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Órgão Oficial de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte
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Brasília, 15 a 21 de agosto de 1988 - N~ 58
Turno de seis horas
A jornada de trabalho em turnosininterruptos foi mantida em seishoras. Um acordo de líderes excluiudo texto a expressão "máxima" r parapossibilitar que ela seja fixadaacima ou abaixo desse númeromediante acordo coletivo de trabalhoentre empregador e empregado.
Licença-paternidade
Em geral - por sólidas e às vezes por esmagadoramaioria - a Assembléia Nacional Constituinte manteve,na semana passada, praticamente todos os chamados avanços sociais ou conquistas obtidas pelos trabalhadores noprimeiro turno de votação. Assim, ficaram asseguradoso turno de seis horas para a jornada ininterrupta de trabalho; a licença-maternidade de 120 dias e a licença-paternidade (esta a ser regulamentada em lei); a ampliaçãodos prazos de prescrição das ações trabalhistas (regulamentadas nas disposições transitórias); a igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício e o avulso; a liberdade de associação profissional ou sindical; oadicional de férias; o trabalho extraordinário com remuneração aumentada em 50% e outras medidas de igual relevo.
A Constituinte não frustrou a classe trabalhadora, apesar das insistentes pressões advindas de certos setores empresariais. (Páginas 3,4 e 5).
o texto inicial dizia: "jornada máxima de seis horas para trabalhorealizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvonegociação coletiva". Com a retirada da e~pressão "máxima", poderá haver exceçõespara algumas categorias profissionaisque já adotam o sistema de plantãode 12 horas ou outro qualquer. No caso da indústria, a jornada queera de oito horas tende a ficar em seis horas, o que obrigará as empresasa contratarem cinco turmas para se revezarem nos quatro turnos detrabalho. Foi o resultado mais comemorado nas votações em segundoturno, até agora.
Toda a polêmica travada emtorno da emenda que fixou em oitodias, no primeiro turno, a licençapaternidade, acabou sepultada porum acordo de lideranças. Oassunto será disciplinado em leicomplementar, mas enquanto issonão acontece, a medida já vigora.
Essa solução híbrida foi obtida ao se definir, nas disposiçõestransitórias, que, enquanto não for elaborada a lei complementar, o prazo seráde cinco dias. Na verdade, tal acordo permitirá que a inovação sejaexperimentada na prática, até que se obtenha uma definição formale definitiva. Alguns setores tentaram tratar o assunto na base da pilhéria,mas as próprias mães realizaram uma forte campanha junto aos constituintes procurando demonstrar a importância da presença do pai juntoa elas e ao filho, na hora do parto e logo após o nascimento.
TRABALHADOR GARANTIDOADIRP/Reynaldo S..!avale
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Os constituintes estão plenamente conscientes da importância de votar logo a Carta e lotaram o plenário.
o acordo necessário Concluir a CartaNos dias de dificuldades que a na
ção enfrenta, o brasileiro encerrauma jornada de trabalho sem imaginar o que o aguarda na manhã seguinte. E raramente consegue escapar do impacto das bruscas alterações decretadas pelas decisões isoladas dos tecnocratas, que, assim,tentam corrigir os rumos da nossafrágil estrutura econômica. Pormero de famigerados decretos-leis(felizmente em vias de extinção, porforça das novas regras da futuraConstituição), as áreas financeirasdo governo impõem ou ameaçama população com regras improvisadas, atingindo duramente a bolsa daclasse média.
Às vezes, as novas normas mexem com a prestação da casa própria, em outras ocasiões, descobrese que os mutuários estão pagandoalguns percentuais além do que deveriam amortizar a cada mês, equem ainda espera firmar um contrato com a Caixa Econômica ficaà mercê de incríveis flutuações econstantes ameaças de fechamentode crédito para novos financiamentos. Isto apesar de existir no paísum ministério exclusivamente paratratar da habitação.
Ao lado disso, prospera o mercado financeiro, uma ciranda enganosa que ilude quem aplica suas
_economias sem saber que, quandomuito, está apenas resguardandoseu dinheiro da incrível velocidadecom que ele se desvaloriza. A propósito, recentemente a imprensamostrou uma face do país que, mesmo não sendo inusitada, provocaperplexidade em nosso meio: umempresário de Minas Gerais resolveu vender duas fábricas de queijose manteiga para jogar o dinheirono apeno E cinco meses depois, odinheiro obtido na especulação financeira havia crescido tanto quedaria para comprar cinco indústriasdo mesmo porte das duas que haviavendido.
Lamentavelmente, as distorçõesnão I!aram aí. O própno setor público ve-se compelido a buscar o mercado financeiro, enquanto as populações se mostram cada vez maisconfusas, sem saber ao menos noque acreditar, nem como exercitar,Sem risco, sua reduzida capacidadede poupança.
O brasileiro, que vive sufocado,sujeita-se a um quase pesadelo, temeroso, por exemplo, de taxaçõessobre os ganhos pouco expressivosde suas economias na caderneta depoupança. Faz pouco, a classe média assustou-se diante do vazamento de informações a respeito de estudos nessa direção, felizmente não
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consumados. A classe média, naverdade, usa a poupança para, maistarde, dispor de meios para ajustaras contas com o Imposto de Renda,principalmente para enfrentar surpresas extras, como ocorre agoracom a controvertida e complicadorafigura do trileão, nada mais do queo leão da Receita Federal três vezesmais voraz e dono de um insaciávelapetite.
Nos estados, como costumam osparlamentares observar em suasviagens, o quadro de desânimo éassustador. As populações interioranas, distantes das fontes oficiais,não dispõem de informações precisas, sendo, pois, natural que fiquemperplexas diante do ritual de anúncios e desmentidos sobre alteraçõesna ordem econômica. Não é possível avaliar se o que merece créditoé a primeira informação ou as palavras de porta-vozes improvisados,desautonzando tudo. E fácil imaginar a conseqüência de uma tal situação na vida diária dos brasileiros eo quanto são prejudiciais à Nação,como um todo, a indefinição econômica e o conseqüente desestímuloà produção.
É natural que, num quadro assim, a população passe a acalentara pronta solução dos problemas nacionais apenas com a simples promulgação da futura Constituiçãobrasileira. Ocorre que a crise dopaís é sobretudo econômica e porISSO precisamos de muito mais queum texto constitucional, mesmo queo que está em fase final de elaboração seja progressista e reflita operfil do país. O projeto, na verdade, representa tão-somente o prérequisito para soluções duradouras.A busca dessas soluções é possível,mas depende de um esforço adicional, que pode ser encontrado pelavia de um entendimento nacional,a partir do presidente da República,da mesma forma como a Espanhaconse~uiusuperar suas graves crisesatraves dos Pactos de Moncloa, ogrande e simples segredo para transição democrática.
Devemos aproveitar a oportunidade e, tão logo seja o texto promulgado, buscar esse entendimento.Urge que nos sentemos à mesa dasnegociações, distanciados de ideologias partidárias, para que se tornepossível, juntamente com o governo, estabelecer um elenco de prioridades e assim afugentarmos o fantasma da crise.
Constituinte Humberto Lucenapresidente do Congresso Nacional
Breve teremosa nova Carta
A Assembléia NacionalConstituinte prosseguiu esta semana na tarefa de revisar o texto aprovado em primeiro turno, definindo osdireitos e deveres individuais e coletivos e praticamente concluindo o capítulo que trata dos direitos sociais. Aí estavam muitasquestões de grande repercussão, como a licença-maternidade, a jornada de seishoras para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, a licença-paternidade, a liberdadede associação profissional esindical e a prescrição dosdireitos trabalhistas.
Apesar da expectativa eaté mesmo tensão que cercava tais votações, o trabalho da ANC transcorreutranqüilo e proveitoso. Acapacidade de negociaçãopermitiu que as liderançasrepresentativas das váriasforças sociais encontrassemformas de superação de dificuldades de possíveis impasses.
Na realidade, o segundoturno se caracteriza pelapreocupação de aperfeiçoamento do texto aprovadoem primeiro turno, onde asgrandes questões já se definiram.
O Jornal da Constituinteapresenta, em detalhes, as
votações desta semana, permitindo aos leitores o acompanhamento das principaisdecisões. Nas páginas centrais, analisa a autonomiaconquistada pelo municípiono concerto da federação.A Constituinte está trabalhando, firme, para dar aoBrasil, muito breve, a suanova Carta.
Daniel MachadoCoordenador do JC
Tive a oportunidade de dizeranteriormente que não será nabase do confronto que vamosestabelecer a melhor decisãoem matéria de Carta constitucional. É lamentável que, nestesentido, o Brasil esteja seguindo o exemplo da triste experiência portuguesa, que tantocustou àquele país. O primeiro-ministro Cavaco e Silva,quando aqui esteve, lembroua experiência e o tempo queo povo lusitano levou pagandoas conseqüências do confronto.
Poderíamos ter seguido oexemplo da Espanha - o consenso -, mas como não temsido possível, muito pior queisso seria, após 18 meses detantas expectativas, não chegarmos a um desiderato, à conclusão de uma missão de tantaresponsabilidade que recebemos do povo brasileiro, a deelaborarmos a nova Carta,mesmo correndo o risco de algum artigo inadequado e imperfeições decorrentes. Aindarestam algumas possibilidadespara o consenso em tomo decorreções mais gritantes.
Neste segundo turno, etapafinal da Constituinte, estamossujeitos a ver confirmados notexto alguns artigos inconvenientes. Se isso ocorrer, contendo decisões inviáveis doponto de vista econômicofinanceiro, como parece quefatalmente acontecerá dianteda eniocionalidade em queaconteceram as últimas eleições sob o embalo eleitoreirodo Plano Cruzado, paciência.Com algum tempo, mesmo quecom um custo maior ou menor,haveremos de corrigi-Ias.
Paciência diante do inevitável, eis que de tal forma se colocaram as pressões e a mobilização de opinião pública, como conseqüente comprometimento da maioria que vota edelibera em plenário, que talvez somente nos restará a alternativa de enfrentar a experiência, até porque será a única alternativa de comprovar-se a inviabilidade prática do texto edaí a possível revisão e correção.
Para quem não aproveita aexperiência e ponderação dos
mais avisados, mesmo quetransmitidos gratuitamente,resta o caminho de pagar paraver. E parece que isto é o quequer a maioria nesta hora. Secustar mais caro depois, pararevisar e corrigir será outroproblema. Mas que fiquemdesde logo estabelecidas as reseectivas responsabilidades.
Paralisar ou zerar a Constituinte significaria pura e simplesmente o vazio institucional- impasse político. E aí o resultado poderia ser ainda maisadverso; seria o retrocesso etalvez a triste argentinização dapolítica brasileira.
O governo da Nova República já conseguiu argentinizara nossa economia e agora querargentinizar a política industrial, que tanto custou àquelepaís. Nós, gaúchos, que estamos mais perto dos argentinos,sentimos mais que qualqueroutro brasileiro quanto eles sofreram e estão sofrendo, quanto pagaram e estão pagando.Querem também argentinizaro processo político? Ou bordaberyzar o Brasil?
Deve-se lembrar que a conseqüência na Argentina, deIsabelita Peron, ao fracassar ademocracia, foi a morte demais de 35 mil argentinos, cujos corpos até hoje estão sendoreclamados pelas mães, esposas, irmãs e namoradas, as chamadas "loucas da Plaza deMayo".
Espero que haja bom sensona Assembléia Constituinte.Se o bom senso não tem conseguido caracterizar a ação dogoverno, que pelo menos, naConstituinte, os 559 representantes do povo brasileiro consigamos finalizar os trabalhos deelaboração constitucional combom senso, com efetivo e elevado espírito público.
Não será na base da contemporização ou do confronto queconstruiremos o melhor para oBrasil e para todos os brasileiros.
Constituinte Victor FaCCIOniPDS-RS
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CARTA, ::: ACOM'PAI'lHE'OTEXTO NA NOVA CARTA ........ .. ACOMPAI\}HE" O~TEXTO NA N' OAB
Para a frente é que se anda
As sucessivas votações em plenâno aliviaram tensões e afastaram o pessimismo sobre o futuro
lho, a licença-paternidade, a remuneraçãodas férias em um terço a mais sobre o salárionormal, são alguns exemplos da disposiçãodos constituintes de perenizar as conquistassociais. O mesmo ocorreu com relação aosdireitos individuais, do que são exemplos amanutenção do habeas data, a garantia dosdireitos do consumidor, a manutenção dosdireitos adquiridos. Enfim, até o momento,.não tem havido recuos.
viessem a ser subtraídas do texto constitucionaI. Mas o que até agora se viu, no prosseguimento do segundo turno de votação, éque muitas dessas conquistas vieram paraficar.
No decorrer da semana, o plenário garantiu a manutenção de dispositivosque modernizam as relações sociais no país: a licença-maternidade de 120 dias, a jornada deseis horas em turnos ininterruptos de traba-
PENA DE MORTE
Votaram: 393Sim: 93Não: 289Abstenção: 11
a, que no projeto de Constituição já aprovado não fazia referência ao art. 86, XIX (que cuida da atribuição do presidenteda República em declarar guerra no caso de agressão estrangeira).
Com esse resultado, o plenário decidiu pela rejeição deemenda assinada pelo constituinte Amaral Netto (PDS RI) propondo a exclusão da letra a do inciso XLVII, o qualadmite apena de morte somenteem casos de guerra declarada.Se aprovada, aproposta abririauma possibilidade de a pena demorte vir a ser adotada no país.
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexodo apenado.
Novamente a reunião deemendas trouxe mais uma modificação, dessa vez simplificando as condições exigidas para que a pena seja cumprida emestabelecimentos penais distintos. Além das prescrições determinadas pela redação vencedora, o texto-base estabelecia quea escolha das penitenciárias dependeria também da gravidadedo crime, das condições em quefoi praticado e os antecedentescriminais do apenado.
XLIX - é assegurado aospresos o respeito à integridadefísica e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para quepossam permanecer com seusfilhos durante o período deamamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização ou de comprovadoenvolvimento em tráfico ilícitode entorpecentes e drogasafins, na forma da lei.
Mais uma vez, outra modificação: foi desqualificado o tráfico internacional como motivopara extraditar um brasileiro
ou militares, contra a ordemconstitucional e o estado democrático;
XLV~nenhuma pena passará da pessoa do condenado,podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação doperdimento de bens ser nos termos da lei', estendidos aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor dopatrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação da liberdade;b) perda de bens;c) multa;d) prestação social alterna
tiva.A mesma reunião de emen
das suprimiu o que seria a letra"e" do inciso que, pelo textobase, seria a "suspensão ou interdição de direitos".
XLVII - não haverá penas:a) de morte, salvo em caso
de guerra declarada, nos termos do art. 86, XIX;
b) de caráter perpétuo;c) de trabalhos forçados;d) de banimento;e) cruéis.Aqui, no inciso XL VII, a
reunião de emendas ainda produziu outra mudança: na letra
dos, por ele respondendo osmandantes, os executores e osque, podendo evitá-los, seomitirem;
Esse inciso sofreu uma modificação, segundo reunião deemendas que veio possibilitar,além dessa, outras mudançasem incisos a seguir. Nesse casoa proposta foi corretiva, acrescentando a palavra "crime"não constante do texto-base.
