24-3-2010 debate sobre o novo codigo florestal brasileiro
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CMARA DOS DEPUTADOS
DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISO E REDAO
NCLEO DE REDAO FINAL EM COMISSES
TEXTO COM REDAO FINAL
COMISSO DA AMAZNIA, INTEGRAO NACIONAL E DESENVOLVIMENTO REGIONALEVENTO: Audincia Pblica N: 0219/10 DATA: 24/03/2010INCIO: 11h12min TRMINO: 13h50min DURAO: 02h37minTEMPO DE GRAVAO: 02h37min PGINAS: 58 QUARTOS: 32
DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAO
SUMRIO: Debate sobre o novo Cdigo Florestal Brasileiro.
OBSERVAES
Houve exibio de imagens.Houve intervenes fora do microfone. Inaudveis.
Houve intervenes simultneas ininteligveis.
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CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Declaro aberta a presente
reunio de audincia pblica, promovida pela Comisso da Amaznia, Integrao
Nacional e Desenvolvimento Regional em atendimento ao Requerimento n 644, de2010, de autoria dos Deputados Sergio Peteco e deste Parlamentar, para debater o
novo Cdigo Florestal Brasileiro.
Inicialmente, gostaria de cumprimentar todos os presentes, em especial os
senhores expositores.
Convido para compor a Mesa o Exmo. Sr. Deputado Moacir Micheletto,
Presidente da Comisso Especial que analisa o novo Cdigo Florestal, e o Exmo. Sr.
Deputado Aldo Rebelo, ex-Presidente desta Casa e Relator daquela Comisso.Dando continuidade presente reunio, informo que a lista de inscrio para
os debates encontra-se sobre a mesa.
O Parlamentar que desejar interpelar os expositores dever dirigir-se
primeiramente Mesa e registrar o seu nome.
Esclareo aos nobres expositores e aos Srs. Parlamentares que a reunio
est sendo gravada para posterior transcrio e, por isso, solicito que, durante suas
exposies, falem ao microfone.Informo ainda que os convidados no podero ser aparteados no decorrer de
sua exposio. Somente depois de encerradas as exposies, os Deputados
podero fazer suas interpelaes, tendo cada um o prazo de 3 minutos e o
interpelado igual tempo para responder, facultadas rplica e trplica pelo mesmo
tempo.
Os apartes e interpelaes devero ser feitos estritamente quanto ao assunto
objeto da convocao, nos termos regimentais.
Vou aguardar o Deputado Aldo Rebelo. Ele est dando entrevista. Em s um
minutinho, passaremos palavra ao Deputado Moacir Micheletto, Presidente da
Comisso, para a sua exposio.
Com a palavra, o Deputado Moacir Micheletto.
O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO - Bom, eu quero cumprimentar o
nosso Presidente Marcelo Serafim, da Comisso da Amaznia, o nosso Relator Aldo
Rebelo, os Srs. Parlamentares, as senhoras e senhores presentes.
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A convite, inclusive, desta Comisso, ou melhor, desta Frente, vou usar um
resumo de mais ou menos 20 minutos para tentar dar um enfoque de como estamos
discutindo o novo Cdigo Florestal Brasileiro. lgico que, depois, o Relator vaifazer suas observaes naquilo que ns vimos.
J percorremos 18 Estados brasileiros, fizemos audincias pblicas em todos
os biomas e estamos encerrando hoje, inclusive, com uma audincia pblica viu,
Perptua? com a presena dos nossos lderes dos seringais do Acre e do nosso
Governador do Piau, Wellington Dias. Depois, na segunda-feira, teremos uma
audincia pblica eminentemente tcnica na cidade de Curitiba, l na EMBRAPA
Florestas.Vou ficar aqui na frente e fazer uma exposio rpida. Gostaria que algum
pudesse manusear ali o aparelho para eu falar com os senhores. (Pausa.)
(Segue-se exibio de imagens.)
Veio para o Congresso Nacional essa discusso to importante, e muito mais
importante a Frente da Amaznia discutir, inclusive, este bioma.
O que ns estamos tentando discutir dentro e fora do Congresso? Ns temos
uma legislao que sabemos ter um fundo fragmentado, tem um nmero e contedode mais de 16 mil leis, inclusive, vagando no Brasil hoje.
lamentvel que a minha outra... No, estou tentando colocar a minha
palestra. Estou focando inclusive os biomas, e no est a.
Ento, estamos aqui discutindo que ela fragmentada em nmero e
contedo. Estamos tentando ouvir todos nesse sentido. Ela tem carter um tanto
ideolgico, at por parte dos ruralistas e ambientalistas queremos, inclusive,
quebrar esse paradigma , e estamos tentando discutir que ela tem base cientfica.
Por isso que estamos discutindo isso hoje com a comunidade cientfica, com as
universidades, em sntese, com quem de direito. Ela independente da histria.
Ns estivemos, inclusive, na Amaznia conversando com a populao e com
as lideranas. Vimos que tudo o que est sendo implantado no tem um contedo,
no respeita a histria de como l foi desbravado, como aquele povo chegou h 30,
40 ou 100 anos. Ela tem um contedo muito incoerente com a realidade,
contradies. Essas contradies impossibilitam, inclusive, a sua implantao, e h
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a a ineficincia: no protege o ambiente e dificulta o desenvolvimento. Era uma lei
muito punitiva. Ela no tem carter educativo, mas um carter muito punitivo.
No cenrio mundial, podemos comentar que h possibilidade de escassez deprodutos agrcolas no mundo. Em razo disso, queremos o equilbrio entre o
produtivo e o ambiental.
O crescimento da populao mundial vai at 2025. Ento, vamos ter de
verificar isso no equilbrio entre o ambiental e o produtivo.
Aumento de renda dos pases asiticos. Estamos vendo que os pases so
altamente subsidiados nas suas aes, e aes externas implicam, inclusive, aes
internas, por meio da prpria lei.A retirada dos subsdios agrcolas pelos pases desenvolvidos tambm um
outro ponto que, se no tirarem, estaremos ali com os pases desenvolvidos
impondo regras para ns, a fim de que possamos cumpri-las sem passar pelo
Congresso Nacional.
Lamentavelmente, est faltando uma. Eu iniciava uma lmina mostrando que
a discusso do meio ambiente no apenas do homem do campo. A cidade vai ter
de participar dessa discusso, os grandes centros, porque quem polui o mundo no apenas a agricultura, impondo inclusive floresta, unidade produtiva...
Queremos mostrar que a cidade tambm polui. Se voc olhar l no Rio Tiet em So
Paulo e tantos outros, no o agricultor que est poluindo. Ento, temos de ter esse
conceito, temos de ter essa condio de mostrar que a cidade tambm tem de
participar dessa discusso.
Como que comeamos a discutir? Lamentavelmente, a minha palestra est
incompleta. A minha assessoria no viu. Eu comeava sempre com uma lmina
mostrando uma cidade e um rio. Depois, eu colocava o Brasil.
A Comisso, desde setembro do ano passado, comeou a discutir o meio
ambiente, discutir, atravs da Comisso Especial, os biomas. O Aldo est aqui e
pode at depois fazer um resumo. Ns visitamos todos os biomas do Brasil: o
Cerrado, a Caatinga, a floresta, os Pampas, a Mata Atlntica, o Pantanal. Ns
olhamos e ouvimos os Estados e ouvimos a populao que mora nesses biomas.
Ento, no possvel que tenhamos uma lei, uma lei nacional, que feita para
floresta. Temos de cumprir, inclusive, a no bioma do Sul, uma lei que venha traduzir
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na Mata Atlntica e tem de ser cumprida inclusive no bioma do Cerrado ou outro
bioma qualquer.
Ns procuramos facilitar isso na discusso, e no verdade o que est sendocolocado de que ns no estamos discutindo com a sociedade. Nunca! Estou aqui
no meu quinto mandato, vou para o sexto. Nunca vi um projeto ser to discutido e
to debatido a nvel nacional. No verdade o que se est apregoando por a.
Ento, essa discusso tomou uma dimenso, hoje, em que estamos
conseguindo fazer com que a prpria populao urbana saiba que o meio ambiente
no apenas floresta; biodiversidade, gua, sol, ar. Tudo isso estamos
discutindo.O novo Cdigo Florestal Brasileiro tem como princpio a poltica de gesto
territorial. Estamos tentando discutir a gesto territorial do Brasil dentro dos seus
biomas. Acho que esse o ponto importante da discusso, em que temos que ter o
meio ambiente tambm como marco decisivo para isso.
Vejam, este o nosso Brasil. Ns comeamos a visitar no , Aldo?
primeiro a Caatinga, l em cima, nas nossas Alagoas. Discutimos todo esse bioma,
ouvindo todos em audincias pblicas com durao de 8 horas; fizemos audinciaspblicas com a participao de mais de 5 ou 6 mil pessoas. Ento, dizer que no
estamos discutindo no verdadeiro.
Ns temos o relatrio, discutimos tudo o que h na Caatinga, na Mata
Atlntica, nos Campos Gerais do Rio Grande do Sul, o Pantanal, que foi o penltimo
que fizemos, inclusive em Corumb, no Cerrado e na Amaznia. Acho que tivemos
um retrato, que o Relator tem, para que possamos elaborar um bom relatrio e um
bom projeto.
Estrutura da lei federal, orientada pela cincia, tcnica e tecnologia. O que
queremos discutir? Estabelecer normas gerais que competem Unio, inclusive
cumprindo a Constituio de 1988, ou seja, definir a poltica valorizando o ativo
ambiental.
No possvel que l o nosso Par no , Asdrubal? , que a nossa
Amaznia no receba alguma coisa pelo seu ativo ambiental, j que uma regio
que, em certas partes, tem 98% da cobertura vegetal. Se h esse ativo ambiental,
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temos que discutir, e esta Casa que tem que discutir, e no adotar as normas, as
regras, inclusive internacionais, que se impem para ns.
