nacionalidade trabalho

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I. Introdução: O direito de nacionalidade é um direito fundamental da pessoa humana, positivado tanto no direito interno (Título II, Capítulo III da constituição de 88), quanto no direito Internacional (Declaração Universal dos Direitos Humanos – 1948 e vários tratados internacionais). A Declaração Universal dos Direitos Humanos o prevê em seu artigo 15: “1.Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. 2.Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade”. Essa referência comprova a força que esse direito ganhou no pós guerra em todo o Direito Internacional como um direito fundamental da pessoa humana, que passa a fundamentar vários ordenamentos no ocidente, ou seja, houve um processo de internacionalização, já que antes aquele ficava restrito aos ordenamentos dos estados. O Brasil assinou a Declaração, passando a se comprometer também na sua defesa. Apesar da difusão Internacional do direito de nacionalidade, entende-se que cabe aos estados soberanos estabelecer os critérios para que se considere um indivíduo nacional. Assim, podemos ver dois ramos do direito que estuda a nacionalidade: O Direito Constitucional e o Direito Internacional Público. Antes de aprofundar sobre o assunto, é preciso lançar mão de alguns conceitos e em seguida do contexto histórico desse direito. II. Estado, Povo, Nação, Nacionalidade, Cidadania:

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nacionalidade

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Page 1: Nacionalidade Trabalho

I. Introdução:

O direito de nacionalidade é um direito fundamental da pessoa humana, positivado

tanto no direito interno (Título II, Capítulo III da constituição de 88), quanto no direito

Internacional (Declaração Universal dos Direitos Humanos – 1948 e vários tratados

internacionais). A Declaração Universal dos Direitos Humanos o prevê em seu artigo 15:

“1.Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.

2.Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade

nem do direito de mudar de nacionalidade”.

Essa referência comprova a força que esse direito ganhou no pós guerra em todo o

Direito Internacional como um direito fundamental da pessoa humana, que passa a

fundamentar vários ordenamentos no ocidente, ou seja, houve um processo de

internacionalização, já que antes aquele ficava restrito aos ordenamentos dos estados. O

Brasil assinou a Declaração, passando a se comprometer também na sua defesa. Apesar

da difusão Internacional do direito de nacionalidade, entende-se que cabe aos estados

soberanos estabelecer os critérios para que se considere um indivíduo nacional. Assim,

podemos ver dois ramos do direito que estuda a nacionalidade: O Direito Constitucional e

o Direito Internacional Público.

Antes de aprofundar sobre o assunto, é preciso lançar mão de alguns conceitos e

em seguida do contexto histórico desse direito.

II. Estado, Povo, Nação, Nacionalidade, Cidadania:

É muito comum haver a confusão entre os conceitos desses institutos, por isso é

preciso diferenciá-los. O estado é formado pelo Território, Povo e Soberania. Sem estes

não há estado. Povo é o conjunto de pessoas que fazem parte de determinado estado.

Estes estão unidos juridicamente e politicamente ao estado, sendo este o conceito de

nacionalidade. Assim, o povo que é elemento constitutivo do estado, liga-se a este através

da nacionalidade. Diferentemente do conceito de nação que envolve pessoas unidas por

sentimentos históricos e culturais, com passado, presente e futuro, a preservação das

tradições. Mais adiante poderemos ver que o termo Nação tem certas similitudes

conceituais e etimológicas com o termo Nacionalidade, no entanto no aspecto jurídico é

possível fazer essa diferenciação. Outra distinção importante é feita entre Nacionalidade e

Page 2: Nacionalidade Trabalho

cidadania. Como já dito, nacionalidade é o vínculo jurídico/político que liga o indivíduo a

determinado estado. Cidadania é a qualidade de um indivíduo capaz de exercer Direitos

Políticos, ou seja, para exercê-los precisa ser cidadão e para ser precisa ter

nacionalidade. Assim, percebe-se que todo cidadão é nacional, mas nem todo nacional é

cidadão à exemplo dos indivíduos que não podem exercer seus direitos políticos ou ainda

nãos os tem (menor de 16 anos, o preso etc).

Segundo Pedro LENZA:

Nacionalidade pode ser definida como o vínculo jurídico-político

que liga um indivíduo a um determinado Estado, fazendo com que

este indivíduo passe a integrar o povo daquele Estado e, por

consequência, desfrute de direitos e submeta-se a obrigações. [...]

Cidadania tem por pressuposto a nacionalidade (que é mais ampla

que a cidadania), caracterizando-se como a titularidade de direitos

políticos de votar e ser votado. O cidadão, nada mais é do que o

nacional (brasileiro nato ou naturalizado) que goza de direitos

políticos.

José Afonso da Silva confirma essa diferença:

No Direito Constitucional brasileiro vigente, os termos

nacionalidade e cidadania, ou nacional e cidadão, têm sentido

distinto. Nacional é o brasileiro nato ou naturalizado, ou seja,

aquele que se vincula, por nascimento ou naturalização, ao

território brasileiro. Cidadão qualifica o nacional no gozo dos

direitos políticos e os participantes da vida do Estado (arts. 1º, II, e

14). Surgem, assim, três situações distintas: a do nacional (ou da

nacionalidade), que pode ser nato ou naturalizado; a do cidadão

(ou da cidadania) e a do estrangeiro, as quais envolvem, também,

condições jurídicas distintas [...].

III. Histórico:

Como já dito, Nacionalidade em sentido jurídico é o vínculo que liga o indivíduo

(que faz parte do povo, elemento do estado) juridicamente/politicamente a determinado

estado, criando direitos e obrigações. Apesar disso, a origem da palavra e do conceito de

nacionalidade nasceu em um sentido sociológico que coincide com seu significado

etimológico. Assim, a palavra Nacionalidade tem como origem o Latim, sendo que o

Page 3: Nacionalidade Trabalho

prefixo natio tem como significado “nação, povo, multidão, gente, seita, ordem, raça,

origem”. Desta forma, a palavra nacionalidade está ligada, na sua origem, à noção de

grupo étnico.

É possível citar as famílias e as tribos antigas como as raízes do instituto da

nacionalidade, sempre traçando objetivos comuns, unidos por um vínculo, esses

grupos procuraram não se misturar uns com os outros visando a perpetuação. As

famílias e os grupos étnicos valorizavam mais a hereditariedade, os integrantes de

um tronco comum correspondiam aos sentidos dos nacionais, enquanto os demais

seriam os estrangeiros.

