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Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e
Futuros Pais Biológicos
Cátia Filipa Domingues Andrade
Dissertação Apresentada ao ISMT para Obtenção do Grau de Mestre em Psicologia
Clínica – Terapias Cognitivo-Comportamentais
Orientadora: Professora Doutora Ana Galhardo, ISMT
Coimbra, Setembro de 2016
Agradecimentos
Ao aproximar-se o final de mais um ciclo da minha vida pessoal, académica e profissional,
torna-se relevante agradecer a quem, de alguma forma, contribuiu para que tal fosse possível.
Em primeiro lugar, agradeço à minha orientadora Professora Doutora Ana Galhardo pelo
profissionalismo exímio, partilha de conhecimentos e disponibilidade com os quais me
brindou.
Em segundo lugar, agradeço ao ISCTE por me ter permitido adquirir as bases científicas
necessárias para ingressar nesta etapa e também ao ISMT por me ter facultado novos
conhecimentos e por me preparar para a prática clínica.
Agradeço também aos participantes desta investigação e às associações que me auxiliaram
na divulgação do estudo pois sem eles esta Dissertação não teria sido possível.
Um agradecimento muito especial à minha colega Cristiana Marques por toda a ajuda
prestada, paciência e cooperação durante todo o processo de desenvolvimento da Dissertação.
Não poderia deixar de agradecer ainda à Dª Manuela Duarte e ao Sr. Carlos Santos por me
acolherem como se fosse da família e facultarem um ambiente propício ao desenvolvimento
deste projeto. À minha madrinha, Mafalda Saltão, por toda a força e apoio que me deu nos
momentos de desânimo. À Vanessa Barroso, Mara Chora, Andreia Antunes e Sofia Oliveira
pela amizade, conselhos, paciência e partilha de opiniões que em tanto contribuem para a minha
lucidez e paz de espírito.
Um agradecimento muito especial aos meus pais pelo apoio incondicional nesta que foi uma
fase também ela difícil da minha vida. Por acreditarem nas minhas capacidades, por “estarem
perto, mesmo estando longe” e por compreenderem a necessidade dessa minha ausência.
Agradecer ainda ao meu namorado, João Santos, por todo o apoio, carinho, paciência e
compreensão ao longo deste processo. Por segurar o meu Mundo quando, por vezes, eu mesma
tinha vontade de o deixar cair.
Por fim mas não menos importante, agradecer à minha avó, Maria José Domingues, por
sempre ter sido capaz de se colocar no meu lugar. Por celebrar comigo as minhas vitórias e
chorar comigo nos momentos de angústia. Por ser a minha força e a minha motivação. O
Alzheimer pode tirar-lhe a capacidade de se recordar de algumas coisas, mas não a impede de
sentir com todo o seu coração.
Resumo
Introdução: A parentalidade é um dos desejos mais universais da população adulta. No
entanto, nem todas as pessoas conseguem alcançar a gravidez de forma espontânea, pelo que
são conduzidas à reconstrução de significados acerca da parentalidade e à procura de soluções
alternativas para a concretização desse desejo, afigurando-se a adoção como uma das
possibilidades. Ainda que as motivações para a parentalidade tenham sido alvo de estudos
internacionais, em Portugal os estudos são ainda escassos, nomeadamente no que diz respeito
às motivações para a parentalidade adotiva.
Objetivos: A presente investigação pretendeu explorar e sistematizar as motivações para a
parentalidade de indivíduos candidatos à adoção, comparando-as com as motivações de
indivíduos que se encontram num processo de concretização da parentalidade biológica.
Pretendeu-se ainda verificar se no período de espera gestacional e no período avaliativo de
espera dos candidatos à adoção se estes diferem no que diz respeito aos sintomas emocionais
negativos experienciados.
Metodologia: Estudo exploratório numa amostra de 73 futuros pais, 41 dos quais em situação
de futura parentalidade biológica e 32 em situação de futura parentalidade adotiva. Os
participantes preencheram um conjunto de questionários destinados a avaliar as motivações
para a parentalidade e os sintomas emocionais negativos numa plataforma online
Resultados: Através dos dados obtidos verificou-se que, ao nível das motivações positivas,
quer a amostra total, quer os dois grupos analisados, consideraram que as gratificações
intrínsecas inerentes a ter um filho são a motivação mais importante para a parentalidade (i.e.
Realização Pessoal). No que diz respeito às motivações negativas, a generalidade dos
participantes demonstrou valorizar mais a motivação Preocupações Sociais e Ecológicas.
Relativamente aos sintomas emocionais negativos os dois grupos não diferiram.
Discussão: A parentalidade tem sido cada vez menos considerada como um dever perante a
sociedade e mais frequentemente como uma forma de preenchimento pessoal e extensão do
próprio. Verificou-se também que, tal como em outros estudos, o contexto de insegurança
social e ambiental atual exerceu impacto no ponto de vista parental. No que diz respeito aos
sintomas emocionais negativos, não se observaram diferenças entre os dois grupos em análise,
contrariamente ao que é reportado na literatura, mas que sugere que estes períodos de espera
podem ser semelhantes no que respeita ao evidenciar de sintomas de ansiedade, depressão e
stresse.
Palavras-chave: motivações para a parentalidade; parentalidade adotiva; parentalidade
biológica; sintomas emocionais negativos.
Abstract
Introduction: Parenthood is one of the most universal adults’ desires. However, not all people
can achieve pregnancy spontaneously and therefore have to reconstruct their representations
about parenting and pursuing alternative solutions to achieve this desire, being adoption one of
these possibilities. Although parenthood motivations have been addressed, mainly in
international studies, in Portugal and particularly regarding adoption parenthood motives,
research is scant. .
Objectives: This study sought out to explore and systematize parenthood motivations in people
pursuing adoption, comparing them with the motivations of people who are in the process of
becoming biological parents. Additionally differences concerning negative emotional
symptoms between these two groups of intended parents were explored.
Methods: This exploratory study included a sample of 73 future parents, 41 of which in a
situation of future biological parenthood and 32 in future adoptive parenthood situation.
Participants completed a set of self-report questionnaires assessing parenthood motivations and
negative emotional symptoms on an online platform.
Results: Regarding positive parenthood motivations, both the total sample and the two groups
consider that intrinsic rewards inherent to having a child are the most important motivation for
parenthood (i.e. Personal Fulfilment). Regarding the negative motivations, the majority of
participants valued Social and Ecological Concerns motives. No significant differences were
found between the groups concerning negative emotional symptoms.
