mudanças do codigo florestal

102
NOVO CÓDIGO FLORESTAL Estudo comparativo entre a redação do Projeto de Lei 1.876/99 aprovado na Câmara dos Deputados e as emendas propostas pelo Senado. PROJETO MUDAR GERAIS VIÇOSA, FEVEREIRO DE 2012 Sobre o Mudar Gerais

Upload: rany

Post on 18-Dec-2015

22 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

mudanças do código florestal

TRANSCRIPT

  • NOVO CDIGO

    FLORESTAL Estudo comparativo entre a redao do Projeto de Lei

    1.876/99 aprovado na Cmara dos Deputados e as

    emendas propostas pelo Senado.

    PROJETO MUDAR GERAIS

    VIOSA, FEVEREIRO DE 2012

    Sobre o Mudar Gerais

  • O MUDAR GERAIS um grupo de pesquisa que surgiu na Universidade Federal de

    Viosa-MG, disposto a contribuir com a melhoria da legislao florestal, liderado pelo

    professor da instituio, Dr. Sebastio Renato Valverde, que, h muito, envolvido com a

    poltica e a legislao florestal.

    Acreditamos que a multidisciplinaridade presente no grupo, composto por membros

    com formao em diferentes reas, cria um ambiente totalmente propcio para esse tipo de

    pesquisa, na medida em que impede que uma viso unilateral enviese a metodologia, anlise

    de dados e os resultados obtidos. Permite ainda que uma legislao florestal seja proposta

    com a conjugao tcnica das diferentes vises que envolvem o tema. Nossa idia de trabalho

    inicial fazer uma pesquisa em todo o Estado de Minas Gerais, buscando compreender os

    impactos sociais, econmicos e ambientais que as APPs e RL`s trazem para o produtor rural.

    Buscamos, alm disso, analisar as razes do descumprimento da lei e de como a legislao

    florestal tem sido vista pelos produtores rurais, pelos ambientalistas e pelas autoridades

    encarregadas de aplic-la.

    Acreditamos que, tanto a melhoria da situao dos produtores rurais, quanto eficaz

    proteo ambiental, passam por uma mudana legislativa que leve em considerao as

    especificidades situao de cada regio, o que se mostra evidentemente necessrio.

    A EQUIPE

    Coordenadores:

    Sebastio Renato Valverde - Eng. Florestal, D.S. Cincia Florestal Coordenador Geral

    Pedro S. Mximo - Economista, Mestre em. Economia Aplicada Coordenador

    Membros:

    Alexandre Simes Lorenzon - Eng. Florestal, Mestre em. Cincia Florestal

    Carolina de Oliveira Miranda Eng. Florestal

    Giovanni Bittencourt Machado de Souza - Advogado, Mestre em Cincia Florestal

    Guilherme de Castro Oliveira Eng. Florestal

    Hugo Negro Simonatto Eng. Florestal

    Lucas Azevedo de Carvalho Advogado, ps graduando em Direito Ambiental.

    Samuel Lopes Rodrigues - Gestor Ambiental

  • INDICE

    INTRODUO ..................................................................................................................................... 7

    CAPTULO I: DAS DISPOSIES GERAIS ........................................................................................ 8

    Art. 1 .......................................................................................................................... 8

    Art. 2 .......................................................................................................................... 9

    Art. 3 ........................................................................................................................ 11

    CAPTULO II: DAS REAS DE PRESERVAO PERMANENTE .................................................. 21

    Seo I: Da Delimitao das reas de Preservao Permanente ...................................... 21

    Art. 4 ........................................................................................................................ 21

    Art. 5 ........................................................................................................................ 27

    Art. 6 ........................................................................................................................ 28

    Seo II: Do Regime de Proteo das reas de Preservao Permanente ....................... 28

    Art. 7 ....................................................................................................................... .28

    Art. 8 ....................................................................................................................... .28

    Art. 9 ....................................................................................................................... 30.

    CAPTULO III: DAS REAS DE USO RESTRITO ............................................................................ 31

    Art. 10 ...................................................................................................................... 31

    Art. 11 ...................................................................................................................... 31

    CAPTULO IV: DO USO ECOLOGICAMENTE SUSTENTVEL DOS APICUNS E SALGADOS ... 32

    Art. 12 ...................................................................................................................... 32

    CAPTULO V: DA REA DE RESERVA LEGAL ............................................................................ 35

    SEO I: Da Delimitao da rea de Reserva Legal .............................................................. 35

    Art. 13 ...................................................................................................................... 35

    Art. 14 ...................................................................................................................... 37

    Art. 15 ...................................................................................................................... 38

    Art. 16 ...................................................................................................................... 38

    Art. 17 ...................................................................................................................... 39

    SEO II: Do Regime de Proteo da Reserva Legal.............................................................. 39

    Art. 18 ...................................................................................................................... 39

    Art. 19 ...................................................................................................................... 40

    Art. 20 ...................................................................................................................... 41

    Art. 21 ...................................................................................................................... 41

  • Art. 22 ...................................................................................................................... 41

    Art. 23 ...................................................................................................................... 42

    Art. 24 ...................................................................................................................... 42

    Art. 25 ...................................................................................................................... 43

    SEO III: Do Regime de Proteo das reas Verdes Urbanas .............................................. 43

    Art. 26 ...................................................................................................................... 43

    CAPTULO VI: DA SUPRESSO DE VEGETAO PARA USO ALTERNATIVO DO SOLO ........ 44

    Art. 27 ...................................................................................................................... 44

    Art. 28 ...................................................................................................................... 46

    Art. 29 ...................................................................................................................... 46

    CAPTULO VII: DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL.................................................................. 47

    Art. 30 ...................................................................................................................... 47

    Art. 31 ...................................................................................................................... 48

    CAPTULO VIII: DA EXPLORAO FLORESTAL .......................................................................... 49

    Art. 32 ...................................................................................................................... 49

    Art. 33 ...................................................................................................................... 50

    Art. 34 ...................................................................................................................... 51

    Art. 35 ...................................................................................................................... 52

    CAPTULO IX: DO CONTROLE DA ORIGEM DOS PRODUTOS FLORESTAIS ............................. 54

    Art. 36 ...................................................................................................................... 54

    Art. 37 ...................................................................................................................... 56

    Art. 38 ...................................................................................................................... 56

    CAPTULO X: DA PROIBIO DO USO DE FOGO E DO CONTROLE DOS INCNDIOS ............ 58

    Art. 39 ...................................................................................................................... 58

    Art. 40 ...................................................................................................................... 60

    Art. 41 ...................................................................................................................... 60

    CAPTULO XI: DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO PRESERVAO E RECUPERAO

    DO MEIO AMBIENTE ........................................................................................................................ 61

    Art. 42 ...................................................................................................................... 61

    Art. 43 ...................................................................................................................... 66

    Art. 44 ...................................................................................................................... 66

    Art. 45 ...................................................................................................................... 67

  • Art. 46 ...................................................................................................................... 68

    Art. 47 ...................................................................................................................... 69

    Art. 48 ...................................................................................................................... 69

    Art. 49 ...................................................................................................................... 69

    Art. 50 ...................................................................................................................... 70

    Art. 51 ...................................................................................................................... 70

    CAPTULO XII: DO CONTROLE DO DESMATAMENTO ............................................................... 71

    Art. 52 ...................................................................................................................... 71

    CAPTULO XIII: DA AGRICULTURA FAMILIAR ........................................................................... 72

    Art. 53 ...................................................................................................................... 72

    Art. 54 ...................................................................................................................... 72

    Art. 55 ...................................................................................................................... 73

    Art. 56 ...................................................................................................................... 74

    Art. 57 ...................................................................................................................... 74

    Art. 58 ...................................................................................................................... 76

    Art. 59 ...................................................................................................................... 76

    CAPTULO XIV: DAS DISPOSIES TRANSITRIAS ................................................................... 77

    SEO I: Das Disposies Gerais ......................................................................................... 77

    Art. 60 ...................................................................................................................... 77

    Art. 61 ...................................................................................................................... 79

    SEO II: Das reas Consolidadas em reas de Preservao Permanente .............................. 79

    Art. 62 ...................................................................................................................... 79

    Art. 63 ...................................................................................................................... 86

    Art. 64 ...................................................................................................................... 86

    Art. 65 ...................................................................................................................... 87

    Art. 66 ...................................................................................................................... 88

    Art. 67 ...................................................................................................................... 88

  • SEO III: Das reas Consolidadas em reas de Reserva Legal ............................................ 90

    Art. 68 ...................................................................................................................... 91

    Art. 69 ...................................................................................................................... 92

    Art. 70 ...................................................................................................................... 92

    CAPTULO XV: DAS DISPOSIES COMPLEMENTARES E FINAIS............................................ 93

    Art. 71 ...................................................................................................................... 93

    Art. 72 ...................................................................................................................... 93

    Art. 73 ...................................................................................................................... 93

    Art. 74 ...................................................................................................................... 94

    Art. 75 ...................................................................................................................... 94

    Art. 76 ...................................................................................................................... 94

    Art. 77 ...................................................................................................................... 94

    Art. 78 ...................................................................................................................... 95

    Art. 79 ...................................................................................................................... 95

    Art. 80 ...................................................................................................................... 95

    Art. 81 ...................................................................................................................... 96

    Art. 82 ...................................................................................................................... 96

    Art. 83 ...................................................................................................................... 98

    Art. 84 ...................................................................................................................... 98

    Art. 85 ...................................................................................................................... 98

    Art. 86 ...................................................................................................................... 98

    Art. 87 ...................................................................................................................... 98

    REFERNCIAS BIBLIOGRCAS ...................................................................................................... 99

  • INTRODUO

    O presente estudo trata-se de um comparativo entre o Projeto de Lei 1.8976-C/99

    (Novo Cdigo Florestal) aprovado na Cmara dos Deputados e a redao final do Substitutivo

    do Senado. O objetivo deste estudo apontar todas as mudanas ocorridas na casa revisora,

    bem como as consequncias destas, a fim de facilitar o entendimento pelos estudiosos do

    tema.