O movimento dos nômades e expansão dos povos ocasionou o choque de raças e

grupos de diversas origens, que por um motivo ou outro se encontraram e fixaram-

se em um território anteriormente desocupado, o que possibilitou a todos

estabelecerem um vínculo com a nova terra, que passa a ser visto como o único

ponto em comum entre todos.

Outro momento histórico do Direito da Nacionalidade refere-se à Grécia Antiga e a

Roma. São nessas civilizações que surgiram os 3 principais critérios utilizados

atualmente para se adquirir a nacionalidade: ius Sanguinis, ius Soli e o critério

misto. O primeiro, diz respeito ao critério sanguíneo, ou seja, tem que ser filho ou

neto para adquirir a nacionalidade. Já o segundo refere-se ao território do

nascimento do indivíduo, sendo esse o determinante para saber qual a

nacionalidade. O último será um mister dos dois, podendo um ser mais

preponderante que o outro. O primeiro sistema é o mais antigo e foi adotado pelos

gregos e romanos. Eles viam no Estado um prolongamento e um agrupamento

das famílias. Entre os gregos a família era o fundamento da fratria, ao passo que

constituía a base da tribo. A Cidade Estado ou Polis grega consistia num

aglomerado de tribos. Todos que tinham sangue de Atenas ou Esparta eram

considerados atenienses e espartanos, dominadores, raças conquistadoras,

senhoras do mundo.

O mesmo ocorreu durante o a Roma Antiga, filho de romano, romano era,

independentemente do local de nascimento.

MEIRELLES TEIXEIRA acrescenta ainda sobre a Nacionalidade em

Roma:

A noção de status – condição jurídica que outorga certos direitos e

impõe certos deveres – nos vem do Direito Romano, que conhecia

Page 4: Nacionalidade Trabalho

o status libertatis (condição de homem livre, liberto ou escravo), o

status familiae (condição de pai, de filho, de mulher casada, etc, e

direitos e obrigações daí decorrentes) e, finalmente, o status

civilitatis (condição de cidadão romano ou de estrangeiro – cives,

peregrini). Como se sabe, em Direito Romano, o homem livre

gozava de todos os direitos estabelecidos pelo Direito Natural e

pelo Direito das Gentes (jus naturale et gentium); mas a liberdade,

somente, não outorgava a especial capacidade para exercício de

direitos políticos, derivado do Direito Civil (jus civile); era

necessário ao indivíduo, para adquirir tais direitos, além de ser

livre, reunir ainda a condição de cidadão romano (civis),

decorrente do “estado de cidade” (status civitatis). Note-se que em

Direito Romano, à época de Justiniano, o jus civile compreendia

tanto os direitos civis, propriamente ditos, como também os

direitos políticos (jus sufragii, direito de voto), direito de ocupar

uma magistratura (jus bonorum). Quem gozasse desses direitos

era cidadão romano (civis romanus). [...] É importante observar-se,

aí, uma interpenetração do Direito Civil com o Direito Público, bem

como a ausência de uma distinção bem nítida entre a

nacionalidade e a cidadania, tal como existe no Direito Público

moderno.

Na Idade Média, o ius Soli era também o critério utilizado, já que quem nascia nos

feudos adquiririam determinada nacionalidade.

Na idade moderna o ius Sanguinis recupera prestígio uma vez que os novos

Estados que surgiram se constituíram com base em nações que se formavam fruto

da unificação de pequenos reinos, especialmente por influências do jusnaturalismo.

Nessa época que surgem os movimentos constitucionalistas, surgindo o estado

moderno e um dos elementos deste estado é a diferenciação entre nacional e

estrangeiro. É nesse contexto que o estado passa a regular e criar critérios para

definir o Nacional.

Segundo Antônio Moreira Maués:

Com as revoluções liberais, o componente pessoal

do Estado se desloca da figura do súdito para a

figura do cidadão. A relação direta entre indivíduo e

Estado se consolida e deixa de ser compreendida

somente como relação de subordinação, passando

a fundamentar o reconhecimento de direitos. Sob a

Page 5: Nacionalidade Trabalho

influência das ideias de soberania nacional ou

popular, cria-se uma comunidade política de

cidadãos, baseada na igualdade entre seus

membros e na titularidade de direitos e obrigações

decorrentes desse status. Marcando essa mudança,

a Constituição Francesa de 1791 inicia-se com a

proclamação da cidadania francesa (art. 2º) e a

Constituição Brasileira de 1824 define o Império

como “associação Política de todos os Cidadãos

Brasileiros” (art. 1º).

Nestes momentos os estados buscaram restringir certos direitos aos estrangeiros,

ampliando em conjunto os direitos dos nacionais, mostrando assim que o estado é

ligado a determinado povo. Como consequência também cria mais obrigações aos

nacionais. A era Napoleônica foi um grande difusor desses pensamentos por toda a

Europa, tendo como a cooperação entre os nacionais cada vez mais forte.

A partir do Século XX o conceito de Nacionalidade ganha força em âmbito universal

devido às grandes guerras, respaldado principalmente pela Declaração Universal

dos Direitos Humanos - 1948 e a elevação do princípio da dignidade da pessoa

humana. Assim, o direito de nacionalidade sai do âmbito interno e amplia-se para o

Direito Internacional, ganhando status de direito fundamental da dignidade da

pessoa humana.

Outra grande previsão sobre a nacionalidade foi feita na Declaração Americana dos

Direitos e Deveres do Homem em 1948 que dispõe:

Artigo XIX. Toda pessoa tem direito à nacionalidade que legalmente

lhe corresponda, podendo mudá-la, se assim o desejar, pela de

qualquer outro país que estiver disposto a concedê-la.

Também prevista na Convenção Americana sobre Direitos Humanos – 1969, no

seu art. 20; Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos; Convenção sobre a

Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher; Convenção

Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial;

Convenção sobre os Direitos das Crianças; Convenção sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência; Pacto de San José da Costa Rica (Direitos Humanos e o

Direito Constitucional Internacional – Flávia Piovesan).

No Brasil, desde a constituição do Império – 1824, já se previam os requisitos para

adquirir a Nacionalidade.

Page 6: Nacionalidade Trabalho

Nesta constituição se aderiu ao critério do Ius Soli e também afirmava serem cidã-

dãos brasileiros os filhos de pai brasileiro e os filhos ilegítimos de mãe brasileira,

nascidos em país estrangeiro que vierem estabelecer domicílio no Império. Desta

forma, exigiu-se a fixação de domicílio no Império para que o filho de brasileiro

nascido no estrangeiro obtivesse a nacionalidade brasileira.