Com esses votos o plenáriorejeitou emenda do constituinte José Genoíno (PT - SP)que propunha suprimir do inciso XLIII do art. 59 do textobase a expressão "o terrorismo". Permanece portanto, aredação que torna inafiançáveis e insuscetíveis de graça ouanistia a prática de tortura, otráfico ilícito de entorpecentese drogas afins, o terrorismo eos crimes hediondos.
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível aação de grupos armados, civis
Votaram: 406Sim: 68Não: 335Abstenção: 3
ato jurídico perfeito ou a coisajulgada;
XXXVII -não haverá juí.zo ou tribunal de exceção;
XXXVIII - é reconhecidaa instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) o sigilo das votações;b) a plenitude de defesa;'c) a soberania dos veredi
tos'(i) a competência para o jul
gamento dos crimes dolososcontra a vida;
XXXIX - não há crimesem lei anterior que o defina,nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar or~u;
XLI - a lei punirá qualquerdiscriminação atentatória dosdireitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismoconstitui crime inafiançável eimprescritível, sujeito a penade reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a 'lei consideraráinafiançáveis a insuscetíveis degraça ou anistia a prática datortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, oterrorismo e os crimes hedion-
Um país socialmente justo foi um dosanseios que provocou a convocação da Assembléia Nacional Constituinte. Assim, nãoterá sido por acaso que, no campo dos direitos sociais, houve significativos avanços notexto do projeto de Constituição aprovadoem primeiro turno. Iniciada a votação emsegundo turno, havia a perspectiva (ou temor, para os beneficiados - trabalhadores,principalmente) de que aquelas conquistas
ADIRPlReynaldo Stavale
Título II Dos Direitos e Garantiaskn~mmm~C~~wID@D"ffl@
e Deveres Individuais e Coletivos (continuação)
XXVIII - É assegurada nostermos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução de imagem e voz humanas, inclusivenas atividades desportivas;
b) aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas, o direito de fiscalização doaproveitamento econômicodas obras que criarem ou deque participarem;
XXIX - a lei assegurará.aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem comoproteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas ea outros signos distintivos, tendo em vista o interesse sociale o desenvolvimento tecnológico e econômico do país;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens.de estrangeiros situados nopaís será regulada pela lei brasileira, em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros,sempre que lhes não seja favorável a lei pessoal do de cujus;
XXXII - o estado promoverá, na forma da lei, a defesado consumidor;
XXXIII - todos têm direitoa receber dos órgãos públicosinformações de interesse particular, coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,sob pena de responsabilidade,ressalvadas aquelas cujo sigiloseja imprescindível à segurança da sociedade e do estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentementedo pagamento de taxas:
a) o direito de petição aospoderes públicos em defesa dedireitos ou contra ilegalidadeou abuso do poder;
b) a obtenção de certidõesem repartições públicas, paradefesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluiráda apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o
Jornal da Constituinte 3
C~A.J1rrA ::: ACOM~PAJ\IHE o ~rEXT() ltlA NOVA CARTA ::: AC A.PAI'lHE OTEXTO NA I\JOVli OAB
Esse o resultado que aprovou reunião de emendas dosconstituintes Mário Lima(PMDB - BA), Iovanni Masini (PMDB - PR), Juarez
Votaram: 415Sim: 410Não: 3Abstenção: 2
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu-
lada da remuneração, e, excepcionalmente, na gestão da em-
presa. conforme definido emlei;
Essa votação aprovou emenda do constituinte Luís RobertoPonte (PMDB - RS) que veioa criar a licença-paternidade,porém remetendo para a legislação ordinária sua regulamentação. A aprovação dessaemenda fez parte de um acordode lideranças que ainda envolve, nesse caso, o compromissode aprovar, nas DisposiçõesGerais e Transitórias, a determinação de que, enquanto a leinão se pronunciar, a licençapaternidade será de cinco dias.
XX - proteção ao mercadode trabalho da mulher, mediante incentivos específicos,nos termos da lei;
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Votaram:Sim:Não:Abstenção:
XII - salário-família aosdependentes;
XIII - duração do trabalhonormal não superior a oito horas diárias e 44semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada,mediante acordo ou convençãocoletiva de trabalho;
XIV - jornada máxima deseis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptosde revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmenteaos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,no mínimo em 50% à do normal;
XVII - gozo de fériasanuais remuneradas em, pelomenos, um terço a mais do queo salário normal;
XVIII -licença à gestante,sem prejuízo do emprego e dosalário, com a duração de 120dias;
XIX -licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
Annibal Barcellos (PFL AP), Ronan Tito (PMDB -
MG), Ivo Lech (PMDB RS), Antonio Mariz (PMDB- PB), Theodoro Mendes(PMDB - SP), Ruberval Pilotto (PDS - SC), CarlosSant'Anna (PMDB - BA),Vasco Alves (PSDB - ES),José Genoíno (PT - SP), JoséMoura (PFL - PE), MaguitoVilela (PMDB - GO), ValterPereira (PMDB - MS), Severo Gomes (PMDB - SP), Mário Covas (PSDB - SP), JoséIgnácio Ferreira (PMDB ES), Marluce Pinto (PTB RR), Alércio Dias (PFL AC), Ivo Cersôsimo (PMDB- MS), Pompeu de Sousa(PSDB - DF), Myriam Portella (PDS - Pf), Antonio Gaspar (PMDB - MA), ChagasNeto (PMDB- RO) e Fernando Bezerra Coelho (PMDBPEJo
Art. 6°- São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o Jazer, a segurança, aprevidência social, o amparo àmaternidade e à infância, a assistência aos desamparados, naforma desta, Constituição.
Art. 79 - São direitos dostrabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visema melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa nostermos de lei complementarque preverá a indenizaçãocompensatória, dentre outrosdireitos;
I! - seguro-desemprego,em caso de desemprego involutário;
III - fundo de garantia dotempo de serviço;
IV - salário mínimo, fixadoem lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suasnecessidades vitais básicas e àsde sua família com moradia,alimentação, educação. saúdelazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente. demodo a preservar o poder aquisitivo, vedada sua vinculaçãopara qualquer fim;
V -=-- piso salanal proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário,nunca inferior ao mínino, paraos que percebem remuneraçãovanável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneraçãointegral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior ao dodiurno;
X - proteção do salário naforma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
CAPÍTULO 11DOS DIREITOS
SOCIAIS
Votaram 414Sim: 398Não: 5Abstenção: 11
Essa foi a votação que aprovou a reunião de emendas e destaques de 29 constituintes quepossibilitou uma votação global dos incisos finais do art. 5°,exceção para alguns dispositivos ressalvados, em número detrês, sendo dois rejeitados (apena de morte e o crime de terrorismo como passível de não serconsiderado inafiançável e isuscetível de graça ou anistia) e umaprovado, o inciso LXI, queproibiu a prisão senão por flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária. Os autores dareunião foram os constituintes:Luiz Eduardo (PFL BA),Henrique Córdova (PDS SC), Humberto Lucena(PMDB - PB), Antônio Britto (PMDB - RS), Angelo Magalhães (PFL - BA), AlfredoCampos (PMDB - MG),
biente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônusda sucumbência;
LXXIV -o Estado prestará assistência jurídica integrale gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LXXV-o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixadona sentença;
LXXVI - serão gratuitas,na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;c) os atos necessários ao
exercício da cidadania;LXXVII - são gratuitas as
ações de habeas corpus e habeas data.
§ 10 - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 20- Os direitos e garan-
tias previstos neste artigo nãoexcluem outros decorrentesdos princípios e do regime adotado pela Constituição e dostratados internacionais em quea República Federativa doBrasil seja parte.
ASILO POLÍTICOArt. 4Ç1X-conceder-se-ã asilo pólítico.
Por força da reunião deemendas que veio trazer as modificações ao art. 5°, este, queseria o último inciso, foi transferido para o texto do art. 4°,o que fundamenta as relaçõesinternacionais do Brasil. Dessaforma, fica acrescido o art. 4°de mais um inciso, o de númeroX.
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde seencontre serão comunicadosimediatamente ao juiz competente e à família do preso ouà pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre osquais o de permanecer calado,assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direitoà identificação dos responsáveis por sua prisão ou interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal seráimediatamente relaxada pelaautoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido,quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou semfiança;
LXVII - não haverá prisãocivil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplementovoluntário e inescusável deobrigação alimentícia e a dodepositário infiel;
LXVIII - conceder-se-áhabeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência oucoação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ouabuso de poder;
LXIX - conceder-se-ámandado de segurança paraproteger direito líquido e certo, não amparado por habeascorpus ou habeas data, seja oresponsável pela ilegalidade ouabuso de poder autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuiçõesdo poder público;
LXX -é assegurada a impetração de mandado de segurança coletiva em defesa dósinteresses de seus membros ouassociados, por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associaçãolegalmente constituída em funcionamento há pelo menos umano;
LXXI - conceder-se-ámandado de injunção sempreque a falta de norma regulamentadora torne inviável oexercício dos direitos e liberdades constitucionais, e dasprerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas a sua pessoa, constantes deregistros ou bancos de dadosde entidades governamentaisou de caráter público;
b) para retificação de dados, em não se preferindo fazêlo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular visando aanular ato lesivo ao patrimôniopúblico ou de entidade de queo Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio am-
naturalizado, conforme estavaprescrito no projeto constitucional. Assim, qualquer formade tráfico pode ocasionar umprocesso de extradição.
LI! - não será concedidaextradição de estrangeiros porcrime político ou de opinião;
UII - ninguém será privado da liberdade ou de seus benssem o devido processo legal;
LIV - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LV - aos li tigantes, emprocesso judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, comos meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadimissíveis,no processo, as provas obtidaspor meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsitoem julgado de sentença penalcondenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido àidentificação criminal, salvonas hipóteses previstas em lei;
UX - será admitida açãoprivada nos crimes de ação pública. se esta não for intentadano prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atosprocessuais quando a defesa daintimidade ou o interesse socialo exigir;
LXI - ninguém será presosenão em flagrante delito oupor ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciáriacompetente, salvo nos casos detransgressões militares e crimes propriamente militares,definidos em lei;
Votaram: 449Sim: 317Não: 128Abstenção: 4
Através dessa votação, o plenário acolheu uma mudança noinciso LXI, nos termos de reunião de emendas assinada por14 constituintes, em nome deseus respectivos partidos, estabelecendo dessa forma umacordo de lideranças. A diferença entre o texto-base e o quefoi acolhido pelo plenário é queeste ressalva os casos de transgressões militares definidos emlei. Assinaram a proposta os líderes Nelson Jobim (PMDBRS), José Lins (PFL - CE),Artur da Távola (PSDB RI), Bonifácio de Andrada(PDS - MG), Gastone Righi(PTB - SP), Iosé Genoíno(PT - SP), Vivaldo Barbosa(PDT - RJ), Roberto Freire(PCB - PE), Haroldo Lima(PC do B - BA), Ademir Andrade (PSB - PA), AdolfoOliveira (PL - RI), MauroBorges (PDC- GO), ArnaldoFaria de Sá (PI - SP) e PauloRamos (PMN - RJ).
4 Jornal da Constituinte
CJiRT11 ::: ACOMPA~IHE () TEXTO NA NOVA CARTEXTO
XXII - redução dos riscosinerentes ao trabalho, pormeio de normas de saúde, higiene e segurança;
CART_A ::: ACOlt1PAJ\TH"EAntunes (PDT - RJ), Lídiceda Mata (PC do B - BA), eMárcio Lacerda (PMDB MT), que veio a retomar o textooriginal aprovado em primeiroturno, o qual faz referência ao"mercado de trabalho da mulher", enquanto que a redaçãodo relator referia-sesomente ao"trabalho da mulher". A mesma reunião ainda modificou oinciso XXXIV de igual maneira, recompondo a mesma redação do primeiro turno.
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,sendo no mínimo de 30 dias,nos termos da lei;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas,na forma da lei; O caminho para o plenário foi ocupado pelos trabalhadores e jovens que pediam votos e apoio
II - é vedada a criação demais de um sindicato, em qualquer grau, representativo decategoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelostrabalhadores ou empregadores interessados e não inferiorà área de um município.
Esse inciso ainda não estádefinido, quanto à sua reda-
Com essavotação, o plenárioacolheu os dispositivos comple-
< mentares ao inciso XXIX doart. 7°, conforme acordo de lideranças, a constarem nas Disposições Gerais e Transitórias.Dessa maneira, ficou reguladaa questão da prescrição dasações trabalhistas para os trabalhadores urbanos e rurais.Assinaram aproposta os líderesNelson Jobim (PMDB-RS),José Lins (PFL-CE), Artur da
~ Távora (PSDB-RJ), Bonifáciode Andrada (PDS-MG), Gastone Righi (PTB-SP), José Genoíno (PT-SP), Vivaldo Bar-
o bosa (PDT-RJ), Roberto Freire (PCB-PE), Haroldo Lima(PC do B -BA), Ademir Andrade (PSB-PA), Adolfo Oliveira (PL-RJ), Siqueira Campos (PDC-GO), Arnaldo Fariade Sá (PMB-SP) e Paulo Ramos (PMN-RJ).
Art. 80 É livre a associação profissional, ou sindical,observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigirautorização do estado para afundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao poder público a interferência e a intervenção na organização sindical;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuitaaos filhos e dependentes de atéseis anos de idade, em crechese pré-escolas;
XXVI - reconhecimentodas convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em faceda automação na forma de lei;
XXVIII - seguro contraacidentes de trabalho, a cargodo empregador, sem excluir aindenização a que este estáobrigado, quando incorrer emdolo ou culpa;
XXIX - ação com prazoprescricional de:
a) cinco anos, quanto a créditos resultantes das relaçõesde trabalho, para o trabalhador urbano, até o limite de doisanos após a extinção do contrato;
b) até dois anos após a extinção do contrato, quanto acréditos resultantes das relações de trabalho, para o trabalhador rural.
Através de um acordo de lideranças e com a anuência dopresidente Ulysses Guimarães,não foi preciso que o plenáriovotasse para que fosse retomada a redação - vencedora noprimeiro turno de votação doinciso XXIX. A decisão da presidência da Constituinte foi calcada no fato de que havia umareunião de emendas buscandoo retorno do texto original assinada por todas as lideranças,cujo caráterera de correção, aomesmo tempo em que o relatorBernardo Cabral desistia daforma como redigiu o inciso.
XXX - proibição de qualquer discriminação no tocantea salário e critérios de admis-
são do trabalhador portador dedeficiência;
XXXI - proibição de diferença de salário, de exercíciode funções e de critério de admissão por motivo de sexo,idade, cor ou estado civil;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,técnico e intelectual ou entreprofissionais respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoitoanos e de qualquer trabalho amenores de 14 anos, salvo nacondição de aprendiz;
XXXIV -igualdade de direitos entre o trabalhador comvínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Aqui foi refeito o textoaprovado no primeiro turno,ainda segundo termos da reunião de emendas dos constituintes Mário Lima (PMDB-BA),Jovanni Masini (PMDB-PR),Juarez Antunes (PDT-RJ), Lídice da Mata (PC do B-BA)e Mário Lacerda (PMDBMT).
A diferença é que o relator nãousou a palavra "permanente".
§ 10_ São assegurados à
categoria dos trabalhadoresdomésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII,XV, XVII, XVIII, XIX, XXIe XXIV, bem como a integração à previdência social.