Esta Casa tem que ter a responsabilidade de discutir tudo isso por meio deuma nova lei ambiental, determinar quais os bens que devem ser protegidos. Isto faz
parte da discusso: estabelecer os instrumentos para essa proteo, discutir o
zoneamento ecolgico e econmico h alguns Estados que j esto com eles
prontos e no podem ser implantados em funo ainda de no termos uma lei
nacional e instituir o pagamento por servios ambientais.
Se algum quer pegar 20% da minha rea, algum tem que pagar, porque
no pego 20% de quem tem automvel, de quem tem um apartamento, de quemtem uma casa na praia. Por que s ns, agricultores, temos que pagar? Por que na
Amaznia 80% tm que ficar em floresta? Se tem que ficar isso para que possamos
ajudar o planeta e o Pas, a sociedade vai ter que pagar.
Portanto, no s o agricultor que tem que discutir o problema. O que a
Amaznia est fazendo agora discutir isso. Instituir o pagamento por servios
ambientais, isso tem que ser estabelecido em lei, tem que ser discutido pelo
Congresso Nacional.Normas gerais.
A Unio limita estabelecer diretrizes do art. 24 da Constituio brasileira.
Cada Estado elabora seu zoneamento econmico e ecolgico e identifica suas
potencialidades, fragilidades e histrico de ocupao, para definir onde ficaro suas
reservas e em que proporo.
Senhores, no estamos inventando a roda. O que eles esto dizendo...
Inclusive os senhores viram que est colocada a tarja de exterminadores do futuro.
H pessoas que so exterminadoras do presente, e ns vamos a fundo isso, j
estamos comeando. Por qu? No admitem! Esta Casa est discutindo inclusive o
que est na Constituio brasileira. O art. 24 que est dizendo o que temos que
fazer.
Cada Estado tem que ter o seu zoneamento ecolgico e econmico. A
unidade de planejamento sai da propriedade e vai para o bioma, bacia ou Estado.
Acho que aqui parmetro tcnico e cientfico. a comunidade cientfica que est
dando isso para ns.
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No querem que se discuta isso? Ns vamos discutir sim, e quem vai aprovar
no a Comisso Especial. Ela pode aprovar, mas depois vai para o grande debate,
que na Cmara e no Senado. A sociedade est debatendo isso, e ns vamos levaro relatrio do Aldo Rebelo para l.
Regras para ordenamento territorial. Temos que ver as potencialidades
socioeconmicas e ecolgicas de uma regio e de um bioma. No posso achar que
tenho que destruir tudo para ganhar dinheiro em detrimento do meio ambiente, mas
o meio ambiente tambm no pode engessar o socioeconmico. O scio o
homem, e o homem em cima daquilo que ele vai produzir. Ns temos que pensar em
cima disso.Fragilidades naturais. Cada bioma tem suas fragilidades.
As tendncias de ocupao. Ns temos que respeitar, l em Rondnia, por
exemplo, onde h 30, 40 anos aquele povo foi morar e havia uma legislao. Temos
que modificar essa legislao, discutindo isso atravs do zoneamento ecolgico e
econmico, como o caso do Acre, do Amazonas e assim por diante.
Ns temos que levar em considerao as condies de vida da populao. s
vezes, criam-se parques florestais, desapropriam, jogam o povo para fora e hoje tarde, vamos ter o depoimento dos seringueiros do Acre aqui numa audincia
pblica, porque l desapropriaram a rea e nada foi pago. O agricultor no recebeu
ainda a sua indenizao. um crime isso que est sendo feito.
Ns temos que discutir a nvel de Congresso Nacional as incompatibilidades
em relao legislao ambiental e outras normas legais. aquilo que j apresentei
para vocs. So mais de 16 mil leis ambientais que esto circulando no Brasil sem
um ordenamento tcnico cientfico.
Situaes de conflito socioambiental. No queremos mais briga de ruralista
com ambientalista. No isso no. Tentam imprimir isso, mas no . a Casa que
vai discutir, a sociedade que vai discutir isso.
Definir os bens proteger. Quando falamos de meio ambiente, primeiro, o
homem; ns temos que pensar no ser humano. Quando eu quero falar em meio
ambiente, no s a floresta; gua, sol, ar e a biodiversidade. Aqui que temos que
discutir. Quando discutimos meio ambiente, no podemos pensar s na floresta
amaznica. Temos que pensar que algum tambm tem que tomar gua limpa,
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algum tem que ter o solo, que o maior patrimnio da humanidade, algum tem
que respirar ar puro. Algum est fazendo isso, algum vai ter que pagar por isso.
Definir instrumentos de proteo, que zoneamento ecolgico e econmico;pagamento por servios ambientais; licenciamento mais gil. Ns estamos vendo
que h licenciamento, s vezes, de uma hidrovia, uma ferrovia, uma indstria que s
vezes passam 4, 5, 6 at 10 anos para sair esse licenciamento. Ns temos que
verificar isso, e a lei tem que prever como pode ser mais gil, dentro, claro, dos
parmetros tcnicos cientficos.
Multa sem criminalizao, balano de ativos, multas... Inclusive no Acre ns
vimos, e em outros Estados, agricultor que tem 10 hectares com multa de 500 milreais, e assim vai. So depoimentos. No somos apenas ns que estamos dizendo
isso.
Ns temos que ver reserva legal ambiental. Esse ttulo reserva legal existe?
Existe. Vai permanecer os 80? Vai permanecer os 35, os 20? No estamos
discutindo isso; estamos discutindo como tecnicamente isso pode ajudar, como
tecnicamente isso pode ser colocado aqui no Brasil.
Proteo de reas frgeis, APPs, unidades de conservao, lei e prazo paraindenizao. O Congresso Nacional tem que participar na criao de unidades de
conservao. Isso no pode ser criado aleatoriamente sem passar por esta Casa. E
quem paga? Por exemplo, em Ilha Grande, no meu Estado do Paran, h 25 anos,
foi desapropriada uma rea e se tornou uma unidade de conservao, e at hoje os
agricultores no receberam a sua indenizao. Onde eles esto? Num barraco ou na
cidade passando fome, e at hoje o Poder Pblico no pagou essa indenizao. Ns
temos que discutir isso.
O diagnstico em que se baseia o zoneamento ecolgico econmico deve
permitir o estabelecimento de diretrizes gerais e especficas que contemplem, no
mnimo, as atividades adequadas a cada zona, as necessidades de proteo
ambiental e conservao dos recursos naturais, as indicaes de reas para
instituio de unidades de conservao. O zoneamento vai ter que fazer isso.
Critrios e medidas destinadas a promover o desenvolvimento sustentvel
das reas rurais e dos lucros urbanos aqui ns temos que discutir tambm o meio
ambiente nas cidades e medidas de adequao das situaes de conflitos
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existentes. Ns temos que, inclusive, dirimir todo conflito que existe no Brasil. No
podemos ter corrente a e corrente b. Queremos o seguinte: uma linha dorsal,
uma lei que venha atender ao Brasil e aos brasileiros. Eu acho que esse o ponto, eesta Casa que tem que discutir; uma Comisso como esta aqui que est
discutindo inclusive a sua vida l na Amaznia.
A Amaznia Legal um termo criado exclusivamente para fins de incentivos
fiscais que passou a ser utilizado como regio geogrfica para as leis e restries
ambientais. Eu no quero entrar nesse campo aqui porque j existe, ns estamos l,
mas temos que definir.
Reserva legal... Este o nico pas do mundo que tem reserva legal. svezes, voc v algumas ONGs internacionais, e se perguntssemos para elas o que
esto fazendo em termos de reserva legal no seu pas, nenhuma sabe responder
porque l tambm no existe. Mas ns no queremos acabar com a reserva legal.
Ela vai existir, mas temos que discuti-la dentro de parmetros, como eu disse,
tcnicos e cientficos.
O estmulo tcnico e cientfico do zoneamento ecolgico e econmico deve
dar origem a 4 grandes indicadores. Tudo o que vamos fazer no meio ambiente a fimde termos uma lei que venha atender, de fato, aos interesses nossos tem de ter um
parmetro agrcola, um parmetro econmico, um parmetro social e um parmetro
ambiental.
Vou dar o exemplo econmico. No pode um ruralista querer destruir tudo,
pensando s na economia, porque ser criado um problema social. Se a rea
agrcola for diminuda, vai-se criar um problema econmico, consequentemente, um
problema social. No campo ambiental, temos tambm de verificar que se s
pensarmos no aspecto ambiental e no no homem, no aspecto econmico,
estaremos desequilibrando uma sociedade, uma regio, um Estado.
Esses indicadores nortearo as polticas pblicas municipais, estaduais e
federais.
Estrutura para alterao da lei, reas protegidas, matas ciliares. Estamos
discutindo e, dentro dela, estamos ouvindo os tcnicos, os cientistas. Unidades de
conservao: como est sendo feita, como est sendo colocada em ao no Brasil;
reas frgeis, reserva ambiental, acho que so coisas que ns estamos discutindo e
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temos de ter dentro da prpria lei, mas temos de ter coragem para discutir isso. No
podem ser deixadas a critrio de minorias, tanto de um lado como de outro. a
sociedade que est discutindo e esta Casa, este Congresso Nacional que vai dizeraquilo que certo, aquilo que errado.
Reserva legal, APP. A APP tem de ser usada como instrumento de proteo
de bem ambiental, de carter funcional, e no apenas criar situaes que no
venham a atender nem o homem que l reside, nem a sociedade, nem a prpria lei.
Estrutura para alterao da lei, reserva legal, compensao da propriedade
pela manuteno dos servios ambientais. Ora, se querem que sejam 80%, 35%,
20%, tem de haver uma compensao. Eu acho que ns temos de discutir isso aqui.Se eu estou contribuindo com o meio ambiente do planeta, do Pas, do bioma ou da
bacia e eu tenho de pegar parte da minha propriedade, tem de haver compensao
para eu poder manter isso para que a populao seja servida, compensar a
limitao econmica. Ora, se eu estou l com 80% da minha propriedade na
Amaznia, algum vai ter de compensar esse 80%. A forma vai ser discutida, mas
ns temos de discutir isso. Se a lei determina que todo mundo tem o mesmo direito,
ns temos tambm de dar o direito e o dever quele que est aqui, limitando a suaao econmica, e tornar lucrativa a produo ambiental e no punitiva, como est
por a.