Discussion: Parenting has been less and less regarded as a society duty and more often as a
means of personal fulfilment and extension of oneself. It was also found that, like in other
studies, the current social and environmental insecurity context had impact on parental
standpoint. Concerning negative emotional symptoms, the inexistence of differences between
adoption and biological future parents suggests that these period of time may be similar when
it comes to anxiety, depression and stress symptoms.
Key-words: parenthood motivations, adoptive parenthood, biological parenthood, negative
emotional symptoms.
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Introdução
No ciclo de vida de uma família, um dos acontecimentos mais expectáveis é a chegada
dos filhos (Valério, 2013). O ser humano anseia pela descendência (Galhardo, 2012),
constituindo-se a parentalidade como um dos desejos mais universais da população adulta
(Boivin, Bunting, Collins, & Nigren, 2007).
A parentalidade e o desenvolvimento que lhe está inerente têm início no período da
gravidez, ou até mesmo antes, quando o indivíduo pondera a possibilidade de tornar-se
pai/mãe. Na prática, resulta de um processo de maturação que conduz a uma
reorganização a nível psicológico e afetivo, para que o indivíduo se torne capaz de dar
resposta às necessidades emocionais e práticas dos filhos, proporcionando-lhes um
contexto seguro, promotor do seu bem-estar e desenvolvimento (Figueiredo, 2013). Este
processo é considerado como uma das tarefas mais desafiantes da idade adulta, na medida
em que está associado a profundas mudanças conjugais, familiares e sociais (Holden,
2010), bem como a uma reorganização qualitativa do self e do comportamento (Cowen,
1991). Ainda assim, tem também sido referido na literatura como um processo bastante
satisfatório e compensador (Ferreira, Monteiro, Fernandes, Cardoso, Veríssimo & Santos,
2014).
O estudo das motivações para a parentalidade teve início com pesquisas acerca do
valor das crianças, focando-se na análise dos custos (Fawcett, 1983) e benefícios
(Hoffman & Hoffman, 1973) que estas acarretavam para os pais. Atualmente, porém, os
estudos têm tido por base um modelo multidimensional, analisando as motivações
positivas e negativas que se traduzem em traços psicológicos ou disposições latentes para
percecionar a paternidade/maternidade de forma favorável ou desfavorável (Miller, 1995;
Guedes, Pereira, Pires, Carvalho & Canavarro, 2015). Esta nova abordagem ao estudo
das motivações para a parentalidade parte do pressuposto de que as disposições latentes
a favor ou contra tornar-se pai/mãe conduzem a comportamentos diferenciados nos
sujeitos, sendo que uns irão manifestar esforços no sentido de alcançar a parentalidade e
os outros irão esforçar-se no sentido de a prevenir (Miller & Pasta, 2002). A investigação
tem identificado motivações bastante diferenciadas, quer a nível positivo, quer a nível
negativo. No entanto, ao contrário do que seria expectável, as motivações manifestadas
pela generalidade dos indivíduos não são opostas, mas antes complementares (Miller,
1995; Guedes et al., 2015).
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Embora alguns casais, pelos mais diversos motivos, decidam não ter filhos, estes são
uma minoria. O desejo pela parentalidade continua a ser comum na maioria das famílias.
No entanto, diversos eventos disruptivos podem marcar a trajetória de vida dos indivíduos
(Valério, 2013). Nem todas as pessoas conseguem alcançar a gravidez de forma
espontânea (Boivin et al., 2007), umas porque não encontram alguém que considerem
compatível para a realização desse projeto, outras porque preferem investir inicialmente
na formação e vão adiando o plano da reprodução até idades em que a probabilidade de
ocorrência de infertilidade é exponencialmente maior (Nouri, Huber, Walch, Promberger,
Buerkle, Ott & Tempfer, 2014; Lampic, Svanberg, Karlstrom & Tydén, 2006). Alguns
autores verificaram que a infertilidade está associada a problemas de baixa auto-estima,
ansiedade, depressão, imagem corporal distorcida, ressentimentos para com o parceiro
(Brodzinsky, Lang & Smith, 1995), diminuição do interesse sexual, desestruturação da
relação do casal e perda de intimidade conjugal (Gasparini, 2006). Neste âmbito,
Brodzinsky et. al. (1995) ressalvou que, caso os indivíduos não sejam capazes de lidar
com estes problemas inerentes à sua condição infértil, a relação do casal poderá ficar
ameaçada, bem como a sua capacidade para estabelecer um ambiente propício ao
desenvolvimento de uma relação pais-filhos adequada. Valério (2013), por sua vez,
chamou a atenção para o facto de a ruptura provocada pela infertilidade não ser apenas
de natureza biológica mas sobretudo de natureza cultural, na medida em que simboliza
uma quebra na expectativa que a sociedade tem acerca da procriação. Assim, a
inexistência involuntária de filhos ameaça a estabilidade dos indivíduos e dos seus
relacionamentos (Galhardo, 2012) e leva-os à reconstrução de significados acerca da
paternidade. Quando o desejo de ser pai/mãe encontra um obstáculo à sua concretização,
as famílias tendem a procurar soluções alternativas para o alcançar, passando a adoção a
configurar-se como uma das opções para fazer face a essa realidade (Diniz, 1993; Valério,
2013).
A adoção transcende todas as culturas e existe há muitos séculos, tendo desempenhado
diferentes funções ao longo da história (Salvaterra & Veríssimo, 2008; Houaiss, 2001).
Em Portugal, o abandono de crianças foi uma realidade expressiva durante muito tempo,
em grande parte para ocultar a maternidade devido a razões morais e sociais,
essencialmente das mulheres de classe alta. Esta prática conduziu à publicação da Carta
Régia, em 1543, que atribuiu à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa a função de recolher,
proteger e criar as crianças abandonadas. A Roda dos Expostos, local onde até então eram
entregues os enjeitados, foi extinta em 1870, incentivando-se as famílias, através da
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concessão de subsídios, a acolherem as crianças outrora abandonas (Lopes, 2002). Ainda
assim, só após a I e II Guerras Mundiais, e devido ao grande número de órfãos que
provocaram em todo o Mundo, a adoção foi introduzida de forma ligeira no regime
jurídico português, através do Código Civil de 1966 (Decreto-Lei n.º 47344/66, de 25 de
Novembro) e de forma mais assumida na reforma de 1977 (Decreto-Lei n.º 496/77, de 25
de Novembro). Visando inicialmente sobretudo os interesses dos adultos, a adoção foi-se
tornando cada vez mais um instituto da criança, promovendo os seus interesses e direitos.