A constituição de 1891 afirmou-se o mesmo da CF anterior.

Em 1934, a constituição exigiu, para obtenção da nacionalidade brasileira, que os

filhos de brasileiros, ou brasileiras, nascidos em país estrangeiro, optem pela

nacionalidade brasileira ao atingirem a maioridade.

Em 1937 manteve-se o mesmo critério da constituição anterior.

Já a constituição de 1946 passou a exigir que, atingida a maioridade, estes

deverão, para conservar a nacionalidade brasileira, optar por ela, dentro em quatro

anos.

A constituição de 1967 sob o regime militar tratou do tema em análise de forma a

exigir que os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, serão

considerados brasileiros desde que, registrados em repartição brasileira

competente no exterior, ou não registrados, venham a residir no Brasil antes de

atingir a maioridade. Neste caso, alcançada esta, deverão, dentro de quatro anos,

optar pela nacionalidade brasileira.

A EC de 1969 manteve a regra.

Abordaremos a Constituição de 88 até os dias atuais em tópico específico abaixo.

IV. Nacionalidade na Constituição de 88:

O direito de Nacionalidade está previsto na CF no Título II – Dos Direitos e

Garantias Fundamentais, em seu Capítulo III – Da Nacionalidade. Levando em conta seu

posicionamento na própria constituição podemos dizer que se considera a Nacionalidade

um Direito Fundamental, e não só isso, pois após receber âmbito universal através dos

diversos tratados assinados pelo Brasil e, principalmente, a Declaração Universal dos

Direitos do Homem, o direito de nacionalidade tornou-se Direito Fundamental da Pessoa

Humana (Fundamental pelo respaldo interno e da Pessoa Humana pelo respaldo

Internacional).

Sobre o tema, Ingo Wolfgang SARLET tem a seguinte visão:

Em que pese sejam ambos os termos (“direitos humanos” e

“direitos fundamentais”) comumente utilizados como sinônimos, a

Page 7: Nacionalidade Trabalho

explicação corriqueira e, diga-se de passagem, procedente para a

distinção é de que o termo “direitos fundamentais” se aplica para

aqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados na

esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, ao

passo que a expressão “direitos humanos” guardaria relação com

os documentos de direito internacional, por referir-se àquelas

posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano como tal,

independentemente de sua vinculação com determinada ordem

constitucional, e que, portanto, aspiram à validade universal, para

todos os povos e tempos, de tal sorte que revelam um inequívoco

caráter supranacional (internacional).

Lembrando que, pelo fato de ser direito fundamental, o direito de nacionalidade tem

aplicabilidade imediata, segundo o artigo art. 5º, § 1º da CF 88.

É importante destacar que o direito de nacionalidade, diferentemente dos direitos

fundamentais individuais, coletivos e sociais, são restritos aos indivíduos que se

enquadram nos requisitos estabelecidos pela constituição, ou seja, os nacionais. Os

estrangeiros, com ressalva do português equiparado, não terão esse direito. Para poder

ter e exercer os direitos políticos é preciso ser nacional, ou seja, mais uma limitação de

direitos a quem não possui o direito de nacionalidade, com ressalvas de alguns direitos

aos naturalizados e também ao português equiparado.

Outro ponto importante que merece destaque é a titularidade ou não de direitos

fundamentais pelo estrangeiro não residente no Brasil. O questionamento tem relevância,

pois no artigo 5º, caput, faz referência somente ao estrangeiro residente, ou seja, não

teria direitos fundamentais o não residente? Alguns doutrinadores preferem fazer uma

interpretação literal do dispositivo e dizer que sim. No entanto, deve-se buscar uma

interpretação extensiva e em consonância com o princípio da dignidade da pessoa

humana, pois este fundamenta todo o ordenamento jurídico interno e internacional.

Esse é o pensamento de Ingo Wolfgang SARLET:

Além disso, a recusa da titularidade de direitos

fundamentais aos estrangeiros não residentes, que, salvo

nas hipóteses expressamente estabelecidas pela

Constituição, poderiam contar apenas com uma tutela legal

(portanto, dependente do legislador infraconstitucional)

viola frontalmente o disposto no art. 4°, inciso II, da CF,

que, com relação à atuação do Brasil no plano das relações

internacionais, estabelece que deverá ser assegurada a

Page 8: Nacionalidade Trabalho

prevalência dos direitos humanos, posição que inclusive

encontra respaldo em diversos julgados do STF.691

Também aqui deve valer a máxima de que na dúvida há de

se assegurar a proteção dos direitos humanos e

fundamentais a qualquer pessoa, ainda mais quando a

sugerida “consciência da omissão” não corresponde

visivelmente, em se procedendo a uma interpretação

teleológica e sistemática, à resposta constitucionalmente

adequada.

O próprio STF respalda à interpretação com base no principio da dignidade da pessoa

humana. Um bom exemplo é o Informativo 502 STF que transcreveu decisão do Ministro

Celso de Mello reconhecendo o direito de estrangeiro não residente de impetrar habeas-

corpus, afastando a interpretação literal do caput do artigo 5º, da CF/88. Eis um pequeno

trecho:

“o fato de o paciente ostentar a condição jurídica de

estrangeiro e de não possuir domicílio no Brasil não lhe

inibe, só por si, o acesso aos instrumentos processuais de

tutela da liberdade nem lhe subtrai, por tais razões, o direito

de ver respeitadas, pelo Poder Público, as prerrogativas de

ordem jurídica e as garantias de índole constitucional que o

ordenamento positivo brasileiro confere e assegura a

qualquer pessoa que sofra persecução penal instaurada

pelo Estado” (STF, HC 94016 MC/SP, rel. Min. Celso de

Mello, j. 7/4/2008).

Como já dito, o constitucionalismo brasileiro previu em todas suas constituições o

direito de nacionalidade como um Direito Fundamental. Esse status traz algumas

consequências, alguns efeitos. Primeiramente, confere o status de cláusula pétrea às

hipóteses de aquisição da nacionalidade, impedindo sua supressão.

Segundo o entendimento de Antonio Moreira Maués:

O poder constituinte derivado não está autorizado a eliminar do

ordenamento constitucional nenhuma das vias de acesso à nacionalidade,

seja originária, seja secundária, podendo apenas modificar as condições

pelas quais ela pode ser adquirida. A intangibilidade das normas que

regulam o direito à nacionalidade também veda ao poder reformador

ampliar as hipóteses de perda do direito.

Page 9: Nacionalidade Trabalho

Em seguida, deve-se buscar sempre uma interpretação extensiva do direito da

nacionalidade, no sentido de buscar uma ampliação do reconhecimento da nacionalidade.