PRESCRIÇÃO DE AÇÕESDISPOSIÇOES GERAIS
Para efeito do incisoXXIX do art. 79, o empregador rural comprovará,de cinco em cinco anos,perante a Justiça do Trabalho, o cumprimento dassuas obrigações trabalhis-
tas para com o empregadorural, na presença deste ede seu representante sindical.
§ 19 - Uma vez comprovado o cumprimentodas obrigações mencionadas neste artigo, fica o empregador isento de qualquer ônus decorrente daquelas obrigações no período respectivo. Caso oempregado e seu representante não concordemcom a comprovação doempregador, caberá àJustiça do Trabalho a solução da controvérsia.
§ 29 - Fica ressalvadoao empregado, em qualquer hipótese, o direito depostular, judicialmente,os créditos que entenderexistir, relativamente aosúltimos cinco anos.
§ 3° - A comprovaçãomencionada neste artigopoderá ser feita em prazoinferior a cincoanos, a critério do empregador.
DISPOSIÇÕESTRANSITORIAS
Na primeira comprovação do cumprimento dasobrigações trabalhistaspeloempregador rural, naforma do art. , após apromulgação desta Constituição, será certificadaperante a Justiça do Trabalho a regularidade docontrato e das atualizações das obrigações trabalhistas, de todo o período.
Votaram:Sim:Não:Abstenção:
433414
613
ção, sendo que existem emendas para serem votadas com ointuito de trocar a palavra "sindicato" por "organização sindical", conforme foi votado noprimeiro turno de votação. Pode ser também que a presidência da Constituinte venha a decidir pela recondução da redação original sem a necessidadede votação em atendimento asolicitações das lideranças. Todavia, o assunto ainda está emaberto.
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interessescoletivos ou individuais da categoria, inclusive em questõesjudiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição da categoria que, se profissional, serádescontada em folha, para custeio do sistema confederativode sua representação sindical,independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigadoa filiar-se ou manter-se a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiadotem direito de votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensado empregado sindicalizado, apartir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até umano após o final do mandato,salvo se cometer falta gravenos termos da lei.
Parágrafo único - Essasdisposições aplicam-se à organização de sindicatos rurais ede colônias de pescadores, observadas as condições que a leiestabelecer.
Jornal da Constituinte 5
Privatizaçãonão empolgaconstituintes
Críticas ao programa de privatização das empresas estataise a defesa veemente da Assembléia Constituinte contra astentativas de interferência emseu trabalho foram os principais assuntos na semana passada, quando o plenário estevesempre cheio em função do ritmo intenso de votações.Amaury Müller (PDT - RS),José Costa (PSDB - AL),Fernando Santana (PCB BA) e Olívio Dutra (PT - RS)levantaram dúvidas sobre asconseqüências ao país do processo de privatização iniciadopelo governo sem consultas aoLegislativo. Ivo Lech (PMDB- RS), Virgílio Galassi (PDS- MG), Divaldo Suruagy
~PFL - AL), Jorge UequedPMDB - RS), Luiz SoyerPMDB - GO), Abigail Fei
tosa (PSB - BA), Moema SãoThiago (PSDB - CE), MauroMiranda (PMDB - GO), Farabulini Júnior (PTB - SP)Mário Lima (PMDB - BA),e Francisco Küster (PSDB Se) defenderam aspectos positivos e avanços contidos noprojeto da nova Carta.
DESESTATIZAÇÃOO constituinte Amaury Müller
(PDT - RS) considerou a atualpolítica de desestatização promovida pelo Governo Federal comouma afronta não somente à soberania nacional, mas igualmente aotrabalho que vem sendo desenvolvido pela Assembléia NacionalConstituinte. "O Presidente JoséSarney ao anunciar a criação doConselho Nacional de Desestatização, cujo projeto inclui a privatização de varias empresas estataisrentáveis e de fundamental importância para a própria segurança dopovo, está se opondo de forma insólita e inaceitável àquilo que aConstituinte aprovou no primeitoturno e consagrará no segundo".
Amaury Müller leu, em plenário o artigo 21 que estabelece como competência da União "explorar, diretamente ou mediante concessão a empresas sob controleacionário estatal, os serviços telefônicos, telegráficos, de transmissão de dados e demais serviços públicos de telecomunicações, assegurada a prestação de serviços deinformações por entidades de di-
. reito privado através de rede pública de telecomunicações explorada pela União".
À REVELIAPor sua vez, o constituinte José
Costa, representante do estado deAlagoas na Assembléia Nacional,lembrou que a iniciativa de privatizar diversas empresas estatais cujos ativos representam, segundoele, vários bilhões de dólares, serátomada pelo Governo "à revelia
do Congresso Nacional, e sem ouvir sequer os segmentos mais importantes da sociedade".
Entre as empresas sujeitas à desestatização, de acordo com JoséCosta, está a Telebrás. "E precisoque se diga que a Telebrás já éprivatizada, porque, em verdade,o sistema Telebrãs pertence a quatro milhões de acionistas brasileiros e, nesses 21 anos de existência,conseguiu levar o País da posiçãoda inferiondade em que se encontrava no campo das comunicaçõespara uma situação que já pode serconsiderada satisfatória nos diasde hoje".
O parlamentar alagoano considerou este ponto como de segurança nacional e "a AssembléiaConstituinte, que vai apreciardentro de poucos dias um dos artigos do Projeto de Constituição,Já aprovado em primeiro turno,que cuida das comunicações, tenho certeza de que irá manter osistema atual, ou seja, estatizado,porque isso consulta os interessesdo País no estágio em que se en-'contra atualmente".
PETROBRÁSTambém o constituinte Fernan
do Santana (PCB - BA) condenou o processo de desestatizaçãopromovido pelo Governo. "Paranossa absoluta inconformidade,verificamos aqui que se pretendeprivatizar a BR-Distribuidora S.A., Empresa pertencente à Petrobrás. Agora queremos saber por-vque o Governo quer privatizar anossa filial da Petrobrás, no setorde distribuição de petróleo. Indagamos ao Presidente da Repúblicao porquê da privatização da BR-Distribuidora, que tem hoje umafatia mais ou menos de 30% domercado". O parlamentar lembrou ainda que este setor de distribuição é considerado, dentro doramo petrolífero, como o "filémignon."
Fernando Santana questionouamda os motivos apresentados para dar início ao processo de privatização da Telebrás. "Esta empresa resulta do Código Brasileiro deTelecomunicações, que deu aoPaís uma independência em relação a firmas internacionais queaqui faziam esses serviços anteriormente" .
CONSELHOJá o constituinte Olívio Dutra
(PT - RS) lembrou a instalaçãodo Conselho Federal de Desestatização, ocorrida na semana passada, que será presididopelo Ministro do Planejamento. Esse Conselho, na opinião do parlamentargaúcho, agiliza uma política quevem sendo desenvolvida pelo governo da Nova República há maisde um ano. "Esta política, entretanto, não tem sido traçada de forma transparente e tem como finalidade atender os ditames do grande capital nacional e as regras doFundo Monetário Internacional".
ADIRPlReynaldo Stavale
José Costadiscordou daprivatizaçãoda Telebrás.
FernandoSantana citoua Petrobrás e
Amaury Müllerdenunciou queo governo se
opõe ànova Carta
"O Partido dos Trabalhadores- enfatizou Olívio Dutra achaque há inúmeras empresas precisando ser saneadas para que prestem bons serviços ao povo brasileiro, e que até algumas podeme devem desaparecer. Mas as empresas que estão sendo ameaçadasde privatização, na sua maioria,são as que preservam a soberanianacional no setor energético; detransporte, e em outras áreas fundamentais".
CONQUISTA"O novo texto constitucional
ao contrário do que apregoam osarautos do pessimismo - representa importante conquista social,econômica e política para toda asociedade brasileira, ditado quefoi pela vontade soberana do povoaqui legitimamente representado."
A declaração é do constituinteIvo Lech, do PMDB do Rio Grande do Sul, que aplaude a posiçãoassumida pelo Presidente da Assembléia Nacional Constituinte,Ulysses Guimarães, contra pressões de certos grupos e destaca osgrandes avanços da nova Carta.
Como exemplos, cita o resgatedos direitos aos aposentados e extensão dos benefícios da Previdência Social a todos os que dela necessitarem, independentementede contribuição à seguridade social; e a adoção de mecanismosreferentes aos direitos e garantiasindividuais e coletivos, como o habeas data, habeas corpus coletivoe o mandado de injunção.
No entanto, afirma o parlamentar, que o maior avanço da novaCarta Magna foi a outorga da cidadania, que, a seu ver, nunca antesfora exercida em toda sua plenitude no país.
"Raramente presente nos estatutos políticos, até mesmo das nações mais modernas, o exercícioda soberania popular - garantidano capítulo dos Direitos Políticosatravés do plebiscito, do referendo, da iniciativa popular e do vetopopular - enche-nos de justo orgulho cívico, pois vem ao encontrodas indestrutíveis aspirações dosmais diversos segmentos da sociedade", afirmou.
PRÀZOSO constituinte Virgílio Galassi
(PDS - MG) defendeu propostade sua autoria, a qual, segundoo parlamentar, corrigiria gravedistorção observada por ele emdois dispositivos do projeto constitucional aprovado no primeiroturno de votação. Para o deputadomineiro no artigo 7° fica estabelecido que "o prazo prescricional,nas ações trabalhistas, será de cinco anos, quando se tratar de créditos resultantes das relações de trabalho, para o trabalhador urbano,e dois anos após a extinção do contrato de trabalho, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, para o trabalhador rural".
Virgílio Galassi diz que suaemenda pretende unificar os critérios referentes aos prazos prescricionais nas ações trabalhistas dosempregados urbanos e rurais. Oparlamentar mineiro salientouque se for mantido o atual textoserá consagrada "uma odiosa discriminação relativamente ao empresário rural, um fato prejudicialao trabalhador que permanecerásobre a sua cabeça como uma espada de Dâmocles".
DEMOCRÁTICO"Muito embora tenha enxerga
do vícios no texto do projeto constitucional aprovado em primeiroturno, principalmente na parte dasDisposições Gerais e Transitórias", o constituinte Divaldo Suruagy (PFL - AL) considerou otrabalho realizado pela Constituinte, até o momento, como democrático. Ele explicou sua posição observando que a maioria nãoesmagou a minoria e nem esta seopôs intransigentemente às soluções possíveis e negociadas.
O parlamentar sustentou que otexto, que já foi aprovado em suatotalidade pelo Plenário em segundo turno, não é a Constituiçãoalmejada pelos brasileiros, mas é,seguramente, a Constituição queconsumará o processo de restauração democrática e consagrará atransição política em que a naçãoestá empenhada. A nova Constituição, como já se delineia. destacou o constituinte, é. em quasesua totalidade, fruto do consenso,do entendimento, da negociaçãoe dos ajustamentos coletivos emque todos os segmentos sociais representados no plenário cederamum pouco e, quando a concessãose tornou impossível, a decisão sedeu democraticamente pelo confronto do voto.
O "vício "no texto apontadopor Divaldo Suruagy, esta no fatode o título das Disposições Geraise Transitórias ter se constituídoem excesso de dispositivos que,por sua própria natureza, não sãoconstitucionais. O parlamentarexplicou essa tendência como sendo uma atitude de autodefesa doLegislativo contra o imobilismodas legislaturas ordinárias, que, aseu ver, não foram suficientes paracomplementarem os sucessivostextos constitucionais dos 160anosde vida republicana. Porém, oconstituinte salientou ser possível,no segundo turno, sanar as incongruências, especialmente, disse,no que tange às matérias que consensualmente estariam melhortratadas em legislação ordinária.
Não obstante, Divaldo Suruagyelogiou todos os dispositivos relacionados com a seguridade social- "seguramente uma das melhores". No seu entender, tanto nocorpo permanente do projeto como nas disposições transitórias otexto da seguridade e da previdên-
6 Jornal da Constituinte
O constituinte Mário Lima(PMDB - BA) considerou quea não inclusão da estabilidade deemprego no texto constitucionaltorna a situação do trabalhadorbrasileiro mais incerta. O parlamentar apresentou inclusive proposta de modificação em que ficaria estabelecido que a "relação deemprego protegida contra despedidas arbitrárias ou sem justa causa" deveria ser posteriormente,em legislação ordinária, reguladade modo a impedir que abusos fossem cometidos contra o trabalhador, "permitindo ao trabalhadorum mínimo de segurança, remetendo para a legislação ordináriaos detalhes deste instituto".
Mário Lima afirmou que a derrota de sua proposição se deve aofato de que "parecia difícil aprovar num plenário onde a maioriados constituintes se liga à ala conservadora, ao mesmo tempo queos setores progressistas não tinham uma visão realista do quadro político". Para o parlamentar,quem votou em sua proposição colocou os interesses do trabalhadoracima dos interesses partidáriosou mesmo pessoais.
DIREITOS
ESTABILIDADE
"É fundamental que os constituintes confirmem seus votos a favor da manutenção das conquistasdos trabalhadores na futura CartaMagna, a fim de chegarmos, no.mínimo, a uma économia agilizada e modernizada."
O apelo é do constituinte Francisco Küuster (PSDB - Se) aoenumerar os cinco pontos que considera fundamentais para a concretização desses direitos, quaissejam: a prescrição dos direitosdos trabalhadores, a estabilidadedo dirigente sindical, o direito degreve ao servidor público, o turnode seis horas e o substituto processual do representante do trabalhador para acionar na justiça'os patrões.
Por sua vez, com relação à licen-'ça-paternidade, Francisco Küsterfaz algumas ressalvas.
. ~ ~ /'
Ao defender os direitos dos trabalhadores, o constituinte catarinense contestou ainda declaraçõesde algumas autoridades, empresários e-"falsos" líderes sindicais, aoafirmarem que a concretizaçãodesses direitos invíabilizaria a economia brasileira.
Por fim Francisco Küster considerou imprescindível a agilizaçãodos trabalhos da Constitumte paraque se obtenha o mais rápido possível a promulgação da nova CartaMagna.
prerrogativas, com os trabalhos'constituintes, de acordo com oparlamentar paulista. "Fizemos aestruturação ao Estado e o sistemade governo, e, na estruturação do
. Estado, procuramos; com todas asfiligranas, dar à segurança pública
- uma estrutura capaz de permitirao povo brasileiro um pouco maisde tranqüilidade. E, neste setor desegurança, invadimos também aárea do Poder Judiciário e que recairá igualmente sobre a ação doPoder Executivo." Farabulini Júnior disse igualmente que foramformecidos, com a nova Carta, todos os instrumentos capazes depermitir, à estrutura dos poderes,meios convenientes para protegera sociedade.
PRERROGATIVAS
O constituinte Farabulini Júnior(PTB - SP) afirmou que uma dasgrandes preocupações do Governo é a volta das prerrogativas doPoder Legislativo. "E exatamenteeste ponto que está ferindo suscetibilidades, porque, lá fora, membros do Poder Executivo sentem,desde já, que as prerrogativas foram devolvidas a este Poder. AoPoder Legislativo, que é justamente onde se encontra alojadaa força da democracia", acrescentou.
