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Nem tudo nem todos '"--------Tríplicealiança-----' Os áridos caminhos do Nordeste . foram analisados aqui pelo agrôno- mo Evaristo Eduardo de Miranda na edição de Raizes/ setembro (n? 68) sob o ponto de vista da geração de tecnologia. Agora, num segundo ar- tigo, Miranda retoma o assunto com um caso - o do feijão em Ouricuri, Pernambuco. É ume "lição que a pesquisa foi buscar no campo". Miranda conta: - A última safra de feijão, no alto sertão de Pernambuco, sob se- veras condiçôes de seca, apresen- tou produtividades que variaram de 10 a 1.150 kg/ha. Ql)81 o papel da tecnologia agrícola na explicação dessa variabilidade? Com que cri- térios a pesquisa agronômica deve propor itinerários tecnológicos para inte-nsificação dessa agricultura? O que, de fato, limita a produção ea produtividade das culturas no tró- pico semi-árido? Para responder essas indagações, continua o pesquisador, o Centro de Pesquisa Agropecuária do Tropi- á que o pesquisador não J pode transportar ou re- produzir, a nível de cam- po experimental, a totali- dade da realidade que lhe inte- ressa, neste caso, ele é obrigado a examinar amostras limitadas do espaço rural. Assim, o primeiro problema metodológico definido pelo CPATSA foi o da determina- ção da amostra dos produtores a serem acompanhados, pois dela dependeriam os resultados e a sua significação ulterior. No caso da escolha dos produ- tores a serem estudados, postu- lou-se que a produtividade e a produção das culturas estavam diretamente ligadas aos sistemas de cultivo e de produção pratica- dos. E que esses sistemas varia- vam de um agricultor a outro em função de sua situação sócio-eco- nômica e agroecológica. Essas situações foram levantadas e ca- racterizadas através de um tra- balho de campo, envolvendo cer- ca de 100 variáveis que foram Miranda: infinita complexiClaCle co Sem i-árido (CPATSA/Embrapa) "vem desenvolvendo métodos de pesquisa a nível do meio rural ca- pazes de: fornecer uma informa- ção sintética e representativa sobre os niveis, a variabilidade (no tempo e no espaço) ea qualidade dos ren- dimentos culturais dos pequenos e médios produtores; e explicar as razões dos resultados obtidos a partir de ume análise agronômica das interações clima/solo/planta/ técnicas culturais ". . - Diante da impossibilidade de reproduzir-se em campo experimen- ta/ a infinita complexidade de situa- ções agricolas existentes no meio rural do trópico sem i-árido, e ten- do-se em conta que essas situações conhecem uma flutuação no tempo bastante importante (transforma- ções sócio-econômicas, variaçôes climáticas ... l, o trabalho vem sen- do realizado numa área de 8.000 km-, bastante problemática, situada no alto sertão de Pernambuco, na região centrada na cidade de Ouri- curi, informa Miranda. O CPATSA possui, atualmente, 12 projetos de pesquisa através do Programa Na- cional de Pesquisa - "Avaliação dos Recursos Naturais e Sócio-eco- nômicos do Trópico Semi-érido" (PNP 027, Embrapa) - nesta região. A estratéqia no sem i-árido deve resultar de um confronto entre as análises de agricultores, pesquisadores e responsáveis pelo desenvolvimento regional. Evaristo Miranda objeto de sínteses numéricas, gráficas e cartográficas. A SECA Dessa síntese, definiu-se uma amostra de cerca de 64 unidades de produção, cujo conjunto de campos e parcelas foram acom- panhados semanalmente por pes- quisadores e técnicos do CPATSA desde o plantio até a colheita. Esse acompanhamento incluiu uma série de observações quali- tativas e quantitativas vinculadas ao clima, à planta cultivada, às adventícias, aos predadores, ao solo, às técnicas culturais prati- cadas pelo agricultor, etc. Esse conjunto de observações periódi- cas foi completado por informa- ções obtidas junto ao produtor sobre os antecedentes e prece- dentes culturais de cada campo, assim como sobre aspectos só- cio-econômicos de suas estrutu- ras de produção. No total, obte- ve-se uma matriz de cerca de 50 variáveis. / Nas 64 p~priedades estudadas, foram acompanhados 128 cam- pos cultivados. Em 90% desses campos se praticam culturas consorciadas com 2 a 5 plantas, sendo a associação mais comum feijão/milho com mamona, algo- dão ou palma forrageira. Essas associações são extremamente variadas na combinação espacial das culturas e em sua instalação ao longo do tempo. Durante a estação das chuvas de 1980/81 (novembro a maio), as precipitações situaram-se en- tre 500 e 600 mm para o conjun- to da região estudada. Todavia, após 175/200 mm entre novern- 20 NOVEMBRO/81