Isso se deve ao fato de que a nacionalidade é um direito fundamental que reconhece

outros direitos na ordem jurídica interna. Assim, deve-se buscar a máxima efetivação dos

direitos, sua aquisição, buscando interpretar extensivamente a concessão da

nacionalidade.

Por último, os tratados de direito internacional em que o Brasil aderiu e que fale sobre o

direito da nacionalidade, serão tratados com status constitucional, pois a nacionalidade é

direito fundamental da pessoa humana.

Para Antonio Moreira Maués o constitucionalismo brasileiro sempre demonstrou uma

concepção inclusiva de nacionalidade, verificado nas diferentes hipóteses ao longo das

constituições de se adquirir a nacionalidade.

Continuando a explicitar como a CF 88 tratou da questão da nacionalidade,

conceituarei e explicarei cada instituto a seu momento. No presente demonstrarei as

mudanças que ocorreram de 88 até os dias atuais.

Em sua promulgação, a constituição federal previu em seu artigo 12, inciso I que:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,

desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que

qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

Essas duas alíneas não sofreram modificação até hoje, no entanto a alínea C deste

mesmo inciso sofreu algumas modificações importantes. Em seu texto original, a CF

previa que os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, poderiam

ser registrados em repartição competente no exterior. Também passou a exigir que os

nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, viessem a residir na

República Federativa do Brasil antes da maioridade e, quando alcançada esta, optassem

em qualquer tempo pela nacionalidade brasileira.

c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que

sejam registrados em repartição brasileira competente, ou venham a residir na

República Federativa do Brasil antes da maioridade e, alcançada esta, optem, em

qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira;

Page 10: Nacionalidade Trabalho

O fato de ter que estabelecer residência antes da maioridade para adquirir a

nacionalidade foi uma das grandes críticas da doutrina na época, no entanto depois de

atingida a maioridade não haveria lapso temporal para se escolher a nacionalidade.

A Emenda Constitucional de Revisão nº 03, aprovada em 1994, alterou as regras de

obtenção da nacionalidade brasileira dos nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de

mãe brasileira. Esta Emenda suprimiu do texto constitucional a possibilidade de registro

nos consulados dos filhos tidos no Exterior, terminando assim com uma forma de

obtenção de forma natural do direito de nacionalidade pelo jus sanguinis consagrada pela

Constituição Federal de 1988, quando da promulgação. Essa supressão do texto

constitucional foi um retrocesso nas regras do direito de nacionalidade pátrio, uma vez

que se passou a exigir a fixação de residência e a realização da opção.

c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que

venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,

pela nacionalidade brasileira;(Redação dada pela Emenda Constitucional de

Revisão nº 3, de 1994)

Diante do teor da emenda constitucional em questão, somente o menor, filho de brasileiro

nascido no estrangeiro, residente no País, poderia ser registrado em cartório,

provisoriamente, como brasileiro nato, vez que a Constituição Federal passou a exigir

para tais casos a opção via processo judicial da nacionalidade brasileira. Assim, até 20 de

Setembro de 2007, quando promulgação da Emenda Constitucional nº 54, as regras

brasileiras do direito de nacionalidade seguiam as regras mencionadas acima.

Por causa do retrocesso da revisão constitucional de 1994, os nascidos no estrangeiro, de

pai brasileiro ou de mãe brasileira, deixaram de ser automaticamente brasileiros. Tais

crianças vivem com passaportes brasileiros provisórios, com validade somente até a data

em que completam a maioridade. Entretanto, para se tornarem brasileiros natos

realmente, terão que fixar residência no Brasil a qualquer tempo, além de entrar com um

processo judicial junto à Justiça Federal – que pode levar 07 anos - para ver reconhecida

a sua nacionalidade brasileira. Tal problema fica ainda mais grave quando tomamos

conhecimento que os filhos de brasileiros nascidos em países que reconhecem apenas o

jus sanguinis como forma de aquisição da nacionalidade ficariam apátridas ao atingirem a

maioridade. Isto porque tais países, como Alemanha, Suíça, Israel e Japão, não

reconhecem como seus nacionais os filhos de imigrantes nascidos em seu território;

reconhecem apenas como seus nacionais os filhos de seus nacionais,

independentemente de aonde nasçam. Desta forma, os filhos de brasileiros nascidos

nestes países eram considerados brasileiros somente temporariamente, até a maioridade;

momento em que venciam seus passaportes. Atingida a maioridade, e não tendo fixado

residência no País, as quase 200 mil pessoas nesta condição virariam apátridas.

Page 11: Nacionalidade Trabalho

Agora em 20 de Setembro de 2007, o lapso causado pela Emenda Constitucional de

Revisão nº 03/1994 foi revisto. Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 54/2007,

os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, poderão, novamente,

obter a nacionalidade brasileira sem que haja necessidade de fixar residência no País e

nem optar pela nacionalidade brasileira através de processo judicial. A Emenda

Constitucional nº 54, alterando o disposto no artigo 12, I, “c” da Constituição Federal,

passou a permitir, novamente, que os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de

mãe brasileira, possam ser registrados em repartição brasileira competente. Além de

restabelecer esta regra, que já havia constado em texto constitucional anteriormente, a

Emenda Constitucional também previu uma segunda regra; a de que também serão

considerados brasileiros natos aqueles nascidos no estrangeiro, filhos de brasileiros,

desde que, não sendo registrado em repartição competente no exterior, venham fixar

residência no Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela

nacionalidade brasileira. Além da alteração do disposto no artigo 12, a Emenda

Constitucional também alterou o artigo 95 dos Atos Dispositivos Constitucionais

Transitórios, no sentido de permitir que os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de

mãe brasileira, entre o período de 07 de junho de 1994 e 20 de Setembro de 2007, data

da promulgação da Emenda Constitucional nº 54/2007, poderão ser registrados em

repartição diplomática ou consular brasileira competente, ou ainda, se fixarem residência

no Brasil, em ofício de registro. Assim, passou-se novamente a reconhecer o direito à

nacionalidade brasileira nata aos nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe

brasileira, sem necessidade de fixação de residência no País.

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde

que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a

residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,

depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação

dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)

Outra mudança foi no prazo para naturalização extraordinária que passou de 30 anos para 15 anos. Mudança feita pela emenda constitucional de revisão 3

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de trinta anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

Page 12: Nacionalidade Trabalho

Mudou também a expressão direitos inerentes ao brasileiro nato no caso do português equiparado, pois existem direitos que são restringidos, da mesma forma como os naturalizados.