    Para alcanar este objetivo, fez-se uma tabela na qual foi colocado lado a lado os

    dispositivos correlatos de ambos os textos. Na coluna da esquerda seguiu-se a ordem

    cronolgica, artigo por artigo, do texto do Senado, sendo indicados na coluna da direita os

    artigos correspondentes do texto da Cmara.

    Para melhor entendimento do estudo, utilizamos a cor azul na coluna da esquerda

    para indicar as inovaes do texto produzidas pela casa revisora, Senado; E a cor vermelha na

    coluna da direita para indicar as alteraes no texto da casa iniciadora, Cmara. Nos casos em

    que no houve dispositivos correlatos entre os textos foi utilizado o smbolo ---. Assim, o

    smbolo foi colocado na coluna da esquerda, caso removido um dispositivo do texto da

    Cmara; Ou colocado na coluna da direita, caso tenha o Senado acrescentado dispositivo

    normativo.

    Para cada artigo, pargrafo, inciso ou alnea que tenha sido objeto de significativa

    mudana entre os textos, foram colocados abaixo de sua posio na tabela os comentrios

    sobre a alterao, de forma a explicar e demonstrar as consequncias das mesmas.

    Deste modo, foram analisados lado a lado os projetos de lei aprovados na Cmara e no

    Senado, em todas suas emendas, elucidando quais as mudanas positivas e negativas ocorridas

    na casa revisora, o que configura um importante instrumento para anlise das propostas.

  • SENADO CMARA

    CAPTULO I

    DAS DISPOSIES GERAIS

    CAPTULO I

    DISPOSIES GERAIS

    Art. 1 Esta Lei estabelece normas gerais com o fundamento central da proteo e uso sustentvel

    das florestas e demais formas de vegetao nativa

    em harmonia com a promoo do desenvolvimento

    econmico, atendidos os seguintes princpios:

    Art. 1 Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteo da vegetao, dispe sobre as reas de

    Preservao Permanente e as reas de Reserva

    Legal,define regras gerais sobre a explorao

    florestal, o suprimento de matria-prima florestal,

    o controle da origem dos produtos florestais e o

    controle e a preveno dos incndios florestais e

    prev instrumentoseconmicos e financeiros para o

    alcance de seus objetivos.

    Art. 1; I reconhecer as florestas existentes no territrio nacional e as demais formas de vegetao

    nativa como bens de interesse comum a todos os

    habitantes do Pas;

    ---

    Art. 1; II afirmar o compromisso soberano do Brasil com a preservao das suas florestas e demais formas de vegetao nativa, da

    biodiversidade, do solo e dos recursos hdricos e

    com a integridade do sistema climtico, para o

    bem-estar das geraes presentes e futuras;

    ---

    Art. 1; III reconhecer a funo estratgica da produo rural na recuperao e manuteno das

    florestas e demais formas de vegetao nativa e do

    papel destas na sustentabilidade da produo

    agropecuria;

    ---

    Art. 1 IV consagrar o compromisso do Pas com o modelo de desenvolvimento ecologicamente

    sustentvel,

    ---

    Art. 1; V coordenar a ao governamental de proteo e uso sustentvel de florestas com a Poltica Nacional do Meio Ambiente, a Poltica

    Nacional de Recursos Hdricos, a Poltica 3

    Agrcola, o Sistema Nacional de Unidades de

    Conservao da Natureza, a Poltica de Gesto de

    Florestas Pblicas, a Poltica Nacional sobre

    Mudana do Clima e a Poltica Nacional da

    Biodiversidade;

    ---

    Art. 1; VI estabelecer a responsabilidade comum da Unio, Estados, Distrito Federal e

    Municpios, em colaborao com a sociedade civil,

    na criao de polticas para a preservao e

    restaurao da vegetao nativa e de suas funes ecolgicas e sociais nas reas urbanas e rurais;

    ---

    Art. 1; VII fomentar a inovao em todas as suas vertentes para o uso sustentvel,

    ---

  • Art. 1; VIII criar e mobilizar incentivos jurdicos e econmicos para fomentar a

    preservao e a recuperao da vegetao nativa,

    bem como para promover o desenvolvimento de

    atividades produtivas sustentveis.

    ---

    O dispositivo aprovado pela Cmara traz detalhadamente as matrias tratadas pelo

    Cdigo Florestal, elencando de forma especfica os temas abordados.

    J o dispositivo do Senado , em seu caput, mais genrico, dando nfase funo

    principal da Lei: a garantia de um desenvolvimento sustentvel. No entanto, em seus incisos

    erigem condio de princpios as ideias trazidas por ambos os projetos.

    Uma significativa mudana o fato de a disposio do Senado ter acrescido o adjetivo

    nativa ao substantivo vegetao, o que de certa forma restringe de maneira salutar o

    mbito de proteo normativa, apontando como foco principal da proteo a vegetao nativa

    e no toda e qualquer forma de vegetao. No entanto cumpre ressaltar a atecnia legislativa,

    visto que, ao dizer florestas e demais formas de vegetao nativa, enquadra floresta como

    espcie do gnero vegetao nativa, o que no necessariamente verdade. Em termos

    tcnicos, uma floresta pode ser composta por vegetao que no seja nativa e uma vegetao

    nativa pode no configurar uma floresta. Assim, os termos se intercalam, mas no se

    confundem e no apresentam relao espcie-gnero, pelo que falhou o legislador.

    Art. 2 As florestas existentes no territrio

    nacional e as demais formas de vegetao nativa,

    reconhecidas de utilidade s terras que revestem,

    so bens de interesse comum a todos os habitantes

    do Pas, exercendo-se os direitos de propriedade

    com as limitaes que a legislao em geral e

    especialmente esta Lei estabelecem.

    Art. 2 As florestas existentes no territrio

    nacional e as demais formas de vegetao,

    reconhecidas de utilidade s terras que revestem,

    so bens de interesse comum a todos os habitantes

    do Pas, exercendo-se os direitos de propriedade,

    com as limitaes que a legislao em geral e

    especialmente esta Lei estabelecem.

    O Caput do art. 2 aprovado no Senado traz a supracitado acrscimo do termo

    nativo ao substantivo vegetao, o que traduz o foco principal de proteo legal: a

    vegetao nativa. Assim, este foi um avano se comparado ao Art. 1, da Lei 4.771/65, que traz

    prescrio idntica ao projeto aprovado na Cmara.

    Interessante observar que no foi sanada possvel dvida interpretativa originada do

    texto da Cmara: toda e qualquer floresta seria foco da proteo do Cdigo ou somente as

    florestas nativas? Note que, pelo texto do Senado, subentende-se que somente seria a floresta

    nativa, visto prescrever florestas e demais formas de vegetao nativa.

    Apesar de o foco principal de proteo ser o da floresta nativa e o da vegetao nativa,

    o Cdigo tambm regula a explorao de florestas plantadas, exercendo um tratamento mais

    brando para as mesmas, por exemplo, isentando do Plano de Manejo Sustentvel o manejo e

    a explorao de florestas plantadas localizadas fora das reas de Preservao Permanente e de

    Reserva Legal (Art. 33; II).

  • Art. 2; 1 Na utilizao e explorao da

    vegetao, as aes ou omisses contrrias s

    disposies desta Lei so consideradas uso

    irregular da propriedade, aplicando-se o

    procedimento sumrio previsto no inciso II do art.

    275 da Lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973

    (Cdigo de Processo Civil), sem prejuzo da

    responsabilidade civil, nos termos do 1 do art.14

    da Lei n6. 938, de 31 de agosto de 1981, e das

    sanes administrativas, civis e penais.

    Art. 2; 1 Na utilizao e explorao da

    vegetao, as aes ou omisses contrrias s

    disposies desta Lei so consideradas uso

    anormal da propriedade, aplicando-se o

    procedimento sumrio previsto no inciso II do art.

    275 da Lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - do

    Cdigo de Processo Civil, sem prejuzo da

    responsabilidade civil, nos termos do 1 do art.

    14 da Lei n 6.938, de 31 de agosto 1981, e das

    sanes administrativas, civis e penais cabveis.

    2 As aes ou omisses que constituam infrao

    s determinaes desta Lei sero sancionadas

    penal, civil e administrativamente na forma da

    legislao aplicvel.

    A substituio do termo anormal por irregular foi salutar, visto que mais tcnica.

    Uso anormal aquele no dotado de normalidade, seja em consonncia ou no com o

    ordenamento jurdico. J uso irregular traduz a melhor idia de contrrio lei. Por exemplo,

    plantar caf em terreno plano anormal, mas no contrrio as normas.

    O 2 do texto da Cmara foi excludo, no entanto seu contedo normativo encontra-

    se enquadrado pelo caput do artigo, pelo que desnecessria a redundncia.

    Art. 2; 2 As obrigaes previstas nesta Lei tm

    natureza real e so transmitidas ao sucessor, de

    qualquer natureza, no caso de transferncia de

    domnio ou posse do imvel rural.

    ---

    Inseriu-se o 2 no texto do Senado para ressaltar a obrigao do proprietrio de

    colocar sua propriedade em situao regular independentemente de quem fora o responsvel

    pelas irregularidades. O acrscimo apenas visa consolidar na forma de lei o entendimento

    jurisprudencial sobre o tema, que se consolidara com a vigncia do Cdigo de 1965:

    A obrigao de reparao dos danos ambientais propter rem, por isso que a

    Lei 8.17191 vigora para todos os proprietrios rurais, ainda que no sejam

    eles os responsveis por eventuais desmatamentos anteriores, mxime

    porque a referida norma referendou o prprio Cdigo Florestal (Lei 4.77165)

    que estabelecia uma limitao administrativa s propriedades rurais,

    obrigando os seus proprietrios a institurem reas de reservas legais, de no

    mnimo 20% de cada propriedade, em prol do interesse coletivo. Precedente

    do STJ: RESP 343.741PR, Relator Ministro Franciulli Netto, DJ de

    07.10.2002.1

    1 BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Recurso Especial N 1.090.968 - SP. Disponvel em

    http://processoscoletivos.net/juris.asp?id=119, acesso em 26 de janeiro de 2012.