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Nem tudo nem todos

'"--------Tríplicealiança-----'

Os áridos caminhos do Nordeste. foram analisados aqui pelo agrôno-mo Evaristo Eduardo de Miranda naedição de Raizes/setembro (n? 68)sob o ponto de vista da geração detecnologia. Agora, num segundo ar-tigo, Miranda retoma o assunto comum caso - o do feijão em Ouricuri,Pernambuco. É ume "lição que apesquisa foi buscar no campo".

Miranda conta:- A última safra de feijão, no

alto sertão de Pernambuco, sob se-veras condiçôes de seca, apresen-tou produtividades que variaram de10 a 1.150 kg/ha. Ql)81 o papel datecnologia agrícola na explicaçãodessa variabilidade? Com que cri-térios a pesquisa agronômica devepropor itinerários tecnológicos parainte-nsificação dessa agricultura? Oque, de fato, limita a produção e aprodutividade das culturas no tró-pico semi-árido?

Para responder essas indagações,continua o pesquisador, o Centrode Pesquisa Agropecuária do Tropi-

á que o pesquisador não

J pode transportar ou re-produzir, a nível de cam-po experimental, a totali-

dade da realidade que lhe inte-ressa, neste caso, ele é obrigadoa examinar amostras limitadas doespaço rural. Assim, o primeiroproblema metodológico definidopelo CPATSA foi o da determina-ção da amostra dos produtores aserem acompanhados, pois deladependeriam os resultados e asua significação ulterior.

No caso da escolha dos produ-tores a serem estudados, postu-lou-se que a produtividade e aprodução das culturas estavamdiretamente ligadas aos sistemasde cultivo e de produção pratica-dos. E que esses sistemas varia-vam de um agricultor a outro emfunção de sua situação sócio-eco-nômica e agroecológica. Essassituações foram levantadas e ca-racterizadas através de um tra-balho de campo, envolvendo cer-ca de 100 variáveis que foram

Miranda: infinita complexiClaCle

co Sem i-árido (CPATSA/Embrapa)"vem desenvolvendo métodos depesquisa a nível do meio rural ca-pazes de: fornecer uma informa-ção sintética e representativa sobreos niveis, a variabilidade (no tempoe no espaço) e a qualidade dos ren-

dimentos culturais dos pequenos emédios produtores; e explicar asrazões dos resultados obtidos apartir de ume análise agronômicadas interações clima/solo/planta/técnicas culturais ". .

- Diante da impossibilidade dereproduzir-se em campo experimen-ta/ a infinita complexidade de situa-ções agricolas existentes no meiorural do trópico sem i-árido, e ten-do-se em conta que essas situaçõesconhecem uma flutuação no tempobastante importante (transforma-ções sócio-econômicas, variaçôesclimáticas ... l, o trabalho vem sen-do realizado numa área de 8.000km-, bastante problemática, situadano alto sertão de Pernambuco, naregião centrada na cidade de Ouri-curi, informa Miranda. O CPATSApossui, atualmente, 12 projetos depesquisa através do Programa Na-cional de Pesquisa - "Avaliaçãodos Recursos Naturais e Sócio-eco-nômicos do Trópico Semi-érido"(PNP 027, Embrapa) - nesta região.

