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Informativo CNM | Maio de 2010 1 A Constituição Federal estabe- lece que todos têm direito ao Meio Am- biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as pre- sentes e futuras gerações. Também defi- ne como competência comum dos entes federados, União, Estados, Distrito Fe- deral e Municípios, a proteção do Meio Ambiente, evitando a poluição em qual- quer de suas formas, a preservação da floresta, da fauna e da flora. A Confederação Nacional de Mu- nicípios vem atuando na área do Meio Ambiente para apoiar os Municípios no desenvolvimento das políticas públicas ambientais, por meio da busca do reco- nhecimento de sua efetiva autonomia para o cumprimento das responsabilida- des previstas em lei. Embora ainda não tenha sido aprovada a norma que regulamenta a co- operação entre os entes federados para o cumprimento das competências comuns MUNICIPALIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: A GRANDE OPORTUNIDADE DE DESENVOLVIMENTO PARA OS MUNICÍPIOS 1 Meio Ambiente 1 Municipalização do Meio Ambiente: a grande oportunidade de desenvolvimento 2 Regulamentação do Art. 23 6 Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS 8 Conheça a diferença entre lixão, aterro controlado/incompleto e aterro sanitário 9 Código Ambiental Brasileiro 11 Acompanhamento de projetos no Congresso Nacional Maio/2010

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Page 1: MUNICIPALIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: A GRANDE … · nicipal de Meio Ambiente atuante ainda é muito pequeno. Ressalta-se que o gestor municipal pode ser responsabilizado, civil, penal

Informativo CNM | Maio de 20101

A Constituição Federal estabe-lece que todos têm direito ao Meio Am-biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as pre-sentes e futuras gerações. Também defi-ne como competência comum dos entes federados, União, Estados, Distrito Fe-deral e Municípios, a proteção do Meio Ambiente, evitando a poluição em qual-quer de suas formas, a preservação da

floresta, da fauna e da flora.A Confederação Nacional de Mu-

nicípios vem atuando na área do Meio Ambiente para apoiar os Municípios no desenvolvimento das políticas públicas ambientais, por meio da busca do reco-nhecimento de sua efetiva autonomia para o cumprimento das responsabilida-des previstas em lei.

Embora ainda não tenha sido aprovada a norma que regulamenta a co-operação entre os entes federados para o cumprimento das competências comuns

MUNICIPALIZAÇÃO DOMEIO AMBIENTE: A GRANDE OPORTUNIDADE DE DESENVOLVIMENTO PARA OS MUNICÍPIOS

1

Meio Ambiente

1 Municipalização do Meio Ambiente:a grande oportunidade de desenvolvimento

2 Regulamentação do Art. 23

6 Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS

8 Conheça a diferença entre lixão, aterrocontrolado/incompleto e aterro sanitário

9 Código Ambiental Brasileiro

11 Acompanhamento de projetosno Congresso NacionalMaio/2010

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previstas no artigo 23 da Constituição Fe-deral – uma das reivindicações da CNM –, é importante destacar que continua sen-do dever e também direito do Município exercer a gestão ambiental por meio da municipalização.

Assumindo a gestão ambiental, além da oportunidade de desenvolvimen-to e valorização da cidade, o Município poderá gerar novos recursos, por meio da cobrança de taxas de licenciamen-to e aplicação de mecanismos de com-pensação ambiental, atrair investimen-tos, reduzir o tempo para implantação de projetos dos empreendedores locais,

aumentar a participação da sociedade, tornando-a parceira nas ações, dentre outros benefícios.

Em recente pesquisa realizada pela CNM, observou-se que o número de Municípios que possuem um Sistema Mu-nicipal de Meio Ambiente atuante ainda é muito pequeno. Ressalta-se que o gestor municipal pode ser responsabilizado, civil, penal e administrativamente, devendo es-tar atento para o que prescreve a Lei de Política Nacional de Meio Ambiente, a Lei de Crimes Ambientais, as determinações do Ministério Público e os apontamentos dos Tribunais de Contas.

REGULAMENTAÇÃO DO ART. 23 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DEFINE A COMPETÊNCIA COMUM DE MUNICÍPIOS, ESTADOS E UNIÃO

Uma das principais lutas da CNM na área ambiental é pela regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal, ou seja, a possibilidade de os Municípios possuírem autonomia nas questões que objetivam a preservação local do Meio Ambiente, exer-cerem a gestão ambiental e permitirem a emissão do licenciamento ambiental. Nes-te último caso, reduzindo o tempo de ava-liação antes feita pelo Estado.