Mas não foi somente o PoderLegislativo que avançou em suas
grando rede regionalizada e hierarquizada, com a constituição desistema único e com direção únicaem cada esfera de governo, constituem pontos dos mais significativos no fortalecimento do podermunicipal." A afirmativa é doconstituinte Mauro Miranda(PMDB - GO), que exalta asconquistas alcançadas na ANC I?elo poder municipal e que criticao poder central por ter exercido,durante muitos anos, forte influência em outros poderes, arrogando a si o direito de invervirconforme suas conveniências.
Segundo o parlamentar, nasquestões da repartição das receitastributárias e do orçamento, os municípios obtiveram maior canalização de recursos com a instituiçãodos impostos de transmissão intervivos, com a venda de combustíveis líquidos e gasosos a varejo,exceto do óleo diesel, e sobre serviços de qualquer -natureza, quenão tenham relação com a circulação de mercadorias e prestaçõesde serviços de transportes interestaduais e intermunicipal e de comunicações.
Já na área educacional, MauroMiranda considera fatores fundamentais para o fortalecimento dosmunicípios e para a consolidaçãodo regime de colaboração entrea União, Estados, Distrito Federale municípios na organização dossistemas âe ensino a obrigatoriedade da aplicação de 25% dos impostos do município na manutenção e no desenvolvimento do ensino e a assistência técnica e financeira da União.
FranciscoKüster pediu
apoio aosdireitos dos
trabalhadores.Mário Limadefendeu aestabilidadeno emprego.Legislativo,o tema de
Frabulini Jr.
aunca assisti a momento tão graveno país como o de agora".
A constituinte cearense lembrou que esta conjuntura adversanão se deve, em absoluto, às medidas definidas no projeto de Constituição, uma vez que elas aindanão entraram em vigor. Desta forma, acredita Moema São Thiagoo presidente da República não pode acusar os constituintes de geraruma situação onde o país ficariaingovernável, pois afinal, em suaopinião, o "Brasil já está ingovernãvel", Esta ingovernabihdade,prosseguiu a- parlamentar, podeser creditada à própria inconstância da equipe ministerial nos momentos de definição de uma política econômica.
MUNICípIO
"A descentralização políticoadministrativa na execução deprogramas de assistência social,com a participação da população,e a descentralização das ações eserviços públicos de saúde, inte-
lIIroo::
As conversas e negociações aconteceram no plenário: ninguémqueria sairatéo fim dassessões
. Salientou Luiz Soyer em conclusão que a floresta amazônica,a Mata Atlântica, a Serra do Mar,o Pantanal Mato-grossense e a Zona Costeira serão, de acordo coma nova Constituição, preservadoscomo patrimônio nacional, só permitida sua utilização na forma dalei, sendo indisponíveis as terraspúblicas necessárias à proteçãoaos ecossistemas naturais, permitida, para esse fim, a desapropriação.
DEFESAAbigail Feitosa, constituinte pe
la Bahia, considerou a defesa daANC tarefa prioritária de todosos verdadeiros democratas brasileiros, neste momento em que setores arbitrários atacam as Importantes conquistas sócio-econômicas inscritas no novo texto constitucional.
Segundo a representante doPSB, o grande avanço em matériade direitos civis, consagrado nonovo texto, está certamente incomodando "àqueles que se acostumaram a não-resistência dos setores mais oprimidos da nossa sociedade, os quais, de forma organizada, apresentam notável sentidode articulação social para fazer valer os seus direitos".
Dentro do mesmo contexto,Abigail Feitosa considerou aindaoportuno transcrever o artigo"Chegamos a 1789, enfim", de autoria do professor da USP PauloSérgio Pinheiro, publicado no Jornal do Brasil, edição de 8 de agosto, onde assinala, entre outras coisas, a importância da aproximaçãodo texto constitucional com a formalidade consagrada das liberdades fundamentais para derrubadado regime de exceção paralelo".
CRISE
A constituinte Moema SãoThiago (PSDB - CE) analisou acrise econômica que se abate sobre o país, que, segundo ela, teriaalcançado no atual período o seuclímax com a perda, por parte dogoverno, do controle dos índicesinflacionários. "Ahiperinflação jáé uma possibilidade real". A parlamentar chegou a lembrar um depoimento recente do ministro doPlanejamento, João Batista deAbreu, em que ele teria afirmadoque "em 14 anos de vida pública,
.cia social terminou consagrandoum dos maiores avanços de todoo projeto. Destacou ele que foiresgatada a dignidade dos aposentados na exata e precisa definiçãodos recursos correspondentes quedevem custear os novos encargosprevidenciários.
CAMPANHA
Oconstítuinte Jorge Uequed(PMDB - RS), por sua vez, analisou a campanha deflagrada pelogoverno, no sentido de tentar levar os parlamentares a rever asconquistas consolidadas no capítulo da Seguridade Social da novaConstituição. Dentro 'desta campanha, muitos membros do Governo, segundo Jorge Uequed,têm-se apressado em divulgar dados e números em que procurammostrar a inviabilidade prática dasnovas medidas.
Entretanto, no entender do parlamentar gaúcho, o que os governo procura com essa campanha éimpedir a descentralização do poder da Previdência Social. "Esteé o maior enfoque, porque a partirda nova Carta, não apenas o Governo, através do seu novo ministro, vai comandar a área da seguridade social, mas terá a participação de trabalhadores, -aposentados, empresários e da comunidadena gestão desses negócios públicos. Uma grande fatia de podervai escapar das mãos dos governantes para ser devolvida à sociedade, que terá com mais eficiência, zelo e cuidado a capacidadede fiscalizar os atos praticados ouprojetados neste setor."
AVANÇO
O constituinte Luiz Soyer(PMDB - GO) considerou umavitória a inclusão de dispositivo nafutura Constituição que disciplinaa preservação da ecologia, afirmando que o dispositivo é tido como um dos mais avançados domundo, pois assegura um meioecologicamente equilibrado, deuso comum e essencial à melhorqualidade de vida.
Já ao poder público, destacou,foi imposta a obrigação de defendê-lo; e à coletividade, o dever depreservá-lo para as presentes e futuras gerações.
De acordo com Luiz Soyer alguns itens são merecedores de registro, destacando-se a preservação e restauração dos processosecológicos indispensáveis e provimento da defesa das espécies e doecossistema; preservação da diversidade e da integridade do patrimônio genético, fiscalizando-seas entidades de pesquisa e manipulação desse material; definição,em todas as unidades da Federação, de espaços territoriais e seuscomponentes, para proteção ecológica, só se permitindo a alteração através de lei, vedada utilização que comprometa a integridadedos atributos .que justifiquem suaproteção; exigência, por lei, deaprovação prévia para qualquerobra ou atividade capaz de alteraro ambiente; controle da produção,comercialização e emprego de técnicas, medidas e substâncias quedegradem à ecologia.
O parlamentar destaca ainda apromoção da educação ambientale a conscientização publica paraa preservação do' meio ambiente,protegendo-se a flora e a faunae vedando-se, por lei, as práticasprejudiciais à ecologia, punidas asque possam provocar a extinçãode espécie ou que submetam animais a crueldades.
Jornal da Constituinte 1
· ~ . .unicipios, en tm, co
É uma certeza entre os 559 constituintes:só pela reforma do sistema tributário, textoaprovado em primeiro turno, garantiu-se quetudo teria valido a pena. O próprio presidenteUlysses Guimarães, no célebre discurso de defesa da Constituinte, no dia 27 de julho desteano, incluiu a reforma tributária como um dosmomentos altos 40 processo constitucional:
- Após 500 anos, o projeto redime a geografia do Brasil. Nossa geografia é violentadapela concentração nacional de rendas e de com-
petência. Nossa geografia é regional, é local -a idéia de uma Federação na qual a prefeitura I
e municipal, com municípios maiores do que' dependa de verbas do governo federal patamuitos países. construir uma calçada ou aumentar o número
E disse mais: de ofertas de vagas no ensino básico. i
- As urnas dão votos para os governa- _ _ , . .dores e prefeitos administrarem. Mas só a au- Mas na? sao so os novos percen!uals destetêntica Federação, que estamos organizando, oU; daqu~!~ IIl?-POS~O ou a recuperaçao do cOJ;ldá o dinheiro para que tais governos dêem res- cetto?e justiça fiscal que definem a.no~a Fepostas às necessidades localizadas. dera~ao esboçada no novo texto constitucional.
O que Ulysses, falando por todos os cons- Desde os primeiros dias, ainda na Subcomissãotituintes, deixou claro é que não se concebe dos Municípios e Regiões, o debate constituiu-
E levado à maioridade no contexto da Federação, o muni
cípio ganhou ainda sua independencia institucional. Diz o artigo30 do novo texto: "O municípioreger-se-á por lei orgânica, votadaem dois turnos, com interstício mínimo de dez dias, e aprovada pordois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, naConstituição do respectivo estado" ...
Pelos textos constitucionais anteriores, inclusive o que está emvigor, a lei orgânica dos municípios é de competência do Estado,que a ditava para todos os municí-.pios. Exceção feita ao Rio Grandedo Sul que, por circunstâncias históricas, permitiu que seus municípios decidissem sobre sua leimaior.
Observa o constituinte VilsonSouza (PSDB - Se) que essa alforria legal faz com que os municípios recuperem a autonomia quetinham nos tempos do Brasil colônia, "quando eram de fato o centro das decisões locais".
Neste caso, o município passaa ter competência concorrentecom a União para legislar sobreo meio ambiente, o abastecimento, o zoneamento do solo urbano,o patrimônio cultural, o esporte,o lazer. "Se a lei orgânica municipal deverá seguir os mesmosprincípios da Carta federal acrescenta Vilson Souza - tudoé possível, até mesmo o voto decensura para funcionários municipais, a instituição de normas provisórias (um sucedâneo do atualdecreto-lei). Tudo vai dependerda criatividade dos legisladoresmunicipais", arremata o constituinte catarinense.
Tudo se disse sobre a voracidade da União na partilha do bolotributário. Mas, expressões como"hipertrofia do Executivo federal" ou "centralismo" podem sersubstituídas por uma mais simp'les:avareza, seja, na hora de distnbuiras fatias, do bolo a União deixava(e ainda deixa, pelo texto constitucional em vigor) apenas as migalhas para os estados e municípios.
A Carta de 1967, repetindo opercentual da Constituição de1946, determinava que 80% da arrecadação do Imposto de Renda(IR) e do Imposto sobre ProdutosIndustrializados (IPI) ficassemcom a União, enquanto os minguados 20% fossem destinados,em partes iguais, aos estados e municípios onde o tributo fosse arrecadado.
Muito mais pela força do movimento municipalista do que pela
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generosidade do poder central,em 1983, com a Emenda PassosPôrto, e já na nova República,houve uma alteração nesses percentuais. Dos 20% que repassava,a União passou a distribuir 31%para estados e municípios, ficandocom 67%, já que 2% se destinamao Fundo Especial para a aplicação em regiões mais carentes. (Este Fundo, no novo texto foi ampliado para 3% e tem destinaçãoespecífica para as regiões Norte,Nordeste e Centro-Oeste). Nasmudanças ocorridas, os municípios passaram a receber também50% da antiga Taxa Rodoviáriaúnica (TRU), hoje IPVA, e 30%do Imposto Federal sobre Transportes.
AS CONQUISTAS
Economista e com longa vivência executiva, inclusive como Secretário de Economia e Planejamento de São Paulo, o constituinte José Serra (PSDB - SP) avaliaas conquistas dos municípios comotimismo e anuncia que os ganhosde 'receitas dos municípios sãosempre equivalentes ao dobro dosganhos dos estados - "da ordemde 30% para 15% aproximadamente".
São dez os principais ganhos dosmunicípios, segundo o constituinte de São Paulo:
1 - Elevação da participaçãodos municípios no ICM de umquinto para um quarto, ou seja,um aumento de 25%.
2 - Com esta elevação, o ICMpassa a ser base de cálculo paracinco outros impostos que são extintos: Imposto sobre Minerais(IUM), Imposto sobre Combustíveis Líquidos e Gasosos(IUCLG), Imposto sobre EnergiaElétrica (IUEE), Imposto sobreTransportes Rodoviários (1ST) eImposto sobre Telecomunicações(ISC). Nos casos do IUM,IUCLG, IUEE e 1ST, as participações atuais dos municípios quesão, respectivamente, de 20%,20%,10% e 30%, passarão agoraa 25%.
3 - Elevação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM)de 17% para 22,5% (os estadospassaram de 14% para 21,5%).
4 - Participação de 25% aosmunicípios, através de um fundonovo, para compensar a não cobrança de ICM nas exportaçõesindustriais.
5 - Transferência aos municípios da responsabilidade pela cobrança e a arrecadação integral doimposto sobre transmissão intervivos de bens imóveis. No sistemavigente, os municípios recebemapenas 50% do imposto de trans-
(
missão de bens imóveis, hoje decompetência estadual.
6 - Competência municipalpara instituir imposto sobre asvendas a varejo de combustíveis,exceto <} óleo diesel.
7 - E dado ao município o produto de arrecadação do Impostode Renda incidente na fonte sobrerendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias epelas fundações que instituírem oumantiverem.
8 - Viabiliza-se , definitivamente, a cobrança da contribuiçãode melhoria, instrumento importante ao financiamento de infraestrutura urbana.
9 - Vedou-se à União a concessão de isenções de tributos decompetência dos estados ou dosmunicípios; vedou-se qualquerrestrição à entrega e ao empregode recursos repartidos pela Uniãoe pelos estados com os municípios.
10 - Estabeleceu-se o acompanhamento do cálculo das cotas pelos interessados e a publicação, naimprensa oficial, pela União e pelos estados, dos montantes de cadaum dos tributos arrecadados, dos
Jornal da-C- - ~ I -
quistam a autonomiat~ fixou-se no cerne da questão: afinal, o município é ou não é integrante da Federação?Aquilo que à primeira vista parece elementarnão é a realidade constitucional vigente. Bastaler o art. 19 da Carta de 67, ainda em vigor.Lã diz que "o Brasil é uma República Federatira, constituída, sob o regime representativo,pela união indissolúvel dos estados, do DistritoFederal e dos territórios".I Diz em estudo do Instituto Brasileiro de
Administração Municipal que, "para vários
efeitos práticos, o município brasileiro, desdea Cons.tituição de 1934, com exceção do período do Estado Novo, é considerado como parteconstitutiva no pacto federal". Só que isto nãoestava claro nos textos constitucionais.
Com o novo texto, o município ganha logono art. 10, do título I, "dos princípios fundamentais" , o seu statusde componente da Federação: "A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos estados e municípios, do Distrito Federal e dos territórios,
constitui-se em Estado democrático de direito ... "
Deixa assim o município de ser uma unidade inferior e apenas derivada para tornar-secomponente e parceiro da Federação. Constitui-se claramente no texto os três níveis de competência: nacional, estadual e local. Afinal, éno município que vive o cidadão, cercado decarências e anseios. Só por isso a nova Constituição já merece o apelido que lhe deu o presidente da Constituinte: "Constituição Cidadã".
dato de cinco anos para o atualpresidente".
Prefeito de Fortaleza, entremarço de 1978 e maio de 1982,O constituinte Lúcio Alcântara(PFL- CE) diz que é preciso acabar com o mito da incompetênciae da corrupção nas administraçõesmunicipais. Na sua opinião, estesempre foi o argumento dos centralizadores. "O argumento não sesustenta porque é exatamente sobre o prefeito que recai a maiorpressão popular. Essa pressão sedilui quando se trata do governoe muito mais em relação ao podercentral".
