
ver a sua actividade em Angola tiver um
projecto sustentável de médio ou longo
prazo, respeitar o modus operandi local,
estabelecer uma rede de contactos úteis e
agir correctamente do ponto de vista téc-
nico, comercial, ético, diríamos que tem
criadas as condições para ter sucesso em
Angola.
Não podemos, naturalmente, ignorar a
existência de empresários que, por moti-
vos diversos, não se encontram vocaciona-
dos para integrar e respeitar a estrutura
do mercado nacional e, neste caso sim, é
provável que num curto espaço de tempo
não disponham de condições financeiras,
humanas e relacionais que lhes permitam
prosseguir a sua estadia em Angola.
Na sua opinião, quais são os setores de atividade que poderão ter mais sucesso em Angola?Praticamente todas as áreas de actividade
poderão ser áreas de sucesso em Ango-
la, dado que a produção nacional é, ain-
da, incipiente; as carências são muitas; a
economia angolana apresenta índices de
crescimento e desenvolvimento dos mais
elevados do mundo.
De entre as muitas áreas viáveis, destaca-
ríamos, para o curto e o médio prazos: a
construção e os materiais de construção,
a electricidade, as telecomunicações, o sa-
neamento, a metalurgia e a metalomecâ-
nica, a agroindustrial e a agroalimentar, a
banca, a energia, a prestação de serviços
às empresas, a distribuição, a hotelaria, a
formação e qualificação profissional.
A estabilização política do país não per-
mitiu, apenas, a expansão das actividades
empresariais tradicionais mas originou,
também, a diversificação dos produtos e
serviços postos à disposição dos consu-
midores, justificando o aparecimento de
novas necessidades e preocupações resul-
tantes, nomeadamente, do aumento da
população.
Actividades como o marketing e a concep-
ção de campanhas publicitárias adequa-
das às características do mercado ango-
lano; a preocupação com a protecção do
ambiente, através da recolha e tratamento
do lixo, construção de aterros, reciclagem
e compostagem; as medidas de preserva-
ção dos recursos naturais, da fauna e da
flora nativas; o aparecimento de unida-
des de saúde privadas especializadas e de
carácter geral; a multiplicação dos meios
de comunicação escritos como sejam os
jornais e as revistas de natureza genérica
mas também técnica e especializada… en-
fim, é toda uma panóplia de actividades
que vêm complementar as tradicional-
mente de “sucesso garantido” e que resul-
tam do desenvolvimento do mercado, da
sua cada vez maior abertura ao exterior e
dos contactos com parceiros oriundos das
mais diversas partes do mundo.
angola investe bastante em PortugalQuanto valem hoje os investimentos an-golanos em Portugal? No final de 2010 o investimento angolano representava 3,6% do mercado accionista português, um total de 2,18 mil milhões de euros. Esta situação melhorou muito? Que sig-nificado tem ela?O investimento directo angolano em Por-
tugal em 2011 atingiu € 70.328 milhares, o
que significou um crescimento superior a
100% relativamente a 2010 (não existem,
ainda, dados disponíveis para 2012).
O crescimento da economia angolana ao
longo dos últimos anos proporcionou aos
agentes económicos nacionais condições
adequadas à expansão das suas activida-
des a nível interno e, no caso de algumas
empresas mais dotadas do ponto de vista
financeiro e técnico, à sua internacionali-
zação.
Parece-nos que esta nova orientação do
investimento angolano e a viragem da
economia de Angola para o exterior ten-
derá a consolidar-se num futuro próximo,
assente num continuado e acentuado
crescimento e no forte desenvolvimento
económico e financeiro do país.
Por outro lado, o programa de privatiza-
ções em curso em Portugal, que inclui
empresas, nomeadamente, nos sectores
da energia, banca, navegação aérea, cul-
tura, saúde e meios de comunicação, com
um bom desempenho e resultados muito
atractivos, tem suscitado o interesse de
potenciais investidores provenientes de
diversas origens geográficas, incluindo
Angola.
Nesta sequência, afigura-se-nos expectável
e normal que os empresários angolanos,
e dado o bom relacionamento existente
entre os dois países, participem na pri-
vatização de empresas portuguesas e se
assumam como seus accionistas, num
duplo movimento de internacionalização
que, baseado em Portugal, lhes abre simul-
taneamente as portas para os mercados
europeus.
Embora haja diversos privados angola-nos por detrás destes investimentos, o principal investidor até agora tem sido a SONANGOL, que foi acumulando uma participação no meio bancário privado português - Milennium BCP - e também na Galp Energia. Esta fase menos boa que Portugal vive é convidativa para os investidores angolanos reforçarem os seus investimentos no nosso País?As empresas portuguesas com capacidade
para crescerem dentro e fora de frontei-
ras encontram-se, na maior parte dos ca-
sos, cotadas em Bolsa, o que significa que
podem ser alvo de compra e venda e de
“troca” de accionistas, incluindo nos seus
processos de aumento de capital.
A presença em Bolsa de empresas com
bons índices de crescimento sólido e con-
solidado – como é o caso da banca em
geral e da GALP - atrai, naturalmente, as
atenções de outras empresas de outros
países que visam ampliar e expandir as
suas actividades e presença para outros
destinos.
É, pois, natural, que a Sonangol, a par
de outras empresas angolanas dotadas
de capacidade financeira e com uma es-
tratégia de crescimento além-fronteiras,
estejam atentas às possibilidades que se
lhes abrem em países tradicionalmente
seus parceiros e que dispõem de projec-
tos atractivos, consentâneos com os seus
modelos de crescimento e apetecíveis aos
seus investimentos.
Não nos parece que a entrada dos inves-
timentos angolanos em Portugal seja
função da situação menos boa vivida em
Portugal mas antes das características da
nossa economia e da forma como a eco-
nomia angolana se está a estruturar, no-
meadamente ao nível da abertura do seu
próprio mercado de capitais. São relações
económicas internacionais comuns nos
meandros da actividade financeira em
Bolsa.
O investimento português também está a registar nota positiva?A crise vivida pelas empresas portuguesas
tem tido um impacto negativo nos fluxos
de investimento directo português em
Angola: sofreu uma quebra de 63,20%
de 2010 para 2011, com valores absolutos
respectivos de € 669,5 milhões e € 246,4
milhões. A descapitalização das unidades
económicas nacionais dificulta-lhes a im-
plementação de projectos além-fronteiras,
vendo-se elas obrigadas a procurar salva-
guardar a sua subsistência em território
nacional.
Outros factores relacionados com a actual
situação menos positiva do investimento
português em Angola prendem-se com
aspectos como:
- a entrada em vigor da nova Lei de Inves-
timento Privado em Angola, em Julho de
2011, que subentende o investimento de 1
milhão de USD para que possam ser atri-
buídos incentivos e benefícios previstos
na Lei, nomeadamente no que se refere
ao repatriamento dos resultados da acti-
vidade empresarial. Sendo o tecido em-
presarial português constituído, principal-
mente, por pequenas e médias empresas,
é compreensível que grande parte dos po-
tenciais investidores se vejam limitados
na concretização das suas pretensões, op-
tando por estar presentes no país sob ou-
tras formas menos onerosas. Esta opção
não significa que estas empresas sejam
menos úteis ao processo de crescimento
e desenvolvimento económico angolano,
pois podem participar como fornecedo-
ras, por exemplo, de matérias-primas aos
grandes projectos, ou como consumidoras
dos seus produtos e serviços finais. Algu-
mas das limitações inerentes à dimensão
das empresas portuguesas poderão ser
atenuadas se elas privilegiarem a apre-
sentação de projectos comuns, preferen-
cialmente em parceria com empresários
angolanos, pois estas parcerias permitir-
-lhes-ão alcançar maior dimensão finan-
ceira, aproveitar as diversas capacidades
de cada um e assim assegurar uma maior
adequação dos seus projectos às necessi-
dades da economia angolana;
- a existência de instrumentos insufi-
cientes ou de lentidão nos processos de
atribuição de financiamento aos projec-
tos de internacionalização das empresas
portuguesas contribui para que o investi-
dor esmoreça e acabe por desistir da sua
pretensão, pois se por um lado não pode
concretizá-la com recurso a capitais pró-
prios, por outro lado, arrisca-se a perder a
oportunidade de negócio;
- no domínio do comércio externo, as li-
mitações impostas às operações de invi-
síveis correntes em Angola podem oca-
sionalmente contribuir para atrasar os
pagamentos aos exportadores. Contudo,
é de salientar que Angola é uma econo-
mia sólida e em desenvolvimento e toda
a política cambial e económica que tem
prosseguido nos últimos anos assegura
aos seus parceiros internos e externos a
regularização de eventuais situações em
curtos espaços de tempo. ‹
› GRanDE PLano
Outubro 2012 | País €conómico › 1312 › País €conómico | Outubro 2012
› GRanDE PLano
angola: avisos à navegaçãoEm notícia recentemente veiculada por alguns órgãos da
imprensa angolana, a Agência Nacional de Investimento
Privado (ANIP) terá assinalado que existirão empresas es-
trangeiras a operar em Angola sem passar pela ANIP. A agência
alerta que se trata de uma situação ilegal da qual a única forma
de sair passa pela respetiva legalização. Ainda recentemente, em
conversa com um empresário estabelecido em Angola, esta situ-
ação foi-me confirmada e
aparentemente até elogia-
da tendo em consideração
a demora, a burocracia e
as novas exigências levan-
tadas pelo processo de le-
galização do investimento
estrangeiro no país, que
parecem não compensar
face aos benefícios e ao tra-
tamento que na prática as
empresas legalmente cons-
tituídas obtém relativa-
mente àquelas que atuam à
margem da lei.
Esta prática não é nova e
apesar dos enormes riscos
que encerra tem sido fre-
quentemente utilizada por
alguns empresários como
forma de agilizar o proces-
so de implantação das suas
empresas no território.
Mesmo sem conhecer as
motivações que terão leva-
do às recentes declarações
da ANIP não será de estra-
nhar que se esteja a assistir ao seu aumento tendo nomeadamente
em conta a entrada em vigor da nova legislação sobre o investi-
mento estrangeiro (investimento privado na denominação legal
– Lei nº 20/11 de 20 de Maio) que define como limite mínimo
para as operações de investimento externo o montante de USD 1
milhão por cada investidor para garantir o repatriamento dos ca-
pitais gerados com o investimento, ou sejam lucros e dividendos.
É certo que a nova lei, colhendo os ensinamentos de oito anos de
aplicação da lei que a antecedeu, procura ajustar a captação de
IDE aos interesses da economia angolana, tentando limitar a saída
de capitais do país que, ainda que muitas vezes de forma legal,
vinha correspondendo a retornos demasiado rápidos de investi-
mentos que desse modo pouco contribuíam para o desenvolvi-
mento de Angola. Recordo a intervenção do Dr. Aguinaldo Jaime
em Julho de 2011, quando na apresentação da nova lei aos empre-
sários portugueses em Lisboa referiu que essa “fuga de capitais”
foi particularmente relevante nos finais de 2009 como consequên-
cia da crise que o país então viveu, em nada ajudando à sua supe-
ração e tornando-se mesmo
numa situação insustentá-
vel. Desta forma a nova lei
acentua a necessidade de
captação de investimento
estruturante, o “bom inves-
timento”, em detrimento do
investimento oportunista e
de curto prazo, o “mau in-
vestimento”.
Mas se são compreensíveis
as limitações introduzidas
à repatriação de lucros e
dividendos em função dos
prazos do investimento, do
impacto socioeconómico
e da sua influência na di-
minuição das assimetrias
regionais, já parece mais
difícil perceber a limitação
imposta pela sua dimen-
são. Com efeito, nem todo
o grande investimento é
bom e nem todo pequeno
investimento é mau. A ne-
cessidade de grandes inves-
timentos associados quer
ao desenvolvimento de infraestruturas, quer à implantação de
grandes projetos industriais ou agrícolas não dispensa a existên-
cia no tecido empresarial de PME que complementem a atuação
das grandes empresas quer em sectores onde estas não tem voca-
ção, interesse ou vantagens em estar presentes, quer no forneci-
mento dos seus consumos intermédios. Num país em que a classe
empresarial é ainda muito reduzida esta medida arrisca-se a ter
um enorme impacto negativo na criação de uma classe nacional
de pequenos e médios empresários bem como na criação de em-
prego e na diminuição da economia informal que tanto parece
preocupar a ANIP (pequenos investimentos fora de controle). ‹
nova Etapa forma recursos humanos em angolaA Nova Etapa, empresa portuguesa com sede em Lisboa, firmou um Protocolo de Coope-
ração com o Ministério da Saúde de Angola (MINSA), com vista ao desenvolvimento de
programas de formação profissional para os trabalhadores da área da saúde, em todas as
províncias do país. No âmbito do acordo assinado, a Nova Etapa irá também colaborar na
organização de centros de formação que terão como áreas de intervenção prioritárias a
formação em qualidade, gestão, liderança, segurança e higiene no trabalho, gestão admi-
nistrativa, formação de formadores, de modo a atingir objectivos globais como sejam as
de recriar as instituições de saúde angolanas, de valorizar e dignificar os seus colaborado-
res e humanizar os cuidados de saúde aos utentes.