Depois de aprovado na forma do substitutivo, o PLP nº 12, de 2003, foi encaminhado ao Senado Federal, onde tramita na forma do PLC nº 1, de 2010

– Complementar, cujas principais deter-minações são:

• estabelecer conceitos de licencia-mento ambiental, bem como propor-cionar atuação supletiva e subsidiá-ria dos entes federados no exercício da competência comum na esfera ambiental administrativa;

• no âmbito dessa competência co-mum, incluir entre os objetivos des-ses entes o de harmonizar as políti-cas e as ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação,

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respeitadas as particularidades re-gionais e locais;

• contemplar diversos instrumentos de cooperação entre os referidos en-tes federados, tais como: consórcios públicos, convênios e acordos de cooperação técnica; Comissão Tri-partite Nacional, Comissões Tripar-tites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito Federal; fundos públicos e outros instrumentos financeiros; fundos públicos e privados; delega-ção de atribuições; possibilidade de delegação de ações administrativas de um ente federativo a outro, des-de que o ente destinatário da dele-gação disponha de órgão ambiental capacitado a exercer as ações ad-ministrativas a serem delegadas e de conselho de Meio Ambiente;

• incluir, entre outras, as seguintes ações administrativas da União: elaborar o Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE de âmbito nacio-nal e regional; definir espaços terri-toriais e seus componentes a serem especialmente protegidos; controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas e substâncias perigosas; promover o licenciamen-to ambiental de empreendimentos e atividades que afetam o território de dois ou mais Estados ou desenvol-vidos conjuntamente com outro país que sejam localizados ou desenvol-vidos no mar territorial, em terras in-dígenas e em unidade de conserva-ção de domínio da União, excetua-das as Áreas de Proteção Ambiental – APAs e, ainda, empreendimentos

e atividades militares e relativos à material radioativo; autorizar o ma-nejo e a supressão de vegetação em florestas públicas federais; ela-borar a relação de espécies da fau-na e da flora ameaçadas de extin-ção; gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional associado; e exercer o controle am-biental sobre o transporte marítimo, interestadual, fluvial ou terrestre de produtos perigosos;

• incluir entre as ações administra-tivas dos Estados a elaboração do ZEE de âmbito estadual; promover o licenciamento ambiental de ativida-des ou empreendimentos utilizado-res de recursos ambientais e capa-zes de causar degradação ambien-tal, ressalvadas as competências da União e dos Municípios; aprovar o manejo e a supressão de vegetação em propriedades rurais, ressalvadas as competências da União; aprovar o funcionamento de criadouros de fauna silvestre; exercer o controle ambiental da pesca em âmbito esta-dual; e exercer o controle ambiental do transporte fluvial e terrestre de produtos perigosos;

• delegar aos Municípios, entre ou-tras, as ações administrativas de elaborar o Plano Diretor, observados os zoneamentos ambientais; pro-mover o licenciamento ambiental de atividades e empreendimentos que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, ressalva-das as atribuições dos demais entes federativos; e aprovar a supressão e

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o manejo de vegetação em empre-endimentos licenciados ou autoriza-dos, ambientalmente, pelo Municí-pio, observadas as atribuições dos demais entes federativos;

• prever que a lei pode estabelecer regras próprias para atribuições re-lativas à autorização de manejo e supressão de vegetação, conside-rada a sua caracterização como ve-getação primária ou secundária em diferentes estágios de regeneração e que não será aplicado às APAs o critério do ente federativo instituidor da unidade de conservação para fins de autorização para supressão e manejo de vegetação;

• determinar que empreendimentos e atividades serão licenciados ou au-torizados ambientalmente por um único ente federativo, facultadas manifestações dos demais entes; deliberar sobre a retirada de vege-tação decorrente de licenciamento ambiental, a qual será autorizada pelo ente federativo licenciador; de-finir os valores relativos às taxas de licenciamento ambiental e serviços afins que devem guardar relação de proporcionalidade com o custo e a complexidade do serviço prestado pelo ente federativo; e

• prever que, inexistindo órgão am-biental capacitado ou conselho de Meio Ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União deverá desempenhar as ações adminis-trativas estaduais ou distritais até a sua criação.Vale ressaltar que a proposição

atende ao disposto no art. 24 da Consti-tuição Federal, segundo o qual a União, os Estados e o Distrito Federal têm com-petência para legislar concorrentemente sobre “florestas, caça, pesca, fauna, con-servação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição”, limitan-do-se a competência da União ao estabe-lecimento de normas gerais, mediante lei federal.