Concluso.
Pesquisa da EMBRAPA. Critrios para determinao adequada de mata ciliar,
APP. Ela deve considerar... Quando falamos em reserva permanente ou mata ciliar,
ns temos que definir a largura do rio ou do lago, onde quer que seja. Ns temos de
ter parmetros tcnicos e cientficos, ver a declividade do solo; sua textura, se
arenosa ou argilosa; a espessura do solo, se raso ou profundo.
Ento, ningum quer aqui acabar com reserva permanente ou com a mata
ciliar, diminui-la, mas se a cincia diz que eu tenho de aumentar... Algum est com
5 metros e dito: a cincia diz que voc vai ter de ter 50 e voc vai ter de ter 50,
mas s vezes voc tem 50 e pode reduzir para 10, mas quem vai dizer isso a
prpria EMBRAPA ou outras entidades, como universidades e assim por diante.
Aqui a definio. Se a APP estreita, a encosta plana; a APP tem de ser
mais larga se inclinada. Profundidade: se profundo ou o solo raso. A textura:
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solo argiloso ou arenoso. Ento, a largura do rio no determinante para definir a
largura da APP. No somos ns que estamos dizendo isso; a comunidade
cientfica. Aqui eu tenho colocado em legenda que se o solo raso, frgil, a largurado rio tem de ser muito maior, mas se o solo tem caracterstica argilosa, tem
declividade, a largura aqui muito menor. Eu no estou entrando nesse mrito
porque so coisas que esto sendo debatidas tcnica e cientificamente.
Olhem aqui, e j estou encerrando o meu bate-papo. O que ns ouvimos em
nossas audincias, e o Relator pode confirmar isso, o questionamento da largura
das margens dos rios. Em 1965, veio algum e disse o seguinte: se o rio tem 10
metros, a largura da APP tem de ser de 5; se ele tem de 10 a 200 metros, a largura a metade, de 100 e de 200 e se mais de 200, de 100 metros. Depois de 21 anos,
em 1986, algum veio e disse o seguinte: a partir de agora, largura de rio de 10
metros, tem de ser 30 metros; de 10 a 50, tem que ser 50 metros; de 50 a 100, tem
de ser 100 metros; de 100 a 200 metros, tem de ser 150 metros e mais de 200
metros tem de ser 200 metros de largura.
Quando estamos discutindo isso aqui, precisamos verificar uma pequena
propriedade, uma mdia propriedade: que impacto ser dado nessa rea? Dessaforma, inviabiliza-se a propriedade. Quando estamos discutindo largura, no
estamos discutindo por bel-prazer. Ns estamos trazendo a comunidade cientfica
para perguntar: correto isso ou no?
Em 1989, veio mais uma outra lei, mudou de novo: de 50 a 200, a largura
de 100 metros; de 200 a 600 metros, tem de ser de 200 metros, e mais de 600, so
500 metros de largura.
Se voc viajar pelo Brasil, se voc for ver por biomas... Estamos vendo que
muita coisa que est a... Isso aqui inviabiliza a propriedade e ns estamos querendo
encontrar um caminho. Qual o caminho que vamos encontrar? discutir com
quem tem a cincia. No o ruralista que vai dizer que tem de diminuir de 100 para
30. Ns estamos discutindo dentro da comunidade cientfica. Isso aqui o relatrio
est vendo.
Pases ricos.
Cerca de 20% da populao mundial consome cerca de 80% da energia
disponvel no Planeta, 75% dos metais ontem, recebi um empresrio do meu
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Estado que est importando uma mquina que custa 80 milhes de reais, feita na
Sucia que, sabemos, no produz metais. Ns somos o maior fornecedor de metais
para os pases ricos do mundo. Levam para l, transformam e ns temos de pagar50 ou 100 vezes mais o valor do que se tivssemos feito aqui , 85% das madeiras
do mundo so consumidos por esses 20% da populao mundial, e 65% dos
alimentos.
No sou eu que est dizendo isso. Se os pases pobres pudessem alcanar
esses mesmos nveis de consumo, teramos forosamente que aumentar em pelo
menos 10 vezes a atual disponibilidade de combustveis fsseis e em mais de 200
vezes a disponibilidade de minerais. A Holanda em 1994... Ns estamos tentandofazer uma reflexo das imposies dos pases ricos inclusive em cima do prprio
Brasil.
E aqui um dado inegvel: cada milho de reais a mais de faturamento resulta
na criao, vejam bem, de tantos empregos. A agropecuria d 202 empregos. Por
isso que ns estamos discutindo a agricultura brasileira como uma grande fonte de
empregos no Brasil. O comrcio d 140 novos empregos; a construo civil, 111
novos empregos; a indstria automobilstica, 85 novos empregos e a indstriaeletroeletrnica, 78 novos empregos.
Eu acho que esta Casa tem de comear, e comea por esta Comisso da
Amaznia, que to importante, a discutir esses dados. No queremos o
engessamento, mas no queremos destruir... Inclusive, comeamos a discusso
com desmatamento zero na Amaznia. Ento, ns podemos modificar o Brasil sem
derrubar uma rvore, e lgico que depois o zoneamento ecolgico econmico
que vai determinar o que tem de ser feito.
Ento, essa histria de que ns vamos mudar o Cdigo Florestal Brasileiro
para destruir o meio ambiente balela! Isso no verdade, no. Vamos discutir isso
com os Deputados, com os Senadores para tentarmos achar uma lei melhor para o
Brasil.
Olhem aqui. No transporte, pasmem os senhores. Sistema de transporte,
custo do transporte: por hidrovia, o custo um. Imaginem a dificuldade que ns
temos de aplicar, de fazer leis para que possamos colocar o nosso transporte por
hidrovia. Se os senhores visitarem Estados Unidos, Europa, vero que na sua quase
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totalidade so os grandes rios que transportam a sua economia e o Brasil no
pode... Inclusive, h barreiras enormes para construo de uma hidrovia. Ferrovia
peso 3. Olhem aqui. Quantos milhes de toneladas de soja ou de outro produto umtrem pode carregar, enquanto se eu levar tudo isto aqui por estrada, por rodovia, que
representa 9... O Brasil tem de repensar a sua malha rodoviria.
Ns temos de pensar na reduo de custo da nossa produo. Alm de nos
pases ricos a produo ser altamente subsidiada, eles tm resolvido seu problema
de infraestrutura e de transporte e gastam combustveis fsseis. esse combustvel
que ns estamos gastando aqui que est poluindo o planeta, e no colocar tudo isso
em cima do produtor rural. essa a discusso que ns estamos fazendo.Toneladas transportadas com 1 litro de leo diesel diferentes sistemas de
transportes. o que est l atrs. Por rodovia, 30 toneladas. Imaginem quantos
litros de leo eu gosto, por exemplo, da minha cidade, em Assis Chateaubriand, no
Paran, que grande produtora de milho, de trigo e de soja, at o Porto de
Paranagu.
Estamos lutando agora pela FERROESTE, que vai at Guara. Ns queremos
agora transportar talvez 90% da nossa produo at o Porto de Paranagu, e porferrovia eu carrego 125 toneladas. Agora, para construir uma ferrovia, para se ter a
licena, isso um martrio. Imaginem hidrovia, 575 toneladas!
Lembro-me de que, em 1990, quando fui Relator de proposta com o mesmo
teor dessa que o Deputado Aldo hoje est relatando eu tenho guardado e posso
at copiar para os senhores , eu recebi um e-mailmaroto, desaforado, de uma
ONG da Holanda, acabando comigo, porque estvamos prevendo inclusive uma
poltica de hidrovia no Brasil. E eles estavam preocupados, porque, se
colocssemos barcaas nos rios da Amaznia e outros, mas especialmente na
Amaznia, ia criar um probleminha l, inclusive ecolgico, do amor do peixinho com
a peixinha na barranca dos rios.
Ele pode pensar assim l na Holanda, mas o Brasil tem desafios. Ento, hoje,
uma poltica hidroviria no Brasil tem que ser questionada. Hoje, ela tem que ajudar
a desenvolver o Pas.
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Era isso o que, rapidamente, eu queria colocar para reflexo. E tudo o que
coloquei aqui no posso dizer aos senhores se a verdade, porque muita coisa ouvi
do povo.Desde setembro estamos percorrendo o Brasil com a Comisso. Os relatrios
esto a. O Relator depois pode fazer um resumo do biodebate. Acho que a
Amaznia tem que se posicionar nessa discusso, que no pode ficar merc
apenas de um grupo de Parlamentares do Sul ou do Centro-Oeste. V.Exas. que
vivem na Amaznia sabem quais os problemas de l. V.Exas. tm, inclusive,
propostas para refazer. Esta Casa assume, definitivamente, uma discusso
importante.No quero dizer aqui que eu estou certo ou errado. Acho que o meu papel,
como Deputado e fui eleito Deputado pelo meu Estado, o Paran , estar aqui
para ajudar a construir e no para destruir ou para privilegiar setores. E tenho essa
conscincia. Eu no tenho que prestar ateno a outras pessoas que esto por a.
Tenho que prestar servio a quem me elegeu. Foram 104 mil brasileiros
paranaenses que me colocaram aqui.
Ento, tenho essa obrigao, como Presidente da Comisso, sem problemanenhum, de ouvir todos. E estou ouvindo hoje aqui a Amaznia. V.Exas. tm a sua
razo. Que apresentem a sua modificao, questionem o que estamos colocando
aqui, e que possamos levar ainda este ano para a Cmara e para o Senado uma
discusso to importante como a do Cdigo Florestal Brasileiro, mesmo que em ano
eleitoral.
Temos que tentar trazer para a Casa essa discusso. E ns ouvimos o Acre, o
Piau, o Maranho, Roraima, enfim, ouvimos Estados por esse Brasil afora. No
ficamos enclausurados aqui no, nem enclausurados nas nossas cidades.