Segundo António Mão de Ferro, Director Geral da Nova Etapa, «estamos certos de que, tal
como em Portugal, também em Angola, a Nova Etapa se afirmará como um referência na
formação profissional e na consultoria. Da parte angolana, o protocolo foi assinado por
António Costa Alves, Director Nacional dos Recursos Humanos do Ministério da Saúde
de Angola. ‹
myspace chega a angola e moçambiqueA Myspace, o maior site de entretenimento
do mundo e em Portugal, e a 38K Media &
Entertainment, anunciaram uma extensão
da parceria estratégica que os une no mer-
cado português, para Angola e Moçambi-
que. Segundo João Martins, sócio-fundador
da 48K, e que passou agora a acumular à
direcção geral do Myspace Portugal, as de
Angola e Moçambique, «o potencial destes
mercados em expansão é inegável, e a 48K
acredita que pode utilizar a sua estrutura e
know how do negócio do entretenimento
e da música, não só para lançar operações
locais, mas também para construir pontes
importantes para marcas que investem no
segmento e têm também elas negócio po-
tencial nestes países». ‹
millennium angola distinguidoO Banco Millennium Angola foi eleito pela se-
gunda vez consecutivo, o Melhor Banco com
capital maioritariamente estrangeiro em Ango-
la, distinção atribuída pela revista EMEA (Eu-
ropa, Médio-Oriente e África) Finance. Segun-
do o júri da publicação, o Millennium Angola
distinguiu-se pelo seu desempenho sustentado,
inovação contínua, crescimento sólido e capa-
cidade de produção de resultados acima das ex-
pectativas. A distinção considerou igualmente
o facto do maior banco privado português em
Angola ter como maior accionista a empresa
angolana Sonangol e o Banco Privado Atlânti-
co. ‹
asK cresce em angola e BrasilA ASK – Advisory Services Kapital, em-
presa portuguesa de assessoria financeira
pretende lançar até ao final do presente
ano um fundo de “private equity” no mer-
cado brasileiro, onde já dispõe de escritó-
rios. Segundo Nuno Miranda, presidente
executivo da ASK, em entrevista ao portal
Portugal Funds People, referiu a sua ava-
liação positiva na integração das activida-
des da empresa entre Portugal, Angola e
Brasil, «apesar das dificuldades em fazer
negócios». Para o responsável da ASK,
«em Angola estamos focados na prestação
de serviços de assessoria financeira. E essa
área tem crescido muito, essencialmente
na assessoria de contratação de passivos
bancários para as empresas». A empresa
tem sede em Lisboa e conta com 35 cola-
boradores e escritórios em Portugal, Brasil
e Angola. ‹
iFE promove acções em LuandaA IFE – International Faculty for Exe-
cutives, sob a insígnia IFE Angola, vai
levar a cabo neste mês de Outubro,
uma série de acções de formação em
Luanda, com programas presenciais
desenhados à medida das empresas
angolanas. Organizados em executive
trainings de três dias, seminários de
dois dias e conferências de um dia, os
temas abordados nestas acções abran-
gem áreas importantes da actuação
das empresas. No final, os participan-
tes receberão material de apoio e um
certificado de formação. ‹
noTícias
Francisco Faria, Diretor de Risco da SOFID
15 › País €conómico | Outubro 2012
› a aBRiR
14 › País €conómico | Outubro 2012
› noTícias
caVaco siLVaO Presidente da República assumiu um papel que o país generalizadamente considerou como muito positivo na crise política e social que se agudizou em Setembro, agindo como moderador de tensões e atuando como elemento aglutinador do diálogo e de consensos mínimos entre os vários agentes do poder e da sociedade. É esse o seu papel, e desta
vez desempenhou-o muito bem. ‹
máRio ViLaLVaO Embaixador do Brasil em Portugal, cargo que ocupa pela segunda vez, tem desempenhado um papel muito importante no passar da mensagem às empresas brasileiras de que devem apostar em Portugal e que o programa de privatizações portuguesas vale a pena ter a presença de empresas brasileiras. A inauguração das fábricas da Embraer em Évora foi outro triunfo deste brilhante diplomata brasileiro. ‹
anTónio casTRo HEnRiqUEsO Presidente Executivo da Soares da Costa é um gestor que pauta a sua atuação pela discrição, mas que é de uma eficácia a toda a prova. Prova disso estão expressos no acordo de rescisão contratual com muitos funcionários em Portugal, mas igualmente nas várias obras que o grupo tem ganho em África e no Brasil e Venezuela, tudo sem grande alarido, mas com enormes e reconhecidos proveitos. ‹
adília LisboaA Presidente da Comissão Executiva da
Confederação do Turismo de Portugal
recebeu das mãos da secretária de
Estado do Turismo a Medalha de Mérito
Turístico, reconhecimento do seu trabalho
e empenho em prol do turismo nacional
e da ocupação de vários cargos públicos
da maior relevância, incluindo a de Chefe
de Gabinete da Secretaria de Estado do
Turismo. ‹
Gonçalo Rebelo de almeidaO Diretor da Marketing e Vendas do Grupo
Vila Galé, segundo maior grupo hoteleiro
português, com forte presença em Portugal
e no Brasil, recebeu em Coimbra o prémio
de Melhor Grupo Hoteleiro em Portugal,
atribuição da prestigiada publicação
turística Publituris. Inovação, qualidade do
serviço prestado e comunicação, estiveram
na base do prémio atribuído à Vila Galé. ‹
nuno PaisanaÉ o novo Diretor de Comunicação da
Pressinform, a mais nova agência de
comunicação criada no panorama nacional
das agências de comunicação empresarial.
O novo responsável é detentor de uma
larga experiência e conhecimento do
mercado português, apostando agora numa
nova via de comunicar e contribuir para o
crescimento de várias empresas nacionais
suas clientes.. ‹
subindo na Pirâmide
aicep Parques e iPs cooperamA Aicep Global Parques e o Instituto Politécnico de Setúbal assinaram um protocolo vi-
sando a partilha de experiências e conhecimento entre as duas entidades. Destacam-se
sobretudo a disponibilidade de espaços no BlueBiz – Parque Empresarial de Setúbal da
Aicep Global Parques, para a localização de empresas start-ups do IPS com condições
especiais e a possibilidade de utilização dos serviços prestados pelo IPS às empresas do
BlueBiz.
No ato da assinatura do protocolo, Francisco Sá, Presidente Executivo da Aicep Global
Parques referiu que «este protocolo revela o nosso empenho no desenvolvimento econó-
mico da região de Setúbal», adiantando ainda que «o alargamento de serviços do BlueBiz,
graças à parceria com o IPS tornará o Parque mais competitivo e atrairá mais empresas
à região».
Para o presidente do IPS, Armando Pires, «esta parceria permite uma cooperação mais
estreita com as empresas instaladas no BlueBiz, como tem vindo a acontecer em alguns
casos, e ainda a possibilidade de estender a oferta a novas empresas, quer pela disponibi-
lização de mão-de-obra qualificada quer pela participação em projetos de cooperação». ‹
Porto de setúbal exporta maisA atividade exportadora através do Porto de Setúbal cresceu 5% no período compreen-
dido entre Janeiro e Agosto do presente ano, tendo-se cifrado em cerca de 2,9 milhões de
toneladas exportadas pelo porto sadino. Segundo nota emitida pela APSS, nos primeiros
oito meses do ano destacaram-se o desempenho dos terminais Multiusos Zona 2, Secil,
Termitrena e Praias do Sado. De referir que as mercadorias com maior peso no papel ex-
portador do Porto de Setúbal têm sido o cimento com 977 mil toneladas, o clínquer com
667 mil toneladas, os produtos siderúrgicos com 353 mil toneladas, os minérios com 292
mil toneladas, o papel com 146 mil toneladas e as viaturas novas com 68 mil toneladas. ‹
“Paços de Ferreira – Investir no Lugar Certo”
PFR invest recebeu prémio europeuA PFR Invest foi distinguida com o 1º Prémio na categoria de Melhoria do Ambiente
Empresarial dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial. Criado pela Comissão Eu-
ropeia e dinamizado em Portugal pelo IAPMEI, este galardão reveste-se de significativa
importância em Portugal, na medida em que concorreram um elevado número de candi-
daturas (mais de 90), na sua maioria de elevada qualidade.
A PFR Invest concorreu com o projeto de dinamização empresarial “Paços de Ferreira
– Investir no Lugar Certo”. A Cidade Industrial (zonas industriais) com a Cidade Tec-
nológica (solução integrada de acolhimento empresarial) e o Sistema de Incentivos ao
Investimento foram reconhecidos numa estratégia considerada de excelência, que valeu
à empresa da Capital do Móvel o primeiro lugar e o reconhecimento de todos os presentes
no Fórum Tecnológico de Lisboa (Lispolis), espaço onde decorreu a entrega dos prémios.
Depois de ter recebido o prémio em causa, Rui Coutinho, presidente da PFR Invest, teve
a oportunidade de apresentar o projeto à plateia reunida no Lispolis, onde sublinhou que
«temos de continuar a trabalhar cada vez mais para apoiar as nossas empresas, reduzir
a burocracia e baixar os custos de contexto. Só assim será possível gerar mais emprego
e mais riqueza». É de sublinhar, refere a PFR Invest em comunicado, que entre 2005 e
2011 o volume de negócios do concelho de Paços de Ferreira cresceu 100% e o volume de
exportações cresceu 127%. ‹
Outubro 2012 | País €conómico › 1716 › País €conómico | Outubro 2012
› GRanDE EnTREVisTa
Luís Silva Santos, Diretor Geral da Metalsines, SA
«a inovação dos nossos vagões impressionou no “innotrans-2012”»
Em entrevista à País €conómico o diretor geral da Metalsines, SA expressou a sua
satisfação pelo sucesso que causou a presença no “InnoTrans-2012” dos vagões Eco-
pickers fabricados por esta empresa de Sines, que estiveram presentes nesta que é
considerada a maior feira do mundo na componente de material circulante ferroviário,
e cuja última edição decorreu em Berlim, entre os dias 18 e 21 de Setembro. Luís
Silva Santos sublinhou que esta presença elevou a inovação portuguesa. «Tivemos a
oportunidade de mostrar em Berlim a pujança da nossa inovação».
TExTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
a Metalsines, SA é uma empre-
sa portuguesa com mais de 30
anos de experiência no fabrico e
exportação de vagões. E esta sua presen-
ça no “InnoTrans-2012”, em Berlim, tra-
duziu-se numa oportunidade para lançar
uma nova tecnologia multimodal, o Eco-
-pickers, que Luís Silva Santos classifica
de «uma nova geração de vagões, todos
com registo de patente, que esperamos
venham a tornar o transporte multimodal
acessível a todos».
Na opinião deste técnico superior, que
para além de diretor geral da Metalsines
desempenha iguais funções na Compel-
mada – Internacional, SA, empresa que
iniciou a sua atividade em 1994 e que
ao nível da manutenção tem uma vasta
experiência em Refinarias, Petroquími-
cas e Centrais Térmicas, «os vagões Eco-
-pickers não são mais nem menos do que
uma resposta aos imperativos ambientais,
económicos e sociais que exigem trans-
portes cada vez mais eficientes e menores
emissões de gases poluentes». Luís Silva
Santos não esconde a sua satisfação pelo
sucesso deste equipamento em Berlim,
e desabafa: «O Eco-pickers é um vagão
destinado a melhorar o mundo, e mais do
que isso, representa o melhor da inovação
portuguesa».
De referir desde já que a Metalsines, e
Compelmada são empresas que partilham
as mesmas instalações, tendo a primeira
delas 25 trabalhadores e a segunda cerca
de 150 trabalhadores. «Mas os trabalhado-
res temporários são à volta das duas cen-
tenas», informou Luís Silva Santos.
concorrência desigual da EmEFO diretor geral da Metalsines, que é um
defensor da especialização das empresas,
sabe bem que as crises como aquela que
vivemos hoje em Portugal, são por vezes
geradoras de oportunidades. «No caso da
Metalsines, o problema é o seguinte: um
dos nossos concorrentes é o Estado, mais
concretamente a EMEF – Empresa de Ma-
nutenção de Equipamento Ferroviário. A
EMEF que fazia a manutenção de vagões,
há cerca de uma década atrás começou
também a construir vagões. Quer isto di-
zer que uma empresa do Estado passou a
fazer concorrência a uma empresa priva-
da, e que a Metalsines passou a trabalhar
em plano de desigualdade, sem as mes-
mas armas e sem os mesmos argumentos.
Nós não temos acesso a crédito, eles têm.
Os salários deles estão sempre disponí-
veis nos finais dos meses, mas os nossos
não. Por outro lado, eles podem perder
dinheiro, mas nós não. Se perdermos di-
nheiro desaparecemos como empresa»,
reage Luís Silva Santos, que fecharia este
seu argumento com mais uma afirmação
pertinente. «Ainda por cima usam um ar-
gumento que não faz sentido. Como a CP
Carga tem 90 por cento do capital social
da EMEF, usam um decreto-lei do tempo
do Salazar (uma legislação retrógrada)
que ainda está em vigor, em que através
dela se adjudica em concurso. Isto é matar
uma empresa como a nossa…», rematou o
diretor geral da Metalsines.
Que fazer então perante um cenário como
este?! Luís Silva Santos ouve a pergunta
do jornalista da P€, e após um brevíssi-
ma pausa, esclarece. «Temos aqui umas
Outubro 2012 | País €conómico › 1918 › País €conómico | Outubro 2012
› GRanDE EnTREVisTa
instalações soberbas que o país desper-
diça por causa de toda esta envolvência
do governo. Pagamos uma renda mensal
e temos um direito de superfície de apro-
ximadamente sessenta anos. E já cá esta-
mos há 30 anos. Para além disso estamos
estrategicamente localizados junto ao
porto de águas profundas de Sines, com
ligação direta à rede ferroviária nacional
e ainda acessos rodoviários, diretos e por
auto-estrada, às principais cidades do país
e da Europa. Tudo isto são ingredientes
para uma empresa como a nossa estar no
mercado, participando do desenvolvimen-
to de Portugal, como já aconteceu tempos
atrás», resumiu Luís Silva Santos, para
lembrar que a Refinaria de Sines foi quase
toda ela construída com tecnologia nossa.
optar pela diversificaçãoLuís Silva Santos passaria a fixar o seu
discurso na crise e nas soluções que a
sua empresa vai encontrando para fazer
face a esta mesma crise. «Há uma crise no
país e a CP também não está a investir, e
quando investe utiliza a sua participada.
