24-3-2010 debate sobre o novo codigo florestal brasileiro

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    CMARA DOS DEPUTADOS

    DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISO E REDAO

    NCLEO DE REDAO FINAL EM COMISSES

    TEXTO COM REDAO FINAL

    COMISSO DA AMAZNIA, INTEGRAO NACIONAL E DESENVOLVIMENTO REGIONALEVENTO: Audincia Pblica N: 0219/10 DATA: 24/03/2010INCIO: 11h12min TRMINO: 13h50min DURAO: 02h37minTEMPO DE GRAVAO: 02h37min PGINAS: 58 QUARTOS: 32

    DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAO

    SUMRIO: Debate sobre o novo Cdigo Florestal Brasileiro.

    OBSERVAES

    Houve exibio de imagens.Houve intervenes fora do microfone. Inaudveis.

    Houve intervenes simultneas ininteligveis.

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    CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Declaro aberta a presente

    reunio de audincia pblica, promovida pela Comisso da Amaznia, Integrao

    Nacional e Desenvolvimento Regional em atendimento ao Requerimento n 644, de2010, de autoria dos Deputados Sergio Peteco e deste Parlamentar, para debater o

    novo Cdigo Florestal Brasileiro.

    Inicialmente, gostaria de cumprimentar todos os presentes, em especial os

    senhores expositores.

    Convido para compor a Mesa o Exmo. Sr. Deputado Moacir Micheletto,

    Presidente da Comisso Especial que analisa o novo Cdigo Florestal, e o Exmo. Sr.

    Deputado Aldo Rebelo, ex-Presidente desta Casa e Relator daquela Comisso.Dando continuidade presente reunio, informo que a lista de inscrio para

    os debates encontra-se sobre a mesa.

    O Parlamentar que desejar interpelar os expositores dever dirigir-se

    primeiramente Mesa e registrar o seu nome.

    Esclareo aos nobres expositores e aos Srs. Parlamentares que a reunio

    est sendo gravada para posterior transcrio e, por isso, solicito que, durante suas

    exposies, falem ao microfone.Informo ainda que os convidados no podero ser aparteados no decorrer de

    sua exposio. Somente depois de encerradas as exposies, os Deputados

    podero fazer suas interpelaes, tendo cada um o prazo de 3 minutos e o

    interpelado igual tempo para responder, facultadas rplica e trplica pelo mesmo

    tempo.

    Os apartes e interpelaes devero ser feitos estritamente quanto ao assunto

    objeto da convocao, nos termos regimentais.

    Vou aguardar o Deputado Aldo Rebelo. Ele est dando entrevista. Em s um

    minutinho, passaremos palavra ao Deputado Moacir Micheletto, Presidente da

    Comisso, para a sua exposio.

    Com a palavra, o Deputado Moacir Micheletto.

    O SR. DEPUTADO MOACIR MICHELETTO - Bom, eu quero cumprimentar o

    nosso Presidente Marcelo Serafim, da Comisso da Amaznia, o nosso Relator Aldo

    Rebelo, os Srs. Parlamentares, as senhoras e senhores presentes.

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    CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010

    A convite, inclusive, desta Comisso, ou melhor, desta Frente, vou usar um

    resumo de mais ou menos 20 minutos para tentar dar um enfoque de como estamos

    discutindo o novo Cdigo Florestal Brasileiro. lgico que, depois, o Relator vaifazer suas observaes naquilo que ns vimos.

    J percorremos 18 Estados brasileiros, fizemos audincias pblicas em todos

    os biomas e estamos encerrando hoje, inclusive, com uma audincia pblica viu,

    Perptua? com a presena dos nossos lderes dos seringais do Acre e do nosso

    Governador do Piau, Wellington Dias. Depois, na segunda-feira, teremos uma

    audincia pblica eminentemente tcnica na cidade de Curitiba, l na EMBRAPA

    Florestas.Vou ficar aqui na frente e fazer uma exposio rpida. Gostaria que algum

    pudesse manusear ali o aparelho para eu falar com os senhores. (Pausa.)

    (Segue-se exibio de imagens.)

    Veio para o Congresso Nacional essa discusso to importante, e muito mais

    importante a Frente da Amaznia discutir, inclusive, este bioma.

    O que ns estamos tentando discutir dentro e fora do Congresso? Ns temos

    uma legislao que sabemos ter um fundo fragmentado, tem um nmero e contedode mais de 16 mil leis, inclusive, vagando no Brasil hoje.

    lamentvel que a minha outra... No, estou tentando colocar a minha

    palestra. Estou focando inclusive os biomas, e no est a.

    Ento, estamos aqui discutindo que ela fragmentada em nmero e

    contedo. Estamos tentando ouvir todos nesse sentido. Ela tem carter um tanto

    ideolgico, at por parte dos ruralistas e ambientalistas queremos, inclusive,

    quebrar esse paradigma , e estamos tentando discutir que ela tem base cientfica.

    Por isso que estamos discutindo isso hoje com a comunidade cientfica, com as

    universidades, em sntese, com quem de direito. Ela independente da histria.

    Ns estivemos, inclusive, na Amaznia conversando com a populao e com

    as lideranas. Vimos que tudo o que est sendo implantado no tem um contedo,

    no respeita a histria de como l foi desbravado, como aquele povo chegou h 30,

    40 ou 100 anos. Ela tem um contedo muito incoerente com a realidade,

    contradies. Essas contradies impossibilitam, inclusive, a sua implantao, e h

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    a a ineficincia: no protege o ambiente e dificulta o desenvolvimento. Era uma lei

    muito punitiva. Ela no tem carter educativo, mas um carter muito punitivo.

    No cenrio mundial, podemos comentar que h possibilidade de escassez deprodutos agrcolas no mundo. Em razo disso, queremos o equilbrio entre o

    produtivo e o ambiental.

    O crescimento da populao mundial vai at 2025. Ento, vamos ter de

    verificar isso no equilbrio entre o ambiental e o produtivo.

    Aumento de renda dos pases asiticos. Estamos vendo que os pases so

    altamente subsidiados nas suas aes, e aes externas implicam, inclusive, aes

    internas, por meio da prpria lei.A retirada dos subsdios agrcolas pelos pases desenvolvidos tambm um

    outro ponto que, se no tirarem, estaremos ali com os pases desenvolvidos

    impondo regras para ns, a fim de que possamos cumpri-las sem passar pelo

    Congresso Nacional.

    Lamentavelmente, est faltando uma. Eu iniciava uma lmina mostrando que

    a discusso do meio ambiente no apenas do homem do campo. A cidade vai ter

    de participar dessa discusso, os grandes centros, porque quem polui o mundo no apenas a agricultura, impondo inclusive floresta, unidade produtiva...

    Queremos mostrar que a cidade tambm polui. Se voc olhar l no Rio Tiet em So

    Paulo e tantos outros, no o agricultor que est poluindo. Ento, temos de ter esse

    conceito, temos de ter essa condio de mostrar que a cidade tambm tem de

    participar dessa discusso.

    Como que comeamos a discutir? Lamentavelmente, a minha palestra est

    incompleta. A minha assessoria no viu. Eu comeava sempre com uma lmina

    mostrando uma cidade e um rio. Depois, eu colocava o Brasil.

    A Comisso, desde setembro do ano passado, comeou a discutir o meio

    ambiente, discutir, atravs da Comisso Especial, os biomas. O Aldo est aqui e

    pode at depois fazer um resumo. Ns visitamos todos os biomas do Brasil: o

    Cerrado, a Caatinga, a floresta, os Pampas, a Mata Atlntica, o Pantanal. Ns

    olhamos e ouvimos os Estados e ouvimos a populao que mora nesses biomas.

    Ento, no possvel que tenhamos uma lei, uma lei nacional, que feita para

    floresta. Temos de cumprir, inclusive, a no bioma do Sul, uma lei que venha traduzir

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    na Mata Atlntica e tem de ser cumprida inclusive no bioma do Cerrado ou outro

    bioma qualquer.

    Ns procuramos facilitar isso na discusso, e no verdade o que est sendocolocado de que ns no estamos discutindo com a sociedade. Nunca! Estou aqui

    no meu quinto mandato, vou para o sexto. Nunca vi um projeto ser to discutido e

    to debatido a nvel nacional. No verdade o que se est apregoando por a.

    Ento, essa discusso tomou uma dimenso, hoje, em que estamos

    conseguindo fazer com que a prpria populao urbana saiba que o meio ambiente

    no apenas floresta; biodiversidade, gua, sol, ar. Tudo isso estamos

    discutindo.O novo Cdigo Florestal Brasileiro tem como princpio a poltica de gesto

    territorial. Estamos tentando discutir a gesto territorial do Brasil dentro dos seus

    biomas. Acho que esse o ponto importante da discusso, em que temos que ter o

    meio ambiente tambm como marco decisivo para isso.

    Vejam, este o nosso Brasil. Ns comeamos a visitar no , Aldo?

    primeiro a Caatinga, l em cima, nas nossas Alagoas. Discutimos todo esse bioma,

    ouvindo todos em audincias pblicas com durao de 8 horas; fizemos audinciaspblicas com a participao de mais de 5 ou 6 mil pessoas. Ento, dizer que no

    estamos discutindo no verdadeiro.

    Ns temos o relatrio, discutimos tudo o que h na Caatinga, na Mata

    Atlntica, nos Campos Gerais do Rio Grande do Sul, o Pantanal, que foi o penltimo

    que fizemos, inclusive em Corumb, no Cerrado e na Amaznia. Acho que tivemos

    um retrato, que o Relator tem, para que possamos elaborar um bom relatrio e um

    bom projeto.

    Estrutura da lei federal, orientada pela cincia, tcnica e tecnologia. O que

    queremos discutir? Estabelecer normas gerais que competem Unio, inclusive

    cumprindo a Constituio de 1988, ou seja, definir a poltica valorizando o ativo

    ambiental.

    No possvel que l o nosso Par no , Asdrubal? , que a nossa

    Amaznia no receba alguma coisa pelo seu ativo ambiental, j que uma regio

    que, em certas partes, tem 98% da cobertura vegetal. Se h esse ativo ambiental,

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    CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010

    temos que discutir, e esta Casa que tem que discutir, e no adotar as normas, as

    regras, inclusive internacionais, que se impem para ns.

