Download - Mudanças Do Codigo Florestal
-
NOVO CDIGO
FLORESTAL Estudo comparativo entre a redao do Projeto de Lei
1.876/99 aprovado na Cmara dos Deputados e as
emendas propostas pelo Senado.
PROJETO MUDAR GERAIS
VIOSA, FEVEREIRO DE 2012
Sobre o Mudar Gerais
-
O MUDAR GERAIS um grupo de pesquisa que surgiu na Universidade Federal de
Viosa-MG, disposto a contribuir com a melhoria da legislao florestal, liderado pelo
professor da instituio, Dr. Sebastio Renato Valverde, que, h muito, envolvido com a
poltica e a legislao florestal.
Acreditamos que a multidisciplinaridade presente no grupo, composto por membros
com formao em diferentes reas, cria um ambiente totalmente propcio para esse tipo de
pesquisa, na medida em que impede que uma viso unilateral enviese a metodologia, anlise
de dados e os resultados obtidos. Permite ainda que uma legislao florestal seja proposta
com a conjugao tcnica das diferentes vises que envolvem o tema. Nossa idia de trabalho
inicial fazer uma pesquisa em todo o Estado de Minas Gerais, buscando compreender os
impactos sociais, econmicos e ambientais que as APPs e RL`s trazem para o produtor rural.
Buscamos, alm disso, analisar as razes do descumprimento da lei e de como a legislao
florestal tem sido vista pelos produtores rurais, pelos ambientalistas e pelas autoridades
encarregadas de aplic-la.
Acreditamos que, tanto a melhoria da situao dos produtores rurais, quanto eficaz
proteo ambiental, passam por uma mudana legislativa que leve em considerao as
especificidades situao de cada regio, o que se mostra evidentemente necessrio.
A EQUIPE
Coordenadores:
Sebastio Renato Valverde - Eng. Florestal, D.S. Cincia Florestal Coordenador Geral
Pedro S. Mximo - Economista, Mestre em. Economia Aplicada Coordenador
Membros:
Alexandre Simes Lorenzon - Eng. Florestal, Mestre em. Cincia Florestal
Carolina de Oliveira Miranda Eng. Florestal
Giovanni Bittencourt Machado de Souza - Advogado, Mestre em Cincia Florestal
Guilherme de Castro Oliveira Eng. Florestal
Hugo Negro Simonatto Eng. Florestal
Lucas Azevedo de Carvalho Advogado, ps graduando em Direito Ambiental.
Samuel Lopes Rodrigues - Gestor Ambiental
-
INDICE
INTRODUO ..................................................................................................................................... 7
CAPTULO I: DAS DISPOSIES GERAIS ........................................................................................ 8
Art. 1 .......................................................................................................................... 8
Art. 2 .......................................................................................................................... 9
Art. 3 ........................................................................................................................ 11
CAPTULO II: DAS REAS DE PRESERVAO PERMANENTE .................................................. 21
Seo I: Da Delimitao das reas de Preservao Permanente ...................................... 21
Art. 4 ........................................................................................................................ 21
Art. 5 ........................................................................................................................ 27
Art. 6 ........................................................................................................................ 28
Seo II: Do Regime de Proteo das reas de Preservao Permanente ....................... 28
Art. 7 ....................................................................................................................... .28
Art. 8 ....................................................................................................................... .28
Art. 9 ....................................................................................................................... 30.
CAPTULO III: DAS REAS DE USO RESTRITO ............................................................................ 31
Art. 10 ...................................................................................................................... 31
Art. 11 ...................................................................................................................... 31
CAPTULO IV: DO USO ECOLOGICAMENTE SUSTENTVEL DOS APICUNS E SALGADOS ... 32
Art. 12 ...................................................................................................................... 32
CAPTULO V: DA REA DE RESERVA LEGAL ............................................................................ 35
SEO I: Da Delimitao da rea de Reserva Legal .............................................................. 35
Art. 13 ...................................................................................................................... 35
Art. 14 ...................................................................................................................... 37
Art. 15 ...................................................................................................................... 38
Art. 16 ...................................................................................................................... 38
Art. 17 ...................................................................................................................... 39
SEO II: Do Regime de Proteo da Reserva Legal.............................................................. 39
Art. 18 ...................................................................................................................... 39
Art. 19 ...................................................................................................................... 40
Art. 20 ...................................................................................................................... 41
Art. 21 ...................................................................................................................... 41
-
Art. 22 ...................................................................................................................... 41
Art. 23 ...................................................................................................................... 42
Art. 24 ...................................................................................................................... 42
Art. 25 ...................................................................................................................... 43
SEO III: Do Regime de Proteo das reas Verdes Urbanas .............................................. 43
Art. 26 ...................................................................................................................... 43
CAPTULO VI: DA SUPRESSO DE VEGETAO PARA USO ALTERNATIVO DO SOLO ........ 44
Art. 27 ...................................................................................................................... 44
Art. 28 ...................................................................................................................... 46
Art. 29 ...................................................................................................................... 46
CAPTULO VII: DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL.................................................................. 47
Art. 30 ...................................................................................................................... 47
Art. 31 ...................................................................................................................... 48
CAPTULO VIII: DA EXPLORAO FLORESTAL .......................................................................... 49
Art. 32 ...................................................................................................................... 49
Art. 33 ...................................................................................................................... 50
Art. 34 ...................................................................................................................... 51
Art. 35 ...................................................................................................................... 52
CAPTULO IX: DO CONTROLE DA ORIGEM DOS PRODUTOS FLORESTAIS ............................. 54
Art. 36 ...................................................................................................................... 54
Art. 37 ...................................................................................................................... 56
Art. 38 ...................................................................................................................... 56
CAPTULO X: DA PROIBIO DO USO DE FOGO E DO CONTROLE DOS INCNDIOS ............ 58
Art. 39 ...................................................................................................................... 58
Art. 40 ...................................................................................................................... 60
Art. 41 ...................................................................................................................... 60
CAPTULO XI: DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO PRESERVAO E RECUPERAO
DO MEIO AMBIENTE ........................................................................................................................ 61
Art. 42 ...................................................................................................................... 61
Art. 43 ...................................................................................................................... 66
Art. 44 ...................................................................................................................... 66
Art. 45 ...................................................................................................................... 67
-
Art. 46 ...................................................................................................................... 68
Art. 47 ...................................................................................................................... 69
Art. 48 ...................................................................................................................... 69
Art. 49 ...................................................................................................................... 69
Art. 50 ...................................................................................................................... 70
Art. 51 ...................................................................................................................... 70
CAPTULO XII: DO CONTROLE DO DESMATAMENTO ............................................................... 71
Art. 52 ...................................................................................................................... 71
CAPTULO XIII: DA AGRICULTURA FAMILIAR ........................................................................... 72
Art. 53 ...................................................................................................................... 72
Art. 54 ...................................................................................................................... 72
Art. 55 ...................................................................................................................... 73
Art. 56 ...................................................................................................................... 74
Art. 57 ...................................................................................................................... 74
Art. 58 ...................................................................................................................... 76
Art. 59 ...................................................................................................................... 76
CAPTULO XIV: DAS DISPOSIES TRANSITRIAS ................................................................... 77
SEO I: Das Disposies Gerais ......................................................................................... 77
Art. 60 ...................................................................................................................... 77
Art. 61 ...................................................................................................................... 79
SEO II: Das reas Consolidadas em reas de Preservao Permanente .............................. 79
Art. 62 ...................................................................................................................... 79
Art. 63 ...................................................................................................................... 86
Art. 64 ...................................................................................................................... 86
Art. 65 ...................................................................................................................... 87
Art. 66 ...................................................................................................................... 88
Art. 67 ...................................................................................................................... 88
-
SEO III: Das reas Consolidadas em reas de Reserva Legal ............................................ 90
Art. 68 ...................................................................................................................... 91
Art. 69 ...................................................................................................................... 92
Art. 70 ...................................................................................................................... 92
CAPTULO XV: DAS DISPOSIES COMPLEMENTARES E FINAIS............................................ 93
Art. 71 ...................................................................................................................... 93
Art. 72 ...................................................................................................................... 93
Art. 73 ...................................................................................................................... 93
Art. 74 ...................................................................................................................... 94
Art. 75 ...................................................................................................................... 94
Art. 76 ...................................................................................................................... 94
Art. 77 ...................................................................................................................... 94
Art. 78 ...................................................................................................................... 95
Art. 79 ...................................................................................................................... 95
Art. 80 ...................................................................................................................... 95
Art. 81 ...................................................................................................................... 96
Art. 82 ...................................................................................................................... 96
Art. 83 ...................................................................................................................... 98
Art. 84 ...................................................................................................................... 98
Art. 85 ...................................................................................................................... 98
Art. 86 ...................................................................................................................... 98
Art. 87 ...................................................................................................................... 98
REFERNCIAS BIBLIOGRCAS ...................................................................................................... 99
-
INTRODUO
O presente estudo trata-se de um comparativo entre o Projeto de Lei 1.8976-C/99
(Novo Cdigo Florestal) aprovado na Cmara dos Deputados e a redao final do Substitutivo
do Senado. O objetivo deste estudo apontar todas as mudanas ocorridas na casa revisora,
bem como as consequncias destas, a fim de facilitar o entendimento pelos estudiosos do
tema.