Acho que o nosso papel estamos fazendo, e muito mais o Relator, com a sua
pacincia, com o seu exerccio da tolerncia, ouvindo todos. Que Deus o ilumine
para que possa apresentar um bom parecer, e possamos de fato melhorar o Cdigo
Florestal Brasileiro ou ficar com o que est a.
Uma brao e obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Agradeo ao Deputado
Micheletto.
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Pela ordem, Deputados Asdrubal Bentes e, depois, Ivan Valente.
O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Sr. Presidente, ao ouvir a
explanao do ilustre Deputado Moacir Micheletto, ainda pairam em mim vriasdvidas, que me atormentam, no tocante discusso do Cdigo Florestal. E elas
provm do prprio texto constitucional.
O art. 20 da Constituio Federal bem claro quando estabelece e relaciona
quais so os bens da Unio. Em nenhum momento, no art. 20, as florestas esto
includas entre os bens da Unio. Basta pegar e ler o art. 20.
Por sua vez, ao estabelecer a competncia da Unio e eu dividirei em 2
tipos de competncia , a Constituio, no art. 23, que eu chamaria de competnciaexecutiva, estabelece que competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municpios preservar as florestas. A, sim, fala em floresta. a
competncia executiva.
J no artigo seguinte, quando trata da competncia legislativa, art. 24...
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Presidente, eu gostaria de fazer uma
questo de ordem art. 95. Isso aqui outra questo.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - V.Exa. est fazendo umaquesto de ordem, Deputado Asdrubal.
O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - No, eu pedi a palavra pela
ordem, no foi para questo de ordem. Pedi para esclarecer algumas...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Mas olhe s, o Deputado
Relator...
O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - ...dvidas que no foram
esclarecidas pelo ilustre Deputado Moacir Micheletto, e o douto Relator...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Deputado Asdrubal,
V.Exa. ter a oportunidade de falar no momento da discusso.
O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - No me corte a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - No, eu no cortei. V.Exa.
ter o direito de falar no momento da discusso.
O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Eu queria apenas propiciar ao
Relator a oportunidade de, ao conhecer essas dvidas, quem sabe esclarec-las.
Ganharamos tempo.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - V.Exa., por favor, coloque
as dvidas, rapidamente.
O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Ento, o art. 24, que trata decompetncia legislativa, dispe sobre a competncia concorrente da Unio, dos
Estados e do Distrito Federal. E o 1 estabelece que, no mbito da legislao
concorrente, a competncia da Unio limitar-se- a estabelecer normas gerais.
Ento, a Unio no poder legislar, a no ser estabelecendo normas gerais,
no que trata de florestas, tema no qual a competncia do Estado concorrente.
Essa uma dvida que no foi esclarecida.
A outra que eu gostaria de saber o que so reas frgeis. No ficouesclarecido. E tambm quais os critrios adotados para estabelecer a reserva legal,
porque para mim isso a uma balela, uma fixao aleatria, que no tem base
em dado cientfico algum. O correto se estabelecer essa proteo com base no
Zoneamento Econmico-Ecolgico.
Ento, essas so as dvidas que no foram esclarecidas pelo ilustre
Deputado Moacir Micheletto e que tenho certeza o meu eterno Presidente e amigo
Deputado Aldo Rebelo vai esclarecer em seu parecer.O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Agradeo, Deputado
Asdrubal.
Peo que o Deputado Ivan Valente faa sua questo de ordem, citando o
artigo do Regimento Interno.
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Art. 95. Questo de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Combinado com...
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Quero fazer a seguinte questo de
ordem. Eu sou membro da Comisso Especial. Eu estou aqui com a proposta da
Comisso da Amaznia. A Comisso da Amaznia diz que ser realizada audincia
pblica conjunta com a Comisso Especial instalada para proferir parecer sobre o
projeto tal.
A nossa Comisso Especial no aprovou isso aqui, que eu me lembre. O
Deputado Moacir Micheletto est a e pode me esclarecer sobre isso.
Segundo, no existe audincia conjunta, que eu saiba, regimentalmente,
entre Comisso Permanente e Comisso Especial. Nunca ouvi falar disso tambm.
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Ento, eu queria, Sr. Presidente, um esclarecimento do Presidente Moacir
Micheletto tambm, que Presidente da Comisso Especial, e do senhor, sobre qual
o carter exatamente desta reunio, porque eu me sinto, na condio de membroda Comisso Especial, excludo deste debate.
No foi aprovado l. Eu quero saber se conjunta, se no conjunta.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Deputado Ivan, no
conjunta. A Comisso apenas foi convidada.
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Mas no requerimento aprovado, do
Deputado Sergio Peteco, est escrito conjunta.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Tudo bem, s que comono foi aprovada a reunio conjunta na Comisso de V.Exas., ns tomamos a
liberdade de convidar. Se V.Exa. no se sente convidado, infelizmente, eu no... Mas
acho importante que V.Exa. se inscreva para o debate, porque...
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Isso outra questo. Eu vou me
inscrever para o debate. Eu quero dizer s que o Presidente da Comisso foi
convidado e o Relator tambm. O resto da Comisso Especial no foi convidado?
isso?O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Foram convidados, sim.
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Eu no recebi esse convite.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Ento, V.Exa. cobre de
sua assessoria, porque foi passado pore-mail.
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - No, ento no foi aprovado na
Comisso Especial.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Eu j falei que no foi...
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Eu gostaria que o Deputado Moacir
Micheletto esclarecesse isso, por que no foi aprovado l.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Na hora em que no
houve a aprovao l, ns... Na hora em que no foi aprovado l, a Comisso da
Amaznia tomou a liberdade de convidar. Se V.Exa. no se sente convidado, eu no
posso fazer nada.
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Eu no fui convidado. E a Comisso,
inclusive...
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Mas foi passado por e-
mail.
Passo a palavra agora ao Deputado Aldo Rebelo para sua explanao.O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Quero questionar a presena do ilustre
Relator e do Presidente, que no fizeram esse relato l na Comisso.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - V.Exa. tem a
oportunidade de questionar na devida Comisso, no aqui na Comisso da
Amaznia.
Passo a palavra ao Deputado Aldo Rebelo.
O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - Bom dia...O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Vou a todas as reunies aqui. No viajo
por a porque no tenho financiamento do agronegcio.
O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - ...senhoras e senhores...
(Interveno fora do microfone. Inaudvel.)
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - isso a mesmo.
O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - V.Exa. respeite, porque ningum visita
nem viaja financiado por agronegcio. D-se ao respeito, Deputado Ivan Valente.Respeite os seus colegas.
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Eu peo o respeito de voc.
O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - Ns viajamos pela FAB.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Deputado Ivan Valente.
O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - V.Exa. est aqui para tumultuar.
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Voc podia fazer o relatrio na
Comisso.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Deputado Ivan Valente,
peo a gentileza de V.Exa., que sempre to gentil em tudo que faz. V.Exa. no
gentil na hora em que atribui as viagens da Comisso ao agronegcio. V.Exa., por
favor... V.Exa. tem um recurso chamado verba de gabinete e poderia t-lo usado
para viajar se quisesse.
Deputado Aldo Rebelo com a palavra.
O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - A minha exposio aos ilustres
Deputados e s ilustres Deputadas da Comisso da Amaznia eu atribuo a essa
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misso que recebi de relatar o projeto de Cdigo Florestal Brasileiro e gentileza
dos Deputados e do Presidente, Deputado Marcelo Serafim, que honra e
engrandece a representao popular da Amaznia, particularmente do seu Estado.Sr. Deputado Moacir Micheletto, Presidente da Comisso Especial, a minha
exposio vai partir no da questo ambiental relacionada com a Amaznia, mas do
prprio panorama sobre a formao e a consolidao da presena brasileira na
Amaznia e os dilemas, os desafios que o Pas e que a Amaznia enfrentam para
cumprir 2 objetivos irrenunciveis para os amaznidas e para os brasileiros, quais
sejam a preservao do patrimnio natural naquela regio do Brasil e a legtima
aspirao da Amaznia e do Brasil ao seu desenvolvimento. sabido, senhoras e senhores, que a Amaznia jamais foi um santurio. A
Amaznia ocupada pelos seres humanos pelo menos h 11 mil anos. Antes que as
prprias populaes indgenas, vindas provavelmente dos altiplanos peruanos e
bolivianos de hoje, chegassem Amaznia, outras populaes ocupavam aquele
espao, at que portugueses e outros povos passassem a marcar a sua presena, a
partir dos sculos XVI e XVII.
preciso, portanto, tomar como referncia original que a presena humanana Amaznia antecede em milnios a presena dessa comunidade de brasileiros
indgenas, caboclos, brancos, mestios composta por uma populao de 25
milhes de habitantes naquela rea.
Cabe destacar tambm que o processo de conquista da Amaznia envolveu a
disputa entre todas as potncias coloniais que marcavam a sua hegemonia no
planeta entre os sculos XV, XVI e XVII. Os traos dessa disputa podem ser at hoje
testemunhados na fronteira norte da Amaznia com os nossos vizinhos franceses,
no caso da Guiana, ou britnicos, no caso da Guiana Inglesa, ou holandeses, no
caso do Suriname. A presena portuguesa foi alcanada com um longo exerccio de
tenacidade e de perseverana.
Se as senhoras e os senhores prestarem ateno nesse lago artificial que
rodeia o nosso Palcio do Itamaraty, podero observar a presena de uma grande
pedra, de uma longa laje encontrada nas guas do Rio Negro, na Cabea do
Cachorro, que um marco de limite portugus do sculo XVII, at ali conduzido,
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sabe Deus como, para marcar a presena lusitana no que hoje a Bacia do Rio
Negro.
Em sua epopeia, Pedro Teixeira, ainda no sculo XVII, saiu com umaexpedio do Municpio de Camet, hoje no Estado do Par, e foi at Quito, uma
das mais importantes cidades do imprio colonial espanhol. E a marcha do
Bandeirante Raposo Tavares, que saiu da nossa querida cidade de So Paulo,
Deputado Ricardo Tripoli, percorreu toda a extenso do Mato Grosso, passou pela
hoje cidade de Manaus e desceu at Belm.