  • Art. 3 Para os efeitos desta Lei, entende-se por: Art. 3 Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

    Art. 3; I Amaznia Legal: os Estados do Acre,

    Par, Amazonas, Roraima, Rondnia, Amap e

    Mato Grosso e as regies situadas ao norte do

    paralelo 13 S, dos Estados de Tocantins e Gois,

    e ao oeste do meridiano de 44 W, do Estado do

    Maranho;

    Art. 3; I - Amaznia Legal: os Estados do Acre,

    Par, Amazonas, Roraima, Rondnia, Amap e

    Mato Grosso e as regies situadas ao norte do

    paralelo 13S, dos Estados de Tocantins e Gois, e

    ao oeste do meridiano de 44W, do Estado do

    Maranho;

    Art. 3; II rea de Preservao Permanente

    (APP): rea protegida, coberta ou no por

    vegetao nativa, com a funo ambiental de

    preservar os recursos hdricos, a paisagem, a

    estabilidade geolgica e a biodiversidade, facilitar

    o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e

    assegurar o bem-estar das populaes humanas;

    Art. 3; II - rea de Preservao Permanente -

    APP: rea protegida, coberta ou no por vegetao

    nativa, com a funo ambiental de preservar os

    recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade

    geolgica, a biodiversidade, facilitar o fluxo

    gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar

    o bem-estar das populaes humanas;

    A substituio da vrgula pela conjuno e no traz diferena substancial ao texto,

    mas atcnica na medida em que junta os distintos termos estabilidade geolgica e

    biodiversidade e os separa dos demais objetivos legais. Assim, melhor manter a vrgula, como

    no texto aprovado pela Cmara.

    Art. 3; III Reserva Legal: rea localizada no

    interior de uma propriedade ou posse rural,

    delimitada nos termos do art. 13, com a funo de

    assegurar o uso econmico de modo sustentvel

    dos recursos naturais do imvel rural, auxiliar a

    conservao e a reabilitao dos processos

    ecolgicos e promover a conservao da

    biodiversidade, bem como o abrigo e a proteo de

    fauna silvestre e da flora nativa;

    Art. 3; X - Reserva Legal: rea localizada no

    interior de uma propriedade ou posse rural,

    delimitada nos termos do art. 13, com a funo de

    assegurar o uso econmico de modo sustentvel

    dos recursos naturais do imvel rural, auxiliar

    conservao e reabilitao dos processos

    ecolgicos e promover a conservao da

    biodiversidade, o abrigo e a proteo de fauna

    silvestre e da flora nativa;

    Art. 3; IV rea rural consolidada: rea de

    imvel rural com ocupao antrpica pr-existente

    a 22 de julho de 2008, com edificaes,

    benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris,

    admitida, neste ltimo caso, a adoo do regime de

    pousio;

    Art. 3; III - rea rural consolidada: rea de

    imvel rural com ocupao antrpica pr-existente

    a 22 de julho de 2008, com edificaes,

    benfeitorias ou atividades agrossilvopastoris,

    admitida, neste ltimo caso, a adoo do regime de

    pousio;

    Art. 3; V pequena propriedade ou posse rural

    familiar: aquela explorada mediante o trabalho

    pessoal do agricultor familiar e empreendedor

    familiar rural, incluindo os assentamentos e

    projetos de reforma agrria, e que atenda ao

    disposto no art. 3 da Lei n 11.326, de 24 de julho

    de 2006;

    Art. 3; IX pequena propriedade ou posse rural

    familiar: aquela explorada mediante o trabalho

    pessoal do agricultor familiar e empreendedor

    familiar rural, incluindo os assentamentos e

    projetos de reforma agrria, e que atendam ao

    disposto no art. 3 da Lei n 11.326, de 24 de julho

    de 2006;

  • Art. 3 VII manejo sustentvel: administrao

    da vegetao natural para a obteno de benefcios

    econmicos, sociais e ambientais, respeitando-se

    os mecanismos de sustentao do ecossistema

    objeto do manejo e considerando-se, cumulativa

    ou alternativamente, a utilizao de mltiplas

    espcies madeireiras ou no, de mltiplos produtos

    e subprodutos da flora, bem como a utilizao de

    outros bens e servios;

    Art. 3 V - manejo sustentvel: administrao da

    vegetao natural para a obteno de benefcios

    econmicos, sociais e ambientais, respeitando-se

    os mecanismos de sustentao do ecossistema

    objeto do manejo e considerando-se, cumulativa

    ou alternativamente, a utilizao de mltiplas

    espcies madeireiras ou no, de mltiplos produtos

    e subprodutos da flora, bem como a utilizao de

    outros bens e servios;

    Art. 3; VIII utilidade pblica:

    a) as atividades de segurana nacional e

    proteo sanitria;

    b) as obras de infraestrutura destinadas s

    concesses e aos servios pblicos de transporte,

    sistema virio, inclusive aquele necessrio aos

    parcelamentos de solo urbano aprovados pelos

    Municpios, saneamento, gesto de resduos,

    energia, telecomunicaes, radiodifuso,

    instalaes necessrias realizao de

    competies esportivas estaduais, nacionais ou

    internacionais, bem como minerao, exceto, neste

    ltimo caso, a extrao de areia, argila, saibro e

    cascalho;

    c) atividades e obras de defesa civil;

    d) atividades que comprovadamente

    proporcionem melhorias na proteo das funes

    ambientais referidas no inciso II deste artigo;

    e) outras atividades similares devidamente

    caracterizadas e motivadas em procedimento

    administrativo prprio, quando inexistir alternativa

    tcnica e locacional ao empreendimento proposto,

    definidas em ato do Chefe do Poder Executivo

    federal;

    ---

    Art. 3; IX interesse social:

    a) as atividades imprescindveis

    proteo da integridade da vegetao nativa, tais

    como preveno, combate e controle do fogo,

    controle da eroso, erradicao de invasoras e

    proteo de plantios com espcies nativas;

    b) a explorao agroflorestal sustentvel

    praticada na pequena propriedade ou posse rural

    familiar ou por povos e comunidades tradicionais,

    desde que no descaracterize a cobertura vegetal

    existente e no prejudique a funo ambiental da

    rea;

    ---

  • Art. 3; IX -

    c) a implantao de infraestrutura pblica

    destinada a esportes, lazer e atividades

    educacionais e culturais ao ar livre em reas

    urbanas e rurais consolidadas, observadas as

    condies estabelecidas nesta Lei;

    d) a regularizao fundiria de

    assentamentos humanos ocupados

    predominantemente por populao de baixa renda

    em reas urbanas consolidadas, observadas as

    condies estabelecidas na Lei n 11.977, de 7 de

    julho de 2009;

    e) implantao de instalaes necessrias

    captao e conduo de gua e de efluentes

    tratados para projetos cujos recursos hdricos so

    partes integrantes e essenciais da atividade;

    f) as atividades de pesquisa e extrao de

    areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela

    autoridade competente;

    g) outras atividades similares

    devidamente caracterizadas e motivadas em

    procedimento administrativo prprio, quando

    inexistir alternativa tcnica e locacional atividade

    proposta, definidas em ato do Chefe do Poder

    Executivo federal;

    Importante inovao do Senado foi trazer ao texto legal as definies de utilidade

    pblica e interesse social. O texto da Cmara, apesar de citar os termos em artigos

    esparsos, no os define, deixando a cargo das normas regulamentares.

    A determinao legal dos conceitos tem a vantagem de maior segurana jurdica ao

    mesmo tempo de apresentar a desvantagem do maior engessamento normativo, visto que

    muito mais dificultosa a alterao de uma lei em sentido estrito do que de um regulamento. A

    ttulo de exemplo, basta pensarmos nas dificuldades de se alterar o Cdigo Florestal de 1965.

    Deste modo, caso a evoluo social haja necessidade de outros casos de utilidade pblica e

    interesse social, em razo da predefinio legal, haver grande dificuldade em implement-los.

    No que tange as hipteses de utilidade pblica e interesse social o texto do

    Senado apresenta ideia semelhante ao da Lei 4.771/65 acrescido da resoluo 369 do

    CONAMA, que tratam sobre o tema. No entanto, mais amplo, apresentando novas hipteses

    destacando-se a ampla possibilidade consubstanciada na alnea g: outras atividades

    similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo.

    Interessante notar que o texto diz ser do Presidente da Repblica, Chefe do Poder

    Executivo Federal, a atribuio para definir atividades tcnicas locacionais alternativas

    atividade, o que de duvidosa constitucionalidade, alm de retirar dos Governadores dos

    Estados e dos Prefeitos Municipais a possibilidade de definir essas questes em mbito

    regional e local, o que lamentvel. Imagine a dificuldade prtica o Presidente da Repblica

    estar atento as atividades a serem desenvolvidas dentro do municpio, somente neste

  • impactantes. Desta forma, melhor seria conceder aos chefes dos poderes executivos nas trs

    esferas federativas a atribuio em questo, de acordo com sua extenso (local, regional ou

    federal).

    Por fim, vale destacar a nfase dada regularizao fundiria de assentamentos

    humanos ocupados predominantemente por populao de baixa renda em reas urbanas

    consolidadas. No entanto criticvel que o dispositivo se restrinja a reas urbanas, na medida

    em que no campo tambm h aglomerados de desfavorecidos, que merecem tratamento

    isonmico.