Nós ficamos, um bocado, com as sobras. O
que eles não querem fica para nós. Sendo
assim, decidimo-nos pela diversificação.
Através da Compelmada, que é a outra
empresa do grupo FTM, a que estamos
ligados, nós temos estado a executar obra,
sobretudo para o estrangeiro, para clien-
tes multinacionais, e voltamo-nos para os
Skids. A Metalsines apresentou com mui-
to sucesso na última edição do InnoTrans,
em Berlim, onde estivemos presentes de
18 a 21 de Setembro, o protótipo do Shi-
ploader de 1300 toneladas, em construção
no porto de Sines. Foi todo ele construí-
do pela Metalsines e será exportado para
a Mauritânea através do porto de Sines,
entre 10 a 15 milhões. Estamos a falar de
uma transação à volta dos 6 milhões de
euros, e há outros interessados», revelou o
diretor geral da Metalsines.
Numa referência direta aos vagões Eco-
-pickers, Luís Silva Santos reconhece que
a presença em Berlim deste produto de
inovação portuguesa, impressionou o
mercado internacional.
Vagões Eco-pickers: baixo custo e funcionaisMas o que são os vagões Eco-pickers?!
Destinam-se ao transporte de camiões
ou semirreboques, e ao contrário das so-
luções atualmente disponíveis no mer-
cado, dispensam qualquer dispositivo
elétrico, pneumático ou adicional. Além
disso, operam praticamente em qualquer
local, permitem carregar e descarregar de
forma fácil e rápida, não necessitando de
um terminal específico nem de recurso a
equipamento adicional para a operação
(como gruas). «Uma verdadeira revolução
da tecnologia portuguesa», como salien-
tou a determinado passo desta entrevista
o diretor geral da Metalsines.
Ainda a respeito do Eco-pickers e seguin-
do as explicações de Luís Silva Santos,
existem dois modelos destes vagões. O
“Woles”, que possuindo dois bogies pode
transportar um camião inteiro; e o “Mul-
ti” – especialmente indicado para semi-
-reboques, cada vagão possui apenas um
bogie (partilhado).
«É um vagão a muito baixo custo, que
vai permitir a conciliação do transporte
rodoviário com o ferroviário, permitindo,
e pela primeira vez, um funcionamento
com entregas praticamente porta-a-porta
uma vez que pode carregar/descarregar
um camião praticamente em qualquer
estação ferroviária», segundo declarações
do CEO da Eco-Pickers à TR, que são na
íntegra comungadas por Luís Silva San-
tos.
metalsines e compelmada complementam-seO diretor geral da Metalsines sabe bem
que o caminho da sua empresa é o das
exportações. E imaginação (inovação)
não falta. «Os Shiploader, os vagões Eco-
-pickers e as gruas são bons exemplos da-
quilo que a Metalsines pode produzir para
exportar, já que Portugal é, neste capítulo
um mercado “pouco interesse”, mais talha-
do para a vertente da manutenção, outro
setor onde somos (Metalsines e a Compel-
mada) fortíssimos.
Na realidade, enquanto a Metalsines con-
tinua a ser uma boa referência na área do
fabrico de material circulante ferroviá-
rio, intervindo também em áreas como a
construção civil, obras públicas e particu-
lares; caldeiraria e atividades correlativas;
e a juntar a estas as da manutenção indus-
trial em unidades industriais e terminais
de carga e transporte, a Compelmada foi
criada para a construção metalomecânica
e manutenção industrial, e ambas estão
aptas para operar em Portugal e no es-
trangeiro.
muitas intervenções na área da manutençãoEstas duas empresas faturam por ano cer-
ca de 20 milhões de euros, e na sua lista de
clientes constam nomes como a Repsol,
Galp, Borealis, e outras. «Neste momen-
to em Portugal o maior volume do nosso
trabalho está relacionado com a área da
manutenção.
Tivemos na Repsol uma obra que ascen-
deu a 1,5 milhões de euros, temos em Leça
uma outra grande intervenção, temos
também algumas obras na Refinaria de
Sines, temos igualmente trabalhos em co-
laboração com a Setilgest, e estamos ainda
a realizar uma obra de reparação e altera-
ção de uns drenos ali na zona do enxofre
para a Petrogal. Estão também programa-
das reparações nuns tanques cujo valor
Outubro 2012 | País €conómico › 2120 › País €conómico | Outubro 2012
› GRanDE EnTREVisTa
da obra ronda os 1,5 milhões de euros, e
temos para o porto uma outra paragem no
valor de 1,5 milhões de euros.
A Repsol e a Galp são neste momento as
empresas que vão alimentando a nossa
atividade», pormenorizou Luís Silva San-
tos, para a este respeito dizer ainda que
a sua empresa aproveita estes trabalhos
que representam 30 por cento do seu ne-
gócio, procurando no estrangeiro os ou-
tros 70 por cento.
Produção de skids é uma oportunidade«O ano passado faturámos cerca de 20 mi-
lhões de euros, quando em 2010 tínhamos
faturado 15 milhões. O acréscimo regis-
tado deveu-se à obra que realizámos na
Refinaria de Sines (Petrogal), e para 2012
estamos a contar ficar ao nível das fatura-
ção de 2011», esclareceu o diretor geral da
Metalsines, com tempo para divulgar aos
jornalistas da P€ que a grande aposta fu-
tura da sua empresa recai na construção
de skids para a indústria petroquímica e
para as plataformas petrolíferas. «Estamos
a desenvolver este produto com uma mul-
tinacional norte-americana há cerca de 3
ou 4 anos, e continuamos a apostar nele. Já
fizemos skids para o Irão, Espanha, Argen-
tina, e também aqui para Portugal. Como
é um negócio que nos tem corrido bem,
vamos continuar a apostar nele. É um mer-
cado que está muito ligado às refinarias,
petrolíferas e empresas de prospeção de
petróleo, áreas que apesar da crise, estão
a funcionar muito bem e são geradoras de
bons negócios. Sendo assim, temos de sa-
ber aproveitar esta oportunidade, e adian-
to-lhe que nesta altura já nos foram feitas
mais duas adjudicações», concluiu Luís
Silva Santos, diretor geral da Metalsines e
Compelmada. ‹
Outubro 2012 | País €conómico › 2322 › País €conómico | Outubro 2012
› DossiER BaHia-PoRTUGaL
Estado brasileiro da Bahia aponta a mira a Portugal como parceiro estratégico no seu desenvolvimento económico
a Bahia de todos os investimentos
Em 1500 o navegador português Pedro Álvares Cabral tocava pela primeira vez em
solo brasileiro, num ponto próximo do que veio a ser depois a cidade de Porto Seguro,
localizada na zona sul da Bahia. Esse momento madrugador da giesta portuguesa no
continente americano constituiu o impulso decisivo para a constituição do Brasil, o
país continente que ascendeu no ano passado à condição de sexta maior economia
mundial. A Bahia, no contexto brasileiro, é a sexta maior economia do país e a principal
da região nordeste. Com um território com uma dimensão superior à da França, com
mais de 14 milhões de habitantes, possui grandes riquezas e potencialidades, a todos
os níveis. Salvador, a capital da Bahia, está ligada por voo diário a Lisboa, pelo que as
empresas portuguesas possuem todas as condições para aproveitarem o potencial
económico baiano, um estado brasileiro que se afirma de braços abertos para acolherem
os portugueses e as suas empresas, no fundo as suas oportunidades de negócios e de
investimentos.TExTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › ARQUIVO
Localizada no sul da região nordes-
te, mas com um posicionamento
privilegiado nas comunicações
norte-sul e leste-oeste do território brasi-
leiro, o estado da Bahia ocupa uma área
de 567.295,669 km2, uma área superior
à do território francês. Contando com 14
milhões de habitantes, a Bahia tem a sua
capital em Salvador, que durante mais de
dois séculos (até à segunda metade do sé-
culo XVIII) foi a capital do Brasil. Outras
cidades importantes, são Feira de Santa-
na, Vitória da Conquista, o bipolo Itabu-
na-Ilhéus, Barreiras e o bipolo Juazeiro
Petrolina e Porto Seguro. Destaque ainda
para os importantes municípios na região
metropolitana de Salvador, como são Ca-
maçari, Lauro de Freitas e Simões Filho.
A economia baiana é bastante diversifi-
cada, mas na qual a agricultura e a agro-
-indústria assumem um papel muito im-
portante.
A Bahia é o principal produtor brasileiro
de cacau, sisal, coco, feijão e mandioca.
Possui também elevados índices na pro-
dução de milho e cana-de-açúcar, além de
ser um importante produtor de gado bovi-
no, caprino e ovinos.
A indústria extrativa possui igualmente
um papel relevante na economia baia-
na, existindo reservas consideráveis de
minérios e de petróleo, neste caso, com
acentuada produção on shore (em terra).
Os principais recursos minerais do estado
são o ouro, cobre, magnésio, cobre, man-
ganês, chumbo, urânio, ferro, prata, cristal
de rocha e zinco.
O setor industrial baiano está em pleno
desenvolvimento, sendo o polo industrial
de Camaçari um dos principais do país,
constituindo mesmo o principal polo pe-
troquímico do Brasil e da América do Sul.
Uma quantidade significativa de grandes
multinacionais está instalada em Camaça-
ri, como sejam a Ford e a Dow Chemical,
mas também um importante centro da
Portugal Telecom.
Portugueses a chegarO setor do turismo e da construção civil
tem merecido fortes apostas empresariais
na última década. Contando com a maior
extensão de costa atlântica no território
brasileiro, a Bahia tem desenvolvido de
forma muito significativa as suas infraes-
truturas e estruturas turísticas e hotelei-
ras. E neste caso, diga-se, os investimentos
portugueses tem sido dos mais significa-
tivos, com hotéis reconhecidos pela sua
qualidade como são os da Vila Galé (Sal-
vador e Guarajuba), Pestana (Salvador e
Pousada de Portugal no Convento do Car-
mo), Tivoli (Praia do Forte, além de vários
outros hotéis de menor porte espalhados
ao longo da luxuriosa costa baiana.
Várias outras empresas portuguesas de
outros setores de atividade desenvol-
vem importante ação na Bahia. Sem ser
exaustivo, destaque para os grupos Lena
e Ramos Catarino, na construção civil, a
Cotesi e a Cordebrás na área da indústria
do sisal, da Moldit (moldes), da Durit e
da Martifer na metalomecânica, sendo
de sublinhar que a Martifer é que está a
construir e montar a cobertura metálica
do estádio Fonte Nova, em Salvador, palco
que receberá jogos de futebol da Taça das
Confederações em 2013 e do Campeonato
do Mundo em 2014.
No entanto, para além das realidades
presentes, o estado da Bahia quer chegar
mais longe e aposta num vasto e ambicio-
so programa de modernização das suas
infra-estruturas e na capacitação dos seus
cidadãos para atingir níveis de desenvol-
vimento e de bem-estar social mais eleva-
dos. Como sublinha o Secretário de Estado
James Correia, em entrevista nesta edição,
sob o impulso dos últimos governos fede-
rais de Lula da Silva e Dilma Rousseff, e
do Governador Jacques Wagner, a Bahia
atravessa um momento pujante de inves-
timentos que deverão transformar muito
significativamente a economia estadual.
Segundo dados do governo da Bahia, estão
previstos a concretização de um conjunto
de 470 empreendimentos que totalizarão
um investimento de 32,5 mil milhões de
dólares e a criação de 63 mil empregos.
De entre estes, grande destaque para a
construção em curso da ferrovia leste-oes-
te, para o complexo logístico intermodal
Porto Sul e a via expressa Baía de Todos
os Santos, além dos projetos previstos da
Ponte Salvador-Itaparica e as obras de mo-
bilidade urbana. Destaque para os investi-
mentos muito significativos a realizar no
Porto de Aratu, que ascenderão a 4,2 mil
milhões de dólares.
Para atrair empresas nacionais e interna-
cionais, além de fomentar o empreendo-
rismo interno, os empresários na Bahia
poderão contar com um conjunto signifi-
cativo e generoso de incentivos fiscais e
beneficiar de programas financeiros espe-
cíficos de apoio ao investimento. Por isso,
é que as autoridades estaduais e munici-
pais no estado sublinham que é a “Bahia
de todos os investimentos”. ‹
Outubro 2012 | País €conómico › 2524 › País €conómico | Outubro 2012
› DossiER BaHia-PoRTUGaL
António Coradinho, Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Bahia, realiza o V Seminário de Oportunidades de Negócios Bahia/Portugal
a Bahia é o melhor local para investir no Brasil
António Coradinho é o presidente da Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia e
tem sido um dos grandes protagonistas do impulso nas relações empresariais entre
Portugal e aquele estado do nordeste brasileiro. As suas inúmeras visitas a Portugal
para promover as potencialidades da Bahia, além da sua permanente disponibilidade
para acolher e encaminhar os empresários portugueses no desbravamento do terreno
na Bahia, o colocam como uma personalidade incontornável no desenvolvimento das
relações económicas e empresariais entre os dois lados do Atlântico. O V Seminário
de Oportunidades de Negócios Bahia/Portugal, que reunirá empresários baianos e
portugueses no hotel Vila Galé Guarajuba entre os dias 18 e 20 de Outubro, será a
cereja em cima do bolo dessa atividade incessante em prol das relações entre a Bahia e
Portugal.TExTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
Durante três dias, algumas cen-
tenas de empresários baianos e
portugueses, além de diversas
autoridades institucionais da Bahia e de
Portugal, estarão reunidos no hotel Vila
Galé Guarajuba, para analisarem a evo-
lução das relações económicas e empre-
sariais entre a Bahia e Portugal, visando
encontrar plataformas concretas e viáveis
de expandir o comércio e incentivar o in-
vestimento.