Esta proposição ainda contribui para tornar efetivo o exercício da competência comum da União, dos Estados, do Distri-to Federal e dos Municípios, com vistas a “proteger o Meio Ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas” e “preservar as florestas, a fauna e a flo-ra”, conforme no art. 23 da Constituição Federal.

Observando, também, que o PLC nº 1, de 2010 – Complementar represen-ta importante iniciativa no sentido de as-segurar a efetividade do direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, conforme a determinação contida no art. 225 da Constituição Federal, ao propiciar o fortalecimento do controle e da fiscali-zação do Poder Público sobre o Meio Ambiente, mediante definição mais clara das atribuições de cada um dos entes da Federação.

É importante enfatizar que a propo-sição atende aos princípios constitucionais de proteção, uso e conservação dos recur-sos naturais, disciplinando os princípios e diretrizes básicas para a atuação harmo-niosa dos entes federativos no que se refe-re à sua ação, principalmente na questão do licenciamento e fiscalização ambiental,

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e que a sua implementação, inclusive com os ajustes posteriores da legislação infra-constitucional aos seus preceitos, trará a tão almejada segurança jurídica à popula-ção, aos empreendedores e ao desenvol-vimento sustentável do país.

O crescimento de um país forte se dá com fortalecimento dos Municípios, e a gestão ambiental municipal é uma das chaves para este sucesso.

A participação da CNM

A CNM vem acompanhando a trami-tação deste importante projeto de lei que está ligado diretamente ao desenvolvi-mento e crescimento dos Municípios.

O relatório do Código Ambiental foi debatido com diversos técnicos e com toda a sociedade em mais de 60 audiên-cias públicas por todo o Brasil e em Bra-sília com os setores interessados. Dos 11 projetos apensados que estão sob análise da Comissão, foram retirados os principais pontos que deverão ser abor-dados em um substitutivo que será apre-sentado em breve pelo relator deputado Aldo Rebelo.

É importante lembrar que, desde o início, as discussões principais são sobre as providências com relação às áreas de uso consolidado, as APPs, sua recupera-ção ou manutenção de usos; a descentra-lização da legislação e em que nível seria segura a outorga aos Estados da com-petência para legislar sobre suas ques-tões ambientais, de qual forma agilizar os licenciamentos ambientais que muitas vezes inviabilizam a implantação de em-preendimentos, a pertinência ou não da

manutenção do conceito de reserva legal e sua aplicabilidade, se deve permanecer o conceito, então qual será a unidade de planejamento a ser adotada? A proprieda-de? A bacia? O Estado? Ou o bioma?

Diante de tantos temas dentro da temática ambiental, a principal questão a ser considerada é a atual insegurança jurídica em que se encontra o setor produ-tivo. Por outro lado é preciso se preocupar com uma fase de transição entre a legis-lação vigente e as novas regras a serem implantadas, objetivando evitar desma-tamentos e assegurar a continuidade do desenvolvimento.

Os pontos principais que serão en-frentados e que afetam os Municípios são:

• que sejam legalizadas as áreas de uso consolidado, sendo que as áre-as consideradas essenciais para o Meio Ambiente tenham incentivo, prazo e critérios para recuperação;

• que haja o respeito ao federalismo e que a lei federal apenas estabeleça as diretrizes gerais, deixando para os Estados a prerrogativa de legislar suas peculiaridades, envolvendo os Municípios por meio dos conselhos estaduais de Meio Ambiente, com bases técnicas de acordo com suas potencialidades e fragilidades;

• que as áreas de APP de relevo (en-costas e topos de morro) sejam ti-das como áreas frágeis e que, de acordo com os tipos de fragilida-des, sejam indicadas as medidas de proteção, que podem ser apenas de orientação para o uso de boas práti-cas de produção;

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• que seja definida a finalidade eco-lógica da reserva legal e, caso haja porcentagem mínima estabelecida, que seja por Estado e que sejam in-cluídas as unidades de conservação e APPs no seu cômputo;

• que seja beneficiado aquele que conserva por meio da remuneração por serviços ambientais, como uma forma de compensação pela perda de produtividade e de sustentabili-dade econômica;

• que haja mais agilidade nos licen-ciamentos ambientais, sendo esta-belecidos critérios e prazos; e

• que haja estabelecimento de prazo para a regularização fundiária das unidades de conservação, já que os

decretos que as criam apenas in-ventam o problema para as proprie-dades produtivas incluídas.