Para alcanar este objetivo, fez-se uma tabela na qual foi colocado lado a lado os
dispositivos correlatos de ambos os textos. Na coluna da esquerda seguiu-se a ordem
cronolgica, artigo por artigo, do texto do Senado, sendo indicados na coluna da direita os
artigos correspondentes do texto da Cmara.
Para melhor entendimento do estudo, utilizamos a cor azul na coluna da esquerda
para indicar as inovaes do texto produzidas pela casa revisora, Senado; E a cor vermelha na
coluna da direita para indicar as alteraes no texto da casa iniciadora, Cmara. Nos casos em
que no houve dispositivos correlatos entre os textos foi utilizado o smbolo ---. Assim, o
smbolo foi colocado na coluna da esquerda, caso removido um dispositivo do texto da
Cmara; Ou colocado na coluna da direita, caso tenha o Senado acrescentado dispositivo
normativo.
Para cada artigo, pargrafo, inciso ou alnea que tenha sido objeto de significativa
mudana entre os textos, foram colocados abaixo de sua posio na tabela os comentrios
sobre a alterao, de forma a explicar e demonstrar as consequncias das mesmas.
Deste modo, foram analisados lado a lado os projetos de lei aprovados na Cmara e no
Senado, em todas suas emendas, elucidando quais as mudanas positivas e negativas ocorridas
na casa revisora, o que configura um importante instrumento para anlise das propostas.
-
SENADO CMARA
CAPTULO I
DAS DISPOSIES GERAIS
CAPTULO I
DISPOSIES GERAIS
Art. 1 Esta Lei estabelece normas gerais com o fundamento central da proteo e uso sustentvel
das florestas e demais formas de vegetao nativa
em harmonia com a promoo do desenvolvimento
econmico, atendidos os seguintes princpios:
Art. 1 Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteo da vegetao, dispe sobre as reas de
Preservao Permanente e as reas de Reserva
Legal,define regras gerais sobre a explorao
florestal, o suprimento de matria-prima florestal,
o controle da origem dos produtos florestais e o
controle e a preveno dos incndios florestais e
prev instrumentoseconmicos e financeiros para o
alcance de seus objetivos.
Art. 1; I reconhecer as florestas existentes no territrio nacional e as demais formas de vegetao
nativa como bens de interesse comum a todos os
habitantes do Pas;
---
Art. 1; II afirmar o compromisso soberano do Brasil com a preservao das suas florestas e demais formas de vegetao nativa, da
biodiversidade, do solo e dos recursos hdricos e
com a integridade do sistema climtico, para o
bem-estar das geraes presentes e futuras;
---
Art. 1; III reconhecer a funo estratgica da produo rural na recuperao e manuteno das
florestas e demais formas de vegetao nativa e do
papel destas na sustentabilidade da produo
agropecuria;
---
Art. 1 IV consagrar o compromisso do Pas com o modelo de desenvolvimento ecologicamente
sustentvel,
---
Art. 1; V coordenar a ao governamental de proteo e uso sustentvel de florestas com a Poltica Nacional do Meio Ambiente, a Poltica
Nacional de Recursos Hdricos, a Poltica 3
Agrcola, o Sistema Nacional de Unidades de
Conservao da Natureza, a Poltica de Gesto de
Florestas Pblicas, a Poltica Nacional sobre
Mudana do Clima e a Poltica Nacional da
Biodiversidade;
---
Art. 1; VI estabelecer a responsabilidade comum da Unio, Estados, Distrito Federal e
Municpios, em colaborao com a sociedade civil,
na criao de polticas para a preservao e
restaurao da vegetao nativa e de suas funes ecolgicas e sociais nas reas urbanas e rurais;
---
Art. 1; VII fomentar a inovao em todas as suas vertentes para o uso sustentvel,
---
-
Art. 1; VIII criar e mobilizar incentivos jurdicos e econmicos para fomentar a
preservao e a recuperao da vegetao nativa,
bem como para promover o desenvolvimento de
atividades produtivas sustentveis.
---
O dispositivo aprovado pela Cmara traz detalhadamente as matrias tratadas pelo
Cdigo Florestal, elencando de forma especfica os temas abordados.
J o dispositivo do Senado , em seu caput, mais genrico, dando nfase funo
principal da Lei: a garantia de um desenvolvimento sustentvel. No entanto, em seus incisos
erigem condio de princpios as ideias trazidas por ambos os projetos.
Uma significativa mudana o fato de a disposio do Senado ter acrescido o adjetivo
nativa ao substantivo vegetao, o que de certa forma restringe de maneira salutar o
mbito de proteo normativa, apontando como foco principal da proteo a vegetao nativa
e no toda e qualquer forma de vegetao. No entanto cumpre ressaltar a atecnia legislativa,
visto que, ao dizer florestas e demais formas de vegetao nativa, enquadra floresta como
espcie do gnero vegetao nativa, o que no necessariamente verdade. Em termos
tcnicos, uma floresta pode ser composta por vegetao que no seja nativa e uma vegetao
nativa pode no configurar uma floresta. Assim, os termos se intercalam, mas no se
confundem e no apresentam relao espcie-gnero, pelo que falhou o legislador.
Art. 2 As florestas existentes no territrio
nacional e as demais formas de vegetao nativa,
reconhecidas de utilidade s terras que revestem,
so bens de interesse comum a todos os habitantes
do Pas, exercendo-se os direitos de propriedade
com as limitaes que a legislao em geral e
especialmente esta Lei estabelecem.
Art. 2 As florestas existentes no territrio
nacional e as demais formas de vegetao,
reconhecidas de utilidade s terras que revestem,
so bens de interesse comum a todos os habitantes
do Pas, exercendo-se os direitos de propriedade,
com as limitaes que a legislao em geral e
especialmente esta Lei estabelecem.
O Caput do art. 2 aprovado no Senado traz a supracitado acrscimo do termo
nativo ao substantivo vegetao, o que traduz o foco principal de proteo legal: a
vegetao nativa. Assim, este foi um avano se comparado ao Art. 1, da Lei 4.771/65, que traz
prescrio idntica ao projeto aprovado na Cmara.
Interessante observar que no foi sanada possvel dvida interpretativa originada do
texto da Cmara: toda e qualquer floresta seria foco da proteo do Cdigo ou somente as
florestas nativas? Note que, pelo texto do Senado, subentende-se que somente seria a floresta
nativa, visto prescrever florestas e demais formas de vegetao nativa.
Apesar de o foco principal de proteo ser o da floresta nativa e o da vegetao nativa,
o Cdigo tambm regula a explorao de florestas plantadas, exercendo um tratamento mais
brando para as mesmas, por exemplo, isentando do Plano de Manejo Sustentvel o manejo e
a explorao de florestas plantadas localizadas fora das reas de Preservao Permanente e de
Reserva Legal (Art. 33; II).
-
Art. 2; 1 Na utilizao e explorao da
vegetao, as aes ou omisses contrrias s
disposies desta Lei so consideradas uso
irregular da propriedade, aplicando-se o
procedimento sumrio previsto no inciso II do art.
275 da Lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973
(Cdigo de Processo Civil), sem prejuzo da
responsabilidade civil, nos termos do 1 do art.14
da Lei n6. 938, de 31 de agosto de 1981, e das
sanes administrativas, civis e penais.
Art. 2; 1 Na utilizao e explorao da
vegetao, as aes ou omisses contrrias s
disposies desta Lei so consideradas uso
anormal da propriedade, aplicando-se o
procedimento sumrio previsto no inciso II do art.
275 da Lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - do
Cdigo de Processo Civil, sem prejuzo da
responsabilidade civil, nos termos do 1 do art.
14 da Lei n 6.938, de 31 de agosto 1981, e das
sanes administrativas, civis e penais cabveis.
2 As aes ou omisses que constituam infrao
s determinaes desta Lei sero sancionadas
penal, civil e administrativamente na forma da
legislao aplicvel.
A substituio do termo anormal por irregular foi salutar, visto que mais tcnica.
Uso anormal aquele no dotado de normalidade, seja em consonncia ou no com o
ordenamento jurdico. J uso irregular traduz a melhor idia de contrrio lei. Por exemplo,
plantar caf em terreno plano anormal, mas no contrrio as normas.
O 2 do texto da Cmara foi excludo, no entanto seu contedo normativo encontra-
se enquadrado pelo caput do artigo, pelo que desnecessria a redundncia.
Art. 2; 2 As obrigaes previstas nesta Lei tm
natureza real e so transmitidas ao sucessor, de
qualquer natureza, no caso de transferncia de
domnio ou posse do imvel rural.
---
Inseriu-se o 2 no texto do Senado para ressaltar a obrigao do proprietrio de
colocar sua propriedade em situao regular independentemente de quem fora o responsvel
pelas irregularidades. O acrscimo apenas visa consolidar na forma de lei o entendimento
jurisprudencial sobre o tema, que se consolidara com a vigncia do Cdigo de 1965:
A obrigao de reparao dos danos ambientais propter rem, por isso que a
Lei 8.17191 vigora para todos os proprietrios rurais, ainda que no sejam
eles os responsveis por eventuais desmatamentos anteriores, mxime
porque a referida norma referendou o prprio Cdigo Florestal (Lei 4.77165)
que estabelecia uma limitao administrativa s propriedades rurais,
obrigando os seus proprietrios a institurem reas de reservas legais, de no
mnimo 20% de cada propriedade, em prol do interesse coletivo. Precedente
do STJ: RESP 343.741PR, Relator Ministro Franciulli Netto, DJ de
07.10.2002.1
1 BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Recurso Especial N 1.090.968 - SP. Disponvel em
http://processoscoletivos.net/juris.asp?id=119, acesso em 26 de janeiro de 2012.