§ 1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro nato, salvo os casos previstos nesta Constituição.

§ 1º   Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

V. Conceito, espécies, tipologia:

Conceito:

Como já dito, O direito de nacionalidade é um direito fundamental da pessoa

humana, cabendo ao estados criar seus critérios para estabelecer quem serão

seus nacionais. Justifica-se, pois o nacional a partir daí ganhará uma dimensão

enorme de direitos e obrigações. Essa relação entre o estado e o nacional gerando

essa gama de direitos e obrigações que será o conceito de nacionalidade.

Segundo Dirley da Cunha Jr:

“Nacionalidade é liame ou vínculo de natureza jurídico-política que,

por nascimento ou naturalização, associa um indivíduo a um

determinado estado, que passa, em consequência, a integrar o povo

deste Estado, habilitando-o a usufruir de todas as prerrogativas e

privilégios concernentes a condição de nacional.”

A nacionalidade integra o indivíduo ao estado como integrante do povo, sendo este

um dos elementos de formação do próprio estado. Lembrando que povo diferencia-

Page 13: Nacionalidade Trabalho

se de população, pois aquele refere-se aos nacionais e esse a todas as pessoas

indistintamente. E também nacional de cidadão.

Espécies:

A nacionalidade pode vir por meio do nascimento ou naturalização. Assim, a

doutrina distingue duas espécies de nacionalidade: Primária, Originária ou de

origem e Secundária ou adquirida.

A Primária, Originária ou de origem, resulta do nascimento, ou seja um fato natural

ou involuntário, segundo Dirley da Cunha Júnior. Esse modo de aquisição não vale-

se da voluntariedade do indivíduo, depende da vontade unilateral do Estado e de

acordo com os critérios que o mesmo estabelecer. No direito brasileiro estes são

considerados brasileiros Natos e vem positivado no artigo 12, inciso I da CF.

Já a Secundária ou Adquirida, diferentemente da anterior, não dependerá do

nascimento, mas sim da vontade da parte em conjunto com a vontade soberana do

estado, ou seja, é preciso uma soma de vontades que se darão no processo de

naturalização. O estado também estabelecerá critérios para a naturalização, nesse

ponto que se dará sua vontade. É um processo bilateral. No direito brasileiro estes

são considerados brasileiros Naturalizados e vem positivado no artigo 12, inciso II

da CF.

Tipologia/Critérios:

A nacionalidade é dividida nessas duas espécies e cada uma delas o estado

estabelece critérios específicos para se adquirir a nacionalidade. No casso da

nacionalidade originária, pelo nascimento, existem 2 critérios e um terceiro que

resulta da mistura dos dois. O primeiro é o IUS SOLIS ou critério territorial, sendo

que este resulta do local do nascimento. O segundo é o IUS SANGUINIS ou critério

sanguíneo ou da descendência, explicando-se a nacionalidade pelo laço sanguíneo

com um nacional, basta ser descendente do nacional. Existe ainda os critérios

mistos, onde usa-se um destes como critério maior e o outro como exceção, ou

ainda outros critérios acessórios que cada estado pode criar.

Dirley da Cunha Júnior explica que:

Page 14: Nacionalidade Trabalho

Em regra, os Estados europeus por serem de emigração, adotam o

critério sanguíneo ou ius sanguinis, tendo em vista que em qualquer

lugar do mundo, os filhos de seus nacionais também serão

nacionais; enquanto os estados americanos, por serem de

imigração, acolhem o critério territorial ou ius solis, com o que os

descendentes de imigrantes passam a integrar a sua nacionalidade.

Mas isso não é absoluto, pois os estados podem mesclar os critérios

ou adotar critérios acessórios.

No caso da nacionalidade secundária, segue o que já foi dito, há o pedido do indivíduo

que se somará à vontade do estado de acordo com critérios previamente estabelecidos.

Polipátridas e os apátridas ou heimatlos:

Os polipátridas são aqueles que possuem duas ou mais nacionalidade. Em regra

no direito brasileiro, não é aceito outra nacionalidade além da brasileira, salvo

algumas exceções que veremos adiante. Esse caso ocorre quando há divergência

entre critérios para adquirir a nacionalidade em diversos países. Uma pessoa pode

ser nacional de um país que adote o critério Ius Sanguinis e o seu filho nascer em

um país que adote o critério Ius Solis, ou seja, terá a nacionalidade por

descendência e por território onde nasceu, lembrando que o Brasil veda, sabendo

que há exceções. A doutrina chama de conflito positivo de nacionalidade, pois dois

ou mais países reconhecem a nacionalidade do indivíduo.

Já os apátridas ou heimatlos são aqueles que não possuem nacionalidade. Essa

situação também ocorrerá por divergências de critérios adotados entre os países.

Por exemplo, uma pessoa é nacional de um país que adote o critério territorial,

sendo que seu filho nasce num país que adote o critério sanguíneo. Nesse caso

seu filho não se encaixará em nenhum dos dois critérios, pois no primeiro não

nasceu no território correspondente e no segundo seu ascendente não é nacional

do país que utiliza este critério, assim não terá nacionalidade. Nesses casos é bom

lembrar que a nacionalidade é um direito universal previsto na Declaração

Universal dos Direitos do Homem e em tratados internacionais, cabendo as

autoridades tentar resolver a situação. A constituição brasileira de 88, depois de

resolver as problemáticas já ditas em relação a emenda de revisão constitucional,

soluciona a questão abrindo a possibilidade de registrar os filhos de brasileiro(a)

em repartição consular competente no estrangeiro ou caso vier a residir no Brasil e

opte, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade

brasileira, passará a ser brasileiro nato (art. 12, I, c, com redação dada pela EC

54/2007).

Page 15: Nacionalidade Trabalho

Critérios Adotados Pelo Brasil:

Iremos nos ater agora mais detalhadamente sobre os critérios adotados pelo Brasil

para adquirir-se a nacionalidade. Lembrando que o direito de nacionalidade é

considerado cláusula pétrea e não pode haver a supressão das hipóteses

originárias e secundárias, somente pode haver modificação das condições pelas

quais adquire-se a nacionalidade. Também não pode haver a ampliação das

hipóteses de perda do direito. O STF entende que só cabe a constituição tratar da

matéria em questão, pois cabe ao estado soberano definir a contenda (HC 83.113-

QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-6-03, Dj de 29-8-03).