Vejamos bem! O questionamen-to, a análise, o debate sobre a legislação ambiental por todos os segmentos da sociedade e principalmente por todos os Municípios nos levam a entender que não precisamos modificar todas as inadequa-ções identificadas, mas precisamos ter este movimento como o impulso da mo-dernização do pensamento ambiental.

A participação dos Municípios é de fundamental importância no debate e nos questionamentos da área ambiental. É possível colocar o Brasil na vanguarda da produção sustentável.

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PNRS

Lixo e resíduos tendem a signifi-car a mesma coisa, ou seja, é o “resto”, a “sobra” não reaproveitada pelo próprio sistema, oriunda de uma desarmonia ecológica.

Neste sentido, é um dos maio-res problemas socioambientais do Brasil e tem sido um problema para qualquer administração pública lidar com a gestão destes materiais, o lixo.

A falta de uma lei federal que tra-te da gestão ambientalmente segura dos resíduos sólidos, semissólidos, líquidos e gasosos tem trazido “insegurança jurí-

dica” nos atos da administração pública.Assim, a Política Nacional de Re-

síduos Sólidos – PNRS busca estabe-lecer uma ordem para este problema, busca criar uma gestão integrada para os resíduos sólidos, envolvendo todos os atores, ou seja, Municípios, Estados, governo federal, empresas, fabricantes, distribuidores, catadores e outros; enfim, estabelece a responsabilidade comparti-lhada pelo ciclo de vida dos produtos.

Ao alertar os Municípios brasilei-ros acerca dos maiores custos e desafios desta nova política, a CNM observa que

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a PNRS imporá uma evolução de pata-mar na gestão dos resíduos urbanos e outros, com fortes desdobramentos eco-nômicos para os Municípios. São eles:

• restrições à destinação em aterros sanitários: será admitida apenas para “rejeitos” não aproveitáveis * (quem fará esta fiscalização e di-ferenciação? Mais custos para os Municípios?)

• para obter “recursos da União”, os Municípios serão obrigados a elabo-rar e desenvolver o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS, quando o corre-to seria o governo federal custear e dar apoio financeiro para os Municí-pios elaborarem seus planos;

• os Municípios, no âmbito dos “ór-gãos da administração pública”, deverão fazer uso racional dos re-cursos ambientais, combater todas as formas de desperdício e minimi-zar a geração de resíduos sólidos, ou seja, os Municípios serão obri-gados a desenvolverem e implan-tarem uma gestão socioambiental sustentável das atividades adminis-trativas e operacionais dos órgãos municipais e a mudar em curto es-paço de tempo toda forma atual, o que é bastante complicado, princi-palmente para Municípios do Norte e Nordeste;

• implantação de sistema de com-postagem e articular a utilização do composto (obrigatório);

• necessidade de implantação acele-rada de sistemas de coleta seletiva

e triagem, como forma essencial ao cumprimento das restrições;

• dependência de acordos voluntá-rios do setor produtivo para desen-volvimento de sistemas de logística reversa que recolham ou recebam os recicláveis;

• prazos diferentes para as empre-sas implantarem a “logística rever-sa”, sendo o prazo para os Municí-pios determinado – apenas 4 anos para implantar a PNRS;

• necessidade de estabelecer me-canismos para criação de merca-do para os resíduos aproveitáveis/recicláveis (exigência dos planos municipais);

• embora esta PNRS seja desejá-vel, ela não prevê amparo legal para as etapas intermediárias, as-sim, essa evolução será feita sob “insegurança jurídica”;

• implementar instrumentos locais de controle e gestão, na ausência de sistema estadual ou nacional, ou seja, sistemas de informação; e

• recuperar os lixões, passivos ambientais.