-
Art. 3 Para os efeitos desta Lei, entende-se por: Art. 3 Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
Art. 3; I Amaznia Legal: os Estados do Acre,
Par, Amazonas, Roraima, Rondnia, Amap e
Mato Grosso e as regies situadas ao norte do
paralelo 13 S, dos Estados de Tocantins e Gois,
e ao oeste do meridiano de 44 W, do Estado do
Maranho;
Art. 3; I - Amaznia Legal: os Estados do Acre,
Par, Amazonas, Roraima, Rondnia, Amap e
Mato Grosso e as regies situadas ao norte do
paralelo 13S, dos Estados de Tocantins e Gois, e
ao oeste do meridiano de 44W, do Estado do
Maranho;
Art. 3; II rea de Preservao Permanente
(APP): rea protegida, coberta ou no por
vegetao nativa, com a funo ambiental de
preservar os recursos hdricos, a paisagem, a
estabilidade geolgica e a biodiversidade, facilitar
o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populaes humanas;
Art. 3; II - rea de Preservao Permanente -
APP: rea protegida, coberta ou no por vegetao
nativa, com a funo ambiental de preservar os
recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade
geolgica, a biodiversidade, facilitar o fluxo
gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar
o bem-estar das populaes humanas;
A substituio da vrgula pela conjuno e no traz diferena substancial ao texto,
mas atcnica na medida em que junta os distintos termos estabilidade geolgica e
biodiversidade e os separa dos demais objetivos legais. Assim, melhor manter a vrgula, como
no texto aprovado pela Cmara.
Art. 3; III Reserva Legal: rea localizada no
interior de uma propriedade ou posse rural,
delimitada nos termos do art. 13, com a funo de
assegurar o uso econmico de modo sustentvel
dos recursos naturais do imvel rural, auxiliar a
conservao e a reabilitao dos processos
ecolgicos e promover a conservao da
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteo de
fauna silvestre e da flora nativa;
Art. 3; X - Reserva Legal: rea localizada no
interior de uma propriedade ou posse rural,
delimitada nos termos do art. 13, com a funo de
assegurar o uso econmico de modo sustentvel
dos recursos naturais do imvel rural, auxiliar
conservao e reabilitao dos processos
ecolgicos e promover a conservao da
biodiversidade, o abrigo e a proteo de fauna
silvestre e da flora nativa;
Art. 3; IV rea rural consolidada: rea de
imvel rural com ocupao antrpica pr-existente
a 22 de julho de 2008, com edificaes,
benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris,
admitida, neste ltimo caso, a adoo do regime de
pousio;
Art. 3; III - rea rural consolidada: rea de
imvel rural com ocupao antrpica pr-existente
a 22 de julho de 2008, com edificaes,
benfeitorias ou atividades agrossilvopastoris,
admitida, neste ltimo caso, a adoo do regime de
pousio;
Art. 3; V pequena propriedade ou posse rural
familiar: aquela explorada mediante o trabalho
pessoal do agricultor familiar e empreendedor
familiar rural, incluindo os assentamentos e
projetos de reforma agrria, e que atenda ao
disposto no art. 3 da Lei n 11.326, de 24 de julho
de 2006;
Art. 3; IX pequena propriedade ou posse rural
familiar: aquela explorada mediante o trabalho
pessoal do agricultor familiar e empreendedor
familiar rural, incluindo os assentamentos e
projetos de reforma agrria, e que atendam ao
disposto no art. 3 da Lei n 11.326, de 24 de julho
de 2006;
-
Art. 3 VII manejo sustentvel: administrao
da vegetao natural para a obteno de benefcios
econmicos, sociais e ambientais, respeitando-se
os mecanismos de sustentao do ecossistema
objeto do manejo e considerando-se, cumulativa
ou alternativamente, a utilizao de mltiplas
espcies madeireiras ou no, de mltiplos produtos
e subprodutos da flora, bem como a utilizao de
outros bens e servios;
Art. 3 V - manejo sustentvel: administrao da
vegetao natural para a obteno de benefcios
econmicos, sociais e ambientais, respeitando-se
os mecanismos de sustentao do ecossistema
objeto do manejo e considerando-se, cumulativa
ou alternativamente, a utilizao de mltiplas
espcies madeireiras ou no, de mltiplos produtos
e subprodutos da flora, bem como a utilizao de
outros bens e servios;
Art. 3; VIII utilidade pblica:
a) as atividades de segurana nacional e
proteo sanitria;
b) as obras de infraestrutura destinadas s
concesses e aos servios pblicos de transporte,
sistema virio, inclusive aquele necessrio aos
parcelamentos de solo urbano aprovados pelos
Municpios, saneamento, gesto de resduos,
energia, telecomunicaes, radiodifuso,
instalaes necessrias realizao de
competies esportivas estaduais, nacionais ou
internacionais, bem como minerao, exceto, neste
ltimo caso, a extrao de areia, argila, saibro e
cascalho;
c) atividades e obras de defesa civil;
d) atividades que comprovadamente
proporcionem melhorias na proteo das funes
ambientais referidas no inciso II deste artigo;
e) outras atividades similares devidamente
caracterizadas e motivadas em procedimento
administrativo prprio, quando inexistir alternativa
tcnica e locacional ao empreendimento proposto,
definidas em ato do Chefe do Poder Executivo
federal;
---
Art. 3; IX interesse social:
a) as atividades imprescindveis
proteo da integridade da vegetao nativa, tais
como preveno, combate e controle do fogo,
controle da eroso, erradicao de invasoras e
proteo de plantios com espcies nativas;
b) a explorao agroflorestal sustentvel
praticada na pequena propriedade ou posse rural
familiar ou por povos e comunidades tradicionais,
desde que no descaracterize a cobertura vegetal
existente e no prejudique a funo ambiental da
rea;
---
-
Art. 3; IX -
c) a implantao de infraestrutura pblica
destinada a esportes, lazer e atividades
educacionais e culturais ao ar livre em reas
urbanas e rurais consolidadas, observadas as
condies estabelecidas nesta Lei;
d) a regularizao fundiria de
assentamentos humanos ocupados
predominantemente por populao de baixa renda
em reas urbanas consolidadas, observadas as
condies estabelecidas na Lei n 11.977, de 7 de
julho de 2009;
e) implantao de instalaes necessrias
captao e conduo de gua e de efluentes
tratados para projetos cujos recursos hdricos so
partes integrantes e essenciais da atividade;
f) as atividades de pesquisa e extrao de
areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela
autoridade competente;
g) outras atividades similares
devidamente caracterizadas e motivadas em
procedimento administrativo prprio, quando
inexistir alternativa tcnica e locacional atividade
proposta, definidas em ato do Chefe do Poder
Executivo federal;
Importante inovao do Senado foi trazer ao texto legal as definies de utilidade
pblica e interesse social. O texto da Cmara, apesar de citar os termos em artigos
esparsos, no os define, deixando a cargo das normas regulamentares.
A determinao legal dos conceitos tem a vantagem de maior segurana jurdica ao
mesmo tempo de apresentar a desvantagem do maior engessamento normativo, visto que
muito mais dificultosa a alterao de uma lei em sentido estrito do que de um regulamento. A
ttulo de exemplo, basta pensarmos nas dificuldades de se alterar o Cdigo Florestal de 1965.
Deste modo, caso a evoluo social haja necessidade de outros casos de utilidade pblica e
interesse social, em razo da predefinio legal, haver grande dificuldade em implement-los.
No que tange as hipteses de utilidade pblica e interesse social o texto do
Senado apresenta ideia semelhante ao da Lei 4.771/65 acrescido da resoluo 369 do
CONAMA, que tratam sobre o tema. No entanto, mais amplo, apresentando novas hipteses
destacando-se a ampla possibilidade consubstanciada na alnea g: outras atividades
similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo.
Interessante notar que o texto diz ser do Presidente da Repblica, Chefe do Poder
Executivo Federal, a atribuio para definir atividades tcnicas locacionais alternativas
atividade, o que de duvidosa constitucionalidade, alm de retirar dos Governadores dos
Estados e dos Prefeitos Municipais a possibilidade de definir essas questes em mbito
regional e local, o que lamentvel. Imagine a dificuldade prtica o Presidente da Repblica
estar atento as atividades a serem desenvolvidas dentro do municpio, somente neste
-
impactantes. Desta forma, melhor seria conceder aos chefes dos poderes executivos nas trs
esferas federativas a atribuio em questo, de acordo com sua extenso (local, regional ou
federal).
Por fim, vale destacar a nfase dada regularizao fundiria de assentamentos
humanos ocupados predominantemente por populao de baixa renda em reas urbanas
consolidadas. No entanto criticvel que o dispositivo se restrinja a reas urbanas, na medida
em que no campo tambm h aglomerados de desfavorecidos, que merecem tratamento
isonmico.