A presena na Amaznia levou a que ali se iniciasse, em tempos remotos, a
atividade agrcola e pecuria. Em 1690, j chegavam da Ilha da Madeira asprimeiras vacas e os primeiros bois, que levaram a Ilha de Maraj a se transformar
num grande criadouro de bois, vacas e bfalos.
Viajantes do sculo XVIII do conta, o que at paradoxal e surpreendente,
de que a principal alimentao da populao de Belm, nos idos de 1800, era a
carne produzida em Maraj, e no o peixe, que era mais caro nas feiras de Belm
do que a carne da ilha.
O caf foi produzido primeiramente no Par. A primeira exportao de caf doBrasil no foi de So Paulo nem do Rio de Janeiro. Foi do Par o caf exportado
para a Inglaterra. Francisco de Melo Palheta plantou o primeiro caf no Par.
H uma cidade no nosso querido Estado do Par onde se produz cana-de-
acar desde o sculo XVIII, conhecida como a terra da cachaa pela qualidade da
cachaa que produz.
Os cronistas mais antigos que percorriam a calha do Amazonas
testemunham, nos seus relatos, a criao de vastos rebanhos nos pastos naturais
da Amaznia. Os relatos da Expedio Langsdorff, organizada pelo Imprio do Czar,
nos idos de 1820 ou 1830, do conta tambm da presena de canaviais, da
presena do gado e da ampla atividade agropastoril naquela regio do nosso Pas.
As primeiras fazendas de gado de Roraima foram criadas nos idos de 1700,
uma delas batizada de So Jos, em homenagem ao Rei de Portugal; outra batizada
de So Marcos, que, alis, depois deram origem e batizaram as atuais reservas
indgenas, como o caso da Reserva de So Marcos, que originariamente foi
fazenda de gado, criada pelos portugueses.
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Portanto, deixar de observar que, alm de um verdadeiro paraso das guas,
algo assustadoramente belo, encantador, surpreendente... A beleza, a pujana da
natureza da Amaznia se impe diante de qualquer observador. isso que salta aosolhos. isso que visvel a olho nu, aquela presena exuberante das guas, do
verde, das florestas, da flora, da fauna. Mas preciso tambm levar em conta que
ali h a presena humana, h um esforo secular de brasileiros para construir ali a
nossa presena e a nossa soberania.
H episdios picos, como o caso da conquista do Acre, da nossa
Deputada Perptua Almeida, quando brasileiros do Cear, do Rio Grande do Sul,
irmanados com acrianos nativos, com seringueiros, homens simples, rudes, maspatriotas, ao perceberem que aquele territrio boliviano poderia ser transferido a
uma potncia que ameaava os interesses do Brasil, esses patriotas, liderados pelo
grande gacho Plcido de Castro, secundado por uns bons cabos de guerra
nordestinos, amazonenses e acrianos, conseguiram incorporar ao Brasil esse
territrio que hoje nos oferece personalidades pblicas da pujana da nossa
Deputada Perptua Almeida, do nosso Deputado Sergio Peteco e de outros
Parlamentares que conhecemos nesta Casa.Ento, essa a histria da nossa Amaznia, da luta de brasileiras e de
brasileiros, da resistncia brava dos ndios, que no cederam sem luta aos
conquistadores, do exemplo herico de Ajuricaba, lder da tribo dos manaus, capito
estadista dos indgenas da Amaznia, prisioneiro dos portugueses e que preferiu o
mesmo destino de um almirante holands na guerra de Pernambuco. O Almirante
Adriaen Janszoon Pater, quando teve a sua esquadra abatida pelo capito de guerra
dos espanhis Dom Antonio de Oquendo, abraou-se bandeira da Holanda e
mergulhou nas guas do Atlntico, dizendo que era o oceano o nico tmulo digno
de uma almirante holands. Assim fez tambm Ajuricaba. Acorrentado, mergulhou
nas guas do Rio Negro, para no se entregar aos colonizadores e no sucumbir
como escravo.
Essa a histria da Amaznia, Sras. e Srs. Deputados, que os senhores,
como amaznidas, devem conhecer, evidentemente, muito mais do que eu. Mas no
deixo de guardar, quando penso e quando exponho sobre esses episdios, como
brasileiro, a minha emoo diante dessa trajetria. Desculpem-me.
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Mas, voltando objetividade e racionalidade, devo, portanto, refletir com os
senhores que a legislao ambiental brasileira deve ao mesmo tempo proteger esse
patrimnio e essa riqueza.Como patrimnio natural, no tenho nenhum receio e nenhuma resistncia
em partilh-la com a humanidade. No queremos a Amaznia s para ns. No
queremos a biodiversidade da Amaznia como os laboratrios europeus e norte-
americanos fazem com suas leis de patentes.
Como seria belo, como seria humano, como seria exemplar se o Brasil
franqueasse a Amaznia a universidades brasileiras e estrangeiras conveniadas,
com seus pesquisadores, ombro a ombro, pesquisando a biodiversidade daAmaznia, desde que o que fosse ali descoberto no obedecesse a lei de patente
alguma e fosse tido, evidentemente, de fato, como conquista e como direitos da
Medicina, para a sade dos brasileiros e de toda a humanidade. Mas no isso que
v a biopirataria. A biopirataria s existe porque, na verdade, quer nos subtrair ou
nos surrupiar aquele patrimnio gentico.
preciso encontrar, na legislao ambiental, alternativas que protejam
tambm a reivindicao e a aspirao da Amaznia ao desenvolvimento.No podemos, Deputados Ivan Valente e Ricardo Tripoli, viver num Estado to
rico, to tranado de rodovias e ferrovias e com a nossa Hidrovia do Tiet, que nos
conduz de Itu at as portas de Assuno e de Buenos Aires, e impedir que os
amaznidas possam tambm fazer as suas hidrovias.
Ns temos as mais perfeitas rodovias do Brasil no nosso Estado, So Paulo.
Samos pela Castelo, chegamos a Ourinhos rapidamente; quase uma linha reta.
Mas esses companheiros de Manaus, para chegar at Porto Velho, no conseguem
sequer fazer as obras de uma estrada, porque no so licenciadas pelo IBAMA.
Ns no conseguimos sair de Cuiab para Santarm. Est aqui o Deputado
Asdrubal Bentes. Quantos anos tem aquela estrada? Quarenta anos. No
conseguimos trafegar ali porque parece que o direito de ter estradas, rodovias,
ferrovias foi retirado daquela parte do nosso Pas e do nosso povo. Podemos t-las
em So Paulo, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, podemos atravessar o
Banhado do Taim to bonito , tirar nossas fotos, mas no temos esse mesmo
direito na Amaznia.
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No que no seja importante o trabalho do extrativismo que se recomenda na
Amaznia. importante. Mas no podemos pedir que o povo da Amaznia s
sobreviva do extrativismo. Ser que no tm direito tambm indstria, agricultura, pecuria, desde que feitas com preocupao sustentvel? Ser que a
Amaznia tambm no tem o direito de contribuir com o PIB brasileiro, j que
representa hoje 60% do territrio nacional, Deputado Neudo Campos? Mas, apesar
desse imenso territrio, a Amaznia contribui apenas com 8% para a composio da
nossa riqueza, do nosso PIB.
O Estado do Deputado Marcio Junqueira do tamanho do meu Estado, So
Paulo, e pelo algumas dezenas de vezes maior do que o meu pequenino Estadonatal, Alagoas. So Paulo produz quase tudo o que consome. O Estado de V.Exa.
tem que importar etanol de So Paulo, farinha de mandioca do Paran, leite de
Rondnia, que no est to perto assim na mesma regio, mas fica a mais de
mil quilmetros, e o leite tem de subir de barcaa.
justo para com a populao de Roraima no poder produzir sequer a
farinha de mandioca, sequer uma cachaa? Eles tm que importar a 51 de So
Paulo para tomar uma caipirinha, para quem tem esse gosto. No podem produzir asua farinha. A Polcia Federal invade a comunidade indgena do Flexal, arranca a
cerca onde o ndio faz a fermentao da sua mandioca, porque diz que o cido
ciandrico polui as guas.
justo que se impeam os ribeirinhos do Estado do Deputado Marcelo
Serafim de produzir a sua prpria subsistncia, sendo tratados como criminosos,
como marginais? Eu acho que no podemos aceitar isso.
Creio que possvel que se proteja o meio ambiente. Esse um
compromisso civilizatrio nosso. Nenhuma pessoa do Amazonas que conheci est
disposta a renunciar proteo ambiental, preservao de suas florestas, de seus
rios, de seus igaraps, de suas nascentes, de seus banhados, de seus campos
naturais, como aqueles de Roraima, do Lavrado. Ningum est disposto a renunciar
quilo.
Agora, eu senti, indo a Manaus, Porto Velho, Belm, Rio Branco, Par,
Serra do Tepequm, perto da fronteira com a Venezuela, uma legtima aspirao a
progredir, a elevar o padro de vida.
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Uma me, olhando para a menina ndia, disse: Deputado, ela quer ter uma
vida social, usar uma roupa jeans, ir a uma festinha. No posso condenar a minha
filha de 15 anos a viver isolada das pessoas. isso que essas populaes querem.E eu acho que isso perfeitamente compatvel com a defesa do meio ambiente.
Vou levar em conta tudo isso, as observaes do Deputado Asdrubal Bentes.
No tenho ainda ideia clara do que ser o meu parecer. Eu sou um ignorante nesta
matria. Precisava ouvir primeiro as pessoas. Segui o conselho do Presidente Mao
Tse-tung de partir dos fatos e da realidade, porque a corro o risco de no errar, ou
de me aproximar da soluo. Eu fui ouvir.
Ainda no conclumos as audincias. Estamos ouvindo todo o mundo: asONGs, os rgos ambientais, as pessoas, os produtores, as universidades. Eu tenho
apenas uma boa inteno de procurar resolver esse confronto que no interessa ao
Brasil entre a questo ambiental e o desenvolvimento e o crescimento da economia.