O ideal ou o mais ambientalmente correto e sustentável é ampliar o pra-zo de implantação desta lei/PNRS. Al-terar de 4 anos para 12 anos o prazo para que os Municípios se adaptem às novas condições e possuam fontes de recursos, financiamentos e incentivos para que os prefeitos executem uma gestão de qualidade e implantem a Po-lítica Nacional de Resíduos Sólidos em seu Município.

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O LIXÃO é um meio de disposição, mas não pode ser considerado como for-ma de disposição final adequada, pois dis-por significa colocar de forma ordenada. Esta forma de disposição pode provocar a poluição do solo, das águas e outros diver-sos problemas ambientais, pois não existe nenhum tratamento de efluentes líquidos, o chorume (líquido preto que escorre do lixo), nem uma preocupação com o lençol freático em razão da não-impermeabili-zação do solo. Do ponto de vista sanitá-rio, são inadequados porque propiciam a proliferação de vetores e o aparecimento de doenças, e, do ponto de vista social, acabam mostrando a miséria encontrada na região, porque são fontes de renda e de alimentos para catadores. Esta forma incorreta é atualmente a mais utilizada e com maiores consequências, além de pro-vocar um grande transtorno ao prefeito.

Uma situação intermediária entre lixões e aterros sanitários é o ATERRO INCOMPLETO ou CONTROLADO. Esta

forma de aterro recebe cobertura diária de terra e não possue sistema de imper-meabilização e de drenagem de líquidos e gases, ou seja, não preenche os requi-sitos técnicos. É considerada uma forma imprópria de disposição porque passa a impressão de que os riscos ambientais associados aos resíduos dispostos são controlados dentro das normas estabele-cidas, o que não é verdade. É uma fase intermediária entre o lixão e o aterro sani-tário. Normalmente é uma célula adjacen-te ao lixão que foi remediado.

Mas a disposição de resíduos só-lidos urbanos, atualmente utilizada no Brasil e uma das formas mais usadas no mundo, é o ATERRO SANITÁRIO. São obras de engenharia destinadas a aco-modar os resíduos sobre o solo, minimi-zando os impactos ambientais e os riscos à Saúde. Estes tipos de aterros devem possuir drenos para os líquidos perco-lados que se formam na decomposição natural da matéria orgânica. A operação

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CONHEÇA A DIFERENÇA ENTRE LIXÃO, ATERRO CONTROLADO/INCOMPLETO E ATERRO SANITÁRIO

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Meio Ambiente e Agricultura devem ser parceiros e caminhar juntos no proces-so de sustentabilidade e desenvolvimento ou pelo menos é o que se deseja.

A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad pelo IBGE coloca 83% da população brasileira na zona urbana. Dos 17% que estão na zona rural, apenas 4% são proprietários rurais. Resumindo: muito pouco.

Entretanto, essa minoria possui grande importância para o cumprimento de metas sociais pelos Municípios. Quan-to menor o Município, maior sua depen-dência do Fundo de Participação do Muni-cípio – FPM e da Quota Parte do ICMS – QP/ICMS. Para os Municípios com popu-lação inferior a 30 mil habitantes – o que representa a maioria –, esses recursos representam mais de 95% das receitas anuais. A situação do Código Ambiental brasileiro está fortemente relacionada à situação financeira dos Municípios.

Tramita na Câmara o Projeto de Lei 5.367/2009, que institui o Código Ambien-tal Brasileiro. Um dos pontos da proposta é a previsão de compensação financeira

para os produtores rurais que preservam a natureza. Se aprovado, o novo código substituirá o atual Código Florestal (Lei nº 4.771/1965) e revogará outras leis da área ambiental.

A proposta determina a compensa-ção financeira de proprietários de áreas ambientalmente importantes ou no caso de limitação de exploração econômica do local. Esses proprietários contarão com créditos especiais, recursos, deduções, isenções parciais de impostos, tarifas di-ferenciadas, prêmios e financiamentos, entre outros benefícios. Os recursos para financiar essa “remuneração por serviços ambientais” virão do Orçamento e do Fun-do Nacional do Meio Ambiente.

Os Municípios que promoverem ações de proteção ambiental também se-rão compensados financeiramente.