Art. 3 X- atividades eventuais ou de baixo
impacto ambiental:
a) abertura de pequenas vias de acesso
interno e suas pontes e pontilhes, quando
necessrias travessia de um curso dgua, ao
acesso de pessoas e animais para a obteno de
gua ou retirada de produtos oriundos das
atividades de manejo agroflorestal sustentvel;
b) implantao de instalaes necessrias
captao e conduo de gua e efluentes tratados,
desde que comprovada a outorga do direito de uso
da gua, quando couber;
c) implantao de trilhas para o
desenvolvimento do ecoturismo;
d) construo de rampa de lanamento de
barcos e pequeno ancoradouro;
e) construo de moradia de agricultores
familiares, remanescentes de comunidades
quilombolas e outras populaes extrativistas e
tradicionais em reas rurais, onde o abastecimento
de gua se d pelo esforo prprio dos moradores;
f) construo e manuteno de cercas na
propriedade;
g) pesquisa cientfica relativa a recursos
ambientais, respeitados outros requisitos previstos
na legislao aplicvel;
h) coleta de produtos no madeireiros para
fins de subsistncia e produo de mudas, como
sementes, castanhas e frutos, respeitada a
legislao especfica de acesso a recursos
genticos;
i) plantio de espcies nativas produtoras de frutos,
sementes, castanhas e outros produtos vegetais,
desde que no implique supresso da vegetao
existente nem prejudique a funo ambiental da
rea;
---
-
Art. 3; X
j) explorao agroflorestal e manejo
florestal sustentvel, comunitrio e familiar,
incluindo a extrao de produtos florestais no
madeireiros, desde que no descaracterizem a
cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem
a funo ambiental da rea;
k) outras aes ou atividades similares,
reconhecidas como eventuais e de baixo impacto
ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) ou dos Conselhos Estaduais
de Meio Ambiente;
---
Da mesma forma, o texto do Senado tambm acrescentou lei a definio de
atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental, definio esta no trazida pelo texto da
Cmara, que a deixava cargo de lei (art. 8, Cmara) ou regulamentos (art. 9, 22, Cmara).
Em relao as hipteses de atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental
estas pouco se modificaram em relao as previstas na resoluo 369 do CONAMA. No
entanto, destaca-se o acrscimo da hiptese prescrita na alnea j, a reconhecer o manejo
sustentvel na agricultura familiar como atividade de baixo impacto; o que um avano em
benefcio desta agricultura que, apesar de essencial produo e sustento da populao, no
tem recebido o apreo governamental necessrio.
As vantagens e desvantagens da definio foram supra apontadas quando do
tratamento dos incisos VIII e IX, Senado.
Art. 3; XI pousio: prtica de interrupo
temporria de atividades ou usos agrcolas,
pecurios ou silviculturais, por at, no mximo, 5
(cinco) anos, em at 25% (vinte e cinco por cento)
da rea produtiva da propriedade ou posse, para
possibilitar a recuperao da capacidade de uso do
solo;
Art. 3; VIII - pousio: prtica de interrupo de
atividades agrcolas, pecurias ou silviculturais,
para possibilitar a recuperao da capacidade de
uso do solo;
O texto do Senado limitou o pousio a um tempo mximo de 5 anos, a um percentual
mximo de 25% da rea produtiva da propriedade ou posse.
A limitao tem a vantagem de impedir o subterfgio do pousio a esconder uma
especulao imobiliria e subutilizao da propriedade. No entanto apresenta a desvantagem
de impedir uma prtica do produtor de boa f, prtica essa benfica ao meio ambiente e
produo.
Tem-se que a limitao temporal em 05 anos pode ser, de acordo com a atividade
desenvolvida, excessiva ou insuficiente. Da mesma forma, a limitao territorial de 25%.
Por exemplo, no incomum, produtores com vrias propriedades prximas que
deixam integralmente uma delas em pousio, para utilizao de outra em sua capacidade total.
-
O texto do Senado vem a impedir essa prtica, que no traz prejuzo algum ao meio ambiente,
muito pelo contrrio.
Ressalta-se ainda, a dificuldade de se implementar e fiscalizar na prtica esses limites,
calculando a porcentagem e o tempo de durao do pousio para cada propriedade rural.
Por fim, destaca-se que o tratamento legal do tema garante a vantagem de maior
segurana jurdica, mas possui a desvantagem de impedir a regulamentao do tema de forma
a atender s peculiaridades locais.
Neste caso especfico, a situao ideal seria o texto apenas prever o pousio e atribuir a
normas regulamentares as especificaes em questo.
O texto da Cmara apenas conceitua o pousio, mas no autoriza de forma expressa
que normas regulamentares venham a complementar o tratamento. Isto abre margem para
questionamento da legalidade de futura norma infra legal que regulamente o pousio, visto que
argumentar-se-ia estar a disposio infra restringindo onde a lei no o fez.
Art. 3; XII vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromrficos, usualmente
com a palmeira arbrea Mauritia flexuosa (buriti)
emergente, sem formar dossel, em meio a
agrupamentos de espcies arbustivo-herbceas;
Art. 3; XIII - vereda: fitofisionomia de savana,
encontrada em solos hidromrficos, usualmente
com a palmeira arbrea Mauritia flexuosa (buriti)
emergente, sem formar dossel, em meio a
agrupamentos de espcies arbustivo-herbceas;
Art. 3; XIII manguezal: ecossistema litorneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos ao das
mars, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, s quais se associa, predominantemente,
a vegetao natural conhecida como mangue, com
influncia flvio-marinha, tpica de solos limosos
de regies estuarinas e com disperso descontnua
ao longo da costa brasileira, entre os Estados do
Amap e de Santa Catarina;
---
Art. 3; XIV salgado ou marismas tropicais hipersalinos: reas situadas em regies com
frequncias de inundaes intermedirias entre
mars de sizgias e de quadratura, com solos cuja
salinidade varia entre 100 (cem) e 150 (cento e
cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a presena de vegetao herbcea
especfica;
Art. 3; XV - salgado ou marismas tropicais
hipersalinos: reas situadas em regies com
frequncias de inundaes intermedirias entre
mars de sizgias e de quadratura, com solos cuja
salinidade varia entre 100 (cem) a 150 (cento e
cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a presena de vegetao herbcea
especfica.
Art. 3; XV apicum: reas de solos hipersalinos situadas nas regies entremars superiores,
inundadas apenas pelas mars de sizgias, que
apresentam salinidade superior a 150 (cento e
cinquenta) partes por 1.000 (mil), desprovidas de
vegetao vascular;
Art. 3; XIV - apicum: reas de solos hipersalinos
situadas nas regies entremars superiores,
inundadas apenas pelas mars de sizgias, que
apresentam salinidade superior a 150 (cento e
cinquenta) partes por 1.000 (mil), desprovidas de
vegetao vascular;
Art. 3; XVI restinga: depsito arenoso paralelo linha da costa, de forma geralmente alongada,
produzido por processos de sedimentao, onde se
encontram diferentes comunidades que recebem
influncia marinha, com cobertura vegetal em
mosaico, encontrada em praias, cordes arenosos, dunas e depresses, apresentando, de acordo com o
estgio sucessional, estrato herbceo, arbustivo e
arbreo, este ltimo mais interiorizado;
Art. 3; XI - restinga: depsito arenoso paralelo
linha da costa, de forma geralmente alongada,
produzido por processos de sedimentao, onde se
encontram diferentes comunidades que recebem
influncia marinha, com cobertura vegetal em
mosaico, encontrada em praias, cordes arenosos,
dunas e depresses, apresentando, de acordo com o
estgio sucessional, estrato herbceo, arbustivos e
arbreo, este ltimo mais interiorizado;
-
Art. 3; XVII nascente: afloramento natural do
lenol fretico que apresenta perenidade e d incio
a um curso dgua;
Art. 3; VI - nascente: afloramento natural do
lenol fretico que apresenta perenidade e d incio
a um curso dgua;
Art. 3; XVIII olho dgua: afloramento natural
do lenol fretico, mesmo que intermitente;
Art. 3; VII - olho dgua: afloramento natural do
lenol fretico, mesmo que intermitente;
Art. 3; XIX leito regular: a calha por onde
correm regularmente as guas do curso dgua
durante o ano;
Art. 3; IV - leito regular: a calha por onde correm
regularmente as guas do curso dgua durante o
ano;
Art. 3; XX rea abandonada, subutilizada ou
utilizada de forma inadequada: rea no
efetivamente utilizada, nos termos do 3 do art.
6 da Lei n 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, ou
que no atenda aos ndices previstos no referido
artigo, ressalvadas as reas em pousio;
---
O texto do Senado acrescenta o conceito de rea abandonada, subutilizada ou
utilizada de forma inadequada, prescrevendo serem estas todas aquelas reas que no se
enquadrem nos incisos do 3, art. 6 da Lei 8.629/93, que trazem as hipteses de rea
efetivamente utilizada.
A introduo do conceito legal salutar, visto que impede dvidas, principalmente na
aplicao do art. 29, Senado e Cmara, que impede a converso de vegetao nativa para uso
alternativo do solo no imvel rural que possuir rea abandonada.
O texto do Senado define tambm o manguezal (XIII), definio esta que no se
encontrava no texto da Cmara, o que condiz com o acrscimo pela casa revisora da APP de
mangue (visto que a casa iniciadora, somente caracteriza como APP a restinga estabilizadora
do mangue, como ser visto infra).