Esse confronto no interessa ao povo. Interessa ao povo o meio ambiente. Interessa
ao povo e ao Brasil o desenvolvimento, a agricultura, a pecuria, o preo baixo da
carne, do arroz, da soja, do feijo, do milho. Tudo isso interessa ao nosso povo. E
acho que a responsabilidade deste Congresso apresentar ao povo uma soluo.Eu poderia aproveitar uma Comisso como esta para fazer propaganda da
minha ideologia, das minas convices. Eu acho que no este o momento nem o
lugar. Eu quero encontrar uma soluo com a participao de todos, com o
concurso dos ambientalistas, com o concurso dos produtores rurais, com o concurso
das organizaes no governamentais, das universidades. Quero ajudar o Governo
brasileiro, que, por decreto, tem que adiar a entrada em vigor de uma lei que est
em vigor, Deputado Marcelo Serafim. Foi obrigado porque a lei tornou-se
incompatvel com a realidade do Pas.
E acho que ns precisamos ter os nossos olhos voltados para a Amaznia,
porque ela est mais atrasada em relao ao resto do Brasil no seu
desenvolvimento, no seu IDH, na sua renda per capita, nas suas aspiraes. E a lei
no pode conden-la a permanecer assim. A lei tem que proteg-la naquilo que ela
tem de muita importncia, que o meio ambiente, mas tem que proteg-la tambm
naquilo de muito importante tambm para o povo, a sua aspirao ao crescimento.
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Eu sei que essas palavras no esclarecem, mas pelo menos ficam como uma
declarao de f do Relator, que ainda no tem uma proposta para lhes apresentar.
Muito honrado pelo convite, mais uma vez, agradeo. (Palmas.)O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Agradeo os
esclarecimentos prestados ao Deputado Moacir Micheletto e ao Deputado Aldo
Rebelo.
Registro a presena do Senador Gilberto Goellner, do Deputado Ivan Valente,
do Deputado Fernando Marroni, do Deputado Valdir Colatto, do Deputado Ricardo
Tripoli, alm dos membros da Comisso da Amaznia.
Passo a palavra ao autor do requerimento, Deputado Sergio Peteco.O SR. DEPUTADO SERGIO PETECO - Sr. Presidente, Deputado Marcelo
Serafim, quero saudar os nossos convidados, o Deputado Moacir Micheletto,
Presidente da Comisso Especial do Cdigo Florestal Brasileiro, e o Deputado do
Aldo Rebelo, Relator da matria, e saudar todos os membros aqui presentes da
Comisso Especial que est discutindo as possveis mudanas nesse Cdigo.
Na verdade, apresentei requerimento para que todos os membros da
Comisso Especial viessem Comisso da Amaznia porque, na verdade, eu nosabia a dimenso em que estava este debate na Comisso Especial. Mas pelo incio
das discusses aqui eu j me sinto contemplado no requerimento, porque a
discusso mais complexa e mais apaixonante do que eu imaginava.
Eu, na condio de acriano sou nascido e criado no Acre , penso que
ns que moramos na Amaznia, ns que vivemos na Amaznia, ns que estamos ali
sentindo na pele... E hoje o Deputado Marcelo Serafim aprovava um requerimento
nesta Comisso e dava um depoimento no sentido de que produtores
seringueiros, colonos do Estado do Amazonas teriam sido humilhados,
destratados pelo Instituto Chico Mendes, numa operao em que prenderam uma
quantidade de madeira de alguns pequenos produtores.
A moa da Rede Amaznica me chamou ali fora e me perguntou se eu
poderia falar alguma coisa a respeito desta audincia. Eu disse que ns estamos
querendo aqui dar tambm a nossa pequena contribuio, porque ns que vivemos
l, ns que sabemos o que aquelas pessoas... E aqui eu quero dizer que o que me
levou a fazer esse requerimento foi aquela viagem que os senhores fizeram ao meu
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Estado, Capital, Rio Branco. Inclusive, eu fui convidado para fazer parte da
comitiva, e marcaram a sada de Braslia s 5h da manh. A eu perguntei
assessoria do Deputado Aldo Rebelo que voo era esse que saa s 5h da manh,porque para o Acre s sai um s 11h e outro meia-noite. E ela disse: No, a
Comisso vai num avio da FAB, s que este avio leva 7 horas de voo. Eu disse:
Estou fora. Eles levaram 7 horas de voo daqui a Rio Branco, num avio da FAB.
E, quando fui para o plenrio, ali na passagem, peguei o Jornal da Cmara, e
tinha uma matria que dizia que os membros dessa Comisso Especial iam ganhar
o ttulo de exterminadores do futuro. E esses Deputados estavam indo para o meu
Estado dar uma oportunidade quelas pessoas que esto ali de pelo menos ter odireito de estrebuchar. Se vai resolver alguma coisa no sei, mas pelo menos vo ter
o direito de estrebuchar. No sei se os senhores conhecem esse termo, mas
estrebuchar no Acre o cabra pelo menos espernear. Era a oportunidade que a
Comisso Especial estava dando aos acrianos.
Deputado Aldo Rebelo, Deputado Moacir Micheletto e todos os membros da
Comisso Especial, eu queria agradecer aquela oportunidade que V.Exas. deram,
porque foi muito importante a ida de V.Exas. ao meu Estado. Eu estou falando pelomeu Estado. L em Roraima no sei se foi importante, ou no Amap. Eu sei que no
meu Estado foi de fundamental importncia, porque, quando eu cheguei l, tive a
oportunidade de conversar com aquelas pessoas. Aqueles depoimentos e a
Deputada Perptua Almeida sabe disso daqueles colonos que esto sendo
multados com multas exorbitantes... Como que um colono daqueles que tem uma
propriedade que vale R$10 mil recebe uma multa de R$50 mil? E vocs tiveram a
oportunidade de ouvir isso.
Ento, meus irmos, eu no quero me alongar, porque vamos ter um bom
debate. Quero agradecer ao Deputado Aldo Rebelo por essa aula de histria dada
aqui nesta Comisso, porque ajudou muito nos meus poucos conhecimentos.
Eu teria toda a manh para falar. Como que se explica para um colono
daquele que o grande produtor aprova um manejo florestal, Deputado Marcelo
Serafim, tira as toras de madeira que quer, as toras de madeira que precisa para a
exportao, e o colono que mora ao lado no pode tirar uma dzia de tbuas para
reformar sua casa? Como que se explica isso quelas pessoas? Isso est certo?
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A BR-317, que liga Rio Branco a Boca do Acre, teve a licena ambiental
concedida at a metade. Do Km 90 at Boca do Acre no se pode tirar a licena
ambiental para concluir a estrada. No isso, Deputado Marcelo Serafim? l noseu Estado, no Amazonas. Eu digo isso porque os moradores de Boca do Acre
dependem 100% da estrutura do Estado do Acre.
Ento, algumas coisas eu no consigo entender. Da a importncia de V.Exas.
ouvirem o depoimento da Deputada Perptua Almeida, do Deputado Marcelo
Serafim, de todos os membros desta Comisso, para que V.Exas. no tenham
medo. Se esta Comisso tiver que dividir esse ttulo de exterminadores do futuro
com V.Exas., vai dividir. O que ns queremos que V.Exas. sejam justos, justos,justos. No tenham medo, no; sejam justos. Entendi o recado. O relatrio do
Deputado Aldo nem est pronto e j ganhou o ttulo de exterminador do futuro.
Entendi isso como uma ameaa, uma grande ameaa. Como se vai trabalhar desse
jeito?
Presidente, desculpe-me o desabafo. O meu depoimento na tentativa
simplesmente de dar a minha contribuio.
Obrigado.O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Registro a presena dos
Deputados Neudo Campos, Bene Camacho e Paulo Piau.
Passo a palavra ao Deputado Asdrubal Bentes, por 3 minutos
O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, ilustres Deputados Moacir Micheletto e Aldo Rebelo, tenho em mo o
requerimento do Deputado Sergio Peteco firmado pelo Presidente Marcelo Serafim.
Vejo que esse projeto completa 11 anos em tramitao nesta Casa ele de
1999 e trata de florestas. A Amaznia, maior extenso territorial deste Pas, 60%,
constituda principalmente por florestas, uma de suas maiores riquezas. Da vem a
ambio, porque ningum ambiciona o que no presta. As discusses deixam de ser
no campo tcnico, no campo prtico, deixam de ser ouvidos os que realmente
conhecem a Amaznia e so ouvidos os amaznidas de Copacabana e da Avenida
Paulista que no levam em conta o pobre caboclo que est l, ribeirinho, sofrendo
as consequncias da ausncia do Estado.
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Quero me congratular com os autores do requerimento e parabenizar o
Presidente da Comisso e o Relator, que certamente tm o esprito patritico, a
coragem e o denodo para enfrentar todas essas adversidades para expressar nessenovo cdigo a realidade da Amaznia, e no a Amaznia de compndios, a
Amaznia vista por aliengenas, que a cobiam e no querem que os prprios
amaznidas sejam partcipes de suas riquezas.
No podemos, a pretexto do mote ambiental, evitar que o caboclo da minha
regio... Posso falar assim, porque sou verdadeiramente amaznida, nasci s
margens do Rio Madeira, em Humait, estudei em Manicor, desci o rio para me
formar em Belm e estou aqui nesta Casa.Quero, Deputado Aldo, dizer que h pouco revivi o passado, voltei h cerca
de 60 anos, quando eu era criana nos bancos escolares de Humait e Manicor,
pois V.Exa. deu uma aula de histria sobre a Amaznia. Temos a felicidade de ter
aqui um paulista amaznida, que, com certeza, na Relatoria desta matria, no vai
sucumbir a presses. Conhecemos a tmpera e o carter de V.Exa. Sabemos que
vai realmente produzir um trabalho que venha ao encontro da Amaznia e
consequentemente do Brasil.No vou mais me alongar, at porque j aproveitei aquela primeira
manifestao para apresentar as minhas dvidas que espero sejam dirimidas,
porque realmente h um conflito entre o texto constitucional e as leis ambientais em
vigor, inclusive no que tange reserva legal.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Agradeo ao Deputado
Asdrubal Bentes as palavras.