O importante é que a peregrinação dos prefeitos acaba. E acredita Lúcio Alcântara - quecom os recursos bem definidos notexto constitucional, fatalmente osencargos serão equilibrados, "atécomo conseqüência do emagreci-,menta da União". Satisfeito como texto, Alcântara ressalva quemaiores avanços na partilha do bolo tributário seria praticar um"matricídio", referindo-se àUnião que, aliás, sempre foi maismadrasta do que mãe.
PARTICIPAÇÃOKoyu lha foi prefeito de São Vi
cente (SP) de 1977a 1981, quandorenunciou ao mandato por nãoconcordar com sua prorrogação.Hoje na Constituinte e no PSDB,o parlamentar aplaude o avançodo texto constitucional, mas lançao desafio da sua materializaçãoaos vereadores e administradores.
No caso dos municípios que envolvem grandes aglomerados urbanos, ele entende que a eficiênciadependerá, da articulação dos espaços regionais...
Mas importante mesmo paraKoyu lha é o novo quadro institucional do país com a nova Carta,fazendo com que o cidadão exerçade fato a sua cidadania, o que naturalmente implica maior participação e pressão junto ao podermunicipal.
" A Nova Constituição como umtodo - explica - dará ao cidadãoum instrumento muito forte paraa cobrança das ações administrativas" . Mas seu temor ficapor conta do que ele chama de "inérciada Constituinte e dos governadores". "Prefeitos e governadoresdeveriam estar pressionando osconstituintes para que a Carta sejaaprovada o mais rápido possível.
Assim, no próximo ano, todos teriam mais recursos para seus desafios administrativos".
- "valores entregues e a entregar e 'da expressão numérica dos critérios de rateio dos mesmos, possibilitando melhor fiscalização dosprocedimentos e verificação dacorreta entrega dos recursos pertencentes a municípios, que aUnião e estados arrecadam.
IGUALDADE"Uma micronação", assim o
constituinte José Tavares, candidato a prefeito pelo PMDB à Prefeitura de Londrina (PR), defineo município que surgirá do novotexto constitucional. Mas, no caso, uma "nação" muito mais real,porque é onde o cidadão vive osproblemas do dia-a-dia e tem ocontato direto com o poder público. "A nação mesmo e uma ficção,porque a cidadania é diluída", sustenta o constituinte do Paraná.
Qualificando-se como municipalista e integrado à luta pela au
_tonomia desde os primeiros diasda Constituinte, Tavares reconhece que se alcançou "igualdade depoderes", mas não é tão otimistaassim quando se trata da repartição do bolo tributário: "Ficouum pouco melhor, mas ainda estáaquém das necessidades dos municípios" .
José Tavares não aceita o argumento de que haverá mais repassede recursos, enquanto os encargosmunicipais continuarão os mesmos: "Não é verdade. Nada funciona no município que não tenhaa participação efetiva da prefeitura". Como exemplo, cita até o órgão alistador do serviço militar eo Funrural, que só funcionam coma infra-estrutura municipal.
SEM SOLAVANCOSArtenir Werner (PDS - Se) foi
prefeito de Rio do Sul entre 1970e 1973. Hoje constituinte, avaliaos avanços do novo texto constitucional da forma mais objetiva: "Oimportante são os recursos". Paraele, com o centralismo atual, umprefeito gasta mais de 80% do seutempo correndo atrás do deputadofederal, do secretário de estado,do ministro e até do presidenteda República para buscar recursosque lhe são de direito.
"O prefeito - diz o constituinte-de Santa Catarina - agora vai poder sentar na sua cadeira e governar. Poderá fazer projeções de receitas e planejar sua administração. Não haverá solavancos nasobras".
Essa dependência do poder central torna os atuais prefeitos verdadeiros mendigos. E pior, na opinião de José Tavares, gera cumplicidades, que "faz até com que sevote aqui nesse plenário um man-
~
Wilson SouzaArtenirWernerJosé Tavares
onstítuínte 9
CAMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO
GABINETE DO VEREADOR MAURícIO AZÊDO
Quero cumprJ..mentá.-lo pela alta quaLadade do Jornal da üonstu tuarrte , que, com excelente padrão e dí eor-iaj e g~co, graças a presença em seus quadros de pr-ot'as s í.onaaa de gran=de competêncJ.a, vem oferecendo um relato amplo e, quando necessário, 1'1J.nUCJ.Oso doe trabalhos da Aaeemb LeLa Nacional õonata cuan te. Além do acompanhamento da votação dos dispasi tn.voe da futura Carta, o Jornal da Consti tUlnte tem pe rrm 't a do o conhecimentodas opiniões dos seus a ntiegr-antie e , sem da s t ançáo de partJ.dos,atr~
ve a das enta-evi srtas que, com c eencâo e e racaénc í a , publ aoa em todas as auas edacôee,
A Assembléia Nacional Constituinte entrou emsua última etapa: a da votação em segundo turno,pelo plenário, do projeto de Constituição. A sociedade participou desse trabalho desde o início, sugerindo, reivindicandol, criticando e apoiando. Agorasó é permitido, pelo Regimento, suprimir díspõsítivosaprovados no primeiro turno. Mas você aínda podecontribuir, oferecendo sugestões para enxugar o textoconstitucíonal. Escreva a sua carta.
MandatoEletivo
Srs. Constituintes,Não permitir que ocupantes de
cargos eletivos os abandonem,através de renúncias, licença, ououtro artifício, antes do términodos mesmos, sob pena de tomarem inelegíveis," (... ) Quem foreleito para determinado cargo deve nele permanecer até o final doseu mandato e se assim não proceder se tomará inelegível pelo prazo dobrado do mandato que teriade cumprir.
Alberto GrochicoffGoio-Erê - PR
or.i ca o GVMA ne 318/88
Senhor Deputado,
Em 8 de julho de 1988
Sugestão de um Modelo de Carta Diretamente ao ConstU:.u1nte
t...~ itr..u.: ,(Local)
Exmo. Sr.
conaea tu inte
Ref.: DlRElTOS AmoRAlS, MQSlCA SACRA
Por ser anjusto e ecnexâxao aos a.ncexeaaea dos autores, ccnpoeatc-.res, antiêcpreues , eaxeoxae e gravadoras de mâaacas sacras, solJ.citamossua parta.capeçâo e votação pela
SOPREssAo do Art. 56 (D1sposlções Trans1.tór1.as) que estabelece:
"Art. 56. O da.sposto no S 32 do ArtJ.go 6Q não se ept.aca à músJ.
ca sacra baseada em textos bíbh.cos, quando utu.La.aada em programas de caráter relJ.glosO."
Maioridadeaos 16
Srs. Constituintes,Que haja o direito de voto ao
jovem a partir dos 16 anos, poismuitos jovens de nossa populaçãotêm total capacidade de elegermembros para os representarem.E que também aos 16 anos de idade o jovem possa adquirir a Carteira de Habilitação.
Wagner Barbosa FloresBrasília - DF
Dada a tmpor-cânc i a da publicação, agora e no fu-turo, venho consultá-lo sobre a posslbilidade de me enviarem osnúmero~ue faltam em mlnha coleção. a saber: 1 ao 28. 32, 33. 451-
~
Ao mesmo tempo, consulto-o sobre a poes ani.La.da de de doação de uma coleção completa dos números Já eda tados e da
remessa dos pr-cx.unos números à Biblioteca da Aasoc i.açào Br-aaa.Le a>r-a de Imprensa, aedaada na Rua <\raúJo Porto Alegre,71,12 2 andar,a~ual mantém uma das maa s ampo r-t arrte s coleções de per-ãóõ rcos do P..'!
'6.Agradecendo a atenção de Vossa ExceLenc a a , ceco
lhe que ace a te e transmita a seus companhe i ros da equipe de prod,!;!çãe do J ornaI da Constl tuinte as expressões de meu apreço.
Exmo s Sr-,Deputado l'>1ARCELO CORDEIRO"Jornal da consta t.u i.nte''Câmara dos DeputadosBr-aai Laa , DF - Cep-70.160
MA./nss.
Atenc1.osamente, !!!!~ra(ãO das Colônias de p,c o I ô nr ===-escadores do ES6:O"O ..
m a cf e Pe Se luU' uO PiauiFundada a d o r e s Z 1 -=-
em 29 de Ju -n nho de 1929- 0"",.,. _ PI.ul--
MaiorControle
TerrasImprodutivas
Srs. Constituintes,Gostaria de ver aprovado que
todo cidadão que tenha 16 anoscompletos deva ser considerado"maior" para ter direito ao votoe uma participação ativa nos vários segmentos da sociedade. A reforma agrária deve começar primeiro pelas terras do Governo federal e estadual, porque existemvárias terras férteIS improdutivasque são do governo, e, em seguida, a ocupação das grandes fazendas no~ vários estados da Federação.
Paulo A. CostaSumaré- SP
Srs. Constituintes,- Senadores, deputados federais,deputados estaduais, vereadoresincompetentes deveriam ser cassados, por votação, pelos própriospares. Incompetência seria nãocomparecer às sessões e recebimentos de vencimentos e vantagens sem fazer jus aos mesmos.Privatização das estatais e autarquias. Controle dos emprestadores de dinheiro ao país, fiscalização dos desempenhos políticos nopagamento do 'principal e nasamortizações. So seriam feriadosnacionais, com a proibição do trabalho no país, os 48 domingos decada ano, acrescidos do dia da Independência do Brasil e da SextaFeira Santa (... ).
Jayme Corrêa MendesMaceió- AL
LUiz n yorre.ia(PI),
09 de jUnho de 1.988.B!:ma. Sr.
Clonstitu.in'te MarcllD. Diretor R el~ Cordeiro;lira , esponeavel do~ BOrnal da Cons"t:r.tu.inte
E",celant!sa:1lloSenhor,
JlleSlllO 'tempo solici ter Tam.u.oa a liberdade dJORlin D a V.:Ei:o' e cUlnpr<-
""" ~ CONSTIWIN -ca, Se digne """'entartamoB de Posse d TE, graças ~ a um concedet' receb e ao
o COJllPanh., _ :Lznento doo qUtil no e"'8JIU>lar de no ~·o s1ndi
e traduz JllUi t 47, de 16 a caJ.~sta, eaJlla Tribut' as Causas 22 de .Illa.io d -1:lras~le lIria, A Po:nna de Gov ,COlllo a Ret'o:nna Agrári e 1988 ,
~ro e a Aopoaentad emo, A NaciolalJ. _ a, Ao Ret'ol'-oria. 2açao do SUbaolo /
.:t:'rant. desta cl S.nhor ConetiSUas 1 asae, classe tuinte, nós
U'taa, pode.D:l; esta que "taznb I' ' qtae estamos àdo' Os oiter al8UJn - J!lll tem Se
, A. au'tOllOlIl1a as ~ -como' A. ua prOblemasAsai t- e o .Illa.ior llIll • d•.:t:'eaa d e
s .noia SOCial Paro àa Colôni o noaso P.sc....tlllti .Illa.iSjut; asd.Pe
neantivo .Illa.io s a, lllna politi Soador.s; UJna~e:re 3:' POr Par'te I' ca 'p9Sque:tr08<101' o aum.nto da prOdUtividâ:os Orgàoa 0<llll.Petentes a lllais 3Usta;
ertaZ8llaJ.. e, Vis!ll1do a no qUe se re-malhoria .
SOo:Lal do Pe.!
Obs. :Env~o ac:u:na uma sl.egestão ao Jornal da Const:ltuinte e~IlIU.J.i;o e!l.tusJ.asta,quero :recebê-l.o a partJ.:r da pr6x:u:na ed:Lç:ão.Meu endereço é:R.MartJ.n11o A. Ornel.las ~ 53 ;Centro;,Formoso-JJG;Cep:38.690.
WaldJ..vJ.no 1,~endes,Formoso-t:IGô
":2.3TE s: OLtTI') O
SUg:J.:ro-lhes que seja Lncoz'poz-ada â .futura Carta 1iagna aanetatartção de UI:1 Concurso polítJ.ca bem como para representantt::s dosPoderes Exectrtavo e LegJ.~latJ.vo a nível munacapaj, e estadueJ..Este,porsua ,vez,serJ.a dado atravea de uma dJ.dátJ.ca sd.eberaa-taeada em matéria cEPol3;tJ.ca J.nclw.ndo prJ.ncJ.palmente,entre outros reqUJ.sJ.tos,exames pSJ.
cotecmcos e prova escrata. tendo por .f~nalidade precípua instnu..r oHomem Ptí1;lJ.co, disciplJ.nando-o e conecaenta.zanâo-o da tarefa que deverá cumprct-ãa COnhecendo com arrteca.paçãc os seUS fundamentos básJ.cosantes mesmo que se candJ.date a um cargo elenvo de natureza pol:LtJ.ca.DJ.r;J.a com certeza absoluta que esta seria a man.eJ.ra mais :fácl.l e prátJ.ca. uSclvel para com'bat ....:rmos a J.nConscJ.ência e a maptidâo dos nossosestad:Lstas ;face às suas :re.PI'esenta.t~vidades para Com o pgvo.
Srs.Const:l.-suanbcc ,
10 Jornal da Constituinte
Subsolo é fonte não renovávelADIRPlWllliam Prescott
Abigail: temos de mudar o modelo agrfcola - dar terra a quem trabalha na terra
os recursos públicos, gastando-osna campanha. Mas, mesmo assimterminou perdendo por um milhão e meio de votos. O governador tem feito um esforço tremendo para recuperar as finançasdo estado, inclusive dá um saltoqualitativo na administração pública. Sabemos que isso é diffcil,principalmente neste ano de eleição, em que esta havendo repassede recursos diretamente para osprefeitos que são do PFL e doPDS, portanto contra o governador. Mas, mesmo assim, a confiança no governador continua.
JC - Que análise faz da atualsituação político-econômica e social do país?
Abigail Feitosa - Péssima.Com a inflação que está aí, é umasituação de insegurança. A quematrapalha mais essa inflação? E aotrabalhador, que tem seu saláriocorroído.de um dia para o outroele não consegue mais comprar comida. Numa cidade como Salvador há 400 invasões. As pessoasque antes tinham condições de pagar um aluguel não conseguemmais, moram em invasões, emcondições subumanas, com esgotona porta, sem nada, com casas cobertas com plástico. Então, caiuacentuadamente o nível de vidado trabalhador brasileiro e concentrou-se a renda. A situação dopaís é a pior possível, por isso pleiteávamos eleições diretas parapresidente e quatro anos para opresidente Sarney, para se ter umarenovação. Lamentavelmente, amaioria dos constituintes se entregou, e aí votou-se cinco anos parao presidente Sarney, que é a desesperança do povo. Mas a luta vaicontinuar e vamos estar juntoscom os trabalhadores, dizendoque nossa força é para manter oque lhes foi concedido no primeiroturno.
JC - Terminado o segundo turno de votação, com as correçõesque vão ocorrer, que Constituiçãoteremos?