A estratéqia nosem i-árido deve resultar de

um confronto entre asanálises de agricultores,

pesquisadores e responsáveispelo desenvolvimento

regional.Evaristo Miranda

objeto de sínteses numéricas,gráficas e cartográficas.

A SECA

Dessa síntese, definiu-se umaamostra de cerca de 64 unidadesde produção, cujo conjunto decampos e parcelas foram acom-panhados semanalmente por pes-quisadores e técnicos do CPATSAdesde o plantio até a colheita.Esse acompanhamento incluiuuma série de observações quali-tativas e quantitativas vinculadasao clima, à planta cultivada, àsadventícias, aos predadores, aosolo, às técnicas culturais prati-cadas pelo agricultor, etc. Esse

conjunto de observações periódi-cas foi completado por informa-ções obtidas junto ao produtorsobre os antecedentes e prece-dentes culturais de cada campo,assim como sobre aspectos só-cio-econômicos de suas estrutu-ras de produção. No total, obte-ve-se uma matriz de cerca de 50variáveis. /

Nas 64 p~priedades estudadas,foram acompanhados 128 cam-pos cultivados. Em 90% dessescampos se praticam culturasconsorciadas com 2 a 5 plantas,sendo a associação mais comumfeijão/milho com mamona, algo-dão ou palma forrageira. Essasassociações são extremamentevariadas na combinação espacialdas culturas e em sua instalaçãoao longo do tempo.

Durante a estação das chuvasde 1980/81 (novembro a maio),as precipitações situaram-se en-tre 500 e 600 mm para o conjun-to da região estudada. Todavia,após 175/200 mm entre novern-

20 NOVEMBRO/81

bro e princlpio de janeiro, a re-gião conheceu uma estiagem decerca de dois meses em pleno ci-cio cultural. Somente em meadosde março voltou a chover. Foimais uma vez "a seca".

VULNERABILlDADE

Diante dessas condições de es-tiagem, o milho só produziu em4% dos campos estudados. Ofeijão (Vigna unguiculata Walp)foi colhido em mais de 85% doscampos - 40% deles em plenomês de março - tendo recebidosomente 200 mm de chuva. Osrendimentos médios de feijão fo-ram em torno de 260 kg/ha, comuma forte variabilidade: de 10 a1.150 kg/ha. Deve-se precisar quese tratava de cultura consorcia-da. Em muitos casos, esses ren-dimentos deveriam ser multiplica-dos por 2 ou 3 para obter-se umaequivalência com as médiasagronômicas de referência emcultura pura.

Para entender esse nível deprodutividade e essa variabilida-de, pareceria lógico invocar-se aseca como principal causa. Defato, o estudo da repartição es-pacial das primeiras chuvas, res-ponsáveis por 80% das datas desemeaduras, mostra uma hetero-geneidade regional. A época deplantio, condicionando em grandeparte o desenvolvimento alcança-do pela planta no momento daseca, define também sua maiorou menor vulnerabilidade.

INTERAÇÕES COMPLEXAS

Nesse sentido, quatro sub-re-giões apresentaram produtivida-

des médias significativamente di-ferentes. Sua localização espacialcoincide, em parte, com a carac-terização agroecológica da re-gião, elaborada para a amostra-gem de propriedades. Todavia,as chuvas não podem explicar asenormes variações de rendimen-tos, verificadas dentro de cadasub-região. Por exemplo, numasub-região localizada entre Ouri-curi (PE) e Parnamerim (PE), on-de a média dos rendimentos foide 270 kg/ha, constatou-se umavariabilidade de 50 a 650 kg/ha.Como explicá-Ia?

A primeira explicação a essavariabilidade seria a existênciade uma grande diferenciação tec-nológica entre os agricultores. Aspesquisas realizadas revelaramque, em nenhum dos camposacompanhados e em nenhumadas propriedades, nunca se utili-zou insumos modernos como adu-bos químicos, calagem, tratamen-to de sementes, tratamentos fitos-sanitários, sementes seleciona-das, técnicas de irrigação, etc.,sob qualquer forma. A diferencia-ção dos sistemas de cultivo é mí-nima. A explicação a essa varia-bilidade deve ser buscada nasinterações clima/solo/planta/téc-nicas culturais ao nível de cadacampo. Só uma abordagem mul-tifatorial pode tratar essas intera-ções complexas.