    Esta Casa tem que ter a responsabilidade de discutir tudo isso por meio deuma nova lei ambiental, determinar quais os bens que devem ser protegidos. Isto faz

    parte da discusso: estabelecer os instrumentos para essa proteo, discutir o

    zoneamento ecolgico e econmico h alguns Estados que j esto com eles

    prontos e no podem ser implantados em funo ainda de no termos uma lei

    nacional e instituir o pagamento por servios ambientais.

    Se algum quer pegar 20% da minha rea, algum tem que pagar, porque

    no pego 20% de quem tem automvel, de quem tem um apartamento, de quemtem uma casa na praia. Por que s ns, agricultores, temos que pagar? Por que na

    Amaznia 80% tm que ficar em floresta? Se tem que ficar isso para que possamos

    ajudar o planeta e o Pas, a sociedade vai ter que pagar.

    Portanto, no s o agricultor que tem que discutir o problema. O que a

    Amaznia est fazendo agora discutir isso. Instituir o pagamento por servios

    ambientais, isso tem que ser estabelecido em lei, tem que ser discutido pelo

    Congresso Nacional.Normas gerais.

    A Unio limita estabelecer diretrizes do art. 24 da Constituio brasileira.

    Cada Estado elabora seu zoneamento econmico e ecolgico e identifica suas

    potencialidades, fragilidades e histrico de ocupao, para definir onde ficaro suas

    reservas e em que proporo.

    Senhores, no estamos inventando a roda. O que eles esto dizendo...

    Inclusive os senhores viram que est colocada a tarja de exterminadores do futuro.

    H pessoas que so exterminadoras do presente, e ns vamos a fundo isso, j

    estamos comeando. Por qu? No admitem! Esta Casa est discutindo inclusive o

    que est na Constituio brasileira. O art. 24 que est dizendo o que temos que

    fazer.

    Cada Estado tem que ter o seu zoneamento ecolgico e econmico. A

    unidade de planejamento sai da propriedade e vai para o bioma, bacia ou Estado.

    Acho que aqui parmetro tcnico e cientfico. a comunidade cientfica que est

    dando isso para ns.

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    CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010

    No querem que se discuta isso? Ns vamos discutir sim, e quem vai aprovar

    no a Comisso Especial. Ela pode aprovar, mas depois vai para o grande debate,

    que na Cmara e no Senado. A sociedade est debatendo isso, e ns vamos levaro relatrio do Aldo Rebelo para l.

    Regras para ordenamento territorial. Temos que ver as potencialidades

    socioeconmicas e ecolgicas de uma regio e de um bioma. No posso achar que

    tenho que destruir tudo para ganhar dinheiro em detrimento do meio ambiente, mas

    o meio ambiente tambm no pode engessar o socioeconmico. O scio o

    homem, e o homem em cima daquilo que ele vai produzir. Ns temos que pensar em

    cima disso.Fragilidades naturais. Cada bioma tem suas fragilidades.

    As tendncias de ocupao. Ns temos que respeitar, l em Rondnia, por

    exemplo, onde h 30, 40 anos aquele povo foi morar e havia uma legislao. Temos

    que modificar essa legislao, discutindo isso atravs do zoneamento ecolgico e

    econmico, como o caso do Acre, do Amazonas e assim por diante.

    Ns temos que levar em considerao as condies de vida da populao. s

    vezes, criam-se parques florestais, desapropriam, jogam o povo para fora e hoje tarde, vamos ter o depoimento dos seringueiros do Acre aqui numa audincia

    pblica, porque l desapropriaram a rea e nada foi pago. O agricultor no recebeu

    ainda a sua indenizao. um crime isso que est sendo feito.

    Ns temos que discutir a nvel de Congresso Nacional as incompatibilidades

    em relao legislao ambiental e outras normas legais. aquilo que j apresentei

    para vocs. So mais de 16 mil leis ambientais que esto circulando no Brasil sem

    um ordenamento tcnico cientfico.

    Situaes de conflito socioambiental. No queremos mais briga de ruralista

    com ambientalista. No isso no. Tentam imprimir isso, mas no . a Casa que

    vai discutir, a sociedade que vai discutir isso.

    Definir os bens proteger. Quando falamos de meio ambiente, primeiro, o

    homem; ns temos que pensar no ser humano. Quando eu quero falar em meio

    ambiente, no s a floresta; gua, sol, ar e a biodiversidade. Aqui que temos que

    discutir. Quando discutimos meio ambiente, no podemos pensar s na floresta

    amaznica. Temos que pensar que algum tambm tem que tomar gua limpa,

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    algum tem que ter o solo, que o maior patrimnio da humanidade, algum tem

    que respirar ar puro. Algum est fazendo isso, algum vai ter que pagar por isso.

    Definir instrumentos de proteo, que zoneamento ecolgico e econmico;pagamento por servios ambientais; licenciamento mais gil. Ns estamos vendo

    que h licenciamento, s vezes, de uma hidrovia, uma ferrovia, uma indstria que s

    vezes passam 4, 5, 6 at 10 anos para sair esse licenciamento. Ns temos que

    verificar isso, e a lei tem que prever como pode ser mais gil, dentro, claro, dos

    parmetros tcnicos cientficos.

    Multa sem criminalizao, balano de ativos, multas... Inclusive no Acre ns

    vimos, e em outros Estados, agricultor que tem 10 hectares com multa de 500 milreais, e assim vai. So depoimentos. No somos apenas ns que estamos dizendo

    isso.

    Ns temos que ver reserva legal ambiental. Esse ttulo reserva legal existe?

    Existe. Vai permanecer os 80? Vai permanecer os 35, os 20? No estamos

    discutindo isso; estamos discutindo como tecnicamente isso pode ajudar, como

    tecnicamente isso pode ser colocado aqui no Brasil.

    Proteo de reas frgeis, APPs, unidades de conservao, lei e prazo paraindenizao. O Congresso Nacional tem que participar na criao de unidades de

    conservao. Isso no pode ser criado aleatoriamente sem passar por esta Casa. E

    quem paga? Por exemplo, em Ilha Grande, no meu Estado do Paran, h 25 anos,

    foi desapropriada uma rea e se tornou uma unidade de conservao, e at hoje os

    agricultores no receberam a sua indenizao. Onde eles esto? Num barraco ou na

    cidade passando fome, e at hoje o Poder Pblico no pagou essa indenizao. Ns

    temos que discutir isso.

    O diagnstico em que se baseia o zoneamento ecolgico econmico deve

    permitir o estabelecimento de diretrizes gerais e especficas que contemplem, no

    mnimo, as atividades adequadas a cada zona, as necessidades de proteo

    ambiental e conservao dos recursos naturais, as indicaes de reas para

    instituio de unidades de conservao. O zoneamento vai ter que fazer isso.

    Critrios e medidas destinadas a promover o desenvolvimento sustentvel

    das reas rurais e dos lucros urbanos aqui ns temos que discutir tambm o meio

    ambiente nas cidades e medidas de adequao das situaes de conflitos

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    existentes. Ns temos que, inclusive, dirimir todo conflito que existe no Brasil. No

    podemos ter corrente a e corrente b. Queremos o seguinte: uma linha dorsal,

    uma lei que venha atender ao Brasil e aos brasileiros. Eu acho que esse o ponto, eesta Casa que tem que discutir; uma Comisso como esta aqui que est

    discutindo inclusive a sua vida l na Amaznia.

    A Amaznia Legal um termo criado exclusivamente para fins de incentivos

    fiscais que passou a ser utilizado como regio geogrfica para as leis e restries

    ambientais. Eu no quero entrar nesse campo aqui porque j existe, ns estamos l,

    mas temos que definir.

    Reserva legal... Este o nico pas do mundo que tem reserva legal. svezes, voc v algumas ONGs internacionais, e se perguntssemos para elas o que

    esto fazendo em termos de reserva legal no seu pas, nenhuma sabe responder

    porque l tambm no existe. Mas ns no queremos acabar com a reserva legal.

    Ela vai existir, mas temos que discuti-la dentro de parmetros, como eu disse,

    tcnicos e cientficos.

    O estmulo tcnico e cientfico do zoneamento ecolgico e econmico deve

    dar origem a 4 grandes indicadores. Tudo o que vamos fazer no meio ambiente a fimde termos uma lei que venha atender, de fato, aos interesses nossos tem de ter um

    parmetro agrcola, um parmetro econmico, um parmetro social e um parmetro

    ambiental.

    Vou dar o exemplo econmico. No pode um ruralista querer destruir tudo,

    pensando s na economia, porque ser criado um problema social. Se a rea

    agrcola for diminuda, vai-se criar um problema econmico, consequentemente, um

    problema social. No campo ambiental, temos tambm de verificar que se s

    pensarmos no aspecto ambiental e no no homem, no aspecto econmico,

    estaremos desequilibrando uma sociedade, uma regio, um Estado.

    Esses indicadores nortearo as polticas pblicas municipais, estaduais e

    federais.

    Estrutura para alterao da lei, reas protegidas, matas ciliares. Estamos

    discutindo e, dentro dela, estamos ouvindo os tcnicos, os cientistas. Unidades de

    conservao: como est sendo feita, como est sendo colocada em ao no Brasil;

    reas frgeis, reserva ambiental, acho que so coisas que ns estamos discutindo e

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    temos de ter dentro da prpria lei, mas temos de ter coragem para discutir isso. No

    podem ser deixadas a critrio de minorias, tanto de um lado como de outro. a

    sociedade que est discutindo e esta Casa, este Congresso Nacional que vai dizeraquilo que certo, aquilo que errado.

    Reserva legal, APP. A APP tem de ser usada como instrumento de proteo

    de bem ambiental, de carter funcional, e no apenas criar situaes que no

    venham a atender nem o homem que l reside, nem a sociedade, nem a prpria lei.

    Estrutura para alterao da lei, reserva legal, compensao da propriedade

    pela manuteno dos servios ambientais. Ora, se querem que sejam 80%, 35%,

    20%, tem de haver uma compensao. Eu acho que ns temos de discutir isso aqui.Se eu estou contribuindo com o meio ambiente do planeta, do Pas, do bioma ou da

    bacia e eu tenho de pegar parte da minha propriedade, tem de haver compensao

    para eu poder manter isso para que a populao seja servida, compensar a

    limitao econmica. Ora, se eu estou l com 80% da minha propriedade na

    Amaznia, algum vai ter de compensar esse 80%. A forma vai ser discutida, mas

    ns temos de discutir isso. Se a lei determina que todo mundo tem o mesmo direito,

    ns temos tambm de dar o direito e o dever quele que est aqui, limitando a suaao econmica, e tornar lucrativa a produo ambiental e no punitiva, como est

    por a.