Art. 3, XXI rea verde urbana: espaos,
pblicos ou privados, com predomnio de
vegetao, preferencialmente nativa, natural ou
recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de
Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Municpio,
indisponveis para construo de moradias,
destinados aos propsitos de recreao, lazer,
melhoria da qualidade ambiental urbana, proteo
dos recursos hdricos, manuteno ou melhoria
paisagstica, proteo de bens e manifestaes
culturais;
---
O texto do Senado acrescentou o conceito de rea verde urbana, o que condizente
com o acrscimo da seo III do captulo IV da Lei, a tratar sobre a proteo das reas verdes
urbanas (seo e conceito estes inexistentes no texto da Cmara), o que, a princpio, deveria
ficar a cargo de lei especfica, e no de um Cdigo Florestal.
-
Art. 3; XXII vrzea de inundao ou plancie
de inundao: reas marginais a cursos dgua
sujeitas a enchentes e inundaes peridicas;
---
Art. 3; XXIII faixa de passagem de inundao:
rea de vrzea ou plancie de inundao adjacente
a cursos dgua que permite o escoamento da
enchente;
---
O texto do Senado acrescenta os conceitos de vrzea e plancie de inundao, bem
como o de faixa de passagem de inundao, o que condiz com o acrscimo do art. 4, 7, a
tratar das reas de Preservao Permanente urbanas nestas faixas de inundao (dispositivo
este inexistente no texto da Cmara).
Art. 3; XXIV reas midas: superfcies
terrestres cobertas de forma peridica por guas,
cobertas originalmente por florestas ou outras
formas de vegetao adaptadas inundao;
---
O Texto do Senado acrescenta o conceito de reas midas, o que condiz com o
acrscimo do inciso II no art. 6 do texto, prescrevendo ser a rea mida possvel causa para
decretao de APP pelo chefe do poder executivo.
Art. 3; XXV crdito de carbono vegetal: ttulo
de direito sobre bem intangvel e incorpreo,
transacionvel aps o devido registro junto ao
rgo competente;
---
O texto do Senado acrescenta o conceito de crdito de carbono vegetal, prevendo na
lei este bem transacionvel, o que inegvel tendncia mundial. No entanto, o texto somente
conceitua, no regulamenta questo. No h necessidade de o Cdigo Florestal trazer este
conceito, que deve ficar a cargo de lei especfica a tratar sobre o tema, no somente o
conceituando, mas regulamentando a questo.
Art. 3; XXVI relevo ondulado: expresso
geomorfolgica usada para designar rea
caracterizada por movimentaes do terreno que
geram depresses, cuja intensidade permite sua
classificao como relevo suave ondulado,
ondulado, fortemente ondulado e montanhoso.
---
O texto do Senado acrescenta o conceito de relevo ondulado, o que condiz com a
modificao do inciso IX, art. 4 do texto, o que ser melhor analisado infra.
-
Art. 3; Pargrafo nico. Para os fins desta Lei
estende-se o tratamento dispensado aos imveis a
que se refere o inciso V deste artigo s
propriedades e posses rurais com at 4 (quatro)
mdulos fiscais que desenvolvam atividades
agrossilvipastoris, bem como s terras indgenas
demarcadas e s demais reas tituladas de povos e
comunidades tradicionais que faam uso coletivo
do seu territrio.
Art. 3; Pargrafo nico. Para os fins desta Lei,
estende-se o tratamento dispensado aos imveis a
que se refere o inciso IX deste artigo s terras
indgenas demarcadas e s demais reas tituladas
de povos e comunidades tradicionais que faam
uso coletivo do seu territrio.
O texto do Senado apresenta significativa mudana na medida em que estende o
tratamento dispensado as propriedades e posses familiares a todas as propriedades com at
quatro mdulos fiscais que desenvolvam atividades agrossilvipastoris.
Desta forma, a propriedade com at 4 mdulos fiscais, ou seja, a pequena propriedade
rural, independentemente se familiar ou no, desde que desenvolva atividades
agrossilvipastoris, ter o tratamento beneficiado dispensado a agricultura familiar.
Surge assim um considervel contra senso normativo. Isto porque o inciso V define a
pequena propriedade ou posse rural familiar como aquela explorada mediante o trabalho
pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural que atenda ao disposto no art. 3
da Lei n 11.326/06.
O art. 3 da Lei 11.326/06 prescreve como um dos requisitos a caracterizar como familiar
a posse ou propriedade que no tiverem rea superior a quatro mdulos fiscais.
Ou seja, para se enquadrar no inciso V e ser considerada agricultura familiar seria
necessrio o preenchimento de cinco requisitos:
- rea explorada pelo trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar
rural (Art. art. 2, V, Senado)
- no detenha, a qualquer ttulo, rea maior do que 4 (quatro) mdulos fiscais (art. 3, I,
Lei 11.326/06);
- utilize predominantemente mo-de-obra da prpria famlia nas atividades econmicas
do seu estabelecimento ou empreendimento; (art. 3, II, Lei n 11.326/06)
- tenha percentual mnimo da renda familiar originada de atividades econmicas do seu
estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; (art.
3,III, Lei n 11.326/06)
- dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua famlia. (art. 3,III, Lei n
11.326/06)
Preenchidos estes cinco requisitos, ter-se- o enquadramento no inciso V do art. 2,
Senado, caracterizando-se a posse ou propriedade familiar. No entanto, basta o
preenchimento do segundo requisito (rea no superior a quatro mdulos fiscais) para que se
tenha o mesmo tratamento do agricultor familiar.
Ou seja, todo e qualquer pequeno produtor (rea igual ou inferior a quatro mdulos
fiscais), familiar ou no, desde que desenvolva atividades agrossilvipastoris, ter os benefcios
legislativos destinados agricultura familiar. Isto torna de uma inutilidade gritante a definio
-
do inciso V, art. 2, Senado, visto que preenchido o requisito ligado ao tamanho da rea,
desnecessria a anlise dos demais.
Em sntese, o texto do Senado estende o tratamento diferenciado a todo e qualquer
pequeno produtor, sendo irrelevante a verificao de ser a posse ou propriedade familiar ou
no. J o texto da Cmara, neste momento, apenas protege o agricultor familiar, no
estendendo os benefcios pequena propriedade que no seja desta forma explorada.
Ressalta-se que o art. 13, 7, Cmara, garante benefcios atinentes a reserva legal a toda e
qualquer pequena propriedade, inexigindo neste ponto a caracterizao familiar.
O critrio da diferenciao de tratamento baseado no tamanho da propriedade ou na
caracterizao como familiar criticvel do ponto de vista ambiental; pois a proteo ao meio
ambiente independe desses fatores. Melhor seria que o critrio adotado fosse o do impacto
ambiental das atividades exercidas, sendo beneficiadas as menos impactantes. No entanto, a
norma possui carter social e econmico, tambm facetas do desenvolvimento sustentvel,
razo pelo qual se favorece o pequeno produtor e o familiar, presumindo sua hipossuficincia
econmica e o menor impacto de suas atividades.
Por fim, cumpre destacar a grande divergncia que h quanto ao clculo dos mdulos
fiscais de uma propriedade a enquadr-la em pequena, mdia ou grande, divergncia esta que
no foi sanada por nenhum dos textos em debate.
Para alguns, para clculo dos modos fiscais, aplicar-se-iam as disposies tributarias do
Decreto n. 84.685/80, excluindo-se do cmputo as reas no aproveitveis da propriedade.
Para outros, a rea total da propriedade, utilizvel ou no, seria a base de clculo.
Note que, pelo entendimento da primeira corrente, uma propriedade de rea superior a
quatro vezes o mdulo fiscal do municpio poder ser considerada pequena, desde que possua
rea no utilizvel (definidas no art. 6, Decreto n. 84.685/80).
Contudo, o Supremo Tribunal Federal, em recente deciso mudou o seu posicionamento
anteriormente adotado, firmando entendimento favorvel segunda corrente, pela qual, para
fins agrrios, para o clculo de mdulos fiscais de uma propriedade, divide-se sua rea total
pelo mdulo fiscal do municpio em que se encontra, considerando as reas no utilizveis.2
No entanto, como sabido, a deciso do Supremo no vincula o judicirio, perdendo o
legislador uma grande oportunidade de dirimir a controvrsia, trazendo para a lei a forma de
clculo dos mdulos fiscais de uma propriedade.
2 Brasil Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinrio 603859 GO. Disponvel em
http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/17702567/recurso-extraordinario-re-603859-go-stf. Acesso em 27 de janeiro de 2012.