A constituição federal adotou o critério territorial como regra para adquirir-se a

nacionalidade originariamente, como brasileiro Nato. No entanto, essa regra pode

ser afastada quando da utilização do critério sanguíneo aliado a critérios

acessórios como o funcional, o registro, e a nacionalidade potestativa. Assim, estes

também serão natos. A CF/88 prevê que:

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais

estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde

que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,

desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou

venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer

tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade

brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)

A alínea a) trata do critério territorial em seu sentido estrito, ou seja, basta nascer

dentro do território brasileiro para que seja considerado brasileiro, independente da

nacionalidade.

Para Alexandre de Moraes e toda a doutrina, considera-se território

nacional:

Page 16: Nacionalidade Trabalho

“como as terras delimitadas pelas fronteiras geográficas, com rios, lagos,

golfos, ilhas, bem como o espaço aéreo e o mar territorial, formando o

território propriamente dito; os navios e as aeronaves de guerra brasileiros,

onde quer que se encontrem; os navios mercantes brasileiros em alto-mar

ou de passagem em mar territorial estrangeiro; as aeronaves civis

brasileiras em voo sobre alto-mar ou de passagem sobre águas territoriais

ou espaços aéreos estrangeiros.”

A constituição traz uma pequena ressalva no caso do Estrangeiro, excluindo-se a

nacionalidade no caso desse estar à serviço do seu país no momento em que

nascer seu filho no território nacional.

Novamente Alexandre de Moraes explica a casuística:

Não se trata da adoção pura e simples do critério Ius Sanguinis para

exclusão da nacionalidade brasileira, mas da conjugação de dois requisitos:

o Ambos os pais precisam ser estrangeiros;

o Um dos pais, no mínimo, deve estar no território nacional, a

serviço de seu país de origem. Frise-se que não bastará

outra espécie de serviço particular ou para terceiro país, pois

a exceção ao critério do ius soli refere-se a uma tendência

natural do direito internacional, inexistente na hipótese de

pais estrangeiros a serviço de um terceiro país, que não o

seu próprio.

Na alínea b) a constituição afasta o critério territorial, seguindo o critério sanguíneo

conjugado com o critério funcional. Só considera-se brasileiro nato nesta hipótese

aquele que nascer no estrangeiro, seja de pai ou de mãe brasileiros, natos ou

naturalizados (ius sanguinis), e que estejam a serviço do Brasil, um ou outro ou

ambos, (critério Funcional). Resumindo:

o Ser filho de pai brasileiro ou mãe brasileira ou ambos,

independente se nato ou naturalizado (ius sanguinis)

o O pai ou a mãe ou ambos devem estar a serviço da

República Federativa do Brasil (critério funcional),

abrangendo-se o serviço diplomático; o serviço

consular; serviço público de outra natureza prestado aos

órgãos da administração centralizada ou

Page 17: Nacionalidade Trabalho

descentralizada (autarquias, sociedade de economia

mista e empresas públicas) da União, dos Estados-

Membros, dos Municípios, do DF, ou dos Territórios.

Outra hipótese que deve ser enfrentada diz respeito à filiação adotiva. O que

ocorreria se o nacional, a serviço do país no estrangeiro, adotasse uma criança lá

nascida?

Para Antônio Moreira Maués:

Deve-se aplicar aqui dispositivo art. 227, § 6º, que proíbe a discriminação

entre filhos naturais e adotados. Considerando que, neste caso, a

nacionalidade é atribuída pela filiação e que, no Brasil, o filho adotado goza

dos mesmos direitos do filho natural, também deve ser reconhecida àquele

a condição de brasileiro nato.

Na alínea c) ficam as hipóteses que houveram modificações pela emenda de

revisão constitucional número 3 e posteriormente pela EC 54 de 2007 que inseriu

também o art. 95 no ADCT, como já explicado em tópico anterior.

o A primeira parte da alínea refere-se a conjugação do critério do ius sanguinis

com o registro em repartição brasileira competente. A aquisição de

nacionalidade neste caso, acontece quando nascido de pai brasileiro ou mãe

brasileira (ius sanguinis) no estrangeiro e que sejam levados a registro

(critério específico) em repartição brasileira competente, seja embaixada ou

consulado, sem necessidade de confirmação posterior, pois o registro

lavrado por agente consultar possui a mesma eficácia daqueles formalizados

no Brasil.

o Existe outra hipótese nesta primeira parte da alínea c), referente ao art. 95

do ADCT, sobre o caso já citado em tópicos anteriores. É o caso dos filhos

de pai brasileiro ou mãe brasileira que nasceram no exterior e que

precisavam vir a residir no brasil para adquirir a nacionalidade e acabaram

não vindo. Nestes casos eles acabaram ficando sem nacionalidade, assim o

ADCT regulou estes casos sob o lapso temporal de 94 a 2007. Basta que

registrem-se em repartição brasileira competente no exterior ou caso

venham residir no Brasil, registrem-se em ofício competente, sem precisar

formalizar na justiça federal.

o A segunda parte da alínea c) trata-se do critério sanguíneo com o potestativo

(residir e escolher). Refere-se ao filho de pai brasileiro ou mãe brasileira

Page 18: Nacionalidade Trabalho

(critério sanguíneo) nascido no exterior que vem a residir no Brasil e, depois

de atingida a maioridade, a qualquer tempo, opte pela nacionalidade

brasileira (potestativo). A doutrina chama de nacionalidade potestativa, pois

o indivíduo tem a opção de confirmar a nacionalidade originária ou não,

atingida a maioridade, no entanto precisa residir no Brasil. Lembrando que

os pais tinham a opção de registrar nos estabelecimentos competentes no

exterior. É preciso esclarecer que a nacionalidade não é adquirida no

momento de confirmar, após a maioridade, e sim no momento que

estabelecer residência no Brasil, pois nesse momento o indivíduo irá adquirir

uma nacionalidade provisório, cabendo a ele confirmar ou não, após a

maioridade e em qualquer tempo. A doutrina entende que o estabelecimento

de residência é uma condição formativa da nacionalidade, é seu fato

gerador, e a escolha seria uma condição confirmativa. Esta é feita perante a

Justiça Federal.

Alexandre de Moraes entende que se for estabelecida residência antes de

atingida a maioridade, o menor irá adquirir a nacionalidade provisória e terá

todos seus efeitos até a maioridade, onde poderá realizar a opção. Mas caso

seja estabelecida residência após a maioridade, ou se já estabelecida e

ainda não se fez a escolha pela confirmação da nacionalidade, após a

maioridade, os efeitos irão suspender até que se o confirme, ou seja,

estabelece-se nessa situação uma condição suspensiva.