Num momento em que a economia por-
tuguesa atravessa dificuldades evidentes,
a expansão internacional, seja por via do
aumento das exportações, seja por via do
investimento externo, assume uma im-
portância acrescida.
O Brasil em geral, e a Bahia em particular,
tem constituído nos últimos anos destino
privilegiado da aposta de muitas empre-
sas portuguesas. Não apenas de grandes
empresas portuguesas, mas igualmente
de empresas de médio e pequeno porte,
mas que encontraram no mercado baiano
condições privilegiadas para ali se insta-
larem e em vários casos para a partir da
Bahia atingirem depois outras zonas do
território brasileiro. Neste V Seminário de
Oportunidades de Negócios Bahia/Portu-
gal, organizado pela Câmara Portuguesa
de Comércio no Brasil – Bahia, e em que
a revista País €conómico é Media Par-
tner, estará uma significativa delegação
empresarial portuguesa, com destaque
para os empresários oriundos dos dis-
tritos de Santarém e de Castelo Branco,
cujas associações empresariais regionais,
Nersant e Nercab, respetivamente, se em-
penharam a fundo para estarem em força
em Guarajuba.
No Seminário merecerão destaque es-
pecial a análise ao potencial a Bahia em
setores como a agroindústria, a indústria,
a energia, os serviços, além de aspetos e
áreas mais específicas como as perspeti-
vas e potencial nos queijos, vinhos, sumos,
indústria naval, construção civil, metalo-
mecânica e o turismo. Neste caso, sabe a
País €conómico, a perspetiva de se re-
alizar um importante investimento portu-
guês na área da formação turística estará
em cima da mesa.
Depois do seminário, os participantes te-
rão a oportunidade de visitarem algumas
infraestruturas e polos industriais e da
agroindústria no território baiano. ‹
Outubro 2012 | País €conómico › 2726 › País €conómico | Outubro 2012
› DossiER BaHia-PoRTUGaL
James Correia, Secretário da Indústria, Comércio e Mineração do Governo do Estado da Bahia
Precisamos de mais negócios entre a Bahia e Portugal
Em visita realizada em Junho passado a Portugal, James Correia mostrou o forte
potencial do estado brasileiro da Bahia para os negócios, sejam na área do investimento,
seja no plano comercial. Agora, em entrevista exclusiva à País €conómico, o Secretário
da Indústria, Comércio e Mineração do Governo do Estado da Bahia, aponta os fatores
concretos que podem mobilizar os empresários a apostaram na maior economia do
nordeste brasileiro e na sexta mais importante do país. Com um tamanho superior ao da
França, a Bahia possui uma terra riquíssima e uma localização estratégica central nesse
país continente que é o Brasil.EnTREVisTa › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
O estado da Bahia é a principal economia do nordeste brasileiro e uma das principais do país. Como carateriza o potencial eco-nômico da Bahia?A Bahia é um estado competitivo, entre outros fatores, porque
possui uma localização estratégica entre as regiões Sul-Sudeste e
Norte-Nordeste do Brasil, esta última representando mercados em
franca expansão, principalmente de consumidores das classes C
e D. É um mercado com um potencial de consumo maior do que
muitos países europeus. A Ford tem na Bahia uma das fábricas
mais produtivas do grupo. A montadora e as grandes indústrias
instaladas no Estado não cansam de repetir: o trabalhador baia-
no é o que produz mais, com mais resultados e mais qualidade.
Uma grande empresa brasileira de cosméticos, O Boticário, por
exemplo, escolheu a Bahia para a sua segunda grande fábrica –
e a maior - por causa da excelente localização geográfica: meio
de caminho entre o Sudeste e o atrativo mercado do Nordeste.
A Avon, outra gigante do setor, também escolheu a Bahia para
instalar o seu grande centro distribuidor. Então, temos excelente
mão-de-obra, boa infra-estrutura, recursos naturais abundantes e
exuberantes e ótima qualidade de vida: todos os bons pré-requisi-
tos para quem quer investir.
O Brasil ainda possui alguns gargalos na sua infraestrutura, es-tando neste momento a desenvolver um conjunto de projetos no sentido de ultrapassar essas dificuldades. No domínio das infraestruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeropor-tuárias, quais são os principais projetos em desenvolvimento ou a desenvolver na Bahia? Como é que eles contribuirão para alavancar o desenvolvimento sócio-econômico do Estado?Temos dois grandes projetos estruturantes em curso: o Porto Sul
e a Ferrovia Oeste-Leste. São grandes complexos logístico-produ-
tivos no eixo Oeste-Sul da Bahia, com porto off shore, polo indus-
trial e a Ferrovia Oeste-Leste, integrando o Sudoeste da Bahia ao
Centro-Oeste brasileiro, regiões ricas em grãos e em minérios. Há
um grande pacote viário em execução, contemplando a BR-324
e os 125 Km do sistema BA-093, que atendem a um dos maiores
polos industriais do Brasil. Há investimentos na modernização de
portos, aeroportos, além da construção de novos portos privados.
Eles contribuirão decisivamente para tornar ainda mais arrojada
e pujante a economia da Bahia.
E quanto ao investimento privado, quais são os principais pro-jetos em curso?Até 2016, temos uma previsão de investimentos privados da or-
dem de R$ 90 bilhões. Destacaria investimentos de grandes corpo-
rações, como a Ford, BASF, JAC Motors, Mirabela, Grupo O Boticá-
rio, Pepsico, Saint Gobain, Alstom, Gamesa, Petrobras, Petrochina,
Foton, Kawasaki, IBM, Kirin, Semp Toshiba, Portugal Telecom,
Ambev, Coca-Cola, entre outros. Somente em investimentos em
mineração, a previsão até 2016 é de R$ 20 bi.
mercado em forte expansãoPara um investidor estrangeiro, quais são as principais condi-ções e incentivos para se instalar na Bahia?Temos boa mão-de-obra, que é facilmente capacitada, energia,
água abundante, infra-estrutura logística pronta, ou em ex-
pansão, e um mercado consumidor em franco crescimento. Na
questão dos incentivos, temos um programa estadual chamado
Desenvolve, que reduz bastante a carga de impostos e encargos
no processo de instalação física e montagem industrial. Temos
também terras abundantes e relativamente baratas que redu-
zem significativamente os aportes imediatos na implantação
do empreendimento. Mais informações podem ser obtidas no
site da nossa Secretaria: ww.sicm.ba.gov.br
Como avalia o investimento português na Bahia? Quais os seto-res da economia baiana serão os mais promissores para receber investimentos portugueses?Existem possibilidades em todos os setores: comércio, mineração,
metalurgia, petróleo e gás, automóveis, energia, química, turismo
e serviços. A Bahia será uma das cidades-sede da Copa do Mun-
do 2014 e vai necessitar de bons investimentos em setores que
lidam diretamente com o atendimento a turistas, como hospeda-
gem, alimentação, lazer e transportes. Quanto aos investimentos
portugueses, na nossa avaliação, eles são ainda muito tímidos.
Poderiam ser muito mais volumosos, porque temos aquilo que é
mais cobiçado por um investidor: mercado de consumo. Aliás, um
mercado ampliado pelas políticas públicas implementadas pelo
ex-presidente Lula e pela presidenta Dilma.
A Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia vai realizar um evento de negócios que pretende contribuir para incrementar as relações empresariais entre os dois lados do Atlântico. Como é que o Governo da Bahia perspetiva este encontro no âmbito do desenvolvimento econômico do Estado?Ampliar as oportunidades de negócios. Como na Carta de Cami-
nha a El-rei D. Manuel, continuamos ser a terra do “em se plantan-
do, tudo dá”. Temos uma relação histórica e de amizade. Falta-nos
uma maior relação de negócios, mais agressividade, para criarmos
o grande mercado comum português.
As empresas brasileiras estão cada vez mais internacionali-zadas. Enquanto Secretário da Indústria e Comércio considera existirem na Europa, a começar por Portugal, boas oportunida-des empresariais e comerciais que também devem ser aprovei-tadas pelas empresas brasileiras, e da Bahia em particular? Portugal é a nossa principal porta de entrada na União Europeia.
Pela nossa integração histórica, linguística e cultural, Portugal e
Brasil deveriam ser parceiros, de fato, na integração econômica.
Portugal tem a localização estratégica e tem o conhecimento; nós
temos um dos maiores mercados consumidores do mundo. Já na-
moramos, noivamos e casamos. Só nos falta agora deixar esta lua-
-de-mel duradoura e ter filhos, muitos filhos. ‹
Outubro 2012 | País €conómico › 2928 › País €conómico | Outubro 2012
› DossiER BaHia-PoRTUGaL
carlos costa visitou Porto de sinesCarlos Costa, secretário da Indústria Naval e Portuária do Estado da Bahia, visitou o Porto
de Sines, onde foi recebido pela presidente Lídia Sequeira e pelo administrador Duarte
Lynce de Faria. Na visita ao principal porto português de águas profundas, o responsável
baiano da área dos portos, mostrou particular interesse pela área da tecnologias de in-
formação empregues no Porto de Sines, com realce para a JUP – Janela Única Portuária.
Carlos Costa visitou igualmente o Centro de Sistemas e Helpdesk.
O secretário dos Portos da Bahia enquadrou esta visita na construção que decorre naquele
estado brasileiro de um porto de águas profundas, offshore, com caraterísticas similares
ao de Sines. O novo projeto brasileiro (Porto Sul), a instalar próxima da cidade de Ilhéus,
destinar-se-á principalmente à movimentação de Granéis Sólidos, nomeadamente grãos
(soja e milho), seguindo-se também a construção de um terminal de contentores. ‹
sata voa para salvadorDesde o passado dia 27 de Setembro que a com-
panhia aérea Sata, detida pelo Governo regional
dos Açores, passou a voar semanalmente de Lisboa
para Salvador, capital do estado da Bahia. A aero-
nave da Sata parte de Lisboa à quinta-feira e aterra
no mesmo dia na capital baiana, onde poucas ho-
ras depois volta a descolar para aterrar na capital
portuguesa ao início da manhã seguinte. Para além
do voo diário da TAP entre as duas cidades, agora
é acrescida a oportunidade de portugueses e brasi-
leiros aproveitarem a concorrência oferecida pela
Sata. ‹
Viv Brasil em Entre RiosLicínio Lima é o impulsionador do projeto da Viv Brasil, empresa que já con-
cluiu as adaptações necessárias num edifício cedido pela Prefeitura de Entre
Rios, localizada a 180 quilómetros de Salvador, no estado brasileiro da Bahia,
pelo que está pronto para dar início ao projeto industrial que o levou a voar de
Viana do Castelo para aquela zona do nordeste brasileiro.
O projeto inclui a produção para o mercado brasileiro de postes em fibra de
vidro, módulos solares fotovoltaicos, aquecedores solares e equipamentos para
iluminação pública. Segundo assegurou Licínio Lima à País €conómico, o
início da produção industrial daquele conjunto de equipamentos acontecerá até
ao final do presente ano.
Por outro lado, no passado mês de Agosto, Licínio Lima estabeleceu um acordo
com a CSC Engenharia, uma empresa baiana de construção civil, que adquiriu
uma participação de 50% da Viv Brasil. Aliás, segundo o empresário português,
à atividade normalmente desenvolvida pela CSC Engenharia, e contando com
o know how da portuguesa BMVIV, introduzirá também no seu portfólio de
atuação da empresa brasileira atividades ligadas à certificação energética de edi-
fícios, eficiência energética de edifícios, análise da qualidade do ar, inspeção e
limpeza de condutas de HVAC, execução de empreitadas de HVAC, energias
renováveis e eletricidade e telecomunicações. ‹
casa museu Jorge amado com projeto portuguêsO projeto de transformação da casa onde viveu o
escritor Jorge Amado com a família em museu, terá
a assinatura do arquiteto português Miguel Cor-
reia. Autor de projetos em várias partes do mun-
do, o arquiteto luso esteve em Salvador e visitou
a designada Casa do Rio Vermelho, onde viveu o
famoso escritor brasileiro, e apresentou um proje-
to às autoridades municipais e estaduais da Bahia
para transformar a casa num museu com o acervo
global da obra do escritor que viveu várias décadas
em Salvador. ‹
Outubro 2012 | País €conómico › 3130 › País €conómico | Outubro 2012
Grupo Vila Galé conta com quase 700 quartos na Bahia em duas unidades de cinco estrelas
na Bahia para ficarAinda na primeira metade da década passada, o grupo hoteleiro português Vila Galé
decidiu investir no estado da Bahia e foi aqui que erigiu a segunda e terceira unidades
hoteleiras no Brasil. A primeira foi o Vila Galé Salvador, e depois o Vila Galé Guarajuba,
um resort de elevada categoria e que tem merecido muitos elogios de turistas e
publicações especializadas do trade turístico brasileiro e internacional. Na Bahia, o grupo
liderado por Jorge Rebelo de Almeida possui quase 700 quartos, distribuídos pelos 447
da unidade de Guarajuba e os 224 da unidade de Salvador. Ambos os hotéis possuem a
categoria de cinco estrelas.TExTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › CEDIDAS PELA VILA GALé
o primeiro hotel do grupo português na Bahia foi o Vila
Galé Salvador, localizado em cima da Praia de Ondina, na
cidade de São Salvador, a capital da Bahia. Com facilida-
de de acesso tanto ao aeroporto internacional Luís Eduardo Ma-
galhães como ao centro da cidade, o hotel é considerado um dos
melhores da capital baiana e proporciona todas as condições para
usufruto de lazer assim como para a realização de reuniões ou de
convenções. Destaque igualmente para a gastronomia que poderá
degustar no restaurante Versátil, onde além da famosa gastrono-
mia baiana poderá também usufruir de gastronomia portuguesa,
incluindo os vinhos que o próprio grupo Vila Galé produz na sua
propriedade em Portugal, ao sul da cidade de Beja.