    Concluso.

    Pesquisa da EMBRAPA. Critrios para determinao adequada de mata ciliar,

    APP. Ela deve considerar... Quando falamos em reserva permanente ou mata ciliar,

    ns temos que definir a largura do rio ou do lago, onde quer que seja. Ns temos de

    ter parmetros tcnicos e cientficos, ver a declividade do solo; sua textura, se

    arenosa ou argilosa; a espessura do solo, se raso ou profundo.

    Ento, ningum quer aqui acabar com reserva permanente ou com a mata

    ciliar, diminui-la, mas se a cincia diz que eu tenho de aumentar... Algum est com

    5 metros e dito: a cincia diz que voc vai ter de ter 50 e voc vai ter de ter 50,

    mas s vezes voc tem 50 e pode reduzir para 10, mas quem vai dizer isso a

    prpria EMBRAPA ou outras entidades, como universidades e assim por diante.

    Aqui a definio. Se a APP estreita, a encosta plana; a APP tem de ser

    mais larga se inclinada. Profundidade: se profundo ou o solo raso. A textura:

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    solo argiloso ou arenoso. Ento, a largura do rio no determinante para definir a

    largura da APP. No somos ns que estamos dizendo isso; a comunidade

    cientfica. Aqui eu tenho colocado em legenda que se o solo raso, frgil, a largurado rio tem de ser muito maior, mas se o solo tem caracterstica argilosa, tem

    declividade, a largura aqui muito menor. Eu no estou entrando nesse mrito

    porque so coisas que esto sendo debatidas tcnica e cientificamente.

    Olhem aqui, e j estou encerrando o meu bate-papo. O que ns ouvimos em

    nossas audincias, e o Relator pode confirmar isso, o questionamento da largura

    das margens dos rios. Em 1965, veio algum e disse o seguinte: se o rio tem 10

    metros, a largura da APP tem de ser de 5; se ele tem de 10 a 200 metros, a largura a metade, de 100 e de 200 e se mais de 200, de 100 metros. Depois de 21 anos,

    em 1986, algum veio e disse o seguinte: a partir de agora, largura de rio de 10

    metros, tem de ser 30 metros; de 10 a 50, tem que ser 50 metros; de 50 a 100, tem

    de ser 100 metros; de 100 a 200 metros, tem de ser 150 metros e mais de 200

    metros tem de ser 200 metros de largura.

    Quando estamos discutindo isso aqui, precisamos verificar uma pequena

    propriedade, uma mdia propriedade: que impacto ser dado nessa rea? Dessaforma, inviabiliza-se a propriedade. Quando estamos discutindo largura, no

    estamos discutindo por bel-prazer. Ns estamos trazendo a comunidade cientfica

    para perguntar: correto isso ou no?

    Em 1989, veio mais uma outra lei, mudou de novo: de 50 a 200, a largura

    de 100 metros; de 200 a 600 metros, tem de ser de 200 metros, e mais de 600, so

    500 metros de largura.

    Se voc viajar pelo Brasil, se voc for ver por biomas... Estamos vendo que

    muita coisa que est a... Isso aqui inviabiliza a propriedade e ns estamos querendo

    encontrar um caminho. Qual o caminho que vamos encontrar? discutir com

    quem tem a cincia. No o ruralista que vai dizer que tem de diminuir de 100 para

    30. Ns estamos discutindo dentro da comunidade cientfica. Isso aqui o relatrio

    est vendo.

    Pases ricos.

    Cerca de 20% da populao mundial consome cerca de 80% da energia

    disponvel no Planeta, 75% dos metais ontem, recebi um empresrio do meu

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    Estado que est importando uma mquina que custa 80 milhes de reais, feita na

    Sucia que, sabemos, no produz metais. Ns somos o maior fornecedor de metais

    para os pases ricos do mundo. Levam para l, transformam e ns temos de pagar50 ou 100 vezes mais o valor do que se tivssemos feito aqui , 85% das madeiras

    do mundo so consumidos por esses 20% da populao mundial, e 65% dos

    alimentos.

    No sou eu que est dizendo isso. Se os pases pobres pudessem alcanar

    esses mesmos nveis de consumo, teramos forosamente que aumentar em pelo

    menos 10 vezes a atual disponibilidade de combustveis fsseis e em mais de 200

    vezes a disponibilidade de minerais. A Holanda em 1994... Ns estamos tentandofazer uma reflexo das imposies dos pases ricos inclusive em cima do prprio

    Brasil.

    E aqui um dado inegvel: cada milho de reais a mais de faturamento resulta

    na criao, vejam bem, de tantos empregos. A agropecuria d 202 empregos. Por

    isso que ns estamos discutindo a agricultura brasileira como uma grande fonte de

    empregos no Brasil. O comrcio d 140 novos empregos; a construo civil, 111

    novos empregos; a indstria automobilstica, 85 novos empregos e a indstriaeletroeletrnica, 78 novos empregos.

    Eu acho que esta Casa tem de comear, e comea por esta Comisso da

    Amaznia, que to importante, a discutir esses dados. No queremos o

    engessamento, mas no queremos destruir... Inclusive, comeamos a discusso

    com desmatamento zero na Amaznia. Ento, ns podemos modificar o Brasil sem

    derrubar uma rvore, e lgico que depois o zoneamento ecolgico econmico

    que vai determinar o que tem de ser feito.

    Ento, essa histria de que ns vamos mudar o Cdigo Florestal Brasileiro

    para destruir o meio ambiente balela! Isso no verdade, no. Vamos discutir isso

    com os Deputados, com os Senadores para tentarmos achar uma lei melhor para o

    Brasil.

    Olhem aqui. No transporte, pasmem os senhores. Sistema de transporte,

    custo do transporte: por hidrovia, o custo um. Imaginem a dificuldade que ns

    temos de aplicar, de fazer leis para que possamos colocar o nosso transporte por

    hidrovia. Se os senhores visitarem Estados Unidos, Europa, vero que na sua quase

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    totalidade so os grandes rios que transportam a sua economia e o Brasil no

    pode... Inclusive, h barreiras enormes para construo de uma hidrovia. Ferrovia

    peso 3. Olhem aqui. Quantos milhes de toneladas de soja ou de outro produto umtrem pode carregar, enquanto se eu levar tudo isto aqui por estrada, por rodovia, que

    representa 9... O Brasil tem de repensar a sua malha rodoviria.

    Ns temos de pensar na reduo de custo da nossa produo. Alm de nos

    pases ricos a produo ser altamente subsidiada, eles tm resolvido seu problema

    de infraestrutura e de transporte e gastam combustveis fsseis. esse combustvel

    que ns estamos gastando aqui que est poluindo o planeta, e no colocar tudo isso

    em cima do produtor rural. essa a discusso que ns estamos fazendo.Toneladas transportadas com 1 litro de leo diesel diferentes sistemas de

    transportes. o que est l atrs. Por rodovia, 30 toneladas. Imaginem quantos

    litros de leo eu gosto, por exemplo, da minha cidade, em Assis Chateaubriand, no

    Paran, que grande produtora de milho, de trigo e de soja, at o Porto de

    Paranagu.

    Estamos lutando agora pela FERROESTE, que vai at Guara. Ns queremos

    agora transportar talvez 90% da nossa produo at o Porto de Paranagu, e porferrovia eu carrego 125 toneladas. Agora, para construir uma ferrovia, para se ter a

    licena, isso um martrio. Imaginem hidrovia, 575 toneladas!

    Lembro-me de que, em 1990, quando fui Relator de proposta com o mesmo

    teor dessa que o Deputado Aldo hoje est relatando eu tenho guardado e posso

    at copiar para os senhores , eu recebi um e-mailmaroto, desaforado, de uma

    ONG da Holanda, acabando comigo, porque estvamos prevendo inclusive uma

    poltica de hidrovia no Brasil. E eles estavam preocupados, porque, se

    colocssemos barcaas nos rios da Amaznia e outros, mas especialmente na

    Amaznia, ia criar um probleminha l, inclusive ecolgico, do amor do peixinho com

    a peixinha na barranca dos rios.

    Ele pode pensar assim l na Holanda, mas o Brasil tem desafios. Ento, hoje,

    uma poltica hidroviria no Brasil tem que ser questionada. Hoje, ela tem que ajudar

    a desenvolver o Pas.

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    Era isso o que, rapidamente, eu queria colocar para reflexo. E tudo o que

    coloquei aqui no posso dizer aos senhores se a verdade, porque muita coisa ouvi

    do povo.Desde setembro estamos percorrendo o Brasil com a Comisso. Os relatrios

    esto a. O Relator depois pode fazer um resumo do biodebate. Acho que a

    Amaznia tem que se posicionar nessa discusso, que no pode ficar merc

    apenas de um grupo de Parlamentares do Sul ou do Centro-Oeste. V.Exas. que

    vivem na Amaznia sabem quais os problemas de l. V.Exas. tm, inclusive,

    propostas para refazer. Esta Casa assume, definitivamente, uma discusso

    importante.No quero dizer aqui que eu estou certo ou errado. Acho que o meu papel,

    como Deputado e fui eleito Deputado pelo meu Estado, o Paran , estar aqui

    para ajudar a construir e no para destruir ou para privilegiar setores. E tenho essa

    conscincia. Eu no tenho que prestar ateno a outras pessoas que esto por a.

    Tenho que prestar servio a quem me elegeu. Foram 104 mil brasileiros

    paranaenses que me colocaram aqui.

    Ento, tenho essa obrigao, como Presidente da Comisso, sem problemanenhum, de ouvir todos. E estou ouvindo hoje aqui a Amaznia. V.Exas. tm a sua

    razo. Que apresentem a sua modificao, questionem o que estamos colocando

    aqui, e que possamos levar ainda este ano para a Cmara e para o Senado uma

    discusso to importante como a do Cdigo Florestal Brasileiro, mesmo que em ano

    eleitoral.

    Temos que tentar trazer para a Casa essa discusso. E ns ouvimos o Acre, o

    Piau, o Maranho, Roraima, enfim, ouvimos Estados por esse Brasil afora. No

    ficamos enclausurados aqui no, nem enclausurados nas nossas cidades.