Deve-se acrescentar que é direito personalíssimo a opção de confirmação

da nacionalidade e é necessária a plena capacidade do indivíduo.

Lembrando que os pais poderiam ter registrado seu filho em repartição

competente no exterior.

Na alínea c, os pais não poderiam estar a serviço do Brasil no exterior, pois

essa hipótese refere-se a alínea b.

O brasileiro naturalizado é aquele que adquire a nacionalidade não

originariamente, pelo nascimento, e sim por ato voluntário conjugado com a

vontade e condições que o estado soberano estabelece, ou seja, não há direito

subjetivo à naturalização, salvo na naturalização extraordinária. É a espécie de

aquisição de nacionalidade secundária, derivada ou adquirida. Neste caso, o

indivíduo ou era estrangeiro anteriormente ou apátrida. A constituição positivou a

matéria no:

Art. 12. São brasileiros:

Page 19: Nacionalidade Trabalho

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas

aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um

ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República

Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem

condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

O pedido de Naturalização começa em procedimento administrativo e se conclui na

via judicial, através da entrega do certificado de naturalização pela Justiça Federal

(termo inicial da naturalização). A constituição de 88 só previu a naturalização

realizada mediante pedido do interessado, ou seja, a naturalização expressão, não

há possibilidade de naturalização tácita como em outras constituições.

Existem duas espécies de naturalização: Ordinária e Extraordinária. A primeira e

segunda parte da alínea a refere-se a naturalização ordinária e a alínea b à

naturalização extraordinária.

A naturalização Ordinária pode referir-se ao estrangeiros não originários de países

de língua portuguesa e os apátridas; e os estrangeiros originários de países de

língua portuguesa.

o No primeiro caso, é necessário cumprir o que se estabelece a o Estatuto do

Estrangeiro (Lei 6.815) para aquisição na nacionalidade. Segundo o art. 112

da lei, são requisitos:

Art. 112. São condições para a concessão da

naturalização: (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)

I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;

II - ser registrado como permanente no Brasil;

III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de

quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização;

IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições

do naturalizando;

Page 20: Nacionalidade Trabalho

V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à

manutenção própria e da família;

VI - bom procedimento;

VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou

no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de

prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e

VIII - boa saúde. (§ 1º não se exigirá a prova de boa saúde a

nenhum estrangeiro que residir no País há mais de dois

anos. (Incluído pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) )

§ 2º verificada, a qualquer tempo, a falsidade ideológica ou material

de qualquer dos requisitos exigidos neste artigo ou nos arts. 113 e

114 desta Lei, será declarado nulo o ato de naturalização sem

prejuízo da ação penal cabível pela infração cometida. (Renumerado

e alterado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)

§ 3º A declaração de nulidade a que se refere o parágrafo anterior

processar-se-á administrativamente, no Ministério da Justiça, de

ofício ou mediante representação fundamentada, concedido ao

naturalizado, para defesa, o prazo de quinze dias, contados da

notificação. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)

Reitera-se que a concessão da naturalização é faculdade do chefe do poder

executivo e far-se-á mediante portaria do Ministério da Justiça (art. 111 da

lei), sendo que mesmo se os requisitos sejam satisfeitos, não haverá direito

subjetivo (art. 121 da lei).

o No caso de estrangeiros de origem de países de Língua Portuguesa

(Angola, Açores, Cabo Verde, Goa, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique,

Portugal, Príncipe e Timor Leste) só precisarão preencher os requisitos

estabelecidos pela CF/88 que são: Residência por um ano ininterrupto e

idoneidade moral.

Na naturalização extraordinária refere-se ao estrangeiro de qualquer nacionalidade

ou o apátrida desde que sejam residentes por mais 15 anos ininterruptos (prazo

estabelecido pela EC de Revisão de 94, antes era 30 anos na CF/88), não tenham

condenação penal e requeiram. A doutrina majoritária entende que caso haja o

Page 21: Nacionalidade Trabalho

preenchimento dos requisitos e o requerimento, não haverá discricionariedade do

Chefe do Poder Executivo, há direito subjetivo à naturalização.

Segundo Alexandre de Moraes:

“A expressa previsão constitucional afirmando a aquisição, presentes

todos os requisitos, “desde que requeiram”, parece não deixar

dúvidas sobre a existência de direito subjetivo por parte daquele que

cumprir com as exigências constitucionais, mesmo porque,

diferentemente da hipótese de naturalização ordinária, não há

qualquer referência à lei.”

Há um caso específico previsto na CF/88 referente aos portugueses. Além da

possibilidade de se naturalizar caso possua 1 ano ininterrupto de residência no

Brasil e idoneidade moral, o português pode ter os mesmos direitos que o brasileiro

naturalizado, recebendo o status de quase nacional, caso possua residência

permanente no Brasil e houver reciprocidade em favor dos brasileiros em Portugal.

A constituição assim prevê:

§ 1º   Aos portugueses com residência permanente no País,

se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão

atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos

previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda

Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

Apesar da CF/88 prevê que os direitos seriam os atribuídos aos brasileiros, existe

ressalvas, restrições. Neste caso, são os mesmos direitos restritos aos brasileiros

naturalizados, por isso a referência aos mesmos direitos do naturalizado que

podem ser adquiridos pelo português.

O português não perderá sua nacionalidade e ainda terá acrescidos esses direitos,

passando a ter status de quase nacional.

O Ministério da Justiça é o competente para o reconhecimento da atribuição de

direitos e deveres entre os portugueses equiparados e os brasileiros naturalizados.

A doutrina entende que para o exercício dos Direitos Políticos, há a necessidade de

requerimento à Justiça Eleitoral e permanência, no mínimo, de três anos de

residência no país. O STF entende também que a norma em questão não opera de

modo imediato, pois precisa do pronunciamento aquiescente do Estado Brasileiro e

de requerimento do súdito Português, a quem se impõe, para tal efeito, a obrigação

de preencher os requisitos estipulados pela Convenção Sobre Igualdade de

Page 22: Nacionalidade Trabalho

Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses. (EXT 890, Rel. Min. Celso de

Mello, julgamento em 5-8-04, Dj de 28-10-04)

A Constituição Federal é incisiva ao dizer que a Lei não pode fazer distinções entre

brasileiro nato e naturalizado, somente a própria constituição o fará. Assim, existem

algumas hipóteses em que a constituição distinguiu os brasileiros.