    Art. 3 X- atividades eventuais ou de baixo

    impacto ambiental:

    a) abertura de pequenas vias de acesso

    interno e suas pontes e pontilhes, quando

    necessrias travessia de um curso dgua, ao

    acesso de pessoas e animais para a obteno de

    gua ou retirada de produtos oriundos das

    atividades de manejo agroflorestal sustentvel;

    b) implantao de instalaes necessrias

    captao e conduo de gua e efluentes tratados,

    desde que comprovada a outorga do direito de uso

    da gua, quando couber;

    c) implantao de trilhas para o

    desenvolvimento do ecoturismo;

    d) construo de rampa de lanamento de

    barcos e pequeno ancoradouro;

    e) construo de moradia de agricultores

    familiares, remanescentes de comunidades

    quilombolas e outras populaes extrativistas e

    tradicionais em reas rurais, onde o abastecimento

    de gua se d pelo esforo prprio dos moradores;

    f) construo e manuteno de cercas na

    propriedade;

    g) pesquisa cientfica relativa a recursos

    ambientais, respeitados outros requisitos previstos

    na legislao aplicvel;

    h) coleta de produtos no madeireiros para

    fins de subsistncia e produo de mudas, como

    sementes, castanhas e frutos, respeitada a

    legislao especfica de acesso a recursos

    genticos;

    i) plantio de espcies nativas produtoras de frutos,

    sementes, castanhas e outros produtos vegetais,

    desde que no implique supresso da vegetao

    existente nem prejudique a funo ambiental da

    rea;

    ---

  • Art. 3; X

    j) explorao agroflorestal e manejo

    florestal sustentvel, comunitrio e familiar,

    incluindo a extrao de produtos florestais no

    madeireiros, desde que no descaracterizem a

    cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem

    a funo ambiental da rea;

    k) outras aes ou atividades similares,

    reconhecidas como eventuais e de baixo impacto

    ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio

    Ambiente (CONAMA) ou dos Conselhos Estaduais

    de Meio Ambiente;

    ---

    Da mesma forma, o texto do Senado tambm acrescentou lei a definio de

    atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental, definio esta no trazida pelo texto da

    Cmara, que a deixava cargo de lei (art. 8, Cmara) ou regulamentos (art. 9, 22, Cmara).

    Em relao as hipteses de atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental

    estas pouco se modificaram em relao as previstas na resoluo 369 do CONAMA. No

    entanto, destaca-se o acrscimo da hiptese prescrita na alnea j, a reconhecer o manejo

    sustentvel na agricultura familiar como atividade de baixo impacto; o que um avano em

    benefcio desta agricultura que, apesar de essencial produo e sustento da populao, no

    tem recebido o apreo governamental necessrio.

    As vantagens e desvantagens da definio foram supra apontadas quando do

    tratamento dos incisos VIII e IX, Senado.

    Art. 3; XI pousio: prtica de interrupo

    temporria de atividades ou usos agrcolas,

    pecurios ou silviculturais, por at, no mximo, 5

    (cinco) anos, em at 25% (vinte e cinco por cento)

    da rea produtiva da propriedade ou posse, para

    possibilitar a recuperao da capacidade de uso do

    solo;

    Art. 3; VIII - pousio: prtica de interrupo de

    atividades agrcolas, pecurias ou silviculturais,

    para possibilitar a recuperao da capacidade de

    uso do solo;

    O texto do Senado limitou o pousio a um tempo mximo de 5 anos, a um percentual

    mximo de 25% da rea produtiva da propriedade ou posse.

    A limitao tem a vantagem de impedir o subterfgio do pousio a esconder uma

    especulao imobiliria e subutilizao da propriedade. No entanto apresenta a desvantagem

    de impedir uma prtica do produtor de boa f, prtica essa benfica ao meio ambiente e

    produo.

    Tem-se que a limitao temporal em 05 anos pode ser, de acordo com a atividade

    desenvolvida, excessiva ou insuficiente. Da mesma forma, a limitao territorial de 25%.

    Por exemplo, no incomum, produtores com vrias propriedades prximas que

    deixam integralmente uma delas em pousio, para utilizao de outra em sua capacidade total.

  • O texto do Senado vem a impedir essa prtica, que no traz prejuzo algum ao meio ambiente,

    muito pelo contrrio.

    Ressalta-se ainda, a dificuldade de se implementar e fiscalizar na prtica esses limites,

    calculando a porcentagem e o tempo de durao do pousio para cada propriedade rural.

    Por fim, destaca-se que o tratamento legal do tema garante a vantagem de maior

    segurana jurdica, mas possui a desvantagem de impedir a regulamentao do tema de forma

    a atender s peculiaridades locais.

    Neste caso especfico, a situao ideal seria o texto apenas prever o pousio e atribuir a

    normas regulamentares as especificaes em questo.

    O texto da Cmara apenas conceitua o pousio, mas no autoriza de forma expressa

    que normas regulamentares venham a complementar o tratamento. Isto abre margem para

    questionamento da legalidade de futura norma infra legal que regulamente o pousio, visto que

    argumentar-se-ia estar a disposio infra restringindo onde a lei no o fez.

    Art. 3; XII vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromrficos, usualmente

    com a palmeira arbrea Mauritia flexuosa (buriti)

    emergente, sem formar dossel, em meio a

    agrupamentos de espcies arbustivo-herbceas;

    Art. 3; XIII - vereda: fitofisionomia de savana,

    encontrada em solos hidromrficos, usualmente

    com a palmeira arbrea Mauritia flexuosa (buriti)

    emergente, sem formar dossel, em meio a

    agrupamentos de espcies arbustivo-herbceas;

    Art. 3; XIII manguezal: ecossistema litorneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos ao das

    mars, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, s quais se associa, predominantemente,

    a vegetao natural conhecida como mangue, com

    influncia flvio-marinha, tpica de solos limosos

    de regies estuarinas e com disperso descontnua

    ao longo da costa brasileira, entre os Estados do

    Amap e de Santa Catarina;

    ---

    Art. 3; XIV salgado ou marismas tropicais hipersalinos: reas situadas em regies com

    frequncias de inundaes intermedirias entre

    mars de sizgias e de quadratura, com solos cuja

    salinidade varia entre 100 (cem) e 150 (cento e

    cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a presena de vegetao herbcea

    especfica;

    Art. 3; XV - salgado ou marismas tropicais

    hipersalinos: reas situadas em regies com

    frequncias de inundaes intermedirias entre

    mars de sizgias e de quadratura, com solos cuja

    salinidade varia entre 100 (cem) a 150 (cento e

    cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a presena de vegetao herbcea

    especfica.

    Art. 3; XV apicum: reas de solos hipersalinos situadas nas regies entremars superiores,

    inundadas apenas pelas mars de sizgias, que

    apresentam salinidade superior a 150 (cento e

    cinquenta) partes por 1.000 (mil), desprovidas de

    vegetao vascular;

    Art. 3; XIV - apicum: reas de solos hipersalinos

    situadas nas regies entremars superiores,

    inundadas apenas pelas mars de sizgias, que

    apresentam salinidade superior a 150 (cento e

    cinquenta) partes por 1.000 (mil), desprovidas de

    vegetao vascular;

    Art. 3; XVI restinga: depsito arenoso paralelo linha da costa, de forma geralmente alongada,

    produzido por processos de sedimentao, onde se

    encontram diferentes comunidades que recebem

    influncia marinha, com cobertura vegetal em

    mosaico, encontrada em praias, cordes arenosos, dunas e depresses, apresentando, de acordo com o

    estgio sucessional, estrato herbceo, arbustivo e

    arbreo, este ltimo mais interiorizado;

    Art. 3; XI - restinga: depsito arenoso paralelo

    linha da costa, de forma geralmente alongada,

    produzido por processos de sedimentao, onde se

    encontram diferentes comunidades que recebem

    influncia marinha, com cobertura vegetal em

    mosaico, encontrada em praias, cordes arenosos,

    dunas e depresses, apresentando, de acordo com o

    estgio sucessional, estrato herbceo, arbustivos e

    arbreo, este ltimo mais interiorizado;

  • Art. 3; XVII nascente: afloramento natural do

    lenol fretico que apresenta perenidade e d incio

    a um curso dgua;

    Art. 3; VI - nascente: afloramento natural do

    lenol fretico que apresenta perenidade e d incio

    a um curso dgua;

    Art. 3; XVIII olho dgua: afloramento natural

    do lenol fretico, mesmo que intermitente;

    Art. 3; VII - olho dgua: afloramento natural do

    lenol fretico, mesmo que intermitente;

    Art. 3; XIX leito regular: a calha por onde

    correm regularmente as guas do curso dgua

    durante o ano;

    Art. 3; IV - leito regular: a calha por onde correm

    regularmente as guas do curso dgua durante o

    ano;

    Art. 3; XX rea abandonada, subutilizada ou

    utilizada de forma inadequada: rea no

    efetivamente utilizada, nos termos do 3 do art.

    6 da Lei n 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, ou

    que no atenda aos ndices previstos no referido

    artigo, ressalvadas as reas em pousio;

    ---

    O texto do Senado acrescenta o conceito de rea abandonada, subutilizada ou

    utilizada de forma inadequada, prescrevendo serem estas todas aquelas reas que no se

    enquadrem nos incisos do 3, art. 6 da Lei 8.629/93, que trazem as hipteses de rea

    efetivamente utilizada.

    A introduo do conceito legal salutar, visto que impede dvidas, principalmente na

    aplicao do art. 29, Senado e Cmara, que impede a converso de vegetao nativa para uso

    alternativo do solo no imvel rural que possuir rea abandonada.

    O texto do Senado define tambm o manguezal (XIII), definio esta que no se

    encontrava no texto da Cmara, o que condiz com o acrscimo pela casa revisora da APP de

    mangue (visto que a casa iniciadora, somente caracteriza como APP a restinga estabilizadora

    do mangue, como ser visto infra).