    Acho que o nosso papel estamos fazendo, e muito mais o Relator, com a sua

    pacincia, com o seu exerccio da tolerncia, ouvindo todos. Que Deus o ilumine

    para que possa apresentar um bom parecer, e possamos de fato melhorar o Cdigo

    Florestal Brasileiro ou ficar com o que est a.

    Uma brao e obrigado. (Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Agradeo ao Deputado

    Micheletto.

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    Pela ordem, Deputados Asdrubal Bentes e, depois, Ivan Valente.

    O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Sr. Presidente, ao ouvir a

    explanao do ilustre Deputado Moacir Micheletto, ainda pairam em mim vriasdvidas, que me atormentam, no tocante discusso do Cdigo Florestal. E elas

    provm do prprio texto constitucional.

    O art. 20 da Constituio Federal bem claro quando estabelece e relaciona

    quais so os bens da Unio. Em nenhum momento, no art. 20, as florestas esto

    includas entre os bens da Unio. Basta pegar e ler o art. 20.

    Por sua vez, ao estabelecer a competncia da Unio e eu dividirei em 2

    tipos de competncia , a Constituio, no art. 23, que eu chamaria de competnciaexecutiva, estabelece que competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito

    Federal e dos Municpios preservar as florestas. A, sim, fala em floresta. a

    competncia executiva.

    J no artigo seguinte, quando trata da competncia legislativa, art. 24...

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Presidente, eu gostaria de fazer uma

    questo de ordem art. 95. Isso aqui outra questo.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - V.Exa. est fazendo umaquesto de ordem, Deputado Asdrubal.

    O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - No, eu pedi a palavra pela

    ordem, no foi para questo de ordem. Pedi para esclarecer algumas...

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Mas olhe s, o Deputado

    Relator...

    O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - ...dvidas que no foram

    esclarecidas pelo ilustre Deputado Moacir Micheletto, e o douto Relator...

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Deputado Asdrubal,

    V.Exa. ter a oportunidade de falar no momento da discusso.

    O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - No me corte a palavra.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - No, eu no cortei. V.Exa.

    ter o direito de falar no momento da discusso.

    O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Eu queria apenas propiciar ao

    Relator a oportunidade de, ao conhecer essas dvidas, quem sabe esclarec-las.

    Ganharamos tempo.

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    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - V.Exa., por favor, coloque

    as dvidas, rapidamente.

    O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Ento, o art. 24, que trata decompetncia legislativa, dispe sobre a competncia concorrente da Unio, dos

    Estados e do Distrito Federal. E o 1 estabelece que, no mbito da legislao

    concorrente, a competncia da Unio limitar-se- a estabelecer normas gerais.

    Ento, a Unio no poder legislar, a no ser estabelecendo normas gerais,

    no que trata de florestas, tema no qual a competncia do Estado concorrente.

    Essa uma dvida que no foi esclarecida.

    A outra que eu gostaria de saber o que so reas frgeis. No ficouesclarecido. E tambm quais os critrios adotados para estabelecer a reserva legal,

    porque para mim isso a uma balela, uma fixao aleatria, que no tem base

    em dado cientfico algum. O correto se estabelecer essa proteo com base no

    Zoneamento Econmico-Ecolgico.

    Ento, essas so as dvidas que no foram esclarecidas pelo ilustre

    Deputado Moacir Micheletto e que tenho certeza o meu eterno Presidente e amigo

    Deputado Aldo Rebelo vai esclarecer em seu parecer.O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Agradeo, Deputado

    Asdrubal.

    Peo que o Deputado Ivan Valente faa sua questo de ordem, citando o

    artigo do Regimento Interno.

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Art. 95. Questo de ordem.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Combinado com...

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Quero fazer a seguinte questo de

    ordem. Eu sou membro da Comisso Especial. Eu estou aqui com a proposta da

    Comisso da Amaznia. A Comisso da Amaznia diz que ser realizada audincia

    pblica conjunta com a Comisso Especial instalada para proferir parecer sobre o

    projeto tal.

    A nossa Comisso Especial no aprovou isso aqui, que eu me lembre. O

    Deputado Moacir Micheletto est a e pode me esclarecer sobre isso.

    Segundo, no existe audincia conjunta, que eu saiba, regimentalmente,

    entre Comisso Permanente e Comisso Especial. Nunca ouvi falar disso tambm.

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    Ento, eu queria, Sr. Presidente, um esclarecimento do Presidente Moacir

    Micheletto tambm, que Presidente da Comisso Especial, e do senhor, sobre qual

    o carter exatamente desta reunio, porque eu me sinto, na condio de membroda Comisso Especial, excludo deste debate.

    No foi aprovado l. Eu quero saber se conjunta, se no conjunta.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Deputado Ivan, no

    conjunta. A Comisso apenas foi convidada.

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Mas no requerimento aprovado, do

    Deputado Sergio Peteco, est escrito conjunta.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Tudo bem, s que comono foi aprovada a reunio conjunta na Comisso de V.Exas., ns tomamos a

    liberdade de convidar. Se V.Exa. no se sente convidado, infelizmente, eu no... Mas

    acho importante que V.Exa. se inscreva para o debate, porque...

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Isso outra questo. Eu vou me

    inscrever para o debate. Eu quero dizer s que o Presidente da Comisso foi

    convidado e o Relator tambm. O resto da Comisso Especial no foi convidado?

    isso?O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Foram convidados, sim.

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Eu no recebi esse convite.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Ento, V.Exa. cobre de

    sua assessoria, porque foi passado pore-mail.

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - No, ento no foi aprovado na

    Comisso Especial.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Eu j falei que no foi...

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Eu gostaria que o Deputado Moacir

    Micheletto esclarecesse isso, por que no foi aprovado l.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Na hora em que no

    houve a aprovao l, ns... Na hora em que no foi aprovado l, a Comisso da

    Amaznia tomou a liberdade de convidar. Se V.Exa. no se sente convidado, eu no

    posso fazer nada.

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Eu no fui convidado. E a Comisso,

    inclusive...

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    CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Mas foi passado por e-

    mail.

    Passo a palavra agora ao Deputado Aldo Rebelo para sua explanao.O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Quero questionar a presena do ilustre

    Relator e do Presidente, que no fizeram esse relato l na Comisso.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - V.Exa. tem a

    oportunidade de questionar na devida Comisso, no aqui na Comisso da

    Amaznia.

    Passo a palavra ao Deputado Aldo Rebelo.

    O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - Bom dia...O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Vou a todas as reunies aqui. No viajo

    por a porque no tenho financiamento do agronegcio.

    O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - ...senhoras e senhores...

    (Interveno fora do microfone. Inaudvel.)

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - isso a mesmo.

    O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - V.Exa. respeite, porque ningum visita

    nem viaja financiado por agronegcio. D-se ao respeito, Deputado Ivan Valente.Respeite os seus colegas.

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Eu peo o respeito de voc.

    O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - Ns viajamos pela FAB.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Deputado Ivan Valente.

    O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - V.Exa. est aqui para tumultuar.

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Voc podia fazer o relatrio na

    Comisso.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Deputado Ivan Valente,

    peo a gentileza de V.Exa., que sempre to gentil em tudo que faz. V.Exa. no

    gentil na hora em que atribui as viagens da Comisso ao agronegcio. V.Exa., por

    favor... V.Exa. tem um recurso chamado verba de gabinete e poderia t-lo usado

    para viajar se quisesse.

    Deputado Aldo Rebelo com a palavra.

    O SR. DEPUTADO ALDO REBELO - A minha exposio aos ilustres

    Deputados e s ilustres Deputadas da Comisso da Amaznia eu atribuo a essa

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    misso que recebi de relatar o projeto de Cdigo Florestal Brasileiro e gentileza

    dos Deputados e do Presidente, Deputado Marcelo Serafim, que honra e

    engrandece a representao popular da Amaznia, particularmente do seu Estado.Sr. Deputado Moacir Micheletto, Presidente da Comisso Especial, a minha

    exposio vai partir no da questo ambiental relacionada com a Amaznia, mas do

    prprio panorama sobre a formao e a consolidao da presena brasileira na

    Amaznia e os dilemas, os desafios que o Pas e que a Amaznia enfrentam para

    cumprir 2 objetivos irrenunciveis para os amaznidas e para os brasileiros, quais

    sejam a preservao do patrimnio natural naquela regio do Brasil e a legtima

    aspirao da Amaznia e do Brasil ao seu desenvolvimento. sabido, senhoras e senhores, que a Amaznia jamais foi um santurio. A

    Amaznia ocupada pelos seres humanos pelo menos h 11 mil anos. Antes que as

    prprias populaes indgenas, vindas provavelmente dos altiplanos peruanos e

    bolivianos de hoje, chegassem Amaznia, outras populaes ocupavam aquele

    espao, at que portugueses e outros povos passassem a marcar a sua presena, a

    partir dos sculos XVI e XVII.

    preciso, portanto, tomar como referncia original que a presena humanana Amaznia antecede em milnios a presena dessa comunidade de brasileiros

    indgenas, caboclos, brancos, mestios composta por uma populao de 25

    milhes de habitantes naquela rea.

    Cabe destacar tambm que o processo de conquista da Amaznia envolveu a

    disputa entre todas as potncias coloniais que marcavam a sua hegemonia no

    planeta entre os sculos XV, XVI e XVII. Os traos dessa disputa podem ser at hoje

    testemunhados na fronteira norte da Amaznia com os nossos vizinhos franceses,

    no caso da Guiana, ou britnicos, no caso da Guiana Inglesa, ou holandeses, no

    caso do Suriname. A presena portuguesa foi alcanada com um longo exerccio de

    tenacidade e de perseverana.

    Se as senhoras e os senhores prestarem ateno nesse lago artificial que

    rodeia o nosso Palcio do Itamaraty, podero observar a presena de uma grande

    pedra, de uma longa laje encontrada nas guas do Rio Negro, na Cabea do

    Cachorro, que um marco de limite portugus do sculo XVII, at ali conduzido,

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    sabe Deus como, para marcar a presena lusitana no que hoje a Bacia do Rio

    Negro.

    Em sua epopeia, Pedro Teixeira, ainda no sculo XVII, saiu com umaexpedio do Municpio de Camet, hoje no Estado do Par, e foi at Quito, uma

    das mais importantes cidades do imprio colonial espanhol. E a marcha do

    Bandeirante Raposo Tavares, que saiu da nossa querida cidade de So Paulo,

    Deputado Ricardo Tripoli, percorreu toda a extenso do Mato Grosso, passou pela

    hoje cidade de Manaus e desceu at Belm.