1. Quanto à titularidade de determinados cargos:

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

VII - de Ministro de Estado da Defesa(Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

Assim, os naturalizados nem os portugueses equiparados podem ocupar tais

cargos.

2. Quanto à composição do Conselho da República, na vaga de cidadão:

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da

República, e dele participam:

VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois

nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos

pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.

Assim, os naturalizados nem os portugueses equiparados podem ocupar tais

funções.

3. Quanto à extradição:

Page 23: Nacionalidade Trabalho

O Art. 5, LI, diz que “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso

de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em

tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;”

Assim, só o naturalizado pode ser extraditado (nos casos previstos), o nato não.

Lembrar que os efeitos da naturalização começam a partir da entrega do certificado

pela Justiça Federal.

4. Quanto à propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e

imagens:

O Art. 222 da CF é claro ao dizer que a propriedade destes são privativas de

brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos (lembrar do português).

Assim como existem as hipóteses de aquisição de nacionalidade, existem as de

perda. Essa é uma medida excepcional em decorrência do caráter de direito

fundamental da pessoa humana. Somente a própria constituição pode estabelecer

as hipóteses, sendo vedado a Lei e ao poder reformador sua ampliação, ou seja,

são Taxativas. Lembrando o caráter de Cláusula Pétrea das mesmas. A

constituição prevê desta forma:

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de

atividade nociva ao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela

Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei

estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro

residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu

território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda

Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

o A hipótese referente ao inciso I é destinada ao Brasileiro Naturalizado e é

chamado pela doutrina de perda-punição. Existem dois requisitos para que

haja a perda:

Page 24: Nacionalidade Trabalho

Prática de atividade nociva ao interesse nacional;

Cancelamento por sentença judicial com trânsito em julgado.

O processo judicial é iniciado através da Ação de Cancelamento de

Naturalização de iniciativa do MPF e competência da Justiça Federal e visa

imputar a prática dessas atividades. A lei 818/49 que regula o procedimento.

A lei não prevê as hipóteses de atividade nociva ao estado, cabendo ao MPF

interpreta-las.

A sentença possui efeitos ex nunc, ou seja, a partir da sentença.

Somente através da ação rescisória que se pode readquirir a nacionalidade,

nunca através de novo procedimento de naturalização.

o A segunda hipótese, referente ao inciso II, é chamada de perda-mudança.

Aplica-se tanto ao brasileiro nato, quanto ao naturalizado. A constituição, em

regra, só admite uma nacionalidade. Assim, nos casos de mudança da

nacionalidade, em regra, perde-se a nacionalidade brasileira, salvo nas

hipóteses a seguir. Assim, em tese a perda é voluntária. A mudança é feita

por mero procedimento Administrativo e é preciso três requisitos:

Voluntariedade da conduta;

Capacidade civil do interessado;

Aquisição da nacionalidade estrangeira.

Após a aquisição da nacionalidade estrangeira é preciso reconhece-la em

procedimento administrativo no Brasil para que haja a perda da

nacionalidade brasileira, sendo que os efeitos são ex nunc. Poderá haver a

reaquisição da nacionalidade brasileira através de procedimento de

naturalização.

Há um grande debate em relação a futura condição de ex brasileiro nato que

pretende readquirir a nacionalidade brasileira. Ele readquire como nato ou

naturalizado?

Pode-se considerar duas correntes: Para a primeira, terá efeitos ex nunc, ou seja, o

brasileiro nato, após adquirir outra nacionalidade, ao pretender sua nacionalidade

brasileira, voltará como naturalizado.

Já a segunda corrente entende que terá efeitos ex tunc, isto é, voltará à condição

de nato, por conseguinte os efeitos da reaquisição irão retroagir à época anterior de

sua naturalização.

Page 25: Nacionalidade Trabalho

Francisco Xavier da Silva Guimarães adota o primeiro entendimento.

"Ora, quem perde a nacionalidade brasileira, por escolha de outra,

estrangeiro passa a ser.Assim, a reintegração de ex-brasileiro ao

seu país de origem dá-se por naturalização, com efeito ex nunc". 

Em contrapartida, J.A. Silva entende que:

"o readquirente recupera a condição que perdera: se era brasileiro

nato, voltará a ser nato, se naturalizado, retomará essa qualidade".

Bandeira de Mello adota o mesmo entendimento:

"Improcede, ao nosso ver, a opinião dos que consideram com

brasileiros naturalizados os anteriormente natos, ao readquirirem a

nacionalidade perdida. Somente se readquire, como dissemos, o

que se tinha. Quem, por conseguinte, possuía a nacionalidade

brasileira de origem não pode readquirir nacionalidade secundária."

Parece mais adequada a primeira corrente. O Brasil adota um critério misto de

aquisição originária, reforçando, dessa maneira, os laços do nacional com a sua

pátria de origem.

Portanto, o termo "naturalizado" se adequa somente ao estrangeiro que adquiriu

nacionalidade brasileira. Uma vez atendidos os requisitos do inciso I do art.12 da

CF/88, ele será considerado nato.

Assim, não se pode considerar naturalizado um indivíduo nascido no Brasil, ainda

que tenha adotado a condição de estrangeiro. A condição de naturalizado é um fato

jurídico-político, enquanto que a condição de nato é um fato social e cultural, o que

não se pode mudar definitivamente por uma decisão política.

A constituição previu dois casos em que há a possibilidade de adquirir outra

nacionalidade além da brasileira.

o No inciso II, alínea a, quando do reconhecimento de nacionalidade originária

pela Lei Estrangeiro, como o caso da Itália que reconhece o ius sanguinis.

Pode-se entrar com procedimento administrativo na Itália e reconhecer a

nacionalidade italiana originária e manter a brasileira.

o O segundo caso refere-se a alínea b, onde estabelece-se uma condição de

permanência (a naturalização) ao brasileiro residente em estado estrangeiro,

Page 26: Nacionalidade Trabalho

ou para exercer direitos civis nesse país. Um bom exemplo é o dos

jogadores de futebol.

O artigo 13 da constituição estabelece a Língua Portuguesa como idioma oficial da

República Federativa do Brasil e estabelece a bandeira, o hino, as armas e os

selos nacionais como símbolos do mesmo. Autoriza também os Estados, DF e

municípios a estabelecerem símbolos próprios.

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa

do Brasil.

§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino,

as armas e o selo nacionais.

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos

próprios.

Page 27: Nacionalidade Trabalho

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

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EXT 890, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 5-8-04, Dj de 28-10-04

Page 28: Nacionalidade Trabalho

HC 83.113-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-6-03, Dj de 29-8-03.