Responsabilidadedos Estados

O projeto estabelece diretrizes ge-rais sobre a política nacional de Meio Ambiente. Caberá aos Estados legislar

Código Ambiental Brasileiro – Proposta do PL 5.367/2009

deste sistema de disposição deve incluir compactação do lixo e cobertura diária dos resíduos com terra, que ajuda evitar a emanação de maus odores e o cresci-mento de vetores. Além disso, precisam ser cercados para evitar a atividade de ca-tadores. Quando a capacidade do aterro

se esgota, a área deve ser recuperada do ponto de vista paisagístico e de utilização pela sociedade. É um processo longo e o tempo médio de um aterro sanitário fica em torno de 20 anos de operação e apro-ximadamente mais 20 anos de encerra-mento e recuperação da área.

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sobre suas peculiaridades. Assim, será responsabilidade de cada Estado identi-ficar as áreas prioritárias para conserva-ção e preservação com base em estudos técnicos e consultando os Municípios por meio dos conselhos estaduais, visando à sustentabilidade.

As áreas atualmente denominadas reserva legal1 poderão ser descaracteri-zadas após a definição do porcentual mí-nimo de reservas ambientais nos Esta-dos pelo zoneamento econômico (ZEE2).A reserva legal é o porcentual de vege-tação a ser conservado em uma proprie-dade, o qual varia de acordo com cada bioma.

Ainda, segundo o projeto, a elabora-ção do ZEE deverá ser participativa, po-dendo os atores socioeconômicos intervir nas diversas fases do trabalho a ser ela-borado pelos governos estaduais.

Segundo o autor do projeto, de-putado Valdir Colatto (PMDB-SC), que discorda do estabelecimento de regras nacionais relativas ao Meio Ambiente, como a fixação de reserva legal em 20% da área total de uma propriedade na maioria dos Estados brasileiros. Na Ama-zônia, a área de reserva legal deve ser equivalente a 80% da propriedade e, no Cerrado, a 35%.

O estabelecimento de parâmetros de forma generalizada em um país de proporções continentais foi o início de uma antipolítica ambiental. O que se conseguiu foi punir aqueles que prote-geram o Meio Ambiente com o engessa-mento econômico. Porém, onde há mi-séria, não há condição de proteção dos recursos naturais.

Interesse Social

Como exemplo de peculiarida-des, lembramos que 78% do arroz do Brasil é cultivado em várzeas, conside-radas inutilizáveis pela legislação atual. Além disso, 50% do café produzido em Minas Gerais e mais de 80% das uvas do Rio Grande do Sul e a totalidade de maçãs de Santa Catarina são produzi-dos em declividades ou beira de rios, também consideradas áreas de preser-vação permanente. Os números são do Ministério da Agricultura.

Nos termos da proposta, as ati-vidades rurais de produção alimentícia, vegetal e animal são consideradas ativi-dades de interesse social. As atividades realizadas em áreas consideradas frá-geis dependerão de prévio licenciamento ambiental.

Porém, se um Estado indicar a recuperação de áreas degradadas para constituição de reservas, deverá ele pró-prio fornecer os meios de recomposição da área.

A seguir, temos o resumo da pro-posta do PL 5.367/2009 – Código Am-biental Brasileiro:

• estabelecer normas gerais para nortear as políticas ambientais es-taduais;

• definir objetivos e diretrizes da polí-tica ambiental nacional;

• determinar quais os bens devem ser protegidos (sociedade humana, água, solo, ar e biodiversidade);

• estabelecer os instrumentos para esta proteção (ZEE, licenciamen-to, etc.);

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• permitir que os Estados legislem suas peculiaridades conforme de-termina a Constituição;

• possibilitar aos Estados a elabora-ção de seus zoneamentos, respei-

tando a história, as áreas consoli-dadas e a orientação cientifica;

• identificar as áreas frágeis e desen-volver políticas ambientais efetivas de proteção.

PLP 12/2003 – Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Consti-tuição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, nas ações administrativas decorrentes do exercício da competên-cia comum relativas à proteção das pai-sagens naturais notáveis, à proteção do Meio Ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preser-vação das florestas, da fauna e da flora e altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Andamento (14/4/2010): recebi-recebi-do o relatório da senadora Kátia Abreu, com voto favorável ao projeto. Matéria

pronta para a pauta na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania do Senado Federal.

PL 203/1991 – Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; alte-ra a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Anda-mento (9/4/2010): tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal. Matéria com a relatoria. Redistribuído ao senador César Borges para emitir relatório.