    A presena na Amaznia levou a que ali se iniciasse, em tempos remotos, a

    atividade agrcola e pecuria. Em 1690, j chegavam da Ilha da Madeira asprimeiras vacas e os primeiros bois, que levaram a Ilha de Maraj a se transformar

    num grande criadouro de bois, vacas e bfalos.

    Viajantes do sculo XVIII do conta, o que at paradoxal e surpreendente,

    de que a principal alimentao da populao de Belm, nos idos de 1800, era a

    carne produzida em Maraj, e no o peixe, que era mais caro nas feiras de Belm

    do que a carne da ilha.

    O caf foi produzido primeiramente no Par. A primeira exportao de caf doBrasil no foi de So Paulo nem do Rio de Janeiro. Foi do Par o caf exportado

    para a Inglaterra. Francisco de Melo Palheta plantou o primeiro caf no Par.

    H uma cidade no nosso querido Estado do Par onde se produz cana-de-

    acar desde o sculo XVIII, conhecida como a terra da cachaa pela qualidade da

    cachaa que produz.

    Os cronistas mais antigos que percorriam a calha do Amazonas

    testemunham, nos seus relatos, a criao de vastos rebanhos nos pastos naturais

    da Amaznia. Os relatos da Expedio Langsdorff, organizada pelo Imprio do Czar,

    nos idos de 1820 ou 1830, do conta tambm da presena de canaviais, da

    presena do gado e da ampla atividade agropastoril naquela regio do nosso Pas.

    As primeiras fazendas de gado de Roraima foram criadas nos idos de 1700,

    uma delas batizada de So Jos, em homenagem ao Rei de Portugal; outra batizada

    de So Marcos, que, alis, depois deram origem e batizaram as atuais reservas

    indgenas, como o caso da Reserva de So Marcos, que originariamente foi

    fazenda de gado, criada pelos portugueses.

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    Portanto, deixar de observar que, alm de um verdadeiro paraso das guas,

    algo assustadoramente belo, encantador, surpreendente... A beleza, a pujana da

    natureza da Amaznia se impe diante de qualquer observador. isso que salta aosolhos. isso que visvel a olho nu, aquela presena exuberante das guas, do

    verde, das florestas, da flora, da fauna. Mas preciso tambm levar em conta que

    ali h a presena humana, h um esforo secular de brasileiros para construir ali a

    nossa presena e a nossa soberania.

    H episdios picos, como o caso da conquista do Acre, da nossa

    Deputada Perptua Almeida, quando brasileiros do Cear, do Rio Grande do Sul,

    irmanados com acrianos nativos, com seringueiros, homens simples, rudes, maspatriotas, ao perceberem que aquele territrio boliviano poderia ser transferido a

    uma potncia que ameaava os interesses do Brasil, esses patriotas, liderados pelo

    grande gacho Plcido de Castro, secundado por uns bons cabos de guerra

    nordestinos, amazonenses e acrianos, conseguiram incorporar ao Brasil esse

    territrio que hoje nos oferece personalidades pblicas da pujana da nossa

    Deputada Perptua Almeida, do nosso Deputado Sergio Peteco e de outros

    Parlamentares que conhecemos nesta Casa.Ento, essa a histria da nossa Amaznia, da luta de brasileiras e de

    brasileiros, da resistncia brava dos ndios, que no cederam sem luta aos

    conquistadores, do exemplo herico de Ajuricaba, lder da tribo dos manaus, capito

    estadista dos indgenas da Amaznia, prisioneiro dos portugueses e que preferiu o

    mesmo destino de um almirante holands na guerra de Pernambuco. O Almirante

    Adriaen Janszoon Pater, quando teve a sua esquadra abatida pelo capito de guerra

    dos espanhis Dom Antonio de Oquendo, abraou-se bandeira da Holanda e

    mergulhou nas guas do Atlntico, dizendo que era o oceano o nico tmulo digno

    de uma almirante holands. Assim fez tambm Ajuricaba. Acorrentado, mergulhou

    nas guas do Rio Negro, para no se entregar aos colonizadores e no sucumbir

    como escravo.

    Essa a histria da Amaznia, Sras. e Srs. Deputados, que os senhores,

    como amaznidas, devem conhecer, evidentemente, muito mais do que eu. Mas no

    deixo de guardar, quando penso e quando exponho sobre esses episdios, como

    brasileiro, a minha emoo diante dessa trajetria. Desculpem-me.

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    Mas, voltando objetividade e racionalidade, devo, portanto, refletir com os

    senhores que a legislao ambiental brasileira deve ao mesmo tempo proteger esse

    patrimnio e essa riqueza.Como patrimnio natural, no tenho nenhum receio e nenhuma resistncia

    em partilh-la com a humanidade. No queremos a Amaznia s para ns. No

    queremos a biodiversidade da Amaznia como os laboratrios europeus e norte-

    americanos fazem com suas leis de patentes.

    Como seria belo, como seria humano, como seria exemplar se o Brasil

    franqueasse a Amaznia a universidades brasileiras e estrangeiras conveniadas,

    com seus pesquisadores, ombro a ombro, pesquisando a biodiversidade daAmaznia, desde que o que fosse ali descoberto no obedecesse a lei de patente

    alguma e fosse tido, evidentemente, de fato, como conquista e como direitos da

    Medicina, para a sade dos brasileiros e de toda a humanidade. Mas no isso que

    v a biopirataria. A biopirataria s existe porque, na verdade, quer nos subtrair ou

    nos surrupiar aquele patrimnio gentico.

    preciso encontrar, na legislao ambiental, alternativas que protejam

    tambm a reivindicao e a aspirao da Amaznia ao desenvolvimento.No podemos, Deputados Ivan Valente e Ricardo Tripoli, viver num Estado to

    rico, to tranado de rodovias e ferrovias e com a nossa Hidrovia do Tiet, que nos

    conduz de Itu at as portas de Assuno e de Buenos Aires, e impedir que os

    amaznidas possam tambm fazer as suas hidrovias.

    Ns temos as mais perfeitas rodovias do Brasil no nosso Estado, So Paulo.

    Samos pela Castelo, chegamos a Ourinhos rapidamente; quase uma linha reta.

    Mas esses companheiros de Manaus, para chegar at Porto Velho, no conseguem

    sequer fazer as obras de uma estrada, porque no so licenciadas pelo IBAMA.

    Ns no conseguimos sair de Cuiab para Santarm. Est aqui o Deputado

    Asdrubal Bentes. Quantos anos tem aquela estrada? Quarenta anos. No

    conseguimos trafegar ali porque parece que o direito de ter estradas, rodovias,

    ferrovias foi retirado daquela parte do nosso Pas e do nosso povo. Podemos t-las

    em So Paulo, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, podemos atravessar o

    Banhado do Taim to bonito , tirar nossas fotos, mas no temos esse mesmo

    direito na Amaznia.

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    CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010

    No que no seja importante o trabalho do extrativismo que se recomenda na

    Amaznia. importante. Mas no podemos pedir que o povo da Amaznia s

    sobreviva do extrativismo. Ser que no tm direito tambm indstria, agricultura, pecuria, desde que feitas com preocupao sustentvel? Ser que a

    Amaznia tambm no tem o direito de contribuir com o PIB brasileiro, j que

    representa hoje 60% do territrio nacional, Deputado Neudo Campos? Mas, apesar

    desse imenso territrio, a Amaznia contribui apenas com 8% para a composio da

    nossa riqueza, do nosso PIB.

    O Estado do Deputado Marcio Junqueira do tamanho do meu Estado, So

    Paulo, e pelo algumas dezenas de vezes maior do que o meu pequenino Estadonatal, Alagoas. So Paulo produz quase tudo o que consome. O Estado de V.Exa.

    tem que importar etanol de So Paulo, farinha de mandioca do Paran, leite de

    Rondnia, que no est to perto assim na mesma regio, mas fica a mais de

    mil quilmetros, e o leite tem de subir de barcaa.

    justo para com a populao de Roraima no poder produzir sequer a

    farinha de mandioca, sequer uma cachaa? Eles tm que importar a 51 de So

    Paulo para tomar uma caipirinha, para quem tem esse gosto. No podem produzir asua farinha. A Polcia Federal invade a comunidade indgena do Flexal, arranca a

    cerca onde o ndio faz a fermentao da sua mandioca, porque diz que o cido

    ciandrico polui as guas.

    justo que se impeam os ribeirinhos do Estado do Deputado Marcelo

    Serafim de produzir a sua prpria subsistncia, sendo tratados como criminosos,

    como marginais? Eu acho que no podemos aceitar isso.

    Creio que possvel que se proteja o meio ambiente. Esse um

    compromisso civilizatrio nosso. Nenhuma pessoa do Amazonas que conheci est

    disposta a renunciar proteo ambiental, preservao de suas florestas, de seus

    rios, de seus igaraps, de suas nascentes, de seus banhados, de seus campos

    naturais, como aqueles de Roraima, do Lavrado. Ningum est disposto a renunciar

    quilo.

    Agora, eu senti, indo a Manaus, Porto Velho, Belm, Rio Branco, Par,

    Serra do Tepequm, perto da fronteira com a Venezuela, uma legtima aspirao a

    progredir, a elevar o padro de vida.

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    CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010

    Uma me, olhando para a menina ndia, disse: Deputado, ela quer ter uma

    vida social, usar uma roupa jeans, ir a uma festinha. No posso condenar a minha

    filha de 15 anos a viver isolada das pessoas. isso que essas populaes querem.E eu acho que isso perfeitamente compatvel com a defesa do meio ambiente.

    Vou levar em conta tudo isso, as observaes do Deputado Asdrubal Bentes.

    No tenho ainda ideia clara do que ser o meu parecer. Eu sou um ignorante nesta

    matria. Precisava ouvir primeiro as pessoas. Segui o conselho do Presidente Mao

    Tse-tung de partir dos fatos e da realidade, porque a corro o risco de no errar, ou

    de me aproximar da soluo. Eu fui ouvir.

    Ainda no conclumos as audincias. Estamos ouvindo todo o mundo: asONGs, os rgos ambientais, as pessoas, os produtores, as universidades. Eu tenho

    apenas uma boa inteno de procurar resolver esse confronto que no interessa ao

    Brasil entre a questo ambiental e o desenvolvimento e o crescimento da economia.