Abigail Feitosa - Seguramenteuma Constituição melhor do quea que temos, porque esta Constituição que hoje nos rege, feitadentro de quatro paredes, pormeia dúzia de juristas, enquantoque esta que aí está, porquantonão seja a que nós ~ueremos, porque eu própria já disse que defendo o sociahsmo, mas, de qualquermodo, avançou. Este país, nesteprocesso de discussão, revolveusuas entranhas, discutiu seus problemas todos; por aqui passaramlegiões de mulheres, de crianças,de garimpeiros, de índios, de trabalhadores, de empresários e todasociedade brasileira civil se mobilizou na maneira do possível paravir discutir seus problemas. Muitose conseguiu de avanço, falta ainda uma questão que tem de serresolvida: a questão agrária, quetem que ser revista, Vamos verse, no segundo turno, tiramos essacoisa da terra produtiva não serpassível de desapropriação. Porque se este país não fizer reformaagrária não tem condições de darum salto de mudanças. Imagineque os Estados Unidos fizeram reforma agrária há 100 anos e a Europa fez reforma agrária há 200anos. E aqui ainda estamos discutindo se se faz ou não se faz. Temque mudar o modelo agrícola dopaís, tem que dar terra a quemtrabalha na terra.
até dois salários mínimos é grande, quase 80% da população. Essamullier quando tem filho necessitaajuda, porque, se for parto natural, sempre tem uma estrutura e,se for parto artificial, será umapessoa que fez cirurgia. ~ aí ocompanheiro vai ajudá-la. E preciso também educar. Fazer comque isso seja início já de uma educação diferente, para dizer ao homem que o filho não é só da mulher, que o filho é da mulher edo homem. Ele tem que começara ajudar desde cedo na criação dofilho.
JC - Qual a perspectiva do seupartido, o PSB, para as eleiçõesmunicipais deste ano?
Abigail Feitosa - O partidocresceu muito. Na Bahia, porexemplo, temos 15 municípioscom candidaturas a prefeito comchance de ganhar a eleição. Váriosmunicípios com vice-prefeitos, inclusive municípios como Ilhéus,um dos mais fICOS do estado, emque estamos saindo com candidatos à vice-prefeitura. Tenho ficadoentusiasmada pela maneira comoo partido está crescendo, porquetem uma linha política firme naluta pelo socialismo, que, no nossoponto de vista, é somente o socialismo que vai fazer com que estepaís seja respeitado, este continente que é o Brasil, na hora emque fizer mudanças em que valonzar mais a pessoa do que o lucro,é que vamos conseguir deslanchare melhorar a condição de vida docidadão brasileiro.
JC - Deputada, como está aBahia?
Abigail Feitosa - A Bahia estánuma situação difícil, porgue como o governador Waldir PIres teve a coragem de se posicionar contra a maneira com que o presidente José Sarney vem conduzindo a política econômica do país,inclusive com total submissão aoFundo Monetário Internacional,está pagando o preço, o preço daretahação. Sei, por exemplo, queaté hoje o MEC não repassou asverbas à Secretaria de Educação.O governador recebeu o estadodevastado. O governador anteriorfez uma verdadeira devassa com
Teremos umaConstituição
melhor do quea que temos.
Muito seconseguiu de
avanço,falta ainda
uma questão ase resolver:a reforma
agrária
Constituinte conseguiu foi esse: aquestão da mineração do subsolo.Vamos lutar para que se mantenha.
JC - Isso também se aplicariaaos contratos de risco?
Abigail Feitosa - Também aoscontratos de risco. Acho que opaís tem condições. Naturalmentenão se vai dizer que o capital internacional não entre aqui, mas temde ser gerido de uma maneira diferente. Este país tem de zelar porsua soberania, não deixando queo capital internacional e as multinacionais digam o que fazer aquidentro.
JC - O governo também estápreocupado com a licença-paternidade.
Abigail Feitosa - O índice denatalidade deste país caiu exageradamente. Há uns 30 anos tínhamos um índice de natalidade de7.4, hoje temos 2.1. Então, o número de filhos caiu muito. E amassa de trabalhadores que ganha
ficado, sendo estendido o direitode greve aos funcionários.
JC - A Constituição deve tabe-lar juros, deputada? ,
Abigail Feitosa - Deve. E umamaneira, porque, veja bem, nestepaís, quem ganha dinheiro? Osbanqueiros. Então, foi feito todoum modelo econômico montadopara facilitar a vida dos banqueiros. E aí, é mais importante, a essaaltura, investir no open e no over,na ciranda mesmo, do que na fazenda, na fábrica ou no comércio.E por que isso? Porque o próprioGoverno começou a subir os jurosbancários, que, em contrapartida,lhe dão o lucro financeiro. Então- acho - tem de haver uma maneira de baixar isso, inclusive facilitando que se invista na produção,ou -seja, que esse dinheiro todoque está aí parado vá para a produção gerar empregos.
JC - O jovem deve votar a partir dos 16 anos?
Abigail Feitosa - Deve, porquehá toda uma campanha querendodizer que os jovens são irresponsáveis. Quero dizer que a juventude deste país não é respeitada,pois não tem escola e tem um ensino que é desatualizado. No instante em que o homem está colocando tudo por satélite, a escola aindaadota a apostila decorada e o estudo desinteressante. Portanto, amaneira de fazer o jovem integrarse como cidadão é fazê-lo participar não só da política escolar,das disputas dos grêmios, mas dapolítica em geral do país, votandoaos 16 anos.
JC - Com relação a área de mineração, o Governo acha que deveria haver a possibilidade de o capital estrangeiro também participar. Concorda com isso?
Abigail Feitosa - Sou contra.Acho que o subsolo é a alma dopaís. O país que entrega o seu subsolo ao capital internacional estáentregando sua alma, efetivamente, porque isso aí é uma safra quenão se renova. E o que se viu noBrasil foi esse abuso: 20% do território nacional nas mãos das multinacionais, exatamente os terrenosque tinham mais riquezas minerais. Agora, o avanço que esta
JC - Deputada, e governo pretende, no segundo turno de votação, suprimir vários itens aprovados na primeira parte, entre elesa jornada de seis horas de trabalhoininterrupto nas indústrias. O quea deputada acha disso?
Abigail Feitosa - Esse turno deseis horas tem de ser mantido porque, inclusive, é uma maneira atéde diminuir o desemprego, porquanto o trabalhador não agüentatrabalhar, em turnos, tantas horasseguidas, e a produtividade delediminui. E aí, se você bota as seishoras, ele diminui a hora na empresa, ficando mais livre e saudável para trabalhar. E também hácondições de nomear mais pessoaspara as tarefas porquanto o grandeproblema que o Brasil tem hojeé o desemprego, que é terrível.E, no trabalho - faço política numa cidade, na cidade de Salvador,basicamente - sente-se a cadadia, embora as estatísticas nemsempre mostrem, que o númerode desempregados tem aumentado acentuadamente. E caso, inclusive, da violência que há nas grandes cidades, pois, se o trabalhadortem um salário justo e um emprego certo, termina não tendo necessidade de apelar à violência, ficando sua família garantida.
JC - Outro ponto que o governo pretende derrubar é o direitode greve ilimitado. Ele quer restringir o direito nos serviços que considera essenciais.
Abigail Feitosa - Funcionáriopúblico é igual ao trabalhador defábrica. Tem direito à greve, poisé a única maneira de pressionare mudar sua condição de trabalho.Mas, sabe-se, inclusive, que osprofissionais da saúde, nos hospitais, funcionários públicos, considerados essenciais, são pessimamente pagos. Imaginem que a prefeitura de Salvador está pagandoCz$ 30.000,00 a um médico. Como pode um profissional de nívelsuperior, ao qual toda a comunidade cobra competência, paciência e segurança, ganhar Cz$30.000,00? Então, se ele não fizergreve, qual a arma que terá? Portanto, acho, isso tem de ser modi-
"O subsolo é a alma do país.O país que entrega o seu subsolo ao capital internacionalestá entregando sua alma, efetivamente, porque isso aí éuma safra que não se renova.E o que se viu no Brasil foiesse abuso: 20% do territórionacional nas mãos das multinacionais, exatamente os terrenos que tinham mais riquezasminerais". As palavras são daconstituinte Abigail Feitosa(PSB - BA), para quem devem ser mantidas várias medidas aprovadas no primeiro turno de votação, como a jornadade seis horas de trabalho ininterrupto nas empresas, o direito de greve ilimitado, o tabelamento de juros, o voto a partirdos 16 anos, a proibição doscontratos de risco e a licençapaternidade. Abigail Feitosaanalisa também as perspectivasdo PSB nas eleições municipaisdeste ano, a situação da Bahia
- e a atual fase político-econômico e social do país.
Jornàl da Constituinte 11
~ .sera cnme
A retençãode salário
Nesse caso concreto, acho queo repúdio ao racismo nos pOSSIbilitará exigir do governo brasileiro,desse ou do próximo, o rqmpimento de relações com a Afncado Sul. Ou, na melhor das hipóteses.jíe colocar nossa embaixada,na Africa do Sul, a serviço da lutacontra o racismo. Seria talvez maiseficaz do que propriamente romper relações. De qualquer forma,obriga o Brasil a uma postura maisagressiva em relação à questão.
Mas o racismo é ainda pior, porque é a prática do .crime organizado pelo Estado. E o terronsmode Estado e organizado contrauma raça. Essa emenda naturalmente teve muita presença da minha cidade, do meu estado, a Bahia, Salvador. E ele era uma fórmula - eu sabia - que tinha maispossibilidade de passar do queaquela apresentada pela companheira Benedita da Silva, que diretamente visava ao rompimento derelações internacionais. E claroque eu sabia que era mais difícilcolocar na Constituição um dispositivo específico de rompimentode relações, até porque essa é umapolítica ~ue varia. Ela não podeficar enrijecida em uma Constituição. A nossa prática de estabelecimento de rompimento de relações diplomáticas depende muitode circunstâncias no contexto internacional.
JC - O deputado também temuma emenda que trata da representatividade das associações.
Domingos Leonelli - Nós tentamos incluir, ainda no períododas subcomissões, uma espécie deestatuto das associações de moradores. Nossa idéia era de que aConstituição reconhecesse de maneira mais explícita e mais detalhada esse novo elemento da organização social brasileira, que sãoas associações dos moradores. Infelizmente isso não foi considerado como razoável. O que fizemos,nossa proposta iniciar foi apenasparcialmente aproveitada. Mas,de qualquer forma, hoje, atravésda nova Constituição, as associações já têm representação jurídicaassegurada. Nossa idéia era criar,inclusive, jurisdições de representações e possibilitar à associaçãode moradores de status semelhante ao que tem o sindicato.
Também de nossa autoria, nessamesma área da organização popular, está a emenda que foi finalmente aprovada - uma das emendas aprovadas que garantem a unicidade sindical, Acreditamos que asorganizações populares e os sindicatos devem-se basear na unidadedo povo, na unidade da representação, e a pluralidade serve maisaos interesses daqueles que detêmo poder, na medida em que representam uma visão liberal e fragmentária da sociedade. Em nossaproposição, defendemos a unicidade na área sindical, tanto quanto defendíamos, também, a representação única por bairro de cadaassociação. Isso não passou. Passou a unicidado na área sindical.Não passou a unicidade na áreacomunitária. Tentamos e, infelizmente, fomos derrotados. Até,nesse caso, foi uma divisão de opiniões na própria área da esquerda.Aliás, esse é um dos poucos pontos em que a esquerda não conseguiu uma visão comum nessaquestão da organização popular,tanto no que diz respeito aos sindicatos como no que diz respeito àorganização comunitária.
seja possível o patrão ir para a cadeia em função de uma ação delituosa em relação ao trabalho.
JC - Há também uma emendasua que trata do racismo.
Domiógos Leonelli - Nósacrescentamos nos fundamentosdas relações internacionais doBrasil, está aqui no art. 40
, inciso80
, onde tinha repúdio ao terrorismo, repúdio ao terrorismo e aoracismo. Inclusive porque o racismo é uma forma de terrorismo.E mais. Nós compreendíamos queo Brasil não podia continuar convivendo com o racismo, ao mesmotempo em que repudiava o terrorismo. Quer dizer, não podia haver dois pesos e duas medidas. Oterrorismo, que vem sendo umaprática delituosa de deformação(la esquerda, estava sendo condenado na Constituição, em nossasrelações internacionais. E o racismo, que é uma forma delituosa,criminosa, um crime social praticado normalmente pela direita,não estava sendo contemplado.Com isso, acreditamos que podemos exigir do governo brasileiroo. rompimento de relações com aAfrica do Sul. O Brasil não podemanter relações diplomáticas comum país que pratica aquilo que elerepudia nos fundamentos das suasrelações internacionais.
JC - Essas coisas não são umtanto quanto diferentes, o raciscmoe o terrorismo?
DomingosLeonelli- Sim. Elessão elementos, digamos assim, sãopráticas delituosas de origens diversas. Uma normalmente vem darevolta mal dirigida, da conduçãopolítica equivocada, que é o casodo terrorismo. Mas, de qualquerforma, é uma coisa inadmissível,porque o terrorismo se volta contra órgãos civis.Ele é cego. E umaprática política de facções equivocadas da esquerda, normalmente,mas, também, praticada pela direita, muitas vezes.
'"Leonelli: racismo é terrorismo de Estado contra uma raça
Outra emendade minhaautoria,
aprovada,garante aunicidadesindical: a
pluralidadeserve aosinteresses
daqueles quedetêm o poder
lar, para comprar novos equipamentos, para jogar no mercado decapitais, atrasando o salário dotrabalhador, transformando-o emcapital adicional irregularmente, omáximo que acontecia era o trabalhador fazer uma reclamação naJustiça do Trabalho e levar doisanos; e quando em dois ou trêsanos, na melhor das hipóteses, seo patrão fosse condenado, o trabalhador receberia de volta aquiloque lhe foi roubado. Agora, comessa emenda, vai ser possívelfazeruma lei - sei que vai ser difícilfazer essa lei, já estou trabalhandonela -, uma lei que protegerá osalário do roubo realizado porqualquer mau patrão, e pela primeira vez na História, talvez nahistória do capitalismo ocidental,
ADIRPlReynaldo Stavale
JC - O custo em média para asempresas seria de 0,5% em termossalariais no turno de seis horas?
Domingos Leonelli - Dependedo setor; nos setores de ponta, nasatividades de ponta. E a maioriadas empresas em turno de revezamento é de tecnologia de ponta.O item mão-de-obra tem um pesomuito pequeno, alguma coisa como 6%, e apenas uma parte, umterço ou um quarto do pessoál éque opera em turno de revezamento. Então, é realmente umacoisa insignificante em termos decusto geral, em termos de faturamento. Mas, tirando a palavra"máxima" - que foi um acordoque o deputado João Paulo e oPT promoveram com forças doempresariado, que acho muitoprejudicial, eu discordei, discordoem princípio disso, vou até argumentar contra a exclusão da palavra "máxima", mas que a essa altura é um acordo e-, já reduz muito o impacto da emenda, reduzmuito a efetividade da redução dajornada, porque fica praticamentedependendo do acordo.
Agora, uma outra coisa que estamos esquecendo neste deus-nosacuda a respeito da jornada de seishoras é que está escrito com todasas letras que esse princípio, essedispositivo, só se aplica quandonão houver acordo coletivo, porque está ressalvado o acordo coletivo.