Assim, de entre as inúmeras revisões à lei da adoção, destaca-se o Decreto-Lei n.º 120/98,
de 8 de Maio, que visou reforçar na lei o superior interesse das crianças e a
responsabilidade que a comunidade tem para com os menores desprovidos de meio
familiar normal (Salvaterra & Veríssimo, 2008).
O processo de adoção surge nos dias de hoje como uma das formas de proteção à
infância, facultando às crianças um ambiente que lhes proporcionará a possibilidade de
um desenvolvimento mais adequado e adaptativo (Diniz, 1993), ao permitir que uma
pessoa ou casal crie com elas um vínculo de filiação (Instituto da Segurança Social, 2016).
Visando realizar os objetivos supracitados, a adoção é decretada quando, após um período
de avaliação da capacidade de criação de laços afetivos entre as partes envolvidas no
processo, se verifica que é razoável supor que entre o adotando e o adotante se
estabelecerá um vínculo semelhante ao da filiação biológica (Lei N.º 31/2003). Neste
contexto, é possível concluir que uma adoção bem-sucedida será aquela que for de
encontro às necessidades do menor e, preferencialmente, também de encontro às
necessidades e desejos da família adotiva (Salvaterra & Veríssimo, 2008).
Muitas têm sido as motivações identificadas pela literatura para a prática da adoção na
atualidade: a idealização de uma família, o desejo ser pai/mãe, a vontade de ajudar uma
criança (Gondim, Crispim, Fernandes, Rosendo, Brito, Oliveira & Nakano, 2008), a
morte anterior de um filho, o desejo de ter filhos quando já se ultrapassou a idade em que
isso é biologicamente viável, o desejo de ter filhos sem ter de passar pelo processo de
gravidez, a falta de um companheiro (Levinzon, 2004), o desejo de ter companhia na
velhice, o medo da solidão, o preenchimento de um vazio existencial, a tentativa de salvar
um casamento, a possibilidade de escolher o sexo da criança (Schettini, 1998a) e,
sobretudo, a infertilidade de um ou de ambos os elementos do casal (Gondim et al., 2008;
Levinzon, 2004; Maldonado, 1997; Paiva, 2004; Reppold & Hutz, 2003; Weber, 1999;
Salvaterra & Valério, 2008).
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A decisão de recorrer à adoção decorre necessariamente de uma rede complexa de
construção de significados que integra a cultura pessoal e a cultura coletiva a que o
indivíduo está sujeito (Valério, 2013). Inicialmente possuía finalidades religiosas,
políticas e económicas, contudo, na atualidade assume um caráter mais social e humano
(Oliveira & Próchno, 2010), considerando Ebrahim (2001) que a difusão da cultura da
adoção tem como objetivo proporcionar um lar às crianças que não o têm. No entanto,
Weber (2002) afirma que esse não tem sido o principal objetivo desta prática por ter como
base as necessidades das famílias adotivas, o que é corroborado por Salvaterra &
Veríssimo (2008). Este refere que, embora as famílias tentem associar uma motivação
social e altruísta ao ato da adoção, tal se afigura sobretudo como uma solução para as suas
próprias necessidades. Também Riley e Van Vleet (2012) afirmam que a adoção está
envolta em crenças sociais e culturais e transações económicas e realidades políticas.
Ainda assim, a adoção pode ser considerada como uma nova forma de família, uma
vez que proporciona aos seus membros proteção, companhia, segurança e socialização
(Fonte, 2004). A parentalidade, como já foi possível perceber, consiste num processo
complexo e desafiante, mais ainda no caso quando se fala de parentalidade adotiva, uma
vez que pressupõe uma diversidade de tarefas acrescidas (Gondim et al., 2008; Miall,
1987; Vieira, 2010), tais como lidar com a incerteza do tempo que demora o processo de
adoção, conviver com o estigma social que lhe está associado (Brodzinsky et al., 1995) e
a necessidade de justificar a sua decisão perante a família alargada e os amigos (Singer,
Brodzinsky, Ramsay, Steir & Waters, 1985). Segundo Barbosa (2010), a parentalidade
adotiva implica um maior nível de determinação para ser pai/mãe. A mesma autora referiu
ainda que os candidatos à adoção possuem expectativas mais positivas relativamente à
parentalidade e uma maior facilidade de adaptação. Santos (1988) seguiu o mesmo
raciocínio ao afirmar que os pais adotivos atingem um nível superior de determinação,
quando comparados com os pais biológicos, na medida em que necessitam de se expor a
um processo exaustivo para que esse projeto se possa concretizar, enquanto os pais
biológicos podem tornar-se pais sem terem sequer refletido muito sobre a questão da
parentalidade. Importa ainda referir que é importante ter em consideração o facto de
período de gestação oferecer uma oportunidade para se ir constituindo a identidade
parental e construindo um vínculo de filiação com o bebé gerado no ventre. No caso da
adoção, a constituição da identidade parental ocorre através de uma gestação psicológica
que, muitas vezes é abalada pelas dificuldades, preconceitos e falta de acompanhamento
psicológico ao longo do processo (Woodward, 2000).
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Berthoud (1997), Maldonado (1997) e Paiva (2004) concluem nos seus estudos que
ser bons ou maus pais depende essencialmente da motivação que leva os indivíduos a
procurar a parentalidade e não o facto de serem pais biológicos ou adotivos. Neste
contexto, todas as motivações são aceitáveis, desde que tenham por base a parentalidade
a as suas obrigações, colocando sempre as necessidades da criança à frente das
necessidades do adulto (Palacios 2010).
Embora exista internacionalmente alguma literatura acerca da temática das motivações
para a parentalidade, em Portugal os estudos são ainda escassos. A juntar ao facto de, no
nosso país, as motivações não terem ainda sido muito observadas a nível
multidimensional (i.e. diferenciando e comparando as motivações positivas com as
motivações negativas), poucos são os estudos que comparam as populações adotiva a
biológica nestas dimensões. Também no que diz respeito aos sintomas emocionais
negativos a literatura tem apresentado limitações, nomeadamente na análise e
comparação destes dois grupos amostrais. Afigurou-se assim pertinente explorar as
motivações para a parentalidade em candidatos à adoção e compará-las com as
motivações dos futuros pais biológicos. Procurou-se ainda verificar se existem diferenças
entre estes dois grupos durante o período de espera gestacional e o período avaliativo de
espera dos candidatos, no que diz respeito aos sintomas emocionais negativos
experienciados.