Passo a palavra Deputada Perptua Almeida.
A SRA. DEPUTADA PERPTUA ALMEIDA - Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Parlamentares, acho da maior importncia o debate sobre o Cdigo Florestal
Brasileiro. Primeiro porque toda e qualquer legislao de 40 anos atrs j merece
uma discusso ou para manuteno, ou para mudanas daqui e dali. necessrio
fazer uma discusso. Levantei alguns tpicos. Por exemplo, em 1965, salvo engano,
Deputado Aldo, a data do Cdigo Florestal, no ouvamos falar acerca de situaes
que hoje envolvem o Brasil e o planeta.
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E aqui, muito rapidamente, eu acho que, em 1965, ningum ouviu falar
daquilo que ns consideramos ser o buraco na camada de oznio. Acho que, h 40
anos, ningum nunca ouviu falar nisso. Portanto, como o novo Cdigo FlorestalBrasileiro vai apontar sadas e alternativas para o Brasil superar esse problema?
Acho que a merece um debate sobre o novo Cdigo.
Outra questo: eu acho que h 40 anos no se ouvia falar nas grandes
alagaes, por exemplo, que vive So Paulo hoje. Ento, o que vamos apontar
como regras ou punies a quem mora na cidade para cuidar dos rios, das ruas,
para dar um destino ao lixo etc. etc. etc.? Acho que j merece tambm um debate
sobre essa questo.Acho que h 40 anos ningum nunca tinha ouvido falar da citao: captao
de carbono para combater o aquecimento global. Portanto, como o novo Cdigo
Florestal vai se comportar, 40 anos depois, ao ouvir falar em captao de carbono
para combater o aquecimento global? O que o novo Cdigo aponta para esse
problema?
Acho que, h 40 anos, ningum que morava na floresta e na cidade ouviu
falar numa coisa chamada manejo sustentvel. Essa uma discusso de 10 anospara c, companheiros! O que o Cdigo Florestal vai apontar com relao questo
do manejo sustentvel?
Da mesma forma as compensaes ambientais. um debate, talvez, de 10
anos para c, ou menos. Portanto, um Cdigo de 40 anos precisa dar diretrizes,
rumo para essa questo.
Sr. Presidente, colegas Parlamentares, eu me lembro de que, se o Cdigo
de 1965, foi a partir da dcada de 70 que se iniciou uma campanha no Brasil, pelo
Palcio do Planalto, de que deveria ir o mximo de homens e mulheres para a
Amaznia, com aquela mxima de ocupar para no entregar. Era mais ou menos
isso. Portanto, o que valia naquela poca no era a mata em p; o que valia era a
rea desmatada. Uma rea com mata no tinha valor nenhum. Hoje, 40 anos
depois, o inverso. Ns sabemos que uma rea com floresta em p vale muito mais
do que uma rea devastada. Ns podemos ter muito mais lucro com isso.
Ento, para mim, por si ss, essas questes j justificam o debate acerca do
novo Cdigo Florestal. E aqui, colegas, se h uma coisa que eu acho absurda e no
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aceito essa crise, esse debate de que vo mudar o Cdigo Florestal porque os
ambientalistas no permitem que mexam no Cdigo Florestal, por isso, por isso e
por isso. E o inverso: esto querendo mexer no Cdigo Florestal para poder ajudaro agronegcio.
Eu citei aqui, no mnimo, 10 situaes. Todas elas ambientalmente amparadas
e justificam, por si ss, o debate acerca do novo Cdigo Florestal.
Portanto, eu, que defendo a questo ambiental, que defendo a Amaznia
brasileira, por esses motivos e por outros, defendo mudanas no Cdigo Florestal,
porque acho que a necessidade de um Brasil desenvolvido e sustentvel, ao mesmo
tempo, precisa ter essas garantias.Sabem por que eu defendo mudanas no Cdigo Florestal? Porque no acho
justo que a legislao que pune o pequeno, que cobra do pequeno seja a mesma
que trata com o grande. No acho justo que meam o pequeno e o grande com a
mesma rgua, como se mede um se mede o outro.
No acho justo, Deputado Marcelo Serafim, um cidado que tem 1 hectare de
terra ter de garantir as regras com aquele que tem 10 mil hectares de terra. Que
justia essa? Ns defendemos que os desiguais tm de ser tratados comdesigualdades, para que possam ser beneficiados.
Nesse sentido, o Cdigo injusto, porque o que temos hoje na Amaznia
brasileira uma massa de inadimplentes: seringueiros, ribeirinhos, produtores rurais.
O pequeno homem da floresta est pedindo pelo amor de Deus! Est pedindo
socorro. Ele no tem acesso a banco porque tem multas e no pode pag-las. Ele
no tem novas tecnologias ou novos maquinrios para poder trabalhar a terra. Ele
est proibido de fazer a queimada para garantir o roado. Ento, que alternativas
estamos apontando para resolver esse problema?
Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, muito mais fcil, hoje, um
cidado que mora na floresta pegar a motosserra e colocar no cho a rea de
reserva de madeira. Isso mais fcil, mais rpido e d menos problema do que ele
entrar com um pedido de processo de manejo, porque a burocracia absurda.
O nosso processo de legalizao do manejo muito mais difcil e leva o
cidado, o homem do campo, a usar a motosserra com mais facilidade. Ele desiste.
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Ele faz todas as tentativas e desiste. Fazer o debate sobre o reflorestamento uma
carestia, um absurdo! Ento, precisamos mudar essa regra!
No justo cobrar da Amaznia um preo para podermos continuar dizendoque o Brasil tem a maior reserva florestal do planeta, e natural, que h a maior
biodiversidade naquela floresta e a nossa maior riqueza. O brasileiro adora bater
no peito e dizer: A Amaznia nossa! E . Mas v fazer um debatezinho para
redistribuir o dinheiro do FPE para poder compensar um pouco os Estados que
protegeram as suas florestas! Vira uma confuso nesta Casa. Para mim, um
exemplo claro so os royalties do petrleo.
Ora, muito fcil dizer que a Amaznia nossa, que a Amaznia do povobrasileiro. Mas vai discutir os royalties de um petrleo que no do Estado do Rio
de Janeiro , para destinar um dinheirinho para desenvolver a Amaznia! Ningum
topa, ningum aceita! Ento, precisamos, sem medo, sair um pouco do discurso e
fazer as mudanas necessrias.
No concordo, inclusive, com o debate que est sendo posto a de que a
Comisso do Cdigo Florestal inclusive eu perteno a essa Comisso quer
fazer um relatrio, quer fazer essas mudanas para poder passar a motosserra nasreas de preservao ou na reserva legal.
Primeiro, no concordo que haja mudana no tamanho da reserva legal,
embora ache que cabe discusso na forma e no modelo. Eu no vejo nenhum
problema em um empresrio, que tenha na sua rea uma reserva legal garantida,
querer ampliar aquela sua rea e compensar aquela reserva numa outra rea no
mesmo bioma. Eu no vejo problema em se fazer essa discusso. Qual o medo de
se fazer o debate, se a reserva vai estar garantida?
Sr. Presidente, precisamos sair um pouco do discurso e nos preocuparmos
mais com a situao do desenvolvimento sustentvel do nosso Brasil, sem que
algumas regies tenham de pagar o pato pelo desenvolvimento de outras regies.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Obrigado, Deputada
Perptua.
O Deputado Sergio Peteco fez uma reinscrio. V.Exa. mantm a inscrio,
ou j valeu? (Pausa.)
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Passo a palavra ao Deputado Marcio Junqueira.
O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Sr. Presidente, senhores
membros da Comisso Especial, Deputados Moacir Micheletto, Aldo Rebelo, quemuito engrandecem a nossa reunio nesta manh, quero parabenizar o autor do
requerimento, Deputado Peteco, que demonstra a sensibilidade de quem vive na
Amaznia, e o Deputado Marcelo Serafim, que de maneira firme conduz, como hoje
nesta manh e quando necessrio, a posio da nossa Comisso da Amaznia.
O Deputado Peteco, ao final, fala do sentimento do povo de Roraima quando
da ida da Comisso Especial l. Eu vou dizer do sentimento do povo de Roraima,
porque eu estava l, acompanhei os 2 dias de visita da Comisso: alento,esperana, sentimento de no estarmos sozinhos. Foi o que V.Exa., Deputado
Micheletto, e os Deputados Anselmo de Jesus, Paulo Piau, Valdir Colatto, Aldo
Rebelo deixaram para ns l. Parlamentares que tiveram a coragem, a disposio
no so votados em Roraima, no tm eleitores em Roraima, nem no Amazonas,
muito menos no Acre , a determinao de entrar num avio sem calafetagem. E,
a, quando preciso discordar do Deputado Ivan Valente. No o agronegcio que
est bancando, porque se fosse estaramos num total momento de falncia. O avioque vi esses Deputados chegarem l da Fora Area Brasileira. Em Roraima, foi
uma van branca, sem ar-condicionado, inclusive, cedida pelo Governo do Estado,
que os locomoveu. Vi quando eles pagaram a fatura do hotel. Vi os Deputados
Moacir Micheletto, Anselmo, Valdir Colatto, Aldo Rebelo, Paulo Piau pagando a
fatura, alguns com notas em dinheiro, outros com carto de crdito. Sou obrigado a
fazer esse comentrio.
Ou enfrentamos temos que ter como inspirao esses Deputados a
situao do Cdigo Florestal Brasileiro, ou o Pas est fadado ao insucesso.
Diferente do que alguns imaginam, importante que o Brasil saiba, que as
pessoas saibam, que se hoje o brasileiro pode comprar televiso, geladeira, fogo,
pagar a prestao do carro, porque gastamos agora somente 25% do que
ganhamos com alimento, porque at 1990 gastvamos 75% do que ganhvamos
com alimento. Hoje s gastamos 25%.