A 42 quilómetros de Salvador, junto à famosa praia de Guaraju-
ba, está localizado o Hotel Vila Galé Guarajuba, que mais do que
um hotel é um autêntico resort turístico, pois enquadra-se numa
paisagem natural luxuriante e de grande beleza natural, o que
também foi refletido na própria construção da unidade hoteleira,
tendo sido privilegiado a utilização de materiais naturais na sua
construção.
O Vila Galé Marés possui 447 unidades de alojamento, das quais
74 se situam em chalés. A unidade possui uma piscina de enor-
mes dimensões, além de um centro náutico e de mergulho. Desta-
que igualmente para o SPA Satsanga, um dos de maior dimensão
e diversidade do grupo no Brasil. De referir ainda que pelo Vila
Galé Gaurajuba tem passado alguns dos maiores eventos reali-
zados no estado da Bahia, sinónimo do reconhecimento da sua
qualidade e ampla capacidade para receber eventos de grande di-
mensão, como será agora o caso do V Seminário Oportunidades
de Negócios Bahia/Portugal, que se realizará entre os dias 18 e 20
de Outubro. ‹
Durante a crise, as empresas estão mais propensas à cooperar e buscar novas alternativas ao crescimen-to. A concorrência acirrada por um mercado consu-
midor que diminui rapidamente, limita a receita e pressio-na as margens dos negócios, empurrando as empresas para a busca por mercados que crescem.A crise econômica europeia emerge enormes desafios para as empresas portuguesas, mas também abre uma janela de oportunidades para aquelas que possuem o ímpeto e o co-nhecimento necessário para explorá-las. Países como o Bra-sil, que possui uma classe média em rápida ascensão, ávida por consumir bens de maior valor agregado, com acesso à crédito de longo prazo, podem ser uma ótima alternativa para a diversificação e a inserção em novos mercados.No Brasil, a Bahia é um dos estados com maior crescimento da renda média e da taxa de consumo e apresenta gran-des oportunidades de investimento em diversos segmentos industriais. Para o empresário português, a língua comum pode ser um facilitador, mas é fundamental que tenha o apoio de estruturas locais para melhor conhecer o ambien-te de negócios e criar uma interlocução mais produtiva com os empresários da região e o governo estadual.A FIEB - Federação das Indústrias do Estado da Bahia é a entidade privada que representa a indústria baiana. Con-grega 40 sindicatos patronais de diferentes segmentos in-dustriais que são responsáveis por 90% da transformação industrial do estado e 85% do valor exportado.Através do seu Centro Internacional de Negócios (CIN), re-cebe o empresário industrial que deseja investir na Bahia, compartilhando informações sobre os diferentes segmen-tos industriais do estado, o ambiente de negócios e acesso ao financiamento da atividade produtiva. Ao entender o perfil e as necessidades do empresário português, o CIN--FIEB poderá buscar empresas interessadas em parcerias e acordos de cooperação, indicar serviços de apoio à ativi-dade industrial prestados pelo Sistema FIEB, como forma-ção de mão de obra, qualificação de fornecedores locais,
adequação à legislação federal e estadual, meio-ambiente e muitos outros.As pequenas e médias empresas industriais portuguesas possuem know-how em processos e produtos, tecnologia e máquinas e equipamentos de ponta com baixo índice de utilização que podem ser ativos relevantes para o estabe-lecimento de parcerias com indústrias locais. Da mesma forma, o conhecimento do mercado, dos canais de distribui-ção e a carteira de clientes das empresas baianas são ativos complementares importantes para redução dos riscos de entrada e o sucesso do negócio.Em recente viagem a Portugal, a FIEB, em missão promo-vida pelo Governo da Bahia, visitou alguns núcleos empre-sariais e teve contato direto com dezenas de pequenas e médias empresas portuguesas de diferentes segmentos industriais. Foi possível apresentar em detalhes as oportu-nidades de investimento no estado, esclarecer as dúvidas e discutir as dificuldades das empresas em realizá-lo.Nos dias 18, 19 e 20 de outubro a Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Bahia, com o apoio do Governo do Estado e da FIEB, promove um encontro entre empresários portugueses e brasileiros com o objetivo de promover ne-gócios e facilitar investimentos. O encontro será composto por workshops setoriais, rodadas de negócio e visitas técni-cas à empresas locais.Estreitar os laços e compreender o mercado e as necessi-dades de potenciais parceiras é o primeiro passo para o estabelecimento de alianças duradouras e lucrativas para ambas as partes. O Centro Internacional de Negócios da FIEB tem por objetivo apoiar as empresas e empresários que desejam investir na Bahia nessa tarefa.
Centro Internacional de Negócios, FIEBTelefone: +55 71 3343-1327 / 59e-mail: [email protected]
Grandes oportunidades surgem em tempos de crise
João maRcELo aLVEsSuperintendente de Desenvolvimento Industrial, FIEB
Outubro 2012 | País €conómico › 3332 › País €conómico | Outubro 2012
› DossiER BaHia-PoRTUGaL
martifer cobre Fonte novaA construtora portuguesa Martifer está a construir a cobertura metálica do estádio
Fonte Nova, em Salvador da Bahia, um dos estádios selecionados para a Copa das
Confederações em 2013 e da Copa do Mundo em 2014. O Fonte Nova é um dos
três estádios brasileiros que a empresa portuguesa foi selecionada para colocar
as estruturas metálicas superiores, sendo os restantes dois recintos o Castelão em
Fortaleza e a Grémio Arena em Porto Alegre.
Por outro lado, a Martifer ganhou também um projeto de 40,4 milhões de reais
(cerca de 16 milhões de euros) para a construção de uma siderurgia da empresa
GV no município de Pindamonhangaba, estado de São Paulo. O projeto será ini-
ciado ainda este ano e será inaugurado em 2013. Os vários projetos da empresa
no Brasil ascendem a um total de 178 milhões de reais (cerca de 71,2 milhões de
euros). ‹
Tivoli cresce na BahiaRepresentando um investimento de cerca
de 30 milhões de euros, a cadeia hoteleira
portuguesa Tivoli Hotels & Resorts finalizou
em Setembro a construção do seu primeiro
condomínio de luxo na Bahia, o Tivoli Eco-
residences Praia do Forte, que possui 42 uni-
dades residenciais. O condomínio, segundo
declarações de João Eça Pinheiro, diretor de
operações do grupo, ao jornal Brasil Econô-
mico, cerca de 70% das unidades já estão
vendidas, na maioria por hóspedes frequen-
tes do Ecoresort Praia do Forte, que o grupo
possui em terreno contíguo. De referir que o
resort do grupo na Praia do Forte, já foi esco-
lhido entre os três estabelecimentos que irão
receber seleções no Campeonato do Mundo
de Futebol em 2014.
De destacar que a Tivoli Hotels & Resorts
já possui a aprovação para a construção de
uma unidade hoteleira em Salvador, o Ho-
tel Sotero, no Stiep, e que será voltado para
negócios e turismo. O investimento nesta
futura unidade ascenderá a seis milhões e
euros. ‹
Lena cresce no BrasilOs negócios do Grupo Lena estão em cres-
cimento na América do Sul, com realce
para o Brasil e Venezuela. No primeiro
semestre do presente ano, o grupo portu-
guês registou uma faturação superior a 63
milhões de euros na região sul-americana,
destacando-se obras de grande importân-
cia na Venezuela e no estado brasileiro da
Bahia.
O Grupo Lena atingiu também uma forte
expressão em África, onde se destacaram
a obra de construção de 225 quilómetros
de estrada entre Lucusse e Moxico, em
Angola. De referir que no primeiro se-
mestre de 2012, o Grupo Lena atingiu um
volume de negócios próximo dos 300 mi-
lhões de euros e um resultado líquido de
8,5 milhões de euros. ‹
nanium investirá 40 milhões de euros em minas GeraisA Nanium, fabricante português de semicondutores e fornecedora de
serviços de desenvolvimento, testes e engenharia, vai ser a unidade
âncora do Parque Tecnológico da cidade de Juiz de Fora, no estado
brasileiro de Minas Gerais. O projeto do parque tecnológico foi desen-
volvido pela Universidade Federal de Juiz de Fora, num protocolo de
intenções assinado em Belo Horizonte, e que prevê um investimento
de cerca de 40 milhões de euros e a criação de 140 empregos.
Segundo Paulo Nepomuceno, secretário do Desenvolvimento Tecno-
lógico da UFJF, a vinda da empresa portuguesa, coloca a cidade como
pioneira no setor de tecnologia de semicondutores, visto que «além
da linha de montagem de equipamentos, a empresa irá trazer a enge-
nharia, pelo que será uma oportunidade de transferência de conheci-
mentos de uma área que ainda é pouco explorada no país». Já para
André Zuchi, secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimen-
to, «a chegada da Nanium pode ser comparada à vinda da Mercedes
em 1993». ‹
sorvetes Rochinha quer entrar em PortugalA Sorvetes Rochinha, empresa brasileira do estado de São Paulo, pretende expor-
tar os seus produtos para a Europa e está estudando o mercado português como
porta de entrada no velho continente. A empresa acabou de construir novas ins-
talações na cidade de São José dos Campos, onde investiu cerca de 3,2 milhões de
euros em infraestrutura e novos equipamentos industriais. Segundo um comu-
nicado da empresa, “estamos trabalhando a entrada do produto em mais lugares
no Rio de Janeiro e já estudámos a exportação para países como Portugal, Estados
Unidos e Emirados Árabes Unidos”. ‹
Lisbon mBaOs alunos do Lisbon MBA, uma parceria das faculdades de economia da Universidade Nova de Lisboa e da Uni-
versidade Católica de Lisboa, estão a desenvolver laboratórios internacionais com o Brasil e a China, visto que no
caso particular do Brasil, estima-se a necessidade de novos oito milhões de profissionais qualificados, pelo que as
oportunidades são evidentes. Os laboratórios internacionais constituem uma iniciativa do Lisbon MVA e que per-
mite durante dois meses, que os alunos trabalhem como consultores de um projeto no brasil ou na China de forma
a resolver problemas reais apresentados por empresas. Por exemplo, recentemente, um grupo de trabalho preparou
para a EDP brasil “estratégias de introdução de novos produtos da EDP que não estão presentes no Brasil”. ‹
Embraer inaugurou fábricas em ÉvoraA Embraer, terceiro maior fabricante de
aviões do mundo, inaugurou no passado
dia 21 de Setembro, duas fábricas na ci-
dade de Évora, um investimento de 177
milhões de euros e que emprega 600 pes-
soas diretamente e gerará também cerca
de 1.400 empregos indiretos.
As duas unidades inauguradas pelo pre-
sidente português Cavaco Silva fabricarão
componentes para os aviões executivos
Legacy. Uma das fábricas agora inaugura-
das vai fabricar estruturas metálicas (par-
tes das asas), enquanto a outra unidade
de Évora produzirá materiais compósitos
(componentes para caudas).
Segundo palavras de Frederico Fleury
Curado, presidente da Embraer, este in-
vestimento constitui um «passo para a
melhoria da produtividade e da competi-
tividade da Embraer».
Recorde-se que a presença da Embraer em
Portugal já acontecia através da participa-
ção que a empresa brasileira dispõe na
Ogma, em Alverca. De referir ainda que a
Embraer Defesa e Segurança, a Ogma e a
EEA – Empresa de Engenharia Aeronáuti-
ca assinaram contratos de parceria para o
programa KC-390, que no acordo estabele-
cido em Dezembro do ano passado, Portu-
gal desenvolverá o projeto de engenharia
de componentes do jacto e reabastecedor
militar KC-390, que serão fabricados na
Ogma. ‹
Outubro 2012 | País €conómico › 3534 › País €conómico | Outubro 2012
› EmPREsaRiaDo
Álvaro Castro, Administrador da Jayme da Costa
«mercado Externo é para nós uma prioridade»
Sem esconder que uma empresa como a Jayme da Costa não pode deixar de estar
muito atenta às potencialidades e oportunidades proporcionadas pelo mercado interno,
Álvaro Castro, Administrador desta empresa com sede em Grijó/V.N. Gaia fez questão
de sublinhar, em entrevista que concedeu à País €conómico, que o mercado externo
é nesta altura uma das principais prioridades da Jayme da Costa, que ao longo dos seus
96 anos de vida sempre procurou desenvolver a sua atividade de forma sustentada,
adaptando medidas que visaram o equilíbrio entre aspectos económicos, ambientais e
sociais.TExTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
a Jayme da Costa tem um percur-
so quase centenário, uma his-
tória que na opinião de Álvaro
Castro passou por várias etapas, umas
mais positivas, e outras de maiores dificul-
dades. Todas estas etapas enriqueceram o
património intangível da empresa.
Mas qual foi o segredo para a Jayme da
Costa conseguir perdurar tantos anos nas
áreas onde opera, com a mesma vitalidade
que exibe nos tempos de hoje?
Álvaro Castro não hesitou na resposta.