JC - Outra emenda de sua autoria, deputado, torna crime doloso a retenção do salário
Domingos Leonelli - Essa, digamos assim, é a de que tenhomais orgulho, é a minha principalmarca na nova Constituição. Pelaprimeira vez numa Constituiçãodo mundo ocidental vai-se considerar crime a retenção de salário,vai-se considerar crime a manipulação do salário do trabalhador,Até então a propriedade era protegida pelo Código Penal e o trabalho protegido pelas leis trabalhistas apenas. A Justiça do Trabalho é aparentemente uma instância de proteção do trabalho,mas, na verdade, é uma instânciade proteção do capital, porquequando o trabalhador comete umcrime contra a propriedade, quando ele rouba uma chave de fenda,quando ele rouba uma ferramenta, se ele for flagrado, paga coma liberdade imediatamente aguelecrime, além da pena pecumária,além de perder direitos como férias remuneradas e uma série deoutras coisas, como o próprio emprego, que é um bem do trabalhador, mas o capital, a propriedade,tem a proteção do Código Penal,enquanto que no trabalho um crime contra o salário, que é umamercadoria que o trabalhadortem, é uma mercadoria já realizada - o salário é uma mercadoria, parte de um copo, uns óculos, uma caneta. Quando o patrãoretinha esse salário para especu-
"Pela primeira vez numaConstituição do mundo ocidental vai-se considerar crimea retenção de salário, vai-seconsiderar crime a manipulação do salário do trabalhador.E a minha principal marca nanova Carta. "Assim o constituinte Domingos Leonelli analisa emenda de sua autoria,aprovada no primeiro turno,informando que já está trabalhando numa "lei que protegerá o salário do roubo realizado por qualquer mau patrão. Leonelli frisa que é também o primeiro autor da emenda que.estabelece uma jornadade trabalho de seis horas nasindústrias de trabalho ininter-
rupto: "O que está em discussão é se o capitalismo nacionalé capaz de dar uma contribuição social. "Na entrevista, Domingos Leonelli comenta ainda emendas que apresentoutratando do racismo e da representatividade de associações.
Domingos LeoneUi - Essa proposição apresentei inicialmente naSubcomissão dos Direitos do Trabalhador e ela já havia sido proposta antes na legislaçãoordináriae foi inclusive aprovada na Câmara, é o Projeto de Lei n° 3.332,se bem que limitado aos petroleiros e petroquímicos. Na Constituição, procuramos ampliar essaproposição para todos os trabalhadores. O pnmeiro caso que se temque admitir é que isso representaalgum risco para as grandes empresas estatais. A Petrobrás durante 23 anos trabalhou em turnode revezamento de seis horas, e,absolutamente, não faliu, ao contrário, se fortaleceu. Dezenas decategorias profissionais, inclusivea dos jornalistas, já operam, mesmo sem revezamento, em turnosreduzidos. O setor bancário é umdos que apresentam mais alto índice de lucratividade e trabalha hádezenas de anos em turnos de seishoras, mesmo sem turno de revezamento.
Então, o que se está discutindoé se as grandes empresas brasileiras perdem ou não perdem, ouconcedem ao trabalhador menosde 1% dos lucros com coisas quesignificam menos de 1% do custototal dessas empresas. Já está maisdo que demonstrado que em nenhum caso ultrapassa a 1,3% docusto total das empresas. O queestá em discussão é se o capitalismo nacional é capaz de dar umacontribuição social.
JC - Deputado, certos setorespretendem derrubar no segundoturno de votação a jornada de seishoras de trabalho nas indústrias detrabalho ininterrupto. Como autorda primeira emenda nesse sentido,como vê a questão?
12 Jornal da Constituinte
Após a Carta, novos partidosJC - Alguns analistas afirmam
que a Carta está extensa em funçãode que havia um desordenamentojurídico no país, por isso não foipossível fazer uma Carta de princípios.
Homero Santos - Acho isso umpouco de, não vou dizer demagogia, mas é uma maneira de querermascarar um' problema que nãoexiste. Ordenamento sempre existiu nesse país. Temos leis. Temosos tribunais funcionando. Nãoconcordo.
JC - Esperava-se que haveriauma reformulação partidária ampla, uma acomodação das diversastendências após a promulgação danova Carta, mas isso já está acontecendo agora. Como acha que ficará o quadro partidário daqui parafrente?
Homero Santos - Vou dar-lheuma' opinião muito sincera. Achoque se deveria zerar tudo depoisdesta Constituição. Deveremosacabar com todos esses partidos.Não podemos continuar nessa.Tanto o meu partido, o PFL, como o PMDB estão numa luta terrível. Por quê? O problema, a meuver, são colocações doutrináriasdentro do partido. Seria até bomque, após a elaboração destaConstituição, organizássemos novos partidos.
JC -' Como vê as eleições municipais deste ano?
Homero Santos - Já estou muito preocupado com tanta coisa emrelação a iSSO. Temos eleições esteano e vamos ter também no anoque vem e em 1990. Vamos falharapenas 1991, porque já em 1992teremos eleições. Com essa criseeconômica que o nosso país estáatravessando, essas eleições preocupam-me muito. Sou a favor deeleições, acho que devemos tê-las,mas não numa instabilidade econômica como a que está atravessando o nosso país. Os clamorese as reivindicações estão me assustando, porque todo mundo estáfalando em quantias fabulosas para se ganhar uma eleição num município, hoje.
JC - Quais as perspectivas doseu partido nessas eleições?
Homero Santos - São relativamente boas, embora sabendo quetemos apenas um governador, queé o de Sergipe. Sabemos que umgovernador tem uma influênciamuito grande, pois é ele quem nomeia os diretores, é quem mandaasfaltar as estradas, de modo quepossui uma influência muito grande, Acho que o PFl, que tem comosua grande bandeira essa figuranotável de honestidade e de competência, que é o ministro Aureliano Chaves, terá, nao tenho dú
vida nenhuma, um resultadobom nessas eleições.
JC - Como será a futuraConstituição?
Homero Santos - TeremosUJJla boa Constituição. Ainda maisque ela própria está nos dandouma oportumdade de, daqui a cinco anos, realizarmos uma modificação. Existe um artigo que permite uma revisão em 1993. Achoque esse tempo é bastante amplopara que se possa sentir os efeitos(lo que foi votado e fazer as correções devidas. Essa Constituição éimportante, é boa e trará bons resultados para o país.
Campos e outros companheiros deGoias ficaram, assim como JoséFreire, lutando para a criação doEstado de Tocantins e gastaram12 anos, nós começamos nossa luta agora, eu acho que é das maisjustas. O Triângulo Mineiro temque se transformar num estado,não tenho a menor dúvida disso.
Agora, minha dúvida é no art.20: "Os estados podem incorporar-se entre si e subdividir-se oudesmembrar-se, para se anexar aoutros ou formarem novos estados, mediante aprovação das populações diretamente interessadas, através de plebiscito e doCongresso Nacional." A minhadúvida é com relação às populações diretamente interessadas.Acho que vamos precisar, ou através de uma lei complementar ouentão ingressarmos em juízo parauma melhor interpretação diSSO,porque diretamente interessadas,por ser quem ganha e quem perde, .quer dizer, no caso o Triânguloe parte interessada, mas o restodo estado de Minas também é.
JC - Cabe uma redivisão territorial maior no Brasil?
Homero Santos - Sou inteiramente favorável a uma redivisãoterritorial do país. Acho que estepaís não pode continuar com 24,agora 25 estados. Acho que o Brasil precisava ter, no mínimo, 50estados. Nós temos exemplos disso, os países da Europa são bemdivididos, nos Estados Unidos têm44 estados, todos nós deveríamosdar as mãos e lutar para essa redivisão total do país.
JC - O deputado diz que ogrande trabalho do Congresso Nacional vai ser a votação das leiscomplementares ou ordinárias.Por quê?
Homero Santos - Porque temmuita coisa que está ficando paradepois, e muita coisa está sendo
votada sem necessidade. Demodo que esta Constituição
poderia ser uma Consti. tuição realmente com
menos artigos, e nóspassaríamos a votar,através do CongressoNacional, quer dizer,
da Câmara e doSenado, essas
matérias de realinteresse da
população.
Vamos teruma boa
Constituição.Ainda mais
que elaprópria está
nos dando umaoportunidadede,daquiacinco anos,realizarmosmodificações
• ~<_"';;i~
Santos: A anistia fiscaldeveabranger só o periododo PlanoCruzado, que é o ano de 86
blica. Agora, não sei se um rapazde 16 anos está bastante maduroe consciente para decidir uma eleição.
JC - Uma emenda aprovada. que está gerando uma polêmicamuito grande é essa que anistia osjuros e multas de quem deve aofisco até 31 de dezembro de 1987.É uma medida justa?
Homero Santos - Durante oano de 1986 é justo, mas até dezembro de 1987, acho que a emenda avançou muito, porque o PlanoCruzado, que foi o que causourealmente todo o transtorno naeconomia brasileira, foi implantado durante o ano de 1986; então,não é justo que se coloque 87 também. Acho que se deve dar essaanistia, mas só para 86.
JC - Acredita que a Previdêncianão terá condições de arcarcomas futuras despesas?
Homero Santos - Tenho queme basear nas informações, porque não estou no ministério, nãosei realmente o que se passa ládentro. Mas pelo que ouvi do exministro da previdência JarbasPassarinho, e as informações dadas pelo governo, a conclusão éde que, se for implantada da maneira que foi votada, o Governonão terá condições.
JC - Deputado, ainda há umapossibilidade de se levantar a questão da formação do Estado doTriângulo, através de um plebiscitodas populações diretamente interessadas. O deputado vê uma certaambigüidade no dispositivo aprovado. Como assim? a luta continua?
Homero Santos - Continua,não tenho a menor dúvida de quemais cedo ou mais tarde acriação do estado virá,nós. temos aí oexemplo deTocantins.Siqueira
o constituinte Homero Santos (PFL - MG), primeiro-vice-presidente da Câmara dosDeputados, defende, após apromulgação da nova Carta, ofim dos atuais partidos políticos. Entre outros assuntos, elequer que sejam mantidas asconquistas sociais, prega alterações na reforma tributária("A União vai ficar numa situação muito difícil") e achajusto o direito de greve ilimitado, o voto aos 16 anos e a redivisão territorial.
JC - Deputado; o texto aprovado em primeiro turno consagrauma série de conquistas sociais.Que análise faz dessas conquistas?Acredita que serão mantidas na votação em segundo turno?
Homero Santos - Eu entendoque as conquistas sociais terão queser mantidas, pois nós não podemos retroagir aquilo que foi votado pela Assembléia NacionalConstituinte com os melhores propósitos. Vivemos hoje inegavelmente uma fase muito importante.Muita gente acha que a Constituinte está demorando na elaboração da nova Constituição, maseu já entendo ao contrário: achoque para que possamos ter realmente um bom texto nós poderemos levar essa discussão por maisalgum tempo e acho que nada daquilo que foi votado deverá sermodificado.
JC - A reforma tributária deveser mantida nos termos em que foiaprovada?
Homero Santos - Entendo quealgumas alterações deveriam serfeitas. Acho que a União vai ficarnuma situação muito difícil, poisnão poderá manter no todo todosesses programas do governo federal para os estados e municípios.Ela terá que repassar isso para osmunicípios e os estados, porquepela reforma tributária acho queaté o pagamento do funcionalismovai ter problemas.
JC - Os encargos não serão aomesmo tempo repassados?
Homero Santos - Não, falamnisso, mas até agora não tem nadadefinido claramente...
JC - No prazo de cinco anos.
Homero Santos - Mesmo assim, veja que cinco anos é muitacoisa, cinco anos é um mandatodo presidente da República.
JC - Deputado, outro item quese pretende limitar é o direito degreve. O deputado concorda?
Homero Santos - Não. Não hánecessidade de limitar, um governo bem preparado, bem estruturado é capaz de, através de umaação efetiva positiva, realmenteatender aos reclamos, as reivindicações, principalmente destes quetrabalham nessas áreas, e acreditoque todos aqueles que forem atendidos nas suas reivmdicações nãonecessitarão de maneira algumade fazer greve. Acho que haverácompreensão.
JC - E o voto aos 16 anos?
Homero Santos - Não sou contra, sou um homem que respeitamuito esse ímpeto da mocidade,também fui jovem e também sentivontade de participar da vida pú-
Jornal da Constítuinte_ 13
Povo deveopinar sobre
tema polêmico
Lavoisier Maia - Votei pelo regime presidencialista e votei conscientemente, apesar de reconhecer que o regime parlamentaristaé um regime muito democráticoe que existem paísespnde está funcionando, está dando certo. Masem que países? Países ricos, compartidos estáveis, com a burocracia também estável, com todas ascondições para o funcionamentodo parlamentarismo. No Brasilexistem estas condições? Lamentavelmente não existem. Lutareipara que estas condições possamexistir. Partidos fortes, consolidados, dois, três, quatro, cinco partidos fortes, como nos Estados Unidos da América do Norte, que temmais de um - dois principais efortes: o Partido Republicano e olpartido Democrático.
JC - Os parlamentaristas dizem que esses requisitos viriamcom a implantação daquele sistemade governo.
Lavoisier Maia - Já tivemosuma experiência amarga. O parlamentansmo no Brasil fracassou,quando instituído em um momento de crise. Estamos na maior criseque esta República já viveu emtoda a sua história. Falta de autoridade, falta de competência política, o poder não imprime respeitoe credibilidade. Temos uma inflação de 25%, juros de mais de 30%ao mês. Poderei até votar, no futuro, no regime parlamentarista,mas não agora, nesta crise maiorque estamos vivendo.
JC - Como ex-governador, considera justa a reforma tributáriaaprovada? Ela permanecerá no segundo turno?
Lavoisier Maia - Justa não,justíssima. Acho que a reformatributaria que votamos e que vaiser aprovada é condição sine quanon para que o sistema democrático e a vida administrativa do paísfuncionem. E a chamada descentralização. Falo isto com autoridade, porque fui governador deum estado pequeno. Quantas viagens fiz do meu estado a Brasília,quase semanalmente, atrás de recursos, porque não os tínhamos,nem o estado e nem os municípios.Então, o governador e os prefeitos, com pires na mão, viviam implorando ao governo central recursos para governar o seu estado,o seu município.
Com relação à luta do Presidente Sarney contra a reforma tributária, eu acho que não vai ter êxito, graças a Deus, porque o PoderLegislativo está consciente do quevotou: distribuir mais recursos,21,5% para os estados e 22,5%para os municípios.
Uma outra emenda minha - eagora você me deu oportunidadede falar sobre ela -, que teve afinalidade de minorar a desigualdade regional existente no Brasil- regiões mais ricas, mais desenvolvidas, como as do Centro-Sul,regiões subdesenvolvidas, pobres,como o Norte, Nordeste e CentroOeste - propunha que 5% dosrecursos do Imposto de Renda edo IPI, Imposto sobre ProdutosIndustrializados, fossem para asregiões mais pobres. Houve umadiscussão muito grande, váriosconstituintes se posicionaram contra, entramos em uma negociaçãoe graças a Deus foram aprovados3% para as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para tentarmos diminuir essas desigualdadesque são flagrantes e altamenteprejudiciais ao sistema federativo.
.muito à vontade para defender essa emenda que, lamentavelmente,não foi aprovada. Mas quem votou contra, hoje, lamentavelmente no segundo turno, não pode voltar a apresentá-la, porque se tratade emenda supressiva.
JC- Foi concedida aposentadoria aos professores de primeiro esegundo graus, para as mulheresaos 25 anos e para os homens aos30 anos de trabalho. O Senadorquer estender a medida aos professores de terceiro grau, ou seja, aosprofessores universitários. Porquê?