Houve o avano, a tecnologia, o conhecimento. Portanto, se no discutirmos
um modelo para este Pas, vamos ser acusados, e a histria vai registrar isso.
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Aqui, hoje, ouvi histria, e a histria vai registrar o nome dos que pensaram
no Brasil, que no se submeteram, nem se ajoelharam aos interesses internacionais
de manter um pas com nveis de crescimento pequenos, condenando um povo.Portanto, como j foi dito aqui, sou obrigado, em Roraima, a comprar o etanol
de So Paulo. So Paulo pode l, em Ribeiro Preto, onde no h muitas
rvores. Mas o etanol de So Paulo bom para Roraima, bom para o Amazonas.
No querem discutir conosco o bioma do lavrado, onde no se derruba uma rvore.
No, esse no pode discutir, mas o etanol de So Paulo posso comprar, o feijo da
Bahia posso comprar, a soja do Mato Grosso podemos comprar. O que existe ou a
total ignorncia por parte de alguns segmentos da sociedade, ou ento perversidade, maldade, falta de brasilidade.
Emisso de CO2 na atmosfera. S para que V.Exas. saibam, importamos da
Venezuela a energia de Guri, em Roraima, porque passa por momento difcil de
seca, falta de manuteno, poltica. Hoje das 20 turbinas que existem em Guri,
Complexo Macgua, s 8 esto funcionando, 12 esto parados. Isso bom para os
ambientalistas.
Hoje, enquanto estou falando aqui, at o final do dia, teremos queimado,transformado em fumaa, em CO2, 200 mil litros de leo diesel, amanh tambm e
depois de amanh tambm. Mas esse o modelo, porque no podemos ter uma
hidreltrica. E assim no Amazonas.
O Deputado Marcelo Serafim sabe quantas balsas saem de Manaus para o
interior do Estado para alimentar as termeltricas. Assim no Acre, assim no
Amap. Ou ento nos peam. lgico que no vamos atender. Mas tenham a
coragem de nos pedir: desocupem a Amaznia. Porque a ns vamos separar o joio
do trigo; a ns vamos saber o que querem de fato com aqueles 25 milhes de
brasileiros que esto l na Amaznia. De l s sairemos mortos, porque temos a
mesma legitimidade. O hino que eu canto o mesmo que o paulista canta; a
Bandeira que eu venero a mesma que o gacho e o paranaense veneram; e o
idioma que falo, tirando alguns sotaques, o que conheo no Brasil inteiro.
Parabns ao Presidente da Comisso da Amaznia, ao Deputado Sergio
Peteco e aos senhores! A histria cuidar de registrar a grandeza e a brasilidade do
que esto fazendo.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Agradeo as palavras do
Deputado Marcio Junqueira.
Passo, de imediato, a palavra ao Deputado Ivan Valente.O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sr. Presidente, antes de fazer a minha
interveno, pergunto se o Deputado Aldo Rebelo, que o Relator, vai retornar
nossa Comisso.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Ele foi dar uma entrevista
a uma rdio.
Peo que localizem o Deputado Aldo Rebelo. (Pausa.)
Ele j est retornando, Deputado.O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Porque no so apenas algumas
perguntas, como tambm consideraes que eu queria dirigir a ele.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - V.Exa. pode falar daqui a
pouco ento.
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Mas certo que ele volta?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Sim.
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Ento, tudo bem.O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Eu posso chamar o
Deputado Neudo Campos e a V.Exa. aguarda o Deputado Aldo Rebelo chegar.
Tem a palavra o Deputado Neudo Campos.
O SR. DEPUTADO NEUDO CAMPOS - Sr. Presidente, gostaria de, primeiro,
parabenizar o Deputado Aldo Rebelo pela disposio de percorrer a Amaznia.
Junto com a Comisso Especial e o Deputado Moacir Micheletto estiveram em Boa
Vista, em Roraima, e no estive presente, porque eu estava no interior do Estado.
Saber da sua presena, dos seus conhecimentos, no s em Boa Vista, mas l em
Tepequm, e andar pelo interior tambm, isso salutar. Ouvir um no amaznida
falar com autoridade, com o sentimento, como foi demonstrado aqui pelo Deputado
Aldo Rebelo, algo que realmente me encanta os ouvidos. Soa bem aos nossos
ouvidos porque nos d a sensao de que no estamos ss, de que essa uma luta
de quem no quer dizimar a Amaznia, como foi dizimada a Mata Atlntica, por
exemplo. No queremos isso. Queremos o tal desenvolvimento sustentvel.
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Sustentvel, mas equilibrado e com desenvolvimento. Essas 2 palavras tm de
conviver. E essa linha divisria vai ser resultado de uma luta que tem de acontecer.
O que no justo, por exemplo, a estrada que liga o meu Estado aorestante do Brasil (BR-174) funcionar apenas 12 horas por dia. um Estado que
funciona 12 horas por dia! A justificativa de que essa estrada atravessa a
comunidade indgena waimiri-atroari e que o barulho dos veculos pode espantar as
caas. Mas atravessa tambm, l na fronteira com a Venezuela, a terra indgena
So Marcos; mas l a estrada funciona 24 horas. Enfim, ruim isso.
Uma abordagem do Deputado Aldo Rebelo me fez lembrar de um episdio
relativo s comunidades indgenas. O que querem os ndios? Eu ouvi expressesque nunca mais esqueci. Um ndio tuxaua disse: Ns no queremos voltar a andar
nus, no queremos regredir. O que ns queremos educao, melhor sade,
assistncia social melhor, produzir alimentos.Este o grande calcanhar de Aquiles
das comunidades indgenas: ns queremos poder planejar o nosso amanh, com
toda a extenso de rea que temos.
Eu gostaria tambm de fazer referncia a uma conversa que tive com o
Ministro Edison Lobo.No dia 14 de setembro, o Presidente Lula foi a Boa Vista, e, dessa sua
passagem, uma coisa ficou nos ouvidos de todos l: seriam construdas 4
hidreltricas na Guiana para fazer interconexo com a energia de Roraima, para,
depois, interconectar com a de Manaus, e, depois acho que agora no tem como
no ser assim , com as hidreltricas de Rondnia e tambm de Tucuru. Com
Tucuru acho, geograficamente, muito difcil de acontecer. Agora, tem de haver
mesmo essa interconexo.
Falou-se tambm da proposta da nossa energia com a da Venezuela.
Roraima j ligada, tem uma linha de transmisso iniciada quando eu era
Governador. Orgulho-me em ter comeado essa linha de transmisso, de ter
convencido primeiro o Presidente Rafael Caldera, da Venezuela, e depois o
Presidente Fernando Henrique Cardoso. E a aconteceu a construo da linha de
transmisso de Guri at Boa Vista. Manaus recusou porque tem o potencial do gs
de Urucu.
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Enfim, essa interligao absolutamente importante para ns, mas no
temos segurana em termos de energia porque temos s uma fonte, Deputado
Sergio Peteco. E quem tem um no tem nenhum; quem tem dois tem um. Ento,precisamos ter outra fonte. Mas para essa outra fonte preciso construir hidreltrica
na Guiana?! A, perguntei ao Ministro Edison Lobo: Por que construir na Guiana?
Ns temos na Cachoeira do Tamandu, no Rio Cotingo, um potencial hidreltrico de
capacidade de 565 megawatts. A conformao geolgica do local, a natureza fez
algo como 70%, e, no entanto, ns vamos construir hidreltrica na Guiana. Sabem o
que me respondeu o Ministro Edson Lobo? Assim: O meio ambiente no nos deixa
fazer hidreltricas no Brasil. Ns temos de fazer l. Vejam, quando se trata daenergia de um pas que est crescendo e que precisa cada vez mais de energia...
No podemos nos conformar. Eu fico analisando aquilo. Meu Deus! Um Ministro de
Minas e Energia dizer isso!? E ele mesmo me disse: , eu tenho de dizer isso.
Ento, acho que temos de nos preocupar com essas coisas.
H outra questo fundamental na Amaznia e que talvez seja o seu grande
problema. Eu no assisti a toda palestra do Deputado Aldo Rabelo, mas me encantei
com o que ouvi. O grande problema a questo fundiria, a falta de seguranajurdica da propriedade da terra na Amaznia. Ningum tem nada. Geraes e
geraes esto l, mas, de repente, um rgo pode chegar e dizer que dono
daquilo. A insegurana desvaloriza tudo. A insegurana gera falta de investimentos,
e tem nos atrasado bastante. O maior problema da Amaznia hoje em dia
exatamente a questo fundiria. No s Roraima, mas tambm a Amaznia inteira
sofre com esse descaso histrico do nosso Pas para com a regio. (Pausa.)
Eu falei Rabelo, e esto me corrigindo aqui que o sobrenome do Deputado
Rebelo. Ento, Deputado, desculpe-me. De qualquer maneira, as suas palavras
soaram muito bem aos meus ouvidos, encantaram-me. S lamento no ter estado l
para acompanhar a sua permanncia. Sei que perdi uma grande oportunidade de
trocar informaes, mas eu estava no interior, no sabia da chegada da Comisso e
houve esse desencontro. Parabns pela disposio de percorrer o nosso Pas, pela
vontade, pelo sentimento de brasilidade, pelo sentimento nacionalista de fazer o
melhor e, muitas vezes, se contrapor s correntes que atualmente so moda. bom
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7/28/2019 24-3-2010 Debate Sobre o Novo Codigo Florestal Brasileiro
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CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010
preservar, e ns no queremos dizimar, depredar; ns queremos sobreviver, e mais
do que isso, viver com dignidade.
E essa sua bandeira. E a sua posio nos faz pensar que ns no estamosss.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Obrigado, Deputado
Neudo.
Passo a palavra ao Deputado Ivan Valente.
O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sr. Presidente, Sr. Deputado Aldo
Rebelo, Deputado Moacir Micheletto, eu quero comear dizendo que, primeiro, aComisso da Amaznia tem uma responsabilidade grande nesse debate. Eu acho
muito sedutor esse debate sobre o desenvolvimento da Amaznia.
M