Material e Métodos
Participantes
A amostra do presente estudo é constituída por 73 futuros pais, 41 dos quais em
situação de futura parentalidade biológica (56,2%) e 32 em situação de futura
parentalidade adotiva (43,8%).
A maioria dos indivíduos de ambos os grupos pertence ao sexo feminino,
evidenciando-se 95,1% (n = 39) no grupo dos futuros pais biológicos e 81,3% (n = 26)
no grupo dos futuros pais adotivos.
A Tabela 1 apresenta as características sociodemográficas dos participantes. As idades
destes variam entre os 19 e os 40 anos no grupo da parentalidade biológica (M = 30,22,
DP = 6,044) e entre os 27 e os 53 anos no grupo da parentalidade adotiva (M = 38,53, DP
= 5,946).
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No que diz respeito aos anos de escolaridade verificou-se que os futuros pais
biológicos estudaram entre 7 e 19 anos (M = 14, DP = 6,044) e os futuros pais adotivos
entre 10 e 22 anos (M = 15,38, DP = 2,612).
Quanto à situação profissional, 73,2% dos futuros pais biológicos estão empregados
(n = 30), face a 96,9% futuros pais adotivos profissionalmente ativos (n = 31).
Relativamente ao estado civil, no grupo da parentalidade biológica registaram-se 6
participantes solteiros (14,6%), 19 casados (46,3%), 14 em união de facto (34,1%) e 2
divorciados (4,9%). O grupo da parentalidade adotiva incluiu 2 participantes solteiros
(6,3%), 23 casados (71,9%), 6 em união de facto (18,8%) e 1 divorciado (3,1%).
Verificou-se ainda que, relativamente aos participantes que possuem cônjuge (33 no
grupo dos futuros pais biológicos e 29 no grupo dos futuros pais adotivos), a duração
média dos seus casamentos/uniões de facto é de 6,64 e 9,55 anos, respetivamente.
No que diz respeito a experiências prévias de parentalidade, 24 futuros pais biológicos
revelaram já ter filhos biológicos (58,5%) e 7 revelaram ter filhos adotivos (21,9%). Do
grupo dos futuros pais adotivos, 2 revelaram já ter filhos biológicos (4,9%) e 4 revelaram
ter filhos adotivos (12,5%).
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Tabela 1
Características Sociodemográficas
N %
Sexo
Parentalidade Biológica
Feminino
Masculino
Parentalidade Adotiva
Feminino
Masculino
39
2
26
6
95,1
4,9
81,3
18,8
M (DP) Variação
Idade
Parentalidade Biológica
Parentalidade Adotiva
30,22 (6,044)
38,53 (5,946)
19-40
27-53
Anos de Escolaridade
Parentalidade Biológica
Parentalidade Adotiva
14,00 (3,066)
15,38 (2,612)
7-19
10-22
N %
Situação Profissional
Parentalidade Biológica
Empregado
Desempregado
Parentalidade Adotiva
Empregado
Desempregado
30
11
31
1
73,2
26,8
96,9
3,1
Estado Civil
Parentalidade Biológica
Solteiro(a)
Casado(a)
União de facto
Divorciado(a)
Parentalidade Adotiva
Solteiro(a)
Casado(a)
União de facto
Divorciado(a)
6
19
14
2
2
23
6
1
14,6
46,3
34,1
4,9
6,3
71,9
18,8
3,1
No grupo da parentalidade biológica, 9,8% participantes revelaram ter realizado
anteriormente tratamentos médicos para a infertilidade (n = 4) e 7,3% revelaram que a
gravidez atual resultou de tratamentos médicos para engravidar (n = 3). No grupo da
parentalidade adotiva, 59,4% dos participantes revelaram possuir diagnóstico prévio de
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infertilidade (n = 19) e 43,8% revelaram ter realizado anteriormente tratamentos médicos
para a infertilidade (n = 14).
Instrumentos
A seleção dos instrumentos de avaliação bem como a seleção das perguntas a incluir
no questionário sociodemográfico foram realizadas de acordo com os objetivos
estabelecidos para esta investigação. Deste modo, foram utilizados um Questionário
Sociodemográfico, as Escalas de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21) e a Escala
de Motivações para a Parentalidade (EMP).
- Questionário Sociodemográfico – O Questionário Sociodemográfico, com o
objetivo de recolher dados para uma caracterização detalhada da amostra, incluiu
questões acerca do sexo dos participantes, idade, habilitações académicas, situação
profissional, estado civil, existência de filhos biológicos ou adotivos, existência de
diagnóstico prévio de infertilidade e tratamentos médicos para a infertilidade, tempo de
gestação (no caso da versão do questionário para gestantes e/ou cônjuges) e tempo de
candidatura à adoção (no caso da versão do questionário para candidatos à adoção).
- Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21) – A primeira adaptação da
Depression, Anxiety Stress Scales (DASS) para a população portuguesa foi aferida por
Baptista, Santos, Silva e Batista, em 1999, tendo sido mantidos os 42 itens originais
elaborados por Lovibond e Lovibond, em 1995, e foi denominada de EADS-42 (Baptista,
Santos, Silva, & Batista, 1999, cit. in Pais-Ribeiro, Honrado, & Leal, 2004).
Posteriormente, foi elaborada a EADS-21, uma versão mais reduzida das escalas, que
teve como principal objetivo evitar sobrecarregar os sujeitos aquando do preenchimento
da mesma (Pais-Ribeiro et al., 2004). Ainda assim, esta segunda adaptação seguiu com
rigor todos os critérios metodológicos da versão original, consistindo numa
operacionalização do modelo tripartido de Clark e Watson (Pais-Ribeiro et al., 2004).
A EADS-21 é um instrumento de autorresposta, administrável a indivíduos com mais
de 17 anos e inclui 21 itens que se distribuem equitativamente pelas escalas Ansiedade
(itens 2, 4, 19, 7, 9, 15 e 20), Depressão (itens 13, 10, 21, 17, 3, 16 e 5) e Stress (itens 1,
12, 8, 18, 6, 11 e 14), através de afirmações que remetem para sintomas emocionais
negativos (Pais-Ribeiro et al., 2004).
Partindo da premissa de que as perturbações psicopatológicas são dimensionais e não
categóricas, a EADS considera que os diferenciais a nível de Ansiedade, Depressão e
Stress de um sujeito são mensuráveis em grau, motivo pelo qual a sua avaliação consiste
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numa escala de tipo Likert com 4 possibilidades de resposta, de acordo com a gravidade
e/ou frequência (0- “não se aplicou nada a mim”; 1-“aplicou-se a mim algumas vezes”;
2- “aplicou-se a mim muitas vezes”; 3- “aplicou-se a mim a maior parte das vezes”), às
quais o sujeito deve responder tendo em conta a “semana passada” (Pais-Ribeiro et al.,
2004).