«Acima de tudo quero recordar o empe-
nho, dedicação e capacidade dos acionis-
tas, das equipas de gestores e do conjunto
dos colaboradores que deram o seu con-
tributo valioso à Jayme da Costa nestes úl-
timos vinte e cinco anos, e recordar tam-
bém os acionistas anteriores, as famílias
fundadoras da empresa e que também
foram decisivos para que ela se manti-
vesse sempre viva e ativa no decorrer de
todos este processo e construíram um pa-
trimónio de saberes e competências que
hoje conferem um aspecto diferenciador
da empresa no mercado. Foi necessário
muito trabalho, muita honestidade e mui-
ta dedicação da parte das muitas pessoas
que ao longo destes 96 anos deram o seu
contributo à Jayme da Costa», recordou
Álvaro Castro que aproveitaria o ensejo
para deixar bem claro que as «Pessoas
continuam a ser o ativo mais importan-
te da Jayme da Costa». A Jayme da Costa
estende a sua atividade a áreas como a
Energia e Instalações Elétricas, chamando
a si a conceção do projeto, o design, a mon-
tagem de instalações elétricas, nomeada-
mente centrais hidroéletricas, cogeração,
parques eólicos, subestações, postos de
transformação e instalações industriais, a
Aparelhagem e Equipamentos, com a con-
cepção e fabrico de aparelhagem ligeira
para as redes de distribuição eléctrica, as
Infraestruturas Gerais onde pode realizar
redes de águas, saneamento, telecomuni-
cações, gás e electricidade. É uma vastís-
sima área de atuação que faz da Jayme da
Costa uma das mais referenciadas empre-
sas do seu género a operarem em Portugal
e, seguramente, a mais antiga.
Como está a Jayme da Costa a conviver
com os efeitos negativos da crise econó-
mica e social que afeta Portugal? Antes
de responder a esta questão, Álvaro Cas-
tro lembrou que na anterior intervenção
do Fundo Monetário Internacional (FMI)
em Portugal, isto há 28 anos atrás, o nosso
país não estava na União Europeia, o co-
mércio internacional era muito mais limi-
tado, tínhamos uma moeda que podíamos
baixar ou aumentar, e também tínhamos
outros instrumentos que possibilitavam
que os governos em termos de política
económica respondessem aos choques
negativos de outras formas e, provavel-
mente, exigiam menos dos agentes econó-
micos e das empresas. «Há duas décadas
a esta parte que sentimos que Portugal é
um mercado pequeno para a Jayme da
Costa. Em termos demográfico, a popu-
lação portuguesa pouco ou nada cresce,
e sendo a Jayme da Costa uma empresa
que opera essencialmente em áreas como
a Eletricidade e as Instalações Elétricas,
onde se constata que as redes estão con-
cluídas havendo apenas algum trabalho
ao nível da manutenção dessas mesmas
redes, as hipóteses de voltarmos a crescer
como crescemos nos anos 60 e 70 são es-
cassas ou praticamente nulas. E perante
um cenário como este, resolvemos iniciar
o nosso processo de internacionalização»,
esclareceu o jovem administrador da Jay-
me da Costa. Já tínhamos iniciado o pro-
cesso de internacionalização antes da cri-
se de 2008 eclodir, mas a opção estratégica
de continuarmos a crescer e tirar partido
do património intangível construído ao
longo de tantas décadas e a contração do
mercado interno acelerou este caminho.
Enveredar a tempo pela internacionalizaçãoQuando a Jayme da Costa resolveu dar os
primeiros passos na internacionalização
as atenções concentraram-se nos Palop€s.
«Em termos técnicos, os produtos que a
Jayme da Costa punha então à disposição
Outubro 2012 | País €conómico › 3736 › País €conómico | Outubro 2012
dos Palop€s, nomeadamente para as redes
de distribuição elétrica, eram os mais ade-
quados, mas não esquecemos que alguns
destes países passaram por fases bastante
conturbadas e tinham estruturas e enqua-
dramentos institucionais bastante débeis,
que felizmente têm vindo a evoluir de
forma bastante rápida. Aliás, a Jayme da
Costa já havia iniciado este processo há
uns anos atrás, o primeiro país em que
estivemos presentes de uma forma direta
foi Cabo Verde através da MCV – Marpe
Cabo Verde, SA, que desenvolve neste
país as atividades do Grupo Jayme da Cos-
ta, nomeadamente em trabalhos de infra-
estruturas e construção civil, e que acaba-
ria por ser um desafio que nos foi lançado
por uma empresa portuguesa. Estávamos
em 2005. Fizémos ali um primeiro proje-
to que correu muito bem, essencialmen-
te na área imobiliária e turística. A MCV
desenvolveu naquele território trabalhos
de relevo para projetos imobiliários e tu-
rísticos».
Uma breve pausa, e Álvaro Castro desen-
volve o seu raciocínio. «Cabo Verde era
um mercado muito procurado, inclusiva-
mente por investidores europeus que que-
riam comprar património neste país, con-
cretizar investimentos e fazer aplicação
de poupanças, ou para usufruírem desse
património, nomeadamente vivendas e
apartamentos. Com a crise de 2008 todo
este cenário mudou e esse investimento
em Cabo Verde abrandou de forma con-
siderável. Em 2007 a nossa empresa em
Cabo Verde faturava 5 milhões de euros, e
agora esse valor anda por pelos 2 milhões
de euros. Apesar de ser um mercado pe-
queno, continuamos a estar presentes em
Cabo Verde», sublinhou Álvaro Castro.
saber ganhar o desafio das renováveisEm 1989 a Jayme da Costa decidiu apos-
tar num segmento de mercado das ener-
gias renováveis, na altura constituído
pelas mini-hídricas e pelas cogerações,
e mais tarde pelas eólicas, fotovoltaicas,
biomassa e biogás. «Hoje em dia a Jay-
me da Costa tem elevadas competências
nestes mercados, estando apta para tra-
balha nas diversas fases do projeto, desde
a conceção até à operação e manutenção
destas infraestruturas», chamou a aten-
ção Álvaro Castro, para logo de seguida
acrescentar que nesta altura a Jayme da
Costa é «um dos maiores instaladores em
Portugal deste tipo de instalações», real-
çando também o facto da Jayme da Costa
ter participado naquele que é, talvez, o
maior projeto levado a cabo em Portugal
na área das renováveis. «Estamos a falar
do ENEOP – Energias Eólicas de Portugal,
destacou o administrador da Jayme da
Costa, para dizer também que a partir de
2004 ou 2005 esta área foi encarada pelo
Jayme da Costa como uma oportunidade.
«Foi uma oportunidade para começarmos
nesta área a olhar para fora de Portugal,
essencialmente para países europeus. Ha-
viam muitos investidores que vinham a
Portugal fazer esse tipo de contrato eólico,
e que eram investidores que também es-
tavam presentes noutras geografias, nou-
tros países. O primeiro passo da Jayme da
Costa foi Espanha, começámos a trabalhar
neste país vizinho em 2004 através da Jay-
me da Costa – Espanha), e mais tarde, em
2006, com a Jayme da Costa Energie, em
Paris (França). Hoje em dia nesta área de
atividade temos um leque muito alargado
de clientes, portugueses mas sobretudo
investidores internacionais», referiu Álva-
ro Castro, que ainda a este propósito fez
questão de sublinhar que tudo isto foi um
desafio para a Jayme da Costa. «Já tínha-
mos um grande know-how técnico, agora o
grande desafio colocou-se ao nível logísti-
co. Mas vencemos mais este desafio e hoje
podemos afirmar que temos capacidade
para desenvolver este tipo de projetos em
qualquer ponto do Mundo», garantiu Ál-
varo Castro.
Europa, américa Latina e áfricaAinda ao nível da internacionalização,
que como já foi dito aqui é uma das
grandes prioridades da Jayme da Costa,
esta empresa de Grijó/Vila Nova de Gaia
já iniciou os primeiros investimentos na
área das energias renováveis na Améri-
ca Latina, onde o Uruguay constituirá a
porta de entrada. Foi constituída uma fi-
lial no Uruguay, mais concretamente em
Montevideu. «É um país pequeno como
Portugal, mas é o tipo de país que nós
procurávamos para nos lançarmos nesta
parte do Globo. Para já no Uruguai vamos
construir um parque eólico, mas estare-
mos atentos a outras oportunidades que
possam surgir», frisou o nosso entrevista-
do, lembrando-nos que em termos de in-
ternacionalização a Jayme da Costa tam-
bém está em Moçambique, e em Angola
onde tem concretizado vários contratos
na área do equipamento elétrico e instala-
ções eléctricas. «Posso-lhe dizer que desde
2009 já faturámos em Angola qualquer
coisa como 16 milhões de euros. Mas em
Angola temos encontrado uma dificulda-
de que se prende com questões relaciona-
das com liquidez da economia. Todavia,
não deixo de reconhecer que estamos na
presença de uma economia em franco de-
senvolvimento e muito prometedora. Mas
nós em Angola gostaríamos de poder ter
mais apoio por parte do Estado », desejou
Álvaro Castro. Em Moçambique existem
muitas oportunidades de negócio. A Jay-
me da Costa constituiu já uma filial em
Maputo e está muito atenta às oportuni-
dades que irão surgir. Para já temos uma
carteira de encomendas que nos permiti-
rá crescer em 2013. Na Europa, especial-
mente em França, o volume de negócios
supera os 45 milhões de euros e com
perspetivas para crescer através de outros
países. Ganhamos a primeira encomenda
na Roménia. «Estaremos sempre atentos
às oportunidades que nos surgirem, já
que a Jayme da Costa é uma empresa que
está hoje apta a operar em qualquer parte
do Mundo», conclui o administrador des-
ta empresa do Norte. Em 2011 o volume
de negócios consolidado ascendeu a 91
milhões de euros, sendo que mais de dois
terços foram realizados fora do território
nacional. «Não há muitas empresas por-
tuguesas nesta situação, com este perfil
e com as perspetivas de crescimento nos
mercados internacionais que temos» afir-
mou Álvaro Castro, que em 1995 obteve a
certificação no âmbito da ISO 9002, tendo
sido a primeira empresa do seu género a
obter esta certificação, e que três anos de-
pois, em 1998, conquistou a ISO 9001 e
a certificação ambiental ISO 14001. Hoje
este conjunto de certificações foi estendi-
do a todas as empresas do Grupo, mesmo
as que operam fora do país. ‹
› EmPREsaRiaDo
Outubro 2012 | País €conómico › 3938 › País €conómico | Outubro 2012
› amBiEnTE
José Gonçalves, Presidente dos SMAS de Almada, destaca política de inovação e modernização
«atingimos o limiar da Excelência»
O presidente dos SMAS de Almada não tem dúvidas que a sua empresa atingiu o limiar
da Excelência. Em entrevista concedida à revista País €conómico dias antes de
assinalarmos o “Dia Nacional da Água”, José Gonçalves fez questão de sublinhar que
estes bons resultados são fruto da cultura de inovação e modernização implementada
ao longo dos 61 anos de vida dos SMAS de Almada. «Nós consideramos que atingimos
esse grau. Somos uma entidade com resultados que nos orgulham, que para além das
avaliações que são conhecidas é reconhecida desde logo por quem mais nos interessa:
os nossos consumidores, que têm demonstrado reconhecerem o nosso esforço, o nosso
trabalho, a nossa dedicação e a nossa capacidade», sublinhou José Gonçalves que
em reforço das suas palavras lembrou ainda que recentemente os SMAS de Almada
receberam mais um indicador importante, que foi o índice de satisfação dos seus
clientes, que atribuíram a esta entidade uma classificação elevada. «Pelo segundo ano
consecutivo, os resultados do ECSI Portugal revelam que os SMAS de Almada ocupam a
segunda melhor posição entre os Serviços Municipalizados do país e o quarto lugar no
ranking das entidades estudadas», sublinhou o presidente dos SMAS de Almada.
TExTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
com o ciclo urbano da água a 100%,
com as conformidades da quali-
dade da água a atingirem neste
momento índices superiores a 99%, com
o grau de satisfação dos clientes com ín-
dices elevados e a juntar a tudo isto os
valores significativos que atingimos no
que respeita à drenagem e tratamento de
águas residuais, José Gonçalves tem ra-
zões de sobra para se sentir satisfeito com
o percurso dos SMAS de Almada, entida-
de que em Janeiro passado comemorou 61
anos de vida.
«Temos feito um percurso de planea-
mento e de ascendência que permitiu o
desenvolvimento dos Serviços Municipa-
lizados, assumindo numa primeira fase
que o importante era a infra-estruturação:
levar a água e o saneamento às casas dos
nossos consumidores. Esse nível foi atin-
gido e neste momento a nossa prioridade
é sermos mais eficientes, mais responsá-
veis do ponto de vista ambiental, conse-
guirmos desenvolver a nossa atividade
com menos impacto ambiental, e isso
tem sido conseguido através de medidas
inovadoras e da obtenção e utilização de
novas tecnologias. Para desenvolvermos
esta tarefa cabalmente, estamos constan-
temente a verificar o que de melhor existe
no mercado mundial, mantendo por ou-
tro lado uma relação intensa com univer-
sidades e centros de pesquisa portugueses
e estrangeiros. Muitos dos nossos técnicos
são membros de comissões especializa-
das, como é o caso da Associação Portu-
guesa de Distribuição e Drenagem de
Águas (APDA), trabalhamos também com
a Entidade Reguladora de Águas e Resí-
duos (ERSAR), procuramos também por
esta via trazer para a nossa Organização
os conhecimentos mais atualizados que
sobre estas matérias existem. Os próprios
SMAS internamente desenvolvem uma
cultura de inovação e de modernização. Se
estivermos atentos verificaremos que to-
dos os meses, os SMAS de Almada acres-
centam alguma coisa na forma de fazer
diferente. Fomos a primeira entidade a
aprovar um plano de segurança da água e
possuímos neste momento uma viatura li-
geira ao serviço do Piquete de Água, com-
pletamente mecanizada e equipada com
todos os meios necessários a uma rápida
resposta às ocorrências, nomeadamente
na reparação de roturas de água. Estes são
exemplos de modernização que partem
dos nossos técnicos e que são fruto do co-
nhecimento que eles vão adquirindo. Há
meses foi também apresentado um robot
de vídeo-vigilância que permite verificar
o interior das redes a intervir (coletores e
condutas) e, assim, determinar com exati-
dão o local onde essa intervenção deverá
ser feita», esclareceu, orgulhoso, José Gon-
çalves, presidente dos SMAS de Almada.
