navalha na carne (plínio marcos) - um estudo sobre as marcas de oralidade e relações de poder

22
Navalha na Carne Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Upload: fabio-lemes

Post on 19-Jun-2015

3.980 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Navalha na Carne

Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Page 2: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Eixo temático

• Linguagem, comunicação e sociedade

Palavras-Chave

• Linguagem Oral • Relações de Poder • Teatro

Page 3: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Introdução

• Este trabalho pretende fazer uma análise sociolingüística, abordando o tema da violência urbana, por meio da fala das personagens da obra Navalha na Carne (1968), de Plínio Marcos.

Page 4: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Objetivo

• Examinar como algumas marcas da modalidade oral da língua são mobilizadas na obra, de modo que o diálogo entre as personagens, mesmo sendo ficcional, apresente diferentes efeitos de sentido (relações de poder) típicos da interação face a face.

Page 5: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Metodologia

• Contextualização da obra

• Categorias de análise:

– Exame das marcas lingüísticas no nível lexical– Gíria– Malícia– Vocábulo Obsceno

Page 6: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Neusa Sueli

A prostituta

Page 7: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Definição explícita no texto

• Prostituta

Marcas de oralidade que a caracterizam dessa forma

Não está, né? Agora, olha, sua puta sem-vergonha! (p. 12)

Vai morrer morfético! Tu e essa perebenta! Essa suadeira! (p.34)

Será que você não é capaz de lembrar que eu venho da zona cansada

pra chuchu? (p.39)

Page 8: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Definições implícitas no texto

• Descontentamento perante a sua realidade– Interjeição

Poxa, isso arreia qualquer uma (p.15)Poxa, será que eu sou gente? (p.15)

• Sensibilidade– Sufixo diminutivo

Toma cuidado, Vadinho. Vê lá o que tu vai fazer (p.15)Ele paga sim, Vado. O Veludo é bonzinho (p.19)

• Sensatez– Advérbio de negação

Não vai machucar ele! (p.15)Não estou gostando dessa zorra aqui dentro (p. 21)

Page 9: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Forma como estabelece o poder:

• Ao ser chamada tanto por Vado quanto por Veludo de velha

– Ofensas verbais

Entrei bem. Quem manda aqui é a galinha velha.

Galinha velha é a tua mãe! (p.29)

A vovó das putas todas é metida a família, é?

Vovó das putas é a vaca que te pariu. (p.34)

Você está uma velha podre.

Nojento! (p.40)

Page 10: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Forma como estabelece o poder:

– Ameaças físicas com sua navalha

Vou te arrancar os olhos! (p.23)

Vado, se você dormir, eu te capo, seu miserável! (p.43)

Page 11: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Veludo

Faxineiro homossexual

Page 12: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Definição explícita no texto

• Homossexual

Marcas de oralidade que o caracterizam dessa forma

Nem dos meus homens agüento maltrato (p. 16)

Presta bem atenção no que eu vou te dizer seu veado de merda! (p.18)

Você vai me pagar, sua bicha. Está botando o meu homem contra mim (p.30)

Page 13: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Definições implícitas no texto:

• Polidez

Com licença (p. 15)Desculpe, seu Vado (p.15)

• Linguagem culta

O senhor está aí, seu Vado? (p.14)Não sei do que vocês estão falando (p.16)

• Religiosidade

Bate em mim machão. Bate nesta face, te viro a outra. Como Jesus Cristo (p. 16)Pelo amor de Deus, não deixa esse tarado me judiar (p. 17)Ai meu São Jorge guerreiro! Está todo mundo doido (p.17)

Page 14: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Forma como estabelece o poder:

• Quando enfrenta a violência de Vado

– Uso de imperativos

Bate! Bate! Bate! ....Mata! Mata! Mata mesmo, homem! Mas eu não fumo tua

maconha! Não fumo!....Me mata, meu homem! (p.31)

Page 15: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Vado

O cafetão

Page 16: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Definição explicita no texto

• Cafetão

Marcas de oralidade que a caracterizam dessa forma

Sou o teu macho, se eu não tenho um tostão quem está errado? (p.13)

Ai, ai, seu cafetão nojento! Tua mulher não te dá dinheiro? (p.20)

É meu cafifa. Leva minha grana. Tem que me fazer gozar. Custe o que custar (p.43)

Page 17: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Definição implícita no texto:

• Fragilidade- Súplicas

Por favor, Veludo, fuma essa droga, senão eu faço uma desgraça! Por favor, fuma! (p. 31)

Sueli, meu amor, me ajuda! Sueli, minha santa, me ajuda! (p.15)

Page 18: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Forma como estabelece o poder:

• Ameaças de Agressão

Quer tomar outro cacete?

...Já estou cabreiro com você, se espernear te meto a mão (p. 10)

Te dou uma porrada que você vê (p.22)

• Ofensas

Vagabunda, miserável! Sua puta sem calça, que você pensa que é? (p.12)

Veado! Veado de merda! Porco nojento! Ladrão sem vergonha (p.22)

Page 19: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Forma como estabelece o poder:

• Linguagem do grupo social malandro

Que nada! Sou é da firmeza. Meu defeito é brincar muito! (p. 45)

Minha embaixada! Sabe como é! Escuta esse papo que é de verdade. Eu estava borocoxô. Não queria fazer a obrigação. Inventei a onda. Grudou. Azar teu. (p.45)

Sou Vadinho, cafifa escolado. Judio de mulher pra elas gamarem. (p.45)

Page 20: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Resultados

• A análise mostra que há uma estreita ligação entre as marcas de oralidade e as relações de poder que se estabelecem entre as personagens;

• Naturalidade ao diálogo ficcional;• O texto literário também pode contribuir para o exame de realidades

sócio-históricas.

Page 21: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

Bibliografia

MARCOS, Plínio - A Navalha na Carne. Editora Maltese, 1992, 10ª edição.

PRETI, Dino - A Linguagem Proibida, um estudo sobre a linguagem erótica. T.A. Queiróz Editor, 1984, 3ª edição.

PRETI, Dino - Sóciolinguística: Os Níveis da Fala. Editora USP, 2000, 9ª edição.

Page 22: Navalha Na Carne (Plínio Marcos) - Um Estudo sobre as Marcas de Oralidade e Relações de Poder

ApresentaçãoFábio Rodrigues Lemes

Vany Cristina Beccaria

ComponentesFábio Rodrigues Lemes

Vany Cristina Beccaria

Isabel Camargo

Samuel Alves Monteiro

Sérgio Macedo Jr.

OrientadoraProfª Dra. Andrea Pereira de Melo