O instrumento fornece três resultados, um por cada escala, que se obtêm através da
soma dos resultados dos 7 itens de cada escala. Os resultados podem variar entre 0
(mínimo) e 21 (máximo) e, quanto maior for o resultado de cada escala, maiores os níveis
de Ansiedade, Depressão e Stress, respetivamente. Este instrumento permite a
diferenciação entre Ansiedade, Depressão e Stress, pelo que é um instrumento útil, tanto
para a investigação, quanto para a prática clínica, uma vez que é capaz de analisar a
dinâmica entre as perturbações emocionais e as exigências do meio (Pais-Ribeiro et al.,
2004).
A versão original das escalas apresentou uma boa consistência interna, com Alfas de
Cronbach de α=0.94 para a escala Depressão, α=0.87 para a escala Ansiedade e α=0.91
para a escala Stress (Lovibond, & Lovibond, 1995, cit. in Pais-Ribeiro et al., 2004). A
versão portuguesa reduzida, EADS-21, também demonstrou uma boa consistência interna,
com Alfas de Cronbach de α=0.85 para a escala Depressão, α=0.74 para a escala
Ansiedade e α=0.81 para a escala Stress (Pais-Ribeiro et al., 2004).
No presente estudo foram obtidos os seguintes valores de consistência interna, medida
através do Alfa de Cronbach: α=0.71 para a escala Depresão, α=0.81 para a escala
Ansiedade e α=0.86 para a escala Stress.
- Escala de Motivações para a Parentalidade (EMP) – A Escala de Motivações para
a Parentalidade (EMP), de Guedes, Pereira, Pires, Carvalho e Canavarro (2015) é um
instrumento de autorrelato que tem como objetivo avaliar tanto as motivações positivas,
quanto as motivações negativas para a parentalidade (Guedes et al., 2015).
Esta escala é composta por um total de 47 itens, distribuídos por duas subescalas:
Motivações Positivas Para a Parentalidade (26 itens) e Motivações Negativas Para a
Parentalidade (21 itens). Os itens da subescala Motivações Positivas Para a
Parentalidade (MPP) distribuem-se por 4 dimensões, denominadas de Aspetos
Socioeconómicos (8 itens); Realização Pessoal (8 itens); Continuidade Pessoal (6 itens);
Relacionamento Conjugal (4 itens). Os itens da subescala Motivações Negativas Para a
Parentalidade (MNP), por sua vez, distribuem-se por 5 dimensões, denominadas de
Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e Futuros Pais Biológicos
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Encargos e Imaturidade Parental (6 itens); Preocupações Sociais e Ecológicas (4 itens);
Tensão Conjugal (4 itens), Problemas Financeiros (4 itens); Sofrimento Físico e Imagem
Corporal (3 itens) (Guedes et al., 2015).
Ao sujeito pede-se que, a cada uma das razões apresentadas como favoráveis (escala
MPP) e desfavoráveis (escala MNP) para se tornar pai ou mãe, responda de acordo com
a importância que atribui a cada afirmação, através de uma escala de tipo Likert, com 5
possibilidades de resposta (1- “Nada”; 2-“Pouco”, 3- “Moderadamente”; 4- “Muito”; 5-
“Completamente”) (Guedes et al., 2015).
O estudo psicométrico de Guedes e colaboradores (2015) apresentou uma boa
consistência interna, tanto para as Motivações Positivas Para a Parentalidade, quanto
para as Motivações Negativas Para a Parentalidade (Guedes et al., 2015).
A análise da consistência interna das duas subescalas na nossa amostra revelou um
Alfa de Cronbach de α=0.89 na escala de Motivações Positivas para a Parentalidade e
α=0.95 na escala de Motivações Negativas para a Parentalidade.
Procedimentos
De modo a proceder à recolha de dados respeitante à amostra, revelou-se necessário
contactar com instituições ligadas à temática em estudo. Neste sentido, foi estabelecido
um contacto formal via e-mail com a Associação Bem Me Queres, Associação Portuguesa
de Fertilidade (APFertilidade) e Fórum PinkBlue no qual foi exposto o âmbito da
investigação, os objetivos e procedimentos inerentes, com o objetivo de solicitar a
colaboração no processo de divulgação do estudo. Nos e-mails enviados esclareceu-se o
âmbito da investigação, os objetivos e os procedimentos inerentes, sendo solicitada a
colaboração destas entidades no processo de divulgação do estudo (Apêndices 1, 2 e 3).
Após resposta favorável por parte das entidades supracitadas procedeu-se à divulgação
do estudo através das suas páginas web e rede social Facebook, tendo sido disponibilizado
o link de acesso à plataforma Google Forms. Uma vez acedida a plataforma foram
expostos aos participantes os objetivos do estudo e as finalidades da investigação,
sublinhando a confidencialidade e anonimato das suas respostas. Foi ainda solicitado o
seu consentimento informado enquanto condição necessária para proceder ao
preenchimento dos instrumentos de autorresposta selecionados. Assim, após o
consentimento, foi requerido o preenchimento de um breve questionário
sociodemográfico, bem como da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21) e
Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e Futuros Pais Biológicos
17
da Escala de Motivações para a Parentalidade (EMP), cuja utilização foi solicitada
previamente aos seus respetivos autores (Apêndice 4).
Análise Estatística
A análise estatística realizou-se com recurso ao programa informático Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS) versão 23.
Para a descrição da amostra realizaram-se análises descritivas, procedendo-se ao
cálculo das médias, desvios-padrão e valores mínimos e máximos para as variáveis
contínuas, bem como à obtenção de frequências e percentagens para as variáveis
categoriais. Recorreu-se ainda ao teste T-Student para amostras independentes para
apurar as principais diferenças entre as variáveis sociodemográficas nos grupos da
parentalidade biológica e da parentalidade adotiva.
Analisou-se as médias e desvios-padrão das diferentes subescalas da Escala de Stress,
Ansiedade e Depressão e da Escala de Motivações para a Parentalidade. Para a
comparação entre grupos utilizou-se novamente o teste T-Student para amostras
independentes.
Procedeu-se à avaliação da Assimetria (Skweness) e do Achatamento (Kurtosis) para
analisar a normalidade da distribuição, não tendo sido observadas violações severas à
distribuição normal, ou seja, |SK| > 3 e de |Ku| > 10 (Marôco, 2011).