Outubro 2012 | País €conómico › 4140 › País €conómico | Outubro 2012
ETaR da quinta da Bomba é um investimento de 11 milhões de eurosÉ verdade que 2010, 2011 e 2012 têm sido
anos de crise em Portugal e na Europa,
a aconselhar um abrandamento de in-
vestimento por parte das empresas. Mas
curiosamente os SMAS de Almada neste
capítulo parecem viver em contraciclo.
Enquanto outras entidades optam por
não investir ou investir menos, os SMAS
de Almada continuam a realizar os seus
investimentos e alguns deles de muito
significado.
Um exemplo desta nossa afirmação está
bem patente no orçamento dos SMAS
para 2012. Foi aprovado um orçamento de
33,3 milhões de euros, e desse valor, 14,9
milhões de euros destinam-se a investi-
mentos na renovação de redes de água e
saneamento.
Colocada a questão, José Gonçalves foi
uma vez mais incisivo na sua resposta.
«O investimento nos SMAS de Almada
tem sido permanente. Coincidiu nestas
circunstâncias que tivéssemos aqui pro-
gramado um conjunto de intervenções,
nomeadamente ao nível da renovação
das ETAR, intervenções que neste mo-
mento estão em curso, e que considero
muito positivas. É preciso dar trabalho às
empresas, ajudá-las, e entidades como a
nossa têm neste capítulo um papel deter-
minante a desempenhar. Se deixarmos de
investir ficaremos todos mais pobres. Ao
investir e manter obras de grande signifi-
cado, os SMAS de Almada estão a dar um
contributo ao Concelho, à região e ao País
por exemplo, a obra da ETAR da Quinta
da Bomba é nos dias de hoje a maior obra
em desenvolvimento na região, repre-
senta um investimento de 11 milhões de
euros e deverá ficar concluída em Março
de 2014. Esta é, a meu ver, a grande obra
deste meu mandato», enfatizou José Gon-
çalves.
«Entre as obras que os SMAS de Almada
têm neste momento em curso, a interven-
ção da ETAR Quinta da Bomba é aquela
que tem maior significado. É uma ETAR
que irá beneficiar cerca de 140 mil pesso-
as, populações dos municípios de Almada
e do Seixal», salientou José Gonçalves.
a prioridade é a renovação das redesPara algumas entidades como os SMAS
de Almada a prioridade deixou de ser a
expansão e passou a ser a requalificação
das redes. Que pensa o presidente José
Gonçalves sobre esta matéria?!
«Temos mais de 2 mil quilómetros de rede
de abastecimento de água, drenagem de
águas residuais e pluviais. Somos uma en-
tidade gestora de todo o ciclo urbano da
água, o que significa que temos a Alta e
a Baixa na Água e no Saneamento, e te-
mos ainda as Águas Pluviais. Deste modo
a nossa prioridade já não é a expansão da
rede, mas sim a sua requalificação. Nes-
se ponto de vista, temos atualmente em
desenvolvimento um projeto inovador
de gestão de rede, que é partilhado por
entidades nacionais que estão a trabalhar
com o LNEG e com a ERSAR e, portanto,
a grande prioridade dos SMAS de Alma-
da para os próximos anos vai ser essa. O
objetivo é não deixar atingir a degradação
das redes de água e de saneamento, pon-
do em causa a permanência no abasteci-
mento. Isso significa que nós temos de
conhecer muito bem a rede, temos de sa-
ber, em cada ano, quais são as áreas onde
vamos intervir e renovar e temos de ter
também técnicas adaptadas para essa in-
tervenção», disse o presidente dos SMAS
de Almada, para lembrar, a propósito, que
80 e 90 foram os anos grandes da infra-
-estruturação.
smas ajudam mais de 500 famílias carenciadasPortugal está a viver uma das suas maio-
res crises económicas e sociais. E uma
entidade como os SMAS de Almada, habi-
tualmente atenta a estes fenómenos, deci-
diu reagir da melhor forma para ajudar as
famílias mais carenciadas.
Há nove meses a esta parte – sensivel-
mente – os SMAS de Almada puseram
em marcha um plano de apoio a essas fa-
mílias que permitiu às mesmas o acesso
gratuito a 5 metros cúbicos de água por
mês. «Esse plano está em curso, começou
em Janeiro de 2012 e está a correr mui-
to bem. Estamos a implementar o nosso
› amBiEnTE
Outubro 2012 | País €conómico › 4342 › País €conómico | Outubro 2012
novo Regulamento que consagra essa
medida, enviámos a todos os nossos 107
mil consumidores um folheto indicando
as condições de apoio às famílias carencia-
das e isso fez com que crescesse o número
de pessoas a solicitarem este apoio. E ain-
da bem, porque significa que estamos a
cumprir o nosso objetivo. Quem demons-
trar que tem dificuldades (e sabemos que
muitas são as famílias que estão nesta si-
tuação) os SMAS de Almada asseguram 5
metros cúbicos de água totalmente gratui-
tos, que são considerados necessários para
uma família se abastecer condignamente
de água. Para ter acesso a esta medida, o
utilizador tem que contactar os nossos
Serviços, justificar que tem um agregado
familiar e que o seu rendimento é insu-
ficiente.
Neste momento teremos mais de 500 fa-
mílias a beneficiarem desta medida, mas a
tendência (perante a crise) é para que esse
número aumente consideravelmente»,
esclareceu José Gonçalves, que diz ter, há
muito, encontrado motivação para levar
por diante o seu projeto.
«Essa motivação é-nos transmitida desde
logo pela relação que temos com os nos-
sos munícipes. Somos eleitos do Poder
Local e naturalmente temos uma relação
fortíssima com a nossa Comunidade. E de-
pois essa motivação tem muito a ver com
os resultados que vamos conseguindo. E
é evidente que neste caso é muito gratifi-
cante ver que a nossa empresa consegue
prestar um serviço de grande qualidade
e que os nossos munícipes reconhecem
isso», justificou o presidente dos SMAS
de Almada, que não vê interesse que a sua
empresa siga a via da internacionalização.
orgulho nos seus trabalhadoresOs SMAS de Almada possuem cerca de
500 trabalhadores e isso também dá um
alento muito especial ao nosso entrevis-
tado. «Gostava de realçar que somos uma
empresa com um grande conhecimento.
Temos um know-how muito significativo,
concebido nesta escola, uma escola de for-
mação permanente. Aliás, os nossos traba-
lhadores que têm participado nas provas
de perícia dos Encontros Nacionais de En-
tidades Gestoras de Água e Saneamento –
ENEG, obtiveram o primeiro e o terceiro
lugares há quatro anos, e o ano passado
em Santarém obtiveram o segundo e o
quarto lugar. Isto para mim é mais um
estímulo, significa que sabemos fazer»,
respondeu com satisfação o presidente
dos SMAS de Almada.
Dia nacional da águaA entrevista a José Gonçalves estava a
chegar ao fim, mas ainda com tempo para
obtermos do presidente dos SMAS de Al-
mada uma mensagem alusiva ao Dia Na-
cional da Água. «Aproveito para assinalar
esta data e pedir que usem bem a água de
Almada, que é de excelente qualidade, e
lembrar que os SMAS de Almada saberão
assegurar sempre este bem precioso e que
desenvolverão todas as suas competências
no sentido de garantirem a permanência
do abastecimento e qualidade deste bem. E
esperamos ainda que os Almadenses dêem
como retorno um bom uso desta água, des-
te bem essencial à vida humana». ‹
› amBiEnTE EnERGia
martifer conclui centrais fotovoltaicas no algarveA Matifer Solar concluiu a construção de duas centrais fotovoltaicas no Algarve, uma na localidade e Ferreiras, concelho de Albufeira, e
a segunda em Alvalades, no concelho de Silves. Estas centrais foram objeto de concurso lançado pelo governo em 2010, e representaram
um investimento de cerca de 50 milhões de euros.
O investimento nestas novas estruturas de produção de energia foi concretizado pelo fundo BNP Paribas Clean Energy Partners, a quem
a Martifer Solar alienou estes activos, numa linha estratégica definida em que a empresa assegura o desenvolvimento, construção e
manutenção das centrais solares fotovoltaicas, transferindo para terceiros o investimento e exploração.
As centrais de Ferreiras e de Alvalades possuem em conjunto uma capacidade de 22,4 megawatts, permitindo ambos os projetos um
fornecimento de eletricidade a cerca de 17.500 pessoas. A central de Ferreira ocupa uma área de 41,2 hectares, enquanto a de Alvalades
ocupa uma área de 16,1 hectares. ‹
Novo projeto olivícola em Serpa
investimento português de 14 milhões de eurosA Herdade Maria da Guarda, localizada
no concelho de Serpa, Baixo Alentejo,
concluiu um investimento de 14 milhões
de euros na construção de um lagar e da
plantação de novos olivais. Propriedade
da Casa Agrícola Cortez de Lobão, o proje-
to foi agora finalizado com
a inauguração do lagar que
implicou um investimento
de 3,5 milhões de euros, já
englobado no investimen-
to total dos 14 milhões de
euros.
O novo lagar possui a capa-
cidade de moagem de 250
toneladas por dia e poderá
produzir 120 mil tonela-
das de azeite por ano. A
Herdade Maria da Guarda
conta atualmente com 1,1
milhões de oliveiras numa
área de 575 hectares. Em
2012, espera-se uma produ-
ção de 3,2 milhões de toneladas de azeito-
nas, a que corresponderá a produção de
600 toneladas de azeite.
Mas, o investimento agora concluído per-
mitirá que dentro de dois anos a produção
de azeite cresça para duas mil toneladas
de um produto que além de ser exporta-
do para vários países europeus, particu-
larmente do norte da Europa, também é
exportado para o Brasil, EUA e China. No
presente ano as exportações devem atin-
gir entre 80 a 90 por cento da produção. ‹
Outubro 2012 | País €conómico › 4544 › País €conómico | Outubro 2012
› aGRo-inDúsTRia
Encontro Nacional do Setor do Azeite, em Ferreira do Alentejo, marcou crescimento do setor na região e no país
Exportações ultrapassaram as importações
Há 10 anos, Portugal importava mais de metade do azeite que consumia. Ema década
depois, a realidade alterou-se quase radicalmente. Na campanha anterior (2011-2012),
a azeitona recolhida e o azeite dela produzido permitiu alcançar uma auto-suficiência
na ordem dos 93% das necessidades nacionais no que ao consumo de azeite diz
respeito. É certo que o país também exporta, e cada vez mais, azeite para vários países
a nível mundial, mas o ponto de equilíbrio está quase atingido. E poderá ser alcançado
brevemente, pois continuam-se a plantar novos olivais, principalmente no Alentejo, além
de que vários outros plantados nos últimos cinco anos ainda estão longe de alcançarem
o pleno da sua capacidade produtiva. Ferreira do Alentejo afirma-se como a “Capital do
Azeite”, e por iniciativa da Câmara Municipal local, levou a efeito o Encontro Nacional
do Setor do Azeite, que a 13 de Setembro juntou naquela vila alentejana os principais
players de um setor cada mais estratégico para o país.TExTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
“Ferreira do Alentejo – Capital do Azeite” é o slogan
registado pela autarquia local, e no seu discurso de
abertura do Encontro Nacional do Setor do Azeite,
que reuniu quase centena e meia de empresários e outros agentes
do setor naquela vila do Baixo Alentejo, Aníbal Costa, destacou
a importância do setor oleícola na economia do concelho e da
região, além do progressivo aumento do seu valor enquanto pro-
duto nacional de exportação.
O presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo recordou que
nos últimos cinco anos começaram a funcionar cinco novos la-
gares no concelho, além de que todos eles possuem assinalável
dimensão e estão dotados com as mais sofisticadas tecnologias
do setor a nível mundial. Essa nova realidade, sublinhou Aníbal
Costa, «alterou substancialmente o panorama económico do nos-
so concelho e contribuiu de forma significativa também para a
evolução do setor no próprio Alentejo, além do facto igualmente
importante do seu contributo para equilibrar a balança comercial
nacional no setor do azeite».
No entanto, o edil de Ferreira adiantou que a realidade do setor
oleícola no concelho atingiu um patamar mais global, destacando
a construção de uma central e bagaço de azeitona e de uma outra
unidade industrial (em curso, com abertura prevista para o final
do presente ano) de uma central de gaseificação, cuja matéria-
-prima é proveniente justamente da azeitona e que terá como re-
sultado a produção de energia elétrica, que será depois injetada
na rede respetiva.