    Art. 3, XXI rea verde urbana: espaos,

    pblicos ou privados, com predomnio de

    vegetao, preferencialmente nativa, natural ou

    recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de

    Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Municpio,

    indisponveis para construo de moradias,

    destinados aos propsitos de recreao, lazer,

    melhoria da qualidade ambiental urbana, proteo

    dos recursos hdricos, manuteno ou melhoria

    paisagstica, proteo de bens e manifestaes

    culturais;

    ---

    O texto do Senado acrescentou o conceito de rea verde urbana, o que condizente

    com o acrscimo da seo III do captulo IV da Lei, a tratar sobre a proteo das reas verdes

    urbanas (seo e conceito estes inexistentes no texto da Cmara), o que, a princpio, deveria

    ficar a cargo de lei especfica, e no de um Cdigo Florestal.

  • Art. 3; XXII vrzea de inundao ou plancie

    de inundao: reas marginais a cursos dgua

    sujeitas a enchentes e inundaes peridicas;

    ---

    Art. 3; XXIII faixa de passagem de inundao:

    rea de vrzea ou plancie de inundao adjacente

    a cursos dgua que permite o escoamento da

    enchente;

    ---

    O texto do Senado acrescenta os conceitos de vrzea e plancie de inundao, bem

    como o de faixa de passagem de inundao, o que condiz com o acrscimo do art. 4, 7, a

    tratar das reas de Preservao Permanente urbanas nestas faixas de inundao (dispositivo

    este inexistente no texto da Cmara).

    Art. 3; XXIV reas midas: superfcies

    terrestres cobertas de forma peridica por guas,

    cobertas originalmente por florestas ou outras

    formas de vegetao adaptadas inundao;

    ---

    O Texto do Senado acrescenta o conceito de reas midas, o que condiz com o

    acrscimo do inciso II no art. 6 do texto, prescrevendo ser a rea mida possvel causa para

    decretao de APP pelo chefe do poder executivo.

    Art. 3; XXV crdito de carbono vegetal: ttulo

    de direito sobre bem intangvel e incorpreo,

    transacionvel aps o devido registro junto ao

    rgo competente;

    ---

    O texto do Senado acrescenta o conceito de crdito de carbono vegetal, prevendo na

    lei este bem transacionvel, o que inegvel tendncia mundial. No entanto, o texto somente

    conceitua, no regulamenta questo. No h necessidade de o Cdigo Florestal trazer este

    conceito, que deve ficar a cargo de lei especfica a tratar sobre o tema, no somente o

    conceituando, mas regulamentando a questo.

    Art. 3; XXVI relevo ondulado: expresso

    geomorfolgica usada para designar rea

    caracterizada por movimentaes do terreno que

    geram depresses, cuja intensidade permite sua

    classificao como relevo suave ondulado,

    ondulado, fortemente ondulado e montanhoso.

    ---

    O texto do Senado acrescenta o conceito de relevo ondulado, o que condiz com a

    modificao do inciso IX, art. 4 do texto, o que ser melhor analisado infra.

  • Art. 3; Pargrafo nico. Para os fins desta Lei

    estende-se o tratamento dispensado aos imveis a

    que se refere o inciso V deste artigo s

    propriedades e posses rurais com at 4 (quatro)

    mdulos fiscais que desenvolvam atividades

    agrossilvipastoris, bem como s terras indgenas

    demarcadas e s demais reas tituladas de povos e

    comunidades tradicionais que faam uso coletivo

    do seu territrio.

    Art. 3; Pargrafo nico. Para os fins desta Lei,

    estende-se o tratamento dispensado aos imveis a

    que se refere o inciso IX deste artigo s terras

    indgenas demarcadas e s demais reas tituladas

    de povos e comunidades tradicionais que faam

    uso coletivo do seu territrio.

    O texto do Senado apresenta significativa mudana na medida em que estende o

    tratamento dispensado as propriedades e posses familiares a todas as propriedades com at

    quatro mdulos fiscais que desenvolvam atividades agrossilvipastoris.

    Desta forma, a propriedade com at 4 mdulos fiscais, ou seja, a pequena propriedade

    rural, independentemente se familiar ou no, desde que desenvolva atividades

    agrossilvipastoris, ter o tratamento beneficiado dispensado a agricultura familiar.

    Surge assim um considervel contra senso normativo. Isto porque o inciso V define a

    pequena propriedade ou posse rural familiar como aquela explorada mediante o trabalho

    pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural que atenda ao disposto no art. 3

    da Lei n 11.326/06.

    O art. 3 da Lei 11.326/06 prescreve como um dos requisitos a caracterizar como familiar

    a posse ou propriedade que no tiverem rea superior a quatro mdulos fiscais.

    Ou seja, para se enquadrar no inciso V e ser considerada agricultura familiar seria

    necessrio o preenchimento de cinco requisitos:

    - rea explorada pelo trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar

    rural (Art. art. 2, V, Senado)

    - no detenha, a qualquer ttulo, rea maior do que 4 (quatro) mdulos fiscais (art. 3, I,

    Lei 11.326/06);

    - utilize predominantemente mo-de-obra da prpria famlia nas atividades econmicas

    do seu estabelecimento ou empreendimento; (art. 3, II, Lei n 11.326/06)

    - tenha percentual mnimo da renda familiar originada de atividades econmicas do seu

    estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; (art.

    3,III, Lei n 11.326/06)

    - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua famlia. (art. 3,III, Lei n

    11.326/06)

    Preenchidos estes cinco requisitos, ter-se- o enquadramento no inciso V do art. 2,

    Senado, caracterizando-se a posse ou propriedade familiar. No entanto, basta o

    preenchimento do segundo requisito (rea no superior a quatro mdulos fiscais) para que se

    tenha o mesmo tratamento do agricultor familiar.

    Ou seja, todo e qualquer pequeno produtor (rea igual ou inferior a quatro mdulos

    fiscais), familiar ou no, desde que desenvolva atividades agrossilvipastoris, ter os benefcios

    legislativos destinados agricultura familiar. Isto torna de uma inutilidade gritante a definio

  • do inciso V, art. 2, Senado, visto que preenchido o requisito ligado ao tamanho da rea,

    desnecessria a anlise dos demais.

    Em sntese, o texto do Senado estende o tratamento diferenciado a todo e qualquer

    pequeno produtor, sendo irrelevante a verificao de ser a posse ou propriedade familiar ou

    no. J o texto da Cmara, neste momento, apenas protege o agricultor familiar, no

    estendendo os benefcios pequena propriedade que no seja desta forma explorada.

    Ressalta-se que o art. 13, 7, Cmara, garante benefcios atinentes a reserva legal a toda e

    qualquer pequena propriedade, inexigindo neste ponto a caracterizao familiar.

    O critrio da diferenciao de tratamento baseado no tamanho da propriedade ou na

    caracterizao como familiar criticvel do ponto de vista ambiental; pois a proteo ao meio

    ambiente independe desses fatores. Melhor seria que o critrio adotado fosse o do impacto

    ambiental das atividades exercidas, sendo beneficiadas as menos impactantes. No entanto, a

    norma possui carter social e econmico, tambm facetas do desenvolvimento sustentvel,

    razo pelo qual se favorece o pequeno produtor e o familiar, presumindo sua hipossuficincia

    econmica e o menor impacto de suas atividades.

    Por fim, cumpre destacar a grande divergncia que h quanto ao clculo dos mdulos

    fiscais de uma propriedade a enquadr-la em pequena, mdia ou grande, divergncia esta que

    no foi sanada por nenhum dos textos em debate.

    Para alguns, para clculo dos modos fiscais, aplicar-se-iam as disposies tributarias do

    Decreto n. 84.685/80, excluindo-se do cmputo as reas no aproveitveis da propriedade.

    Para outros, a rea total da propriedade, utilizvel ou no, seria a base de clculo.

    Note que, pelo entendimento da primeira corrente, uma propriedade de rea superior a

    quatro vezes o mdulo fiscal do municpio poder ser considerada pequena, desde que possua

    rea no utilizvel (definidas no art. 6, Decreto n. 84.685/80).

    Contudo, o Supremo Tribunal Federal, em recente deciso mudou o seu posicionamento

    anteriormente adotado, firmando entendimento favorvel segunda corrente, pela qual, para

    fins agrrios, para o clculo de mdulos fiscais de uma propriedade, divide-se sua rea total

    pelo mdulo fiscal do municpio em que se encontra, considerando as reas no utilizveis.2

    No entanto, como sabido, a deciso do Supremo no vincula o judicirio, perdendo o

    legislador uma grande oportunidade de dirimir a controvrsia, trazendo para a lei a forma de

    clculo dos mdulos fiscais de uma propriedade.

    2 Brasil Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinrio 603859 GO. Disponvel em

    http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/17702567/recurso-extraordinario-re-603859-go-stf. Acesso em 27 de janeiro de 2012.