Procedeu-se ainda à análise de correlações de Pearson para averiguar a existência de
associações estatisticamente significativa entre as diferentes variáveis em estudo.
Em todas as análises realizadas utilizou-se um intervalo de confiança de 95%.
Resultados
No que diz respeito às Motivações Positivas para a Parentalidade (Tabela 2), a
amostra total demonstrou considerar que a Realização Pessoal é a motivação mais
importante, tendo-se registado uma média de 3,96 associada a um desvio-padrão de 0,59.
As motivações Continuidade Pessoal (M = 3,58; DP = 0,78) e Relacionamento Conjugal
(M = 3,58; DP = 0,99) surgiram como as segundas motivações mais expressivas.
Consequentemente, a motivação Aspetos Socioeconómicos foi a menos valorizada pela
generalidade dos futuros pais. Tendo em conta os resultados em função do tipo de
parentalidade, foi possível verificar que a Realização Pessoal foi a motivação mais
valorizada, tanto pelos futuros pais biológicos (M = 4,07; DP = 0,58), quanto pelos
Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e Futuros Pais Biológicos
18
futuros pais adotivos (M = 3,82; DP = 0,59). Por sua vez, a segunda motivação mais
valorizada diferiu entre os grupos, sendo que os futuros pais biológicos realçaram a
motivação Relacionamento Conjugal (M = 3,74; DP = 0,92) e os futuros pais adotivos
realçaram a motivação Continuidade Pessoal (M = 3,69; DP = 0,70). A motivação
menos considerada pela amostra total (M = 2,08; DP = 0,84) e em ambos os grupos foi
Aspetos Socioeconómicos com média de 2,16 associada a um desvio-padrão de 0,96 e
média de 1,98 associada a um desvio-padrão de 0,66 registadas nos grupos de futuros
pais biológicos e futuros pais adotivos, respetivamente. Não se observaram diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos em nenhuma das Motivações Positivas
para a Parentalidade (p > 0,05).
No que diz respeito às Motivações Negativas para a Parentalidade (Tabela 2), a
amostra total demonstrou considerar que Preocupações Sociais e Ecológicas é a
motivação mais valorizada, com média de 3,22 associada a um desvio-padrão de 1,04.
Esta manteve-se igualmente como a motivação mais importante para ambos os grupos,
com média de 3,40 associada a um desvio-padrão de 1,06 no grupo de futuros pais
biológicos e média de 3,00 associada a um desvio-padrão de 0,98 no grupo de futuros
pais adotivos. Encargos e Imaturidade Parental surgiu como a segunda motivação
desfavorável mais considerada pela amostra total (M = 2,55; DP = 0,98), bem como pelos
futuros pais adotivos (M = 2,40; DP = 0,85). No entanto, o mesmo não se verificou com
os futuros pais biológicos, os quais consideraram que a segunda motivação mais
desfavorável à parentalidade seria Problemas Financeiros (M = 2,74; DP = 1,12). As
motivações negativas menos valorizadas pelos futuros pais biológicos e adotivos foram
Sofrimento Físico e Imagem Corporal (M = 2,63; DP = 1,14 e M = 1,36; DP = 0,58,
respetivamente) e Tensão Conjugal (M = 2,48; DP = 0,99 e M = 1,83; DP = 0,85,
respetivamente). Observaram-se diferenças estatisticamente significativas entre os
grupos nas motivações Tensão Conjugal (p = 0,004), Problemas Financeiros (p = 0,002)
e Sofrimento Físico e Imagem Corporal (p <0,001), com os futuros pais biológicos a
evidenciarem valores mais elevados nas três motivações consideradas.
Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e Futuros Pais Biológicos
19
Tabela 2
Médias, desvios-padrão e comparações entre os grupos relativamente às Motivações para a
Parentalidade
Total
Tipo de Parentalidade
Biológica Adotiva
Motivações para a
Parentalidade
M (DP) M (DP) M (DP) t p
Motivações Positivas
Aspetos Socioeconómicos
Realização Pessoal
Continuidade Pessoal
Relacionamento Conjugal
Motivações Negativas
Encargos e Imaturidade Parental
Preocupações Sociais e
Ecológicas
Tensão Conjugal
Problemas Financeiros
Sofrimento Físico e Imagem
Corporal
2,08 (0,84)
3,96 (0,59)
3,58 (0,78)
3,58 (0,99)
2,55 (0,98)
3,22 (1,04)
2,20 (0,98)
2,43 (1,03)
2,08 (1,12)
2,16 (0,96)
4,07 (0,58)
3,50 (0,83)
3,74 (0,92)
2,67 (1,07)
3,40 (1,06)
2,48 (0,99)
2,74 (1,12)
2,63 (1,14)
1,98 (0,66)
3,82 (0,59)
3,69 (0,70)
3,37 (1,05)
2,40 (0,85)
3,00 (0,98)
1,83 (0,85)
2,02 (0,75)
1,36 (0,58)
0,93
1,84
-1,04
1,63
1,17
1,64
2,98
3,28
6,60
0,356
0,071
0,300
0,109
0,248
0,106
0,004
0,002
<0,001
Na Tabela 3 encontram-se as médias, desvios-padrões e comparações entre os grupos
relativamente aos sintomas emocionais negativos, não tendo sido encontradas diferenças
significativas.
Tabela 3
Médias, desvios-padrão e comparações entre os grupos relativamente aos Sintomas
emocionais negativos
Total
Tipo de Parentalidade
Biológica Adotiva
Sintomas Emocionais
Negativos
M (DP) M (DP) M (DP) t p
Depressão 2,43 (3,13) 2,60 (3,15) 2,21 (3,14) 0,53 0,60
Ansiedade 2,84 (3,37) 3,43 (3,50) 2,09 (3,07) 1,72 0,09
Stresse 6,33 (4,10) 6,61 (4,19) 5,97 (4,01) 0,66 0,51
A Tabela 4 apresenta as correlações entre as variáveis sociodemográficas e as
motivações para a parentalidade dos futuros pais biológicos.
Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e Futuros Pais Biológicos
20
A motivação Realização Pessoal mostrou correlacionar-se negativamente com a idade
dos futuros pais biológicos (r = -0,035), sendo que quanto maior a idade menos valorizada
foi esta dimensão positiva.