    Esse confronto no interessa ao povo. Interessa ao povo o meio ambiente. Interessa

    ao povo e ao Brasil o desenvolvimento, a agricultura, a pecuria, o preo baixo da

    carne, do arroz, da soja, do feijo, do milho. Tudo isso interessa ao nosso povo. E

    acho que a responsabilidade deste Congresso apresentar ao povo uma soluo.Eu poderia aproveitar uma Comisso como esta para fazer propaganda da

    minha ideologia, das minas convices. Eu acho que no este o momento nem o

    lugar. Eu quero encontrar uma soluo com a participao de todos, com o

    concurso dos ambientalistas, com o concurso dos produtores rurais, com o concurso

    das organizaes no governamentais, das universidades. Quero ajudar o Governo

    brasileiro, que, por decreto, tem que adiar a entrada em vigor de uma lei que est

    em vigor, Deputado Marcelo Serafim. Foi obrigado porque a lei tornou-se

    incompatvel com a realidade do Pas.

    E acho que ns precisamos ter os nossos olhos voltados para a Amaznia,

    porque ela est mais atrasada em relao ao resto do Brasil no seu

    desenvolvimento, no seu IDH, na sua renda per capita, nas suas aspiraes. E a lei

    no pode conden-la a permanecer assim. A lei tem que proteg-la naquilo que ela

    tem de muita importncia, que o meio ambiente, mas tem que proteg-la tambm

    naquilo de muito importante tambm para o povo, a sua aspirao ao crescimento.

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    CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010

    Eu sei que essas palavras no esclarecem, mas pelo menos ficam como uma

    declarao de f do Relator, que ainda no tem uma proposta para lhes apresentar.

    Muito honrado pelo convite, mais uma vez, agradeo. (Palmas.)O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Agradeo os

    esclarecimentos prestados ao Deputado Moacir Micheletto e ao Deputado Aldo

    Rebelo.

    Registro a presena do Senador Gilberto Goellner, do Deputado Ivan Valente,

    do Deputado Fernando Marroni, do Deputado Valdir Colatto, do Deputado Ricardo

    Tripoli, alm dos membros da Comisso da Amaznia.

    Passo a palavra ao autor do requerimento, Deputado Sergio Peteco.O SR. DEPUTADO SERGIO PETECO - Sr. Presidente, Deputado Marcelo

    Serafim, quero saudar os nossos convidados, o Deputado Moacir Micheletto,

    Presidente da Comisso Especial do Cdigo Florestal Brasileiro, e o Deputado do

    Aldo Rebelo, Relator da matria, e saudar todos os membros aqui presentes da

    Comisso Especial que est discutindo as possveis mudanas nesse Cdigo.

    Na verdade, apresentei requerimento para que todos os membros da

    Comisso Especial viessem Comisso da Amaznia porque, na verdade, eu nosabia a dimenso em que estava este debate na Comisso Especial. Mas pelo incio

    das discusses aqui eu j me sinto contemplado no requerimento, porque a

    discusso mais complexa e mais apaixonante do que eu imaginava.

    Eu, na condio de acriano sou nascido e criado no Acre , penso que

    ns que moramos na Amaznia, ns que vivemos na Amaznia, ns que estamos ali

    sentindo na pele... E hoje o Deputado Marcelo Serafim aprovava um requerimento

    nesta Comisso e dava um depoimento no sentido de que produtores

    seringueiros, colonos do Estado do Amazonas teriam sido humilhados,

    destratados pelo Instituto Chico Mendes, numa operao em que prenderam uma

    quantidade de madeira de alguns pequenos produtores.

    A moa da Rede Amaznica me chamou ali fora e me perguntou se eu

    poderia falar alguma coisa a respeito desta audincia. Eu disse que ns estamos

    querendo aqui dar tambm a nossa pequena contribuio, porque ns que vivemos

    l, ns que sabemos o que aquelas pessoas... E aqui eu quero dizer que o que me

    levou a fazer esse requerimento foi aquela viagem que os senhores fizeram ao meu

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    Estado, Capital, Rio Branco. Inclusive, eu fui convidado para fazer parte da

    comitiva, e marcaram a sada de Braslia s 5h da manh. A eu perguntei

    assessoria do Deputado Aldo Rebelo que voo era esse que saa s 5h da manh,porque para o Acre s sai um s 11h e outro meia-noite. E ela disse: No, a

    Comisso vai num avio da FAB, s que este avio leva 7 horas de voo. Eu disse:

    Estou fora. Eles levaram 7 horas de voo daqui a Rio Branco, num avio da FAB.

    E, quando fui para o plenrio, ali na passagem, peguei o Jornal da Cmara, e

    tinha uma matria que dizia que os membros dessa Comisso Especial iam ganhar

    o ttulo de exterminadores do futuro. E esses Deputados estavam indo para o meu

    Estado dar uma oportunidade quelas pessoas que esto ali de pelo menos ter odireito de estrebuchar. Se vai resolver alguma coisa no sei, mas pelo menos vo ter

    o direito de estrebuchar. No sei se os senhores conhecem esse termo, mas

    estrebuchar no Acre o cabra pelo menos espernear. Era a oportunidade que a

    Comisso Especial estava dando aos acrianos.

    Deputado Aldo Rebelo, Deputado Moacir Micheletto e todos os membros da

    Comisso Especial, eu queria agradecer aquela oportunidade que V.Exas. deram,

    porque foi muito importante a ida de V.Exas. ao meu Estado. Eu estou falando pelomeu Estado. L em Roraima no sei se foi importante, ou no Amap. Eu sei que no

    meu Estado foi de fundamental importncia, porque, quando eu cheguei l, tive a

    oportunidade de conversar com aquelas pessoas. Aqueles depoimentos e a

    Deputada Perptua Almeida sabe disso daqueles colonos que esto sendo

    multados com multas exorbitantes... Como que um colono daqueles que tem uma

    propriedade que vale R$10 mil recebe uma multa de R$50 mil? E vocs tiveram a

    oportunidade de ouvir isso.

    Ento, meus irmos, eu no quero me alongar, porque vamos ter um bom

    debate. Quero agradecer ao Deputado Aldo Rebelo por essa aula de histria dada

    aqui nesta Comisso, porque ajudou muito nos meus poucos conhecimentos.

    Eu teria toda a manh para falar. Como que se explica para um colono

    daquele que o grande produtor aprova um manejo florestal, Deputado Marcelo

    Serafim, tira as toras de madeira que quer, as toras de madeira que precisa para a

    exportao, e o colono que mora ao lado no pode tirar uma dzia de tbuas para

    reformar sua casa? Como que se explica isso quelas pessoas? Isso est certo?

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    A BR-317, que liga Rio Branco a Boca do Acre, teve a licena ambiental

    concedida at a metade. Do Km 90 at Boca do Acre no se pode tirar a licena

    ambiental para concluir a estrada. No isso, Deputado Marcelo Serafim? l noseu Estado, no Amazonas. Eu digo isso porque os moradores de Boca do Acre

    dependem 100% da estrutura do Estado do Acre.

    Ento, algumas coisas eu no consigo entender. Da a importncia de V.Exas.

    ouvirem o depoimento da Deputada Perptua Almeida, do Deputado Marcelo

    Serafim, de todos os membros desta Comisso, para que V.Exas. no tenham

    medo. Se esta Comisso tiver que dividir esse ttulo de exterminadores do futuro

    com V.Exas., vai dividir. O que ns queremos que V.Exas. sejam justos, justos,justos. No tenham medo, no; sejam justos. Entendi o recado. O relatrio do

    Deputado Aldo nem est pronto e j ganhou o ttulo de exterminador do futuro.

    Entendi isso como uma ameaa, uma grande ameaa. Como se vai trabalhar desse

    jeito?

    Presidente, desculpe-me o desabafo. O meu depoimento na tentativa

    simplesmente de dar a minha contribuio.

    Obrigado.O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Registro a presena dos

    Deputados Neudo Campos, Bene Camacho e Paulo Piau.

    Passo a palavra ao Deputado Asdrubal Bentes, por 3 minutos

    O SR. DEPUTADO ASDRUBAL BENTES - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

    Deputados, ilustres Deputados Moacir Micheletto e Aldo Rebelo, tenho em mo o

    requerimento do Deputado Sergio Peteco firmado pelo Presidente Marcelo Serafim.

    Vejo que esse projeto completa 11 anos em tramitao nesta Casa ele de

    1999 e trata de florestas. A Amaznia, maior extenso territorial deste Pas, 60%,

    constituda principalmente por florestas, uma de suas maiores riquezas. Da vem a

    ambio, porque ningum ambiciona o que no presta. As discusses deixam de ser

    no campo tcnico, no campo prtico, deixam de ser ouvidos os que realmente

    conhecem a Amaznia e so ouvidos os amaznidas de Copacabana e da Avenida

    Paulista que no levam em conta o pobre caboclo que est l, ribeirinho, sofrendo

    as consequncias da ausncia do Estado.

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    CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010

    Quero me congratular com os autores do requerimento e parabenizar o

    Presidente da Comisso e o Relator, que certamente tm o esprito patritico, a

    coragem e o denodo para enfrentar todas essas adversidades para expressar nessenovo cdigo a realidade da Amaznia, e no a Amaznia de compndios, a

    Amaznia vista por aliengenas, que a cobiam e no querem que os prprios

    amaznidas sejam partcipes de suas riquezas.

    No podemos, a pretexto do mote ambiental, evitar que o caboclo da minha

    regio... Posso falar assim, porque sou verdadeiramente amaznida, nasci s

    margens do Rio Madeira, em Humait, estudei em Manicor, desci o rio para me

    formar em Belm e estou aqui nesta Casa.Quero, Deputado Aldo, dizer que h pouco revivi o passado, voltei h cerca

    de 60 anos, quando eu era criana nos bancos escolares de Humait e Manicor,

    pois V.Exa. deu uma aula de histria sobre a Amaznia. Temos a felicidade de ter

    aqui um paulista amaznida, que, com certeza, na Relatoria desta matria, no vai

    sucumbir a presses. Conhecemos a tmpera e o carter de V.Exa. Sabemos que

    vai realmente produzir um trabalho que venha ao encontro da Amaznia e

    consequentemente do Brasil.No vou mais me alongar, at porque j aproveitei aquela primeira

    manifestao para apresentar as minhas dvidas que espero sejam dirimidas,

    porque realmente h um conflito entre o texto constitucional e as leis ambientais em

    vigor, inclusive no que tange reserva legal.