  • CAPTULO II

    DAS REAS DE PRESERVAO

    PERMANENTE

    CAPTULO II

    DAS REAS DE PRESERVAO

    PERMANENTE

    Seo I

    Da Delimitao das reas de Preservao

    Permanente

    Seo I

    Da Delimitao das reas de Preservao

    Permanente Art. 4 Considera-se rea de Preservao

    Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os

    efeitos desta Lei:

    Art. 4 Considera-se rea de Preservao

    Permanente, em zonas rurais ou urbanas, pelo s

    efeito desta Lei:

    Art. 4; I as faixas marginais de qualquer curso dgua natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mnima de:

    a) 30 (trinta) metros, para os cursos dgua de menos de 10 (dez) metros de largura;

    b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos

    dgua que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;

    c) 100 (cem) metros, para os cursos dgua que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos)

    metros de largura;

    d) 200 (duzentos) metros, para os cursos dgua que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;

    e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos

    dgua que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;

    Art. 4; I - as faixas marginais de qualquer curso d'gua natural,

    desde a borda da calha do leito regular, em largura

    mnima de:

    a) 30 (trinta) metros, para os cursos d'gua de

    menos de 10 (dez) metros de largura, observado o

    disposto no art. 35;

    b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d'gua que

    tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

    largura;

    c) 100 (cem) metros, para os cursos d'gua que

    tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;

    d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d'gua que

    tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos)

    metros de largura;

    e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d'gua

    que tenham largura superior a 600 (seiscentos)

    metros de largura;

    Art. 4; II as reas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mnima de:

    a) 100 (cem) metros, em zonas rurais,

    exceto para o corpo dgua com at 20 (vinte) hectares de superfcie, cuja faixa marginal ser de 50 (cinquenta) metros;

    b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

    Art. 4; II as reas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mnima de:

    a) 100 (cem) metros, em zonas rurais,

    exceto para o corpo dgua com at 20 (vinte) hectares de superfcie, cuja faixa marginal ser de 50 (cinquenta) metros;

    b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

    Art. 4; III as reas no entorno dos reservatrios dgua artificiais, na faixa definida na licena ambiental do empreendimento, observado o

    disposto nos 1 e 2;

    Art. 4; III - as reas no entorno dos reservatrios

    dgua artificiais, na faixa definida na licena ambiental do empreendimento, observado o

    disposto nos 1 e 2;

    Art. 4; IV as reas no entorno das nascentes e dos olhos dgua, qualquer que seja a sua situao topogrfica, no raio mnimo de 50 (cinquenta)

    metros;

    Art. 4; IV as reas no entorno das nascentes e dos olhos d'gua, qualquer que seja a sua situao

    topogrfica, no raio mnimo de 50 (cinquenta)

    metros;

    Art. 4; V as encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100%

    (cem por cento) na linha de maior declive;

    Art. 4; V as encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100%

    (cem por cento) na linha de maior declive;

    Art. 4; VI as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

    Art. 4; VI - nas restingas, como fixadoras de

    dunas ou estabilizadoras de mangues;

    Art. 4; VII os manguezais, em toda a sua extenso;

    ---

    O texto da Cmara no prev os manguezais em toda sua extenso, como APP,

    fazendo-o somente para as restingas fixadoras de mangue.

    Os mangues so ecossistemas de grande importncia ecolgica, social e econmica e a

    necessidade de sua preservao irrefutvel em funo de sua alta vulnerabilidade. Esto

    entre os ecossistemas mais produtivos do mundo, constituindo grande importncia para a

    economia marinha em diferentes setores e a principal fonte de subsistncia de populaes

  • tradicionais. Habitat de uma mirade de espcies da fauna e flora que ali instituem seu

    berrio. As funes ecolgicas dos mangues vo alm: protegem a linha de costa contra

    eroso, previnem as inundaes e protegem contra tempestades; mantm a biodiversidade da

    regio costeira, entre outras3. A preservao dos mangues se defronta atualmente com a

    poluio proveniente do petrleo, lixo urbano e esgoto, que se acumulam nestes locais

    alterando fortemente a sua dinmica ecolgica.

    Art. 4, VIII as bordas dos tabuleiros ou chapadas, at a linha de ruptura do relevo, em faixa

    nunca inferior a 100 (cem) metros em projees horizontais;

    Art. 4; VII as bordas dos tabuleiros ou chapadas, at a linha de ruptura do relevo, em faixa

    nunca inferior a 100 (cem) metros em projees horizontais;

    Art. 4; IX no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mnima de 100

    (cem) metros e inclinao mdia maior que 25, as

    reas delimitadas a partir da curva de nvel

    correspondente a 2/3 (dois teros) da altura mnima

    da elevao sempre em relao base, sendo esta

    definida pelo plano horizontal determinado por

    plancie ou espelho dgua adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais

    prximo da elevao;

    Art. 4; VIII - no topo de morros, montes,

    montanhas e serras, com altura mnima de 100

    (cem) metros e inclinao mdia maior que 25, em

    reas delimitadas a partir da curva de nvel

    correspondente a 2/3 (dois teros) da altura mnima

    da elevao sempre em relao base, sendo esta

    definida pelo plano horizontal determinado pela

    cota do ponto de sela mais prximo da elevao;

    O texto do Senado prev de forma expressa como se caracterizar o topo de morro em

    relevos no ondulados, apontando como referencial a plancie ou espelho dgua adjacente. O

    texto da Cmara somente prev de forma expressa o parmetro para a base dos relevos

    ondulados, que o mesmo em ambos os projetos: cota do ponto de sela mais prximo da

    elevao.

    A discusso tcnica sobre o tema antiga, desde a definio dos termos s

    metodologias para se determinar os limites destas reas. Deste modo, a adio destes

    parmetros no contribuiu para a soluo do problema. Alm disso, o aumento da restrio

    para a classificao dos topos como APP (em relao ao cdigo vigente) extinguir a grande

    maioria destas reas, haja visto que, em termos prticos, dificilmente se encontram nos

    relevos ondulados morros com inclinao mdia superior a 25 e altura de 100 metros. Outra

    grande implicao est na definio da base, definida pela cota do ponto de sela mais

    prximo da elevao. comum nesses relevos que haja topos agrupados, e o ponto de sela

    mais prximo deles no representa exatamente sua base.

    3 COELHO, C. J.; SCHAEFFER-NOVELLI Y.; TOGNELLA-DE-ROSA, M. Manguezais. So Paulo: tica, 2002.

  • Art. 4; X as reas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a

    vegetao;

    Art. 4; IX em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetao.

    Art. 4; XI em veredas, a faixa marginal, em projeo horizontal, com largura mnima de 50

    (cinquenta) metros, delimitada a partir do espao

    brejoso e encharcado.

    ---

    O texto do Senado acrescenta as veredas como reas de Preservao Permanente, o

    que no feito pelo texto da Cmara. Este somente permite que o chefe do executivo decrete

    como APP rea destinada a proteo de veredas (art. 6, II, Cmara).

    So sistemas midos que desempenham importante papel no controle do fluxo do

    lenol fretico, garantindo o equilbrio hidrolgico dos cursos dgua no ambiente do Cerrado4.

    Constituem ambientes de nascentes das fontes hdricas, importantes na perenidade dos cursos

    dgua que compem a rede hdrica, local e regional 2;5. As veredas, ou buritizais, se formam

    em locais onde h um solo mais argiloso sobre outro mais impermevel, em reas

    hidromrficas. Esta condio proporciona a saturao do solo, indispensvel para o

    desenvolvimento do buriti.

    importante ressaltar o quanto este ambiente frgil, sendo fortemente alterado

    pelas aes antrpicas, tais como drenagens, estradas, barragens. A alterao na umidade do

    solo e a reduo dos teores de matria orgnica, alm da mortalidade dos buritis, so

    indicadores de danos neste sistema. As veredas tambm so a fonte de uma rica cultura,

    composta por uma populao ribeirinha que v no buriti uma planta sagrada. Dela, os

    veredeiros constroem suas casas, obtm alimento, mveis e at instrumentos musicais. A

    histria deste povo est estreitamente ligada a este ecossistema e a conservao do mesmo

    diz respeito sua dignidade e histria.

    4 [10] RAMOS, M. V. V.; CURI, N.; MOTTA, P. E. F.; VITORINO, A. C. T.; FERREIRA, M. M.; SILVA, M. L. N. 2006. Veredas do Tringulo Mineiro: Solos, gua e Uso. Cincias Agrotcnicas, Lavras, v. 30, n. 2, p. 283-293. 5 [8] MELO, D. R. de. AS VEREDAS NOS PLANALTOS DO NOROESTE MINEIRO ;Caracterizaes pedolgicas

    e os aspectos morfolgicos e evolutivos. Mar.1993.218f. Dissertao (Mestrado)- Departamento de Geografia e Planejamento Regional do IGCE, UNESP, Campus de Rio Claro, Rio Claro, So Paulo, 1992.

  • Art. 4; 1 No se aplica o previsto no inciso III

    nos casos em que os reservatrios artificiais de

    gua no decorram de barramento ou represamento

    de cursos dgua.

    Art. 4; 1 No se aplica o previsto no inciso III

    nos casos em que os reservatrios artificiais de

    gua no decorram de barramento ou represamento

    de cursos d' gua.

    Art. 4; 2 No entorno dos reservatrios

    artificiais situados em reas rurais, com at 20

    (vinte) hectares de superfcie, a rea de

    preservao permanente ter, no mnimo, 15

    (quinze) metros.

    Art. 4; 2 No entorno dos reservatrios

    artificiais situados em reas rurais, com at 20

    (vinte) hectares de superfcie, a rea de

    preservao permanente ter, no mnimo, 15

    (quinze) metros.

    Art. 4; 3 No considerada rea de

    Preservao Permanente a vrzea fora dos limites

    previstos no inciso I, exceto quando ato do Poder

    Pblico dispuser em contrrio, nos termos do

    inciso II do art. 6.

    Art. 4; 3 No considerada rea de

    Preservao Permanente a vrzea fora dos limites previstos no inciso I, exceto quando ato do poder

    pblico dispuser em contrrio nos termos do inciso

    III do art. 6, bem como salgados e apicuns em sua

    extenso.

    O texto da Cmara de forma indireta coloca os salgados e apicuns como APPs de

    vrzea, na medida em que no considera APP a vrzea fora dos limites previstos no inciso I,

    exceto se forem salgados e apicuns (caso em que sero consideradas APPs).

    Alm de confusa, a redao no tcnica, visto que confunde os conceitos de vrzea,

    salgado e apicum.

    J o texto do Senado reservou um captulo (IV) para disciplinar o uso ecologicamente

    sustentvel dos apicuns e salgados, pelo que retirou a exceo a no caracterizao da APP de

    vrzea do texto da Cmara.