Tabela 4
Correlações entre as variáveis sociodemográficas e as Motivações para a
Parentalidade dos futuros pais biológicos
Idade Anos de
escolaridade
Anos de
Casamento/União
de Facto
MP Aspetos Socioeconómicos -0,29 -0,22 -0,10
MP Realização Pessoal -,035* -0,24 -0,21
MP Continuidade Pessoal <-0,01 -0,27 0,03
MP Relacionamento
Conjugal
-0,27 -0,14 -0,15
MN Encargos e Imaturidade
Parental
-0,03 -0,05 -0,23
MN Preocupações sociais e
Ecológicas
-0,04 -0,01 -0,14
MN Tensão Conjugal 0,03 0,16 -0,18
MN Problemas financeiros -0,11 -0,05 -0,10
MN Sofrimento físico e
Imagem Corporal
-0,12 -0,05 -0,30
Notas: MP = Motivações Positivas; MN = Motivações Negativas; *p < 0,05
Na Tabela 5 são reportadas as correlações entre as variáveis sociodemográficas e as
motivações para a parentalidade dos futuros pais adotivos.
Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e Futuros Pais Biológicos
21
Tabela 5
Correlações entre as variáveis sociodemográficas e as Motivações para a
Parentalidade dos futuros pais adotivos
Idade Anos de
escolaridade
Anos de
Casamento/União
de Facto
MP Aspetos Socioeconómicos -0,02 -0,08 -0,23
MP Realização Pessoal 0,14 -0,25 0,01
MP Continuidade Pessoal 0,38* -0,08 0,23
MP Relacionamento
Conjugal
-0,13 -0,13 0,06
MN Encargos e Imaturidade
Parental
-0,12 0,37* -0,22
MN Preocupações sociais e
Ecológicas
0,25 0,1 0,22
MN Tensão Conjugal -0,17 0,31 -0,36
MN Problemas financeiros 0,07 0,32 -0,12
MN Sofrimento físico e
Imagem Corporal
-0,10 0,26 -0,33
Notas: MP = Motivações Positivas; MN = Motivações Negativas; *p < 0,05
A motivação Continuidade Pessoal correlacionou-se positivamente com a idade dos
futuros pais adotivos (r = 0,38), sendo que quanto maior a idade dos participantes mais
estes valorizaram esta dimensão positiva. A motivação Encargos e Imaturidade Parental
mostrou correlacionar-se positivamente com os anos de escolaridade neste mesmo grupo
(r = 0,37), sendo que quanto mais anos de escolaridade mais os futuros pais adotivos
valorizaram esta dimensão negativa.
Discussão e Conclusão
A presente investigação teve como principal objetivo explorar e sistematizar as
motivações para a parentalidade de indivíduos que se encontram candidatos a adoção para
se tornarem pais, comparando-as com as motivações dos indivíduos que estão prestes a
concretizar a parentalidade biológica. Por outro lado, teve ainda como objetivo verificar
se existem diferenças no que diz respeito aos sintomas emocionais negativos
Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e Futuros Pais Biológicos
22
experienciados entre estes dois grupos que se encontram em período de espera gestacional
ou período avaliativo de espera dos candidatos.
As diferenças na média de idades entre futuros pais biológicos e futuros pais adotivos,
bem como ao nível dos anos de escolaridade e da situação profissional, vêm confirmar a
tendência para candidatos à adoção mais velhos, com carreiras mais estabelecidas e maior
segurança financeira (Brodzinsky & Pinderhughes 2002). Como possíveis fatores
explicativos deste adiamento da parentalidade podemos considerar questões relacionadas
com problemas de fertilidade (Magalhães, 2014; Costa, 2013; Amim & Menandro, 2007),
atual conjuntura socioeconómica, papel crescente da mulher no mercado de trabalho e
maior investimento nos estudos e na carreira profissional (Gonçalves, 2016; Martins,
2013). Também nos anos de escolaridade e na situação profissional foram encontradas
diferenças entre os grupos, ainda que pouco expressivas, indo, no entanto, de encontro
aos achados na literatura (Brodzinsky & Pinderhughes 2002).
Relativamente às Motivações para a Parentalidade, verificou-se que, ao nível das
motivações positivas, quer a amostra total, quer os dois grupos analisados, consideraram
que as gratificações intrínsecas inerentes a ter um filho são a motivação mais importante
para a parentalidade, tendo valorizado mais a motivação Realização Pessoal. Tal
resultado vai de encontro às conclusões de Frejka, Sobotka, Hoem e Toulemon (2008) de
que a parentalidade tem sido cada vez menos considerada como um dever perante a
sociedade e mais frequentemente como uma forma de preenchimento pessoal e extensão
do próprio. Riley e Van Vlett (2012), no entanto, afirmam que, embora se considere a
adoção como uma escolha, na verdade ela está imersa em crenças sociais e culturais, bem
como transações económicas e realidades políticas.
Como segundas motivações mais expressivas na amostra total verificaram-se a
Continuidade Pessoal e o Relacionamento Conjugal¸ pela ordem apresentada. Quanto
aos resultados por grupo, os futuros pais biológicos sobrepuseram a motivação
Relacionamento Conjugal à Continuidade Pessoal e os futuros pais adotivos preferiram
a motivação Continuidade Pessoal. Estes resultados estão em consonância com o que é
descrito pela literatura, que identifica o desejo de continuidade geracional e de elevação
e desenvolvimento da relação conjugal como uma das motivações mais fortes para a
maternidade (Cassidy & Sintrovani, 2008), concluindo ainda que a parentalidade pode
ser encarada como uma forma de fortalecimento da relação do casal (Guedes, Carvalho
& Canavarro 2011). Para além disso, os resultados da presente investigação reforçam a
ideia de que os candidatos à adoção estando, regra geral, casados há mais tempo, possuem
Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e Futuros Pais Biológicos
23
uma maior estabilidade conjugal e maior satisfação de casal (Brodzinsky, 1987; Levy-
Shiff, Goldshmidt & Har-Even, 1991).
A motivação Aspetos Socioeconómicos surgiu como menos valorizada pela amostra
total, bem como pelos grupos em análise, corroborando uma vez mais as conclusões de
Frejka e colaboradores (2008) de que a parentalidade é cada vez menos considerada um
dever perante a sociedade e mais uma decisão pessoal e ponderada.
No que diz respeito às motivações negativas para a parentalidade, quer a amostra total
do estudo, quer os dois grupos analisados, demonstraram valorizar mais a motivação
Preocupações Sociais e Ecológicas. Tal dado sugere que o contexto de insegurança social
e ambiental atual exerce impacto no ponto de vista parental. Esta observação poderá
relacionar-se com as dificuldades e entraves a nível económico e social experienciados
na atualidade, sendo que, segundo Rovei, Genneralli, Lantieri, Casano, Revelli e
Massobrio (2010), a situação económica e social tem um impacto considerável na
parentalidade.