-
CAPTULO II
DAS REAS DE PRESERVAO
PERMANENTE
CAPTULO II
DAS REAS DE PRESERVAO
PERMANENTE
Seo I
Da Delimitao das reas de Preservao
Permanente
Seo I
Da Delimitao das reas de Preservao
Permanente Art. 4 Considera-se rea de Preservao
Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os
efeitos desta Lei:
Art. 4 Considera-se rea de Preservao
Permanente, em zonas rurais ou urbanas, pelo s
efeito desta Lei:
Art. 4; I as faixas marginais de qualquer curso dgua natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mnima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos dgua de menos de 10 (dez) metros de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos
dgua que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos dgua que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos)
metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos dgua que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos
dgua que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;
Art. 4; I - as faixas marginais de qualquer curso d'gua natural,
desde a borda da calha do leito regular, em largura
mnima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d'gua de
menos de 10 (dez) metros de largura, observado o
disposto no art. 35;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d'gua que
tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d'gua que
tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d'gua que
tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos)
metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d'gua
que tenham largura superior a 600 (seiscentos)
metros de largura;
Art. 4; II as reas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mnima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais,
exceto para o corpo dgua com at 20 (vinte) hectares de superfcie, cuja faixa marginal ser de 50 (cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
Art. 4; II as reas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mnima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais,
exceto para o corpo dgua com at 20 (vinte) hectares de superfcie, cuja faixa marginal ser de 50 (cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
Art. 4; III as reas no entorno dos reservatrios dgua artificiais, na faixa definida na licena ambiental do empreendimento, observado o
disposto nos 1 e 2;
Art. 4; III - as reas no entorno dos reservatrios
dgua artificiais, na faixa definida na licena ambiental do empreendimento, observado o
disposto nos 1 e 2;
Art. 4; IV as reas no entorno das nascentes e dos olhos dgua, qualquer que seja a sua situao topogrfica, no raio mnimo de 50 (cinquenta)
metros;
Art. 4; IV as reas no entorno das nascentes e dos olhos d'gua, qualquer que seja a sua situao
topogrfica, no raio mnimo de 50 (cinquenta)
metros;
Art. 4; V as encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100%
(cem por cento) na linha de maior declive;
Art. 4; V as encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100%
(cem por cento) na linha de maior declive;
Art. 4; VI as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
Art. 4; VI - nas restingas, como fixadoras de
dunas ou estabilizadoras de mangues;
Art. 4; VII os manguezais, em toda a sua extenso;
---
O texto da Cmara no prev os manguezais em toda sua extenso, como APP,
fazendo-o somente para as restingas fixadoras de mangue.
Os mangues so ecossistemas de grande importncia ecolgica, social e econmica e a
necessidade de sua preservao irrefutvel em funo de sua alta vulnerabilidade. Esto
entre os ecossistemas mais produtivos do mundo, constituindo grande importncia para a
economia marinha em diferentes setores e a principal fonte de subsistncia de populaes
-
tradicionais. Habitat de uma mirade de espcies da fauna e flora que ali instituem seu
berrio. As funes ecolgicas dos mangues vo alm: protegem a linha de costa contra
eroso, previnem as inundaes e protegem contra tempestades; mantm a biodiversidade da
regio costeira, entre outras3. A preservao dos mangues se defronta atualmente com a
poluio proveniente do petrleo, lixo urbano e esgoto, que se acumulam nestes locais
alterando fortemente a sua dinmica ecolgica.
Art. 4, VIII as bordas dos tabuleiros ou chapadas, at a linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 (cem) metros em projees horizontais;
Art. 4; VII as bordas dos tabuleiros ou chapadas, at a linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 (cem) metros em projees horizontais;
Art. 4; IX no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mnima de 100
(cem) metros e inclinao mdia maior que 25, as
reas delimitadas a partir da curva de nvel
correspondente a 2/3 (dois teros) da altura mnima
da elevao sempre em relao base, sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
plancie ou espelho dgua adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais
prximo da elevao;
Art. 4; VIII - no topo de morros, montes,
montanhas e serras, com altura mnima de 100
(cem) metros e inclinao mdia maior que 25, em
reas delimitadas a partir da curva de nvel
correspondente a 2/3 (dois teros) da altura mnima
da elevao sempre em relao base, sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado pela
cota do ponto de sela mais prximo da elevao;
O texto do Senado prev de forma expressa como se caracterizar o topo de morro em
relevos no ondulados, apontando como referencial a plancie ou espelho dgua adjacente. O
texto da Cmara somente prev de forma expressa o parmetro para a base dos relevos
ondulados, que o mesmo em ambos os projetos: cota do ponto de sela mais prximo da
elevao.
A discusso tcnica sobre o tema antiga, desde a definio dos termos s
metodologias para se determinar os limites destas reas. Deste modo, a adio destes
parmetros no contribuiu para a soluo do problema. Alm disso, o aumento da restrio
para a classificao dos topos como APP (em relao ao cdigo vigente) extinguir a grande
maioria destas reas, haja visto que, em termos prticos, dificilmente se encontram nos
relevos ondulados morros com inclinao mdia superior a 25 e altura de 100 metros. Outra
grande implicao est na definio da base, definida pela cota do ponto de sela mais
prximo da elevao. comum nesses relevos que haja topos agrupados, e o ponto de sela
mais prximo deles no representa exatamente sua base.
3 COELHO, C. J.; SCHAEFFER-NOVELLI Y.; TOGNELLA-DE-ROSA, M. Manguezais. So Paulo: tica, 2002.
-
Art. 4; X as reas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a
vegetao;
Art. 4; IX em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetao.
Art. 4; XI em veredas, a faixa marginal, em projeo horizontal, com largura mnima de 50
(cinquenta) metros, delimitada a partir do espao
brejoso e encharcado.
---
O texto do Senado acrescenta as veredas como reas de Preservao Permanente, o
que no feito pelo texto da Cmara. Este somente permite que o chefe do executivo decrete
como APP rea destinada a proteo de veredas (art. 6, II, Cmara).
So sistemas midos que desempenham importante papel no controle do fluxo do
lenol fretico, garantindo o equilbrio hidrolgico dos cursos dgua no ambiente do Cerrado4.
Constituem ambientes de nascentes das fontes hdricas, importantes na perenidade dos cursos
dgua que compem a rede hdrica, local e regional 2;5. As veredas, ou buritizais, se formam
em locais onde h um solo mais argiloso sobre outro mais impermevel, em reas
hidromrficas. Esta condio proporciona a saturao do solo, indispensvel para o
desenvolvimento do buriti.
importante ressaltar o quanto este ambiente frgil, sendo fortemente alterado
pelas aes antrpicas, tais como drenagens, estradas, barragens. A alterao na umidade do
solo e a reduo dos teores de matria orgnica, alm da mortalidade dos buritis, so
indicadores de danos neste sistema. As veredas tambm so a fonte de uma rica cultura,
composta por uma populao ribeirinha que v no buriti uma planta sagrada. Dela, os
veredeiros constroem suas casas, obtm alimento, mveis e at instrumentos musicais. A
histria deste povo est estreitamente ligada a este ecossistema e a conservao do mesmo
diz respeito sua dignidade e histria.
4 [10] RAMOS, M. V. V.; CURI, N.; MOTTA, P. E. F.; VITORINO, A. C. T.; FERREIRA, M. M.; SILVA, M. L. N. 2006. Veredas do Tringulo Mineiro: Solos, gua e Uso. Cincias Agrotcnicas, Lavras, v. 30, n. 2, p. 283-293. 5 [8] MELO, D. R. de. AS VEREDAS NOS PLANALTOS DO NOROESTE MINEIRO ;Caracterizaes pedolgicas
e os aspectos morfolgicos e evolutivos. Mar.1993.218f. Dissertao (Mestrado)- Departamento de Geografia e Planejamento Regional do IGCE, UNESP, Campus de Rio Claro, Rio Claro, So Paulo, 1992.
-
Art. 4; 1 No se aplica o previsto no inciso III
nos casos em que os reservatrios artificiais de
gua no decorram de barramento ou represamento
de cursos dgua.
Art. 4; 1 No se aplica o previsto no inciso III
nos casos em que os reservatrios artificiais de
gua no decorram de barramento ou represamento
de cursos d' gua.
Art. 4; 2 No entorno dos reservatrios
artificiais situados em reas rurais, com at 20
(vinte) hectares de superfcie, a rea de
preservao permanente ter, no mnimo, 15
(quinze) metros.
Art. 4; 2 No entorno dos reservatrios
artificiais situados em reas rurais, com at 20
(vinte) hectares de superfcie, a rea de
preservao permanente ter, no mnimo, 15
(quinze) metros.
Art. 4; 3 No considerada rea de
Preservao Permanente a vrzea fora dos limites
previstos no inciso I, exceto quando ato do Poder
Pblico dispuser em contrrio, nos termos do
inciso II do art. 6.
Art. 4; 3 No considerada rea de
Preservao Permanente a vrzea fora dos limites previstos no inciso I, exceto quando ato do poder
pblico dispuser em contrrio nos termos do inciso
III do art. 6, bem como salgados e apicuns em sua
extenso.
O texto da Cmara de forma indireta coloca os salgados e apicuns como APPs de
vrzea, na medida em que no considera APP a vrzea fora dos limites previstos no inciso I,
exceto se forem salgados e apicuns (caso em que sero consideradas APPs).
Alm de confusa, a redao no tcnica, visto que confunde os conceitos de vrzea,
salgado e apicum.
J o texto do Senado reservou um captulo (IV) para disciplinar o uso ecologicamente
sustentvel dos apicuns e salgados, pelo que retirou a exceo a no caracterizao da APP de
vrzea do texto da Cmara.
Art. 4; 4 Nas acumulaes naturais ou
artificiais de gua com superfcie inferior a 1 (um)
hectare dispensada a reserva da faixa de proteo
prevista nos incisos II e III do caput, desde que no
impliquem nova supresso de reas de vegetao
nativa.