Lavoisier Maia - Eu sou professor. Não estou defendendo emcausa própria. Sou professor universitário. Eu acho que o trabalhodo professor de primeiro grau émuito importante. Aquele que ensina nos municípios mais longínquos do território nacionaL Paraos do segundo grau, também. Exige muito esforço, muita dedicação. Na verdade, este trabalho,que é diário, é muito desgastante,tanto para a mulher, como parao homem. O trabalho é igual paraos 1°,2° e 3°graus. O desgaste quesofre o professor ou a professorado 1° ou 2° grau também é igualao do 3° grau. Por que discriminá-lo? Por que discriminar o professor do 39 grau, que tem tambémo esforço de preparar as aulas, detransmitir conhecimentos, de serhonesto? Isto requer esforço muito grande e um desgaste, conseqüentemente, enorme. Por isso,defendo o direito igualitário, quesempre defendi na minha vida:acho que o professor de 3° graunão pode, não poderá ser discriminado na nova Constituição brasileira.
JC- Na questão do sistema deI governo, o senador votou pelo preJ sidencialismo.
Propus que 5%dos recursos
do Imposto deRenda e doIPI fossem
para asregiões mais
pobres. Aflnalídade
era minorar adesigualdade
regionalconcedido pelo povo. Então, defendi isso. Não e que se vá estender a imunidade do vereador a todo o estado, não. O sentido é najurisdição, no município, por ondeele foi eleito. Eu acho que tambémé importante com relação ao chamado direito igualitário de mandatos eletivos: o municipal, o estadual e o federal. Muita gente quevotou contra hoje está arrependido.
Entendo que a base '<ta democracia está nos municípios. Eu soumunicipalista. E defendi isso como governador do estado. Prestigiei muito os prefeitos e os vereadores, Hoje, estou me sentindo
Maia: não temosnem partidosnem burocracia estáveis, básicos parao-ij;;zrÍamentarismo
vor do plebiscito. Então, são consultas que antecedem a Constituição. E outras que sucedem áConstituição. Por exemplo: elaborada a nova Carta do país, o povovai referendá-la. O povo vai aprovar ou não a nova Constituiçãobrasileira. Então, são dois instrumentos de amplo significado democrático que dão uma amplitudemaior à democracia no Brasil. Osenador Nelson Carneiro, que eurespeito muito, me parabenizoupela emenda e disse: "Senador Lavoisier, essa foi a emenda mais importante aprovada nesta novaCarta Magna do país". Eu completei: "Não, V. Ex' está sendomuito generoso. Se não foi amaior, pelo menos foi importante". Então, eu me orgulho de terdado essa contribuição de alto sentido democrático para a nova Carta brasileira.
JC- Gostaria que o senador desse sua opinião sobre pena de mortee redivisão territorial.
Lavoisier Maia - Primeiro assunto: sobre pena de morte. Eusou terminantemente co~tra a p~
na de morte. Guerra interna,guerra externa. Eu acho que a pena de morte não resolve o problema. Nos países onde ela está legalmente instituída, não resolve oproblema. Então, sou totalmentecontra a pena de morte. Eu soua favor da redivisão territorial, euacho que cabe. Acho que o plebiscito ai pode - aí é que eu uso,e votarei contra a pena de morte,em qualquer situação, e a favorda redivisão territorial.
Por exemplo: eu acho de umaimportância muito grande o Estado do Tocantins. Como passaramrecentemente os dois estados doMato Grosso: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Acho que emum estado de dimensão continental como o Amazonas, o Pará, como Goiás - Mato Grosso já foidividido em dois -, acho que pode-se perfeitamente criar estadosnovos. Já com relação à divisãode Minas Gerais, eu voteia favor,mas não foi aprovado. E muitodiscutida essa emenda. Acho queo plebiscito deve ser feito em todoo território mineiro, para saber sea população é a favor ou não dacriaçãode um novo estado em território brasileiro.
JC- O senador tem uma emendaque estende ao vereador, no âmbito do seu município, a imunidadeparlamentar.
Lavoisier Maia - Defendi essaemenda, porque acho que, nósque fazemos a vida pública, devemos ser protegidos, como são osenador, o deputado federal, o deputado estadual, contra muitas inJustiças. O vereador de um pequeno município, lá dos confins deum estado longe, do Amazonas,do Pará, ou do Rio Grande doNorte, que é meu estado, às vezes,é violentado pela autoridade policial ou até judicial. Não tem instrumento algum que o proteja, para valorizar seu mandato, que foi
Para o constituinte LavoisierMaia (PDS - RN), emendade sua autoria, aprovada, e queinclui o instituto do referendumno novo texto constitucional,é da maior importância paraesta fase da democracia brasileira. Ele quer que a sociedadese manifeste sobre assuntos polêmicos como, por exemplo, apena de morte, o aborto e aredivisão territorial. Maia lamenta a não aprovação de umaoutra sua emenda que dava aovereador imunidade parlamentar, no âmbito de seu município: "Ela é importante também com relação ao chamadodireito igualitário de mandatoseletivos - o municipal, o estadual e o federal. Muita genteque votou contra hoje está arrependida". Outro tema queele considera discriminador éa não concessão ao professoruniversitário da aposentadoriaespecial aprovada aos professores de 19 e 2° graus. Comoex-governador de estado, Maiadefende a reforma tributáriacomo condição primeira paraque o "sistema democrático ea vida administrativa do paísfuncionem. E a descentralização"
JC- Senador, emenda de sua autoria inclui no novo texto constitucional o instituto do referendum.Como funcionaria?
Lavoisier Maia - Tem a maiorimportãncia, para esta nova faseda democracia brasileira, a partirda eláboração da Carta Magna, esse instituto do plebiscito, aprovado no primeiro turno da Assembléia Nacional Constituinte. Háum tema polêmico: pena de morte, que foi levantado e derrotado,e votei duas vezes contra a penade morte. Mas o plebiscito foi umatese levantada pelo constituinteque defendia a pena de morte. Votei a favor do plebiscito para a opinião pública se manifestar. Na verdade, foi derrotado, mas dá umaamplitude maior de ouvir o povo.
Outro exemplo: aborto. Abortoé altamente discutível e controvertido. O problema do aborto é sese aprova ou não aprova o aborto,mas voto a favor do plebiscito. Vamos submeter à opmião do povobrasileiro se aceita ou não a legalização do aborto. A opinião, amaioria do povo brasileiro vai opinar democraticamente. Eu, na hora do plebiscito votarei contra oaborto, porque tenho convicçõespr6prias de ser contra o aborto;contra todo e qualquer tipo deaborto, a não ser aquele previstoem lei. Há outros tipos também,outros problemas polêmicos quepodem ser levantados.
JC- A redivisão territorial, porexemplo.
Lavoisier Maia - A redivisãoterritorial, por exemplo. Sou a fa-
14 Jornal da Constituinte
Líderes defendem a AssembléiaOs líderes do PMDB,
PSDB, PCB, PT, PSB e PMNsaíram em defesa da Assembléia Nacional Constituinte emdocumento entregue ao presidente Ulysses Guimarães, noqual manifestam estranhezacom as críticas do ministro Oscar Corrêa a dispositivos doprojeto da futura Carta e pedem à presidência "um posicionamento, sempre vigorosoe claro, jamais omisso, na defesa da Constituinte".
Numa semana agitada pordenúncias e suspeitas de queestá em curso uma manobraconduzida por forças antidemocráticas destinada a inviabilizar a conclusão dos trabalhosde elaboração da nova Constituição, a liderança do Partidoda Social Democracia Brasileira - PSDB alertou, tambémem nota endereçada ao deputado Ulysses Guimarães, paraa necessidade de promulgaçãodo novo texto a tempo de produzir efeitos nas eleições denovembro, acentuando:"Qualquer procedimento oumanobra em contrário significauma ameaça à normalidade datransição".
As colocações do presidentedo Tribunal Superior Eleitorale membro do Supremo Tribunal Federal, Oscar Corrêa,neste contexto, foram repudiadas pelos líderes do PMDB,Nelson Jobim; do PSDB, Artur da Távola; do PT, PlínioArruda Sampaio; do PCB, Roberto Freire; do PSB, AdemirAndrade, e ainda do PartidoMunicipalista Nacional PMN, Paulo Ramos, e motivaram vários pronunciamentosno plerrãrio da Assembléia.
americano perguntou ao deputado Ulysses Guimarães sobre diversos aspectos do funcionamento daAssembléia e as matérias em votação. As relaçõescomerciais entre o Brasil e Estados Unidos foramigualmente objeto das conversações de que tambémparticiparam os embaixadores Marcího MarquesMoreira e Harry Schlaudemann.
A preocupaçãocom a ausência dosconstituintes e com assuspeitas de manobras daparte do Poder Executivocontra a Assembléia não serestringiu aos líderes,aos partidos e constituintes.Os trabalhadores,mobilizados para assegurarno segundo turno osavanços sociais contidos notexto do projeto da Carta,também se manifestaram.
Trabalhadores:votação já
Shultz visita o Legislativoo secretário de Estado norte-americano, George
Shultz, visitou a Assembléia Nacional Constituinte,durante sua recente passagem pelo Brasil, sendorecebido pelo presidente Ulysses GUImarães e porparlamentares de todos os partidos.
Durante os 40 minutos que durou sua reuniãocom os constituintes brasileiros, o secretário norte-
ADIRP/Caslro Júmor
ESTATAIS.
Q;~~IlElROS. PARCaAKO..:JOOITAAlADANAÇAO, ES'TMHIJIGNAOOS CCM A ATITlIlE Gl1PI5TAI;(E VEM
SEJfXIT()W)A PlJl: CERTOS QU'OS I:E aJCSt1lUIHTES sce INSP1RA.ÇAO 00 QMJIIJ Fm!RAL..
bzCJ.JT11OLJlm, aJCS1'IllJDffESSSUOSE ~-.as IWI VEM tEDINXI ESfmços. PMA LEVAR A ElJ.l TEFMJ o ffiO
.ElO FII'W.. DA~ W5ILEIM [E 1ge15
bIcDes.a:M) ELEl~A REftI'o'MA DEDIATA oosTRJeH..I:m W\~tlIlQtHIl.~. SE IiiCESSA.
RIO"A'TAAvEs DA ccwcr..AÇltG-t:QS SlFl.ENTES EHSLeSTITlJIÇlID .10S
PNl..NENTN'IES-RIEVMIODR:S.
constituintes candidatos, a causa falta de quorum.
Qualquer procedimento oumanobra em contrário significauma ameaça à normalidade datransição democrática, cujaresponsabilidade histórica recairá sobre os que nesse sentido se organizam.
O PSDB entende que emquatro semanas os trabalhosconstituintes poderão ser concluídos, adotada pela Mesa daAssembléia Nacional Constituinte esta decisão de convocação, inclusive aos sábados edomingos. O PSDB, antecipadamente, assume o compromisso de presença permanente.
Por tudo isso, reivindicamosdo Presidente da AssembléiaNacional Constituinte providências, as mais enérgicas, regimentalmente previstas, coma responsabilização plena dequem esteja, por ação ou omissão, compactuando com esseplano de verdadeira traição nacional.
tentaram diminuir o espaço desua soberania, não deve silenciar diante de declarações impertinentes que visam criar naopinião pública perplexidadeprejudicial à consolidação danossa VIda democrática.
Encaminhando esse manifesto a V. Ex', ficamos noaguardo de seu posicionamento, sempre vigoroso e claro, ejamais omisso na defesa daConstituinte.
Nelson Jobim (PMDB - 'RS)
Artur da Távola (PSDB RJ)
Roberto Freire (PCB - PE)Plínio Arruda Sampaio (PT
-SP)Ademir Andrade (PSB
PA)Paulo Ramos (PMN - RJ)
A Bancada do PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira - considera ser um indeclinável dever levar ao conhecimento do presidente daAssembléia Nacional Constituinte a mensagem que nestemomento reputa indispensáveltrazer de público à consciêncianacional.
A sistemátIca ausência deconstituintes notoriamente nãocomprometidos com a plenarestauração do poder democrático está conduzindo a um processo de descrédito da instituição perante a opinião pública,agravado pela nítida ação doPoder Executivo, protelatóriaao término dos trabalhos daelaboração constitucional.
O PSDB considera absolutamente indispensável a votaçãoe promulgação do texto daConstituição a tempo de produzir efeitos na própria eleiçãode 15 de novembro próximo.E nem se alegue a realizaçãodesta, pela participação de
Os constituintes presentes àMesa de negociações das lideranças manifestam sua estranheza diante das declaraçõesdo sr. ministro Oscar Corrêa,a respeito do conteúdo do textoconstitucional.
Contrariando louvável discrição que o Supremo TribunalFederal manteve até hoje, o sr.ministro investe contra a Constituinte, exatamente na horaem que pesam sérias suspeitasde que setores antidemocráticos estejam procurando umconfronto para esvaziar o processo de reconstitucionalizaçãodo país.
A Constituinte, que tem repudiado, com veemência, essetipo de investida, todas as vezesem que ministros de Estado,autoridades militares e inclusive o presidente da República
PSDB denuncia manobras
Partidos reafirmam soberania
ADIRP/Wl1ham-Prescott
Lideranças do PSDB entregam ao presidente Ulysses Guimarães documento em defesa da Constituinte e repudiando manobras para atrasar votação.
Jornal da Constituinte 15
.Democraciadeve começarpelo ensino
Convocados pela Confederaçãode Professores do Brasil,rep'resentantes do ensinopublico de todo o Paísreuniram-se num dos auditóriosdo Congresso Nacional paradebater o futuro da escolapública. Um dos temores entãomanifestado foi o de que,tendo de repassar, após apromulgação da Carta, maioresrecursos financeiros aosmunicípios, a União e osestados queiram, emcompensação, reduzir suasresponsabilidades quantoao ensino público quepassana por um processode municipalização. Achamos mestres que se isso viera <?correr, a escola públicaVai perder recursos materiaise humanos, além de sofrera ingerência do clientelismopolítico e dos setorespnvados. Contra a ameaçaos professores divulgaram ummanifesto no qual condenamtais manobras, bemassim as investidas de setoresque tentam desmoralizar aescola e os demais serviçospúblicos. No manifesto osprofessores defendem umaescola pública universal,gratuita, democrática, laica,que ofereça um ensino bom eigual para todos, naperspectiva da construçãode uma sociedade democráticae igualitária. Para tanto,a Confederação dosProfessores conclama pais,alunos e setores popularesa um movimento permanente emdefesa da escola pública,que "insere-sena luta pela democracia".O ensino público, tema
Fotos- ADIRP Revoaldo Stavale
apaixonante da ANC, deveráser def!n~do em.segundo turnonos proxlmos dias. No artigo248 Já está garantido, em1°turno, que os recursospúblicos serão destinados àsescolas públicas, ressalvandoas escolas comunitáriasconfessionais e filantrópicas.Para os professores, o artigodeve encerrar-se na "escolapública", sem exceções.Afinal, há muito tempo aescola deixou de ser"risonha e franca". O queos professores queremé que, doravante, ela sejaséria e franqueada.Para que isso aconteça,eles entendem que o governodeve priorizar o ensinopúblico. Não há nenhumcaminho para o futurosem que passe pelaeducação. E esta tem deser atendida pelo poderpúblico na maior escalapossível. Foi assim nospaíses que mais sedesenvolveram. Não serádiferente aqui.
16 Jornal da Constituinte