A motivação Encargos e Imaturidade Parental surgiu como segunda motivação mais
expressiva, quer na amostra total, quer no grupo dos futuros pais adotivos. Cuidar de uma
criança, na conjuntura atual, é um fator de preocupação para os futuros pais. Isto acentua-
se mais nos candidatos à adoção, provavelmente pelo processo avaliativo ao qual são
sujeitos. Estes dados são consistentes com as observações de Mooradian, Timm, Hock e
Jackson (2011) relativamente ao facto de os pais adotivos passarem por um escrutínio
público e procedimentos legais que lhes causa insegurança acerca dos seus recursos
parentais. Os futuros pais biológicos, por sua vez, atribuíram mais importância à
motivação Problemas Financeiros. Esta diferença foi estatisticamente significativa,
reforçando a ideia de que, regra geral, os candidatos à adoção são detentores de uma
situação financeira e profissional mais elevada e estável do que os pais biológicos
(Brodzinsky & Pinderhughes 2002).
As motivações negativas menos valorizadas pela amostra total foram Tensão Conjugal
e Sofrimento Físico e Imagem Corporal. Verificou-se que o grupo dos futuros pais
biológicos atribuiu menor importância à motivação Tensão Conjugal e os futuros pais
adotivos à motivação Sofrimento Físico e Imagem Corporal. Estes dados poderão ser
justificados com o facto de o desejo de ser pai/mãe se sobrepor a estes aspetos, colocando
o bem-estar da criança em primeiro lugar (Webber, 1996, citado por Rangel, 2007). As
diferenças entre os grupos foram estatisticamente significativas. O facto de os candidatos
à adoção serem, tendencialmente, casais com relações mais longas e eventualmente mais
Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e Futuros Pais Biológicos
24
estáveis, e não passarem pelas mudanças físicas associadas ao período gestacional
poderão contribuir para estes resultados. De acrescentar que muitas vezes a escolha da
adoção sucede a realização de tratamentos médicos de infertilidade mal-sucedidos e que
estes constituem elementos que podem acarretar coesão no casal (Peterson, Pirritano,
Block, & Schmidt, 2011).
Os resultados desta investigação não reportam diferenças significativas entre os dois
grupos em análise, no que diz respeito à sintomatologia emocional negativa,
contrariamente ao que é reportado por alguns estudos. Assim, no que diz respeito à
depressão, Levy-Shiff e colaboradores (1991) afirmaram que os candidatos à adoção
tendem a apresentar valores mais baixos, quando comparados com os futuros pais
biológicos. Brodzinsky (1987) referiu que o facto de os pais adotivos serem, regra geral,
mais velhos, com carreiras profissionais mais desenvolvidas e maior estabilidade
financeira é um preditor de menor stress associado à vida familiar. Por sua vez,
Brodzinsky et al. (1995) verificaram que os casais com problemas de infertilidade tendem
a apresentar maiores níveis de ansiedade e depressão.
Ao analisar as correlações entre as variáveis sociodemográficas e as motivações para
a parentalidade dos futuros pais biológicos verificou-se que a Realização Pessoal se
correlacionou negativamente com a idade dos participantes. Tal dado indica que quanto
mais velhos os futuros pais biológicos, menos estes valorizam esta motivação positiva
para a parentalidade. Embora não tenham sido identificados dados relativos a esta questão
na literatura, o facto de, com o avançar da idade, as pessoas tenderem a conseguir ter uma
vida mais organizada e estabelecida a nível profissional e conjugal poderá contribuir para
que priorizem outros aspetos que não a realização pessoal, podendo esta estar já mais
estabelecida.
Quanto ao grupo dos futuros pais adotivos, foi possível verificar que a motivação
Continuidade Pessoal se correlacionou positivamente com a idade. Tal dado indica que
quanto mais velhos os futuros pais adotivos, maior a sua valorização desta motivação
positiva para a parentalidade. Tal poderá ser justificado com o período de espera pelo
qual os candidatos à adoção têm de passar, podendo este contribuir para uma maior ânsia
pela consecução do seu desenvolvimento pessoal e aumento das aspirações de
imortalidade. Este dado corrobora as conclusões de Safra (2004) e de Maux e Dutra
(2009) acerca da necessidade de dar sentido à própria existência e mais significância à
vida. Verificou-se ainda que quanto mais anos de escolaridade, mais os candidatos à
adoção valorizaram a motivação Encargos e Imaturidade Parental, provavelmente por
Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e Futuros Pais Biológicos
25
possuírem uma maior noção das dificuldades inerentes a cuidar de uma criança. Este
resultado é congruente com o estudo de Mainemer, Gilman e Ames (1998) que concluiu
que quanto maior a escolaridade dos pais adotivos, mais estes consideram a adoção difícil
e têm consciência das suas complexidades.
A presente investigação apresenta algumas limitações que devem ser consideradas em
estudos posteriores. O facto de a amostra possuir uma dimensão reduzida e ter integrado
essencialmente indivíduos do género feminino não possibilitou realizar análises
estatísticas em função do sexo dos participantes e dificulta a generalização dos resultados
obtidos. Para além disso, no decorrer da análise dos resultados, sentiu-se falta de dados
respeitantes à fertilidade/infertilidade dos sujeitos.
Assim, propõe-se a realização de novas investigações com amostras maiores e uma
distribuição dos participantes por sexo mais igualitária. Seria ainda pertinente adicionar
ao estudo uma comparação entre participantes candidatos a adoção sem problemas de
fertilidade e candidatos cujo recurso a adoção resulta de um diagnóstico de infertilidade,
de forma a possibilitar uma melhor interpretação dos resultados. O futuro
desenvolvimento de um questionário de motivações para casais com infertilidade poderá
ser pertinente, uma vez que a condição de infertilidade, tal como é reportado na literatura,
tem influências significativas no bem-estar do indivíduo, pelo que poderá influenciar
também as motivações para a parentalidade.
Apesar das limitações acima enumeradas, esta investigação apresenta um contributo
relevante para a literatura desta área. Dado que em Portugal ainda são escassos os estudos
sobre as motivações para a parentalidade, sobretudo através de uma abordagem
multidimensional (i.e. motivações positivas e motivações negativas), este estudo veio
contribuir para um maior conhecimento destas em dois grupos cuja trajetória inerente ao
alcance da parentalidade é distinta.
Motivações para a Parentalidade em Futuros Pais Adotivos e Futuros Pais Biológicos
26
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