Art. 4; 4 Nas acumulaes naturais ou
artificiais de gua com superfcie inferior a 1 (um)
hectare, fica dispensada a reserva da faixa de
proteo prevista nos incisos II e III do caput.
O texto do Senado acrescentou a parte final para reforar a idia de proteo da mata
nativa existente, impedindo sua supresso; idia esta presente em vrios dispositivos, tanto do
texto da Cmara, quanto do Senado.
Soa muito bem o anseio de proteo da mata nativa existente, no entanto, quando se
analisa a questo mais detalhadamente, tem-se que a norma acabou premiando aqueles que
no passado no a preservaram. Quem descumpriu a anterior legislao poder continuar
utilizando a rea, quem a cumpriu dever continuar no utilizando. Talvez seja um mal
necessrio.
-
Art. 4; 5 admitido, para a pequena
propriedade ou posse rural familiar, de que trata o
inciso V do art. 3 desta Lei, o plantio de culturas
temporrias e sazonais de vazante de ciclo curto, na
faixa de terra que fica exposta no perodo de
vazante dos rios ou lagos, desde que no implique
supresso de novas reas de vegetao nativa, seja
conservada a qualidade da gua e do solo e seja
protegida a fauna silvestre.
Art. 4; 5 admitido o plantio de culturas
temporrias e sazonais de vazante de ciclo curto, na
faixa de terra que fica exposta no perodo de
vazante dos rios ou lagos, desde que no implique
supresso de novas reas de vegetao nativa, e
seja conservada a qualidade da gua.
O texto da Cmara permite o plantio de culturas temporrias e sazonais de vazante de
ciclo curto para toda e qualquer propriedade. J o texto do Senado restringe a permisso to
somente pequena propriedade ou posse rural familiar (lembrando que, consoante o
pargrafo nico do art. 3, Senado, estende o benefcio a toda e qualquer pequena
propriedade, ou seja, a toda propriedade que no tenha rea superior 4 mdulos fiscais).
Ainda, foi acrescida a necessidade de se conservar a qualidade do solo (e no somente
da gua) e proteger a fauna, ampliando o mbito de proteo ambiental normativa.
Art. 4; 6 Nos imveis rurais com at 15
(quinze) mdulos fiscais, admitida, nas reas de
que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a
prtica da aquicultura e a infraestrutura fsica
diretamente a ela associada, desde que:
---
Art. 4; 6, I sejam adotadas prticas sustentveis de manejo de solo e gua e de recursos
hdricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de
acordo com norma dos Conselhos Estaduais de
Meio Ambiente;
---
Art. 4; 6, II esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de gesto de recursos hdricos;
---
Art. 4; 6, III seja realizado o licenciamento pelo rgo ambiental competente;
---
Art. 4; 6, IV no implique novas supresses de vegetao nativa;
---
Art. 4; 6, V o imvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
---
O texto do Senado veio a permitir nas pequenas e mdias propriedades (de rea total
no superior a quatro e quinze mdulos fiscais, respectivamente) a prtica da aquicultura nas
APPs de lagos e reservatrios, desde que preenchidos os requisitos legais. A permisso no
esta presente no texto da Cmara.
-
Art. 4; 7 Em reas urbanas, as faixas marginais
de qualquer curso dgua natural que delimitem as reas da faixa de passagem de inundao tero sua
largura determinada pelos respectivos Planos
Diretores e Leis de Uso do Solo, ouvidos os
Conselhos Estaduais e Municipais de Meio
Ambiente, sem prejuzo dos limites estabelecidos
pelo inciso I do caput deste artigo.
---
Art. 4; 8 No caso de reas urbanas e regies
metropolitanas, observar-se- o disposto nos
respectivos Planos Diretores e Leis Municipais de Uso do Solo, sem prejuzo do disposto nos incisos
do caput deste artigo.
---
O texto do Senado acrescenta os 7 e 8 a tratar sobre as APPs em reas urbanas,
trazendo disposies semelhantes ao art. 2, pargrafo nico da Lei 4.771/65. Inclusive,
incorrendo no mesmo erro: redao dbia a gerar grande divergncia quanto aplicao dos
parmetros legais em reas urbanas.
A divergncia sobre o tema muito se deve interpretao destoante de dispositivos
do Cdigo Florestal, principalmente do pargrafo nico de seu artigo segundo. De
acordo com a corrente mais conservadora, o referido pargrafo nico serviria para
impor, alm das restries porventura estabelecidas no plano diretor, a observncia
tambm das limitaes (mnimas) previstas no caput do artigo 2; para outros, o
mencionado dispositivo do Cdigo Florestal imporia um patamar de proteo mximo
(teto) a que se subordinaria o plano diretor; e, no entender de uma terceira corrente,
o Cdigo Florestal simplesmente no se aplicaria s reas urbanas, que seriam
disciplinadas pelo plano diretor e leis de uso e ocupao do solo. 6
Esta divergncia ir continuar, visto a semelhana de redao entre os dispositivos do
Senado e dispositivo do Cdigo Florestal de 1965, que permitem diversas interpretaes.
A crtica doutrinria Lei 4.771/65 perfeitamente aplicvel ao texto do Senado:
"A redao da parte final do texto deste pargrafo nico incoerente e contradiz o seu
prprio contedo e significado, pois a determinao de serem respeitados os
princpios e limites a que se refere este artigo torna absolutamente intil o estatudo
no restante deste pargrafo nico. Bastaria a supresso do pargrafo para fazer
prevalecer os princpios e limites a que se refere este artigo. Este pargrafo s se
justifica, e adquire sentido, se for para excepcionar dos princpios e limites deste artigo
as faixas situadas ao longo dos rios e cursos dgua em reas urbanas e nas regies
metropolitanas e aglomeraes urbanas."7
6 DAMIS, Roberta Casali Bahia; ANDRADE, Tas de Souza. A inaplicabilidade do Cdigo Florestal em rea
urbana. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1134, 9 ago. 2006. Disponvel em: . Acesso em: 26 jan. 2012. 7 11 Lomar, P. J. V. O Parcelamento do Solo para Fins Urbanos (Lei n 6.766, de 19 de dezembro de 1979, com as inovaes da Lei n 9.785, de 29 de janeiro de 1999). In As Leis Federais mais importantes de Proteo ao Meio Ambiente comentadas. Moraes, R. J., Azevedo, M. G. de L. e Delmanto, F. M. de A. (coordenadores). Rio de Janeiro: Renovar, 2005. (Pgs. 69 e 70)
-
Interessante observar que o caput de ambos os dispositivos prescrevem considerar
reas de APP em zonas rurais ou urbanas. No entanto, no texto da Cmara no h os 7 e
8, o que diminui a margem interpretativa no sentido de no serem os parmetros legais
aplicveis s zonas urbanas.
Contudo, seja qual for o texto aprovado, a discusso ir continuar, perdendo o
legislador uma boa oportunidade de esclarecer a questo.
Art. 5 Na implantao de reservatrio dgua artificial destinado a gerao de energia ou
abastecimento pblico, obrigatria a aquisio, desapropriao ou instituio de servido
administrativa pelo empreendedor das reas de
Preservao Permanente criadas em seu entorno,
conforme estabelecido no licenciamento ambiental,
observando-se a faixa mnima de 30 (trinta) metros
e mxima de 100 (cem) metros em rea rural e a
faixa mnima de 15 (quinze) metros em rea
urbana.
Art. 5 Na implementao de reservatrio dgua artificial destinado a gerao de energia ou
abastecimento pblico, obrigatria a aquisio, desapropriao ou instituio de servido
administrativa pelo empreendedor das reas de
Preservao Permanente criadas em seu entorno,
conforme estabelecido no licenciamento ambiental,
observando-se a faixa mnima de 30 (trinta) metros
e mxima de 100 (cem) metros em rea rural e a
faixa mnima de 15 (quinze) metros em rea
urbana.
Art. 5; 1 Na implantao de reservatrios
dgua artificiais de que trata o caput, o empreendedor, no mbito do licenciamento
ambiental, elaborar Plano Ambiental de Conservao e Uso do Entorno do Reservatrio,
em conformidade com termo de referncia
expedido pelo rgo competente do Sistema
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), no
podendo exceder a 10% (dez por cento) da rea
total do entorno.
Art. 5; 1 Na implantao de reservatrios
dgua artificiais de que trata o caput, o empreendedor, no mbito do licenciamento
ambiental, elaborar Plano Ambiental de Conservao e Uso do Entorno do reservatrio, em
conformidade com termo de referncia expedido
pelo rgo competente do Sisnama, no podendo
exceder a 10% (dez por cento) da rea total do
entorno.
Art. 5; 2 O Plano Ambiental de Conservao e
Uso do Entorno de Reservatrio Artificial, para os
empreendimentos licitados a partir da vigncia
desta Lei, dever ser apresentado ao rgo
ambiental concomitantemente com o Plano Bsico
Ambiental e aprovado at o incio da operao do empreendimento, no constituindo a sua ausncia
impedimento para a expedio da licena de
instalao.
Art. 5; 2 O Plano Ambiental de Conservao e
Uso do Entorno de Reservatrio Artificial, para os
empreendimentos licitados a partir da vigncia
desta Lei, dever ser apresentado ao rgo
ambiental concomitantemente com o Plano Bsico
Ambiental e aprovado at o incio da operao do empreendimento, no constituindo a sua ausncia
impedimento para a expedio da licena de
instalao.