A finalizar, Aníbal Costa considerou que «o investimento econó-
mico é a panaceia para o desenvolvimento do concelho e da re-
gião», pelo que defendeu o términus do investimento global pre-
visto no projeto Alqueva, bem como a conclusão da auto-estrada
entre Sines e Beja (que dias depois, a Estradas de Portugal vinha
anunciar que já não seria concluída, a não ser num pequeno troço
entre a saída de Grândola Sul da A2, até Santa Margarida do Sado,
já no concelho de Ferreira do Alentejo).
alentejo produz 62,1% da produção nacionalEste Encontro Nacional do Setor do Azeite foi moderado por
Armando Sevinate Pinto, antigo ministro da Agricultura e atual
consultor da Presidência da República para as questões da agri-
cultura e do mundo rural. O antigo governante lembrou as suas
origens de Ferreira do Alentejo, mas logo recordou que «há alguns
anos possuíamos uma olivicultura letárgica, exceptuando em al-
gumas zonas de Trás-os-Montes e do Alentejo. Estas duas regiões
contribuíram em 2011, respetivamente, com 17,4% e 62,1% da
produção nacional de azeite (ver quadro). Por outro lado, de igual
forma, é preciso sublinhar que desde os anos 50 que não tínha-
mos tanto e tão bom azeite em Portugal». Sevinate Pinto apontou
as principais condições que permitiram ao país, e muito parti-
cularmente ao Alentejo, em dispor das condições para registar o
crescimento que aconteceu nesta última década. Um programa
negociado com a União Europeia para poder plantar 30 mil hec-
tares de olivais novos, a existência de terra disponível em grande
quantidade, particularmente no Alentejo (além da disposição de
muitos proprietários para venderem as suas terras), água com
crescente abundância, além de crédito mais fácil e conhecimento
técnico e científico.
Uma das estrelas deste Encontro do Azei-
te foi o Diretor Executivo do Conselho
Oleícola Internacional, Jean-Louis Barjol.
Lembrando que Portugal é o quarto maior
produtor mundial de azeite (a seguir a
Espanha, Grécia e Itália), num universo
de países produtores que ultrapassam as
quatro dezenas, o COI é um organismo
fundado há mais de 50 anos e que tem
desenvolvido um profícuo trabalho para
harmonizar estatísticas e vários tipos de
normas no setor a nível internacional.
No entanto, o responsável pelo organismo
internacional destacou a importância da
divulgação e promoção do azeite, sobretu-
do junto das gerações mais jovens, mesmo
nos principais países produtores do pro-
duto, «visto que também são os principais
consumidores a nível mundial, sem preju-
ízo de se alargar e reforçar as promoções
sobre o valor do azeite noutros países. É
o que estamos a fazer e vamos fazer de
forma ainda mais acentuada, sobretudo
nos designados mercados emergentes».
Jean-Louis Barjol destacou a importância
do crescimento do consumo de azeite em
mercados como os Estados Unidos da
América, o Brasil e a China.
De Espanha, principal país produtor
de azeite no Mundo, veio a voz de José
Penco, responsável pela Associação dos
Municípios Olivícolas Espanhóis. Lem-
brando que os principais olivais no país
vizinho estão localizados nas províncias
da Andaluzia e da Extremadura, com uma
área global plantada em Espanha de 2,45
milhões de hectares, José Penco abordou
essencialmente a questão “como pode
atuar um olivicultor para que o seu olival
seja rentável?”. Lembrando que os custos
com os olivais tradicionais (mecanizados
e não mecanizados) são superiores aos re-
lacionados com os designados olivais in-
tensivos e superintensivos, o responsável
espanhol destacou a forte possibilidade
de na próxima campanha (2012-2013) se
registar um abaixamento de produção em
Espanha, o que está a influenciar o preço
do azeite desde há alguns meses, com re-
percussão nos restantes mercados inter-
nacionais.
Aníbal Reis Costa, Jean Louis Barjol e Armando Sevinate Pinto
Outubro 2012 | País €conómico › 4746 › País €conómico | Outubro 2012
Em 2011 o saldo comercial (importações/exportações) voltou a ser favorávelDepois da relevante intervenção de Francisco Avilez da empresa
Agro.Ges, onde explicou a evolução da política agrícola comum e
as suas incidências no setor oleícola, destaque para a intervenção
de Mariana Matos, responsável da Casa
do Azeite, onde mostrou uma compara-
ção entre Portugal e os seus principais
concorrentes mundiais no setor, subli-
nhando que estamos alinhados na capa-
cidade de exportação, mas ainda abaixo
no que respeita aos níveis de produção
e de consumo. Um dado muito significa-
tivo foi a informação transmitida a res-
peito da produção e da importação nas
campanhas de 2010/2011 e 2011/2012.
Aumentou o nível de produção e dimi-
nuiu o nível de importação (ver quadro).
Neste mesmo período, sublinhe-se que
a necessidade de consumo subiu das 82
para 85 mil toneladas, mas as exporta-
ções cresceram de 55.200 toneladas para
68.000 toneladas, fruto da afirmação do
azeite português nos mercados interna-
cionais.
Mariana Matos destacou que o auto-aprovisionamento (produção
interna/utilização interna) já atingiu os 93%, mas como o país as-
sume uma posição cada vez mais forte como exportador de azei-
te, a auto-suficiência (produção interna/necessidades totais) ainda
ronda os 50%. Caso não exportássemos
azeite, praticamente a produção interna
daria para as necessidades de consumo
nacional do país.
Exportar tornou-se imperioso para to-
dos os setores da produção nacional.
Naturalmente, o azeite também não
podia fugir a esse cenário. Em 2007, as
exportações portuguesas de azeite atin-
giram as 27.655 toneladas. Quatro anos
(2011) depois, o país já exportava 61.015
toneladas. Um acréscimo bem superior
a 100%. Em 2011, as exportações para
o Brasil representavam 53% do total do
setor, seguindo-se a Espanha com 25%,
e depois Angola e Itália, ambos com 5%,
José Baptista, Gerente da Cooperativa Agrícola da Vidigueira
Vamos estar a sério no BrasilComo avalia a importância deste Encontro?É importante no quadro da evolução do nosso setor, particularmente aqui no Alentejo, que
se transformou de modo muito significativo na última década. Refiro também a oportuni-
dade deste encontro num momento em que os preços do azeite estão a subir – depois de
três anos de quedas sucessivas – e que poderá possibilitar uma recuperação económica de
muitas empresas do nosso setor.
Em que situação se encontra a Cooperativa Agrícola da Vidigueira, uma das mais tradicionais produtoras de azeite do Alen-tejo?Estamos numa fase sustentada da nossa existência, tanto no que respeita à capacidade produtiva e à gestão empreendida na
empresa, bem como no que respeita à renovação e modernização dos olivais desenvolvidas pelos nossos associados no campo.
A Cooperativa realizou um conjunto de investimentos que nos proporcionaram uma capacidade acrescida de transformação do
produto provindo dos nossos associados, eles próprios que também atravessaram muitos deles uma fase de investimento e reno-
vação, possibilitando-nos apostar de uma forma mais decisiva e sustentada nos mercados externos, onde o azeite do Alentejo, e
também o da Vidigueira, é cada vez mais aceite e apreciado.
Quais são os principais mercados externos do azeite da Vidigueira?Em África destacam-se países como Angola e a África do Sul, enquanto na América do Sul, o realce vai naturalmente para o Bra-
sil, embora ainda não estejamos em grande força neste mercado, o que deverá certamente suceder até ao final do presente ano.
Olhamos igualmente com muito interesse para países como a China e o Japão que no futuro poderão ser importantes pontos para
a exportação do azeite da Vidigueira. ‹
› aGRo-inDúsTRia
Outubro 2012 | País €conómico › 4948 › País €conómico | Outubro 2012
e os Estados Unidos com 3%. A justificação para a percentagem
exportada para Espanha 8que em 2007 representava apenas 8%
das exportações portuguesas), deve-se ao facto de muitos investi-
mentos realizados em Portugal terem origem em Espanha, e mui-
to do azeite a granel ser depois exportado para o país vizinho e
lá embalado e enviado para outras partes do mundo. O mesmo,
embora em menor escala, se passa com as exportações para Itália.
Ainda a respeito da balança comercial do país, é de sublinhar que
em 2011, pela primeira vez, Portugal atingiu um superavit na
balança comercial do azeite, com um saldo favorável ao país de
30.586 milhões de euros.
O secretário de Estado da Agricultura, José Diogo, encerrou o
Encontro, e começou por elogiar o setor pela sua capacidade de
aumento das exportações nacionais, e lembrou as virtualidades
da designada diplomacia económica que permitiu a conclusão de
um acordo com o Brasil, o principal mercado de destino para as
exportações nacionais, e que garante a continuação das condições
de acesso do produto ao mercado brasileiro.
O responsável governamental da agricultura sublinhou também
a garantia que o projeto global do Alqueva será para concretizar
até 2015. ‹
› aGRo-inDúsTRia
João Passanha, administrador da Taifas – Herdeiros Passanha
Falta de crédito bancário estrangula atividadeQual é a importância deste Encontro?Reputo de grande importância, sobretudo pelo facto dos agentes do sector poder fazer um
intercâmbio de contatos e de conhecimentos. É importante ter aqui pessoas ligadas aos
meios universitários e de outros setores que poderão trazer conhecimentos importantes
para a evolução do setor do azeite.
Como está a evoluir a Taifas com a produção do azeite Quinta de S. Vicente?O nosso projeto é ambicioso, mas desde o início que nos debatemos com a conjuntura financeira adversa, pois assim que começá-
mos a atividade, um dos bancos que financiavam o projeto retirou-nos esse financiamento e tudo se complicou. E com o agravar
da crise financeira global, essa tendência tem tido um forte agravamento. A falta de crédito bancário afeta-nos de sobremaneira,
assim como afeta o setor e a atividade económica em geral.
Como tem tentado ultrapassar esse problema?Exportando cada vez mais – exportamos já mais de 90% da nossa produção, mas, paradoxalmente, quanto mais exportamos, maio-
res também têm sido as dificuldades de tesouraria, pois em crédito bancário também se torna difícil trabalhar todo o potencial
do setor exportador.
Essencialmente para onde exportam?Sobretudo para alguns países do Norte da Europa, mas também para os EUA, Canadá, Brasil, Angola, África do Sul e no que res-
peita ao Oriente, principalmente para a China, Macau e Coreia do Sul. ‹Mariana Matos, Secretária-geral da Casa do Azeite
Outubro 2012 | País €conómico › 5150 › País €conómico | Outubro 2012
› a FEcHaR
SOFID inaugurou ciclo de reflexão estratégica – Clube de Sábios
Pedro Feytor Pinto analisou potencial de marrocosAproveitar a experiência de cidadãos portugueses com largos conhecimentos e mundo
calcorreado, levou a SOFID a criar o Clube de Sábios. O primeiro orador foi Pedro Feytor
Pinto, que passou pela administração do então ICEP (hoje Aicep) e como diretor da agên-
cia em várias partes do mundo. O final da sua carreira decorreu ao serviço do país em
Marrocos, onde esteve quatro anos.
Pedro Feytor Pinto realçou que Marrocos é um país com grande potencial e que admira
Portugal e os portugueses. Destacou a presença de cerca de 120 empresas portuguesas em
território marroquino, destacando a importância da presença em áreas como os cimentos,
construção civil e telecomunicações.
O antigo responsável do Icep acentuou a importância para quem quer apostar em Mar-
rocos de conhecer bem o mercado local, utilizar os meios diplomáticos e consulares na-
cionais existentes naquele país do norte de África, e de encontrar um parceiro local. Já
quanto às oportunidades para quem pretenda demandar o mercado marroquino, Pedro
Feytor Pinto mencionou novamente a construção civil, a saúde, o saneamento básico, as
tecnologias de informação, as energias renováveis ou a área farmacêutica. ‹
nova sBE sobe no Finantial TimesA Nova SBE subiu onze lugares na tabela publicada em
meados de Setembro pelo jornal britânico Finantial Ti-
mes a respeito do ranking de mestrados de gestão, es-
tando agora na 50ª posição. Já a Católica Lisbon SBE
conseguiu a proeza de se alcandorar à quarta posição no
ranking da lista de programas com melhores colocações
no mercado de trabalho. É ainda de referir, segundo Da-
niel Traça, Subdiretor da Nova SBE, que esta instituição
universitária «é a única escola portuguesa a leccionar o
CEMS – Master in International Management, classifi-
cado como o 3º melhor do mundo no ranking do FT». ‹
Pestana e Porto Business school com parceriaO Grupo Pestana e a Porto Business
School desenvolveram uma parceria
no âmbito do curso de Pós-Graduação
em gestão de Turismo e Hotelaria. O
objetivo é ajudar o maior grupo ho-
teleiro português na seleção de pro-
fissionais qualificados para as suas
operações em África e nas Américas,
num contexto em que a expansão in-
ternacional do grupo vem implicar um
processo de recrutamento de quadros
qualificados necessários ao crescimen-
to da sua atividade. Nos últimos seis
anos, o programa que foi desenvol-
vido e implementado entre as duas
partes permitiu formar mais de cem
profissionais com competências com-
portamentais e técnicas capazes de
desenhar e gerir de forma integrada as
atividades de domínio turístico, como
é o caso da gestão hoteleira. ‹
Vila Galé classificada como melhor cadeia HoteleiraO Grupo Vila Galé foi eleita a Melhor Cadeia Hoteleira pelos prémios “Publituris Portugal
Travel Awards 2012”. A cerimónia de entrega dos prémios aconteceu no Mosteiro de San-
ta Clara-a-Velha, em Coimbra, Gonçalo Rebelo de Almeida recebeu o prémio atribuído ao
grupo após a avaliação de fatores como a inovação, qualidade de serviço e a comunicação.
Segundo o Diretor de Marketing e Vendas do grupo, «esta distinção não teria sido alcan-
çada sem o esforço diário de todos os nossos colaboradores, em cada uma das unidades
e em cada departamento que constitui a Vila Galé». A Vila Galé é o segundo maior grupo
hoteleiro português e possui atualmente 17 unidades em Portugal e seis no Brasil, dispon-
do de um total de 11.918 camas. ‹