    Muito obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Agradeo ao Deputado

    Asdrubal Bentes as palavras.

    Passo a palavra Deputada Perptua Almeida.

    A SRA. DEPUTADA PERPTUA ALMEIDA - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

    Parlamentares, acho da maior importncia o debate sobre o Cdigo Florestal

    Brasileiro. Primeiro porque toda e qualquer legislao de 40 anos atrs j merece

    uma discusso ou para manuteno, ou para mudanas daqui e dali. necessrio

    fazer uma discusso. Levantei alguns tpicos. Por exemplo, em 1965, salvo engano,

    Deputado Aldo, a data do Cdigo Florestal, no ouvamos falar acerca de situaes

    que hoje envolvem o Brasil e o planeta.

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    CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010

    E aqui, muito rapidamente, eu acho que, em 1965, ningum ouviu falar

    daquilo que ns consideramos ser o buraco na camada de oznio. Acho que, h 40

    anos, ningum nunca ouviu falar nisso. Portanto, como o novo Cdigo FlorestalBrasileiro vai apontar sadas e alternativas para o Brasil superar esse problema?

    Acho que a merece um debate sobre o novo Cdigo.

    Outra questo: eu acho que h 40 anos no se ouvia falar nas grandes

    alagaes, por exemplo, que vive So Paulo hoje. Ento, o que vamos apontar

    como regras ou punies a quem mora na cidade para cuidar dos rios, das ruas,

    para dar um destino ao lixo etc. etc. etc.? Acho que j merece tambm um debate

    sobre essa questo.Acho que h 40 anos ningum nunca tinha ouvido falar da citao: captao

    de carbono para combater o aquecimento global. Portanto, como o novo Cdigo

    Florestal vai se comportar, 40 anos depois, ao ouvir falar em captao de carbono

    para combater o aquecimento global? O que o novo Cdigo aponta para esse

    problema?

    Acho que, h 40 anos, ningum que morava na floresta e na cidade ouviu

    falar numa coisa chamada manejo sustentvel. Essa uma discusso de 10 anospara c, companheiros! O que o Cdigo Florestal vai apontar com relao questo

    do manejo sustentvel?

    Da mesma forma as compensaes ambientais. um debate, talvez, de 10

    anos para c, ou menos. Portanto, um Cdigo de 40 anos precisa dar diretrizes,

    rumo para essa questo.

    Sr. Presidente, colegas Parlamentares, eu me lembro de que, se o Cdigo

    de 1965, foi a partir da dcada de 70 que se iniciou uma campanha no Brasil, pelo

    Palcio do Planalto, de que deveria ir o mximo de homens e mulheres para a

    Amaznia, com aquela mxima de ocupar para no entregar. Era mais ou menos

    isso. Portanto, o que valia naquela poca no era a mata em p; o que valia era a

    rea desmatada. Uma rea com mata no tinha valor nenhum. Hoje, 40 anos

    depois, o inverso. Ns sabemos que uma rea com floresta em p vale muito mais

    do que uma rea devastada. Ns podemos ter muito mais lucro com isso.

    Ento, para mim, por si ss, essas questes j justificam o debate acerca do

    novo Cdigo Florestal. E aqui, colegas, se h uma coisa que eu acho absurda e no

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    aceito essa crise, esse debate de que vo mudar o Cdigo Florestal porque os

    ambientalistas no permitem que mexam no Cdigo Florestal, por isso, por isso e

    por isso. E o inverso: esto querendo mexer no Cdigo Florestal para poder ajudaro agronegcio.

    Eu citei aqui, no mnimo, 10 situaes. Todas elas ambientalmente amparadas

    e justificam, por si ss, o debate acerca do novo Cdigo Florestal.

    Portanto, eu, que defendo a questo ambiental, que defendo a Amaznia

    brasileira, por esses motivos e por outros, defendo mudanas no Cdigo Florestal,

    porque acho que a necessidade de um Brasil desenvolvido e sustentvel, ao mesmo

    tempo, precisa ter essas garantias.Sabem por que eu defendo mudanas no Cdigo Florestal? Porque no acho

    justo que a legislao que pune o pequeno, que cobra do pequeno seja a mesma

    que trata com o grande. No acho justo que meam o pequeno e o grande com a

    mesma rgua, como se mede um se mede o outro.

    No acho justo, Deputado Marcelo Serafim, um cidado que tem 1 hectare de

    terra ter de garantir as regras com aquele que tem 10 mil hectares de terra. Que

    justia essa? Ns defendemos que os desiguais tm de ser tratados comdesigualdades, para que possam ser beneficiados.

    Nesse sentido, o Cdigo injusto, porque o que temos hoje na Amaznia

    brasileira uma massa de inadimplentes: seringueiros, ribeirinhos, produtores rurais.

    O pequeno homem da floresta est pedindo pelo amor de Deus! Est pedindo

    socorro. Ele no tem acesso a banco porque tem multas e no pode pag-las. Ele

    no tem novas tecnologias ou novos maquinrios para poder trabalhar a terra. Ele

    est proibido de fazer a queimada para garantir o roado. Ento, que alternativas

    estamos apontando para resolver esse problema?

    Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, muito mais fcil, hoje, um

    cidado que mora na floresta pegar a motosserra e colocar no cho a rea de

    reserva de madeira. Isso mais fcil, mais rpido e d menos problema do que ele

    entrar com um pedido de processo de manejo, porque a burocracia absurda.

    O nosso processo de legalizao do manejo muito mais difcil e leva o

    cidado, o homem do campo, a usar a motosserra com mais facilidade. Ele desiste.

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    Ele faz todas as tentativas e desiste. Fazer o debate sobre o reflorestamento uma

    carestia, um absurdo! Ento, precisamos mudar essa regra!

    No justo cobrar da Amaznia um preo para podermos continuar dizendoque o Brasil tem a maior reserva florestal do planeta, e natural, que h a maior

    biodiversidade naquela floresta e a nossa maior riqueza. O brasileiro adora bater

    no peito e dizer: A Amaznia nossa! E . Mas v fazer um debatezinho para

    redistribuir o dinheiro do FPE para poder compensar um pouco os Estados que

    protegeram as suas florestas! Vira uma confuso nesta Casa. Para mim, um

    exemplo claro so os royalties do petrleo.

    Ora, muito fcil dizer que a Amaznia nossa, que a Amaznia do povobrasileiro. Mas vai discutir os royalties de um petrleo que no do Estado do Rio

    de Janeiro , para destinar um dinheirinho para desenvolver a Amaznia! Ningum

    topa, ningum aceita! Ento, precisamos, sem medo, sair um pouco do discurso e

    fazer as mudanas necessrias.

    No concordo, inclusive, com o debate que est sendo posto a de que a

    Comisso do Cdigo Florestal inclusive eu perteno a essa Comisso quer

    fazer um relatrio, quer fazer essas mudanas para poder passar a motosserra nasreas de preservao ou na reserva legal.

    Primeiro, no concordo que haja mudana no tamanho da reserva legal,

    embora ache que cabe discusso na forma e no modelo. Eu no vejo nenhum

    problema em um empresrio, que tenha na sua rea uma reserva legal garantida,

    querer ampliar aquela sua rea e compensar aquela reserva numa outra rea no

    mesmo bioma. Eu no vejo problema em se fazer essa discusso. Qual o medo de

    se fazer o debate, se a reserva vai estar garantida?

    Sr. Presidente, precisamos sair um pouco do discurso e nos preocuparmos

    mais com a situao do desenvolvimento sustentvel do nosso Brasil, sem que

    algumas regies tenham de pagar o pato pelo desenvolvimento de outras regies.

    Muito obrigada.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Obrigado, Deputada

    Perptua.

    O Deputado Sergio Peteco fez uma reinscrio. V.Exa. mantm a inscrio,

    ou j valeu? (Pausa.)

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    Passo a palavra ao Deputado Marcio Junqueira.

    O SR. DEPUTADO MARCIO JUNQUEIRA - Sr. Presidente, senhores

    membros da Comisso Especial, Deputados Moacir Micheletto, Aldo Rebelo, quemuito engrandecem a nossa reunio nesta manh, quero parabenizar o autor do

    requerimento, Deputado Peteco, que demonstra a sensibilidade de quem vive na

    Amaznia, e o Deputado Marcelo Serafim, que de maneira firme conduz, como hoje

    nesta manh e quando necessrio, a posio da nossa Comisso da Amaznia.

    O Deputado Peteco, ao final, fala do sentimento do povo de Roraima quando

    da ida da Comisso Especial l. Eu vou dizer do sentimento do povo de Roraima,

    porque eu estava l, acompanhei os 2 dias de visita da Comisso: alento,esperana, sentimento de no estarmos sozinhos. Foi o que V.Exa., Deputado

    Micheletto, e os Deputados Anselmo de Jesus, Paulo Piau, Valdir Colatto, Aldo

    Rebelo deixaram para ns l. Parlamentares que tiveram a coragem, a disposio

    no so votados em Roraima, no tm eleitores em Roraima, nem no Amazonas,

    muito menos no Acre , a determinao de entrar num avio sem calafetagem. E,

    a, quando preciso discordar do Deputado Ivan Valente. No o agronegcio que

    est bancando, porque se fosse estaramos num total momento de falncia. O avioque vi esses Deputados chegarem l da Fora Area Brasileira. Em Roraima, foi

    uma van branca, sem ar-condicionado, inclusive, cedida pelo Governo do Estado,

    que os locomoveu. Vi quando eles pagaram a fatura do hotel. Vi os Deputados

    Moacir Micheletto, Anselmo, Valdir Colatto, Aldo Rebelo, Paulo Piau pagando a

    fatura, alguns com notas em dinheiro, outros com carto de crdito. Sou obrigado a

    fazer esse comentrio.

    Ou enfrentamos temos que ter como inspirao esses Deputados a

    situao do Cdigo Florestal Brasileiro, ou o Pas est fadado ao insucesso.

    Diferente do que alguns imaginam, importante que o Brasil saiba, que as

    pessoas saibam, que se hoje o brasileiro pode comprar televiso, geladeira, fogo,

    pagar a prestao do carro, porque gastamos agora somente 25% do que

    ganhamos com alimento, porque at 1990 gastvamos 75% do que ganhvamos

    com alimento. Hoje s gastamos 25%.