Art. 5; 3 O Plano Ambiental de Conservao e
Uso do Entorno de Reservatrio Artificial poder
indicar reas para implantao de parques
aqucolas e polos tursticos e de lazer no entorno do
reservatrio, de acordo com o que for definido nos
termos do licenciamento ambiental, respeitadas as
exigncias previstas nesta Lei.
Art. 5; 3 O Plano Ambiental de Conservao e
Uso do Entorno de Reservatrio Artificial poder
indicar reas para implantao de parques
aqucolas, polos tursticos e de lazer no entorno do
reservatrio, de acordo com o que for definido nos
termos do licenciamento ambiental, respeitadas as
exigncias previstas nesta Lei.
Obs.: o pargrafo 4 do texto da Cmara foi substitudo pelo art. 63 do Senado, que ser
analisado infra, visto que este trabalho segue a ordem cronolgica dos dispositivos do Senado.
-
Art. 6 Consideram-se, ainda, de preservao
permanente, quando declaradas de interesse social
por ato do Chefe do Poder Executivo, as reas
cobertas com florestas ou outras formas de
vegetao destinadas a uma ou mais das seguintes
finalidades:
Art. 6 Consideram-se, ainda, de preservao
permanente, quando assim declaradas por ato do
Poder Executivo que delimite a sua abrangncia,
por interesse social, as reas cobertas com florestas
ou outras formas de vegetao destinada a uma ou
mais das seguintes finalidades:
Art. 6; I conter a eroso do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;
Art. 6; I conter a eroso do solo, mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;
Art. 6; II proteger reas midas;
Art. 6; II proteger as restingas ou veredas; Art. 6; III proteger vrzeas;
O texto do Senado apresenta o gnero, reas midas, dos quais so espcies, dentre
outras, as restingas, vrzeas e veredas.
Art. 6 III abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaados de extino;
Art. 6 IV abrigar exemplares da fauna ou flora ameaados de extino;
Art. 6; IV proteger stios de excepcional beleza ou de valor cientfico, cultural ou histrico;
Art. 6; V proteger stios de excepcional beleza ou de valor cientfico ou histrico;
Art. 6; V formar faixas de proteo ao longo de rodovias e ferrovias;
Art. 6; VI formar faixas de proteo ao longo de rodovias e ferrovias;
Art. 6; VI assegurar condies de bem-estar pblico;
Art. 6; VII assegurar condies de bem-estar pblico;
Art. 6; VII auxiliar a defesa do territrio nacional, a critrio das autoridades militares.
Art. 6; VIII auxiliar a defesa do territrio nacional, a critrio das autoridades militares.
Seo II
Do Regime de Proteo das reas de
Preservao Permanente
Seo II
Do Regime de Proteo das reas de
Preservao Permanente
Art. 7 A vegetao situada em rea de
Preservao Permanente dever ser mantida pelo
proprietrio da rea, possuidor ou ocupante a
qualquer ttulo, pessoa fsica ou jurdica, de direito
pblico ou privado.
Art. 7 A vegetao situada em rea de
Preservao Permanente dever ser mantida
conservada pelo proprietrio da rea, possuidor ou
ocupante a qualquer ttulo, pessoa fsica ou
jurdica, de direito pblico ou privado.
Art. 7; 1 Tendo ocorrido supresso de
vegetao situada em rea de Preservao
Permanente, o proprietrio da rea, possuidor ou
ocupante a qualquer ttulo obrigado a promover a
recomposio da vegetao, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei.
Art. 7; 1 Tendo ocorrido supresso de
vegetao situada em rea de Preservao
Permanente, o proprietrio da rea, possuidor ou
ocupante a qualquer ttulo obrigado a promover a
recomposio da vegetao, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei.
Art. 7; 2 A obrigao prevista no 1 tem
natureza real e transmitida ao sucessor no caso de
transferncia de domnio ou posse do imvel rural.
Art. 7; 2 A obrigao prevista no 1 tem
natureza real e transmitida ao sucessor no caso de
transferncia de domnio ou posse do imvel rural.
Art. 7; 3 No caso de supresso no autorizada
de vegetao realizada aps 22 de julho de 2008,
vedada a concesso de novas autorizaes de
supresso de vegetao enquanto no cumpridas as
obrigaes previstas no 1.
Art. 7; 3 No caso de supresso no autorizada
de vegetao realizada aps 22 de julho de 2008,
vedada a concesso de novas autorizaes de
supresso de vegetao enquanto no cumpridas as
obrigaes previstas no 1.
Art. 8 A interveno ou a supresso de vegetao
nativa em rea de Preservao Permanente
somente ocorrer nas hipteses de utilidade
pblica, de interesse social ou de baixo impacto
ambiental previstas nesta Lei.
Art. 8 A interveno ou supresso de vegetao
em rea de Preservao Permanente e a
manuteno de atividades consolidadas at 22 de
julho de 2008 ocorrero nas hipteses de utilidade
pblica, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas em lei, bem como nas
atividades agrossilvopastoris, ecoturismo e turismo
rural, observado o disposto no 3.
O art. 8 Cmara trata da rea rural consolidada em APP e da interveno em APP por
interesse social, utilidade pblica e baixo impacto ambiental. No tangente a esta interveno, a
-
mudana foi to somente o acrscimo do termo nativa pelo Senado, como supra apontado,
altera o foco principal de proteo normativa, mas no significa dizer que, em no havendo
mata nativa, possa haver a utilizao de APP, at mesmo porque obrigatrio a recomposio
da mata.
No que refere-se configurao das reas rurais consolidadas em APP, as mudanas
sero analisadas infra, visto que o texto do Senado separou a seo 2 do captulo XIV a tratar
das reas rurais consolidadas em APP, e este trabalho segue a ordem cronolgica do texto do
Senado.
Art. 8; 1 A supresso de vegetao nativa
protetora de nascentes, dunas e restingas somente
poder ser autorizada em caso de utilidade pblica.
Art. 8; 5 A supresso de vegetao nativa
protetora de nascentes, de dunas e de restingas
somente poder ser autorizada em caso de utilidade
pblica.
Note que, neste ponto, ambos os textos trazem a expresso nativa, o que indica que
a omisso do termo nos demais dispositivos da Cmara, parece ter sido mais fruto de
esquecimento do que intencional.
Art. 8; 2 A interveno ou a supresso de vegetao nativa em rea de Preservao
Permanente de que tratam os incisos VI e VII do
caput do art. 4 poder ser autorizada,
excepcionalmente, em locais onde a funo
ecolgica do manguezal esteja comprometida, para
execuo de obras habitacionais e de urbanizao,
inseridas em projetos de regularizao fundiria de
interesse social, em reas urbanas consolidadas
ocupadas por populao de baixa renda.
Art. 8; 6 A interveno ou supresso de vegetao nativa em rea de Preservao
Permanente de que trata o inciso VI do art. 4
poder ser autorizada excepcionalmente em locais
onde a funo ecolgica do manguezal esteja
comprometida, para execuo de obras
habitacionais e de urbanizao, inseridas em
projetos de regularizao fundiria de interesse
social, em reas urbanas consolidadas ocupadas por
populao de baixa renda.
O texto do Senado acrescenta o inciso VII (APP de mangue) em consonncia com a
criao desta modalidade de APP, no existente diretamente no texto da Cmara.
Art. 8; 3 dispensada a autorizao do rgo
ambiental competente para a execuo, em carter
de urgncia, de atividades de segurana nacional e
obras de interesse da defesa civil destinadas preveno e mitigao de acidentes em reas
urbanas.
---
Atento as miditicas catstrofes urbanas, o texto do Senado explicitou a
desnecessidade de autorizao do rgo ambiental competente para execuo, em carter de
urgncia, de obras da defesa civil destinada preveno e mitigao de acidentes.
-
Art. 8; 4 No haver, em qualquer hiptese,
direito regularizao de futuras intervenes ou
supresses de vegetao nativa, alm dos previstos
nesta Lei.
---
bastante vlida a preocupao com a mata nativa remanescente em territrio ptrio,
no entanto o dispositivo merece um olhar crtico.
Em primeiro lugar, o acrscimo deste pargrafo parece ser fruto de uma falsa idia de
que o Novo Cdigo permissivo ao mximo, atendendo todos os anseios dos produtores
rurais, pelo que agora basta, nenhuma interveno extra poder ser posteriormente
regulamentada. Isso no verdade, visto que, tanto o projeto da Cmara, quanto o do Senado,
no apresentam significativas alteraes em relao ao Cdigo Florestal de 1965 e o impasse
continuar.
Em segundo lugar, a previso legal intil, visto que nada impede que lei posterior a
revogue, permitindo novas supresses. E, em se tratando de Brasil, bastante provvel que isto
venha a ocorrer. Por exemplo, em Minas Gerais, a Lei. 14.309/02, de duvidosa
constitucionalidade (o que no compete aqui transcorrer), estipula como termo final para a
configurao da rea rural consolidada a data 19 de junho de 2002, termo este que ser
ampliado pelo Novo Cdigo, havendo exatamente o direito regularizao de futuras
intervenes.
A idia seria mais eficazmente atendida por meio de eme