    Art. 4; 4 Nas acumulaes naturais ou

    artificiais de gua com superfcie inferior a 1 (um)

    hectare dispensada a reserva da faixa de proteo

    prevista nos incisos II e III do caput, desde que no

    impliquem nova supresso de reas de vegetao

    nativa.

    Art. 4; 4 Nas acumulaes naturais ou

    artificiais de gua com superfcie inferior a 1 (um)

    hectare, fica dispensada a reserva da faixa de

    proteo prevista nos incisos II e III do caput.

    O texto do Senado acrescentou a parte final para reforar a idia de proteo da mata

    nativa existente, impedindo sua supresso; idia esta presente em vrios dispositivos, tanto do

    texto da Cmara, quanto do Senado.

    Soa muito bem o anseio de proteo da mata nativa existente, no entanto, quando se

    analisa a questo mais detalhadamente, tem-se que a norma acabou premiando aqueles que

    no passado no a preservaram. Quem descumpriu a anterior legislao poder continuar

    utilizando a rea, quem a cumpriu dever continuar no utilizando. Talvez seja um mal

    necessrio.

  • Art. 4; 5 admitido, para a pequena

    propriedade ou posse rural familiar, de que trata o

    inciso V do art. 3 desta Lei, o plantio de culturas

    temporrias e sazonais de vazante de ciclo curto, na

    faixa de terra que fica exposta no perodo de

    vazante dos rios ou lagos, desde que no implique

    supresso de novas reas de vegetao nativa, seja

    conservada a qualidade da gua e do solo e seja

    protegida a fauna silvestre.

    Art. 4; 5 admitido o plantio de culturas

    temporrias e sazonais de vazante de ciclo curto, na

    faixa de terra que fica exposta no perodo de

    vazante dos rios ou lagos, desde que no implique

    supresso de novas reas de vegetao nativa, e

    seja conservada a qualidade da gua.

    O texto da Cmara permite o plantio de culturas temporrias e sazonais de vazante de

    ciclo curto para toda e qualquer propriedade. J o texto do Senado restringe a permisso to

    somente pequena propriedade ou posse rural familiar (lembrando que, consoante o

    pargrafo nico do art. 3, Senado, estende o benefcio a toda e qualquer pequena

    propriedade, ou seja, a toda propriedade que no tenha rea superior 4 mdulos fiscais).

    Ainda, foi acrescida a necessidade de se conservar a qualidade do solo (e no somente

    da gua) e proteger a fauna, ampliando o mbito de proteo ambiental normativa.

    Art. 4; 6 Nos imveis rurais com at 15

    (quinze) mdulos fiscais, admitida, nas reas de

    que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a

    prtica da aquicultura e a infraestrutura fsica

    diretamente a ela associada, desde que:

    ---

    Art. 4; 6, I sejam adotadas prticas sustentveis de manejo de solo e gua e de recursos

    hdricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de

    acordo com norma dos Conselhos Estaduais de

    Meio Ambiente;

    ---

    Art. 4; 6, II esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de gesto de recursos hdricos;

    ---

    Art. 4; 6, III seja realizado o licenciamento pelo rgo ambiental competente;

    ---

    Art. 4; 6, IV no implique novas supresses de vegetao nativa;

    ---

    Art. 4; 6, V o imvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

    ---

    O texto do Senado veio a permitir nas pequenas e mdias propriedades (de rea total

    no superior a quatro e quinze mdulos fiscais, respectivamente) a prtica da aquicultura nas

    APPs de lagos e reservatrios, desde que preenchidos os requisitos legais. A permisso no

    esta presente no texto da Cmara.

  • Art. 4; 7 Em reas urbanas, as faixas marginais

    de qualquer curso dgua natural que delimitem as reas da faixa de passagem de inundao tero sua

    largura determinada pelos respectivos Planos

    Diretores e Leis de Uso do Solo, ouvidos os

    Conselhos Estaduais e Municipais de Meio

    Ambiente, sem prejuzo dos limites estabelecidos

    pelo inciso I do caput deste artigo.

    ---

    Art. 4; 8 No caso de reas urbanas e regies

    metropolitanas, observar-se- o disposto nos

    respectivos Planos Diretores e Leis Municipais de Uso do Solo, sem prejuzo do disposto nos incisos

    do caput deste artigo.

    ---

    O texto do Senado acrescenta os 7 e 8 a tratar sobre as APPs em reas urbanas,

    trazendo disposies semelhantes ao art. 2, pargrafo nico da Lei 4.771/65. Inclusive,

    incorrendo no mesmo erro: redao dbia a gerar grande divergncia quanto aplicao dos

    parmetros legais em reas urbanas.

    A divergncia sobre o tema muito se deve interpretao destoante de dispositivos

    do Cdigo Florestal, principalmente do pargrafo nico de seu artigo segundo. De

    acordo com a corrente mais conservadora, o referido pargrafo nico serviria para

    impor, alm das restries porventura estabelecidas no plano diretor, a observncia

    tambm das limitaes (mnimas) previstas no caput do artigo 2; para outros, o

    mencionado dispositivo do Cdigo Florestal imporia um patamar de proteo mximo

    (teto) a que se subordinaria o plano diretor; e, no entender de uma terceira corrente,

    o Cdigo Florestal simplesmente no se aplicaria s reas urbanas, que seriam

    disciplinadas pelo plano diretor e leis de uso e ocupao do solo. 6

    Esta divergncia ir continuar, visto a semelhana de redao entre os dispositivos do

    Senado e dispositivo do Cdigo Florestal de 1965, que permitem diversas interpretaes.

    A crtica doutrinria Lei 4.771/65 perfeitamente aplicvel ao texto do Senado:

    "A redao da parte final do texto deste pargrafo nico incoerente e contradiz o seu

    prprio contedo e significado, pois a determinao de serem respeitados os

    princpios e limites a que se refere este artigo torna absolutamente intil o estatudo

    no restante deste pargrafo nico. Bastaria a supresso do pargrafo para fazer

    prevalecer os princpios e limites a que se refere este artigo. Este pargrafo s se

    justifica, e adquire sentido, se for para excepcionar dos princpios e limites deste artigo

    as faixas situadas ao longo dos rios e cursos dgua em reas urbanas e nas regies

    metropolitanas e aglomeraes urbanas."7

    6 DAMIS, Roberta Casali Bahia; ANDRADE, Tas de Souza. A inaplicabilidade do Cdigo Florestal em rea

    urbana. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1134, 9 ago. 2006. Disponvel em: . Acesso em: 26 jan. 2012. 7 11 Lomar, P. J. V. O Parcelamento do Solo para Fins Urbanos (Lei n 6.766, de 19 de dezembro de 1979, com as inovaes da Lei n 9.785, de 29 de janeiro de 1999). In As Leis Federais mais importantes de Proteo ao Meio Ambiente comentadas. Moraes, R. J., Azevedo, M. G. de L. e Delmanto, F. M. de A. (coordenadores). Rio de Janeiro: Renovar, 2005. (Pgs. 69 e 70)

  • Interessante observar que o caput de ambos os dispositivos prescrevem considerar

    reas de APP em zonas rurais ou urbanas. No entanto, no texto da Cmara no h os 7 e

    8, o que diminui a margem interpretativa no sentido de no serem os parmetros legais

    aplicveis s zonas urbanas.

    Contudo, seja qual for o texto aprovado, a discusso ir continuar, perdendo o

    legislador uma boa oportunidade de esclarecer a questo.

    Art. 5 Na implantao de reservatrio dgua artificial destinado a gerao de energia ou

    abastecimento pblico, obrigatria a aquisio, desapropriao ou instituio de servido

    administrativa pelo empreendedor das reas de

    Preservao Permanente criadas em seu entorno,

    conforme estabelecido no licenciamento ambiental,

    observando-se a faixa mnima de 30 (trinta) metros

    e mxima de 100 (cem) metros em rea rural e a

    faixa mnima de 15 (quinze) metros em rea

    urbana.

    Art. 5 Na implementao de reservatrio dgua artificial destinado a gerao de energia ou

    abastecimento pblico, obrigatria a aquisio, desapropriao ou instituio de servido

    administrativa pelo empreendedor das reas de

    Preservao Permanente criadas em seu entorno,

    conforme estabelecido no licenciamento ambiental,

    observando-se a faixa mnima de 30 (trinta) metros

    e mxima de 100 (cem) metros em rea rural e a

    faixa mnima de 15 (quinze) metros em rea

    urbana.

    Art. 5; 1 Na implantao de reservatrios

    dgua artificiais de que trata o caput, o empreendedor, no mbito do licenciamento

    ambiental, elaborar Plano Ambiental de Conservao e Uso do Entorno do Reservatrio,

    em conformidade com termo de referncia

    expedido pelo rgo competente do Sistema

    Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), no

    podendo exceder a 10% (dez por cento) da rea

    total do entorno.

    Art. 5; 1 Na implantao de reservatrios

    dgua artificiais de que trata o caput, o empreendedor, no mbito do licenciamento

    ambiental, elaborar Plano Ambiental de Conservao e Uso do Entorno do reservatrio, em

    conformidade com termo de referncia expedido

    pelo rgo competente do Sisnama, no podendo

    exceder a 10% (dez por cento) da rea total do

    entorno.

    Art. 5; 2 O Plano Ambiental de Conservao e

    Uso do Entorno de Reservatrio Artificial, para os

    empreendimentos licitados a partir da vigncia

    desta Lei, dever ser apresentado ao rgo

    ambiental concomitantemente com o Plano Bsico

    Ambiental e aprovado at o incio da operao do empreendimento, no constituindo a sua ausncia

    impedimento para a expedio da licena de

    instalao.