EQUAÇÃO DO RENDIMENTO

Para cada campo estudado,elaborou-se sua equação lógicade rendimento, ou seja Rdt kg/ha= (número de plantas/ha) x(número de vagens/planta) X(número de grãos/vagem) X (pe-

Figura I . Ouricuri, no alto sertão de Pernambuco

RECIFE

~ dreo estudodo

so médio· de um grão). Trata-sede uma equação simples, multipli-cativa, que se realiza a nível decampo ao longo do ciclo cultural.O valor de cada membro da equa-ção é determinado pelo desem-penho da cultura em cada fasedo ciclo correspondente.

Reconstituiu-se em Ouricuri,para cada campo, as condiçõesde realização de cada fase do ci-cio cultural através de quadrosexplicativos. O quadro I, relativoao rompimento da cultura, é dadoa título de ilustração. Ele é umaredução analítica da situaçãocomplexa que se passa a nível decampo. Quadros análogos foramrealizados para a germinação, ocrescimento, a floração, etc. Ape-sar do tratamento dos dados nãoestar inteiramente concluído, al-gumas lições podem ser tiradas.

A tentativa de explicação agro-nômica das interações clima//solo/planta/técnicas culturais,através da equação do rendimen-to proposto, permite questionaras visões reducionistas unifato-riais. O rendimento cultural seencontra sob a dependência deuma série de fatores que, sob aação do agricultor, criam condi-ções mais ou menos favoráveis acada .fase do ciclo vegetativo daplanta. Nesse sentido, os métodospropostos buscam substituir arelação técnicas ~ rendimentopor uma série de relações expli-cativas intermediárias (figura I).

PROBLEMAS DISTINTOS

O método tenta substituir asrelações unifatoriais tradicionais(efeito da água sobre o rendimen-to, efeito da densidade sobre orendimento, efeito da variedadesobre o rendimento, ou ainda tra-tor igual a rendimento) por umconjunto multifatorial onde as ra-zões, as causas e os efeitos sãoidentificados.

Além de poder explicar as ra-zões das diferenças nos níveisde produção entre agricultores, aequação e os métodos utilizadospermitem separar num mesmo ní-vel de produção agricultores comproblemas agronômicos distintos.Assim, dentro de um conjunto deagricultores com rendimentos mé-dios de feijão em torno de 100

RAíZES 21

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CRESCIMENTO DO CAULE

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QuadJo I • Principais fatores" condições IImHantes do rompimentO'

kÇ1/ha pode-se distinguir um sub-conjunto onde o que limita a pro-dução é o número de plantas porhectare (problema fitossanitário,por exemplo). Um segundo sub-conjunto pode ser constituído poragricultores que, apesar de teremum bom número de plantas/ha,vêem seus rendimentos limitadospelo número de vagens por plan-ta (um problema de fertilidade oude variedade, por exemplo). Eassim sucessivamente.

REALIDADE REGIONAL

Um dos interesses maiores dométodo é que, ao identificar ehierarquizar os fatores e condi-ções que limitam a produtividadedas culturas, ele permite mostrar,para agricultores situados nummesmo nível de rendimento seusproblemas agronômicos específi-cos, e esses podem ser bem dis-tintos. Vários itinerários tecnoló-gicos para aumentar a produtivi-dade pode dessa forma ser consi-derados em função de sua maioradequação à situação sócio-eco-nômica e agroecológica do agri-cultor.

Tourte indica que a natureza,as modalidades e a estratégia dodesenvolvimento rural no trópicosemi-árido deveria resultar cadavez mais de um confronto de aná-lises e de objetivos entre agricul-tores, pesquisadores e responsá-veis pelo desenvolvimento regio-nal. Atualmente, de um modo es-quemático, esse diálogo só estáfuncionando efetivamente no sen-tido pesquisa/ agricultor, desen-volvimento/ pesquisa e desenvol-vimento/ agricultor.

dn."'no. PAULD P{REIRA DA SILVA flLHci

ficiente para atravessar os áridoscaminhos do desenvolvimento re-gional. Ela deverá ser completadapor uma maior organização autô-noma dos agricultores, a exemplodo que assiste-se no Sul do país,capaz de fundamentar as grandeslinhas da política agrícola regio-nal. Principalmente no que dizrespeito a uma melhor integraçãoentre o setor industrial nacionale a pesquisa agropecuária públi-ca e privada.