PL 5.367/2009 – Institui o Código Ambiental Brasileiro, estabelece a Políti-ca Nacional de Meio Ambiente, definindo os bens que pretende proteger e cria os

* Não há metragem definida para APPs, no ZEE os Estados seguirão reco-mendação da equipe técnica para margens e declividades a serem preservadas.

** A propriedade não será mais a unidade de planejamento, mas o Estado, bioma ou bacia. A propriedade servirá de corredor ecológico para ligação entre áreas protegidas que serão as indicadas tecnicamente, portanto não fará sentido a Reserva Legal nos moldes atuais, trata-se de uma modernização do conceito de RL e aumen-to de sua efetividade ambiental.

*** Áreas como declividades, topos de morro, restingas e outras consideradas hoje como sendo APP terão suas fragilidades identificadas no ZEE e seu uso indica-do ou proibido, sempre com base cientifica.

Acompanhamento de Projetos no Congresso Nacional (27/4/2010)

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instrumentos para essa proteção; institui a política geral de Meio Ambiente urba-no; revoga o Decreto-Lei nº 1.413, de 14 de agosto de 1975; o Decreto nº 4.297, de 10 de julho de 2002; as Leis nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e nº 4.771, de 15 de setembro de 1965; o art. 7º da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e o art. 22 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Andamento (4/8/2009): tramita na Câmara dos Deputados. Apensado ao PL 1.876/1999.

PL 5.226/2009 – Dispõe sobre a proteção das florestas e outras formas de vegetação e dá outras providências. Alte-ra a Lei nº 9.605, de 1998 e revoga as Leis nº 4.771, de 1965 e 7.754, de 1989. Anda-mento (1/6/2009): tramita na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados. Apensado ao PL 1.876/1999.

PL 1.876/1999 – Dispõe sobre Áre-as de Preservação Permanente, Reserva Legal, exploração florestal e dá outras pro-vidências. Revoga a Lei nº 4.771, de 1965 (Código Florestal); altera a Lei nº 9.605, de 1998. Andamento (8/4/2010): apresen-tação de requerimento à Comissão Espe-cial constituída para proferir parecer ao PL na Câmara dos Deputados, solicitando a realização de audiência pública para dis-cutir e debater o Código Florestal.

PL 792/2007 – Dispõe sobre a defi-nição de serviços ambientais e dá outras providências. Andamento (8/4/2010): tramita na Comissão de Agricultura, Pe-cuária e Desenvolvimento Rural – Câ-mara dos Deputados, com o relator dep.

Fábio Souto, aguardando parecer.PL 3.057/2000 – Inclui § 2º no art.

41 da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, numerando-se como § 1º o atu-al parágrafo único. Encontra-se apensa-do a este o PL 20/2007, que dispõe sobre o parcelamento do solo para fins urbanos e sobre a regularização fundiária susten-tável de áreas urbanas e dá outras pro-vidências. Andamento (5/3/2008): encon-tra-se na mesa diretora da Câmara dos Deputados.

PL 623/2003 – Acrescenta arti-go à Lei nº 10.636, de 30 de dezembro, de 2002, que dispõe sobre a aplicação dos recursos originários da Contribui-ção de Intervenção no Domínio Econô-mico – Cide. Cria o Fundo para Repa-ração de Danos Ambientais Causados por Poluição por Hidrocarbonetos, que será contemplado com recursos da Cide-Combustível. Andamento (10/3/2010): parecer do relator, dep. Arnaldo Jardim, pela aprovação deste, e o PL 6.120/200, apensado, com substitutivo, e pela rejei-ção do PL 1.434/2003, apensado. Apre-sentada emenda ao substitutivo.

PL 3.226/2008 – Altera a Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, que cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente, para dar prioridade aos projetos que te-nham sua área de atuação em Municí-pios que possuam parte de suas áreas dentro dos parques nacionais. Andamen-to (14/4/2010): tramita na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, aguardando parecer. Não fo-ram apresentadas emendas.

O Informativo CNM é uma publicação da Confederação Nacional de Municípios. Todo conteúdo pode ser copiado, distribuído, exibido e reproduzido, desde que seja citada a fonte.Presidente: Paulo Roberto Ziulkoski • Coordenação: Elena Garrido, Jeconias Júnior e Moacir Rangel • Textos: Édison MartinsColaboração: Maurício Zanin • Diagramação: Themaz Comunicação • Revisão: Keila Mariana de A. Oliveira12 Cr

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