    Art. 5; 2 O Plano Ambiental de Conservao e

    Uso do Entorno de Reservatrio Artificial, para os

    empreendimentos licitados a partir da vigncia

    desta Lei, dever ser apresentado ao rgo

    ambiental concomitantemente com o Plano Bsico

    Ambiental e aprovado at o incio da operao do empreendimento, no constituindo a sua ausncia

    impedimento para a expedio da licena de

    instalao.

    Art. 5; 3 O Plano Ambiental de Conservao e

    Uso do Entorno de Reservatrio Artificial poder

    indicar reas para implantao de parques

    aqucolas e polos tursticos e de lazer no entorno do

    reservatrio, de acordo com o que for definido nos

    termos do licenciamento ambiental, respeitadas as

    exigncias previstas nesta Lei.

    Art. 5; 3 O Plano Ambiental de Conservao e

    Uso do Entorno de Reservatrio Artificial poder

    indicar reas para implantao de parques

    aqucolas, polos tursticos e de lazer no entorno do

    reservatrio, de acordo com o que for definido nos

    termos do licenciamento ambiental, respeitadas as

    exigncias previstas nesta Lei.

    Obs.: o pargrafo 4 do texto da Cmara foi substitudo pelo art. 63 do Senado, que ser

    analisado infra, visto que este trabalho segue a ordem cronolgica dos dispositivos do Senado.

  • Art. 6 Consideram-se, ainda, de preservao

    permanente, quando declaradas de interesse social

    por ato do Chefe do Poder Executivo, as reas

    cobertas com florestas ou outras formas de

    vegetao destinadas a uma ou mais das seguintes

    finalidades:

    Art. 6 Consideram-se, ainda, de preservao

    permanente, quando assim declaradas por ato do

    Poder Executivo que delimite a sua abrangncia,

    por interesse social, as reas cobertas com florestas

    ou outras formas de vegetao destinada a uma ou

    mais das seguintes finalidades:

    Art. 6; I conter a eroso do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;

    Art. 6; I conter a eroso do solo, mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;

    Art. 6; II proteger reas midas;

    Art. 6; II proteger as restingas ou veredas; Art. 6; III proteger vrzeas;

    O texto do Senado apresenta o gnero, reas midas, dos quais so espcies, dentre

    outras, as restingas, vrzeas e veredas.

    Art. 6 III abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaados de extino;

    Art. 6 IV abrigar exemplares da fauna ou flora ameaados de extino;

    Art. 6; IV proteger stios de excepcional beleza ou de valor cientfico, cultural ou histrico;

    Art. 6; V proteger stios de excepcional beleza ou de valor cientfico ou histrico;

    Art. 6; V formar faixas de proteo ao longo de rodovias e ferrovias;

    Art. 6; VI formar faixas de proteo ao longo de rodovias e ferrovias;

    Art. 6; VI assegurar condies de bem-estar pblico;

    Art. 6; VII assegurar condies de bem-estar pblico;

    Art. 6; VII auxiliar a defesa do territrio nacional, a critrio das autoridades militares.

    Art. 6; VIII auxiliar a defesa do territrio nacional, a critrio das autoridades militares.

    Seo II

    Do Regime de Proteo das reas de

    Preservao Permanente

    Seo II

    Do Regime de Proteo das reas de

    Preservao Permanente

    Art. 7 A vegetao situada em rea de

    Preservao Permanente dever ser mantida pelo

    proprietrio da rea, possuidor ou ocupante a

    qualquer ttulo, pessoa fsica ou jurdica, de direito

    pblico ou privado.

    Art. 7 A vegetao situada em rea de

    Preservao Permanente dever ser mantida

    conservada pelo proprietrio da rea, possuidor ou

    ocupante a qualquer ttulo, pessoa fsica ou

    jurdica, de direito pblico ou privado.

    Art. 7; 1 Tendo ocorrido supresso de

    vegetao situada em rea de Preservao

    Permanente, o proprietrio da rea, possuidor ou

    ocupante a qualquer ttulo obrigado a promover a

    recomposio da vegetao, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei.

    Art. 7; 1 Tendo ocorrido supresso de

    vegetao situada em rea de Preservao

    Permanente, o proprietrio da rea, possuidor ou

    ocupante a qualquer ttulo obrigado a promover a

    recomposio da vegetao, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei.

    Art. 7; 2 A obrigao prevista no 1 tem

    natureza real e transmitida ao sucessor no caso de

    transferncia de domnio ou posse do imvel rural.

    Art. 7; 2 A obrigao prevista no 1 tem

    natureza real e transmitida ao sucessor no caso de

    transferncia de domnio ou posse do imvel rural.

    Art. 7; 3 No caso de supresso no autorizada

    de vegetao realizada aps 22 de julho de 2008,

    vedada a concesso de novas autorizaes de

    supresso de vegetao enquanto no cumpridas as

    obrigaes previstas no 1.

    Art. 7; 3 No caso de supresso no autorizada

    de vegetao realizada aps 22 de julho de 2008,

    vedada a concesso de novas autorizaes de

    supresso de vegetao enquanto no cumpridas as

    obrigaes previstas no 1.

    Art. 8 A interveno ou a supresso de vegetao

    nativa em rea de Preservao Permanente

    somente ocorrer nas hipteses de utilidade

    pblica, de interesse social ou de baixo impacto

    ambiental previstas nesta Lei.

    Art. 8 A interveno ou supresso de vegetao

    em rea de Preservao Permanente e a

    manuteno de atividades consolidadas at 22 de

    julho de 2008 ocorrero nas hipteses de utilidade

    pblica, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas em lei, bem como nas

    atividades agrossilvopastoris, ecoturismo e turismo

    rural, observado o disposto no 3.

    O art. 8 Cmara trata da rea rural consolidada em APP e da interveno em APP por

    interesse social, utilidade pblica e baixo impacto ambiental. No tangente a esta interveno, a

  • mudana foi to somente o acrscimo do termo nativa pelo Senado, como supra apontado,

    altera o foco principal de proteo normativa, mas no significa dizer que, em no havendo

    mata nativa, possa haver a utilizao de APP, at mesmo porque obrigatrio a recomposio

    da mata.

    No que refere-se configurao das reas rurais consolidadas em APP, as mudanas

    sero analisadas infra, visto que o texto do Senado separou a seo 2 do captulo XIV a tratar

    das reas rurais consolidadas em APP, e este trabalho segue a ordem cronolgica do texto do

    Senado.

    Art. 8; 1 A supresso de vegetao nativa

    protetora de nascentes, dunas e restingas somente

    poder ser autorizada em caso de utilidade pblica.

    Art. 8; 5 A supresso de vegetao nativa

    protetora de nascentes, de dunas e de restingas

    somente poder ser autorizada em caso de utilidade

    pblica.

    Note que, neste ponto, ambos os textos trazem a expresso nativa, o que indica que

    a omisso do termo nos demais dispositivos da Cmara, parece ter sido mais fruto de

    esquecimento do que intencional.

    Art. 8; 2 A interveno ou a supresso de vegetao nativa em rea de Preservao

    Permanente de que tratam os incisos VI e VII do

    caput do art. 4 poder ser autorizada,

    excepcionalmente, em locais onde a funo

    ecolgica do manguezal esteja comprometida, para

    execuo de obras habitacionais e de urbanizao,

    inseridas em projetos de regularizao fundiria de

    interesse social, em reas urbanas consolidadas

    ocupadas por populao de baixa renda.

    Art. 8; 6 A interveno ou supresso de vegetao nativa em rea de Preservao

    Permanente de que trata o inciso VI do art. 4

    poder ser autorizada excepcionalmente em locais

    onde a funo ecolgica do manguezal esteja

    comprometida, para execuo de obras

    habitacionais e de urbanizao, inseridas em

    projetos de regularizao fundiria de interesse

    social, em reas urbanas consolidadas ocupadas por

    populao de baixa renda.

    O texto do Senado acrescenta o inciso VII (APP de mangue) em consonncia com a

    criao desta modalidade de APP, no existente diretamente no texto da Cmara.

    Art. 8; 3 dispensada a autorizao do rgo

    ambiental competente para a execuo, em carter

    de urgncia, de atividades de segurana nacional e

    obras de interesse da defesa civil destinadas preveno e mitigao de acidentes em reas

    urbanas.

    ---

    Atento as miditicas catstrofes urbanas, o texto do Senado explicitou a

    desnecessidade de autorizao do rgo ambiental competente para execuo, em carter de

    urgncia, de obras da defesa civil destinada preveno e mitigao de acidentes.

  • Art. 8; 4 No haver, em qualquer hiptese,

    direito regularizao de futuras intervenes ou

    supresses de vegetao nativa, alm dos previstos

    nesta Lei.

    ---

    bastante vlida a preocupao com a mata nativa remanescente em territrio ptrio,

    no entanto o dispositivo merece um olhar crtico.

    Em primeiro lugar, o acrscimo deste pargrafo parece ser fruto de uma falsa idia de

    que o Novo Cdigo permissivo ao mximo, atendendo todos os anseios dos produtores

    rurais, pelo que agora basta, nenhuma interveno extra poder ser posteriormente

    regulamentada. Isso no verdade, visto que, tanto o projeto da Cmara, quanto o do Senado,

    no apresentam significativas alteraes em relao ao Cdigo Florestal de 1965 e o impasse

    continuar.

    Em segundo lugar, a previso legal intil, visto que nada impede que lei posterior a

    revogue, permitindo novas supresses. E, em se tratando de Brasil, bastante provvel que isto

    venha a ocorrer. Por exemplo, em Minas Gerais, a Lei. 14.309/02, de duvidosa

    constitucionalidade (o que no compete aqui transcorrer), estipula como termo final para a

    configurao da rea rural consolidada a data 19 de junho de 2002, termo este que ser

    ampliado pelo Novo Cdigo, havendo exatamente o direito regularizao de futuras

    intervenes.

    A idia seria mais eficazmente atendida por meio de eme