Segundo Sebillotte, a agrono-mia se constitui como ciência namedida em que define seus méto-dos e obtém resultados positivosa nível de meio rural. Inspirando-se em problemas concretos exis-tentes na prática agrícola, a pes-quisa a nível experimental buscasoluções no estudo da ação defatores conhecidos sobre o rendi-mento. Todavia, esse estudo deleis de variação não pode levarà descoberta das fontes de varia-ção, extremamente diversificadase complexas para serem reprodu-zidas.

O agrônomo não pode se limi-tar ao resultado experimental. Aobtenção de um modelo ou a va-

Dispor de métodos adequadospara identificar e hierarquizar oque limita a produtividade dos sis-temas vegetais e animais a nívelde meio rural é uma primeira eta-pa indispensável, sem a qual tu-do pode ser hipotecado na pes-quisa regional. Na busca e nodesenvolvimento desses métodos,o CPATSA tenta alimentar e criaras bases de uma pesquisa agro-nômica articulada com as espe-cificidades da realidade regional.

MODELO COM ETAPA

Etapa necessárla.jrnas não su-

24 NOVEMBRO/81

Quadro 11• Relações entre ciclo vegetativo e elaboração do rendimento

ELA80RAÇAODO RENDIMENTO, '--------~CICLOVEQETATIVO:

Figura 11• Interações técnicas/rendimento (esquema simplificado)

AÇÕES DO CLIMA ~ •• ~--- •••...

AÇÕES DOSPREDADORES E PARASITAS

RENDIMENTO

Figura 11I• Pesquisa agrbnômica e realidade' regional

Agricultor/ \ Açõo do CPATSA~

PesQuiSa=-- Desenvolvimento

Agricultor;YPesquisa ~Desenvolvimento

Figura IV • Melhor integração entreprodutor, pesquisa edesenvolvimento

)';CUlto\ .pesQuiso~ Desenvolvimento

agrônomos constituir, verdadeira-mente, sua praxis teórica e prá-tica em ciência autônoma. E issonão depende só da filosofia dasciências, na medida em que a prá-tica é função das equipes de pes-quisa e dos métodos empregados.Essa preocupação, num organis-mo de pesquisa, deve ser coletiva.Diante dos recursos obrigatoria-mente limitados, ela deve orientara racional idade e a validade dasações de pesquisa, assim como agestão econômica dos meios ne-cessários. Árido ou fértil, é nestecaminho e nesta lógica que oCPATSA vem desenvolvendo suaatuação regional. ~

lidação de uma hipótese em con-dições experimentais não deveser seu objetivo, mas uma etapa.O objetivo final do agrônomo éque seu modelo ou sua hipótesese revelem de acordo com os fa-tos observáveis a nível de cam-po, a nível da prática agrícola.Nesse sentido, não existe verda-deira ciência agronômica sem apreocupação de confrontaçãocom o real, com o que se passanas condições de campo, ao nívelda agricultura.

siva instrumentação da classeagronômica em torno de itinerá-rios tecnológicos para a intensifi-cação da agricultura que estãosendo definidos, em última instân-cia no e para o setor industrial.Sem se discutir esse modelo deexpansão do setor industrlalapoiado na modernização daagricultura, sabe-se que no casoespecífico da região sem i-áridado Nordeste ele encontra sériosobstáculos, na forma em quevem sendo concebido.

Ao invés de se tornarem, pro-gressivamente, vendedores bené-volos de tecnologias produzidaspelo setor industrial, cabe aos

VENDEDORES BEN~VOLOSAssiste-se hoje a uma progres-

RAiZES 25