    Houve o avano, a tecnologia, o conhecimento. Portanto, se no discutirmos

    um modelo para este Pas, vamos ser acusados, e a histria vai registrar isso.

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    CMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAO FINALComisso da Amaznia, Integrao Nacional e Desenvolvimento RegionalNmero: 0219/10 Data: 24/03/2010

    Aqui, hoje, ouvi histria, e a histria vai registrar o nome dos que pensaram

    no Brasil, que no se submeteram, nem se ajoelharam aos interesses internacionais

    de manter um pas com nveis de crescimento pequenos, condenando um povo.Portanto, como j foi dito aqui, sou obrigado, em Roraima, a comprar o etanol

    de So Paulo. So Paulo pode l, em Ribeiro Preto, onde no h muitas

    rvores. Mas o etanol de So Paulo bom para Roraima, bom para o Amazonas.

    No querem discutir conosco o bioma do lavrado, onde no se derruba uma rvore.

    No, esse no pode discutir, mas o etanol de So Paulo posso comprar, o feijo da

    Bahia posso comprar, a soja do Mato Grosso podemos comprar. O que existe ou a

    total ignorncia por parte de alguns segmentos da sociedade, ou ento perversidade, maldade, falta de brasilidade.

    Emisso de CO2 na atmosfera. S para que V.Exas. saibam, importamos da

    Venezuela a energia de Guri, em Roraima, porque passa por momento difcil de

    seca, falta de manuteno, poltica. Hoje das 20 turbinas que existem em Guri,

    Complexo Macgua, s 8 esto funcionando, 12 esto parados. Isso bom para os

    ambientalistas.

    Hoje, enquanto estou falando aqui, at o final do dia, teremos queimado,transformado em fumaa, em CO2, 200 mil litros de leo diesel, amanh tambm e

    depois de amanh tambm. Mas esse o modelo, porque no podemos ter uma

    hidreltrica. E assim no Amazonas.

    O Deputado Marcelo Serafim sabe quantas balsas saem de Manaus para o

    interior do Estado para alimentar as termeltricas. Assim no Acre, assim no

    Amap. Ou ento nos peam. lgico que no vamos atender. Mas tenham a

    coragem de nos pedir: desocupem a Amaznia. Porque a ns vamos separar o joio

    do trigo; a ns vamos saber o que querem de fato com aqueles 25 milhes de

    brasileiros que esto l na Amaznia. De l s sairemos mortos, porque temos a

    mesma legitimidade. O hino que eu canto o mesmo que o paulista canta; a

    Bandeira que eu venero a mesma que o gacho e o paranaense veneram; e o

    idioma que falo, tirando alguns sotaques, o que conheo no Brasil inteiro.

    Parabns ao Presidente da Comisso da Amaznia, ao Deputado Sergio

    Peteco e aos senhores! A histria cuidar de registrar a grandeza e a brasilidade do

    que esto fazendo.

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    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Agradeo as palavras do

    Deputado Marcio Junqueira.

    Passo, de imediato, a palavra ao Deputado Ivan Valente.O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sr. Presidente, antes de fazer a minha

    interveno, pergunto se o Deputado Aldo Rebelo, que o Relator, vai retornar

    nossa Comisso.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Ele foi dar uma entrevista

    a uma rdio.

    Peo que localizem o Deputado Aldo Rebelo. (Pausa.)

    Ele j est retornando, Deputado.O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Porque no so apenas algumas

    perguntas, como tambm consideraes que eu queria dirigir a ele.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - V.Exa. pode falar daqui a

    pouco ento.

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Mas certo que ele volta?

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Sim.

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Ento, tudo bem.O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Eu posso chamar o

    Deputado Neudo Campos e a V.Exa. aguarda o Deputado Aldo Rebelo chegar.

    Tem a palavra o Deputado Neudo Campos.

    O SR. DEPUTADO NEUDO CAMPOS - Sr. Presidente, gostaria de, primeiro,

    parabenizar o Deputado Aldo Rebelo pela disposio de percorrer a Amaznia.

    Junto com a Comisso Especial e o Deputado Moacir Micheletto estiveram em Boa

    Vista, em Roraima, e no estive presente, porque eu estava no interior do Estado.

    Saber da sua presena, dos seus conhecimentos, no s em Boa Vista, mas l em

    Tepequm, e andar pelo interior tambm, isso salutar. Ouvir um no amaznida

    falar com autoridade, com o sentimento, como foi demonstrado aqui pelo Deputado

    Aldo Rebelo, algo que realmente me encanta os ouvidos. Soa bem aos nossos

    ouvidos porque nos d a sensao de que no estamos ss, de que essa uma luta

    de quem no quer dizimar a Amaznia, como foi dizimada a Mata Atlntica, por

    exemplo. No queremos isso. Queremos o tal desenvolvimento sustentvel.

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    Sustentvel, mas equilibrado e com desenvolvimento. Essas 2 palavras tm de

    conviver. E essa linha divisria vai ser resultado de uma luta que tem de acontecer.

    O que no justo, por exemplo, a estrada que liga o meu Estado aorestante do Brasil (BR-174) funcionar apenas 12 horas por dia. um Estado que

    funciona 12 horas por dia! A justificativa de que essa estrada atravessa a

    comunidade indgena waimiri-atroari e que o barulho dos veculos pode espantar as

    caas. Mas atravessa tambm, l na fronteira com a Venezuela, a terra indgena

    So Marcos; mas l a estrada funciona 24 horas. Enfim, ruim isso.

    Uma abordagem do Deputado Aldo Rebelo me fez lembrar de um episdio

    relativo s comunidades indgenas. O que querem os ndios? Eu ouvi expressesque nunca mais esqueci. Um ndio tuxaua disse: Ns no queremos voltar a andar

    nus, no queremos regredir. O que ns queremos educao, melhor sade,

    assistncia social melhor, produzir alimentos.Este o grande calcanhar de Aquiles

    das comunidades indgenas: ns queremos poder planejar o nosso amanh, com

    toda a extenso de rea que temos.

    Eu gostaria tambm de fazer referncia a uma conversa que tive com o

    Ministro Edison Lobo.No dia 14 de setembro, o Presidente Lula foi a Boa Vista, e, dessa sua

    passagem, uma coisa ficou nos ouvidos de todos l: seriam construdas 4

    hidreltricas na Guiana para fazer interconexo com a energia de Roraima, para,

    depois, interconectar com a de Manaus, e, depois acho que agora no tem como

    no ser assim , com as hidreltricas de Rondnia e tambm de Tucuru. Com

    Tucuru acho, geograficamente, muito difcil de acontecer. Agora, tem de haver

    mesmo essa interconexo.

    Falou-se tambm da proposta da nossa energia com a da Venezuela.

    Roraima j ligada, tem uma linha de transmisso iniciada quando eu era

    Governador. Orgulho-me em ter comeado essa linha de transmisso, de ter

    convencido primeiro o Presidente Rafael Caldera, da Venezuela, e depois o

    Presidente Fernando Henrique Cardoso. E a aconteceu a construo da linha de

    transmisso de Guri at Boa Vista. Manaus recusou porque tem o potencial do gs

    de Urucu.

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    Enfim, essa interligao absolutamente importante para ns, mas no

    temos segurana em termos de energia porque temos s uma fonte, Deputado

    Sergio Peteco. E quem tem um no tem nenhum; quem tem dois tem um. Ento,precisamos ter outra fonte. Mas para essa outra fonte preciso construir hidreltrica

    na Guiana?! A, perguntei ao Ministro Edison Lobo: Por que construir na Guiana?

    Ns temos na Cachoeira do Tamandu, no Rio Cotingo, um potencial hidreltrico de

    capacidade de 565 megawatts. A conformao geolgica do local, a natureza fez

    algo como 70%, e, no entanto, ns vamos construir hidreltrica na Guiana. Sabem o

    que me respondeu o Ministro Edson Lobo? Assim: O meio ambiente no nos deixa

    fazer hidreltricas no Brasil. Ns temos de fazer l. Vejam, quando se trata daenergia de um pas que est crescendo e que precisa cada vez mais de energia...

    No podemos nos conformar. Eu fico analisando aquilo. Meu Deus! Um Ministro de

    Minas e Energia dizer isso!? E ele mesmo me disse: , eu tenho de dizer isso.

    Ento, acho que temos de nos preocupar com essas coisas.

    H outra questo fundamental na Amaznia e que talvez seja o seu grande

    problema. Eu no assisti a toda palestra do Deputado Aldo Rabelo, mas me encantei

    com o que ouvi. O grande problema a questo fundiria, a falta de seguranajurdica da propriedade da terra na Amaznia. Ningum tem nada. Geraes e

    geraes esto l, mas, de repente, um rgo pode chegar e dizer que dono

    daquilo. A insegurana desvaloriza tudo. A insegurana gera falta de investimentos,

    e tem nos atrasado bastante. O maior problema da Amaznia hoje em dia

    exatamente a questo fundiria. No s Roraima, mas tambm a Amaznia inteira

    sofre com esse descaso histrico do nosso Pas para com a regio. (Pausa.)

    Eu falei Rabelo, e esto me corrigindo aqui que o sobrenome do Deputado

    Rebelo. Ento, Deputado, desculpe-me. De qualquer maneira, as suas palavras

    soaram muito bem aos meus ouvidos, encantaram-me. S lamento no ter estado l

    para acompanhar a sua permanncia. Sei que perdi uma grande oportunidade de

    trocar informaes, mas eu estava no interior, no sabia da chegada da Comisso e

    houve esse desencontro. Parabns pela disposio de percorrer o nosso Pas, pela

    vontade, pelo sentimento de brasilidade, pelo sentimento nacionalista de fazer o

    melhor e, muitas vezes, se contrapor s correntes que atualmente so moda. bom

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    preservar, e ns no queremos dizimar, depredar; ns queremos sobreviver, e mais

    do que isso, viver com dignidade.

    E essa sua bandeira. E a sua posio nos faz pensar que ns no estamosss.

    Muito obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Serafim) - Obrigado, Deputado

    Neudo.

    Passo a palavra ao Deputado Ivan Valente.

    O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sr. Presidente, Sr. Deputado Aldo

    Rebelo, Deputado Moacir Micheletto, eu quero comear dizendo que, primeiro, aComisso da Amaznia tem uma responsabilidade grande nesse debate. Eu acho

    muito sedutor esse debate sobre o desenvolvimento da Amaznia.

    M